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Curso: Processos Industriais Módulo: Básico Carga: 30h Docente: Turno: Matutino/Vespertino Turma: 2006 Discente: Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia Unidade de Camaçari

Ética e Cidadania

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Curso: Processos Industriais Módulo: Básico Carga: 30h Docente: Turno: Matutino/Vespertino Turma: 2006 Discente:

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Ética e Cidadania

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Material Instrucional especialmente elaborado pelo Prof.(ª) Alice Bárbara para uso exclusivo do CETEB-CA.

Camaçari/BA Janeiro de 2006

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Sumário 1. A Subjetividade 4 2. Introdução – Relacionamento Humano 4 3. Ética, Breve Histórico. 5

3.1 Doutrinas Filosóficas 5 4. Definição de Ética 8

4.1 Questão Moral e Questão Ética 9 5. Ética Profissional 10

5.1 Código de Ética 12 6. Cidadania 12

6.1 O Cidadão e o Exercício da Cidadania 13 7. Educação e Cidadania 15

7.1 A Participação Produto da Educação para Cidadania 15 8. Considerações Finais 16 Bibliografia 17

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1. A SUBJETIVIDADE

O MUNDO NECESSITA MUITO MAIS DE SÁBIOS QUE DE GÊNIOS. “Precisa-se de Seres Humanos com qualidade para realizações com qualidade. Precisa-se de Seres Humanos que não façam suas tarefas por obrigação, mas sim por consciência, por prazer. Precisa-se de Seres Humanos que vivam seus casamentos com ternura e amizade. Precisa-se de Seres Humanos que sejam pais, e não simples procriadores e mantenedores. Precisa-se de Seres Humanos que sejam amigos, e não simples colegas. Precisa-se de Seres Humanos que tenham Deus como aliado, e não como adversário. Precisa-se de Seres Humanos que vejam a vida como dádiva, e não como fardo. " Porque são eles que vão construir um mundo digno de viver.”

Roberto Shinyaishiki O HOMEM COMPREENDE O MUNDO AO SEU REDOR “A aranha tece a sua teia. A teia é tecida para garantir sua alimentação e, quando um desavisado inseto bate nesta teia, fica preso a ela. Pronto, o almoço está garantido! O inseto, que também luta pela sobrevivência, debate-se tentando escapar da armadilha. Esta vibração é uma espécie de aviso para a aranha, que dispara em direção a ela e envolve o inseto, aplicando-lhe seu veneno. Se nós pegarmos um diapasão e vibrarmos esse instrumento junto à teia da aranha, estaremos simulando uma situação parecida com a vibração causada pelo inseto. O resultado é que a aranha irá ao encontro do ponto de vibração e envolverá com seu fio aquele ponto vibrante sem nenhum inseto. Esta simples experiência demonstra que o comportamento da aranha é predeterminado, geneticamente marcado. O homem, diferentemente, compreende o que ocorre na realidade ambiente. Quando percebemos algo, refletimos esse real na forma de imagem em nosso pensamento. Muitos animais apresentam essa possibilidade. Mas nós homens, compreendemos – relacionando e conceituando – o que está a nossa volta.” Odair Furtado – Psicologias. 2. INTRODUÇÃO - RELACIONAMENTO HUMANO O Ser Humano aprendeu ao longo dos séculos a conquistar e manter seu domínio sobre os animais e de algum modo sobre o planeta. O Homem busca compreender e desvendar os segredos dos fenômenos naturais e utilizá-los para criar instrumentos e aparelhos, de um quase incompreensível nível tecnológico, revolucionando a vida da própria sociedade em que vive. Se um notável progresso foi conseguido nessa área material, o mesmo não se pode concluir sobre as várias camadas sociais no que tange a conviver em grupos. Não há dois seres iguais, embora o mundo tenha bilhões de habitantes humanos. Daí a complexidade nessa área de convívio. Pessoas convivem e trabalham com pessoas e reagem umas as outras com as quais entram em contato: comunicam-se, sentem atrações, simpatizam, antipatizam, sentem aversões, afetos, aproximam-se, afastam-se, entram em conflitos, competem, colaboram, desenvolvem carinho, amor, amizades. Essas reações ou intervenções voluntárias constituem o processo de interação humana. Este processo é complexo e ocorre permanentemente entre as pessoas sob a forma de comportamento manifesto e também não manifesto verbal e não verbal. Pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico corporal. Um sorriso, um olhar, um gesto, um deslocamento físico de aproximação ou afastamento constituem formas não verbais de interação entre as partes.

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Quando nos apoiamos no senso comum e verificamos a necessidade de agir segundo os princípios básicos das leis naturais do plano físico percebemos que é importante reconhecer os princípios universais que regem os processos de crescimento e evolução, admitimos que temos lições a aprender com cada situação em que nos encontramos. O ego pode ser muito insensato, principalmente quando perdemos a noção de limites e esquecemos que o despertar humano é gradual. Sensato é lidar passo a passo com as situações que se apresentam e acolher com a mente aberta o aprendizado do momento presente. Para entendermos às demandas do mundo atual, é preciso investir no humano. Resgatar o ser humano, hoje, é o diferencial capaz de restaurar o sentido da vida. A nossa proposta neste estudo é trazer a reflexão, discussão, e o entendimento para a ação, no envolvimento e responsabilidade com a ética na vida social. Assim como, o desenvolvimento de atitudes que expressem o exercício da cidadania de forma genuína e eficaz, na vida das que pessoas que conscientemente compartilham com essa necessidade humana. Ao desenvolvermos este estudo, cabe contextualizar a ética, através de um breve histórico sobre o tema considerando as doutrinas filosóficas que deram subsidio a ética, sua definição; considerações sobre questões éticas e morais; e a ética profissional. A Cidadania é um tema associado à ética, portanto estudaremos suas definições, trazendo a evidencia o cidadão, o exercício e a educação para a cidadania. Desejamos que você educando tenha êxito em adquirir conhecimentos otimizando-os em suas reflexões, a fim de produzir em sua vida um cotidiano ético-cidadão. 3. ÉTICA, BREVE HISTÓRICO Cabe aqui um breve percurso sobre o desenvolvimento da ética. Dentro desse contexto não será retomado todo o desenrolar da historia, que se passaria pelos filósofos gregos, medievais, modernos e contemporâneos. Mas será sublinhado o caráter amplo que o termo adquire assim que se transforma em elemento de reflexão e debate. Nascida na civilização grega, onde os gregos entendiam que os juízos sobre o bem, a verdade, a justiça eram ditados pela consciência moral (individual), mas decididos de maneira livre e racional em praça pública, na pólis. A polis era, o lugar, onde os homens por meio do debates exerciam a sua cidadania, decidiam tudo que diz respeito à coisa pública, ao bem comum. O dialogo era travado entre homens livres e iguais. A Grécia Antiga caracterizava-se como uma sociedade escravista. As relações de poder eram polarizadas entre senhores e escravos. Esses senhores eram responsáveis pelo pensar, pelo trabalho intelectual, estava reservado a eles, o direito a cidadania, e ao julgamento do destino comum. Aos escravos as mulheres, e as crianças, que não participavam das decisões, ficando-lhes reservado o universo do privado que representava o espaço do constrangimento, da obediência, da obrigação. Se hoje a idéia de Direitos Humanos nos parece óbvia e fundamental, todavia ela só foi conquistada e exercida a partir da reflexão e de práticas iniciadas na polis grega. A partir da ruptura com o mito, que proporcionou o desenvolvimento da filosofia, da democracia e da participação responsável dos cidadãos na resolução dos problemas. “A ética constitui o centrado projeto filosófico do admirável Sócrates. Se antes dele alguns, como Pitágoras no seu tempo como Demócrito e Arquelau, traçaram da Ética, ninguém mais do que ele prestigiou este temário e lhe fez honra pelo belo procedimento pessoal. Dele diz Aristóteles: "Ocupa-se Sócrates das virtudes éticas e com tal objeto pretende definir, universalmente" (Met. 1078). 3.1 DOUTRINAS FILOSÓFICAS As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens e em particular pelo seu comportamento moral efetivo. Por isto, existe uma estreita vinculação entre os conceitos morais e a realidade humana, social, sujeita historicamente à mudança.

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Por conseguinte, as doutrinas éticas não podem ser consideradas isoladamente, mas dentro de um processo de mudança e de sucessão que constitui propriamente a sua história. � Pitágoras, (século VI a.C) - desenvolveu algumas das primeiras reflexões morais a partir do orfismo,

afirmando que a natureza intelectual é superior à natureza sensual e que a melhor vida é aquela dedicada à disciplina mental. Os sofistas se mostraram céticos no que se refere a sistemas morais absolutos.

� Sócrates (470-399 a.C.) filosofo que iniciou a reflexão ética no mundo grego. Antes de Sócrates havia os dez mandamentos, ordenanças e costumes que eram impostos aos indivíduos. Esta reflexão buscava generalizar a ética "segundo um princípio que permite afirmar que o que é bom para alguém deve igualmente sê-lo para outro colocado nas mesmas circunstâncias". Tratava-se de um governo a si mesmo pelos ditames da razão. Nesta moral encontramos uma concepção da finalidade da vida, uma concepção da virtude e uma hierarquia das virtudes particulares. Para Sócrates a virtude é o conhecimento, conhecimento do bem e do mal, do justo e do injusto. O conhecimento não é o caminho para a virtude, mas a própria virtude. Se conhecermos o valor de um ato, se sabemos que ele contribuirá para a felicidade, como não realizá-lo? Se uma pessoa pratica o mal é porque ela ignora que sua ação lhe será prejudicial. Sócrates embora ensinasse todas as virtudes: temperança, coragem, devoção à pátria e aos deuses, colocava acima de todas: o domínio de si mesmo e a justiça. O domínio ao conhecimento de si mesmo é a virtude primordial que nos permite examinar nosso comportamento. Como fundador da ética, Sócrates sempre foi visto como um padrão do ser humano, em especial o bom cidadão. Foi moralmente rígido, porque a boa moral sempre é rígida. Todavia não o foi no sentido da radicalização e nem do ascetismo virtuosista, do tipo chamado santo homem. Sócrates não foi somente o bom; procurou também a ciência do ser bom, - a ética. É considerado mesmo o fundador da Ética como disciplina filosófica, porque, até seu tempo as considerações morais tinham apenas formulações. E por alcançar o saber moral sistemático, não foi um radical, mas um homem racionalmente bom. A Ética de Sócrates é de direito natural; no fundamento das normas positivas há leis não escritas.

� Platão (427-347 a.C.) ao examinar a idéia do Bem a luz da sua teoria das idéias, subordinou sua ética à metafísica. Sua metafísica era a do dualismo entre o mundo sensível e o mundo das idéias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituíam a verdadeira realidade e tendo como cume a idéia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo. Platão admite a existência da alma como um “princípio eterno de vida e de movimento”. Antes de se unir ao corpo a alma vivia feliz na contemplação das idéias. Em punição a uma falta, que Platão não esclarece qual foi a alma foi encarcerada no corpo e submetida às provas da vida. As almas que cometeram males inexpiáveis são eternamente condenadas; as que cometeram males expiáveis e as que viveram conforme a justiça, depois da morte, reencarnam-se para receber a pena ou o prêmio merecido. Para ele o mal não existe por si só, é apenas um reflexo imperfeito do real, que é o bem, elemento essencial da realidade. Afirmava que, na alma humana, o intelecto tem que ser soberano, figurando a vontade em segundo lugar e as emoções em terceiro, sujeitas ao intelecto e à vontade. Para Platão a virtude suprema consiste no desapego dos bens sensíveis e na procura da complementação das idéias, sobretudo na idéia do Bem. Abaixo desta virtude que é quase divina, existe uma virtude essencialmente humana: a justiça. Esta consiste na harmonia interior da alma. Como o individuo, por si só, não é capaz de atingir a perfeição torna-se necessário a existência do Estado ou da comunidade política. O homem é bom enquanto cidadão. A idéia do homem se realiza somente na comunidade. A ética de Platão desemboca, necessariamente, na política.

� Aristóteles (384-322 a.C.), não só organizou a ética como disciplina filosófica, mas, além disso, formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os filósofos morais: relação entre as normas e os bens, entre a ética individual e a social, relações entre a vida teórica e prática, classificação das virtudes, etc. Sua concepção ética privilegia as virtudes (justiça, caridade e generosidade), tidas como propensas tanto a provocar um sentimento de realização pessoal àquele que age quanto simultaneamente beneficiar a sociedade em que vive.

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A ética aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo, sendo, portanto uma ética conhecida como naturalista. Aristóteles preocupa-se, acima de tudo, com o bem humano. Esse bem é determinado por dois fatores: 1 - O homem que consegue organizar as possibilidades de sua própria natureza (sem rebaixá-las nem superestimá-las) e ainda leva em conta as circunstâncias que o rodeiam, utilizando-as como apoio e não como obstáculo à sua ação, alcança o bem que deseja, isto é, consegue levar uma boa vida. 2 - Essa boa vida, que todo ser humano almeja, é o que chamamos de felicidade (eudaimônia), que se refere a certa forma de viver - não se trata de um estado mas sim de uma atividade do homem; tal atividade deve seguir certas normas coerentes com a natureza humana - no entanto, como a natureza humana é complexa e muitas vezes apresenta tendências opostas, é preciso submetê-la a certas regras ou critérios racionais que a equilibrem - conseguir esse equilíbrio é o que Aristóteles chama de possuir a virtude, componente essencial da felicidade. A virtude impede que tendências opostas entrem em choque trazendo efeitos destrutivos para o ser humano. A virtude para Aristóteles não é o conhecimento que se pode adquirir pelo estudo, como queria Platão, mas hábito que se adquire pelo esforço constante da vontade lutando contra o atrativo do mal. A virtude resulta, portanto, de três fatores: a natureza e sua tendência espontânea para o bem; a razão que dirige esta tendência e a prática que gera o hábito. Então a virtude é um hábito, ou maneira habitual de ser; como tal, não pode ser adquirida da noite para o dia, porque depende de muito exercício - repetindo certos atos o homem acaba por transformá-los numa segunda natureza, isto é, numa disposição (e não atividade) para no futuro agir sempre da mesma forma. Vimos, portanto, que o objeto da ética aristotélica é o estudo da felicidade como supremo fim ou bem do ser humano. Mas, como a condição fundamental para a realização da felicidade é a virtude, e esta só pode ser adquirida mediante exercício e esforço, o homem tem que desenvolver mecanismos de ação que garantam a sua aquisição. Tais mecanismos são: a educação e as leis. A educação deverá desenvolver no homem os hábitos virtuosos; as leis organizarão e protegerão o exercício da virtude pelos membros da sociedade. Sendo assim afirma-se que a ética tem o seu prolongamento no que se constitui no ápice da filosofia prática: a política.

� Emanuel Kant (1724-1804). Talvez a expressão maior da ética moderna tenha sido deste filósofo alemão. A preocupação maior da ética de Kant era estabelecer a regra da conduta na substância racional do homem. Ele fez do conceito de dever ponto central da moralidade. Hoje em dia chamamos a ética centrada no dever de deontologia. Kant dizia que a única coisa que se pode afirmar que seja boa em si mesma é a "boa vontade" ou boa intenção, aquilo que se põe livremente de acordo com o dever. O conhecimento do dever seria conseqüência da percepção, pelo homem, de que é um ser racional e como tal está obrigado a obedecer ao que Kant chamava de "imperativo categórico", que é a necessidade de respeitar todos os seres racionais na qualidade de "fins em si mesmo". É o reconhecimento da existência de outros homens (seres racionais) e a exigência de comportar-se diante deles a partir desse reconhecimento. Deve-se então tratar a humanidade na própria pessoa como na do próximo sempre como um fim e nunca só como um meio. A ética kantiana busca, sempre na razão, formas de procedimentos práticos que possam ser universalizáveis, isto é, um ato moralmente bom é aquele que pode ser universalizável, de tal modo que os princípios que eu sigo possam valer para todos. "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal." (KANT, 1984, p.129)

� Friedrich Hegel (1770-1831) pode ser considerado como sendo o mais importante filósofo do idealismo alemão pós-kantiano. Para ele, a vida ética ou moral dos indivíduos, enquanto seres históricos e culturais são determinados pelas relações sociais que mediatizam as relações pessoais intersubjetivas. Hegel dessa forma transforma a ética em uma filosofia do direito. Ele a divide em ética subjetiva (ou pessoal) e em ética objetiva (ou social).

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A primeira é uma consciência de dever e a segunda é formada pelos costumes, pelas leis e normas de uma sociedade. O Estado, para Hegel, reúne esses dois aspectos numa "totalidade ética". Assim, a vontade individual subjetiva é também determinada por uma vontade objetiva, impessoal, coletiva, social e pública que cria as diversas instituições sociais. Além disso, essa vontade regula e normaliza as condutas individuais através de um conjunto de valores e costumes vigentes em uma determinada sociedade em uma determinada época. O ideal ético estava numa vida livre dentro de um Estado livre, um Estado de Direito que preservasse os direitos dos homens e lhes cobrasse seus deveres, onde a consciência moral e as leis do direito não estivessem nem separadas e nem em contradição. Com base nos relatos filosóficos pode-se perceber que as doutrinas buscam como alicerce a justiça entendida como eqüidade por ser eqüitativa em relação a uma posição de valor do ser humano. A ética cumpre, assegurar para cada pessoa numa sociedade, direitos iguais numa liberdade compatível, O reconhecimento do "outro", de sua integridade e de sua liberdade, só foi possível graças ao caminho aberto a dois mil e quinhentos anos atrás pelos homens que se levantaram contra os discursos e práticas individualistas e de conveniências, a pequenos e restritos grupos sociais.

4. DEFINIÇÃO DE ÉTICA O termo “ethos”, do grego, dá origem à palavra ética, relacionada ao modo de ser ou à maneira pela qual alguém se expressa. A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. O dicionário Abbagnado, entre outras considerações nos diz que a ética é "em geral, a ciência da conduta" (Abbagnano, sd, p.360) e Sanchez Vázquez (1995, p.12) amplia a definição afirmando que "a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano." Disciplina filosófica que tem por objeto de estudo os julgamentos de valor na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal. O termo “mos”/”mores”, vem do latim, dá origem a palavra moral, relacionada aos costumes e hábitos. Moral: Conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social. (Vázquez, 1975, p.25). A distinção entre ética e moral é evidente porque a moral limita-se ao estudo dos costumes e da variante das relações humanas, a ética como disciplina filosófica, dedica-se a revelação de valores, que norteiam o dever-ser dos humanos. Sendo assim, a ética se apresenta como uma reflexão critica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do homem. Cabe a ela, enquanto investigação que se dá no interior da filosofia, procurar ver claramente os valores, problematizá-los, buscar sua consistência. É nesse sentido que ela não se confunde com a moral. As normas e regras estabelecidas para respaldar a moral, estão sempre ligadas a interesses específicos de cada organização social. A ética procura o fundamento do valor que norteia o comportamento, partindo da historicidade presente nos valores. O filosofo Vázquez (1975, p. 13) confirma essa distinção quando explica que: “(...) As proposições da ética devem ter o mesmo rigor, a mesma coerência e fundamentação das proposições cientificas. Ao contrario, os princípios, as normas ou os juízos de uma moral não apresentam esse caráter. Não existe uma moral cientifica. (...) A moral não é ciência, mas objeto da ciência; e, neste sentido, é por ela estudada e investigada. A ética não é a moral e, portanto, não pode ser reduzida a um conjunto de normas e prescrições; sua missão é explicar a moral efetiva (...) A ética pode servir para fundamentar uma moral, sem ser em si mesma normativa ou preceptiva. Em toda moral efetiva se elaboram certos princípios, valores ou normas. Mudando radicalmente a vida social, muda também a vida moral, sendo assim, os princípios, valores ou normas encarnados nesta vida social entram em crise e exigem a sua justificação ou a sua substituição por outros. Surge então, a necessidade de novas reflexões ou de uma nova teoria moral, pois os conceitos, valores e normas vigentes se tornaram problemáticos. Assim se explica a aparição e sucessão de doutrinas éticas fundamentais em conexão com a mudança e a sucessão de estruturas sociais, e, dentro delas, da vida moral.

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A ética também estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo aos quais nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se ela se refere às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, conseqüentemente, para a ética.

“A ética é um conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas”. Betinho

4.1 QUESTÃO MORAL E QUESTÃO ÉTICA A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Idéias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade. Em nossas relações cotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? Será que é correto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar um sinal de trânsito vermelho? Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens? Nem tudo, porém, é sempre simples e claro quando se fala em ética. Existe uma zona cinzenta, em que às vezes é quase impossível encontrar uma saída 100% correta para todo mundo. Essas perguntas nos colocam diante de problemas práticos, que aparecem nas relações reais, efetivas entre indivíduos. São problemas cujas soluções, via de regra, não envolvem apenas a pessoa que os propõe, mas também a outra ou outras pessoas que poderão sofrer as conseqüências das decisões e ações; conseqüências que poderão muitas vezes afetar uma comunidade inteira. O homem é um ser-no-mundo, que só realiza sua existência no encontro com outros homens, sendo que, todas as suas ações e decisões afetam as outras pessoas. Nesta convivência, nesta coexistência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação. Estas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam os limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais, de controle social que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas ações de forma quase que instintiva, automática, fazendo uso de alguma "fórmula" ou "receita" presente em nosso meio social, de normas que julgamos mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e reconhecidas como válidas e obrigatórias. Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas ações e nos sentirmos dentro da normalidade. A ética pode também contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de comportamento moral. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar a moral efetiva, real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", imunizando-nos contra a simplória assimilação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar encobrindo interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A reflexão ética também permite a identificação de valores petrificados que já não mais satisfazem os interesses da sociedade a que servem. Dessa maneira, a vida ética consiste na interiorização dos valores, normas e leis de uma sociedade, condensadas na vontade objetiva cultural. A vontade pessoal resulta da aceitação harmoniosa da vontade coletiva de uma cultura.

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5. ÉTICA PROFISSIONAL “Estamos num permanente processo de reavaliação de antigas idéias. Temos que desenvolver novos talentos e competências que nos permitam lidar com constantes mudanças do nosso tempo e aprender novas formas de fazer as coisas, mudar de hábito e até mesmo valores, trabalhar com novas pessoas, interagir e aprender com outras pessoas. Neste mundo de grandes transformações somente crescerão as pessoas e organizações que tenham aprendido a aprender de forma eficaz”.

Paulo Freire. A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos. A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros, relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz. Muitos autores definem a ética profissional como sendo um conjunto de normas de conduta que deverão ser posta em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a ação “reguladora” da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seus semelhantes no exercício de suas atividades. A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com sua clientela, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar social. Ela atinge todas as profissões. E refere-se ao caráter normativo e até jurídico que regulamenta e determina a profissão a partir de estatutos e códigos específicos. A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e o “agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem sua profissão. O agir se refere à conduta, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho da atividade profissional. O valor ético do esforço humano é variável em função de seu alcance em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. Para ilustrar essa questão, citaremos uma metáfora muito conhecida, porém de autor anônimo: Dizem que um sábio procurava encontrar um ser integral, em relação a seu trabalho. Entrou, então, em uma obra e começou a indagar. Ao primeiro operário perguntou o que fazia e este respondeu que procurava ganhar seu salário; ao segundo repetiu a pergunta e obteve a resposta de que ele preenchia seu tempo; finalmente, sempre repetindo a pergunta, encontrou um que lhe disse: "Estou construindo uma catedral para a minha cidade". A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em face do trabalho, como instrumento do bem comum. Demonstrando inclusive os pilares de seu conhecimento, por saber e entender o que estava executando. Perfil profissional que satisfaz ao mundo do trabalho. Nos deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em conta às qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.

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Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade. A estreita relação que se estabelece entre características pessoais dos indivíduos e sua adequação ao trabalho transformam traços como aparência, idade, educação, gênero e raça em potencial produtivo, de tal forma que características e competências individuais são a condição mesma da empregabilidade. Competência essa sendo defendida por alguns filósofos como princípio valorativo. As decisões éticas têm como base um conjunto de valores fundamentais, estes nasceram no mundo antigo e continuam até hoje, como por exemplo: Honestidade, coragem, sinceridade, humildade, etc. Em artigo publicado na revista EXAME o consultor dinamarquês Clauss MOLLER (1996, p.103-104) faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa como fundamentais para a formação de recursos humanos. Segundo Clauss Moller o futuro de uma carreira depende dessas virtudes. Vejamos: O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem responsabilidade a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa [...]. Uma pessoa que se sinta responsável pelos resultados da equipe terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável aos interesses da equipe e de seus clientes, dentro e fora da organização [...]. A consciência de que se possui uma influência real constitui uma experiência pessoal muito importante. É algo que fortalece a auto-estima de cada pessoa. Só pessoas que tenham auto-estima e um sentimento de poder próprio são capazes de assumir responsabilidades. Elas sentem um sentido na vida, alcançando metas sobre as quais concordam previamente e pelas quais assumiram responsabilidade real, de maneira consciente. As pessoas que optam por não assumir responsabilidades podem ter dificuldades em encontrar significado em suas vidas. Seu comportamento é regido pelas recompensas e sanções de outras pessoas - chefes e pares [...]. Pessoas desse tipo jamais serão boas integrantes de equipes. � A Lealdade não é sinônimo de obediência cega. Lealdade significa fazer críticas construtivas, mas as

manter dentro do âmbito da organização. Significa agir com a convicção de que seu comportamento vai promover os legítimos interesses da organização. Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá prejudicar a organização, a equipe de funcionários. As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a iniciativa, capaz de colocá-las em movimento.

� Iniciativa: tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização significa ao mesmo tempo, demonstrar lealdade pela organização. Em um contexto de empregabilidade, tomar iniciativas não quer dizer apenas iniciar um projeto no interesse da organização ou da equipe, mas também assumir responsabilidade por sua complementação e implementação.

� Competência: sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de forma adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-la sempre. "A função de um citarista é tocar cítara, e a de um bom citarista é tocá-la bem." (ARISTÓTELES, p.24). É de extrema importância a busca do desenvolvimento da competência profissional em qualquer área de atuação. Recursos humanos devem ser incentivados a buscar sua competência e maestria profissional através do aprimoramento contínuo de suas habilidades e conhecimentos. O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais são pré-requisitos para a prestação de serviços de boa qualidade. Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada tarefa, mas é necessário que se tenha a postura ética de recusar serviços quando não se tem a devida capacitação para executá-lo. Pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência médica, causas que são perdidas pela incompetência de advogados, prédios que desabam por erros de cálculo em engenharia, são apenas alguns exemplos de quanto se deve investir na busca da competência. Colocar em prática valores éticos não significa dizer que as empresas ou mesmo os homens devem perder de vista as questões dos lucros financeiros, mas para sobreviver não poderá existir sucesso pessoal ou dos negócios quando não se tem como foco principal as questões éticas. Afinal, atuação ética é condição favorável no trabalho é a face visível da existência de sólidas referências para o exercício das responsabilidades de todos que compõem a empresa.

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Agir corretamente, hoje não é só uma questão de consciência, mas um dos requisitos fundamentais para quem quer ter uma carreira longa respeitada e sólida.

5.1 CÓDIGO DE ÉTICA Código, de acordo com o dicionário Aurélio Buarque, refere-se à coleção de leis; conjunto metódico e sistemático de disposições; de disposições legais relativas a um assunto ou um ramo do direito. Um código de ética é um acordo explicito entre os membros de um grupo social: uma categoria profissional, um partido político, uma associação civil, etc. Seu objetivo é explicitar como o referido grupo social pensa e define sua própria identidade política e social; e como o grupo se compromete a realizar seus objetivos particulares de modo compatível com os princípios universais da ética. O código de ética começa pela definição dos princípios que fundamentam e se articula em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres. Ao definir direitos, o código de ética cumpre a função de delimitar o perfil do seu grupo. Ao definir deveres, abre o grupo à universalidade. Esta é a função principal de um código de ética. A definição de deveres deve ser tal que, por seu cumprimento, cada membro do grupo social realize o ideal de ser humano. A formulação do código de ética deve, envolver intencionalmente todos os membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Isso exige um sistema ou processo de elaboração “de baixo para cima”, do diverso ao unitário, construindo-se consensos progressivos, de tal modo que o resultado final seja reconhecido como representativo de todas as disposições morais e éticas do grupo. Dentro desta perspectiva de elaboração o código de ética torna-se resultado de um produto que cumpre a função educativa e exemplar de cidadania diante dos demais grupos sociais e de todos os cidadãos. 6. CIDADANIA Nunca se falou tanto sobre cidadania, em nossa sociedade, com nos últimos anos. Mas afinal, o que é cidadania? Segundo o Dicionário Aurélio Buarque, “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”, e cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. No sentido etimológico, cidadão deriva da palavra civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade. A cidade era a comunidade organizada politicamente. Era considerado cidadão aquele que estava integrado na vida política da cidade. Na Idade Antiga, após a Roma conquistar a Grécia (séc. V d.C.), se expandindo para o resto da Europa. Apenas homens (de maior) e proprietários de terras (desde que não fossem estrangeiros), eram cidadãos. Diminuindo assim a idéia de cidadania, já que mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos. Neste período da historia e, e durante muito tempo, a noção de cidadania esteve ligada à idéia de privilégio, pois os direitos de cidadania eram explicitamente restritos a determinadas classes e grupos. A definição de cidadania foi sofrendo alterações ao longo do tempo, seja por modelos econômicos, políticos e sociais ou via as formas de conquistas, resultantes das pressões exercidas pelos excluídos dos direitos . Sobre o desenvolvimento e dinamicidade da cidadania existe um rico processo histórico que deixamos de abordar, por não constituir o propósito deste estudo. Neste sentido a cidadania não tem uma definição estanque, mas um conceito histórico, isso significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil (para não falar dos países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que define quem é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos. Mesmo dentro de cada Estado-nacional o conceito e a prática da cidadania vêm se alterando ao longo dos últimos duzentos ou trezentos anos. Isso ocorre tanto em relação a uma abertura maior ou menor do estatuto de cidadão para sua população, ou pelo grau de participação política de diferentes grupos e quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos Estados aos que dela necessitam.

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No contexto mundial, a cidadania, tomou novo rumo a partir dos processos de lutas que culminaram na Declaração dos Direitos Humanos, dos Estados Unidos da América do Norte, e na Revolução Francesa. Esses dois eventos romperam o princípio de legitimidade que vigia até então, baseado nos deveres dos súditos, e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão. Desse momento em diante todos os tipos de luta foram travados para que se ampliasse o conceito e a prática de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para mulheres, crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias. Nesse sentido pode-se afirmar que, na sua acepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. O principal documento internacional em defesa dos direitos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de dezembro de 1948, completando. No Brasil a cidadania é fruto de conquistas. Essas conquistas estão relacionadas com as lutas de libertação de povos oprimidos e que conviveram com regimes autoritários, neste sentido destacamos, por exemplo: a cidadania indígena, a organização dos quilombos, dos trabalhadores, da participação feminina e da própria história do voto no País, que, só a partir da Constituição de 1988, finalmente põe fim à limitação do voto aos analfabetos. A cidadania não se limita a uma palavra, uma idéia, um discurso, nem está fora da vida da pessoa. Ela começa na relação do homem consigo mesmo para, a partir daí, expandir-se até o outro, ampliando-se para o contexto social no qual esse homem está inserido. É uma nova forma de ver, ordenar e construir o mundo, tendo como principio básico os direitos humanos, a responsabilidade pessoal e o compromisso social na realização do destino coletivo. 6.1 O CIDADÃO E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA Quando afirmamos que o individuo tem a cidadania isso que dizer que ele nasceu ou foi naturalizado em um determinado território. No sentido mais amplo cidadão refere-se ao individuo no desfrute dos direitos e no desempenho dos deveres para com a sociedade. A cidadania diz respeito, ao conjunto de direitos e deveres do cidadão. Tendo o individuo o direito à vida como direito norteador dos demais direitos humanos. Neste sentido, o exercício da cidadania é a forma de fazer valer os direitos garantidos. Exigir a observância dos direitos e zelar para que não sejam desrespeitados. Os direitos do homem e do cidadão e a cidadania são históricos, resultam das relações e dos conflitos sociais em determinados momentos da história de um povo. Deste modo, ao estudar o processo de formação da cidadania no Brasil temos que recuar ao nosso passado histórico, para então voltar ao presente acompanhando as relações, os conflitos, os interesses e os grupos sociais que foram ao longo da historia construindo e construindo para a cidadania brasileira tal como a vivemos hoje. Outra característica importante dos modos de conceber e praticar a cidadania e os direitos do cidadão é que o seu percurso por mais de dois séculos não foi linear. Ao contrário, a formulação e o desenvolvimento dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, no Brasil e no resto do mundo, seguiram um processo marcado por avanços e retrocessos. Assim, ao mesmo tempo em que certos direitos estavam sendo discutidos e garantidos em algum lugar do planeta, em outro país ou continente estavam sendo violados ou nem estavam em discussão. Direitos que estiveram garantidos por muito tempo passaram a ser negligenciados por conta de interesses ideológicos, políticos ou econômicos. Além disso, dentro de uma mesma sociedade e em uma mesma cidade, os direitos do cidadão não são garantidos do mesmo modo a todas as pessoas. Mais ainda, muitos direitos, apesar de já estarem garantidos nas legislações nacionais, não estão assegurados no cotidiano das pessoas. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais, fruto de um longo processo histórico que levou a sociedade ocidental a conquistar parte desses direitos.

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Ser cidadão é cumprir também seus deveres, por esses entendemos: cumprir tarefas incumbências, Leis. Quando o individuo se esquiva da pratica dos seus direitos ele sofrerá as sanções cabíveis a depender dos atos. A condição social do homem demanda a formulação de princípios ou padrões de conduta como elementos norteadores da convivência social. Ao longo da história da humanidade as civilizações construíram diferentes sistemas de normas e padrões sociais objetivando estabelecer padrões de relações humanas e comportamentos sociais. A democracia, enquanto prática social supõe princípios de conduta e valores éticos como eixos norteadores de relações sociais de respeito à dignidade, tolerância às diferenças, solidariedade, justiça e igualdade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de dezembro de 1948 aborda em seus 30º artigos, os valores éticos básicos para proteção de toda a humanidade. Na Declaração existem valores éticos – e também jurídicos. Como: a paz e solidariedade universal; a igualdade e fraternidade; a liberdade; a dignidade da pessoa humana; a proteção legal dos direitos; a justiça; a democracia e a dignificação do trabalho são norteadores de uma prática cidadã. Leis internas como: A Constituição Brasileira de 1988 e alguns documentos importantes, como o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor etc., promoveram avanços significativos na consolidação dos direitos sociais do povo brasileiro. Representam em si conquistas que há muito se faziam necessárias nos campos da família, da saúde, da educação, da participação política, do meio ambiente e do consumo, diminuindo, na medida do possível, antigas desigualdades entre homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres; beneficiando segmentos historicamente desrespeitados como a criança e o idoso e contribuindo para lançar as bases de uma sociedade mais justa e democrática. É importante reforçar que somente existe e funciona o conceito de cidadão e cidadania, nos países cujo regime é Democrático. Onde o indivíduo, de forma organizada participa da sociedade e pode manifestar-se ou atuar – com liberdade e consciência, ajudando o desenvolvimento da comunidade e do seu país. Isso é participação. Participar é ser parte e fazer parte com seu fazer, sua interferência criativa na construção da sociedade, os indivíduos configuram seu ser, sua especificidade, sua marca humana. Admitir e defender direitos humanos significa reconhecer não apenas esta ou aquela propriedade de alguns sujeitos, mas que o direito do ser humano é um estatuto que todas as pessoas têm o dever mora, l de forma consciente e voluntária, conceder-se umas às outras. A experiência nos mostra que é necessário um trabalho de reconhecimento e valorização dos direitos e deveres do cidadão, para que eles sejam respeitados e cumpridos, já que o seu exercício, muitas vezes, não ocorre de forma automática. São pontos essenciais a serem observados no desenvolvimento da cidadania: � Aprender a ser e a conviver; � Acreditar que cada pessoa é agente de transformação da própria vida e do mundo em que vive; � Acreditar que todas as pessoas são iguais, independentemente de raça, crença, status social (em relação

aos direitos da existência - sobrevivência, saúde, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, convivência familiar e comunitária, respeito, dignidade e liberdade – e diferentes no exercício dessa mesma existência);

� Acreditar que a cidadania é conquistada através da participação coletiva e solidária no processo social, político e econômico, não sendo fruto de uma concessão ou de uma dádiva.

A cidadania não é um mero discurso, precisa ser vivenciada para ser incorporada por pessoas. A cidadania é construída no exercício de pequenas coisas do cotidiano, abrangendo não apenas os direitos, mas, também os de os deveres, gerando compromisso, responsabilidade e participação.

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7. EDUCAÇÃO E CIDADANIA A Assembléia Geral proclama “A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”

Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

A educação para cidadania, irá permear um conjunto de saberes sistemático e assistemático, que possibilitará ao individuo refletir de forma mais consciente, sobre a vida em sociedade. Neste sentido, faz necessária a busca do conhecimento, em relação às questões: política, econômica, humana, social etc. Estabelecendo paralelo entre a cidadania e a conjuntura brasileira em linhas gerais. Nota-se que o aumento do desemprego e as mudanças no mundo do trabalho são aspectos que aflige a sociedade brasileira que demonstra preocupação com o grande contingente de jovens que, mesmo com alguma escolarização, estão mal preparados para compreender o mundo em que vivem e nele atuar de maneira crítica, responsável e transformadora, e, especialmente, para serem absorvidos por um mercado de trabalho instável impreciso e cada vez mais exigente. Existe a expectativa na sociedade brasileira que a educação se posicione na linha de frente de luta contra as exclusões, contribuindo para promoção e integração de todos os brasileiros, voltando-se a construção da cidadania, não como meta a ser atingida num futuro distante, mas como prática efetiva. A sociedade brasileira demanda uma educação de qualidade, que garanta a aprendizagem essencial para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na qual esperam ver atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas. Paulo Freire no livro: Política e Educação contribuem de forma excelente para que cidadãos, sejam despertados e através da educação busquem o exercício da cidadania – “Uma das condições necessárias para que nos tornemos um intelectual que não teme a mudança é a percepção e a aceitação de que não há vida na imobilidade. De que não há progresso na estagnação. De que, se sou, na verdade, social e politicamente responsável, não posso me acomodar às estruturas injustas da sociedade. Não posso, traindo a vida, bendize-las. Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos na pratica social de que tomamos parte”.

Paulo Freire ( Política e Ed., 1993 p. 79-80) 7.1 A PARTICIPAÇÃO PRODUTO DA EDUCAÇÃO PARA CIDADANIA A participação supõe o resgate de experiências já vividas e a criação de novas formas de atuação social, partindo sempre do pressuposto de que todos os indivíduos, do analfabeto ao pós-graduado, do trabalhador ao empresário, podem e devem fazer parte da construção da história coletiva. Significa que a participação é em si mesma educativa, pois estimula as pessoas a criarem, no espaço coletivo, uma cultura de cidadania. Quem participa da vida de uma comunidade, de uma cidade, estado ou país, torna-se sujeito de suas ações, sendo capaz de fazer críticas, de escolher, de defender seus direitos e de cumprir melhor os seus deveres. O exercício da participação é um dos principais instrumentos na formação de uma atitude democrática. Quanto mais consciente de sua condição de cidadão participativo, mais o indivíduo se torna apto a encontrar soluções para os seus problemas e os de sua comunidade. Apenas um indivíduo participativo, no pleno exercício de sua cidadania, consegue compreender o que se passa à sua volta, exigindo a efetiva concretização de todos os seus direitos previstos em lei.

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A participação é, nesse sentido, um caminho de respeito à dignidade. Mas ela nunca deve ocorrer em uma relação unidirecional. A participação requer um comportamento de valorização do diálogo; exige presença física, respeito às idéias alheias, espaço para descentralização das decisões, oportunidade de acesso às informações e, acima de tudo, capacidade de julgamento da realidade. Tudo isso leva o indivíduo obrigatoriamente à co-responsabilidade O grande desafio é, portanto, além de incorporar novos direitos aos já existentes, integrar cada vez um número maior de indivíduos ao gozo dos direitos reconhecidos. Dentro desta perspectiva o objetivo desta temática é oportunizar e estimular a reflexão e o debate sobre a questão dos direitos humanos, a fim que pessoas sejam motivadas ao exercício permanente da cidadania em seu contexto social. Sem perder o foco que a cidadania é construída pelo reconhecimento e respeito às diferenças individuais, combatendo o preconceito econômico, político, sexual, cultural, racial entre outros. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS No inicio desse estudo foi usado o termo: Subjetividade – em síntese – refere-se ao mundo de idéias, dos significados e emoções construídos internamente pelo individuo, a partir de suas relações sociais. É também fonte de manifestações afetivas e comportamentais. Ou seja, nós experimentamos o mundo social e cultural, e eles nos possibilitam a construção do nosso mundo interior. Nós atribuímos sentidos a diversas experiências e vamos constituindo a cada dia da nossa singularidade. “Conhece-te a ti mesmo...” Sócrates. Num mundo pautado pelos avanços tecnológicos e pela ciência, tenta-se resgatar a humanidade do homem como valor mais essencial. Ao resgatar esse homem subjetivo, que há em cada pessoa, certamente haverá o resgate qualitativo de cidadãos-éticos. “Ética, democracia e cidadania são desse modo conceitos que se relacionam, termos pertencentes a um mesmo universo semântico, estrelas de uma mesma constelação”. Originada, portanto, na Idade Antiga, a reflexão sobre a ética trouxe consigo o ideal democrático, alicerçando em novas bases os conceitos de liberdade e de justiça. No Brasil, ainda convivemos com a injustiça, com desigualdades sociais e também com o perfil antiético de alguns lideres brasileiros, seja em instituição pública ou privada. Mas existe no seio da sociedade brasileira, um desejo muito forte por justiça, pela equidade social: o fim da fome, do racismo, da falta de oportunidade, da pobreza, da criminalidade, da discriminação, da falta de ética, e da violência. Esses são alguns dos problemas coletivo do país, eles soam aos nossos ouvidos, e se evidencia aos nossos olhos. Esses problemas estão caracterizados como a guerra interna e ansiamos pela paz que traga resoluções. O sentido da paz sempre esteve presente nas manifestações éticas e de dignidade humana, isso porque toda guerra é perversa. É preciso lutar, hoje e sempre, pela paz. O militante da paz é aquele cidadão, que expressa ações contra todo e qualquer tipo de guerra, proclamando a coexistência pacifica entre as diferenças, na busca pela justiça, mantenedora da paz permanente e tão desejada. Portanto, ser cidadão ético é a única via para nos tornarmos seres genuinamente políticos, isto é, seres responsáveis, atuantes e comprometidos com o destino dos nossos semelhantes e não apenas com os nossos problemas individuais. Através da compreensão ética poderemos passo a passo superar os perigos que nos rodeiam. E assim poderemos de fato, ultrapassar as contradições ainda presentes em nossa sociedade, fazendo-nos mais humanos, mais justos, mais solidários. ESTATUTUO DO HOMEM “Artigo III - Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde. onde cresce a esperança” “Artigo IV - Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino”. “Artigo XI - Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.”

Thiago de Mello, abril de 1964.

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Cortez, 2004. � FURTADO, Odair e Bock, Ana Mercês, Psicologias, 13ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2001. � SENAC. DN, Étca e Trabalho, Mª B. Gonçalves / Ney Wyse, 3ªed. – Rio de Janeiro: S. Nacional, l997. � LUCI, Elian Alabi, Geografia Espaço e Homem, 6ª ed. - São Paulo: Saraiva, 2000. � FELLA, Moscovici, Desenvolvimento Interpessoal, 8 ed. – R. Janeiro: J. Olimpio, l998. � VOCÊ S.A, Você é um Profissional Ético? 25ª, ed. São Paulo: Abril – Julho, 2000. � EXAME. A Ética que se Vende, 742ª ed., São Paulo: Abril, 2001 � DECLARAÇÃO, Universal dos Direitos Humanos, Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da

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