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VOLUME SANTA CATARINA

Atlas Santa Catarina

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VOLUME PARÁVOLUME SANTA CATARINA

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VOLUME PARÁ

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VOLUME PARÁVOLUME SANTA CATARINA

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PRESIDENTE DA REPÚBLICAExcelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Álvaro Toubes Prata, Dr. Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Edson da Rosa, Dr.

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES Diretor Geral Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. Diretor de Articulação Institucional Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Superintendente Geral Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0 Atribuição/Uso Não-Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres.

Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Santa Catarina / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis: CEPED UFSC, 2011. 89 p. : il. color. ; 30 cm.

Volume Santa Catarina.

ISBN 978-85-64695-26-9

1. Desastres naturais. 2. Estado de Santa Catarina - atlas. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III. Secretaria Nacional de Defesa Civil. IV. Título. CDU 912(816.4)

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A construção de uma nova realidade para a Defesa Civil no Brasil, principalmente no que se refere à política de redução de riscos, requer conhecer os fenômenos e os desastres que nosso território está sujeito. Para nos prepararmos, precisamos saber os perigos que enfrentamos. O levantamento de informações e a caracterização do cenário nacional de desastres é uma necessidade antiga, compartilhada por todos que trabalham com Defesa Civil. A concretização do referido levantamento contou com a participação de todos os estados e da academia. A cada dia fica mais evidente que a colaboração entre os atores envolvidos (Distrito Federal, estados e municípios) é essencial para o alcance de objetivos comuns. A ampla pesquisa realizada e materializada pela publicação deste Atlas teve como objetivo corrigir essa falta de informações. O conhecimento gerado poderá beneficiar os interessados no assunto, a partir dos mais diversos propósitos, e estará em constante desenvolvimento e melhoria.Finalmente, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho que a Secretaria Nacional de Defesa Civil, em cooperação com a Universidade Federal de Santa Catarina, apresenta para a sociedade brasileira. Secretário Humberto Viana Secretário da Secretaria Nacional de Defesa Civil

Nas últimas décadas os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das populações. Há um aumento considerável não só na frequência e intensidade, mas também nos impactos gerados, com danos e prejuízos cada vez mais intensos.O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina.A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os registros de desastres ocorridos em todo o território nacional nos últimos 20 anos (1991 a 2010), por meio da publicação de 26 Volumes Estaduais e um Volume Brasil. O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas temáticos e na produção do Atlas, é relevante na medida em que viabiliza construir um panorama geral das ocorrências e recorrências de desastres no país e suas especificidades por Estado. Possibilita, assim, subsidiar o planejamento adequado em gestão de risco e redução de desastres, a partir da análise ampliada abrangendo o território nacional, dos padrões de frequência observados, dos períodos de maior ocorrência, das relações destes eventos com outros fenômenos globais e da análise sobre os processos relacionados aos desastres no país. O Brasil não possuía, até o momento, bancos de dados sistematizados e integrados sobre as ocorrências de desastres e, portanto, não disponibilizava aos profissionais e aos pesquisadores informações processadas acerca destes eventos, em séries históricas.Este Atlas é o primeiro trabalho em âmbito nacional realizado com a participação de 14 pesquisadores para recolher dados oficiais nos 26 Estados e no Distrito Federal do Brasil e envolveu um total de 53 pessoas para a sua produção. As informações apresentadas foram retiradas de documentos oficiais nos órgãos estaduais de Defesa Civil, Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Arquivo Nacional e Imprensa Nacional. A proposta de desenvolver um trabalho desta amplitude mostra a necessidade premente de informações que ofereçam suporte às ações de proteção civil. O foco do trabalho consiste na caracterização dos vários desastres enfrentados pelo país nas duas últimas décadas.Este volume apresenta os mapas temáticos de ocorrências de desastres naturais do Estado de Santa Catarina, referente a 3.903 documentos compulsados, que mostram, anualmente, os riscos relacionados a inundações bruscas, estiagens e secas, vendavais e outros eventos naturais adversos.Nele, o leitor encontrará informações relativas aos totais de registros dos desastres naturais recorrentes no Estado, espacializados nos mapas temáticos dos eventos adversos, que, juntamente com a análise de infográficos com registros anuais, gráficos de danos humanos, frequências mensais das ocorrências e de médias de precipitação, permitem uma visão global dos desastres em Santa Catarina, de forma a subsidiar o planejamento e a gestão das ações de minimização no Estado.

Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.Coordenador Geral CEPED UFSC

APRESENTAÇÃO

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EXECUÇÃO DO ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

GeoprocessamentoProfessor Carlos Antonio Oliveira Vieira, Dr.Renato Zetehaku Araujo

Revisão bibliográfica e ortográficaGraziela BoninPedro Paulo de Souza

Revisão do conteúdoGerly Mattos SánchezMari Angela MachadoMichely Marcia MartinsSarah Marcela Chinchilla Cartagena

Equipe de campo, coleta e tratamento de dadosCarolinna Vieira de CisneDaniel Lopes GonçalvesDaniela Prá S. de SouzaDrielly Rosa NauBruno Neves MeiraÉrica ZenFabiane Andressa TascaFernanda Claas RonchiFilipi Assunção CurcioGabriel MunizGerly Mattos SánchezKaren Barbosa AmaranteLarissa Dalpaz de AzevedoLarissa MazzoliLaura Cecilia MüllerLorran Adão Cesarino da RosaLucas Soares MondadoriLucas Zanotelli dos SantosMichely Marcia MartinsMonique Nunes de FreitasNathalie Vieira FozPatricia Carvalho do Prado Nogueira

Coordenação do projetoProfessor Antônio Edésio Jungles, Dr.

Supervisão do projetoProfessor Rafael Schadeck, Ms. - GeralJairo Ernesto Bastos Krüger - Adjunto

Equipe de elaboração do atlasBruna Alinne ClasenDaniela Prá S. de SouzaDiane GuziDrielly Rosa NauEvandro RibeiroFrederico de Moraes RudorffGerly Mattos SánchezLucas dos SantosMari Angela MachadoMichely Marcia MartinsPatricia de CastilhosRegiane Mara SbrogliaRita de Cassia DutraSarah Marcela Chinchilla Cartagena

Projeto GráficoAlex-Sandro de Souza Douglas Araújo VieiraEduardo Manuel de SouzaMarcelo Bezzi Mancio

Diagramação Alex-Sandro de Souza Annye Cristiny Tessaro (Lagoa Editora)Douglas Araújo VieiraEduardo Manuel de SouzaJosé Antônio Pires NetoMarcelo Bezzi Mancio

Priscila Stahlschmidt MouraRenato Zetehaku AraujoThiago Hülse CarpesThiago Linhares BilckVinícius Neto TruccoVlade Dalbosco

Equipe de apoioEliane Alves BarretoJuliana Frandalozo Alves dos SantosLucas MartinsPaulo Roberto dos SantosValter Almerindo dos Santos

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema do registro de desastres --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13Figura 2 - Hierarquização de Documentos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 13Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14Figura 4 - Cânion do Itambezinho --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 19Figura 5 - Efeitos da estiagem em Santa Catarina ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29Figura 6 - Cursos d’água com baixa vazão pelo déficit hídrico --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29Figura 7 – Enxurrada em 2008 no Estado de Santa Catarina ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 35Figura 8 – Ponte destruída pela forte inundação brusca---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37Figura 9 – Danos ocasionados pelas enxurradas e alagamentos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37Figura 10 - Inundação gradual em Sombrio, Estado de Santa Catarina ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 43Figura 11 - Área inundada em Santa Catarina -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43Figura 12 - Consequências de fortes vendavais em Santa Catarina ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49Figura 13 - Quedas de árvores provocadas pelos ventos intensos ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49Figura 14 - Furacão Catarina --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51Figura 15 - Pedras de granizo precipitadas em Santa Catarina --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55Figura 16 – Efeitos da passagem de tornado em Santa Catarina ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 65Figura 17 - Queda de matacão rochoso, Santa Catarina --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 67Figura 18 - Deslizamento de terra no Morro dos Cavalos, Santa Catarina --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 69Figura 19 - Erosão fluvial com o desbarrancamento da margem do rio ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 71Figura 20 - Efeitos da erosão marinha na praia da Armação do Pântano do Sul, Santa Catarina -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 73

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Médias pluviométricas em 1991 com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina -------------------------------- 30Gráfico 2 - Médias pluviométricas em 2006 com base nos dados das Estações Pluviométricas de Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina -------------------------------- 30Gráfico 3 - Frequência mensal de estiagem e seca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ---------------------------------------------------------------------------------------------- 31Gráfico 4 - Danos humanos ocasionados por estiagem e seca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------- 31Gráfico 5 - Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina ----------- 35Gráfico 6 - Frequência mensal de inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------------------------- 37Gráfico 7 - Médias pluviométricas em 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina -------------------------------- 38Gráfico 8 - Danos humanos ocasionados por inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------- 38Gráfico 9 - Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina -------------------------------- 45Gráfico 10 - Frequência mensal de inundação gradual, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 45Gráfico 11 - Danos humanos ocasionados por inundações graduais em Santa Catarina, entre os anos de 1991-2010 --------------------------------------------------------------------------------- 45Gráfico 12 - Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------------------- 49Gráfico 13 - Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------- 51Gráfico 14 - Frequência mensal de granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 55Gráfico 15 - Danos humanos ocasionados por granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 57

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Gráfico 16 - Frequência mensal de geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 61Gráfico 17 - Danos humanos ocasionados por geadas, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 63Gráfico 18 - Frequência mensal de tornados no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 65Gráfico 19 - Danos humanos ocasionados por tonado, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 65Gráfico 20 - Frequência mensal de movimentos de massa no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------------------- 69Gráfico 21 - Danos humanos ocasionados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------- 69Gráfico 22 - Frequência mensal de erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 71Gráfico 23 - Danos humanos ocasionados por erosão fluvial, no Estado de Santa Catarina,período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------- 73Gráfico 24 - Frequência mensal de erosão marinha no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------------------- 74Gráfico 25 - Danos humanos ocasionados por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------------- 74Gráfico 26 - Frequência mensal de incêndios, no Estado Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75Gráfico 27 - Danos humanos ocasionados por incêndio, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------------- 76Gráfico 28 - Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ---------------------------------------------------------------------------- 81Gráfico 29 - Frequência mensal dos desastres mais recorrentes em Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------- 81Gráfico 30 - Municípios mais atingidos de Santa Catarina, classificados pelo total de registros, no período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------- 82Gráfico 31 - Total de danos humanos em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83Gráfico 32 - Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as décadas de 1990 e 2000 --------------------------------------------------------------------------------------------------- 89Gráfico 33 - Total de registros coletados entre 1991 e 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 89

LISTA DE INFOGRÁFICOS

Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagens e secas em Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------------- 32Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ---------------------------------------------------------------------------------- 39Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundação gradual no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------- 46Infográfico 4 – Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------- 52Infográfico 5 – Municípios atingidos por granizos no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ---------------------------------------------------------------------------------------------- 58Infográfico 6 – Municípios atingidos por geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 63Infográfico 7 – Municípios atingidos por tornados no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------ 66Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa em Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------ 70Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 71Infográfico 10 – Municípios atingidos por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período 1991 a 2010 ---------------------------------------------------------------------------------------- 74Infográfico 11 – Municípios atingidos por incêndio no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------------------- 76

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Político do Estado de Santa Catarina ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18Mapa 2 - Desastres naturais causados por estiagem e seca em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------------------- 28Mapa 3 - Desastres naturais causados por inundações bruscas em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 36Mapa 4 - Desastres naturais causados por inundações graduais em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------------------------------- 44Mapa 5 - Desastres naturais causados por vendaval e/ou ciclone em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 -------------------------------------------------------------------------------------- 50Mapa 6 - Desastres naturais causados por granizos em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 56

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Mapa 7 - Desastres naturais causados por geada em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62Mapa 8 - Desastres naturais causados por tornado em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 64Mapa 9 - Desastres naturais causados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------- 68Mapa 10 - Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 --------------------------------------------------------------- 72Mapa 11 - Total de Registros de desastres naturais por município de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ------------------------------------------------------------------------------------- 80

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 14Tabela 2 - População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010 ---------------------------------------------------- 21Tabela 3 - População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sule Unidades da Federação – 2000/2010 ------------------------------------------------------- 22Tabela 4 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sul e Unidades da Federação – 2004/2008 -------------------------------------------------------------------------------------------- 22Tabela 5 - Déficit Habitacional Urbano em Relação aos DomicíliosParticulares Permanentes, Segundo Brasil, Região Sul e Unidades da Federação - 2008 ----------------------------------------- 23Tabela 6 - Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Faixas de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Sul e Unidades da Federação- FJP/2008 ------------------------ 23Tabela 7 - Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribuição percentual, por grupos de anos de estudo-Brasil, Região Sul e Estado de Santa Catarina – 2009 ----------------- 23Tabela 8 - Taxas de fecundidade total, bruta de natalidade, bruta de mortalidade, de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil, Região Sul e Unidades da Federação – 2009 - 23Tabela 9 – Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 ----------------------------------------------------------------------------------------- 84

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SUMÁRIO

17

27

29

35

43

49

55

INTRODUÇÃO

O ESTADO DE SANTA CATARINA

DESASTRES NATURAIS EM SANTA CATARINA DE 1991 A 2010

GRANIZO

ESTIAGEM E SECA

INUNDAÇÃO BRUSCA

INUNDAÇÃO GRADUAL

VENDAVAL E/OU CICLONE

TORNADO 65

61GEADA

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

79

89

13

MOVIMENTOS DE MASSA 67

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL 71

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Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina

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13Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

No Brasil, as informações oficiais sobre um desastre podem ocorrer pela emissão de dois documentos distintos, não obrigatoriamente dependentes: o Formulário de Notificação Preliminar de Desastre (NOPRED) e/ou o Formulário de Avaliação de Danos (AVADAN). Quando um município encontra-se em situação de emergência ou calamidade pública, um representante da Defesa Civil do município preenche o documento e o envia simultaneamente para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e para a Secretaria Nacional de Defesa Civil.

Após a emissão de um dos dois documentos, ocorre a oficialização da ocorrência do desastre por meio de um Decreto Municipal exarado pelo Prefeito. Quando não é possível preencher um dos dois documentos, o Prefeito Municipal pode oficializar a ocorrência de um desastre diretamente pela emissão do Decreto.

Em seguida, ocorre a homologação do Decreto pela divulgação de uma Portaria no Diário Oficial da União, emitida pelo Secretário Nacional de Defesa Civil ou Ministro da Integração Nacional, como forma de tornar pública e reconhecida uma situação de emergência ou um estado de calamidade pública. A Figura 1 ilustra o processo de informações para a oficialização de um registro de um desastre.

Figura 1 - Esquema do registro de desastres

O Relatório de Danos foi um documento para registro oficial utilizado pela Defesa Civil até meados de 1990, sendo substituído, posteriormente, pelo AVADAN. Os documentos são armazenados em meio físico, de responsabilidade das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil.

A relevância da pesquisa refere-se à importância que deve ser dada ao ato de registrar e armazenar, de forma precisa, integrada e sistemática, os eventos adversos ocorridos no país. Até o momento da pesquisa, não foram evidenciados bancos de dados ou informações sistematizadas sobre o contexto brasileiro de ocorrências e controle de desastres no Brasil.

Assim, a pesquisa justifica-se pela construção pioneira do resgate histórico e ressalta a importância dos registros pelos órgãos federais, distrital, estaduais e municipais de Defesa Civil, para que estudos abrangentes e discussões sobre as causas e intensidade dos desastres possam contribuir para a construção de uma cultura de proteção civil.

Levantamento de Dados

Entre outubro de 2010 a maio de 2011, pesquisadores do CEPED UFSC visitaram as 26 capitais brasileiras para obter os documentos oficiais de registros de desastres disponibilizados pelas Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Os pesquisadores também foram à Secretaria Nacional de Defesa Civil para coletar os registros arquivados. Primeiramente, todas as Coordenadorias Estaduais receberam um ofício da Secretaria Nacional de Defesa Civil comunicando o início da pesquisa e solicitando a cooperação no levantamento dos dados.

Como na maioria dos Estados os registros são realizados em meio físico e arquivados, os pesquisadores utilizaram como equipamento de apoio um scanner portátil para transformar em meio digital os documentos disponibilizados. Foram digitalizados os documentos datados entre 1991 e 2010, possibilitando o resgate histórico dos últimos 20 anos de registros de desastres no Brasil. Os documentos oficiais encontrados consistem em relatório de danos, AVADANs, NOPREDs, decretos e portarias.

Como forma de minimizar as lacunas de informações, foram coletados documentos em arquivos e banco de dados

do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de Defesa Civil, por meio de consulta de palavras-chave “desastre”, “situação de emergência” e “calamidade”.

Tratamento dos Dados

Para compor a base de dados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais e a fim de evitar a duplicidade de registros, os documentos foram selecionados de acordo com a escala de prioridade da Figura 2.

Figura 2 – Hierarquização de Documentos

Fonte: Própria pesquisa, 2011.

Fonte: Própria pesquisa, 2011.

Os documentos selecionados foram nomeados com base em um código formado por 5 campos (Figura 3), que permitem a identificação da:

1 – Unidade Federativa2 – Tipo do documento:

A – AVADANN – NOPREDR – Relatório de danosP – PortariaD – Decreto municipal ou estadualO – Outros documentos (tabelas, ofícios, etc.)

3 – Código do município estabelecido pelo IBGE4 – Codificação de desastres, ameaças e riscos (CODAR)5 – Data de ocorrência do desastre (ano/mês/dia).

Quando não possível identificar refere-se a data de homologação do decreto ou elaboração do relatório.

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14Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INTRODUÇÃO

Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados

Fonte: Própria pesquisa, 2011.

O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais considera como fonte de informações os documentos oficiais relativos aos dezenove tipos de desastres naturais mencionados na Tabela 1, considerados os principais eventos incidentes no país. Esses

Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem

A fim de identificar discrepâncias nas informações, erros de digitação e demais falhas no processo de transferência de dados, foram criados filtros de controle para verificação dos mesmos:

1 – De acordo com a ordem de prioridade apresentada na Figura 2, os documentos referentes ao mesmo evento, emitidos com poucos dias de diferença, foram excluídos para evitar a duplicidade de registros;

2 – No caso de danos humanos, as discrepâncias identificadas não foram consideradas.

O levantamento de dados para o Estado de Santa Catarina identificou 8.900 documentos, sendo:

Quadro 1 – Total de documentos levantados do Estado de Santa Catarina

AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total2192 105 314 1233 3447 1609 8900

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Após o processo de verificação de duplicidades, recorte histórico dos últimos 20 anos (1991-2010) e seleção dos tipos de desastres considerados (Tabela 1) os documentos totalizaram 3.903 registros de desastres, sendo:

Quadro 2 – Total de documentos considerados do Estado de Santa Catarina

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Não foram identificadas informações discrepantes para o Estado de Santa Catarina, assim não houve a necessidade de desconsiderar dados.

desastres foram classificados em treze grupos, e, ao agrupar alguns deles, os registros foram somados. Foi considerada para este agrupamento a classificação quanto à origem dos desastres determinada pela Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos (CODAR), desenvolvida pela Defesa Civil Nacional.

As informações presentes nos documentos do banco de dados foram manualmente tabuladas em planilhas para permitir a análise e interpretação de forma integrada.

O processo de validação dos documentos oficiais foi realizado juntamente com as Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil, por intermédio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, com o objetivo de garantir a representatividade dos registros de cada Estado.

1 2 3 4 5

AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total1867 302 212 285 1237 0 3903

Fonte: Defesa Civil Nacional. Adpatado por CEPED UFSC, 2011.

Page 15: Atlas Santa Catarina

15Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INTRODUÇÃO

Produção de Mapas Temáticos

Com o objetivo de possibilitar a análise dos dados, foram desenvolvidos mapas temáticos para espacializar e representar a ocorrência dos eventos. Utilizou-se a base de dados georreferenciada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005), como referência para a produção dos mapas. Assim, os mapas que compõem a análise dos dados por Estado, são:

• Mapa Político do Estado;• Mapas temáticos para cada tipo de desastre;• Mapa temático com o total de registros no Estado.

Análise dos Dados

A partir dos dados coletados para cada Estado, foram desenvolvidos mapas, gráficos e tabelas que possibilitaram construir um panorama espaço-temporal sobre a ocorrência de desastres. Quando encontradas fontes teóricas que permitissem caracterizar os aspectos geográficos do Estado, como clima, vegetação e relevo, as análises puderam ser complementadas. Os aspectos socioeconômicos do Estado também compuseram uma fonte de informações sobre as características locais.

A análise consiste na breve caracterização dos aspectos geográficos do Estado, avaliação dos registros de desastres e avaliação dos danos humanos relativos às ocorrências, com a utilização de mapas e gráficos para elucidar a informação. Assim, as informações do Atlas são apresentadas em três capítulos:

Capítulo 1 – Apresentação do Estado, mapa político, aspectos geográficos e demográficos;

Capítulo 2 – Análise dos desastres naturais do Estado entre 1991-2010, mapas temáticos e análise de cada desastre ocorrido, gráficos relacionados aos registros de desastres e danos humanos;

Capítulo 3 – Diagnóstico dos desastres naturais no Estado, mapa temático contendo todos os registros desastres ocorridos entre 1991-2010 e gráficos de todos os desastres recorrentes.

A análise apresenta uma descrição do contexto onde os eventos ocorreram e permitem subsidiar os órgãos competentes para ações de prevenção e reconstrução. Assim, o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais consiste em uma fonte para pesquisas e consultas, pois reúne informações sobre os eventos adversos registrados no território nacional o que contribui para a construção de conhecimento.

Limitações da pesquisa

As principais dificuldades encontradas na pesquisa, foram: as condições de acesso, as lacunas de informações por mau preenchimento, banco de imagens e referencial teórico para a caracterização geográfica de cada Estado, além da armazenagem inadequada dos formulários, muitos guardados em locais sujeitos a fungos e à umidade.

Por meio da realização da pesquisa, evidenciaram-se algumas fragilidades quanto ao processo de gerenciamento das informações sobre os desastres brasileiros, como:

• A ausência de unidades e campos padronizados para as informações declaradas pelos documentos;• Ausência de sistema de coleta sistêmica e armazenamento dos dados;• Cuidado quanto ao registro e integridade histórica;• Dificuldades na interpretação do tipo de desastre pelos responsáveis pela emissão dos documentos;• Dificuldades de consolidação, transparência e acesso aos dados.

Cabe ressaltar que o aumento do número de registros a cada ano pode estar relacionado à evolução dos órgãos de Defesa Civil quanto ao registro de desastres nos documentos oficiais. Assim, acredita-se que pode haver carência de informações sobre os desastres ocorridos no território nacional, principalmente entre 1991 e 2001, período anterior ao formulário AVADAN.

Page 16: Atlas Santa Catarina
Page 17: Atlas Santa Catarina

O Estado de Santa Catarina

Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina

Page 18: Atlas Santa Catarina

18Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

!

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Joinville

Capão Alto

Painel

Água Doce Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Curitibanos

Calmon

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Apiúna

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Indaial

Otacílio Costa

Itajaí

Laguna

Içara

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Ponte Alta

Corupá

Videira

Campo Belo do Sul

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Araquari

Vargem

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major Vieira

Ouro

Campo Erê

Timbó Grande

Turvo

Itapoá

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Tubarão

Paulo Lopes

Rio dos Cedros

Ipira

Jaraguá do Sul

Rio do Campo

Campo Alegre

Matos Costa

Bocaina do Sul

Brusque

Botuverá

Cerro Negro

Caibi

São Bonifácio

FlorianópolisPalmeira

Ibirama

Nova Trento

Grão Pará

Brunópolis

José Boiteux

Ituporanga

Jaguaruna

Aurora

Macieira

Mirim Doce

Zortéa

Quilombo

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

São Bento do Sul

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Vitor Meireles

Rio Rufino

Petrolândia

Mondaí

Ibiam

Vidal Ramos

Criciúma

Lontras

Benedito Novo

Anchieta

Rio Fortuna

Luiz Alves

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

RiodoSul

Siderópo lis

Riqueza

Paraíso

Doutor Pedrinho

Rio das Antas

Pouso Redondo

Ibicaré

Urussanga

Camboriú

Nova Veneza

Lauro Muller

Treviso

Xavantina

Praia Grande

Irati

Timbó

Ponte Alta do Norte

Saudades

Dionísio Cerqueira

Major Gercino

Gravatal

Guatambú

Saltinho

Rio do Oeste

Romelândia

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Armazém

Rodeio

Maravilha

Piratuba

Paial

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Arabutã

São Cristovão do Sul

Catanduvas

Ouro Verde

Iomerê

Presidente Getúlio

Monte Carlo

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona EmmaAscurra

Luzerna

Tunápolis

Witmarsum

Peritiba

Marema

Modelo

São José

Ermo

Atalanta

Sangão

Princesa

Penha

Bela Vistado Toldo

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Guaramirim

Águas Mornas

Imbituba

Leoberto Leal

Pomerode

Vargem Bonita

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Guabiruba

Treze Tílias

Antônio Carlos

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

Canelinha

São Carlos

Braço do Norte

Schroeder

Iporã do OesteLindóia do Sul

São João Batista

Santo Amaroda Imperatriz

Presidente Nereu

Frei Rogério

BandeiranteBalneário Piçarras

Barra VelhaSulBrasil

Garopaba

Agronômica

Treze de Maio

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Pinhalzinho

Pedras Grandes

Entre Rios

Santa Rosa de Lima

Arvoredo

Belmonte

Novo Horizonte

Navegantes

SãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

Porto Belo

São Joãodo Oeste

Caxambu do Sul

Salto Veloso

São Ludgero

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Arroio Trinta

Barra Bonita

Laurentino

São Joãodo Itaperiú

Águas deChapecó

Itapema

Alto BelaVista

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

Formosado Sul

Cunhataí

União doOeste

Santa Helena

São Pedrode Alcântara

Passo de Torres

BomJesus

TrombudoCentral

Jardinópolis

Cocal do Sul

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

BalneárioBarra do Sul

Morro da Fumaça

Santiagodo Sul

Pinheiro Preto

NovaErechim

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

LajeadoGrande

Santa Terezinhado Progresso

Balneário Arroio do Silva

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

Bombinhas

Capivari de Baixo

São Miguelda Boa Vista

PresidenteCastelo Branco

Balneário Camboriú

Arg

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na

SERRANA

OESTE CATARINENSE

VALE DO ITAJAI

NORTE CATARINENSE

SUL CATARINENSE

GRANDE FLORIANOPOLIS

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 1 - POLÍTICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

40°W70°W

30°S

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE SANTA CATARINA NO BRASIL

Convenções! Capital

Mesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água1:75000000

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Page 19: Atlas Santa Catarina

19Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

Figura 4 – Cânion do Itambezinho

Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina.

Tabuleiro e Tijucas. Esta região, colonizada por açorianos no século XVIII, tem um relevo litorâneo recortado com baías, manguezais, lagunas e praias. As principais cidades são Florianópolis e São José, sendo a pesca e o turismo as atividades econômicas mais importantes (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

A Mesorregião Sul Catarinense é composta por 44 municípios distribuídos em três microrregiões: Araranguá, Criciúma e Tubarão. De colonização predominante italiana, o extrativismo mineral e indústria cerâmica são suas principais atividades econômicas. Suas principais cidades são Criciúma, Tubarão, Gravatal, Araranguá e Urussanga (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

A Mesorregião Serrana, única que é limítrofe de todas as demais mesorregiões, é formada por 30 municípios divididos em duas microrregiões: Campo de Lages e Curitibanos. Além do turismo rural tem como atividades econômicas a pecuária e a indústria florestal. Os principais municípios são Lages, São Joaquim, Urubici e Bom Jardim da Serra (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

Por fim, a Mesorregião Oeste Catarinense, composta por 118 municípios, é formada por duas regiões (Oeste e Meio-Oeste) e cinco microrregiões: Chapecó, Concórdia, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Xanxerê. Os campos da Região Oeste são o “celeiro” de Santa Catarina, de onde sai boa parte da produção brasileira de grãos, aves e suínos. Os principais municípios são Chapecó, Xanxerê, Concórdia e São Miguel do Oeste. Na Região Meio-Oeste situam-se comunidades de pequeno e médio porte, colonizadas por imigrantes italianos, alemães, austríacos e japoneses. Sua atividade econômica está baseada na agroindústria, criação de bovinos e produção de maçã, como também há indústrias expressivas do polo metal-mecânico. As principais cidades são Joaçaba, Videira, Caçador, Treze Tílias, Curitibanos, Fraiburgo e Campos Novos (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

O relevo catarinense caracteriza-se por planícies, que não ultrapassam 200 metros, principalmente em toda a faixa litorânea (planície costeira), formada por sedimentos trazidos pelos rios e pelas marés, e planícies fluviais, principalmente no trecho do vale

O ESTADO DE SANTA CATARINA

Caracterização Geográfica

Santa Catarina pertence à Região Sul do Brasil, que é composta pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e localiza-se entre os paralelos 26º00’08”S e 29º21’03”S e os meridianos 48º21’30”W e 53º50’09”W (IBGE, 2010a).

Limita-se ao norte com o Estado do Paraná, ao sul com o Estado do Rio Grande do Sul, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com a Argentina. Apresenta uma extensão territorial de 95.346,181 km², sendo o 20º maior estado brasileiro em dimensão territorial, correspondente a 1,12% da área do país e 16,54% da Região Sul (IBGE, 2010a).

Ao todo, são 293 municípios no Estado, com capital no município de Florianópolis, localizado no litoral, sendo o segundo mais populoso do Estado, com 421.240 habitantes (IBGE, 2010c).

Santa Catarina se divide em cinco mesorregiões: Norte Catarinense, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Sul Catarinense, Serrana e Oeste Catarinense, conforme apresenta o Mapa 1 (Político do Estado de Santa Catarina).

A Mesorregião Norte Catarinense é composta por 26 municípios agrupados em três microrregiões: Canoinhas, Joinville e São Bento do Sul. A microrregião de Joinville destaca-se pela indústria metal-mecânica e as microrregiões de Canoinhas e São Bento do Sul destacam-se pela forte agricultura e a indústria madeireira-moveleira. O município principal e o mais populoso do Estado, com 515.288 habitantes (IBGE, 2010b), é Joinville (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

A Mesorregião do Vale do Itajaí é formada por 54 municípios divididos em quatro microrregiões: Blumenau, Itajaí, Ituporanga e Rio do Sul. De colonização alemã, é polo da indústria têxtil e de exportação, através do Porto de Itajaí. Os principais municípios são Blumenau, Gaspar, Pomerode, Indaial, Itajaí, Brusque e Rio do Sul (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).

A Mesorregião da Grande Florianópolis é composta por 21 municípios agrupados em três microrregiões: Florianópolis,

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20Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

do rio Uruguai, no extremo oeste do Estado, que é uma área rebaixada formando um grande vale. O rio Uruguai é o principal agente modelador deste relevo, devido aos processos erosivos ao longo tempo. Ainda no litoral catarinense, situam-se a Serra do Mar, no litoral norte, e a Serra do Leste Catarinense, situada mais no litoral central, com altitudes que variam de 200 a 800 metros, e que ultrapassam os 900 metros, como no caso do Morro do Cambirela, com 1.043 metros (SANTA CATARINA, 1986).

O relevo que predomina no Estado são os planaltos, que ocorrem no interior catarinense, com altitudes entre 800 a 1.000 metros, formados por depósitos vulcânicos da Era Mesozóica, e que se assentam sobre rochas de arenito. As altitudes mais elevadas são encontradas nas bordas do planalto, principalmente no trecho da Serra Geral, onde se situam os pontos mais altos, como o Morro da Igreja, com 1.822 metros, localizado no município de Urubici, e o Morro da Boa Vista (SANTA CATARINA, 1986). O Morro da Boa Vista é o ponto mais alto do Estado e o 3º da Região Sul, com 1.827 metros de altitude (IBGE, 2010). Está situado na região conhecida como Campo dos Padres, cuja elevação faz parte da divisa dos municípios de Urubici e Bom Retiro.

Segundo a classificação de Köppen (1948), o clima catarinense é caracterizado como Subtropical (ou Mesotérmico), dividido em duas categorias: Cfa – mesotérmico úmido com verão quente, de leste, pela zona litorânea e a oeste; e Cfb – mesotérmico úmido com verão brando, distribuindo-se por toda a região central, de norte a sul do Estado.

Quanto à temperatura, apresenta características subtropicais. Os valores médios anuais definem a mesotermia, com valores que variam de 21,8ºC no litoral a 13,0ºC no planalto. Além de sofrer influência da atuação de massas polares, conferindo amplitude térmica entre 10 e 7ºC, tem influência da altimetria (SANTA CATARINA, 1986).

As massas de ar que atuam com maior frequência no Estado são a Massa Tropical Atlântica e a Massa Polar Atlântica. As frentes são formadas pelo encontro dessas massas de ar e são muito frequentes nos meses de inverno. Desse encontro, ocorrem as chamadas chuvas frontais; já no verão, predominam as chuvas convectivas. Em algumas cidades, como Joinville, são frequentes também as chuvas orográficas.

Por sua localização geográfica, o clima do Estado caracteriza-se por ter as quatro estações bem definidas e chuvas distribuídas ao longo do ano, não havendo estação seca. O relevo de Santa Catarina contribui, fundamentalmente, na distribuição diferenciada da precipitação em distintas áreas do Estado. Naquelas mais próximas às encostas de montanhas, as precipitações são mais abundantes, pois a elevação do ar úmido e quente favorece a formação de nuvens cumuliformes, resultando no aumento do volume de precipitação local. Neste sentido, são observados índices maiores de precipitação nos municípios próximos à encosta da Serra Geral, quando comparados aos da zona costeira (MONTEIRO, 2001).

A distribuição espacial dos totais pluviométricos anuais é maior na região oeste, com declínio em direção ao vale do rio do Peixe, variando de 2.400mm a 1.600mm. Esses valores mais altos do extremo oeste e oeste catarinense são originados a partir da interação de todas as massas de ar que atuam no Estado, além da interferência do relevo, onde a quantidade precipitada nas áreas próximas ao vale do rio Uruguai é bem inferior às áreas mais ao norte, próximas às encostas das serras do Capanema, da Fortuna e do Chapecó, onde ocorrem os maiores índices pluviométricos do Estado (MONTEIRO, 2001).

No limite do oeste com o planalto ocorre precipitação anual de 1.800mm. Há também valores elevados no nordeste do Estado, com 2.000mm na região de Joinville. As pluviosidades intensas nas regiões da Serra Geral e do Mar, como dito acima, são determinadas pela influência do relevo. Os totais declinam em direção ao sul precipitando 1.400mm anuais na região litorânea até o extremo sul do Estado. Esse total reflete as modificações locais da circulação atmosférica, com a passagem livre de ventos vindos do oceano, que em sua rota do mar em direção à Serra Geral, perde umidade (SANTA CATARINA, 1986).

Com relação à rede hidrográfica, o território catarinense é drenado por numerosas bacias representadas por dois sistemas independentes de drenagem: uma vertente dirigida diretamente para o Oceano Atlântico, a leste do Estado, formando um conjunto de bacias isoladas, abrangendo 37% do território catarinense, com destaque para a bacia do rio Itajaí; e a outra, para oeste, por um sistema integrado do interior, comandada

pela bacia dos rios Paraná-Uruguai, e abrangendo uma superfície mais vasta, 63,03% da área do Estado, nos domínios do planalto. A Serra Geral é o grande divisor das águas que drenam para o rio Uruguai e as que deságuam no Oceano Atlântico. Ao norte de Santa Catarina, a Serra do Mar serve como divisor entre a bacia do Iguaçu e as bacias da vertente atlântica que drenam para o litoral norte (SANTA CATARINA, 1986).

As principais bacias de Santa Catarina são as do rio Uruguai, do Peixe, das Antas, Peperi-guaçu, Chapecó, voltadas à vertente do interior (oeste), na vertente leste destacam-se as bacias dos rios Itajaí-Açu, Cubatão, Tubarão e Araranguá (SANTA CATARINA, 1986).

O Estado ainda contempla um sistema lagunar na planície costeira que compreende um conjunto de 47 lagoas, entre as mais significativas. As formações lacustres de Santa Catarina são mais frequentes na faixa litorânea situada mais ao sul do Estado, merecendo destaque o complexo lagunar formado pelas lagoas do Mirim, Imaruim e de Santo Antônio. Na ilha de Santa Catarina também se encontram duas lagoas, a da Conceição e do Peri, com a primeira contendo água salobra (SANTA CATARINA, 1986).

A cobertura vegetal de Santa Catarina está diretamente relacionada com a hidrografia, o relevo, com a distância em relação ao mar e as condições climáticas e edáficas de cada região. Fazendo parte do Bioma Mata Atlântica, o Estado apresenta as seguintes regiões fitoecológicas, segundo o Atlas de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1986):

• Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica): é a vegetação encontrada no litoral catarinense e estende-se nos vales da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu, onde a umidade é maior e as chuvas são mais frequentes. É higrófila, latifoliada, perene, densa e heterogênea. É bem estratificada, com árvores de 20 a 30 m de altura e importantes como o cedro, ipê e a figueira. Sua área de ocorrência é formada por planícies litorâneas, e principalmente por encostas íngremes da Serra do Mar e Geral, formando vales profundos e estreitos.

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21Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

• Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias): aparece no planalto catarinense, em altitudes superiores a 500m. Sua denominação é dada pela presença de uma conífera – araucária angustifólia, vulgarmente conhecida como “pinheiro do Paraná”. É aberta, aciculifoliada e homogênea. Grande parte desta floresta desapareceu no século XX, devido às empresas de exploração de madeira. Possui importantes espécies como a araucária, a erva-mate e a imbuia. Frequentemente aparece associada a áreas de campos.• Floresta Estacional Decidual (Floresta Subtropical do Uruguai): é a vegetação característica da bacia média e superior do rio Uruguai e seus afluentes, até as altitudes de 500 a 600m, ocupando aproximadamente 10.000 km2 do Estado. Predominam as espécies que perdem suas folhas no outono e inverno, mas há grande número de espécies perenes. Destaca-se a grápia, o angico vermelho, o louro-pardo, a canafístula e a guajuvira. Entre as espécies perenes têm-se as canelas, o pau-marfim, os camboatás.• Savana (campos do planalto meridional): vegetação rasteira, herbácea, de gramíneas cespitosas e rizomatosas, entremeadas por elementos de arbustos ou arbóreos formando as florestas de galeria ou capões. Aparecem em manchas esparsas e em maior quantidade no Planalto Serrano, em altitudes acima dos 800m, e frequentemente associadas às araucárias. São mais expressivas, pela extensão, os campos em Lajes, São Joaquim, Campos Novos, Bom Retiro e Curitibanos. Os campos catarinenses foram aos poucos ocupados pela agricultura. • Formações Pioneiras (Vegetação Litorânea): é encontrada na faixa costeira, no contato entre o mar e o continente. Constitui-se principalmente de vegetação de restinga e dos manguezais, com predominância herbácea e arbustiva, diretamente ou indiretamente influenciadas pelo mar. A vegetação de restinga aparece junto às dunas e praias, com arbustos e gramíneas

esparsos, com raízes alongadas acompanhando a superfície do solo. Os manguezais são halófitos e pneumatóforos. Aparecem em áreas onde as águas dos rios se encontram com as águas do mar, e onde não haja rebentação de ondas. Ocorrem no litoral norte e centro do Estado, até o município de Laguna.

No passado, o Estado de Santa Catarina apresentava 85% de sua área originalmente coberta pela Mata Atlântica; atualmente, situa-se como o terceiro Estado brasileiro com maior área de remanescentes do Bioma, resguardando cerca de 1.662.000 hectares, ou 17,46% da área original (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).

Ao longo dos anos, a cobertura vegetal original do Estado foi, na sua maior parte, descaracterizada pela ação antrópica, que desde a colonização vem sendo feita, principalmente, através de exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como pela implantação de culturas cíclicas, além da formação de pastagens para a criação extensiva do gado bovino e atualmente, com o reflorestamento para a comercialização. Segundo dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, para o

período de 2005 a 2008, os desflorestamentos do Bioma Mata Atlântica no período analisado totalizaram 102.938 hectares nos 10 dos 17 Estados onde a Mata Atlântica aparece (BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS). Verifica-se que, em números absolutos, Santa Catarina foi o Estado que mais desmatou entre os anos de 2005 a 2008, suprimindo 45.530 hectares de Mata Atlântica. A porção oeste, junto às formações das matas de araucárias em Santa Catarina, é a área mais crítica para a Mata Atlântica apontada pelo Atlas (SOS MATA ATLÂNTICA, 2009).

Dados Demográficos

A Região Sul do Brasil possui uma densidade demográfica de 48,58 hab/km², a segunda mais alta do Brasil. Entretanto, possui a menor taxa de crescimento do país, com 9,07%, no período de 2000 a 2010. Já o Estado Santa Catarina apresenta uma população de 6.249.682 habitantes e densidade demográfica de 65,29 hab/Km² (Tabela 2).

A população catarinense é predominantemente urbana, com uma taxa de 84%, característica encontrada também na Região Sul, com 84,93% e Brasil, com 84,3%% (Tabela 3).

Tabela 2 – População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010

Grandes Regiões População em 2000 População em 2010Taxa de

Crescimento 2000 a 2010

Densidade Demográfica

(2010) (hab/km²)

Taxa de Pop. Urbana - 2010

BRASIL 169,799,170 190,732,694 12.33% 22.43 84.36%Região Norte 12,900,704 15,865,678 22.98% 4.13 73.53%

Região Nordeste 47,741,711 53,078,137 11.18% 34.15 73.13%Região Sudeste 72,412,411 80,353,724 10.97% 86.92 92.95%

Região Sul 25,107,616 27,384,815 9.07% 48.58 84.93%Santa Catarina 5,356,360 6,249,682 16.68% 84,00 16.00%

Região Centro-Oeste 11,636,728 14,050,340 20.74% 8.75 88.81%

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de2000 e 2010

Page 22: Atlas Santa Catarina

22Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

em razão da precariedade das construções ou do desgaste da estrutura física, correspondeu a 5.546.310 milhões de domicílios, dos quais 4.629.832 milhões estão localizados nas áreas urbanas. Em relação ao estoque de domicílios particulares permanentes do país, o déficit corresponde a 9,6%. No Estado de Santa Catarina, o déficit habitacional, em 2008, era de 140.770 mil domicílios, dos quais 123.747 mil localizados nas áreas urbanas e 17.023 nas áreas rurais (Tabela 5).

Em relação ao estoque de domicílios particulares permanente do Estado, o déficit corresponde a 7,2%. Se comparados aos percentuais de domicílios particulares dos demais estados da região, é o mais alto e acima do percentual regional, 6,5%, no entanto abaixo do nacional, 9,6%, conforme a Tabela 5.

Déficit habitacional urbano em 2008, segundo faixas de renda familiar em salários mínimos

A análise dos dados refere-se à faixa de renda média familiar mensal em termos de salários mínimos sobre o déficit habitacional. O objetivo é destacar os domicílios urbanos precários e sua faixa de renda, alvo preferencial de políticas públicas que visem à melhoria das condições de vida da população mais vulnerável.

No Estado de Santa Catarina, as desigualdades sociais estão expressas pelos indicadores do déficit habitacional, segundo faixa de renda. Os dados mostram que a renda familiar mensal das famílias é muito baixa, onde 76,6% recebem uma renda mensal de até 3 salários mínimos. Na Região Sul, representa 83,4%, enquanto a média no Brasil é de 89,6% das famílias (Tabela 6).

Escolaridade

A média de anos de estudo do segmento etário que compreende as pessoas acima de 25 anos ou mais de idade revela a escolaridade de uma sociedade, segundo IBGE (2010).

2 Déficit Habitacional: o conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às deficiências do estoque de moradias. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, em função da coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifami-liar), dos moradores de baixa renda com dificuldade de pagar aluguel e dos que vivem em casas e apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido, portanto, como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque. O conceito de do-micílios improvisados engloba todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, carcaças de carros abandonados e barcos e cavernas, entre outros), o que indica claramente a carência de novas unidades domiciliares. Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil/2008.

Tabela 4 – Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sul e Unidades da Federação – 2004/2008

2004 2005 2006 2007 2008Taxa de Variação

2004/2008

BRASIL 10,692.19 11,658.10 12,686.60 14,464.73 15,989.75 49.55%Sul 12,676.91 13,205.97 14,156.15 16,564.00 18,257.79 44.00%

Paraná 12,079.83 12,344.44 13,151.98 15,711.20 16,927.98 40.00%Santa Catarina 13,403.29 14,542.79 15,633.20 17,834.00 20,368.64 52.00%

Rio Grande do Sul 12,850.07 13,298.02 14,304.83 16,688.74 18,378.17 43.00%

PIB PER CAPITA EM R$

Abrangência Geográfica

Fonte: IBGE, 2004/2008.

Tabela 3 – População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sule Unidades da Federação – 2000/2010

2000 2010

BRASIL 169,799,170 190,732,694 12.33% 84.30% 15.70%Região Sul 25,107,616 27,384,815 9.07% 84.70% 15.30%

Paraná 9,563,458 10,439,601 9.16% 85.10% 14.90%Santa Catarina 5,356,360 6,249,682 16.68% 84.00% 16.00%

Rio Grande do Sul 10,187,798 10,695,532 4.98% 85.30% 14.70%

Taxa de População Urbana (2010)

Taxa de População Rural (2010)

Abrangência GeográficaPopulação Crescimento

(2000-2010)

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 e 2010.

Produto Interno Bruto

O PIB1 per capita do Estado de Santa Catarina, segundo dados da Tabela 4, cresceu em média 52%, entre 2004 a 2008, acima da média da Região Sul, em torno de 44%, e da média do Brasil, em torno de 50%

No ano de 2008, o PIB per capita era de – R$ 20.368,64 – maior que a média regional - R$ 18.257,79 – e que a média nacional

¹ PIB – Produto Interno Bruto: É o total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produ-toras residentes destinadas ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores adicionados pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB também é equivalente à soma dos consumos finais de bens e serviços valorados a preço de mer-cado sendo, também, equivalente à soma das rendas primárias. Pode, portanto, ser expresso por três óticas: a) da produção – o PIB é igual ao valor bruto da produção, a preços básicos, menos o consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos; b) da demanda – o PIB é igual a despesa de consumo das famílias, mais o consumo do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques,mais as exportações de bens e serviços, menos as importações de bens e serviços; c) da renda – o PIB é igual à remu-neração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação, mais o rendimento misto bruto, mais o excedente operacional bruto. IBGE / 2008.

– R$15.989,75. O mais alto entre todos os estados da Região Sul. No mesmo período, a taxa de variação foi de 52% (Tabela 4).

Indicadores Sociais Básicos

Déficit Habitacional no Brasil2

No Brasil, em 2008, o déficit habitacional urbano, que engloba as moradias sem condições de serem habitadas,

Page 23: Atlas Santa Catarina

23Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

Tabela 5 – Déficit Habitacional Urbano em Relação aos DomicíliosParticulares Permanentes, Segundo Brasil, Região Sul e Unidades da Federação – 2008

Brasil 5.546.310 4.629.832 916.478 9.6%Sul 580.893 519.080 61.813 6,50%

Paraná 213.157 192.726 20.431 6,30%

Santa Catarina 140.770 123.747 17.023 7,20%

Rio Grande do Sul

226.966 202.607 24.359 6,20%

Abrangência Geográfica

Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008

Total Urbano Rural

Percentual em Relação aos Domicílios

Particulares Permanentes

Fonte: IBGE, 2004/2008.

O indicador de escolaridade no Estado de Santa Catarina pode ser visto pelo percentual de analfabetos (7,1%), de analfabetos funcionais (10,2%), ou seja, pessoas com até 3 anos de estudos, e os de baixa escolaridade (27,3%), compondo um indicador formado pelos sem escolaridade, com muito baixa e baixa escolaridade, que, na soma, corresponde a 37,5% da população acima de 25 anos (Tabela 7).

Esperança de Vida ao Nascer3

No Estado de Santa Catarina, o indicador de esperança de vida – 75,8 anos – está acima da média nacional – 73,1 anos – e da regional – 75,2 anos – e é o mais alto entre os estados da região. O indicador taxa de fecundidade – 2,08% - está acima do regional – 1,92% - e do nacional – 1,94 – e é a mais alta entre os estados da região. O indicador taxa bruta de natalidade – 12,54% - está acima do regional – 12,34% - mas abaixo do nacional – 15,77% - é o mediano entre os estados

Tabela 6 – Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Faixas de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Sul e Unidades da Federação- FJP/2008

BRASIL 5.546.310 4.629.832 916.478 9,60% Norte 555.130 448.072 107.058 13,80%Rondônia 31.229 29.609 1.620 6,90%Acre 19.584 17.370 2.214 10,50%

Amazonas 132.224 120.363 11.861 17,10%Roraima 13.969 13.333 636 12,00%Pará 284.166 217.408 66.758 14,70%Amapá 14.277 13.223 1.054 8,70%Tocantins 59.681 36.766 22.915 15,80%

Abrangência Geográfica

Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008

Total Urbano Rural

Percentual em Relação aos Domicílios

Particulares Permanentes

Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil 2008 – Minis-tério das Cidades.

3 No Brasil, o aumento de esperança de vida ao nascer, em combinação com a queda do nível geral de fecundidade, resulta no aumento absoluto e relativo da população idosa. A taxa de fecundidade total corresponde ao número médio de filhos que uma mulher teria no final do seu período fértil. Essa taxa, no Brasil, vem diminuindo nas últimas décadas, e sua redução reflete a mudança que vem ocorrendo no processo de urbanização e na entrada da mulher no mercado de trabalho.

da região. O indicador taxa bruta de mortalidade – 5,56% - está abaixo do regional – 6,23% -e do nacional – 6,27% - e é a menor entre os estados da região. O indicador taxa de mortalidade infantil – 15,0% - está abaixo da média regional 15,1% - e muito abaixo da média nacional – 22,5% - e é o mediano da região (Tabela 8).

Tabela 7 – Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribui-ção percentual, por grupos de anos de estudo-Brasil, Região Sul e Estado de Santa Catarina – 2009.

Brasil 111,952 12.90% 11.80% 24.80%Sul 17 060 80.00% 11.00% 28.90%

Paraná 6 466 10.20% 11.90% 24.90%

Santa Catarina 3 773 7.10% 10.20% 27.30%

Rio Grande do Sul

6 821 6.40% 10.70% 33.60%

Total (1000 pessoas)

Sem Instrução e Menos de 1

ano de Estudo

1 a 3 anos 4 a 7 anos

Abrangência Geográfica

Pessoas de 25 anos ou mais de idade

Distribuição percentual, por grupos de anos de estudo

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009.

Tabela 8 – Taxas de fecundidade total, bruta de natalidade, bruta de mortalidade, de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil, Região Sul e Unidades da Federação – 2009

Total Homens MulheresBRASIL 1,94% 15,77% 6,27% 22,5% 73.10 69.40 77.00

Sul 1,92% 12,34% 6,23% 15,10% 75.2 71.9 78.7Paraná 1,84% 12,98% 5,97% 17,30% 74.7 71.6 77.9

Santa Catarina 2,08% 12,54% 5,56% 15,00% 75.8 72.6 79.1Rio Grande do Sul 1,93% 11,60% 6,84% 12,70% 75.5 71.9 79.3

Taxa Bruta de

Mortalidade

Taxa de Mortalidade

InfantilAbrangência Geográfica

Esperança de Vida ao NascerTaxa de

Fecundidade Total

Taxa Bruta de

Natalidade

Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2009b).

Page 24: Atlas Santa Catarina

24Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA

REFERÊNCIAS

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CAMPANILI, M.; PROCHNOW, M. (Orgs.). Os estados da Mata Atlântica: Santa Catarina. In: ______. Mata Atlântica: uma rede pela floresta. Brasília: RMA, 2006. Disponível em:<http://www.apremavi.org.br/mata-atlantica/uma-rede-pela-floresta/>. Acesso em: 7 dez. 2011.

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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Florianópolis. In: IBGE Cidades. 2010c. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat>. Acesso em: 1 dez. 2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contas regionais do Brasil 2004 - 2008. Tabela 4 - Produto Interno Bruto a preços de mercado per capita , segundo Grandes Regiões e Unidades da Federação - 2003-2007. 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2003_2007/tabela04.pdf>. Acesso em 19 de set. 2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2009. 2009a. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/>. Acesso em: 05 set. 2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse do Censo Demográfico 2010. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse.pdf>. Acesso em: 05 set. 2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2009b. (Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica, 26). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2009/indic_sociais2009.pdf>. Acesso em: 10 set. 2011.

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MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

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Page 25: Atlas Santa Catarina
Page 26: Atlas Santa Catarina
Page 27: Atlas Santa Catarina

Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital.

Desastres Naturais em Santa Catarina de 1991 a 2010

Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital.

Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco. Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco.

Page 28: Atlas Santa Catarina

28Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Capão Alto

Painel

Água Doce Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Curitibanos

Calmon

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Apiúna

Orleans

Chapecó

Rio NegrinhoPapanduva

Itá

Otacílio Costa

Itajaí

Içara

Irineópolis

Fraiburgo

Ponte Alta

Videira

Campo Belo do Sul

Seara

Correia Pinto

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Vargem

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major Vieira

Ouro

Campo Erê

Timbó Grande

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Ipira

Rio do Campo

Campo Alegre

Matos Costa

Bocaina do Sul

Cerro Negro

Caibi

Palmeira

Ibirama

Brunópolis

José Boiteux

Ituporanga

Aurora

Macieira

Mirim Doce

Zortéa

Quilombo

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

São Bento do Sul

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Vitor Meireles

Rio Rufino

Petrolândia

Mondaí

Ibiam

Vidal Ramos

Criciúma

Lontras

Anchieta

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

RiodoSul

Siderópolis

Riqueza

Paraíso

Rio das Antas

Pouso Redondo

Ibicaré

Xavantina

Praia Grande

Irati

Ponte Alta do Norte

Saudades

Dionísio Cerqueira

Guatambú

Saltinho

Rio do Oeste

Romelândia

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Maravilha

Piratuba

Paial

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

Arabutã

São Cristovão do Sul

Catanduvas

Ouro Verde

Iomerê

Presidente Getúlio

Monte Carlo

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona EmmaAscurra

Luzerna

Tunápolis

Witmarsum

Peritiba

Marema

Modelo

Atalanta

Princesa

Bela Vistado Toldo

SãoDomingos

Leoberto Leal

Vargem Bonita

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Treze Tílias

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

São CarlosIporã do Oeste

Lindóia do Sul

Presidente Nereu

Frei Rogério

Bandeirante

SulBrasil

Agronômica

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Pinhalzinho

Entre Rios

Arvoredo

Belmonte

Novo HorizonteSãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

Porto Belo

São Joãodo Oeste

Caxambu do Sul

Salto Veloso

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Arroio Trinta

Barra Bonita

Laurentino

Águas deChapecó

Alto BelaVista

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

Formosado Sul

Cunhata í

União doOeste

Santa Helena

BomJesus

TrombudoCentral

Jardinópolis

Cocal do Sul

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

Santiagodo Sul

Pinheiro Preto

NovaErechim

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

LajeadoGrande

Santa Terezinhado Progresso

Bom Jesusdo Oeste

São Miguelda Boa Vista

PresidenteCastelo Branco

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R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 2 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR ESTIAGEM E SECAEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

1 - 34 - 67 - 910 - 1213 - 15

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

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29Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

DESASTRES NATURAIS EM SANTA CATARINA DE 1991 A 2010

ESTIAGEM E SECA

Os desastres relativos aos fenômenos de estiagens e secas compõem o grupo de desastres naturais relacionados à intensa redução das precipitações hídricas.

O conceito de estiagem está diretamente relacionado à redução das precipitações pluviométricas, ao atraso dos períodos chuvosos ou à ausência de chuvas previstas para uma determinada temporada, em que a perda de umidade do solo é superior a sua reposição (CASTRO, 2003). A redução das precipitações pluviométricas relaciona-se com a dinâmica atmosférica global que comanda as variáveis climatológicas relativas aos índices de precipitação pluviométrica.

O fenômeno estiagem é considerado existente quando há um atraso superior a quinze dias do início da temporada chuvosa e quando as médias de precipitação pluviométricas mensais dos meses chuvosos permanecem inferiores a 60% das médias mensais de longo período, da região considerada (CASTRO, 2003).

A estiagem é um dos desastres de maior ocorrência e impacto no mundo, devido, principalmente, ao longo período em que ocorre e a abrangência de grandes áreas atingidas (GONÇALVES et al., 2006). Assim, enquanto desastre, a estiagem produz reflexos sobre as reservas hidrológicas locais, causando prejuízos à agricultura e à pecuária. Dependendo do tamanho da cultura realizada, da necessidade de irrigação e da importância desta na economia do município, os danos podem apresentar magnitudes economicamente catastróficas. Seus impactos na sociedade, portanto, resultam da relação entre eventos naturais e as atividades socioeconômicas desenvolvidas na região, por isso a intensidade dos danos gerados é proporcional à magnitude do evento adverso e ao grau de vulnerabilidade da economia local ao evento (CASTRO, 2003).

As estiagens, se comparadas às secas, são menos intensas e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores

períodos de tempo. Assim, a forma crônica deste fenômeno é denominada seca (KOBIYAMA, et al., 2006). A seca, do ponto de vista meteorológico, é uma estiagem prolongada, caracterizada por provocar uma redução sustentada das reservas hídricas existentes (CASTRO, 2003).

Na seca, para que se configure o desastre, é necessária uma interrupção do sistema hidrológico de forma que o fenômeno adverso atue sobre um sistema ecológico, econômico, social e cultural, vulnerável à redução das precipitações pluviométricas. O desastre seca é considerado, também, um fenômeno social, pois caracteriza uma situação de pobreza e estagnação econômica, advinda do impacto desse fenômeno meteorológico adverso. Desta forma, a economia local, sem a menor capacidade de gerar reservas financeiras ou de armazenar alimentos e demais insumos, é completamente bloqueada (CASTRO, 2003).

Além de fatores climáticos de escala global, como La Niña, as características geoambientais podem ser elementos condicionantes na frequência, duração e intensidade dos danos e prejuízos desses desastres. As formas de relevo e a altitude da área, por exemplo, podem condicionar o deslocamento de massas de ar, interferindo na formação de nuvens e, consequentemente,

na precipitação (KOBIYAMA et al., 2006). O padrão estrutural da rede hidrográfica pode ser também um condicionante físico que interfere na propensão para a construção de reservatórios e captação de água. O porte da cobertura vegetal pode ser caracterizado, ainda, como outro condicionante, pois retém umidade, reduz a evapotranspiração do solo e bloqueia a insolação direta no solo, diminuindo também a atuação do processo erosivo (GONÇALVES et al., 2004).

Dessa forma, situações de secas e estiagens não são necessariamente consequências somente de índices pluviais abaixo do normal ou de teores de umidade de solos e ar deficitários. Pode-se citar como outro condicionante o manejo inadequado de corpos hídricos e de toda uma bacia hidrográfica, resultados de uma ação antrópica desordenada no ambiente. As consequências, nestes casos, podem assumir características muito particulares, e a ocorrência de desastres, portanto, pode ser condicionada pelo efetivo manejo dos recursos naturais realizado na área (GONÇALVES et al., 2004).

O Estado de Santa Catarina apresenta clima com estações bem definidas, verão quente e inverno frio. Por sua localização geográfica é um dos Estados que apresenta melhor

Figura 5 - Efeitos da estiagem em Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Figura 6 - Cursos d’água com baixa vazão pelo déficit hídrico

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais

Page 30: Atlas Santa Catarina

30Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

distribuição de precipitação pluviométrica durante o ano, não ocorrendo uma estação chuvosa e outra seca, como acontece na maioria dos estados brasileiros (MONTEIRO, 2001). No entanto, toda a dinâmica sazonal que ocorre no Estado pode ser modificada quando há interferências do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que tanto em sua fase positiva (El Niño), quanto negativa (La Niña), influencia no ritmo climático da região, podendo causar chuvas e estiagens, respectivamente. Logo, as ocorrências de secas e estiagens estão predominantemente relacionadas aos anos de La Niña e constitui um desastre cujos danos são sentidos posteriormente, como reflexo de um longo período de baixa precipitação (HERRMANN et al., 2009).

Esses, junto aos desastres naturais relacionados a inundações graduais, foram os eventos mais reincidentes em Santa Catarina. As duas tipologias de desastres naturais – estiagem e seca, adotadas em uma mesma classificação no Atlas, somaram, ao longo dos vinte anos, 1.250 registros oficiais.

De acordo com o Mapa 2 (Desastres naturais causados por estiagem e seca em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), as regiões do interior do Estado foram as mais afetadas. A Mesorregião do Oeste Catarinense apresentou a maior frequência do desastre, seguido da Mesorregião Serrana, além de parte a oeste das mesorregiões Norte Catarinense e Vale do Itajaí. Os municípios localizados na faixa litorânea catarinense foram pouco afetados pelo evento, principalmente os da Grande Florianópolis.

Os municípios mais afetados foram Itapiranga, Chapecó, Coronel Freitas, Itá e Presidente Castelo Branco, localizados todos na Mesorregião Oeste Catarinense, foram enquadrados, no Mapa 2, na categoria de 13-15 registros.

Segundo Monteiro (2001), na Mesorregião Oeste Catarinense as chuvas são mais volumosas do que em áreas próximas ao litoral. As precipitações se apresentam abundantes e frequentes ao longo de todo o ano, com excedentes hídricos. As chuvas geralmente são ocasionadas pela influência da “Baixa do Chaco” na organização de condições de tempo mais instáveis, associadas a frentes frias. No entanto, o fenômeno La Niña, que tem influência sobre o clima regional e global, afeta

o regime de chuva em Santa Catarina, com a diminuição dos volumes e alteração na distribuição, especialmente em outubro e novembro nas regiões Oeste e o Meio Oeste do Estado, podendo se estender até o Planalto Sul e Norte (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2010).

No mesmo mapa, verifica-se que, dos 293 municípios do Estado, 217 foram afetados por estiagens e secas, representando 74% do total de municípios.

Conforme Infográfico 1 (Municípios atingidos por estiagens e secas), os desastres por estiagens e secas ocorrentes nos municípios de Santa Catarina foram registrados em quase todos os anos de 1991 a 2010, exceto no ano de 2007 não se obteve registros dessas tipologias. É um evento recorrente no Estado, portanto.

A segunda década de análise (2001-2010) apresentou mais ocorrências, com 995 registros, com destaque para os anos de 2002, com 184 registros, 2004, com 173, 2005, com 195, 2006, com 198, e 2009, com 137.

Segundo os dados obtidos pela ANA/SGH (2010), entre os anos de 1991-2010, os de menores médias anuais de precipitação pluviométrica no Estado, foram os de 1991 e 2006. Conforme o Gráfico 1 (Médias pluviométricas em 1991), a média anual foi de 1.344,61 mm, em 91 dias de chuvas, durante o ano

de 1991. Já no ano de 2006 (Gráfico 2 - Médias pluviométricas em 2006), com o menor índice da média anual, teve 1.249,40 mm, em 106 dias de chuvas, sendo este o ano que apresentou o maior número de ocorrências de estiagem e seca, ao longo dos vinte anos de dados analisados, em 197 municípios. Destaca-se o município de Quilombo, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, com 2 ocorrências naquele ano.

De acordo com Gonçalves, Molleri e Rudorff (2004), os anos com atuação do fenômeno La Niña, influenciam particularmente o sul do Brasil na escassez do volume de chuvas, e podem provocar estiagens em algumas regiões. A atuação do fenômeno global La Niña foi registrada entres os anos de 1995-1996 com intensidade fraca, 1998-2001 com intensidade moderada, e 2007-2009 com intensidade forte (CPTEC/INPE, 2011). Segundo os dados analisados do Infográfico 1, os anos que ocorreram registros do fenômeno não foram aqueles que apresentaram maior número de registros de estiagem e seca. Assim, a participação do fenômeno La Niña não aponta no Estado catarinense as épocas das piores estiagens, de acordo com os dados coletados a partir de documentos oficiais. No entanto, há ocorrências de estiagem e seca em anos de atuação do La Niña, em torno de 40 a 50 ocorrências, porém não tão expressivas como nos outros anos.

Gráfico 2 – Médias pluviométricas em 2006 com base nos dados das Es-tações Pluviométricas de Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina

175.4

112.9143.8

45 8 49 5 60.685.0 95.6

102.5

205.0

138.5

100

150

200

250

Médias pluviométricas em 2006

45.8 34.8 49.5 60.6

13 12 11 5 5 7 7 6 8 9 12 100

50

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

média mensal média dias de chuva

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC (2011).

Gráfico 1 – Médias pluviométricas em 1991 com base nos dados das Es-tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina

159,2 164,7

112 0

183,4148,9

203,2

150

200

250

Médias pluviométricas em 1991

69,597,9 82,5

46,8 48,1

112,0

50,3

10 6 9 8 5 8 3 8 6 10 10 120

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

média mensal média dias de chuva

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC (2011).

Page 31: Atlas Santa Catarina

31Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

Segundo o Atlas de Santa Catarina, a época do ano de menor quantidade de precipitações é no início do verão e do outono, podendo se prolongar até o inverno (SANTA CATARINA, 1986). De acordo com o Gráfico 3 (Frequência mensal de estiagens e secas 1991-2010), os meses do verão e outono apresentaram maior reincidência do evento, coincidindo com os meses de menores índices pluviométricos. Fato que também pode estar relacionado, na região sul do país, à atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), definida como sendo uma persistente faixa de nebulosidade, influenciando em período de estiagem, durante os meses de novembro a março (PARMEZANI et al., 1998).

Os meses mais afetados, com cerca de 200 registros cada, correspondem ao período de janeiro a maio, com exceção de abril, com 110 ocorrências. Destacam-se os meses de janeiro, fevereiro e março, com 212, 223 e 226 registros de estiagens e secas, respectivamente.

Os eventos de estiagem e seca estão entre os fenômenos que causam desastres naturais com os maiores períodos de duração, se comparados com inundações graduais e bruscas, granizo, vendavais, erosões, e movimentos de massa (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004). Entre os anos de 1991 a 2010 foi registrado um total de 3.545.532 catarinenses afetados pelas estiagens, conforme apresenta o Gráfico 4 (Danos humanos por estiagens e secas 1991-2010), deixando ainda 4.300 desalojados, 40 levemente feridos e 754 enfermos. Muitas pessoas em episódios de extrema estiagem e seca contraem algum tipo de doença de veiculação hídrica, geralmente relacionada à ingestão de águas contaminadas ou poluídas, ou mesmo pela falta de água, causando desidratação.

O município que apresentou o maior número de afetados foi Chapecó, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, com 759.972 pessoas. O município, que registrou 14 ocorrências de estiagens e secas, ao longo do período de análise, segundo os documentos oficiais, foi afetado em toda a sua extensão durante os anos em que decretou situação de emergência. Especificamente, em 2003, uma forte estiagem, caracterizada pela redução da precipitação, ocasionou perdas principalmente

Gráfico 3 – Frequência mensal de estiagem e seca, no Estado de Santa Cata-rina, período de 1991 a 2010

212 223 226

110

212

121150

200

250

Frequência mensal de estiagem e seca(1991 a 2010)

110

14

76

12 11 12 21

121

0

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Gráfico 4 – Danos humanos ocasionados por estiagem e seca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

3.545.532

30000004000000

es

Danos humanos por estiagem e seca (1991 a 2010)

4.300 40 7540

100000020000003000000

habi

tant

e

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

As estiagens e secas, nos anos de 2003 e 2004, foram consideradas as mais severas no Estado, afetando 184 municípios. Segundo o Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos, a deficiência no volume de chuvas ocorreu desde agosto de 2003, caracterizadas por baixa e má distribuição das precipitações hídricas. Segundo Gonçalves, Molleri e Rudorff (2004), os meses dos verões de 2004 e 2005 tiveram déficits de precipitação, não chovendo nem a metade da média climatológica desse período, em muitos municípios do Estado.

na área agrícola de Chapecó. As ações da Defesa Civil municipal centraram-se no atendimento dos atingidos, especialmente no fornecimento de água através de caminhões-pipa, realizando cerca de 50 atendimentos, para aviários e rede comunitária de água localizada na comunidade.

As estiagens e secas devem ser monitoradas, principalmente nos meses secos e nos anos de ocorrência de La Niña, quando, em decorrência, há uma significativa diminuição das precipitações pluviométricas.

Esses fenômenos naturais favorecem a redução nos níveis de água dos rios e provocam o ressecamento dos leitos em rios de menor porte. Afeta as áreas produtivas, com perdas nas lavouras, causando prejuízo aos agricultores, e compromete os reservatórios de água, resultando em sede, fome, e na perda de rebanho, bem como em problemas de risco à vida humana.

Page 32: Atlas Santa Catarina

32Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

Infográfico 1 - Municípios atingidos por estiagens e secas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Estiagem e Seca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalItá 15

Itapiranga 15Chapecó 14

Coronel Freitas 14Presidente Castello Branco 13

Abdon Batista 12Águas de Chapecó 12

Cordilheira Alta 12Ipira 12

Arabutã 11Concórdia 11

Dionísio Cerqueira 11Ipumirim 11

Iraceminha 11Irani 11

Jaborá 11Piratuba 11

Seara 11Xaxim 11

Anchieta 10Arvoredo 10Belmonte 10

Celso Ramos 10Descanso 10

Guaraciaba 10Iporã do Oeste 10Lindóia do Sul 10

Maravilha 10Marema 10Modelo 10

Ouro 10Paial 10

Palma Sola 10Peritiba 10

Planalto Alegre 10Quilombo 10

Romelândia 10São Miguel da Boa Vista 10

Tunápolis 10Alto Bela Vista 9Anita Garibaldi 9

Cunha Porã 9Cunhataí 9

Flor do Sertão 9Galvão 9Ipuaçu 9

Irati 9Nova Itaberaba 9

São Carlos 9Tangará 9Xanxerê 9

Xavantina 9

85

1 1 5 48

5 35

4 42 29 38

184

18

173 195 198

48

137

4 0

150

300

Municípios Atingidospor Estiagem e Seca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalAbelardo Luz 8Águas Frias 8Bandeirante 8Bom Jesus 8

Caibi 8Campo Erê 8

Capinzal 8Caxambu do Sul 8Coronel Martins 8

Erval Velho 8Faxinal dos Guedes 8

Formosa do Sul 8Guarujá do Sul 8Herval d'Oeste 8

Jardinópolis 8Lacerdópolis 8Nova Erechim 8

Ouro Verde 8Paraíso 8

Pinhalzinho 8Princesa 8Riqueza 8Saltinho 8

Santa Terezinha do Progresso 8São Domingos 8

São José do Cedro 8Saudades 8Serra Alta 8Tigrinhos 8

União do Oeste 8Água Doce 7

Barra Bonita 7Entre Rios 7Joaçaba 7

Lajeado Grande 7Mondaí 7Palmitos 7

Ponte Serrada 7Santa Helena 7

Santiago do Sul 7São João do Oeste 7

São Lourenço do Oeste 7São Miguel do Oeste 7

Sul Brasil 7Vargeão 7

Catanduvas 6Guatambú 6

Ibiam 6José Boiteux 6

Jupiá 6Passos Maia 6

São José do Cerrito 6

85

1 1 5 48

5 35

4 42 29 38

184

18

173 195 198

48

137

4 0

150

300

Continuação...

Page 33: Atlas Santa Catarina

33Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

Continuação... Continuação...

Municípios Atingidospor Estiagem e Seca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalTreze Tílias 6

Bom Jesus do Oeste 5Campo Belo do Sul 5

Campos Novos 5Canoinhas 5

Cerro Negro 5Curitibanos 5Dona Emma 5Fraiburgo 5

Ibicaré 5Monte Castelo 5

Novo Horizonte 5Pinheiro Preto 5

Salete 5Salto Veloso 5

Santa Terezinha 5São Bernardino 5Timbó Grande 5

Vargem 5Witmarsum 5

Zortéa 5Agrolândia 4

Arroio Trinta 4Bom Jardim da Serra 4

Brunópolis 4Frei Rogério 4Lebon Régis 4

Luzerna 4Mirim Doce 4Monte Carlo 4Papanduva 4Petrolândia 4Ponte Alta 4

Porto União 4Rio das Antas 4Rio do Campo 4São Joaquim 4

Taió 4Três Barras 4Urupema 4

Vargem Bonita 4Videira 4

Bela Vista do Toldo 3Caçador 3

Capão Alto 3Chapadão do Lageado 3

Correia Pinto 3Iomerê 3

Irineópolis 3Itaiópolis 3

Ituporanga 3Lages 3

85

1 1 5 48

5 35

4 42 29 38

184

18

173 195 198

48

137

4 0

150

300

Municípios Atingidospor Estiagem e Seca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalLontras 3Macieira 3

Mafra 3Major Vieira 3

Otacílio Costa 3Painel 3

Pouso Redondo 3Presidente Getúlio 3

Rio do Oeste 3Vitor Meireles 3Agronômica 2

Aurora 2Bocaina do Sul 2

Calmon 2Ibirama 2Imbuia 2

Laurentino 2Matos Costa 2

Palmeira 2Ponte Alta do Norte 2

Presidente Nereu 2Rio do Sul 2

São Bento do Sul 2São Cristovão do Sul 2Trombudo Central 2

Vidal Ramos 2Alfredo Wagner 1

Apiúna 1Ascurra 1Atalanta 1

Balneário Gaivota 1Biguaçu 1

Bom Retiro 1Braço do Trombudo 1

Campo Alegre 1Cocal do Sul 1

Criciúma 1Forquilhinha 1

Içara 1Ilhota 1Imaruí 1Itajaí 1

Jacinto Machado 1Leoberto Leal 1

Maracajá 1Meleiro 1

Morro Grande 1Orleans 1

Porto Belo 1Praia Grande 1

Rancho Queimado 1Rio Negrinho 1

85

1 1 5 48

5 35

4 42 29 38

184

18

173 195 198

48

137

4 0

150

300

Page 34: Atlas Santa Catarina

34Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ESTIAGEM E SECA

REFERÊNCIAS

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de 1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

CPTEC – CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. La Ninã: ocorrências de La Niña. In: El Niño e La Niña. 2011. Disponível em: <http://enos.cptec.inpe.br/tab_lanina.shtml>. Acesso em: 27 nov. 2011

DOUBRAWA, A. A crise de água e sua possível relação com os parcos remanescentes florestais na região oeste do Estado de Santa Catarina. 2007. 176p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2007. Disponível em: <http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/5/TDE-2008-04-29T130315Z-381/Publico/Diss%20Amanda%20Doubrawa.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2011.

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GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. La Ninã 2010. 2010. Disponível em:<http://ciram.epagri.sc.gov.br/lanina/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemid=60>. Acesso em: 5 dez. 2011

Municípios Atingidospor Estiagem e Seca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalRio Rufino 1

Santa Cecília 1Santa Rosa do Sul 1São João do Sul 1

Siderópolis 1Sombrio 1Tijucas 1

Timbé do Sul 1Urubici 1

1250Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro2 Registros

85

1 1 5 48

5 35

4 42 29 38

184

18

173 195 198

48

137

4 0

150

300

Continuação...

HERRMANN, M. L. P. et al. Frequência dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina no período de 1980 a 2007. In: ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE AMERICA LATINA, 12, Montevidéu – Uruguai. Anais... Uruguai: EGAL, 2009. Disponível em:<http://egal2009.easyplanners.info/area07/7254_Maria_Lucia_Maria_Lucia_de_Paula_Herrmann.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.

KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109p.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa Catarina:uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em 20 nov. 2011.

SANTA CATARINA. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Atlas de Santa Catarina. Florianópolis, SC: GAPLAN/SUEGI; Rio de Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 173p.

PARMEZANI, J. M. et al. Associação entre ZCAS e a ocorrência de El Niño e La Niña. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10, Brasília. Anais... Brasília: CBMET, 1998. Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-files/13-879946ab30aec9d0f49591c8b4420a58.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2011.

Page 35: Atlas Santa Catarina

35Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

INUNDAÇÃO BRUSCA

Inundações bruscas e alagamentos compõem o grupo de desastres naturais relacionados com o incremento das precipitações hídricas e com as inundações. São provocadas por chuvas intensas e concentradas em locais de relevo acidentado ou mesmo em áreas planas, caracterizando-se por rápidas e violentas elevações dos níveis das águas, as quais escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, ocorre um desequilíbrio entre o continente (leito do rio) e o conteúdo

(volume caudal), provocando transbordamento (CASTRO, 2003). Por ocorrer em um período de tempo curto, este fenômeno costuma surpreender por sua violência e menor previsibilidade, provocando danos materiais e humanos mais intensos do que as inundações graduais (GOERL; KOBIYAMA, 2005).

Os alagamentos, também incluídos nesta classificação do Atlas, caracterizam-se pelas águas acumuladas no leito das ruas e nos perímetros urbanos decorrentes de fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes, podendo ter ou não relação com processos de natureza fluvial (MIN. CIDADES/IPT, 2007). Canholi (2005) explica que a drenagem urbana das grandes metrópoles foi, durante muitos anos, abordada de maneira acessória, e somente em algumas metrópoles considerado fator preponderante no planejamento da sua expansão. Desta forma, assiste-se atualmente a um conjunto de eventos trágicos a cada período de chuvas, que se reproduzem em acidentes de características semelhantes em áreas urbanas de risco em todo País – vales inundáveis e encostas erodíveis – inexistindo, na quase totalidade de municípios brasileiros, qualquer política pública para equacionamento prévio do problema (BRASIL, 2003).

Conforme Castro (2003), é comum a combinação dos fenômenos de inundação brusca (enxurrada) e alagamento em áreas urbanas acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e em cidades serranas, causando danos ainda mais severos.

Existe certa dificuldade na distinção dos tipos de inundação. Isto se deve à complicada identificação do fenômeno em campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas características comportamentais são similares para ambas às inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006).

Em Santa Catarina, os encontros das massas de ar intertropicais e polares úmidas produzem as chuvas, que são fartamente distribuídas durante o ano, conforme mostra o

Gráfico 5 – Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina

200.3177.7

139.5

110117.5 116.7

157.4183.4

146.2 156.8150

200

250

Médias pluviométricas do Estado(1991 a 2010)

110.7 100.7 95.1

0

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.

Gráfico 5 (Médias pluviométricas de Santa Catarina 1991 - 2010) com as médias mensais do Estado, entre os anos de 1991 e 2010 (ANA/SGH, 2010). No entanto, verifica-se que a precipitação esteve mais concentrada nos meses de verão, com destaque ao mês de janeiro, com 200,3 mm. Os menores índices ocorreram nos meses de inverno, principalmente no trimestre de junho, julho e agosto.

O relevo de Santa Catarina contribui para a distribuição diferenciada da precipitação em distintas áreas do Estado. Nas áreas mais próximas às encostas de montanhas, do lado barlavento, as precipitações são mais abundantes, pois a elevação do ar úmido e quente favorece a formação de nuvens cumuliformes, resultando no aumento do volume de precipitação local (MONTEIRO, 2001).

Dentre os desastres naturais mais recorrentes no Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1991-2010, estão as inundações bruscas, com 1.255 registros oficiais.

O Mapa 3 (Desastres naturais causados por inundações bruscas em Santa Catarina no período de 1991 a 2010) mostra que quase todos os municípios do Estado foram atingidos por essa tipologia de desastre, totalizando 267 municípios, sendo que a região leste apresentou maior recorrência do evento. As mesorregiões com maior número

Figura 7 – Enxurrada em 2008 no Estado de Santa Catarina

Fonte: Acervo do CEPED UFSC.

Page 36: Atlas Santa Catarina

36Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Joinville

Capão Alto

Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Calmon

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Apiúna

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Indaial

Otacílio Costa

Itajaí

Laguna

Içara

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Ponte Alta

Corupá

Videira

Campo Belo do Sul

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Araquari

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Ouro

Campo Erê

Timbó Grande

Turvo

Itapoá

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Tubarão

Paulo Lopes

Rio dos Cedros

Ipira

Jaraguá do Sul

Rio do Campo

Campo Alegre

Matos Costa

Bocaina do Sul

Brusque

Botuverá

Cerro Negro

Caibi

São Bonifácio

Florianópolis

Palmeira

Ibirama

Nova Trento

Grão Pará

Brunópolis

José Boiteux

Ituporanga

Jaguaruna

Aurora

Mirim Doce

Zortéa

Quilombo

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

São Bento do Sul

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Vitor Meireles

Rio Rufino

Petrolândia

Mondaí

Ibiam

Vidal Ramos

Criciúma

Lontras

Benedito Novo

Anchieta

Rio Fortuna

Luiz Alves

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

RiodoSul

Siderópolis

Riqueza

Paraíso

Rio das Antas

Pouso Redondo

Urussanga

Camboriú

Nova Veneza

Lauro Muller

Treviso

Xavantina

Praia Grande

Irati

Timbó

Dionísio Cerqueira

Major Gercino

Gravatal

Guatambú

Saltinho

Rio do Oeste

Romelândia

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Armazém

Rodeio

Maravilha

Piratuba

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Arabutã

Catanduvas

Ouro Verde

Iomerê

Presidente Getúlio

Monte Carlo

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona EmmaAscurra

Tunápolis

Witmarsum

Marema

Modelo

São José

Ermo

Atalanta

Sangão

Princesa

Penha

Bela Vistado Toldo

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Guaramirim

Águas Mornas

Imbituba

Leoberto Leal

Pomerode

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Guabiruba

Treze Tílias

Antônio Carlos

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

Canelinha

São Carlos

Braço do Norte

Schroeder

Lindóia do Sul

São João Batista

Santo Amaroda Imperatriz

Presidente Nereu

BandeiranteBalneário Piçarras

Barra VelhaSulBrasil

Garopaba

Agronômica

Treze de Maio

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Pedras Grandes

Entre Rios

Santa Rosa de Lima

Belmonte

Novo Horizonte

Navegantes

SãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

Porto Belo

Caxambu do Sul

Salto Veloso

São Ludgero

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Arroio Trinta

Laurentino

São Joãodo Itaperiú

Águas deChapecó

Itapema

Alto BelaVista

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

Formosado Sul

Cunhataí

União doOeste

Santa Helena

São Pedrode Alcântara

Passo de Torres

BomJesus

TrombudoCentral

Cocal do Sul

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

BalneárioBarra do Sul

Morro da Fumaça

Santiagodo Sul

Pinheiro Preto

NovaErechim

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

Santa Terezinhado Progresso

Balneário Arroio do Silva

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

Bombinhas

Capivari de Baixo

PresidenteCastelo Branco

Balneário Camboriú

Arg

en

t in

aA

r ge

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na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 3 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO BRUSCAEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

1 - 34 - 67 - 910 - 1218

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 37: Atlas Santa Catarina

37Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

de registros foram: Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Norte Catarinense, sendo que a maioria dos municípios com reincidência do evento está localizada na vertente Atlântica. Os dois municípios com a maior frequência de inundações bruscas, entre os anos de 1991 e 2010, com 19 registros cada, são Canoinhas, localizado na Mesorregião Norte Catarinense, e Camboriú, localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí.

Monteiro (2001) descreve que em áreas mais próximas às encostas de montanhas, as precipitações são mais abundantes devido à elevação do ar úmido e quente, resultando em chuvas orográficas, de alta intensidade e curta duração. Neste sentido, são observados índices maiores de precipitação nos municípios próximos à encosta da Serra Geral, quando confrontados aos da zona costeira.

Segundo Medeiros et al., (2004) enquanto no oeste as chuvas ocorrem principalmente devido a passagem de frentes frias, no litoral as chuvas intensas, caracterizadas pelas “pancadas” de chuvas de final de tarde e noite, contribuem com volumes significativos, principalmente nos meses de verão. As chuvas na zona litorânea, além de provenientes de passagens de frentes frias, também ocorrem devido à circulação marítima. Conforme o Mapa 3, nota-se que as regiões litorâneas e norte do Estado, principalmente em municípios localizados entre a

entre novembro e março (MEDEIROS et al, 2004). Já os meses com poucas ocorrências correspondem aos do inverno, com destaque ao mês de agosto, que apresentou apenas 9 registros entre os anos analisados.

Dentre as inundações bruscas de maior magnitude ocorridas no Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1991 e 2010, destaca-se a de dezembro de 1995 que afetou principalmente as mesorregiões Sul Catarinense e Grande Florianópolis. A Mesorregião Oeste Catarinense também apresentou naquele ano uma quantidade de municípios em situações de emergência relacionadas a inundações bruscas.

No episódio, ocorreu uma enxurrada catastrófica, devido ao avanço do sistema frontal com ciclone extratropical posicionado sobre o continente, que resultou no deslocamento de nuvens cumulonimbus do oceano para o continente, originando chuvas concentradas na Serra Geral, em algumas cabeceiras do rio Araranguá (MENDONÇA; MONTEIRO, 1996; PELLERIN et al., 1997). O resultado foi a denudação generalizada das encostas íngremes da serra, promovendo escorregamentos do solo, avalanches de blocos e remoção da cobertura florestal (PONTELLI; PAISANI, 2005).

Gráfico 6 – Frequência mensal de inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

214

178

99

173

133150

200

250

Frequência mensal de inundação brusca(1991 a 2010)

99 10777

4329 9

102 86

0

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais Estado de Santa Catarina, 2010.

encosta da Serra Geral em direção a leste, apresentaram maior frequência na ocorrência do desastre.

Em Santa Catarina, alguns sistemas atmosféricos interferem na ocasião de chuvas intensas de curta duração. As ocorrências de maior volume de precipitação hídrica algumas vezes estão associadas à atuação do fenômeno global El Niño, acompanhados de excesso de precipitação hídrica, influenciando o regime de chuvas durante todo o período de atuação do evento. No entanto, há épocas que são mais afetadas pela passagem do El Niño Oscilação Sul (ENOS). Primavera e início do verão (outubro, novembro e dezembro) e no ano inicial do evento, no ano final, outono, e início do inverno, no ano seguinte ao inicio do fenômeno (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004).

Neste sentido, pode-se observar no Gráfico 6 (Frequência mensal de inundação brusca 1991-2010), que as estações mais propícias para ocorrência de inundações bruscas são a primavera e o verão, e os meses de janeiro e fevereiro apresentam maior frequência de registros, com 214 e 178, respectivamente. Segundo Monteiro (2001), no verão em Santa Catarina, a intensidade do calor, associada aos altos índices de umidade, favorece a formação de convecção tropical, resultando em pancadas de chuvas, principalmente no período da tarde e noite, contribuindo com volumes significativos de chuvas,

Figura 9 - Danos ocasionados pelas enxurradas e alagamentos

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Figura 8 - Ponte destruída pela forte inundação brusca

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 38: Atlas Santa Catarina

38Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

Gráfico 7 - Médias pluviométricas em 2010, com base nos dados das Es-tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina

256.2

150.6

218.1233.3

225.2

89.9

130.1

71 296.1

149.3139.0

227.1

100

150

200

250

300

Médias pluviométricas em 2010

71.2

15 12 14 10 13 8 10 6 9 11 11 150

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

média mensal média dias de chuva

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.

Gráfico 8 - Danos humanos ocasionados por inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

5.535.991

400000050000006000000

ante

s

Danos humanos por inundação brusca(1991 a 2010)

288.93674.646 119.819 104 6.502 299 4.017 1600

100000020000003000000

Hab

ita

Fonte: Documentos oficiais Estado de Santa Catarina, 2010.

No ano de 1997, devido à influência do fenômeno El Niño, ocorreram inundações de grandes proporções nos meses de janeiro e outubro (D’AGOSTIN et al., 2011), segundo os dados oficiais coletados; naquele ano, foram decretados estados de emergência e de calamidade pública em 77 municípios do Estado. 1998 foi outro ano que aconteceu um grande número de desastres causados por inundações bruscas – 105, conforme o Infográfico 2 (Municípios atingidos por inundações bruscas).

Um dos maiores desastres causados pelo evento adverso, ocorreu em novembro de 2008, afetando principalmente a Mesorregião do Vale do Itajaí. A concentração excessiva de chuvas em poucos dias, antecedida por um período longo de precipitações, provocou, além de inundações em diversos municípios, movimentos de massa e grande e rápida enchente na bacia do Rio Itajaí. Entre os dias 22 e 23 de novembro de 2008 choveu mais do que o dobro da média prevista para todo o mês em alguns municípios da região (CEPED UFSC, 2009).

Segundo os dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), as cidades que apresentaram os maiores totais pluviométricos foram aquelas localizadas próximo ao litoral norte do Estado, principalmente no Vale do Itajaí. Essa condição de intenso volume de chuvas ocorreu devido a ventos de sudeste e nordeste provenientes dos anticiclones sobre o Atlântico Sul (vórtice ciclônico), transportando muita umidade para o litoral de Santa Catarina. Essas condições, combinadas com as chuvas precedentes nos meses anteriores, com volume excessivo de 2 a 3 dias, mais a elevação do nível do mar – dificultaram o escoamento das águas dos rios da vertente do Atlântico para o oceano favorecendo a ocorrência de desastres causados por inundações (CEPED UFSC, 2009).

A partir do ano de 2008, as ocorrências de inundações bruscas apresentaram frequência mais elevada do que nos outros anos, conforme demonstra Infográfico 2. Logo, percebe-se que a segunda década de análise (2001-2010) apresentou a grande maioria das ocorrências registradas – 718 (57,4% do total), com destaque para o ano de 2010, com 199 registros.

Em 2010, segundo o Gráfico 6, os meses com as maiores ocorrências de inundações bruscas registradas, foram: abril (com

68 registros), maio (com 39 registros) e março (com 27 registros). Esse trimestre (março, abril e maio) apresentou elevado índice pluviométrico em 12 dias com chuvas. O Gráfico 7 (Médias pluviométricas em 2010) demonstra que os primeiros 5 meses do ano choveu acima de 200 mm em média, com exceção de fevereiro, destacando-se o mês de janeiro que precipitou 256,2 mm, em 15 dias, e março, com 233,3, em apenas 10 dias com chuva. No ano inteiro, o total pluviométrico médio acumulado no Estado de Santa Catarina foi de 1.986,09 mm, distribuídos em média de 132 dias com chuva.

Segundo o Boletim de Informações Climáticas do CPTEC/INPE, o ano de 2010 foi marcado pela ocorrência de temporais que causaram perdas humanas e materiais em Santa Catarina. Em abril, as chuvas acima do esperado durante a segunda quinzena, estiveram associadas à maior atividade dos sistemas frontais e do escoamento mais intenso na média e alta troposfera (MELO, 2010a). No mês de maio, as chuvas ainda estiveram acima do esperado na Região Sul, principalmente em Santa Catarina, onde os valores excederam a climatologia em mais de 200 mm. No litoral do Estado, a atuação de um ciclone extratropical causou chuvas mais intensas e enchentes em vários municípios. Na capital Florianópolis, os 253 mm registrados no dia 19 excederam o total de chuva esperado para todo o mês (96,9 mm) e o acumulado mensal atingiu 443 mm (MELO, 2010b).

O desastre acarreta não apenas alterações e prejuízos ao ecossistema local, mas a toda população, afetada direta ou indiretamente. Isto ocasiona perdas e danos humanos muitas vezes irreparáveis, algumas vezes somente percebidos algum tempo depois da ocorrência das enxurradas ou inundações.

Com relação aos danos humanos causados pelos efeitos das inundações bruscas no Estado, entre os anos de 1991 e 2010, constata-se que um número elevado de catarinenses foi atingido. O número de pessoas afetadas foi de 5.535.991, desalojadas 288.936, desabrigadas 74.646, deslocadas 119.819, desaparecidas 104, levemente feridas 6.502, enfermas 4.017 e vítimas fatais, conforme Gráfico 8 (Danos humanos por inundações bruscas 1991-2010). As vítimas fatais relacionadas à ocorrência de inundações bruscas foram registradas em 35

municípios. Com destaque aos municípios de Blumenau e Ilhota que tiveram 26 óbitos, e Gaspar, com 16 óbitos, ambos localizados na Mesorregião do Vale do Itajaí.

Os municípios que apresentaram maior número de pessoas afetadas foram Joinville, Florianópolis, São José e Criciúma. Esses são municípios com totais populacionais e densidades demográficas elevadas com relação aos outros

Page 39: Atlas Santa Catarina

39Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

municípios do Estado, logo, com maior impermeabilização do solo, agravando e intensificando os desastres relacionados a chuvas de forte intensidade e de curta duração.

Dentre os municípios citados, Joinville, localizado na Mesorregião do Norte Catarinense, destaca-se como o mais afetado, apresentando um total de 895.243 pessoas atingidas, em 8 ocorrências registradas. Dessas ocorrências, 2 ocorreram no ano de 1995, nos meses de fevereiro e julho. A intensa precipitação pluviométrica daquele ano esteve relacionada com a ocorrência do fenômeno climático El Nino. Com aumento da umidade do solo, acima inclusive de sua capacidade de absorção, foi confirmada situação de perigo, quando registradas precipitações muito acima dos níveis médios observados na região para aquela época do ano. Nos anos de 2008 e 2010 também foram registradas 2 ocorrências de inundação brusca que afetaram todo o município de Joinville.

A inundação brusca é um evento natural e freqüente, e o volume de chuvas no Estado tem influência predominante no número de desastres. Todavia, a ação antrópica, a morfologia e as características regionais estão entre os outros fatores que podem influenciar na extensão e intensidade do desastre. O incremento da população, por exemplo, aumenta a vulnerabilidade a este tipo de ocorrência.

Assim, local e intensidade da precipitação pluvial, as características da rede fluvial passante no local, bem como sua topografia, e a capacidade de resposta dos municípios, podem influir na maior ou menor perda decorrente de um evento adverso, particularmente no caso de inundação brusca.

Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalCamboriú 18

Ilhota 12Ituporanga 12Araranguá 11

Garuva 11São José 11

Vidal Ramos 11Angelina 10

Antônio Carlos 10Aurora 10Biguaçu 10

Canoinhas 10Florianópolis 10

Gaspar 10Governador Celso Ramos 10

Orleans 10Palhoça 10

Rio do Sul 10Alfredo Wagner 9

Anitápolis 9Corupá 9

José Boiteux 9Navegantes 9Nova Trento 9

Presidente Getúlio 9Rio do Campo 9

Rio Fortuna 9Timbé do Sul 9

Urubici 9Araquari 8

Benedito Novo 8Blumenau 8

Chapadão do Lageado 8Concórdia 8

Dionísio Cerqueira 8Itaiópolis 8

Itajaí 8Joinville 8

Balneário Piçarras 8Rancho Queimado 8

Rio do Oeste 8Salete 8

Santa Rosa de Lima 8Taió 8

Tangará 8Tubarão 8

Águas Mornas 7Atalanta 7

Balneário Camboriú 7Braço do Norte 7

Brusque 7Criciúma 7

Erval Velho 7

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

Page 40: Atlas Santa Catarina

40Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

Continuação... Continuação...

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalForquilhinha 7

Itapoá 7Jacinto Machado 7

Major Gercino 7Meleiro 7

Ouro 7Petrolândia 7Porto Belo 7

Presidente Nereu 7Rio dos Cedros 7

Rodeio 7Santo Amaro da Imperatriz 7

São João do Sul 7São Martinho 7

Seara 7Bom Jardim da Serra 6

Canelinha 6Dona Emma 6Guabiruba 6

Itá 6Lauro Muller 6Mirim Doce 6

Monte Castelo 6Morro Grande 6

Pomerode 6Porto União 6

Santa Rosa do Sul 6Santa Terezinha 6São João Batista 6

São Joaquim 6São Pedro de Alcântara 6

Siderópolis 6Agrolândia 5

Apiúna 5Ascurra 5

Balneário Barra do Sul 5Bom Retiro 5Botuverá 5

Cunha Porã 5Faxinal dos Guedes 5

Grão Pará 5Gravatal 5

Guaraciaba 5Herval d'Oeste 5

Imaruí 5Imbituba 5Imbuia 5

Ipumirim 5Itapema 5

Jaguaruna 5Jaraguá do Sul 5

Lages 5Laguna 5

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalLeoberto Leal 5

Luiz Alves 5Maracajá 5Maravilha 5

Nova Veneza 5Paulo Lopes 5Rio Rufino 5

Sangão 5São Francisco do Sul 5São José do Cerrito 5

São Lourenço do Oeste 5Serra Alta 5

Turvo 5Urupema 5Videira 5

Vitor Meireles 5Witmarsum 5

Abdon Batista 4Agronômica 4

Águas de Chapecó 4Águas Frias 4

Anchieta 4Caçador 4

Campo Erê 4Correia Pinto 4

Ermo 4Garopaba 4

Guaramirim 4Içara 4

Iraceminha 4Irani 4

Irineópolis 4Joaçaba 4Lontras 4

Morro da Fumaça 4Novo Horizonte 4

Papanduva 4Pedras Grandes 4

Penha 4Praia Grande 4

Quilombo 4Rio das Antas 4Rio Negrinho 4

São Bento do Sul 4São Bonifácio 4São Domingos 4São Ludgero 4

Sombrio 4Timbó 4

Timbó Grande 4Treze de Maio 4

Urussanga 4Xavantina 4

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

Page 41: Atlas Santa Catarina

41Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

Continuação... Continuação...

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalAbelardo Luz 3

Alto Bela Vista 3Anita Garibaldi 3

Armazém 3Balneário Arroio do Silva 3

Balneário Gaivota 3Barra Velha 3Bombinhas 3Brunópolis 3

Campo Belo do Sul 3Capinzal 3Chapecó 3

Cocal do Sul 3Coronel Freitas 3

Galvão 3Guarujá do Sul 3

Ibirama 3Indaial 3Iomerê 3Ipuaçu 3Jaborá 3

Laurentino 3Lindóia do Sul 3

Mondaí 3Nova Itaberaba 3

Palma Sola 3Palmitos 3Paraíso 3

Passo de Torres 3Passos Maia 3

Piratuba 3Pouso Redondo 3

Romelândia 3Saltinho 3

Salto Veloso 3Santa Helena 3

São Carlos 3Schroeder 3

Tijucas 3Treviso 3Xanxerê 3Arabutã 2

Arroio Trinta 2Belmonte 2Bom Jesus 2

Bom Jesus do Oeste 2Caibi 2

Capão Alto 2Campo Alegre 2Campos Novos 2

Capivari de Baixo 2Catanduvas 2Celso Ramos 2

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalCerro Negro 2

Cordilheira Alta 2Coronel Martins 2

Descanso 2Fraiburgo 2Guatambú 2

Ipira 2Irati 2

Itapiranga 2Lebon Régis 2

Marema 2Massaranduba 2Matos Costa 2

Modelo 2Monte Carlo 2Ouro Verde 2

Pinheiro Preto 2Planalto Alegre 2

Ponte Alta 2Ponte Serrada 2

Presidente Castello Branco 2Riqueza 2

São Bernardino 2São João do Itaperiú 2São Miguel do Oeste 2

Tigrinhos 2Três Barras 2

Trombudo Central 2Tunápolis 2

União do Oeste 2Xaxim 2Zortéa 2

Bandeirante 1Bela Vista do Toldo 1

Bocaina do Sul 1Braço do Trombudo 1

Calmon 1Caxambu do Sul 1

Cunhataí 1Entre Rios 1

Flor do Sertão 1Formosa do Sul 1

Ibiam 1Jupiá 1Mafra 1

Nova Erechim 1Otacílio Costa 1

Princesa 1Santa Cecília 1

Santa Terezinha do Progresso 1Santiago do Sul 1

São José do Cedro 1Sul Brasil 1

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

Page 42: Atlas Santa Catarina

42Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA

Continuação...

Municipios Atingidos por Inundação Brusca

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalTreze Tílias 1

Vargeão 1Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 12553 Registros 2 Registros 1 Registro

16 39 39 61 93

29 80 105

11 60 79

43 37 34 20 8 39

139 124

199

0

150

300

REFERÊNCIAS

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de 1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

BRASIL. A questão da drenagem urbana no Brasil: elementos para formulação de uma política nacional de drenagem urbana. Brasília: Ministério das Cidades, 2003.

CANHOLI, Aluisio Prado. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Resposta ao desastre em Santa Catarina no ano de 2008: avaliação das aeras atingidas por movimentos de massa e dos danos em edificações durante o desastre. Florianópolis: CEPED UFSC, 2009.

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Page 43: Atlas Santa Catarina

43Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

INUNDAÇÃO GRADUAL

Inundações graduais compõem o grupo de desastres naturais relacionados com o incremento das precipitações hídricas e com as inundações. Representam o transbordamento das águas de um curso d’água, atingindo a planície de inundação, também conhecida como área de várzea. Quando estas águas extravasam a cota máxima do canal, as enchentes passam a ser chamadas de inundações e podem atingir moradias construídas sobre as margens do rio, transformando-se em um desastre natural. Desta forma, segundo Castro (2003), as inundações graduais são caracterizadas pela elevação das águas de forma paulatina e previsível, mantendo-se em situação de cheia durante algum tempo, para após, escoarem-se gradualmente.

As enchentes e as inundações são eventos naturais que ocorrem com periodicidade nos cursos d’água, sendo características das grandes bacias hidrográficas e dos rios de planície, como o Amazonas. O fenômeno evolui de forma facilmente previsível e a onda de cheia desenvolve-se de montante para jusante, guardando intervalos regulares (CASTRO, 2003).

O fenômeno é intensificado por variáveis climatológicas de médio e longo prazo e pouco influenciáveis por variações diárias de tempo. Relacionam-se muito mais com períodos demorados de chuvas contínuas do que com chuvas intensas e concentradas. Caracteriza-se por sua abrangência e grande extensão. Em condições naturais, as planícies e fundos de vales estreitos apresentam lento escoamento superficial das águas das chuvas, e nas áreas urbanas estes fenômenos são intensificados por alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, retificação e assoreamento de cursos d’água. Este modelo de urbanização, do uso do espaço com a ocupação das planícies de inundação e impermeabilização ao longo das vertentes, é uma afronta à natureza (TAVARES; SILVA, 2008).

Existe dificuldade na distinção dos tipos de inundação. Isto se deve à dificuldade de identificação do fenômeno em campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas

características comportamentais são similares para ambas às inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006).

Assim, de um modo geral, a previsibilidade das cheias periódicas e graduais facilita a convivência harmoniosa com o fenômeno, de tal forma que possíveis danos ocorrem apenas nas inundações excepcionais, em função de vulnerabilidades culturais (CASTRO, 2003).

Santa Catarina está localizada geograficamente na região brasileira que apresenta melhor distribuição de precipitação pluviométrica durante o ano. Os principais sistemas meteorológicos responsáveis pelas chuvas no Estado são as frentes frias, os vórtices ciclônicos, os cavados de níveis médios, a convecção tropical, a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) e a circulação marítima. O relevo de Santa Catarina é um fator que contribui, fundamentalmente, na distribuição diferenciada da precipitação em distintas áreas do Estado (MONTEIRO, 2001).

De acordo com IBGE (1958), os maiores volumes de chuvas no Estado são no extremo oeste com declínio em direção ao Vale do Rio do Peixe. Já para Monteiro (2001), a quantidade de precipitação nas áreas próximas ao vale do Rio Uruguai é bem inferior às áreas mais ao norte, próximas às encostas das Serras do Capanema, da Fortuna e do Chapecó, onde ocorrem

os maiores índices pluviométricos do Estado. O mesmo autor ainda descreve que no litoral sul catarinense estão dispostos os menores índices anual de precipitação pluviométrica.

Os desastres por inundação gradual no Estado de Santa Catarina não são tão expressivos quando as inundações bruscas, somaram 323 registros oficiais homologados ao longo dos vinte anos de análise (1991 a 2010). No entanto, como dito anteriormente, é muito comum a confusão entre a identificação do evento adverso entre inundações bruscas e graduais.

Em Santa Catarina, o número de municípios atingidos por inundação gradual totalizou 162, mais da metade dos municípios do Estado. Ao espacializar os registros no Mapa 4 (Desastres naturais causados por inundações graduais em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), percebe-se que o município de Joinville decretou mais vezes situação de emergência, enquadrado na classe 7-8 registros da legenda. O Norte Catarinense, segundo Monteiro (2001), é a região onde ocorrem os maiores volumes de chuvas no Estado e onde está situado Joinville, município com maior recorrência de inundações graduais, total de 8 registros.

A mesorregião Vale do Itajaí totaliza 61 registros de desastres por inundações graduais. Apesar de ser a região

Figura 10 - Inundação gradual em Sombrio, Estado de Santa Catarina

Fonte: Acervo CEPED UFSC.

Figura 11 - Área inundada em Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 44: Atlas Santa Catarina

44Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

Joinville

Capão Alto

Painel

Caçador

Canoinhas

Bom Retiro

Imaruí

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Porto União

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Indaial

Otacílio Costa

Itajaí

Laguna

Içara

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Ponte Alta

Videira

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

São José do Cerrito

Alfredo Wagner

Ilhota

Vargem

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major Vieira

Ouro

Timbó Grande

Turvo

Itapoá

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Monte Castelo

Urupema

Três Barras

Tubarão

Paulo Lopes

Jaraguá do Sul

Rio do Campo

Bocaina do Sul

Brusque

Botuverá

Caibi

Grão Pará

José Boiteux

ItuporangaZortéa

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Itapiranga

Capinzal

Joaçaba

Vitor Meireles

Rio Rufino

Ibiam Lontras

Benedito Novo

Rio Fortuna

Luiz Alves

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

RiodoSul

Siderópolis

Paraíso

Doutor Pedrinho

Pouso Redondo

Ibicaré Camboriú

Nova Veneza

Xavantina

Praia Grande

Irati

Timbó

Dionísio Cerqueira

Major Gercino

Rio do Oeste

Armazém

Rodeio

Paial

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Presidente Getúlio

Celso Ramos

Forquilhinha

Herval D'Oeste

Dona EmmaTunápolis

Ermo

Atalanta

Sangão

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Guaramirim

Águas Mornas

Leoberto Leal

Morro Grande

Guabiruba

Treze Tílias

Rancho Queimado

São Lourençodo Oeste

Canelinha

São Carlos

Schroeder

Iporã do OesteLindóia do Sul

São João Batista

Santo Amaroda Imperatriz

Frei Rogério

Bandeirante

Barra Velha

Agronômica

São João do Sul

Santa Rosa de Lima

Navegantes

NovaItaberaba

Caxambu do Sul

São Ludgero

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Arroio Trinta

Laurentino

Águas deChapecó

Maracajá

Cunhataí

Passo de Torres

TrombudoCentral

Lacerdópolis

Morro da Fumaça

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Balneário Arroio do Silva

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

PresidenteCastelo Branco

Arg

en

t in

aA

r ge

nt i

na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 4 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO GRADUALEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

1 - 23 - 45 - 67 - 8

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

Page 45: Atlas Santa Catarina

45Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

catarinense com histórico de grandes catástrofes, segundo os documentos oficiais não representa o maior número de registros do Estado, no decorrer dos vinte anos pesquisados.

As mesorregiões Oeste Catarinense e Serrana apresentaram menos registros de inundação gradual, foram as menos afetadas do Estado. Estas duas mesorregiões são, geralmente, as mais atingidas por estiagem e seca. Comparando a ocorrência de inundações bruscas com a de inundações graduais nessas mesorregiões é possível constatar, a partir dos dados contidos nos documentos oficiais do Estado, que são mais atingidas por inundações bruscas, por sofrerem influência da “Baixa do Chaco” na organização de condições de tempo mais instáveis, associadas às frentes frias. Essas condições de tempo são formadas por pancadas de chuva e trovoadas e atingem com mais intensidade essas regiões (MONTEIRO, 2001).

De acordo com o Infográfico 3 (Municípios atingidos por inundação gradual), 1992, 1995, 1998, 2001 e 2004 foram os anos que apresentaram maior frequência dos desastres relacionados a inundações graduais, sendo que somente o ano de 2001 não foi influenciado pelo fenômeno El Niño. Esse fenômeno climático está relacionado ao excesso de chuvas na região sul do país, principalmente nos meses da primavera, final do outono e começo do inverno (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004). Os anos de 1992 e 1998 correspondem à ocorrência do fenômeno El Niño de maior intensidade que os outros anos da escala temporal adotada por este Atlas (CPTEC/INPE, 2011).

Episódios de inundações graduais foram recorrentes em todos os anos em Santa Catarina, entre 1991 e 2010, com exceção de 1994. Destaca-se o ano de 2001, com 70 ocorrências registradas em 64 municípios, dos quais Maracajá, Morro Grande, Orleans, Rio Rufino, Tangará e Tubarão decretaram situação de emergência duas vezes no ano. Além disso, os meses de janeiro e fevereiro tiveram o maior índice pluviométrico com 228,63 e 274,44 mm, respectivamente, conforme Gráfico 9 (Médias pluviométricas em 2001).

De acordo com o Gráfico 10 (Frequência mensal de inundações graduais 1991-2010), os meses de fevereiro, maio e outubro, com 40, 63 e 61 registros, respectivamente,

Gráfico 10 – Frequência mensal de inundação gradual, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

40

63 61

3440

60

80

Frequência mensal de inundação gradual (1991 a 2010)

29

1219

12 8 4

2714

34

0

20

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Gráfico 9 – Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Es-tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina

228,6274,4

159,4138,9 172,0126 2

181,1206,3

162,0200250300

Médias pluviométricas em 2001

138,9121,6

126,2

60,0

120,7

17 17 14 11 10 8 10 6 14 10 11 11050

100150

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

média mensal média dias de chuva

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.

Gráfico 11 – Danos humanos ocasionados por inundações graduais em San-ta Catarina, entre os anos de 1991-2010

83.18531 578

256.039

100000150000200000250000300000

abit

ante

s

Danos humanos por inundação gradual(1991 a 2010)

31.5784.840 6 777 12 152 37

050000H

a

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

apresentaram a maior ocorrência de inundações graduais dentro da escala temporal adotada. Os níveis máximos dos rios estão em conformidade com a distribuição de chuvas, que, por sua vez, são mais intensas nos meses de primavera e verão (IBGE, 1958). É possível notar que os meses correspondentes aos períodos de verão e primavera foram os que apresentaram maior volume de ocorrências, exceto o mês de maio, que pertence ao período do inverno. Este fato, pode ser explicado pela atuação do fenômeno El Niño, principalmente, nos meses de primavera, fim do outono e começo de inverno.

Mesmo de forma previsível e paulatinamente, quando as águas extravasam a cota máxima do canal, ocorrem as inundações que podem atingir moradias construídas sobre as margens do rio, causando danos materiais e humanos aos habitantes das áreas atingidas.

Dos danos humanos ocasionados por inundações graduais no Estado de Santa Catarina somam um total de 256.039 pessoas afetadas, 83.185 desalojadas, 31.578 desabrigadas, 4.840 deslocadas, 6 desaparecidas, 777 levemente feridas, 12 gravemente feridas, 152 enfermas e 37 óbitos, de acordo com o Gráfico 11 (Danos humanos por inundações graduais 1991-2010). As vítimas fatais foram registradas em 12 municípios. O município de Timbé do Sul somou 10 óbitos na única ocorrência de inundação gradual registrada em dezembro de 1995.

O município que apresentou maior número de afetados, com um total de 36.656 pessoas, foi Blumenau. Este município, localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí, teve 5 ocorrências de inundação gradual registradas oficialmente.

Os episódios de inundação gradual, em geral, são recorrentes nas áreas urbanas, principalmente quando essas áreas apresentam ocupação desordenada em planícies de inundação. As moradias e seus habitantes passam a ser alvo dos desastres naturais relacionados com o aumento do nível dos rios.

Os danos humanos e materiais causados por inundações podem ser minimizados através da realização de permanente

Page 46: Atlas Santa Catarina

46Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundações graduais no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010monitoramento do nível dos rios, bem como o acompanhamento da evolução diária das condições meteorológicas, permitindo, dessa forma, antecipar as variáveis climatológicas responsáveis pela ocorrência de inundações. Além disso, é necessário um planejamento urbano adequado, que impeça a construção de novas moradias às margens dos rios.

Municípios Atingidospor Inundação Gradual

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalJoinville 8Orleans 6

Porto União 6Blumenau 5

Mafra 5Papanduva 5

Praia Grande 5Rio do Sul 5Rio Rufino 5

Taió 5Caçador 4

Canoinhas 4Forquilhinha 4

Herval d'Oeste 4Maracajá 4

Morro Grande 4Rio do Campo 4Rio do Oeste 4São Martinho 4

Tangará 4Turvo 4

Alfredo Wagner 3Araranguá 3Armazém 3

Balneário Gaivota 3Benedito Novo 3Bocaina do Sul 3

Chapecó 3Correia Pinto 3

Irineópolis 3Lages 3

Massaranduba 3Monte Castelo 3Otacílio Costa 3

Rancho Queimado 3Rio Negrinho 3

Santo Amaro da Imperatriz 3Sombrio 3

Timbó Grande 3Três Barras 3

Águas Mornas 2Angelina 2

Anita Garibaldi 2Anitápolis 2

Balneário Arroio do Silva 2Bom Jardim da Serra 2Bom Jesus do Oeste 2

Bom Retiro 2Canelinha 2Capinzal 2

Celso Ramos 2Cunhataí 2

Doutor Pedrinho 2

6

59

7

33

3 10 24

6 15

70

15 15 27

11 2 1 3 4 12

0

50

100

Page 47: Atlas Santa Catarina

47Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

Continuação... Continuação...

Municípios Atingidospor Inundação Gradual

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalErmo 2

Grão Pará 2Guaramirim 2

Indaial 2Iporã do Oeste 2

Irani 2Itá 2

Itaiópolis 2Itajaí 2

Ituporanga 2Jacinto Machado 2

Joaçaba 2Laurentino 2

Major Gercino 2Meleiro 2

Morro da Fumaça 2Navegantes 2

Palhoça 2Passo de Torres 2

Ponte Alta 2Pouso Redondo 2

Presidente Getúlio 2Santa Rosa do Sul 2São João Batista 2São João do Sul 2

Seara 2Timbó 2

Tubarão 2Tunápolis 2

Urubici 2Videira 2Xanxerê 2

Abdon Batista 1Agronômica 1

Águas de Chapecó 1Arroio Trinta 1

Atalanta 1Bandeirante 1Barra Velha 1

Biguaçu 1Botuverá 1

Braço do Trombudo 1Brusque 1

Caibi 1Camboriú 1

Capão Alto 1Caxambu do Sul 1

Concórdia 1Dionísio Cerqueira 1

Dona Emma 1Fraiburgo 1

Frei Rogério 1Garuva 1

6

59

7

33

3 10 24

6 15

70

15 15 27

11 2 1 3 4 12

0

50

100

Municípios Atingidospor Inundação Gradual

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalGaspar 1

Governador Celso Ramos 1Guabiruba 1

Ibiam 1Ibicaré 1Içara 1Ilhota 1Imaruí 1

Ipumirim 1Irati 1

Itapiranga 1Itapoá 1

Jaraguá do Sul 1José Boiteux 1

Jupiá 1Lacerdópolis 1

Laguna 1Lebon Régis 1

Leoberto Leal 1Lindóia do Sul 1

Lontras 1Luiz Alves 1

Major Vieira 1Nova Itaberaba 1

Nova Veneza 1Ouro 1Paial 1

Painel 1Palma Sola 1Palmitos 1Paraíso 1

Paulo Lopes 1Planalto Alegre 1

Presidente Castello Branco 1Rio Fortuna 1

Rodeio 1Sangão 1

Santa Rosa de Lima 1Santa Terezinha 1

São Carlos 1São Domingos 1

São Francisco do Sul 1São José do Cerrito 1

São Lourenço do Oeste 1São Ludgero 1

Schroeder 1Siderópolis 1

Tijucas 1Timbé do Sul 1Treze Tílias 1

Trombudo Central 1Urupema 1Vargem 1

6

59

7

33

3 10 24

6 15

70

15 15 27

11 2 1 3 4 12

0

50

100

Page 48: Atlas Santa Catarina

48Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL

Continuação...

Municípios Atingidospor Inundação Gradual

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalVitor Meireles 1

Xavantina 1Zortéa 1

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro 3232 Registros

6

59

7

33

3 10 24

6 15

70

15 15 27

11 2 1 3 4 12

0

50

100

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Page 49: Atlas Santa Catarina

49Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

88 a 102 km/h. Normalmente estes ventos são acompanhados de tempestades, precipitações hídricas intensas e concentradas, bem como de granizo ou de neve, quando são denominados nevascas (CASTRO, 2003).

O superaquecimento local gera correntes de deslocamentos horizontal e vertical de grande violência e com elevado poder destruidor, ao provocar a formação de cumulonimbus isolados. Estes tipos de nuvens são acompanhados normalmente de raios e trovões (CASTRO, 2003).

Dentre os principais sistemas meteorológicos que afetam o tempo e clima na Região Sul do Brasil e suas relações com a ocorrência de eventos adversos de causa eólica, se destacam os Sistemas Frontais, durante o verão, que podem interagir com o ar tropical quente e úmido, gerando convecção profunda com precipitação intensa, causando inundações, escorregamentos, algumas vezes com ventos fortes e granizo (CAVALCANTI; KOUSKY, 2009). Estes sistemas podem ocorrer o ano inteiro, mas é no inverno que a sua atuação é mais frequente e intensa (TOMINAGA et al., 2009). Também os Complexos Convectivos de Mesoescala podem ainda se associar aos sistemas frontais transientes, criando situações favoráveis para a ocorrência de grande quantidade de granizos e fenômenos associados, como vendavais e tornados (MARCELINO, 2003).

Os ciclones extratropicais são vendavais muito intensos, também chamados de ventos tempestuosos, que correspondem ao número 11 da Escala de Beaufort, cujas velocidades variam entre 102,0 a 120,0 km/h. São acompanhados normalmente, de precipitações hídricas concentradas e muito intensas, bem como de inundações, raios, ondas gigantes. Estes sistemas são denominados de “extratropicais” por se originarem de massas de ar de origem não-tropical, assim como pela sua formação quase que exclusivamente fora das regiões tropicais. Surgem quando há uma intensificação das condições climáticas, responsáveis por sua gênese, incrementando a magnitude do mesmo. Enquanto desastres, os ciclones extratropicais arrancam árvores, destroem fiações, e normalmente são mais intensos que os provocados pelos vendavais e menos que os causados pelos ciclones tropicais ou furacões (CASTRO, 2003).

Os ciclones tropicais ou furacões correspondem aos ventos extremamente intensos com velocidades superiores a 120,0 km/h, equivalentes ao número 12 da Escala de Beaufort. Este fenômeno meteorológico se origina de massas de ar tropicais marítimas, nas regiões trópicas, importantes no sistema de circulação atmosférica ao mover calor da região equatorial para as latitudes mais altas. Estes sistemas tropicais movem-se na troposfera por meio de correntes de

Gráfico 12 – Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

147

100

150

200

Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone (1991 a 2010)

2848

62

1832 21

723

67 59 55

0

50

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Figura 12 – Consequências de fortes vendavais em Santa Catarina

Fonte: Acervo CEPED UFSC.

VENDAVAL E/OU CICLONE

Os eventos naturais adversos vendavais e ciclones compõem a mesma categoria neste Atlas. Nos registros referentes aos ciclones, incluem-se os extratropicais e os tropicais. No caso dos vendavais, os registros referem-se aos vendavais ou as tempestades, aos vendavais muito intensos e vendavais extremamente intensos, furacões e tufões. Portanto, a categoria vendaval e/ou ciclone apresenta os registros dos desastres das duas tipologias.

Quanto à sua origem, ambos os eventos se enquadram como desastres naturais de causa eólica, relacionados com a intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução da circulação atmosférica. Dependendo do estado, os registros são relativos a uma ou outra tipologia, ou até mesmo às duas.

Os vendavais são caracterizados como o deslocamento violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão, ou seja, perturbações acentuadas no estado normal da atmosfera, normalmente causadas pelo intenso gradiente de pressão e um incremento do efeito de atrito e das forças centrífuga, gravitacional e de Coriolis. Na Escala de Beaufort correspondem à classificação de ventos muito duros de número 10, com velocidades que variam entre

Figura 13 – Quedas de árvores provocadas pelos ventos intensos

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 50: Atlas Santa Catarina

50Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Joinville

Painel

Água Doce Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Curitibanos

Calmon

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Otacílio Costa

Itajaí

Laguna

Içara

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Ponte Alta

Corupá

Campo Belo do Sul

Gaspar

Seara

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Araquari

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major VieiraCampo Erê

Timbó Grande

Turvo

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Tubarão

Paulo Lopes

Jaraguá do Sul

Rio do Campo

Campo Alegre

Bocaina do Sul

Brusque

Botuverá

Cerro Negro

Palmeira

Nova Trento

Grão Pará

Brunópolis

José Boiteux

Ituporanga

Jaguaruna

Aurora

Zortéa

Quilombo

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Rio Rufino

Petrolândia

Mondaí

Vidal Ramos

Criciúma

Anchieta

Luiz Alves

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

RiodoSul

Siderópolis

Riqueza

Paraíso

Rio das Antas

Ibicaré

Urussanga

Camboriú

Nova Veneza

Lauro Muller

Treviso

Xavantina

Praia Grande

Irati

Timbó

Saudades

Dionísio Cerqueira

Gravatal

Guatambú

Saltinho

Romelândia

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Armazém

Maravilha

Paial

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Ouro Verde

Presidente Getúlio

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona Emma

Luzerna

Tunápolis

Marema

Modelo

São José

Ermo

Atalanta

Sangão

Princesa

Penha

Bela Vistado Toldo

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Guaramirim

Imbituba

Leoberto Leal

Vargem Bonita

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Guabiruba

Treze Tílias

Antônio Carlos

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

São Carlos

Braço do Norte

Schroeder

São João Batista

Santo Amaroda Imperatriz

Presidente Nereu

BandeiranteBalneário Piçarras

Barra Velha

Garopaba

Treze de Maio

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Pinhalzinho

Pedras Grandes

Entre Rios

Novo Horizonte

Navegantes

SãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

São Joãodo Oeste

Caxambu do Sul

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Barra Bonita

São Joãodo Itaperiú

Águas deChapecó

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

Formosado Sul

Cunhataí

União doOeste

Santa Helena

Passo de Torres

BomJesus

TrombudoCentral

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

BalneárioBarra do Sul

Pinheiro Preto

NovaErechim

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

Santa Terezinhado Progresso

Balneário Arroio do Silva

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

Bombinhas

Capivari de Baixo

São Miguelda Boa Vista

PresidenteCastelo Branco

Balneário Camboriú

Arg

en

t in

aA

r ge

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na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 5 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR VENDAVAL E/OUCICLONE EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

1 - 23 - 45 - 67 - 811

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 51: Atlas Santa Catarina

51Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

ar. Em condições atmosféricas favoráveis, o ciclone tropical se intensifica e geralmente se forma no seu núcleo um olho. De outra forma, quando as condições atmosféricas tornam-se desfavoráveis ou o sistema atinge a costa, o fenômeno se enfraquece e posteriormente se dissipa. Embora os ciclones tropicais (furacões) afetem quilômetros quadrados de áreas e seu tempo de duração chegue até três semanas, não atingem a violência dos tornados (CASTRO, 2003). Em Santa Catarina, foi identificado no ano de 2004, um sistema tropical atípico para a região sul brasileira até então.

Entre os desastres analisados no Estado de Santa Catarina, os vendavais e/ou ciclones somam 567 registros oficiais, entre os anos de 1991 e 2010.

Do total de registros, 492 foram caracterizados como vendavais ou tempestades, 53 registros como vendavais muito intensos ou ciclones extratropicais e 22 registros como vendavais extremamente intensos, furacões, tufões ou ciclones tropicais.

Ao espacializar esses registros de desastres naturais por vendavais e/ou ciclones no Mapa 5 (Desastres naturais causados por vendaval e/ou ciclone em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010), verifica-se que, dos 293 municípios pertencentes

ao Estado, 231 foram atingidos, representando 78,8% dos municípios. Esses desastres naturais atingiram municípios por todo o Estado e em todas as mesorregiões. Chapecó e Abelardo Luz, localizados na Mesorregião Oeste Catarinense, foram os municípios mais atingidos, com 11 registros cada.

Os registros de vendavais ocorreram em especial na região Oeste do Estado, possivelmente relacionados com a entrada de sistemas frontais. Os períodos de maior ocorrência de rajadas e ventos iguais ou superiores a 79 km/h, em Santa Catarina, são os de inverno e primavera e das primeiras semanas do verão (FINOTTI, 2010). No entanto, no Estado, os eventos de vendavais e/ou ciclones foram registrados em todos os meses do ano, conforme pode ser visto no Gráfico 12 (Frequência mensal de vendavais e/ou ciclones 1991-2010), com destaque para setembro, mês de transição entre o inverno e a primavera, com 147 ocorrências.

O mês mais afetado de 2009 foi setembro, com 65 eventos extremos. Segundo o Boletim de Informações Climáticas do CPTEC/INPE, no mês de setembro, a atuação de seis sistemas frontais em conjunto com a presença de cavados semi-estacionários na média troposfera, sobre os Andes, por sua vez associados à presença do jato em baixos níveis, a leste dos Andes, foram os principais mecanismos responsáveis pela formação de áreas de instabilidade sobre a Região Sul. No dia 27, destacou-se a atuação do sistema frontal que ingressou no sul do Brasil, proporcionando acumulados de chuva. Neste período, registraram-se ventos de até 142 km/h, no oeste de Santa Catarina (MELO, 2009).

As ocorrências de desastres causados por vendavais e/ou ciclones nos municípios de Santa Catarina foram registrados em todos os anos de 1991 a 2010, de acordo com o Infográfico 4 (Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones). Percebe-se que a segunda década de análise (2001-2010) apresentou mais ocorrências registradas, total de 332, com destaque para o ano de 2009, com 99 registros, registrados por 95 municípios. Destacam-se os municípios de Criciúma, Papanduva, Santa Terezinha e Sombrio, com 2 ocorrências nesse ano. Em 1998 foram 82 ocorrências; 2003 foram 61 e 2004 foram 34.

Nos dias 27 e 28 de março de 2004, a região sul do Estado de Santa Catarina foi afetada por um fenômeno atmosférico atípico, denominado Furacão Catarina que causou danos severos em diversos municípios do Estado, com ventos que atingiram velocidade de 180 km/h.A classificação do fenômeno como furacão, só foi confirmada em junho de 2005, por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os pesquisadores acreditam que o surgimento do Furacão Catarina possa estar relacionado a mudanças e anomalias climáticas, devido à verificação do aumento da temperatura da superfície do mar na costa da Região Sul do Brasil. O Furacão iniciou como um ciclone extratropical, a aproximadamente 1.000 km da costa brasileira, e gradualmente adquiriu características de um furacão, apresentando um formato circular em seu núcleo, com um “olho” bem definido, atingindo a costa catarinense e gaúcha com ventos extremamente severos (MARCELINO et al., 2005).

Os danos mais comuns foram relacionados às edificações (casas, galpões, estufas, postos de gasolina etc.), infra-estruturas urbanas (rede elétrica, telefonia, estradas etc.), agricultura (plantações de milho, arroz, banana, etc.), flora e fauna. Segundo os documentos oficiais, 22 municípios decretaram situação

Figura 14 – Furacão Catarina

Fonte: Acervo de CEPED UFSC.

Gráfico 13 – Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Es-tado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

737.885

600000

800000

ante

s

Danos humanos por vendaval e/ou ciclone(1991 a 2010)

57.027 9.5685.354 3 676 29 228 70

200000

400000

Hab

ita

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Page 52: Atlas Santa Catarina

52Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

de emergência na época e calcularam elevados prejuízos econômicos, assim como muitos danos humanos.

Essas tipologias de desastre natural estão mais associadas a danos materiais que humanos. Os danos possíveis ocasionados por vendavais e/ou ciclones,são: queda de árvores; de fiações, podendo provocar interrupções no fornecimento de energia elétrica e nas comunicações telefônicas; danos às plantações; enxurradas e alagamentos; danos em habitações mal construídas e/ou mal situadas; destelhamento em edificações; e danos humanos, por traumatismos provocados pelo impacto de objetos transportados pelo vento, por afogamento e por deslizamentos ou desmoronamentos.

Segundo Tominaga et al. (2009), danos humanos podem ser causados por ventos acima dos 75 km/h. Logo, no caso dos danos humanos causados por desastres naturais associados a eventos adversos de causa eólica, contatou-se em Santa Catarina mais de 800 mil pessoas atingidas no Estado de Santa Catarina.

De acordo com o Gráfico 13 (Danos humanos por vendaval e/ou ciclone 1991-2010), verifica-se 737.885 catarinenses afetados, 57.027 desalojados, 9.568 desabrigados, 5.354 deslocados, 3 desaparecidos, 676 levemente feridos, 29 gravemente feridos, 228enfermose 7 mortos ao longo dos vinte anos analisados.

Os municípios que registraram vítimas fatais relacionadas à ocorrência de vendavais e/ou ciclones foram: Lages com 2 mortes, registradas no ano de 1998; Jacinto Machado com 1, no ano de 2003 e Bocaína do Sul também com 1, em 2005.

Entre os municípios atingidos, Chapecó foi o que apresentou o maior número de afetados. Foram 162.612 chapecoenses atingidos por vendavais e/ou ciclones nas 11 ocorrências registradas. Nesses episódios, todo o município foi atingido por tempestades, ventos e chuvas que danificaram diversas edificações comerciais e residenciais, não havendo, no entanto, registro de vítimas fatais. Após o desastre, a ação da Defesa Civil centrou-se em abrigar a população e distribuir lonas para proteção do patrimônio.

Infográfico 4 – Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Vendaval e/ou Ciclone

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalAbelardo Luz 11

Chapecó 11Canoinhas 8

Campos Novos 7Meleiro 7

Concórdia 6Criciúma 6Ipuaçu 6

Papanduva 6Santa Terezinha 6

São Lourenço do Oeste 6Araranguá 5

Faxinal dos Guedes 5Ilhota 5

Imbituba 5Irani 5

Jacinto Machado 5Otacílio Costa 5Passos Maia 5Quilombo 5

Salete 5Santa Rosa do Sul 5São João do Sul 5

São José do Cedro 5Sombrio 5Vargeão 5Xaxim 5

Águas de Chapecó 4Biguaçu 4

Campo Erê 4Correia Pinto 4Curitibanos 4Erval Velho 4Guaraciaba 4

Içara 4Imaruí 4Itajaí 4Lages 4

Maracajá 4Passo de Torres 4Planalto Alegre 4

Porto União 4Praia Grande 4

São Domingos 4Seara 4

Urubici 4Xanxerê 4

Águas Frias 3Alfredo Wagner 3

Armazém 3Balneário Arroio do Silva 3

Barra Velha 3Bom Jesus do Oeste 3

27 13 19 15 14 13 14

82

13 25 18 25

61 34

17 9 21 24

99

24

0

75

150

Page 53: Atlas Santa Catarina

53Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

Continuação... Continuação...

Municípios Atingidospor Vendaval e/ou Ciclone

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalCaçador 3

Camboriú 3Capinzal 3

Celso Ramos 3Corupá 3

Dionísio Cerqueira 3Ermo 3

Fraiburgo 3Galvão 3

Garopaba 3Garuva 3

Guatambú 3Itaiópolis 3Itapiranga 3Joaçaba 3Joinville 3Mafra 3

Mondaí 3Nova Erechim 3Ouro Verde 3

Painel 3Palhoça 3Paraíso 3

Ponte Alta 3Riqueza 3

Romelândia 3Saltinho 3

São Bernardino 3Saudades 3Tigrinhos 3

Timbó Grande 3Turvo 3

Abdon Batista 2Anchieta 2Angelina 2

Anitápolis 2Antônio Carlos 2

Aurora 2Balneário Camboriú 2Balneário Gaivota 2

Bom Jardim da Serra 2Bom Jesus 2Brusque 2

Caxambu do Sul 2Cerro Negro 2

Chapadão do Lageado 2Coronel Martins 2

Cunha Porã 2Flor do Sertão 2Forquilhinha 2

Gaspar 2Governador Celso Ramos 2

Grão Pará 2

27 13 19 15 14 13 14

82

13 25 18 25

61 34

17 9 21 24

99

24

0

75

150

Municípios Atingidospor Vendaval e/ou Ciclone

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalGuabiruba 2

Guarujá do Sul 2Imbuia 2

Iraceminha 2Irineópolis 2Ituporanga 2

Jaborá 2Jupiá 2

Maravilha 2Monte Castelo 2

Navegantes 2Nova Itaberaba 2

Nova Veneza 2Novo Horizonte 2

Orleans 2Paial 2

Palma Sola 2Pedras Grandes 2

Petrolândia 2Balneário Piçarras 2

Pinheiro Preto 2Ponte Serrada 2

Princesa 2Rio do Campo 2

Rio do Sul 2Rio Negrinho 2

Sangão 2Santa Cecília 2Santa Helena 2

Santa Terezinha do Progresso 2São Carlos 2

São Francisco do Sul 2São João do Oeste 2

São Joaquim 2São Miguel do Oeste 2

Serra Alta 2Tangará 2

Timbé do Sul 2Treze de Maio 2

Tunápolis 2União do Oeste 2

Urupema 2Vargem Bonita 2

Vidal Ramos 2Xavantina 2

Zortéa 2Agrolândia 1Água Doce 1

Anita Garibaldi 1Araquari 1Atalanta 1

Balneário Barra do Sul 1Bandeirante 1

27 13 19 15 14 13 14

82

13 25 18 25

61 34

17 9 21 24

99

24

0

75

150

Page 54: Atlas Santa Catarina

54Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE

Continuação...

Municípios Atingidospor Vendaval e/ou Ciclone

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalBarra Bonita 1

Bela Vista do Toldo 1Bocaina do Sul 1

Bombinhas 1Bom Retiro 1Botuverá 1

Braço do Norte 1Braço do Trombudo 1

Brunópolis 1Calmon 1

Campo Alegre 1Campo Belo do Sul 1Capivari de Baixo 1Cordilheira Alta 1Coronel Freitas 1

Cunhataí 1Descanso 1

Dona Emma 1Entre Rios 1

Formosa do Sul 1Gravatal 1

Guaramirim 1Herval d'Oeste 1

Ibicaré 1Ipumirim 1

Irati 1Itá 1

Jaguaruna 1Jaraguá do Sul 1José Boiteux 1Lacerdópolis 1

Laguna 1Lauro Muller 1Lebon Régis 1

Leoberto Leal 1Luiz Alves 1Luzerna 1

Major Vieira 1Marema 1

Massaranduba 1Modelo 1

Morro Grande 1Nova Trento 1

Palmeira 1Palmitos 1

Paulo Lopes 1Penha 1

Pinhalzinho 1Presidente Castello Branco 1

Presidente Getúlio 1Presidente Nereu 1Rancho Queimado 1

Rio das Antas 1

27 13 19 15 14 13 14

82

13 25 18 25

61 34

17 9 21 24

99

24

0

75

150

Municípios Atingidospor Vendaval e/ou Ciclone

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalRio Rufino 1

Santo Amaro da Imperatriz 1São João Batista 1

São João do Itaperiú 1São José 1

São José do Cerrito 1São Martinho 1

São Miguel da Boa Vista 1Schroeder 1Siderópolis 1

Taió 1Tijucas 1Timbó 1

Três Barras 1Treviso 1

Treze Tílias 1Trombudo Central 1

Tubarão 1Urussanga 1

567Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro2 Registros3 Registros4 ou Mais Registros

27 13 19 15 14 13 14

82

13 25 18 25

61 34

17 9 21 24

99

24

0

75

150

REFERÊNCIAS

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Page 55: Atlas Santa Catarina

55Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

GRANIZO

Os granizos compõem o grupo de desastres naturais relacionados com a geodinâmica terrestre externa. São caracterizados por precipitação sólida de pedras de gelo, transparentes ou translúcidas, de forma esférica ou irregular, de diâmetro igual ou superior a 5 mm, que se formam na parte superior das nuvens convectivas, do tipo cumulonimbus. Estas nuvens apresentam temperaturas extremamente baixas no seu topo e elevado desenvolvimento vertical, podendo alcançar alturas de até 1.600 m, condições propicias para a transformação das gotículas de água em gelo. As gotas congeladas crescem realizando agrupamento com outras gotas menores e movimentam-se com as correntes subsidentes. Nessa movimentação, ao se chocarem com gotas mais frias, crescem rapidamente até alcançarem um peso máximo, ao ponto de não serem mais suportadas pelas correntes ascendentes, quando ocorre a precipitação. O tempo de duração de uma precipitação de granizo está relacionado à extensão vertical da zona de água no interior da nuvem, que normalmente supera 3 km e é formada por gotas assimétricas (KULICOV; RUDNEV, 1980; KNIGHT; KNIGHT, 2001).

O granizo, também conhecido por saraivada, pode ser subdividido em gotas de chuvas congeladas ou flocos de neve fundidos e recongelados e em grânulos de neve envolvidos por gelo (CASTRO, 2003).

Santa Catarina é um dos estados mais atingidos por este tipo de fenômeno, que ocasiona grandes perdas materiais e agrícolas. Entre os anos de 1991 e 2010, as precipitações de granizos foram responsáveis por 429 registros oficiais de desastres no Estado.

A mesorregião mais atingida por precipitação de granizo, no período, foi a Oeste Catarinense, seguido das mesorregiões Norte Catarinense e Serrana, conforme Mapa 6 (Desastres naturais causados por granizos em Santa Catarina no período de 1991 a 2010). Segundo Marcelino, Nunes e Kobiyan (2006) a Mesorregião Oeste Catarinense é fortemente afetada pelas tempestades severas que desencadeiam elevadas taxas

de precipitação, o que favorece a ocorrência de inundações bruscas, bem como eventos de vendaval, granizo e tornado.

Dos 293 municípios pertencentes ao Estado de Santa Catarina, 193 foram afetados por desastres relacionados a granizos no período compreendido entre os anos de 1991 a 2010, representando 67,6% do total, como pode ser observado no Mapa 6. Dentre esses municípios, destaca-se o município de Tangará, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, que apresentou a maior frequência do evento adverso, com 6 registros, em 20 anos.

A ocorrência de precipitação de granizo é comum em todos os anos em Santa Catarina, como podemos observar no Infográfico 5 (Municípios atingidos por granizo). O ano de 1998 foi o que mais apresentou registros do evento, com 60 ocorrências. De acordo com CEPTEC/INPE (2011) o ano de 1998 teve influência do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) de forte intensidade influenciando principalmente no excesso de chuvas na Região Sul do país. Nesse mesmo ano, também foi diagnosticado, segundo os documentos oficiais do Estado, um elevado número nos registros de inundações bruscas,

Gráfico 14 – Frequência mensal de granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

109100

120

Frequência mensal de granizo(1991 a 2010)

2337

3010 3 11

24 22

71

52 37

0

20

40

60

80

100

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

pois, de acordo com Marcelino et al., (2004), os episódios de precipitações de granizos estão relacionados a chuvas intensas, ventos fortes, tornados e descargas elétricas. Os outros anos que se destacaram pela frequência do evento (infográfico 1), como os de 1993 (21 ocorrências), 1994 (25), 1995 (24), 2002 (30) e 2003 (21), também estavam sobre influência do fenômeno El Niño, o que pode explicar os altos índices de registros dos episódios de precipitações de granizo.

Segundo o Gráfico 14 (Frequência mensal de granizo 1991-2010), há maior frequência de precipitações de granizo nos últimos meses do ano, na primavera, destacando-se o mês de setembro, com 109 registros. Segundo Monteiro (2001), os meses mais propícios para a ocorrência de tempestades, tornados, vendavais e granizos são os da primavera e verão, associadas às intensas instabilidades atmosféricas, como os sistemas convectivos isolados, a atuação dos CCMs (Complexos Convectivos de Mesoescala), principalmente na primavera, e as frentes frias (MARCELINO; NUNES; KOBIYAN, 2006).

Os danos humanos causados por ocorrência de granizo dentro da escala temporal adotada (1991-2010) apresentou 228.697 pessoas afetadas, sendo 32.081 desalojadas, 4.216 desabrigadas, 2.342 deslocadas, além de 2 vítimas fatais, conforme Gráfico 15 (Danos humanos por granizos 1991-2010).

Figura 15 – Pedras de granizo precipitadas em Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 56: Atlas Santa Catarina

56Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Joinville

Painel

Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Calmon

Concórdia

Irani

Abelardo Luz

Porto União

Apiúna

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Otacílio Costa

Laguna

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Corupá

Campo Belo do Sul

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Vargem

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major Vieira

Ouro

Campo Erê

Timbó Grande

Turvo

Itapoá

Biguaçu

Anita Garibaldi

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Paulo Lopes

Rio do Campo

Campo Alegre

Bocaina do Sul

Cerro Negro

Caibi

Palmeira

Ibirama

Nova Trento

Grão Pará

Brunópolis

Ituporanga

Aurora

Zortéa

Quilombo

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

São Bento do Sul

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Rio Rufino

Mondaí

Vidal Ramos

Criciúma

Lontras

Anchieta

Rio Fortuna

Luiz Alves

Meleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

Paraíso

Pouso Redondo

Ibicaré

Urussanga

Camboriú

Treviso

Xavantina

Timbó

Dionísio Cerqueira

Major Gercino

Gravatal

Guatambú

Saltinho

Rio do Oeste

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Armazém

Maravilha

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Arabutã

São Cristovão do Sul

Ouro Verde

Presidente Getúlio

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona EmmaTunápolis

Witmarsum

Marema

Modelo

Atalanta

Princesa

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Imbituba

Leoberto Leal

Pomerode

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Guabiruba

Treze Tílias

Antônio Carlos

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

São Carlos

Braço do Norte

Presidente Nereu

BandeiranteBalneário Piçarras

Barra Velha

Garopaba

Agronômica

Treze de Maio

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Novo Horizonte

Navegantes

SãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

São Joãodo Oeste

São Ludgero

Balneário Gaivota

Barra Bonita

Laurentino

São Joãodo Itaperiú

Águas deChapecó

Alto BelaVista

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

União doOeste

Santa Helena

São Pedrode Alcântara

Passo de Torres

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

BalneárioBarra do Sul

NovaErechim

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

LajeadoGrande

Santa Terezinhado Progresso

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

Balneário Camboriú

Arg

en

t in

aA

r ge

nt i

na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 6 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR GRANIZOEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

1 - 23 - 45 - 67 - 8

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 57: Atlas Santa Catarina

57Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

Os municípios com vítimas fatais relacionadas à precipitação de granizos foram Garuva, no Norte Catarinense, e Campo Erê, no Oeste do Estado.

Garuva teve 2 registros, em outubro de 1998 e em fevereiro de 2004. Neste último episódio, foram afetadas localidades do interior do município por precipitação pluviométrica, com granizos com diâmetro médio aproximado de 60 mm. Em Campo Erê, ocorreram 3 registros – em setembro de 2001, julho de 2002 e junho de 2009. No evento de 2001, a queda de granizo localizou-se mais no perímetro urbano, embora tenha atingido outras localidades de forma menos intensa, danificando os telhados das edificações e as plantações. Em 2002, várias comunidades do interior do município foram atingidas por chuvas acompanhadas de intenso granizo e algumas rajadas de vento. O estrago maior foi provocado por granizos de diferentes diâmetros, que provocaram a destruição de telhados nas habitações e construções rurais.

Apesar de não ter vítimas fatais, Xaxim foi o município que apresentou o maior número de afetados – 24.970 xaxinenses, durante as 5 ocorrências registradas entre os anos de 1991 a 2010. Destaca-se 2006, quando todo o município foi afetado por precipitação de granizo, acompanhado de forte chuva, com duração de aproximadamente 30 minutos, com pedras que pesavam até 300 g.

Gráfico 15 – Danos humanos ocasionados por Granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

228.697

200000250000

tes

Danos humanos por granizo(1991 a 2010)

32.0814.216 2.342 2 185 16 22 2

050000100000150000

Hab

itan

t

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Enquanto desastre, o granizo causa grandes danos e prejuízos econômicos à agricultura. No Brasil, as regiões de clima temperado são mais atingidas por este evento, prejudicando as culturas de frutas e de fumo, mais vulneráveis ao granizo. Em Santa Catarina, os maiores prejuízos decorrentes das precipitações de granizos são econômicos, afetando principalmente o setor agrícola. Alguns municípios, principalmente os que trabalham com a produção de maçã, utilizam alguns sistemas tecnológicos antigranizos para evitar grandes prejuízos na produção (LEITE et al., 2002; YURI, 2003 apud MARCELINO; MENDONÇA; RUDORFF, 2004).

Os episódios de precipitação de granizo geralmente são acompanhados por vendavais e tempestades, o que dificulta definir isoladamente as consequências para se decretar uma situação de emergência (CASTRO, 2003).

Page 58: Atlas Santa Catarina

58Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

Continuação...

Municípios Atingidospor Granizo

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalRio Rufino 3São Carlos 3

Vargem 3Xanxerê 3

Abdon Batista 2Anita Garibaldi 2

Anitápolis 2Arabutã 2Aurora 2

Blumenau 2Bocaina do Sul 2Braço do Norte 2

Caçador 2Calmon 2

Camboriú 2Campo Belo do Sul 2

Celso Ramos 2Cerro Negro 2

Cordilheira Alta 2Coronel Freitas 2

Corupá 2Cunha Porã 2

Dionísio Cerqueira 2Dona Emma 2

Flor do Sertão 2Forquilhinha 2

Garuva 2Governador Celso Ramos 2

Grão Pará 2Guabiruba 2Guatambú 2

Imaruí 2Ipuaçu 2

Ipumirim 2Irineópolis 2Ituporanga 2

Jaborá 2Joinville 2

Lajeado Grande 2Mafra 2

Maracajá 2Massaranduba 2

Mondaí 2Morro Grande 2

Navegantes 2Nova Trento 2

Novo Horizonte 2Ouro 2

Ouro Verde 2Palhoça 2

Palma Sola 2Passo de Torres 2

Presidente Getúlio 2

33

12 21 25 24

10 9

60

11 18 24 30

21 30

10 12 28

13 28

10

0

37,5

75

Infográfico 5 – Municípios atingidos por granizos no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Granizo

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalTangará 8

Abelardo Luz 6Erval Velho 6

Águas de Chapecó 5Angelina 5

Canoinhas 5Fraiburgo 5

Guaraciaba 5São João do Oeste 5

Seara 5Xaxim 5

Anchieta 4Atalanta 4

Campo Erê 4Faxinal dos Guedes 4

Imbituba 4Imbuia 4

Iraceminha 4Irani 4Itá 4

Meleiro 4Quilombo 4

Rancho Queimado 4São Cristovão do Sul 4

São Joaquim 4Serra Alta 4

Timbó Grande 4Tunápolis 4

Urubici 4Águas Frias 3

Antônio Carlos 3Armazém 3

Barra Bonita 3Biguaçu 3

Bom Jardim da Serra 3Brunópolis 3

Chapadão do Lageado 3Chapecó 3

Concórdia 3Correia Pinto 3

Itaiópolis 3Joaçaba 3

Maravilha 3Marema 3

Monte Castelo 3Nova Erechim 3Otacílio Costa 3

Papanduva 3Paraíso 3

Passos Maia 3Planalto Alegre 3Ponte Serrada 3Porto União 3

33

12 21 25 24

10 9

60

11 18 24 30

21 30

10 12 28

13 28

10

0

37,5

75

Page 59: Atlas Santa Catarina

59Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

Continuação... Continuação...

Municípios Atingidospor Granizo

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalRio do Campo 2Rio Negrinho 2

Santa Terezinha 2Santa Terezinha do Progresso 2

São Bento do Sul 2São Francisco do Sul 2

São João do Sul 2São José do Cedro 2São José do Cerrito 2

São Lourenço do Oeste 2São Martinho 2

São Miguel do Oeste 2Taió 2

Tigrinhos 2Timbó 2

Três Barras 2União do Oeste 2

Urupema 2Vargeão 2

Vidal Ramos 2Witmarsum 2

Zortéa 2Agrolândia 1Agronômica 1

Alfredo Wagner 1Alto Bela Vista 1

Apiúna 1Araranguá 1

Balneário Camboriú 1Balneário Barra do Sul 1

Balneário Gaivota 1Bandeirante 1Barra Velha 1

Bom Jesus do Oeste 1Bom Retiro 1

Caibi 1Campo Alegre 1Campos Novos 1

Capinzal 1Coronel Martins 1

Criciúma 1Descanso 1

Galvão 1Garopaba 1

Gaspar 1Gravatal 1

Guarujá do Sul 1Herval d'Oeste 1

Ibicaré 1Ibirama 1Ilhota 1

Itapiranga 1Itapoá 1

33

12 21 25 24

10 9

60

11 18 24 30

21 30

10 12 28

13 28

10

0

37,5

75

Municípios Atingidospor Granizo

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalJacinto Machado 1

Jupiá 1Lacerdópolis 1

Lages 1Laguna 1

Laurentino 1Leoberto Leal 1

Lontras 1Luiz Alves 1

Major Gercino 1Major Vieira 1

Modelo 1Nova Itaberaba 1

Orleans 1Painel 1

Paulo Lopes 1Balneário Piçarras 1

Pomerode 1Pouso Redondo 1

Presidente Nereu 1Princesa 1

Rio do Oeste 1Rio Fortuna 1

Salete 1Saltinho 1

Santa Cecília 1Santa Helena 1

São Bernardino 1São Domingos 1

São João do Itaperiú 1São Ludgero 1

São Pedro de Alcântara 1Sombrio 1Treviso 1

Treze de Maio 1Treze Tílias 1

Turvo 1Urussanga 1

Vargem Bonita 1Xavantina 1

429Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro

33

12 21 25 24

10 9

60

11 18 24 30

21 30

10 12 28

13 28

10

0

37,5

75

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60Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO

REFERÊNCIAS

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MARCELINO, E. V.; NUNES, L. H.; KOBIYAN, M. Mapeamento de risco de desastres naturais do Estado de Santa Catarina. Revista Caminhos de Geografia, vol. 8, n. 17, p. 72-84, fev., 2006. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/10087/5958>. Acesso em: 27 nov. 2011.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do Estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 20 nov. 2011.

Page 61: Atlas Santa Catarina

61Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GEADA

GEADA

As geadas estão incluídas na classificação de desastres naturais relacionados com a geodinâmica terrestre externa.

O fenômeno da geada consiste no congelamento do orvalho, o qual é formado pela condensação do vapor d’água existente na atmosfera. O orvalho congelado deposita-se em forma de agulhas ou prismas, escamas ou de leque sobre superfícies expostas ao ar livre (VAREJÃO-SILVA, 2006).

A geada ocorre com mais frequência em regiões elevadas e frias, onde as massas polares (MP) são mais atuantes. Conforme Castro (2003), as madrugadas de noites frias, estreladas e calmas são mais propensas ao fenômeno, que ocorre com maior intensidade nos fundos de vales e em regiões montanhosas e, de forma menos intensa, nas encostas mais ensolaradas.

Quanto aos processos de formação, as geadas podem ser divididas em: geada de advecção, provocadas por ventos fortes com temperaturas muito baixas, em decorrência da passagem de massas polares, e capazes de atingir grandes extensões de áreas; e geada de radiação, que ocorre devido ao resfriamento intenso da superfície, que perde energia durante as noites de céu limpo e sob o domínio de sistemas de alta pressão, sendo essa mais localizada (AYOADE, 1998 apud KOBIYAMA, et al, 2006). Quanto ao aspecto visual podem ser reconhecidas como geada negra e geada branca. A geada negra é mais rara e severa e sua formação ocorre em condições de pouca umidade. A geada branca é formada em condições de maior umidade do ar, existindo efetivamente o congelamento de água.

Este fenômeno provoca o congelamento da seiva das plantas, podendo causar grandes prejuízos às culturas perenes e às culturas de inverno, plantadas nas regiões com climas subtropicais de altitude. No Brasil, os maiores prejuízos ocorrem com as plantações de café, de frutas cítricas e demais frutas de clima temperado e produtos hortigranjeiros (CASTRO, 2003).

No Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1991 e 2010, as geadas foram responsáveis por 17 registros oficiais de desastres. Ao espacializar esses registros no Mapa 7 (Desastres naturais causados por geada em Santa Catarina no período de

Gráfico 16 – Frequência mensal de geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

3

65

4567

Frequência mensal de geada(1991 a 2010)

32

1

0123

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

1991 a 2010), verifica-se que 15, dos 293 municípios, do Estado foram atingidos por geadas. Esses municípios localizam-se no planalto, nas mesorregiões Serrana e Oeste Catarinense. Dentre eles, os municípios de Bom Jardim da Serra e Iomerê foram atingidos duas vezes.

Este tipo de desastre natural é considerado comum no inverno, quando a temperatura fica mais baixa e a penetração de massas polares é maior e mais frequente.

Em Santa Catarina as geadas adquirem características distintas e sazonais, relacionadas a incursões de massas polares que provocam queda na temperatura, e localizam-se principalmente na região serrana e no planalto do Estado, que apresentam efeito da altitude. De acordo com a caracterização climática de Köppen (1948), esta região do Estado pertence ao tipo climático mesotérmico úmido (Cfb), apresentando verão brando e inverno com geadas severas e frequentes.

No verão, o planalto apresenta temperaturas mais amenas. As mínimasficam em torno dos 15 graus e as máximas chegam a 26 graus. Apesar do predomínio de massas de ar quente, por vezes há incursão de massas polares sobre a Argentina, ocasionando queda na temperatura no Planalto Sul e favorecendo, nesta região, a ocorrência de algumas horas de frio e poucos episódios de geada fraca (MONTEIRO, 2001).

No início do outono, são observadas as primeiras incursões de massas polares, ainda fracas, porém provocam queda de temperatura. No planalto, meio oeste e em áreas de encosta da Serra Geral, no litoral sul, podem ser observadas temperaturas negativas, favorecidas pelo efeito da altitude. Nestas regiões ocorrem as primeiras geadas que são, em sua maioria, de intensidade fraca (MONTEIRO, 2001).

No inverno, as condições de tempo deste período são influenciadas por sucessivas massas de ar polar provenientes do continente antártico. O ar frio é trazido pela aproximação de anticiclones que se deslocam sobre a Argentina em direção à Região Sul do Brasil. Quando instalados sobre Santa Catarina, esses sistemas ocasionam tempo estável, com predomínio de céu claro e acentuado declínio de temperatura em todas as regiões do Estado, o que favorece a formação de geada e de

nevoeiro, fenômenos típicos da estação. As geadas têm maior frequência no Planalto e nos municípios mais ao norte das regiões meio oeste e oeste. Na faixa costeira as chances de ocorrência desse fenômeno são bem menores, porém, as possibilidades de geadas aumentam nas proximidades das encostas das serras Geral e do Mar (MONTEIRO, 2001).

Na primavera, algumas massas de ar polar podem deslocar-se sobre o Estado, causando declínio acentuado de temperatura e geadas fracas no planalto, principalmente entre setembro e outubro. Em casos excepcionais, nas áreas mais altas,pode gear em novembro e até em dezembro, embora de forma pontual e bem fraca (MONTEIRO, 2001).

Em Santa Catarina, como pode ser observado no Gráfico 16 (Frequência mensal de geadas 1991-2010), os meses em que houve incidência de geadas foram os de inverno e primavera, entre julho e novembro. Os meses que apresentaram o maior número de registros, foram agosto e setembro, com 6 e 5 registros, respectivamente.

No período entre 1991 a 2010, somente em agosto de 1999 foi encontrada a primeira ocorrência de geada registrada oficialmente, como pode ser verificado no Infográfico 6 (Municípios atingidos por geadas). O episódio ocorreu no município de São José do Cedro, localizado na Mesorregião

Page 62: Atlas Santa Catarina

62Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GEADA

Urubici

FraiburgoVideira

Tangará

Xanxerê

Bom Jardim da Serra

Urupema

Ipumirim

Iomerê

Iraceminha

São José do Cedro

Marema

Vargem Bonita

Faxinal dos Guedes

Santa Rosa do Sul

Pinheiro Preto

Arg

en

t in

aA

r ge

nt i

na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 7 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR GEADAEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C ONúmero de

registros

12

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 63: Atlas Santa Catarina

63Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GEADA

Oeste Catarinense, onde geadas fortes afetaram todo o município. Em 2000, ocorreram 3 registros nos municípios de Ipumirim, Santa Rosa do Sul e Xanxerê e, no ano seguinte,teve registros em Marema e Faxinal dos Guedes, neste último,70% da área rural do município foi atingida, provocando destruição das culturas de milho, trigo, feijão, aveia e triticale. Os próximos registros ocorreram nos anos de 2006, 2007 e 2010.

Percebe-se que grande parte das ocorrências foi registrada na segunda década de análise (2001-2010), com 82,3% do total dos registros. O ano de 2006 foi o que mais apresentou episódios do evento, com 8 registros. Neste ano, 7municípios foram atingidos, com Bom Jardim da Serra apresentando 2 ocorrências, registradas oficialmente nos meses de setembro e novembro, respectivamente.

As geadas estão mais associadas a danos materiais do que humanos. Os danos possíveis ocasionados por geadas são grandes prejuízos à agricultura, pela perda da lavoura. No caso dos danos humanos causados pelas geadas durante as ocorrências registradas no Estado de Santa Catarina, no Gráfico 17 (Danos humanos causados por geadas 1991-2010), soma-se 63.823 pessoas afetadas e 347 enfermas.

O município que apresentou o maior número de afetados, com 38.000 habitantes, foi Xanxerê, durante o evento de geada, ocorrido em julho de 2000. Naquele ano, todo o

município foi atingido, e devido ao intenso frio, com nevasca e fortes geadas, houve um acréscimo significativo no número de internações e consultas médicas por problemas respiratórios, necessitando de medicação. Além disso, houve necessidade de distribuir colchões, acolchoados e agasalhos para a população de Xanxerê.

REFERÊNCIAS

CASTRO,Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do Estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2011.

Gráfico 17 – Danos humanos ocasionados por geadas, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

63.823

200003000040000500006000070000

abit

ante

s

Danos humanos por geada(1991 a 2010)

34701000020000

Ha

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Infográfico 6 – Municípios atingidos por geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Geada

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalBom Jardim da Serra 2

Iomerê 2Faxinal dos Guedes 1

Fraiburgo 1Ipumirim 1

Iraceminha 1Marema 1

Pinheiro Preto 1Santa Rosa do Sul 1São José do Cedro 1

Tangará 1Urubici 1

Urupema 1Videira 1Xanxerê 1

17Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro

1 3

2

8

1 2

0

5

10

VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e climatologia. Recife: [s.n.], 2006. 449 p. [Versão digital 2].

Page 64: Atlas Santa Catarina

64Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

TORNADO

Campos Novos

Papanduva

Laguna

Corupá

Bom Jardim da Serra

Turvo

Ponte Serrada

Três Barras

Florianópolis

Aurora

Macieira

Palma Sola

Guaraciaba

Criciúma

Catanduvas

Forquilhinha

Sangão

Vargeão

Faxinal dos Guedes

Rancho Queimado

Coronel Freitas

São João Batista

Garopaba

Salto Veloso

Arg

en

t in

aA

r ge

nt i

na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 8 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR TORNADOEM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C ONúmero de

registros

12

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 65: Atlas Santa Catarina

65Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

TORNADO

TORNADO

Os tornados incluem-se na classificação de desastres naturais de causa eólica, pois estão relacionados com a intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução da circulação atmosférica.

Tornados são definidos como vórtices ou redemoinhos de vento formados na baixa atmosfera. Apresentam-se com nuvens escuras, de formato afunilado, que tocam a superfície terrestre com grande velocidade de rotação e forte sucção, representando grande potencial destrutivo. São formados em processos convectivos, caracterizados pela formação de grandes nuvens cumulonimbus e em situações do encontro de massas de ar altamente diferenciadas e de grande intensidade. A partir dessas condições é instalada uma célula de baixa pressão nas camadas superiores da atmosfera que ocasiona o efeito chaminé e a ascensão do ar para a alta troposfera. Este arranjo caracteriza o efeito de vórtice, responsável pela forte sucção, que provoca o arrancamento de árvores, a destruição de edificações e a elevação no ar de destroços e objetos. Portanto, o ar em movimento é o que forma o tornado, com força suficiente para causar grandes

danos à superfície terrestre, assim como à população local (CASTRO, 2003).

Dentre as perturbações atmosféricas, o tornado é considerado uma das mais violentas. Como um tornado pode atingir até 320 km/h, esse fenômeno supera a violência do furacão, pois seu poder destrutivo é altamente concentrado e violento, mas com duração e área afetada menor (CASTRO, 2003).

Episódios de tornados muitas vezes são confundidos com vendavais intensos, pelo fato de a população não ter bem claro a definição e as características que remetem a este evento natural.

As trombas d’água compõem esta classificação, pois são fenômenos semelhantes aos tornados, porém ocorrem somente sobre uma superfície aquosa, no mar ou num lago. Nesses casos, a sucção no centro da tempestade eleva para os ares a água da superfície. Geralmente, desaparecem quando entram em contato com a superfície da terra (CASTRO, 2003).

Entre os desastres analisados no Estado de Santa Catarina, os tornados somam 27 registros oficiais, entre os anos de 1991 e 2010.

Ao espacializar esses desastres naturais causados por tornados no Mapa 8 (Desastres Naturais causados por tornado em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), verifica-se que os municípios atingidos estão localizados em diferentes mesorregiões do Estado. Dos 293 municípios, 24 foram atingidos por tornados, sendo que destes, os municípios de Laguna, Coronel Freitas e Aurora apresentaram 2 registros cada.

Os sistemas atmosféricos que podem causar desastres naturais associados à ocorrência de tornados são os sistemas frontais, que geram tempo instável. As instabilidades associadas às passagens de sistemas frontais podem também provocar vendavais intensos, descargas elétricas e chuvas fortes. Os Complexos Convectivos de Mesoescala são sistemas com intensidade suficiente para gerar chuvas fortes, ventos, tornados e granizo, ou seja, também são capazes de desencadear desastres naturais (TOMINAGA et al., 2009).

Os tornados são fenômenos tipicamente continentais, sua formação ocorre normalmente através da chegada de

Gráfico 18 – Frequência mensal de tornados no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010

6

43 3

5 54

34567

Frequência mensal de tornados (1991 a 2010)

3

1

3

1 1

3

0123

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

frentes frias em regiões onde o ar está mais quente e instável, favorecendo o desenvolvimento de uma tempestade, que, por sua vez, impulsiona a formação desse tipo de ciclone (TOMINAGA et al., 2009). Algumas regiões são mais propícias para a formação de tornados, pois apresentam aspectos favoráveis para a ocorrência desse fenômeno; no Brasil, destaca-se o sul e sudeste (SEDEC, 2011).

A ocorrência de tornados está associada à estação das chuvas, principalmente às chuvas intensas, sendo mais

Gráfico 19 – Danos humanos ocasionados por tonado, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

53.075

2000030000400005000060000

abit

ante

s

Danos humanos por tornados(1991 a 2010)

3.324 1.110 485 128 17 5 30

10000Ha

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Figura 16 – Efeitos da passagem de tornado em Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 66: Atlas Santa Catarina

66Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

TORNADO

suscetíveis em Santa Catarina nos meses de verão. Segundo o Gráfico 18 (Frequência mensal de tornados 1991-2010) percebe-se que, com exceção do mês de junho, em todos os demais meses ocorreram registros de tornados e trombas d’água. Os meses que apresentaram a maior frequência desses eventos foram janeiro, com 6 ocorrências e setembro e outubro, com 5 registros cada.

Há registros de desastres por tornados desde 1991 e em quase todos os anos no período pesquisado, conforme Infográfico 7 (municípios atingidos por tornados). O rastro de destruição de um tornado pode variar de dezenas de metros a quilômetros de extensão, sendo altamente concentrado e extremamente violento. O efeito chaminé dos tornados derruba e arrasta árvores, causa danos às plantações, derruba a fiação e provoca interrupções no fornecimento de energia elétrica e nas comunicações telefônicas, provoca enxurradas e alagamentos, produz danos em habitações mal construídas e/ou mal situadas, provoca destelhamento em edificações e a elevação no ar dos destroços resultantes, causando traumatismos provocados pelo impacto de objetos transportados pelo vento, por afogamento e por deslizamentos ou desmoronamentos (SEDEC, 2011).

No período analisado, um total de 31.737 pessoas foi afetado em Santa Catarina pela ocorrência de tornados, como pode ser observado no Gráfico 19 (Danos humanos por tornados 1991-2010). Além disso, 3.127 foram desalojadas, 837 desabrigadas, 431 deslocadas, 96 levemente feridas, 15 gravemente feridas, 5 enfermas e há 1 registro de óbito.

A vítima fatal relacionada à passagem de tornado ocorreu no município de Criciúma, em janeiro de 2005, quando 2 tornados em pontos distintos do município, com ventos em movimentos circulares com velocidade aproximada de 130 km/h, atingiram alguns bairros.

Dentre os 24 municípios atingidos por tornados,no período de 1991 a 2010, o de Laguna, localizado na Mesorregião Sul Catarinense, foi o que apresentou o maior número de pessoas afetadas, com 20.000. Em 2001, o fenômeno ocorreu no mês de outubro afetando todo o município com um forte vendaval seguido de chuva com enxurrada, provocando alagamentos,

Infográfico 7 – Municípios atingidos por tornados no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

deslizamentos, queda de edificações, destelhamento e destruições de galerias pluviais. No ano de 2002, todo o município foi afetado por um tornado em janeiro, causando muitos prejuízos às edificações e infra-estrutura.

REFERÊNCIAS

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

SEDEC - SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL. Ocorrência de desastres: recomendações – saiba como: tornados. Disponível em: <http://www.defesacivil.gov.br/desastres/recomendacoes/tornado.asp>. Acesso em: 29 nov. 2011.

TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2011.

Municípios Atingidospor Tornado

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalAurora 2

Coronel Freitas 2Laguna 2

Bom Jardim da Serra 1Campos Novos 1

Catanduvas 1Corupá 1

Criciúma 1Faxinal dos Guedes 1

Florianópolis 1Forquilhinha 1

Garopaba 1Guaraciaba 1

Macieira 1Palma Sola 1Papanduva 1

Ponte Serrada 1Rancho Queimado 1

Salto Veloso 1Sangão 1

São João Batista 1Três Barras 1

Turvo 1Vargeão 1

27Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro

1 1 1 1

4 4

2 3

1 1 1 2

5

0

3

6

Page 67: Atlas Santa Catarina

67Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MOVIMENTOS DE MASSA

MOVIMENTO DE MASSA

Os movimentos de massa compõem o grupo de desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo. Na classificação adotada no Atlas foram agrupados os seguintes eventos naturais no grupo: escorregamentos ou deslizamentos; corridas de massa; rastejos e quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matacões e/ou rochas.

Dentre as formas de movimentos de massa, os escorregamentos, também denominados deslizamentos, são os mais importantes desta classificação, haja vista ser o mais recorrente dentre todos os tipos aqui apresentados. São provocados pela movimentação de materiais sólidos (solo, vegetação, etc.) ao longo de terrenos inclinados, tais como encostas, pendentes ou escarpas. Caracterizam-se por movimentos gravitacionais rápidos de massa, cuja superfície de ruptura é bem definida por limites laterais e profundos. No momento em que a força gravitacional vence o atrito interno das partículas, responsável pela estabilidade, a massa de solo movimenta-se encosta abaixo. Esses movimentos gravitacionais de massa relacionam-se com a infiltração de água e a saturação do solo das encostas, o que provoca a diminuição ou perda total do atrito entre as partículas. Por esse motivo, no Brasil, os escorregamentos são nitidamente sazonais e guardam efetiva relação com os períodos de chuvas intensas e concentradas (CASTRO, 2003).

As corridas de massa, embora mais lentas que os escorregamentos, desenvolvem-se de forma implacável, atingindo grandes áreas e provocando danos extremamente intensos. Esses movimentos têm grande capacidade de transporte, mesmo em áreas planas, pois são gerados a partir de um grande aporte de material de drenagem, sobre terrenos pouco consolidados, que, ao ser misturado com grandes volumes de água infiltrada, formam uma massa semifluida, que adquire um alto poder de destruição (CASTRO, 2003). Conforme Kobiyamaet al. (2006), dependendo da viscosidade e do tipo de material, podem receber outros nomes como fluxos de

terra (earthflows), fluxos de lama (mudflows) e fluxos de detrito (debrisflows).

Os rastejos são caracterizados como movimentos de massa lentos, porém contínuos ou pulsantes. O processo não apresenta superfície de ruptura bem definida e os limites entre a massa em movimento e o terreno estável são transicionais (CASTRO, 2003). Podem preceder movimentos mais rápidos, como os escorregamentos. Embora lentos, os rastejos podem ser facilmente identificados pela mudança na verticalidade das árvores, postes, etc. (AUGUSTO FILHO, 1994).

As quedas e os tombamentos de rochas caracterizam-se por movimentos extremamente rápidos de blocos ou fragmentos em queda livre, em planos de cisalhamento ou clivagem, enquanto que os rolamentos de matacões são provocados por processos erosivos que removem os apoios das bases (CASTRO, 2003). Nestes fenômenos, a maior preocupação é com a trajetória dos blocos, ou seja, durante a queda e o rolamento (AUGUSTO FILHO, 1994).

A identificação da tipologia é de fundamental importância para o entendimento das causas dos fenômenos ocorridos (CEPED UFSC, 2009). Assim, conhecendo-se as causas, procura-se alcançar, por meio do entendimento dos processos envolvidos, respostas às questões: por que ocorrem os escorregamentos, quando, onde e quais são seus mecanismos, permitindo a predição da suscetibilidade (VARNES, 1978).

Todos esses eventos são tratados como movimentos de massa, que envolvem fenômenos diretamente relacionados com o processo natural de evolução das vertentes. Além disso, pertencem a um grande grupo classificado com base na atuação dos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta terrestre e promovem as mudanças sobre o relevo terrestre. Em sua maioria, esses desastres relacionam-se com a dinâmica das encostas e são regidos por movimentos gravitacionais de massa e processos de transporte de massas (CASTRO, 2003).

No Estado de Santa Catarina, os desastres relacionados a movimentos de massa somam 24 registros oficiais, espacializados em 20 municípios no Mapa 9 (Desastres naturais

causados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010).

Os municípios que foram afetados por movimentos de massa por mais de uma vez durante os vinte anos, foram: Presidente Getúlio e Florianópolis, com 2 registros cada, e Gaspar, com 3 registros. Florianópolis localiza-se na Mesorregião da Grande Florianópolis, enquanto que os outros dois municípios localizam-se na Mesorregião do Vale do Itajaí.

A região costeira de Santa Catarina, entre o Oceano Atlântico e o Planalto da Serra Geral, se constitui,

Figura 17 – Queda de matacão rochoso, Santa Catarina

Fonte: Acervo CEPED UFSC.

Page 68: Atlas Santa Catarina

68Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MOVIMENTOS DE MASSA

Itaiópolis

Urubici

Orleans

Videira

Gaspar

São José do Cerrito

Santa Terezinha

Ouro

Brusque

Florianópolis

Nova Trento

Grão Pará

José Boiteux

Major Gercino

Rio do Oeste

Presidente Getúlio

Witmarsum

Leoberto Leal

Pomerode

Garopaba

Arg

en

t in

aA

r ge

nt i

na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 9 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR MOVIMENTOS DEMASSA EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

123

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 69: Atlas Santa Catarina

69Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MOVIMENTOS DE MASSA

generalizadamente, em área de alto risco de ocorrência de desastres naturais relacionados a movimentos de massa, devido às suas condições regionais climáticas, geológicas, pedológicas, geomorfológicas e de uso da terra (CEPED UFSC, 2009).

A distribuição das localidades mais atingidas ocorreu predominantemente nas encostas da Serra do Mar e da Serra Geral. Devido às suas características geológicas e climáticas, o manto de intemperismo que recobre as rochas nestas regiões pode atingir até várias dezenas de metros de espessura, sendo este um dos importantes fatores contribuintes para a ocorrência de movimentos de massa de grande amplitude (CEPED UFSC, 2009). Dentre os processos de movimentos de massa, os mais frequentes na Serra do Mar, são os escorregamentos (TOMINAGA et al., 2009).

Com relação aos aspectos climáticos, na região tropical úmida brasileira, a ocorrência dos escorregamentos está associada à estação das chuvas, principalmente às chuvas intensas durante a estação chuvosa, que em Santa Catarina corresponde aos meses de verão. As frentes frias originadas no Círculo Polar Antártico encontram as massas de ar quente tropicais, provocando fortes chuvas e tempestades. Estas chuvas,

muitas vezes, deflagram escorregamentos que, não raro, podem se tornar catastróficos (TOMINAGA et al., 2009).

Essas informações vão ao encontro dos dados apresentados no Gráfico 20 (Frequência mensal de movimentos de massa 1991-2010), onde é possível observar que os meses de verão foram os que apresentaram a maior frequência de movimentos de massa no Estado, no período de 1991 e 2010. O mês de fevereiro apresenta o maior número de registros – 10 ocorrências, seguido do mês de janeiro, com 3 ocorrências.

Com relação ao Infográfico 8 (Municípios atingidos por movimentos de massa),o primeiro registro oficial levantado foi em fevereiro de 1993, no município de Florianópolis. A grande parte das ocorrências (54,2%) foi registrada na primeira década de análise, entre os anos de 1991 e 2000.

O ano com o maior número de registros foi o de 1997, com 9 ocorrências distribuídas entre os municípios de Gaspar, Grão Pará, Itaiópolis, Leoberto Leal, Nova Trento, Orleans, Ouro, Rio do Oeste e Witmarsum.

Em novembro de 2008, o Estado de Santa Catarina foi acometido por inúmeros desastres relacionados a inundações e movimentos de massa que afetaram principalmente a região do Vale do Itajaí e deixaram um grande número de afetados, quando 99 municípios decretaram situação de emergência

e 14 decretaram estado de calamidade pública. Neste evento, a concentração excessiva de chuvas em poucos dias, antecedida por um período longo de precipitações, provocou o escorregamento de milhares de cortes de terreno e de encostas naturais e uma grande e rápida enchente na bacia do Rio Itajaí. Estes escorregamentos atingiram indiscriminadamente morros cobertos de vegetação nativa e desmatados, bairros pobres e de classe média alta (CEPED UFSC, 2009).

Os fatores condicionantes dos movimentos de massa correspondem principalmente aos elementos do meio físico e, secundariamente, do meio biótico. Entre os fatores diretamente responsáveis pelo desencadeamento de movimentos de massa, podemos citar a elevada pluviosidade, erosão pela água ou vento, oscilação de nível dos lagos e marés e do lençol freático, ação de animais e a ação humana (TOMINAGA et al., 2009).

A ação humana exerce importante influência favorecendo a ocorrência dos movimentos de massa ou minimizando seus efeitos. Entre as causas antrópicas está a retirada da vegetação, o acúmulo de lixo, a construção de edificações nas encostas, os vazamentos de água e esgoto e cortes de taludes e/ou aterros.

No que diz respeito às ocorrências de desastres naturais por movimentos de massa e os respectivos danos humanos, constatou-se um número de 113.697 habitantes afetados, de acordo com o Gráfico 21 (Danos humanos por movimentos de

Gráfico 20 – Frequência mensal de movimentos de massa no Estado de San-ta Catarina, período de 1991 a 2010

10

6

8

10

12

Frequência mensal de movimentosde massa (1991 a 2010)

3

1 1 1 1 12 2

1 10

2

4

6

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Gráfico 21 – Danos humanos ocasionados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010

1005

113697

40000

80000

120000

Hab

itan

tes

Danos Humanos por Movimentos de Massa

1005 604 551 20

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Figura 18 – Deslizamento de terra no Morro dos Cavalos, Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 70: Atlas Santa Catarina

70Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MOVIMENTOS DE MASSA

massa 1991-2010). Além disso, 1.005 pessoas foram desalojadas, 604 desabrigadas, 551 deslocadas e 2 enfermas.

O município que apresentou o maior número de afetados durante o período analisado foi Brusque, localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí, com 99.000 pessoas atingidas.

No Brasil, um dos principais processos associados a desastres naturais são os movimentos de massas, relacionado ao maior número de vítimas fatais (BAPTISTA et al., 2005). Os dados oficiais coletados para este Atlas não apresentaram vítimas fatais nestes eventos. No entanto, de acordo com outras fontes de informação da Defesa Civil de Santa Catarina, os movimentos de massa, sobretudo os ocorridos em novembro de 2008, deixaram elevado números de óbitos. Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, até abril de 2009 estavam confirmados 135 óbitos e 2 desaparecidos. Dentre os municípios que apresentaram o maior número de vítimas fatais,estão: Ilhota (41 mortos), Blumenau (24 mortos), Gaspar (17 mortos), Luis Alves (10 mortos), Rodeio (4 mortos) e Benedito Novo (2 mortos) (CEPED UFSC, 2009).

Além dos aspectos fisiográficos, as áreas atingidas sofrem também grande influência das alterações do homem no meio, principalmente nas áreas urbanas, as mais populosas. Nessas áreas, os movimentos gravitacionais de massa ocorrem com relativa frequência em áreas de encostas desestabilizadas por ações antrópicas, provocando graves desastres súbitos. Assim, os desastres relativos a movimentos de massa têm componentes mistos (naturais e antrópicos) e assumem características de evolução aguda (CASTRO, 2003).

Os principais fatores que contribuem para a ocorrência dos escorregamentos são os relacionados com a geologia, geomorfologia, aspectos climáticos e hidrológicos, vegetação e ação do homem relativa às formas de uso e ocupação do solo (TOMINAGA, 2007).

Apesar dos danos causados pelos movimentos de massa, estes fenômenos são um processo natural que faz parte da evolução da paisagem, sendo o mais importante processo geomorfológico modelador da superfície terrestre (BIGARELLA et al., 1996).

Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

REFERÊNCIAS

AUGUSTO FILHO, O. Cartas de risco de escorregamentos: uma proposta metodológica e sua aplicação no município de Ilhabela, SP. São Paulo. 162p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica - Universidade de São Paulo, 1994.

BAPTISTA, A. C. et al. Suscetibilidade das áreas de risco a movimentos de massa na APA Petrópolis-RJ. Revista Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 51-58, 2005. Disponível em: <http://www.cbcn.org.br/arquivos/p_suscetibilidade_petropolis-rj_1285218608.pdf>. Acesso em: 27 out. 2011.

CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Resposta ao desastre em Santa Catarina no ano de 2008: avaliação das aeras atingidas por movimentos de massa e dos danos em edificações durante o desastre. Florianópolis: CEPED UFSC, 2009.

BIGARELLA, J. J. et al. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. v. 2. Florianópolis: Editora da UFSC, 1996.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.

TOMINAGA, L. K. Avaliação de metodologias de análise de risco a escorregamentos: aplicação de um ensaio em Ubatuba, SP. 2007. 220 p. Tese (Doutorado) - Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>.Acesso em: 27 out. 2011.

VARNES, D. J. 1978. Slope movement types and processes. In: SCHUSTER & KRIZEK (Eds.). Landslides: analysis and control. Transportation Research Board Special Report 176, National Academy of Sciences, Washington DC. p. 11-33.

Municípios Atingidospor Movimento de Massa

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalGaspar 3

Florianópolis 2Presidente Getúlio 2

Brusque 1Garopaba 1Grão Pará 1Itaiópolis 1

José Boiteux 1Leoberto Leal 1Major Gercino 1Nova Trento 1

Orleans 1Ouro 1

Pomerode 1Rio do Oeste 1

Santa Terezinha 1São José do Cerrito 1

Urubici 1Videira 1

Witmarsum 1

24Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro

1 2

1

9

2 2 1

2 4

0

5

10

Page 71: Atlas Santa Catarina

71Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

Erosão fluvial

A erosão fluvial corresponde ao processo erosivo que ocorre na calha dos rios e enquadra-se em desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo.

Esse processo, resultante da ação dos rios sobre a superfície, inicia com a erosão laminar e em sulcos ou ravinas, prosseguindo através da erosão fluvial. Depende da interação de quatro diferentes mecanismos gerais.

Um deles é a ação hidráulica da água, que ocorre quando a corrente hídrica é suficientemente forte, levando pelo curso do rio areia e detritos de rochas, depositados no leito do rio, prosseguindo assim até uma nova sedimentação e uma nova intensificação da corrente hídrica. A ação corrosiva das partículas em suspensão na água ocorre quando fragmentos de rochas ou areia, em suspensão no fluxo, atritam sobre camadas rochosas das margens e dos fundos dos rios, provocando a escavação das mesmas. Já a ação abrasiva é o processo onde o material em trânsito nos rios é erodido, formando partículas cada vez menores ao atritar com superfícies rochosas, formando pedras roladas, cascalhos, areia grossa e areia fina pela suspensão e transporte das partículas na água. E por último, a corrosão ou diluição química, processo segundo o qual a água, na condição de solvente universal, dilui os sais solúveis, liberados das rochas, em consequência da ação mecânica, e os transporta sob a forma de soluções (CASTRO, 2003).

O desbarrancamento dos rios pode ocorrer de duas formas genéricas: lateral, quando o desgaste é efetuado nas margens, contribuindo para o gradual alargamento dos vales, ou vertical, quando a erosão atua no aprofundamento gradual do leito dos rios (CASTRO, 2003).

O fenômeno denominado terras caídas ocorre quando a água atua sobre uma das margens e provoca um processo de erosão subterrânea e minagem. Esta ação erosiva abre extensas cavernas subterrâneas até que uma súbita ruptura provoca a queda do solo da margem, que é tragado pelas águas. Acontece, normalmente, em terrenos sedimentares, de natureza arenosa (CASTRO, 2003).

No Estado de Santa Catarina, ocorreu somente 2 registros oficiais de desastre natural causado por erosão fluvial, entre os anos

Gráfico 22 – Frequência mensal de erosão fluvial no Estado de Santa Catari-na, período de 1991 a 2010

1 11

2

Frequência mensal de erosão fluvial(1991 a 2010)

0

1

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

de 1991 e 2010. Os municípios afetados, Itapoá e Araquari, estão localizados na Mesorregião do Nordeste Catarinense, conforme o Mapa 10 (Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010).

A recorrência de erosões está ligada às maiores concentrações de precipitação que,em Santa Catarina, podem ser esperadas para os meses de primavera e verão. Com relação à erosão fluvial, que, de certa maneira, também está atrelada ao elevado índice das precipitações e aumento da velocidade do escoamento dos rios, apresentou os registros nos meses de março e agosto, de acordo com o Gráfico 22 (Frequência mensal de erosão fluvial 1991-2010).

Os registros são dos municípios de Itapoá, que ocorreu em agosto do ano de 2000, e de Araquari, em março de 2004, conforme o Infográfico 9 (Municípios atingidos por erosão fluvial). De acordo com o documento oficial do registro em Araquari, a erosão fluvial ocorreu devido a fortes chuvas com vento, no decorrer da madrugada, aumentando o nível do rio, o que provocou a subsidência do solo com a consequente erosão da margem, por cerca de 70 m.

No litoral do Estado, durante o verão, é comum a ocorrência de tempestades, caracterizadas por chuvas de grande intensidade, com presença de ventos fortes e até granizo, podendo

Figura 19 – Erosão fluvial com o desbarrancamento da margem do rio

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Erosão Fluvial

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalAraquari 1Itapoá 1

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 21 Registro

1 1

0

1

2

Page 72: Atlas Santa Catarina

72Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

Ipuaçu

Florianópolis

Piçarras

Garopaba

Araquari

Itapoá

Arg

en

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R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 10 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR EROSÃO FLUVIAL, EROSÃOMARINHA E INCÊNDIO EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

Erosão Fluvial1

Erosão Marinha13

Incêndio1

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 73: Atlas Santa Catarina

73Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

provocar aumento do nível dos rios e interferir na intensificação dos processos de erosão fluvial (MONTEIRO, 2001).

A ocupação das planícies de inundação e até das margens dos rios, com a supressão da mata ciliar, deixam o solo vulnerável e aumentam as chances de desestabilização do solo facilitando a ocorrência de processos erosivos.

As erosões são processos de erosão hídrica que atuam como modeladores da paisagem e podem, ou não, ocasionar danos econômicos e sociais. Enquanto desastre, a erosão fluvial (desbarrancamentos e terras caídas) afeta principalmente as habitações e as estruturas edificadas às margens dos rios.

Os danos humanos causados por erosão fluvial foram registrados apenas no evento do município de Araquari, afetando um total de 150 pessoas, conforme Gráfico 23 (Danos humanos causados por erosão fluvial 1991-2010).

Os processos erosivos fluviais causam maiores danos à medida que a urbanização se aproxima das margens dos rios. A retirada da mata ciliar e a construção de edificações no local podem acelerar e intensificar os processos de desestabilização do solo, aumentando as chances de erosão fluvial causada pelo solapamento, que se torna mais intenso e evidente quando em época das cheias dos rios e, de forma perturbadora, nas cheias excepcionais (PETRY; VERDUM, 2004).

Erosão marinha

A erosão marinha está inserida na classificação de desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo, influenciada pelos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta terrestre e promovem mudanças no relevo.

Com a atuação dos movimentos das águas oceânicas sobre as bordas litorâneas, há um modelamento destrutivo do relevo, bem como construtivo, resultando em acumulação marinha e, como consequência, originando praias, recifes, restingas e tômbolos (CASTRO, 2003).

Os desastres incluídos nessa classificação relacionam-se com a dinâmica das encostas e, no caso da erosão marinha, são regidos por processos de transporte de massa promovidos pela ação hídrica. Na condição de agente de erosão, o mar atua com os mecanismos de ação hídrica sobre o relevo litorâneo, com a desagregação das rochas; de ação corrosiva (erosão mecânica), com o desgaste do relevo pelo atrito de fragmentos de rocha e areia em suspensão; de ação abrasiva, com o desgaste dos fragmentos de rochas em suspensão; e de ação corrosiva, diluindo os sais solúveis provenientes da desagregação das rochas e de restos de animais marinhos (CASTRO, 2003).

Os processos erosivos atuantes na costa estão relacionados às características geológicas do relevo litorâneo e topográficas da faixa de contato entre o mar e o litoral; à intensidade, duração e sentido dos ventos dominantes na região; intensidade e sentido das correntes marinhas locais; intensidade e altura das marés; intensidade das ondas; maior ou menor proximidade da foz de rios; e atividades antrópicas que contribuam para alterar o equilíbrio dinâmico local (CASTRO, 2003).

Na maioria das vezes, as erosões marinhas são intensificadas por atividades antrópicas, relacionadas com a concentração de atividades econômicas, industriais, de recreação e turismo em áreas de restinga, e/ou dunas frontais junto à faixa litorânea, que, em conjunto com os diversos processos hidrodinâmicos, modificam o ambiente costeiro.

A complicada variabilidade nos processos físicos se reflete na complexa morfologia dos canais, bancos e flechas arenosas adjacentes que, como consequência, promovem o aumento da vulnerabilidade da costa à erosão. Enquanto desastre natural, a erosão marinha implica no desequilíbrio de vários pontos da costa, causando um processo de erosão progressiva variando de moderada a severa, onde praias adjacentes à desembocadura de estuários se caracterizam por um intenso dinamismo (OLINTO et al., 1998).

O Estado de Santa Catarina, em todo o seu limite leste, faz divisa com o Oceano Atlântico, totalizando 773,58 km de extensão, em 29 municípios (IBGE, 2010). Desse modo, todos esses municípios são suscetíveis à ocorrência de erosão marinha em seu litoral, que podem ocorrer durante tempestades geradas pela passagem de sistemas frontais (KLEIN et al., 2006).

Entre os anos de 1991 foram registrados 5 eventos de desastres causados por erosão marinha no Estado de Santa Catarina. Somente na capital do Estado (Florianópolis) foram registradas 3 ocorrências, todas no ano de 2010, conforme Infográfico 10 (Municípios atingidos por erosão marinha). Quanto aos outros 2 registros, um ocorreu no município de Garopaba, localizado na Mesorregião Sul Catarinense, também

Gráfico 23 – Danos humanos ocasionados por erosão fluvial, no Estado de Santa Catarina,período de 1991 a 2010

150

50

100

150

200

abit

ante

sDanos humanos por erosão fluvial

(1991 a 2010)

0

50Ha

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Figura 20 – Efeitos da erosão marinha na praia da Armação do Pântano do Sul, Santa Catarina

Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e coordenadorias municipais.

Page 74: Atlas Santa Catarina

74Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

no ano de 2010, e o outro no município de Balneário Piçarras, localizado na Mesorregião Vale do Itajaí, no ano de 1998. Os três municípios que apresentaram registros de erosão marinha na escala temporal adotada estão situados em regiões diferentes do litoral, um ao norte, outono centro e o último, no sul do Estado, de acordo com o Mapa 10 (Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010).

O município de Florianópolis, é margeado pelo mar, fazendo divisa com o Oceano Atlântico, em 190,16 km (IBGE, 2010). De acordo com o IPUF (1998), o município de Florianópolis tem um total de 90 praias, distribuídas em 72 praias oceânicas, 11 praias continentais e 7 lagunares. Seus registros de erosão marinha ocorreram nos meses de maio, junho e julho, conforme apresenta o Gráfico 24 (Frequência mensal de erosão marinha 1991-2010). Segundo os documentos oficiais, os desastres ocorreram devido à presença de um ciclone extratropical no oceano, com rajadas de vento de até 100 km/h, em alto mar. Esses ventos fortes provocaram agitação marítima, principalmente na costa, entre os municípios de Florianópolis a Passo de Torres, com ondas de 2 a 3 metros e maré alta, provocando avanço do mar nas praias da Armação do Pântano do Sul, Campeche e Barra da Lagoa, em Florianópolis.

O evento do mês de novembro ocorreu no município de Garopaba, que apresenta 26,91 km de extensão em divisa com o Oceano Atlântico (IBGE, 2010). De acordo com o documento oficial, as causas foram o avanço brusco do mar, com ondas chegando a 1,5m e picos de até 2 m, atingindo a Praia da Barra, onde algumas residências à beira-mar foram danificadas.

Em Balneário Piçarras, que tem 6,32 km de divisa com o mar (IBGE, 2010), o registro foi em setembro de 1998 e, conforme documento oficial, ocorreu uma “ressaca” causando perigo imediato aos prédios edificados ao longo da praia. Conforme registros fotográficos, estudos efetuados pelo Instituto de Pesquisas Hidroviárias (INPH) e análises de fotografias aéreas, conclui-se que os problemas de erosão marinha no município tiveram início após a construção do guia corrente e aterro do

sistema lagunar adjacente, e de um aterro hidráulico, realizado em 1998/1999 (KLEIN et al., 2006).

Esses casos de erosão marinha muitas vezes estão associados à intensa urbanização em grandes cidades na zona costeira brasileira, onde está inserida quase 30% da população do país (IBGE, 2011). Em Santa Catarina, 68% de sua população estão assentados na costa (POLLETE et al, 1995 apud HORN FILHO; SIMÓ, 2004). A ocupação desordenada da zona costeira ocorre na maioria das vezes sobre o sistema de dunas frontais com a implantação de avenidas à beira-mar e construção de calçadões sobre o prisma ativo da praia (como por exemplo, a praia de Piçarras, Barra Velha, Gravatá e Balneário Camboriú) (KLEIN et al., 2006). A crescente urbanização na costa além de causar impactos negativos a diversos ambientes e ecossistemas costeiros e marinhos, coloca em risco a população local devido à dinâmica natural dos processos erosivos que atuam na modificação e evolução das feições do relevo junto à costa (HORN FILHO; SIMÓ, 2004).

Segundo Dillenburg e Mazzer (2009), na ilha de Santa Catarina, onde se localiza o município de Florianópolis, problemas decorrentes de ocupação e uso da orla marítima de forma desordenada ocasionam problemas de erosão costeira e perda de qualidade ambiental. Simó (2003) realizou um levantamento das áreas com risco de destruição e/ou danificação de edificações e identificou seis praias possuindo edificações com alto grau de risco: Naufragados, Pântano do Sul, Armação, Barra da Lagoa, Canasvieiras e Ingleses. As ocupações irregulares junto à praia, além de diminuírem a faixa de areia e o consequente recuo da linha de costa, impedem a troca e reposição de sedimentos

Gráfico 24 – Frequência mensal de erosão marinha no Estado de Santa Ca-tarina, período de 1991 a 2010

1 1 1 1 11

2

Frequência mensal de erosão marinha(1991 a 2010)

0

1

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Gráfico 25 – Danos humanos ocasionados por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

193

3.130

100015002000250030003500

abit

ante

s

Danos humanos por erosão marinha (1991 a 2010)

1939 12 60

5001000

Ha

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Infográfico 10 – Municípios atingidos por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período 1991 a 2010

Municípios Atingidospor Erosão Marinha

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalFlorianópolis 3

Garopaba 1Balneário Piçarras 1

5Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro

1

4

0

3

6

Page 75: Atlas Santa Catarina

75Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

entre os ambientes, favorecendo e propiciando a intensificação dos processos erosivos (HORN FILHO; SIMÓ, 2004).

Os processos erosivos costeiros causaram alguns danos humanos aos municípios de Florianópolis e Garopaba, como pode ser observado no Gráfico 25 (Danos humanos por erosão marinha 1991-2010), principalmente à capital do Estado, que foi atingida. O número de pessoas afetadas no município correspondeu a 98% do número total de afetados no Estado, de 3.130 pessoas. A erosão marinha em Florianópolis deixou ainda 193 pessoas desalojadas, 9 desabrigadas, 12 deslocadas e 6 levemente feridas. No município de Garopaba, 42 pessoas foram afetadas pelo único evento na região. Nenhum dano humano foi relatado no documento oficial do evento ocorrente no município de Balneário Piçarras, no entanto, processos de erosão marinha geralmente causam transtornos à população residente, que usufrui e/ou tem estabelecimentos comerciais junto à orla do mar.

Embora seja um processo natural e não represente um problema quando ocorre em áreas desabitadas, a erosão marinha torna-se um problema social e econômico quando são construídas estruturas rígidas e fixas, tais como casas ou muros, num ambiente que é naturalmente variável (MORTON et al., 1983).

Cabe destacar que o litoral dos municípios afetados apresenta características que lhe confere um alto grau de vulnerabilidade, causado principalmente pela ocupação inadequada da linha de costa e em área de dunas, além de uma geologia que favorece a erosão marinha.

Neste sentido, evidencia-se no litoral costeiro, principalmente nos setores mais ocupados e irregularmente urbanizados, uma tendência de que o fenômeno torne-se recorrente no Estado, devido à dinâmica costeira e às intervenções antrópicas, uma vez que, alterada a faixa de costa pela ocupação humana, os sedimentos costeiros são indisponibilizados ao transporte, causando o processo erosivo marinho.

Incêndio florestal

Os incêndios florestais correspondem à classificação dos desastres naturais relacionados com a intensa redução das

precipitações hídricas. Este fenômeno compõe esse grupo, pois a propagação do fogo está intrinsecamente relacionada com a redução da umidade ambiental, e ocorre com maior frequência e intensidade nos períodos de estiagem e seca.

A classificação dos incêndios florestais está relacionada: ao estrato florestal, que contribui dominantemente para a manutenção da combustão; ao regime de combustão e ao substrato combustível (CASTRO, 2003).

Os incêndios florestais podem ser provocados por: causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de vidro em forma de lente e outras causas; imprudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação de pequenas fogueiras, feitas em seus acampamentos; fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha; perda de controle de queimadas, realizadas para limpeza de campos ou de sub-bosques; além de incendiários e/ou piromaníacos. Podem iniciar-se de forma espontânea ou em consequência de ações e/ou omissões humanas. Mesmo neste último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los, pois facilitam a sua propagação e dificultam o seu controle (CASTRO, 2003).

Para que um incêndio se inicie e se propague, é necessária a conjunção dos seguintes elementos condicionantes: combustíveis, comburente, calor e reação exotérmica em cadeia. A propagação é influenciada por fatores como: quantidade e qualidade do material combustível; condições climáticas, como umidade relativa do ar, temperatura e regime dos ventos; tipo de vegetação e maior ou menor umidade da carga combustível e a topografia da área (CASTRO, 2003).

De uma maneira geral, queimam mais facilmente: os restos vegetais, as gramíneas, os liquens e os pequenos ramos e arbustos ressecados. A combustão de galhos grossos, troncos caídos, húmus e de raízes é mais lenta (CASTRO, 2003).

O Estado de Santa Catarina apresenta regiões com cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa, no litoral e vales úmidos, Floresta Ombrófila Mista, no planalto, Floresta Estacional Decidual, próxima ao Rio Uruguai e seus afluentes, formações pioneiras, na faixa costeira, campos, em elevadas

altitudes no planalto serrano e ambientes transformados (como capoeiras, pastagens e áreas desmatadas). De acordo com Silva et al., (2007) os campos e os ambientes antropizados são mais sujeitos à ocorrência e propagação de incêndios.

Durante os vinte anos de análise, o desastre causado por incêndio florestal em Santa Catarina, foi registrado somente 1 registro oficial no município de Ipuaçu, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, conforme o Mapa 10 (Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), em agosto de 1999 Gráfico 26 (Frequência mensal de incêndios 1991 - 2010).

De acordo com o documento oficial da ocorrência, o incêndio foi na Reserva Indígena Chapecó, localizada no município de Ipuaçu, atingindo uma área de aproximadamente 6.000 hectares, destruindo totalmente a flora e a fauna e comprometendo os mananciais de água. Ainda conforme os dados oficiais, a causa principal foi o fator climático, devido à ocorrência de grande estiagem e geadas na região, aliado à falta de conhecimento e orientação sobre os perigos e consequências das queimadas, principalmente em épocas secas. O mês de agosto, em que ocorreu o registro, conforme Infográfico 11 (Município atingido por incêndio florestal), não está inserido no período de estiagem do Estado, normal nos meses de janeiro a março. Nesse mesmo ano, o município não registrou nenhuma ocorrência de estiagem e seca.

Todavia, os incêndios localizados, principalmente a oeste do Estado, podem estar relacionados ao uso da terra e

Gráfico 26 – Frequência mensal de incêndios, no Estado Santa Catarina, pe-ríodo de 1991 a 2010

11

2

Frequência mensal de incêndio(1991 a 2010)

0

1

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Page 76: Atlas Santa Catarina

76Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

ao tipo de agricultura predominante na região, além de fatores climáticos como atenuantes na ocorrência do evento. Segundo Parizzoto et al. (2004), na região do Alto Irani, situada no oeste catarinense, onde está inserido o município de Ipuaçu, a silvicultura, atividade bem característica da região, registra índices preocupantes de incêndios florestais, principalmente em áreas de reflorestamento. Na região, ainda é típico o uso por agricultores de técnicas antigas, como a prática da queimada, para o preparo do terreno para o plantio, contribuindo para a ocorrência e/ou intensificação de incêndios, sendo o da Reserva Indígena Chapecó o maior já registrado.

Os incêndios quando atingem áreas florestais provocam danos à flora e à fauna, pela perda de hábitat e alimentos; ao solo, com a perda de nutrientes e organismos decompositores, e liberam grande volume de gás carbônico que, segundo Barbosa e Fearnside (1999), pode ser emitido instantaneamente para a atmosfera e/ou estocado na forma de carvão sobre o solo ou no material vegetal morto pelo fogo em processo de decomposição.

Com relação aos danos causados diretamente à população durante o único registro de incêndio em 1999, conforme Gráfico 27 (Danos humanos por incêndios 1991-2010), apresentou 2.846 ipuaçuenses afetados. No entanto, nenhuma morte foi registrada no Estado associada a incêndios florestais.

Com o objetivo de prevenir e melhor combater os incêndios florestais mitigando os danos causados, a nível nacional, dentro da estrutura do IBAMA há o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - PREVFOGO, responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas a campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento, pesquisa e manejo de fogo nas Unidades de Conservação (BRASIL, 2011).

Em Santa Catarina, o serviço voluntário do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, viabilizado através dos Corpos de Bombeiros Comunitários, tem sua origem em 1989. Inicialmente, esse tipo de organização teve a denominação de Bombeiro Misto, em razão dos diversos componentes que participavam da sua formação, num trabalho de parceria entre o Poder Público Estadual, Poder Público Municipal e comunidade da cidade ou microrregião, organizada através das associações civis de bombeiros comunitários (voluntários). A primeira organização de bombeiros comunitários foi implantada em Santa Catarina, em 18 de dezembro de 1996, na cidade de Ituporanga, composto de 7 Bombeiros Militares e 17 Bombeiros Comunitários (voluntários). A implantação do serviço de bombeiros voluntários foi estimulada em todas as regiões do Estado, e até março de 2008, já tinham sido implantados Corpos de Bombeiros Comunitários em 64 municípios, a par de 88 municípios que dispõem do Serviço dos Bombeiros Militares do Estado de Santa Catarina (MASNIK, 2004).

A Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado de Santa Catarina (ABVESC), legalmente instituída desde 1998, pela Lei 10.925, passou a integrar o Sistema Estadual de Defesa

Gráfico 27 – Danos humanos ocasionados por incêndio, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

2.846

10001500200025003000

Hab

itan

tes

Danos humanos por incêndio(1991 a 2010)

0500H

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.

Infográfico 11 – Município atingido por incêndio florestal no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010

Civil, sendo inclusive membro do Conselho Gestor do FUNDEC. Atualmente, a ABVESC atende 41 municípios no Estado, entre eles Joinville, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Caçador, Concórdia, Ibirama, Pomerode, Ilhota e Passo de Torres (ABVESC, 2010).

REFERÊNCIAS

ABVESC - ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA. Cidades atendidas. 2010. Disponível em: http://www.abvesc.com.br/cidades-atendidas/>. Acesso em: 7 dez 2011.

BARBOSA, R. I.; FEARNSIDE, P. M. Incêndios na Amazônia Brasileira: estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento “El Niño” (1997/98). Acta Amazonica, Manaus, v. 29, n. 4, p. 513-534, 1999. Disponível em: <http://agroeco.inpa.gov.br/reinaldo/RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/1999IncAmazBras_AA.pdf>. Acesso em: 26 set. 2011.

BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – PREVFOGO. 2011. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/prevfogo>. Acesso em: 26 set. 2011.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

DILLENBURG, S.; MAZZER, A. M. Variações temporais da linha de costa em praias arenosas dominadas por ondas do sudeste da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis, SC, Brasil). Pesquisas em Geociências, Porto Alegre, v. 1, n. 36, p. 117-135, jan./abr. 2009.

Município Atingidos por Incêndio Florestal

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TotalIpuaçu 1

1Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro

1

0

1

2

Page 77: Atlas Santa Catarina

77Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL

HORN FILHO, N. O.; SIMÓ, D. H., Caracterização e distribuição espacial das “ressacas” e áreas de risco na ilha de Santa Catarina, SC, Brasil. Revista Gravel, Porto Alegre, n. 2, v. 9, 2004. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ceco/gravel/2/CD/docs/Gravel_2_09.pdf>. Acesso em 22 nov. 2011.

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SIMÓ, D. H. Ressacas e áreas de risco no litoral da ilha de Santa Catarina, SC, Brasil. 2003. 130p. Trabalho de Conclusão de Curso(Graduação) - Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003

Page 78: Atlas Santa Catarina

Diagnóstico dos Desastres Naturais no Estado de Alagoas

Diagnóstico dos Desastres Naturais no Estado de Santa Catarina

Fonte: Acervos das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco.

Page 79: Atlas Santa Catarina

Diagnóstico dos Desastres Naturais no Estado de Alagoas

Diagnóstico dos Desastres Naturais no Estado de Santa Catarina

Page 80: Atlas Santa Catarina

80Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Lages

Mafra

Taió

Itaiópolis

Urubici

São Joaquim

Joinville

Capão Alto

Painel

Água Doce Caçador

Campos Novos

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Curitibanos

Calmon

Concórdia

Irani

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Apiúna

Orleans

Chapecó

Rio Negrinho

Garuva

Papanduva

Itá

Indaial

Otacílio Costa

Itajaí

Laguna

Içara

Irineópolis

Angelina

Fraiburgo

Anitápolis

Ponte Alta

Corupá

Videira

Campo Belo do Sul

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia Pinto

Palhoça

Tangará

Passos Maia

São José do Cerrito

Xaxim

Alfredo Wagner

Ilhota

Araquari

Vargem

Xanxerê

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Major Vieira

Ouro

Campo Erê

Timbó Grande

Turvo

Itapoá

Palmitos

Biguaçu

Anita Garibaldi

Tijucas

Ponte Serrada

Monte CasteloIpuaçu

Urupema

Três Barras

Tubarão

Paulo Lopes

Rio dos Cedros

Ipira

Jaraguá do Sul

Rio do Campo

Campo Alegre

Matos Costa

Bocaina do Sul

Brusque

Botuverá

Cerro Negro

Caibi

São Bonifácio

Florianópolis

Palmeira

Ibirama

Nova Trento

Grão Pará

Brunópolis

José Boiteux

Ituporanga

Jaguaruna

Aurora

Macieira

Mirim Doce

Zortéa

Quilombo

Araranguá

Palma Sola

Ipumirim

Descanso

Guaraciaba

São Bento do Sul

Salete

Itapiranga

Capinzal

Jaborá Joaçaba

Vitor Meireles

Rio Rufino

Petrolândia

Mondaí

Ibiam

Vidal Ramos

Criciúma

Lontras

Benedito Novo

Anchieta

Rio Fortuna

Luiz Alves

Timbé do SulMeleiro

Jacinto Machado

Massaranduba

RiodoSul

Siderópo lis

Riqueza

Paraíso

Doutor Pedrinho

Rio das Antas

Pouso Redondo

Ibicaré

Urussanga

Camboriú

Nova Veneza

Lauro Muller

Treviso

Xavantina

Praia Grande

Irati

Timbó

Ponte Alta do Norte

Saudades

Dionísio Cerqueira

Major Gercino

Gravatal

Guatambú

Saltinho

Rio do Oeste

Romelândia

Cunha Porã

Erval Velho

Imbuia

Armazém

Rodeio

Maravilha

Piratuba

Paial

Galvão

Jupiá

Sombrio

Abdon Batista

São Martinho

Arabutã

São Cristovão do Sul

Catanduvas

Ouro Verde

Iomerê

Presidente Getúlio

Monte Carlo

Celso Ramos

Iraceminha

Forquilhinha

Herval D'Oeste

São José do Cedro

Dona EmmaAscurra

Luzerna

Tunápolis

Witmarsum

Peritiba

Marema

Modelo

São José

Ermo

Atalanta

Sangão

Princesa

Penha

Bela Vistado Toldo

SãoDomingos

São Franciscodo Sul

Guaramirim

Águas Mornas

Imbituba

Leoberto Leal

Pomerode

Vargem Bonita

Vargeão

Agrolândia

Morro Grande

Faxinaldos

Guedes

Guabiruba

Treze Tílias

Antônio Carlos

Rancho Queimado

CoronelFreitas

São Lourençodo Oeste

Canelinha

São Carlos

Braço do Norte

Schroeder

Iporã do OesteLindóia do Sul

São João Batista

Santo Amaroda Imperatriz

Presidente Nereu

Frei Rogério

BandeiranteBalneário Piçarras

Barra VelhaSulBrasil

Garopaba

Agronômica

Treze de Maio

São Migueldo Oeste

São João do Sul

Pinhalzinho

Pedras Grandes

Entre Rios

Santa Rosa de Lima

Arvoredo

Belmonte

Novo Horizonte

Navegantes

SãoBernardino

SerraAlta

NovaItaberaba

Porto Belo

São Joãodo Oeste

Caxambu do Sul

Salto Veloso

São Ludgero

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Arroio Trinta

Barra Bonita

Laurentino

São Joãodo Itaperiú

Águas deChapecó

Itapema

Alto BelaVista

Maracajá

CoronelMartins

Guarujá do Sul

ÁguasFrias

Tigrinhos

Formosado Sul

Cunhataí

União doOeste

Santa Helena

São Pedrode Alcântara

Passo de Torres

BomJesus

TrombudoCentral

Jardinópolis

Cocal do Sul

CordilheiraAlta

Chapadãodo Lageado

Lacerdópolis

BalneárioBarra do Sul

Morro da Fumaça

Santiagodo Sul

Pinheiro Preto

NovaErechim

Braço doTrombudo

PlanaltoAlegre

Flor do Sertão

LajeadoGrande

Santa Terezinhado Progresso

Balneário Arroio do Silva

GovernadorCelso Ramos

Bom Jesusdo Oeste

Bombinhas

Capivari de Baixo

São Miguelda Boa Vista

PresidenteCastelo Branco

Balneário Camboriú

Arg

en

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r ge

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na

R i o G r a n d e d o S u lR i o G r a n d e d o S u l

P a r a n áP a r a n á

49°W

49°W

51°W

51°W

53°W

53°W

26°S 26°S

28°S 28°S

MAPA 11 - TOTAL DE REGISTROS DE DESASTRES NATURAIS PORMUNICÍPIO DE SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010

ConvençõesMesorregião

Divisão Municipal

Curso d´água

O C E A N OO C E A N OA T L Â N T I C OA T L Â N T I C O

Número deregistros

2 - 89 - 1213 - 1718 - 2425 - 34

Projeção PolicônicaDatum: SIRGAS 2000Meridiano Central: 51° W. Gr.Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais geradosa partir do levantamento do PlanejamentoNacional para Gestão do Risco - PNGRCEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo

µ0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

1:1750000

Page 81: Atlas Santa Catarina

81Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Para analisar os desastres naturais que afetaram o Estado de Santa Catarina ao longo do intervalo temporal adotado, de 1991 a 2010, foram utilizados os registros computados em 3.903 documentos oficiais. Os eventos naturais adversos que ocorrem no Estado são: estiagens e secas, inundações graduais e bruscas, vendavais e/ou ciclones, tornados, granizos, geadas, incêndios florestais, erosão fluvial e marinha e movimentos de massa.

Os fenômenos de estiagem e seca e de inundação brusca e alagamentos, juntos, corresponderam a 64% das ocorrências de desastres naturais no Estado nos anos analisados, conforme o Gráfico 28 (Desastres naturais mais recorrentes em Santa Catarina 1991-2010). As Inundações bruscas estão diretamente relacionadas ao aumento das precipitações pluviométricas e sua concentração em curto período de tempo. Os episódios de estiagens e secas relacionam-se com a redução das precipitações e estão entre os desastres naturais mais frequentes em Santa Catarina. Além dos efeitos adversos relacionados ao fenômeno, as inundações, muitas vezes, ocorrem associadas a tempestades, granizos e vendavais, podendo desencadear outros eventos, que potencializam o efeito destruidor, aumentando assim os danos causados. O Estado sofre anualmente com o excesso de chuvas, mas por outro lado, também com a sua escassez. As estiagens e secas, enquanto desastres produzem reflexos sobre as reservas hidrológicas locais, causando prejuízos à agricultura e à pecuária, e assim, à sociedade como um todo.

Os desastres por vendavais e/ou ciclones também foram expressivos em Santa Catarina, apresentando 567 registros, ou seja, 15% do total. Eles estão relacionados à atuação de sistemas atmosféricos na Região Sul, como as frentes frias. Outro fenômeno relacionado à atuação de sistemas atmosféricos no Estado é a precipitação de granizo, que foi a terceira tipologia mais recorrente, com 428 registros, equivalentes a 11% dos desastres ocorridos no período de análise.

Os desastres por inundações graduais também foram expressivos, apresentando 323 registros, 8% do total de desastres

naturais. Eles estão relacionados à cheia e extravasamento dos rios, que ocorrem com certa periodicidade e de forma paulatina e previsível. Ao contrário das inundações bruscas, que ocorrem quando há chuvas intensas e concentradas, as inundações graduais relacionam-se mais com períodos demorados de chuvas contínuas.

Os demais desastres naturais ocorridos no Estado: tornados, geadas, incêndios florestais, erosões fluvial e marinha e movimentos de massa, foram menos expressivos no intervalo temporal analisado. Estão classificados, portanto, na categoria Outros, representados no Gráfico 28 com 2% do total, referente a 85 registros, sendo 27 de tornados, 24 de movimentos de massa, 17 de geadas, 5 de erosão marinha, 2 de erosão fluvial e 1 de incêndio florestal.

O Estado de Santa Catarina, por sua localização geográfica, é um dos estados do Brasil que apresenta melhor distribuição de precipitação pluviométrica durante o ano. Os principais sistemas meteorológicos responsáveis pelas chuvas no estado são as frentes frias, os vórtices ciclônicos, os cavados de níveis médios, a convecção tropical, a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) e a circulação marítima (MONTEIRO, 2001).

Essa característica deve-se, particularmente, a atuação de massas de ar intertropicais e polares úmidas e especialmente aos encontros dessas massas, que produzem as chuvas fartamente distribuídas de maneira regular nos meses do ano, no verão predomina as chuvas convectivas e no inverno as chuvas frontais. Alguns sistemas meteorológicos atuam praticamente o ano inteiro, porém sua maior influência ocorre em certas estações do ano, contribuindo para a diferenciação sazonal das condições do tempo (HERRMANN et al, 2009). Assim, quando se analisa as médias mensais de precipitação disponibilizadas pela ANA/SGH (2010), entre os anos de 1991 e 2010, para o Estado, verifica-se que os menores índices ocorreram no inverno, com destaque ao trimestre de junho, julho e agosto, chegando a precipitar menos de 100 mm em agosto, com 95,1 mm. E os meses em que a precipitação esteve mais concentrada foram os de verão, sendo janeiro o mês mais chuvoso, com 200,3 mm.

Gráfico 28 – Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010

32%

15%

11%

8% 2%

Desastres mais recorrentes em Santa Catarina (1991 a 2010)

32%

15%

inundação brusca estiagem e secavendaval e/ou ciclone granizoinundação gradual outros

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Gráfico 29 – Frequência mensal dos desastres mais recorrentes em Santa Catarina, período de 1991 a 2010

100

150

200

250

Frequência mensal dos desastres mais recorrentes (1991 a 2010)

0

50

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

inundação gradual inundação bruscaoutros vendavais e/ou ciclonesestiagem e seca granizos

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Todavia, essa dinâmica sazonal que ocorre em Santa Catarina pode ser modificada quando há interferências do Fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que tanto em sua fase positiva (El Niño), quanto negativa (La Niña), influencia no ritmo climático de cada região, podendo causar chuvas e estiagens, respectivamente. O ENOS ao atuar no ritmo de deslocamento

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82Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

das frentes, também influencia nas temperaturas, que tendem a apresentarem-se mais altas em anos de El Niño e mais baixas em anos de La Niña (HERRMANN et al, 2009).

A atuação do El Niño e La Ninã e as consequencias nas ocorrências de desastres naturais no Estado pode ser comprovada através do Gráfico 29 (Frequência mensal dos desastres mais recorrentes 1991-2010). Percebe-se que nos meses de verão o número de registros de estiagens e secas, relacionadas à diminuição das precipitações pluviométricas, e inundações bruscas, ao seu excesso e com pouca duração, foram quase equivalentes, apresentando em janeiro 212 e 214 registros, respectivamente.

No geral, as estiagens e secas ficaram mais concentradas nos primeiros meses do ano, podendo estar relacionadas também a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), definida como sendo uma persistente faixa de nebulosidade, influenciando em período de estiagem durante os meses de novembro a março (PARMEZANI et al, 1998). Enquanto que as inundações distribuíram-se por todo o ano, porém, com menos registros nos meses de inverno. Segundo Monteiro (2001) no verão, a intensidade do calor associada aos altos índices de umidade, favorece a formação de convecção tropical, resultado em pancadas de chuvas, principalmente no período da tarde e noite, contribuindo com volumes significativos de chuvas, entre novembro e março.

Com relação aos registros de vendavais e/ou ciclones, no Gráfico 29, segundo Finotti (2010), os meses de maior ocorrência de rajadas e ventos iguais ou superiores a 22m/s em Santa Catarina são os de inverno e primavera e as primeiras semanas do verão, possivelmente relacionados com a entrada de sistemas frontais. Relacionados também às instabilidades atmosféricas, como os sistemas convectivos isolados, a atuação dos CCMs (Complexos Convectivos de Mesoescala) e as frentes frias, estão os granizos, sendo os meses mais propícios os da primavera e verão (MONTEIRO, 2001).

De acordo com Herrmann et al. (2009), no estado catarinense, o relevo, a altitude, a continentalidade e a maritimidade são os fatores que apresentam maior interação

Gráfico 30 – Municípios mais atingidos de Santa Catarina, classificados pelo total de registros, no período de 1991 a 2010

S

Abelardo Luz

Itá

Águas de Chapecó

Irani

Dionísio Cerqueira

Erval Velho

Guaraciaba

Municípios mais atingidos emSanta Catarina (1991-2010)

0 10 20 30 40

Chapecó

Canoinhas

Tangará

Concórdia

Seara

Número de registros

vendaval e/ou ciclone granizo

inundação gradual inundação brusca

estiagem e seca outros

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

com os sistemas atmosféricos tornando-os estáveis ou instáveis. A influência desses fatores determina as variações climáticas locais e a suscetibilidade aos riscos e desastres climáticos.

Ao espacializar no Mapa 11 (Total de registros de desastres naturais por município de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010) as ocorrências levantadas, se verificam que, todos os 293 municípios do Estado foram afetados por alguma tipologia de desastre. Desses, os mais afetados, foram: Chapecó, com o total de 34 eventos, e, Canoinhas e Tangará com 32 eventos cada, incluídos na classe 34-25 registros do mapa.

Em termos de total de registros, os municípios localizados na Mesorregião Oeste do Estado foram os mais atingidos (Mapa 11). Com relação às precipitações, o relevo de Santa Catarina contribui, fundamentalmente, em sua distribuição diferenciada em distintas áreas do Estado. Naquelas mais próximas às encostas de montanhas, do lado barlavento, as precipitações são mais abundantes. Efeito similar é verificado no Oeste e Meio-Oeste, onde a quantidade precipitada nas áreas próximas ao vale do Rio Uruguai é bem inferior às áreas mais ao norte, próximas às encostas das Serras do Capanema, da Fortuna e do Chapecó, onde ocorrem os maiores índices pluviométricos do Estado (MONTEIRO, 2001).

A Tabela 9 (Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010) apresenta todos os municípios do Estado afetados e especifica o número de ocorrências oficiais que possuem para cada tipologia de desastre natural abordada neste Atlas. A partir dela, verifica-se que o município que apresentou o maior número de registros foi Chapecó, com 34 eventos adversos, sendo 14 desastres por estiagens e secas, 11 por vendavais e/ou ciclones, 3 por inundações bruscas, 3 por inundações graduais e 3 por granizos. Chapecó localiza-se na Mesorregião Oeste de Santa Catarina.

O município apresenta um relevo diversificado, sendo composto 20% por relevo plano e suave ondulado, 30% ondulado, 40% forte ondulado e 10% montanhoso e escarpado. A sede do município situa-se a 674 m de altitude. Seu clima é Mesotérmico super úmido com precipitação pluviométrica de 2.610,8 mm por ano. A temperatura média anual é de 19,6°C,

sendo a média máxima de 25,04°C e média mínima 14,18°C, ocorrendo geadas de julho a agosto, e tardias em setembro. A vegetação de Chapecó é predominantemente composta pela Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai, onde ocorrem espécies que perdem suas folhas no outono e inverno, mas também há

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DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

grande número de espécies perenes (PREFEITURA MUNICIPAL DE CHAPECÓ, 2008).

Os registros de inundações bruscas e movimentos de massa estão espacializados em municípios com relevo mais acidentado. Enquanto que as inundações graduais estão espacializadas em áreas mais planas, situadas às margens de rios. As estiagens e secas estiveram concentradas nos municípios localizados a oeste do Estado de Santa Catarina, na Mesorregião Oeste, enquanto que as geadas são mais frequentes em áreas altas, nas mesorregiões Oeste e Serrana.

Ao considerar o total de 3.903 registros oficiais de desastres naturais ocorridos em Santa Catarina, foram selecionados os doze municípios mais atingidos pelas tipologias mais recorrentes, apresentados no Gráfico 30 (Municípios mais atingidos em Santa Catarina 1991-2010).

Conforme mencionado anteriormente, o município de Chapecó lidera o ranking dos municípios com o maior número de registros, apresentando 5 tipos diferentes de desastres naturais. Os municípios de Canoinhas e Tangará aparecem em segundo lugar, com 32 ocorrências e com os mesmos tipos de eventos de Chapecó, adicionando as geadas, codificada como Outros. Em terceiro, com 29 ocorrências cada, estão os municípios de Concórdia e Seara, e com os mesmos tipos de eventos que Chapecó: estiagens e secas, vendavais e/ou ciclones, granizos e inundações brusca e gradual. Os demais municípios Abelardo Luz, Itá, Águas de Chapecó, Irani, Dionísio Cerqueira, Erval Velho e Guaraciaba, apresentaram números de registros decrescentes, de 28 a 25.

Esses eventos naturais, comuns ao Estado, causam danos à população recorrentemente, de forma direta ou indireta. Ao longo dos vintes anos analisados, foram afetadas 10.540.910 catarinenses. Além disso, foram registradas 207 mortes, 5.527 enfermos, 371 gravemente feridos, 8.314 levemente feridos, 115 desaparecidos, 133.403 deslocados, 121.731 desabrigados e 470.051 desalojados, de acordo com o Gráfico 31 (Total de danos humanos 1991-2010).

Os desastres naturais que ocasionaram vítimas fatais foram as inundações bruscas com 158 mortes, as inundações

graduais com 37, vendavais e/ou ciclones com 4, tornados com 3 e granizos com 2. Os municípios que apresentaram o maior número desses óbitos foram Blumenau e Ilhota, ambos localizados na Mesorregião do Vale do Itajaí, com 26 mortes por inundação brusca cada.

No entanto, o município com o maior número de pessoas afetadas por desastres naturais entre os anos analisados (1991 a 2010) foi Joinville, com 983.250.

Com base no total de registros levantados, verifica-se que o Estado de Santa Catarina é recorrentemente afetado por inundações e estiagens, responsáveis em grande parte pela decretação dos estados de emergência e de calamidade pública. Catástrofes recentes, relativas aos últimos anos, revelam que esses eventos naturais, comuns ao Estado, passaram a causar danos à população, na medida em que quase todos os anos há registros confirmados e caracterizados como desastre. Isso porque qualquer desequilíbrio mais acentuado no regime hídrico local gera impactos significativos sobre a dinâmica econômica e social.

O modelo de planejamento da ocupação nas áreas urbanas, com a impermeabilização dos solos e ocupação das margens de rios, bem como a estruturação da rede de drenagem das águas precipitadas e das formas de armazenamento e distribuição de água no município ou região atingida, pode

Gráfico 31 – Total de danos humanos em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010

10.540.910

600000080000001000000012000000

tant

es

Total de danos humanos (1991 a 2010)

470.051121.731

133.403115 8.314 371 5.527 207

0200000040000006000000

Hab

it

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

agravar o impacto gerado pelo aumento e acúmulo de chuvas ou por sua escassez. É necessário compreender que a recorrência das inundações e estiagens e secas, não são provenientes apenas de fatores climáticos e meteorológicos, mas sim do resultado de um conjunto de elementos, naturais e antrópicos.

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DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Tabela 9 – Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 Continuação...

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85Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Continuação... Continuação...

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86Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Continuação... REFERÊNCIAS

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH - Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de 1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

FINOTTI, E. Análise de ocorrência de vendavais na região sul do Brasil: Relatório Final de Projeto de Iniciação Cientifica (PIBIC/CNPq/INPE). Santa Maria: INPE, 2010. Disponível em: <http://urlib.net/rep/8JMKD3MGP7W/389BLJP?languagebutton=en>. Acesso em: 5 dez. 2011.

HERRMANN, M. L. P et al. Frequência dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina no período de 1980 a 2007. In: ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE AMERICA LATINA, 12., Montevidéu – Uruguai. Anais... Uruguai, 2009. Disponível em:<http://egal2009.easyplanners.info/area07/7254_Maria_Lucia_Maria_Lucia_de_Paula_Herrmann.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Santa Catarina. In: IBGE Estados. 2010a. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=sc>. Acesso em: 7 dez. 2011.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

PARMEZANI, J. M. et al. Associação entre ZCAS e a ocorrência de El Niño e La Niña. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10, Brasília. Anais... Brasília: CBMET, 1998.. Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-files/13-879946ab30aec9d0f49591c8b4420a58.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2011.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHAPECÓ. Chapecó em dados. 2008. Disponível em: <http://www.chapeco.sc.gov.br./attachments/site_chapeco_dados/1/chapecoemdados220811.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2011.

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88CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fonte: Acervo da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

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89Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina destaca-se pela sua capacidade de produzir conhecimento referente aos desastres naturais dos últimos vintes anos, e marca o momento histórico que vivemos diante da recorrência de desastres e de iminentes esforços para minimizar perdas em todo território nacional.

Neste contexto, o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais torna-se capaz de suprir a necessidade latente dos gestores públicos de olhar com mais clareza para o passado, compreender as ocorrências atuais, e então pensar em estratégias de redução de risco de desastres adequadas à sua realidade local. Além disto, deve fundamentar análises e direcionar as decisões políticas e técnicas da gestão de risco.

O Atlas é também matéria-prima para estudos e pesquisas científicos mais aprofundados, e fonte para a compreensão das séries históricas de desastres naturais no Brasil, e análise criteriosa de causas e consequências.

Há que se registrar, contudo, que durante a análise dos dados coletados foram identificadas algumas limitações da pesquisa. Limitações que menos comprometem o trabalho, mas muito contribuem para ampliar o olhar dos gestores públicos às lacunas presentes no registro e cuidado da informação sobre desastres.

Destacou-se entre as limitações a clara observação de variações e inconsistências no preenchimento de danos humanos, materiais e econômicos. Diante de tal variação, a opção para garantir a credibilidade dos dados foi de não publicar os danos materiais e econômicos, e posteriormente aplicar um instrumento de análise mais preciso para validação dos dados.

As inconsistências retratam certa fragilidade histórica do Sistema Nacional de Defesa Civil, principalmente pela ausência de profissionais especializados em âmbito municipal, e consequente ausência de unidade e padronização das informações declaradas pelos documentos de registros de desastres.

É, portanto, por meio da capacitação e profissionalização dos agentes de defesa civil que se busca sanar as principais limitações no registro e produção das informações de desastres. É a valorização da história e seus registros que irá contribuir para que o país consolide sua política nacional de defesa civil e suas ações de redução de riscos de desastres.

Os dados coletados sobre o Estado de Santa Catarina e publicados neste volume, por exemplo, demonstram que o registro de ocorrência de desastres cresceu 71,61% nos últimos dez anos, mas não permite, sem uma análise mais detalhada, afirmar que houve um aumento de ocorrências na mesma proporção. É o que ilustram os Gráficos 32 e 33.

Apesar de não poder assegurar a relação direta entre registros e ocorrências, o presente documento permite uma série de importantes análises, ao oferecer informações – nunca antes sistematizadas – que ampliam as discussões sobre as causas das ocorrências e intensidade dos desastres. Com esse levantamento, podem-se fundamentar novos estudos, tanto de âmbito nacional, quanto local, com análises de informações da área afetada, danos humanos, materiais e ambientais, bem como prejuízos sociais e econômicos. Também é possível estabelecer relações entre as informações sobre desastres e sua contextualização com as variáveis geográficas regionais e locais.

No Estado de Santa Catarina, por exemplo, percebe-se a incidência de tipologias fundamentais de desastres, inundações bruscas, estiagens e secas e vendavais, que possibilitam verificar a sazonalidade e recorrência, e assim subsidiar os processos decisórios para direcionar recursos e reduzir danos e prejuízos, assim como perdas humanas.

A partir das análises que se derivem deste Atlas, se pode afirmar que este estudo é mais um passo na produção do conhecimento necessário para a construção de comunidades resilientes e sustentáveis.

O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais marca o início do processo de avaliação e análise das séries históricas de desastres naturais no Brasil. Espera-se que o presente trabalho possa embasar projetos e estudos de instituições de pesquisa, órgãos governamentais e centros universitários.

Gráfico 32 – Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as décadas de 1990 e 2000

37%

Comparativo de registros entre as décadas de 1990 e 2000

63%

1991-2000 2001-2010

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

Gráfico 33 – Total de registros coletados entre 1991 e 2010

168 124215

157

277

155

238303

155

300254 238 229

397

259

200

300

400

500

Total de registros por ano em Santa Catarina

12488 106

61

15786

15593

0

100

Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

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