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Informativo oficial da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos – Edição nº 23 – Setembro / Outubro de 2010 ESGOTO NA LAGOA. ATÉ QUANDO? Foto aérea: Ernesto Gallioto/Divulgação ESGOTO NA LAGOA. ATÉ QUANDO? Pag. 15 Pag. 8 Pedro Alves, diretor da Prolagos Fórum reúne em Cabo Frio principais nomes do país em construção sustentável ENTREVISTA Pag. 16 Timinho e a urbanização de Cabo Frio Visão de futuro sempre impressionou especilalistas em urbanismo e planejamento 06 ART ON LINE Marque Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECO SE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DE ENGENHARIA PARA A REGIÃO CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECO SE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DE ENGENHARIA PARA A REGIÃO CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECO SE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DE ENGENHARIA PARA A REGIÃO

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Informativo oficial da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos – Edição nº 23 – Setembro / Outubro de 2010

ESGOTO NA LAGOA.ATÉ QUANDO?

Foto aérea: Ernesto Gallioto/Divulgação

ESGOTO NA LAGOA.ATÉ QUANDO?

Pag. 15Pag. 8

Pedro Alves,diretor da Prolagos

Fórum reúne emCabo Frio principaisnomes do país emconstrução sustentável

ENTREVISTA

Pag. 16

Timinho e a urbanizaçãode Cabo FrioVisão de futuro sempreimpressionou especilalistas emurbanismo e planejamento

06 ARTON LINE

Marque Associaçãode Arquitetos eEngenheiros da

Região dos Lagos

CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECOSE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DEENGENHARIA PARA A REGIÃO

CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECOSE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DEENGENHARIA PARA A REGIÃO

CAPTAÇÃO DE ESGOTO EM TEMPO SECOSE MOSTRA INEFICAZ COMO SOLUÇÃO DEENGENHARIA PARA A REGIÃO

Setembro / Outubro 20102

Setembro / Outubro 2010 3

Arrecifes artificiais para conter ressacasAlém de diminuir a erosão, arrecifes produziriam ondas perfeitas para surfistas na Praia do Forte

Orla do Forte só no verão

Diminuir os efeitos das ressacas. Esse éo objetivo da colocação de arrecifes mó-veis na Praia do Forte. Desde que o prin-cipal cartão postal da cidade foi atingidopor forte ressaca no começo do ano quederrubou o deck e interditou uma das prin-cipais avenidas de Cabo Frio, várias alter-nativas estão sendo apresentadas para con-ter os danos causados pelo avanço do mar.

Pelo projeto apresentado em Cabo Frio,pela ArAM (Arrecifes Artificiais Móveis),a colocação dos arrecifes visa transferir aarrebentação para mais longe da costa, oque torna a praia mais adequada aos ba-nhistas, já que as ondas não chegam à fai-xa de areia. Os arrecifes também diminu-em a movimentação de areia no fundo domar. Os engenheiros explicaram que so-mente o engordamento da praia não é su-ficiente para manter a Praia do Forte livrede incidentes caso ocorram novas ressacas.

- É um projeto pioneiro, 100% nacio-nal. Uma rampa de aço medindo 84 metrosseria colocada em uma distância de 60metros da costa e possibilitaria a formaçãode ondas perfeitas para a prática do surfe.A instalação levaria de 12 a 48 horas – ex-plicou Maurício de Andrade, fundados eidealizador da ArAM (Arrecifes Artificiais

Móveis). O evento foi promovido pelaACIA, CDL Cabo Frio e ASAERLA.

O projeto orçado em R$5 milhões dereais, inclui manutenção. A vida útil é de30 anos. Após a implantação, é necessárioum monitoramento ambiental, com me-dição das ondas, da salinidade e acompa-nhamento do ecossistema marinho.

Saído da incubadora de empresas daCOPPE/UFRJ o projeto tem benefíciosambientais atestados pelo IBAMA e peloINEA, com destaques para a mitigação dosefeitos da erosão costeira através da dissi-pação da energia das ondas, redução dodeslocamento de sedimentos da praia parao mar, criação de uma zona abrigada favo-rável ao banhista e ao monitoramentoambiental. Os técnicos envolvidos no de-senvolvimento explicaram na palestra queuma grande vantagem do sistema em rela-ção aos demais é o fato dele ser móvel e delocomoção relativamente fácil. Foi obser-vado também a ausência de arestas vivas oque torna o arrecife artificial seguro para aprática de esportes.

O engenheiro Humberto Quintanillhadisse que é sempre saudável que se discutaassuntos com olhar técnico.

-O assunto chamou a atenção, por isso

temos mais de 50 pessoas nesta palestra-,observou o presidente da ASAERLA.

Para a implantação do projeto, são neces-sários estudos iniciais do mar e das caracte-rísticas da cidade, do tipo de onda que sedeseja ter e do posicionamento dos arrecifes.

- Cerca de 150 metros da costa estariamprotegidos caso ocorra uma ressaca. Nos lo-cais fora da instalação da estrutura, a praiapreservaria as características naturais – dis-se o engenheiro Luiz Guilherme deMorales, da ArAM.

Este mesmo projeto está para ser im-plantando em Ipanema, no Rio de Janei-ro. Luiz Guilherme explicou que o ArAMestudou tipos de ondas tubulares perfeitasno Havaí.

- Com a implantação dos arrecifes, asondas seriam perfeitas para todos os tiposde surfistas, desde os iniciantes até os pro-fissionais – disse ele.

Em outras cidades, qualquer interven-ção nesse sentido está sendo monitoradapelo Ministério Público Federal e Ibama.

Depois de anunciar que o cronogramade obras estava dentro do prazo previsto ea orla da Praia do Forte seria entregue em13 de novembro, aniversário da cidade, aprefeitura de Cabo Frio refez as contas eavisou que precisa de quase dois meses paradar pronta a orla em frente ao Malibú.

Segundo o engenheiro Carlos Santanasecretário de obras da cidade, o atraso naobra aconteceu por causa do trecho de 150metros de extensão um dos mais atingidopelas ressacas.

- Esse trecho foi o mais atingido pelaressaca e exatamente por isso, mais vigasainda estão sendo instaladas para reforçaro trabalho de contenção-, disse.

O prefeito Marquinho Mendes garantiuque no dia 15 de dezembro a nova orlaserá inaugurada.

-Nossa parte que era 70% está pronta,falta a parte do governo estadual. Mas va-mos entregar no prazo-, disse.

Perigo à vistaMesmo com cordas de isolamento, tu-

ristas e crianças brincam nas areias coloca-das sobre a montanha de pedras que fo-ram colocadas inicialmente. A ASAERLArecebeu reclamações sobre este procedi-

Obras na praia atrasam e

devem ficar pronta só no

final do ano

mento de colocar areia diretamente sobreas pedras e também sobre o aparecimentode pequenas pedras ao longo da praia.

-É um perigo. E se ficar assim nos mo-mentos de muito movimento alguém po-derá se machucar-, alerta o engenheiro

Humberto Quintanilha, presidente da en-tidade.

O arquiteto Felipe Araújo, Coorde-nador da Secretaria de Planejamento,disse que as obras estão sendo acompa-nhadas pelo engenheiro e professor Pau-lo Massa que preside a comissão de prai-as da prefeitura. Paulo Massa estava vi-ajando.

-Estamos respeitando todo o planeja-mento. Em cima da areia será implantadoum grande projeto paisagístico e guardacorpos em metal. Alguns já estão no lugar-, disse Felipe. O calçadão será feito depedras portuguesas e o deck possuirá o pisoexclusivamente de madeira. O intuito émanter o projeto original, sem nenhumtipo de alteração no que se refere a medi-das e comprimentos, justamente para aten-der às normas impostas pelo Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN).

O trecho de 500 metros que está sen-do recuperado foi dividido em três partes.As extremidades ficaram por conta da pre-feitura e a área central, mais atingida, como governo do estado.

Turistas se arriscam na falsa Duna coberta por pedras e com ferros à mostra

W2 Imagens/Dayanne Neves

Palestra sobre arrecifes atraiu muitos profissionais

W2 Imagens

Setembro / Outubro 20104

EXPEDIENTE

Conselho Diretor biênio 2009-2010

PRESIDENTE:PRESIDENTE:PRESIDENTE:PRESIDENTE:PRESIDENTE:- eng° Humberto Sanchez Quintanilha

VICE-PRESIDENTE:VICE-PRESIDENTE:VICE-PRESIDENTE:VICE-PRESIDENTE:VICE-PRESIDENTE:- eng° José Deguchi Junior

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETOR SECRETÁRIO:OR SECRETÁRIO:OR SECRETÁRIO:OR SECRETÁRIO:OR SECRETÁRIO:- eng° Luis Sérgio dos Santos Souza

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETOR OR OR OR OR TESOUREIRTESOUREIRTESOUREIRTESOUREIRTESOUREIRO:O:O:O:O:- eng° Raimundo Neves Nogueira(Dokinha)

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETOR OR OR OR OR TÉCNICO:TÉCNICO:TÉCNICO:TÉCNICO:TÉCNICO:- eng° Marco Aurélio dos Santos Abreu

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETOR SOCIAL:OR SOCIAL:OR SOCIAL:OR SOCIAL:OR SOCIAL:- eng° Milton José Furtado Lima

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETOR DE MEIO-AMBIENTE:OR DE MEIO-AMBIENTE:OR DE MEIO-AMBIENTE:OR DE MEIO-AMBIENTE:OR DE MEIO-AMBIENTE:- eng° Juarez Marques Lopes

DIR. DE RELDIR. DE RELDIR. DE RELDIR. DE RELDIR. DE RELAÇÕESAÇÕESAÇÕESAÇÕESAÇÕESINSTITUCIONAIS:INSTITUCIONAIS:INSTITUCIONAIS:INSTITUCIONAIS:INSTITUCIONAIS:- eng° Ricardo Valentim Azevedo

DIRETDIRETDIRETDIRETDIRETORES DE PUBLICAÇÕES:ORES DE PUBLICAÇÕES:ORES DE PUBLICAÇÕES:ORES DE PUBLICAÇÕES:ORES DE PUBLICAÇÕES:- eng° Fernando Luiz F. Caedoso- eng° Luis Carlos da Cunha Silveira

COMISSÃO FISCAL:COMISSÃO FISCAL:COMISSÃO FISCAL:COMISSÃO FISCAL:COMISSÃO FISCAL:- eng° Luiz Césio Caetano Alves- arqa Maria Yara Coelho- eng° Aurenio Ribeiro- eng° Elídio Lopes Mesquita Neto- eng° Anísio Machado de Resende- eng° Raul Antonio Alberto L. Lazcano

ASSESSORIA DE IMPRENSA:ASSESSORIA DE IMPRENSA:ASSESSORIA DE IMPRENSA:ASSESSORIA DE IMPRENSA:ASSESSORIA DE IMPRENSA:W2Imagens.com

-Walmor Freitas - (22) [email protected]

IMPRESSÃO:IMPRESSÃO:IMPRESSÃO:IMPRESSÃO:IMPRESSÃO:Gráfica do Jornal do Commercio

TIRATIRATIRATIRATIRAGEM:GEM:GEM:GEM:GEM:6.000 EXEMPLARES

Rua Nilo Peçanha, 73 Sl. 05 (CREA)Centro - Cabo Frio - RJTel.: (22) 2645-6524(22) 2645-6524(22) 2645-6524(22) 2645-6524(22) 2645-6524

e-mail: [email protected]

EDIÇÃO N° 23Setembro / Outubro - 2010

PALAVRA DA DIRETORIA

MMMMMilton Lima é engenheirilton Lima é engenheirilton Lima é engenheirilton Lima é engenheirilton Lima é engenheiro civilo civilo civilo civilo civile dire dire dire dire diretor social da ASAERLetor social da ASAERLetor social da ASAERLetor social da ASAERLetor social da ASAERLAAAAA

ObrigadoPPPPPor Mor Mor Mor Mor Milton Limailton Limailton Limailton Limailton Lima

Conseguimos. Depois de tantosesforços, vimos nosso trabalho re-compensado com a realização do1º Forum de Tecnologia para Cons-trução Sustentável TCS, realizadoem Cabo Frio. Aliás, o primeiro doestado do rio de Janeiro no gênero.Por isso, em nome da ASAERLAagradeço a todos que comparece-ram e prestigiaram o evento. Agra-deço principalmente aospalestrantes, profissionais e pesso-as de extrema dedicação e respei-to. Desde o início não deixaram deacreditar no evento e nainexperiência deste idealizador, pro-curando passar-me confiança eapoio. Posso afirmar, sem receio,que conquistei novos e brilhantesamigos. Obrigado. Creio que nos-so objetivo foi atingido. Consegui-mos trazer para a região os profissi-onais mais competentes do merca-do para falarem sobre o assunto,nas principais áreas da construçãocivil: arquitetura, design, engenha-ria e até biologia. E, mais importan-te ainda, fazer nossos colegas pro-fissionais da região perceberem queeste assunto, Construção Sustentá-vel, não é modismo e muito menos

“coisa de cidades grandes”. PedraBranca, em Nova Palhoça/SC, está aípara provar. Desejamos que nossoscolegas e parceiros, passem a acre-ditar e ver que a ASAERLA não é ape-nas uma associação de amigos parase encontrarem em eventos sociais,mas, também, uma entidade de re-nome, competência, capacidade eparticipação, que procura, da melhorforma possível e dentro de suas con-dições, realizar e fazer por todos osprofissionais da região, o máximo aoseu alcance. E este máximo depen-derá, sempre, da participação maiorde cada um de vocês.

Agradeço também ao CREA-RJ, àSINDIMÓVEIS, à Móveis Apolo, àSchneider Eletric,à Arquitetos e Cia,à Ponto Final Vídeos e a todos osdemais apoiadores e patrocinadores,pois sem os quais não teríamos rea-lizado tudo isso. Em momento algumdeixaram de acreditar em nossos es-forços. Agradeço muitíssimo à TropicProduções e sua equipe de trabalho.Competentíssimos! Também emnome da ASAERLA e da Tropic Pro-duções, pedimos desculpas por al-guma falha ou expectativa criada eque não tenha sido atendida. Por in-

crível que pareça, Cabo Frio aindanão possui um Centro de Conven-ções ou outro local condizente como nível das palestras realizadas e dopúblico presente. No entanto, acre-ditamos que o Costa Azul Iate Clu-be, com sua aprazível localização,tenha compensado este problema.Era essa a intenção. E podem acre-ditar: fizemos o máximo possível!Obrigado pela presença, pelo apoio,pelos elogios, pelas críticas e, prin-cipalmente, pela confiança. Semisso, nada seria possível. Mas, naprocura por outros cursos e even-tos desta natureza, temos a certezade estarmos no caminho certo. Atéa próxima!

Av. Nilo Peçanha, nº 73 - Sala 05,Centro – Cabo Frio.Tel: (22) 2645.6524 / 9968.4020De segunda à sexta-feiradas 09h às 17h30.

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Happy Hour fica cada vez

melhor e continua itinerante

De bar em bar

Cada mês num bar diferente. Este temsido um dos grandes motivos do sucessodos encontros mensais entre engenheiros,arquitetos, profissionais da construção ci-vil, empresas patrocinadoras, amigos e fa-miliares. O encontro promovido pelaASAERLA ganha destaque inclusive entreos donos de bares e restaurantes que sem-pre esperam que a animada turma cheguepara fazer a festa.

-É um bom grupo de pessoas e a maio-ria se torna cliente da casa-, elogiou o em-presário Eduardo Moreira do QuiosqueCosta do Sol na Praia do Forte, um dosprimeiros locais a receber o Hapy-Hour.

-A idéia de mudar de local tem sidoaprovado pelos associados. E também per-mite que nossa entidade visite outras cida-des-, disse o engenheiro José Deguchi, vice-presidente. Búzios e São Pedro da Aldeiajá receberam a caravana de engenheiros earquitetos. O encontro permite troca de

informações profissionais e acima de tudomomentos de confraternização entre osprofissionais.

Representantes do CREA/RJ já partici-param de alguns encontros realizados naregião e também aprovaram a idéia. Maltermina um happy hour e muitos associa-dos ficam perguntando onde será oproximo.

-É muito bom rever os amigos-, disseRaul Lora

O happy hour acontece sempre na últi-ma quarta-feira de cada mês.

Raul Lora: encontro positivo

Setembro / Outubro 2010 5

Quem passa pela rua Rua AlexNovelino, número 380, próximoà Praia do Forte, em Cabo Frionão resiste em dar uma espiadinhanuma das poucas casas que aindaresiste em meio a tantos edifíci-os. Com portão semiaberto é fá-cil perceber o entra-e-sai de ope-rários, técnicos, engenheiros, ar-quitetos, paisagistas e decorado-res. Todos trabalham em ritmoacelerado para entregar a obra quevai sediar a Casa Modelo. O pro-jeto de reforma do imóvel envol-ve dezenas de profissionais queprometem mostrar em cada umdos 37 ambientes cuidadosamen-te planejados como é fácil morarbem com estilo, criatividade, ou-sadia e sustentabilidade sem gas-tar muito.

-Dá muito trabalho mas com-pensa em todos os aspectos pro-fissionais-, disse a arquiteta DionePessoa que ao lado do marido, oengenheiro Ronaldo Pessoa cui-da de um dos ambientes.

A arquiteta disse que acreditamuito na proposta do evento,principalmente em Cabo Frio,uma cidade que não para de cres-cer.

- Em parceria com o meu ma-rido, vamos desenvolver o quartodo rapaz, pois ainda não tinhaescolhido esse cômodo nas outrasmostras que fiz. Já participamosde vários eventos de decoração,não só aqui como no Rio de Ja-neiro. Foi bom pois até hoje co-lho resultados positivos– disseDione.

Os associados da ASERLAcom anuidade em dia ganharam30% de desconto na aquisição doespaço da Casa Modelo.

Além da mostra principal, que

acontecerá entre os dias 2 de de-zembro e 30 de janeiro de 2011,os profissionais envolvidos no pro-jeto terão a oportunidade de uti-lizar os espaços e toda a infra-es-trutura da casa, durante os 10meses seguintes, para atender cli-entes e apresentar os ambientescuidadosamente planejados. Alémdisso, a casa será utilizada parasediar eventos ligados à cultura,como lançamentos de livros, ex-posições de arte e shows musicais.Para o conforto dos visitantes, umrestaurante também irá funcionarno local da mostra.

Os profissionais estão criandoambientes com propostas acessí-veis e criativas, qualidade e bomgosto cuidadosamente planejados,com móveis e objetos de decora-ção modernos e tecnologia deponta, como a automação de sis-temas de som e iluminação parao conforto e segurança de toda afamília.

- Através do sistema de auto-mação é possível programar a ilu-

minação e o som de toda a casa.Por exemplo: você vai sair e querprogramar para que as lâmpadasde alguns cômodos acendam emdeterminado horário. Isso é pos-sível. O mesmo também pode serfeito com o sistema de som. Vocêpode combinar uma infinidade deprogramações, explica Luiz Hen-rique Cardoso, da Ambiline, umdos fornecedores da Casa Mode-lo.

Além de tecnologia, estilo emodernidade, os profissionais queparticipam do evento, tambémestão preocupados com a consci-ência ambiental.

- Graças ao empenho da indús-tria e o desenvolvimento de pes-quisas, é cada vez maior a quanti-dade de produtos sustentáveis dis-poníveis ao consumidor, e comoprecisamos ajudar na preservaçãodo meio ambiente, decidimos in-corporar idéias sustentáveis aoprojeto da Casa Modelo, disseMaria Inês Oliveros, uma dasorganizadoras da mostra.

Idéias, talentos, criatividade e

tecnologia na Casa Modelo em Cabo Frio

Muito menos do que se ima-gina a velha e boa lâmpadaincandescente vai sumir da vidadiária. É o que garantem espe-cialistas na área de energia queapontam a lâmpada de LEDcomo a substituta natural nummundo cada vez mais focado nasustentabilidade e preocupaçãocom as causas ambientais.

As novas lâmpadas de LEDque em inglês representa as pa-lavras Light Emitting Diode,que, em português, viraramdiodo emissor de luz, um ma-terial capaz de emitir luz com apassagem de corrente elétricaaos poucos vão fazendo parte docotidiano.

-As velhas lâmpadas que co-nhecemos estão com dias con-tados. Agora os novos projetosjá incluem lâmpadas de LEDpor economia e praticidade-,disse o engenheiro e palestranteMarco Antonio da Silva, queapresentou a nova linha LED

O fim da lâmpada tradicional

está muito próximo

da Lumiled durante o Fórum Na-cional de Tecnologia para Cons-trução Sustentável promovidopela ASAERLA e realizado noCosta Azul Iate Clube.

Marco Antonio explicou tam-bém que embora o custo inicial-mente possa parecer alto, a dura-bilidade e o consumo de energiacompensa o investimento. As apli-cações do LED crescem a cadadia, chegando a monitores de te-levisão e semáforos. Com o au-mento da concorrência e a redu-ção do preço dos produtos, atecnologia caminha para dominaro mercado de iluminação.

-Usando em média oito horaspor dia a vida útil de um LED éde 30 anos- disse palestrante. Noexemplo, uma lampada comumde 60w terá de ser trocada 110vezes em cinco anos. A fluores-centes 14 vezes e a de LED ne-nhuma o que significa economiade quase R$ 200 com a troca delampadas.

Tecnologia LED permite iluminar maiscom menos consumo de energia

Marco Antonio da Lumiled mostrou as vantagens do LED

Profissionais posam na Casa Modelo

Divulgação

W2 Imagens

Setembro / Outubro 20106

Projetos com automação energética esustentabilidade. Esse foi o objetivo da pa-lestra ministrada pela engenheira elétricaSabrina Nazário, chefe de produto prediale residencial da Schneider Eletric. O as-sunto gerou interesse e lotou o auditóriodo Hotel Paradiso Del Sol, na Passagem.

A palestra faz parte de um projeto anualdesenvolvido pela empresa para despertar aatenção dos profissionais para inovaçãotecnológica nos projetos. O foco deste ano éa eficiência energética em áreas prediais.

- A ideia é despertar a consciência de queeu posso fazer mais, até mesmo como consu-midor, porque a gente só começa a cobrar daconstrutora no momento em que você é umconsumidor exigente. Eu pago R$400 milpor um apartamento, as tomadas e interrup-tores com parafusos aparentes, comdisjuntores pretos no quadro de luz, tem al-guma coisa errada - disse a engenheira.

O mercado da construção civil está emalta no Rio de Janeiro por conta da Copa doMundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 eisso inclui a cidade de Cabo Frio. Novas cons-truções surgem a todo momento.

- Onde você tem o boom da construção é omomento certo para se falar de inovação, de-pois que o projeto está pronto já fica mais difí-cil. Cabo Frio é um bom foco - explica Sabrina.

A engenheiraalertou para técni-cas ultrapassadasque ainda são utili-zadas na construçãocivil. Segundo ela, oBrasil ainda utilizatécnicas que polu-em e muito o meioambiente, poucosprojetos utilizam osensor de presença, o que gera uma econo-mia muito grande de energia elétrica. Noencontro promovido pela ASAERLA em par-ceria com o site Arquitetosecia também fo-ram abordados temas como selos de segu-rança e o Procel Edifica, instituído em 2003e que promove o uso racional de energia elé-trica em construções, além de incentivar ouso eficiente dos recursos naturais, o que re-duz desperdício e impactos sobre o meio am-biente. Este passará a ser obrigatório em 2012.

- Muitos arquitetos nem sabem que exis-te. Um belo dia você acorda de manhã e des-cobre que o seu projeto não pode receber ohabite-se porque não tem o selo do ProcelEdifica. É a mesma história que aconteceucom a tomada e o padrão novo, um dia per-ceberam que havia mudado quando isto jáestava em discussão há 5, 6 anos - disse.

Eficiência energética é temade palestras em Cabo Frio

Sabrina Nazário

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Setembro / Outubro 20108

Mudanças eboas notícias

Agostinho Guerreiro - Presidente doConselho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro(CREA-RJ)

Por Agostinho Guerreiro

Foi comemorado, o DiaMundial Sem Carro. Trata-se deuma iniciativa global criada naFrança, em 1998, em que vári-as cidades do mundo estimu-lam seus habitantes a deixaremos veículos na garagem em proldo meio ambiente. Apesar doaparente fracasso, já que, alémda proibição de estacionar emalgumas ruas do Centro do Rio,não foi detectada uma reduçãosignificativa na quantidade decarros nas ruas, a data servepara nos lembrar a importânciacada vez maior da racionaliza-ção do trânsito e do investimen-to maciço em transporte públi-co.

Afinal, de que adianta incen-tivar o uso de bicicleta para osafazeres diários se não háciclovias suficientes, que inter-liguem a orla aos demais espa-ços da cidade, muito menosbicicletários seguros para osque já aderiram? Como pedirpara as pessoas deixarem ocarro em casa se o nossotransporte de massa é precá-rio, sem rapidez e sem confor-to? As linhas do metrô trafegamsobrecarregadas e possuemuma malha pouco inteligente eintegrada, encarecendo o per-curso. Os trens continuam semconforto, lotados, com esta-ções precárias. Quanto aosônibus, nem se fala. Responsá-veis por levar a esmagadoramaioria dos passageiros numacidade tropical e engarrafada,são o sinônimo de que o Riocontinua refém do atraso naárea de transportes.

Os brasileiros, em geral,acham que carro é sinônimo destatus. É preciso mudar essamentalidade e fazer a popula-ção compreender que uma ci-dade melhor é uma cidade queaposta em transporte coletivoeficiente e confortável, comonumerosos casos de sucessojá demonstraram nas metrópo-les mundo afora. É hora de ba-talharmos mais por isso.

Boas notícias

O planeta recebeu duasboas novas. A British Petro-leum anunciou que, nospróximos dias, o poço auxi-liar que está perfurandodeve selar definitivamente ofoco do vazamento de pe-tróleo. Depois de quasecausar a falência de umadas maiores empresas pe-trolíferas do mundo, e com-prometer o ecossistema dacosta americana, o vazamen-to, que começou em abrildeste ano e já é consideradoum dos maiores da história,parece se encaminhar paraum final que, pelo tamanhoda catástrofe, serve de liçãopara todo o mundo.

Já o temido buraco nacamada de ozônio, que tan-to apavorou a populaçãomundial nos últimos anos,estagnou. Cientistas da Or-ganização Mundial de Mete-orologia e do Programa dasNações Unidas para o MeioAmbiente divulgaram umestudo que mostra que acamada que protege a Ter-ra dos perigosos raios sola-res ultra-violetas deve se re-cuperar totalmente em me-ados deste século, excetu-ando-se a área dos pólos,onde a recuperação seráum pouco mais longa. É umassunto que ainda tem con-trovérsias, mas não deixa detrazer alguma esperança.

As duas notícias mostramque o esforço conjuntopode fazer a diferença eque, se fizermos a nossaparte, será possível garan-tir por mais tempo condi-ções de vida com qualida-de às futuras gerações.

Fórum reúne em Cabo Frioprofissionais de ponta

Discutir e aplicar já novas téc-nicas que permitam construir se-guindo o conceito mundial desustentabilidade. Este foi o focodo primeiro Fórum Nacional deTecnologia para Construção Sus-tentável realizado em Cabo Frio.

O evento promovido pelaASAERLA reuniu, durante doisdias, profissionais respeitados nosetor por mostrar, através de da-dos consistentes e exemplos jáaplicados a necessidade urgente deconstruir seguindo um novo mo-delo que vai desde a escolha dosmateriais corretos e certificadosaté a utilização correta das fontesde energia da natureza como sol,chuva e vento.

-Precisamos estar em dia coma tendencia mundial do setor-,disse o engenheiro Milton Lima,um dos idealizadores do Fórum.

Para o presidente do CREA-RJengenheiro Agostinho Guerreiro,o Fórum mostra a importância dadiscussão profissional em defesado meio ambiente.

-Hoje, arquitetos e engenhei-ros precisam mostrar em seus pro-jetos e as vezes nos planos dire-tores das cidades e em planos ur-banísticos diversos o que ésustentabildiade aplicada-, disseAgostinho que abriu oficialmen-te os trabalhos em Cabo Frio.

A palestrante Viviane Cunhadisse que é importante discutir sem-pre os rumos da construção civil.

- Mostro os impactos que osmateriais da construção civil cau-sam ao meio ambiente. A segun-da palestra é sobre a certificaçãojá que o Brasil trabalha com trêscertificações-, disse a palestrante.

O presidente da ASAERLA,

Humberto Quintanilha agradeceua participação do CREA-RJ -Emuito importante a participação doCREA e de parceiros para a realiza-

Os presidentes HumbertoQuintanilha e Agostinho Guerreiro

Andrea,Emília Rutkowski e Erika

Palestrante Peter Van Legen

Dione e Ronaldo Pessoae José Deguchi

Milton Lima, Marco Antonio da

Lumiled e Quintanilha

Os arquitetos Andre Luiz,Felipe Araújo e Nilton Apicelo

Palestra de Viviane Cunha

ção deste Fórum. Assim os profis-sinais não precisam se deslocar parafazer cursos e se atualizar profissio-nalmente -, disse.

Palestra de Felipe Faria

Setembro / Outubro 2010 9

Um pequeno esforço de cada cidadãopoderá resultar em grande economia de ener-gia, dinheiro e tempo para melhorar a vidada coletividade. Esta é a conclusão de técni-cos, especialistas, arquitetos e engenheirosque participaram da primeira edição doFórum Nacional de Tecnologia para a Cons-trução Sustentável TCS realizado em CaboFrio no final de outubro. O alerta de estudi-osos na construção sustentável mostra que apreocupação vai desde uma simples troca delâmpada incandescente por outra de Led, porexemplo, até a utilização correta das corren-tes de vento e o calor emitido pelo sol apro-veitando também a água das chuvas.

-O que precisamos de maior consciên-cia da população e dos profissionais quetem que convencer o cliente de que é pre-ciso investir na construção correta com uti-lização de materiais que não agridam o am-biente-, disse Emília Wanda Rutkowskicom doutorado em Arquitetura e Urbanis-mo - Estruturas Ambientais Urbanas - pelaUniversidade de São Paulo USP que mi-nistrou a palestra; Serviços Ambientais –A Sustentabilidade Ambiental dos Ambi-entes Construídos.

Durante dois dias, mais de 100 pessoaspassaram pelo evento promovido pelaASAERLA, entre engenheiros, arquitetos,empresários, biólogos, decoradores e pro-fissionais ligados ao setor da construção.

Para o arquiteto e urbanista cariocaAndré Luiz Lacerda eventos deste porte pre-cisam acontecer com mais freqüência por-que o número de profissionais que traba-lham no interior é cada vez maior e preci-sam estar atualizados.

-As coisas acontecem com maior veloci-dade e precisamos muito trocar experiên-cias com outros profissionais. O nível dospalestrantes foi o ponto alto deste Fórum-, destacou Lacerda que fincou moradia naregião há cinco anos.

Mercado em expansãodesrespeita ambiente

O crescente mercado de consumo do paísembalados pela classe C com cerca de 95 mi-lhões de brasileiros, segundo dados da Fun-dação Getúlio Vargas FGV e com renda fa-miliar entre R$ 1.126 e 4.824 reais está ávi-do por consumo. Como o déficit habitacionalainda é grande no Brasil, qualquer dinheirona mão vai direto para a reforma do espaçopara morar. Com isso, o setor da construçãocivil apresentou um sólido crescimento noprimeiro semestre desse ano.

Dados da Confederação Nacional da In-dústria (CNI) revelam que durante os pri-meiros seis meses de 2010, o indicador re-lativo ao nível de atividade (uma escala quevai de 0 a 100) manteve-se acima dos 50pontos, o que indica crescimento.

-Todos querem construir e as lojas que-rem vender. Este ainda é um dos grandes pro-blemas para que a sociedade pense na ma-neira de economizar e construa sua casa cor-retamente-, disse o holandês Peter Van Legenbioarquiteto e agroecologista coordenadorgeral do TÍBA, Instituto de Bio-arquiteturae Tecnologia Intuitiva. Peter teve uma daspalestras mais aplaudidas do evento.

Os especialistas concordam com Petere apontam o novo poder de consumo comoentrave para desenvolver melhor o concei-

to de construção sustentável em harmoniacom o ambiente.

O engenheiro sanitarista Juarez MarquesLopes, disse que o assunto não é novo e emCabo Frio sempre foi defendido por umaminoria que aos poucos vai assistindo a de-gradação pela especulação imobiliária em-balada pelo aumento veloz da população fixa.

-Sempre defendemos o ambiente parapreservar a região. Mas a prática é demora-da e o poder público mostra pouco empe-nho em ações que possam frear a ocupaçãodesordenada em todos os aspectos-, disseJuarez que já foi secretário de meio ambi-ente de Cabo Frio.

No final, o público presente aplaudiu ospalestrantes e a maioria dos participantes jámanifestou grande interesse de participar deoutras atividades com o Fórum TCS.

-Fico muito feliz e vejo muitas pessoasde outras cidades e até de outros estados.Superamos todas as dificuldades e conse-guimos realizar este Fórum-, disse o enge-nheiro Humberto Quintanilha presidenteda ASAERLA ao encerrar o evento.

Milton José Furtado Lima, diretor soci-al da ASAERLA e criador do Fórum reve-lou que muitos palestrantes sugeriram queo mesmo Fórum fosse levado para outrascidades,maiores e até capitais por exemplo.

-Isso mostra que estamos no caminhocerto-, disse Milton.

ASAERLA faz Fórum pioneiroEvento promovido emCabo Frio servirá de basepara encontros similares emcidades maiores

Humberto Quintanilha, presidente da ASAERLA encerra o evento

A conclusão foi feita com base nos resultadosde uma metodologia que cruza números de capi-talização de mercado de empresas listadas no DJSI(Dow Jones Sustainability Index World) e noMSCI, índice que reúne as Bolsas da região Ásia-Pacífico, exceto Japão.

O DJSI, da Bolsa de Nova York, abrange 317empresas de vários setores e regiões do planeta,selecionadas de acordo com o desempenho em100 assuntos ligados a sustentabilidade. Já oMSCI, que tem na carteira algumas das maioresempresas abertas do mundo, não considera ques-tões sobre o assunto.

As empresas também foram submetidas a umaavaliação de desempenho em 500 critérios emsustentabilidade, responsabilidade socioam-biental, transparência e governança corporativa,escolhidos pela consultoria.

“O estudo apontou uma performance superi-or das empresas mais bem-sucedidas nesses itens”,disse à Reuters Bill Cox, presidente da M&E.

A consultoria ainda mediu os resultados prá-ticos de projetos de sustentabilidade e detectouque o fluxo de caixa livre das empresas avaliadasficou acima da média de suas concorrentes e quesua eficiência interna era superior.

Em totais, os investimentos feitos por essasempresas em treinamentos online para funcioná-rios, por exemplo, renderam até 1.800% em umano.

Um exemplo do resultado da aplicação dessemétodo no Brasil, segundo a M&E, foi oBradesco, que investiu R$ 380,6 milhões em pro-jetos do setor no ano passado.

Segundo Angelica Blanco, diretora da M&E,o valor de mercado do banco foi incrementadoem R$ 3,91 bilhões (3,8% do valor de mercado,com base nos números de 2009), devido aos re-sultados de projetos ligados a sustentabilidade.

Sustentabilidade

aumenta valor de

mercado em

até 4%, diz estudo

Levantamento da consultoria

espanhola Management &

Excellence aponta que projetos

socioambientais aumentam

valor das empresas

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Setembro / Outubro 201010

Atualmente no País temos a opção deadquirir um veiculo com motor de cicloOTTO movido a Etanol, Gasolina ouGNV, qual a melhor escolha?

Hoje a Indústria Nacional produz car-ros Flex, que podem usar somente Etanol,somente Gasolina ou a mistura destes doiscombustíveis em qualquer quantidade, istoé uma tecnologia desenvolvida no Brasil! .

Também podemos ter veículos movidospelos três combustíveis, Etanol, GNV, Ga-solina, inclusive existe um veiculo nacio-nal que é chamado de TETRAFUEL, queseria movido Etanol, GNV, Gasolina (comaté 25% de álcool), e Gasolina pura, quenão é comercializado no País).

E o GNV como fica?O GNV é o combustível gasoso conhe-

cido popularmente com Gás, o que vem aser o veiculo movido a combustível Liqui-do e GNV?

É quando instalamos um KIT de GNV,no veículo, porem temos algumas dicas so-bre esta modificação.

Primeiramente a instalação deste KIT éuma adaptação, portanto se altera as ca-racterísticas originais do projeto do motor.

O motor foi desenvolvido para funcio-nar com combustível liquido e não gasoso,portanto haverá ao longo dos anos um des-gaste de alguns componentes.

O GNV exigirá uma manutenção pre-ventiva maior, pois além dos componentesoriginais ainda temos os componentes doKIT, tais com válvulas, cilindros, redutor,variadores e gerenciadores.

Anualmente todos os veículos movidosa GNV são obrigados a fazer uma vistorianuma ITL, conhecida popularmente comovistoria do INMETRO, que tem um cus-to médio de R$120,00 reais, para que seemita um documento de porte obrigatórioconhecido como CSV / CI que tem queser apresentado uma cópia ao DETRANquando da vistoria anual.

Quanto ao desempenho do veiculo comGNV ele reduz na proporção direta co cus-to do KIT do mais simples conhecido comoKIT Torneirinha, a quantidade de gás in-jetada não varia; KIT Gerenciado como onome diz ele gerencia o fluxo de GNV, co-nhecido como 3ª Geração; e o KIT de 5ªGeração, que chamado de Pressão Positivainjeta GNV diretamente no coletor de ad-missão, através de uma unidade degerenciamento eletrônico.

A medida que se evolui o Kit o seu pre-ço sobe consideravelmente, portanto a van-

tagem do menor custo do combustível sóvai se traduzir se você rodar realmentemuitos Km por dia.

Também se perde espaço no porta ma-las onde normalmente se coloca o cilindroque armazena o GNV, porem há veículosque permitem a sua colocação na parte in-ferior.

Parece que por enquanto eu só estoucolocando defeito no KIT GNV, mas é arealidade dos fatos, mas vamos a principalvantagem no nosso Estado que é o RIODE JANEIRO, é que o veiculo movido aGNV paga apenas 1% do valor venal deIPVA em quanto os veículos movidos aEtanol pagam 2% de IPVA os a Gasolina4% e os Flex também pagam 4%!

Vamos analisar os consumos por KMrodado e o custo.

O veiculo movido a GNV roda aproxi-madamente a mesma Km com 1 litro degasolina e 1 m³ de GNV, mas o problemadesta apuração de consumo do GNV é quepor ser gasoso o seu volume pode variaraté 25% em função da temperatura ambi-ente da pressão de abastecimento, da quan-tidade de GNV existente no cilindro.

No caso do Etanol o seu consumo porKM rodado em relação à gasolina é de 30%maior, por quê? Porque o poder caloríficodo Etanol é menor que o da gasolina entãopara gerar a mesma quantidade de energiaele necessita de mais 30% de quantidade,daí a origem da tal conta quando o preçodo Etanol for maior que 70% do preço dagasolina não use Etanol.

Mas também devemos levar em contaque os batismos da gasolina com váriosprodutos levam a uma danificação de vári-os componentes e encurtam a sua durabi-

lidade, e o batismo do Etanol é sempre fei-to com água e ele já possui água então osdamos são muito menores o que reduz amanutenção.

Então caros leitores avaliem seus gastosmensais km rodados locais necessidades deespaço no porta malas e decidam qual omelhor para cada um.

Importante, se decidirem instalar umKIT GNV, primeiramente, contate oDETRAN e solicite uma autorização parainstalar o KIT GNV, e o DETRAN vai for-necer uma senha para posteriormente serusada quando da Homologação do KITGNV na ITL. Escolha uma convertedoraque seja homologada pelo INMETRO, ve-rifiquem no site: www.inmetro.gov.br,quais estão homologadas.

Se vocês observarem não falei em valo-res de consumo de combustível, pois amedia km/l que cada carro faz é influenci-ada por vários fatores externos, tais comotipo de percurso, forma de dirigir, tempe-ratura, pressão atmosférica, qualidade docombustível, velocidade do vento, tipo detrafego encontrado. Portanto compare sem-pre se um veiculo é mais econômico doque outro sendo o mesmo motorista e fa-zendo a mesma rotina de uso do veiculo.

E os valores que aparecem nos manuais?Estes testes foram feitos de acordo com

a Norma ABNT 7020 que regulamentacomo proceder ao teste de consumo, poisa norma determina todos os fatores quevariam num teste de consumo.

Etanol, Gasolina ou GNV

PPPPPor Sor Sor Sor Sor Silvio Milvio Milvio Milvio Milvio MarioarioarioarioarioAAAAAbrbrbrbrbreu Feu Feu Feu Feu Frrrrreireireireireire e Se e Se e Se e Se e Souzaouzaouzaouzaouza

Com tantas opções qual a melhor escolha?

Silvio Mario Abreu Freire e Souza éengenheiro mecânico, perito, consultore especialista automotivo

Consumidor simula colocar dois combustíveis ao mesmo tempo no carro

VVVVVeículos flex fueleículos flex fueleículos flex fueleículos flex fueleículos flex fuel – O veículo flex for-taleceu o combustível etanol no Brasil econsolidou uma extensa cadeia produtiva,desde a agroindústria à fabricação de veí-culos e aos serviços. Já foram fabricados ecomercializados mais de 8 milhões de veí-culos flex, o que mostra o êxito que o pro-duto tem junto ao consumidor, desde o seulançamento, em 2003. Os motores flex, emconstante evolução, foram concebidos edesenvolvidos a partir de motores origina-riamente a álcool. Os flex são uma evolu-ção dos motores a etanol. Os limites deemissões para gasolina e etanol estabeleci-dos são os mesmos. O carbono emitido peloetanol é recuperado pela lavoura da cana-de-açúcar, resultando num processo de ci-clo zero do carbono. Tal não ocorre com ocombustível gasolina. Sua origem fóssil ape-nas libera carbono, que não é retomado pelafonte emissora.

DDDDDados de Eados de Eados de Eados de Eados de Emissõesmissõesmissõesmissõesmissões – A entidade apóiaconceitualmente a divulgação de dados rela-tivos a emissões de veículos, como forma dedar à sociedade transparência de informaçõesdentro de uma visão de sustentabilidade.

A elaboração de escala para classifica-ção de níveis de emissões, contudo, mere-ce maiores análises técnicas no que se refe-re a critérios e ponderações utilizados, ten-do em vista maior clareza e a exata realida-de dos resultados.

A adoção, como critério, dos níveis deemissão obtidos a partir do controle de pro-dução na fábrica – tomando-se como baseos veículos zero quilômetro produzidos –leva a distorções quanto à fidelidade dosresultados de classificação.

Entre as distorções causadas pelo crité-rio de utilização de dados de emissões doveículo em linha de produção, podem serindicadas as seguintes:

* O veículo ainda não foi amaciado, oque gera alta dispersão dos resultados; amédia de emissão, em conseqüência, é maisalta, quando comparada ao veículo homo-logado e em campo;

* Quando se trata de “família” de veícu-los, o fabricante pode fazer a medição naprodução com base no veículo de maiortamanho. Dessa forma, assumir esse resul-tado para outro veículo menor da mesmafamília distorce o resultado obtido.

A Anfavea pondera ainda que o critérioutilizado pelo MMA e IBAMA, de apre-sentar veículos produzidos em 2008, tam-bém pode colaborar para a distorção dosresultados, quando se sabe que em janeirode 2009 entrou em vigor, para veículos le-ves do ciclo Otto (gasolina e álcool), novaetapa do Proconve, mais rígida.

Em favor da transparência dos níveis deemissão, a Anfavea disponibiliza em seu site(www.anfavea.com.br) os dados de homo-logação de emissões – representativos darealidade de utilização regular dos veícu-los em comercialização.

Anfavea esclarecesobre veículos flex esustentabilidade

Divulgação

Setembro / Outubro 2010 11

Seu Coelho andava intrigado comaquela expressão - “em temposeco”. Será que era mesmo o queele pensava? Engenheiro com algu-ma experiência, ele nunca havia lidoou ouvido a expressão até o maucheiro das galerias de águas dechuva da cidade o incomodarem. Ocheiro era muito desagradável, in-comodava até o ensaio do bloco deCarnaval. Restaurante na beira darua nem pensar, melhor os fechadose com ar-condicionado.

Lendo daqui, informando-se delá, parece que era aquilo mesmoque pensara antes, o esgoto do-méstico lançado na galeria de águaspluviais da cidade, com todas asconsequências que tal fato repre-senta para uma cidade turística. Nãoacreditava no que, aos poucos, eledescobria lendo os jornais e revis-tas da cidade. Para piorar um pou-co mais a situação, verificou-se queas decisões sobre o fato eram to-madas por um grupo de pessoas

A LENTA AGONIA DA LAGOA

A cada dia que passa aumenta a discus-são em torno da recuperação da Lagoa deAraruama. De um lado concessionárias eórgão públicos garantem que os investi-mentos mostram sinais positivos.

Do outro, ambientalistas, técnicos,Ongs e moradores mostram que a lagoaestá morrendo aos poucos e que é precisomedidas urgentes para salvar uma das mai-ores lagoas hipersalinas do mundo. Há al-guns anos, a ASAERLA vem manifestan-do preocupação com o lento ritmo de açõesefetivas para que os problemas sejam re-solvidos. Nesse tempo, governo estadual,municipal e concessionárias tem apresen-tado resultados e projetos de recuperaçãoa médio prazo.

-É um conjunto de fatores que poderá

devolver à lagoa como era antes. Vai desdepesados investimentos imediatos, projetosconsistentes e conscientização da popula-ção. Se todos trabalharem na mesma dire-ção e rápido, aí poderemos pensar em re-cuperação-, disse o engenheiro HumbertoQuintanilha.

Para o biólogo Mario Flavio, secretárioexecutivo do Consórcio Lagos São João osesforços para devolver a cristalinidade da

lagoa estão no caminho certo.-Precisamos de mais R$ 10 milhões para

concluir a dragagem do canal do Itajuru.Isso vai melhorar a renovação de água-,disse.

Ambientalistas discordam e mostramatravés de fotos aéreas que a renovação dalagoa esta cada vez mais lenta. A Prolagos,concessionárias de cinco municípios garan-te que o recolhimento do esgoto está em

fase final e em pouco tempo mais de 80%será tratado.

-Adiantamos pesados investimentospara o tratamento de esgoto-, disse PedroAlves, diretor da Prolagos.

Para o engenheiro civil ErnestoLindgren, ex-professor titular do COPPE/UFRJ, a situação da lagoa é delicada.

-Há mais de dez anos acompanho estahistória triste. A lagoa de Araruama, a la-guna de Cabo Frio e o canal de Itajuruestão sendo irreversivelmente poluídos-,disse.

O professor Rossman, disse que é visí-vel que a Lagoa não é mais a mesma.

- Uma coisa que é obvia é que a Lagoahá um tempo atrás ficou amarelada, cheiade algas. Isso é uma coisa que não precisade pesquisa para constatar visualmente.Isso é fruto de excesso de nutrientes-, disseo professor Paulo César Rossman, daUFRJ, que fez duas palestras em CaboFrio a convite da ASAERLA.

Outra discussão é com o destino doesgoto que ainda é jogado na lagoa.

Com tantas opiniões, pelo menos to-dos concordam que é preciso urgentequalquer ação para salvar a lagoa.

Poder público, especialistase sociedade organizada

concordam que é precisoações para salvar a Lagoa

de Araruama

que, pode-se dizer, completamentedespreparadas para a tomada dedecisões dessa importância, comtantas implicações na vida dos mo-radores da cidade, e pior, sem seremeleitos por ninguém. Ele andavamacambúzio.

Eis que se apresenta uma situaçãopara que as dúvidas se desfaçam,encontra no clube um amigo biólogoque não via há muito, e que, faz par-te do grupo que decide por onde oesgoto vai passar para chegar naestação. Logo após as saudações deapreço e consideração, a perguntaque não pode ser evitada é feita:

-Marcinho, que diabo de esgoto emtempo seco é esse? Não há estaçãopara tratar toda essa água da chuva.Vai ter que jogar “in natura” na lagoa eo esgoto na galeria vai espalhar o maucheiro por toda a cidade.

- Calma amigo Coelho, eu explico.O sistema funciona somente em tem-po seco, quando chove, abrimos ascomportas e o esgoto vai para a lagoa,mas isso acontece em poucas situa-ções, somente quando chove.

- Deixa eu ver se entendi. Você mecontrata para fazer sua nova resi-dência, eu faço uma casa sem te-lhado, pois o dinheiro não deu equando vou entregar a chave eu avi-so: - Olha, a casa é de tempo seco,não tem telhado, quando chovervocê vai ter que se mudar para acasa de parentes. É isso?

Fecha o pano.

Seu Coelho e a casa em tempo seco

Esgoto lançado direto no Canal do Itajurú que está assoreado

Defendido pela maioria dos ambienta-listas, o emissário submarino como formade diminuir o lançamento de esgotos nalagoa de araruama está praticamente des-cartado de ser implantado no mar de CaboFrio.

Segundo dados da concessionáriaProlagos, o emissário submarino nos mol-des do que foi instalado em Rio das Ostrasse mostrou inviável após estudos encomen-dados pela concessionária.

-Em Cabo Frio temos o fenômenoda Ressurgência que provoca mudan-ças nas correntes marítimas de formaúnica. As pesquisas mostraram que oemissário teria que ficar muito distan-te para entrar em mar aberto. Caso con-trário jogaria de volta para as praias oproduto final tratado do esgoto-, dissePedro Alves, diretor executivo da Pro-lagos.

Para o engenheiro sanitarista JuarezMarques Lopes, o importante é que se en-contre rápido uma solução para o proble-ma.

-Se não pode ser o emissário por contado alto custo ou da ressurgência, temos queter uma nova solução rápida-, disse.

Emissário submarinopara Cabo Frio é

inviável, diz Prolagos

MMMMMarararararco Aco Aco Aco Aco Aurélio Aurélio Aurélio Aurélio Aurélio Abrbrbrbrbreu éeu éeu éeu éeu éengenheirengenheirengenheirengenheirengenheiro o o o o e dire dire dire dire diretor da ASAERLetor da ASAERLetor da ASAERLetor da ASAERLetor da ASAERLAAAAA

PPPPPor Mor Mor Mor Mor Marararararco Aco Aco Aco Aco Aurélio Aurélio Aurélio Aurélio Aurélio Abrbrbrbrbreueueueueu

W2 Imagens

Arte de: Ger Bell/2010

Setembro / Outubro 201012

Venho acompanhando a ques-tão desde 1998-1999. O debate, àépoca, era quanto ao sistema a serutilizado, sendo subitamente, en-cerrado: o Consórcio Intermunici-pal Lagos São João (CILSJ), apre-sentando-se como “representante dasociedade civil organizada”, decidiuem 14/04/ 2001 que seria o “Siste-ma de coleta de esgoto em temposeco”. Apesar da resistência dasconcessionárias a escolha foi impos-ta. Foi uma desastrosa decisão comoagora se percebe. Afinal, a tecnolo-gia do sistema é do século 19 e emmais de 800 cidades, só nos EstadosUnidos, havia sido desativado na pri-meira metade do século passado.

Na Região iniciou-se o “valetudo”, que perdura até hoje, todoo esgoto, em todos os municípios,sendo despejado na rede de coletade águas pluviais. Apenas 70%, epor vezes menos ou até zero emvários pontos de desague, são cole-tados e bombeados para as ETE´smantidas pelas concessionárias.

A lagoa de Araruama, a lagunade Cabo Frio e o canal de Itajuruestão sendo irreversivelmente poluí-

Coleta e tratamento do esgoto na Região dos Lagosdos. Não há como reverter essequadro sendo impossível viabilizarum projeto de recuperação seme-lhante ao do rio Tâmisa que atra-vessa a Inglaterra de norte a sul, oprojeto sendo de âmbito nacional.Além do mais há diferenças óbvias:lá se trabalha com água corrente ealto índice pluviométrico.

O período de junho 2000 até opresente foi caótico, iniciado comuma decisão incom-preensível: as dra-gagens para renovara água de uma lagoaque se sabe ser fe-chada. O mapa ane-xo não deixa dúvidaquanto à inviabili-dade da proposta.Além disso, há estu-dos anteriores a 2000 que compro-vam que a maré mal tem força parachegar ao Boqueirão em São Pedroda Aldeia. O alargamento, para 300metros, da ligação entre a lagunade Cabo Frio e a lagoa, não teve oresultado esperado: a maré conti-nua a não passar do Boqueirão. É,portanto, incompreensível que oCILSJ tenha se ocupado com en-trevistas à jornais e divulgação naInternet anunciando que a renova-ção da água passaria a ocorrer ematé 30 dias. Fez, e continua a fazerisso, talvez para insinuar ser possí-vel reverter o quadro que se confi-gurou: a destruição do ecossistemalacustre no canal de Itajuru, na la-guna de Cabo Frio e na lagoa deAraruama. Extinguiram-se os

criadouros de camarões e de siris epouco a pouco a lagoa deixará deser local para desova de peixes.

Não há como negar: o CILSJ in-trometeu-se num projeto de enge-nharia para o qual não tinha e nãotem competência para atuar, masinsiste, sendo contemplado no 2ºTermo Aditivo ao contrato com asconcessionárias, assinado em 2008,como constituindo junto com a

Prolagos uma Comissão de Proje-tos. É o caso do CREA questionarsua competência exigindo prova desua qualificação como empresa deengenharia especializada em obrasde saneamento. Se à Prolagos tal exi-gência foi feita, o que justificarianão a estender ao CILSJ?

As microeconomias dos muni-cípios foram desarticulas com refle-xos no Estado do Rio e não fosse opequeno percentual com que con-tribuem na influência do valor dosolo urbano vis-à-vis a macroeco-nomia do Estado do Rio, estaría-mos enfrentando uma crise imobi-liária à semelhança da que atingiuos Estados Unidos em 2008. Masnão estamos imunes: as perdas in-dividuais serão significativas. É im-

EEEEErnesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrenenenenené engenheiré engenheiré engenheiré engenheiré engenheiro civilo civilo civilo civilo civil

FFFFFormaçãoormaçãoormaçãoormaçãoormação:1) Graduação em Engenharia civil,

UFRJ, 19562) Mestrado em Engenharia de pro-

jetos, Universidade de Tufts (EU),1970

3) Mestrado em Sociologia Urba-na, Universidade de Tufts (EU), 1972

PPPPPor Eor Eor Eor Eor Ernesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrrnesto Lindgrenenenenen

possível controlar o mercado imo-biliário através o anúncio doinexistente, qual seja a divulgaçãodas condições na Região dos Lagostal como era em 2000.

A expansão urbana, a ocupaçãode áreas onde existiam salinas e oaumento da população irão criarum quadro extremamente difícil decontrolar e os próximos anos serãode incertezas.

Em julho passado, como constano Termo Aditivo, iniciou-se a faseda instalação das redes separativaspara a coleta de esgoto. Isso signifi-ca que recomeçamos da estaca zero,introduzindo-se o sistema da enge-nharia tradicional. É como se nadativesse sido feito até agora.

Pagaremos um alto preço. To-das as vias terão que ser abertaspara a instalação da canalizaçãoapropriada, as ligações na redemista desfeitas e as manilhas deconcreto reparadas. Seguir-se-ãoas ligações nas redes separativase, finalmente, a re-pavimentaçãodas vias. Todas essas operaçõesdeverão estar terminadas em2023, e seria temerário especu-lar se até lá, de fato, todas as eta-pas desse grande projeto serãovencidas.

Para a engenharia nacional, emtermos de saneamento, a conclusãoé uma e uma só: perdemos todas asbatalhas, perdemos a guerra, por seter permitido a descaraterização damaior lagoa de água salgada nomundo, o grande patrimônio daRegião dos Lagos.

Rápido crescime mudanças

prejudica

4) Mestrado em Políticas e Estratégiade Governo, Colégio Interamericano deDefesa (EU), 1997

5) Doutorado em Engenharia deTransportes/Planejamento Urbano eRegional, COPPE/UFRJ, 1981

AAAAAtividades prtividades prtividades prtividades prtividades profissionaisofissionaisofissionaisofissionaisofissionais:Engenheiro civil, Companhia Cons-

trutora Capua & Capua, Rio de Janei-ro, 1957-1958

Engenheiro civil, United States Steel

Corporation, EU, 1958-1972AAAAAtividades de pesquisatividades de pesquisatividades de pesquisatividades de pesquisatividades de pesquisaPesquisador Visitante, Universidade

de Princeton (EU), 1964-65Pesquisador Associado, Universidade

de Harvard, 1967-1972AAAAAtividades de ensinotividades de ensinotividades de ensinotividades de ensinotividades de ensinoProfessor Adjunto, Escola de Enge-

nharia/UFRJ, 1972-2002Professor Titular, COPPE/UFRJ,

1972-1986

Professor, Universidade Veiga deAlmeida, Campus Cabo Frio, desde2003

AAAAAutor (entrutor (entrutor (entrutor (entrutor (entre 1964 e 2010)e 1964 e 2010)e 1964 e 2010)e 1964 e 2010)e 1964 e 2010)a) Seis livros para as áreas de Plane-

jamento urbano e regional e Análisede dados

b) Mais de 150 artigos publicadosem revistas técnicas nas áreas de en-genharia civil, sociologia urbana, ge-ometria multidimensional.

Os indicadores que apontam a Regiãodos Lagos como uma das áreas que maiscrescem no estado também revelam umasérie de problemas que afetam a vida dosmoradores e visitantes como a degradaçãodo ambiente e do ecossistema. Pelas contasdo IBGE a região já ultrapassou os 400 milmoradores fixos. Na alta temporada beira aum milhão contando com os visitantes. Sechover todo o esgoto que atualmente é cap-tado acaba nas águas da Lagoa de Araruama.

Outro fator preocupante é o dese-quilíbrio da natureza que nos últimos anosvem se acentuando com maior volume dechuvas na região e para agravar ainda mais,erros da intervenção humana na região le-vam atualmente para a lagoa uma novaparcela considerável de água de chuva, par-cela de regiões bem distantes do local.

-As cidades estão cada vez mais urba-nizadas, com asfalto nas ruas e casas compiso no lugar de grama. Esse conjunto defatores torna o solo impermeável e toda águaescorre para a lagoa-, avalia o engenheirocivil Humberto Quintanilha.

Outra constatação é que o sistema decaptação de esgoto em tempo seco se mos-trou ineficiente. Com o aumento das chu-

Setembro / Outubro 2010 13

Comunidade de microalgasna Lagoa de Araruama

Devido às ações antropogê-nicas na Lagoa de Araruama aProlagos Concessionária de Ser-viços Públicos de Água e Esgoto,Água de Jurtunaíba e o Consór-cio Ambiental Lagos – São Joãoestão realizando o monitoramentodiário dos parâmetros hidroquí-micos (salinidade, oxigênio dissol-vido, temperatura, pH, turbidez,clorofila e nutrientes) e tambéma análise mensal das microalgas,ou seja, do fitoplâncton, desde omês de fevereiro de 2010.

As algas que constituem oFitoplâncton são indicadoras dealta produtividade biológica, sen-do importante positivamente emambientes naturais e na pesca.

A complexidade do sistema bi-ológico, as atividades humanas ea freqüente perturbação natural,são os fatores que controlam as co-munidades do fitoplâncton sen-do ainda muito pouco entendi-dos. Assim é o caso da Lagoa deAraruama onde perturbações na-turais e a atividade antropogênica,frequentemente tornam difícil dedistinguir e avaliar os fatores quecausam as mudanças ecológicas.

Para um completo conheci-mento sobre o funcionamento dosistema é necessário se determi-nar como esta estruturado, quaissão as espécies chave, os fatoresambientais determinantes, os fa-

tores ambientais alterados e quaissão as conseqüências para o siste-ma.

As algas unicelulares que com-põem o sistema fitoplanctônico daLagoa de Araruama estão sendoanalisadas qualitativamente (clas-ses, gêneros, espécies) e quantita-tivamente (número de células /li-tro), em dez estações de coleta:Boca da Barra, Palmeiras, Bo-queirão (perto da Baleia), MonteAlto, Centro de São Pedro d´Al-deia, Enseada de Iguaba, Ponta

do Acaíra, Barbudo, Centro deAraruama, Ponta dos Excursionis-tas, localizadas nos municípios deCabo Frio, São Pedro d´Aldeia,Iguaba e Araruama (RJ). Carac-terizando-se a variação espaço –temporal do fitoplâncton, pois ascomunidades planctônicas variamquali – quantitativamente emfunção do ciclo biológico sazonal

das espécies (fator temporal) e dosgradientes ambientais (fator espa-cial).

O Fitoplâncton analisado qua-litativamente e quantitativamentenas dez estações de coleta ao lon-go da Lagoa de Araruama duran-te os meses de fevereiro a julhode 2010 foi caracterizado por umacomunidade composta: principal-mente de espécies de Dia-tomáceas, de Dinoflagelados e deCianobactérias. Os Dinofla-gelados apresentaram-se quan-

titativamente co-mo o principalgrupo, seguidopelas Ciano-bactérias e Dia-tomáceas. AsDiatomáceas sedestacam como oelemento princi-pal da cadeia ali-mentar aquática,principalmenteem ambientes ri-cos em nutrien-tes. Em relação

às espécies de Dinoflagelados en-contradas, verifica-se a abundân-cia de representantes hetero-tróficos e / ou mixotróficos, su-gerindo uma condição eutrófica,provavelmente pelo teor de maté-ria orgânica. A dominância de es-pécies de Cianobactérias em la-goas salinas deve-se a alta dispo-nibilidade de nutrientes. O cres-

cimento de cianobactérias se devea vários fatores, provavelmente:baixa relação N:P na água; au-mento da concentração dos teo-res totais de fósforo, sendo o me-lhor indicador da causa dadominância de cianobactérias; di-minuição do nitrogênio inor-gânico dissolvido; altos níveis depH; temperatura da água maiordo que 20 ºC.

A organização da comunidadefitoplanctônica é um resultadotanto da influência de perturba-ções externas e da interação entreas espécies. A diversidade dofitoplâncton nas estações Ponta doAcaira e Palmeiras demonstraum ecossistema sob um proces-so gradativo de eutrofização. Asdemais estações de coleta da La-goa de Araruama demonstraramo início do desenvolvimento doecossistema fitoplanctônico, ca-racterizado por uma estruturasimples, com taxa de multipli-cação elevada e dominância bemacentuada de uma ou duas es-pécies.

MMMMMaria Haria Haria Haria Haria Helena Campos Belena Campos Belena Campos Belena Campos Belena Campos Baeta Naeta Naeta Naeta Naeta Neveveveveves é biólogaes é biólogaes é biólogaes é biólogaes é bióloga

A dra. Maria Helena CamposBaeta Neves é bióloga pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora(MG), realizou o seu doutoradoem Oceanografia Biológica na

Université Pierre et Marie Curie– Paris VI, Paris – França. Atual-mente é Pesquisadora Titular doInstituto de Estudos do Mar Al-mirante Paulo Moreira (IEAPM)

em Arraial do Cabo e Professorade Botânica da Faculdade da Re-gião dos Lagos (FERLAGOS).Possui 20 trabalhos científicospublicados, 10 trabalhos técnicos,

mento da regiãos climáticasm a lagoa

MMMMMaria Haria Haria Haria Haria Helena Camposelena Camposelena Camposelena Camposelena Campos

1 livro publicado, orientou alu-nos nos níveis de graduação,mestrado e doutorado. Partici-pou de 15 bancas de teses demestrado e doutorado.

vas, o volume de água se mistura com oesgoto. Como não existe rede separativa deesgoto e águas pluviais, as concessionáriasde água na região abrem as comportas paraque as cidades não inundem. As empresasapontam que respeitam o contrato de con-cessão.

Para o meteorologista Marcos BarbosaSanches, do Instituto Nacional de Pesqui-sas Espaciais, INPE, é preciso que a popu-lação e autoridades entendam ainda que asmudanças climáticas estão afetando o mun-do inteiro. Este ano, em apenas três diaschoveu na região o equivalente a um mês.Ou seja, o volume de água é superior a ca-pacidade de absorção do solo.

-Para minimizar os efeitos da naturezaos governos precisam criar políticas públi-cas eficazes e a sociedade precisa entenderas mudanças do clima e os prejuízos causa-dos-, disse Marcos Sanches que trabalha noCepetc/Inpe - Centro de Previsão do Tem-po e Estudos Climáticos do Inpe.

Com a palavra de especialistas, estudose indicadores mostrando o caminho, restaaguardar a decisão do poder público paratomar imediatas providências antes que sejatarde demais.

Setembro / Outubro 20101411

Exmo Sr. Promotor,

Em função dos últimos acontecimentos,quando da mortandade de peixes ocorrida naLagoa de Araruama em 24 de janeiro de 2009,estivemos presentes na Audiência Públicaocorrida na Câmara de Vereadores de SãoPedro D’Aldeia, quando ouvimos VossaExcelência afirmar que investigaria o fato doponto de vista conceitual, buscando apurar asresponsabilidades pelo grave crime ambientalocorrido.

Como entidade de classe, membro daCâmara Técnica de Engenharia Civil do CREA/RJ, e com 30 (trinta) anos de experiência eatuação pró-ativa na Região dos Lagos,gostaríamos de nos colocar à disposição de V.Excia., e desde já apresentar algumas conside-rações acerca dos prejuízos sócio-ambientaisacarretados pela falta de uma Política Municipalde Saneamento e Saúde Ambiental na cidadede Cabo Frio e demais municípios.

1. SOBRE O FUNDO MUNICIPAL DECONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Em Cabo Frio, fruto da conjugação de fato-res políticos favoráveis, e com a participaçãomaciça da sociedade civil, em 05 de abril de1990, há dezessete anos, era escrito um dosmais impor tantes capítulos sobre o MeioAmbiente, dentre as Leis Orgânicas aprovadaspelos principais municípios fluminenses.

Instrumentos atuais de gestão ambiental,como o princípio do poluidor-pagador, o incen-tivo à adoção de fontes energéticas alternativas,o estímulo à coleta seletiva e a criação deunidades de conservação, incluindo aquelascriadas por iniciativa privada, demonstram ovanguardismo daquele momento histórico.

Daqueles instrumentos, o Fundo Municipalde Conservação Ambiental merece umareflexão à par te. Criado pelo Ar tigo 173,propunha que 20% dos royalties recebidos pelomunicípio, viessem a constituir uma das suasfontes de recursos.

Façamos uma conta simples. O municípiorecebeu nos últimos dez anos, cerca de R$800.000.000,00 (oitocentos milhões) comocompensação financeira pela exploração dopetróleo em seu litoral. Se repassados, somenteestes recursos, conforme previsto na nossa LeiOrgânica, representaria para o Fundo, R$160.000.000,00 (cento e sessenta milhões) aserem destinados à implementação de projetosde recuperação e proteção ambiental, incluindoobras de captação e tratamento de esgotossanitários. Para termos uma idéia do quepoderíamos ter avançado em termos desaneamento básico, a Prolagos investiu no

atual sistema de esgotos da cidade de Cabo Frio,aproximadamente R$ 45.000.000,00 (quarentae cinco milhões) nos dez anos da Concessão.

2. SOBRE REDES DE ESGOTOS,TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL

No que tange a concepção e investimentosem obras de infra-estrutura de saneamento, aolongo de sua história, a Região dos Lagos vemsofrendo abandono, desprezo e contradições porparte dos sucessivos governantes, sejam locais,estaduais ou federais. Cabo Frio não foge à regra.

Durante um grande período, associava-se afalta de ações objetivas em saneamentoambiental à inexistência de quadros técnicos nasprefeituras locais aliada a baixos orçamentosmunicipais.

Com o crescimento da Região, a criação daLei dos Royalties, e consequentemente oengordamento dos orçamentos municipais,teoricamente os nós técnicos e políticos estariamresolvidos. Ledo Engano! Continuamos comgraves problemas de concepção de sistemacomo a recente mortandade de peixes expôs.

Como explicar?

A Constituição Federal de 1988, determinouque a titularidade sobre o saneamento passassea ser dos estados que, em última análise, passa-ram a definir as regras do jogo. Com o fortale-cimento mundial da corrente de pensamento pró-globalização, aliada às pressões de organismosinternacionais sobre o nacionalismo estatal bra-sileiro, o governo federal resolveu ceder e abriras ações de serviços públicos essenciais, comoo saneamento, ao capital privado, o que é feitoem nosso estado a partir de 1996, embora insti-tuições como a Associação Brasileira de Enge-nharia Sanitária (ABES), a Associação Nacionaldos Serviços Municipais de Água e Esgoto(ASSEMAE) o Conselho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia (CREA), entre outras,se posicionem contra, e defendam a titularidadedo município com revisão das concessões,buscando discutir qualidade, universalização doatendimento e gestão participativa.

Como estamos dez anos após?

1. Um sistema de esgotos baseado em redecoletora unitária (condutora de águas pluviais eesgotos sanitários conjuntamente).

2. Estação com Tratamento Primário, cujosefluentes são lançados em ambientes fechadosou com pouquíssima dinâmica hídrica;

3. Sistemas de compor tas para extrava-zamento da vazão excedente por ocasião dechuvas intensas, sem o devido monitoramento;

4. Programa de Monitoramento e Controle daqualidade de água do corpo hídrico receptorinexistente ou ineficiente;

5. Programa de Monitoramento e Controle daqualidade dos efluentes das Estações deTratamento de Esgotos inexistente ou ineficiente;

Como resultado claro e inquestionável destesequívocos, as seguidas mortandades de pei-xes que vêm ocorrendo com mais gravidade, apartir do ano de 2005, no ambiente da Lagoa

de Araruama, coincidindo com a entrada emoperação do sistema de captação a tempo secoautorizado pelo Poderes Concedentes, tanto noque se refere à área de concessão da empresaÁguas de Juturnaíba quanto à da Prolagos.

O que a ASAERLA questiona?

2.1. O que levou à adoção do sistema decaptação à tempo seco, usando redes de águaspluviais como coletoras de esgotos sanitários?

A justificativa financeira usada pelos defenso-res do atual sistema e das ações até aquiimplementadas, é que os baixos orçamentosmunicipais e o caráter deficitário da Conces-são, não permitiu outra alternativa.

Ora, se a Concessão é deficitária , é problemaContratual. O usuário, aquele que paga, não podeser punido!

Quanto aos baixos orçamentos, é uma justi-ficativa impossível de ser sustentada. Os orça-mentos municipais, a partir de 1996, receberamgordas injeções oriundas da Lei dos Royalties.

A justificativa técnica usada naquela épocabaseava-se nas características climáticas lo-cais, principalmente nos índices pluvio-métri-cos, e na crença de que a Lagoa, assim comoos recursos naturais não renováveis, em fun-ção das suas características hipersalinas, semanteria afastada da possibilidade deeutrofização e mudança de qualidade ebalneabilidade de suas águas.

Aqui a situação é auto-explicativa. Que dadosclimáticos são esses. Qual a sua fonte? Qual asua série histórica? Qual o período derecorrência?

Não se avaliou a situação como um sistemacomplexo, não-linear, realimentado continua-mente por fluxos de matérias e energia e, comotal, capaz de encontrar novos arranjos deestabilidade que necessariamente sejam aquelesque gostaríamos.

Não houve preocupação em estudar o corpohídrico, a sua capacidade de auto-depuração, asua capacidade de reagir.

Técnicamente a literatura é clara, não hádúvida: não se dimensionam estações detratamento de esgotos sem o conhecimentoprofundo das características físicas-químicas-biológicas do corpo receptor e suas correlaçõescom fatores externos.

Isso configura um erro primário!

Conclusão

Exmo. Promotor, diante de tudo o que vemocorrendo, e que vimos assistindo no ambienteLagunar, fica claro que o sistema de captação atempo seco, aplicado na Região dos Lagos eprincipalmente na cidade de Cabo Frio, éineficiente do ponto técnico-sanitário mas,principalmente, do ponto de vista ético, uma vezque os imensos recursos recebidos ao longodeste últimos dez anos, administrados com baseno interesse público, já poderiam ter colocado acidade com índice de 100% de cobertura parasaneamento, incluindo redes separativas paraesgotos, tratamentos terciários, reuso para essesefluentes ricos em nutrientes ou outro destino

final, como o emissário submarino porexemplo.

Como se não bastasse o reconhecimentofático dos erros cometidos até aqui, estamosautorizando um novo pacote de obras demesma concepção, i.e., captação a temposeco e redes unitárias, e mais, autorizandoreajustes tarifários em cima dessa pseudo-antecipação de metas contratuais.

Ora Sr. Promotor, antecipar metas, éantecipar cober tura, é anteciparuniversalização de atendimento, é garantiresgoto tratado eficientemente, seja em temposeco ou não.

Afinal, quem está pagando este reajustetarifário para algo que funciona somente sobcertas condições climáticas?

3. SOBRE A DRAGAGEM

Este é outro assunto que vem crescendojunto com as intervenções previstas para ocorpo hídrico, e vem sendo defendido comoação indispensável para a “salvação” daLagoa de Araruama.

Como trata-se de uma obra de muito riscoambiental, uma intervenção crítica e comcritérios técnicos de Engenharia muito rígidospara serem seguidos, no momento, estamosmuito preocupados com a possibilidade deimpactos graves sobre a qualidade e abalneabilidade da Praia do Forte, oriundos daatividade de dragagem que vem sendodesenvolvida no interior da Lagoa deAraruama.

Com relação a estudos ambientais e licen-ciamento, a atividade vem sendo desenvolvidae acompanhada pela antiga SERLA, com baseem uma autorização da Comissão Estadual deControle Ambiental, mas totalmente emdesacordo com a Resolução Conama nº 344,que define os estudos e diagnósticos necessá-rios para o seu Licenciamento Ambiental.

Dois dos mais importantes, o diagnósticoe estudos dos sedimentos marinhos/lagunare a modelagem hidrodinâmica, até hoje nãoforam apresentados com dados de pesquisasrecentes. Os estudos preliminares apresenta-dos pela COPPE apontam claramente para estapossibilidade, não podendo afirmar, fruto dafalta de dados batimétricos recentes, a magni-tude dos impactos advindos da dispersão desedimentos e por conseguinte da carga orgâni-ca que é despejada diariamente sobre a Praiado For te e que com certeza crescerá com oaumento do volume de sedimentos a serdragado.

Também somos favoráveis à dragagemcomo intervenção pró-desassoreamento erecuperação da dinâmica do corpo hídrico,mas dentro de critérios técnicos rígidos, queincluam diagnósticos precisos aliados a umexcelente programa de monitoramento econtrole ambiental dos impactos.

Afinal Sr. Promotor, quem é o responsáveltécnico pelos serviços de dragagem? Onde estáa placa com as informações técnicasnecessárias? Que procedimento administrativoautorizou tal intervenção? Quem responderápelos possíveis impactos? Ou será que, assimcomo no episódio da recente mortandade depeixes, culparão as chuvas?

Cópia do documento enviado em 2009pela ASAERLA ao Ministério PúblicoFederal para auxílio no processoinvestigatório sobre as causas dodesastre ambiental ocorrido na Lagoade Araruama, que resultou na morte devárias toneladas de pescados.

Setembro / Outubro 2010 15

PEDRO ALVES Diretor da Prolagos

“Somos uma empresa de concessão e queremoscada vez mais estar próximo da sociedade local”ASAERLASAERLASAERLASAERLASAERLA - AA - AA - AA - AA - Atualmente a Ptualmente a Ptualmente a Ptualmente a Ptualmente a Prrrrrolagos estáolagos estáolagos estáolagos estáolagos está

utilizando parutilizando parutilizando parutilizando parutilizando parte de rte de rte de rte de rte de rede pluvial existenteede pluvial existenteede pluvial existenteede pluvial existenteede pluvial existentepara captação de esgotopara captação de esgotopara captação de esgotopara captação de esgotopara captação de esgoto. As manilhas da. As manilhas da. As manilhas da. As manilhas da. As manilhas darrrrrede pluvial são feitas de concrede pluvial são feitas de concrede pluvial são feitas de concrede pluvial são feitas de concrede pluvial são feitas de concreto arma-eto arma-eto arma-eto arma-eto arma-dododododo. Há algum estudo da P. Há algum estudo da P. Há algum estudo da P. Há algum estudo da P. Há algum estudo da Prrrrrolagos paraolagos paraolagos paraolagos paraolagos paraidentificar a alteração na vida útil destasidentificar a alteração na vida útil destasidentificar a alteração na vida útil destasidentificar a alteração na vida útil destasidentificar a alteração na vida útil destasmanilhas devido a essa trmanilhas devido a essa trmanilhas devido a essa trmanilhas devido a essa trmanilhas devido a essa troca de finalida-oca de finalida-oca de finalida-oca de finalida-oca de finalida-de, que expõe a rde, que expõe a rde, que expõe a rde, que expõe a rde, que expõe a rede a um ambiente bemede a um ambiente bemede a um ambiente bemede a um ambiente bemede a um ambiente bemagragragragragressivessivessivessivessivo?o?o?o?o?

PEDRO ALVES - O sistema de coleta atempo seco consiste na captação do esgotopresente nas galerias da rede pluvial dos mu-nicípios. Cabe à Prolagos a instalação deinterceptores para o seu transporte às Esta-ções de Tratamento de Esgoto (ETE) da con-cessionária evitando, dessa forma, o despejoin natura no Canal do Itajuru, praias e naLagoa Araruama.

A emprA emprA emprA emprA empresa está ciente que com as ma-esa está ciente que com as ma-esa está ciente que com as ma-esa está ciente que com as ma-esa está ciente que com as ma-nilhas se deteriorando mais rapidamentenilhas se deteriorando mais rapidamentenilhas se deteriorando mais rapidamentenilhas se deteriorando mais rapidamentenilhas se deteriorando mais rapidamentehá sérios riscos dos pavimentos das rhá sérios riscos dos pavimentos das rhá sérios riscos dos pavimentos das rhá sérios riscos dos pavimentos das rhá sérios riscos dos pavimentos das ruasuasuasuasuascomeçarcomeçarcomeçarcomeçarcomeçarem a afundar?em a afundar?em a afundar?em a afundar?em a afundar?

O esgoto presente nas galerias de águaspluviais torna-se bastante diluído devido àsinfiltrações do lençol freático nas manilhas,gerando concentrações muito baixas, de cer-ca de 100 mg/L, índice bastante inferior aoesgoto bruto usual, que é de cerca de 300mg/L.

Já existe algum prJá existe algum prJá existe algum prJá existe algum prJá existe algum projeto na Pojeto na Pojeto na Pojeto na Pojeto na Prrrrrolagos deolagos deolagos deolagos deolagos derrrrrede separativede separativede separativede separativede separativa para captação de esgoto nasa para captação de esgoto nasa para captação de esgoto nasa para captação de esgoto nasa para captação de esgoto nascidades?cidades?cidades?cidades?cidades?

Sim, a Prolagos desenvolveu o projeto de redecoletora de esgotos para as principais áreas ur-banas dos municípios da área de concessão.

Alguma cidade já começou este traba-Alguma cidade já começou este traba-Alguma cidade já começou este traba-Alguma cidade já começou este traba-Alguma cidade já começou este traba-lho?lho?lho?lho?lho?

Sim, Búzios já tem locais com redeseparativa construída por meio de lei muni-cipal que obriga os novos empreendimentosa investir na construção de rede separativaem locais com maior necessidade como CemBraças, por exemplo.

QQQQQual a prual a prual a prual a prual a previsão para constrevisão para constrevisão para constrevisão para constrevisão para construção da rução da rução da rução da rução da redeedeedeedeedenos municípios e qual a prnos municípios e qual a prnos municípios e qual a prnos municípios e qual a prnos municípios e qual a previsão de cus-evisão de cus-evisão de cus-evisão de cus-evisão de cus-tos?tos?tos?tos?tos?

O cronograma de implantação da redeseparativa nos municípios será realizado con-forme definição do poder concedente e oscustos serão analisados no período e de acor-do com os projetos estabelecidos.

A PA PA PA PA Prrrrrolagos aceitaria a idéia dos muni-olagos aceitaria a idéia dos muni-olagos aceitaria a idéia dos muni-olagos aceitaria a idéia dos muni-olagos aceitaria a idéia dos muni-cípios adiantarcípios adiantarcípios adiantarcípios adiantarcípios adiantarem esse invem esse invem esse invem esse invem esse investimento e restimento e restimento e restimento e restimento e re-e-e-e-e-vvvvverererererter isso em subsídios para o contribu-ter isso em subsídios para o contribu-ter isso em subsídios para o contribu-ter isso em subsídios para o contribu-ter isso em subsídios para o contribu-inte?inte?inte?inte?inte?

Esse assunto deve ser definido em con-junto com o poder concedente e a AgênciaReguladora (AGENERSA).

A PA PA PA PA Prrrrrolagos faz que tipo de ação paraolagos faz que tipo de ação paraolagos faz que tipo de ação paraolagos faz que tipo de ação paraolagos faz que tipo de ação parasensibilizar a sociedade a trabalhar em con-sensibilizar a sociedade a trabalhar em con-sensibilizar a sociedade a trabalhar em con-sensibilizar a sociedade a trabalhar em con-sensibilizar a sociedade a trabalhar em con-junto com a emprjunto com a emprjunto com a emprjunto com a emprjunto com a empresa na defesa do ambi-esa na defesa do ambi-esa na defesa do ambi-esa na defesa do ambi-esa na defesa do ambi-ente em que vivente em que vivente em que vivente em que vivente em que vivemos?emos?emos?emos?emos?

A Prolagos desenvolve um programa deeducação sócioambiental chamado “Saber FazBem”, que inclui palestras educativas e visi-tas guiadas às Estações de Tratamento de águae esgoto da empresa.

Como funciona?Como funciona?Como funciona?Como funciona?Como funciona?Como num “bate-papo”, as palestras le-

vam às comunidades, escolas, associações demoradores e diversas entidades de classe in-formações sobre o ciclo de água no planeta,tratamento da água, combate à fraude, lim-peza de caixas de água, tratamento do esgo-to, consumo consciente, noções de cidada-nia e educação ambiental. Além de infor-mar, a iniciativa tem por objetivo aumentaro canal de comunicação com a população e aintegração com a comunidade, conseqüente-mente propiciando a melhoria dos serviçosprestados pela concessionária.

Este prEste prEste prEste prEste programa já chegou a toda a rograma já chegou a toda a rograma já chegou a toda a rograma já chegou a toda a rograma já chegou a toda a re-e-e-e-e-gião?gião?gião?gião?gião?

Desde que foi criado, em junho de 2008,o programa já beneficiou um total de 19.662pessoas nos cinco municípios atendidos pelaProlagos (Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio,São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande). A em-presa tem também realizado, principalmente

nos períodos de alta temporada, campanhasde prevenção para o uso consciente da água.

MMMMMuitos usuários ainda ruitos usuários ainda ruitos usuários ainda ruitos usuários ainda ruitos usuários ainda reclamam pela im-eclamam pela im-eclamam pela im-eclamam pela im-eclamam pela im-prprprprprensa que não rensa que não rensa que não rensa que não rensa que não recebem água, mas conti-ecebem água, mas conti-ecebem água, mas conti-ecebem água, mas conti-ecebem água, mas conti-nuam rnuam rnuam rnuam rnuam recebendo contas muito altas. Comoecebendo contas muito altas. Comoecebendo contas muito altas. Comoecebendo contas muito altas. Comoecebendo contas muito altas. Comorrrrresolvesolvesolvesolvesolver esse impasse?er esse impasse?er esse impasse?er esse impasse?er esse impasse?

Esses casos devem ser verificados individu-almente, pois se tratam de reclamações pon-tuais.

IIIIIsso tem diminuído em que persso tem diminuído em que persso tem diminuído em que persso tem diminuído em que persso tem diminuído em que percentual?centual?centual?centual?centual?De acordo com o registro da área de Aten-

dimento da empresa, esses casos representammenos de 1% dos clientes. Desde 2009, aProlagos possui uma bancada de aferição dehidrômetros certificada pelo INMETRO e oprocedimento de verificação dos medidores éoferecido gratuitamente aos clientes. A orien-tação é que os clientes acionem o SAC ou sedirijam pessoalmente às lojas de Atendimen-to nos municípios e registrem o problema.Desta forma, será feita uma vistoria para iden-tificação e solução do problema.

UUUUUma questão que nunca fica clarma questão que nunca fica clarma questão que nunca fica clarma questão que nunca fica clarma questão que nunca fica claro parao parao parao parao parao contribuinte é em ro contribuinte é em ro contribuinte é em ro contribuinte é em ro contribuinte é em relação aos caminhões-elação aos caminhões-elação aos caminhões-elação aos caminhões-elação aos caminhões-pipas. Como e quando o morador pode rpipas. Como e quando o morador pode rpipas. Como e quando o morador pode rpipas. Como e quando o morador pode rpipas. Como e quando o morador pode re-e-e-e-e-ceber o caminhão pipa por falta de água?ceber o caminhão pipa por falta de água?ceber o caminhão pipa por falta de água?ceber o caminhão pipa por falta de água?ceber o caminhão pipa por falta de água?

O mais importante é a identificação dascausas da falta de abastecimento. Esses casosprecisam ser analisados pontualmente. É fun-damental que o cliente faça contato com o

SAC e registre a reclamação. Por meiodeste procedimento , será possível arealização de uma vistoria para identi-ficar o problema. Caso não seja possí-vel a regularização do abastecimento pormeio da rede, são oferecidas formas al-ternativas de caminhão-pipa.

Como é feito o cálculo do vComo é feito o cálculo do vComo é feito o cálculo do vComo é feito o cálculo do vComo é feito o cálculo do valoraloraloraloralordo caminhão-pipa para o consumi-do caminhão-pipa para o consumi-do caminhão-pipa para o consumi-do caminhão-pipa para o consumi-do caminhão-pipa para o consumi-dor final?dor final?dor final?dor final?dor final?

Quando a pipa é utilizada como al-ternativa de abastecimento, pelos mo-tivos citados anteriormente, o valor aser pago é similar ao da tabela de tarifase segue o consumo mensal.

A questão do uso de poçoA questão do uso de poçoA questão do uso de poçoA questão do uso de poçoA questão do uso de poçoararararartesiano pelo comértesiano pelo comértesiano pelo comértesiano pelo comértesiano pelo comércio e rcio e rcio e rcio e rcio e rede deede deede deede deede dehotéis e pousadas. Ohotéis e pousadas. Ohotéis e pousadas. Ohotéis e pousadas. Ohotéis e pousadas. Os consumidors consumidors consumidors consumidors consumidoresesesesesdizdizdizdizdizem que prem que prem que prem que prem que precisam usar essa águaecisam usar essa águaecisam usar essa águaecisam usar essa águaecisam usar essa águapor que a Ppor que a Ppor que a Ppor que a Ppor que a Prrrrrolagos não abastece sufi-olagos não abastece sufi-olagos não abastece sufi-olagos não abastece sufi-olagos não abastece sufi-ciente ou é carciente ou é carciente ou é carciente ou é carciente ou é caro de mais. Como fi-o de mais. Como fi-o de mais. Como fi-o de mais. Como fi-o de mais. Como fi-cou a situação?cou a situação?cou a situação?cou a situação?cou a situação?

Em 12 anos de trabalho, a Prolagosjá investiu mais de R$ 300 milhões emsaneamento na Região dos Lagos. Am-pliou e construiu estações de tratamentode água e aumentou a rede de distri-buição nos municípios de Arraial doCabo, Búzios, Cabo Frio, Iguaba Gran-de e São Pedro da Aldeia. Hoje, aProlagos fornece água potável para 91%da população da área urbana (em 1998este índice era de 30%). Desde 2007,a concessionária vem executando pla-nos e procedimentos para atender a clas-se comercial e hoteleira da região, comprocedimentos especiais para estabele-cimentos de pequeno e grande porte.As iniciativas passaram a ser difundi-das, por meio de reuniões, desde 2007,com a Associação Comercial de CaboFrio (ACIA) e demais associações co-merciais e hoteleiras dos municípiosda área de concessão.

E os poços arE os poços arE os poços arE os poços arE os poços artesianos?tesianos?tesianos?tesianos?tesianos?Com relação ao uso dos poços

artesianos, é importante ressaltar quehá legislações específicas que regula-mentam a cobrança de outorga pela uti-lização de recursos hídricos e a adequa-ção do uso da água. Em localidades pro-vidas de rede de abastecimento, a águade poço não pode ser utilizada para con-sumo ou higiene humana, somentepara fins secundários, conforme deter-mina a Lei Federal 11.445/07. A co-brança pelo uso da água bruta - acimade cinco mil litros/dia - é um dos ins-trumentos previstos pela Lei 3.239/99,que instituiu a Política Estadual deRecursos Hídricos, tendo sido regula-mentado pela Lei 4.247/03. O Inea é oórgão responsável por arrecadar, fiscali-zar e administrar estes recursos, que sãorecolhidos ao Fundo Estadual de Re-cursos Hídricos – FUNDRHI e apli-cados de acordo com o estabelecidopelos respectivos Comitês de BaciaHidrográfica.

Depois de 12 anos, aProlagos, concessionáriade água e esgoto da Re-gião dos Lagos faz partedo dia-a-dia dos morado-res e visitantes. Em maisde uma década de traba-lho, pesquisa e esforçoconstante em explicar àsociedade a função da em-presa, moradores já perce-beram a importância de teruma empresa de grandeporte como parceira noprogresso dos municípios.

Para o diretor PedroAlves, o pior já passou emesmo com os mais deR$ 300 milhões investidos em captação e distribuição de água e trata-mento de esgoto muito ainda falta por fazer.

-Esse desafio vamos conseguir em conjunto com a sociedade, poderconcedente e setor privado. Todos tem que fazer sua parte para que osbenefícios cheguem mais rápido-, diz Alves que percorre todos os muni-cípios e ainda encontra tempo para participar de programas de rádio eTV como porta-voz da concessionária. Nesta entrevista, o diretor explicaque Búzios já trabalha com rede separativa de esgoto/água.

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Participaçãototal

PROFISSIONAL – CARLOS EDUARDO PERALTA, ARQUITETO E ADVOGADO

O arquiteto carioca Car-los Eduardo Peralta, 64anos, está casado há 30anos com a também arqui-teta Beth Peralta. Dessaunião nasceram os filhos,Daniel Neto Machado Peral-ta, 34 anos, que seguiu ospassos dos pais e PabloDaniel Machado Peralta, 32anos, que optou em serdesigner. Peralta cursou ar-quitetura na UniversidadeFederal do Rio de Janeiro,onde conheceu a Beth, e seformaram em 1971. Anosdepois se tornou advogadoe atualmente faz pós-gradu-ação em Direito Ambiental.Em 1979 a família se mudoudefinitivamente para CaboFrio.

- A cidade era muito pro-missora na área da constru-ção civil, estava despontan-do a questão da moradiacoletiva. Eu vim trabalhar noescritório de um amigo queganhou uma concorrênciapública para construção deimóveis na Marinha, em SãoPedro d‘Aldeia. Logo em se-guida, ganhamos uma con-corrência aqui em Cabo Friopara construção pela CaixaEconômica. E assim fui mefirmando profissionalmentena cidade – relembra.

Naquela época o apeloturístico da região já eramuito forte. Na década de70, Cabo Frio já desponta-va como um dos destinosturísticos mais escolhidospor quem procurava tran-quilidade, sol e mar.

- As oportunidades erammuito grandes, era épocado grande boom turístico, aGamboa explodindo no nú-mero de condomínios e fre-qüentada por pessoas dealto poder aquisitivo, daclasse elevada do Rio de Ja-neiro, de intelectuais, deprofissionais. Cabo Frio erauma cidade muito chique,frequentada por grandes ar-quitetos – conta Peralta quemora no bairro de São Ben-

to que ainda preserva ocasario antigo.

Peralta conta tambémque foi diretor da ASAERLAna gestão do colega MárioMárcio. Ele, que participavaativamente da instituição,relembra com carinho dasreuniões que não tinhamhora para terminar.

O arquiteto conta que co-legas como Fernando Lobo,Aristarco Acyoli, José Arthure Mário Marcio se reuniampara tomar cerveja e discu-tir os rumos e problemas dacidade.

-Eram reuniões muitoprodutivas. Tínhamos mui-tas idéias e pouco dinheiro.E assim a ASAERLA foi cres-cendo e existe há 33 anos –disse.

O arquiteto lembra aindade muitas histórias no tem-po em que chegou a CaboFrio.

-Na época era tudo mui-to promissor em relação amoradia, muita coisa preci-sava ser construída.Quandocheguei era a mesma coisa.E até hoje há muita coisapara ser feita – diz Peraltaque participa sempre doseventos da ASAERLA.

Peralta e Beth também fi-caram conhecidos portransformar a bela casa deestilo rústico onde moramem pequena pousada e barArgonautas onde aconteci-am shows e performances.Por ali passaram grandesnomes da MPB e da músi-ca instrumental. Grupos derock também começaramno palco da casa. O casalpromete repensar a propos-ta de rebrir o espaço deshows.

Timinho e aurbanizaçãode Cabo Frio

“Minha mãe me deu o nomede Eutímio, mas meu pai pronun-ciava Otime, e assim ficou quan-do ele foi me registrar”, afirma opróprio Otime Cardoso dos San-tos, mais conhecido comoTiminho, a respeito de seu nome(naturalmente, nem é preciso ci-tar os inevitáveis trocadilhos fu-tebolísticos com “o time do San-tos”). Eutímio (377-473 d. C.) foium importante santo e patriarcada Igreja Ortodoxa Grega, cujonome, no original Euthymios, sig-nifica, em grego, “boa alma”, de“eu” (bom, alegre) e “thymios”(alma, espírito), podendo ser tam-bém interpretado como “aqueleque traz a alegria”. Situação aná-loga à de Timinho ocorreu comoutro menino hoje famoso, cujoprenome Milton converteu-se, nacertidão, em Millôr, por deforma-ção da letra “T”, cujo traço verti-cal virou um “L”, enquanto o ho-rizontal passou a ser um acentocircunflexo sobre o “O” (afinal,tornou-se um original nome ar-tístico).

O menino cabofriense, nati-vo do Itajurú, com nome gregocresceu e veio a tornar-se, por es-forço próprio, por um lado comer-ciante e empresário e, por outro,político centrado em Cabo Friomas com ramificações ao longo doestado. No primeiro caso, fundoulojas comerciais de modalidade enível pioneiros na então pequena eprovinciana cidade, alargando as-sim o porte e o nível do precáriocomércio local da época, tanto qua-litativa quanto quantitativamente,atuando ainda no ramo imobiliário(notadamente no loteamento deáreas ainda não aproveitadas) e ou-tras atividades, tendo sido um dos

fundadores da ACIA e seu presiden-te entre 1964 e 1967.

Já como político, foi vereadorem Cabo Frio durante o governodo prefeito Hermes Barcelos(1966-1970), a seguir prefeito dacidade durante o chamado “man-dato tampão” de dois anos (1971e 1972) – quando a cidade aindapossuía, na qualidade de distritos,Arraial do cabo e Armação dosBúzios — deputado estadual pordois mandatos consecutivos(1975- 1978 e 1979- 1982) e ain-da vice-prefeito na gestão de JoséBonifácio (1978-1991), sendoque, enquanto prefeito, criouduas instituições bem sucedidasaté hoje, a Fundação Educacio-nal da Região dos Lagos(FERLAGOS) e a Fundação deEstudos do Mar (FEMAR), estaúltima com o almirante PauloMoreira da Silva.

Sob a ótica de Engenharia, Ar-quitetura e Urbanismo daASAERLA, o grande mérito deTiminho foi ter, durante seu cur-to período como prefeito, tido avisão de dedicar seus limita-díssimos recursos (numa cidadeainda sem quaisquer “royalties” ecom ínfima arrecadação de impos-tos em função de suas limitadasárea e população) à preparar CaboFrio para o futuro “boom” que seseguiria imediatamente a seu go-verno, em vista da inauguração daponte Rio-Niterói em 1973, abo-lindo o fosso rodoviário da baíada Guanabara, entre o Rio e CaboFrio, ultrapassado até então porlentas, pequenas e obsoletas bar-caças, em total desestímulo à vin-da dos veranistas para a Regiãodos Lagos, principalmente nosferiados e na alta temporada,

quando tal vínculo era mais fun-damentalmente necessário.

Neste sentido, promoveu: adragagem do então assoreadíssimocanal do Itajurú pela iniciativa pri-vada em troca da cessão do terre-no para o loteamento da Moringa;a abertura e urbanização do bair-ro do Braga, na orla; o calçamen-to de bairros já existentes (VilaNova, Guaraní, São Cristóvão,Gamboa e outros) utilizando ummaterial alternativo de recapea-mento de custo bem inferior aodo asfalto; a reabertura da antigaestrada do Guriri, ligação maiscurta entre Cabo Frio e Búzios; oloteamento do costão do Atalaia,no Arraial, evitando sua futurafavelização conforme ocorreu nofronteiro morro da Coca-Cola; acriação da original Rua das Pedrasem Búzios, que viria a tornar-sereferência internacional junta-mente com a Armação; etc.

Ao longo deste processo, trou-xe ou atraiu a Cabo Frio inúme-ros profissionais de Arquitetura eEngenharia (até Lúcio Costa an-dou por aqui), muitos dos quaisradicaram-se definitivamente emCabo Frio e ainda hoje prestigiamcom seus projetos não só a cidademas toda a região: AristarcoAccioly, César Thedini, BrunoMenescal, Otávio Raja Gabagliae tantos outros.

Esta foi, portanto, a notáveltrajetória do cabofriense que re-cebeu um nome grego, emboraalterado, o que não é assim tãodiscrepante numa cidade cujofundador, de origem grega, ti-nha por denominação dois dosmais significativos nomes da his-tória grega, Constantino e Me-nelau.

Visão de futuro eorganização do espaçourbano sempreimpressionouespecilalistas emurbanismo e planejamento

Otime dos Santos em recenteentrevista para Cabo Frio TV

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Em nossa “Caixa de Recorda-ções”, há exatos 25 anos, Timinhonos deixava e hoje resgatamos algu-mas orientações tais como: “Nãoaceitarmos pacificamente desajustenos acontecimentos administrativos,pois a engenharia social tem que sera base de suporte nos programas degoverno municipal sempre muitodesassistido de uma preocupaçãorealmente técnica”, “não deixarmosde ter uma participação mais ativa noprocesso político eleitoral na nossaregião, pois que: somente participan-do e acompanhando a discussão dosproblemas políticos é que estaríamos

em condições de influir, para obten-ção do cumprimento dos programase projetos que atendam as necessi-dades dos municípios da região”. “Deque termo de referência, diretrizes emetas são trabalhos que nos levama um desenvolvimento ordenado domunicípio”.

Finalmente que: A Asaerla nãopode fugir nunca do progresso, dosestudo das questões técnicas, eco-nômicas e sociais, regionais e de in-teresse público, pois tudo isto estáimplícito no desenvolvimento das ati-vidades de arquitetura e engenhariacomo sendo os nossos objetivos, tan-

Mário Márcio Saab de SouzaEng. Civil -Fundadore ex-presidente da Asaerla

Nossa homenagem e saudadea Otime Cardoso dos Santos

PRANCHETA -Se possível, excluindo o ho-mem público, o político, fale-nos resumi-damente do Otime Cardoso dos Santos –Homem – Família – Advogado – Comerci-ante, etc. etc.Otime Cardoso dos Santos – Homem: con-sidero-me uma pessoa normal, simples, ca-seiro dentro do necessário; como advoga-do: não exerço profissionalmente, faço o ematendimentos políticos; no comércio tenhoa maior atuação, até mesmo por necessi-dade de sobrevivência.

Agora, também, em rápidas pinceladas, fale-nos do Otime Cardoso dos Santos – HomemPúblico, Político, Vereador, Dep. Est.Como homem público sempre me exerciteidentro do normal, desempenhando as fun-ções que ocupei de acordo com as minhasobrigações; como vereador, nos anais daCâmara, no período de 1967 a 1970, po-dem atestar o meu comportamento; comoPrefeito da cidade de Cabo Frio, por ter tidoum mandato reduzido, de apenas 2 anos,tive que produzir muito mais, em razão deter herdado uma massa falida na Prefeiturae ter recebido a cidade sem nenhum plane-jamento, com a principal fonte de receita cor-

tada (I.C.M. – base índice antecessor 0.249 -Cr$500 mil, quando assumi 0.81 – Cr$100mil), precisando de qualquer forma que fos-sem realizadas obras locais como avenidas,praças, estradas, saneamento de bairros,ruas, salas de aula e, principalmente, aumen-tar o mercado de trabalho, tudo isso sem au-mento de impostos, o que foi conseguido emdois anos de governo.(O nosso governo foiexcepcional).

Agora, nos dias maisatualizados, OtimeCardoso dos Santos,Secretário de Espor-te, de Turismo, Corre-tor, etc., futuras pre-tensões políticas, seus planos?Como Secretário do Esporte tive apenas pe-queno período, isto é um mês, tempo insufi-ciente a maiores realizações; como Secretá-rio de Turismo, todos nós sabemos que en-quanto não tivermos uma política voltada paraessa grande fonte de receita, jamais teremosresultados satisfatórios, como simples Secre-taria Municipal muito pouco ou quase nadapode fazer, porquanto existem necessidades

Publicado no informativo PRANCHETA da ASAERLA

(n 14 -nov/dez 1985)

que independem do município. Como corre-tor, apesar de não dedicar todo o meu tempoà corretagem, não posso me queixar; mas oobjetivo político é ser Prefeito novamente paracompletar o mandato que tive de apenas doisanos e também as obras que iniciei e não fo-ram terminadas pelos meus sucessores.

O piso salarial dos Engenheiros, fixado pelaLei 4.950-A, de 22 de abril de 1966 – é deseis vezes o maior salário mínimo vigenteno país, sabendo que o número de profissi-

onais engenheiros-ar-quitetos contratadospor uma Prefeitura émínimo, levando-seem conta a de outrasclasses, perguntamos.Por que é tão difícilobedecer a este piso?O que o Sr. acha qualseja o motivo dessas

distorções e achatamentos salariais, nocaso, com a nossa classe?A minha opinião é que não existe nada tãodifícil que não se possa tentar solucionar. En-tendo que no momento existem desajustesdentro da Administração Municipal que deve-riam sem corrigidos, o que só poderá acon-tecer através de pressão ou por uma reformaadministrativa. Quanto às distorções, no meuentender, a classe não se destacou dentro da

to da associação quanto do associa-do.

Em um mundo escravo da dúvida,convulsionado pelo dissídio, Timinhonão deixou jamais que a descrençalhe toldasse o espírito, sempre autên-tico e vigilante, jamais arriou a ban-deira, nem fugiu ao debate. Nestemomento em que lhe apagou a luatênue da vida terrena, a Asaerla abrea Caixa de Recordações/Pró-Memó-ria com Timinho, apresentado por elepróprio, o qual pelas qualidadesexcelsas do caráter, pela espontanei-dade do dinamismo e pela integrida-de se tornou um amigo da Asaerla.

Prefeitura Municipal de Cabo Frio e aceitoupacificamente os acontecimentos adminis-trativos.

No informe especial do jornal “OFluminense”, de 15/11/85 – Cabo Frio 370anos, o nosso Presidente Eng. MárioMárcio S. de Souza discerniu sobre a fal-ta de um estudo planejado sobre o desen-volvimento urbano/turístico, falou inclu-sive em equipe com unificação profissio-nal. Qual o seu parecer sobre a matéria?Li o artigo, achei inteligente e concordo ple-namente, principalmente na participaçãomais ativa no processo eleitoral. Quanto àrepresentação já existe, mas parece atravésdo Arquiteto Aristarco Acioli e OctávioGabaglia. Com referencia a um estudo pla-nejando para o desenvolvimento ordenadodo Município, acho ser a causa mais impor-tante que se poderia fazer para este Municí-pio. Como já fui Prefeito e não realizei taltrabalho, me permito penitenciar, haja vistoo tempo de mandato (2 anos), as dificul-dades e principalmente a falta de recur-sos financeiro, humano, etc., mesmo as-sim deixamos a condição a ser seguida,através de dois trabalhos que se chama-ram Termo de Referência e Diretrizes eMetas (infelizmente postergados), maisdo que nunca torna-se necessário hojeesse trabalho.

”A minha opinião é quenão existe nada tãodifícil que não se possatentar solucionar”

TTTTTiminhoiminhoiminhoiminhoiminho

Setembro / Outubro 201018

PPPPPor Lor Lor Lor Lor Luiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cunha Sunha Sunha Sunha Sunha Silvilvilvilvilveiraeiraeiraeiraeira

*L*L*L*L*Luiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cuiz Carlos da Cunha Sunha Sunha Sunha Sunha Silvilvilvilvilveiraeiraeiraeiraeiraé engenheiré engenheiré engenheiré engenheiré engenheiro, pesquisador eo, pesquisador eo, pesquisador eo, pesquisador eo, pesquisador eescritorescritorescritorescritorescritor. É membr. É membr. É membr. É membr. É membro dao dao dao dao dadirdirdirdirdiretoria da etoria da etoria da etoria da etoria da ASAERLASAERLASAERLASAERLASAERLAAAAA

São Mateus eos Reis Magos

Em meu artigo “O decanoda ASAERLA”, publicado napágina ao lado nesta ediçãodo Informativo, ao se listar oacervo técnico do engenheiroresponsável tanto pelo proje-to quanto pela construção doForte de São Mateus em CaboFrio – FRANCISCO FRIAS DEMESQUITA – verifica-se que omesmo o foi também do Fortedos Reis Magos em Natal, ci-dade que vem a ser a irmãgêmea geográfica de CaboFrio, assim como São Luis doMaranhão é sua irmã gêmeahistórica (mas isto já é outroassunto).

Ambas as fortalezas apre-sentam acentuadas seme-lhanças entre si sob os aspec-tos técnico, histórico e geográ-fico, embora ostentem notá-veis diferenças sob o aspectode seu aproveitamento turísti-co e cultural, conforme deta-lharei mais abaixo. Quanto aoaspecto técnico, os dois for-tes exibem estilo arquitetônicoe dimensões muito próximos,o que é de se esperar tendoem vista serem obras de ummesmo profissional em umamesma época (o forte cabo-friense foi erguido entre 1617e 1620, o natalense entre1614 e 1619). Já quanto aohistórico, ambos fazem partedo numeroso conjunto de for-tificações costeiras defensivasmandadas construir ao longodo litoral brasileiro pelos reisespanhóis que assumiramtambém a coroa portuguesadurante a União Ibérica entre1580 e 1640, o que atraiu paraPortugal e suas colônias osinimigos da Espanha (france-ses, ingleses e holandeses).

Por último, quanto ao geo-gráfico, ambos se situam so-bre um rochedo na extremida-de de uma longa praia em en-seada e na saída de um canalde água que rodeia a par te

central da cidade por detrás(aqui o Canal do Itajurú, lá oRio Potengi).

A diferença entre ambos osbaluar tes, já esta gritante,consiste no aproveitamento decada qual pelo turismo cultu-ral histórico. No interior do For-te dos Reis Magos, diariamen-te (seja alta ou baixa estação),entre banners e bandeiras,vídeos e data-shows, painéise objetos históricos, circulamgrupos e mais grupos de vin-te visitantes pagantes cada(tres grupos simultaneamen-te), conduzidos por guias bemtreinados nos detalhes histó-ricos e arquitetônicos do mo-numento, enquanto ônibus deturistas adentram o estaciona-mento sem cessar, como se setratasse de uma decisão es-portiva. No centro de tudo, emestelar destaque, o chamado“Marco de Touros”, instaladopor Gonçalo Coelho e AméricoVespúcio no Cabo de São Ro-que em 07/08/1501 (resgata-do em 1928 por Luis da Câ-mara Cascudo, o mais impor-tante historiador potiguar), noinício da exploração do litoralbrasileiro que viria, aliás, adescobrir o Cabo Frio por vol-ta do natal daquele mesmoano (efeméride aliás aqui fre-quentemente esquecida).

Assim, enquanto brilha afortaleza potiguar como refe-rência turístico-cultural até noexterior, sua irmã cabofriense(já que são ambas filhas domestre Mesquita), em quepese seu potencial equivalen-te, permanece até o momentocomo mero ornamento paisa-gístico, vazio e frequentemen-te fechado.

Reabilitação urbana com históriaAmbientes degradados pela favelização

podem ser recuperados sem prejuízo do

patrimônio, diz arquiteto e urbanista espanhol

O crescimento desordenadoque resulta em demolição de ca-sas e remoção de famílias para arecuperação da área degradadaestá sendo revisto por arquitetose urbanistas do mundo inteiro.Estudiosos defendem que é pos-sível reurbanizar grandes áreas emharmonia com os moradores pre-servando a identidade cultural ehistórica do local e do entorno.

-É preciso manter o processode produção da cidade respeitan-do os cidadãos que moram naque-la área-, disse Jose Maria LópezMedina arquiteto e urbanista pelaUniversidad de Sevilla (Espanha)e Especialista em Cooperação eDesenvolvimento de assentamen-tos humanos pela Univ. Politéc-nica de Madrid (Espanha) duran-te palestra em Cabo Frio.

Durante duas horas, Medinamostrou que é possível trabalharqualquer projeto de reurbaniza-ção de áreas que permitem somarconhecimento técnico aos proces-sos transformadores da cidade.

-É preciso seguir regras de for-ma a recuperar os espaços de par-ticipação cidadã nas instâncias de

decisão. Mas o resultado é sem-pre positivo-, disse Medina quedesde 2000 vem atuando em pro-jetos de planejamento urbano,metropolitano e territorial. ÉMembro da associação universi-tária e ONG Arquitectura yCompromiso Social desde 1997.

Medina mostrou na palestra“Em busca de uma gestão socialda cidade: experiências em JnaneAztout (Larache/ Marrocos) e laBachillera (Sevilha/ Espanha)”,que basta seguir um projeto dedesenvolvimento focado no cida-dão e seu convívio com o espaçourbano respeitando o patrimôniohistórico e cultural.

Para o arquiteto e urbanista IvoBarreto, coordenador regional doIPHAN,e um dos organizadoresda palestra, a cidade se transfor-ma muitas vezes pela forças edirecionamentos naturais do con-vívio social, ou seja, ela se formaa partir dela mesma.

-É o que aconteceu em Sevi-lha e nós temos casos muito se-melhantes em Cabo Frio. O quecomeça a se discutir muito hoje éque a preservação do meio ambi-

ente, das partes tombadas e prote-gidas pela importância cultural pas-sa pela compreensão do papel des-sa população destes mesmos espa-ços-, disse Ivo que estudou e traba-lhou com Medina na Espanha.

A palestra promovida pelo Es-critório regional do IPHAN,ASAERLA e FERLAGOS atraiucerca de 50 pessoas entre enge-nheiros, arquitetos, estudantes eambientalistas.

O arquiteto espanhol JoséMaria Medina na Ferlagos

Um ecoponto para coletas deóleo de cozinha usado e de mate-riais recicláveis foi inaugurado nofinal de outubro pela secretáriaestadual do Ambiente, MarileneRamos, e pelo presidente do Inea(Instituto Estadual do Ambiente),Luiz Firmino, em um conjuntohabitacional em Santa Cruz, naZona Oeste do Rio. A estimativaé de que o ecoponto receba pelomenos 500 kg de lixo/dia gera-dos pelas 200 famílias que vivemno condomínio. A medida estimu-la o descarte adequado de produ-tos como papéis, plásticos e vidrosalém de óleo de cozinha usado pormoradores do condomínio.

O ecoponto, patrocinado pelaCoca-Cola, é uma estrutura for-

mada por um cercado de 130metros quadrados com minies-critório e balança eletrônica, e foiinstalado para receber todo o lixoque será recolhido por seis cata-dores da Coopama, filiada à Fe-bracom. No local, os catadores fa-rão a triagem do material a ser re-ciclado, para posterior comercia-lização. A renda obtida será rever-tida para a própria cooperativa.

O condomínio Vivendas do Pa-raíso, onde esta instalado oecoponto, abriga 200 famílias queforam retiradas pela Secretaria Es-tadual do Ambiente das margensdo Canal do Cunha, na Maré, querecebe intervenções da Secretaria,e também das comunidades Vilados Minérios e Nova Aliança, em

Bangu. As melhorias nesse conjun-to habitacional fazem parte do Pro-grama de Aceleração do Crescimen-to (PAC) Rios da Baixada.

O Ecoponto integra o projeto“Ecobarreiras”, uma iniciativa daSecretaria Estadual do Ambiente.Instaladas na foz dos principais riose canais, as ecobarreiras tem comoobjetivo reter o lixo flutuante, im-pedindo que chegue à Baía deGuanabara e no complexo lagunarda Barra da Tijuca e Jacarepaguá.O lixo retido é recolhido por cercade 67 catadores de cooperativasfiliadas à Febracom. O que podeser reciclado, é separado e posteri-ormente comercializado, e a rendaobtida é revertida para as própriascooperativas.

Conjunto habitacional no Rioganha ecoponto para coleta de lixo

Setembro / Outubro 2010 19

O Decano da ASAERLA

*Luiz Carlos da Cunha Silveira

Setembro / Outubro 2010 19

A boca do canal do Itajurú para o oceano,na ponta da Praia do Forte, sempre foi objetode atenção estratégica por parte dos europeusque descobriram e disputaram a posse deCabo Frio, tendo por isso acolhido diversas esucessivas instalações dos mesmos: a Casade Pedra dos franceses, o Forte Santo Inácio,o Forte São Mateus e, para alguns, encabe-çando a lista, a feitoria de Américo Vespúcio.

Quanto à ultra-polêmica questão da lo-calização da feitoria, que se manteve entre1503 e 1516, conhecem-se apenas tres fon-tes de informações contemporâneas da mes-ma, sendo a primeira os relatos atribuídosao próprio Vespúcio, suspeitos e contraditó-rios, e a segunda uma obra-prima da litera-tura universal, a “Utopia” de Thomas More,declaradamente (no próprio texto do livro)baseada nos contatos do autor com DuarteBarbosa, um dos habitantes da feitoria, po-rém ainda assim uma obra de ficção (aliás,nem Vespúcio nem Morus fornecem a loca-lização exata da feitoria). Já a terceira fonte,o Regimento da Nau Bretoa – que atesta porsete vezes, ao longo de seu texto, que afeitoria se situava na Ilha do Cabo Frio, hojeno município de Arraial do Cabo – consistenum documento seco, formal, registrado emcartório e hoje arquivado na Torre do Tombode Lisboa, referente ao “contrato de arren-damento” de ricos mercadores portuguesesliderados por Fernão de Loronha (ouFernando de Noronha) para fundarem aque-la feitoria e ali explorarem o pau-brasil porautorização real.

Por mais que seja polêmico o endereçoda feitoria, o de sua sucessora francesa im-plantada em 1556 por armadores de Rouen– no âmbito do ambicioso projeto da FrançaAntártica, centrado na Baía da Guanabara eno Cabo Frio – foi bem mais específico: oMorro do Arpoador, exatamente à entrada docanal da Lagoa de Araruama. Esta segundafeitoria operou por duas décadas, tendo-setornado o núcleo central dos franceses apóssua expulsão da Guanabara em 1567. Ata-cada em 1572 e 1573 pelo governador Sal-vador Correia de Sá a partir do Rio, sem re-sultados conclusivos, foi afinal arrasada porAntônio Salema em 1575, durante a expedi-ção que massacrou ou escravizou todos ostupinambás de Cabo Frio. Foi, contudo,reconstruída imediatamente após os portu-gueses virarem as costas, desta vez comoum fortim acoplado a uma casa abobadada,tudo em pedra e cal, donde sua denomina-ção como “casa de pedra”, por ser a primei-ra construção de tipo europeu da Região dosLagos, já que as anteriores feitorias nadamais eram que tabas indígenas melhoradasque desapareceram sem deixar qualquer ves-tígio. Após mais quatro décadas de tranqüi-

O Forte de São Mateus foi projetado e construído

pelo mais importante engenheiro de sua época.

lidade, foi o estabelecimento dos invasoresdestruído por Constantino Menelau em 1615,quando expulsou os franceses definitivamen-te da região e fundou Cabo Frio.

Como as ordens recebidas por Menelaupara sua campanha estipulassem o estabe-lecimento de uma povoação e uma fortalezapermanentes no Cabo Frio, ele aproveitou osalicerces da Casa de Pedra e seu entulho paraerguer, no mesmo local do Arpoador, umfortim relativamente precário, que viria a tervida extremamente curta, batizando-o como nome do fundador da Sociedade de Jesus,em reconhecimento ao auxílio que lhe foraprestado pelos padres jesuítas ao longo dacampanha. Quanto às sobras do entulho,teve a infeliz idéia de arremessá-las na Bocada Barra para assim bloquear à navegaçãoinimiga um canal que ele próprio avaliava tercapacidade de receber embarcações de atéduzentas toneladas. O problema assimcriado para a navegação, tanto inimigaquanto amiga, só seria sanado dois sé-culos e meio depois (ver minha matéria“O engenheiro, o canal e as socialites”à página 18 da edição no. 21 (abr/maide 2010) deste Informativo). O novo for-te de Santo Inácio, contudo, não era con-dizente com a povoação sob sua prote-ção, fundada como cidade (a quinta dasapenas doze fundadas ao longo dos tresséculos do período colonial, a par de 253vilas) e assim logo se pensou em outrafortaleza de maior envergadura que se si-tuasse não no Arpoador interno à barra massim sobre o próprio rochedo externo que defi-nia a entrada do canal.

Já o forte de São Mateus, ao contrário deseus dois predecessores, não foi uma obraimprovisada e informal por conta de algumsargentão comandando meia dúzia de índi-os ou degredados empilhando pedras e en-tulho, mas sim um notável empreendimentotanto sob o aspecto técnico do planejamen-to e projeto quanto sob o administrativo daformalização. Assim sendo, em 20/04/1617o governador geral da Capitania Real do Riode Janeiro, Martim Correia de Sá, propôs àCoroa a construção de uma nova fortalezade porte e localização adequados, propostaesta aprovada através da Carta Régia de 18/07/1617 e sendo ordenada sua execução pordocumento de 14/04/1618 ao governo doRio, o qual teria necessariamente, neste caso,para o projeto e execução, um profissionalentre os mais notáveis engenheiros militaresdo Império luso/espanhol (1580 a 1640):Francisco Dias, Gregório de Magalhães,Fernandes Pinto Alpoim, Michel Escolle, Fran-cisco dos Santos, Macário de São João eoutros. Martim optou e conseguiu, então,alocar para o serviço o mais conceituado en-genheiro militar especializado em fortifica-ções de artilharia de costa, FRANCISCO FRI-

AS DE MESQUITA (1578-1645), que perma-neceu no Brasil entre 1603 e 1635 na quali-dade de engenheiro- mor da colônia, com aatribuição de fortificar todo o litoral da Amé-rica Portuguesa, à época pesadamente ame-açado pelos franceses, holandeses e ingle-ses, inimigos que Portugal passou a ter du-rante aquele período ao longo do qual foi go-vernado pelos reis espanhóis Habsburgos,em cujo império mundial – o mais extensode todos até hoje, após a anexação de Por-tugal com suas colônias – “o sol nunca sepunha”.. Atendendo a este objetivo, foi oconstrutor, entre outros, do Castelo do Marem Recife, do Forte dos Reis Magos em Na-tal, do Forte de Santa Catarina em Cabedelo(Paraíba), do Forte do Mar (único do país cir-cular e ilhado no mar) e do Forte de São Diogoem Salvador, além dos for tes deGuaxanduba, São Filipe, São Francisco e SãoJosé em São Luis do Maranhão. Dedicou-setambém a edificações não-militares - comoa igreja do mosteiro de São Bento no Rio deJaneiro e o Seminário de Salvador – e aindaa planos diretores urbanos como o primeiro“arrumamento” ou “alinhamento” da cidadede São Luis do Maranhão (a irmã gêmea his-tórica de Cabo Frio que passou à frente des-ta última por apenas dez dias, mas isto já é

outra história), com seu clássico reticuladoem xadrez e seu conjunto de fortificações,tendo participado ativamente de toda a cam-panha militar visando expulsar os francesesdo Maranhão (sua “França Equinocial”) si-multaneamente com a de Menelau em CaboFrio (sua “França Antártica”). Mesquita pro-jetou e construiu o Forte de São Mateus de1617 a 1620, que desta forma veio a ser aprimeira obra de Engenharia oficial e docu-mentada em Cabo Frio, sob responsabilida-de de um profissional habilitado em Enge-nharia e Arquitetura, o que o torna o maisantigo, o primeiro da classe profissionalcabofriense e, portanto, automaticamente,o decano da ASAERLA (só não se sabe semarcou o “06” na ART). Verifica-se, portan-to, claramente, que a construção do ForteSão Mateus não foi absolutamente um fatohistórico isolado e aleatório, mas simposiciona-se no contexto da fortificação detodo o litoral da colônia, assim como a pró-pria fundação da cidade de Cabo Frio.

Um dos aspectos históricos mais curio-sos do Forte São Mateus veio a ser a coni-vência e até cumplicidade de suas guarni-ções militares com os “tumbeiros” (naviostraficantes de escravos da Àfrica para o Bra-sil, sendo o termo “navio negreiro” apenas otítulo do poema de Castro Alves), cujo tráfi-

co fora declarado ilegal pelos ingleses em1833 e pelo Império Brasileiro em 1850, porpressão dos primeiros, sob maciça impopu-laridade por parte da sociedade brasileira emgeral, acostumada ao modelo escravocrata.Assim, em 1850, um inquérito comprovouque a guarnição de nosso forte sempre tro-cava sinais com o tumbeiro “Narceja” emsuas aproximações com a finalidade de de-sembarcar ali os cativos, fosse dando-lhessinal verde para atracarem, fosse prevenin-do-os da presença de navios depatrulhamento da marinha imperial brasilei-ra. Em outra ocasião, neste mesmo ano, su-cedeu que a belonave inglesa “Cormorant”,que vinha mantendo sob observação o lito-ral cabofriense navegando a certa distanciada costa, flagrou a chegada do negreiro “Ri-val” à região para fim de desembarque, con-seguindo então apreendê-lo e incendiá-lo.Ora, durante o combate naval, a Fortalezade São Mateus bombardeou o navio inglêsem defesa do tumbeiro, a pretexto de inva-são das águas territoriais brasileiras pelopavilhão britânico, apesar da Comissão MistaAnglo-Brasileira para o combate ao tráficoprever claramente o patrulhamento conjun-to das costas nacionais pelas esquadras deambos os países. Tais atritos chegaram di-

versas vezes ao ponto de os navios deguerra britânicos desembarcarem fu-zileiros navais em Cabo Frio, ocupan-do a cidade por vários dias para pro-ceder a devassas em busca de cati-vos desembarcados e de tripulantes detumbeiros.

Naturalmente o forte, ao longo deseus quase quatro séculos de existên-cia, foi-se tornando progressivamenteobsoleto tanto sob o aspecto técnico-militar quanto pelo seu anacronismohistórico, sem jamais ter se engajadoefetivamente em combate em defesa

da cidade, já que os índios e franceses sósubsistiram nas páginas dos textos históri-cos após a fundação de Cabo Frio. Duranteeste longo intervalo, sucedeu de tudo: foi vi-sitado por D. Pedro II em 1847, quando esteveio inaugurar a Fonte do Itajurú, e converti-do em lazareto (para as vítimas das epide-mias de febre amarela, dengue, tifo e malá-ria que devastaram o país ao longo do sécu-lo 19 até serem sanadas por Oswaldo Cruz– estão, aliás, retornando), ficando a maiorparte do tempo inativo ou ocupado por pe-quenas guarnições com mínimo armamen-to (um de seus canhões, aliás, foi parar naentrada do Clube de Regatas do Flamengo,no Rio, na década dos cinqüenta). Sobre oforte foi ainda construído um farol nos anostrinta, depois demolido. Totalmente arruina-do em 1956 (quando o conheci), foi no anoseguinte restaurado (a rigor, reconstruído)pelo professor Adail Bento Costa (que tam-bém reformou a Matriz histórica), apresen-tando sua placa comemorativa dois erroshistóricos, pois afirma que o for te foiconstruído em 1616 e por Menelau (con-fundindo assim os dois fortes, o de SantoInácio com o de São Mateus). No caso da outrarestauração, aliás, também foi gravado um erroem sua plaqueta, quando afirma ser a Matrizde 1615, quando de fato só surgiu em 1667.

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Projeto de urbanização deCabo Frio não foi concluídoe a cidade fica com poucasombra natural

Parte da avenida Teixeira e Souza sem árvores ou sombra natural

Quando o verde faz falta

Foto

Plantar árvore pode acirrar a disputa en-tre as cidades de Maringá, no Paraná, JoãoPessoa na Paraíba e Goiania em Goiás. Avontade de plantar é tanta que a arborizaçãovirou produto turístico e aumento a quali-dade de vida por serem cidades mais verdespara viver.

As três cidades brigam, no bem sentido,pelo título de cidade mais arborizada do país.De acordo com especialistas e ambientalistas,Maringá é apontada como a mais arborizadado país mesmo sendo pólo industrial do nor-te do estado do Paraná. Com pouco mais de60 anos de vida, ela já possui uma populaçãode 325.968 habitantes (IBGE/2006). O quesignifica média de 2,5 árvores para cada ha-bitante. O município se destaca pela quali-dade de vida. A cidade é considerada por mui-tos como a cidade mais arborizada do país,preservando no perímetro urbano grandesáreas de mata nativa como o Horto Flores-tal, o Parque dos Pioneiros e o Parque doIngá.

Maringa que se orgulha de ter em média130 mil árvores plantadas serviu de sede paraa 10a edição do Congresso Brasileiro deArborização Urbana. O plano de arborizaçãode Maringá foi traçado para dar uniformida-de em todas as estações do ano. Hoje 39%das árvores são Sibipirunas, enquanto a se-gunda espécie mais freqüente, o Ipê Roxo,que representa 10% das árvores, seguido pelaTipuana, com 6,7%.

Na ocasião do Congresso foram discuti-dos e apresentados trabalhos com temas so-bre arborização urbana dentro do eixotemático Arborização Urbana: Implantar,Manejar e Contemplar. Participaram das ati-vidades produtores, pesquisadores, alunos,fornecedores, comerciantes, prefeituras e ou-tros órgãos públicos que discutiu sobre todaa cadeia produtiva, do planejamento aomonitoramento da arborização urbana.

Arborização viraatração turística emoutras cidades

A expressão “Vá pela sombra” parece difí-cil de ser posta em prática em Cabo Frio.Basta um passeio pelas principais avenidasda cidade para notar a grande falta de árvo-res. Na avenida Teixeira Souza, por exem-plo, quem caminha por mais de um quilô-metro do trevo, passando pela Remmar emdireção ao centro só vai encontrar uma únicaárvore do lado esquerdo. Mesmo assim o es-paço na calçada é pequeno. Este é apenas umpequeno exemplo da falta de arborização dacidade.

Em 2005, a prefeitura anunciou o proje-to de arborização urbana “150 mil mudas:uma muda para cada cidadão”. O objetivoera plantar árvores nativas nas calçadas e emoutras áreas de todo o município. Algumasmudas foram plantadas nos bairros do Bragae no Jardim Excelsior. Na época, o prometi-do era arborizar toda a cidade. Os morado-res ficariam responsáveis pelo cuidado comas mudas próximas às residências. Cinco anosdepois o número de mudas plantadas não foiatingido e a cidade continua com o mesmoaspecto. Muitas calçadas sem árvores e comsombra apenas das marquises e puxadinhos.

A Organização das Nações Unidas reco-menda que uma cidade tenha pelo menos12 metros quadrados de área verde por habi-tante.

O botânico, professor da Ferlagos e ana-lista ambiental do Instituto Estadual doAmbiente (INEA), Bernardo Dunley explicaque em Cabo Frio o problema é mais estéti-co.

- A cidade é mal arborizada no sentido daescolha das espécies. O que vemos por aí sãoamendoeiras, flamboyant e figueiras, árvoresexóticas para a região, onde é comum o apa-recimento de fungos. O ideal seria o plantioda aroeira, andira, paineira nativa e ipê-roxo,que são árvores grandes - disse.

De acordo com especialistas as árvores emambiente urbano estão submetidas a condi-ções diferentes das que são oferecidas emambiente natural.

-A partir daí é necessário o plantio de es-pécies nativas da região, para que o cresci-mento, adaptabilidade e desenvolvimento nãosejam comprometidos –, complementou oanalista ambiental.

Para a engenheira florestal Laís Sonkin, oproblema vai além da escolha das espécies.

- Não há especialistas trabalhando empoda na cidade. Esta é feita de forma inade-quada e não privilegia a copa das árvores. Umaarborização só é bem feita quando trabalhatodo o conjunto harmônico – afirmou.

Vandalismo coloca em risco projetode replantio de árvores na cidade

A arborização urbana sofre com o van-dalismo. Em cidades de médio e grandeporte o efeito devastador e cada vez maior.Curitiba (PR) perde cinco mil árvores porano para o vandalismo. O númerocorresponde a 40% do total de mudas deárvores plantadas por ano nas ruas da cida-de. Para reduzir a depredação das árvores, aprefeitura de Curitiba começou uma cam-panha de educação ambiental.

Em Cabo Frio, a depredação das árvo-res também preocupa.

-Na inauguração das Av Nilo Peçanha eda nova Júlia Kubistechek foram plantadasmais de cem árvores. A maioria foi arran-cada nos primeiros dias-, lamenta o enge-nheiro agrônomo Roberto Petl. Segundo oengenheiro até mesmo as proteções queforam colocadas em torno das plantas tam-bém foram depredadas.

O setor de meio ambiente da prefeituracontabiliza que até o momento foram plan-tadas 48 mil mudas no Dormitório das Gar-ças e 32.486 na Duna Boa Vista.

Segundo o professor Bernardo, a iniciati-va é favorável ao meio ambiente e a qualida-de de vida do cidadão cabofriense pois existea grande necessidade de vegetação para pre-servar as áreas degradadas e desmatadas.

O professor lembra que além da funçãopaisagística, a arborização urbana traz ou-tros benefícios à população, como por exem-plo a absorção de parte dos raios solares,sombreamento e neutralização da poluiçãoatmosférica.

Uma solução viável sugerida pelo botâ-nico seria incentivar o plantio em proprie-dades privadas.

- Se cada morador plantar uma árvoreem casa, a cidade ficará mais verde e pre-servaremos o solo – sugeriu.

De acordo com a prefeitura, o projetoestá em fase final e já foram plantadas 130mil mudas. Desse número, 14 mil foramdestinadas a área urbana.

Entretanto, nas ruas as árvores sofremcom ações de vandalismo e falta de cuida-dos da população. Diante deste contexto,somente 40% das mudas sobrevivem.

- O que falta é consciência por parte dapopulação. Para exemplificar o vandalismo,na Av. Teixeira e Souza, no centro da cida-de, foram utilizadas mais de 500 mudas eatualmente não tenham mais de dez árvo-res no local. Também fizemos a contagemda morte de 300 espécies em uma área quevai da Passagem ao Jardim Náutico, pas-sando pela Praia do Siqueira. As pessoasquebram as mudas, matam as árvores, jo-gam lixo e entulho -, desabafou o biólogoAlcebíades Terra coordenador geral do MeioAmbiente de Cabo Frio.

As árvores são essenciais à vida do ho-mem urbano.

a) reduzem a poluição do ar, provocadaprincipalmente pela queima de combus-tíveis dos veículos automotores e indús-trias;b) minimizam a poluição sonora;c) equilibram a temperatura da cidade;d) amenizam a força do vento;e) servem de habitat para os pássarosque enfeitam nosso quotidiano;f) protegem o lençol freático;g) evitam o ressecamento do ar atravésda transpiração;h) fornecem sombra para automóveis epessoas;i) embelezam a paisagem.

Arborização Urbana

Local depredado ondedeveria ter uma árvore

W2 Imagens

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Diretores da Associação dos Ar-quitetos e Engenheiros da Regiãodos Lagos ASAERLA se reuniramcom o Ministério Público Estadu-al MPE para mostrar o trabalho de-senvolvido pela entidade nos últi-mos anos em prol dos profissionaise sociedade.

O encontro com o PromotorAndré Luiz Farias, da 1ª Promoto-ria de Tutela Coletiva, com sede emCabo Frio, foi considerado positi-vo pelos diretores da ASAERLA.

-Explicamos como funcionanossa entidade e mostramos açõesde interesse de toda a sociedadecomo o descumprimento de nor-mas e leis em construções e ao meioambiente, por exemplo-, explicouo engenheiro Humberto Quinta-nilha, presidente da entidade.

O presidente esteve acompanha-do pelos diretores e engenheiros,vice-presidente, José

Deguchi Junior, secretário LuisSérgio dos Santos, diretor técnicoMarco Aurélio dos Santos Abreu ediretor de publicações Luis Carlosda Cunha Silveira.

Luis Sérgio explicou que a Asaerlafunciona como um olhar técnico dasociedade, alertando para problemasque vão desde a violação do PlanoDiretor e outras leis da cidade comoo Código de Postura.

“A entidade alerta e cobra açõesdo poder público municipal, esta-dual e federal”, disse o secretário.

Na pauta a inda assuntoscomo descumprimento de leise problemas crônicos da cida-de, como por exemplo obrasque começam irregularmentee depois são legalizadas pelo artifí-cio da Mais Valia, agressões ao MeioAmbiente, ao patrimônio históricoe de preservação da memória da re-gião e do país.

“Nossa missão é ajudar arquite-tos, engenheiros e também alertara sociedade que muitas vezes nãosabe a quem recorrer quando per-cebe o descumprimento de leis-, ex-plica José Deguchi.

O Promotor André Luiz Farias

recebeu uma coleção de Informati-vos da ASAERLA e disse ter ficadosatisfeito com o encontro.

O Promotor pergntou ainda sepoderia contdar com a entidade so-bre parecer técnico e de peritosquando necessário.

-Temos bons profissionais quesão peritos e estão à disposição dajustiça-, disse Quintanilha

- O MPE atua representado pe-las associações e, se necessário, ins-taura o inquérito. Existe uma ig-norância da lei por uma parte dapopulação, e a ASAERLA entracom o embasamento técnico paracolaborar com o cumprimento dasleis e, consequentemente, melhoriada cidade - disse o Promotor, agra-decendo pelo encontro.

MPE se aproxima da ASAERLAEntidade apresenta ao Promotor trabalhos e atuação na região

O Promotor André Luiz Farias, do MPE recebe diretoria da ASAERLA

A Construtora LRM - Projetose Construções Ltda foi condenada,pelo Juízo da 4ª Vara Cível do Tri-bunal de Justiça a pagar ao municí-pio de Niterói o valor correto decontrapartida prevista em lei pordano ambiental pela construção deempreendimento imobiliário naAvenida Ary Parreiras, no bairro deIcaraí. A condenação foi resultadode Ação Civil Pública de Ressarci-mento ajuizada pelo Ministério Pú-blico do Rio de Janeiro, por inter-médio da Promotoria de Justiça deTutela Coletiva de Defesa do MeioAmbiente e do Patrimônio Cultu-ral do Núcleo Niterói.

Essa é a segunda decisão da Jus-tiça condenando uma construtora

a ressarcir o município por ter pagovalor abaixo do devido em con-trapartida por empreendimentosem construção na cidade. No dia15 de setembro, a ConstrutoraIncasa Incorporações foi condena-da nos mesmos termos. Outras 26Ações Civis Públicas, que envolvem13 construtoras com atuação emNiterói, tramitam no Tribunal deJustiça para cobrar o mesmo tipode ressarcimento. O dinheiro do pa-gamento será destinado ao FundoMunicipal de Desenvolvimento.Aação proposta pelo Ministério Pú-blico tratou de descumprimento daLei Municipal 1.732/99, que per-mite a alteração de parâmetros ur-banísticos mediante contrapartida

do interessado, as chamadas Ope-rações Interligadas. De acordo como Promotor de Justiça LucianoMattos, subscritor da ação, o arti-go 9º da referida lei foi descum-prido, já que a construtora limitou-se a pagar como contrapartida va-lor correspondente a 50% da valo-rização apenas do terreno - o quecontraria o previsto no segundo pa-rágrafo, que determina que essacontrapartida deve levar em contatodo o empreendimento. A decisãofoi proferida pela juíza Margaret deOlivaes Valle dos Santos.

De acordo com o Promotor, ain-da existem cerca de 40 inquéritossemelhantes em fase de investiga-ção.

Mais uma construtora é obrigadaa ressarcir o município

Cerca de 40 inquéritos semelhantes estão sendo investigado pelo MP

Planejamento é palavra chavena gestão da construção civil,

diz especialistaA palavra principal no curso

Gestão de Empreiteiros na Cons-trução Civil, foi planejamento. Apartir da organização de todos ossetores de uma empresa o resulta-do final da obra pode mostrar sal-do bem positivo. Foi o que de-fendeu o engenheiro AndréAugusto Choma, que ministrouo workshop Gestão de Empreitei-ros que aconteceu no hotelParadiso Del Sol em Cabo Frio.

O evento promovido pelaASAERLA, com oito horas de du-ração, já passou por varias cida-des em todo o país esteve pela pri-meira vez na Região dos Lagos.O curso atraiu 30 profissionais daregião.

O termo gestão de equipesterceirizadas de empreiteiros in-clui diversos aspectos como pro-dutividade, qualidade, prazo deentrega e segurança do trabalho,que se não forem gerenciadas ade-quadamente, podem comprome-ter o resultado final. O curso tam-bém abordou questões sobre téc-nicas, tais quais legislação, formu-lação de contratos e documenta-ção dos funcionários.

- É essencial mostrar aos pro-fissionais da área uma forma degerir problemas enfrentados noscanteiros de obras, como comba-ter a informalidade, trabalhar me-lhor o planejamento das frentesde serviço e estabelecer parceriascom os empreiteiros para conse-guir melhores resultados. O cur-so vem para suprir essa necessida-de – disse o engenheiro e pales-

trante\ autor do livro “Como Ge-renciar Contratos Com Emprei-teiros”.

Com o aquecimento econômi-co da construção civil, a impor-tância do planejamento assumeum peso maior para que o resul-tado final seja satisfatório.

- É primordial que se faça ummelhor planejamento, tanto noprocesso de contratação quanto degestão no dia-a-dia da obra. Quan-do o mercado estava recessivo, jáera importante para garantir amargem de lucro. Com a deman-da crescente, fica mais difícil por-que tanto os recursos quanto amão de obra estão escassos. Maisdo que nunca é preciso planejar-,ensinou André Augusto Chomaque é Gerente de Projetos comCertificação PMP (Project Mana-gement Professional), Engenhei-ro Civil (UFPR-1999), Pós-gra-duado em Gerenciamento de O-bras pelo CEFET-PR em 2000.Tem experiência na Gestão de Pro-jetos de Construção Industrial, naimplantação e operação de ProjectOffices para construção civil e emtrabalhos de consultoria em plane-jamento e gestão de obras.

-É de extrema importância arealização destes cursos em nossaregião. É a oportunidade do pro-fissional ficar atualizado e estamosatendendo pedidos de nossos as-sociados sobre a realização de pa-lestras com profissionais renoma-dos no país-, disse o engenheiroMilton Lima, diretor social daASAERLA.

W2 Imagens/Daynne Neves

O engenheiro André Choma no workshop em Cabo Frio

Dayanne Neves

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De olho no mercado profissionalVilarejo completa14 anos e se tornareferência no setor

Famosa por sua fachada inusi-tada que é uma casa de cabeçapara baixo a Vilarejo HomeCenter é uma empresa de materi-al de construção e acabamentosque investe no diferencial de tra-balhar com produtos de alto pa-drão de qualidade.

De acordo Marcelo Souza dodepartamento de Marketing daVilarejo, a empresa se especializouem venda responsável, ou seja, ovendedor é treinado para orien-tar e dar solução às necessidadesdo cliente, proporcionando op-ções viáveis e econômicas.

- A Vilarejo entende que o pro-cesso de venda não se limita à sim-ples compra da mercadoria, massim em um conjunto de fatorescomo um bom ambiente, simpa-tia, SAC eficiente, devoluções etrocas sem demora e constrangi-

mentos. Essas características fa-zem o diferencial da VilarejoHome Center. Tudo isso fidelizao nosso cliente-, diz o diretor dodepartamento de marketing daempresa que tem 14 anos de atu-ação nas cidades de Macaé, CaboFrio, Campos e Rio das Ostras.

A empresa mantém excelente re-lacionamento com os profissionaisde arquitetura e engenharia, procu-rando priorizar um bom atendimen-to às necessidades de cada um.

-Buscamos manter em nossomix de produtos as sugestões so-licitadas e ainda praticamos umdesconto diferenciado para estesprofissionais-, diz Marcelo reve-lando que a Vilarejo tem ummailing de 1.200 decoradores,arquitetos e engenheiros.

-A Vilarejo Home Center va-loriza todos os profissionais daárea, por entender que são elesque movimentam o nosso mer-cado-, diz.

A fachada diferente da Vilarejo em Cabo Frio

67ª SOEAA atraiu mais de 3 milprofissionais e estudantes

Sob o tema “Construindo umaagenda estratégica para o sistemaprofissional”, o Confea e o Crea-MT, receberam na abertura da 67ªSemana Oficial da Engenha-ria, Arquitetura e Agronomia(Soeaa) e do 7º Congresso Nacio-nal dos Profissionais (CNP) de En-genharia, Arquitetura e Agronomiacerca de 3000 profissionais e estu-dantes de engenharia de todopaís. O presidente do Confea, Mar-cos Túlio de Melo destacou a pre-sença de delegações do Uruguai,Paraguai e Argentina e de MariaPrieto, presidente da FederaçãoMundial das Organizações de En-genharia. Túlio afirmou que a reto-mada do crescimento do país “de-pende da remontagem das equipestécnicas que nos últimos anos, tan-to na iniciativa privada quanto nogoverno, foram desmontadas e hojeisso se reflete na falta projetos, in-clusive para tocar o Programa deAceleração do Crescimento”. O pre-sidente do Crea-RJ,AgostinhoGuerreiro disse que a alegria é detodos os profissionais do país.

Primeira etapa do 7º CNPaprova 21 propostas.Na primeira etapa do 7º CNP os

487 delegados com direito a votoforam divididos em 6 grupos de tra-balho. Das 55 propostas sistemati-zadas, 21 foram aprovadas por una-nimidades e 6 foram rejeitadas emtodos os grupos. Das 22 especiais,12 não obtiveram aprovação emnenhum grupo, enquanto que asoutras 9 serão discutidas na 2ª eta-pa. Na segunda etapa entre os dias17 e 19 de novembro, em Brasília,serão discutidas as 28 propostas quereceberam aprovação em alguns gru-pos de trabalho e rejeição em ou-tros. Dentre elas, 8 propostas que,embora aprovadas em todos os gru-pos, receberam emendas.

AprovadasEntre as propostas já aprovadas

estão a normatização dos CreasJuniores em todos os regionais, aefetiva implantação da nova Anota-

Representantes da Região dos Lagos no congresso

Foto: Dokinha/CF

ção de Responsabilidade Técnica(ART), todas as propostas relacio-nadas à fiscalização e a criação demecanismos para efetivar a aplica-ção da lei de Assistência TécnicaPública e Gratuita.

Aprovadas com EmendasAs oito propostas que foram

aprovadas em todos os grupos, po-rém em alguns receberam emendastambém comporão a pauta da se-gunda etapa.

Fazem parte desse grupo, entreoutros assuntos, o estabelecimentodo acervo técnico como critério deseleção e promoção de professoresem instituições de ensino, a atuali-zação do formulário da ART e a re-visão da composição dos plenáriosdos Creas e do Confea.

RejeitadasJá a implantação do exame de

proficiência para obtenção do regis-tro profissional, as eleições pelainternet e o apoio ao Projeto de Leique visa à regulamentação dotecnólogo estão entre as propostasdefinitivamente rejeitadas.

2ª EtapaA criação do Prêmio Gestão da

Qualidade, com vistas ao fortaleci-mento das entidades nacionais, a cri-ação da Comissão Especial de Assun-tos da Mulher, o aperfeiçoamento dacarteira nacional de identidade pro-fissional (com instalação de chip) e amodificação do formato das Comis-sões de Ética foram algumas das pro-postas que obtiveram aprovação emalguns grupos e rejeição em outros.Portanto, vão compor a pauta da se-gunda etapa do 7º CNP.

Também foi o caso de duas pro-postas contraditórias sobre a Resolu-ção nº 1.010. A Proposta Nacional 20sugere a implantação imediata donormativo, enquanto a Proposta 21pleiteia a revisão e a suspensão domesmo documento. A primeira, ob-teve aprovação nos grupos 1, 2 e 6 erejeição nos outros. O contrário ocor-reu com a proposta 21 (obteve apro-vação nos grupos 3, 4 e 5).