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Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social II Na leitura e análise do artigo proposto na ATPS sobre: o Movimento de (Reconceituação) do Serviço Social, concluímos em grupo que o Serviço Social tem suas origens iniciais sempre ligados à religião, à caridade; doutrinado pela igreja católica; relacionando as profundas transformações econômicas e sociais que atravessaram a sociedade brasileira. A fundação das primeiras escolas de Serviço Social foram feitas por frequentadores da igreja buscando o preparo para o exercício remunerado e também gratificação pessoal. Algumas alunas do serviço social eram professoras primárias; que, com relação à questão social, negavam transformações econômicas e sociais, ou seja, a ação sobre as causas da Questão Social atuando sobre o efeito no que diz respeito às causas da Questão Social. Em posição contrária, o Serviço Social reconceituado, que se propõe atuar sobre as causas das questões sociais, atuando revolucionariamente sobre o sistema. O Serviço Social brasileiro apropriou-se da metodologia de trabalho americano, introduzindo nos currículos das escolas o Serviço Social de caso de grupo, organização social da comunidade, Serviço Social de comunidade, posteriormente desenvolvimento de comunidade. Os primeiros passos para o movimento de reconceituação foram movidos pelos impactos das teorias e tentativas de prática desenvolvimentista. Reconhecia que sua teoria era frágil

ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

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atps-fundamentos Historicos e Teoricos metologicos do Serviço Social.

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Page 1: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social II

Na leitura e análise do artigo proposto na ATPS sobre: o Movimento de (Reconceituação)

do Serviço Social, concluímos em grupo que o Serviço Social tem suas origens iniciais

sempre ligados à religião, à caridade; doutrinado pela igreja católica; relacionando as

profundas transformações econômicas e sociais que atravessaram a sociedade brasileira. A

fundação das primeiras escolas de Serviço Social foram feitas por frequentadores da igreja

buscando o preparo para o exercício remunerado e também gratificação pessoal. Algumas

alunas do serviço social eram professoras primárias; que, com relação à questão social,

negavam transformações econômicas e sociais, ou seja, a ação sobre as causas da Questão

Social atuando sobre o efeito no que diz respeito às causas da Questão Social.

Em posição contrária, o Serviço Social reconceituado, que se propõe atuar sobre as causas

das questões sociais, atuando revolucionariamente sobre o sistema. O Serviço Social

brasileiro apropriou-se da metodologia de trabalho americano, introduzindo nos currículos das

escolas o Serviço Social de caso de grupo, organização social da comunidade, Serviço Social

de comunidade, posteriormente desenvolvimento de comunidade.

Os primeiros passos para o movimento de reconceituação foram movidos pelos impactos

das teorias e tentativas de prática desenvolvimentista. Reconhecia que sua teoria era frágil

quanto à compreensão da dinâmica social, das relações de classe, dos grupos sociais, das

instituições. Os problemas sociais: baixo índice de renda da população, ausência de

infraestruturas de saneamento, alto índice de analfabetismo, baixo nível de saúde e de

escolaridade não eram assuntos apenas de economistas e sociólogos, mas também para

técnicos do Serviço Social e para a população em geral. Início do marxismo nas universidades

e cotidiano de trabalho bem como a liberdade. Resultou ao Serviço Social, um recuo quanto à

filosofia do desenvolvimentismo, novas e mais profundas indagações criticas ao Serviço

Social tradicional e demanda de novas ideologias segundo (FALEIROS; 2004).

No Brasil, em 1964 aconteceu o que consideram a primeira manifestação grupal crítica

de Serviço Social do nordeste; o encontro regional de escolas; onde, docentes e profissionais

posicionam os métodos de intervenção face à realidade subdesenvolvida do nordeste, dando

ênfase à crítica quanto ao aspecto economicista e adota o processo de conscientização na linha

de liberação do oprimido. A perspectiva modernizadora constitui a primeira expressão do

processo de renovação do Serviço Social no Brasil. Os documentos de Araxá (1967) e

Teresópolis (1970) podem ser considerados a tentativa de adequar o Serviço Social às

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tendências políticas que a ditadura tornou dominante e que não se punha como objeto de

questionamento pelos protagonistas que concorriam à sua elaboração.

A importância dos seminários e a história do Serviço Social no Brasil, nos encontros de

Araxá, Teresópolis e Sumaré, respectivamente em MG, nos anos de 1967, 1970 e 1978, nestes

encontros percebemos que Araxá em MG (1967) reuniu 38 Assistentes sociais docentes e não

docentes promovidos pelo centro brasileiro de cooperação e intercâmbio de serviços sociais

(CBISS). Tendo como objetivo repensar em maior profundidade a teoria básica do Serviço

Social e sua metodologia. O Serviço Social se caracteriza pela ação junto aos indivíduos com

desajustamentos familiares e sociais que decorrem muitas vezes de estruturais sociais

inadequadas.

Compreendendo que este tipo de ação tem dimensões corretivas e promocionais,

ressaltando que promover é capacitar. É da perspectiva da globalidade que flui a reflexão que

em Araxá vai conduzir a adequação da metodologia do Serviço Social que vão se efetivar em

dois níveis o micro e o macro. No micro é essencialmente operacional, o macro compreende

as funções do Serviço Social ao nível da política e do planejamento para o desenvolvimento

da infra-estrutura social.

O documento entende-se a estrutura social como facilidades básicas, programas de saúde,

educação, habitação, serviços sociais fundamentais. Algo significativo é a vontade da

profissão onde os Assistentes sociais não sejam mais meros executores das políticas sociais, e

sim sejam capazes, sobretudo de formulá-las e geri-las. Sete encontros foram realizados para

discuti-lo, dando origem ao próximo encontro que foi o de Teresópolis (1970) sobre

metodologia com repercussão em toda América Latina. Oferece uma metodologia do Serviço

Social voltada para a prática profissional do Serviço Social e que se desenvolva com um nível

mínimo de cientificidade. Ele aborda uma determinação de um método profissional que

defende ser um método científico. A redefinição do papel do Assistente social ao situá-lo

como um funcionário do desenvolvimento, Teresópolis propõe a redução quanto à própria

condição funcionária do profissional, ele é investido de um estatuto básico de execução, com

a consequente valorização da ação prática imediata.

Oito anos depois (1978) realizou-se o encontro de Sumaré (RJ), objetivando a

cientificidade do Serviço Social. Este encontro registra o deslocamento da perspectiva

modernizadora da arena central do debate e da polêmica e a disputar seus espaços e

hegemonia com ressonância nos foros de discussão, organização e divulgação da categoria

Page 3: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

profissional. O desafio que ficou foi de discutir a construção do objeto do Serviço Social

mediante um enfoque dialético que incorpore uma dupla perspectiva: a da ciência e a dos

modos de produção das formações sociais e das conjunturas políticas.

Informamos ainda que, nestes seminários realizados em Araxá, Teresópolis e Sumaré, os

trabalhos realizados, foram divididos em três partes, na primeira parte foram examinados

minuciosamente o Documento de Araxá, e na sequencia sendo analisado cada capítulo dos

relatórios dos encontros regionais respectivos, ligando as opiniões emitidas com o texto do

original. “Na segunda parte, foram estudados os documentos de Teresópolis”, e apresentados

às considerações extraídas do relatório dos encontros regionais, ambos os relatórios não

seguiram a mesma sistemática, o que obrigou portando a utilização de um esquema diferente

para cada um. Os documentos de Araxá, Teresópolis e Sumaré, principalmente os de Araxá e

Teresópolis, refletem a ideia e a prática do Serviço Social naquele momento, não podendo ser

tomadas como orientação para o momento atual ou para o futuro. Tiveram sua importância e

sua oportunidade naqueles anos e por isso não podemos dizer que são errados ou verdadeiros

julgando-os com o conceito de hoje; precisam ser olhados através dos conceitos das décadas

dos anos 60 e 70, sendo marcos históricos como a conferência de Milford para os Estados

Unidos (1927). E a famosa definição do Serviço Social da primeira conferência internacional

de Serviço Social (1928), para o mundo ocidental no início do século. As gerações de hoje a

às futuras, cabem a contribuição da análise da prática do Serviço Social e a construção de seus

alicerces, para um caminhar constante para a cientificidade.

Enfim o movimento de reconceituação envolveu reelaborações por um grande numero de

profissionais na busca de fundamentos, de novos, conhecimentos e teorias baseado em uma

concepção de homem e de mundo e na formulação de novas metodologias que pudesse

instrumentalizar uma ação coerente com um novo posicionamento. O Serviço Social

posteriormente ao desenvolvimentismo difundiu uma nova visão das possibilidades da

profissão e das funções do assistente social, no sentido de reformulações teóricas e práticas,

seja operacionalização da nova proposta, á luz de posicionamentos ideológicos o que é uma

conquista que surgiu com o movimento de reconceituação.

A fase da reconceituação foi marcada por analises criticas ao Serviço Social tradicional e

ao sistema vigente que envolveu impasses, crises e ganhou vitalidade com questionamentos,

contestações, reelaborações que delinearam diferentes fases, provocando rupturas e

reclamando novas abordagens.

Page 4: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

A influência do positivismo nos problemas da assistência social, os positivistas não tem

organizado grupos de assistência social assim como a igreja católica fez, embora tenha

realizado vários programas de assistência social em determinada ocasião. No Brasil a

influência positivista em sido muito grande, e apesar das aparências, e casa vez maior, porque

as grandes ideias são lançadas pelos grandes homens e elas vão se divulgando sem que as

pessoas que as repetem e as usam saibam da sua origem. Augusto comte só criou duas

palavras sociologia e a palavra altruísmo, essas palavras hoje estão divulgadas por todo

mundo. A divulgação do positivismo e muito grande, agora a propaganda sistemática do

positivismo tem se tornado difícil e isso pela fase social que estamos atravessando, porque o

positivismo foi o coroamento de uma evolução do ocidente, começada na Grécia, seguida em

Roma, na idade media até a revolução francesa.

Como desejava e supunha Augusto comte, o positivismo tivesse dominado na França, não

haveria mais guerra nenhuma. A liderança provém da capacidade de iniciativa, e

fundamentalmente, a iniciativa exige coragem, muita coragem. Augusto comte foi o fundador

da sociologia e a sua doutrina não é um plano de organização social ele primeiro foi ver os

fenômenos sociais eram subordinados a leis naturais imutáveis, analogamente ao que

aconteciam com os fenômenos biológicos, químicos físicos como as outras ciências, a

matemática, com todos. Ele disse vamos ver se a gente tem leis a obedecer na organização da

sociedade ou se nos temos a liberdade de organizar a sociedade a nosso bel prazer. Ele

descobriu a lei dos três estados à lei da evolução humana, então ele viu que realmente existia

uma sociologia, que os fenômenos sociais e, por extensão, digamos os fenômenos humanos,

isto é, os fenômenos sociais e os fenômenos morais, chamados psicológicos, que esses

fenômenos eram sujeito às leis naturais. Ele lançou ideias muito avançadas para sua época,

conquanto positivista não tenha hoje grandes lideres e representantes, mas as ideias

positivistas estão se divulgando no Brasil a propaganda se sistematizou a 11 de maio de 1881,

quando Miguel Lemos e Teixeira Mendes fundaram a igreja positivista do Brasil.

O primeiro que se manifestou foi na aritmética do Dr. Moniz de Aragão, da Bahia, mas o

positivismo já era conhecido no tempo do império, penetrou no Brasil pelos estudantes de

matemática. A figura de benjamim Constant personifica esse movimento espontâneo do

positivismo, antes mesmo da fundação da igreja positivista. Em 1876. O professor oliveira

Guimarães fundou o centro positivista do qual benjamim Constant fazia parte. O positivismo

participou ativamente do movimento abolicionista e do movimento republicano, o que se deu

ao positivismo uma grande projeção social. E política. Os positivistas trouxeram argumentos

Page 5: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

novos e trabalharam ativamente. Em seguida o movimento republicano o Brasil também era a

única monarquia na America. A monarquia muito comprometida com a evolução social por

defender a escravidão. Getulio acreditou, tomou atitude, ele sofreu a influencia positivista

porque se formou na escola positivista como político. A influência positivista foi direta na

legislação trabalhista, influiu na Inglaterra, e no sindicato americano. O catolicismo começou

a abordar esses problemas com leão Xlll, com a encíclica Rerum Novarum, ao encontrar entre

os papeis de seu antecessor que era positivista que chamava a atenção da igreja católica para o

problema social. Quando leão Xlll escreveu sua encíclica a obra de augusto comte já estava

publicada a reforma introduzida por João XXlll foi uma aproximação do catolicismo com o

positivismo.

Usar a língua local em vez do latim, colocar o sacerdote de frente para o publico em vez

de ficar de costas como era anteriormente. O positivismo se resume em ser uma religião

concebida de forma sociológica. Fenômeno religioso estudado é em sociologia como

fenômeno econômico da família, da pátria, uma realidade sócia. Todas as religiões tem o

mesmo fim, que é estabelecer a unidade social. É a pratica da antiga formula romana “mente

sã num corpo são” quem tem pensamento sadio, uma cabeça em ordem, tem naturalmente

felicidade e predispõe todo resto do seu organismo, todo físico, a funcionar bem. Predomínio

do altruísmo sobre o egoísmo. Na forma positiva o nosso destino e transformar o nosso

planeta num paraíso, pela mistura de raças, pela mistura das civilizações, estabelecendo um

bem estar geral em toda sociedade. No positivismo não se trata de socializar os meios de

produção, e sim socializar o capitalista.

O capital é de formação social, só tem significado social. Perante o positivismo, todas as

religiões têm a mesma finalidade e todos os benfeitores da humanidade, quaisquer que sejam

as crenças, são merecedores de gratidão. A palavra positiva passou a ter sete significados:

real, útil, certo, preciso, orgânico, sobretudo altruísta, sobretudo simpático. O positivismo tem

regras de condutas pessoal dentro da maior moralidade. Temos o poder temporal do governo e

o poder espiritual, o poder temporal no futuro devera ser exercido por três banqueiros um

ligado a agricultura, a indústria, e o outro ao comercio de maneira a abraçar o conjunto da

atividade prática. Era dever republicano e profundamente liberal, garantindo a liberdade de

pensamento, cada um diz o que quer desde que assuma a responsabilidade, um governo forte

que garanta a liberdade de pensamento.

Page 6: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

Considerações precedentes, ser o positivismo a religião da humanidade e seu lema

principal é “o amor por principio e a ordem por base, o progresso por fim.” O amor por

princípio porque sua moral é baseado no altruísmo, como a fonte de felicidade e do dever. A

ordem por base, porque reconhecemos que todos os fenômenos estão subordinados as leis

naturais imutáveis. Apesar de toda a anarquia e confusão atual, estamos cada vez progredindo

mais em sentimento, inteligência, conhecimento e na conduta.

O método fenomenológico vem ao encontro de carências reais, cada vez mais presentes no

campo da abordagem dos fenômenos humanos e sociais, resultantes de uma impotência que se

evidencia como intrínseca a própria essência do que se convencionou denominar de método

cientifico. O método cientifico no que se refere ao estudo dos fenômenos humanos, estaria

ligada ao fato de que tal método se fundamenta nos sistemas naturais e não no comportamento

humano. O método cientifico define-se como busca de uma natureza, de algo que pertence

individualmente idênticos nas diversas experiências próprias a cada individuo, mediante a

eliminação do que lhes é único e singular isto é do caráter. Pois ser humano é principalmente

ser capaz de ter uma vivencia de consciência única e singular.

O método fenomenológico, ao contrario do método cientifico. Busca compreender o

humano nesta especificidade de se dar como vivencia. O método cientifico parte da

experiência, como todo conhecimento, e tem por objetivo a ordenação do mundo da

experiência, mediante a subordinação da multiplicidade e diversidade dos fenômenos. Ao

ordenar o mundo dos dados, a partir de leis universais, a ciência chega ao mundo dos fatos

científicos, através de um levantamento dos valores suscetíveis de serem investidos pelas

diversas experiências de cada individuo. Envolve, pois, ao nível da lógica do método, um

processo de variação de casos que tenham efetivamente se realizado, da mesma maneira que o

método científico, o método fenomenológico parte da experiência, mas diferentemente

daquele que dela não deriva, não visa reconstruir o mundo da experiência a partir da

submissão da multiplicidade desta lei do entendimento.

A experiência do mundo origina-se em uma unidade de sentido, antepredicativa, que se

encontra na vivencia da consciência do mundo, o fenômeno do mundo é aquele sentido

originário ou maneira de vivenciar que permite a experiência de existir em comum sob a

forma da percepção, da imagem e do pensamento de algo que se da como horizonte das

consciências. O método fenomenológico efetua automaticamente a suspensão da facticidade,

e é de todo saber concernente á ordenação da experiência.

Page 7: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

A consciência, enquanto fundamento da experiência, se define como um feixe de

intencionalidades ou intenções de significar essas intencionalidades, Merlcou-Ponty as sita no

corpo, não enquanto físico, mas enquanto estrutura de significação configurada no gesto, na

palavra, no olhar, é assim que com relação à experiência do espaço, nenhuma experiência leva

a si mesma a evidencia do sentido originário ou vivencia do espaço porque a experiência

humana é, por essência, inacabada, o rigor do saber fenomenológico consiste em tornar

presente a consciência o objeto “tal como é visado ou intencionado”, o que não quer dizer,

vimos simplesmente percebidos. Enquanto a psicologia busca descrever o conteúdo da

experiência enquanto representação, ou seja, enquanto estado de consciência ou presença real

a consciência, o método fenomenológico tivemos a oportunidade de mostrar, busca o

conteúdo da experiência em si mesmo.

A abordagem da emoção é talvez um bom exemplo que ilustra com clareza esta

diferença entre instancia fenomenológica e instancia psíquica. Na busca desta intenção ou

sentido da emoção, corresponde a uma maneira “mágica” de vivenciar o mundo. É uma

conduta de transformação do mundo, diante da impossibilidade de resolver um problema sem

modificar.

O objeto em sua estrutura real, mas procurando conferir-lhe outra qualidade. Tenta-se

mudar o mundo vivenciando-o como se as relações entre as coisas e suas potencialidades não

estivessem reguladas por processos deterministas, mas por processos mágicos. É assim que

diante de um animal feroz, observa o filosofo, posso desmaiar, anulo desta maneira um objeto

ameaçador do mundo exterior, mediante o aniquilamento de mim mesmo, através de uma

conduta mágica e não de uma não efetiva.

O que seria um serviço social fenomenológico? Poderíamos dizer que é aquele que

busca abordar os problemas sociais do individuo do grupo das instituições, a partir do

encontro deste sentido originário ou razão que funda maneiras especificas de vivencias do

mundo, permitindo compreender (não explicar) comportamento e atuações sociais.

Um serviço social fenomenológico se ocuparia em definir “espaço fenomenológico”, isto

é, compôs de possibilidades e tempos fenomenológicos, ou seja, engajamentos de pessoas de

grupos ou comunidades. E isto mediante uma ação que deixa de ser intervenção para ser

mostração desvelamento de maneira de existir. Tudo tem que ser feito cuidadosamente

quando o é para o exercício da pesquisa científica.

Page 8: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

Com relação a “Reconceituação do Serviço Social”, o Serviço Social tem suas origens

vinculadas à doutrina da igreja católica, está relacionado às profundas transformações

econômicas e sociais brasileira.

As primeiras escolas de Serviço Social são fundadas por grupos cristãos alunas da classe

média, algumas eram professoras primárias. Em posição análoga, encontra-se o Serviço

Social reconceituado, que se propõe atuar sobre as causas, atuar revolucionariamente sobre o

sistema do ponto de vista metodológico, o desenvolvimento da comunidade difundido, pela

ONU e OEA (décadas de 50, 60 e início de 70) através de assistência técnica a projetos,

cursos, seminários e alcance de ampla literatura.

Grandes projetos foram implantados com apoios de instituições públicas (SUDENE,

SUDAM, SUDESUL) e por iniciativa da igreja católica, o processo de implantação política de

um país como América Latina mostrou uma realidade subdesenvolvida: baixa renda da

população, ausência de infraestruturas de saneamento, analfabetismo, baixo nível de saúde e

de escolaridade. Esses já não eram assuntos apenas de economistas e sociólogos, mas também

para técnicos do Serviço Social e para a população em geral, a penetração do marxismo nas

universidades e cotidiano de trabalho bem como a liberdade.

A primeira expressão do processo de renovação do Serviço Social no Brasil se desdobra

nos eventos de Araxá (19-26/03/1967) e Teresópolis (10-17/01/1970). Esses dois documentos

podem ser considerados a tentativa de adequar o Serviço Social às tendências políticas que a

ditadura tornou dominante e que não se punha como objeto de questionamento pelos

protagonistas que concorriam à sua elaboração.

Encontro de Araxá em MG (1967) reunindo 38 Assistentes sociais docentes e não

docente promovido pelo centro brasileiro de cooperação e intercâmbio de serviços sociais

(CBISS), tendo como objetivo repensar em maior profundidade a teoria básica do Serviço

Social e sua metodologia. O Serviço Social se caracteriza pela ação junto aos indivíduos com

desajustamentos familiares e sociais que decorrem muitas vezes de estruturais sociais

inadequadas, é da perspectiva da globalidade que flui a reflexão que em Araxá vai conduzir a

adequação da metodologia do Serviço Social que vão se efetivar em dois níveis o micro e o

macro, no micro é essencialmente operacional, o macro compreende as funções do Serviço

Social ao nível da política e do planejamento para o desenvolvimento da infraestrutura social,

programas de saúde, educação, habitação, serviços sociais fundamentais. Algo significativo é

Page 9: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

a vontade da profissão onde os Assistentes sociais não sejam mais meros executores das

políticas sociais, sejam capazes, sobretudo de formulá-las e geri-las.

Sete encontros foram realizados para discuti-lo, dando origem ao próximo encontro que

foi o de Teresópolis (1970) sobre metodologia com repercussão em toda América Latina,

oferecendo uma metodologia do Serviço Social que se desenvolva com um nível mínimo de

cientificidade, ao situá-lo como um funcionário do desenvolvimento, Teresópolis propõe a

redução quanto à própria condição funcionária do profissional, ele é investido de um estatuto

básico de execução, com a consequente valorização da ação prática-imediata.

Oito anos depois (1978) realizou-se o encontro de Sumaré (RJ), objetivando a

cientificidade do Serviço Social. Este encontro registra a modernizadora da arena central do

debate e da polêmica e a disputar seus espaços e hegemonia. O I Seminário Latino Americano

de SS (1965) em Porto Alegre é marcado pela ruptura com o tradicionalismo, a transição de

60 para 70 foi uma forte critica ao Serviço Social tradicional de pratica empirista, paliativa e

burocrática, visava enfrentar as tendências psicossociais da questão social, na raiz da crise do

desenvolvimentismo capitalista que gerou mobilização das classes subalternas em defesa de

seus interesses, luta pela libertação nacional e de transformação da estrutura capitalista,

concentradora, explorada. A ruptura mostra à necessidade que o Assistente social se

aprofunde a compreensão das implicações políticas de sua pratica profissional, polarizada

pela luta de classes.

A metodologia criada nos Estados Unidos atende aos problemas e às necessidades da

sociedade norte-americana. A tomada de consciência levou o Serviço Social ao uso da

metodologia recebida dos Estados Unidos e a uma revisão crítica das suas formas operativas,

a partir de posicionamento ideológico, um impulso crítico ao capitalismo.

Assistentes sociais produziram boas análises da realidade brasileira, mas raramente se

encontra análise da atuação do Serviço Social nessa mesma realidade.

O posicionamento ideológico se configura como ação profissional engajada na luta com a

classe oprimida pela sua libertação, o homem oprimido é que provoca a ação profissional, os

objetivos de trabalho serão; a organização, a conscientização, a politização, a mobilização e a

participação do indivíduo em busca da libertação.

O objetivo geral do Serviço Social é a ação libertadora e transformação do sistema de

dominação e que se constituem em finalidade, assim entendido o Serviço Social como uma

Page 10: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

práxis, precisa atuar para alcançar uma mudança. Ideologia, teoria, práxis e ciência,

apresentam-se como interligados, não existe conhecimento sem transformação e

transformação sem conhecimento, a importância da relação teoria/prática, numa perspectiva

altamente enfatizada pelo movimento, é também um dos seus marcantes resultados.

A reforma curricular aprovada em 1979 pela Assembleia da Associação Brasileira de

Escolas de Serviço Social, implementada a partir de 1982, defendeu uma perspectiva de

"visão crítica e comprometida com transformação social", buscou-se estruturar a formação em

uma articulação de teoria histórica, metodologia de pesquisa, na reforma de 1998-2000 busca-

se formação de um profissional generalista, (NETTO; 2005). Segundo Netto (2005) entre as

principais conquistas, a recusa do profissional de situar-se com um agente técnico puramente

executivo, (quase sempre um executor terminal das políticas sociais).

O Serviço Social reivindicou atividade de planejamento para além dos níveis de

intervenção micros social valorizando o estatuto intelectual do Assistente social, a projeção e

a realização de um trabalho que seja uma ruptura com práticas conservadoras.

Fica como desafio, a necessidade de uma dinâmica de transformação das relações sociais

vinculando ao processo de resistência à ordem dominante, promova a cidadania e a

democracia e produza análises concretas para que a própria reconceituação seja questionada,

pois ela tem como pressuposto ser um movimento na tradição critica (FALEIROS; 2004).

Portanto, esta produção acadêmica após uma série de pesquisas que nos proporcionaram

um grande aprendizado, concluímos que todas as etapas deste trabalho foram primeiramente

esclarecedoras no que diz respeito da Reconceituação do Serviço Social no Brasil,

aprendemos que o Serviço Social tem suas origens iniciais sempre ligados à religião, à

caridade; doutrinado pela igreja católica; relacionando as profundas transformações

econômicas e sociais que atravessaram a sociedade brasileira. Percebemos a importância dos

seminários e a história do Serviço Social no Brasil, através dos encontros de Araxá,

Teresópolis e Sumaré, respectivamente em MG, nos anos de 1967, 1970 e 1978.

A influência do positivismo nos problemas da assistência social, bem como o positivismo

ser a religião da humanidade e seu lema principal é “o amor por principio e a ordem por base,

o progresso por fim, e que o método fenomenológico vem ao encontro de carências reais, cada

vez mais presentes no campo da abordagem dos fenômenos humanos e sociais, resultantes de

uma impotência que se evidência como intrínseca a própria essência do que se convencionou

Page 11: ATPS-Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos Do Serviço Social II

denominar de método cientifico, e ainda que com relação a Reconceituação do Serviço Social,

o Serviço Social tem suas origens vinculadas à doutrina da igreja católica, está relacionado às

profundas transformações econômicas e sociais brasileira. Diante de todo este relatório,

informamos que a execução de todas as etapas deste intenso trabalho nos foi de grande valor,

pois, em cada uma de suas particularidades pudemos extrair ensinos relevantes.

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www.webartigos.com/artigos/movimento-de-reconceituacao-do-servico-social/46749/

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Livro: Teorização e Metodologia do Serviço Social

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Balbina Ottoni Vieira

CBCISS. Teorização do Serviço Social: Documento Alto de Boa Vista. Rio de Janeiro:

Agir, 1988.

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FALEIROS, Vicente de Paulo, Reconceituação no Brasil; uma questão em movimento. , Buenos Aires: Espacio, 2004.

JUNQUEIRA, Helena Iracy. Quase duas décadas de reconceituação do serviço social: uma abordagem crítica. In: Revista Serviço Social e Sociedade. N.º.Ano II, Dez, São Paulo: Cortez, 1980.

NETTO, José Paulo. Movimento de reconceituação 40 anos depois. Revista e sociedade, nº. 84.