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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 2011 /# 1

Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

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Neste relatório a BRAiN identifica os 7 pilares que caracterizam a atratividade de um polo internacional de investimentos e negócios e compara o Brasil com outros 13 países em 57 dimensões.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 2011 /# 1

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4 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

A ascensão brasileira como potência econômica global é hoje inegável, tendo o Brasil su-perado a fase de ser apenas a promessa de “país do futuro”. Entretanto, para a plena con-cretização desta promessa, é necessário garantir o reconhecimento internacional da trans-formação do Brasil em um país de serviços e em um polo de investimentos e negócios.

Este documento é a segunda publicação da BRAiN (Brasil Investimentos e Negócios) e conti-nua o mapeamento iniciado no relatório lançado em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”. O presente relatório busca lançar uma nova luz sobre o tema da atratividade de um polo de investimentos e negócios, iden-tificando iniciativas que tornem o País ainda mais atrativo para empresários, investidores e todos os públicos envolvidos em transações de investimentos e negócios.

Para preparar este material, a BRAiN realizou, com o apoio do The Boston Consulting Group, um trabalho de extensa pesquisa e análise, assim como entrevistas e workshops com experts e formadores de opinião dos setores público e privado. As conclusões iniciais deste estudo foram então apresentadas a empresas, entidades de classe, economistas e técni-cos de renome, bem como a autarquias e representantes das esferas de governo federal, estaduais e municipais.

O resultado do trabalho acima descrito é este documento que detalha a atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios na América Latina, define indicadores para o acompanhamento dinâmico da posição do País e identifica possíveis próximos passos e iniciativas para fomentar este posicionamento.

Criada em 2010, a BRAiN tem como objetivo assegurar a materialização de uma visão multissetorial da América Latina como uma rede regional de negócios fortemente interconectada, na qual o Brasil deve atuar como um dos polos proeminentes.

A BRAiN almeja gerar consenso e ação nos diversos setores da economia ao redor des-sa ideia e conta, para isso, com 13 associados atualmente: ANBIMA, BM&FBOVESPA, FEBRABAN, Fecomercio, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Votorantim, BTG Pactual, CETIP, Citibank, HSBC e Itaú-Unibanco.

Mais informações sobre a BRAiN e sua visão se encontram no site www.brainbrasil.org.

PREFÁCIO

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6 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 7

Sumário executivo 08

A atual situação da atratividade brasileira 18

Ambiente macroeconômico 24

Ambiente institucional 38

Talentos e capital humano 60

Infraestrutura física 74

Infraestrutura financeira 88

Conectividade 104

Imagem do país 130

Painel de indicadores da atratividade brasileira 142como polo internacional de investimentos e negócios

Conclusão 150

Apêndice 1: metodologia 152

Apêndice 2: detalhamento dos indicadores 156

ÍNDICE

01

02

03

04

05

06

07

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8 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 9

O ponto de partida do presente trabalho foi a observação, durante a preparação da primeira publicação da BRAiN, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, de que todos os grandes centros de negócios de referência contam com traços comuns (veja Diagrama 1). A partir desta base, uma nova etapa de trabalho da BRAiN complementou a lista preliminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo.

Para atingir esse objetivo, foi realizado um trabalho de extensa pesquisa e análise de dados, assim como entrevistas e workshops com especialistas e formadores de opinião dos setores público e privado, objetivando a definição e mensuração da atrati-vidade brasileira como polo de investimentos e negócios. Este trabalho contou com a participação e a validação de empresas, entidades de classe, economistas e técnicos de renome, assim como autarquias e representantes das esferas de governo federal, estaduais e municipais.

O resultado destes esforços foi a definição de sete pilares que constituem a visão BRAiN dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo atrativo de investimentos e negócios (veja Diagrama 2): ambiente macroeconômico, ambiente institucional, talentos e capital humano, infraestrutura física, infraestrutura financeira, conectividade e imagem do país.

1) Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exemplos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negó-cios em um país.

Com relação a esta dimensão, podemos destacar positivamente que o Brasil:

• É hoje a 7ª economia do mundo, com expectativa de subir à 5ª posição até 2030, e em alguns cenários, como o de uma reportagem da revista britânica The Economist1, espera-se que isso aconteça até 2025;

• A taxa média anual de crescimento saltou de 2%, entre 1996 e 2000, para 4,4%, entre 2006 e 2010, mesmo considerando o impacto da crise econômica global.

SUMÁRIOExECUTIVO

DIAGRAMA 1Pré-requisitos e diferenciais dos principais polos mundiais

1 Edição de 12 de novembro de 2009.

Principais lições aprendidas dos estudos de caso:

Intensidade de comércio e estabilidade macroeconômica

Infraestrutura desenvolvida

Talentos, tanto internos quanto do exterior

Fluência em línguas, particularmente inglês

Alinhamento público/privado para desenvolver o polo

Proatividade governamental

Regulação favorável aos negócios

Impostos: simples, idealmente limitados

Um porto seguro em uma região arriscada

Foco em inovação

como vantagem competitiva

Excelência em sua região ou nicho

Taxa de crescimento do mercado interno

Criação de uma zona offshore

NYC LON SGP HKG DUB PAR

PRÉ-REQUISITOS

DIFERENCIAIS

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10 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 11

DIAGRAMA 2Sete componentes que fundamentam a formação e excelência de um polo de investimentos e negócios

Em comparação, o crescimento chinês subiu de 8,6% para 11,2%, enquanto o dos Estados Unidos cedeu de 4,3% para 1%;

• O mercado interno tem se fortalecido pelo aumento na participação de classes eco-nômicas com poder de compra: as classes A, B e C respondiam por 55% da população em 2002 e hoje representam 69%2;

• A taxa de inflação que, no passado, chegou a cerca de 2.500% ao ano (1993), reduziu-se significativamente desde 1994 e vem se mantendo no patamar de um dígito desde 2003;

• A dívida líquida do setor público diminuiu de 60,6% do PIB, em 2002, para 40,4%, em 2010. Além disso, desde 2007, o Brasil é credor externo líquido, com as reservas e créditos brasileiros no exterior superando a dívida externa3;

• O risco-país caiu de mais de 2.000 pontos no índice EMBI+ em 2002, para cerca de 200 pontos em 2010. Adicionalmente, em 2008, o País obteve a nota de “grau de investimento” das principais agências globais de classificação de risco.

A despeito dos avanços observados nesta dimensão, ainda existem oportunidades de melhoria para a consolidação da atratividade do País, manifestadas, por exemplo, em:

• Aumentar, racionalmente, o nível de investimentos, que foi de apenas 16,7% do PIB, em média entre 2000 e 2009, enquanto países como China, Índia e Cingapura investi-ram 39,1%, 28,4% e 24,9%, respectivamente4;

• Manter a inflação sob controle e reduzir seu patamar: a expectativa de inflação bra-sileira para os próximos cinco anos é de 4,8% ao ano enquanto que, para a economia chinesa, mesmo aquecida, este valor está em 4% ao ano;

• Elevar o nível da poupança doméstica para além dos atuais 19%;

• Aplicar plenamente a Lei de Responsabilidade Fiscal (do ano 2000), completar suas lacunas e garantir adequada interpretação, em especial em relação às práticas fiscais da União.

2) Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibilidade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na trans-parência e eficiência dos processos administrativos.

Aqui, o Brasil destaca-se com:

• Uma democracia consolidada há mais de 20 anos, reconhecida inclusive por estar em patamar semelhante ao dos Estados Unidos, da França e da Grã-Bretanha, de acordo com ranking do Banco Mundial5 sobre estabilidade política;

2 Fonte: Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.

3 Fonte: Banco Central do Brasil.

4 Fonte: World Bank Data.

5 Fonte: Worldwide Governance Indicators – World Bank. Indicador: Esta-bilidade política e ausência de violência

(política), de 0 a 100. Pontuações: Brasil: 56; Grã-Bretanha: 56; Estados

Unidos: 58; França: 61.

5. INFRAESTRUTURA FÍSICA

1. AMBIENTE MACROECONÔMICO

2. AMBIENTE INSTITUCIONAL

3. TALENTOS E CAPITAL HUMANO

4. INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

6. CONECTIVIDADE

7. IMAGEM DO PAÍS

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12 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 13

• A ausência de conflitos internos étnicos ou religiosos e também a inexistência de con-flitos atuais ou potenciais com países vizinhos na região. Os marcos institucionais que definem as fronteiras nacionais são sólidos e estabelecidos pacificamente;

• O recente avanço normativo para diminuir o número de casos esperando julgamento no Judiciário, por meio de medidas como a aplicação de súmulas vinculantes, o princípio de repercussão geral, a limitação dos recursos especiais repetitivos, e o maior uso de jui-zados especiais e de câmaras de arbitragem. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça e o processo de informatização das cortes contribuem para aumentar a transparência e a eficiência deste Poder.

As áreas desta dimensão em que o Brasil apresenta oportunidades de melhoria são:

• A ainda grande influência política nas decisões que se referem à estrutura do Estado, refletida em exemplos como mandatos sem duração fixa para a Presidência do Banco Central, o critério de nomeação e a influência política das agências reguladoras, o exces-sivo número de ministérios e sua volatilidade;

• A complexidade e o longo prazo para se abrir e fechar uma empresa;

• Uma elevada proliferação de leis: em 2009, foram editadas 317 novas leis por mês, enquanto Estados Unidos e França editaram apenas 159 e 24, respectivamente;

• A morosidade judicial, refletida numa avaliação do Banco Mundial que estimou em 616 dias o prazo para se concluir uma disputa comercial no Brasil, enquanto Hong Kong e Cingapura levam somente 280 e 150 dias, respectivamente, em disputa similar;

• O alto impacto negativo da burocracia sobre os negócios (nota 9 de 10) em avaliação do IMD6, ao passo que Hong Kong e Cingapura obtiveram notas 5,9 e 4, respectivamente;

• A alta quantidade de impostos, com constante alteração normativa, principalmente nos níveis estadual e federal7 e o alto número de obrigações acessórias8, implicando em falta de clareza sobre a aplicabilidade e altos custos de compliance9.

3) Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades acadê-micas e as necessidades do mercado de trabalho e a possibilidade de se atrair especia-listas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional.

Aqui, o Brasil se destaca positivamente ainda em poucos pontos:

• Disponibilidade demográfica de população economicamente ativa (PEA): o Brasil é a maior economia em que o crescimento esperado da PEA é suficiente para atender ao crescimento previsto para a demanda por pessoas para o trabalho;

• Evolução na quantidade de matrículas no ensino fundamental, colocando este nível de ensino no Brasil próximo à universalização (93%)10.

6 International Institute for Management Development.

7 13 novas normas tributárias por estado e 117 federais, em média, por mês desde 1988. Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

8 Apenas o ICMS possui sete livros de escrituração obrigatórios. Fonte: Clóvis Panzarini Consultores Associados.

9 Estudo comparativo do Banco Mundial entre 183 países considerando uma mesma empresa modelo coloca o Brasil como o país que tem o maior número de horas necessárias para cálculo e pagamento de tributos (2.600 horas/ano). Fonte: Banco Mundial.

10 Fonte: Unesco – dados de 2007.

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São vários os pontos que precisam ser melhorados nesta dimensão, como:

• Taxa de matrícula no ensino médio de 77%10, longe da universalização;

• Taxa de matrícula do ensino superior de apenas 30%10, inferior à média global;

• Baixa qualidade do ensino, refletida em notas fracas no exame internacional PISA11;

• Baixo alinhamento entre o ensino de idiomas e as necessidades do mercado de tra-balho (nota 3,1 na escala de 0 a 10);

• Baixa atratividade de talentos internacionais como ferramenta para formação local;

• Falta de políticas para a gestão coordenada dos 3 milhões de brasileiros expatriados;

• Baixo alinhamento da produção acadêmica às necessidades dos setores industrial, de serviços e financeiro.

4) Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna e o acesso a uma rede de teleco-municações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo.

Nesta dimensão, o Brasil aparece positivamente em alguns quesitos:

• Ampla cobertura de telecomunicações, principalmente nos centros urbanos;

• O nível de acesso à água e ao saneamento básico em regiões urbanas é comparável ao de outras nações desenvolvidas, de acordo com estudo do IMD;

• O PAC12, que prevê acelerar investimentos para suprir muitas necessidades existentes.

11 Programme for International Student Assessment: prova periodicamente aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anosde 65 países.

12 Programa de Aceleração do Crescimento.

Aqui, as lacunas ainda são consideráveis, manifestadas em casos como:

• Os investimentos em infraestrutura decaíram de 5,4% do PIB na década de 1970 para 2,1% nos anos 2000, o que, na visão de vários economistas, é suficiente apenas para manter a infraestrutura existente, sem prover expansão;

• A infraestrutura brasileira é classificada somente em 28ª entre os 59 países avaliados pelo EIU13, e as deficiências nessa frente comprometem a eficiência logística no País;

• Os principais aeroportos do País operam acima da capacidade ideal;

• O custo de telecomunicações é três vezes maior que a média global;

• São Paulo apresenta o sexto pior índice de congestionamento entre as grandes ci-dades do mundo e, ainda assim, são previstos apenas 8 km de metrô por milhão de pessoas em 2015 (Pequim espera ter 56 km);

• Falta um marco regulatório mais robusto e claro para as parcerias público-privadas (PPPs).

5) Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios.

O Brasil apresenta diversas fortalezas nesta dimensão:

• A regulação do sistema financeiro é mundialmente reconhecida como referência;

• A disponibilidade de recursos financeiros para as empresas, tipicamente por intermédio do uso de crédito PJ e do mercado de capitais;

• Um modelo de negociação e registro centralizado de operações de derivativos de referência internacional;

• O sistema financeiro é forte e rentável, apresentando, nos últimos cinco anos, uma das maiores criações de valor aos acionistas no mundo.

E pode se desenvolver ainda mais focando em:

• Aumentar a utilização de debêntures tanto como meio de financiamento quanto para expandir a liquidez do mercado secundário deste instrumento;

• Atrair mais empresas de pequeno e médio portes para o mercado de capitais;

• Incentivar o desenvolvimento dos mercados de seguros, resseguros e derivativos de commodities;

• Desenvolver ainda mais a capacidade de inovação em novos produtos financeiros.

OS PILARES DA ATRATIVIDADE SÃO: AMBIENTES MACROECONÔMICO E INSTITUCIONAL, TALENTOS E

CAPITAL HUMANO, INFRAESTRUTURAS FÍSICA E FINANCEIRA, CONECTIVIDADE E IMAGEM DO PAÍS

13 Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU).

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6) Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimenta-ção de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios.

Como destaques positivos do estágio atual da conectividade internacional do Brasil e da América Latina, podem ser citados:

• O País lidera a atração de investimentos estrangeiros diretos na América Latina;

• Já existe acordo de livre residência envolvendo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Para-guai e Bolívia, podendo, inclusive, ser expandido para outros países.

E, como exemplos de áreas que podem ser mais bem desenvolvidas, elencam-se:

• A América Latina ainda tem pequena participação nas exportações globais de bens (5%) e serviços (4%)14. Em particular, maior atenção deve ser dada a serviços, setor mais relevante para polos de investimentos e negócios;

• Apesar de crescentes, as multilatinas ainda têm posição limitada no mundo. No caso do Brasil, a Vale, que é a primeira empresa brasileira por valor de ativos no exterior, não aparece no ranking das 100 maiores empresas do mundo com mais ativos fora do país de origem15;

• Baixo alinhamento da regulação e pouca integração de sistemas e registros entre os países latinos dificultam a operação internacional de empresas na América Latina;

• Mesmo tendo recebido muitos imigrantes no passado e contando com colônias re-presentativas de descendentes, o número de estrangeiros atualmente no Brasil, seja da América Latina ou de qualquer outra localidade, é pequeno se comparado com o tamanho da população;

• O Brasil tem malha aérea pouco conectada com o restante da América Latina e do mundo quando comparado com outros países.

7) Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

O Brasil já apresenta imagem positiva de destaque em:

• Múltiplos rankings de aspectos culturais, turísticos e de hospitalidade;

• Ranking das melhores cidades para se fazer negócios na América Latina aponta São Paulo e Rio de Janeiro em 3º e 5º lugares, respectivamente16;

• Tem aumentado a atratividade do País para a realização de congressos e convenções internacionais, de 62, em 2003, para 293, em 200917;

• Terceira colocação mundial em número de empresas que publicam anualmente re-latórios de sustentabilidade.

Como oportunidades de melhoria, podem-se citar:

• O Brasil apresenta imagem abaixo da média com relação à qualidade dos produtos nacionais;

• O País tem apenas três empresas entre as 100 mais sustentáveis em ranking internacional18;

• São Paulo e Rio de Janeiro são mal avaliadas como cidades para se morar, empatando em 92º lugar;

• O número de turistas que visitam o País é pequeno em relação a outros polos.

A BRAiN definiu para cada pilar um painel de indicadores que permite a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos, assim como o monitoramento contínuo ao longo do tempo. Os painéis resultantes podem ser observados ao longo dos capítulos de cada um dos pilares e na conclusão final deste documento.

Também a partir das análises da situação atual do Brasil em cada pilar, a BRAiN se propôs, através de sessões de trabalho com seus associados e de entrevistas com especialistas e for-madores de opinião, a compilar um plano de ação contemplando iniciativas a serem execu-tadas para elevar o Brasil à condição de polo com o mesmo nível de excelência de outras re-ferências mundiais. Como resultado deste exercício, os primeiros grupos de trabalho já foram formados e espera-se colher resultados positivos concretos num futuro bastante próximo.

A BRAiN convida todos os representantes e membros da sociedade que tenham interesse em participar destes diálogos estratégicos, bem como dos grupos de trabalho para aprimo-rar a atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios, a entrar em contato pelo e-mail [email protected].

14 Fonte: UNCTAD Stat.

15 Fonte: World Investment Report 2010 – UNCTAD. Dados referentes a 2008.

16 Fonte: Revista América Economia.

17 Fonte: International Congress and Convention Association.

18 Fonte: Corporate Knights – The World’s Most Sustainable Companies 2010.

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18 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 19

A ATUAL SITUAçãO DA ATRATIVIDADE BRASILEIRAO BRASIL PARTE dE BASE SóLIdA NOS dIVERSOS COMPONENTES IMPORTANTES PARA UM POLO dE INVESTIMENTOS E NEGóCIOS. NãO OBSTANTE, A CONSOLIdAçãO COMO UM POLO dIFERENCIAdO dEMANdA ATENçãO EM dIVERSAS áREAS

O Brasil passa por um momento ímpar. O forte e contínuo crescimento econômico, a relativa resistência aos efeitos da crise econômica mundial, a ocupação dos primeiros postos globais em produção e exportação de matérias-primas, o aumento da qualida-de de vida da população e, consequentemente, a evolução do mercado interno, são indicadores positivos que ilustram o atual momento da Nação.

Como consequência deste progresso, os olhos do mundo se voltam para o País. Seu crescimento econômico e sua resiliência à crise têm sido destaques nos principais foros e periódicos de economia do planeta. Também tem se destacado o cenário político, com a eleição da primeira presidente mulher. Adicionalmente, o mundo esportivo também reconhece o momento brasileiro, ao eleger o País para hospedar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos nos próximos cinco anos.

Por despontar no cenário mundial, o Brasil tem também obtido, consequentemente, posição relevante na América Latina. Com 40% de todo o território e 35% da popu-lação, o País responde por cerca de 40% do PIB regional e se sobressai também na participação dos fluxos comerciais, de capitais e de negócios, sendo já reconhecido como um dos polos mais relevantes da região.

O País necessita tirar proveito deste momento positivo, consolidando sua posição ao reconhecer e divulgar suas fortalezas, identificar e tratar suas deficiências e promover uma maior integração econômica na região e no mundo.

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Sendo bem-sucedido nessa tarefa, a consolidação brasileira como um polo gerará benefícios diretos significativos para a economia e para a população. A maior conec-tividade com os vizinhos também beneficiará os demais países: um polo forte, que concentra recursos e atenção do restante do mundo, acaba por irradiar sua pujança aos parceiros regionais por meio dos próprios fluxos comerciais, de capitais e de negó-cios. As consequências desse processo, portanto, causarão impactos positivos a serem notados em toda a região.

O conceito de atratividade usado neste relatório

O fator-chave que determina se um país tem potencial para ser um polo regional e in-ternacional é sua atratividade, sob a ótica regional e internacional dos agentes que com ele interagem – investidores, empresas ou intermediários, regionais ou internacionais.

A atratividade de um país pode se referir à capacidade de atração exercida por seu mo-delo social, cultural ou por suas características geográficas; por seu dinamismo econômi-co, diversificação ou estabilidade; ou até por elementos mais específicos, como a presen-ça de um grupo de empresas privadas competentes, um nível mais elevado de inovação e, não menos importante, um regime tributário amigável e convidativo ao capital.

A definição e o escopo do conceito de “atratividade” podem ter diferentes sentidos para distintos agentes econômicos. Pode ser relativo a pessoas físicas, a empresas, a instituições ou, em diferentes proporções, a várias delas. Também pode ser relativo à perspectiva interna ou externa ao país. Por exemplo, investidores financeiros diretos ou indiretos, grupos internacionais industriais ou de serviços e entidades financeiras intermediárias podem avaliar de forma diferente as características do país sob a luz dos benefícios potenciais de seu interesse específico.

Para este relatório, a definição utilizada foi restrita à atratividade como um polo de investimentos e negócios e abrangente quanto aos tipos de agentes envolvidos nas relações com o polo. Com este escopo, para melhor entendimento, o conceito de atra-tividade foi decomposto em duas principais vertentes: (a) as características intrínsecas do país, que o definem como atrativo por si só; e (b) a conectividade do país, ou seja, seus fluxos, que definem a atratividade da rede à qual pertence.

Fazem parte das características intrínsecas: uma economia forte, suas infraestruturas física, financeira, jurídica e regulatória e uma população capacitada. Por outro lado, o que define a força da conectividade de um país são a qualidade e a quantidade das conexões intrarregionais e, ao mesmo tempo, a qualidade e a quantidade de suas conexões com outros polos relevantes do mundo. Juntas, estas vertentes compõem a atratividade do país como polo e permitem que a nação possa competir pela atração de recursos, para si e para sua região de influência, diante de outros polos mundiais (veja Diagrama 3).

A visão BRAiN sobre os determinantes da atratividade de um polo

Desde a primeira publicação da BRAiN, em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, foram ilustrados alguns traços comuns existentes em todos os grandes polos de negócios de referência, assim como

Conceito geral de atratividade de um polo

DIAGRAMA 3

ATRATIVIdAdE

COMPETITIVIdAdE

CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS

CONECTIVIdAdE

Economia forte

Infraestruturas

População capacitada

Intrarregional

Extrarregional

como polo internacional de investimentos e

negócios

vis-à-vis outros polos de outras regiões

algumas características diferenciais que reforçam o papel de cada centro como um polo internacional (veja Diagrama 1, na página 9).

A partir dessa base, esta nova etapa de trabalho da BRAiN complementou tal lista pre-liminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo. O resultado dessa identificação e do posterior agrupamento levou ao desenvolvimento de uma visão de sete pilares que constituem a lista dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo de investimentos e negócios (veja Diagra-ma 2, na página 10):

• Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exem-plos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negócios em um país;

• Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibili-dade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na transparência e eficiência dos processos administrativos;

• Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades aca-dêmicas e as necessidades do mercado de trabalho, e a possibilidade de se atrair especialistas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional;

• Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna, e o acesso a uma rede de teleco-

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municações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo;

• Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios;

• Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimentação de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios;

• Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

Medição da atratividade

Além do entendimento abrangente e detalhado da situação do Brasil em cada um destes sete pilares por meio de análises a serem apresentadas, o trabalho realizado também criou um painel de indicadores para permitir a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos. Para tanto, em cada um destes pilares, foram elencadas dimensões que podem ser usadas para avaliar a situação do País diante de outros polos selecionados. A seleção dos indicadores baseou-se nas análises realizadas e em discussões entre os asso-ciados da BRAiN com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado.

Foram criadas também métricas para essas dimensões com o objetivo de, além de ava-liar a situação atual, acompanhar ao longo do tempo a evolução da atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para diferentes países e a possibilidade de monitoramento contínuo ao longo dos anos.

A cesta de países para comparação foi definida a partir da busca por exemplos relevantes. Foram incluídos países desenvolvidos de referência, países que já operam como polos reconhecidos de investimentos e negócios e outros países pertinentes para a comparação.

Cada um dos sete pilares de atratividade brasileira passa a ser analisado a seguir, com o objetivo de apontar a base de desenvolvimento da qual parte o Brasil e as áreas onde o País deve investir para se consolidar como polo de investimentos e negócios atrativo.

ATRATIVIDADE TEM DUAS VERTENTES: AS CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS DO PAÍS, QUE O DEFINEM COMO ATRATIVO POR SI SÓ, E A SUA CONECTIVIDADE, QUE DEFINE A ATRATIVIDADE DE SUA REDE

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01Ambiente mAcroeconômico

As condições macroeconômicas do país representam um dos pilares para a determi-nação da atratividade de um polo de investimentos e negócios. Aqueles países que conseguem manter um crescimento sustentado, promover estabilidade e baixos níveis de risco e ainda gerar condições adequadas de financiamento aumentam a força dos negócios, estabelecendo um círculo virtuoso sobre a economia como um todo.

O Brasil avançou muito nas últimas décadas na gestão de sua política macroeconômica. Este amadurecimento é reconhecido não apenas internacionalmente, como vivenciado internamente pelos cidadãos e pelas empresas que desenvolvem negócios no País. O Produto Interno Bruto (PIB) se projeta em ascensão mundialmente e cresce de manei-ra consistente, ao mesmo tempo em que a taxa de inflação se mantém controlada, garantindo e assegurando, portanto, condições de estabilidade, redução de desigual-dades e aumento da demanda interna. A evolução das condições de financiamento da economia mostra, ainda, uma trajetória extremamente positiva, deixando o Brasil muito bem posicionado quando comparado a algumas das maiores economias globais.

A seguir, o desempenho brasileiro é analisado em três aspectos – crescimento, previsi-bilidade e financiamento – e serão apontadas oportunidades que o País deve aproveitar para se transformar em referência como polo internacional.

Crescimento

O tamanho da economia de um país e as condições para garantir seu crescimento de longo prazo são fundamentais para a expansão de negócios e a melhoria de vida para a população.

O Brasil tem sido destaque na economia global nas últimas décadas. Mesmo durante a chamada “década perdida” (anos 1980), o País não deixou de ocupar seu lugar entre as dez maiores economias do mundo19 (veja Diagrama 4). Hoje, o Brasil é a sétima maior economia global e, mais importante, as expectativas são de que ascenda duas posições até 2030, possivelmente deixando para trás países de alta relevância no cenário mun-dial, como França, Reino Unido e Alemanha. Essa expectativa foi apontada, por exemplo, ao final de 2009, em reportagem especial publicada pela The Economist, que indicava que o Brasil poderia se consolidar como a quinta economia global ainda até 202520.

19 Fonte: The Economist Intelligence Unit Countrydata.

20 Edição de 12 de novembro de 2009.

DIAGRAMA 4

RANKING MUNDIAL DE PIB (US$)1 CRESCIMENTO DE PAÍSES SELECIONADOS, 1996-2010

1. Ranking realizado com base no PIB Nominal dos países calculado em dólares com base na cotação de câmbio média do ano.Nota: Ranking de 2010 com base em PPP (EIU): Estados Unidos, China, Japão, Índia, Alemanha, Rússia, Brasil, Reino Unido, França, Itália, México, Coreia do Sul, Espanha, Canadá e Indonésia. Fonte: EIU CountryData; análise BCG.

Brasil volta a ganhar posição, com previsão de ser a 5a maior economia do mundo em 2030

Além disto, tem crescido a taxas satisfatórias e está acelerando este movimento

Alguns fatores recentes justificam esta previsão: apesar de crescer a taxas menores do que potências como a China, o País tem elevado sua taxa média de crescimento. Saiu de 2% ao ano, entre 1996 e 2000, e chegou a 4,4% ao ano, no período 2006 - 2010 (veja Diagrama 4). A baixa variabilidade de expansão da atividade econômica, o que indica maior previsi-bilidade e, portanto, melhores condições de planejamento para se operar nesta economia, é um ponto relevante a ser notado.

Para continuar essa trajetória positiva, um dos principais desafios que se apresenta ao Brasil é aumentar sua capacidade de investimento. O volume sobre o PIB, traduzido na formação bruta de capital fixo, é crucial para garantir a continuidade e a aceleração do crescimento em longo prazo. Segundo vários economistas, o Brasil tem pouca chance de crescer mais do que 4% a 4,5% ao ano de forma contínua se a taxa de investimento não chegar a um nível

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

1980 1990 2000 2010 2020 2030TACC por período %

15

10

5

0

4,30

8,63

2,02

1996-2000BRA CHN USA

2,782,40

9,76

2001-2005BRA CHN USA

Crescimento brasileiro é, além disto, estável:

Coeficiente de variação (2006-2010)

Brasil: 0,71 China: 0,19

USA: 2,43

4,37

0,96

11,18

2006-2010BRA CHN USA

Page 14: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

26 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 27

21 Fonte: World Bank Data.

22 Fonte: United Nations

Development Program – Human

Development Reports.

23 Fonte: Worldwide

Competitiveness Yearbook – IMD.

24 Famílias que ganham mais

de R$ 4.808 por mês.

25 Famílias que ganham entre

R$ 1.115 e R$ 4.808 por mês.

26 Fonte: Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Estudo: A Pequena Grande

Década: Crises Cenários e a Nova

Classe Média, 2010.

27 Índice de Preços ao Consumidor

Amplo. Fonte: IBGE.

aproximado de 22% do PIB. De 2000 a 2009, a taxa média brasileira de investimento ficou em 16,7%21, bem abaixo do valor necessário para garantir tal manutenção do crescimento.

Este ponto merece atenção não apenas pelo patamar da taxa em si, mas também pelo fato de que a mesma vem caindo: nas décadas de 1980 e 1990, as médias ficavam em torno de 21% e 18,2%, respectivamente. O Brasil também se mostra abaixo de países de crescimento significativo e destaque internacional: China e Índia aumentaram o nível de investimento ao longo das últimas décadas e, entre 2000 e 2009, ficaram com média de 39,1% e 28,4% do PIB, respectivamente.

Além do nível de investimento, outros pontos que estão relacionados com o cresci-mento de longo prazo de um país são a qualidade de vida e a distribuição de renda de sua população. É evidente que países que crescem mais têm maior facilidade de distribuir renda ao longo do período, mas estudos revelam que a lógica inversa também é verdadeira: países com renda mais bem distribuída e com nível de vida melhor têm melhores condições de manter seu crescimento estável no longo prazo.

A análise do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil mostra que, apesar de estar avançando, o país ainda o faz mais lentamente do que o restante do mundo e que, entre 169 nações, ainda ocupa a 73ª posição22. Além disto, em relação à distribuição de renda, o Brasil tem hoje uma pontuação de 0,55 no índice Gini, que varia de 0 a 1, sendo a maior pontuação a pior, por indicar mais desigualdade. Países como Alemanha e França, mais desenvolvidos, ou até outros, em desenvolvimento, como China e Índia, contam com pontuações bem mais baixas: 0,28; 0,33; 0,37 e 0,42, respectivamente23.

Apesar de ainda ser uma lacuna brasileira, a distribuição de renda no país tem melhorado e incorrido também no aumento do potencial de consumo da população. O fortalecimento do mercado interno pode ser evidenciado pela expansão da participação das classes A, B e C no total populacional. Em dezembro de 2002, as classes A/B24 respondiam por 12% dos brasileiros e a classe C25 por 43,2%. Hoje, 15,6% e 53,6% da população estão em cada um destes grupos de classes, respectivamente, demonstrando melhora do poder de compra e, portanto, aumento do mercado interno26.

Sem dúvida, o Brasil é um dos grandes destaques da economia mundial e as perspectivas mostram que essa posição tende a se solidificar. Para avançar ainda mais é, no entanto, im-portante que o País fomente as condições necessárias para expandir sua taxa de investimen-to e solucionar questões ligadas ao desenvolvimento e à qualidade de vida da população.

Previsibilidade

Além do crescimento, outros fatores macroeconômicos são importantes para garantir a atratividade de um país como polo de investimentos e negócios. A previsibilidade é crítica para gerar confiança e, assim, assegurar a materialização de investimentos pelos agentes econômicos, facilitando a operação dos negócios.

No Brasil, a implantação formal do sistema de metas de inflação, em 1999, resultado de um processo longo de esforços para garantir a estabilidade monetária, foi um grande marco que mostra o comprometimento do País com a previsibilidade. Desde 2003, a inflação, medida pelo IPCA27, se mantém abaixo de dois dígitos. Mesmo com acelerações em função do

Page 15: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

28 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 29

30 Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público

não financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público

e privado), o setor privado não financeiro e o restante do mundo.

31 Posição no final do ano.

32 Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI).

aquecimento da economia, o Banco Central segue de perto esses movimentos, utilizando a taxa básica de juros da economia (Selic) como instrumento de controle.

Prognósticos28 mostram que o Brasil deve ter uma taxa de inflação média de 4,8% ao ano nos próximos anos, ficando mais bem posicionado do que outros grandes emergentes como a Índia e a Rússia, com previsão de 5,3% e 6,7% ao ano, respectivamente. Existe, contudo, espaço para melhoria do Brasil na relação crescimento-estabilidade. A China, por exemplo, um país de alto crescimento, conta com previsão inflacionária em torno de 4% ao ano neste mesmo período.

Ainda no que tange à previsibilidade, é interessante destacar que no Brasil, mesmo com um sistema de câmbio flutuante, a faixa de variabilidade do câmbio diminuiu ao longo dos últimos cinco anos. Durante este período, o valor máximo29 atingido pela moeda norte-ame-ricana foi de R$ 2,39 (durante a crise econômica mundial) e o valor mínimo foi de R$ 1,57, não tendo voltado a níveis elevados como os atingidos em 2002, quando alcançou R$ 3,81.

O Brasil tem mostrado avanços e maturidade na gestão macroeconômica que refletem o que se deseja para a estabilidade de um polo de investimentos e negócios. Afinal, a falta de previsibilidade não apenas inibe a entrada de novos agentes na economia, como é ca-paz de desorganizar mercados já existentes e tornar a operação de empresas e a realização de negócios uma tarefa mais árdua e com riscos mais acentuados. É fundamental que o País mantenha a trajetória positiva e garanta que estes avanços já conquistados não se percam, e sim continuem a evoluir.

Condições de financiamento

A saúde financeira do país tem grande relevância para a manutenção de um ambiente macroeconômico saudável e, por consequência, para a atratividade de um polo de negócios. Um balanço mal equacionado das contas públicas e uma má gestão das re-ceitas e dos gastos do Estado, por exemplo, contribuem para o aumento dos custos de captação de investimentos da economia como um todo, afetando o custo operacional. Assim, serão analisadas nesta seção tanto as condições macroeconômicas de deman-da quanto de oferta de recursos que garantam o crescimento saudável da economia.

A demanda por financiamento do setor público é uma das alavancas que mais afeta as condições de financiamento da economia como um todo. No que diz respeito ao estoque

AS DIMENSÕES DO AMBIENTE MACROECONÔMICO SÃO CRESCIMENTO ECONÔMICO, ESTABILIDADE

MONETÁRIA, SOLIDEZ FISCAL, VULNERABILIDADE EXTERNA, VOLATILIDADE ECONÔMICA,

DESENVOLVIMENTO HUMANO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

de dívida pública no Brasil, há uma evolução contínua e positiva ao longo dos últimos anos. O nível total da dívida líquida do setor público30 como porcentual do PIB cedeu significati-vamente de 2002 a 2010, saindo de 60,6% para 40,4%31. Além disto, a partir de 2006, o Brasil saldou sua dívida líquida externa, passando, desde então, a ser um credor líquido ante o resto do mundo (veja Diagrama 5).

A dívida pública bruta do País também evoluiu ao longo da última década. Depois de passar por um pico em 2002, quando atingiu 79,9% do PIB, o indicador vem caindo e fechou 2010 em 66,8%. Na previsão para os próximos anos32, o Brasil segue trajetória positiva, ficando mais bem colocado do que outros países desenvolvidos e sedes de centros de negócios. Enquanto espera--se que o Brasil encerre o ano de 2015 com este indicador em 64,8%, para Reino Unido, França e Cingapura a previsão fica em torno de 80% e para Estados Unidos atinge 110,7% do PIB.

Outro ponto adicional sobre a saúde das finanças públicas e que impacta o ambiente macroe-conômico é o déficit do setor público. A comparação do resultado de 2010 com os do início da

Dívida pública caiu de patamar nos últimos dez anos como % do PIB...

...assim como o déficit e espera-se que a trajetória positiva continue

DIAGRAMA 5O financiamento do País evolui positivamente

Déficit Público

4,6

2,5

0

5,0

% PIB

02 03 04 05 06 07 08 09

Dilma Rousseff - Presidente do Brasil3

Externa/total %

27 21 16 07 -02 -16 -28 -21 -24

1. Posição no final do ano. Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público não financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor privado não financeiro e o restante do mundo. 2. Dados estimados pelo FMI apenas para este ano. 3. Entrevista publicada no site do Senado Federal em: http://www.senado.gov.br/senadores/liderancas/lidptsf/detalha_noticias.asp?codigo=88795 / Fonte: BACEN; FMI.

Dívida líquida do setor público

47,0

-10

0

10

20

50

40

30

60

% PIB1

02 03 04 05 06 07 08 09 10

40,4

Interna Externa Total

60,6

28 Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) Countrydata.

29 Considerando as médias das taxas diárias do mês de referência, calculadas para compra, ponderadas pelos dias úteis. Fonte: Banco Central do Brasil.

102

2,7

5,1

3,5

1,9

3,3

1,7

“Não há como cortar as taxas de juros a menos que você reduza seu déficit fiscal. [...] Temos um objetivo em mente: que as nossas

taxas de juros sejam convergentes com as taxas de juros internacionais.”

Page 16: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

30 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 31

QUADRO AA contribuição da Lei de Responsabilidade Fiscal para a saúde financeira brasileira

década mostra um movimento de queda deste indicador, saindo de um patamar em torno de 4,6% do PIB para 1,7% (veja Diagrama 5). Além de registrar avanços importantes por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal aplicada a estados e municípios (veja Quadro A), este tema tem sido ressaltado pelo governo da presidente Dilma Rousseff: as declarações recentes da presidente apontam para uma volta a medidas de maior controle da política fiscal, depois de passada a última crise econômica global que demandou estímulos por parte do governo33.

33 Notam-se aqui os empréstimos do tesouro direcionados ao BNDES para a concessão de empréstimos ao setor privado, entre outros.

Em 4 de maio de 2000, o Brasil foi o primeiro país emergente a aprovar uma lei de responsabilidade fiscal (Lei Complementar nº 101) com o objetivo de tornar transparentes os gastos públicos de estados e municípios e de limitá-los às suas capacidades de arrecadação. A lei veio para garantir maior transparência nas finanças públicas e para colocar fim à prática que havia sido cultivada entre os gestores públicos de realizarem grandes obras ao final de seus mandatos e deixarem dívidas significativas para os sucessores.

A Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira foi construída de acordo com a realidade do País, mas baseou-se em algumas referências internacionais importantes:

• O Tratado de Maastricht da Comunidade Econômica Europeia forneceu referências sobre a manutenção da independência dos estados combinada com metas e punições referentes a déficits;

• O Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual o Brasil é membro, contribuiu com direcionamentos sobre a transparência de atos públicos, o planejamento de gastos e a publicidade e a prestação de contas do orçamento;

• O Budget Enforcement Act dos Estados Unidos ilustrou a colocação de metas de superávit para os estados e os mecanismos de controle de gastos como o “sequestration” (limitação de gastos) e o “´pay as you go” (compensação orçamentária);

• O Fiscal Responsibility Act da Nova Zelândia contribuiu com exemplos sobre gerenciamento das contas estaduais com o objetivo de manter as contas da União saudáveis e com certa flexibilidade no cumprimen-to de metas no curto prazo se as metas de longo prazo forem respeitadas.

Apoiada em quatro principais eixos (planejamento, transparência, controle e responsabilização), a Lei de Responsabilidade Fiscal definiu parâmetros para a organização fiscal brasileira e, apesar de ainda não ser completamente cumprida por todos os estados, eleva significativamente o nível de maturidade do País so-bre este assunto. Apesar de grandes evoluções, dez anos após a criação da lei, alguns passos adicionais são necessários, a exemplo da aprovação no Congresso das leis complementares necessárias à sua aplicação, como a criação do Conselho de Gestão Fiscal e a imposição de limites à dívida pública federal.

Outro ponto de atenção sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal a ser aprimorado é o risco de o equilíbrio fis-cal do curto prazo, exigido pela lei, resultar em maiores deficiências de longo prazo, como a não realização de investimentos em infraestrutura para bater metas orçamentárias de curto prazo.

Fonte: Lei de Responsabilidade Fiscal; Receita Federal; FGV Projetos.

Page 17: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

32 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 33

A melhoria das finanças públicas permitiu que o Brasil atingisse melhores níveis de classi-ficação de risco. Depois de atingir mais de 2.000 pontos no EMBI+ em meados de 2002, o Brasil teve quedas consistentes na sua classificação de risco, atingindo a nota “grau de investimento” (investment grade), em maio de 2008. É importante notar que, mesmo tendo passado por esses níveis de pontuação em 2002, o Brasil, ao longo de mais de dez anos, não atingiu níveis tão altos de risco quanto Argentina e Rússia. As crises enfrentadas por estes países levaram suas classificações a patamares de 6.000 pontos, cerca de três vezes o má-ximo atingido pelo Brasil na última década. O bom posicionamento do Brasil nesse indicador melhora a percepção externa sobre o País como um todo e torna mais fácil a obtenção de recursos estrangeiros no caso da falta de fontes de financiamento adequadas internamente.

Este ponto é especialmente relevante no caso do Brasil, dada a sua taxa de poupança in-terna: o nível brasileiro é um dos menores do mundo, em parte por causa do déficit público nominal gerado pelas contas públicas. Os 19% da poupança doméstica bruta sobre o PIB ficam muito aquém da taxa de outros países em desenvolvimento, como China (51%), Ín-dia (31%), Rússia (31%), Chile (30%) e México (23%) (veja Diagrama 6). Esta característica é importante, pois países com baixo nível de poupança têm mais dificuldade de financiar seu crescimento com recursos próprios.

Em resumo, assim como em todos os outros aspectos macroeconômicos, o Brasil apresen-ta avanços significativos na gestão das contas do setor público. Ainda assim, revela-se im-portante garantir que a direção positiva continue sendo seguida e que não haja retrocessos, principalmente na questão fiscal e no déficit público, que podem ter efeitos significativos sobre o custo de captação de investimentos geral da economia, se mal gerenciados.

Indicadores

Para o caso específico do pilar de ambiente macroeconômico, as dimensões seleciona-das para acompanhamento contínuo foram:

• Crescimento econômico: Quanto maior o crescimento esperado para um país, maior sua atratividade para agentes estrangeiros. Dificilmente um polo consegue atrair in-vestimentos e negócios sem uma projeção positiva quando comparado a seus concor-rentes diretos pela atração de capital;

• Estabilidade monetária: A estabilidade monetária ajuda a definir a previsibilidade econômica dos investimentos e negócios no polo considerado. Quando a projeção é de inflação alta, um país perde atratividade, pois os agentes externos ficam temerosos com a perspectiva de seus investimentos e negócios se deteriorarem junto com o valor da moeda local;

• Solidez fiscal: Quando um país possui política fiscal inadequada, sobem os custos de captação de investimentos da economia como um todo, elevando, obviamente, o custo operacional. Portanto, quanto maior a solidez fiscal, maior a atratividade do país;

• Vulnerabilidade externa: A disponibilidade de reservas para realizar os pagamentos externos de um país mede a dependência a recursos estrangeiros e oferece indícios da sua autonomia para garantir credibilidade financeira mundial;

• Volatilidade econômica: As taxas de juros de curto prazo dos títulos emitidos por governos são um bom indicador da volatilidade econômica e da frequência de neces-sidade de ajustes. Economias com menor nível de volatilidade oferecem um horizonte de planejamento mais seguro para empresas e famílias, elevando o nível de investi-mento e de crescimento;

• Desenvolvimento humano: Quanto maior o nível de desenvolvimento humano, maior a atratividade do país como polo, já que maior desenvolvimento se traduz em maiores disponibilidade de talentos, mercado interno consumidor e qualidade de vida;

• Distribuição de renda: A distribuição de renda em um país influencia aspectos--chave para a formação de um polo, como a disponibilidade de talentos, o tamanho e o perfil do mercado consumidor, o nível de inovação e qualidade de vida. Quanto melhor a distribuição de renda, melhores esses aspectos para o polo de negócios.

DIAGRAMA 6A taxa de poupança brasileira está entre as menores do mundo

Países em desenvolvimento

Países desenvolvidos

CHIN

A

CING

APUR

A

RÚSS

IA

ÍNDI

A

HONG

KON

G

CORE

IA D

O SU

L

CHIL

E

ALEM

ANHA

MÉX

ICO

JAPÃ

O

FRAN

ÇA

BRAS

IL

REIN

O UN

IDO

USA

51%

48%

31% 31%30%

23%19%

13% 13%

Poupança doméstica bruta / PIB (%)1

1. Média 2007-2009. Últimos anos disponíveis. / Fonte: World Bank.

Brasil

31%30%

24%23%

19%

Page 18: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

34 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 35

O resultado da classificação do Brasil nas dimensões do pilar de ambiente macroeconô-mico diante dos outros países pode ser observado a seguir:

Como pode ser observado, o Brasil está em posição de bastante destaque no crescimento econômico e apresenta estabilidade positiva, apesar de atrás da maioria das referências de comparação. Sua solidez fiscal e vulnerabilidade externa estão entre boa e a desenvolver, principalmente por causa dos altos gastos que poderiam ser revistos e balanceados por significativas reservas acumuladas pelo País. Os indicadores de desenvolvimento humano e de distribuição de renda, sem nenhuma surpresa, relatam que o Brasil continua em posição desvantajosa socialmente quando comparado aos demais países.

AMBIENTE MACROECONÔMICO

P: Indicador baseado em dados projetados.

dISTRIBUIçãO dE RENdA

dESENVOLVIMENTO HUMANO

VOLATILIdAdE ECONÔMICA

VULNERABILIdAdE EXTERNA

SOLIdEZ FISCALP

crítico a desenvolver bom excelente

JPNGBR FRAUSA SGP

HKG

RUS INd MEX

dEUCHLCHN KORESTABILIdAdE MONETáRIAP2.

KOR SGPHKG CHNCHL MEX RUS

INd4.

JPN dEU KORHKG USA SGP GBR CHNRUS

CHL MEX INdFRA5.

dEUFRAKORHKG USASGP

GBR

INd CHN RUS MEX CHL

JPN6.

7.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

dEU

JPN

GBR HKG SGP

FRA USA RUS

KOR

INdCHLMEX

CHNCRESCIMENTO ECONÔMICOP1.

JPN

GBR

FRA dEU KORUSA SGP HKGMEX CHN CHLRUS3.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRAINd

HKG CHL MEX

SGP

USA RUS

CHN

JPN

INd FRA

dEUGBR KOR

Page 19: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

36 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 37

CRESCIMENTO ECONÔMICO COM INFLAÇÃO CONTROLADA E CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO SÃO ATRATIVOS, MAS É PRECISO FOCO NO FORTALECIMENTO DA GESTÃO FISCAL E NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Conclusão

O Brasil apresenta-se com grande destaque econômico e as perspectivas são de alcançar posições cada vez mais elevadas na esfera mundial. As previsões apontam que o crescimento brasileiro se mantenha em torno de 4% a 4,6% ao ano, nos pró-ximos cinco anos, posição atrativa como polo de investimentos e negócios.

O Brasil tem despontado com mérito quando se analisam o crescimento econômico com inflação controlada e as condições de financiamento compatíveis com as necessidades do setor privado, características atrativas para um polo de investimentos e negócios. Através da manutenção desta posição positiva e de esforços focados de melhoria, principalmente nas contas públicas, o Brasil será capaz de avançar e alavancar não apenas a si próprio, mas à região como um todo.

Objetivamente, os dois assuntos em que o Brasil mais precisa melhorar são a racionaliza-ção da gestão fiscal e a distribuição de renda. O primeiro tem potencial de garantir custos baixos de captação de recursos que continuem impulsionando o crescimento do País. O segundo poderá conferir a constante expansão da classe média consumidora que, por sua vez, contribui para o giro e o crescimento da economia.

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38 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 39

Um ambiente institucional sólido que garanta a estabilidade das regras do jogo e a celeri-dade e a eficiência na realização de negócios é condição indispensável para a atratividade de um polo: a certeza de poder confiar na efetividade das normas do país e a garantia da existência de processos previsíveis para alterações no ordenamento jurídico predispõem a realização de negócios. Além disso, a eficiência em processos, em serviços e em controles públicos atua como um catalisador, tornando negociações mais rápidas e a operação de empresas mais ágil e menos onerosa.

O Brasil já conquistou marcos importantes na consolidação do sistema político e institu-cional, mas ainda tem desafios importantes pela frente, especialmente relacionados à segurança jurídica e à burocracia. São temas, portanto, que precisam ser trabalhados para melhorar a atratividade brasileira. Esta seção analisa a situação do Brasil em cada uma destas dimensões e os próximos desafios a serem enfrentados para que o País construa um entorno favorável à realização de negócios.

Sistema político

O sistema político é o alicerce a partir do qual todas as demais regras de funcionamento de um país são determinadas. Dado seu caráter subjacente, é fundamental que sua confi-guração evite decisões arbitrárias, mantendo a organização e o papel do Estado como algo secular e não suscetível a alterações indiscriminadas. A garantia de que o arcabouço central de um país não sofrerá mudanças bruscas é condição elementar para manter, no longo prazo, a atratividade de um polo de negócios.

O Brasil hoje vive sob um sistema político sólido. Depois de passar por um regime militar, o País se consolidou como uma democracia que funciona sem rupturas há mais de duas décadas. O caráter republicano determina a divisão em três poderes indepen-dentes, com eleições diretas e regulares para representantes nas esferas executiva e legislativa através do voto eletrônico, um dos processos eleitorais mais modernos e seguros do mundo (veja Quadro B). A participação no sistema eleitoral é universal e a disputa pelo poder é multipartidária. O Pacto Federativo distribui tanto as responsabili-dades quanto a arrecadação de impostos entre os níveis municipal, estadual e federal, fazendo com que todos participem da execução das políticas públicas.

02 Ambiente institucionAl

QUADRO BO voto eletrônico brasileiro como referência mundial

Além de se consolidar como uma democracia, o Brasil transformou seu processo e sua tecnologia eleitorais. Desde 1996, as votações são feitas através da urna eletrônica, um equipamento desenvolvido com tecnologia nacional e que reduziu substancialmente o risco de fraude que poderia colocar sob suspeita o resultado de um pleito.

Adicionalmente ao aporte de segurança, a urna eletrônica proveu agilidade ao pro-cesso eleitoral, tornando a apuração dos votos mais rápida e fácil. Em 2010, cerca de 134 milhões de eleitores participaram de eleições federais informatizadas, sendo o resultado publicado em menos de 24 horas após o final das votações.

O Brasil é hoje, dessa maneira, referência em eleições eletrônicas. Por exemplo, a Jus-tiça Eleitoral brasileira participou dos sufrágios de diversos níveis federativos no Paraguai, Argentina, Equador, México, Costa Rica, Honduras, República Dominicana e Panamá, in-clusive tendo emprestado urnas. Também recebeu delegações de países, como a Coreia do Sul, que tinham interesse em entender o sistema brasileiro.

O Brasil e a Índia são os únicos países em desenvolvimento a adotar um sistema de votação eletrônica. Apenas 16* nações desenvolvidas já adotaram este tipo de sistema.

Adicionalmente, o Brasil não registra qualquer sinal de conflitos atuais ou potenciais com seus vizinhos, além de contar com marcos institucionais sólidos e pacificamente estabe-lecidos, que definem as fronteiras nacionais, assegurando um ambiente de tranquilidade externa e de colaboração política e econômica. Há que se destacar, ainda, a ausência de conflitos internos, como étnicos ou religiosos.

Essas características, consistentes ao longo dos últimos anos, têm levado a percepção de es-tabilidade política no Brasil ao mesmo patamar da de países desenvolvidos que contam com sistemas políticos institucionalizados há muito mais tempo. O indicador de estabilidade política publicado pelo Banco Mundial aponta que o Brasil está na mesma faixa de Estados Unidos, Grã--Bretanha e França, países de tradição democrática muito mais longeva do que a brasileira34.

Exemplos mostram que, mesmo com este cenário positivo, ainda há espaço para o aper-feiçoamento político do País, principalmente no que se refere à separação entre questões de Estado e interesses políticos dos governos. Um primeiro exemplo é a definição de mandatos do presidente do Banco Central (BC). Enquanto em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha o presidente desta instituição tem mandatos fixos e não coincidentes com o do Presidente da República, no Brasil isto ainda não é uma realidade. É fato que o tempo

34 Indicador: Estabilidade política e ausência de violência

(política), de 0 a 100. Pontuações: Brasil: 56; Grã-Bretanha: 56;

Estados Unidos: 58; França: 61. Fonte: Worldwide Governance

Indicators – World Bank.

* Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estônia, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suíça, Estados Unidos e Reino Unido. / Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2010; Tiresias.org; pesquisa na mídia.

Page 21: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

40 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 41

de duração do mandato dos presidentes do BC tem aumentado ao longo dos últimos anos – por exemplo, Henrique Meirelles, que foi o presidente do BC antecessor à atual administração, permaneceu no cargo durante oito anos consecutivos – mas, a institu-cionalização de mandatos fixos, se implantada, traria mais solidez à independência da instituição na condução da política monetária (veja Diagrama 7).

Além deste, outro exemplo de algo a ser alterado é o ainda excessivamente alto número de ministérios, bem como o elevado nível de criação e extinção dessas instân-cias. Chama a atenção o fato de que o número total de ministérios no Brasil seja muito mais elevado do que nos Estados Unidos e na França (veja Diagrama 7). Ao mesmo tempo, no Brasil, a rotatividade é significativamente mais alta que nestes países.

Por fim, o processo atual de mudanças sociais em curso pode potencializar a melhoria da atuação política brasileira. Países que contam com um nível de capital social mais elevado e investem mais em educação possuem também atuação política de melhor qualidade e separação mais clara entre questões de Estado e interesses de grupos particulares. O Brasil precisa seguir avançando nesta direção.

Estabilidade e clareza normativas

Quanto mais consolidados estão a previsibilidade normativa e o claro entendimento das regras do jogo em um país, menor é o nível de risco oferecido para a realização de negócios e maior é a predisposição dos agentes para realizar os investimentos e as transações que movimentam a economia e conectam o polo com o restante do mundo.

O Brasil ainda se depara com alguns desafios nesta frente. Por exemplo, a frequência de criação de novas leis no País é significativamente mais alta do que em outros centros internacionais. Em 2009, enquanto foram editadas no Brasil 317 novas leis por mês35, em média, na França e nos Estados Unidos estes números ficaram em 159 e 24, respectivamente (veja Diagrama 8). Obviamente, este elevado número de produção normativa torna muito mais difícil o acompanhamento das empresas e investidores sobre quais regras devem ser seguidas, aumentando o nível de insegurança jurídica.

ESTE PILAR CONSIDERA ESTABILIDADE POLÍTICA, QUALIDADE REGULATÓRIA, SEGURANÇA JURÍDICA,

FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO, FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS E NO

PAGAMENTO DE IMPOSTOS

35 Número médio de normas editadas por mês entre outubro de 2008 e outubro de 2010, pois os dados para o ano calendário completo de 2009 não estão disponíveis. Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

DIAGRAMA 7Exemplos mostram que ainda existem espaços para melhoria no ambiente político

Aumento da duração de mandatos no BC é um ganho, mas estes ainda não são fixos...

...e criação e extinção de órgãos ministeriais1 ainda são altas

-2

1. Órgãos federais com status de ministério: respondem diretamente para o Presidente da República e tem responsabilidade em desenvolver políticas. 2. Número total de ministérios em 2010. / Fonte: Presidência da República; United States House of Representatives; Governo Francês; BACEN; Federal Reserve; Bank of England; análise BCG.

Número de ministérios criados e extintos Total2

Anos de mandato dos presidentes do BC Mandato fixo?

20101988 1990 1995 2000 2005

ago1979 2011

38

15

15

não

sim

sim

3,5

8,0

10,0 10,5 6,8

18,5

3,8 8,0BRA

GBR

USA

Alexandre Tombini,desde janeiro de 2011

1

-2-1 -1 -1

-2-1 -1 -1 -1

-7

1 1 1 1 1 12

8

11

2

BRA

1 1USA

-1 -1

1

53

FRA

5,2

1

-1 -2

Mandato em andamento

Criados Extintos Ano de eleições

Page 22: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

42 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 43

Além da instabilidade normativa, outro fator a contribuir para a insegurança institucional é a falta de transparência e de clareza sobre alguns temas. Por exemplo: 1) a prática das de-cisões terminativas do Senado Federal, permitindo que algumas normas sejam aprovadas sem ir a plenário; 2) o elevado número de Medidas Provisórias utilizadas pelo Executivo para legislar, que podem criar surpresas regulatórias indesejadas; e 3) a falta de clareza na definição de papéis de regulação do setor privado entre ministérios e agências reguladoras.

Segurança jurídica

A clareza e a estabilidade normativas são insuficientes se não acompanhadas da certeza do cumprimento das normas. A efetividade dos compromissos e das regras garante a segurança jurídica e promove um ambiente de confiança entre empresas, pessoas e ins-tituições. O impacto disto sobre o custo de operação de negócios é claro: ambientes de maior segurança diminuem os custos com disputas judiciais e de interpretação de contratos e limitam a quantidade de potenciais passivos, também onerosos.

Alguns exemplos servem para demonstrar que melhorias institucionais geram bene-fícios diretos para cidadãos e empresas. Pode-se citar a redução das taxas de juros cobradas sobre empréstimos direcionados a pessoas físicas, a partir da criação e da regulação do empréstimo consignado, que é o desconto de parcelas do empréstimo diretamente em folha de pagamento do trabalhador. Após o consignado, empréstimos realizados pelas mesmas instituições financeiras para os mesmos clientes e para os mesmos objetivos tiveram uma redução significativa dos juros cobrados. A redução do risco promovida pela regulação deste crédito, a partir de 2004, fez com que os juros do crédito consignado se mantivesse em média 24,8 pontos porcentuais abaixo das taxas do crédito pessoal livre e com que o volume de crédito consignado hoje seja equiva-lente a mais de 50% do estoque total do crédito pessoal concedido (veja Diagrama 9).

Outro exemplo claro é o da melhoria na recuperação de empresas a partir da instituição da nova Lei de Recuperação de Empresas (Lei nº 11.101 de 2005) em substituição à antiga Lei de Falências. A partir do fim do regime de concordatas e da instituição da recuperação judi-cial, o número de falências total no País caiu significativamente. O aumento da segurança jurídica sobre os ativos em risco de liquidação e sobre o tratamento de garantias melhorou este processo de recuperação, fazendo com que o Brasil saísse de um patamar de até 20,7 mil falências requeridas por ano (2003) para uma média de 2,7 mil ao ano entre 2006 e 2010 (anos em que a recuperação judicial já estava implantada) (veja Diagrama 9).

Mesmo com esses bons exemplos, alguns aspectos ainda precisam ser aprimorados para expandir a segurança jurídica e reduzir os custos dela derivados. Indicadores de percep-ção sobre o respeito às leis mostram que o Brasil está em uma posição de desvantagem comparativa a países desenvolvidos e a outros polos de negócios no mundo. Em particular, pode-se citar o indicador de percepção de Rule of Law do Banco Mundial, baseado na aná-lise de especialistas sobre o tema36. Numa escala de 0 a 10, sedes de polos de negócios como Alemanha, Cingapura, Estados Unidos, Hong Kong e França estão todos na faixa de 8. O Brasil fica muito atrás, com 4,6 pontos.

Essa situação pode ser explicada por alguns fatores relacionados à sensação de baixo nível de independência do Judiciário e à dificuldade de acompanhamento pelos juízes das nor-mas em vigor, dadas as frequentes modificações. Em relação ao primeiro ponto, o indica-dor de influências externas ao Judiciário do Fórum Econômico Mundial aponta a percepção de executivos sobre o assunto e deixa o País mais uma vez consideravelmente atrás de

36 Fonte: Worldwide Governance Indicators – World Bank.

“Até para um advogado é difícil saber o que

está em vigor.” Sócio - Escritório de Advocacia

1. Considerando o número atual de municípios brasileiros: 5.507. 2. O valor diz respeito ao número médio de normas editadas por mês entre outubro de 2008 e outubro de 2010. Dados apenas para 2009 não são disponíveis. 3. Número de novas normas federais em 2009 por país. / Fonte: IBPT; órgãos governamentais nacionais; análise BCG.

DIAGRAMA 8Alguns desafios sobre a base normativa precisam ser endereçados

Instabilidade normativa, 20092

Nível

Normas (k)

Normas (k)/ unidade

Normas/dia útil-unidade

Federal Estadual Municipal Total

154 1.095 2.906 4.155

154 40 0,51 -

29 8 0,1 -

Normas editadas desde 1988

Proporcionalmente, nível federal é o principal responsável por produção legislativa

Frequência de criação de leis no Brasil é maior que em outros países

Dos 16 países analisados, mais de 80% têm menos de 30 normas novas por mês

INDGBRKORSGPJPNCHLCHNUSAHKGFRABRA

100

200

300

400

NORMAS NOVAS POR MÊS3

1267810

2024

119

159

317

Page 23: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

44 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 45

outros centros de negócios. Quanto à dificuldade de acompanhamento das normas, a de-claração de Paulo Mascaretti, presidente da Associação Paulista dos Magistrados, não deixa dúvidas: “Formei-me há 30 anos e, nesse tempo, houve uma produção legislativa intensa. [...] Todas essas modificações criam dificuldades para o juiz se posicionar e trabalhar”.

Em paralelo, o longo prazo para julgamento e execução de sentenças incrementa a incer-teza sobre o funcionamento adequado da Justiça no Brasil. Em uma avaliação do Banco Mundial que mede o tempo necessário para a resolução de uma disputa similar em várias nações, o País está entre os piores colocados: 616 dias, enquanto Cingapura, outro polo, resolve a mesma disputa em 150 dias. Vale lembrar a natural dificuldade de comparação entre as métricas e procedimentos adotados em cada país (veja Diagrama 10).

DIAGRAMA 10Prazo elevado para resolução de sentenças adiciona incerteza sobre o funcionamento da Justiça

Brasil tem um dos maiores prazos para resolução de conflitos em relação a outros centros internacionais

Nota: A disputa padrão considerada para o estudo diz respeito a uma transação entre duas empresas (comprador e vendedor), em que o comprador não paga pelos bens recebidos alegando que a qualidade destes não está nos padrões acordados. O vendedor entra com um processo judicial tentando obter pagamento pelos bens vendidos.1. Números dizem respeito a anos diferentes em cada país. 2002: México e Brasil; 2001: Inglaterra, Alemanha e França; Início dos anos 1990: Estados Unidos. Número mais recente do Brasil (2009) é de 8,4 juízes para cada 100 mil habitantes. / Fonte: Doing Business - The World Bank, junho de 2009; Report: Brazil – Making Justice Count – World Bank; análise BCG.

Julgamento: 365 diasExecução de sentença: 210 dias

SGP HGK USA FRA JPN DEU AUS GBR CHL MEX CAN BRA CHN IND

150

280 300 331 360394 395 399 406 415 425

616

1.346

1.420

Esta situação é causada por diversos fatores:

Constante alteração normativa torna decisões mais difíceis de serem analisadas pelos juízes.

Navegação dos processos pelo sistema judiciário prolonga seu tempo de resolução:– Número de recursos é alto – Constituição muito detalhada torna muitos processos aptos ao Supremo

Acúmulo de processos por juiz em função do baixo número destes em relação ao total da população

20

40

0MEX USA GBR FRABRA DEU

Juízes / 100 mil hab.1

4,0 5,3

10,2 11,013,0

23,0

Número de dias para resolução de disputa comercial

DIAGRAMA 9Em última instância, reformas institucionais impactam positivamente a população

Consignado1 permitiu empréstimos a juros mais baixos e aumento do crédito total

Nova Lei de Falências2 contribuiu para queda no fechamento de empresas no país

Taxa média de juros (% a.a.)

Crédito pessoal padrão

Crédito consignado

12/04 12/06 12/08 12/100

20

40

60

80 Diferença média de 24,8 p.p. desde a adoção do consignado

1. Lei nº 10.821/2003 e Decreto nº 4.840/2003. 2. Lei nº 11.101/2005.Fonte: Banco Central do Brasil; Serasa; análise BCG.

Estoque de crédito pessoal concedido (R$B)

Crédito pessoal padrão

Crédito consignado

Crédito mais acessível garante expansão maior do que

trajetória histórica

01/07 01/04 12/10

300

200

100

0

MAIS EMPRESAS OPERANDO PODE SIGNIFICAR MAIS EMPREGOS E MAIOR GERAÇÃO DE VALOR PARA A SOCIEDADE

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20100

5

2,7

10

15

20

25

A partir da nova lei implantada em 2005, média anual de falências caiu para

2,7 mil

média=2,7(2006-2010)

13,9

11,6

19,920,7

13,9

9,5

2,7 2,2 2,4 1,9

4,2

-5,4

Número de falências requeridas ao ano (milhares)

Page 24: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

46 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 47

Os maiores fatos causadores para o elevado tempo de navegação dos processos pelo Judiciário são o sistema adotado pelo País e as regras que regem os códigos dos processos civis e criminais. A possibilidade e a utilização de fato de um alto número de recursos e o grau de detalhamento da Constituição brasileira acabam levando muitos casos para a apreciação do Supremo Tribunal Federal. Adicionalmente, estudos indicam37 que o número de juízes no Brasil sobre o total da população é baixo comparativamente a países que apre-sentam maior celeridade na Justiça (veja Diagrama 10). É possível que, a partir desta análise, exista espaço para melhorias no dimensionamento da necessidade desses profissionais.

É importante salientar, no entanto, que, ao longo dos últimos 15 anos, algumas al-terações importantes foram institucionalizadas no Sistema Judiciário brasileiro. Essas mudanças ocorreram tanto em processos quanto em estrutura e tendem a continuar promovendo ganhos consistentes para a qualidade e a velocidade do sistema.

Por exemplo, a introdução das súmulas vinculantes e do princípio de repercussão geral, em 2006 (Leis nº 11.417 e nº 11.418), e a limitação dos recursos especiais repetitivos, em 2008 (Lei nº 11.672), tendem a diminuir o acúmulo de casos a serem julgados pelas cortes brasileiras. Além disso, rumam no mesmo sentido as mudanças que impactam a estrutura e a operação do Judiciário como a criação dos juizados especiais (Lei nº 9.099 de 1995), das câmaras de arbitragem (Lei n° 9.307 de 1996) e do Conselho Nacional de Justiça (Emenda Constitucional 45 de 2004) e o movimento de informatização das cortes, consolidado a partir da Lei nº 11.419 de 2006.

Outro ponto que influencia e representa a segurança jurídica do País é o respeito à pro-priedade, incluindo o direito à propriedade intelectual. Direitos de propriedade aparecem constantemente na agenda normativa brasileira desde 1970, quando da criação do Ins-tituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma autarquia federal responsável pelo registro de marcas e patentes. Desde 1988, a Constituição Federal passou a considerar a propriedade privada como princípio da ordem econômica nacional e leis passaram a garantir a proteção de patentes e de direitos autorais. Adicionalmente, em 2004, foi criado o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e a Delitos Contra a Propriedade Intelectual.

Apesar disso, os avanços legais brasileiros não foram ainda suficientemente capazes de garantir ao País uma imagem de porto seguro aos direitos de propriedade, sendo o Brasil o 72º colocado neste quesito38 entre 139 nações. Causas para essa má colocação envolvem tanto o lento e oneroso processo de obtenção de patentes, que dura em torno de sete anos no Brasil – comparado com cerca de três anos nos Estados Unidos –, quanto pela prática mais frequente de compra de produtos piratas (veja Diagrama 11). A despeito desta coloca-ção ruim, algumas melhorias têm aparecido: em fevereiro de 2011, o Brasil foi retirado da lista norte-americana de “mercados notórios de pirataria e contrabando”39, sendo agora o único BRIC a estar fora desta lista.

37 Fonte: Brazil: Making Justice Count – World Bank.

38 Ranking calculado a partir de score baseado em entrevistas com executivos, totalizando mais de 13 mil entrevistas. Para o Brasil, 168 pessoas foram ouvidas. A pergunta realizada foi: “How would you rate the protection of property rights, including financial assets, in your country?” [1 = muito fraca; 7 = muito forte].Fonte: The Global Competitiveness Report 2010-2011 – WEF.

39 Representação dos Estados Unidos para o Comércio (USTR).

Tempo para registro de patentes é muito elevado Nível de pirataria também é muito alto

Tempo para concessão de patente (anos)

Compra de produtos falsificados

DIAGRAMA 11O registro de patentes e pirataria são desafios para segurança da propriedade intelectual no país

GBR1 USA2 BRA3

20

0

40

60

80

100% de consumidores

21%

13%

66% 87%

40%

18%

42%

7%6%

USA BRA0

2

4

6

8

2,9

6,8

Compraram sabendo

Compraram sem saber que era falsificado

Nunca compraram

1. IPTOC survey, 2005: DVDs, CDs, jogos digitais, vestuário. 2. Gallup, 2005: sistemas operacionais, softwares, CDs, DVDs, álcool, cigarros, vestuário, joias, peças e ferramentas automotivas e medicamentos. 3. IBOPE, 2005: vestuário, relógios, bolsas, óculos, perfume e jogos eletrônicos. / Fonte: USPTO; Agência Brasil e JB on-line, entrevista com presidente do INPI; 2007 Global PC Software Piracy Study; análise BCG.

Outro elemento relevante do arcabouço de segurança jurídica é a execução de garan-tias. Existem alguns entraves no Brasil à execução e ao estabelecimento de garantias, que tipicamente estão relacionados com a rigidez das garantias tradicionais, com as dificuldades na constituição destas e com a morosidade do Judiciário.

Em relação ao primeiro ponto, a preferência dada, em contratos de hipoteca e de penhor, a credores trabalhistas e fiscais sobre os credores estabelecidos em contratos de garantia reduz a efetividade destes instrumentos. Além disso, a necessidade de que estas garantias sejam discutidas na Justiça por intermédio de uma ação ordinária — que precede à ação de execução — faz com que não se tenha certeza nem sobre a dívida nem a respeito de um horizonte de previsão de recebimento da garantia40.

O registro dos contratos de garantia é oneroso e complicado. No País, não existe padroni-zação dos documentos necessários para realizá-lo e a efetivação dos mesmos está sujeita, assim, às especificidades e exigências de cada cartório e ao nível de sofisticação dos entes relacionados no contrato.

Por último, a morosidade do processo como um todo se deve em parte à extrema formalidade e detalhamento do sistema jurídico, o que acaba comprometendo a efe-

40 Apenas a discussão da ação ordinária pode levar de 2 a 5 anos

caso a sentença for considerada transitada em julgado, quando não

cabe mais recurso.

O BRASIL SE CONSOLIDOU COMO UMA DEMOCRACIA FORTE E PODE CONTINUAR

AVANÇANDO NA UTILIZAÇÃO DO SISTEMA POLÍTICO PARA APERFEIÇOAR O PAÍS

Page 25: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

48 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 49

tividade das garantias. Segundo um representante do escritório Veirano Advogados, “o sistema processual precisa garantir que aqueles que têm um direito não o deixem de exercer pela morosidade. Na prática, ter um direito sem previsão de execução é o mesmo que não tê-lo”.

Muitas melhorias sobre execução de garantias vêm sendo feitas, como a flexibilização do processo e a diversificação dos instrumentos disponíveis, aumentando assim a se-gurança jurídica quanto ao recebimento de direitos. Um exemplo significativo é o do estabelecimento e da expansão da propriedade fiduciária. A grande vantagem deste instrumento, tanto na alienação quanto na cessão fiduciárias, está no fato de que os bens e direitos não integram o ativo da empresa tomadora de crédito até que este seja totalmente pago. Desta maneira, as garantias dadas em caráter fiduciário não estão sujeitas à recuperação judicial e não são preteridas diante de outros tipos de credores. Além disso, a execução de instrumentos fiduciários pode ser feita sem a necessidade de tramitação por ação ordinária.

Todas estas melhorias contribuem para o aumento da segurança jurídica em relação a direitos estabelecidos e conferem benefícios aos usuários finais destes próprios instru-mentos, como, por exemplo, permitindo que empréstimos sejam concedidos a taxas de juros mais baixas, dado o menor risco associado.

Burocracia e operação de empresas e negócios

A burocracia de um país e a sua atratividade como polo de negócios estão bastante relacionadas: o maior grau de eficiência pública e a limitação de entraves burocráticos funcionam como catalisadores econômicos. Portanto, em um ambiente mais dinâmico, oportunidades não são perdidas pela falta de rapidez em realizar transações, tornando a operação de empresas mais eficiente, mais ágil e menos custosa.

No Brasil, mesmo não impedindo a realização de negócios, a burocracia gera um gran-de custo para os que atuam no País. Em um indicador41 que mostra o nível de impacto da burocracia, o Brasil tem a pior classificação em comparação com outros polos de negócios pesquisados, ficando atrás inclusive de outros países em desenvolvimento, como México, China e Chile (veja Diagrama 12). É senso comum que os custos dos en-traves burocráticos precisam ser considerados para realização de investimentos diretos no País: “A burocracia não é um impeditivo, pois o Brasil tem muitas oportunidades, mas é um custo extra que deve ser levado em conta”, afirma um representante do Pinheiro Neto Advogados.

Outra consequência do excesso de burocracia em um país é a abertura de oportuni-dades para a existência da corrupção: quanto mais onerosas, demoradas e complexas são as transações, maior é o espaço deixado para pagamento de favores para a ace-leração dos processos. A redução da corrupção, portanto, é mais um dos benefícios da redução do excesso de burocracia em um polo de negócios.

Considera-se que algum nível de corrupção existe em todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento. Entretanto, a quantidade e a profundidade dessa corrupção são de difícil mensuração. Dados sobre este tipo de atividade não são oficiais e são velados em diferentes graus por percepções culturais distintas, que variam entre nações ou entre

DIAGRAMA 12Alto custo da burocracia impacta negócios

Brasil tem pior colocação em ranking que avalia impacto da burocracia nos negócios

BRA MEX CHN GBR FRA USA CHL JPN HGK SGP

9,0 8,9

7,9 7,87,3

6,8 6,86,1

5,9

4,0

Nível de impacto da burocracia sobre os negócios / Nota 0-10 1

1. Pesquisa realizada com 4.460 respondentes de alta e média gerência de 58 países entre janeiro e abril de 2010.Fonte: IMD.

diferentes extratos de uma mesma nação. Um exemplo da dificuldade de medir a cor-rupção vem por meio da análise do caso brasileiro. Por um lado, apenas 4%42 dos brasi-leiros entrevistados pela instituição Transparency International em 2010 afirmaram que pagaram durante o ano algum tipo de suborno, abaixo dos 31% no México e dos 5% dos Estados Unidos. Por outro lado, uma pesquisa realizada pela mesma instituição no ano de 2008 mostrou o Brasil entre um dos mais mal colocados em termos de corrupção, em 17º lugar entre 22 países43, estando o México em 20º lugar e os Estados Unidos em 9º lugar no mesmo ranking. A dificuldade de medir a corrupção nesse caso colocou o Brasil entre os melhores países em uma pesquisa e entre os piores em outra, com apenas um curto espaço de tempo entre ambas. Independente de melhor ou pior colocação, o fato é que a corrupção é um resultado não desejado da burocracia (entre outros) e que, por aumentar o nível de insegurança para a realização de negócios, deve ser combatida.

O excesso de burocracia está também traduzido na complexidade de se abrir empre-sas: muitas capitais brasileiras apresentam grande número de etapas demandando

41 Fonte: IMD. Pesquisa realizada anualmente em nível mundial com respondentes de alta e média gerência de 58 países. Em 2010, a pesquisa contou com 4.460 participantes.

42 Fonte: 2010 Global Corruption Barometer: % dos entrevistados

que afirmou ter pago propina nos últimos 12 meses a pelo menos

um de 9 atores: alfândega, educação, Judiciário, serviços

ligados à terra, serviços médicos, polícia, serviços de registros

e permissões, autoridades de impostos e concessionárias de

serviços públicos.

43 Fonte: Bribe Payers Index 2008.

Page 26: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

50 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 51

tempo excessivo para esse objetivo. A descentralização de procedimentos é um dos problemas mais citados para justificar tal realidade e a observação do número de enti-dades envolvidas no processo confirma essa percepção (veja Diagrama 13).

Apesar de tal entrave ser uma realidade para a maioria das cidades brasileiras, ini-ciativas mostram que existe espaço para melhorias e que o processo de abertura de empresas pode ser agilizado. O Minas Fácil, programa liderado pelo Governo do Estado de Minas Gerais em conjunto com as juntas comerciais, mostrou avanços significativos após esforços de otimização do processo de abertura de empresas. Por meio da unifi-cação de interações da empresa com órgãos públicos e juntas comerciais, da utilização de canais de comunicação on-line e de integração de sistemas de informática, não apenas o tempo de abertura de empresas foi reduzido, mas também a segurança sobre a integridade das informações registradas aumentou (veja Diagrama 14).

Além da dificuldade de abertura de empresas, o custo para o cumprimento das obriga-ções tributárias no Brasil é ponto importante que merece ser tratado. Em pesquisa que mostra o número de horas necessárias para cálculo e pagamento de impostos seme-

DIAGRAMA 13A abertura de empresas no País envolve muitas entidades

Descentralização de procedimentos é um dos problemas mais citados como causa

1. Apenas para capital de origem estrangeira. 2. Apenas para empresas que tenham impacto ambiental. / Fonte: Doing Business, The World Bank; RFOR Advogados; análise BCG.

Entidades envolvidas na abertura de empresas

municipal

Para todos

Dependendo da atividade

estadual federal outros

Sec. Munic. da Fazenda Prefeitura

Sec. Est. da Fazenda Junta Comercial

CEF Receita Federal

Ministério do Trabalho INSS

Sindicato patronal Sindicato

dos funcionários

Sec. do Meio Ambiente Fisc. de Obras

BombeirosSec. do Meio Ambiente

Banco Central 1

IBAMA 2

FUNAI 2

ANVISA

Sindicato patronal

“É impossível abrir uma empresa sozinho hoje no Brasil. Demoraria seis meses.”

Advogado - Pinheiro Neto Advogados

“Processo de abertura de empresas é muito descentrali-zado. Note-se a quantidade de agências do governo en-volvidas no processo e o fato de que muitos documentos idênticos tem que ser entregues para cada uma delas.”

Gerente Jurídico - Arab Banking Corporation Brasil

lhantes por empresas em todo o mundo, o Brasil, representado por São Paulo, aparece como o pior do planeta, sendo o seu número de horas necessárias correspondendo a aproximadamente cinco vezes o tempo exigido pelo segundo pior entre os polos considerados (veja Diagrama 15). Entre os tributos analisados no Brasil, o que mais gera dificuldades para as empresas é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Presta-ção de Serviços (ICMS). É importante ressaltar que para o investidor em portfólio este não é um problema, já que a responsabilidade pelo cálculo e pagamento dos impostos fica a cargo do agente financeiro.

Os três grandes fatores responsáveis por este problema de pagamento de tributos no País estão associados ao número excessivo de impostos e contribuições obrigatórias, à alternância normativa em torno dos mesmos e ao número e complexidade de cumpri-mento de obrigações acessórias necessárias para o pagamento. De acordo com relatório publicado pela Ernst&Young44, o número de impostos a serem pagos por empresas no Brasil gira em torno de doze, enquanto em outros polos de negócios, como Cingapura e Hong Kong, este volume cai para três e um, respectivamente (veja Diagrama 15).

44 Fonte: Worldwide Corporate Tax Guide 2009 – E&Y.

Minas Gerais avançou criando interação com prefeitura, organizando processos internos e usando recursos on-line

1. Procedimentos e autorizações necessárias variam em cada município e são regidas pela Lei de Ocupação de Solo. Entidades geralmente envolvidas incluem Secretaria do Meio Ambiente, quando existir, Fiscalização de Obras, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária. / Fonte: Doing Business, The World Bank; entrevista com Minas Fácil – Diretoria de Projetos; análise BCG.

DIAGRAMA 14Minas Gerais simplificou abertura de empresas com interação unificada, processos internos integrados, e recursos on-line

ANTESConsulta de autorização

de endereço com prefeitura.

Obtenções de autorização de funcionamento independentes em órgãos1 municipais,

levando no mínimo 30 dias

HOJEConsulta de endereço feita via junta comercial (integração de processos)

Obtenção de alvará provisório on-line faz com que processo seja feito em 1 dia

ANTESRegistro das empresas analisado pelas juntas consultando três sistemas separados: da Junta, da Prefeitura e do Ministério da Fazenda, levando até 8 dias.

HOJEMódulo Integrados das juntas comerciais:

• Automatizou a análise, e o processo é feito tipicamente em 1 ou 2 dias

• Diminuiu a possibilidade de erros de registro

MUNICIPAL

ESTADUAL

FEDERAL

SINDICATOS

SERVIÇOS PRIVADOS

Page 27: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

52 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 53

Número de horas para cálculo e pagamentode impostos é o mais alto do mundo

GRANDES RESPONSÁVEIS: número de impostos, alterações normativas e obrigações acessórias

1. Estudo realizado em parceria com a PwC e baseado em uma empresa fictícia padrão através de diversos países. 2. Número total de impostos descritos no report E&Y. 3. Média desde 1988. 4. Trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (sendo coordenador da administração tributária nos últimos oito anos), concebeu e implantou o PROMOCAT; foi assessor especial da Assembleia Constituinte de 1988 e é consultor tributário. / Fonte: Doing Business, The World Bank; Worldwide Corporate Tax Guide 2009, E&Y; Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT); análise BCG.

DIAGRAMA 15A dificuldade de pagamento de impostos gera custo adicional às empresas

SÃO PAULO

MUMBAINOVA IORQUE

DUBAI HONG KONG

LONDRES

2.600

1.000

2.000

3.000Nº HORAS/ANO1

12 63 80 84 107 110 119 132 187 196 213 271 316 355504 517 ICMS

INSS, FGTS Sist. S

IRPJ

1.374

490

736

Dificuldade de pagamento de impostos

Número de impostos para empresas2

12

BRA

17

IND

9

USA

7

GBR

3

SGP

1

HGK

Número médio de novas normastributárias por mês por ente no Brasil3

12,7

ESTADUAL

117,2

FEDERAL

0,1

MUNICIPAL

“Apenas o ICMS possui 7 livros de escrituração obrigatórios.”Clóvis Panzarini, tributarista4

Page 28: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

54 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 55

Além disso, o volume de novas normas tributárias editadas mensalmente por todas as esferas de governo torna difícil seu acompanhamento, e o número de exigências para apuração de tributos como o ICMS aporta ainda mais complexidade. É importante notar que, enquanto para indústria e prestadores de serviços não financeiros o ICMS é um problema, para as instituições financeiras o principal entrave está na apuração do ISS, do PIS e do COFINS. Na aplicação destes três tributos existem áreas cinzentas que não só aumentam a burocracia como geram incerteza sobre o processo.

O nível de burocracia enfrentado pelo Brasil hoje não é novidade, e diversas iniciativas e con-quistas foram realizadas ao longo das últimas décadas para superar essa adversidade. Entre as iniciativas, pode-se citar a criação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), que visa desenvolver competências em servidores e melhorar a qualidade da prestação de serviços públicos; o Programa Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros (PNAFE), que foca na melhoria das questões tributárias; e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), entidade que, entre outras coisas, atua em programas de modernização da gestão pública. Além destas iniciativas, destaca-se também a utilização cada vez mais intensa das tecnologias digitais para agilizar processos de interação entre as esferas pública e privada, exemplificada pela implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).

Como exemplo de referência mundial, o Better Regulation Executive, uma organização do governo do Reino Unido, se dedica exclusivamente a atacar o problema por meio de programas estruturados. Entre estes, destacam-se a melhoria da distribuição da informação entre órgãos públicos, a redução do número de registros necessários, e o engajamento de servidores no entendimento de processos e serviços públicos para a disseminação de melhores práticas.

Outro ponto importante que influencia a realização de negócios é o nível de flexibilidade no mercado de trabalho. O Brasil está entre os países menos flexíveis, ficando bastante atrás do Chile e dos Estados Unidos, por exemplo, principalmente nas questões relacio-nadas à contratação de pessoas (veja Diagrama 16). Apesar disso, nos processos de de-missão, o Brasil não se posiciona mal. É preciso tomar cuidado para que esta posição não seja enfraquecida (por exemplo, com uma possível adoção da Convenção 158 da OIT45), preservando a alocação eficiente de empresas e pessoas para a realização de negócios.

Ainda que o Brasil enfrente uma situação desafiante em relação à burocracia, é importante reconhecer os esforços já realizados, solidificar as iniciativas existentes e seguir o exemplo de polos de negócios de sucesso. Por exemplo, o Instituto Hélio Beltrão, think-tank sobre problemas burocráticos no Brasil, atua em diversas frentes, como a assistência a programas de desburocratização, consolidação e análises sobre o tema, promoção de seminários e enca-minhamento de sugestões para o Estado – inclusive relacionadas ao desafogamento dos tri-bunais. O Instituto é, no entanto, uma organização independente, sem apoio governamental.

Indicadores

Também foram definidas dimensões para avaliar o pilar de ambiente institucional:

• Estabilidade política: A atratividade de um país normalmente é bastante impactada por sua situação política. Portanto, quanto mais estável, democrático e desprovido de violências políticas, mais atrativo será o país;

45 Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Torna o processo de desligamento de funcionários muito mais burocrático e rígido. Se adotadas, as exigências incluem: justificativa, por escrito, de motivos do desligamento às autoridades competentes; direito à contestação de demissão; inclusão de sindicatos em negociações individuais de demissão; e abertura de processo judicial em caso de discordâncias. Dos 183 países membros da OIT, apenas 35 ratificaram o acordo e, destes, apenas seis são desenvolvidos (Austrália, Finlândia, França, Luxemburgo, Portugal e Espanha). Fonte: OIT.

DIAGRAMA 16O Brasil não está bem posicionado em relação à flexibilidade do mercado de trabalho

Flexibilidade do mercado de trabalho (% de países em cada situação1)

Período de aviso prévio (meses) 2: 25% 1: 63% 0: 13%

Custo de demissão (semanas de trabalho)2 0: 20%2 a 6: 27%8 a 11: 27%20 ou +: 27%

Existência de regras de reemprego sim: 31% não: 69%

Obrigação de retreinamento ou realocação

antes de demissãosim: 38% não: 63%

Necessidade de aprovação de terceiros sim: 13% não: 88%

Férias concedidas anualmente (dias) 21 a 30: 31% 11 a 20: 44% até 10: 25%

Custo de hora extra para a empresa (% sobre custo

padrão de hora)100: 19% 0: 13%50: 50% 25 a 40: 19%

Tempo máximo de duração de contratos

temporários (meses)até 24: 31%

até 60sem limite: 63%6%

Permissão de contratos temporários para

atividades permanentesnão: 25% sim: 75%

1. Países inclusos na avaliação: Brasil, México, Chile, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Cingapura, Hong Kong, China, Japão, Índia, Rússia, Coreia do Sul, Austrália, Canadá. 2. Medida baseada em funcionários que tenham ficado no emprego durante cinco anos. / Fonte: Doing Business 2011, The World Bank; análise BCG.

CONT

RATA

ÇÃO

EMPR

EGO

DEM

ISSÃ

O

nível de flexibilidade

- +

Page 29: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

56 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 57

• Qualidade regulatória: Mede a clareza normativa do país, incluindo a clareza de defini-ção do papel das agências reguladoras e o grau de delegação de poder, quando necessário;

• Segurança jurídica: Tenta medir a certeza sobre o cumprimento de normas no país, ou seja, a efetividade das normas e regras. Há uma relação direta entre insegurança jurídica e custos de operação oriundos de disputas judiciais, interpretações dúbias de contratos e longa duração de litígios;

• Flexibilidade do mercado de trabalho: Quando esta dimensão está presente em um polo, tende a torná-lo mais dinâmico, pois os ajustes de oferta e demanda de mão de obra acontecem mais rapidamente. Para tal, considera-se importante que contratações e dispensas possam acontecer rapidamente e que não sejam tão onerosas ao empregador. Além disso, modelos flexíveis de contratação tornam um polo de negócios mais atrativo;

• Facilidade de abrir negócios: Ilustra parte da burocracia enfrentada para se fazer negócios em um país, considerando tanto a complexidade burocrática para se abrir um negócio, quanto o tempo para a abertura;

• Facilidade para empresas pagarem impostos: Calcula as horas necessárias para pagar tributos sobre valor adicionado, produção industrial e lucro, considerando uma mesma empresa-modelo padrão em diversos países. Claramente, quanto maior a faci-lidade de pagar os impostos, menos tempo é gasto, menos custos são incorridos pelas empresas e menor é a exposição à não conformação involuntária.

O resultado da classificação do Brasil nas dimensões do pilar de ambiente institucional diante dos outros países pode ser observada a seguir:

FACILIdAdE PARA EMPRESAS PAGAREM IMPOSTOS

FACILIdAdE dE ABRIR NEGóCIOS

FLEXIBILIdAdE dO MERCAdO dE TRABALHO

SEGURANçA JURÍdICA

crítico a desenvolver bom excelente

JPN USA HKG

GBR SGP

RUS CHN CHLMEX

FRA dEUINd KORQUALIDADE REGULATÓRIA2.

FRA KOR JPNdEU USA SGPGBRCHLCHN

MEX HKGINdRUS4.

JPNKOR USA SGP GBR

MEX CHN

INdRUS

CHL FRA5.

dEU FRA HKGUSA

KOR GBR SGPCHN CHL

RUSJPNMEX INd6.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

JPN

SGPGBR

HKGUSA

FRA

RUS

KOR

INd CHLMEX

CHNESTABILIdAdE POLÍTICA1.

dEU

JPNKOR HKG SGP GBRCHLMEX INdRUS3.

FRA dEUUSACHN

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

Page 30: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

58 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 59

As dimensões medidas neste pilar refletem o fato de que, apesar de o Brasil apresen-tar estabilidade política por meio de uma democracia madura e com pouca violência política, ainda existem outras dimensões que podem evoluir para aumentar a atrativi-dade do País. A qualidade regulatória e a segurança jurídica são vistas como medianas, ao passo que as condições que diretamente impactam o desenvolvimento de negócios deixam bastante a desejar, como observado na baixa flexibilidade do mercado de trabalho e na dificuldade para se abrir empresas e pagar impostos.

Conclusão

O ambiente institucional de um país é determinante para o grau de desenvolvimento econômico que o mesmo é capaz de alcançar e, portanto, para sua atratividade como polo. O Brasil se consolidou como uma democracia forte e pode continuar avançando na utilização do sistema político para aperfeiçoar o País como um todo, minimizando influências partidárias em políticas que devem ser contínuas e de Estado.

São bastante relevantes os problemas enfrentados pelo ordenamento jurídico do Brasil. As normas ainda sofrem de instabilidade e falta de clareza, que precisam ser tratadas, exigindo esforços de todos os envolvidos nos processos legislativos. Em paralelo, a im-plantação de melhorias no Sistema Judiciário precisa ser continuada, objetivando reduzir o nível de insegurança jurídica, acelerar o prazo de processos judiciais e melhorar a resolução de disputas.

Por fim, a burocracia precisa ser atacada com firmeza. É importante pensar separa-damente em cada um dos aspectos que impactam a realização de negócios no País — como no pagamento de tributos e na abertura de empresas — e atuar nestes pro-blemas. Buscar a modernização das leis trabalhistas é outro ponto relevante. Mais do que isso, é necessário que se transforme a mentalidade do Estado como prestador de serviços para as empresas e para os cidadãos, fazendo com que, de fato, estes sejam vistos como clientes. Medidas como estas sugeridas têm a capacidade de imprimir um novo dinamismo à realização de negócios no País e de projetar ainda mais o Brasil como um atrativo polo de negócios.

O PAÍS ENFRENTA SÉRIOS PROBLEMAS DE ORDENAMENTO JURÍDICO, COM INSTABILIDADE

E FALTA DE CLAREZA NORMATIVA, ALÉM DA NECESSIDADE DE COMBATE CONSTANTE

AO EXCESSO DE BUROCRACIA

Page 31: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

60 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 61

03tAlentos e cApitAl humAno

Um polo de negócios baseia-se na existência de atividades que suportem a interação econômica entre diferentes agentes. Por sua natureza, a formação deste centro de-pende integralmente da existência de um conjunto de talentos estruturado e desen-volvido, o qual possa fornecer mão de obra e conhecimento técnico necessários para a realização de todas as atividades.

Portanto, por estar baseado em uma economia de serviços, um polo tem demanda ainda mais intensa por talentos, já que o setor de serviços é o que mais exige qualifi-cação de pessoas: no Brasil, 67% dos empregados no segmento de serviços têm pelo menos ensino médio completo e 25% têm ensino superior completo, proporções que caem para 43% e 9%, respectivamente, no restante da economia brasileira46.

A importância de talentos é reforçada pela preocupação cada vez maior das empresas em conseguirem acessar trabalhadores de maneira garantida. Um relatório elaborado pelo The Boston Consulting Group (BCG) em conjunto com a Federação Mundial de As-sociações de Gestão de Pessoas (WFPMA)47 revelou que, no mundo, em média, 24%48 das empresas consideram mudar de localidade em busca de trabalhadores, tendência que vem seguindo a percepção de que talentos devem se tornar ativos cada vez mais escassos nos próximos anos.

Serão exploradas, a seguir, a situação atual e as oportunidades de ação sobre o con-junto brasileiro de talentos diante da necessidade de consolidá-lo para permitir a for-mação de um polo de negócios no País. A análise se dará por meio dos três elementos principais, formadores de um conjunto de talentos: demografia, formação de pessoas e circulação.

Apesar de partir de base demográfica sólida e positiva, o conjunto de talentos brasilei-ro não tem boa colocação se comparado ao de outros países. Ao contrário: o País é o 25º colocado entre 30 países do Global Talent Index49 (veja Diagrama 17). Além disso, as empresas têm a segunda maior dificuldade global de contratar pessoas no Brasil, de acordo com a ManPower50 , empresa de serviços de recursos humanos. Essas barreiras se devem especialmente a lacunas na formação e circulação de talentos.

46 Dados referentes ao total de empregados formais no Brasil ao final de 2009. Fonte: RAIS-CAGED.

47 Fonte: World Federation of People Management Associations: Creating People Advantage: How to Address HR Challenges Worldwide through 2015.

48 Média simples entre a porcentagem das diversas regiões.

49 Fonte: Heidrick & Strugles, Global Talent Index.

50 Fonte: ManPower 2010 Talent Shortage Report.

DIAGRAMA 17Conjunto de talentos brasileiros é 25º colocado entre 30 países

Brasil está em 25º lugar de 30 países no Global Talent Index 2012:

Estados UnidosReino Unido CanadáHolanda Suécia ChinaAlemanha AustráliaFrançaÍndiaEspanha MalásiaCoreia do Sul JapãoPolônia

1.2.3.4.5.6.7.8.9.

10.11.12.13.14.15.

ItáliaUcrânia RússiaMéxicoGréciaArgentinaTailândia África do Sul EgitoBrasilTurquia Arábia SauditaNigériaIndonésiaIrã

16.17.18.19.20.21.22.23.24.25.26.27.28.29.30.

Formação e circulação de talentos são as principais lacunas brasileiras:

Demografia

Qualidade do ensino obrigatório

Qualidade do ensino nas universidades e escolas de negócio

Mobilidade e abertura no mercado de trabalho local

Capacidade de atrair talentos de outros países

Demografia 5º

23º

26º

23º

24º

Formação de talentos

Circulação de talentos

Nota: Além dos itens apresentados, o ranking considera também “Qualidade do ambiente para gerar e desenvolver talentos”, em que o Brasil está em 19º lugar, e “Capacidade para atrair investimentos estrangeiros diretos”, em que o país está em 18º lugar. / Fonte: Global Talent Index, Heidrick & Strugles.

demografia

A demografia é a base bruta para a formação de um conjunto qualificado de talentos: a disponibilidade de População Economicamente Ativa (PEA) determina a matéria-prima para formar a força de trabalho de um país.

Em demografia, o Brasil parte de grande vantagem estrutural, sendo a maior econo-mia do mundo a apresentar crescimento de PEA suficiente para suprir o crescimento esperado na demanda por pessoas para o trabalho51. Um estudo divulgado pelo BCG em conjunto com o Fórum Econômico Mundial (WEF) no início de 201052 mostra que todas as economias atualmente maiores do que a brasileira – Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Reino Unido – terão demanda por pessoas crescendo a taxas maiores do que a oferta (veja Diagrama 18).

Diante da perspectiva de escassez de talentos já vivida por diversos países com po-pulação de maior idade média, empresas afirmam que dependerão menos de recru-

51 Oferta e demanda avaliadas na seção de demografia são puramente quantitati-vas, isto é, não consideram a qualificação

das pessoas.

52 Fonte: Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility.

Page 32: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

62 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 63

tamento local, aumentarão o recrutamento internacional e considerarão mudar de localidade em busca de maior disponibilidade de trabalhadores (veja Diagrama 19).

O Brasil tem capacidade para atrair empresas e transformar seu conjunto de talentos em um dos diferenciais de seu polo de negócios, considerando-se a base demográfica favo-rável e rara em grandes economias. Para isso, não basta ter, no entanto, um número sufi-ciente de pessoas, mas garantir fortalezas também nos outros dois elementos do conjunto: formação e circulação.

Se não os tiver desenvolvidos, o conjunto de talentos brasileiro poderá contribuir para o efeito contrário: o de esvaziamento dos negócios nacionais devido à simples exportação de pessoas para outras economias, dado o aumento do recrutamento internacional por outros países.

DIAGRAMA 19As estratégias das empresas serão moldadas pela busca por talentos

2007 2010 - 2015

Empresas devem reduzir recrutamento local...

AMÉRICA DO NORTE1

AMÉRICA LATINA2

EUROPA3

ÁFRICA4

ÁSIA EMERGENTE5

ÁSIA DESENVOLVIDA6

REGIÃO DO PACÍFICO7

81

44

52

39

82

59

70

52

81

52

72

41

78

62

% de empresas que apontaramrecrutamento local como chave

... aumentar recrutamento internacional...

22

48

27

57

33

60

22

64

25

52

23

56

20

60

% de empresas que apontaramrecrutamento internacional como chave

... e mudar de localização em busca de talentos

7

18

8

32

6

22

11

25

16

38

9

19

3

14

% de empresas que consideram mudarde localização para encontrar talentos

1. Estados Unidos e Canadá. 2. Brasil, Argentina e Chile. 3. Alemanha, França, Rússia, Reino Unido, Itália, República Tcheca, Dinamarca, Espanha, Irlanda, Países Baixos, Suíça e Bélgica. 4. África do Sul. 5. China e Índia. 6. Cingapura, Japão e Coreia do Sul. 7. Austrália. / Fonte: BCG People Advantage Report , 2008 e 2010.

É PRECISO QUALIDADE NO ENSINO BÁSICO, NO SUPERIOR, ALINHAMENTO COM O MERCADO, INTERNACIONALIZAÇÃO E FOCO EM PESQUISA

E DESENVOLVIMENTO

1. Valores apresentados são resultados do cálculo: crescimento anual da demanda por trabalhadores menos crescimento anual da PEA. Refere-se à média dos cenários com crise e sem crise. Crescimentos anuais calculados entre 2010 e 2020. Nota: Dados apresentados com base em visão quantitativa, não refletem fatores qualitativos (ex.: qualificação). / Fonte: Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility, BCG & WEF.

DIAGRAMA 18O Brasil é a maior economia do mundo que terá equilíbrio positivo entre oferta e demanda por PEA

BRA1,6%

MEX0,4%

ESP0,1%

FRA-0,7%

JPN-2,3%

CHN-1,7%

KOR-2,6%

TUR -1,3%

IDO-O,3%

CAN-0,3%

USA -0,6%

POL -2,6%

RUS -0,6%

SUE 0,3%

DEU -0,7%GBR

-1,1%

AUS -1,2%

ZAF 0,9%

IDN 1,8%

EGY2,0%

ITA -1,3%

Falta de mão de obra1 Falta ou excesso limitados 1 Aumento de mão de obra1 Diferença entre crescimento da oferta e da demanda por trabalhadores1, 2010-2020

Page 33: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

64 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 65

Formação de pessoas

A educação ampla, base para a formação de talentos, tem história recente no Brasil e já alcançou avanços importantes, embora precise evoluir significativamente em termos de quantidade, qualidade, alinhamento às necessidades do mercado e internacionalização.

A educação no Brasil teve estruturação tardia: somente em 1930 o País criou o Minis-tério da Educação e transformou a educação básica em compulsória, o que já havia acontecido em países da Europa e da América do Norte durante o século xIx. A partir dos anos 1930, a educação no Brasil evoluiu bastante, tendo aumentado de 9% para 86% a taxa de escolarização, de 30% para 90% a taxa de alfabetização e de 1 milhão para 42 milhões o número de matrículas nos ensinos fundamental e médio.

Atualmente, o Brasil já apresenta taxa de matrícula líquida53 no ensino fundamental de 93%54, superior à média global e próxima da universalização. No ensino médio, a taxa de matrícula líquida é de 77%54, superior à média global, mas ainda distante da universaliza-ção. Em se tratando de ensino superior, a taxa de matrícula cai para 30%, inferior à média global, de 38%54. As lacunas quantitativas brasileiras concentram-se, portanto, nos ensinos médio e superior (veja Diagrama 20).

As lacunas brasileiras em qualidade de ensino são ainda maiores do que em quan-tidade. Apesar de ter evoluído, o País ainda registra uma das piores notas no PISA55, avaliação internacional do ensino básico, com pontuação inferior à média dos países avaliados. Considerando o Brasil isoladamente, a média nacional dos alunos da rede pública de ensino na Prova Brasil/SAEB56 está, no ensino fundamental, no limite infe-rior da faixa esperada, e, no ensino médio, abaixo da faixa (veja Diagrama 21).

53 Taxa de matrícula calculada somente sobre população em idade escolar. A taxa de matrícula bruta no ensino primário brasileiro foi de 130% em 2007, de acordo com a UNESCO.

54 Fonte: UNESCO. Dados de 2007.

55 Fonte: Programme for Interna-tional Student Assessment: prova periodicamente aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anos de 65 países.

56 Média das notas de Matemática e Português nas provas aplicadas às escolas públicas no Brasil por meio do SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) até 2005 e na Prova Brasil de 2005 a 2009. Dados referentes aos anos de conclusão de cada ensino.

DIAGRAMA 21A qualidade do ensino básico é crítica no Brasil

Desempenho nacional é baixo no ensino fundamental e insuficiente no ensino médio

Média nacional1 do ensino fundamental

0

220

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

240

260

280

300

320

340

média

médias esperadas: 201 a 325ensino fundamental no limite inferior da faixa esperada

255239

246

Média nacional1 do ensino médio

0

300

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

400

500

média

médias esperadas: 326 a 500

ensino médio abaixo da faixa esperada

286272

HONG

KON

G

546

CING

APUR

A

543

CORE

IA D

O SU

L

541

JAPÃ

O

529

CANA

527

AUST

RÁLI

A

519

CHIN

A

519

ALEM

ANHA

510

REIN

O UN

IDO

500

FRAN

ÇA

497

USA

496

RÚSS

IA

468

CHIL

E

439

MÉX

ICO

420

BRAS

IL

401

ARGE

NTIN

A

396

Brasil tem baixo desempenho no exame internacional PISA

Média PISA2 2009

Apesar do baixo desempenho, Brasil teve a terceira maior

melhoria entre os 65 países participantes

média da OCDE: 497

1. Média das notas de Matemática e Português. Refere-se ao SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) até 2005 e à Prova Brasil de 2005 a 2009, aplicada a escolas públicas. Dados referentes aos anos de conclusão de cada ensino. 2. Programme for International Student Assessment – OCDE aplicado a 65 países em 2009 – OCDE + convidados. / Fonte: “A Ignorância custa um mundo” de Gustavo Ioschpe; MEC; OCDE; IMD; análise BCG.

DIAGRAMA 20País tem ensino básico perto da universalização, mas precisa evoluir, especialmente nos ensinos médio e superior

Ensino Primário Ensino Secundário Ensino Terciário

Taxa de matrícula líquida1 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

100

80

60

40

20

JPN CHL BRAMEX

98

8577

71

top 10: 94%

média global: 68%

Taxa de matrícula líquida1 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

100

80

60

40

20

JPN CHL BRAMEX

100 98top 10: 99%

média global: 88%

94 93

Taxa de matrícula total2 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

100

80

60

40

20

JPN CHL BRAMEX

5852

top 10: 79%

média global: 38%

3026

1. Não inclui matriculados repetentes e fora da idade escolar 2. Considera repetentes e pessoas fora da idade escolar Nota: Ensino primário inclui anos 1 a 5 do ensino fundamental. Secundário inclui anos 6 a 9 do fundamental e ensino médio. Terciário inclui ensinos técnico e superior. / Fonte: UNESCO; análise BCG.

Page 34: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

66 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 67

Outro aspecto em que o Brasil também deixa a desejar é no alinhamento do ensino superior às necessidades do mercado, sendo o quinto pior entre 58 países, de acordo com uma pesquisa entre executivos conduzida pelo IMD57. Uma ilustração deste desali-nhamento é a taxa de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): abaixo de 25% no Rio de Janeiro e em São Paulo, em comparação a 76% e 46% nos Estados Unidos e na França, respectivamente, em exames com o mesmo objetivo58.

Uma terceira lacuna brasileira em formação de talentos refere-se à internacionaliza-ção. O País tem alinhamento do ensino de idiomas e fluxo internacional de estudantes bastante inferiores às médias internacionais (veja Diagrama 22).

Existem iniciativas já em andamento que mostram um possível caminho para a melhoria do ensino básico no Brasil, e estas devem ser ampliadas para o tratamento completo da situação. Iniciativas públicas, como a obrigatoriedade do ensino médio a partir de 2016 (veja Quadro C), o Fundeb, que garante fundos mínimos para a educação básica, e a Prova Brasil, que permite o acompanhamento nacional do ensino público, se bem estruturadas, geridas e dimensionadas, podem imprimir melhorias significativas na situação do Brasil.

Ao mesmo tempo, as iniciativas não governamentais, como o Movimento Todos Pela Edu-cação, os Institutos Ayrton Senna e Unibanco, a Fundação Bradesco e o projeto Amigos da Escola, assim como muitas outras organizações não governamentais (ONGs) e institutos com o mesmo objetivo, contribuem para a melhoria do ensino no País. Além disso, a entrada do Brasil na fase de dividendo demográfico fez com que a população em idade escolar deixasse de crescer, reduzindo a pressão por investimentos em quantidade de ensino e permitindo maior foco em qualidade. O País conta com o momento e as ferramentas para melhorar a formação básica de pessoas – é necessário agir com o empenho e a estratégia corretos.

Também existem iniciativas públicas e privadas para a melhoria do ensino superior e pro-fissionalizante. Em São Paulo, o Centro Paula Souza, do governo estadual, conta com mais de 199 mil alunos em ensino técnico, constituindo uma referência para alinhamento entre formação e necessidades do mercado. O governo federal também atua para ampliar a oferta de vagas em escolas públicas nos ensinos técnico e superior por meio da abertura de novas escolas e também concedendo bolsas para alunos em escolas particulares por intermédio dos programas PRONATEC, no ensino técnico, e PROUNI, no ensino superior (veja Quadro C). Na iniciativa privada, por exemplo, as empresas Totvs, brasileira, e Infosys, indiana, também mostram esforços de aproximação com a academia por meio da contribuição com aulas e es-trutura de formação superior – as empresas enxergam a oportunidade de formar pessoas com o conhecimento necessário às suas atividades. Iniciativas como essas devem ser ampliadas para acelerar a formação de pessoas qualificadas necessárias ao polo de negócios brasileiro.

Com relação à internacionalização da formação de pessoas, novamente o Brasil encontra exemplos a serem seguidos. No ensino de idiomas, o governo do Rio de Janeiro aumentou o número de anos de aprendizado obrigatório do inglês e do espanhol, já se preparando para os eventos esportivos de 2014 e 2016. Também com foco nestes eventos, o Sindicato dos Autônomos de São Paulo ensina línguas para seus associados (como taxistas).

Na internacionalização de estudos, grande parte das universidades e faculdades do País, públicas e privadas, se empenha na realização de parcerias internacionais para a realiza-ção de intercâmbios, e o Erasmus, associação internacional de estudantes na Europa, é exemplo de iniciativa que pode promover maior integração internacional de estudantes

57 Fonte: International Institute for Management Development (IMD) Executive Opinion Survey.

58 Dados dos Estados Unidos, referentes a Nova Iorque, e da França, a Paris.

DIAGRAMA 22A internacionalização da formação de talentos no Brasil é baixa e não atende às necessidades do mercado

Ensino de línguas no Brasil é pouco alinhado às necessidades do mercado

Estudos no Brasil são pouco internacionalizados

MÉXICO

JAPÃO

BRASIL

BRASIL

ÍNDIA

MÉXICO

CHINA

RÚSSIA

CHILE

JAPÃO

USA

COREIA DO SUL

ALEMANHA

CANADÁ

CINGAPURA

FRANÇA

HONG KONG

REINO UNIDO

AUSTRÁLIA

CHILE

REINO UNIDO

RÚSSIA

FRANÇA

USA

CHINA

COREIA DO SUL

HONG KONG

AUSTRÁLIA

ALEMANHA

ÍNDIA

CANADÁ

CINGAPURA

3,1 0,1

0,1

0,2

0,4

0,7

0,8

1,4

2,2

3,0

3,3

3,4

4,0

4,8

5,8

6,0

6,9

3,1

3,1

3,2

3,7

3,7

3,8

4,5

4,6

5,0

5,2

5,5

6,9

7,0

7,2

8,1

Média do grupo: 2,7Média do grupo: 4,8

Alinhamento do ensino de línguas às necessidades do mercado - notas de 0 (mín.) a 10 (máx.)

Fluxo internacional de estudantesEntradas e saídas por mil habitantes

Fonte: IMD WCY Executive Survey; análise BCG.

Entrada Saída

Page 35: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

68 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 69

no Brasil, especialmente na América Latina. Ainda em internacionalização da formação, a AIESEC, organização internacional também presente no Brasil, proporciona a estudantes e recém-formados a oportunidade de trabalhar em países estrangeiros para comple-mentar sua formação. Essas iniciativas, entre outras, mostram um caminho que deve ser intensificado para a consolidação e a excelência do conjunto de talentos brasileiro.

QUADRO CAs contribuições públicas ao avanço brasileiro nos ensinos médio, técnico e superior

O Brasil vive hoje um período ímpar para o aumento de seus ensinos médio, técnico e superior:• O ensino básico está quase universalizado e libera atenções para os ensinos de níveis mais elevados;• O maior nível de instrução dos pais brasileiros contribui para o aumento da consciência sobre a

importância do estudo em níveis superiores, mesmo entre as camadas mais pobres da população, o que resulta, por exemplo, em quase 70% dos jovens da classe C já terem nível de escolaridade superior ao de seus pais;

• O ensino médio se tornará obrigatório em 2016, o que abre discussões e iniciativas para dis-ponibilizar vagas a todos os jovens brasileiros;

• Empresas e governo se conscientizam ainda mais sobre o impacto da falta de talentos qualifi-cados na economia e começam a agir, separadamente e em conjunto, para aumentar a qualificação da PEA brasileira.

Em resposta a essa oportunidade apresentada, alguns passos importantes têm sido dados na es-fera pública e contribuem com avanços na área:

• O governo discute realizar a ampliação do ensino médio, em linha com sua obrigatoriedade em 2016, em um modelo conjugado ao ensino técnico. Para esse objetivo, deve contar tanto com ampliação de sua rede de escolas técnicas, quanto com as ações das entidades privadas do chamado “Sistema S*”, com foco nos segmentos que as mantêm;

• O Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (PRONATEC) foi anunciado no início de 2011 pelo governo federal e concederá bolsas e financiamento em escolas privadas a alunos do ensino técnico com menores condições financeiras;

• O Programa Universidade para Todos (PROUNI) foi criado pelo governo federal em 2004 e fornece bolsas integrais e parciais em escolas particulares de ensino superior a alunos com renda per capita familiar inferior a três salários mínimos. O programa foi responsável por mais de 164 mil bolsas no primeiro semestre de 2010.

Os avanços realizados por essas iniciativas públicas indicam a direção do caminho a ser seguido para o aumento dos ensinos médio, técnico e superior no Brasil, mas não são suficientes. O cami-nho iniciado deve ser ampliado e intensificado.

* Organizações privadas constituídas pelos setores produtivos (indústria, comércio, serviços e outros) para qualificar seus trabalhadores, entre outras funções. São elas: SENAI, SENAC, SESC, SENAR, SENAT, SEST, SEBRAE e SESCOOP.

Circulação de talentos

A circulação de talentos envolve a entrada de profissionais estrangeiros no País e a saída de talentos brasileiros para atuar no exterior, movimentos que devem se tornar cada vez mais intensos com a expansão da globalização e a escassez de talentos nas grandes eco-

Page 36: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

70 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 71

nomias mundiais. Ambos os movimentos, chamados também de brain gain e brain drain, respectivamente, geram ganhos e perdas ao País, mas, se bem geridos, podem resultar em um saldo bastante positivo.

O tema da entrada de profissionais internacionais no Brasil geralmente traz a precon-cepção negativa de se ocupar com estrangeiros as vagas que poderiam ser preenchi-das por brasileiros. Entretanto, esse ingresso pode ser utilizado para trazer pessoas de qualificação não existente no País no curto prazo, ou seja, para suprir lacunas tempo-rárias de oferta. A entrada de estrangeiros no Brasil também traz ganhos em termos de aumento do conhecimento técnico nacional em novos assuntos e em aspectos de internacionalização, além de contribuir para a imagem brasileira no exterior.

A saída de talentos do Brasil para trabalhar no exterior significa a redução da disponibilida-de de mão de obra qualificada no País, movimento muitas vezes inevitável. O Brasil pode, no entanto, geri-lo para diminuir seu impacto, ao criar uma economia atraente para talen-tos nacionais e ao assegurar a captura de seus benefícios. Brasileiros expatriados podem voltar ao País trazendo conhecimento e recursos que contribuem para o desenvolvimento doméstico, assim como para o fortalecimento da imagem nacional no exterior.

O Brasil não está bem posicionado na atração de talentos internacionais e nem na gestão de talentos brasileiros que vivem no exterior. Leis e a própria imagem do País não con-tribuem para o ingresso de estrangeiros – a legislação brasileira de vistos é complexa e o processo para obtenção de documentos é longo e oneroso, fazendo com que as empresas nacionais tenham que manter vagas em aberto por muito tempo por não encontrarem recursos internos e não poderem trazer os internacionais. A atração de talentos internacio-nais não é, portanto, usada pelo governo brasileiro de forma eficaz como ferramenta para a formação de um conjunto nacional de talentos.

Apesar de estar mal colocado em atração de talentos, o Brasil começa a realizar avanços ao se projetar como potencial destino para profissionais de pesquisas e desenvolvimento, por exemplo. As vantagens de financiamento de pesquisas e a liderança do País em alguns tópicos específicos, como medicina tropical, bioenergia e biologia vegetal, têm atraído pes-quisadores internacionais. Seguindo essa tendência, grandes empresas, como a General Electric, a IBM e a L’Oreal, estão construindo centros de pesquisa e desenvolvimento no País.

O Brasil também não desempenha bem na gestão de seus expatriados, os quais somam mais de 3 milhões. Não existe uma rede organizada de manutenção de contato com expa-triados para manter seu vínculo com o País e, dessa forma, elevar a probabilidade de volta e de envio de investimentos.

Países como Austrália, Canadá e Reino Unido mostram exemplos de ações de sucesso de atração de talentos de forma estratégica para a formação do conjunto nacional de talentos. A Austrália, por exemplo, conta com programas de atração e emissão facilitada de vistos para os tipos de profissionais que estejam em falta no país, sendo a lista de trabalhadores necessários atualizada constantemente e acessível para o público. O Canadá e o Reino Uni-do adotaram um sistema de pontuação para concessão de vistos de trabalho, o qual balan-ceia suas necessidades à especialização dos imigrantes. No caso do Brasil, seria necessário mapear as deficiências de curto prazo, simplificar o processo de imigração para os tipos de profissionais em falta e estruturar iniciativas de atração dos mesmos de forma proativa.

No caso da gestão do brain drain, o Brasil poderia evoluir ao seguir exemplos como os de Ín-dia e Chile, que mantêm redes de contatos oficiais com seus expatriados, já tendo verificado resultados positivos de retorno de pessoas e de ingresso de investimentos advindos delas.

Tendo historicamente uma visão protecionista da mão de obra local, o Brasil não pos-sui bom desempenho na gestão da circulação de pessoas, um dos elementos-chave para a formação de um forte conjunto de talentos. Faz-se então necessário o início de esforços nacionais em direção a ganhos nessa área.

Indicadores

As dimensões definidas para avaliar o pilar de talentos e capital humano foram:

• Contingente demográfico: Mede a projeção de disponibilidade da população economi-camente ativa (PEA) em comparação à projeção de demanda de trabalhadores em cada país. Este indicador aponta se há matéria-prima humana para constituição de um conjunto de talentos – quanto maior o excesso de crescimento da PEA comparada à demanda de profissionais, melhor para o polo;

• Quantidade de ensino básico: Mensura o primeiro nível de qualificação dos talentos de um país, isto é, se todos recebem educação básica;

• Qualidade do ensino básico: Apenas obter educação não é suficiente, caso não se tenha qualidade. Portanto, esse indicador procura apontar o nível de qualidade do ensino básico oferecido;

• Quantidade de ensino superior: Reflete o nível seguinte da qualificação dos talen-tos do país por meio da taxa de matrículas no ensino superior;

• Alinhamento do ensino superior ao mercado: Indica se o conteúdo do ensino su-perior, tanto técnico quanto universitário, está sintonizado às demandas profissionais do mercado. Quanto maior o alinhamento, melhor a atratividade do país;

• Internacionalização de estudos (idiomas e vivência): Esse indicador mede as duas ver-tentes do caráter internacional da educação – o intercâmbio educacional entre países e o alinhamento do ensino de idiomas às necessidades do mercado de trabalho. Quanto mais internacionalizada a formação das pessoas, melhor preparado estará o conjunto de talentos do país para atender às necessidades de um polo internacional;

• Disponibilidade de gestores e engenheiros de qualidade: Avalia se há um bom número de gestores e engenheiros de qualidade, profissionais demandados por em-presas que pensam em se instalar no país;

• Intensidade de pesquisa e desenvolvimento: Aponta o quanto de pesquisa e desen-volvimento é feito no país, o que está associado à geração de capital intelectual que, por sua vez, contribui para a atratividade de um polo. Esse indicador é medido pelo número de pessoas desempenhando trabalho de pesquisa e desenvolvimento sobre a população total;

• Atratividade do país para talentos internacionais: Mostra a percepção dos empresá-rios de cada país, através de pesquisa, sobre o quão atrativo o próprio país é para profis-sionais internacionais;

• Complexidade de imigração de talentos: Afere a simplicidade ou a dificuldade para en-trada de profissionais estrangeiros no país, os quais trazem conhecimento e vivência externos e suprem lacunas temporárias de capacitações específicas no conjunto nacional de talentos;

• Gestão da diáspora: Indica se há mecanismos em prática para gerir os cidadãos

A VANTAGEM DEMOGRÁFICA NÃO ANULA OPORTUNIDADES DE MELHORIA NA FORMAÇÃO DE PESSOAS E NA CIRCULAÇÃO DE TALENTOS PARA TRANSFORMAR O POTENCIAL DE HOJE EM GANHOSREAIS PARA A NAÇÃO

Page 37: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

72 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 73

do país que se encontram em outros lugares do mundo. A gestão da diáspora de um polo é chave, pois os expatriados constituem potenciais talentos que podem retornar à nação ou promover o país de origem nos mercados em que se encontram.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de talentos e capital humano diante dos outros países pode ser observado a seguir:

As dimensões deste pilar apontam a positiva situação do Brasil em disponibilidade de pessoas para seu conjunto de talentos e satisfatória taxa de matrículas para o ensino básico. Ao mesmo tempo, explicita os vários desafios da nação em todas as outras dimensões, dado que o Brasil apresenta classificação geralmente crítica ou a desenvolver.

Conclusão

O conjunto de talentos brasileiro, chave para a formação de um polo de negócios, par-te de uma vantagem demográfica não existente em outras grandes economias. Há, no entanto, a oportunidade de melhorar a formação de pessoas e a circulação de talentos para transformar o potencial existente hoje em vantagem competitiva real no futuro.

As iniciativas necessárias ao País não são inéditas – a grande maioria já existe no Brasil e deve ser aprimorada e ampliada para garantir os efeitos necessários. Uma outra parte, especialmente no campo de circulação de talentos, pode ser estruturada a partir dos exemplos internacionais. Além disso, um tipo de iniciativa hoje ausente no País poderia também aumentar o desempenho do conjunto de talentos brasileiro: seguin-do o exemplo do Reino Unido e da Austrália, o Brasil poderia criar um órgão para co-ordenar todas as atividades e acompanhar o desenvolvimento do conjunto de talentos locais. No Reino Unido, os Sector Skills Councils são organizações público-privadas que cuidam do mapeamento de deficiências de talentos nacionais, presentes e futuros, incentivando e realizando atividades para reduzi-los, formando talentos nacionais na área desejada ou atraindo talentos internacionais para suprir essa necessidade.

É possível para o Brasil transformar seu conjunto de talentos em força de atratividade para o polo de negócios. O cumprimento deste objetivo depende do planejamento es-tratégico de atividades e implementação, envolvendo todos os setores da economia, públicos e privados.

A CIRCULAÇÃO DE TALENTOS DEVE SER ESTRUTURADA A PARTIR DE EXEMPLOS INTERNACIONAIS. PODE-SE CRIAR UM ÓRGÃO PARA COORDENAR AS ATIVIDADES DESTES E ACOMPANHAR SEU DESENVOLVIMENTO

crítico a desenvolver bom excelente

KOR JPN GBR

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CHN CHL

CHN

CHN

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CHL

CONTINGENTE dEMOGRáFICOP

QUANTIDADE dE ENSINO BáSICO

QUALIDADEdO ENSINO BáSICO

QUANTIDADE dE ENSINO SUPERIOR

ALINHAMENTO dO ENSINO SUPERIOR COM O MERCAdO

INTERNACIONALIZAçãO dE ESTUDOS (LINGUAS E VIVÊNCIA)

dISPONIBILIdAdE dE GESTORES E ENGENHEIROS DE QUALIDADE

INTENSIDADADE DE PESQUISA E dESENVOLVIMENTO

ATRATIVIdAdE dO PAÍS PARATALENTOS INTERNACIONAIS

GESTãO dA dIáSPORA

COMPLEXIdAdE dE IMIGRAçãO dE TALENTOS

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

11.

10.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

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BRA

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HKG USA

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PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

P: INdICAdOR BASEAdO EM dAdOS PROJETAdOS.

KOR

dEU

GBRJPN

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Page 38: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

74 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 75

04infrAestruturA físicA

Uma infraestrutura física desenvolvida é essencial para a formação de um polo. Espe-cificamente no caso brasileiro, dado o momento atual de desenvolvimento do País, investir em infraestrutura é essencial: economistas consideram que dois pontos por-centuais a mais de investimentos em infraestrutura contribuem com cerca de um pon-to porcentual a mais na expansão anual do Produto Interno Bruto (veja Diagrama 23).

DIAGRAMA 23Investimentos em infraestrutura física aumentam o potencial de crescimento da economia brasileira

Infraestrutura tem impacto perceptível no crescimento da economia brasileira

Cenários de crescimento da economia brasileira entre 2011 e 20201 variam de acordo com diferentes níveis de investimento em infraestrutura no País.

1

1

2

3

4

5

6

7

0 2 3 4 5 6 7

cenário otimista do estudo1

cenário base do estudo1

cenário com nível atual de investimentos

CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA ENTRE 2011 E 2020 - % a.a.

INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA % do PIB BRASILEIRO

1. Cenários de acordo com previsões do Banco Morgan Stanley. / Fonte: Morgan Stanley’s Paving the Way; press search.

A relevância de uma infraestrutura física adequada baseia-se em dois fatores principais. Em primeiro lugar, possibilita a realização de investimentos e negócios ao permitir a movimen-tação de pessoas, bens e informações dentro do polo e entre este e outras localidades, pro-porcionando segurança e previsibilidade de operações e também podendo gerar economia de tempo e recursos aplicados. Em segundo lugar, por ser um negócio e investimento em si, necessita de financiamento nacional e internacional, emprega pessoas, cria demanda por serviços e gera resultados, tanto financeiros quanto tecnológicos e de empregabilidade.

Depois de volumosos aportes financeiros nos anos 1970, o Brasil reduziu progressivamente o foco em infraestrutura, tendo hoje taxa de investimento suficiente apenas para assegurar a manutenção da estrutura já existente (veja Diagrama 24). Os baixos investimentos nas

ESTE PILAR CONTEMPLA MOBILIDADE URBANA, QUALIDADE DE TRANSPORTE AÉREO, QUALIDADE E CUSTO DE TELECOMUNICAÇÕES, DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA E OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS À POPULAÇÃO URBANA

DIAGRAMA 24O Brasil manteve baixos níveis de investimentos em infraestrutura nas últimas décadas

Investimentos em infraestrutura no Brasil não cresceram com a economia...

...e hoje representam apenas o necessário para assegurar manutenção

% do PIB % do PIB

Investimentos em infraestrutura no Brasil Investimentos em infraestrutura no Brasil

1. Estimativa do World Bank para o Brasil atingir o nível da Coreia do Sul, benchmark em infraestrutura. 2. Valores estimados com base no PIB de cada década e na % de investimentos divulgada pelo Banco Morgan Stanley. / Fonte: Morgan Stanley’s Paving the Way; EIU; USDA; análise BCG.

5,4

3,6

2,12,32,0

2,2

6-8

1970s 1980s nível mínimo de manutenção

1990s 2010-20132000s nível de crescimento1

441 296 216 132171

Valor dos investimentos em US$B de 20092

Investimentos estimados pelo BNDES para o período

de 2010 a 2013 mantêm nível atual, de manutenção

Page 39: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

76 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 77

últimas décadas resultaram na atual deficiência estrutural brasileira, a qual é noticiada fre-quentemente nos principais veículos de mídia nacionais e internacionais, e que também se reflete em rankings internacionais, como o elaborado pelo The Economist Intelligence Unit, em que o Brasil aparece como 28º colocado entre 59 países (veja Diagrama 25).

A falta de recursos financeiros é um dos fatores que inibe o investimento público em infraestrutura. Assim, alternativas para financiamento e compartilhamento de riscos po-dem ser consideradas, como, por exemplo, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) (veja Quadro D). Entretanto, para completo aproveitamento desta fonte financiadora, o País precisa melhorar o marco regulatório que trata deste assunto.

Apesar dos ainda baixos investimentos e das lacunas atuais na infraestrutura brasileira, o País começa a promover avanços e mostrar maior preocupação com o assunto como, por exemplo, por meio da estruturação de dois planos de investimentos do governo federal, os PACs (Programa de Aceleração do Crescimento). O primeiro PAC investiu entre 2007 e 2010 mais de R$ 440 bilhões em infraestrutura (82% dos investimentos previstos para o período)59, especialmente nas áreas de transporte, energia, sanea-mento, habitação e recursos hídricos, enquanto o PAC 2, anunciado em 2010, prevê aportes de R$ 959 bilhões até 2014, especialmente em melhorias urbanas, habitação, energia, transportes e serviços básicos, entre outros.

QUADRO DAs Concessões e as Parcerias Público-Privadas (PPPs) como meios

de viabilização de investimentos na infraestrutura brasileira

As Parcerias Público-Privadas (PPPs) nasceram após as crises do petróleo dos anos 1970, em um contexto de redução da capacidade de financiamento estatal para grandes obras, em especial nos países que se baseavam em um modelo com forte presença estatal, como os europeus e os latino-americanos.

Tendo sido adotadas progressivamente em um número cada vez maior de países, entre 1985 e 2010 foram financiados por meio de PPPs, no mundo, 1.867 projetos, equivalentes a US$ 712 bilhões, dos quais US$ 91 bilhões, correspondentes a 274 projetos, aconteceram na América Latina. Nas PPPs, um contrato de concessão temporária dá ao ente privado, em maior ou menor grau, o risco de projetar, construir e elaborar um empreendimento de interesse público, além da responsabilidade de operar o investimento, sendo o Estado responsável por compartilhar as incertezas inerentes à iniciativa e até por garantir um retorno previamente estabelecido. Ao término do contrato de concessão, fica sendo do poder público a posse da estrutura construída.

Juntamente com as concessões, modalidade em que o ente público não necessita entrar com valores pecuniários na execução ou no processo de viabilidade da obra, as PPPs são uma alternativa viável para o Brasil, com necessidade crescente de investimentos e claras deficiências em infraestrutura.

Podem ser citados vários casos internacionais de sucesso, tanto de concessões quanto de PPPs, como as rodovias em Portugal, as estradas interurbanas no Chile e os investimentos em água e saneamento na França. No Brasil, as experiências destes modos de contrato também se mostraram bem sucedidas:

• O programa de concessões rodoviárias do Estado de São Paulo, iniciado no final da década de 1990, fez com que o Estado tenha nove entre as dez melhores rodovias do País;

• As atividades de telecomunicações e de ferrovias no Brasil são quase todas controladas pela iniciativa privada por meio de concessões;

• Os terminais operados por atores privados em concessões nos maiores portos brasileiros já movimentam mais de 50% das cargas;

• No setor energético, mais da metade da distribuição e mais de 20% da geração de eletricidade são realizadas por meio de concessões;

• O Estado de Minas Gerais, além da experiência em concessões rodoviárias, está construindo o primeiro complexo penitenciário a ser gerido pela iniciativa privada, com cerca de 3.000 vagas.

O momento atual implica em uma grande oportunidade para o País expandir o número e o escopo das PPPs e das concessões. De um lado, o excesso de liquidez internacional e as baixas taxas de juros nos países desenvolvidos culminam em um grande montante de capital com potencial para ser direcionado ao mercado brasileiro. Por outro lado, países como o Brasil, com demanda interna estruturada e boas condições de crescimento, apresentam potenciais bons destinos para tal capital. Um estudo do BCG mos-tra que aproximadamente metade das obras de infraestrutura programadas para os próximos anos deve acontecer com participação mista do governo e da iniciativa privada e, além disso, a prática desse tipo de contrato poderia ser expandida para outros setores ainda pouco explorados, como a saúde e a educação.

59 Fonte: 11º balanço do PAC, dezembro de 2010.

Nota: Colocação brasileira considera países com a mesma performance na mesma colocação. / Fonte: EIU.

DIAGRAMA 25Infraestrutura física brasileira classificada em 28º entre 59 países

COLÔ

MBI

A

BRAS

IL

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NTIN

A

RÚSS

IA

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E

CORE

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HONG

KON

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REIN

O UN

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JAPÃ

O

CANA

AUST

RÁLI

A

ALEM

ANHA

FRAN

ÇAEUA

5º 5º 5º 8º 8º 9º 11º

11º

16º

20º

22º

23º

27º

28º

5,65,85,96,3

6,46,9

7,8

8,58,58,8

9,0 9,09,49,49,4

30º

Ranking de infraestrutura EIU0 (mín.) a 10 (máx.) - 2010

Média do grupo: 7,9

CING

APUR

A1º

9,8

Fonte: 2010 International Survey of Public-Private Partnerships – Public Works Financing; BNDES; pesquisa na mídia; análise BCG.

Page 40: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

78 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 79

Dentro do escopo da construção de um polo de negócios no Brasil, as necessidades de infraestrutura podem ser divididas em quatro categorias principais: mobilidade urbana, conectividade logística, telecomunicações e serviços básicos. Estes grupos serão discu-tidos a seguir, em ordem decrescente de importância para um polo e crescente para o grau de desenvolvimento brasileiro, de acordo com a matriz apresentada no Diagrama 26.

Mobilidade urbana

São Paulo e Rio de Janeiro, as duas principais cidades brasileiras de negócios, apresentam deficiências significativas em mobilidade urbana. O congestionamento enfrentado todos os dias por pessoas que usam as vias públicas colocam São Paulo como sexta pior cidade no mundo em problemas de trânsito, sendo o Rio de Janeiro apenas marginalmente melhor em média de quilômetros de lentidão em horários de pico (veja Diagrama 27).

Este problema de mobilidade urbana é agravado pela baixa disponibilidade de alterna-tivas ao trânsito viário: as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro têm menos da metade da disponibilidade de metrô per capita de cidades com densidades populacionais simi-lares, como Pequim e a Cidade do México (veja Diagrama 27).

... e baixa disponibilidade de alternativas ao trânsito, como o metrô.

05

10

20

30

40

50

10 15 20

SEUL

NOVA IORQUE

LONDRES

TÓQUIO

PEQUIM

SÃO PAULORIO DE JANEIRO

XANGAI

HONG KONGMOSCOU

CIDADE DO MÉXICO

DISPONIBILIDADE DE METRÔkm metrô /M pessoas

DENSIDADE DA CIDADE mil habitantes / km2

DIAGRAMA 27Rio de Janeiro e São Paulo apresentam lacunas significativas em mobilidade urbana

São Paulo e Rio têm grandes problemas de congestionamento...

Índice de congestionamento (mín. 0, máx. 100)

PEQU

IM

100

CIDA

DE D

O M

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O

100

JOHA

NNES

BURG

O

97

HOUS

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82

NOVA

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81

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75

MIL

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52

BUEN

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IRES

48

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45

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38

PARI

S

38

TORO

NTO

35

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30

BERL

IM

29

MON

TREA

L

24

São Paulo é a cidade com o 6º pior congestionamento no mundo e o Rio de Janeiro é marginalmente melhor• Rio teve média de 95 km de congestionamento diário em 2008, comparado com 114 km1 em São Paulo

LOS

ANGE

LES

30

1. Valor calculado como média entre congestionamentos dos picos da manhã e da tarde.Fonte: IBM Traffic Congestion Index; Observatório Nossa São Paulo; Plano Diretor de Transportes Urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Shanghai Municipal Bureau of Statistics; UK Office of National Statistics; Census and Statistics Department, Hong Kong; Seoul Metropolitan Government; Tokyo Metropolitan Government; US Census Bureau; Instituto Nacional de Estatística (INE); Government of the State of Mexico; análise BCG.

NOVA

IORQ

UE

19

DIAGRAMA 26Elementos de infraestrutura física serão abordados de acordo com sua importância para o polo e seu grau de desenvolvimento

Análises concentradas nas categorias de maior importância e menor desenvolvimento

ALTA

BAIXA

ACEITÁVEL DEFICIENTE

CRÍTICO

MUITO IMPORTANTE

DEFICIENTE

Importância para um polo de negócios

Grau de desenvolvimento brasileiro (foco em SP e RJ)

3. TELECOMUNICAÇÕES

4. SERVIÇOS BÁSICOS (ENERGIA, ÁGUA E SANEAMENTO)

1. MOBILIDADE URBANA

Fonte: análise BCG.

2. CONECTIVIDADE LOGÍSTICA

Page 41: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

80 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 81

Para atenuar tal situação, as duas cidades possuem planos para melhoria na oferta de vias públicas e de transporte coletivo, projetos que têm sido impulsionados pela realiza-ção no Brasil da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Embora importantes, esses planos serão, por si só, provavelmente insuficientes: cidades semelhantes, como Pequim, têm já planejadas obras que criarão uma rede metroviária aproximadamente seis vezes maior do que a prevista para São Paulo em 2015 (veja Diagrama 28).

O BRASIL APRESENTA GRANDES GARGALOS. MOBILIDADE URBANA NOS CENTROS DE NEGÓCIOS, CONECTIVIDADE LOGÍSTICA E TELECOMUNICAÇÕES MERECEM ATENÇÃO

ESPECIAL PARA GARANTIR O CRESCIMENTO PROJETADO

DIAGRAMA 28Planos de expansão em São Paulo não reduzirão o déficit comparativo a outras cidades

Metrô em São Paulo e seus planos de expansão são menores que os de Pequim

SÃO PAULO: 11 M hab. - 1500 km2Rede de Pequim x Rede de São Paulo

2015

x 6,0

x 3,5

2010

PEQUIM: 10 M hab. - 1300 km2

228 km de metrô ~22 km / M pessoas

69 km de metrô ~6 km / M pessoas

561 km de metrô ~56 km / M pessoas

91 km de metrô ~8 km / M pessoas

Nota: Mapas das linhas de metrô são ilustrativos e não refletem a escala das redes de cada cidade. / Fonte: Estudo BCG sobre infraestrutura.

Conectividade logística

A conectividade logística para o polo de negócios brasileiro, representada aqui por simplificação pelo eixo Rio-São Paulo, considera a conexão entre as cidades do polo e as suas conexões com o restante do mundo. As análises de conectividade logística fo-carão em quatro tipos principais de vias: aeroviária, rodoviária, portuária e ferroviária:

• A conexão aeroviária entre São Paulo e Rio é intensa e feita por meio de cinco principais aeroportos60. Aproximadamente 130 voos diários, de duração média de 45 minutos, ligam as duas cidades, quantidade superior aos quase 70 voos diários que ligam Nova Iorque e Washington, por exemplo. Internacionalmente, uma média de 1.100 voos semanais liga as duas metrópoles brasileiras ao mundo, volume similar ao encontrado em cidades como Chicago, Pequim e Cidade do México. Os aeroportos do Rio e de São Paulo operam, no entanto, com sobrecarga, e as obras planejadas até 2014 podem não ser suficientes para atender ao aumento de demanda esperado, exceto talvez pelo Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (veja Diagrama 29). Além disso, apesar de ser a sétima economia mundial, o Brasil não conta com nenhum aeroporto entre os 100 melhores no mundo61;

• São Paulo e Rio de Janeiro têm conexão rodoviária abundante e de qualidade relati-vamente boa com todas as regiões do País. Apesar de as rodovias na região sofrerem de alguns problemas de manutenção, assim como no restante do Brasil, São Paulo e Rio ocupam o primeiro e o quarto lugares, respectivamente, em qualidade de rodovias brasileiras, sendo os corredores que ligam esses dois Estados aos outros no Brasil con-siderados sempre bons ou ótimos pela pesquisa CNT62 de Rodovias;

60 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão –

Antônio Carlos Jobim (GIG), Ae-roporto Santos Dumont (SDU),

Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos – Governador André Franco Montoro (GRU),

Aeroporto de Congonhas/São Paulo (CGH), Aeroporto Internacional de Viracopos/

Campinas (VCP).

61 Fonte: Skytrax.

62 Fonte: Confederação Nacional do Transporte.

DIAGRAMA 29Os aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro operam com sobrecarga e as ampliações previstas podem não ser suficientes

Principais aeroportos atualmente já operam acima da capacidade... ...e melhorias planejadas podem não ser suficientes

Capacidade utilizada em número de passageiros anuais - % Capacidade de passageiros em 2014 / milhões

5.4CUMBICA(SP)

CUMBICA(SP)

CONGONHAS (SP)

S. DUMONT (RJ)

GALEÃO(RJ)

GALEÃO(RJ)

72%

113%

114%

124%

Três dos quatro principais aeroportos em São Paulo e Rio já operam com sobrecarga

Planos não consideram buffer para horários de pico e não tiveram implementação iniciada ainda1

S. DUMONT (RJ)

18 8

1915

CONGONHAS (SP)

12 3

22

3

8

21 15 35

26

15

34

Capacidade adicional/2014

Capacidade atual

Demanda estimada em 2014/M2

1. 20% a 40% de capacidade ociosa recomendada para comportar demanda em horas de pico. 2. Demanda total para o Brasil calculada em 191M de passageiros anuais. Quebra de demanda por aeroporto feita de acordo com a quebra atual. A análise não é definitiva e foi feita somente para simular um cenário. / Fonte: IATA; Infraero; Aviation Administration Federation; entrevistas; análise BCG.

3

Page 42: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

82 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 83

• A conexão portuária de São Paulo e Rio de Janeiro com outras regiões no mundo é feita por meio de nove portos marítimos, incluindo Santos, o maior porto público do Brasil. Esses portos, assim como no restante do País, possuem gargalos de custos e eficiência, mas em 2009 foram responsáveis pela movimentação de 48% dos contêineres no Brasil. Obras planejadas incluem melhoria e expansão dos portos existentes nos próximos anos e a construção de outros como, por exemplo, dois novos portos no Estado do Rio de Janeiro;

• A rede ferroviária brasileira tem extensão e cobertura limitadas, com densidade sete vezes menor do que a registrada nos Estados Unidos. A pouca extensão das ferrovias brasileiras e seus planos de ampliação estão concentrados nos dois Estados, mas isso não é suficiente para colocá-los em posição de estar bem conectados por esta via. A construção de um trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro está sendo debatida e, se aprovada, adicionará uma camada relevante de conexão dentro do polo, mas ainda não solucionará a falta de conexão do mesmo com o restante do País.

Em resumo, a conexão logística disponível para o polo brasileiro, especificamente fo-cando em São Paulo e Rio de Janeiro, apresenta gargalos relevantes. Existem inicia-tivas projetadas para a solução parcial destes problemas, mas, para que se garanta o sucesso destas iniciativas, se faz necessário um plano estratégico de longo prazo para a infraestrutura logística do País. Além disso, o acompanhamento das obras já plane-jadas é importante para assegurar que a execução seja realizada nos prazos e com as especificações necessárias.

Telecomunicações

Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro têm território 100% coberto por serviços de telefonia fixa e telefonia móvel, com pequenas lacunas para a plena cobertura de in-ternet de banda larga em regiões mais interioranas. As verdadeiras lacunas de teleco-municações nos dois Estados referem-se à cobertura móvel de dados, especialmente para tecnologias como a internet 3G, que hoje está concentrada em grandes regiões urbanas, à qualidade dos sinais móveis disponíveis e aos preços cobrados dos usuários, posicionados entre os mais elevados do mundo (veja Diagrama 30).

As operadoras brasileiras continuam com planos de extensão da cobertura de novas tecnologias. Diante desses planos, é necessário que os órgãos reguladores acompa-nhem esse movimento para assegurar que este não ocorra em detrimento da diminui-ção da qualidade e da velocidade dos serviços existentes, por exemplo. Paralelamente, o aumento da concorrência, com atenção do órgão regulador, deve ter efeitos de redução do custo repassado ao consumidor.

Serviços básicos

O Brasil viveu racionamento de eletricidade e apagões entre 2000 e 2002 por falta de planejamento energético: a ausência de investimentos e o período de secas agudas da época provocaram insuficiência de geração. A experiência negativa fez com que o País focasse mais esforços no planejamento, refletidos em leilões e construções de novos projetos de geração de energia hidroelétrica e termoelétrica.

DIAGRAMA 30O Brasil apresenta boa base de telecomunicações com oportunidades claras para melhorar

Cobertura 3G ainda precisa ser ampliada no Brasil

3G

Outras

SP

RJ

Custo de telefonia móvel no País é superior à média global

Custo de uma ligação de 3 minutoslocal em horário de pico, US$, 2008

HONG KONG

ÍNDIA

ALEMANHA

CHINA

CINGAPURA

RÚSSIA

AUSTRÁLIA

CHILE

EUA

ARGENTINA

MÉXICO

COREIA DO SUL

REINO UNIDO

CANADÁ

BRASIL

FRANÇA

JAPÃO

24 2,4

2,6

1,1

1,1

1,0

0,9

0,9

0,8

0,5

0,5

0,4

0,3

0,3

0,2

0,1

0,0

0,7

Download

Upload

Velocidade vendida pelas operadoras

557

318

SÃO PAULO RIO DE JANEIRO

546

1.024

216

Velocidade de conexão realizada é inferior à vendida pelas operadoras

Fonte: Atlas Brasileiro de Telecomunicações; ITU; Revista Info; análise BCG.

2,1

Velocidade de dados experimentada - kbps

Page 43: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

84 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 85

A oferta de serviços básicos, como o acesso à água e ao saneamento, é satisfatória nas áreas urbanas brasileiras, estando o País em nível similar ao de nações desenvolvidas em cobertura quantitativa, como mostram os dados divulgados pelo Banco Mundial (veja Diagrama 31).

DIAGRAMA 31O acesso à água e ao saneamento no Brasil tem nível semelhante a benchmarks

96

96

98

98

98

99

99

100

100

100

100

100

100

100

100

100 100

100

100

100

100

100

100

100

100

98

87

93

58

91

90

54

Acesso ao saneamentoAcesso às fontes de água

ÍNDIA

MÉXICO

ARGENTINA

CHINA

RÚSSIA

BRASIL

CHILE

ALEMANHA

AUSTRÁLIA

CANADÁ

COREIA DO SUL

REINO UNIDO

CINGAPURA

USA

FRANÇA

JAPÃO

% da população urbana

Fonte: IMD.

Page 44: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

86 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 87

Indicadores

Foram também definidas dimensões para avaliar o pilar de infraestrutura física:

• Mobilidade urbana: Mede a disponibilidade de opções de transporte nas metrópoles de um país através da disponibilidade de metrô combinada com a criticidade do trânsito;

• Qualidade de transporte aéreo: Mensura a qualidade do transporte aéreo em um país de acordo com opiniões de executivos;

• Qualidade e custo de telecomunicações: Telecomunicações são chave para a formação de um polo de negócios, especialmente no setor de serviços. O indicador identifica o nível evolutivo das telecomunicações no país por meio da conjugação de qualidade e custos;

• Disponibilidade energética: A disponibilidade presente e futura, medida por meio de opiniões de executivos em cada país;

• Oferta de serviços básicos à população urbana: A oferta de serviços básicos em um polo define parte da qualidade de vida e também é indicador do nível de desen-volvimento do país e de seu mercado consumidor.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de infraestrutura física diante dos outros países pode ser observado a seguir:

A ATENÇÃO ÀS INICIATIVAS NAS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA PARA MELHORAR A INFRAESTRUTURA FÍSICA PODE GARANTIR SUA EXECUÇÃO NO TEMPO E COM A QUALIDADE ESPERADOS

Neste pilar, o Brasil tem posição positiva na oferta de serviços básicos aos habitantes urbanos, mas deixa a desejar nas demais dimensões. A pobre infraestrutura de trans-portes é representada nas notas baixas da mobilidade urbana e na qualidade do trans-porte aéreo. Além disso, as telecomunicações têm avaliação ruim e a disponibilidade energética ainda precisa ser mais desenvolvida.

Conclusão

Por insuficiência de investimentos nas últimas décadas, o Brasil cultivou grandes gar-galos de infraestrutura física, em todos os elementos importantes para um polo de negócios. Mobilidade urbana, especialmente nos grandes centros de negócios, conec-tividade logística e telecomunicações merecem atenção especial para garantir que o crescimento projetado para a economia se realize e, principalmente, para assegurar que o País seja atrativo como polo regional.

Felizmente, existem iniciativas e planos nas esferas pública e privada para melhorar cada um destes elementos, sendo as parcerias público-privadas e os programas de concessões públicas para agentes privados exemplos de sucesso para investimentos na área. O acompanhamento de perto dessas iniciativas pode garantir a execução no tempo e com a qualidade esperados. Em alguns casos específicos, como os de mobili-dade urbana e de aeroportos, é necessário também garantir que os planos de melhoria sejam mais adequadamente dimensionados, de modo a assegurar um alinhamento com a demanda prevista para o longo prazo.

OFERTA dE SERVIçOS BáSICOS À POPULAçãO URBANA

dISPONIBILIdAdE ENERGÉTICA

QUALIDADE E CUSTO dE TELECOMUNICAçÕES

crítico a desenvolver bom excelente

JPN KOR FRA dEUGBR USA HKGRUS CHN INd CHLMEXQUALIDADE dE TRANSPORTE AÉREO2.

KOR JPN dEU FRAGBR HKG SGPCHNMEX CHL

USAINd RUS4.

CHN GBRSGP

FRAJPNKOR

USAdEUMEX

INd RUS CHL5.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

FRA dEU GBRRUSINd MEX

CHN

SGP

MOBILIdAdE URBANA1.

JPN dEUFRA KOR SGPGBRCHNMEX INdRUS3.

HKGUSACHL

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

USA

Page 45: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

88 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 89

05 infrAestruturA finAnceirA

Uma infraestrutura financeira forte é vital para a atratividade do país e para a formação de um polo internacional de investimento e negócios. Pelos efeitos diretos e indiretos, os diversos segmentos do sistema financeiro – bancos comerciais e de investimentos, mercado de capitais, seguros e asset management – podem fortalecer a atratividade do polo internacional e da região em que ele se encontra.

Os objetivos básicos do sistema financeiro, ou seja, o financiamento da economia como um todo e a alocação eficiente de riscos entre os diversos participantes do mer-cado, estão intrinsecamente ligados à atratividade do país, sendo benefícios diretos da infraestrutura financeira para o polo brasileiro. Seja por intermédio do sistema bancário provendo crédito, do mercado de capitais viabilizando o financiamento com a emissão de papéis e a gestão de riscos nos mercados de derivativos, seja do mercado de segu-ros mitigando os riscos operacionais, esses efeitos diretos são vitais para que a econo-mia do país e da região se desenvolvam. Mais do que isso, ao oferecer estes serviços de modo amplo e eficiente, o setor de serviços financeiros ajuda a atrair empresas e investidores para o país, catalisando o estabelecimento do polo de investimentos e negócios internacional.

As vantagens de uma infraestrutura financeira forte também incluem diversos benefí-cios indiretos. Um sistema financeiro robusto constitui um importante gerador de em-pregos, crescimento e tributos para o país. Além disso, a sofisticação e o alto nível de especialização demandados pelas empresas de serviços financeiros promovem tanto o desenvolvimento de profissionais de alto nível, quanto a criação e a expansão de ne-gócios de serviços profissionais ligados ao sistema, também altamente especializados, como auditoria, advocacia, tecnologia da informação e consultoria.

“[A ideia de que] o mercado financeiro contribui para o crescimento econômico é óbvia demais para que seja discutida seriamente”Dr. Merton Miller, Prêmio Nobel de Economia

Page 46: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

90 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 91

O Brasil parte de uma posição concreta de destaque no pilar de infraestrutura finan-ceira. A regulação do sistema financeiro brasileiro é reconhecida internacionalmente: a solidez da regulação como um todo supera a de polos tradicionais como os Estados Unidos e a Inglaterra em rankings de competitividade como os elaborados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) e pelo IMD, e a regulação e a supervisão de segmentos específicos, como o de derivativos – com negociação e registro centralizados – são re-ferência para outros países (veja Quadro E). Aliado a isso, o sistema financeiro do Brasil é também forte e rentável, já sendo destaque no mundo (veja Diagrama 32).

QUADRO EO Brasil como referência em solidez de organização e regulação do mercado financeiro

Ouve-se muito no mercado que o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise financeira e um dos primeiros a sair. Tal feito tem muito a ver com a solidez macroeconômica do País, mas também se deve à solidez da organização e da regulação do seu mercado financeiro.

Desde o início de sua estruturação, o mercado financeiro brasileiro vem seguindo regras que ten-tam encontrar o balanço adequando entre a segurança e a flexibilidade de suas operações, tendo encontrado um ponto de equilíbrio com poucos paralelos no mundo e tendo sido usado como modelo de referência por outros países. Alguns exemplos de regulação de referência do Brasil são:

• Operações financeiras são registradas em nome do beneficiário final e não do intermediário, o que garante a segurança do primeiro em caso de insolvência do segundo;

• Fundos de investimentos são obrigados a divulgar suas posições aos órgãos reguladores no prazo máximo de três meses. Tal regulação garante que esquemas fraudulentos de pirâmide, como o caso Madoff, não sejam possíveis no País;

• A internalização de ordens é proibida, garantindo maior liquidez no mercado central e o re-flexo mais acurado do preço real dos ativos;

• Todas as operações de derivativos no Brasil são registradas em um ambiente comum, a Cen-tral de Exposição de Derivativos (CED), controlada pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), o que permite que os agentes financeiros tenham acesso à posição das empresas em derivativos, mediante a autorização destas, antes de fechar operações, evitando assim a superexposição. Paí-ses como os Estados Unidos e Reino Unido vêm tentando criar sistemas parecidos, mas que ainda estão em fase de desenho ou desenvolvimento;

• A transferência de recursos para liquidação de operações no Brasil está protegida do risco de insolvência dos intermediários: é feita em moeda de reserva bancária, no Banco Central (settle-ment in central bank line), e os valores envolvidos, incluindo garantias, quando ainda em mãos dos intermediários, não entram em eventual massa falida;

• Todas as operações em bolsa no Brasil têm contraparte central, o que garante a segurança da transação aos envolvidos;

• O País já exige de seus bancos o nível mínimo de Índice de Basileia de 11%, superior aos 8% exigidos internacionalmente. Além disso, o Banco Central do Brasil sinalizou a antecipação da implantação do Acordo de Basileia III, o qual aumenta o nível do índice para 13%, para o final de 2011, dois anos antes da exigência internacional da conversão.

DIAGRAMA 32O Brasil já conta com um sistema financeiro forte e rentável, com destaque global

1. Entre principais sistemas bancários do mundo avaliados na pesquisa Creating Value in Banking. 2. TSR: Total Shareholder Return é composto por ganhos de capital e dividendos. 3. Em US$.Nota: Todos TSRs calculados em moeda local. / Fonte: Relatório BCG Creating Value in Banking de 2010; EIU; BIS; World Bank; Standard & Poor’s; World Federation of Exchanges.

Países em desenvolvimento Países desenvolvidos

Bancos rentáveis, com 2º maior retorno aos acionistas do mundo1 nos últimos 5 anos

TSR2 2005-2009 a.a. (%)

RÚSSIA

BRASIL

COLÔMBIA

ÍNDIA

INDONÉSIA

CHINA

CHILE

CINGAPURA

MÉXICO

HONG KONG

FRANÇA

ALEMANHA

REINO UNIDO

ESTADOS UNIDOS

JAPÃO-14,5

-7,1

-6,3

-3,8

-1,5

3,7

8,8

12,5

12,7

19,2

21,0

23,9

24,9

27,2

38,8

100

200

300

400

Variação no valor do mercado de ações3

ESTADOS UNIDOS

RÚSSIAMÉXICO

ÍNDIA

CHINA

BRASIL

JAPÃO

2005 2006 2007 2008 20092004

índice 2004=100

Mercado de ações com maior retorno desde 2004 entre principais economias

Page 47: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

92 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 93

Partindo de patamar elevado, será abordada aqui uma análise mais detalhada das fortalezas já existentes e das oportunidades de continuidade de melhorias para benefícios diretos e indiretos da infraestrutura financeira para o Brasil como polo de investimentos e negócios.

Benefícios diretos da infraestrutura financeira para um polo

Os benefícios diretos da infraestrutura financeira foram divididos em dois blocos prin-cipais: o financiamento da economia e a alocação eficiente de riscos.

Financiamento da economia

Quando se pensa nos benefícios que o sistema financeiro pode trazer para um país, o financiamento dos investimentos e do consumo é frequentemente o primeiro ponto mencionado. No caso brasileiro, especialmente, o financiamento é hoje um tema em destaque, tanto pelo histórico recente de forte expansão do mercado de ações e de crédito, especialmente ao consumo, quanto pela grande necessidade de investimentos ligada às projeções de enorme expansão econômica sustentada.

Analisando especificamente o financiamento para as empresas, fundamental para a ma-terialização de um polo internacional por meio da atração de negócios para o país e para a região, observa-se grande evolução brasileira nos últimos anos (veja Diagrama 33). Tanto o crédito bancário, com grande participação de linhas direcionadas do BNDES, quanto a capitalização das empresas listadas em bolsa, cresceram a taxas superiores a 15% ao ano em termos reais desde 2004, mais do que dobrando no período. A principal exceção é o mercado de títulos da dívida privada no Brasil, que, com um crescimento de cerca de 5% ao ano e um estoque inferior a R$ 20 bilhões, continua sendo uma via de financiamento pouco utilizada pelas empresas.

Esse crescimento é certamente valioso e salutar. Porém, quando se compara a dis-ponibilidade de financiamento no Brasil com a de algumas das principais economias do mundo, observa-se que é vital que esta expansão continue para que o mercado brasileiro atinja um nível compatível com o de referências globais (veja Diagrama 34).

O governo já vem tomando iniciativas para estimular a expansão do financiamento para empresas, como o pacote de medidas para “desenvolvimento e modernização financei-ra” anunciado em dezembro de 2010. Estas medidas visam estimular principalmente o financiamento de infraestrutura, incluindo as Sociedades de Propósito Específico (SPEs), que investem neste segmento, e o mercado de debêntures por intermédio de medidas de desoneração e ampliação da liquidez.

A necessidade de aumento dos recursos disponíveis se faz ainda mais importante quando é considerada a maior demanda de crédito advinda de programas como os PACs (Progra-ma de Aceleração do Crescimento) e a exploração do petróleo na camada pré-sal, os quais contribuirão para que a necessidade por crédito no período de 2010 a 2013 seja aproxi-madamente 70% maior do que o montante contratado entre 2005 e 2008. É necessário, portanto, continuar a ampliação e o refinamento das medidas para a evolução das três vias de financiamento, de forma a favorecer a expansão e os investimentos de todas as empre-sas que queiram buscar recursos no Brasil, sempre mantendo níveis de risco controlados.

• Crédito bancário: Duas das principais barreiras para a expansão do crédito bancário são os prazos relativamente curtos e os fatores estruturais que elevam os spreads do

DIAGRAMA 33O financiamento para as empresas se expandiu significativamente no Brasil nos últimos anos

Crédito livre Crédito direcionado (BNDES)

Crédito PJ vem crescendo significativamente no Brasil

Estoque de crédito PJ no Brasil (R$B reais1)

62%

38%

35437%

63%

40735%

65%

46432%

68%

543 30%

70%

674

2004 2005 2006 2007 2008 2009

37%

63%

768+17%

Valor da Bolsa também cresce rápido apesar da crise em 2008

Valor de mercado das empresas listadas na BM&FBovespa (R$B reais1)

2004 2005 2006 2007 2008 2009

11061363

1797

2674

1351

2335

+16%

Debêntures também crescendo, porém com ritmo mais lento

Estoque de debêntures no Brasil (R$B reais1)

2004 2005 2006 2007 2008 2009

13 14 1415 15

17+6%

1. Valores base de dezembro de 2009, ajustados pelo IGPM. / Fonte: Bacen; EIU.

DIAGRAMA 34As diversas modalidades de financiamento para empresas no Brasil ainda ficam abaixo de benchmarks mundiais

Nota: Dado mais recente disponível por país (2009 para debêntures e ações, 2008 para países além do Brasil em crédito PJ). / Fonte: Bacen; BIS; World Bank; Bancos centrais e outras instituições dos países individuais; EIU.

Estoque de crédito PJ/PIB

COREIA

USA

ÍNDIA

FRANÇA

ALEMANHA

REINO UNIDO

BRASIL

CHINA 1%

24%

32%

33%

40%

45%

77%

126%

Estoque de debêntures/PIB

COREIA

USA

FRANÇA

ALEMANHA

CHINA

ÍNDIA

REINO UNIDO

BRASIL

40%

20%

11%

10%

7%

2%

1%

1%

Valor das empresas listadas/PIB (2009)

REINO UNIDO

USA

CHINA

COREIA

ÍNDIA

FRANÇA

BRASIL

ALEMANHA 39%

74%

74%

90%

101%

101%

106%

129%

Page 48: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

94 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 95

mercado junto com a alta taxa básica de juros (veja Diagrama 35). O pacote de me-didas para “desenvolvimento e modernização financeira” deu um passo certo para promover o crédito com prazos mais estendidos ao estimular a captação de longo prazo regulamentando e estimulando a oferta pública de letras financeiras dos bancos. Outra ação importante é o cadastro de crédito positivo, que deve viabilizar a correta mensuração da inadimplência e, portanto, a diminuição do spread cobra-do de bons pagadores. Estes importantes passos não serão, no entanto, suficien-tes para equacionar toda a questão do crédito para empresas no Brasil. Além de acompanhar o impacto e a efetividade destas medidas, realizando refinamentos e ajustes quando necessários, é preciso seguir o debate sobre novas maneiras para estimular o crédito de longo prazo no Brasil, como, por exemplo, medidas para desoneração da captação e dos créditos com prazos alongados;

• Debêntures: Conforme visto no Diagrama 34, o mercado de debêntures no Brasil ainda é incipiente. É necessário um programa organizado de longo prazo, com esforço continuado dos reguladores e da iniciativa privada para garantir que debêntures tenham um processo de emissão simples e eficiente, uma maior base de investidores e emissores e um mercado secundário dotado de liquidez. Várias das medidas recentemente anunciadas pelo governo vêm nessa direção: a redução da tributação sobre os mercados secundários, assim como a criação do fundo de liquidez com parte dos depósitos compulsórios (veja Quadro F).

DIAGRAMA 35Prazos e fatores estruturais dos spreads limitam crédito

35%

55%

10%

1%

< 1 anocustos Administração

inadimplência

impostos e compulsório

resíduo líquido (lucro)

capital de giro (~16 meses)

outras 1-2 anos

>2 anos

Composição do crédito PJ por duração1,2 Composição do spread no Brasil3

dezembro/2009 2007

14%

37%

22%

27%

1. Dezembro de 2009. Apenas operações crédito com recursos livres referenciais para taxa de juros . Não inclui BNDES, leasing, etc. 2. <1 ano: Conta garantida, vendor, desconto de duplicatas, ACC e outras; 1-2 anos: Repasses externos, financiamento de importações, aquisição de bens (e giro); >2 anos: Financiamento imobiliário . 3. Conforme estudo do Bacen (2007). Estudo não separa PF e PJ. / Fonte: Bacen.

QUADRO FO caso do incentivo à liquidez do mercado secundário de títulos de dívida privada no Brasil

No final de dezembro de 2010, foi adotada no Brasil uma Medida Provisória (MP nº 517) que marca um importante passo em direção ao aumento da liquidez do mercado secundário de títulos de dívida privada. A MP contribui para diminuir os obstáculos regulatórios à liquidez do mercado secundário de títulos privados por meio das seguintes principais ações:

• Extinguiu a bitributação dos cupons pagos semestralmente por debêntures;• Reduziu a zero a alíquota do Imposto de Renda sobre os rendimentos de investidores estrangeiros

que aplicarem em papéis privados no Brasil;• Isentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 30 dias sobre operações com títulos da

dívida privada;• Autorizou a recompra de debêntures pelo emissor por valor superior ao de face em caso de

valorização;• Aceitou emissões concomitantes de debêntures por um mesmo emissor para o aproveitamento

de eventuais janelas de oportunidade;• Permitiu a fungibilidade de títulos de diferentes emissões e características semelhantes de um

mesmo emissor;• Admitiu que títulos de dívida privada recebam correção monetária em periodicidade igual à

estipulada para o pagamento periódico de juros, ainda que inferior a um ano;• Consentiu a emissão de títulos com valor superior ao capital social do emissor.

As mudanças realizadas por esta MP retiraram grande parte dos obstáculos regulatórios à liquidez. Ainda assim, outros aspectos podem continuar inibindo emissões de debêntures:• Macroeconômico: Juros altos continuam a reduzir a atratividade de títulos de dívida privada em comparação aos da dívida pública, pois o spread advindo do risco do emissor compõe proporção bem menor dos juros totais a serem recebidos pelo investidor;• Práticas de mercado: Cultura de baixo uso destes instrumentos pelos emissores, intermediários e investidores, e corriqueiro uso de cláusulas de underwritting, que acabam influenciando o preço final dos papéis.

• Ações: O valor do mercado acionário brasileiro corresponde a aproximadamente 75% do PIB do País e já se encontra em um patamar próximo ao de alguns países desenvol-vidos, como a França. Existem, ainda assim, oportunidades para fortalecer os diversos segmentos deste mercado de forma a aumentar a projeção e a contribuição para que o polo brasileiro se forme. A negociação de ações de pequenas empresas, por exemplo, pode ser aumentada, estando hoje ainda em volume inferior do que em outros países

Page 49: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

96 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 97

(veja Diagrama 36). Nesse sentido, a iniciativa “Bovespa Mais” da BM&FBOVESPA, que criou em 2007 um mercado de balcão organizado para negociação de papéis de peque-nas empresas, pode ser seguida por um movimento ainda mais amplo de simplificação e desoneração da abertura e da negociação de papéis nesse segmento. Adicionalmente, a listagem de papéis de transnacionais de origem estrangeira, dos mais diversos seg-mentos, a exemplo do IPO realizado pelo banco Santander no Brasil (o maior IPO do mundo em 2009), é outro caminho a ser explorado para ampliar o tamanho, a liquidez e a capacidade de atração de investidores do mercado de ações brasileiro.

Para assegurar o financiamento adequado da economia brasileira, será necessário, no entanto, mais do que reforçar o acesso aos recursos disponíveis internamente no País por causa de sua baixa taxa de poupança interna. Torna-se vital, portanto, que o Brasil passe a ter maior acesso aos capitais internacionais. Entretanto, os bancos nacionais ainda possuem baixo volume de captação no exterior (veja Diagrama 37).

Nos mercados de ações, as grandes empresas brasileiras já contam com um elevado nível de acesso aos mercados internacionais. Isso se dá, porém, com a negociação de seus papéis no exterior (veja Diagrama 37), principalmente em Nova Iorque por meio da emissão de ADRs63, canal este que não contribui para o aumento da liquidez do mercado de ações brasileiro, deixando de beneficiar as companhias que estão listadas apenas localmente. Essa realidade se repete em todos os principais mercados da América Latina

DIAGRAMA 36Poucas pequenas empresas estão na bolsa brasileira

% das empresas listadas por faixa de market cap1

1. Dados na primeira semana de novembro/2010.Fonte: Bloomberg; análise BCG.

<500M 500M-5B >5B

78

16

3745

18

5

% do número de empresas

faixas de market cap (US$)

Bolsa buscando atrair empresas de menor porte com iniciativas como o “Bovespa Mais”.

Londres São Paulo

63 American Depository Receipts.

Países em desenvolvimento Países desenvolvidos

1. Valor total de passivos no exterior / Valor total dos passivos do sistema bancário (incluindo PL, funding de varejo e outros). 2. Dado informado para México varia entre fontes. 35,9% calculado com ativos pelo EIU, outras fontes indicam alto percentual, variando entre 25%-35%. / Fonte: Austin Asis; Bank for International Settlements; EIU; análise BCG.

DIAGRAMA 37Os bancos brasileiros realizam pouca captação no exterior comparado com padrão de outros países

Captação externas/ativos locais dos bancos por país (% 2009)

FRANÇA CHILE JAPÃO ÍNDIA MÉXICO BRASILCOREIA DO SUL

ESTADOSUNIDOS

ALEMANHAHONG KONG

REINO UNIDO

CINGAPURA

201%

121%

59%53%

26% 22%20%

9% 8% 8% 6% 4%

200

220

120

60

40

20

%

(veja Diagrama 38), o que sugere que medidas de pooling da liquidez dos mercados latinos, como a aliança em andamento entre as bolsas do Peru, do Chile e da Colômbia, podem ajudar a atrair para mercados da região parte da liquidez de suas empresas que hoje fica em Nova Iorque e em outros polos internacionais.

Alavancas de alocação eficiente de riscos

Além do financiamento da economia, a alocação eficiente dos riscos dos diversos se-tores da economia é também viabilizada por um sistema financeiro forte. Os exemplos de riscos que podem ser dirimidos são diversos: um exportador pode reduzir o impacto da variação cambial em suas receitas, uma empreiteira pode realizar um seguro para a construção de uma obra de infraestrutura, um produtor rural pode diminuir o risco de variação de preço de sua produção ou uma empresa de transportes pode segurar sua frota e carga contra acidentes e furtos. Portanto, os mais diversos riscos operacionais podem ser mitigados por meio do uso diligente do mercado de derivativos ou seguros.

Page 50: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

98 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 99

No mercado de derivativos, o Brasil possui uma participação em commodities e índices ainda baixa quando comparada com padrões globais no volume de papéis negociados (veja Diagrama 39). Existe, então, uma oportunidade para expandir esses segmentos, especialmente o de commodities, dado o grande volume da produção brasileira (en-tre 20% e 30% da produção mundial de soja, açúcar e café, por exemplo) e a não existência de mercados de derivativos significativos que permitam seus produtores, especialmente os pequenos, realizarem hedging localmente de maneira simples e efi-ciente. Medidas específicas para fortalecer o mercado de derivativos podem ajudar as empresas e os produtores rurais brasileiros a gerirem riscos de maneira mais eficiente, viabilizando também a redução do custo de financiamento da produção.

O mercado de seguros brasileiros também apresenta oportunidades, sendo ainda subpenetrado e tendo potencial de até duplicar para atingir o padrão global (veja Diagrama 40). Em especial, o mercado de resseguros deve enfrentar um momento importante nos próximos anos, por estar passando por uma transformação estrutural com a quebra do monopólio do IRB-Brasil Re (Instituto de Resseguros do Brasil) em 2008 e por ser vital para viabilizar os seguros necessários para as grandes obras que o País realizará nos próximos anos.

GLOBAL BRASIL

índices

ações

juros

commodities

câmbio

DIAGRAMA 39Mercado brasileiro tem espaço em derivativos de commodities e de índices

Contratos de derivativos negociados por tipo. Mundo versus Brasil (2009)

37%

4%

46%

35%

14%

27%

25%

9%

2%

0.4%

Nota: Produtos de balcão da BM&F (swaps, opção flex...) representam 0,8% do volume total e foram excluídos da análise.Fonte: Futures Industry Association (FIA); BM&FBovespa; análise BCG.

15,2 B 0,8 B

1. Volume em US$ negociado no mercado de domicílio da “ultimate parent company” da empresa negociada versus em outros mercados. / Fonte: Bloomberg, análise BCG.

DIAGRAMA 38Empresas latinas “exportam” a liquidez de seus mercados

% do volume negociado de ações no mercado de origem versus mercados externos por país de origem da empresa (2010)1

86%

83%

64%

60%

38%

33%

20%

19%

17%

16%

14%

9%

4%

2%

nacional internacional

0%

Page 51: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

100 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 101

BRASIL

DIAGRAMA 40Seguros têm amplo potencial de crescimento no Brasil

PIB versus tamanho do mercado de seguros por país

1. Valores absolutos somente no detalhe das informações para o Brasil. Estão em log no gráfico. / Fonte: SwissRe; análise BCG.

1

100 1.000 10.000 100.00010

10

100

1.000

10.000

Log Prêmios (US$ B 2009)

Log PIB (US$ B 2009)

PIB: US$ 1,6T1

PRÊMIO: US$ 48,8 T1

Benefícios indiretos da infraestrutura financeira

Os benefícios de um sistema financeiro desenvolvido vão além dos diretos – financiamento e alocação eficiente de riscos. A indústria financeira constitui um pilar importante da economia, gerando empregos, crescimento da atividade e arrecadação de impostos (veja Diagrama 41).

A geração de empregos do setor financeiro no Brasil tem potencial de superar os atuais 2% das ocupações totais e alcançar a média de 5% de países mais desenvolvidos. Além disso, é importante ressaltar que o tipo de profissional que o sistema financeiro demanda – e ajuda a formar – é, tipicamente, altamente qualificado e especializado, contribuindo para a constituição de um conjunto de profissionais mais desenvolvidos para todos os setores.

A ampliação destes efeitos benéficos não depende apenas do fortalecimento de seto-res diretamente ligados ao financiamento e à alocação de riscos. Segmentos como o de asset management, investment banking e até mesmo os bancos de varejo ajudam a criar empregos e renda em serviços financeiros.

O fortalecimento da infraestrutura financeira também eleva a demanda por profis-sionais e serviços de outros setores. Ou seja, tanto negócios diretamente ligados ao sistema financeiro quanto serviços de auditoria, consultoria, legal e de tecnologia da informação, como serviços subjacentes, caso de hotelaria e transportes aéreos, ga-nham demanda e podem crescer junto com a expansão de serviços financeiros.

Indicadores

Foram definidas estas dimensões para avaliar o pilar de infraestrutura financeira:

• Efetividade da regulação financeira: Opinião de executivos sobre a suficiência da efetividade da regulação do sistema financeiro de cada país, necessária à formação de um polo por garantir o equilíbrio entre segurança e flexibilidade de operações;

• Utilização de recursos financeiros: Subdividida em três componentes: bolsa de valores, debêntures e crédito PJ. Analisando a combinação dos três, pode-se avaliar o grau de maturidade de utilização dos diferentes recursos financeiros para negócios. Entretanto, cada país pode preferir mix diferentes; por isso, a análise de cada subdi-mensão isoladamente é menos relevante;

• Participação de empresas regionais e internacionais na bolsa: Mede a internaciona-lização das bolsas de valores de cada país. A maior internacionalização indica maior atrati-vidade para negócios estrangeiros e maior representatividade internacional em negócios;

DIAGRAMA 41O setor financeiro tem um papel importante na geração de empregos, crescimento econômico e arrecadação de impostos

Empregos em serviços financeiros em 2007 (% total)

5

10

15

0USA

BRASIL

NYCLON

REINO UNIDO

SUÍÇA CINGAPURA

PIB de serviços financeiros em 2007 (% total)

BRASIL

8%~6%

5

10

15

0USA REINO

UNIDOSUÍÇA CINGAPURA

9%

12% 12%

20

25

30

9% de empregos, mas 34% da folha de pagamento de NYC.

9%

4,6% 4,5%

5,9% 5,5%

8,6%

~2%1

20

25

30

5

10

15

20

25

30

Impostos de serviços financeiros em 2007 (% total)

BRASIL

13%

~8%

0USA REINO

UNIDOSUÍÇA CINGAPURA

14%

16%

26%

1. Calculado sobre número total de empregos formais no Brasil (aproximadamente 37M em 2007). / Fonte: US Bureau of Labor; New York State Department of Labor; Federal Department of Finance (Suíça); Ministry of Manpower (Cingapura); City of London; Imprensa; análise BCG.

Page 52: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

102 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 103

• Disponibilidade de serviços financeiros: Mensura a disponibilidade de serviços finan-ceiros em cada país de acordo com a opinião de executivos. A disponibilidade de serviços financeiros é importante por prover as necessidades de financiamento e alocação de re-cursos e riscos dentro de um polo;

• Liquidez das bolsas de valores: Quanto maior a liquidez das bolsas, mais dinâmico é o mercado financeiro de um país e maiores são as possibilidades de se financiar e de iniciar e se desfazer de investimentos na bolsa;

• Projeção como IFC64: Identifica o reconhecimento do sistema financeiro de cada país como centro financeiro internacional. Quanto melhor esse indicador, mais preparada a infraestrutura financeira do país está para suportar um polo de investimentos e negócios.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de infraestrutura financeira frente aos outros países pode ser observado a seguir:

64 International Financial Center.

O Brasil apresenta posição de destaque na efetividade de sua regulação financeira e na disponibilidade de serviços financeiros. Entretanto, ainda precisa se desenvolver mais em outras dimensões relevantes como utilização de recursos financeiros, inter-nacionalização e liquidez de sua bolsa e projeção como centro financeiro internacional.

Conclusão

A infraestrutura financeira tem um papel vital na atratividade do país ao ajudar a fi-nanciar os investimentos e o crescimento, a gerir riscos operacionais dos mais diversos setores e a criar empregos, crescimento e negócios.

O Brasil parte de uma base forte em seu sistema financeiro, com uma regulação pru-dente e instituições sólidas e rentáveis. Ainda assim, o financiamento, especialmente pelo crédito bancário de longo prazo e pelos mercados de títulos de dívida privada, precisa de esforços para continuar suportando o crescimento do País. Além disso, o acesso e a abertura aos capitais internacionais precisam ser fortalecidos e o segmento de derivativos, especialmente de commodities e seguros, pode ser reforçado.

O País tem, portanto, a oportunidade de continuar o desenvolvimento de sua infra-estrutura financeira para posicioná-la como ferramenta de atratividade do polo de investimentos e negócios brasileiro.

O BRASIL TEM UMA BASE FORTE EM SEU SISTEMA FINANCEIRO, COM REGULAÇÃO PRUDENTE E INSTITUIÇÕES SÓLIDAS. O ACESSO AO CAPITAL INTERNACIONAL PRECISA SER FORTALECIDO E OS SEGMENTOS DE DERIVATIVOS E DE SEGUROS ESTIMULADOS

PARTICIPAçãO dE EMPRESAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS NA BOLSA

dISPONIBILIdAdE dE SERVIçOS FINANCEIROS

LIQUIDEZ DAS BOLSAS dE VALORES

PROJEçãO COMO IFC

CRÉdITO PJ

DEBÊNTURES

crítico a desenvolver bom excelente

JPN FRA USA GBR SGP HKGRUS CHNINd CHLMEXBOLSA dE VALORES

UTIL

IZA

çãO

dE

RECU

RSO

S FI

NA

NCE

IRO

S

2.

KORFRAGBR USASGP INd

dEU4.

JPN

KOR JPN FRA

FRA

dEU

JPN

KOR dEU JPN

USA GBR

CHN

GBR

HKG GBR

HKG GBR

dEU KORINd

FRA

INd

RUS

CHL

INd

RUS CHL

CHN

RUS CHN

INd CHL

MEX

MEX

MEX

RUS MEX CHN

5.

6.

7.

8.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

KOR FRA JPNGBR RUS INdCHLMEX

CHN dEU

dEU KOR

EFETIVIdAdE dA REGULAçãO FINANCEIRA

1.

JPNdEU FRA KORSGPGBR HKG USACHN CHLINd3.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

USA HKG SGP

KOR SGP

SGP

SGP

HKG

HKG

USA

SGP USA

USA

FRA

Page 53: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

104 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 105

06conectividAde

Por definição, um polo está no centro de uma malha de conexões ou fluxos. Quanto mais conectado, mais atrativo, pois maior valor terá sua rede para os agentes com quem ele inte-rage. Tradicionalmente as conexões de um polo são de dois tipos: regionais (intrarregionais) e globais (extrarregionais), ambas fundamentais para o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios.

As conexões do primeiro tipo tornam mais coesa toda a região em que o polo está inseri-do, aumentando a atratividade regional para o restante do mundo. Já as do segundo tipo conectam a região, através de seu polo, aos demais polos do mundo e às suas respectivas regiões. Se estas últimas não se estabelecem produtivamente, a região como um todo pode acabar marginalizada dos principais fluxos econômicos mundiais.

Além do efeito sobre a atratividade de um polo, um alto nível de conectividade costuma trazer outros benefícios, não só para o polo em si como também para toda sua região. Tipicamente, esses benefícios se materializam por intermédio de economias de escala e de escopo, que dimi-nuem os custos transacionais para as contrapartes de um fluxo, seja ele intra ou extrarregional.

Hoje, a América Latina se encontra pouco intraconectada; ainda não existe um polo estabeleci-do de fato, apesar de alguns países estarem se sobressaindo. Em particular, o Brasil já assume um papel de destaque em muitas frentes, o que o torna um candidato natural para polo de investimentos e negócios na região. Assim sendo, um entorno regulatório e infraestruturas que simplifiquem as trocas entre o Brasil e os demais países latino-americanos e entre o Brasil e o restante do mundo são condições elementares para que o País possa se caracterizar como polo.

Desde que abriu seu mercado no início da década de 1990, o Brasil tem obtido avanços em sua conectividade com a América Latina e o mundo. Especificamente, o Mercosul foi um passo importante para aproximar o Brasil dos vizinhos, a despeito das barreiras ainda existentes e dos contínuos questionamentos que o bloco enfrenta. É, entretanto, necessá-rio dar novo ímpeto ao movimento de integração do Brasil com os demais países da Amé-rica Latina e do mundo. Contar apenas com acordos amplos e pouco efetivos, como, por exemplo, o da UNASUL65, não é suficiente para promoção da sua conectividade regional e global. São necessárias iniciativas específicas, com claro foco econômico e de negócios que possam gerar melhorias significativas na qualidade das conexões do País com o mundo.

Quando se observa o posicionamento do Brasil em rankings que mostram quatro dimen-sões-chave de conectividade – comércio de bens e serviços, investimentos e capitais, operação internacional de empresas e pessoas – constata-se que ainda existem espaços

significativos para avanços. Nos rankings analisados, o Brasil se encontra, regularmen-te, na metade inferior, enquanto os demais polos globais de negócios figuram entre os primeiros colocados (veja Diagrama 42).

DIAGRAMA 42O Brasil ainda é considerado pouco aberto nas dimensões de conectividade

1. Baseado em pesos para diferentes componentes: tarifas, quotas, eficiência aduaneira, restrições administrativas escondidas e controles de taxa de câmbio e capitais. / Fonte: Fraser Institute – Economic Freedom of the World. 2. Baseados em pesquisas com executivos. 1 = muito restritivo, 7 = não restritivo de nenhuma forma. / Fonte: WEF – Global Competitiveness Report. 3. Baseados em pesquisas com executivos. 1 = muito rara, 7 = altamente prevalecente./ Fonte: WEF – Global Competitiveness Report. 4. Ranking baseado em composição de diversas métricas: Número de estudantes do país estudando no estrangeiro, % de estudantes estrangeiros no país, conhecimento de línguas, recrutamento de estrangeiros, abertura do comércio internacional. / Fonte: Heidrick and Struggles – Mapping Global Talent. Estudo focado em países com maior população. Não inclui Chile, Cingapura e Hong Kong.

mobilidade e abertura relativa do mercado de trabalho

(ranking entre 30 países avaliados)4

Pessoas

restrições aos fluxos de capitais

(nota 1 a 7)2

Investimentos e capitais

prevalência de propriedade estrangeira

(nota 1 a 7)3

Operação internacional de empresas

liberdade de comércio internacional

(nota 1 a 10)1

Bens e serviços

GBRDEU

FRAINDUSACHN

MEXKORRUSBRAJPN

SGP

GBR

DEU

CHL

MEX

FRA

JPN

USA

BRA BRAIND

KOR

RUS

CHN

139 139

30

141

GBR

CHL

FRA

MEX

DEU

USA

IND

JPNCHN

KOR

RUS

DEU

HKG HKGSGP SGP

HKGCHL

GBR

USA

CHN

FRA

KOR

MEX

IND

BRA

JPN

RUS114

105

96

72

66

55

43

37

26

22

18

1 1

6

10

15

20

42

46

51

69

75

94

119

123

73 76

2 2 23

89

1011

1619212327

379

16

22

36

47

81

97103

106

126

3

65 União de Nações Sul-Americanas.

Page 54: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

106 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 107

A seguir, decompõe-se a conectividade do Brasil com a América Latina e com o mundo nestas quatro dimensões apresentadas. O objetivo é analisar a situação atual do País e entender onde devem ser focados os próximos esforços para elevar a posição brasilei-ra e também alavancar a região como um todo no cenário global.

Comércio de bens e serviços

Um polo deve contar com um ambiente que viabilize e promova o comércio interna-cional de bens, vital para os diversos setores produtivos da economia ao abrir merca-dos e viabilizar as cadeias de suprimento internacionais. Grandes polos como Londres, Hong Kong, Nova Iorque e Cingapura já eram centros de comércio muito antes de conquistarem papéis de destaque nos fluxos de investimentos e negócios que carac-terizam a economia globalizada das últimas décadas.

Além do comércio de bens, é importante para um polo internacional a viabilização do comércio internacional de serviços, setor que só tem elevado sua importância re-lativa no mundo. Isto vale para os diversos tipos de atividades: serviços profissionais altamente especializados como consultoria, publicidade, advocacia e auditoria; servi-ços técnicos de construção e engenharia e outsourcing, englobando desde processos (BPO) até call-centers.

Tanto em bens como em serviços, a América Latina e especialmente o Brasil têm seu comércio internacional crescendo mais do que a média global. Enquanto os valores do comércio internacional de bens e serviços globais crescem a taxas anuais médias de aproximadamente 4,1% e 7,4%, respectivamente, na América Latina as exportações de bens crescem anualmente a 4,8% e as importações a 6,6%, sendo 8,7% e 10,1% os mesmos números para o comércio de serviços na região. No Brasil, o crescimento do comércio internacional é ainda maior, alcançando 6,6% e 14,5% em exportações e importações de bens e 14,7% e 17,8%, respectivamente, em exportações e importa-ções de serviços (veja Diagrama 43).

Apesar de ter alto crescimento, os fluxos comerciais internacionais latino-americano e brasileiro ainda têm representatividade limitada sobre o comércio global quando

DIAGRAMA 43A América Latina e o Brasil se destacam pelo crescimento do comércio internacional

BENS SERVIÇOSCrescimento anual médio em US$ entre 2005 e 2009, % a.a. Crescimento anual médio em US$ entre 2005 e 2009, % a.a.

MUNDO

MUNDO

MUNDO

FLUX

O DE

EXP

ORTA

ÇÕES

FLUX

O DE

IMPO

RTAÇ

ÕES

AMÉRICA LATINA

AMÉRICA LATINA

AMÉRICA LATINA

BRASIL

BRASIL

BRASIL

6,6%

14,7%

8,7%7,5%

4,8%4,3%

3,9%6,6%

14,5%

MUNDO AMÉRICA LATINA

BRASIL

7,2%10,1%

17,8%

Nota: Todos os valores nominais. América Latina inclui o Brasil. / Fonte: Unctad Online handbook of statistics; análise BCG.

comparados com a representatividade de seus PIBs. A América Latina, por exemplo, foi responsável em 2009 por 7% do PIB global e somente por 5% do comércio de bens e por 4% do de serviços. Já o Brasil responde por volta de 3% do PIB global e apenas 1% das exportações e importações de bens e serviços, lacuna ainda maior do que a verificada na América Latina como um todo (veja Diagrama 44).

Outra área para desenvolvimento na América Latina é a de seu comércio intrarregional, tanto em volume quanto em representatividade. Tomando como exemplo o comércio de bens, apenas 17% das exportações e 15% das importações latino-americanas em 2009 foram intrarregionais, números que vão para 42% e 48%, respectivamente, no caso da Ásia, e para 67% e 50%, no caso da Europa.

ESTE PILAR ANALISA A CONECTIVIDADE DO BRASILEM DUAS DIMENSÕES: EM RELAÇÃO À AMÉRICA

LATINA E COM O RESTANTE DO MUNDO

Page 55: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

108 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 109

DIAGRAMA 44A América Latina e o Brasil têm espaço para aumentar sua representatividade no comércio internacional

BENS SERVIÇOS

Participação no PIB e no comércio internacional de bens Participação no PIB e no comércio internacional de serviços

PIB PIBIMPORTAÇÕES IMPORTAÇÕESEXPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES

% 2009 % COMEX/% PIB1

% COMEX/% PIB1

% 2009

OUTROS OUTROS

AMÉRICA LATINA

AMÉRICA LATINA

EUROPA EUROPA

BRASIL

ÁSIA ÁSIA

71% 76%

77% 49%

164% 110%

127% 141%

1% 1%1% 1%33% 33%3% 3%

37%

45% 41%

15%

4%

40%

14%

3%

38%

51%

7%

13%

29%

23%

35%

5%

51%

7%

38%

5%

37%

20%

29%

13%

1. Média da relevância (participação) da % de exportações e de importações sobre a relevância (participação) do PIB. Nota: Todos os valores são nominais. / Fonte: Unctad Online handbook of statistics; análise BCG.

Apesar de o Brasil e a América Latina terem potencial produtivo para aumentar a par-ticipação no comércio internacional de bens e serviços, dois principais obstáculos sur-gem como limitantes: barreiras alfandegárias e deficiências em infraestrutura. Sobre o primeiro desafio, países latino-americanos têm maiores restrições tanto à importação quanto à exportação de bens de acordo com uma análise do Banco Mundial, World Trade Indicators (veja Diagrama 45). Ainda de acordo com o mesmo estudo, o Brasil e os países da América Latina apresentam abertura comercial para serviços ainda menor, tendo número inferior de setores de serviços com assinatura de acordos de comércio internacional, os GATS66 (veja Diagrama 46).

1. Reflete a tarifa uniforme que manteria os níveis de importação doméstica constantes. 2. Reflete a tarifa uniforme que manteria os níveis de importação de parceiros comerciais junto ao país exportador constantes. / Fonte: World Trade Indicators 2009/2010 – World Bank.

DIAGRAMA 45A América Latina apresenta maiores barreiras alfandegárias para importações e exportações de bens que Europa e Áisia

Tarifas equivalentes de importação são mais altas na América Latina

Tarifas impostas a exportações latino-americanas também são mais altas

Restrição à importação de bens1 Restrição de acesso a outros mercados2

Tarifa equivalente a tarifas + restrições não tarifárias às importações

Tarifa equivalente a tarifas + restrições não tarifárias às exportações

COREIA DO SUL COREIA DO SUL

CHINA CHINA

INDONÉSIA CINGAPURA

FRANÇA FRANÇA

ALEMANHA ALEMANHA

ITÁLIA ITÁLIA

REINO UNIDO REINO UNIDO

CINGAPURA INDONÉSIA

CHILE MÉXICO

ARGENTINA CHILE

BRASIL BRASIL

MÉXICO ARGENTINA27,4% 16,4%

12,3%

8,3%

5,1%

12,7%

9,8%

9,2%

9,1%

9,1%

9,1%

9,1%

6,5%

22,1%

15,7%

9,4%

19,7%

10%

9,8%

7,6%

10,1%

10,1%

10,1%

10,1%Média mundial: 14,1% Média mundial: 12,2%

MAIS RESTRITIVOS MAIS RESTRITIVOS

66 The General Agreement on Trade in Services.

Page 56: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

110 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 111

1. Da página da WTO: The General Agreement on Trade in Services (GATS) is the first and only set of multilateral rules governing international trade in services. It was developed in response to the huge growth of the services economy over the past 30 years and the greater potential for trading services brought about by the communications revolution. 2. Cada setor possui de 3 a 9 subsetores demandando compromissos específicos (ex. serviços financeiros tem 3 subsegmentos – Seguros, banking e outros serviços financeiros). / Fonte: WTO trade in services database.

% de compromissos assinados por setor2

Número de compromissos do GATS1 assinados por país

VIET

MÉX

ICO

RANKING

EQUA

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VENE

ZUEL

A

ARGE

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A

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A

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UAI

CHIL

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BOLÍ

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PARA

GUAI

50

30

22 21 19 1714 14

12 11 95

DIAGRAMA 46Os países latino-americanos podem aumentar sua participação em acordos de comércio internacional de serviços

01 37 49 53 55 58 67 70 81 83 87 115

Serv

iços

fin

ance

iros

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turis

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Busin

ess

serv

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genh

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MÉXICO

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VENEZUELA

ARGENTINA

BRASIL

COLÔMBIA

PERU

URUGUAI

CHILE

BOLÍVIA

PARAGUAI

100%100%

67%

67%100%

67%

67%

67%

67%

100%

67%

67%

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20%

100%80%

80%

80%

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20%

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20%

20%

20%

20%

0%

100%75%

50%

75%100%

25%

50%

50%

75%

75%

50%

75%

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100%

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25%

0%

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0%

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100%44%

33%

22%0%

44%

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22%

11%

11%

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83%83%

67%

83%50%

33%

67%

50%

67%

50%

0%

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80%40%

20%

0%60%

60%

0%

40%

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0%

80%80%

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0%0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

100%50%

25%

0%0%

0%

0%

0%

0%

0%

25%

0%

Page 57: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

112 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 113

Sobre o segundo desafio, especificamente no caso brasileiro, avaliações internacio-nais revelam uma percepção de que a infraestrutura portuária do País deixa muito a desejar, principalmente em comparação a outros polos mundiais. Enquanto, em uma escala de 1 a 7, os principais polos internacionais como Hong Kong, Cingapura, Estados Unidos e Reino Unido estão todos com notas acima de 5,5, o Brasil fica apenas com 2,9, quase a metade. Paralelamente aos portos, existe um baixo nível de conexões por terra com países vizinhos: as poucas estradas existentes ainda enfrentam problemas como interrupções e baixa qualidade, enquanto as ferrovias têm padrões de bitolas di-ferentes, manutenção deficiente e congestionamentos. Especificamente para serviços, a estrutura de telecomunicações da região, essencial para operações internacionais como call-centers, é pouco integrada. Diversas rotas de dados intrarregionais precisam passar por muitos países, frequentemente fora da própria região, diminuindo a velo-cidade de serviços on-line, piorando a qualidade de ligações e aumentando os riscos de interrupções.

Fluxos de investimentos e capitais

Estimular e canalizar fluxos internacionais de capitais é parte vital do que caracteriza um polo. Simplificar o fluxo de capitais do exterior para o país e para a região traz grandes benefícios para a economia ao ampliar a disponibilidade de financiamento para todos os setores – seja pelos mercados de capitais, seja pelo sistema bancário. Paralelamente, facilitar a realização de investimentos no exterior aumenta as opções para os poupadores domésticos. Em resumo, ambientes regulatório e institucional que facilitem a entrada e a saída de recursos permitem que o país atue como um verda-deiro polo, que atrai investimentos de todo o mundo e viabiliza o direcionamento de parte destes para outros países da região.

É importante lembrar que um ambiente que facilite os fluxos de capitais também sim-plifica e estimula o investimento direto. Este acaba beneficiando a internacionalização das empresas ao mesmo tempo em que favorece a atração de investimentos de mul-tinacionais para o país e para a região, gerando empregos e fortalecendo a economia.

Ao longo dos últimos cinco anos, a América Latina recebeu em termos absolutos um porcentual pequeno do total de Investimento Estrangeiro Direto (IED) enviado no mun-do. Este volume acompanhou muito proximamente a participação da região no total do PIB global (veja Diagrama 47). Ainda assim, os exemplos de outras regiões, como o da União Europeia e o do Sudeste Asiático, mostram que, quando estimulado, seja por características econômicas intrínsecas ou pelo ambiente regulatório, o volume de investimentos recebidos pode ser bem maior do que proporcional ao PIB. A situação da região é pior quando analisamos a participação em relação à saída de investimen-tos diretos. Aqui, o que chama atenção não é apenas a baixa participação em termos absolutos, mas também em relação ao PIB (veja Diagrama 47).

DIAGRAMA 47A América Latina atrai IED proporcionalmente ao seu PIB, mas envia

uma proporção muito menor, ambos relativamente constantes nos últimos cinco anos

Europa recebe cinco vezes mais IED1 do que América Latina

América Latina com participação irrisória no envio de IED, inclusive em relação ao PIB

Participação no recebimento de IED Mundial Participação no envio de IED Mundial

% recebido de IED do total mundial % enviado de IED do total mundial

OUTROS4

AMÉRICA LATINA3

UNIÃO EUROPEIA

UNIÃO EUROPEIA UNIÃO EUROPEIA

SUDESTE ASIÁTICO SUDESTE ASIÁTICO

AMÉRICA LATINA AMÉRICA LATINA

SUDESTE ASIÁTICO2

50,9%

15,9%

7,1%

26,0%

42,2% 40,3% 49,6% 43,9%

4,8%

12,9% 10,7%

5,1%

6,9%

13,1%17,1%

6,5%

40,2% 44,0%

30,3%68,6% 49,3% 56,8% 47,5% 35,3%

12,5%

1,3%

50,9%

7,1%1,0%

12,5% 43,0%

1,9%7,6%7,9%

3,1%

39,8%

7,6%2,2%

21,6%

32,5%

2005 20052006 20062007 20072008

0,96 0,30

1,20 0,73

1,32 1,72

20082009 2009

ÍNDICE ÍNDICE% IED recebido/

% PIB mundial

(média 2005-2009)

% IED recebido/

% PIB mundial

(média 2005-2009)

1. Investimento Externo Direto. 2. Países selecionados: Cambodia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, China, Cingapura, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Laos, Macau, Malásia, Myanmar, Tailândia, Taiwan, Vietnã. 3. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Ilhas Malvinas, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Panamá. 4. Inclui Estados Unidos, Canadá, Austrália, Rússia, paraísos fiscais, entre outros. / Fonte: UNCTAD Stat; análise BCG.

O Brasil tem posição de destaque em termos absolutos tanto no total recebido quanto no total de investimentos estrangeiros diretos enviados a partir da América Latina, despontando como líder natural destes fluxos financeiros. Não obstante, em termos relativos ao PIB, o Chile é referência na região, mostrando que os fluxos no Brasil ainda têm espaço para crescer (veja Diagrama 48). A integração com os países latino--americanos pode ser melhorada: quando se observa tanto os investimentos entrantes quanto os que saem do Brasil, a participação da região fica abaixo de 10% do total, deixando os destaques por conta da Europa e da América do Norte (veja Diagrama 48).

Page 58: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

114 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 115

Uma das ferramentas que poderia promover maior integração regional e expandir a proeminência brasileira e latino-americana no mundo é a ratificação de acordos bilaterais de investimentos. Hoje, a participação brasileira nestes acordos é baixa se comparada com o Chile, por exemplo. Enquanto o Brasil possui acordos com 14 países, nenhum deles ratificado e apenas limitados ao escopo do Mercosul, o Chile conta com 51 acordos assinados (mais de três vezes o total brasileiro), sendo 38 deles ratificados, incluindo contrapartes como Estados Unidos, Canadá, México e Índia.

Estes acordos bilaterais promovem a facilidade e a segurança de investimentos entre os signatários. Suas características em geral envolvem o tratamento igualitário en-tre investidores domésticos e estrangeiros, a proteção e a indenização em caso de desapropriações, a livre transferência dos rendimentos do investimento ao país de origem e a determinação de resolução de divergências em tribunais internacionais. A participação do Brasil em acordos deste tipo facilitaria não apenas o fluxo de entrada e de saída de investimentos diretos, mas também os de portfólio67, contribuindo para o crescimento da região por meio da alocação eficiente de capital entre aqueles que dele necessitam e aqueles que desejam aplicá-lo.

Além da melhoria na regulação sobre as entradas e saídas de capital em si, o câmbio é um ponto que merece atenção dada sua intermediação óbvia entre os investimentos que saem e entram no país. O Brasil vem refinando sua regulação cambial e promo-vendo mudanças que tendem a tornar os processos mais simples e a entrada e saída de divisas mais abertas. Entre estas melhorias destacam-se a criação da Regulação do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) e a extinção da antiga norma de Consolidação das Normas de Câmbio (CNC), que modernizaram e simplificaram diver-

67 Foram considerados investimentos em portfólio

aqueles que, ao contrário dos diretos, não estão

relacionados a um interesse duradouro no ativo ou

a um controle gerencial efetivo sobre o negócio. Eles

incluem tanto a compra de títulos de dívida públicos

e de empresas quanto ações. Neste último caso, se caracterizam como portfólio participações de até 10% do

capital total das empresas investidas.

O TAMANHO DO BRASIL E DE SUA ECONOMIA O TORNAM UM CENTRO

IMPORTANTE DE CONEXÃO COM O MUNDO, CAPAZ DE CONSOLIDAR NÃO SÓ A SI

MESMO MAS TAMBÉM DE TRAZER BENEFÍCIOS PARA A REGIÃO

DIAGRAMA 48O Brasil recebe fluxo intenso de investimentos diretos, mas a participação da América Latina no total é limitada

Brasil lidera atração e envio de IED em termos absolutos entre latino-americanos

América Latina representa menos de 10% tanto da entrada quanto da saída de IED do Brasil

IED para América Latina por destino - % do total1

Investimento estrangeiro bruto no Brasil por origem (2009)4 Investimento estrangeiro bruto a partir do Brasil por destino (2009)4

Entrada de IED ponderado pela participação no PIB da região2 Envio de IED ponderado pela participação no PIB da região3

IED da América Latina por origem - % do total1

MÉXICO BRASIL20,4

BRASIL CHILE35,2 24,9

23,4

22,8CHILE

CHILE CHILEBRASIL BRASILMÉXICO MÉXICO

14 MÉXICO

COLÔMBIA 9 COLÔMBIA

ARGENTINA 7 ARGENTINA

PERU 5,8 PERU

OUTROS 8,5 OUTROS

US$M

5.000 10.000 15.000 20.000

OUTROS 3.284 10%

AMÉRICA LATINA 1.803 6%

AMÉRICA DO NORTE

6.274 20%

EUROPA 17.848 56%

US$M

1.000 2.000 3.000 4.000

OUTROS 115 1%

AMÉRICA LATINA

658 8%

AMÉRICA DO NORTE

1.790 23%

EUROPA 2.037 26%

1. Média 2007 – 2009. 2. Índice (% de IED recebido do total que veio para a região / % do PIB do país em relação ao total da região). 3. Índice (% do IED enviado pelo país em relação ao total que sai da região / % do PIB do país em relação ao total de região). 4. Paraísos fiscais não estão explicitamente incluídos, mas representam 8% e 42% da entrada e da saída de IED do Brasil, respectivamente. / Fonte: UNCTAD World Investment Report; UnctadStat; análise BCG.

8,3

4,8

1,6

11,7

3,24

5,56

0,91 0,810,79 0,62

1,0 1,0

Page 59: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

116 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 117

sas regras antiquadas, desobrigando, por exemplo, a identificação de propósi-to das operações. Além destas, a consolidação de diversas regras de câmbio por meio da Resolução nº 3.844 de 2010, do Conselho Monetário Nacional (CMN), promoveu uma diminuição da multiplicidade de documentos aplicáveis às operações de câmbio. Evoluções dessa natureza precisam continuar a ser implantadas.

De forma geral, em relação à conexão do Brasil com a América Latina e des-ta com o mundo, existe espaço para iniciativas que promovam reformas e acordos de maneira a aumentar ainda mais os fluxos de entrada e saída de investimentos. Apesar de sua já expoente posição dentro da região, existe espaço para diversas melhorias no Brasil no que tange à ratificação de acordos de investimentos e ao avanço na regulação cambial. Este tópico de integração financeira na América Latina será explorado em mais detalhes em um futuro relatório a ser publicado pela BRAiN ao longo de 2011.

Operação internacional de empresas

Para que determinado país seja realmente uma parte integrada da rede de negócios mundial, é importante que, além de contar com fluxos internacionais significativos, também sedie empresas multinacionais. Isso significa tanto que as empresas do país devem ter as condições para se internacionalizar, quanto que o país deve ser capaz de atrair não apenas operações, mas também os centros de decisão regionais, funcionais ou até mesmo globais de empresas com origem em outras nações. Isso não somente atrai investimentos, mas principalmente cria empregos de alto valor agregado em funções corporativas que fortalecem um ciclo virtuoso de atração e formação de talentos.

As empresas latino-americanas mostraram uma tendência significativa de au-mento de sua internacionalização ao longo dos últimos anos. No ranking das empresas de países em desenvolvimento com maior volume de ativos no exterior68, as latino-americanas vêm ganhando participação cada vez maior: em 2003, tinham 14,1% do total dos ativos no exterior, passando para 17,2%, em 200869. Este ganho de posição foi possível em virtude de as empresas terem saído de uma posição de US$ 35 bilhões para US$ 125 bilhões de ativos no exterior, um crescimento de 258,1% em cinco anos. Destaca-se também a expansão do fluxo de saída de IED para outras regiões do mundo a partir da América Latina na última década. Em 2004, observa-se um salto no nível de IED, mais que triplicando em relação aos anos anteriores, com subsequente tendência de subida (veja Diagrama 49).

A força que as empresas da região ganharam é significativa, mas elas ainda têm relevância limitada globalmente. No ranking das 100 maiores empresas transnacionais dos países em desenvolvimento70, aparecem apenas nove em-presas da região, sendo três delas brasileiras. Quando considerado o ranking das 100 maiores empresas transnacionais do mundo, apenas uma multilatina aparece, estando colocada em 55º lugar (veja Diagrama 49).

68 Fonte: World Investment Report, UNCTAD.

69 Último ano para o qual há dados disponíveis.

70 Fonte: World Investment Report, UNCTAD.

Page 60: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

118 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 119

Se entre as empresas da América Latina de maior expansão internacional o Brasil não é destaque, o mesmo não ocorre em relação à atração de empresas estrangeiras. O Brasil é a nação com maior presença de empresas estrangeiras entre os latino-ameri-canos, considerando-se as dez maiores empresas por receita de regiões selecionadas (veja Diagrama 50).

1 1 23 3 4

DIAGRAMA 49As multinacionais latinas são uma força crescente, porém ainda pouco relevante em escala global

Multinacionais latinas são uma força crescente...

... mas ainda têm participação limitada no mundo todo

Saída de IED da América Latina 1990-2008

Empresas latinas no ranking das 100 maiores2 transnacionais de países em desenvolvimento

US$B % saída/entrada

1. Aquisição da Inco pela Vale por US$ 18B. 2. Ranking por ativos no exterior. Não inclui empresas do setor financeiro. / Fonte: World Investment Report - UNCTAD; análise BCG.

90 91 92 93 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 07 0806194 95

10

0

20 40

20

0

30 60

40 80

50 100

% saída/entrada IED fluxo de saída (Us$B)

3

8 8 8

4 5

1718

42

2326

7 6

PAÍS RANKING DAS 100 MAIORESEM DESENVOLVIMENTO

ATIVOS EXTERNOS (US$B) RANKING DAS 100 MAIORES TOTAL

HONG KONG HUTCHINSON 70,8 1 25

CHINA CITIC GROUP 43,8 2 48

MÉXICO CEMEX 40,2 3 55

BRASIL VALE 19,6 9

VENEZUELA PDVSA 19,2 10

BRASIL PETROBRAS 15,1 16

BRASIL GERDAU 13,7 18

MÉXICO AMÉRICA MÓVIL 10,4 25

ARGENTINA TERNIUM 7,0 36

MÉXICO TELMEX 3,9 68

MÉXICO FEMSA 3,5 77

Única latina entre 100 maiores transnacionais do

mundo (55ª posição)

EMPRESA

Não entram no ranking das 100 maiores do mundo

DIAGRAMA 50O Brasil lidera na América Latina a atração de empresas da Europa, da Ásia e da América do Norte

Brasil é o país com maior presença de empresas estrangeiras... ... e lidera também atração de empresas por região externa

Presença nos países da América Latina das 30 maiores empresas da Ásia, Europa e América do Norte1

Presença das 10 maiores empresas de cada região em países da América Latina1

1. Dez maiores empresas por receita de cada uma das regiões separadamente. América do Norte compreende apenas Canadá e Estados Unidos. Foram retirados do mapa os dados referentes a Uruguai, América Central, Caribe, Paraguai, Guiana e Suriname por serem pouco significativos. Nota: A presença de empresas diz respeito tanto a plantas industriais quanto a escritórios de representação e headquarters, etc. Foram aqui incluídas todas as formas de atuação. / Fonte: Forbes; Fortune; websites das empresas; análise BCG.

25

24

17

05

12

08

1516

20

9

9

8

6

9

9

7

7

6

6

5

5

EURO

PAÁS

IAAM

ÉRIC

A DO

NOR

TE

Brasil

Argentina

México

Chile

Brasil

Argentina

Chile

México

Brasil

Argentina

México

Chile

Page 61: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

120 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 121

Uma primeira dificuldade enfrentada pelas empresas para a operação em múltiplos países latinos está relacionada com o arcabouço regulatório. Um alinhamento de pa-drões contábeis, financeiros, tributários e de normas técnicas poderia tornar a opera-ção intrarregional mais eficiente. Felizmente, como exemplo positivo temos os já exis-tentes esforços orientados à harmonização de regras contábeis por meio da adoção do International Financial Reporting Standards (IFRS)71. Colômbia e Chile adotaram o padrão em 2009, enquanto Brasil e Argentina passarão a operar através dele a partir de 2011. Além disto, movimentos na região vêm sendo realizados com o objetivo de trocar experiências e organizar as demandas da região para o International Accounting Standards Board (IASB), garantindo assim maior força e representatividade.72

Além das questões de regulação, a utilização de sistemas e cadastros comuns tornaria mais fácil a operação de empresas em múltiplos países. Por exemplo, no registro de marcas e patentes, em pagamentos, históricos de crédito e legais, informações aduaneiras e de comércio internacional e no registro de empresas, pessoas e licenças. Essa padronização poderia ser feita em etapas, começando pelo reconhecimento regional automático de operações em outros países, passando pela integração e pela conexão entre sistemas para compartilhamento de informações e, finalmente, criando sistemas regionais únicos.

Movimentação de pessoas

Fluxos de negócios não dependem apenas de bens, serviços, capitais e empresas. É vital que os executivos e os tomadores de decisão dos mais diversos setores possam entrar e sair com facilidade do polo, tanto para realizar seus negócios quanto para via-bilizar a instalação de centros de decisão e sedes regionais das empresas. Além disto, a facilitação do fluxo de pessoas e da contratação internacional pode contribuir para equalizar a demanda de profissionais qualificados com a oferta do mercado, ajudando a prevenir pressões inflacionárias de caráter salarial, por exemplo.

Para que isso ocorra, é necessário, primeiro, que o país tenha as condições de trânsito adequadas com outros polos do mundo – não apenas globais, mas também regionais e locais. Neste sentido, é vital que as exigências regulatórias para entrada e saída de pro-fissionais sejam modernas, evitando excessos que, ao mesmo tempo em que dificultam a entrada de executivos e a realização de eventos e negócios no país, pouco impacto têm para fortalecer a segurança interna. Além disto, é pré-requisito fundamental uma alta conectividade aérea, com infraestrutura aeroportuária adequada e voos frequentes, por ser hoje a principal via de locomoção entre países no mundo globalizado.

Em sua história, o Brasil já passou por épocas de recepção de volumosos contingen-tes de imigrantes, o que resultou em grandes comunidades de seus descendentes, a exemplo dos japoneses e dos italianos em São Paulo e dos alemães na Região Sul do País. Hoje, no entanto, o nível de integração de estrangeiros ao Brasil é baixo em com-paração com outros polos de negócios globais e o mesmo cenário se repete em outros países da América Latina. Mesmo aqueles países que mais atraem imigrantes na re-gião, como Argentina e Venezuela, ainda ficam muito longe das principais economias globais, como Estados Unidos e Reino Unido. Enquanto estes dois países desenvolvidos têm, respectivamente, um contingente de aproximadamente 12% e 8% de imigrantes em sua população, o país com o nível mais alto de imigrantes na América Latina, a Venezuela, tem em torno de 4% (veja Diagrama 51).

71 Padrões contábeis internacionais publicados pelo IASB (International Accounting Standards Board). Desde 2001, a instituição tem conduzido esforços para implantar esses padrões com o objetivo de tornar mais fácil a comparação e integração de dados contábeis de empresas de países diferentes.

72 Em fevereiro de 2011, foi realizada uma reunião entre representantes de órgãos nacionais responsáveis pela emissão de regras contábeis de cada país (Brasil, Argentina, México, Chile e Venezuela) com os objetivos aqui citados.

No Brasil, especificamente, constata-se um pequeno número de imigrantes no total de sua população em comparação com outros países da América Latina. Enquanto a Argentina, por exemplo, tem 3,9% de imigrantes no total de sua população — sendo mais de 70% deles latinos — o Brasil tem quase dez vezes menos (0,4%) e com uma pequena participação de latino-americanos. A vasta maioria dos imigrantes hoje resi-dentes no Brasil tem origem europeia e mais da metade é de portugueses. Da mesma forma que a América Latina não tem destaque na entrada de pessoas no Brasil, tam-bém não o tem no total de emigrantes. Do total de brasileiros no exterior, mais de 50% estão na Ásia ou na América do Norte (veja Diagrama 52).

COLÔMBIA

DIAGRAMA 51Mesmo os países que mais atraem imigrantes na América Latina ainda

estão muito longe das principais economias globais

10%

15%

20%

5%

0%0% 20% 40% 60% 80% 100%

EUA

ESPANHA

CHINA

JAPÃOMÉXICO

ITÁLIA

RÚSSIA

REINO UNIDO

FRANÇA

ALEMANHA

CINGAPURA

CANADÁ

AUSTRÁLIA

COREIA DO SUL

PERU

URUGUAI

ARGENTINA

PANAMÁ

CHILE

VENEZUELA

BOLÍVIA

COSTA RICA

BRASIL

% IMIGRANTES NA POPULAÇÃO

% DOS IMIGRANTES ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA LATINA

Nota: Dados de emigração mais recentes disponíveis em nível global com base aproximadamente em 2.000 comparados com população no ano 2000. / Fonte: Development Research Center on Migration, Globalization & Poverty; EIU.

total de imigrantes no país (~10M) América Latina Outros

Atração de imigrantes global e dentro da América Latina de países latinos

MAIOR PRESENÇA DE LATINOS NO TOTAL DE IMIGRANTES

MAI

OR P

RESE

NÇA

DE IM

IGRA

NTES

NA

POPU

LAÇÃ

O

EUA tem maior participação de imigrantes latinos que Brasil e México

Page 62: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

122 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 123

DIAGRAMA 52Movimentos migratórios a partir de e para o Brasil estão voltados para fora da América Latina

Percentual de imigrantes total, originários da América Latina e de outras regiões na população1

Presença relativamente limitada de imigrantes no Brasil, especialmente latinos

Emigração do Brasil focada no Japão e USA, imigrantes vindos principalmente da Europa

Estoque de emigrantes brasileiros por região de destino1

1. Apenas imigrantes legais. Dados de emigração mais recentes disponíveis em nível global com base em aproximadamente 2.000 comparados com população em 2000. / Fonte: Development research center on Migration, Globalization & Poverty; EIU.

% de imigrantes de outras partes do mundo na população

% de imigrantes latinos na população

VEN ARG CHL MEX BRA COL PER

50

100

TOTAL 4,1 3,9 1,2

˜ 10x

0,5 0,4 0,3 0,2

1,1 1,1

3,0

0,4

0,8

0,4 0,3 0,1

0,1 0,1

0,2

0,1

0,1

2,7

AMÉRICA LATINA

Estoque de imigrantes no Brasil por região de origem1

Portugueses são ~200 mil

MIL IMIGRANTES

100 200 300 400

OUTROS 47 9%

ÁSIA 78 14%

114 21%

EUROPA 306 56%

MIL IMIGRANTES

100 200 300 400

OUTROS 35,0 4%

177,6 19%

EUROPA 225,6 24%

AMÉRICA DO NORTE 241,4 25%

ÁSIA 276,0 29%

É interessante notar também que a participação da América Latina na entrada de trabalha-dores no Brasil vem diminuindo. Enquanto em 2006 a região representava 10% do total de vistos de trabalho emitidos pelo País, em 2007 e 2008 este valor ficou em 9% e, em 2009, em 8%. O mesmo não ocorre com a participação de latino-americanos no porcentual de turistas que o Brasil recebe. O número absoluto de pessoas desta região atraídas para turismo brasileiro permaneceu no mesmo patamar nos últimos anos e, dada a queda no número global de turistas recebidos, aumentou sua participação (veja Diagrama 53).

Um dos fatores que contribui para o pequeno número de imigrantes na população bra-sileira é o processo de autorização de entrada de estrangeiros no País, que é complexo e demorado. Em pesquisa realizada anualmente pelo IMD com executivos ao redor do mundo sobre a facilidade de entrada de imigrantes trabalhadores em seus países, o Brasil recebe apenas nota 5, em uma escala de 1 a 10. Enquanto isso, outros polos glo-bais, como Cingapura e Hong Kong, ficam com notas próximas a 7 (veja Diagrama 54).

As causas desta realidade estão relacionadas principalmente à complexidade das leis de imigração. A legislação do Brasil é protetora da mão de obra nacional, exigindo, com

DIAGRAMA 53O Brasil atrai turismo em geral a partir da América Latina, mas não especificamente para fins profissionais

Participação da América Latina no turismo do Brasil é maior e estável

Entradas de turistas1 no Brasil por país de origem

Aproximadamente 50% dos turistas vindos da América Latina

são argentinos, com cerca de 50% realizando turismo local no Sul

do País

100

80

60

40

20

02005 2006 2007 2008

38%

33% 34% 32% 29%

16% 16% 15% 14%

12% 14% 14% 16%

38% 41%37%

OUTROS2

AMÉRICA DO NORTE

AMÉRICA LATINA

EUROPA

Participação da América Latina na entrada de trabalhadores no Brasil vem diminuindo

Vistos de trabalho emitidos por ano no Brasil por país de origem do trabalhador

2006

25,4 5,3529,5 5,0244,0 5,0342,9 5,05

2007 2008 2009

% de vistos de trabalho de cada região100

80

60

40

20

0

Total de vistos (k)

Total de turistas (M)

10%

46%

21%

17%

7%

44%

21%

18%

8%

37%

29%

15%

9%

38%

30%

15%

9%

9% 9% 8%

OUTROS

AMÉRICA DO NORTE

ÁSIA

AMÉRICA LATINA

EUROPA

1. Número de turistas inclui turismo de lazer e de negócios. 2. Inclui países asiáticos. / Fonte: MTE; Ministério do Turismo.

exceção do Mercosul, experiência profissional comprovada e educação média e superior completas, independentemente do histórico profissional da pessoa e das necessidades apresentadas pelas empresas interessadas em trazê-la ao País. As principais ineficiências apontadas por estrangeiros no processo de entrada são o tempo e a documentação exigi-da. A duração média do processo é de dois meses e exige o patrocínio de um empregador. A renovação do visto pode durar até dois anos.

Iniciativas são necessárias não só para simplificar o processo de entrada, mas também para repensar o modelo que o Brasil quer seguir em relação aos imigrantes. Em um mundo globalizado e cada vez mais conectado, a possibilidade de recrutamento livre é um importante diferencial competitivo. Isso traz benefícios não apenas para os que vêm e para as empresas contratantes, mas para o país como um todo ao torná-lo mais integrado com o que acontece no mundo, contribuindo para o desenvolvimento educacional e cultural dos residentes. Além disto, a abertura contribui para o balan-ceamento entre a oferta e a demanda de mão de obra, potencialmente contendo movimentos inflacionários decorrentes de pressões salariais.

AMÉRICA LATINA

Page 63: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

124 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 125

Um dos caminhos para essa simplificação é ampliar o espaço regional aberto para fluxo de pessoas criado pelo acordo de livre residência do Mercosul (veja Diagrama 55). Adicio-nalmente, cadastros regionais de pessoas e o reconhecimento integrado de profissões poderiam ser estudados.

Em paralelo às questões regulatórias, a mobilidade entre países depende da infraestrutura física disponível. O Brasil está comparativamente bem conectado em nível internacional por meio de voos: ao comparar o Brasil com o restante da América Latina em relação ao número de destinos internacionais, verifica-se a liderança brasileira, sendo os destinos latino-ameri-

CINGAPURA 6,8

CHILE 6,8

HONG KONG 6,7

FRANÇA 6,6

ALEMANHA 6,2

MÉXICO 6,1

ÍNDIA 5,9

CHINA 5,8

REINO UNIDO 5,1

BRASIL 5,0

JAPÃO 4,4

USA 4,4

COREIA DO SUL 3,7

RÚSSIA 3,2

DIAGRAMA 54Entrada de trabalhadores no Brasil é vista como difícil por executivos do País

Facilidade para a entrada de imigrantes trabalhadores (nota 1 a 10, 2010)

Fonte: IMD WCY Executive Survey; análise BCG.

Países desenvolvidos

Demais países da América Latina

Países em desenvolvimento

Brasil

Fonte: Migration policy institute; imprensa.

DIAGRAMA 55Acordo de livre residência no Brasil poderia envolver mais países e ser reforçado

Países do Mercosul

Outros países no acordo

Países fora do acordo

Cidadãos de países membros passam por processo simplificado para conseguir residência no Brasil

Cidadãos de países membros possuem entrada livre no Brasil

Uma vez no país, cidadãos podem entrar com uma aplicação simplificada para obter autorização de residência por 2 anos

Após 2 anos, cidadãos podem receber automaticamente residência permanente

Programa argentino é ainda mais amplo

Após 1 ano, cidadãos estrangeiros podem receber documentos nacionais, dando acesso a todos os serviços públicos do país.

Alguns estados permitem que cidadãos assim “naturalizados” votem em eleições locais

País tem desde 2006, realizado o programa “Pátria Grande” para legalização de imigrantes, que já legalizou mais de 1 milhão de pessoas

M habitantes

244

27

304

É PRECISO BUSCAR ALINHAMENTO COM OS DEMAIS PAÍSES DA REGIÃO. A INTEGRAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS FLUXOS

DE PESSOAS, CAPITAIS E COMERCIAIS GARANTIRÁ ATRATIVIDADE DO POLO E DINAMIZAÇÃO DOS NEGÓCIOS

Page 64: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

126 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 127

canos os mais representativos para o País e para os demais países da região. Em se tratando do número de assentos em voos internacionais disponíveis em relação à população, no entanto, o Brasil é o mais mal colocado entre outros países da região (veja Diagrama 56).

A capacidade de movimento das pessoas mostra-se essencial para a consolidação de um polo de negócios. Como visto, o Brasil ainda se mostra pouco integrado com o restante do mundo em termos do volume de pessoas que permanecem ou passam pelo País. Para avançar neste sentido, o Brasil deveria acelerar melhorias na regulação de ingresso de es-trangeiros e na infraestrutura, de forma que chegadas e saídas dele sejam simples e fáceis.

DIAGRAMA 56Brasil lidera em destinos de voos internacionais, mas tem baixo número de assentos em relação à sua população

Brasil tem o maior número de destinos de voos internacionais na América Latina...

... porém a disponibilidade deassentos per capita é ainda baixa

Número de destinos de voos internacionaispor país de origem (2010)

Assentos em voos internacionais / dia / M habitantes do país1 (2010)

500 1.000 3.500 4.000

198

351

353

389

433

620

640

816

3.672

1. Não inclui países do Caribe e da América Central. Nota: Baseado no número de voos da semana de 6 a 12 de setembro de 2010. Considera apenas partidas (aproximadamente metade do número de voos totais). / Fonte: OAG database; análise BCG.

BRASIL

VENEZUELA

COLÔMBIA

MÉXICO

PERU

EQUADOR

ARGENTINA

CHILE

PANAMÁ

0 10 20 30 40 50

44BRASIL 48% 23% 20%9%

31VENEZUELA 71% 16% 13%

30ARGENTINA 53% 20% 23%3%

29MÉXICO 55% 31% 7%7%

29COLÔMBIA 69% 24% 7%

28CHILE 61% 21%18%

26PANAMÁ 88% 8%4%

21PERU 81% 10%10%

Europa

América Latina

Outros

Ásia

Indicadores

Foram definidas dimensões para avaliar o pilar de conectividade. São elas:

• Abertura internacional para bens: A inexistência de restrições do país a importações de bens e a resistência de outros países às exportações de um dado país são evidências de sua disposição para a conectividade comercial;

• Comércio de bens: O comércio de bens é uma das atividades mais importantes de um polo de negócios e, por isso, é elemento a ser desenvolvido;

• Abertura internacional para serviços: A participação do país em acordos de co-mércio internacional de serviços é evidência de sua disposição para a conectividade comercial de serviços;

• Comércio de serviços: O comércio de serviços ganha importância adicional em se tratando da formação de um polo de negócios baseado em serviços;

• Fluxo de capitais: A entrada e saída de capitais do país é um dos indicadores-chave de um polo de investimentos e negócios, permitindo o financiamento de emissores nacionais e maiores opções de investimento no restante do mundo;

• Acordos de abertura para capitais: A participação em acordos bilaterais de investi-mento mostra a disposição em facilitar a saída e a entrada de capitais;

• Regulação promotora de abertura a capitais: Ajuda a medir o quanto a regulação de um país é, por si só, facilitadora da entrada de capitais, através da opinião de es-pecialistas;

• Expansão de multinacionais do país: A projeção das empresas do país e o quanto estas são capazes de competir na arena global é um meio importante de conectivida-de do polo, alavancando outros fluxos como os de pessoas e comércio;

• Facilidade de entrada de multinacionais estrangeiras: A preparação da regulação de um país para receber empresas estrangeiras é fator determinante na decisão de entrada destas e alavanca a economia e a conectividade do país;

• Recepção de imigrantes: A participação de imigrantes na população de determina-do país é evidência de sua conectividade com o mundo em termos de pessoas;

• Mobilidade de pessoas: A mobilidade internacional de pessoas, aqui medida pelo número de destinos aéreos disponíveis a partir do país, é relevante por permitir a entrada e a saída do polo.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de conectividade diante de outros países pode ser observado a seguir:

Page 65: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

128 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 129

O Brasil ainda tem bastante espaço para se desenvolver no pilar de conectividade. Com exceção dos acordos e da regulação para abertura a fluxos de capitais, onde o País começa a chegar a um nível bom, em todas as outras dimensões não se apresenta tão atrativo quando comparado ao grupo de países selecionados.

Conclusão

Grandes fluxos internacionais definem primordialmente um polo, que acaba por contri-buir para a economia do país e de sua região ao canalizar, estimular e irradiar a circu-lação de bens e serviços, de capitais, de negócios ou de pessoas. O tamanho do Brasil e a pujança de sua economia o tornam, por si só, um centro importante de conexão com o mundo. Com foco em melhorias na facilidade de recebimento de empresas, investimentos e pessoas, a posição brasileira poderia ser ainda mais consolidada, e traria fortes benefícios ao País e à região. Este tópico de conectividade será ainda mais explorado em um futuro relatório da BRAiN planejado para ser publicado no segundo semestre de 2011.

Na dimensão de comércio, a América Latina tem poucos países de expressão mundial em exportação e importação de bens e, portanto, deveria garantir o desenvolvimento desta área. Ao mesmo tempo, é mais incipiente ainda o comércio de serviços intra e extrarregionais. Para tornar a região ainda mais conectada com o mundo e entre si, é preciso focar em iniciativas que melhorem a infraestrutura e os acordos de comércio.

Existem também espaços para iniciativas que promovam reformas para entrada e saída de investimentos da região, de maneira a aumentar ainda mais estes fluxos. O Brasil, especificamente, mesmo com sua já expoente posição no continente, pode se consolidar ainda mais ao investir na promoção de acordos de investimentos e na revisão do sistema cambial.

Empresas latino-americanas estão ganhando cada vez mais força e sem dúvida têm crescimento significativo internacionalmente. No entanto, com poucas exceções, ain-da não são um destaque na arena global. A promoção de um maior alinhamento regional para a operação de empresas permitirá não apenas que elas se destaquem mundialmente, mas também que tragam mais investimentos diretos para a região, consolidando ainda mais o polo de investimentos e negócios brasileiro.

Finalmente, no que tange à capacidade de movimento das pessoas, o Brasil ainda se mostra pouco integrado com o restante do mundo em termos do volume de pes-soas que permanecem ou passam pelo País por outras razões além do turismo. Para avançar, é importante melhorar tanto a regulação da entrada de estrangeiros, para aumentar a flexibilidade e as possibilidades de contratação nacional, como também a infraestrutura aeroviária, de forma que a chegada e a saída do polo sejam facilitadas.

EXPANSãO dE MULTINACIONAIS dO PAÍS

FACILIdAdE dE ENTRAdA dE MULTINACIONAIS ESTRANGEIRAS

RECEPçãO dE IMIGRANTES

MOBILIdAdE dE PESSOAS

COMÉRCIO dE SERVIçOS

ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIçOS

crítico a desenvolver bom excelente

JPN KOR SGPdEUGBRUSA RUS CHNINd MEXCOMÉRCIO dE BENS

COM

ÉRCI

OCA

PITA

LEM

PRES

AS

PESS

OA

S

2.

FRA KOR SGPGBRCHN CHL INdMEX RUS

USA dEU HKG4.

CHN

CHN

CHN

INd

INd

INd RUS

RUS

RUS

RUS

INd

RUS

CHL INd CHN RUS

CHL

CHL

MEX CHN

CHL MEX RUS

CHN

USAMEX CHL

MEX

INd MEX

CHL

MEX

CHN

CHL

MEX

JPN

FRA

KOR

JPN

GBR

GBR

GBR HKG

HKG GBR

USA

GBR

USA

HKG

HKG GBR

SGP

SGP

USA

HKGdEU FRA

dEU

JPN

JPN dEU

KOR FRA

KOR JPN

JPN

FRA

dEU

FRA

KOR

KOR

KOR8.

9.

10.

11.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

KOR JPN dEU USARUS CHN CHLINdMEX

SGP FRAGBR

FRA HKGCHL

ABERTURA INTERNACIONAL PARA BENS

1.

JPNdEUFRAKORSGP CHNINd MEX3.

GBRHKGCHL

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

HKG

HKG

dEU SGP

SGP

GBR

USA

USA

SGP

SGP

SGP

JPN

FRA

KOR dEU

USA

FRA

FLUXOS dE CAPITAIS

ACORdOS dE ABERTURA PARA CAPITAIS

REGULAçãO PROMOTORA dE ABERTURA A CAPITAIS

5.

6.

7.

USA

INd

Page 66: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

130 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 131

07imAgem do pAís

A imagem do país é um pilar bastante importante para um polo de investimentos e negócios, pois reflete e comunica todos os demais pilares de sua atratividade. Ela define a percepção que o mundo tem sobre um dado polo, podendo, se bem gerida, potencializar qualidades e relativizar deficiências.

A criação e a gestão da imagem de um país são complexas e dependem de diferentes elementos que se influenciam mutuamente. Por exemplo, atuar sobre o aspecto cul-tural da imagem do país pode influenciar ao mesmo tempo a percepção sobre turismo e sobre negócios. Além disso, a construção da imagem parte da realidade do país e é complementada pela percepção externa. Isso significa que não se conseguem ganhos significativos e sustentáveis de imagem somente por meio do trabalho de influência de percepção – é necessário fundamentá-la em uma realidade condizente.

Na presente seção, não será feita uma análise dos aspectos intrínsecos do Brasil como polo de investimentos e negócios, os quais já foram tratados em cada um dos outros pilares deste trabalho. Será, sim, analisada a divulgação da realidade brasileira com o objetivo de avaliar a percepção internacional sobre o País. A discussão será dividida em três elementos essenciais da imagem de um polo: lugar para se fazer negócios, local para se morar e região para se fazer turismo. Em cada elemento serão analisados o status atual da imagem do Brasil e suas oportunidades de melhoria, de forma a torná-la uma ferramenta na construção do polo de negócios.

Como ponto de partida, o Nation Brands Index, publicado em 201073, coloca o Brasil em posição de relativo destaque no mundo, ocupando a 20ª posição entre 50 países. A aná-lise segmentada desse ranking em seus elementos mostra, porém, que o desempenho brasileiro é melhor em áreas de turismo e cultura e pior nas relacionadas a negócios, desequilíbrio que impacta negativamente a imagem almejada de polo de investimentos e negócios na América Latina.

Lugar para se fazer negócios

Em seu objetivo de ser um polo de negócios, a imagem de “lugar para se fazer negócios” é, em última instância, a que o Brasil deve buscar. Por intermédio de uma imagem atra-

tiva, os diversos agentes de negócios, sejam empresas, pessoas ou investidores, terão maior interesse no País.

O Brasil tem à sua frente uma oportunidade considerável para aproveitar o momento e desenvolver sua imagem relacionada a negócios, por causa de sua projeção mais acen-tuada recentemente devido a uma economia forte e atraente. Esforços de divulgação que poderiam fortalecer essa dimensão são ainda limitados; contemplando viagens de comitivas público-privadas, como o BEST BRAZIL, que apresenta o mercado financeiro na-cional para investidores estrangeiros, e a APEx, que promove o comércio exterior do País.

A percepção sobre a geração de ideias e de produtos brasileiros, ou mesmo sobre o ambiente institucional local, por exemplo, tem avaliações inferiores à média global74 (veja Diagrama 57). Rankings e pesquisas de percepção internacionais, como as realizadas pelo Banco Mundial e pelo IMD, também mostram o Brasil em posições inferiores no quesito de negócios. Essas colocações, apesar de terem origem em deficiências genuínas do País em alguns casos, po-deriam ser aperfeiçoadas por meio de esforços de melhor informar e influenciar a percepção de formadores de opinião. A aparente limitação desses esforços resulta em um grande atraso para a chegada das melhorias reais do Brasil até a percepção e o consenso internacionais.

A despeito desta imagem não tão positiva, o País vem tendo algum destaque, como aponta o aumento no número de congressos e convenções internacionais realizados no território brasileiro: desde 2003, esse número tem crescido a uma taxa média de 30% ao ano, o que em 2009 significou a colocação do Brasil como sétimo país que mais recebe esses eventos em todo o mundo75 (veja Diagrama 58).

73 The Anholt-GfK Roper Nation Brands Index.

DIAGRAMA 57Imagem de negócios do Brasil parte de patamar baixo

1. Contribui o país com a ciência e a tecnologia. Impacto das pessoas que compram produtos brasileiros. Tem ideias de avançada. 2. Tem governo honesto que respeita os direitos. Responsabilidade com a paz e a segurança. Preocupação com a pobreza e o meio ambiente. Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. / Fonte: The Anholt-GfK Roper Nation Brands IndexSM 2008 50 country Report.

Produtos Nacionais1 Ambiente Institucional2

MELHOR MELHOR

PIOR PIOR

MÉDIA

MÉDIA

JAPÃO

BRASIL

BRASIL

SUÍÇA

NIGÉRIA IRÃ

74 Avaliação de 50 países feita pelo Anholt-GfK Roper Nation Brands Report

de 2008.

75 Eventos itinerantes, com periodicidade fixa e com mais de 50 participantes.

Fonte: International Congress and Convention Association.

Page 67: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

132 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 133

Paralelamente, cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro já se destacam em rankings de lugar para se fazer negócios na América Latina, ocupando o terceiro e o quinto lugares, respectivamente, atrás somente de Miami76, Santiago e Cidade do Mé-xico77 (veja Diagrama 58). Ou seja, o Brasil é reconhecido como polo de negócios dentro da América Latina, mas a lacuna existe na comparação com o restante do mundo.

Outro ponto também importante para a formação da imagem do Brasil como polo de negócios é o da percepção sobre o posicionamento no tema de sustentabilidade, assunto cada vez mais recorrente na pauta decisória das empresas. Nesse sentido, o País ganha relativo destaque, sendo a nação com o terceiro maior número de empresas a reportarem um relatório anual de sustentabilidade de acordo com as diretrizes do Global Reporting Ini-tiative (GRI), o modelo mais usado pelas empresas no mundo, de acordo com pesquisas da KPMG e da Ernst&Young em 2009 (veja Diagrama 59). No entanto, as práticas das empresas brasileiras não são ainda completamente refletidas em rankings globais de sustentabilida-de: o País tem somente três empresas entre as 100 mais sustentáveis de acordo com um estudo publicado pela empresa Corporate Knights (veja Diagrama 59).

76 Incluída na pesquisa por causa da ligação cultural latina.

77 Fonte: Ranking de lugares para se fazer negócios da Revista América Economia publicado em 2010 e baseado em aspectos macroeconômicos, sociais, de serviços, infraestrutura, talentos e marca.

USA REINO UNIDO

ESPANHA USA

BRASIL CANADÁ

JAPÃO AUSTRÁLIA

SUÉCIA SUÍÇA

AUSTRÁLIA JAPÃO

HOLANDA FRANÇA

CANADÁ ALEMANHA

ALEMANHA BRASIL

REINO UNIDO SUÉCIA

CHINA FINLÂNDIA

COREIA DO SUL DINAMARCA

ÁFRICA DO SUL CINGAPURA

SUÍÇA HOLANDA

ITÁLIA ESPANHA

ÁUSTRIA ÍNDIA

PORTUGAL COREIA DO SUL

MÉXICO OUTROS

DIAGRAMA 59A preocupação das empresas brasileiras com sustentabilidade é alta, mas ainda não é reconhecida internacionalmente

número de empresas que publicaram relatórios de sustentabilidade1 - 2010

número de empresas no ranking das 100 mais sustentáveis: Corporate Knights “The World’s Most

Sustainable Companies”, 2010

158

181

134

123

83

69

69

66

63

62

61

61

53

50

48

42

35

34

21

12

9

9

6

5

5

4

3

3

3

3

2

2

2

2

2

7

Brasil é terceiro país com o maior número de relatórios publicados...

...mas tem somente 3 empresas entre as 100 mais sustentáveis do mundo

1. Considera apenas empresas que publicaram seus relatórios de acordo com as diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), as quais são as mais utilizadas de acordo com pesquisas da KPMG e da Ernst & Young, em 2009. / Fonte: GRI; Corporate Knights; análise BCG.

94. Bradesco96. Petrobras99. Natura

DIAGRAMA 58O País começa a obter destaque como lugar para se fazer negócios

País atrai número crescente de congressos e convenções

Número de eventos internacionais1 no Brasil

2004 2005 2006 2007 2008 20092003

62

106

145

207 209

254

293

+30%

Brasil é o 7º país que mais recebe eventos

1. Eventos itinerantes, com periodicidade fixa e com mais de 50 participantes. Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. Fonte: Revista América Economia; International Congress and Convention Association.

Ranking de 37 cidades sobre melhor lugar para se fazer negócios em 2010, com base em aspectos macroeconômicos, sociais, de serviços, infraestrutura, talentos e marca

Cidades brasileiras começam a ganhar destaque

USA

CHILE

BRASIL

MÉXICO

BRASIL

ARGENTINA

PANAMÁ

COLÔMBIA

COSTA RICA

Miami

Santiago

São Paulo

Cidade do México

Rio de Janeiro

Buenos Aires

Cidade do Panamá

Bogotá

San José

1ª2ª3ª4ª5ª6ª7ª8ª9ª

PAÍSCIDADERANK

Page 68: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

134 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 135

Os avanços reais brasileiros e iniciativas como o BEST BRAZIL e a APEx são benéficos na formação de uma imagem corporativa do País. Entretanto, é necessário avançar em termos de quantidade de esforços e, principalmente, de coordenação em torno de um objetivo e de uma estratégia única de transformação do Brasil num dos polos de investimentos e negócios na América Latina.

Lugar para se morar

Para contribuir com sua imagem de polo de negócios, o Brasil precisa também ser reconhecido como um lugar atraente para se morar: a capacidade de atrair pessoas é fundamental para a formação do centro de negócios e depende da capacidade do País de proporcionar boas condições de vida a seus habitantes.

A hospitalidade e a abertura cultural brasileiras são reconhecidas mundialmente. A cidade do Rio de Janeiro foi eleita a cidade mais feliz do mundo em 2009 pela revista Forbes78. Mesmo assim, o Brasil tem pouca projeção como lugar para se morar. Tal lacuna pode estar relacionada em parte a fatores reais, como trânsito e relativa falta de segurança, mas em parte também é resultado da tímida divulgação dos pontos positivos da vida em cidades brasileiras e da falta de disseminação de informações sobre o contexto e as melhorias dos pontos deficientes. Por causa dessa conjunção de fatores, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, figuram empatadas somente em 92º lugar entre 140 cidades no mundo no ranking do EIU de melhor lugar para se morar (veja Diagrama 60).

Aparentemente, não existem hoje iniciativas específicas para a divulgação do Brasil como lugar de boa moradia, o que parece alinhado à política brasileira de não atrair mão de obra internacional. Os movimentos de divulgação de outros aspectos da ima-gem brasileira – como negócios e turismo, notícias –, rankings internacionais e a pró-pria movimentação de pessoas para dentro e fora do País são hoje os únicos meios de formação da imagem brasileira como lugar para se morar.

Para aprimorar sua imagem de destino residencial, além de investir na melhoria real de seus pontos negativos, o Brasil precisa divulgar mais seus avanços de forma estruturada, seja por intermédio de reportagens em meios de comunicação, seja por meio de forma-ção de opiniões de visitantes ao País, ou seja via campanhas internacionais. Um exemplo de avanço não divulgado é que a cidade de São Paulo alcançou em 2009 uma taxa de homicídios inferior a de centros metropolitanos dos Estados Unidos: em São Paulo foram 11,23 homicídios por 100 mil habitantes, ante 23,85 em Washington e 16,08 em Chicago.

Lugar para se fazer turismo

O turismo beneficia a formação de um polo de investimentos e negócios no Brasil tanto pela atração de receitas e de atividades econômicas diretamente a ele ligadas quanto pela divulgação do País internacionalmente por meio do aumento do trânsito de visitantes.

78 Fonte: Ranking “The World’s Happiest Cities” da revista Forbes, publicado em setembro de 2009.

A imagem brasileira como destino turístico é destaque internacional, tanto pelos atra-tivos naturais quanto pela cultura do povo. O Brasil tem a oportunidade de transformar esse ponto forte em trampolim que contribua com a formação da imagem de seu polo de investimentos e negócios, de forma a provocar a divulgação de sua imagem corporativa também por meio dos turistas que o visitam. Isto é, visitantes turísticos que reconhecem o potencial brasileiro também para investimentos e negócios ajudam a formar a opinião internacional sobre o Brasil como polo.

No entanto, diferentemente do que indica sua forte imagem como destino turístico, o Brasil é somente o 38º colocado entre os 60 países que mais atraem turistas no mundo (veja Diagrama 61), recebendo menos de 1% dos turistas mundiais. Em vez de acompa-nhar o crescimento do turismo internacional, o Brasil viu seu número de turistas inter-nacionais cair nos últimos anos, tanto em lazer quanto em negócios (veja Diagrama 62).

DIAGRAMA 60Brasil não tem boa imagem como lugar para se morar

CANADÁ

ÁUSTRIA

AUSTRÁLIA

ARGENTINA

CHILE

URUGUAI

BRASIL

BRASIL

MÉXICO

VENEZUELA

COLÔMBIA

Vancouver

Viena

Melbourne

Buenos Aires

Santiago

Montevidéu

São Paulo

Rio de Janeiro

Cidade do México

Caracas

Bogotá

1ª2ª3ª

61ª64ª66ª92ª92ª

105ª118ª127ª

1. Ranking de 140 cidades sobre melhor lugar para se morar organizado pelo EIU em 2009, com base em estabilidade, serviços de saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura. / Fonte: EIU.

PAÍSCIDADERANKING1

Page 69: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

136 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 137

DIAGRAMA 62O turismo no Brasil não acompanhou o crescimento mundial de turistas

Tanto o turismo de lazer quanto o de negócios decresceram no BrasilNúmero de turistas internacionais decresceu nos últimos anos no Brasil

Fonte: Ministério do Turismo do Brasil; EIU; análise BCG.

-2,3%

-2,9%

-8,5%

+1,5%

20062005 2007 2008 2009

TACC5,4

2,4 (44%)

2,2 (44%)

2,2 (44%)

2,2 (43%)

2,2 (46%)

1,4 (29%)

1,4 (27%)

1,4 (27%) 1,1

(23%)

1,4 (28%)

1,4 (28%)

1,5 (30%)

1,4 (32%)

1,6 (29%)

1,4 (27%)

5,0 5,0 5,14,8

LAZER

NEGÓCIOS

OUTRAS

Turistas internacionais no Brasil - MTuristas internacionais por destino - M

2,6%

2,4%

-2,9%

TACC

MUNDO

AMÉRICA LATINA

BRASIL20062005 2007 2008 2009

801,6

846,0

900,5

919,0

880,5

43,4

45,1 47,7 49,2 48,0

5,4 5,0 5,0 5,1 4,8

DIAGRAMA 61Apesar de ter boa imagem, o Brasil atrai menos de 1% dos turistas do mundo

1. Perguntas: Interesse em visitar o pais? É rico em beleza natural e monumentos históricos e cidades excitantes? 2. Perguntas: Tem sucesso em esportes e tem herança cultural? Tem cultura contemporânea? Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. 3. Refere-se a todos os tipos de visitantes temporários, incluindo lazer e negócios, não considerando visitantes por atividades remuneradas no país de destino. / Fonte: The Anholt-GfK Roper Nation Brands IndexSM 2008 50 country Report; EIU.

Turismo1 Cultura2

Imagem brasileira é positiva em aspectos turísticos e culturais...

MELHOR MELHOR

PIOR PIOR

MÉDIA

MÉDIA

ITÁLIA

BRASILBRASIL

FRANÇA

IRÃ IRÃ

1º 1º

50º

10º 13º

50º

Ranking País % de turistas do mundo

... mas atrai somente pequena parte do volume global de turistas3

10,6%

7,7%

7,2%

4,1%

3,9%

3,3%

3,2%

2,9%

2,3%

1,1%

1,1%

0,9%

0,7%

0,7%

FRANÇA

USA

CHINA

REINO UNIDO

HONG KONG

ALEMANHA

RÚSSIA

MÉXICO

CANADÁ

CINGAPURA

JAPÃO

COREIA

ÍNDIA

BRASIL

1º2º 4º6º7º

10º11º14º15º28º29º30º 35º 38º

Brasil é o 38º colocado entre 60 países

Brasil é o 13º colocado entre 50 países

Brasil é o 10º colocado entre

50 países

Page 70: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

138 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 139

Fica clara, então, a necessidade de se atuar na transformação da imagem brasileira para aumentar seu turismo internacional. Felizmente, iniciativas para a divulgação do Brasil como destino turístico já são frequentes, principalmente por meio do Ministério do Turismo e da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). Além disso, a Copa do Mundo de 2014 e as Olim-píadas de 2016 serão oportunidades ímpares para a conversão da imagem positiva em um maior número de turistas. É necessário garantir a continuidade dos esforços existentes e atuar para transformá-los em aumento efetivo de turistas.

Indicadores

As dimensões usadas para avaliar o pilar de imagem do país foram as seguintes:

• Imagem no âmbito de negócios: A imagem positiva de um polo no âmbito dos negócios é essencial para a atração de investidores e de empresas em busca de oportunidades;

• Interesse estrangeiro em investimentos e negócios do país: O interesse estrangeiro no país, aqui medido pelo volume de buscas realizadas sobre seu nome combinado a palavras relacionadas a negócios, mede a projeção internacional e, portanto, indica o potencial de atração de negócios estrangeiros;

• Atratividade para eventos internacionais: A realização de eventos internacionais em um polo mostra a projeção no interesse de investidores e de empresários estrangeiros, o que contribui para a formação do polo;

• Sustentabilidade: A atitude de um país com relação aos recursos naturais define a susten-tabilidade e contribui com a imagem para negócios, além de influir também na imagem de lugar para se fazer turismo e morar;

• Qualidade de vida: A qualidade de vida em um país promove sua imagem como local para se morar e, assim, define sua atratividade para talentos internacionais e para empresas que estejam decidindo onde se instalar no mundo;

• Abertura cultural: A abertura cultural de um país contribui para que ele receba bem os estrangeiros que o visitem a negócios ou a turismo e também garante melhor aceitação dos cidadãos que viajam ao exterior, sendo fundamental para a consolidação de um polo com ambições internacionais;

• Segurança pessoal e patrimonial: Junto com a qualidade de vida, a segurança é definidora da atratividade de um polo para se morar e também para turistas;

• Imagem no âmbito de lazer e turismo: O lazer e o turismo contribuem diretamente com um polo ao gerar negócios e, indiretamente, ao ajudar na formação da imagem no exterior;

• Intensidade de turismo: A intensidade do turismo, assim como a imagem do país nesse âmbito, mede o interesse internacional geral sobre a nação e contribui com a divulgação da imagem internacional do polo.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de imagem do país diante dos outros países pode ser observado a seguir:

No pilar de imagem, o Brasil já figura em posições de destaque em algumas dimen-sões importantes, como atratividade para eventos internacionais, sustentabilidade, abertura cultural e imagem de turismo e lazer. Para que a imagem como polo atrativo de investimentos e negócios se consolide, o País deveria continuar desenvolvendo e promovendo os seguintes temas: sua imagem para negócios; razões que despertem o interesse estrangeiro em investimentos e negócios; qualidade de vida; segurança pessoal e patrimonial do País; e a intensidade do turismo.

crítico a desenvolver bom excelente

CHL SGP

HKG SGP USAdEU

FRA

FRA

KOR GBR

FRA dEU

dEU

dEU

FRA

CHL

CHL KOR JPN

JPN

KOR CHN FRA

dEU FRA

HKG SGP

GBR

USA

GBRUSA

HKG

HKG

SGP

SGP

GBR SGPHKGUSA

SGP

KOR

KOR

RUS

CHN

JPN CHL

INd

JPN KOR

dEU

RUS

RUS

MEX

RUS

RUS

RUS

RUSCHL

MEX RUS

USA GBR

INd

INd

INd

MEX

RUS

MEX

CHN MEX

CHL FRAKOR

CHL

CHN

CHN

MEX CHN

CHN INd

CHN

CHL

INd

JPN

CHL JPN

IMAGEM NO ÂMBITO dOS NEGóCIOS

INTERESSE ESTRANGEIRO EM NEGóCIOS E INVESTIMENTOS dO PAÍS

ATRATIVIdAdE PARA EVENTOS INTERNACIONAIS

SUSTENTABILIdAdE

QUALIDADE DE VIDA

ABERTURA CULTURAL

SEGURANçA PESSOAL E PATRIMONIAL

IMAGEM NO ÂMBITO dE LAZER E TURISMO

INTENSIdAdE dE TURISMO

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

INd FRA JPN

JPN

USA

SGP

MEX CHN

USA

HKG

GBR

GBR

MEX

INd

INd

FRA dEU

KOR MEX USA GBR

JPN dEU GBR USA

KOR dEU

SGP

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

Page 71: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

140 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 141

Conclusão

O Brasil apresenta imagem de destaque no mundo e deve alavancá-la para promover sua atratividade como polo de investimentos e negócios. Especificamente, é importan-te fortalecer e equilibrar a percepção da imagem brasileira nas dimensões “negócios” e “qualidade de vida”, em que o País tem posição de pouco destaque.

O bom patamar de partida da imagem nacional, as iniciativas brasileiras de imagem já em andamento e as melhorias nos aspectos reais a serem divulgadas podem dar ao Brasil as ferramentas necessárias para promover uma imagem forte de polo de inves-timentos e negócios. Adicionalmente, os eventos esportivos internacionais de 2014 e 2016 contribuirão ainda mais para esse momento brasileiro. Por fim, a coordenação da divulgação das evoluções positivas do País é estratégia importante a ser seguida para a melhoria da percepção sobre o Brasil.

Page 72: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

142 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 143

PAINEL DE INDICADORES DA ATRATIVIDADE BRASILEIRA COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Esta seção reapresenta a posição brasileira nas 57 dimensões selecionadas que fazem parte dos 7 pilares considerados essenciais para a atratividade de um polo. Cada di-mensão se constitui em um indicador, a partir da comparação entre países. O objetivo destes indicadores é acompanhar a evolução brasileira ao longo dos anos, de forma a seguir mapeando os próximos passos necessários ao aumento da atratividade brasilei-ra como polo de investimentos e negócios.

É importante notar alguns pontos sobre a metodologia de definição do painel de in-dicadores:

• A seleção dos indicadores para cada pilar baseou-se nas análises realizadas e em discussões com os associados da BRAiN e com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores

levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para di-ferentes países e a possibilidade de se replicar a métrica ao longo dos próximos anos. A seleção de indicadores, portanto, respeita limitações de disponibilidade de dados;

• A definição da cesta de países para comparação baseou-se na busca por exemplos relevantes de países desenvolvidos, países que operam como polos de investimentos e negócios e países que compartilham com o Brasil o status de “em desenvolvimento”;

• A distribuição dos países ao longo da régua de cada indicador e sua classificação como “excelente”, “bom”, “a desenvolver” e “crítico” obedecem a um de dois racionais: (1) quando existente, o consenso social, político ou econômico publicamente estabelecido e, em caso de não existência de consenso; (2) a divisão estatística entre países, sendo a média da população divisora dos níveis “bom” e “a desenvolver” e um desvio padrão acima e abaixo da média divisores das categorias “excelente” e “crítico”, respectivamente;

• O detalhamento sobre as fontes dos indicadores e os critérios para a distribuição dos países em cada régua estão disponíveis no Apêndice 2 deste relatório.

AMBIENTE MACROECONÔMICO

P: Indicador baseado em dados projetados.

dISTRIBUIçãO dE RENdA

dESENVOLVIMENTO HUMANO

VOLATILIdAdE ECONÔMICA

VULNERABILIdAdE EXTERNA

SOLIdEZ FISCALP

crítico a desenvolver bom excelente

JPNGBR FRAUSA SGP

HKG

RUS INd MEX

dEUCHLCHN KORESTABILIdAdE MONETáRIAP2.

KOR SGPHKG CHNCHL MEX RUS

INd4.

JPN dEU KORHKG USA SGP GBR CHNRUS

CHL MEX INdFRA5.

dEUFRAKORHKG USASGP

GBR

INd CHN RUS MEX CHL

JPN6.

7.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

dEU

JPN

GBR HKG SGP

FRA USA RUS

KOR

INdCHLMEX

CHNCRESCIMENTO ECONÔMICOP1.

JPN

GBR

FRA dEU KORUSA SGP HKGMEX CHN CHLRUS3.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRAINd

HKG CHL MEX

SGP

USA RUS

CHN

JPN

INd FRA

dEUGBR KOR

Page 73: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

144 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 145

AMBIENTE INSTITUCIONAL

TALENTOS E CAPITAL HUMANO

FACILIdAdE PARA EMPRESAS PAGAREM IMPOSTOS

FACILIdAdE dE ABRIR NEGóCIOS

FLEXIBILIdAdE dO MERCAdO dE TRABALHO

SEGURANçA JURÍdICA

crítico a desenvolver bom excelente

JPN USA HKG

GBR SGP

RUS CHN CHLMEX

FRA dEUINd KORQUALIDADE REGULATÓRIA2.

FRA KOR JPNdEU USA SGPGBRCHLCHN

MEX HKGINdRUS4.

JPNKOR USA SGP GBR

MEX CHN

INdRUS

CHL FRA5.

dEU FRA HKGUSA

KOR GBR SGPCHN CHL

RUSJPNMEX INd6.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

JPN

SGPGBR

HKGUSA

FRA

RUS

KOR

INd CHLMEX

CHNESTABILIdAdE POLÍTICA1.

dEU

JPNKOR HKG SGP GBRCHLMEX INdRUS3.

FRA dEUUSACHN

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

crítico a desenvolver bom excelente

KOR JPN GBR

GBR

dEU

dEU

FRA

FRA

FRA

FRA

dEU

dEU

dEU

dEU

FRA

FRA

KOR dEU

dEU

KOR FRA HKG CHLJPN

FRA

CHL

CHN MEX

RUS

RUS

dEU

HKG

HKG GBR

USA

GBR

GBR

GBR

GBR

GBR

HKG

HKG

SGP

SGP

SGP

SGP

SGP

KOR

KOR

FRA

FRA JPN

JPN

JPN

JPN

JPN

KOR

KOR

HKG

RUS

RUS

RUS

RUS

RUS

RUS

RUS

RUS

RUS

CHL

INd

INd

INd

INd

INd

INd

MEX

MEX

MEX

MEX

MEX

CHN

CHL

CHL

CHN

CHN

CHL

CHL

CHN

CHN

CHN

CHN CHL

CHN

CHN

CHL

CHL

CONTINGENTE dEMOGRáFICOP

QUANTIDADE dE ENSINO BáSICO

QUALIDADEdO ENSINO BáSICO

QUANTIDADE dE ENSINO SUPERIOR

ALINHAMENTO dO ENSINO SUPERIOR COM O MERCAdO

INTERNACIONALIZAçãO dE ESTUDOS (LINGUAS E VIVÊNCIA)

dISPONIBILIdAdE dE GESTORES E ENGENHEIROS DE QUALIDADE

INTENSIDADADE DE PESQUISA E dESENVOLVIMENTO

ATRATIVIdAdE dO PAÍS PARATALENTOS INTERNACIONAIS

GESTãO dA dIáSPORA

COMPLEXIdAdE dE IMIGRAçãO dE TALENTOS

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

11.

10.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

USA

HKG

SGP

SGP

GBR

USA

USA

USA

HKG

USA

USA

GBR

SGP

MEX

INd

MEX

KOR

KOR JPN

JPN

SGP

USA

HKG

SGP

INd

INd

HKG USA

INd

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

P: INdICAdOR BASEAdO EM dAdOS PROJETAdOS.

KOR

dEU

GBRJPN

dEU

Page 74: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

146 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 147

INFRAESTRUTURA FÍSICA

INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

OFERTA dE SERVIçOS BáSICOS À POPULAçãO URBANA

dISPONIBILIdAdE ENERGÉTICA

QUALIDADE E CUSTO dE TELECOMUNICAçÕES

crítico a desenvolver bom excelente

JPN KOR FRA dEUGBR USA HKGRUS CHN INd CHLMEXQUALIDADE dE TRANSPORTE AÉREO2.

KOR JPN dEU FRAGBR HKG SGPCHNMEX CHL

USAINd RUS4.

CHN GBRSGP

FRAJPNKOR

USAdEUMEX

INd RUS CHL5.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

FRA dEU GBRRUSINd MEX

CHN

SGP

MOBILIdAdE URBANA1.

JPN dEUFRA KOR SGPGBRCHNMEX INdRUS3.

HKGUSACHL

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

USA

PARTICIPAçãO dE EMPRESAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS NA BOLSA

dISPONIBILIdAdE dE SERVIçOS FINANCEIROS

LIQUIDEZ DAS BOLSAS dE VALORES

PROJEçãO COMO IFC

CRÉdITO PJ

DEBÊNTURES

crítico a desenvolver bom excelente

JPN FRA USA GBR SGP HKGRUS CHNINd CHLMEXBOLSA dE VALORES

UTIL

IZA

çãO

dE

RECU

RSO

S FI

NA

NCE

IRO

S

2.

KORFRAGBR USASGP INd

dEU4.

JPN

KOR JPN FRA

FRA

dEU

JPN

KOR dEU JPN

USA GBR

CHN

GBR

HKG GBR

HKG GBR

dEU KORINd

FRA

INd

RUS

CHL

INd

RUS CHL

CHN

RUS CHN

INd CHL

MEX

MEX

MEX

RUS MEX CHN

5.

6.

7.

8.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

KOR FRA JPNGBR RUS INdCHLMEX

CHN dEU

dEU KOR

EFETIVIdAdE dA REGULAçãO FINANCEIRA

1.

JPNdEU FRA KORSGPGBR HKG USACHN CHLINd3.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

USA HKG SGP

KOR SGP

SGP

SGP

HKG

HKG

USA

SGP USA

USA

FRA

Page 75: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

148 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 149

CONECTIVIDADE

IMAGEM DO PAÍS

EXPANSãO dE MULTINACIONAIS dO PAÍS

FACILIdAdE dE ENTRAdA dE MULTINACIONAIS ESTRANGEIRAS

RECEPçãO dE IMIGRANTES

MOBILIdAdE dE PESSOAS

COMÉRCIO dE SERVIçOS

ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIçOS

crítico a desenvolver bom excelente

JPN KOR SGPdEUGBRUSA RUS CHNINd MEXCOMÉRCIO dE BENS

COM

ÉRCI

OCA

PITA

LEM

PRES

AS

PESS

OA

S

2.

FRA KOR SGPGBRCHN CHL INdMEX RUS

USA dEU HKG4.

CHN

CHN

CHN

INd

INd

INd RUS

RUS

RUS

RUS

INd

RUS

CHL INd CHN RUS

CHL

CHL

MEX CHN

CHL MEX RUS

CHN

USAMEX CHL

MEX

INd MEX

CHL

MEX

CHN

CHL

MEX

JPN

FRA

KOR

JPN

GBR

GBR

GBR HKG

HKG GBR

USA

GBR

USA

HKG

HKG GBR

SGP

SGP

USA

HKGdEU FRA

dEU

JPN

JPN dEU

KOR FRA

KOR JPN

JPN

FRA

dEU

FRA

KOR

KOR

KOR8.

9.

10.

11.

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

KOR JPN dEU USARUS CHN CHLINdMEX

SGP FRAGBR

FRA HKGCHL

ABERTURA INTERNACIONAL PARA BENS

1.

JPNdEUFRAKORSGP CHNINd MEX3.

GBRHKGCHL

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

HKG

HKG

dEU SGP

SGP

GBR

USA

USA

SGP

SGP

SGP

JPN

FRA

KOR dEU

USA

FRA

FLUXOS dE CAPITAIS

ACORdOS dE ABERTURA PARA CAPITAIS

REGULAçãO PROMOTORA dE ABERTURA A CAPITAIS

5.

6.

7.

USA

INd

crítico a desenvolver bom excelente

CHL SGP

HKG SGP USAdEU

FRA

FRA

KOR GBR

FRA dEU

dEU

dEU

FRA

CHL

CHL KOR JPN

JPN

KOR CHN FRA

dEU FRA

HKG SGP

GBR

USA

GBRUSA

HKG

HKG

SGP

SGP

GBR SGPHKGUSA

SGP

KOR

KOR

RUS

CHN

JPN CHL

INd

JPN KOR

dEU

RUS

RUS

MEX

RUS

RUS

RUS

RUSCHL

MEX RUS

USA GBR

INd

INd

INd

MEX

RUS

MEX

CHN MEX

CHL FRAKOR

CHL

CHN

CHN

MEX CHN

CHN INd

CHN

CHL

INd

JPN

CHL JPN

IMAGEM NO ÂMBITO dOS NEGóCIOS

INTERESSE ESTRANGEIRO EM NEGóCIOS E INVESTIMENTOS dO PAÍS

ATRATIVIdAdE PARA EVENTOS INTERNACIONAIS

SUSTENTABILIdAdE

QUALIDADE DE VIDA

ABERTURA CULTURAL

SEGURANçA PESSOAL E PATRIMONIAL

IMAGEM NO ÂMBITO dE LAZER E TURISMO

INTENSIdAdE dE TURISMO

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

BRA

INd FRA JPN

JPN

USA

SGP

MEX CHN

USA

HKG

GBR

GBR

MEX

INd

INd

FRA dEU

KOR MEX USA GBR

JPN dEU GBR USA

KOR dEU

SGP

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAISOUTROS PAÍSES dESENVOLVIdOSPAÍSES EM dESENVOLVIMENTO

Page 76: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

150 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 151

CONCLUSãO

Um polo internacional de investimentos e negócios é fator de desenvolvimento para um país e para sua região. A América Latina precisa ter uma rede forte de polos, sendo alguns de projeção global, dentre os quais o Brasil é um dos candidatos.

O País oferece diversas características que o tornam apto a esta função, como a força de sua economia, sua infraestrutura financeira e sua estabilidade política e institucional. Mas também apresenta várias oportunidades de melhoria. Este relatório tem como principal objetivo servir de fonte para a geração de Grupos de Trabalho que buscarão viabilizar as melhorias necessárias para tornar o Brasil mais atrativo como polo internacional de investimentos e negócios com foco regional e projeção global.

Conforme visto, o relatório compara o desempenho do Brasil com cerca de 13 países em 57 dimensões, classificadas em 7 pilares considerados essenciais para a atrativi-dade de um polo. A partir destas comparações, a BRAiN continuamente identificará as oportunidades de melhoria prioritárias e, quando cabível, coordenará a criação de grupos de trabalho engajando o governo e a iniciativa privada no Brasil e, em alguns casos, na região.

Alguns destes Grupos de Trabalho já estão em operação e muitos outros surgirão em breve para, possivelmente, racionalizar atividades de regulação da iniciativa privada, simplificar a burocracia para entrada de talentos estrangeiros, estimular ampliação dos aeroportos, expandir programas para atração de pequenas e médias empresas para a bolsa de valores, buscar ratificação de acordos de livre comércio de serviços, assegurar coordenação dos esforços de promoção de imagem do País, dentre outros.

Este relatório será refeito anualmente para monitorarmos o avanço do Brasil. Além disso, nos próximos meses, a BRAiN lançará outros relatórios: Talentos e Capital Hu-mano, Conectividade e Integração dos Sistemas Financeiros Latino-Americanos. Adi-cionalmente, a BRAiN irá produzir um documento com fatos positivos e iniciativas de melhorias já existentes em cada um dos 7 pilares.

Você que percebe a importância do desenvolvimento de um polo internacional de investimentos e negócios no Brasil e na América Latina está convidado a participar.

Visite nosso site para acompanhar e contribuir com este processo: www.brainbrasil.org.

Page 77: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

152 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 153

APÊNDICE 1:METODOLOGIA

A BRAiN tem consciência de que a avaliação da atratividade de um país é um exercício complexo e subjetivo. A fim de se validar o resultado apresentado neste relatório, a metodologia construída foi submetida à aprovação de experts e formadores de opinião envolvidos no projeto.

Medição da atratividade

Desde a primeira publicação da BRAiN, em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, foram ilustrados alguns traços comuns existentes em todos os grandes polos de negócios de referência, assim como algumas características diferenciais que reforçam o papel de cada centro como um polo internacional de investimentos e negócios (veja Diagrama 63).

A partir dessa base, esta nova etapa de trabalho da BRAiN complementou tal lista pre-liminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo. O resultado dessa identificação e do posterior agrupamento levou ao desenvolvimento de uma visão dos sete pilares que constituem a lista dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo de investimentos e negócios (veja Diagrama 64):

DIAGRAMA 63Pré-requisitos e diferenciais dos principais polos mundiais

Principais lições aprendidas dos estudos de caso:

Intensidade de comércio e estabilidade macroeconômica

Infraestrutura desenvolvida

Talentos, tanto internos quanto do exterior

Fluência em línguas, particularmente inglês

Alinhamento público/privado para desenvolver o polo

Proatividade governamental

Regulação favorável aos negócios

Impostos: simples, idealmente limitados

Um porto seguro em uma região arriscada

Foco em inovação

como vantagem competitiva

Excelência em sua região ou nicho

Taxa de crescimento do mercado interno

Criação de uma zona offshore

NYC LON SGP HKG DUB PAR

PRÉ-REQUISITOS

DIFERENCIAIS

Page 78: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

154 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 155

1. Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exemplos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negócios em um país;

2. Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibili-dade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na transparência e eficiência dos processos administrativos;

3. Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades aca-dêmicas e as necessidades do mercado de trabalho, e a possibilidade de se atrair especialistas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional;

4. Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna, e o acesso a uma rede de teleco-municações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo;

5. Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios;

6. Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimenta-ção de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios;

7. Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

Além do entendimento abrangente e detalhado da situação do Brasil em cada um destes sete pilares, o trabalho realizado também criou um painel de indicadores para permitir a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos. Para tanto, em cada um destes pilares, foram elencadas dimensões que podem ser usadas para avaliar a situação do País diante de outros polos selecionados. A seleção dos indicado-res baseou-se nas análises realizadas e em discussões entre os associados da BRAiN com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado.

Foram também criadas métricas para essas dimensões com o objetivo de, além de ava-liar a situação atual, acompanhar ao longo do tempo a evolução da atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para diferentes países e a possibilidade de monitoramento contínuo ao longo dos anos.

Finalmente, a cesta de países para comparação foi definida a partir da busca por exemplos relevantes. Foram incluídos países desenvolvidos de referência, países que já operam como polos reconhecidos de investimentos e negócios e outros países per-tinentes para a comparação.

DIAGRAMA 64Os sete pilares da formação e da excelência de um polo de investimentos e negócios

5. INFRAESTRUTURA FÍSICA

1. AMBIENTE MACROECONÔMICO

2. AMBIENTE INSTITUCIONAL

3. TALENTOS E CAPITAL HUMANO

4. INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

6. CONECTIVIDADE

7. IMAGEM DO PAÍS

Page 79: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

156 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 157

APÊNDICE 2:DETALHAMENTO DOS INDICADORES

AMBIENTE MACROECONÔMICO

SOLIDEZ FISCALP

VULNERABILIDADE EXTERNA1

VOLATILIDADE ECONÔMICA1

DESENVOLVIMENTO HUMANO1

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA1

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

IMF – World Economic Outlook Database

EIU CountryData

EIU CountryData

UNDP - Human Development Reports

CIA, The World Factbook

Avaliação consistente desde 1984 com cobertura mundial

Cobertura de 150 países

Cobertura de 150 países

Dados disponíveis desde 1970 para mais de 160 países

Cobertura mundial

Crítico: ≥ 100 A desenv.: 50 a 100 Bom: 20 a 50 Excelente: ≤ 20

Crítico: ≤ 0 A desenv.: 0 a 111 Bom: 111 a 276 Excelente: ≥ 276

Crítico: ≥ 0,59 A desenv.: 0,34 a 0,59 Bom: 0,10 a 0,34 Excelente: ≤ 10

Crítico: ≤ 0,75 A desenv.: 0,76 a 0,80 Bom: 0,81 a 0,84 Excelente: 0,85 a 1,00

Crítico: ≥ 58,8 A desenv.: 46,8 a 58,8 Bom: 34,9 a 46,8 Excelente: ≤ 34,9

CRESCIMENTO ECONÔMICOP

EIU CountryData Cobertura de 150 países. Projeções de 5 anos para todo o universo

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 0,9 a 1,5 Bom: 1,6 a 4 Excelente: ≥ 4

Projeção de crescimento mé-dio do PIB a.a. nos próximos 5 anos

ESTABILIDADE MONETÁRIAP

EIU CountryData Idem ao anterior Crítico: ≥ 20 A desenv.: 8 a 20 Bom: 4 a 8 Excelente: ≤ 4

Projeção da inflação média a.a. nos próximos 5 anos

Projeção da dívida bruta do setor público (% do PIB)

Reservas internacionais / Dívida externa total (%)2

Coeficiente de variação da taxa de juros de curto prazo de títulos do governo3

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)4

Índice GINI

1

2

3

4

5

6

7

P: Indicador baseado em dados projetados. / 1. Pública + privada. / 2. Últimos 3 anos. / 3. Últimos 5 anos. / 4. Calculado com base em saúde, educação e economia.

Page 80: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

158 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 159

AMBIENTE INSTITUCIONAL

SEGURANÇA JURÍDICA

FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO

FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS

FACILIDADE PARA EMPRESAS PAGAREM

IMPOSTOS

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

World Governance Indicators, Banco Mundial

World Competitiveness Yearbook, IMD

Investing Accross Borders, Banco Mundial

Doing Business, Banco Mundial

Idem ao anterior

Publicado consistentemente desde 1989 e hoje cobrindo 58 países

Iniciativa cobrindo 87 economias e focada especificamente em IED (Investimento Estrangeiro Direto)

Estudo detalhado, envolvendo 183 países desde 2002

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

Crítico: ≥ 45 A desenv.: 28 a 45 Bom: 11 a 28 Excelente: ≤ 11

Crítico: ≤ 50 A desenv.: 50 a 64 Bom: 64 a 78 Excelente: ≥ 78

Crítico: ≥ 532 A desenv.: 282 a 532 Bom: 32 a 282 Excelente: ≤ 32

ESTABILIDADE POLÍTICA World Governance Indicators, Banco Mundial

Cobre 230 economias consistentemente desde 1996

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

Estabilidade e ausência de violência política

(pontuação)

QUALIDADE REGULATÓRIA

World Governance Indicators, Banco Mundial

Cobre 230 economias consistentemente desde 1996

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

Qualidade regulatória (pontuação)

Rule of Law (pontuação)

Labor Market Flexibility (pontuação)

Facilidade de abertura de empresas estrangeiras (pontuação)

Horas necessárias para pagar tributos

1

2

3

4

5

6

TALENTOS E CAPITAL HUMANO

QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO

QUANTIDADE DO ENSINO SUPERIOR

ALINHAMENTO DO ENSINO SUPERIOR

COM O MERCADO

INTERNACIONALIZAÇÃO DE ESTUDOS (LÍNGUA

E VIVÊNCIA)

DISPONIBILIDADE DE GESTORES E ENGENHEIROS

DE QUALIDADE

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

OCDE

UNESCO

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

Prova unifica a visão de aprendi-zado no mundo, sendo aplicada a cada três anos a crianças de 15 anos em 65 países

Mostra a % de pessoas em idade de escola terciária matriculadas. Dado divulgado anualmente pela UNESCO

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com ~4.500 respostas

Idem ao anterior

Idem ao anterior

Idem ao anterior

Idem ao anterior

Idem ao anterior

Países que têm gestão da diáspora são positivos, os que não têm são negativos

CONTINGENTE DEMO-GRÁFICOP

“Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility” do BCG com o World Economic Forum em 2009

Reflete a suficiência demográfica relativa ao desenvolvimento eco-nômico. Pode ser calculado pela BRAiN em anos futuros caso não o seja pelo BCG+WEF

Crítico: < – 1% A desenv.: – 1% a 0% Bom: 0% a 1% Excelente: > 1%

Gap entre o TACC da PEA e o TACC da demanda por trabalhadores

QUANTIDADE DE ENSINO BÁSICO

UNESCO e World Economic Forum Competitiveness Report 2010-2011

Mede a % da população em idade escolar que está na esco-la. Dado divulgado anualmente pela UNESCO

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média entre taxas de matrícula líquidas nos ensinos primário e secundário

Média das notas de leitura, ciências e matemática da prova internacional PISA

Taxa de matrícula bruta no ensino superior

Nota dada por empresá-rios ao alinhamento do ensino universitário com suas necessidades no mundo

Média entre o fluxo de estudantes que entram e saem de cada país para estudar e a nota dada por empresários ao alinhamento do ensino de línguas com as necessidades do mercado

Avaliação de disponibilidade de gestores seniores e de engenheiros de qualidade

INTENSIDADE DE PESQUISA

E DESENVOLVIMENTO

ATRATIVIDADE DO PAÍS PARA TALENTOS

INTERNACIONAIS

COMPLEXIDADE DE IMIGRAÇÃO DE

TALENTOS

GESTÃO DE DIÁSPORA

Número de FTEs de pesquisa e desenvolvimento por 1.000 habitantes

Nota dada por empresá-rios à atratividade do país para talentos interna-cionais

Nota dada por empresá-rios à complexidade para a entrada de talentos no país

Existência de órgãos e programas de gestão da diáspora de cada país

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

Análise qualitativa BCG com base em websites de países

Não existe dado secundário produzido para essa avaliação. A BRAiN poderá continuar a análise dos diversos países nos anos que seguem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

P: Indicador baseado em dados projetados.

Page 81: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

160 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 161

INFRAESTRUTURA FÍSICA

QUALIDADE E CUSTO DE

TELECOMUNICAÇÕES

DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA

OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS

À POPULAÇÃO URBANA

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

World Competitiveness Yearbook do IMD

Executive Opinion Survey do Global Competitiveness Report do World Economic Forum

World Bank

Relatório divulgado anual-mente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com ~4.500 respostas

Pesquisa anual com mais de 15.000 executivos em 139 países

Indicador mostra o atendi-mento de serviços básicos à população de centros urbanos

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

MOBILIDADE URBANA Commuter Pain Index da IBM e fontes nacionais sobre exten-são do metrô e população

Indicadores refletem as opções de mobilidade urbana nos centros econômicos de cada país

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Score formado por índice de trânsito (Commuter Pain Index) e disponibilidade de metrô nas principais cidades de cada país

QUALIDADE DO TRANSPORTE AÉREO

Executive Opinion Survey do Global Competitiveness Report do World Economic Forum

Pesquisa anual com mais de 15.000 executivos em 139 países

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Opinião de executivos sobre o transporte aéreo em cada país

Opinião de executivos sobre a infraestrutura de telecomunicações em cada país

Opinião de executivos sobre as situações atual e futura da energia em cada país

Média da % de população urbana com acesso à água e ao saneamento

1

2

3

4

5

INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

DEBÊNTURES

DIS

PON

IBIL

IDA

DE

DE

RECU

RSO

S FI

NA

NCE

IRO

S

CRÉDITO PJ

PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS

INTERNACIONAIS NA BOLSA

DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS FINANCEIROS

LIQUIDEZ DAS BOLSAS DE VALORES

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

Bank for International Settlements (BIS) e EIU

Banco centrais de cada país

Análise de dados Bloomberg

World Economic Forum - Global Competitiveness Report

World Bank Data Fonte primária: Standars & Poors

Dados divulgados anualmente com base em fontes de dados primários

Dados divulgados anualmente na maior parte dos países - dados primários

Dados primários divulgados em tempo real

Indicador qualitativo (survey) amplo da disponibilidade de serviços financeiros no país

Indicador disponível para 119 países, desde 1990, mostrando a pujança dos mercados de ações

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média - 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média - 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Crítico: < 5% A desenv.: 5% a 10% Bom: 10% a 25% Excelente: > 25%

Crítico: < 3,9 A desenv.: 3,9 a 4,8 Bom: 4,8 a 5,7 Excelente: 5,7 a 7,0

Crítico: < 23% A desenv.: 23% a 54% Bom: 54% a 85% Excelente: > 85%

EFETIVIDADE DA REGULAÇÃO FINANCEIRA

World Competitiveness Yearbook do IMD

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primários

Crítico: < 4,0 A desenv.: 4,0 a 5,0 Bom: 5,0 a 6,5 Excelente: > 6,5

Nota 0-10 da pergunta “Finance and banking regulation is sufficiently effective” em survey

BOLSA DE VALORES World Bank Data Dados divulgados anualmente com base em fontes de dados primários

Crítico: < 60% A desenv.: 60% - 90% Bom: 90% - 120% Excelente: > 120%

Market cap das empresas listadas / PIB

Estoque de títulos de dívida privada corporativa / PIB

Estoque de crédito PJ / PIB

% do volume negociado nas bolsas locais de papéis de empresas com sede em outros países

Nota 0-7 da pergunta“Availability of financial services” em survey

Volume total negociado no ano / Market cap total mé-dio das empresas listadas durante o ano

PROJEÇÃO COMO IFC Posição relativa em 2 dos principais rankings de IFCs

Global Financial Centers Index e The Banker International Financial Centers

Termômetros de visão externa do status do país como polo de finanças internacional divulgados consistentemente

Crítico: último quartil A desenv.: 3o quartil Bom: 2o quartil Excelente: 1o quartil

1

2

3

4

5

6

7

8

Page 82: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

162 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 163

ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIÇOS

COMÉRCIO DE SERVIÇOS

FLUXO DE CAPITAIS

ACORDOS DE ABERTURA PARA

CAPITAIS

FACILIDADE DE ENTRADA DE MULTINACIONAIS

ESTRANGEIRAS

REGULAÇÃO PROMOTORA DE

ABERTURA A CAPITAIS

RECEPÇÃO DE IMIGRANTES

MOBILIDADE DE PESSOAS

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

CONECTIVIDADE

World Trade Indicators, World Bank

UNCTAD

UNCTAD Stat

International Centre for Settlement of Invest-ment Disputes (ICSID), World Bank

Investing Across Borders - World Bank

Global Competitiveness Report 2010-2011, World Economic Forum

ONU

Análise de dados OAG Database

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente, calculados por fonte reconhecida

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Dados disponíveis ano a ano desde 1970 para 207 países

Envolve 177 países, baseada em informações oficiais passadas diretamente pelos governos nacionais

Fonte aberta cobrindo 87 países

Estudo publicado anualmente há mais de 30 anos e com metodologia atual desde 2005 para 125 países

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Indicador simples de nível de conectividade aérea do país

Crítico: 26,9 A desenv.: 26,9 a 35,2 Bom: 35,2 a 43,5 Excelente: > 43,5

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Crítico: < 0 A desenv.: 0 a 21 Bom: 21 a 48 Excelente: > 48

Crítico: < 50,2 A desenv.: 50,2 a 64,5 Bom: 64,5 a 78,8 Excelente: > 78,8

Crítico: < 3,8 A desenv.: 3,8 a 4,6 Bom: 4,6 a 5,3 Excelente: > 5,3

Crítico: < 1,5% A desenv.: 1,5% a 3,1% Bom: 3,1% a 9,2% Excelente: > 9,2%

Crítico: < 10 A desenv.: 10 a 39 Bom: 40 a 69 Excelente: > 70

ABERTURA INTERNACIONAL PARA

BENS

World Trade Indicators, World Bank

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente, calculados por fonte reconhecida

Crítico: > 12,5 A desenv.: 11 a 12,5 Bom: 9,4 a 11 Excelente: < 9,4

Média entre tarifas de restrição a importações e ao acesso a outros mercados em cada país, calculadas considerando barreiras tarifárias e não tarifárias do país no mundo

COMÉRCIO DE BENS UNCTAD Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Representatividade do país no comércio internacional de bens / representatividade do país no PIB global

Participação em acordos de comércio internacional de serviços em diferentes subsetores, GATS

Representatividade do país no comércio internacional de serviços / representativi-dade do país no PIB global

Representatividade do país no fluxo internacional de capitais / representativida-de do país no PIB global

Número de acordos bilaterais estabelecidos pelo país

Índice calculado com base nas exigências regulatórias

Indicador baseado em entrevista com especialistas, variando de 1 a 7

Representatividade de imigrantes sobre a população de cada país

Número de destinos interna-cionais / semana do país

EXPANSÃO DE MULTINACIONAIS

DO PAÍS

Países presentes no ranking das 100 maiores empresas por ativos no exterior, ordenados pela soma do total de ativos no exterior destas empresas

World Investment Report, Unctad

Ranking produzido desde 1991 com cobertura global

Crítico: Não estar no ranking A desenv.: Estar no ranking, mas abaixo dos 10 primeiros Bom: Entre os 10 e 6 primeiros colocados Excelente: Entre os 5 primeiros colocados

1

2

3

4

5

6

9

7

10

11

8

IMAGEM DO PAÍS

ATRATIVIDADE PARA EVENTOS

INTERNACIONAIS

SUSTENTABILIDADE

QUALIDADE DE VIDA

ABERTURA CULTURAL

SEGURANÇA PESSOAL E

PATRIMONIAL

DIMENSÃO INDICADOR FONTERACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

International Congress and Convention Association

Yale Center for Environmental Law and Policy (YCELP) e Center for International Earth Science Information Network (CIESIN)

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

World Competitiveness Yearbook do IMD

Realização de feiras reflete o interesse de negócios pelo país e é divulgada anualmente

Indicador reflete a sustentabi-lidade ecológica de cada país de acordo com o impacto de todas as suas ações sobre o ambiente

Relatório divulgado anual-mente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com aproximada-mente 4.500 respostas

Idem ao anterior

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

IMAGEM NO ÂMBITO

DOS NEGÓCIOS

The Ankholt-GfK Roper Nation Brands Index

Índice é o mais reconhecido in-ternacionalmente com relação a marcas nacionais

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média dos scores de imagem nacional relacionados a negócios (produtos nacionais, ambiente macro e investi-mento e imigração)

INTERESSE ESTRANGEIRO EM NEGÓCIOS

E INVESTIMENTOS DO PAÍS

Google Dado representa projeção do país na opinião pública e é disponível todo o tempo

Média do pool separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Número de buscas na internet do nome do país combinado aos termos “investment” e “business” em todos os países e em inglês

% dos eventos internacionais do mundo realizados em cada país

2010 Environmental Performace Index

Opinião de executivos sobre a qualidade de vida em cada país

Opinião de executivos sobre a abertura cultural de cada país a ideias estrangeiras

Opinião de executivos sobre a segurança pessoal e patrimonial em cada país

INTENSIDADE DE TURISMO

% dos turistas no mundo que vão para cada país

The Economist Intelligence Unit

Dado representa o interesse de turistas por cada país e é disponível anualmente

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

1

2

3

4

5

6

7

9

IMAGEM NO ÂMBITO DE LAZER E TURISMO

Média dos scores de ima-gem nacional relacionados a negócios (turismo, cultura e hospitalidade)

The Ankholt-GfK Roper Nation Brands Index

Índice é o mais reconhe-cido internacionalmente com relação a marcas nacionais

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão8

Page 83: Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

164 ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 165

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