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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA ATIVIDADE PETROLÍFERA E OS SEUS EFEITOS NA COBERTURA VEGETAL NO ESTADO AMAZONAS MARELIS MARGARITA RUIZ MANAUS 2010

ATIVIDADE PETROLÍFERA E OS SEUS EFEITOS NA … Ruiz.pdf · Figura 12. Classificação da imagem RADARSAT-1 fine para apresentação do produto analogicamente do desmatamento acumulado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA

ATIVIDADE PETROLÍFERA E OS SEUS EFEITOS NA COBERTURA VEGETAL NO ESTADO AMAZONAS

MARELIS MARGARITA RUIZ

MANAUS 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA

MARELIS MARGARITA RUIZ

ATIVIDADE PETROLÍFERA E OS SEUS EFEITOS NA COBERTURA VEGETAL NO ESTADO AMAZONAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente, área de concentração em Conservação dos Recursos Naturais.

Orientadora: Prof a. Dra. Sandra do Nascimento Noda

MANAUS 2010

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MARELIS MARGARITA RUIZ

ATIVIDADE PETROLÍFERA E OS SEUS EFEITOS NA COBERTUR A VEGETAL NO ESTADO AMAZONAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente, área de concentração em Conservação dos Recursos Naturais.

Aprovada em 27 de maio de 2010

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Sandra do Nascimento Noda - Presidente Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Prof. Dr. Eduardo da Silva Pinheiro Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Profa. Dra. Elisabete Brocki

Universidade do Estado do Amazonas - UEA

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A Deus em primeiro lugar porque,

“Tudo posso nele que me fortalece...” Fil. 4.13.

A minha mãe Margarita e meus irmãos.

A meu esposo Efrain Antônio, a meus filhos

Efrain David, Alejandro Elías e ao caçula que

está a caminho. Por seu apoio e compreenssão.

Com amor,

Dedico

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Agradecimentos

Agradeço a minha família pelo amor, apoio incondicional, compreensão e incentivo para alcançar as metas planejadas.

Aos meus pastores, Blanca Sánchez e Francisco C. De Brito L., assim como a todos os irmãos da igreja que me deram palavras de conforto e sempre estão orando por mim e por minha família.

Aos docentes do Centro de Ciências do Ambiente, que me apoiaram no ingresso ao mestrado e sempre estiveram à disposição para orientar-me. Em especial à Professora Dra. Sandra do Nascimento Noda, por ter acreditado em mim desde o começo e por me orientar para alcançar a culminação deste trabalho. Obrigada por tudo, você é um anjo de Deus na minha vida.

À empresa Petrobrás, especialmente estas pessoas: Bruno Ladeira (SMS Segurança, Meio Ambiente e Sáude), Eber Shirayanagui de Sousa (CEAP Centro de Excelência Ambiental da Petrobras) e Sr. Ronaldo Mannarino (Gerencia de Gás e Energia), por todo o apoio brindado, graças ao qual foi possível a realização deste trabalho.

À empresa Atech, Tecnologias Críticas, nas pessoas de Claudia Tocantins e Elso Souza, pelo apoio no processamento de imagens de satélite e elaboração de mapas.

A Eliezer Pinto pelo apoio na análise estatístico dos dados.

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Para acreditar e aplicar em nossas vidas...

“Peça a Deus que abençõe seus planos e eles darão certo”. Provérbios. 16:3.

“...Para Deus tudo é possível”. Mateus 19:26.

“Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes,

medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito;

então farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido...Sé forte e corajoso; não temas, nem te

espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares”. Josué 1:8-9.

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RESUMO

A Amazônia Brasileira abriga a maior reserva de floresta tropical do planeta e também é considerada como um dos maiores patrimônios naturais. Mas, apesar da exuberante riqueza e diversidade biológica, é preocupante o crescimento das áreas de desmatamento na região nas últimas décadas. Os objetivos desta pesquisa foram identificar os efeitos na cobertura vegetal, gerados pela atividade da indústria petrolífera, e obter o índice de degradação ambiental para os oito municípios do estado do Amazonas: Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru, Iranduba e Manaus. A pesquisa foi realizada no período hidrológico da seca do ano 2008. Para avaliar os efeitos das atividades da exploração petrolífera, foram utilizados dois indicadores biológicos, dois econômicos e um demográfico. A detecção da alteração na área de estudo foi efetuada por meio da análise das imagens de radar geradas pelo satélite canadense RADARSAT-1 com monitoramento ininterrupto por dois anos nas áreas dos dutos Urucu-Coari e Coari-Manaus, realizado pela empresa Atech “Tecnologias Criticas”. A alteração na cobertura vegetal ou nível de desmatamento nos municípios de estudo, gerado como consequencia da atividade petrolífera foi de 64,9 km2 de floresta ombrófila densa. O município de Coari apresentou a maior porcentagem (61%) no total do desmatamento, seguido pelo município de Manaus com 15% de área desmatada, depois o município Anamã com 8% de nível de desmatamento como consequência do trajeto do gasoduto. No quarto lugar se encontra o município Codajás com 7% de área desmatada pela travessia e ramal do gasoduto. Os municípios restantes são considerados de menor impacto ou alteração da cobertura vegetal porque o trajeto do gasoduto foi por áreas com desmatamentos pré-existentes, ou seja, em áreas com população humana assentada. O impacto de desmatamento como consequência do trajeto do gasoduto Coari-Manaus resultou em 20,17 km2. Com relação ao índice de degradação (ID), resultou em ID médio de 1,09%, considerando os cinco indicadores estabelecidos. O município com o menor ID é Anori com 0,17%, seguido de Caapiranga com 0,6%, e ao contrário os municípios com maior ID foram os municípios de Coari e Iranduba, os dois com 1,56%, seguidos do município Manaus com 1,48%. A área desmatada pela atividade petrolífera foi recuperada por reflorestamento com plantas nativas da região. Até o ano 2008, aproximadamente 200 hectares foram reflorestados, o que representa 97% da área desmatada para a atividade produtiva na Província Petrolífera de Urucu.

Palavras-Chaves: Desmatamento no Amazonas, Índice de Degradação, Impacto Ambiental, Atividade Petrolífera

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ABSTRACT

The Brazilian Amazon harbors the largest tropical Forest reserve of the planet, and is also considered one of the greatest natural assets. But, in spite of the exuberant richness and biological diversity, it is a matter of concern the far-reaching and numerous areas of deforestation in the Amazon over the last decades. The objectives of this research were to identify effects in vegetation coverage generated by the activity of the oil industry, and obtain the index of environmental degradation for the following eight counties of the state of Amazonas: Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru, Iranduba and Manaus. The survey was conducted during the period of dry hydrological of the year 2008. To assess the effects of oil exploration activities were used two biological indicators, two economic and demographic. The detection of alterations in vegetation coverage ou numerous areas of deforestation, the study area was made possible through the analysis of radar images, generated by a Canadian satellite RADARSAT-1, with uninterrupted monitoring for two years in the areas of the Urucu-Coari and Coari-Manaus pipelines, conducted by Atech “Critical Technologies”. The alteration in vegetation or level of deforestation in the counties of the study, generated as a consequence of oil industry activity was 64.9 km2 of dense rain forest. Coari presented the highest percentage (61%) of the total deforestation, followed by Manaus with 15% of deforested area, after which came Anamã, with 8% deforestation as consequence of the pipeline’s path. In fourth place was Codajas, with 7% deforestation in consequence of the passing pipeline. The remaining counties are considered to have suffered less impact or alteration in the vegetation coverage because the pipeline passed through areas already deforested; that is, areas of settled human population. The impact of deforestation as a consequence of the pipeline trajectory from Coari to Manaus was 20,17km2. As to the ID degradation index, the average ID was 1.09%, taking into consideration the five indicators established. The county with lowest ID is Anori, with 0.17%, followed by Caapiranga with 0.6%; on the other end of the scale are the counties with highest ID – Coari and Iranduba, both with 1.56%, followed by Manaus with 1.48%. Part of the area deforested by the oil industry’s activity was recovered by reforestation of the affected areas with native flora. By 2008 approximately 200 hectares had been reforested, which represents 97% of the area deforested by the productive activity in the Petroleum Province of Urucu.

Key words: Deforestation Amazon, Degradation Index, Environmental Impact, Petroleum Industry Activity.

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Lista de Figuras

Figura 1. Bacias sedimentares da Amazônia – destaque para a Bacia da Solimões.............................. 21

Figura 2. Evolução da taxa de desmatamento de 1988 a 2008 (a: média 1977 a 1988; b: média 1992 a 1994; c: estimativa). .............................................................................................................................. 24

Figura 3. Representação dos diversos ambientes de cobertura vegetal................................................. 29

Figura 4. Ecorregião da Amazônia e Amazônia Brasileira. .................................................................. 33

Figura 5. Base Geólogo Pedro de Moura. Urucu, AM.......................................................................... 34

Figura 6. Visualização da área de influencia do Gasoduto Coari-Manaus............................................ 35

Figura 7. Visualização do RADARSAT-1. ........................................................................................... 41

Figura 8. Esquema de atuação do RADARSAT-1. ............................................................................... 42

Figura 9. Área de abragência geográfica do monitoramento (buffer) no traçado dos dutos Urucu-Coari e Coari-Manaus. .................................................................................................................................... 43

Figura 10. Detalhe da área de buffer de 150m. ..................................................................................... 44

Figura 11. Imagem gerada do mosaico RADARSAT-1 fine. ............................................................... 48

Figura 12. Classificação da imagem RADARSAT-1 fine para apresentação do produto analogicamente do desmatamento acumulado. ............................................................................................................... 48

Figura 13. Distribuição percentual do nível de desmatamento dos municípios envolvidos na atividade petrolífera no estado Amazonas. ........................................................................................................... 56

Figura 14. Desmatamento ciclo 6 trecho área operacional Urucu......................................................... 63

Figura 15. Desmatamento ciclo 6 trecho Urucu-Coari.......................................................................... 64

Figura 16. Desmatamento ciclo 6 trecho Coari-Codajás....................................................................... 65

Figura 17. Distribuição de frequências no trecho dos polígonos observados na área Operacional de Urucu no município de Coari. ............................................................................................................... 67

Figura 18. Distribuição de frequências dos polígonos observados no trajeto de Urucu até Coari........ 67

Figura 19. Distribuição de frequências dos polígonos observados na trajetória do gasoduto desde Coari até municipio de Coadajás..................................................................................................................... 68

Figura 20. Distribuição de frequência dos polígonos observados no município de Codajás. ...............69

Figura 21. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Codajás....................................... 70

Figura 22. Gráfico de distribuição de frequências dos polígonos observados no município de Anamã................................................................................................................................................................ 71

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Figura 23. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Anamã........................................ 72

Figura 24. Distribuição de frequências dos polígonos observados no município de Caapiranga. ........ 74

Figura 25. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município Caapiranga. ..................................... 75

Figura 26. Distribuição de frequências no trecho dos polígonos observados no município Manacapuru................................................................................................................................................................ 76

Figura 27. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Manacapuru................................ 78

Figura 28. Distribuição de frequências no trecho dos polígonos observados no município de Iranduba................................................................................................................................................................ 79

Figura 29. Desmatamento cumulativo trecho gasoduto no município de Iranduba. ............................. 80

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Especificações dos ciclos de referência................................................................................. 40

Tabela 2. Especificações técnicas do RADARSAT-1........................................................................... 41

Tabela 3. Resultados globais do desmatamento nos municípios do Estado Amazonas produto da atividade petrolífera. ............................................................................................................................. 55

Tabela 4. Dados comparativos de área desmatada nos municípios estudados. ..................................... 57

Tabela 5. Áreas de desmatamento na travessia do Gasoduto Coari-Manaus. ....................................... 58

Tabela 6. Taxa ou área de desmatamento anual (km2/ano). Estimativas anuais desde 1998 até 2008. 59

Tabela 7. Desmatamento cumulativo nos Municípios em estudo no estado Amazonas até o ano 2008................................................................................................................................................................ 61

Tabela 8. Detalhe das áreas desmatadas no município de Coari........................................................... 66

Tabela 9. Variáveis por municípios de estudo. ..................................................................................... 82

Tabela 10. Indicadores por municípios de estudo. ................................................................................ 83

Tabela 11. Teste de KMO e Bartlett ..................................................................................................... 84

Tabela 12. Cargas fatoriais e coeficientes estimados utilizados para estimar os scores fatoriais após rotação varimax..................................................................................................................................... 85

Tabela 13. Indicadores e Índices por municípios de estudo.................................................................. 86

Tabela 14. Pesos e Elasticidades associados ao IPD............................................................................. 87

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Lista de Quadros

Quadro 1. Informação geral do Município Coari. ................................................................................. 35

Quadro 2. Informação geral do Município Codajás. ............................................................................. 36

Quadro 3. Informação geral do Município Anori.................................................................................. 36

Quadro 4. Informação geral do Município Anamã. .............................................................................. 37

Quadro 5. Informação geral do Município Caapiranga......................................................................... 37

Quadro 6. Informação geral do Município Manacapuru....................................................................... 38

Quadro 7. Informação geral do Município Iranduba............................................................................. 38

Quadro 8. Informação geral do Município Manaus. ............................................................................. 39

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Lista de Anexos

Anexo 1. Mapa de Vegetação do Brasil. Projeto RADAMBRASIL. ................................................... 96

Anexo 2. Desflorestamento nos Municípios da Amazônia Legal para o ano de 2008.Estado Amazonas................................................................................................................................................................ 99

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Lista de abreviaturas e siglas

AIAB: Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil;

AF: Análise Fatorial;

ANP: Agência Nacional do Petróleo

ArcGIS: Nome de um grupo de programas informáticos e que constitui um Sistema de

Informação Geográfica. É produzido pela empresa ESRI.

COBVi: cobertura vegetal do i-ésimo município;

COBVREF: Média do indicador COBVi dos 8 municípios;

DECOBV: degradação da cobertura vegetal de cada município;

DEDESM: degradação por desmatamento da atividade petrolífera;

DEMORU: degradação na mão de obra rural;

DESMi: Proporção do desmatamento da cobertura vegetal do i-ésimo município;

DESMREF: Média do indicador DESMi nos 8 municípios;

DEVANI: degradação do valor da produção animal;

DEVAVE: degradação do valor da produção vegetal;

ESRI: Environmental Systems Research Institute;

GHz: Gigahertz. Um bilhão de ciclos por segundo

GLP: Gás liquifeito de petróleo

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

IPD: Índice Parcial de Degradação;

INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espacias;

ID: Índice de Degradação;

MORUi: Total da mão de obra empregada no meio rural do município i-ésimo dividida pelo

somatório das áreas com lavouras e pastagens;

MORUREF: Média do indicador MORUi nos 8 municípios;

OPEP:Organização dos Países exportadores de Petróleo

RADARSAT-1 Satélite de sensor de radar

VANIi: Valor da produção animal do i-ésimo município em estudo dividida pela área total

com pastagens naturais e cultivadas;

VANIREF: Média do indicador VANIi nos 8 municípios;

VAVEi: Valor da produção vegetal do i-ésimo município em estudo dividida pela soma das

áreas com lavouras perenes e temporárias;

VAVEREF: Média do indicador VAVEi nos 8 municípios;

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................................ 7

ABSTRACT.................................................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 16

2. ATIVIDADE PETROLÍFERA E A FLORESTA AMAZÔNICA ........................................... 18

2.1 Atividade petrolífera e Economia............................................................................................ 18

2.2 Atividade petrolífera no mundo e no Brasil ............................................................................ 20

2.3 Atividade petrolífera na Amazônia Brasileira......................................................................... 23

2.4 A floresta Amazônica e o desmatamento ................................................................................ 24

2.5 Impacto da atividade petrolífera ............................................................................................. 25

2.6 Cobertura vegetal .................................................................................................................... 28

2.7 Indicadores ambientais............................................................................................................ 30

3. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ......................................................................................... 33

3.1. Área de estudo........................................................................................................................ 33

3.2. Procedimentos metodológicos................................................................................................ 40

3.2.1. Cálculo do nível de desmatamento pela atividade petrolífera......................................... 40

3.2.2. Cálculo do Índice de Degradação.................................................................................... 49

4. RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................................................. 55

4.1. O desmatamento gerado pela atividade petrolífera nos municípios do estado Amazonas..... 55

4.2. Resultados por município....................................................................................................... 62

4.3. Cálculo do Índice de Degradação........................................................................................... 81

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 91

ANEXOS ...........................................................................................................................95

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INTRODUÇÃO

A Amazônia Brasileira abriga a maior reserva de floresta tropical do planeta e também

é considerada como um dos maiores patrimônios naturais por abrigar espécies animais

endêmicas com distribuição restrita e vulneráveis ao desmatamento, há pressão de caça e

outras formas de exploração predatória. Pereira (2002) aponta para o fato de, nas últimas

décadas, ocorrer a preocupação com a manutenção e o bom manejo dos ecossistemas

amazônicos pelo aumento no nível de conscientização do público sobre o papel desta região

para o equilíbrio ambiental.

A floresta Amazônica é cada vez mais valorizada, à medida que avança o

conhecimento científico acerca das causas e consequências da degradação ambiental

(FLEISCHFRESSER, 2006). Este conhecimento vem alertando para o fato de que a

destruição do último grande maciço florestal tropical poderá acelerar o ritmo das mudanças

climáticas (PEREIRA, 2002). Mas, apesar da exuberante riqueza e diversidade biológica da

Amazônia Brasileira, é preocupante como se alcançaram altos níveis de áreas de

desmatamento na região nas últimas décadas. Segundo o INPE (2008), estimou-se uma área

total de 12.911 km2 de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira, correspondendo ao

estado do Amazonas uma área de 604 km2 , em 2008 e um cumulativo de 1988 até o ano 2008

de 18.533 km2.

Segundo Fearnside (2006), os atores e as forças que conduzem ao desmatamento da

Amazônia Brasileira, variam entre partes diferentes da região, e variam ao longo do tempo.

Em geral, os grandes e médios fazendeiros respondem pela grande maioria da atividade do

desmatamento, mas os pequenos agricultores também podem atuar como forças importantes

nos lugares onde estão concentrados. Por outro lado, segundo o estabelecido por Ezawa et al.

(2005), a exploração de gás e petróleo desenvolvida pela empresa Petrobrás no estado

Amazonas, exige o desmatamento e a abertura de clareias para diferentes objetivos

17

operacionais e a recuperação, desta área através do reflorestamento, tem se mostrado, muitas

vezes, bastante lenta e insatisfatória, apesar do grande esforço e elevado custo envolvido.

Além disso, poucos estudos no Brasil têm quantificado o nível de degradação

ambiental de uma região ou estado, ainda menos a degradação da atividade petrolífera

específica na cobertura vegetal. Dentre alguns autores, cita-se Lemos (apud SILVA;

RIBEIRO, 2004), que determinaram Indicadores de degradação no Nordeste sub-úmido e

semi-árido, Silva e Ribeiro (2004), que determinaram o nível de degradação dos municípios

acreanos e, por último, Fernandes, Cunha e Silva (2005), que trabalharam na quantificação do

nível de degradação ambiental dos municípios mineiros.

Os objetivos estabelecidos para esta pesquisa foram identificar os efeitos na cobertura

vegetal gerada pela atividade da indústria petrolífera e obter oíindice de degradação ambiental

para oito municípios do estado Amazonas onde se tem atividade petrolífera de maneira direta

e indireta, representado pela degradação da cobertura vegetal.

A estrutura do trabalho inclui a parte introdutória, seguida da fundamentação teórica

das categorias de análises relacionadas à atividade petrolífera e os seus efeitos na cobertura

vegetal. Posteriormente, se descreve a estratégia metodológica para alcançar os objetivos

propostos, logo após os resultados e análises dos cálculos do nível de desmatamento pela

atividade petrolífera e do Índice de Degradação. Com base nos resultados se estabeleceu a

conclusão da pesquisa.

18

2. ATIVIDADE PETROLÍFERA E A FLORESTA AMAZÔNICA

2.1 Atividade petrolífera e Economia

Segundo Goldemberg e Moreira (2005), a energia é um ingrediente essencial para a

vida na sociedade moderna. A ampliação da infra-estrutura energética do Brasil, tanto na sua

produção como no consumo, exigirá grandes investimentos, que necessitarão a atuação

governamental no planejamento das atividades energéticas a fim de:

- Atender a demanda da sociedade por mais e melhores serviços de energia;

- Estimular a participação de fontes energéticas sustentáveis e duradouras;

- Priorizar o uso eficiente da energia para liberar capital aos setores mais produtivos da

economia e preservar o meio ambiente;

- Utilizar o investimento em energia como fonte de geração de empregos e de estímulo à

indústria nacional;

- Incorporar à matriz energética insumos importados quando isso resultar em vantagens

comerciais e sociais ao país, inclusive através da abertura de exportação de produtos e

serviços ;

- Produzir energia de diversas fontes, reduzindo o risco da eventual escassez de algumas delas

de forma compatível com as reservas disponíveis no país.

Segundo o relatório da Agência Nacional do Petróleo (2009), entre os anos 2008 e

2009, o volume de petróleo produzido no mundo caiu 2,5%, passando de 82 milhões de

barris/dia para 79,9 milhões de barris/dia. Mas, vale ressaltar que a produção brasileira de

petróleo cresceu 6,9% em 2009, atingindo 2 milhões de barris/dia. Com este acréscimo, o

Brasil alcançou a 14ª posição entre os maiores produtores mundiais de petróleo em 2009.

19

Por outra parte, também no ano 2009, o consumo mundial de petróleo foi 0,5%,

inferior a 2008, totalizando 83,6 milhões de barris/dia. Em 2009, o Brasil consumiu 1,9

milhão de barris/dia de petróleo, 2,3% do total mundial e 0,1% a mais do que o consumido em

2008, ocupando a 11ª posição entre os consumidores de petróleo.

Com relação à produção mundial de gás natural no mundo, no ano 2009 alcançou-se 3

trilhões m³, apresentando uma queda de 2,4% em comparação a 2008. Os países da

Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), tiveram crescimento de 1,2% em sua

produção, enquanto os não-Opep caíram 3,1%. A participação da Opep passou de 16,4% para

17%. O consumo a nível mundial foi de 3,02 trilhões de m3 de gás natural em 2008, o que

representa um aumento de 2,7% em relação a 2007. O consumo do Brasil foi de 25,2 bilhões

de m3, o que representa um acréscimo de 12,8% em relação a 2007. O incremento no

consumo mundial reflete as características econômicas estruturais e conjunturais das

diferentes regiões do mundo, mas também é fortemente influenciada pela distribuição

geográfica das reservas (ANP, 2009).

Enquanto às reservas totais de petróleo no Brasil foram contabilizados 21,1 bilhões de

barris no fim de 2009, um acréscimo de 1,3% em comparação a 2008, refletiu uma taxa de

crescimento anual de 5,6% nos últimos 10 anos. Já as reservas provadas aumentaram 0,4% e

atingiram a marca de 12,9 bilhões de barris, volume que representou 60,8% das reservas

totais. Em 2009, o Brasil ocupou a 16ª posição no ranking mundial quanto as reservas

provadas de petróleo; das quais 92,8% se localizavam em mar, com destaque para o Rio de

Janeiro, que deteve 87% das reservas provadas offshore e 80,7% do total, e 7,2% se situavam

em terra. O maior crescimento foi registrado nas jazidas terrestres do Ceará, que aumentaram

46,8%, chegando a 15,3 milhões de barris (ANP, 2009).

Entre 2006 e 2008, uma sequência de descobertas de petróleo ampliou

substancialmente o volume de reservas potenciais de petróleo e gás natural do Brasil, devendo

20

ser confirmadas com maior precisão por meio de testes de longa duração que serão

desenvolvidos ao longo dos próximos anos. No Brasil, a evolução da indústria petrolífera a

médio e longo prazo tem por referência o desenvolvimento das grandes reservas descobertas

na camada pré-sal, que teve início no campo de Jubarte (Bacia de Campos, no litoral sul do

Espírito Santo) em setembro de 2008. Em 2008, as reservas provadas de petróleo do Brasil

eram de 12,6 bilhões de barris. Com as recentes descobertas (em 2007 e 2008) na camada pré-

sal da Bacia de Santos – especialmente, os campos de Tupi, Azulão, Iara, Jubarte, Júpiter e

Carioca – estima-se que as reservas atinjam o dobro do volume atual. No entanto, essa

condição ainda depende de testes de longa duração que darão um dimensionamento mais

preciso do volume das jazidas. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2009).

O desenvolvimento futuro de exploração e produção na Amazônia Brasileira estão

localizadas nas Bacias do Solimões (480.000km2), do Amazonas (500.000 km2), do Parnaíba

(600.000 km2) e do Acre (40.000 km2), como ilustra a Figura 1. As reservas totais de gás

natural do Estado do Amazonas são estimadas em 371,14 milhões de barris de óleo

equivalente, contra 142,86 milhões de barris de petróleo, segundo a Agência Nacional do

Petróleo (LEYEN, 2008).

2.2 Atividade petrolífera no mundo e no Brasil

Os registros históricos da utilização do petróleo remontam a 4000 anos a.C. devido a

exsudações e afloramentos frequentes no Oriente Médio. Os povos da Mesopotâmia, do

Egito, da Pérsia e da Judeia já utilizavam o betume para pavimentação de estradas,

calafetação de grandes construções, aquecimento e iluminação de casas, bem como

lubrificantes e até laxativo. No século XIX, o querosene derivado do petróleo, constituiu uma

melhor fonte de luz e calor, até chegar ao século XX, em que o florescimento da indústria

automobilística provocou um grande desenvolvimento tecnológico na extração e no refino do

petróleo. Mas na verdade, nos primórdios de sua utilização, o real potencial do petróleo foi

21

subestimado. A Segunda Guerra Mundial foi crucial para a diversificação do uso do produto e

para a configuração da atual indústria petrolífera (SHAH, 2007).

Figura 1. Bacias sedimentares da Amazônia – destaque para a Bacia da Solimões. FONTE: Leyen, 2008.

Porém, o século XIX foi marcado pelo descobrimento do primeiro poço de petróleo,

no dia 27 de agosto de 1859, quando o óleo mineral jorrou em Titusville, Pensilvânia, EUA, a

21 metros de profundidade, operação liderada por Edwin Drake (MARINHO, 1970). No

Brasil, a primeira sondagem foi realizada em São Paulo, entre 1892-1896, por Eugênio

Ferreira de Camargo, quando ele fez a primeira perfuração na profundidade de 488 metros;

contudo, o poço jorrou somente água sulfurosa.

No dia 4 de outubro de 1953, como resultado da grande campanha nacional no Brasil

"O Petróleo é Nosso!", foi sancionada por Getúlio Vargas a Lei nº 2004, instituindo o

monopólio estatal do petróleo e a criação da empresa Petrobrás. Entre a primeira concessão

para exploração de petróleo no Brasil e a criação da Petrobrás, em 1953, decorreram 89 anos.

O país assistiu a polêmica entre o escritor Monteiro Lobato e o governo Getúlio Vargas

22

resumida na famosa Carta a Getúlio. O Brasil dividiu-se entre os nacionalistas e os

defensores do capital estrangeiro, apelidados pejorativamente de entreguistas pelos seus

opositores (MIRANDA, 2004).

Em 1936, diante dos obstáculos impostos pelo governo Vargas à exploração, Monteiro

Lobato lançou O Escândalo do Petróleo, no qual acusava o governo de não perfurar e não

deixar que se perfure. O Escândalo do Petróleo foi censurado em 1937 por Getúlio Vargas,

no mesmo ano em que o escritor lançou O Poço do Visconde. Na obra supostamente infantil,

dizia que ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de 8,5 milhões de

quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas.

Monteiro Lobato acaba sendo preso em 1941, ironicamente por uma ordem partida do

General Horta Barbosa, que mais tarde seria um dos líderes da Campanha do Petróleo

(MOURA, 1986).

Em 1938, o governo decidiu perfurar um poço em Lobato, na Bahia, e técnicos

constataram a existência de petróleo. É criado o Conselho Nacional do Petróleo, e as jazidas

minerais passam a ser consideradas propriedade estatal. Em 1941, foi perfurado o primeiro

poço de exploração comercial, em Candeias, no Recôncavo Baiano. De 1939 a 1953, foram

perfurados 52 poços no país, descobrindo-se vários campos para a exploração. Contudo, no

início da década de 50, o Brasil ainda importava 93% dos derivados que consumia. Após a

promulgação da Constituição de 1946, foi travado um grande debate em relação à política do

petróleo, entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras e os nacionalistas. Nessa

época, surgiu a campanha O petróleo é nosso, patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do

Petróleo (MOURA, 1986).

O monopólio estatal da exploração, refino e transporte, liderado pela Petrobrás durou

44 anos e foi quebrado, na prática, em 16 de outubro de 1997, no governo Fernando Henrique

Cardoso, com aprovação da lei n° 9.478, que criou a ANP (Agência Nacional do Petróleo),

23

órgão regulador da indústria do petróleo, e abriu caminho para a participação do setor privado

na pesquisa, exploração, refino, exportação e importação (MIRANDA, 2004).

2.3 Atividade petrolífera na Amazônia Brasileira

As primeiras tentativas de encontrar petróleo na Amazônia datam do início do século

XX. A Província Petrolífera de Urucu era apenas um campo onde se desenvolviam estudos,

pesquisas e tentativas de exploração de petróleo na Região Amazônica. O primeiro poço foi

perfurado em 1917, pelo Serviço Mineralógico do Brasil (SMG), órgão do governo federal,

criado em 1905 para localizar jazida de carvão e outros combustíveis. Em 1925, o SMG

inaugurou na cidade de Itaituba, no Pará, a primeira cidade com iluminação pública a gás

natural e foi no ano 1934 que começou a exploração de petróleo nos grandes rios do

Amazonas (PETROBRÁS, 2005).

Apenas em 1948, foram iniciados os primeiros levantamentos sísmicos na Amazônia,

com o objetivo de encontrar especificamente gás natural e petróleo. Foi precisamente em

março de 1955 que o primeiro poço perfurado na imensidão Amazônica produziu petróleo,

era o poço pioneiro NO-1-AZ, na pequena localidade de Nova Olinda, situada na margem do

rio Madeira, a 125 km de Manaus, Amazonas. Mas a primeira descoberta significativa

aconteceu na década de 70, quando as pesquisas na Bacia do Solimões se intensificaram. Em

1978, foi descoberta uma reserva de gás na bacia do Rio Juruá, que foi um divisor de águas e

provocou o crescimento das pesquisas na Bacia do Solimões (GARCIA, 2008).

Foi somente em 1986 que todos esses esforços vieram a ser recompensados com a

descoberta de óleo e gás em níveis comerciais na região localizada próximo ao rio Urucu.

Dois anos depois, em 1988, começou a produção comercial na Província Petrolífera de Urucu.

Na ocasião, a produção inicial foi de 3.500 barris de petróleo por dia, transportados por meio

de pequenas balsas, pelos rios Urucu e Solimões até a Refinaria Isaac Sabbá. O óleo de Urucu

24

é leve, de excelente qualidade e possui energia para fluir espontaneamente (PETROBRÁS,

2008).

2.4 A floresta Amazônica e o desmatamento

A floresta Amazônica é caracterizada pela sua alta biodiversidade, porém é consenso,

na atualidade, que o futuro do homem do Amazonas está em sua capacidade de encontrar

alternativas de desenvolvimento social, econômico, cultural e político. É certo também que

essas alternativas devem ser geradas a partir dos recursos e das riquezas existentes, e uma

dessas alternativas é a atividade petrolífera na Amazônia brasileira.

Na atualidade, a floresta Amazônica está cada vez mais valorizada, principalmente à

medida que avança o conhecimento científico acerca das causas e consequências da

degradação ambiental (FLEISCHFRESSER, 2006). No entanto, apesar da exuberante riqueza

e diversidade biológica da Amazônia Brasileira, é preocupante como se alcançaram níveis

altos de áreas de desmatamento na Amazônia nas últimas décadas, conforme os dados

apresentados na Figura 2.

Figura 2. Evolução da taxa de desmatamento de 1988 a 2008 (a: média 1977 a 1988; b: média 1992 a 1994; c: estimativa). FONTE: INPE, 2008.

25

Por outra lado, segundo Fernanside (2007), a floresta Amazônica fornece uma série de

serviços ambientais para a região, para o resto do Brasil e para o mundo como um todo. Estes

serviços incluem a manutenção da biodiversidade, a ciclagem de água e algo muito

importante: o armazenamento de carbono. Se a floresta Amazônica fosse convertida em uma

vasta pastagem, muita água desta região (vapor de água cai como chuva), seria perdida na

forma de escoamento superficial que fluiria para o Oceano Atlántico pelo rio Amazonas, em

lugar de ser reciclada e transportada para o centro-sul do Brasil.

A floresta Amazônica armazena uma quantidade grande de carbono, o elemento que

compõe 50% do peso seco das árvores. O carbono também é armazenado no solo, debaixo da

floresta. Quando o desmatamento ocorre, muito deste carbono é liberado para a atmosfera

como gás carbônico (CO2) e como metano (CH4), contribuindo com o efeito estufa. O papel

da manutenção da floresta como medida de mitigação do efeito estufa é o serviço ambiental,

mas é preciso acima de tudo, estabelecer ações imediatas para reduzir a velocidade do

desmatamento na Amazônia (FERNANSIDE, 2007).

2.5 Impacto da atividade petrolífera

O crescimento da importância do gás natural na matriz energética da região traz um

impacto sócio-ambiental positivo ao substituir o óleo diesel nas termelétricas locais. Essa

substituição irá reduzir a emissão de poluentes e gases de efeito estufa resultantes da queima e

do transporte de óleo diesel e permitirá o suprimento de energia a um número maior de

consumidores com custo menor, além de promover a geração de emprego e renda. Outro

benefício da geração termelétrica a gás nas sedes dos municípios do Estado do Amazonas no

traçado do Gasoduto Coari-Manaus (LEYEN, 2008).

Segundo Agostinho (2005), impacto ambiental é toda alteração no meio ambiente

provocada exclusivamente pela conduta ou atividade humana, atingindo direta ou

indiretamente a saúde, a segurança e o bem estar da população, atividades socioeconômicas, a

26

biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente ou a qualidade dos recursos

ambientais é considerada impacto ambiental. Este conceito de impacto ambiental foi extraído

da definição dada pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

001/86, no seu artigo 1°. Mas esse conceito é muito amplo, pode abranger desde uma simples

brisa até a explosão de uma bomba, pois ambas alteram as propriedades do ar, pelo qual é

preciso graduar ou qualificar o impacto ambiental.

Uma melhor explicação é dada por Branco (1984) que conceitua impacto ambiental

como "... uma poderosa influência exercida sobre o meio ambiente, provocando o

desequilíbrio do ecossistema natural." Segundo esta caracterização, o impacto ambiental não

é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o

desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a

capacidade de absorção do ambiente considerado. Em geral, pode-se dizer que segundo esta

explicação, o impacto ambiental é qualquer alteração produzida pelos homens e suas

atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção

desse ambiente.

Também a norma técnica NBR ISO 14001, por sua vez, conceitua impacto ambiental

como sendo qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo

ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.

A atividade petrolífera, segundo o que descreve Canter (1998), estabelece diversas

alterações ou impactos ambientais, dentre as quais se encontram:

- Alterações na superfície: eliminação da cobertura vegetal, clareiras, alteração nas

características do solo, erosão térmica, erosão hídrica, alteração na hidrologia superficial,

terraplagens, obstruções em superfícies;

27

- Alterações em cursos de água: Erosão em leitos de rios, aterramentos, construções de

canais, alteração na velocidade da corrente, obstrução do canal, alteração no substrato do

leito, redução do volume de água, qualidade da água alterada, drenagem do vale de lagos;

- Contaminação de solos: derrames de hidrocarbonetos, fluidos de sondagem, lixos;

- Contaminação da água: Sedimentos em suspensão, derrame de petróleo e

combustível, derrame de produtos químicos tóxicos, fluido de sondagem, águas de esgoto

sanitário;

- Contaminação do ar: geração de pó, emissões de caldeiras e instalações principais,

material particulado de incineradores e queimadores;

- Barulho e atividade: detonações, aeronaves, barulhos da atividade humana, aumento

da população local, dentre outros;

- Atividades humanas indiretas: caça e pesca, demandas de usos intensivos do solo,

aumento do processamento de lixo doméstico.

Com respeito a atividade petrolífera na Amazônia Brasileira, segundo Leyen (2008), a

perfuração pela Petrobrás, também avançou com a adoção de poços horizontais , que

reduziram o número de poços totais e a consequente redução da área desmatada na região. Em

cada clareira aberta para a perfuração de poços petrolíferos é feita a recomposição da

cobertura vegetal, mantendo-se apenas uma pequena área para os equipamentos de produção

de petróleo e gás natural. A área originalmente aberta, em média de 40mx120m, depois de

recomposta passa a ter 20m².

Na recomposição da cobertura vegetal das clareiras de perfuração foram utilizadas

amostras da flora nativa, coletadas antes de iniciar a abertura de uma nova clareira, e

reproduzidas em um viveiro de mudas, localizado em Urucu. A utilização de espécies nativas

da área desmatada buscou manter o equilíbrio entre a flora e a fauna no momento da

recomposição. O procedimento segue padrões documentados, previamente estabelecidos por

28

especialistas e revisados sistematicamente, de modo a incorporar novas técnicas de acordo

com a evolução do estado-da-arte e permitir avanços constantes nos resultados obtidos. Até o

ano 2008, cerca de 200 hectares já foram reflorestados, o que representa 97% da área

desmatada para a atividade produtiva na Província Petrolífera de Urucu (LEYEN, 2008).

2.6 Cobertura vegetal

Cobertura vegetal é uma área coberta pela projeção vertical das partes aéreas das

plantas que compõem um tipo de vegetação, ou de determinada espécie, ou de determinada

classe de tamanho. Segundo ACIESP (1997), existem três tipos de cobertura vegetal:

a) Cobertura da copa – toda área incluída dentro do contorno formado pela ligação

dos pontos extremos das copas e, assim, incluindo os espaços vazios entre as

copas;

b) Cobertura da ramagem – toda a área incluída dentro do contorno formado pela

ligação dos pontos extremos das folhas e caule de cada ramo, incluindo assim, os

espaços entre as folhas;

c) Cobertura da folhagem – área realmente coberta pelas folhas, ramos e caules,

excluindo, portanto, os espaços. Esta cobertura é biologicamente importante

porque sombreia o chão.

Segundo Ribeiro et al. (1999), os diversos ambientes de cobertura vegetal da

Amazônia Brasileira, podem ser descritos conforme o perfil exposto na Figura 3. Para

vegetação típica de floresta de terra firme, florestas que não são sazonalmente inundadas

periodicamente pelas cheias dos rios, são descritas quatro tipos de cobertura florestal: platô,

vertente, campinarana e baixio.

29

Figura 3. Representação dos diversos ambientes de cobertura vegetal FONTE:RIBEIRO et al., 1999.

As florestas de platô se apresentam nas áreas mais altas, com dossel de 35-40m, com

muitas árvores emergentes (acima de 45m), com maior biomassa e, no sub-bosque, muitas

palmeiras acaules. As florestas de vertentes caracterizam-se pela paisagem colinosa dissecada,

dossel de 25-35m e poucas árvores emergentes. As florestas de campinarana se apresentam

nas paleo-praias entre as áreas de baixio e vertentes, com grande acúmulo de serrapilheira,

dossel de 15-25m e poucas árvores de grande porte, menor biomassa e menor diversidade, alta

densidade de epífitas e no sub-bosque denso de arvoretas e arbustos. As florestas de baixio se

apresentam nas planícies aluviais ao longo dos igarapés, com dossel de 20-35m, com poucas

árvores emergentes, muitas palmeiras arbóreas e sub-bosque denso (RIBEIRO et al., 1999).

Por outra parte, o projeto RADAMBRASIL (LIMA, 2008) possibilitou uma visão

holística e integrada da Amazônia Brasileira em termos de vegetação, através de

levantamentos no terreno, associados a voos de baixa altura, com base na morfologia do

terreno, ressaltada nas imagens de radar e nas informações radiométricas das imagens de

LANDSAT-TM. A floresta Amazônica é também chamada e floresta latifoliada, mata pluvial

tropical e mata pluvial úmida.

Como resultado do estudo da vegetação pelo projeto RADAMBRASIL, foi realizada a

seguinte classificação das regiões fitoecológicas:

30

- Sabana (Cerrado e campos gerais);

- Estepe (Caatinga e campanha gaúcha);

- Sabana estépica;

- Vegetação lenhosa oligotrófica dos pantânos e acumulações arenosas;

- Floresta ombrófila densa;

- Floresta ombrófila aberta;

- Floresta ombrófila mista;

- Floresta estacional semidecidual;

- Floresta decidual;

- Áreas das formações pioneiras;

- Áreas de tensão ecológicas;

- Refúgios ecológicos.

O mapa de vegetação do Brasil gerado pelo projeto RADAMBRASIL com a

classificação das regiões fitoecológicas, assim como a demarcação do tipo de vegetação na

faixa da área de influência da atividade petrolífera, pode ser observado no Anexo 1.

2.7 Indicadores ambientais

Segundo Fogliatti et al (2008), a nova postura na última década do século XX em

relação ao meio ambiente ficou conhecida como Gestão Ambiental, que não é mais que os

procedimentos de diagnóstico, prognóstico e planos de ações de controle das atividades

desenvolvidas que devem ser definidos e implantados com a finalidade de reduzir os impactos

ambientais.

Canter (1997) estabelece que, para poder identificar e descrever as consequências do

impacto ambiental, é preciso estabelecer “Indicadores ambientais”, os quais se referem a

medidas simples de fatores ou espécies biológicas, dentro da hipótese de que estas medidas

são indicativas do sistema biofísico ou socioeconômico. Por outro lado, considera que um

31

“Índice ambiental” é um número ou uma classificação descritiva de uma grande quantidade de

dados ou informação ambiental cujo objetivo principal é simplificar essa informação para que

possa ser de utilidade na toma de decisões.

O desenvolvimento de índices numéricos ou de classificações da qualidade ambiental,

a vulnerabilidade do meio ou a contaminação potencial das atividades humanas, estão

associados com a realização de várias etapas genéricas. Estas incluem a identificação do fator,

a atribuição de pesos de importância relativa, o estabelecimento de funções de escala ou de

outros métodos de avaliação de fatores, a determinação e realização de um adequado método

de agregação e a aplicação e verificação em campo (CANTER, 1997).

No Brasil, os primeiros indicadores de desenvolvimento sustentável foram publicados

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2002 e 2004, baseados no

“Livro Azul” que a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CSD) das Nações Unidas

publicou em 1996, denominado inicialmente “Indicadores de desenvolvimento sostenible:

marco e metodologias”, que continha um conjunto de 143 indicadores e que, quatro anos

depois se reduziu a 57 indicadores. No ano 2002, foi apresentado ao Fórum Econômico

Mundial um Índice de Sustentabilidade Ambiental elaborado por pesquisadores de Yale e

Columbia, o qual pode ser calculado para 142 países e comparado com outros índices de

desenvolvimento (VEIGA, 2008).

Esse índice considera cinco dimensões: sistemas ambientais, estresses, vulnerabilidade

humana, capacidade social e institucional, e responsabilidade global. O primeiro, envolve

quatro sistemas: ar, água, solo e ecossistema. O segundo, considera estresse algum tipo muito

crítico de poluição, ou qualquer nível exorbitante de exploração de recurso natural. No

terceiro, a situação nutricional e as doenças relacionadas ao ambiente são entendidas como

vulnerabilidades humanas. A quarta dimensão se refere à existência de capacidade sócio

institucional para lidar com os problemas e desafios ambientais, e por último, na quinta,

32

entram os esforços e esquemas de cooperação internacional representativos da

responsabilidade global.

No Brasil, Lemos (apud SILVA; RIBEIRO, 2004), Silva e Ribeiro (2004), Fernandes

et al. (2005), quantificaram o nível de degradação ambiental dos municípios do Nordeste,

Acre e Minas Gerais, considerando quatro indicadores: um biológico, dois econômicos e um

demográfico. O indicador biológico está associado à cobertura vegetal de cada município,

sendo avaliado pelo somatório das áreas com matas e florestas nativas e plantadas, com

lavouras perenes e com lavouras temporárias, dividido pela área rural total do município. Os

indicadores econômicos foram definidos pela produtividade das lavouras e dos animais e o

indicador demográfico relaciona-se à capacidade das áreas com lavouras (perenes e

temporárias) e pastagens (naturais e plantadas) suportarem maior contingente de trabalhadores

nas atividades agropecuárias.

O Índice de Degradação Ambiental resultante para os município do Estado Acre,

resultou em promédio 30,74% e para os municípios do Estado Minas Gerais, obteve-se o ID

promédio de 86% (SILVA; RIBEIRO, 2004, FERNANDES et al., 2005) .

33

3. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

3.1. Área de estudo

A área de estudo abrange os municípios do estado Amazonas onde se desenvolvem

atividades pela empresa Petrobrás de maneira direta e indireta de exploração, refinação e

transporte de gás e petróleo. Entre estes minicípios se encontram: Coari, Codajás, Anori,

Anamã, Caapiranga, Manacapuru, Iranduba e Manaus. No município Coari a Petrobrás

desenvolve atividades de exploração de gás e petróleo, assim como o processamento destes

produtos e travessia do gasoduto Coari-Manaus. A figura 4 mostra uma imagem de satélite da

ecoregião da Amazônia e a porção específica da Amazônia Brasileira.

Figura 4. Ecorregião da Amazônia e Amazônia Brasileira. FONTE: Wikipedia, 2008.

O município onde se desenvolve a maior atividade de exploração e produção de gás e

petróleo é o município Coari, onde se encontra a Província Petrolífera de Urucu com 740

quilômetros de dutos que ligam os poços até o Pólo Industrial Arara, onde o petróleo e o Gás

Liquidificado de Petróleo GLP, seguem ao longo de 285 quilômetros de extensão dos dutos,

ligando a área de produção em Urucu ao terminal de Solimões, que está localizado a 16

quilômetros da sede do município de Coari (PETROBRÁS, 2008). Na figura 5, pode

observar-se uma vista aérea da Base Geólogo Pedro de Moura.

34

Figura 5. Base Geólogo Pedro de Moura. Urucu, AM. FONTE: Petrobras, 2005.

A adaptação dos dutos existentes entre Urucu e Coari e a construção do novo gasoduto

de Coari até Manaus, totalizam aproximadamente 670 km. São obras destinadas a levar o gás

natural desde Urucu até a REMAN, que permitirá alavancar o desenvolvimento do Pólo

Industrial de Manaus, que responde por quase 70% do PIB do Amazonas, além de expandir o

parque gerador de energia termelétrica e, também, substituir parte da gasolina consumida

como combustível veicular. O gás natural também beneficiará 217 mil pessoas dos sete

municípios em que atravessa (Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e

Iranduba, além de Manaus), onde a carência de energia elétrica é uma barreira ao

desenvolvimento e bem-estar da população (Atech, 2008).

Este empreendimento resultou em alguns impactos e alterações de paisagens e

comunidades em suas áreas de influência, seja durante as obras ou na sua operação. O

desmatamento ou afetação da cobertura vegetal é um impacto potencial, e foi selecionado

como objeto de estudo desta pesquisa. Dentre os municípios envolvidos na trajetória do

gasoduto Coari-Manaus se encontra também o município Manaus, onde está a refinaria

REMAN. Na figura 6, pode-se observar a distribuição geográfica dos municípios

influenciados pelo gasoduto Coari-Manaus.

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Figura 6. Visualização da área de influência do Gasoduto Coari-Manaus. FONTE: Mannarino, 2006.

Municípios de estudo

A descrição das características gerais dos municípios de estudo está baseada na

informação da Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009).

Em seguida, se apresentam os quadros com o resumo dos oito municípios de estudo.

Nº Caracteristicas Município Coari 1 Área 58834 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 65.222 Habitantes (IBGE, 2007)

4 P.I.B per capita 14.124 Reais (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Anori, Tapauá, Tefé, Codajás. 6 Altitude 40 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média/Clima 33 °C 8 Vegetação Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) 9 Solo Alissolo crômico (AC Argilúvico + PVA Distrófico + FX Distrófico) 10 Acesso Via fluvial, via aérea

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 363 Km. - Por via fluvial 463 Km.

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, avicultura, extrativismo vegetal, piscicultura, hortifruticultura. Setor Secundario: Indústria de madeira, tijolos, produtos alimentares, pescado, gelo e mobiliária. Setor Terciário: Comércio e serviço.

Quadro 1. Informação geral do Município Coari. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

36

N° Caracteristicas Município Codajás 1 Área 18940 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 16.025 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3.106 Reais (IBGE, 2006)

5 Municípios limitrofes Anamã, Anori, Coari, Barcelos, Novo Airão,Caapiranga, Codajás e Badajós.

6 Altitude 38 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 31,5 °C 8 Vegetação Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (IBGE, 2005) 9 Solo Plintossolo Háplico (FX Distrófico) (IBGE, 2005) 10 Acesso Via fluvial

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 240 Km. - Por via fluvial 166 milhas

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, extrativismo vegetal, pesca, avicultura, hortifruticultura. Setor Secundario: Indústria de madeira, tijolo, gelo, mobiliário e produtos alimentares. Setor Terciário: Comércio e serviço.

Quadro 2. Informação geral do Município Codajás. FONTE: FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

N° Caracteristicas Município Anori 1 Área 5.850 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 13.834 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3.154 Reais (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Anamã, Beruri, Tapauá, Coari, Codajás. 6 Altitude 36 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 27,8 °C 8 Vegetação Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (IBGE, 2005)

9 Solo Gleissolo Háplico (GX Ta Eutrófico+GX Ta Distrófico + RU Ta Eutrófico) (IBGE, 2005)

10 Acesso Via fluvial

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 195 Km. - Por via fluvial 220 Km.

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, avicultura, pesca e extrativismo vegetal. Setor Secundario: Indústria de olarias, serrarias, padarias e oficinas de móveis em madeira. Setor Terciário: Comércio e serviço

Quadro 3. Informação geral do Município Anori. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

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N° Caracteristicas Município Anamã 1 Área 2474 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 8.152 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3.464 (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Manacapuru, Beruri, Anori, Codajás e Caapiranga 6 Altitude 28 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 27°C 8 Vegetação Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (IBGE, 2005)

9 Solo Gleissolo Háplico (GX Ta Eutrófico+GX Ta Distrófico + RU Ta Eutrófico) (IBGE, 2005)

10 Acesso Via fluvial

11 Distância a Capital do Amazonas

Em linha reta179 Km

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, avicultura, extrativismo vegetal, hortifruticultura, piscicultura. Setor Secundario: Indústrias de madeira, gelo, produtos alimentares e mobiliário. Setor Terciário: Comércio e serviço

Quadro 4. Informação geral do Município Anamã. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

Quadro 5. Informação geral do Município Caapiranga. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

N° Caracteristicas Município Caapiranga 1 Área 9551 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 10.547 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3782 Reais (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Manacapuru, Anamã, Codajás, Novo Airão. 6 Altitude 34 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 27 °C 8 Vegetação Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial) (IBGE, 2005) 9 Solo Plintossolo Háplico (FX Distrófico) (IBGE, 2005)

10 Acesso Via fluvial

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 147 Km. - Por via fluvial 272,2 milhas.

12 Atividades Econômicas Setor Primaro: Agricultura, pecuaria, avicultura, pesca e extrativismo vegetal. Setor Secundario: Estabelecimentos Indústriais. Setor Terciário: Comércio e serviço

38

Quadro 6. Informação geral do Município Manacapuru. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

N° Caracteristicas Município Iranduba 1 Área 2228 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 32.869 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3.396 (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Careiro, Manaquiri, Manacapuru, Novo Airão e Manaus 6 Altitude 30 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 23 °C 8 Vegetação Área Antropizada (IBGE, 2005)

9 Solo Latossolo Amarelo (LA Distrófico + FF Concrecionário Distrófico) (IBGE, 2005)

10 Acesso Via fluvial e via terrestre

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 22 Km. - Por via terrestre 13 Km. - Por via fluvial 32 Km.

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, pesca, extrativismo vegetal, avicultura, piscicultura, hortifruticultura. Setor Secundario: Indústria de olarias, serrarias, frigoríficos, laticínios, panificadores. Setor Terciário: Comércio e serviço.

Quadro 7. . Informação geral do Município Iranduba. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

N° Caracteristicas Município Manacapuru 1 Área 7381 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 82.309 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 3.794 (IBGE, 2006) 5 Municípios limitrofes Iranduba, Manaquiri, Beruri, Anamã, Caapiranga, e Novo Airão. 6 Altitude 34 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 26 °C 8 Vegetação Área Antropizada 9 Solo Latossolo Amarelo (LA Distrófico + FF Concrecionário Distrófico) 10 Acesso Via Rodoviária, Via fluvial e via aérea

11 Distância a Capital do Amazonas

- Em linha reta 79 Km. - Por via terrestre 84 Km. - Por via fluvial 102 Km. - Por via aérea 79 Km.

12 Atividades Econômicas

Setor Primario: Agricultura, pecuaria, pesca, extrativismo vegetal, avicultura, piscicultura, fruticultura. Setor Secundario: Indústria de agropecuária, minerais não metálicos, metalúrgica, mecânica, materiais elétricos, material de transporte, madeira, mobiliário, papel, borracha, couro, produtos farmacêuticos e veterinários, materiais plásticos, têxtil, vestuário, bebida, fumo, editorial e gráfica, calçados, construção. Setor Terciário: Comércio e serviço.

39

N° Caracteristicas Município Manaus 1 Área 11474 km2 (INPE, 2008) 2 Localização 7º Sub-Região – Região do Rio Negro – Solimões 3 População 1.646.602 Habitantes (IBGE, 2007) 4 P.I.B per capita 18.902 (IBGE, 2006)

5 Municípios limitrofes Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Iranduba, Careiro, Novo Airão, Presidente Figueiredo.

6 Altitude 21 m acima do nível do mar. 7 Temperatura média 26 °C 8 Vegetação Área Antropizada (IBGE, 2005)

9 Solo Latossolo Amarelo (LA Distrófico) (IBGE, 2005) 10 Acesso Via Rodoviária, via fluvial e via aérea

11 Distância a Capital do Amazonas

0

12 Atividades Econômicas Setor Secundario: Indústrias Quadro 8. Informação geral do Município Manaus. FONTE: Biblioteca Virtual do Amazonas do Governo do Estado do Amazonas (2009), exeto as indicadas em cada característica.

40

3.2. Procedimentos metodológicos

3.2.1. Cálculo do nível de desmatamento pela atividade petrolífera

Imagens de RADARSAT-1

A base para o cálculo do nível de desmatamento gerado pela atividade petrolífera, foi

o monitoramento de imagens de radar para a detecção do desmatamento na área de estudo, o

qual foi realizado mediante o fornecimento dos serviços técnicos especializados da empresa

Atech “Tecnologias Críticas”, pertencente à Associação das Indústrias Aeroespaciais do

Brasil (AIAB).

O monitoramento realizado consistiu em dois anos de produção de imagens

ininterrupto da área dos dutos Urucu-Coari e Coari-Manaus, mediante o satélite canadense

RADARSAT-1. O desmatamento foi monitorado em oito (8) fases ou ciclos, que

correspondem aos ciclos de aquisições das imagens RADARSAT-1, coincidentes com o

regime hidrológico da região, conforme é presentado na tabela 1.

Tabela 1. Especificações dos ciclos de referência.

N° CICLO DATA DE AQUISIÇÃO PERÍODO HIDROLÓGICO DE

REFERÊNCIA

1° 02/08/2006 – 30/10/2006 Vazante 2° 02/11/2006 – 03/02/2007 Seca 3° 06/02/2007 – 10/05/2007 Enchente 4° 13/05/2007 – 14/08/2007 Cheia 5° 17/08/2007 – 18/11/2007 Vazante

6° 21/11/2007 – 22/02/2008 Seca 7° 25/02/2008 – 28/05/2008 Enchente 8° 31/05/2008 – 01/09/2008 Cheia

Fonte: ATECH, 2008

Para esta pesquisa foi selecionado o período hidrológico da seca no sexto ciclo de

monitoramento na data 21/11/2007 a 22/02/2008, porque durante esta época o solo fica mais

41

exposto, mostrando desta maneira as áreas desmatadas e se observa melhor o desmatamento

geral do cumulativo dos ciclos.

As especificações técnicas do RADARSAT-1 são apresentadas na tabela 2 e nas

figuras 7 e 8, podendo observa-se uns esquemas do radar e seu modo de atuação.

Tabela 2. Especificações técnicas do RADARSAT-1.

FONTE: Atech, 2008.

Figura 7. Visualização do RADARSAT-1. FONTE: Agência Espacial Canadense, 2009.

Aspecto Característica

Modo de Operação do Satélite Fine

Área Nominal Aproximada 50 X 50 km

Resolução espacial 8m

Ângulo de incidência Entre 36.4º e 47.8º (ângulos entre F1 e F5)

Frequência 5,3 GHz

Poder de transmissão (promedio) 300 W

42

Figura 8. Esquema de atuação do RADARSAT-1. FONTE: Agência Espacial Canadense, 2009.

Ao longo dos oito ciclos de aquisição de imagens, o mapeamento do desmatamento

foi realizado considerando a área de monitoramento (buffer zone) que compreende o total de

60 km ao longo do traçado do duto (Figura 9).

Para as análises de mapeamento do desmatamento foram considerados tanto os

produtos de desmatamento gerados por ciclo de monitoramento, quanto o produto de

desmatamento cumulativo. As análises foram realizadas para toda a área de trabalho (buffer)

do projeto sob duas abordagens, as quais levaram em consideração o relacionamento espacial

entre as feições de desmatamento e de proximidade da faixa de duto.

43

Figura 9. Área de abragência geográfica do monitoramento (buffer) no traçado dos dutos Urucu-Coari e Coari-Manaus. FONTE: Atech, 2008.

Para a análise final do desmatamento, foi adotado um buffer de 150m em torno dos

traçados da diretriz principal e ramais do empreendimento. As imagens do RADARSAT

foram reclassificadas apenas na área do buffer de 150m, o que permitiu uma melhor

individualização da classe desmatamento, considerando que a área de imagem e,

consequentemente, a variação radiométrica foram menores, além de somente considerar os

desmatamentos diretamente relacionados com faixa de duto A Figura 10 exemplifica este

critério para uma área selecionada no trecho Urucu.

44

Figura 10. Detalhe da área de buffer de 150m. FONTE: Atech, 2008.

Para o cálculo da área desmatada no ciclo 6, somente são considerados os polígonos

dentro do buffer 150m por cada trecho de obra. Porém, os mapas resultantes mostram o

desmatamento cumulativo em todos os ciclos com seguinte legenda de descrição:

Desmatamento Cumulativo:

1- Ocorre em um único ciclo

2- Ocorre em dois ciclos

3- Ocorre em três ciclos

4- Ocorre em quatro ciclos

5- Ocorre em cinco ciclos

6- Ocorre em seis ciclos

Para a visualização do desmatamento, objeto de estudo, foi escolhida a cor roxa para

o tramo de afetação do desmatamento como resultado da atividade petrolífera, e a cor cinza

para o tramo do gasoduto com travessia numa área com desmatamento pré-existente ou com

população humana assentada.

Desmatamento Ciclo de Estudo

Desmatamento município em estudo

Desmatamento Pré-Existente

45

Metodologia de Processamento das imagens

A metodologia de tratamento dos dados no monitoramento consistiu, de uma forma

geral, no processamento e manipulação digital das imagens RADARSAT-1 para extração de

feições de desmatamento, que inclui: filtragens, georreferenciamento, reamostragem,

reescaloamento, mosaicagem, classificação digital e vetorização. O software de

processamento de imagens utilizado foi o PCI Geomática 10.1. Complementarmente, o

Sistema de Informação Geográfica ArcGIS foi utilizado para realizar as edições vetoriais e

integração dos dados.

- Filtragem para Redução de Speckle

Com a finalidade de reduzir o ruído speckle inerentes às imagens de radar,

principalmente nas imagens do modo Fine do RADARSAT-1, onde o speckle é mais

acentuado em função deste dado ser processado em 1 look, foi aplicado o filtro FFROST,

tamanho 3x3, nas imagens em dois momentos diferentes: antes da etapa de

georreferenciamento e antes da classificação textural USTC.

O filtro FFROST é um filtro do tipo adaptativo que executa uma filtragem espacial em

cada pixel da imagem, usando os valores de nível cinza em uma janela de tamanho definido

em torno de cada pixel. Este tipo de filtro preserva o valor médio das áreas homogêneas e,

portanto, resulta numa preservação melhor da textura da imagem e uma perda menor de

informação.

- Georreferenciamento

O conjunto de imagens foi georreferenciado em duas etapas, a saber: a)

georreferenciamento através das informações de órbitas do satélite (orbit segment) e b) ajuste

com a banda pancromática ortorretificada do satélite Landsat-7.

46

Na primeira etapa, georreferenciamento através do orbit segment, foi feito um

georreferenciamento automático dos dados através do módulo OrthoEngine do PCI

Geomática 10.1, onde os pontos de referência utilizados no processo foram lidos diretamente

do arquivo de pontos do orbit segment ou segmento de órbita do satélite. O polinômio

especificado no processo foi de 2ª ordem.

Para melhor ajustar o resultado obtido na primeira etapa da correção, o processo de

georreferenciamento foi repetido, também no OrthoEngine do PCI Geomática, contudo, foi

realizada uma etapa de coleta de pontos de referência na imagem pancromática ortorretificada

do satélite Landasat-7, cujo grau de precisão geométrica é maior. O RMS (erro quadrático

médio) obtido para as imagens foi em torno de 0.8 pixel.

- Reamostragem e Reescalonamento

Após as etapas de georreferenciamento, as imagens tiveram o tamanho de pixel

reamostrado por média, onde passaram a ter o tamanho de pixel variando entre 12.05m e

12.1m. Posteriormente, considerando que, originalmente, as imagens não possuem o mesmo

tamanho de pixel, este valor foi fixado em 12m para efeito de uniformização dos dados. Numa

etapa seguinte, as imagens foram reescalonadas de 16bit para 8bit.

- Classificação Textural

A classificação das imagens RADARSAT-1 foi realizada utilizando-se o USTC

(Unsupervised Semivariogram Textural Classifier). Tal algoritmo emprega a função

semivariograma como um descritor de textura, considerando o valor do pixel no contexto de

seus vizinhos. O pacote é eficiente no tratamento digital de imagens RADARSAT-1, visando

discriminar áreas com rugosidade distinta na superfície. Este classificador é determinístico e

manipula informações texturais e radiométricas. A informação textural é descrita não só pela

47

forma e pelo valor da função semivariograma circular, mas também pelo valor da variância

dos DNs (digital numbers) numa vizinhança circular definida por uma grande distância (Lag

distance H). A informação radiométrica é representada pelos DNs das imagens após a

eliminação do efeito speckle (DNdsp), usando-se com essa finalidade o Filtro FFROST,

implementado no software PCI Geomatics 10.1.

- Mosaico de Imagens RADARSAT-1 Fine

As imagens RADARSAT-1 Fine foram mosaicadas a fim de se obter uma única

imagem (mosaico) para toda a área de monitoramento. Para tanto, utilizou-se o módulo

OrthoEngine do PCI Geomatica 10.1. Na figura 11, apresenta-se na forma analógica uma

articulação de cartas que abrange parte da região de monitoramento.

- Mosaico Classificado USTC

As imagens RADARSAT-1 Fine, classificadas USTC para unidades de paisagem,

foram mosaicadas a fim de se obter uma imagem classificada única (mosaico), correspondente

às áreas de monitoramento. Vale ressaltar que, considerando o intervalo de aquisição das

imagens, aproximadamente, três meses (tempo necessário para recobrir toda a área no modo

Fine), as imagens classificadas apresentam algumas descontinuidades de classificação nas

áreas de sobreposição, dificultando uma associação mais direta entre imagens. Estas

diferenças estão relacionadas, principalmente, aos corpos de água que sofrem grande variação

de nível. Para minimizar este problema, no processo de mosaicagem, foram geradas linhas de

cortes entre as imagens, procurando-se manter a coerência de classificação. Para este

processamento foi utilizado o módulo GCPWorks do PCI Geomatica 9.1, onde as imagens

classificadas, e as linhas de corte, foram inseridas manualmente. A figura 12 apresenta o

exemplo de mosaico classificado USTC mostrando os produtos de desmatamento cumulativo.

48

Figura 11. Imagem gerada do mosaico RADARSAT-1 fine. FONTE: Atech, 2008.

Figura 12. Classificação da Imagem RADARSAT-1 fine para apresentação do produto analogicamente do desmatamento acumulado. FONTE: Atech, 2008.

49

3.2.2. Cálculo do Índice de Degradação

Para o cálculo do Índice de Degradação (ID) foi utilizado como medida da proporção

de degradação da área dos municípios em estudo. Sua construção foi feita em duas etapas,

seguindo a metodologia estabelecida por Silva e Ribeiro (2004), Fernandes, et al. (2005),

todos eles baseados na metodologia estabelecida inicialmente por Lemos (apud SILVA;

RIBEIRO, 2004).

A construção dos índices parciais e totais de degradação nos municípios de estudo foi

feita com base na análise fatorial, por componentes principais. Análise Fatorial (AF) é uma

técnica estatística que busca, através da avaliação de um conjunto de variáveis, a identificação

de dimensões de variabilidade em comuns, existentes em um conjunto de fenômenos. O

intuito é desvendar estruturas existentes, mas que não observáveis diretamente. Cada uma

dessas dimensões de variabilidade comum recebe o nome de Fator; os fatores ou construtos

são variáveis hipotéticas, combinações lineares das variáveis observadas, que explicam partes

da variabilidade dos dados (CORRAR et al., 2009). Para todos os calculos é utilizado o

pacote estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).

O termo degradação ambiental segundo Silva e Ribeiro (2004), Fernandes, Cunha e

Silva (2005), todos eles baseados na metodologia estabelecida inicialmente por Lemos (apud

SILVA; RIBEIRO, 2004), refere-se aos danos causados ao meio ambiente por atividades

econômicas, aspectos populacionais e fatores biológicos. A construção do ID levou em

consideração cinco indicadores: um biológico, dois econômicos e um demográfico; e outro

indicador biológico adicional relacionado ao desmatamento gerado pela atividade petrolífera

no estado Amazonas.

Um dos indicadores biológicos está associado à cobertura vegetal de cada município

estudado, sendo esta avaliada pelo somatório das áreas com matas e florestas nativas e

plantadas, com lavouras perenes e com lavouras temporárias, sendo dividido pela área rural

50

total do município, e o outro é a proporção do desmatamento da cobertura vegetal do

município, que representa a área desmatada para cada município segundo o INPE, dividida

pela área desmatada pela atividade petrolífera no município em estudo.

Os dois indicadores econômicos foram definidos pela produtividade das lavouras e dos

animais. O primeiro foi obtido pela relação entre o valor da produção vegetal agregada do

município e a soma das áreas com lavouras perenes e temporárias. O segundo, pela divisão do

valor da produção animal do município pela área total com pastagens naturais e cultivadas

(SILVA E RIBEIRO, 2004, FERNANDES et al., 2005).

O indicador demográfico relaciona-se à capacidade das áreas com lavouras (perenes e

temporárias) e pastagens (naturais e plantadas) suportarem maior contingente de trabalhadores

nas atividades agropecuárias. Maior degradação das áreas significa ser menor a capacidade

delas em suportar maior contingente de trabalhadores por unidade. Esta variável é definida

pela relação entre a mão-de-obra total utilizada na zona rural do município, segundo o censo

agropecuário (2006), dividida pelo somatório das áreas com lavouras e pastagens desse

município (SILVA E RIBEIRO, 2004, FERNANDES et al., 2005).

- Estimação do Índice Parcial de Degradação (IPD)

Para estimar o IPD associado a cada um dos municípios de estudo, utilizou-se um

dos procedimentos existentes de análise multivariada. Mais especificamente, empregou-se o

método de análise fatorial com decomposição em Componentes Principais.

- Construção do IPD

Para a elaboração do IPD, utilizou-se da propriedade de ortogonalidade dos escores

fatoriais estimados, destacando-se que a ortogonalidade associada à matriz de fatores não

implica necessariamente na ortogonalidade dos escores fatoriais. Portanto, deve-se testar se os

escores fatoriais são ortogonais, observando-se a matriz de variância e covariância entre estes

51

escores, a qual deve ser uma identidade para que os escores fatoriais sejam ortogonais

(SILVA E RIBEIRO, 2004; FERNANDES et al., 2005).

O IPD foi estimado pela seguinte equação:

(Equação 1)

Onde:

- IPDi: é o índice parcial de degradação associado ao i-ésimo município en estudo

- Fij: são os escores fatoriais estimados segundo o procedimento de decomposição em

componentes principais.

- Construção do ID

Para construir o IDi associado ao i-ésimo município de estudo, utilizou-se a seguinte

equação:

(Equação 2)

Onde:

- Pj: são estimados por regressão múltipla

- IPDi: variável dependente e as variáveis explicativas são os indicadores

utilizados para a construção do ID

Como o estudo tem a intenção de identificar um número mínimo de fatores que

expliquem a parcela máxima da variância existente das variáveis originais, para a construção

de um índice geral denominado “IDP” (Índice de Degradação Parcial), o método de extração

dos fatores escolhido foi à análise de componentes principais.

52

Para a estrutura de agrupamento das variáveis com base no relacionamento, empregou-

se a Análise Fatorial R-mode factor analysis. Quanto ao critério para o ponto de corte do

autovalor (eigenvalue), aplicou-se o Kaiser Test, disponível no pacote estatístico SPSS, que

define o quanto o fator consegue explicar da variância total dos dados pode ser associada ao

fator, para tal o valor padronizado da variância deverá ser no mínimo maior que 1.

Para buscar soluções que expliquem o mesmo grau de variância total, empregou-se

uma rotação ortogonal denominada “Varimax”, e dentre os métodos foi utilizado o que tem

como característica o fato de minimizar a ocorrência de uma variável possuir altas cargas

fatoriais para diferentes fatores.

Para construir o ID, levou-se em consideração os quatro indicadores estabelecidos

por Silva e Ribeiro (2004), Fernandes, Cunha e Silva (2005), e inicialmente por Lemos

(2000), sendo um biológico, dois econômicos e um demográfico; mas para esta pesquisa foi

considerado outro indicador biológico adicional.

Ao final, resultaram cinco indicadores: dois biológicos, dois econômicos e um

demográfico. Um dos indicadores biológicos está associado à degradação da cobertura vegetal

de cada município (DECOBV), sendo avaliado pelo somatório das áreas com matas e

florestas nativas e plantadas, com lavouras perenes e com lavouras temporárias, dividido pela

área rural total do município. O outro indicador biológico considerado adicionalmente nesta

pesquisa, é a degradação por desmatamento (DEDESM), sendo considerado o desmatamento

de cada município causado pela atividade petrolífera, dividido entre o desmatamento total

declarado pelo INPE (2008). Os indicadores econômicos foram definidos pelo valor da

produtividade das lavouras (Degradação do valor da produçaõ vegetal DEVAVE) e dos

animais (Degradação do valor da produçaõ animal DEVANI). O indicador demográfico foi a

degradação mão-de-obra rural (DEMORU), a qual se relaciona à capacidade das áreas com

53

lavouras (perenes e temporárias) e pastagens (naturais e plantadas) que suportarem maior

contingente de trabalhadores nas atividades agropecuárias.

Considerando todo o exposto, as variáveis estabelecidas para determinar os

indicadores foram as seguintes:

- COBVi = cobertura vegetal do i-ésimo município, que é o somatório das áreas com matas e

florestas nativas e cultivadas mais as áreas com lavouras perenes e temporárias, dividida pela

área total do i-ésimo município en estudo;

- COBVREF = média do indicador COBVi dos 8 municípios;

- DESMi = proporção do desmatamento da cobertura vegetal do i-ésimo município, que

representa a área desmatada segundo INPE do município dividida pela área desmatada pela

atividade petrolífera no i-ésimo município en estudo;

- DESMREF= média do indicador DESMi nos 8 municípios;

- VAVEi = valor da produção vegetal do i-ésimo município em estudo dividida pela soma das

áreas com lavouras perenes e temporárias;

- VAVEREF = média do indicador VAVEi nos 8 municípios;

- VANIi = valor da produção animal do i-ésimo município em estudo dividida pela área total

com pastagens naturais e cultivadas;

- VANIREF = média do indicador VANIi nos 8 municípios;

- MORUi = total da mão de obra empregada no meio rural do município i-ésimo em estudo

dividida pelo somatório das áreas com lavouras e pastagens;

- MORUREF = média do indicador MORUi nos 8 municípios.

Com base nas variáveis citadas, passa-se a estruturar os indicadores que entram na

construção do IPD e do ID, cujas definições são as seguintes (SILVA E RIBEIRO, 2004,

FERNANDES; CUNHA E SILVA, 2005):

- DECOBV: degradação da cobertura vegetal de cada município;

54

- DEDESM: degradação por desmatamento da atividade petrolífera;

- DEVAVE: degradação do valor da produção vegetal;

- DEVANI: degradação do valor da produção animal;

- DEMORU: degradação na mão de obra rural;

- DECOBV (Xi1) = 0, quando COBV ≥COBVREF;

- DECOBV (Xi1) = [1 – (COBV/ COBVREF)]*100, nos demais casos;

- DEDESM (Xi1) = 0, quando DESM ≥DESMREF;

- DEDESM (Xi1) = [1 – (DESM/DESMREF)]*100, nos demais casos;

- DEVAVE (Xi2) = 0, quando VAVE ≥ VAVEREF;

- DEVAVE (Xi2) = [1 – (VAVE/ VAVEREF)]*100, nos demais casos;

- DEVANI (Xi3) = 0, quando VANI ≥ VANIREF;

- DEVANI (Xi3) = [1 – (VANI/ VANIREF)]*100, nos demais casos;

- DEMORU (Xi4) = 0, quando MORU ≥ PORUREF;

- DEMORU (Xi4) = [1 – (MORU/ PORUREF)]*100, nos demais casos.

Desta forma, tanto o IPD como o ID constituem-se em índices relativos de

degradação, que têm como referência os resultados observados nos 8 municípios do estudo.

Denominando a variável dependente IPD de Y e os indicadores de degradação DECOBV,

DEDESM, DEVAVE, DEVANI e DEMORU de X1, X2, X3, X4 e X5, respectivamente, as

condições de estabilidade do modelo são dadas por (LEMOS, 2000):

(Equação 3)

Onde: : variável dependente IPD : indicadores de degradação DECOBV, DEDESM, DEVAVE, DEVANI e DEMORU

555

1-51-5

55

4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1. O desmatamento gerado pela atividade petrolífera nos municípios do estado Amazonas.

A tabela 3 apresenta os resultados globais do desmatamento gerado pela atividade

petrolífera calculado para o ciclo 6, selecionado no período hidrológico da seca monitorado na

data 21/11/2007 a 22/02/2008, nos oito municípios do estado Amazonas envolvidos de

maneira direta ou indireta incluindo a recepção de gás com a travessia do ramal do gasoduto

Coari-Manaus.

Tabela 3. Resultados globais do desmatamento nos municípios do Estado Amazonas produto da atividade petrolífera, AM. 2009.

N° Municípios N° de Polígonos para cálculo de área

Área desmatada km2

1 Coari 3.415 39,43 2 Codajás 322 4,18 3 Anori 0 0,0 4 Anamã 587 5,34 5 Caapiranga 363 2,83 6 Manacapuru 178 2,07 7 Iranduba 40 1,25 8 Manaus * - 9,8

Total área desmatada 64,9 km2

*Se considera como área desmatada à área que ocupa a refinaria REMAN

A maior porcentagem (61%) do desmatamento dos oito municípios estudados do

estado Amazonas, está representado pelo município Coari, onde se realiza a maior parte do

trabalho de exploração e produção de petróleo e gás. Na figura 13, pode-se observar a

distribuição percentual do aporte de cada município do desmatamento total gerado pela

atividade petrolífera no estado do Amazonas.

Seguidamente, se encontra o município de Manaus com 15% da área desmatada,

considerando somente como desmatamento gerado pela atividade petrolífera, a área de 9,8

km2 que ocupa a refinaria REMAN (Petrobrás, 2008). Depois, está o município de Anamã

56

com 8% de nível de desmatamento como consequência da travessia do gasoduto com o

corespondente ramal para este município. No quarto lugar, se encontra o município de

Codajás com 7% aproximadamente de área desmatada pela trajetoria do gasoduto. Os

restantes municípios são considerados de menor impacto de desmatamento porque parte do

trajeto do gasoduto foi por áreas com desmatamentos pré-existentes, ou seja com população

humana assentada.

Figura 13. Distribuição percentual do nível de desmatamento gerado pela atividade petrolífera no estado Amazonas, AM. 2009.

A tabela 4 apresenta os dados comparativos de área desmatada ou porcentagem da

área desmatada cumulada até o ano 2008 de cada um dos oito municípios estudados em

relação a sua área territorial e com respeito a área desmatada informada pelo INPE (2008).

57

Tabela 4. Dados comparativos de área desmatada nos municípios estudados.

N° Municípios

Área Teritorial

km2

Área desmatada até 2008

km2

% Área Teritorial desmatada

Área desmatada x

Ativid. Petrolífera

km2 *

% Área Teritorial desmatada x Atividade Petrolífera*

% Área desmatada x Ativid. Petrol.*

vs. Área desmatada

1 Coari 58.834 741,3 1 39,43 0,07 5,31

2 Codajás 18.940 251,2 1 4,18 0,02 1,7

3 Anori 5.850 73,3 1 0,0 0,00 0

4 Anamã 2.474 73,3 1 5,34 0,22 7,28

5 Caapiranga 9.551 227,6 2 2,83 0,03 1,24

6 Manacapuru 7.381 713,7 10 2,07 0,03 0,3

7 Iranduba 2.228 450,2 20 1,25 0,06 0,28

8 Manaus 11.474 1.209,8 11 9,8 0,09 0,81

Fonte: INPE, 2008; * Dados da pesquisa, 2009.

58

Com relação ao impacto do desmatamento em consequência do trajeto do gasoduto

Coari-Manaus, considera-se somente 4,5 km2 de desmatamento no ramal do município Coari

até o limite com o município Coadajás (As outras áreas também são de desmatamento como

consequência da atividade petrolífera, mas eram antigas e consideram-se para o cálculo da

área total de desmatamento gerada pela atividae petrolífera), adicionado aos outros

municípios, exceptuando Manaus pela mesma razão. Como resultado se tem 20,17 km2 de

desmatamento na trajeto do Gasoduto desde o município Coari até Manaus. Na tabela 5 pode

observar-se os valores correspondentes das áreas desmatadas nos munípios de estudo.

Tabela 5. Áreas de desmatamento na travessia do Gasoduto Coari-Manaus, AM. 2009

N° Municípios N° de Polígonos para cálculo de

área

Área desmatada km2

1 Ramal Coari-Codajás 246 4,5 2 Codajás 322 4,18 3 Anori 0 0,0 4 Anamã 587 5,34 5 Caapiranga 363 2,83 6 Manacapuru 178 2,07 7 Iranduba 40 1,25

Total área desmatada pela travessia do gasoduto 20,17 km2

Para o ano 2008 o INPE informou uma área total de 12.911 km2 de desmatamento na

Amazônia, correspondendo ao estado do Amazonas uma área de 604 km2, segundo mostra a

tabela 6, representando este valor um aporte de 4,67 % na área total desmatada da Amazônia

Legal Brasileira para o ano 2008 (INPE, 2008).

59

Tabela 6. Taxa ou área de desmatamento anual (km2/ano). Estimativas anuais desde 1998 até 2008.

Estados\Ano 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08

Acre 536 441 547 419 883 1.078 728 592 398 184 254

Amazonas 670 720 612 634 885 1.558 1.232 775 788 610 604

Amapá 30 - - 7 0 25 46 33 30 39 100

Maranhão 1.012 1.230 1.065 958 1.014 993 755 922 651 613 1.272

Mato Grosso 6.466 6.963 6.369 7.703 7.892 10.405 11.814 7.145 4.333 2.678 3.258

Pará 5.829 5.111 6.671 5.237 7.452 7.145 8.870 5.899 5.592 5.526 5.606

Rondônia 2.041 2.358 2.465 2.673 3.099 3.597 3.858 3.244 2.049 1.611 1.136

Roraima 223 220 253 345 84 439 311 133 231 309 574

Tocantins 576 216 244 189 212 156 158 271 124 63 107

Amaz. Legal 17.383 17.259 18.226 18.165 21.523 25.396 27.772 19.014 14.196 11.633 12.911

FONTE: INPE, 2008.

60

Por outra parte, na tabela 7, pode observar-se o aporte do desmatamento cumulado até

o ano 2008 dos municípios em estudo, segundo relatorio do INPE (2008), assim como a

porcentagem com respeito a área total do município. Outro dado importante nesta tabela é a

área de floresta existente até o ano 2008.

No anexo 2, se encontra uma tabela global com os 62 municípios que conformam o

estado do Amazonas, destacando-se que o maior aporte do nível de desmatamento é por parte

do município de Lábrea com 3044,3 km2, e o menor aporte pelo município Japurá com 49,8

km2.

Segundo Fearnside (2006), os atores e as forças produtivas que conduzem ao

desmatamento da Amazônia Brasileira, variam entre partes diferentes da região, e variam ao

longo do tempo. Em geral, os grandes e médios fazendeiros respondem pela maioria da

atividade do desmatamento, mas os pequenos agricultores também podem atuar como forças

importantes nos lugares onde estão concentrados.

61

Tabela 7. Desmatamento cumulativo nos Municípios em estudo no estado Amazonas até o ano 2008

N° Municipio (Estado

Amazonas)

Area (km2)(*)

Desmata-mento até

2008 km2 (%)

Incremento 2007/2008

(%)

Floresta até 2008 (%)

Nuvem até 2008 (%)

Nao Observado

em 2008 (%)

Nao Floresta em 2008 (%)

Hidrografia em 2008 (%)

Check

1 Manaus 11.474 1209,8 (11%) 2,9 (0%) 8.700,6 (76%) 9,3 (0%) 3,1 (0%) 2,6 (0%) 1.548,6 (13%) 100

2 Coari 58.834 741,3 (1%) 3,3 (0%) 52.327,1 (89%) 2.178,7 (4%) 2,6 (0%) 821,5 (1%) 2.762,8 (5%) 100

3 Manacapuru 7.381 713,7 (10%) 2,2 (0%) 3.660,8 (50%) 779,7 (11%) 1,8 (0%) 804,5 (11%) 1.420,5 (19%) 101

4 Iranduba 2.228 450,2 (20%) 1,9 (0%) 1.039,3 (47%) 301,6 (14%) 1,2 (0%) 132,6 (6%) 303,1 (14%) 101

5 Codajás 18.940 251,2 (1%) 1,3 (0%) 14.923,0 (79%) 1.597,0 (8%) 2,7 (0%) 728,6 (4%) 1.437,5 (8%) 100

6 Caapiranga 9.551 227,6 (2%) 0,2 (0%) 8.431,5 (88%) 281,8 (3%) 0,6 (0%) 181,4 (2%) 428,1 (4%) 99

7 Anamã 2.474 188,7 (8%) 0,1 (0%) 1.969,8 (80%) 59,7 (2%) 0,4 (0%) 34,8 (1%) 220,6 (9%) 100

8 Anori (AM) 5.850 73,3 (1%) 0,8 (0%) 4.149,2 (71%) 553,6 (9%) 0,6 (0%) 640,2 (11%) 433,1 (7%) 99

FONTE: INPE 2008. (*) esta área foi extraída do polígono de cada municipio, baseando-se no mapa digital fornecido pelo IBGE na escala 1/2.500.000. Pode haver um diferença mínima em relação a área oficial divulgada pelo mesmo IBGE.

62

4.2. Resultados por município

Município de Coari

A localização geográfica das áreas de influência da atividade petrolífera neste

município, se encontram em áreas de floresta conservada, indicando que o fato do

desmatamento existente nos arredores das instalações petrolíferas, foi gerado por estas

operações. Neste município se encontra a Província petrolífera de Urucu, onde saem os dutos

de petróleo, gás liquifeito de petróleo GLP e gás natural até a cidade de Coari, onde se

encontram instalações para o armazenamento e um terminal para o transporte destes produtos

(Atech, 2008).

Como resultado do análise das áreas operacionais e os traçados dos dutos que

atravessam este município, obteve-se um total de 3.415 polígonos identificados como de

desmatamento dentro da faixa do buffer 150m, totalizando a área de 39,4 km2 distribuídos em

trechos que geram 3 mapas com a finalidade de observar a trajetória em estudo. Nas figuras

14, 15 e 16, pode-se observar as áreas de influência da atividade petrolífera numa faixa na cor

roxa e o desmatamento cumulativo total no município de Coari. Nesta área, são considerados

todos os polígonos dentro da área de buffer 150m, porque a trajetória dos dutos no município

de Coari é por área de floresta e vegetação eventualmente inundada pelo caudal das águas dos

rios.

63

Figura 14. Desmatamento ciclo 6 trecho área operacional Urucu. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

64

Figura 15. Desmatamento ciclo 6 trecho Urucu-Coari. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

65

Figura 16. Desmatamento ciclo 6 trecho Coari-Codajás. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

66

A tabela 8 apresenta o detalhamento das áreas desmatadas no município de Coari.

Tabela 8. Detalhe das áreas desmatadas no município de Coari.

A área operacional de Urucu (inaugurada em 1986) e o trecho do poliduto desde

Urucu até Coari (em funcionamento desde 1998) já estavam operando há muitos anos

(Petrobrás, 2005). O trecho de recente construção para o gasoduto Coari-Manaus, é o ramal

do gasoduto até o município de Codajás, considerando somente para a soma total da área

desmatada para o município Coari, a trajetória até o limite com o município de Codajás.

A distribuição de frequência das áreas dos polígonos selecionados no trecho do

gasoduto na área operacional de Urucu pode ser observado na figura 18, destacando-se o fato

da maior quantidade de polígonos de área desmarada (25,2%), estarem no intervalo de

frequência de 2500 a 5000 m2 e a menor (4,3%) no intervalo de 12500 a 15000 m2, sendo a

vegetação alterada do tipo “Floresta ombrófila densa aluvial com dossiel uniforme”, segundo

RADAMBRASIL (ATECH, 2008).

A visualização do trajeto dos polidutos desde Urucu até o terminal Solimões no

município Coari, pode ser observado na figura 17. O número de polígonos identificados

dentro da zona de buffer 150m, foi de 1546 totalizando uma área de desmatamento para este

trecho de 16,5 km2.

N° de Polígonos N° Trajetoria Para calcular área

Área km2

1 Urucu Operacional 1.623 18,4

2 Urucu-Coari 1.546 16,5

3 Trecho Coari Codajas 246 4,5

Sub-Total 3.415 39,4 km2

67

Figura 17. Distribuição de frequências no trecho dos polígonos observados na área Operacional de Urucu no município de Coari. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

A distribuição de frequência conforme a figura 18, as áreas dos polígonos no trecho

de Urucu até Coari, mostram que a maior quantidade de polígonos (24,7%) encontra-se no

intervalo de frequência de 2500 a 5000 m2, no entanto a menor quantidade (5,6%) esta no

intervalo de 12500 a 15000 m2.

Figura 18. Distribuição de frequências dos polígonos observados no trajeto de Urucu até Coari. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

m2

68

O número de polígonos identificados no trajeto do gasoduto desde Coari até o limite

com o município de Codajás foi de 246 totalizando um área de 4,54 km2 . A distribuição de

frequência nesta área apresenta-se na figura 19, sendo a maior quantidade de polígonos (28%)

no intervalo acima de 15000 m2 e a menor quantidade (2,8%) está no intervalo de 12500 a

15000 m2.

Figura 19. Distribuição de frequências dos poligonos observados na trajetoria do gasoduto desde Coari até

municipio de Codajás.

FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

Município de Codajás

No município de Codajás, a trajetória do gasoduto atravessa em sua maioria áreas de

floresta o que implicou o desmatamento, porém somente uma mínima parte é considerada

como desmatamento prexistente para todos os ciclos monitorados, ou seja, que atravessa área

com população humana assentada, razão pela qual se consideraram despresíveis. O número de

polígonos identificados dentro da zona de buffer 150m, foi de 322 totalizando uma área de

desmatamento para este município de 4,18 km2(Atech, 2008). A figura 20, mostra o mapa

com o desmatamento no ciclo 6 no trecho do gasoduto no município de Codajás.

m2

69

O gráfico de distribuição de frequência das áreas dos polígonos selecionados no

trecho de gasoduto do município de Codajás pode ser observado na figura 20, resultando a

maior quantidade de polígonos (25,2%) no intervalo de frequência acima de 15000 m2 e a

menor quantidade (2,8%) no intervalo de 12500 s 15000 m2, representando a tipologia de

vegetação predominante a “Floresta ombrófila densa aluvial com dossiel emergente”

(ATECH, 2008).

Figura 20. Distribuição de frequência dos polígonos observados no município de Codajás. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

m2

70

Figura 21. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Codajás. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

71

Município de Anamã

Este município é atravessado por dois ramais do gasoduto, um para o município

Anori e outro para a propria cidade de Anamã. O número de polígonos identificados de

desmatamento para este município foi de 587 totalizando um área de 5,34 km2 . Na figura 24,

observa-se na faixa cor rôxa o desmatamento considerado no trecho do gasoduto no município

Anamã.

O gráfico de distribuição de frequência das áreas dos polígonos selecionados nos

trechos de gasoduto no município de Anamã, pode-se observar na figura 22, sendo que a

maior quantidade de polígonos de desmatamento (26.9%) se encontra no intervalo de

frequência até 2500 m2 e a menor quantidade (4,6%) está no intervalo de 12500 a 15000 m2.

O tipo de vegetação alterada no município de Anamã foi “Floresta ombrófila densa aluvial

com dossiel uniforme”, segundo RADAMBRASIL (ATECH,2008).

Figura 22. Gráfico de distribuição de frequências dos polígonos observados no município de Anamã. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

m2

72

Figura 23. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Anamã. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

73

Município de Anori

O ramal do gasoduto que atravessa este município é muito curto representado a área

menor de influência ou afetação por desmatamento, porque tal como pode observar-se no

mapa de Anamã (figura 23), o ramal passa em sua totalidade por área com população humana

assentada, ou seja, com desmatamento pré-existente. Pelo anteriormente exposto, o município

Anori não foi considerado como de afetação da cobertura vegetal como consequência do

trajeto do gasoduto Coari-Manaus.

Município Caapiranga

O município de Caapiranga, ao igual que outros minicípios analisados, apresenta

grande parte do percurso do gasoduto passando por área de floresta, somente uma pequena

parte do ramal chega até a cidade, sendo esta área com população humana assentada. Na

figura 25, pode observa-se na cor roxa o desmatamento no tramo do gasoduto no município

Caapiranga.

O número de polígonos identificados para este município foi de 363 totalizando um

área de 2,83 km2. A distribuição de frequências das áreas dos polígonos selecionados no

trecho de gasoduto do município de Caapiranga, pode ser observado na figura 24, resultando

neste caso que a maior quantidade de polígonos (29,8%) encontra-se no intervalo de

frequência de 2500 a 5000 m2 e a menor (4,7%) no intervalo de 12500 a 15000 m2, sendo a

alteração da vegetação na tipologia “Floresta ombrófila densa aluvial com dossiel uniforme”,

segundo RADAMBRASIL (ATECH,2008).

74

Figura 24. Distribuição de frequências dos polígonos observados no município de Caapiranga. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

m2

75

Figura 257. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município Caapiranga. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

76

Município de Manacapuru

Uma grande parte do percorrido do gasoduto no município de Manacapuru, é por

área com população humana assentada. O número de polígonos identificados para este

município foi de 178, totalizando um área de 2,07 km2, identificada no mapa com a cor roxa,

os traços de cor cinza não foram considerados por estar atravessando área demográfica com

desmatamento pré-existente durante os 6 ciclos de monitoramento.

O gráfico de distribuição de frequências das áreas dos polígonos selecionados no

município de Manacapuru, pode ser observado na figura 26, sendo que a maior quantidade de

polígonos (29,8%) se encontra no intervalo de frequência de 2500 a 5000 m2, no entanto a

menor quantidade (2,8%) está no intervalo de 10000 a 12500 m2. A predominância da

vegetação alterada é do tipo “Floresta ombrófila densa aluvial com dossiel uniforme”,

segundo RADAMBRASIL (ATECH, 2008).

Figura 26. Distribuição de frequências no trecho dos polígonos observados no município Manacapuru. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

m2

77

A figura 27 apresenta a identificação dos tramos, sendo o de cor roxo o que identifica

o desmatamento do ciclo considerado.

78

Figura 27. Desmatamento ciclo 6 trecho gasoduto no município de Manacapuru. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

79

Município de Iranduba

A maioria da trajetória do gasoduto para o município de Iranduba, também foi por

área com população humana assentada, porém somente foi considerada um área mínima de

afetação por desmatamento, identificada pela faixa na cor roxa representando o desmatamento

cumulativo com 40 polígonos identificados que totalizam 1,25 km2.

A distribuição de frequências das áreas dos polígonos selecionados no trecho de

gasoduto para o município de Iranduba, pode observar-se na figura 28, resultando a maior

quantidade de poligonos (25%) nos intervalos de frequência acima de 30000 m2 e dos

menores até 5000 m2, na sua vez a menor quantidade de polígonos encontra-se no intervalo de

20000 a 25000 m2. A vegetação alterada no município de Iranduba foi do tipo “Floresta

ombrófila densa aluvial com dossiel uniforme”, segundo RADAMBRASIL (ATECH, 2008).

Figura 28. Distribuição de frequências no trecho dos poligonos observados no município de Iranduba. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

Na figura 29 pode se observar o município de Iranduba com uma mínima parte na

cor roxa, indicando o desmatamento do ciclo 6 considerado.

m2

80

Figura 298. Desmatamento cumulativo trecho gasoduto no município de Iranduba. FONTE: Dados elaborados a partir de Atech, 2008.

81

Município de Manaus

Manaus é a capital do estado Amazonas e está desmatada num 11% da totalidade de

sua extensão geográfica, segundo INPE (2008). Neste município se encontra a refinaria

Reman, a qual recebe o gasoduto e distribuirá o gás para a cidade. A consideração do

desmatamento foi assumido considerando a extensão geográfica da refineria Reman de 9,8

km2 (Petrobrás, 2008), resultando 15% do desmatamento total como resultado da construção

e operação da refineria Reman. A figura 29, além de apresentar a visualização do município

Iranduba com á área de população humana assentada, também apresenta grande parte do

município Manaus com visualização da área urbana ou antropizada.

4.3. Cálculo do Índice de Degradação

As variáveis a considerar para cada município em estudo foram baseadas na

informação do censo agropecuário de 2006, assim como também nos dados extraídos do

INPE (2008). A tabela 9 apresenta as varáveis biológicas, econômicas e a demográfica

consideradas para o estudo de cada município, as quais representam as bases para o cálculo do

indice de degradação.

A tabela 10 apresenta os indicadores considerando as variáveis escolhidas para o

estudo.

82

Tabela 9. Variáveis por municípios de estudo.

FONTE: Censo agropecuario, 2006.* INPE, 2008.

VARIÁVEIS

MUNICÍPIOS Área total Ha* Cobertura

Vegetal Ha

Valor Prod. Vegetal

R$

Área Lav. Perenes e

Temporar. Ha

Valor Prod. Animal

R$

Área Pastagem naturais e cultivados

Ha

Total mão obra

empregada meio rural

Área lavouras

mais pastagens

Ha

Coari 5.883.400 46.333 14.953.000 50.402 10.000 6.326 12.967 56.728

Codajás 1.894.000 5.858 22.323.000 24.517 0 350 2.874 24.867

Anori 585.000 2.908 6.326.000 21.165 5.000 79 6.167 21.244

Anamã 247.400 1.416 571.000 7.309 0 714 3.161 8.023

Caapiranga 955.100 13.990 1.404.000 4.911 0 64 2.392 4.975

Manacapuru 738.100 45.057 12.105.000 13.343 497.000 3.052 16.485 16.395

Iranduba 222.800 5.261 2.749.000 79.590 216.000 6.762 6.166 86.352

Manaus 1.147.400 35.484 8.687.000 9.088 21.326.000 1.155 4.665 10.243

83

Tabela 10. Indicadores por municípios de estudo.

INDICADORES

MUNICÍPIOS COBVi COBVref DESMi DESMref VAVEi VAVEref VANIi VANIref MORUi MORUref

Coari 0,016 0,078 0,053 0,016 296,670 470,965 1,580 2340,470 0,229 0,380 Codajás 0,016 0,078 0,017 0,016 910,510 470,965 0,000 2340,470 0,116 0,380 Anori 0,041 0,078 0,000 0,016 298,880 470,965 63,291 2340,470 0,290 0,380 Anamã 0,035 0,078 0,028 0,016 78,120 470,965 0,000 2340,470 0,394 0,380 Caapiranga 0,020 0,078 0,012 0,016 285,890 470,965 0,000 2340,470 0,481 0,380 Manacapuru 0,079 0,078 0,003 0,016 907,220 470,965 162,840 2340,470 1,005 0,380 Iranduba 0,381 0,078 0,003 0,016 34,540 470,965 31,940 2340,470 0,071 0,380 Manaus 0,039 0,078 0,008 0,016 955,880 470,965 18464,070 2340,470 0,455 0,380

Médias 0,078 - 0,016 470,965 - 2.340,470 - 0,380 -

Lenda: COBV: Cobertura Vegetal DESM: Desmatamento VAVE: Valor da produção vegetal VANI: Valor da produção animal MORU: Mão de obra rural i: i-ésimo município ref: Média do indicador

84

Os dados originais viabilizam a utilização da AF de forma razoável, pois o teste de

Kaiser-Meyer-Olkin (Measure of Sampling Adequacy-MSA) indicou um grau de explicação

de 0,508 (Ver tabela 11), o que significa um razoável poder de explicação entre fatores e as

variáveis (CORRAR et al., 2009).

Tabela 11. Teste de KMO e Bartlett

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. 0,508

Approx. Chi-Square 6,189

df 10 Bartlett's Test of Sphericity

Sig. 0,799

O resultado obtido para o teste Esfericidade de Bartlett apresentou o percentual da

distribuição aproximada Qui-Quadrado igual 6,18 com 6 graus de liberdade, para um nível de

significância de 0,799, o que demonstrou uma correlação baixa para as variáveis.

Os resultados indicam que as CINCO variáveis reduziram-se a dois fatores (ver Tabela

12). O primeiro fator apresenta maiores coeficientes de saturação com as variáveis DECOBV

e DEDESM, enquanto o segundo apresenta-se mais correlacionado com as variáveis

DEVAVE e DEVANI. Estes dois fatores explicam, conjuntamente, o 69,87% da variação

total observada nos cinco indicadores iniciais.

85

Tabela 12. Cargas fatoriais e coeficientes estimados utilizados para estimar os escores fatoriais após rotação varimax.

Variáveis Cargas Fatoriais – Rotação

Varimax Coeficientes utilizados para estimar

os escores

1 2 1 2

DECOBV - 0,940 - 0,112 - 0,521 - 0,047

DEDESM 0,935 - 0,066 0,523 - 0,059

DEMORU 0,035 0,674 0,005 0,397

DEVANI - 0,133 0,810 - 0,091 0,481

DEVAVE 0,139 0,754 0,062 0,442

Com base nos dados das variáveis de cada município em estudo (ver tabela 9) e com

os dados dos indicadores econômicos, biológico e demográfico (ver tabela 10) e utilizando-se

dos escores fatoriais obtidos com o método de análise fatorial (ver tabela 10), foi possível

estimar o IPD como está explícito na equação (1). Uma vez estimado, o IPD (ver Tabela 13) e

após encontrar os pesos associados a cada um dos indicadores (ver Tabela 14), os quais foram

obtidos por meio de uma análise de regressão linear em que o IPD foi a variável dependente e

DEVANI, DEDESM, DEVAVE, DEMORU e DECOBV foram as variáveis independentes,

pode-se, então, estimar o ID.

Na tabela 13, apresentam-se os resultados dos Indicadores e os Indices de degradação

ambiental por cada município de estudo.

86

Tabela13. Indicadores e Índices por municípios de estudo.

INDICADORES DE DEGRADAÇÃO ÍNDICES

MUNICÍPIOS DECOBV DEDESM DEVAVE DEVANI DEMORU IPD %

ID %

Coari 79,04 0,00 37,01 99,93 39,88 1,12 1,56 Codajás 79,55 0,00 0,00 100,00 69,60 1,99 1,25 Anori 47,54 100,00 36,54 97,30 23,65 0,71 0,17 Anamã 55,04 0,00 83,41 100,00 0,00 1,85 1,18 Caapiranga 74,77 19,99 39,30 100,00 0,00 1,09 0,60 Manacapuru 0,00 81,34 0,00 93,04 0,00 1,35 0,92 Iranduba 0,00 82,13 92,67 98,64 81,22 2,02 1,56 Manaus 50,48 47,87 0,00 0,00 0,00 1,96 1,48

Média 48,30 41,42 36,11 86,11 26,79 1,51 1,09 Desvio Padrão 32,38 41,97 36,57 34,88 33,48 0,51 0,50 Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,71 0,17 Máximo 79,55 100,00 92,67 100,00 81,22 2,02 1,56

Os resultados com valor zero, como no caso do município de Coari com variável

DEDESM=0, foi originado pela relação estabelecida na metodologia estabelecida (SILVA E

RIBEIRO, 2004, FERNANDES et al., 2005):

- DEDESM (Xi1) = 0, quando DESM ≥DESMREF e

- DECOBV (Xi1) = [1 – (COBV/ COBVREF)]*100, nos demais casos

O mesmo critério aplicou-se para o resto das variáveis.

Como pode ser visto na tabela 14, as duas variáveis BIOLÓGICAS (DECOBV e

DEDESM) são as que mais influenciam o IPD e, consequentemente o ID, o que pode ser

constatado observando-se os impactos dados pelas elasticidades. Em outros termos, pode-se

dizer que uma variação de 1% na variável DECOBV ocasiona uma variação EM MÉDIA DE

-0,03% no IDP. Por outro lado, uma variação de 1% em DEDESM ocasiona uma variação

MÉDIA DE -0,009% no IPD, sendo estas as elasticidades mais significativas.

87

Tabela14. Pesos e Elasticidades associados ao IPD

Variáveis Pesos Elasticidade

DECOBV 0,110 -0,030 DEDESM 0,391 -0,009 DEMORU 0,074 0,024 DEVANI 0,038 -0,035 DEVAVE 0,585 0,004

Os resultados apresentados na Tabela 13 indicam que os municípios com atividade

petrolífera de maneira direta e indireta, possuem um Índice de Degradação Ambiental em

média de 1,09%, considerando os cinco indicadores estabelecidos, o qual pode ser

considerado como um valor baixo, ou seja uma influência poco significativa da atividade

petrolífera na cobertura vegetal nos municípios estudados, em comparação do Índice de

Degradação Ambiental para os municípios do Estado Acre (ID promédio de 30,74%) e para

os munícipios do Estado Minas Gerais (ID promédio de 86%) (SILVA E RIBEIRO, 2004,

FERNANDES et al., 2005).

Por outra parte, o município com menor Índice de Degradação Ambiental ID é Anori

com 0,17%, seguido de tendo como ID mínimo o município de Anori com ID de 0,17%,

seguido do município de Anamã com 0,18%.

Por outro lado, os municípios com maior ID foram o município Coari e o município

Iranduba, resultando os dois com 1,56%, seguido do município Manaus com 1,48% na

degradação ambiental. No caso do município Coari, é o que apresenta maior área territorial

(58834 km2), é um dos menores niveis de desmatamento, segundo INPE (2008), somente 1%

do território está identificado com desmatamento, mas os indicadores de Degradação da

Cobertura Vegetal DECOBV (79,04%) e Degradação do Valor Animal DEVANI (e 99, 93%)

foram os que mais contribuiram para apresentar o maior índice de degradação ID para o

município Coari.

88

Cabe destacar que, apesar do fato da extensão territorial do município de Iranduba ser

muito menor do que a do município de Coari em aproximadamente 96,2%, o desmatamento

informado pelo INPE (2008) é de 20% para este município, o qual influi nos elevados

indicadores de Degradação por Desmatamento DEDESM (82,13%), Degradação do valor

Vegetal DEVAVE(92,67), Degradação do Valor Animal DEVANI(98,64) e Degradação da

Mão de Obra Rural DEMORU(81,22), trazendo como consequência um ID de 1,56% para o

município de Iranduba. Com respeito ao município de Manaus, sua área teritorial é de 11474

km2 e apresenta um nível de desmatamento de 11% segundo INPE (2008), o segundo maior

depois do município de Iranduba, sendo os indicadores Degradação do valor Vegetal

DECOBV (50,48%) e Degradação por Desmatamento DEDESM (47,87%) os que

influenciaram na degradação gerando um ID de 1,48%.

Considerando o cumulativo do desmatamento no estado do Amazonas desde o ano

1988 até o ano 2008, que foi de 18.533 km2 (INPE, 2008), e o desmatamento cumulado

gerado pela atividade petrolífera até o ano 2008 que resultou em 64,9 km2, o qual representa

0,35% do nivel de desmatamento total no estado do Amazonas, gerado por este tipo de

atividade.

89

CONCLUSÃO

O total do nível de desmatamento nos oito municípios de estudo no estado do

Amazonas, gerado como consequência da atividade petrolífera foi de 64,9 km2, considerando

as imagens de RADARSAT no sexto ciclo de monitoramento correspondente ao período

higrológico de seca. A maioria da cobertura vegetal alterada foi do tipo “Floresta ombrófila

densa”. Desta área, o município de Coari apresentou a maior porcentagem (61%) no total do

desmatamento, por ser a região onde se realiza a maior parte do trabalho de exploração e

produção de petróleo e gás natural.

Seguidamente, se encontra o município de Manaus com 15% da área desmatada (em

relação a sua área territorial e com respeito a área desmatada informada pelo INPE, 2008),

depois está o município Anamã com 8% de nível de desmatamento como consequência do

trajeto do gasoduto com o correspondente ramal para este município. No quarto lugar, se

encontra o município Codajás com 7% aproximadamente de área desmatada pela travessia e

ramal do gasoduto. O restante dos municípios são considerados de menor impacto de

desmatamento porque o trajeto do gasoduto foi por áreas com desmatamentos pré-existentes,

ou seja em áreas com população humana assentada.

O impacto na cobertura vegetal de desmatamento como consequência da trajetória do

gasoduto Coari-Manaus, resultou em aproximadamente 20,17 km2, representando 31% do

total de 64,9 km2 desmatados em total pela atividade petrolífera.

Vale a pena salientar o fato de que parte da área desmatada pela atividade petrolífera

foi recuperada mediante o reflorestamento das áreas degradadas com plantas nativas da

região. Até o ano 2008, aproximadamente 200 hectares já foram reflorestados, o que

representa 97% da área desmatada para a atividade produtiva na Província Petrolífera de

Urucu.

90

En geral, pode-se concluir que a atividade de exploração e produção de petróleo,

assim como a distrução do gás, não promoveram impactos na cobertura vegetal pelo

desmatamento nos municípios de estudo.

Um aspecto importante a ressaltar é que no censo agropecuário do ano 2006, os dados

da variável cobertura vegetal para cada município, difere muito da área de cobertura vegetal

publicada pelo INPE, para o mesmo ano 2006. Este aspecto influi consideravelmente no

cálculo dos índices de degradação, especificamente no DECOBV.

91

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95

ANEXOS

96

ANEXO 1

Fonte: Lima, 2008

97

Tipo de Vegetação na área da atividade petrolífera segundo projeto RADAMBRASIL

Lenda:

Fonte: ATECH, 2008

98

ANEXO 2

Desflorestamento nos Municípios da Amazônia Legal para o ano de 2008

Estado Amazonas

Nº Municipio (Estado) Area (km2)(*)

Desmata-mento até

2008 km2 (%)

Incremento 2007/2008

(%)

Floresta até 2008 (%)

Nuvem até 2008 (%)

Nao Observado

em 2008 (%)

Nao Floresta em 2008 (%)

Hidrografia em 2008 (%)

Check

1 Lábrea 69.669 3.044,3 (4%) 67,8 (0%) 63.579,2 (91%) 798,1 (1%) 8.8 (0%) 1792.2 (3%) 446.4 (1%) 100

2 Boca do Acre 23.013 1.875,0 (8%) 35,5 (0%) 20.945,3 (91%) 1,4 (0%) 1.9 (0%) 58.1 (0%) 131.3 (1%) 100

3 Itacoatiara 8.926 1.642,9 (18%) 27,5 (0%) 4.768,0 (53%) 18,2 (0%) 3.4 (0%) 829.4 (9%) 1664.1 (19%) 99

4 Apuí 54.481 1.600,4 (3%) 71,3 (0%) 51.768,0 (95%) 264,8 (0%) 15.2 (0%) 624.1 (1%) 208.5 (0%) 99

5 Manicoré 48.687 1.447,7 (3%) 41,2 (0%) 42.247,1 (87%) 2,5 (0%) 17.4 (0%) 4145.8 (9%) 826.5 (2%) 101

6 Maués 40.079 1.253,6 (3%) 19,7 (0%) 36.627,2 (91%) 26,2 (0%) 6.2 (0%) 873.7 (2%) 1292.1 (3%) 99

7 Manaus 11.474 1.209,8 (11%) 2,9 (0%) 8.700,6 (76%) 9,3 (0%) 3.1 (0%) 2.6 (0%) 1548.6 (13%) 100

8 Autazes 7.634 1.168,6 (15%) 40,8 (1%) 4.972,4 (65%) 12,7 (0%) 3.0 (0%) 464.2 (6%) 1013.1 (13%) 99

9 São Gabriel da Cachoeira 112.501 1.158,6 (1%) 9,2 (0%) 81.110,8 (72%) 27.862,6 (25%) 394.7 (0%) 489.5 (0%) 1484.8 (1%) 99

10 Careiro 6.126 1.071,5 (17%) 6,1 (0%) 4.559,4 (74%) 92,7 (2%) 1.4 (0%) 80.8 (1%) 320.2 (5%) 99

11 Parintins 5.961 920,9 (15%) 4,9 (0%) 1.450,8 (24%) 172,4 (3%) 2.6 (0%) 1132.3 (19%) 2282.0 (38%) 99

12 Canutama 30.283 849,2 (3%) 38,3 (0%) 28.077,2 (93%) 67,5 (0%) 5.3 (0%) 988.3 (3%) 295.5 (1%) 100

13 Novo Aripuanã 41.459 844,0 (2%) 63,1 (0%) 38.070,2 (92%) 152,5 (0%) 27.8 (0%) 1623.2 (4%) 741.3 (2%) 100

14 Guajará 9.389 743,2 (8%) 4,3 (0%) 8.327,2 (89%) 37,7 (0%) 0.0 (0%) 273.9 (3%) 7.0 (0%) 100

15 Coari 58.834 741,3 (1%) 3,3 (0%) 52.327,1 (89%) 2.178,7 (4%) 2.6 (0%) 821.5 (1%) 2762.8 (5%) 100

16 Barreirinha 5.759 717,9 (12%) 7,8 (0%) 3.486,0 (61%) 186,7 (3%) 2.2 (0%) 408.8 (7%) 957.4 (17%) 100

17 Manacapuru 7.381 713,7 (10%) 2,2 (0%) 3.660,8 (50%) 779,7 (11%) 1.8 (0%) 804.5 (11%) 1420.5 (19%) 101

18 Presid. Figueiredo 25.567 677,2 (3%) 19,1 (0%) 20.502,2 (80%) 957,7 (4%) 9.2 (0%) 1.0 (0%) 3419.7 (13%) 100

19 Humaitá 33.431 650,6 (2%) 21,0 (0%) 28.854,7 (86%) 20,0 (0%) 2.0 (0%) 3120.5 (9%) 783.2 (2%) 99

20 Envira 13.904 638,8 (5%) 21,4 (0%) 13.177,6 (95%) 0,0 (0%) 5.3 (0%) 0.1 (0%) 82.2 (1%) 101

21 Tefé 24.187 608,6 (3%) 10,2 (0%) 22.051,2 (91%) 634,2 (3%) 3.8 (0%) 168.5 (1%) 720.7 (3%) 101

22 Rio Preto da Eva 5.839 549,3 (9%) 6,7 (0%) 5.276,2 (90%) 0,6 (0%) 2.4 (0%) 0.0 (0%) 10.5 (0%) 99

23 Borba 44.453 492,3 (1%) 8,7 (0%) 41.514,5 (93%) 9,0 (0%) 13.0 (0%) 587.2 (1%) 1837.0 (4%) 99

24 Manaquiri 4.003 478,7 (12%) 0,7 (0%) 3.032,0 (76%) 97,7 (2%) 0.2 (0%) 106.7 (3%) 287.7 (7%) 100

25 Careiro da Várzea 2.641 466,7 (18%) 13,9 (1%) 835,3 (32%) 0,9 (0%) 0.8 (0%) 708.4 (27%) 628.9 (24%) 101

26 Iranduba 2..228 450,2 (20%) 1,9 (0%) 1.039,3 (47%) 301,6 (14%) 1.2 (0%) 132.6 (6%) 303.1 (14%) 101

27 Nhamundá 14.135 445,8 (3%) 0,8 (0%) 10.761,7 (76%) 1.474,1 (10%) 3.0 (0%) 342.6 (2%) 1107.8 (8%) 99

28 Silves 3.758 421,0 (11%) 2,9 (0%) 2.198,0 (58%) 410.5 (11%) 1.2 (0%) 128.1 (3%) 599.2 (16%) 99

29 Nova Olinda do Norte 5.624 399,3 (7%) 6,4 (0%) 4.493,3 (80%) 13.9 (0%) 1.7 (0%) 281.7 (5%) 434.1 (8%) 100

30 Eirunepé 16.471 362,2 (2%) 3,5 (0%) 15.741,6 (96%) 5.4 (0%) 5.2 (0%) 174.6 (1%) 182.0 (1%) 100

(*) esta área foi extraída do polígono de cada municipio, baseando-se no mapa digital fornecido pelo IBGE na escala 1/2.500.000. Pode haver um diferença mínima em relação a área oficial divulgada pelo mesmo IBGE.

99

Desflorestamento nos Municípios da Amazônia Legal p ara o ano de 2008 Estado Amazonas

Anexo 1. Desflorestamento nos Municípios da Amazônia Legal para o ano de 2008.Estado Amazonas. Fonte: <http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php>

Nr Municipio (Estado) Area (km2)(*)

Desmata-mento até

até 2008 (%)

Incremento 2007/2008

(%)

Floresta até 2008 (%)

Nuvem até 2008 (%)

Nao Observado

em 2008 (%)

Nao Floresta em 2008 (%)

Hidrografia em 2008 (%) Check

31 Urucará 28014 322.7 (1%) 2.3 (0%) 25351.8 (90%) 1268.0 (5%) 2.2 (0%) 422.9 (2%) 646.4 (2%) 100

32 Alvarães 6029 300.4 (5%) 10.2 (0%) 5173.8 (86%) 386.5 (6%) 1.5 (0%) 39.0 (1%) 127.8 (2%) 100

33 Carauari 26472 289.6 (1%) 2.5 (0%) 25685.9 (97%) 78.4 (0%) 7.1 (0%) 12.7 (0%) 398.3 (2%) 100

34 Tapauá 90959 285.1 (0%) 3.5 (0%) 84305.2 (93%) 2706.2 (3%) 1.9 (0%) 2159.9 (2%) 1500.7 (2%) 100

35 Codajás 18940 251.2 (1%) 1.3 (0%) 14923.0 (79%) 1597.0 (8%) 2.7 (0%) 728.6 (4%) 1437.5 (8%) 100

36 Uarini 10449 230.8 (2%) 6.7 (0%) 9500.6 (91%) 180.3 (2%) 2.2 (0%) 100.6 (1%) 434.5 (4%) 100

37 Caapiranga 9551 227.6 (2%) 0.2 (0%) 8431.5 (88%) 281.8 (3%) 0.6 (0%) 181.4 (2%) 428.1 (4%) 99

38 Atalaia do Norte 80044 226.5 (0%) 1.3 (0%) 77369.6 (97%) 1700.6 (2%) 328.2 (0%) 16.9 (0%) 402.2 (1%) 100

39 Jutaí 71771 224.5 (0%) 3.9 (0%) 67388.5 (94%) 2890.9 (4%) 9.6 (0%) 96.8 (0%) 1160.7 (2%) 100

40 Pauini 44594 208.6 (0%) 3.3 (0%) 41500.6 (93%) 2597.6 (6%) 2.3 (0%) 23.7 (0%) 261.2 (1%) 100

41 Ipixuna 14195 207.7 (1%) 5.1 (0%) 13814.1 (97%) 36.7 (0%) 0.6 (0%) 65.7 (0%) 70.2 (0%) 98

42 Santa Isabel do Rio Negro 64132 202.8 (0%) 1.5 (0%) 58887.5 (92%) 3381.4 (5%) 79.7 (0%) 948.6 (1%) 632.0 (1%) 99

43 Boa Vista do Ramos 2588 189.7 (7%) 0.3 (0%) 1125.9 (44%) 10.8 (0%) 1.1 (0%) 854.0 (33%) 406.5 (16%) 100

44 Beruri 17412 189.4 (1%) 2.5 (0%) 15707.2 (90%) 55.6 (0%) 2.7 (0%) 884.9 (5%) 572.2 (3%) 99

45 Anamã 2474 188.7 (8%) 0.1 (0%) 1969.8 (80%) 59.7 (2%) 0.4 (0%) 34.8 (1%) 220.6 (9%) 100

46 Barcelos 124166 188.3 (0%) 1.5 (0%) 89384.9 (72%) 12959.5 (10%) 82.8 (0%) 17049.5 (14%) 4501.0 (4%) 100

47 São Sebastião do Uatumã 10775 187.5 (2%) 5.5 (0%) 7990.2 (74%) 1903.1 (18%) 2.2 (0%) 65.3 (1%) 626.7 (6%) 101

48 Benjamin Constant 9151 175.2 (2%) 0.6 (0%) 7733.5 (85%) 1018.4 (11%) 17.4 (0%) 0.0 (0%) 206.5 (2%) 100

49 São Paulo de Olivença 20470 166.2 (1%) 0.3 (0%) 13091.8 (64%) 6532.8 (32%) 3.2 (0%) 85.4 (0%) 590.6 (3%) 100

50 Juruá 19848 139.3 (1%) 2.9 (0%) 16922.5 (85%) 1897.8 (10%) 12.0 (0%) 142.0 (1%) 734.4 (4%) 101

51 Tabatinga 3346 134.8 (4%) 1.1 (0%) 858.2 (26%) 2264.1 (68%) 36.6 (1%) 1.3 (0%) 51.0 (2%) 101

52 Itapiranga 4245 128.5 (3%) 1.2 (0%) 3371.1 (79%) 419.3 (10%) 0.8 (0%) 155.9 (4%) 169.4 (4%) 100

53 Santo Antônio do Içá 12746 128.0 (1%) 1.0 (0%) 11282.3 (89%) 704.6 (6%) 86.0 (1%) 90.4 (1%) 454.7 (4%) 102

54 Itamarati 26048 116.4 (0%) 1.6 (0%) 21949.3 (84%) 3687.2 (14%) 1.5 (0%) 3.1 (0%) 290.5 (1%) 99

55 Amaturá 4904 109.1 (2%) 0.1 (0%) 3496.0 (71%) 865.0 (18%) 1.0 (0%) 222.9 (5%) 210.0 (4%) 100

56 Novo Airão 38112 107.1 (0%) 0.9 (0%) 34954.8 (92%) 1490.3 (4%) 1.5 (0%) 210.9 (1%) 1347.4 (4%) 101

57 Maraã 17221 102.3 (1%) 3.1 (0%) 14631.8 (85%) 26.8 (0%) 5.8 (0%) 604.7 (4%) 1849.6 (11%) 101

58 Fonte Boa 12393 95.2 (1%) 1.9 (0%) 11263.5 (91%) 64.9 (1%) 3.0 (0%) 154.3 (1%) 812.1 (7%) 101

59 Urucurituba 2915 88.4 (3%) 0.6 (0%) 134.2 (5%) 1.4 (0%) 0.3 (0%) 1690.0 (58%) 1000.7 (34%) 100

60 Tonantins 6618 78.5 (1%) 0.3 (0%) 5033.7 (76%) 1122.4 (17%) 2.1 (0%) 66.9 (1%) 314.4 (5%) 100

61 Anori (AM) 5850 73.3 (1%) 0.8 (0%) 4149.2 (71%) 553.6 (9%) 0.6 (0%) 640.2 (11%) 433.1 (7%) 99

62 Japurá (AM) 57561 49.8 (0%) 1.5 (0%) 46308.2 (80%) 9551.3 (17%) 121.1 (0%) 2.6 (0%) 1528.0 (3%) 100

100

Ficha Catalográfica

(Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM)

R934a

Ruiz, Marelis Margarita

Atividade petrolífera e os seus efeitos na cobertura vegetal no estado Amazonas / Marelis Margarita Ruiz. - Manaus: UFAM, 2010.

99 f.; il. color.

Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente) –– Universidade Federal do Amazonas, 2010.

Orientadora: Prof a Dra Sandra do Nascimento Noda

1. Desmatamento - Amazonas 2. Indústria petrolífera - Amazonas 3. Impactos ambientais - Avaliação I. Noda, Sandra do Nascimento II. Universidade Federal do Amazonas III. Título

CDU 504.052(811.3)(043.3)