Colgio SESI CAMB - Oficina Camisa de fora

Resenha Crtica O ano em que meus pais saram de frias

A resenha crtica deve ser dividida em trs partes:1. Parte descritiva em que se do as informaes sobre o filme:a Ficha tcnica (direo, produo, roteiro, fotografia, trilha sonora, direo de arte, montagem, elenco);b Ttulo completo e exato do filme;c Lugar e data do lanamento;d Tempo de durao.2. Parte com o resumo do contedo da obraa indicao sucinta do assunto global da obra;b resumo que apresenta os pontos essenciais do filme e seu plano geral.3. Parte crtica com comentrios e julgamentos do resenhador, sobre as idias do autor, o valor da obra, etc.Nesta atividade, exigido que se analise em especial as diversas formas que o diretor encontrou de retratar o contexto poltico brasileiro em seu governo ditatorial.A resenha deve ser realizada por equipe, entregue at o dia 25 de maro, para o prof. Glauber, da disciplina de Filosofia.Alm das partes constituntes de uma resenha crtica, tambm sero avaliados os seguintes critrios:Adequao norma culta da lngua portuguesa, coerncia e coeso textuais, articulao de significados a partir de elementos visuais, verbais e, se necessrio, sonoros, presentes no filme.Tambm ser avaliado a iniciativa dos alunos de persquisar informaes histricas, jornalsitcas, que esclaream as cenas e acontecimentos do filme.

Perseguio polticaOs efeitos do terror da ditadura apareciam no drama domstico e ntimo de Mauro, cuja posio de goleiro no time de bairro traduzia sua dor da incerteza e da espera. Esperar no gol, esperar os pais, esperar pela vitria do Brasil. Mauro era um menino de mos atadas, vtima da situao poltica ameaadora e cruel.

Comunidade judaica intrigante como a trajetria de Mauro, de certa forma, refletia e sintetizava a questo da dispora judaica *. A ironia, e talvez riqueza desse roteiro, est no fato de Mauro reproduzir um drama de contexto poltico brasileiro ao mesmo tempo em que reproduzia um drama maior tnico, que diz respeito a uma histria universal. Ao fim e ao cabo, as histrias que pareciam dspares confluam para um nico vetor dramtico. Mauro era vtima de vrias ditaduras... Da ditadura poltica ditadura do prprio Shlomo, sua trajetria como protagonista poderia se dar em um outro momento da histria onde h deslocamentos impostos e em qualquer lugar.Questes judaicas ganharam vida no roteiro, no dia-a-dia entre Mauro e Shlomo. Num dado mo men to, Mauro virou gi *, aumentando seu conflito de aceitao dentro do Bom Retiro. Como um paradoxo potico, Mauro enfrentava, por no ser judeu, aquilo que seus ancestrais judeus, os pais de seu pai, haviam enfrentado.

Futebol e ideologiaO mundo melanclico pessoal de Mauro era rodeado por vitrias no futebol que funcionavam de forma utpica, j que entravam em contradio com a mais dura realidade brasileira da poca. Cada jogo da Copa passou a representar a distncia dos pais. O futebol passou a significar o abandono, em certo sentido, ou, o efeito cruel da ditadura na vida do menino at ento inocente. Se seu sonho era ver o Brasil tricam peo, a Copa revelava a impossibilidade de completude de alegria em Mauro. O dia da vitria passou a ser o seu dia de maior tristeza, da descoberta da queda de uma famlia idealizada. A famlia traduzida no nosso Pas de ento. No me lembro de algo mais melanclico do que a contradio entre a comemorao da vitria do Brasil nos anos 70 e a tristeza de Mauro caminhando solitrio pelas ruas. Esse era o Brasil em que vivamos. A estava a impossibilidade de se acreditar na propaganda *.

Dispora judaica (no hebraico tefutzah, "dispersado", ou galut "exlio") refere-se a diversas expulses foradas dos judeus pelo mundo e da consequente formao das comunidades judaicas fora do que hoje conhecido como Israel, partes do Lbano e Jordnia (por dois mil anos). Gi a designao dada pelos judeus queles que no so de origem judaica. Um homem chamado gi mesmo com origem judaica, caso ele no tenha feito o Brit mil (aliana da circunciso): cerimnia religiosa dentro na qual o prepcio dos recm-nascidos cortado ao oitavo dia como smbolo da aliana entre Deus e o povo de Israel.No retorno ao Brasil, aps a conquista da Copa do Mundo de Futebol de 1970, a seleo seria recebida pelo presidente Emlio Garrastazu Mdici. O general ergueu vitorioso a taa Jules Rimet. A conquista do tri-campeonato passava a ser o maior triunfo da propaganda do regime militar. Outros pilares que sustentavam o regime militar, como o do ento prefeito de So Paulo, Paulo Maluf, tiraram proveito da popularidade da seleo, e, em 20 de julho, presenteava 25 fuscas aos jogadores e comisso tcnica, todos pagos com o cofre pblico. Anos mais tarde, Paulo Maluf teria um processo contra ele para que devolvesse o dinheiro prefeitura paulistana, sendo inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por duas vezes, em 1995 e, definitivamente, em 2006.

Fontes de apoio

Edio do Roteiro e da Ficha tcnica do filme: .

Reportagem, com fotos de poca, do uso ideolgico da conquista brasileira da Copa do Mundo por parte do governo militar:.

Informaes sobre as comunidade imigrantes (italianos, judeus, coreanos) residentes no bairro de Bom Retiro, So Paulo:.

Link para assistir o filme on-line: .