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Caro professor, cara professora, Apresentamos mais uma nova proposta de atividade sobre alguns dos temas abordados pelo programa “Escravo, nem pensar!”, da ONG Repórter Brasil*. Ela inaugura a série Repórter Brasil na sala de aula, que pretende trazer algumas ideias de como aproveitar o conteúdo produzido pela organização para provocar debates e reflexões sobre a realidade agrária brasileira na escola, sempre relacionando à realidade de sua localidade. Nesta edição, apresentamos um site produzido pela Agência de Notícias da Repórter Brasil e lançado neste ano, chamado Mapa Social: reporterbrasil.org.br/mapasocial. Além de bastante informação sobre trabalho escravo, as reportagens trazem elementos para discutir agricultura familiar, monocultivo, concentração fundiária, grandes obras, entre outros temas. Mais uma vez, ressaltamos que a atividade não é um modelo pronto e fechado. Pelo contrário, deve ser mudada de acordo com a sua meta e a realidade das pessoas que trabalharão com ela. Ela está estruturada em “passos”, isto é, módulos. Não necessariamente uma aula corresponde a um “passo”, visto que ele pode abranger muitos tópicos e desdobramentos, assim como o trabalho simultâneo e complementar entre as disciplinas. Ainda que estejam estipuladas algumas aulas, você pode se apropriar da sequência didática para impulsionar algo maior, que dialogue com outros temas e envolva outros saberes e espaços. Por isso, exerça sua autoria, aproprie-se do material e dê a ele os tons da sua realidade. Não deixe de nos enviar relatos, registros e sugestões de alterações. Um abraço! Equipe “Escravo, nem pensar!” Atividades * A Repórter Brasil é uma organização não-governamental fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre a violação aos direitos fundamentais dos povos e trabalhadores do campo no Brasil. Devido ao seu trabalho, tornou-se um das mais importantes fontes de informação sobre trabalho escravo no Brasil. Suas reportagens, investigações jornalísticas, pesquisas e metodologias educacionais têm sido usadas por lideranças do poder público, do setor empresarial e da sociedade civil como instrumentos para combater a escravidão contemporânea, um problema que afeta milhares de brasileiros. Além da área de Metodologia Educacional, da qual o “Escravo, nem pensar!” é parte, possui outra área que trabalha com Jornalismo e Pesquisa, produzindo informação e análises para servir de ferramenta e subsídio a lideranças sociais, políticas e econômicas. Acesse: www.reporterbrasil.org.br. Realização: Apoio:

Atividades - escravonempensar.org.brescravonempensar.org.br/wp-content/uploads/2017/11/rb_sala_aula_1.pdf · Repórter Brasil na sala de aula, ... Ela está estruturada em “passos”,

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Caro professor, cara professora,

Apresentamos mais uma nova proposta de atividade sobre alguns dos temas abordados pelo programa “Escravo, nem pensar!”, da ONG Repórter Brasil*. Ela inaugura a série Repórter Brasil na sala de aula, que pretende trazer algumas ideias de como aproveitar o conteúdo produzido pela organização para provocar debates e reflexões sobre a realidade agrária brasileira na escola, sempre relacionando à realidade de sua localidade.

Nesta edição, apresentamos um site produzido pela Agência de Notícias da Repórter Brasil e lançado neste ano, chamado Mapa Social: reporterbrasil.org.br/mapasocial. Além de bastante informação sobre trabalho escravo, as reportagens trazem elementos para discutir agricultura familiar, monocultivo, concentração fundiária, grandes obras, entre outros temas.

Mais uma vez, ressaltamos que a atividade não é um modelo pronto e fechado. Pelo contrário, deve ser mudada de acordo com a sua meta e a realidade das pessoas que trabalharão com ela. Ela está estruturada em “passos”, isto é, módulos. Não necessariamente uma aula corresponde a um “passo”, visto que ele pode abranger muitos tópicos e desdobramentos, assim como o trabalho simultâneo e complementar entre as disciplinas. Ainda que estejam estipuladas algumas aulas, você pode se apropriar da sequência didática para impulsionar algo maior, que dialogue com outros temas e envolva outros saberes e espaços.

Por isso, exerça sua autoria, aproprie-se do material e dê a ele os tons da sua realidade. Não deixe de nos enviar relatos, registros e sugestões de alterações.

Um abraço!

Equipe “Escravo, nem pensar!”

Atividades

* A Repórter Brasil é uma organização não-governamental fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre a violação aos direitos fundamentais dos povos e trabalhadores do campo no Brasil. Devido ao seu trabalho, tornou-se um das mais importantes fontes de informação sobre trabalho escravo no Brasil. Suas reportagens, investigações jornalísticas, pesquisas e metodologias educacionais têm sido usadas por lideranças do poder público, do setor empresarial e da sociedade civil como instrumentos para combater a escravidão contemporânea, um problema que afeta milhares de brasileiros. Além da área de Metodologia Educacional, da qual o “Escravo, nem pensar!” é parte, possui outra área que trabalha com Jornalismo e Pesquisa, produzindo informação e análises para servir de ferramenta e subsídio a lideranças sociais, políticas e econômicas. Acesse: www.reporterbrasil.org.br.

Realização: Apoio:

Pesquisa no Mapa Socialreporterbrasil.org.br/mapasocial

Contexto: A Repórter Brasil lançou o site Mapa Social em maio de 2012, que apresenta um retrato de cada região do país a partir de uma reportagem. Nele, você encontra elementos para realizar uma análise sobre o seu município, relacionando atividade econômica, desenvolvimento e as relações de trabalho.

Objetivo: A partir de estudo sobre reportagem da sua região, divulgada no Mapa Social, realizar pesquisa em seu município para elaborar um mapa social da sua realidade.

Disciplinas: O trabalho pode envolver todas as disciplinas, mas também pode ser realizado apenas pelas da área de Humanas.

Série: 8º e 9º ano; Ensino Médio; EJA

Tempo sugerido: 4 a 5 aulas

Materiais: Computador com internet, papel madeira ou cartolina, canetões. De acordo com os encaminhamentos da atividade, podem ser necessários outros materiais como: isopor, cola, papéis coloridos, tinta, máquina fotográfica etc.

Essa atividade envolve leitura, pesquisa, visitas de campo, entrevistas, redação, análise e construção de mapas e gráficos. Assim, pode ser desenvolvida em conjunto entre

professores de diversas áreas do conhecimento.

Primeiro passo: Conhecendo o Mapa SocialO Mapa Social é um site elaborado pela ONG Repórter Brasil com reportagens sobre cada uma das

cinco regiões brasileiras. Com textos, fotografias, vídeos, mapas e gráficos, que destacam as particularidades de cada região, é possível ter um panorama de como o país tem estimulado o desenvolvimento de alguns empreendimentos econômicos e como isso tem impactado o meio ambiente, as relações de trabalho e as comunidades atingidas.

Para começar, entre na página principal do Mapa Social, clicando no seguinte link (ou copiando em seu navegador):

http://reporterbrasil.org.br/mapasocial

Você pode saber mais sobre o Mapa Social, clicando em leia mais no pequeno texto sob as fotos, intitulado de “Sobre”.

Logo abrirá a página com a primeira parte da reportagem sobre a região escolhida. As outras partes da reportagem encontram-se ao final da página (“Continuação”) ou na lista ao lado direito, onde também estão fotografias.

Se você retornar à página principal, clicando em “Mapa Social” no canto esquerdo, em cima, também terá acesso a mapas e gráficos (“Infográficos”, embaixo das fotos).

Navegue sem medo pelo site para conhecer todas as suas possibilidades!

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A navegação no site é bem simples. Para acessar a reportagem correspondente a cada região, na página principal basta clicar nas fotografias ou na lista abaixo delas: “Regiões” (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

Em seguida, peça que cada grupo debata, sobre o mapa, as seguintes questões:

- Qual o trabalho dos moradores?- Há algum tipo de problema relacionado ao trabalho? Qual?- Os moradores trabalham no local ou saem para procurar emprego em outras localidades ou cidades?

Para onde vão?- Em qual bioma o seu município está inserido? Como era e como está agora?- Há algum tipo de degradação dos recursos naturais? Qual? Quem tem provocado?- As propriedades rurais são grandes ou pequenas? O que elas produzem? Quem são os proprietários?

Os grupos devem apresentar os mapas, comentar e debater com o restante da turma. Conclua a discussão tentando traçar um panorama de seu município a partir dos pontos em comum entre as apresentações de cada grupo.

Segundo passo: Diagnóstico participativo

Para iniciar a atividade, a ideia é fazer um diagnóstico do contexto local a partir do que alunos e alunas já conhecem sobre o município onde moram. Essa etapa vai possibilitar uma primeira visão sobre seu município e dará as bases para os outros passos. É o primeiro momento de reflexão sobre a realidade a partir de pontos relacionados ao trabalho, ao meio ambiente e à produção econômica.

Divida a turma em grupos de acordo com a proximidade do local de moradia (por ex: bairros, povoados, vilas ou assentamentos).

Distribua para cada grupo um pedaço de papel madeira ou uma folha de cartolina, com canetões. Proponha que desenhem um mapa da localidade onde os integrantes do grupo moram, destacando elementos que são pontos de referência, como:

- os elementos naturais (rios, matas, serras etc.);- as ruas ou estradas principais;- os espaços públicos e de encontro.

Dica: Peça para que desenhem apenas os pontos mais importantes, para que essa parte não se alongue muito.

O mais importante é o debate que seguirá.

Terceiro passo: Possibilidade de pesquisa

Agora que você já conhece o Mapa Social e que foi realizado o diagnóstico, é o momento de fazer com a turma uma leitura atenta sobre os textos das reportagens do site que se referem à região onde moram. Peça para que alunos e alunas anotem, durante a leitura, comentários a partir das seguintes questões:

- Quais assuntos a reportagem retrata? - Que análises ela traz?

Em seguida, realize uma conversa a partir das anotações elaboradas pela turma.

Neste passo, será necessário que a turma entre em contato com o Mapa Social. Se sua escola tem uma sala de informática com acesso a internet, ótimo! Se

há apenas um computador conectado, veja a possibilidade de projetar o site na parede. Caso sua escola não tenha nenhuma possibilidade de acesso à internet,

você pode imprimir os textos e imagens utilizadas ou pedir a alunos e alunas que realizem o acesso em telecentros ou lan house, como lição de casa.

Como possibilidades, seguem alguns exemplos de temáticas que podem surgir a partir das leituras:

Norte: agroenergia; agricultura familiar x monocultivo; agricultura familiar x grandes empresas; crédito agrícola; impacto ambiental do monocultivo; condições de trabalho.

Nordeste: cana-de-açúcar; monocultivo x agricultura familiar; migração; condições de trabalho; condições dos assentamentos; educação; impacto ambiental do monocultivo.

Centro-Oeste: trabalho escravo; agronegócio e concentração fundiária; venda de terras para estrangeiros e especulação fundiária; soja; ameaças de morte; impactos sobre comunidades tradicionais.

Sudeste: grandes obras e construção civil; condições de trabalho; trabalho escravo; terceirização; fiscalização.

Sul: trabalho escravo; desigualdade; cultivo de erva-mate, pinus e eucalipto; particularidades da escravidão no sul; fiscalização.

Aproveite para que a turma analise os mapas e gráficos presentes no Mapa Social (“Infográficos”, na página principal) e os relacione aos assuntos tratados nas matérias. Por exemplo, se a reportagem traz a temática do trabalho escravo, confira o mapa com as propriedades de seu estado que estão na “lista suja”*. Ao clicar sobre cada bolinha, você terá as informações sobre as fazendas.

A “lista suja” é um cadastro atualizado a cada seis meses com os dados dos empregadores flagrados pela Equipe Móvel de Fiscalização utilizando mão de obra escrava. Depois que o Ministério do Trabalho e Emprego conclui o processo administrativo, ele publica os nomes desses empregadores na lista.

Em seguida, compare os elementos da leitura com o diagnóstico realizado anteriormente: há semelhanças com a realidade de seu município? Ou há diferenças?

A partir das respostas, do debate e da comparação com o diagnóstico, eleja com alunos e alunas uma temática para realização de pesquisa mais aprofundada.

Quarto passo: Pesquisa

Para realizar a pesquisa, vocês podem buscar elementos em sites na internet, nos órgãos públicos de seu município e em visitas de campo. Prepare junto com alunos e alunas um roteiro para a pesquisa, de acordo com a temática escolhida.

Por exemplo, se vocês moram no Nordeste e se em seu município há lavouras de cana-de-açúcar ou outro tipo de monocultivo, a pesquisa

pode se dar em torno de como isso impacta a vida dos pequenos agricultores e dos trabalhadores. Alunos e alunas podem conhecer as

propriedades e fazer entrevistas, ou você pode promover uma roda de conversa com assentados e trabalhadores.

Quinto passo:Produção do Mapa Social de seu município

Para finalizar a atividade, a pesquisa dará elementos para a construção de uma espécie de Mapa Social de seu município. Seu formato pode ser um texto, um blog, maquetes ou, ainda, acrescentar elementos ao mapa realizado na etapa de diagnóstico, ou tudo isso junto. Vocês também podem criar gráficos, tabelas e outros instrumentos para enriquecer a análise. Usem a criatividade!

E não deixe de compartilhar conosco o resultado do trabalho pelo nosso fórum ou pelo email [email protected]. Boa atividade!