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Ativismo Urbano: novas formas de conflitos territoriais Urban Activism: new forms of territorial Coordenadora: Natacha Rena, Escola de Arquitetura da UFMG, Profa. Dra., [email protected] Debatedor: Pedro Arantes, Insituto das Cidades, UNIFESP, Professor Dr., [email protected]

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AtivismoUrbano:novasformasdeconflitosterritoriais

UrbanActivism:newformsofterritorial

Coordenadora:NatachaRena,EscoladeArquiteturadaUFMG,Profa.Dra.,[email protected]

Debatedor:PedroArantes,InsitutodasCidades,UNIFESP,ProfessorDr.,[email protected]

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Nosúltimosanos,vimosacontecernascidadesbrasileirasumaexplosãodeocupaçõesdeespaçospúblicos e privados, ações de movimentos populares e novos coletivos intervindo em áreaspúblicas,dispersosouorganizados,reclamandoo“direitoàcidade”,numagrandemultiplicidadede iniciativas que tem sido descritas por expressões como “reconquista do espaço público” ou“novosativismosurbanos”.

Da açãode gruposde vizinhosque se reúnempara atuar emespaçospúblicos empráticasquealgunsdenominam“urbanismotático”ou“deguerrilha”,àsocupaçõesculturaiseaosurgimentode amplos movimentos que contestam projetos públicos ou privados e seus processos degentrificaçãoemáreasdascidadesreclamadascomobenscomunsurbanos–aexemplodaslutas:pelo Parque Augusta em São Paulo, pelo Parque Jardim América em Belo Horizonte, pelo CaisMauá em Porto Alegre ou pelo Ocupe Estelita em Recife – os vários grupos parecem ter emcomuma reinvindicaçãodacidadecomovalordeuso,assimcomoacontestaçãodas lógicasdeprodução do espaço pelo Estado-capital calcadas na razão neoliberal do mundo (dardot; laval,2013), e consequentemente, na espetacularização da cidade e na rentabilidade do solo comocritériofundamental.

Mesmo com mais de uma década de governos federais comandados pelo Partido dosTrabalhadores, vemos se expandir nasmetrópoles brasileiras lógicas de urbanização privatistas,especultaivas e predatórias, no sentido oposto do que foi o programa democrático-popular daReforma Urbana (ARANTES, 2013). Instrumentos de regulação urbanística, ao contrário do queprometiamseusdefensores,abriramportasparaumacrescenteapropriaçãodacoisapúblicapeloprivado, contribuindo assim para que se mantenha ou se aprofunde um padrão desigual dedistribuiçãodariquezanascidades.Destasmuitas(des)regulaçõeseintervençõespropostaspeloEstado-capital,comoasváriasformasdePPPs–ParceriasPúblico-Privadas–,emergemoposiçõeseresistências,fortalecendoemváriaspartesdopaísnovasorganizaçõescentradasjustamentenadefesadosbenscomunseespaçospúblicos.

Diversos coletivos,movimentos sociais, ambientais, culturais, grupos de vizinhos, surgem comoativismosqueseorganizamtrazendoapossibilidadedeparticiparativamentenasdefiniçõessobreodestinodascidades.Essanovaformaderesistênciaurbana,emgeralcontragrandesprojetosouem defesa de lugares e bens comuns da cidade, é distinta daquela praticada pelos grandesmovimentos setoriais urbanos (habitação, educação, saneamento, transportes etc.), de caráternacional e que emergiram na redemocratização. São novos grupos menos condicionados pelaforma-partido (e a tutela partidária), mais autônomos, ativistas e multitudinários , cuja lutapretende fortalecer o acesso e apropriação coletiva dos bens comuns, do que é ou deveria serrealmentepúblico.Porisso,apontamparaumaoutralógicadeproduçãodascidadesedavidaemcomum(HARDT;NEGRI,2005,2009,2014),oquepermitiriapensarumanovaagendaapósociclodemocrático-populardaReformaUrbana(ARANTES,2013)

Além de introduzirem novos temas, estes novos ativismos também introduzem práticas deorganização e mobilização política que incluem, por exemplo, modelos mais horizontais departicipaçãoedecisão,recusaàsformasclássicasderepresentaçãoeorganizaçãopartidária,alémde uma dimensão de experimentação e prefiguração imediata de novas maneiras de ocupar,resistireexistirnacidade.Alémdisto,aintensautilizaçãotecnopolíticadosmúltiplosdispositivosdelutaenvolvendoredeseruas,novascartografiaseestratégiascomunicativas,tambémmarcaaatuaçãodestesnovoscoletivosativistas.

Diferente dos movimentos do ciclo democrático-popular, voltados para a construção de umapolítica de Estado, seus instrumentos legais e programas setoriais, a maioria dos movimentos

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atuaisparecealinhar-seaumaperspectiviaautonomistaemesmoanarquista,distanciando-sedachamadapolíticaoficialdasdisputasurbanaseeleitorais.

Osgruposativistasqueemergemdaslutaspelos(espaços)públicosparecemreivindicarsobretudoacidadecomovalordeusoebemcomumdopovo,negandoaideiadopúblicocomopropriedadedo Estado, o que reflete no retorno dos “comuns” (commons) como questão política. Seorganizamautogestionariamenteouaomenoscarregamahorizontaldiadecomovalor.Trabalhamcomaçãodiretaparausoetransformaçãodeáreasdacidadeeparecemreconheceressacomolocusdecontestaçãoeondesefarárepresentarosseusdireitos.Nocasodasnovasocupações–sejamculturaisouhibridascommovimentosambientaisoupormoradia,muitasdestaslutasnãoestão atreladas aosmovimentos tradicionais que se utilizamda ocupação como estratégia parareivindicar, por exemplo, unidades habitacionais pela via da política habitacional local ou deprogramasnacionaiscomoo“MinhaCasa,MinhaVida”,masoquesereivindica,viaderegra,ésobretudoapossibilidadedepermanecer,desemanterumespaçoocupadoautônomodeculturanacidade.

No entanto, tais movimentos também apresentam importantes limites e contradições: quasetodososgruposemdestaquenasmetrópolesbrasileirascomoBeloHorizonte,SãoPaulo,RiodeJaneiro,PortoAlegre,Recife,Fortaleza,sãoarticulados,principalmente,pelaclassemédiaurbana,branca e universitária. Muitos grupos pertencem à chamada “classe criativa” e vivem oufrequentamas regiões centraisdas cidades.Atuandocomumente sobre territórios consideradosdesvalorizados, correm o risco de terem suas ações ativistas impactando na valorização destesterritórios no sentido de abrir novas frentes para o mercado imobiliário, gerando valorizaçãofundiáriaeseconfundindocomestratégiasdos“placemaking”queasprópriasconstrutorasvemempregando para ressignificar bairros nos quais têm interesse de valorização. É o caso, porexemplo,do“embelezamento”e“animação”porgrafitesencomendados(poragentespúblicoseprivados),dosestacionamentosdefoodtruckseparklets,queseproliferamemcidadescomoSãoPaulo, copiandoaestéticado“urbanismoDIY”ou“urbanismo tático”empregadospor coletivosativistas.

As potencialidades de gerar um ambientemais autônomo ativando processos democráticos degestãode territóriospor gruposautogestionadosmuitas vezes se confundemcomprocessosdegentrificação(RENA;BERQUÓ,2014),ouseja,de“hipsterização”e/ou“gourmetização”deregiõesditasdegradadasefrequentadasporexcluídosda lógicaneoliberaldecidade,comoapopulaçãode rua, profissionais do sexo, viciados em crack, traficantes, ambulantes informais, flanelinhas,dentreoutros.Emgeral,assistimosesteprocessodeexpulsãodepopulaçõesdoscentrosurbanosrequalificados/revitalizadosemdiversascidadesemtodoomundo.NaEuropaeEstadosUnidos,osprojetosdereconversãoindustrialedeáreasportuáriasexpulsaramquasetodososmoradoresdas áreas históricas, oferecendo “novas fronteiras” para o mercado imobiliário criar territóriosnobres para incentivo do turismo, ou seja, usuários que não vivem na cidade (HARVEY, 1992;SMITH,1996).

Anovacondiçãodeclasseerendadesseativismopermite,aomesmo,maiorrepertóriodepráticase teorias, cosmopolistismo,conexãocomredesglobais,novasdimensõesartísticas,entreoutrasqualidades incomuns entre os movimentos tradicionais dos “sem-sem” (sem-teto, sem-terra,semmobilidade, sem-saneamento, sem-creche, sem-universidade, sem...). Sua mobilização nãonasce, assim, da precariedade e da luta pela sobrevivência e atençãoo às necessidades básicas.Alémdisso,jáemergemnummomentodedesencantamentocompartidospolíticostradicionais.Anegaçãoda forma-partido, compreensível nomomentoatual, limita a articulaçãodesses gruposemestruturasmaisamplasderepresentaçãodeclasseedisputadepoderinstitucional.Poroutro

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lado,daí surgeumaaberturaparaaexperimentação livreepossibilidadedenovos formatosdeaçãocoletiva.Mas,talvez,amaiorcontradiçãodesteprocessoéqueosdesejosrepresentadosporessasinsurgênciasvêmsendoapropriadostantopelasgestõesmunicipais,quepassamapromoveraçõesepolíticaspúblicasparaespaçospúblicos–muitasvezesatravésdeconcessõesonerosaseparceriaspúblico-privadas–,quantopelomercadoimobiliário,quepassaaadequarseudiscursoparaodeuma“cidadeaberta”e“paraaspessoas”–aindaqueastipologiasnãovariemmuitodomodelosegregacionistaesecuritizadadosmurosaltosequenãoselargueoossodaextraçãodamáxima rentabilidadede cada território emqueoperam.Outras questões aparecem. Existe umlimitede classesparao envolvimentona lutapor comunsurbanos?Emquemedidaessas lutasfazem resistência aos circuitos capitalistasdeproduçãodoespaçourbano?Emquemedidanãosão cooptados e contribuem em processos de gentrificação e ampliação das fronteirasimobiliárias? Em que medida combatem ou reforçam desigualdades socioterritoriais? Em quemedidainteressesdegruposespecíficossãocapazesderepresentarointeressecoletivo,dosquedependemda cidade comomeiodevida?Emquemedidaessasorganizações superamaantigaagendadaReformaUrbana?Eainda,seráquerepresentammesmoumaalternativaousuperaçãodaforma-partido?TrazemosessasreflexõesparacasosnascidadesdeBeloHorizonte,SãoPaulo,FortalezaeRiodeJaneiro.

Palavras-chaves:Movimentossociaisurbanos;Resistências;ReformaUrbana

Referências

ARANTES, P.AAnti-ReformaUrbanaBrasileira e umnovo ciclo de lutas nas cidades. SãoPaulo,EditoraCaioPradoJr,2014.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão: guerra e democracia na era do Império. Rio deJaneiro:Record,2005.

HARDT,M.; NEGRI, A. Commonwealth. El projecto de una revolución del común.Madrid: Akai,2009.

HARDT,M.;NEGRI,A.Declaração.Istonãoéummanifesto.SãoPaulo:Editoran-1,2014.

HARVEY,D.Acondiçãopós-moderna.SãoPaulo,Loyola,1992.

HARVEY,D.Ciudadesrebeldes.Delderechodelaciudadalarevoluciónurbana.Madrid:EdicionesAkal,2013.

LAVAL,Christian;DARDOT;Pierre.Lanuevarazóndelmundo.Ensaiosobrelasociedadneoliberal.Barcelona:Gedisa,2013

MARQUES,GuilhermeJ.A.L.Movimentossociaisurbanos:umaquestãodeclasse?2014.297fls.Tese - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. Rio de Janeiro,2014.

RENA, Natacha; BERQUÓ, Paula. As Ocupações culturais em BH: biopotência estética eperformativadamultidão. In:CAVA,Bruno;COCCO,Giuseppe.Amanhãvaisermaior.SãoPaulo:Annablume,2014.

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TANAKA,Giselle&COSENTINO,Renato.ComitêPopulardaCopaeOlimpíadasdoRiodeJaneiro:movimentossociaisurbanosenovasarticulaçõespolíticas. In:SÁNCHEZ,F.;BIENENSTEIN,G.; OLIVEIRA, F. L.; NOVAIS LIMA JR. P. (org.). A Copa doMundo e as Cidades. Políticas,ProjetoseResistências.Niterói:UFF,2014.

SMITH,Neil.TheNewUrbanFrontier:GentrificationandtheRevanchistCity.NewYork,Routledge,1996.

NOVASFORMASDERESISTÊNCIAEMSÃOPAULO

RaquelRolnikeLuandaVannuchi(observaSP|LabCidadeFAUUSP)

QuaisasresistênciaseinsurgênciasexistentesemSãoPaulonocontextoatualemqueOperaçõesUrbanas,grandesprojetoseparceriaspúblico-privadasseconsolidamcomomodelopredominantedetransformaçãourbana?Seosmovimentosdemoradiafiguramreconhecidamentecomoformatradicional de resistência na cidade de São Paulo, com atuação forte e definitiva na luta pelodireitoàmoradiaadequada,pormeiodeocupaçõesepressionandopelamanutençãoeampliaçãodasZEISeporumapolíticahabitacionalabrangente,oprocessoamplodecapturadopúblicopeloprivadoviaOperaçõesUrbanasePPPspermanecedistantedesuaspautas.Ou,ainda,sãovistosantes comooportunidadesparaa conquistadeunidadeshabitacionais.Poroutro lado, se tornavisívelaatuaçãodenovasfrentesderesistênciaquevemcontestarprojetosurbanosprivatizantes,de origem pública ou privada, reclamando em oposição a cidade como um bem comum, cujodestinodeveserdecididocoletivamente.AlutapeloParqueAugustainteiramentepúblicoemumterrenonobredepropriedadededuasconstrutoras, contraumcomplexode torresanexoaumparque privado é um exemplo contundente. Também a luta do Teatro Oficina, do TerreyroCoreográfico e de uma rede de atuadores da cultura e do bairro do Bixiga contra de um ladotambémumcomplexodetorresemterrenovizinhoaoteatro,e,dooutro,umprojetomunicipalde concessão do baixo do viaduto Julio de Mesquita Filho – local onde residem dezenas demoradoresderuaeondevemsendodesenvolvidosprojetosartísticos,educativosouculturaispordiferentescoletivos.

Palavras-chave:Resistências;Insurgências;ProjetosUrbanosPrivatizantes.

LUTASMULTITUDINÁRIASATIVISTASEMOVIMENTOSSOCIAISMILITANTES

BernardoNeveseNatachaRena(Indisciplinar|UFMG)

Fortes resistências aos projetos urbanos neoliberais surgiram em várias partes do mundo nosúltimos anos.Muitas foram as lutas vitoriosas, do ponto de vista destituinte, pois conseguiramparargrandesprojetosurbanoscomo:ParqueGezi/IstambulnaTurquia,avenidaGamonal/Burgosna Espanha, Parque Augusta em SP/ Brasil, Cais Estelita emRecife/ Brasil, CaisMauá em PortoAlegre/Brasil,ParqueJardimAméricaemBH/Brasil.Nosinteressaanalisaradiferençaentreestaslutasurbanascontemporâneas,multitudinárias (heterogêneaseplurais),horizontaisedispersas,do modelo de luta pela reforma urbana, que vincula-se, historicamente, a movimentosorganizadosverticalmenteedealcancenacional.Emtemposatuais,deprecarizaçãodotrabalho,os movimentos contemporâneos, ligados à classe criativa, fazem frente ao avanço do capitalprivatista sobreoespaço,eles sabemqueéprecisoocuparametrópole,ou seja,parara “nova

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fábrica”. As lutas multitudinárias, mais horizontais e autônomas com relação ao Estado, aospartidos e aos sindicatos, têm modos mais ativistas (resistências ao Estado-capitalcontemporâneo) muito diversos dos movimentos sociais mais militantes (resistências aoEstado/capital desenvolvimenta produtivista) o que infelizmente, resulta emmuitosmomentos,numadisputaporliderançaeprotagonismonocampodaslutas,sejapelosmodosdefazerentreos dois tipos de movimentos, seja por incompatibilidade de interesses políticos (partidáriosinclusive).

Palavras-chave:LutasMultitudináriasAtivistas;MovimentosSociaisMilitantes;UrbanismoNeoliberal.

ACIDADEEMMOVIMENTO

ValériaPinheiro(Lehab|UFC)

As intervenções vinculadas à Copa 2014 despertaram movimentos de resistência, tendo comoprotagonistas os diretamente ameaçados pelas remoções. Nesse período, sob influência dasjornadasdejunho,mereceregistrooOcupeCocó,quecolocouaquestãodamobilidade,domeioambiente,dosespaçospúblicosemdestaqueduranteosmesesdeacampamento.Nopós-copa,passadaa"ressaca"dasjornadasdejunho,observamosumareconfiguraçãodasresistências.Emconsonânciacomoqueocorrianacionalmente,vivenciamosocupaçõesemescolaspúblicaseemequipamentoscomoaSecultForeMinc,tendoossecundaristaseartistasdemandadomelhoriasdos serviços públicos e inserido suas lutas numa dimensão maior que a dos seus coletivos.Observando as políticas urbanas propriamente ditas, registramos atualmente o seu estágioprimitivo no que se refere à financeirização,mas cuja tendência tende a disseminar-se. As seteOUCsaprovadasem20anosnãoconsideramosassentamentosirregularesdasvizinhançascomobeneficiários dos seus investimentos. Há, a partir de 2015, a regulamentação exclusiva deinstrumentosquefavorecemaosetor imobiliário,semcontrolesocialdosprometidosbenefíciosadvindosparaointeressepúblico.Nestecenário,consegue-seobservaralgumasinsurgênciasaosprocessos de especulação imobiliária promovidos pelos grandes projetos urbanos e PPPs,resistênciasincipientes,localizadaseisoladas,porvezes.Tambémpode-seregistrarumaatençãodespertadaemalgunscoletivosquesearticulampelodireitoàcidadeparaadimensãodaatuaçãodocapitalimobiliáriofinanceirizadoeseuimpactonasconcretasdemandaspormoradiadigna.Acrescenteocupaçãodepraçasnaperiferiaporjovenstambémdemandanossaatençãoeanálise.

Palavras-chave:Ocupações;Transformações;Direitoàcidade.

MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS NO CONTEXTO DE MEGAEVENTOS NO RIO DEJANEIRO:MOBILIZAÇÃO,RESISTÊNCIAEPERSPECTIVAS

RenatoCosentino(ETTERN/IPPUR|UFRJ)

ORiodeJaneiroviveu intensamentenaúltimadécadaomodelodegrandeseventosesportivos,desde a realização do Pan-Americano em 2007, passando pela Copa do Mundo em 2014 e aOlimpíadaem2016,entreoutros.Hánesteperíodouma inversãodeprioridadesemrelaçãoaoinvestimento público. Utilizando-se do forte argumento de se receber os maiores eventosmundiais, canalizou-se recursos para as frentes de expansão do mercado imobiliário – mais

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precisamenteàregiãoportuáriaeàBarradaTijuca–emmeioaumforteprocessoespeculativo.As necessidades básicas para a reprodução social como alimentação, transporte e moradiasofreram aumentos acima da inflação, não acompanhados pelo salário, e o custo de vida seelevou. Isso ocorreu a partir de uma aliança entre o PT (governo federal) e o PMDB (governosestadual emunicipal), que “somando forças”, como sublinhavao slogandoGovernodoEstado,dirigiram este processo em conjunto com as maiores empreiteiras nacionais. As intervençõesurbanas promovidas neste contexto promoveram uma série de violações de direitos eengendraram processos de luta e resistência. Movimentos sociais, organizações de direitoshumanos, comunidades atingidas, laboratórios universitários e mandatos parlamentaresprogressistas se articularam no Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, um dos principaisgrupos que atuou no período. Após as Jornadas de Junho de 2013, grupos mais autonomistasganharamdestaque,sesomandoaoenfrentamentofeitoaummodelodecidadequenãotrouxebenefíciosparaapopulaçãoequefoipostoemxequepelamobilizaçãopopular.

Palavras-chave:Megaeventos;Movimentossociaisurbanos;Mobilizaçãopopular.