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Atividade 2 Responder as seguintes questões (individual): 1- Como definir o conceito de liberalismo e como as questões econômicas são por esta corrente de pensamento compreendidas? A definição de Liberalismo “como fenômeno histórico oferece dificuldades específicas”, conforme nos apresenta Bobbio (1998), “a menos que queiramos cair numa história paralela dos diversos Liberalismos (G.De Ruggiero, M. Cranston) ou descobrir um Liberalismo "ecumênico" (T.P. Neill), que não têm muito a ver com a história. A razão da inexistência de consenso quanto a uma definição comum, quer entre os historiadores quer entre os estudiosos de política, é devida a uma tríplice ordem de motivos”. “Em primeiro lugar, a história do Liberalismo acha-se intimamente ligada à história da democracia. Em segundo lugar, o Liberalismo se manifesta nos diferentes países em tempos históricos bastante diversos, conforme seu grau de desenvolvimento. Em terceiro lugar, nem é possível falar numa "história-difusão" do Liberalismo, embora o modelo da evolução política inglesa tenha exercido uma influência determinante, superior à exercida pelas Constituições francesas da época revolucionária. Isto porque, conforme os diferentes países, que tinham diversas tradições culturais e diversas estruturas de poder, o Liberalismo defrontou-se com problemas políticos específicos, cuja solução determinou sua fisionomia e definiu seus conteúdos, que muitas vezes são apenas uma variável secundária com relação à essência do Liberalismo. Acrescente-se uma certa indefinição quanto aos referenciais históricos do termo Liberalismo: tal termo pode, conforme o caso, indicar um partido ou um movimento político, uma ideologia política ou uma metapolítica (ou uma ética), uma estrutura institucional específica ou a reflexão política por ela estimulada para promover uma ordem política melhor, justamente a ordem liberal”.

Atividade 2 - Estado Governo e Mercado

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Trabalho livre a partir de questionário.

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Atividade 2

Responder as seguintes questões (individual):

1- Como definir o conceito de liberalismo e como as questões econômicas são por esta corrente de pensamento compreendidas?

A definição de Liberalismo “como fenômeno histórico oferece dificuldades específicas”, conforme nos apresenta Bobbio (1998), “a menos que queiramos cair numa história paralela dos diversos Liberalismos (G.De Ruggiero, M. Cranston) ou descobrir um Liberalismo "ecumênico" (T.P. Neill), que não têm muito a ver com a história. A razão da inexistência de consenso quanto a uma definição comum, quer entre os historiadores quer entre os estudiosos de política, é devida a uma tríplice ordem de motivos”.

“Em primeiro lugar, a história do Liberalismo acha-se intimamente ligada à história da democracia. Em segundo lugar, o Liberalismo se manifesta nos diferentes países em tempos históricos bastante diversos, conforme seu grau de desenvolvimento. Em terceiro lugar, nem é possível falar numa "história-difusão" do Liberalismo, embora o modelo da evolução política inglesa tenha exercido uma influência determinante, superior à exercida pelas Constituições francesas da época revolucionária. Isto porque, conforme os diferentes países, que tinham diversas tradições culturais e diversas estruturas de poder, o Liberalismo defrontou-se com problemas políticos específicos, cuja solução determinou sua fisionomia e definiu seus conteúdos, que muitas vezes são apenas uma variável secundária com relação à essência do Liberalismo. Acrescente-se uma certa indefinição quanto aos referenciais históricos do termo Liberalismo: tal termo pode, conforme o caso, indicar um partido ou um movimento político, uma ideologia política ou uma metapolítica (ou uma ética), uma estrutura institucional específica ou a reflexão política por ela estimulada para promover uma ordem política melhor, justamente a ordem liberal”.

O liberalismo se estruturou em oposição ao poder absoluto exercido pelas monarquias hereditárias da Europa, que invocavam o direito divino como fonte de sua legitimidade, como crítica aos fundamentos da ordem vigente nos séculos XVII e XVIII. Funda-se numa corrente filosófica, o jusnaturalismo, que buscou no indivíduo a origem do Direito e da ordem política legítima. Teve influência de Hobbes, Locke, Montesquie e Rousseau, sendo Locke o que mais pode ser considerado propriamente liberal.

No liberalismo, partindo dos autores citados, podemos fundamentar que:- a vida em sociedade não é o ambiente natural do homem, mas um artifício fundado em um contrato;- o contrato social que funda a sociedade civil foi precedido por um estado de guerra (exceto para Locke) e um estado de natureza, no qual as relações humanas eram regidas pelo Direito Natural;- o Direito Natural constitui a única base legítima do Direito Civil; e- somente por meio da razão seria possível conhecer os direitos naturais para, com base neles, estabelecer os fundamentos de uma ordem política legítima.

De acordo com o pensamento liberal, todos os indivíduos são iguais por natureza e igualmente portadores de direitos naturais aos quais eles não podem, em hipótese

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alguma, abdicar: os direitos à liberdade e à propriedade, assim no liberalismo todo indivíduo é portador de direitos irrevogáveis que devem ser respeitados por qualquer governo: seja o governo de um só, de poucos ou de muitos.

Pensando nas questões econômicas, pode-se afirmar que, no campo liberal, a crença era de um mercado autorregulado, não necessitando do Estado para funcionar bem.

2- Quais as principais características do marxismo? Qual, nesta corrente, a relação entre economia, sociedade e política?

De acordo com Bobbio (1998), entende-se por Marxismo o conjunto das idéias, dos conceitos, das teses, das teorias, das propostas de metodologia científica e de estratégia política e, em geral, a concepção do mundo, da vida social e política, consideradas como um corpo homogêneo de proposições até constituir uma verdadeira e autêntica "doutrina", que se podem deduzir das obras de Karl Marx e de Friedrich Engels. A tendência, muitas vezes manifestada, de distinguir o pensamento de Marx do de Engels surge dentro do próprio Marxismo, ou seja, ela própria se constitui numa forma de Marxismo.

No marxismo a dinâmica das sociedades voltaria a ser compreendida e analisada a partir das relações estabelecidas entre os seus grupos sociais concreto, e não mais indivíduos abstratos. A história não seria uma mera sucessão temporal de fatos e de diferentes formas de organização social da produção, dominação e representação do mundo, mas teria um motor – a luta de classes – que a conduziria a uma determinada finalidade. As classes sociais seriam identificadas e definidas por sua inserção no processo produtivo, resultante da divisão social do trabalho e em cada período histórico, as classes fundamentais de uma sociedade seriam aquelas diretamente ligadas ao modo de produção dominante.

Dentro do marxismo temos vários conceitos:- modo de produção – resultante das forças produtivas e das relações de produção;- ideologia dominante – nome dado ao fetichismo da mercadoria e cada classe dominante teria a sua;- mais-valia – a parte do valor criado pelo trabalho humano e não apropriada pelos trabalhadores;- classe em si e classe para si – a primeira constituída por grupo de homens e mulheres que se encontravam sob condições econômicas idênticas, mas que não havia desenvolvido a consciência de seus próprios interesses e a segunda ligada às condições de desenvolver a consciência dos seus próprios interesses,o que permitiria sair da classe em si.

Desta corrente, ao pensarmos sobre a relação entre economia, sociedade e política, logo após a morte de Marx e o advento da Democracia, dos socialistas, uma parte iria aceitar as novas regras do jogo e participar das eleições, trocando a revolução por concessões de benefícios sociais aos trabalhadores, a luta pela cooperação entre classes e admitindo a propriedade privada e a economia de mercado. A outra rejeitaria aproposta de adesão à democracia burguesa, mantendo-se fiel ao ideário da revolução socialista e à tomada do Estado sem concessões à burguesia. Os primeiros iriam herdar ou fundar os partidos sociais-democratas e socialistas do Ocidente, e dominar a II Internacional, fundada em 1889 pelos marxistas após a cisão da I Internacional; os segundos iriam organizar-se nos partidos comunistas mundo afora e promover a

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realização da III Internacional, em 1919, e, como Lênin, chamar os sociais-democratas de sociais-traidores.

Fonte:

Coelho, Ricardo Corrêa. Estado, governo e mercado. Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2009.

Bobbio, Norberto. Dicionário de política. Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998.