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ATIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA: UMA …sbemparana.com.br/arquivos/anais/epremxii/ARQUIVOS/MINICURSOS/... · Smole e Diniz (2001, p. 30) ... durante o trabalho com investigação

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ATIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA: UMA

ABORDAGEM PRÁTICA

Fernanda Eloisa Schmitt Centro Universitário UNIVATES

[email protected]

Marli Teresinha Quartieri Centro Universitário UNIVATES

[email protected]

Ieda Maria Giongo Centro Universitário UNIVATES

[email protected]

Resumo: Esta oficina tem o intuito de desenvolver atividades de Investigação Matemática retiradas de literatura

da área, adaptadas ou criadas pelos integrantes do Observatório da Educação do Centro Universitário

UNIVATES. Nosso objetivo é disseminar esta tendência como mais uma possibilidade para as aulas

de matemática. As atividades a serem apresentadas, nesta oficina, já foram exploradas com alunos de

diferentes escolas, sendo algumas delas de criação ou adaptação dos professores e mestrandos

parceiros do referido Observatório da Educação. Após o desenvolvimento das atividades, estas serão

discutidas e problematizadas, objetivando possibilitar ao participante explorá-las em sua prática

pedagógica. Como resultado decorrente da Investigação Matemática, percebemos que os alunos

sentem - se desafiados a solucionar as atividades e encontrar respostas às suas questões. Palavras-chave: Investigação Matemática. Atividades pedagógicas. Ensino Fundamental.

Introdução

No Centro Universitário UNIVATES, desenvolve-se o Programa Observatório da

Educação, intitulado “Estratégias metodológicas visando à inovação e reorganização

curricular no campo da Educação Matemática no Ensino Fundamental”, que tem apoio

financeiro da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A

equipe deste projeto é composta por quatro professoras do Ensino superior, três mestrandos

do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas, seis bolsistas de graduação e seis

professores de Matemática da Escola Básica oriundos de seis escolas públicas. No presente

projeto, problematizam-se três tendências no ensino da Matemática, sendo elas:

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Etnomatemática, Modelagem Matemática e Investigação Matemática. O objetivo é

problematizar e propor estratégias metodológicas com intuito de inovação e reorganização

curricular na disciplina de Matemática em seis escolas públicas de Educação Básica do Vale

do Taquari, RS, que possuem considerável discrepância do IDEB (Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica), relativo ao 5º e 9º anos.

No que diz respeito à Investigação Matemática, foco deste trabalho, diferentes

atividades já existentes foram exploradas com os professores das escolas parceiras do

Programa e mestrandos no decorrer do ano de 2013. Após a discussão das situações

envolvendo Investigação Matemática, os docentes foram instigados a criarem suas próprias

atividades de investigação de acordo com o conteúdo que estavam desenvolvendo em sua

prática pedagógica, para, posteriormente, explorarem com seus alunos. Os resultados

advindos dessas práticas foram relatados ao grande grupo, juntamente com as percepções

desses docentes acerca da experiência com tal tendência em sala de aula.

Conforme Palhares (2004), as Investigações Matemáticas são atividades que têm um

caráter mais aberto, ou seja, poderão ter mais de uma resposta e necessitam da criatividade e

interesse do aluno para resolvê-las. Ponte, Brocardo e Oliveira (2009) definem atividades de

Investigação Matemática como a formulação de questões de interesse próprio para as quais

não existem respostas prontas e, portanto, necessitam ser investigadas, utilizando processos

fundamentados e rigorosos para que elas sejam válidas e aceitáveis. Segundo os autores, uma

Investigação Matemática tem quatro momentos para sua realização, como apresentado do

quadro 1.

QUADRO 1 – Momentos na realização de uma investigação

Exploração e formulação de

questões

Reconhecer uma situação problema.

Explorar a situação problemática. Formular questões.

Conjecturas Organizar dados. Formular conjecturas (e fazer

afirmações sobre uma conjectura).

Testes e reformulação Realizar testes. Refinar uma conjectura.

Justificação e avaliação Justificar uma conjectura. Avaliar o raciocínio ou o

resultado do raciocínio.

Fonte: Ponte, Brocardo e Oliveira (2009, p. 21).

É nosso intuito, neste minicurso, explorar e discutir algumas atividades envolvendo

Investigação Matemática. Acreditamos que essa metodologia possa auxiliar na melhoria dos

processos de ensino e de aprendizagem da Matemática, em particular na Educação Básica.

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Além disso, a Investigação Matemática proporciona desenvolver habilidade de escrita, bem

como possibilita ao discente o trabalho em grupo.

Desenvolvimento

A oficina que propomos busca divulgar algumas das atividades desenvolvidas e já

exploradas pelos participantes do Observatório da Educação, bem como disseminar e

problematizar a tendência Investigação Matemática. As questões que serão propostas foram

retiradas de publicações na área, adaptações ou criação do próprio grupo de pesquisa. Após o

desenvolvimento das atividades, estas serão discutidas e problematizadas, objetivando

possibilitar ao participante explorá-las em sua prática pedagógica.

Durante a investigação, profere Skovsmose (2008), o professor tem o papel de desafiar

o aluno com questões instigadoras, deixando que assuma o processo de exploração e

explicação, possibilitando que o cenário de investigação passe a constituir um novo ambiente

de aprendizagem. Ao desenvolver atividades de Investigação Matemática, torna-se

interessante incentivar os discentes a escreverem suas conjecturas e justificativas, pois se

percebe que eles demonstram insegurança com as palavras e preferem colocar no papel o

mínimo possível. Assim, os participantes serão instigados a produzirem seus textos em

pequenos grupos e, posteriormente, socializarem suas hipóteses com os demais colegas. .

Smole e Diniz (2001, p. 30) ressaltam a importância da produção de textos nas aulas

de matemática, apesar de os professores dessa disciplina, geralmente, não usarem essa prática

como algo integrante do currículo de matemática. Para as autoras, a utilização da produção de

textos “é um componente essencial no ensino-aprendizagem dessa disciplina”.

Segundo Civiero e Santana (2013, p. 694),

O importante para trabalhar num cenário para investigação é o aceite do

aluno. Para tanto, procure instigá-lo à investigação, desperte a sua

curiosidade quanto ao tema a ser explorado e deixe que o aluno sinta-se parte

do processo. Por outro lado, após o aluno aceitar o convite, é função do

professor manter o interesse do aluno, conduzindo o trabalho de forma

aberta para que o cenário não migre para o paradigma do exercício.

Um exemplo de atividade a ser apresentada e desenvolvida na oficina é a questão do

anúncio de emprego para vendedor (Figura 1). Nela, existem diferentes possibilidades de

respostas e é o aluno quem deve escolher qual a melhor proposta de acordo com a sua

percepção, sempre justificando e argumentando.

FIGURA 1: Questão do anúncio de emprego.

Imagine que seu amigo esteja à procura de emprego, e que você, para ajudá-lo,

compra um jornal e seleciona os seguintes anúncios:

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A) VENDEDOR DE LONA

Dez vagas para estudantes, 18 a 20 anos, com experiência.

Salário: R$ 350,00 + comissão de R$ 0,50 por m2 vendido.

B) VENDEDOR DE LOJA

Oito vagas para pessoas com idades entre 18 e 35 anos, sem experiência.

Salário: R$ 630,00 + comissão de 6% sobre o valor total de vendas por mês.

C) VENDEDORES AUTÔNOMOS

Trabalhe vendendo os produtos de nosso catálogo (cosméticos, roupas, utensílios domésticos,

eletrodomésticos, bijuterias, etc.) e ganhe de 20% a 30% sobre cada produto vendido.

Você seria capaz de verificar qual dessas propostas de emprego seria mais vantajosa para

seu amigo? Estude vários casos e justifique.

Fonte: Redling e Junior (2011, p. 127).

Nessa questão, a resolução dependerá do estudo de várias hipóteses. Cabe destacar que

a resposta a ser dada deverá estar justificada, bem como os cálculos matemáticos efetivados

devem ser apresentados. Em relação aos conteúdos matemáticos envolvidos, podemos citar

porcentagem e funções.

Outra questão que será desenvolvida (Figura 2) envolverá o conteúdo de geometria,

em particular a construção de algumas figuras planas, cálculo de área e perímetro.

FIGURA 2: Descobrir perímetro e área de figuras planas.

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Fonte: Adaptado de Zaslavsky, 1989.

Por questão de espaço, todas as atividades a serem desenvolvidas não estão aqui

apresentadas, mas destacamos que serão realizadas em pequenos grupos, proporcionando

incentivar o trabalho colaborativo e a troca de ideias entre os participantes. Além disso, ao

realizarem as atividades propostas, cada grupo deverá levantar suas conjecturas e hipóteses,

testá-las e escrevê-las, procurando esclarecer suas ideias e argumentar por meio da escrita.

Pretendemos também fazer uma discussão, em conjunto, sobre a viabilidade das questões na

prática pedagógica dos participantes.

Como resultado decorrente de atividades já desenvolvidas com alunos da Educação

Básica utilizando Investigação Matemática, observamos que eles se sentem desafiados a

solucionar as atividades e encontrar respostas às questões. Outro fator importante é a

interação entre os colegas, pois as atividades são todas realizadas em pequenos grupos.

Ademais, a escrita matemática é desenvolvida, uma vez que os estudantes, ao necessitarem

escrever suas conjecturas, precisam ter conhecimento matemático.

Referências

CIVIERO, P. A.; SANTANA, M.F. Roteiros de Aprendizagem a partir da Transposição

Didática Reflexiva. Bolema, Rio Claro (SP), v.27, n.46, p.681-696, ago. 2013.

PALHARES, P. Elementos de Matemática para professores do Ensino Básico. Lisboa:

LIDEL, 2004. 413p.

1) Cortar um pedaço de barbante com 32 unidades de comprimento. Com a ajuda do

barbante, desenhar todas as figuras que seguem no papel milimetrado, de modo que o

perímetro seja de 32 unidades de comprimento.

a) círculo – nomear com a letra A

b) quadrado – nomear com a letra B

c) dois retângulos diferentes – nomear com as letras C e D

d) triângulo – nomear com a letra E.

2) Calcular a área em unidades quadradas e colocar a resposta dentro de cada figura.

3) Responder as questões que seguem:

a) Que figura tem a maior área?

b) Que retângulo cerca a maior área?

c) Que figura escolheria para a base de sua casa? Justifique.

d) Que outras conclusões podem ser tiradas dessas construções?

e) Figuras com formas diferentes e de áreas iguais têm perímetros iguais? Justifique.

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PONTE, J. P.; BROCARDO, J.; OLIVEIRA, H. Investigações matemáticas na sala de aula.

Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 151p.

REDLING, J. P.; JUNIOR, J. L. As mudanças procedimentais de alunos do ensino médio

durante o trabalho com investigação matemática em sala de aula. Trilhas pedagógicas,

Pirassununga, v. 1, n. 1, p.122-139, ago. 2011.

SKOVSMOSE, O. Desafios da reflexão em educação matemática crítica. Tradução de

Orlando de Andrade Figueiredo e Jonei Cerqueira Barbosa. Campinas: Papirus, 2008. 138p.

SMOLE, K.S. Textos em matemática: por que não? In: SMOLE, K.S.; DINIZ, M.I. (Org.).

Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto

Alegre: ARTMED, 2001. p. 29-68.

ZASLAVSKY, C. Pessoas que vivem em casas redondas. Arithmetic Teacher, traduzido

por Fernanda Wanderer. set 1989.