Upload
dinhduong
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
ATUAÇÃO E MEDIAÇÃO DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA NA
DITADURA CIVIL-MILITAR NO BRASIL (1975-1980)
Hiolly Batista Januário de Souza1
Resumo: O trabalho aqui apresentado busca compreender a atuação da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), entidade associada à Igreja Católica, a partir do ano de sua
criação em 1975 até a publicação do documento Igreja e Problemas da Terra, aprovado
na 18° Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1980. Sua
atuação junto aos movimentos sociais rurais, se posicionando em favor destes com
ações de denúncia de abusos cometidos por parte do governo, das elites locais e dos
empresários. Faremos referência às tarefas por ela desempenhadas nesse período frente
ao governo, suas entidades de apoio e contestação, passando pela problemática da
concentração fundiária, do uso abusivo da violência no campo, do enfrentamento de
uma ditadura civil-militar e do início da luta mais contundente pelo processo de
redemocratização. Serão abordadas as mudanças ideológicas ocorridas na Igreja
Católica nas décadas de 1960 a 1980, a partir da influência da Teologia da Libertação,
proferindo, dentre os setores mais avançados da Igreja Católica, uma ressignificação do
“ser católico” no Brasil em fins dos anos de 1970 e início da década de 1980.
Palavras-chave: Comissão Pastoral da Terra; Movimentos sociais rurais; Ditadura
Civil-militar.
APONTAMENTOS INICIAIS.
1Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense, aluna especial do Programa de Pós –
Graduação em História pela UNIOESTE e professora da educação básica. [email protected].
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
O presente artigo visa fazer algumas indicações acerca da trajetória da Comissão
Pastoral da Terra - entidade vinculada à Igreja Católica - no bojo de sua atuação junto
aos movimentos sociais rurais no Brasil, bem como sua posição frente ao governo
brasileiro, se estendendo da sua criação, em 1975, durante o governo do General
Ernesto Geisel, até a elaboração do documento Igreja e Problemas da Terra, publicado
após a Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano de
1980 e que
mostrou de vez aquilo que já vinha aparecendo em documentos e
pronunciamentos episcopais: a gravidade da questão fundiária, a
brutalidade do regime político, a amplitude nacional do confronto entre
trabalhadores rurais e grandes proprietários de terra. (MARTINS,
1985: 94).
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) surge no ano de 1975 como uma
materialização da mudança no pensamento da Igreja Católica na América Latina
(CATÃO, 1986: 53-56) no que diz respeito à sua compreensão de atuação no mundo
contemporâneo, já que até meados do século XX a Igreja Católica, em solo latino-
americano, assim como no Brasil, apenas seguia, em linhas gerais, as orientações vindas
de Roma, com sua realidade europeia que pouco, ou em nada, se enquadravam no
cotidiano latino-americano e brasileiro. Assim, a partir do Concílio Vaticano II tal
instituição muda seu foco de atuação na América Latina, pois
A partir do concílio ela [Igreja Católica] desenvolve estratégias
para voltar-se para a sociedade civil, passando a ser, ela própria,
um agente ativo na organização dessa sociedade, por meio de
pastorais e comunidades eclesiais de base. (GOHN, 2000: 230).
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
Não só a Igreja passava por consideráveis mudanças em sua estrutura. Os países
latinos, de modo geral, estavam sob um período de instabilidade política, econômica e
sociocultural, onde vários setores da sociedade tinham seus direitos (trabalho, liberdade
de expressão, participação política) cerceados por regimes autoritários, que se
mostravam cada vez menos interessados em atender as reivindicações feitas pela
população civil. O Brasil se encontrava regido por uma ditadura civil- militar sob o
comando, quando da criação da Comissão Pastoral da Terra, do general Ernesto Geisel
(1974-1979) e passava por uma série de problemas econômicos após o fim do “milagre
econômico” brasileiro (1967-1973), que se caracterizou por ser um período de forte
concentração de renda, aumento da pobreza e vertiginoso crescimento econômico
(PRADO, 2003: 208-215). Desde a instauração da ditadura civil-militar no Brasil, em
1964, os governos militares se aproximaram cada vez mais dos grandes latifundiários
(MARTINS, 1980: 9-16), focando em um projeto de “modernização conservadora” do
campo, no qual, como nos lembra Manoela Pedroza, se assegurava as “transformações
na base técnica e econômica” mas que “não tiveram correspondência nos planos social e
político” (PEDROZA, 2005: 96). O modelo de mecanização do campo brasileiro, bem
como de uma reforma agrária não distributiva, que visava a maximização da produção,
e, mesmo, a formação de uma classe média no campo, podia, entretanto, ser observada
no pensamento que regia o governo ditatorial que havia se instalado no país desde 1964.
Um de seus principais representantes fosse enquanto intelectual orgânico do regime, ou
enquanto membro direto do governo como ministro, Delfim Netto, não se opunha à
agricultura ou ao campo brasileiro, pois para ele
A agricultura não desempenharia um papel marginal ou derivado no
processo de desenvolvimento, mas estaria no cerne do próprio
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
processo, devendo colocar-se no centro mesmo das mudanças que
seriam feitas. Tais mudanças não teriam caráter estrutural, mas sim
constituir-se-iam numa procura de otimização e racionalização dos
fatores de produção. Descartava-se a necessidade de reformas
‘radicais’ ou de ‘base’. O grande proprietário fundiário é
considerado como um empresário. (LINHARES, SILVA, 1981: 61).
Assim, temos uma mecanização do campo e a não preocupação com a socialização das
terras, bem como a não melhoria das condições de vida e o não reconhecimento dos
trabalhadores rurais de fato; justificada por um projeto maior de maximização dos
lucros e desenvolvimento da economia do país, além da utilização da violência em larga
escala contra índios, posseiros, camponeses, colonos, membros eclesiásticos e toda a
sorte de pessoas menos abastadas ou que fossem contrárias ao regime que se
encontravam no campo brasileiro (OLIVEIRA, 2001: 196) de fins da década de 1960,
perdurando durante as décadas seguintes. Esse processo não visava doar as terras pouco
povoadas do Norte e Oeste brasileiros a um grande número de pequenos proprietários,
ou mesmo realizar uma reforma agrária. Segundo Wenceslau Gonçalves Netto “a
política voltada para o setor rural dos governos do período autoritário será voltada para
uma modernização de tipo conservadora, sem alteração da estrutura fundiária e
privilegiando o setor que produz para o mercado externo.” (NETTO, 1997: 76).
A “opção pelos pobres”
A Comissão Pastoral da Terra tem seu surgimento e trabalho voltados para o
auxílio dos trabalhadores rurais em meio à uma mudança de mentalidade ocorrida
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
dentro da Igreja católica brasileira2, que passou a se enxergar como uma instituição que
deveria assistir aos menos favorecidos, auxiliando-os nas reivindicações de seus
direitos, declarando, a partir do documento de 1980 que a
A atuação pastoral, cuidando de não substituir as iniciativas do povo,
estimulará a participação consciente e crítica dos trabalhadores nos
sindicatos, associações, comissões e outras formas de cooperação,
para que sejam realmente organismos autônomos e livres, defendendo
os interesses e coordenando as reivindicações de seus membros e de
toda sua classe. (CNBB, 1980: 11).
No entanto, ressaltava que não fazia a Igreja católica parte de nenhum
movimento político, fosse de esquerda ou de direita, se comprometendo “a condenar, de
acordo com o documento de Puebla, tanto o capitalismo, cujos efeitos funestos foram
em parte” apontados pelo documento Igreja e Problemas da Terra assim “como o
coletivismo marxista de cujos malefícios temos notícias de outros países” (CNBB,
1980: 12); mas que não poderia ficar passiva diante dos desmandos ocorridos sobre a
população mais carente.
Torna-se imprescindível citar a atuação da Teologia da Libertação, que passou a
se fazer presente nos meios eclesiásticos a partir da década de 1960, tendo adesão de
parte do clero brasileiro, mais aberto às mudanças, e sendo combatida pelos setores
mais conservadores da Igreja, gerando uma situação incômoda dentro da própria
2 Ressaltamos que em outros momentos históricos, membros da Igreja católica brasileira já haviam se
manifestado contra o regime vigente, mas compreendemos que a criação e atuação da Comissão Pastoral
da Terra a partir de meados da década de 1970 tem uma conotação ímpar dentro da história do Brasil e,
mesmo, se pensarmos em um contexto latino-americano. Para mais, ver: Shepard Forman, Camponeses:
sua participação no Brasil; Clifort Andrew Welch (org.), Camponeses brasileiros: leituras e
interpretações clássicas; Vanilda Paiva (org.), Igreja e Questão Agrária.
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
instituição que se mostrava não uníssona e sim multifacetada (CATÃO, 1986: 51-53),
revelando as mais diferentes e divergentes correntes de pensamento que a compunham.
Em um estudo mais aprofundado que, infelizmente, não nos caberá aqui fazê-lo, mas, ao
menos levantar a questão de como, a Teologia da Libertação que
Constituiu-se na primeira teologia que nasceu na periferia, tentando
responder de forma crítica (usando categorias histórico-científicas, e
não somente metafísico-teológicas) aos problemas pertinentes do seu
contexto social concreto. Tornou-se sem dúvida o pilar institucional
para o surgimento de movimentos/ pastorais diretamente voltados
para questões político-sociais. Esta teologia, ao fornecer uma
sedimentação às mudanças que estavam acontecendo dentro da
própria instituição, propiciou a formação de diversas pastorais
sociais, como exemplo a própria CPT. (VILLALOBOS, ROSSATO,
1996: 03).
Consegue disputar hegemonia dentro da Igreja que, no documento de 1980, se opõe à
alinhamentos políticos de qualquer ideologia, mas apoia o trabalho de mediação da
CPT, fundamentada teoricamente, como exposto acima, na Teologia da Libertação.
Observamos como exemplo vivo dessa contradição a presença ativa de D. Pedro
Casaldáglia na construção da Comissão Pastoral da Terra e seu envolvimento ativo com
as discussões e disseminação da TL.
Mudança de pensamento e ação.
Dentro da ação da Igreja Católica desse período ao qual nos referimos (décadas
de 1970/ 1980), encontramos o pensamento definido por Maria da Glória Gohn como
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
uma “vertente marxista – gramsciana” que “trata a ideologia no campo das práticas
sociais, como conjunto de idéias que dão suporte a projetos estratégicos de mudanças da
ordem das coisas na realidade social” (GOHN, 2000: 235).
Assim, a CPT, que inicialmente dava apenas auxílio aos trabalhadores rurais da
região amazônica e nordeste brasileiros, passou a atuar como uma defensora dos
trabalhadores rurais contra o avanço do grande capital no campo, bem como a
concentração fundiária, o trabalho escravo, etc., em nível nacional através de
campanhas e denúncias por ela realizadas, além da produção e distribuição de inúmeros
documentos (folhetos, panfletos, cartilhas), que visavam informar os trabalhadores
rurais e divulgar o que ocorria no campo. De tal modo a Comissão Pastoral da Terra
deixou de ser apenas um trabalho pastoral local para se tornar um veículo de atuação
junto aos movimentos sociais rurais frente à repressão do governo militar e dos
desmandos realizados pelos grandes proprietários de terra com o apoio do governo
central. Sua atuação a nível nacional pode ser compreendida a partir do fato de que mais
e mais vezes os casos de exploração, de abusos, de uso desmedido de violência eram
notados de norte a sul do país, não ficando uma região qualquer do território nacional
sem a presença de conflitos agrários. Partindo desse diagnóstico José de Souza Martins
defende que a luta pela reforma agrária, a luta pela terra se tornara uma luta contra o
grande capital, como podemos observar no excerto abaixo
A concentração ou divisão da propriedade não está
fundamentalmente determinada pela renda e renda subjugada pelo
capital. Nessas condições, que divergem neste momento das condições
clássicas de confronto entre terra e capital, as tensões produzidas
pela estrutura fundiária, pela chamada ‘injusta distribuição da terra’,
já não podem ser resolvidas por uma reforma dessa estrutura, uma
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
vez que não há como reformar a exploração capitalista que já está
completamente embutida na propriedade fundiária. Uma reforma
agrária distributiva constituiria, neste momento, uma proposta
inexequível historicamente, como só pode ser qualquer proposta que
advogue a reforma das contradições do capital sem atingir o capital e
a contradição que expressa: a produção social e a apropriação
privada da riqueza. O questionamento da propriedade fundiária,
levado a efeito na prática de milhares de lavradores (...), leva-os,
mesmo que não queiram, a encontrar pela frente, o novo barão de
terra, o grande capital nacional e multinacional. Já não há como
separar o que o próprio capitalismo unificou: a terra e o capital; já
não há como fazer para que a luta pela terra não seja uma luta contra
o capital, contra a expropriação e a exploração que estão na sua
essência.” (MARTINS, 1980: 219-220).
Com esse diagnóstico defendemos que as tarefas realizadas pela CPT vão muito além de
um mero denuncismo do que ocorria no campo brasileiro, uma vez que ela se torna uma
ponte para as lutas sociais no campo, compreendendo luta social como
Um processo prático no qual experiências individuais de desrespeito
são interpretadas como experiências cruciais típicas de um grupo
inteiro, de forma que elas podem influir, como motivos diretores da
ação na exigência coletiva por relações ampliadas de reconhecimento
(HONNETH, 2003: 257).
Campo: um meio ainda em busca de reconhecimento.
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
Examinar a práxis desempenhada pela Comissão Pastoral da Terra frente a esses
movimentos sociais rurais e suas mais variadas vertentes também é uma forma de se
analisar como os problemas do campo são vistos e encarados no Brasil. O meio rural é
tradicionalmente visto de forma menor, como se seus problemas não fossem de vital
interesse para o desenvolvimento e compreensão do país, sempre representando o
“atraso”; diferentemente da cidade, na qual as indústrias, o comércio e a urbanização
são mostras claras de progresso e avanço de uma sociedade, seguindo o imaginário
social criado a partir da construção do Estado brasileiro no pós-Revolução de 1930
(MENDONÇA, 2002: 15-21), sendo reforçado nas décadas seguintes por nossos
intelectuais, tanto de direita quanto de esquerda, que corroboravam com tal ideia, pois
“na problemática das pesquisas acadêmicas, a industrialização era um ponto consensual
que representaria o grau máximo de desenvolvimento humano” (PEDROZA, 2005: 98),
ou seja, o trabalhador rural, juntamente com sua forma de lavrar a terra, deveria ser
suplantado a partir da mecanização do campo e do avanço da industrialização, da
chegada do progresso.
Do mesmo modo, a percepção da ação da Comissão Pastoral da Terra no campo
brasileiro é uma forma de adentrar cada vez mais na questão agrária, que tanto no
Brasil, quanto na América Latina3, tem sido palco de violentas disputas. Cabe-se aqui
observar também o desenvolvimento do modo de pensar das elites e dos governos
brasileiros durante as décadas de 1960 e 1970, - foco do nosso trabalho -, sobre a
reforma agrária. Martins afirma que
3O trabalho em si se concentra na Comissão Pastoral da Terra, entidade vinculada á Igreja católica no
Brasil, no entanto compreendemos que não há possibilidade de entender certos processos históricos de
forma isolada, sem, ao menos, ter o mínimo de conhecimento sobre o contexto no qual se insere.
Indicamos para maiores esclarecimentos: Andrius Estevam Noronha, A reforma agrária na visão dos
intelectuais da década de 1960; Adir de Almeida Mota, Reforma agrária e revolução boliviana de 1952:
História e Historiografia.
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
O marechal Castelo Branco, já em 1964, encaminhando ao
Congresso Nacional a proposta de reforma constitucional que abriria
caminho para o Estatuto da Terra, esclarecia que a reforma agrária
era necessária, mas necessário era também eliminar as lideranças
que davam sentido político à luta pela terra. Até 1973,
aproximadamente, o governo militar continuou achando que a
reforma era necessária, mas não a luta política pela reforma agrária.
A partir de 1973, depois da derrota da Guerrilha do Araguaia, o
governo passou a achar que nem a luta política pela reforma agrária
era necessária nem a própria reforma agrária era necessária.”
(MARTINS, 1985: 92).
Com essa transformação no pensamento sobre a necessidade e, mesmo,
viabilidade de uma reforma agrária, que já era contestada por Delfim Netto e Ruy
Muller, é que fica mais fácil de entender a forma bruta com que na década de 1970 se
deu a ampliação da fronteira agrícola do país, a mecanização do trabalho, a
expropriação e expulsão dos camponeses de suas terras, entre outros fatores que se
tornaram objeto de denúncia da CPT a partir de 1975.
Ao focarmos nessa pastoral poderemos entender melhor o papel desses
trabalhadores rurais dentro de nossa sociedade, na qual suas lutas, levadas até a
exaustão, e sua forma de resistir nos mostram um homem do campo disposto a lutar por
reconhecimento e justiça (GOHN, 2000: 238), buscando ter seus direitos assegurados e
respeitados por todas as instâncias dentro da sociedade brasileira.
Luta Legal
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
A Comissão Pastoral da Terra não fazia a defesa do trabalhador do campo
baseada em questões abstratas ou em pressuposto lúdicos sobre o que deveria ser
cidadania, por exemplo, mas sim em leis concretas criadas pelo próprio Estado
brasileiro como o Estatuto do Trabalhador Rural, criado em 1963 no governo de João
Goulart que, mesmo sendo vago e não apresentando objetivamente um conceito claro de
camponês, existia e buscava resguardar minimamente o trabalhador rural dentro da
sociedade brasileira; na promulgação da legislação trabalhista no campo em 1973
(PROPOSTA, 1980: 17); no Estatuto da Terra, criado pelo próprio regime de exceção
em 1964, que tinha como um de seus pontos a reforma agrária como uma tentativa de
amenizar as tensões sociais, mas que não mexia na estrutura fundiária ou qualquer outra
ação socialmente pensada com a finalidade de amenizar as contradições do campo de
uma forma mais ampla (NETTO, 1997: 76).
Com a propagação de uma visão pejorativa sobre o campo e um regime
autoritário, onde a ordem era reprimir, os pequenos proprietários, posseiros, colonos
passaram a necessitar cada vez mais de um auxílio que freasse de alguma forma a
atuação violenta do governo, que acabou por se estender aos padres, agentes pastorais e
todos os que se envolviam de alguma forma com as disputas no campo (OLIVEIRA,
2001: 192).
Durante a década de 1980 houve um aumento da pressão popular contra a
ditadura civil-militar em favor de um regime democrático, defendendo a liberdade de
expressão, anistia aos exilados e uma melhor distribuição de renda para a população de
um modo geral, implicando diretamente no desejo de reforma agrária, surgindo assim
um receio por parte dos grandes latifundiários, que muito se beneficiaram do governo
militar (MARTINS, 2000: 11-22), de perderem suas propriedades. Esses grandes
proprietários se uniram e, em 1985, criaram a União Democrática Ruralista (UDR), com
o intuito de protegê-los de eventuais perdas. O que acabou por ser bem sucedido, já que
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
fizeram com que a reforma agrária continuasse no plano imaterial após a
redemocratização (OLIVEIRA, 200: 192).
No início da década de 1980 surge o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-
Terra (MST), que se organizaram para lutar contra os desmandos cada vez maiores dos
grandes proprietários (OLIVEIRA, 2001: 192-3), visando a partilha da terra entre os
trabalhadores rurais, buscando o fim da concentração fundiária e recebendo o apoio da
Comissão Pastoral da Terra.
Frente a tais mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais ocorridas no
Brasil, estudar a atuação da Comissão Pastoral da Terra se mostra importante para uma
melhor compreensão da própria história rural brasileira que normalmente é posta em
segundo plano, mas que muito nos diz sobre nossa concepção de propriedade, de
trabalho, de desenvolvimento e de sociedade.
Teoria para compreender a prática
Segundo José de Souza Martins, as elites agrárias no Brasil são tão fortes do
ponto de vista político que, mesmo os militares tiveram de se aliar a elas para poderem
seguir com seu plano de governo (MARTINS, 1994: 25) e também, segundo tal autor,
“a história brasileira, mesmo aquela cultivada por alguns setores de esquerda, é uma
história urbana” (MARTINS, 1981: 26). Partindo dessas ideias é que nos propusemos a
analisar melhor a atuação da Comissão Pastoral da Terra, pois se essas elites davam
apoio ao governo ditatorial brasileiro e o senso comum era o de que o trabalhador rural
e sua forma de produção deveriam ser extintas. A Igreja católica, que passava por uma
série de transformações em parte de seu entendimento do contexto na qual estava
inserida e modus operandis, seria responsável por uma mudança interessante na
composição do quadro político e social brasileiro, já que suas ações, anteriormente,
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
eram normalmente associadas aos grupos dominantes, estando ao lado do Estado em
seus projetos para a sociedade brasileira e agora se mostrava cada vez mais inclinada a
apoiar as camadas menos favorecidas em detrimento dos grupos tradicionais.
Abrimos aqui um parêntese, porque, quando falamos em Igreja Católica, nos
referimos não à instituição como um todo, mas a partes da mesma, visto que, como fora
dito anteriormente, não se trata de uma instituição de pensamento único, mas sim de
grupos que vão dos mais conservadores aos mais libertários e que a compõem e vivem
em disputa por espaço dentro da mesma. Por isso, estudar a CPT, sua base teórica e sua
atuação serve para entendermos melhor como que essas disputas se refletem na própria
sociedade brasileira, em especial, em suas camadas menos favorecidas e de como o
trabalho de interpelação da comissão frente aos camponeses será ou não aproveitado
positivamente na prática de alteração da realidade.
Buscamos também levantar questionamentos sobre a acusação de comunismo
sofrida por alguns clérigos (ANDRADE, 2006: 40-42) envolvidos com a Teologia da
Libertação e a Comissão Pastoral da Terra, que apenas por quererem um melhoramento
de vida para as famílias do campo passaram a ser acusados e mesmo perseguidos pelo
regime militar, fato este que mostra de forma mais concreta de como se vivia no período
de exceção e de como os direitos, mesmo o de livre pensamento e filiação ideológica
eram cerceados, perseguidos e, sempre que possível, punidos.
Recorremos ao auxílio, para este trabalho, dentre outros, da produção de E. P.
Thompson que trata a lógica do campo sob outra perspectiva, na qual não se pode vê-los
e/ou entende-los [os camponeses] como sendo seres rasos, sem muita valia, e sim como
uma parcela da sociedade que é regida por regras sociais próprias ao seu modo de vida
(THOMPSON, 1998: 213-221) sendo sua estrutura uma herança cultural (PEDROZA,
2005: 100). Pensamento este que entra em consonância com o afirmado por Maria da
Glória Gohn, de que a partir do contato direto que os agentes da pastoral passam a ter
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
com os trabalhadores rurais, eles adquirem uma experiência de vida que para tal autora,
a
[experiência] foi resgatada nos anos 80 a partir dos trabalhos de
Thompson. Essa categoria foi retrabalhada no sentido de lhe ser
retirado o caráter pragmático e utilitarista e contextualizando-a em
termos culturais e de consciência de classe. ‘A experiência é gerada
na vida material, estruturada em termos de classe... As pessoas
experimentam suas experiências nãos só com idéias, também com
sentimentos. Lidam com este sentimento na cultura, como normas,
obrigações familiares e de parentesco, reciprocidades como valores
ou arte, ou nas convicções religiosas. Essa metade da cultura pode
ser descrita como consciência afetiva e moral’. Ou seja, a experiência
deixa de ser vista como produto pronto, acabado, inerte, e passa a ser
vista como depositária de forças e energias, motivadoras da ação, do
fazer político dos indivíduos. A cultura política das classes passa a
ser fundamental. Ela será o fermento gerador da consciência e da
organização dos sujeitos na história. (GOHN, 2000: 243).
A partir de uma leitura maior de E. P. Thompson em seu, Costumes em Comum:
estudos sobre a cultura popular, tentamos supor como que, a partir da mescla de
estudos sobre o processo de formação das relações no campo brasileiro, - a datar da
República das oligarquias de inícios do século XX -, a Comissão Pastoral da Terra
passa, em seu trabalho de interpelação dos movimentos sociais rurais, a atuar de forma
a preencher um “vazio” provocado nas relações do campo quando da entrada massiva
do grande capital. Uma vez que, nas análises gerais, temos, durante a república velha o
clientelismo personificado pelo coronelismo, no qual o coronel tem, por assim dizer,
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
uma responsabilidade para com o seu agregado, o seu empregado, entre outros, de lhes
assegurar o mínimo durante os períodos de maiores dificuldades, como a seca no
nordeste, por exemplo. Frederico de Castro Neves em A Multidão e a História: saques e
outras ações no Ceará nos mostra como que o governo de Getúlio Vargas e seu projeto
burguês minavam as relações clientelísticas, fazendo a substituição do coronel pelo
Estado centralizado e forte. Com isso “o regime, (...), tornava público um domínio
considerado como pertencente à esfera privada” (NEVES, 2000: 140).
Consequentemente podemos pensar que, em se tratando do período que abrange a
ditadura civil-militar no Brasil, as populações marginalizadas do campo ficaram sem
esse referencial moral, já que o lucro, o crescimento da economia, o liberalismo
econômico, um Estado técnico antes de tudo, era quem ditava as regras, desse modo os
acordos morais até então ainda existentes, caem totalmente no ostracismo, ficando a
população totalmente desassistida.
Nesse contexto o trabalho realizado pela CPT vai muito além de questões de
denúncia no campo, mas poderíamos pensá-la como uma entidade que tenta mostrar
que, segundo a lógica da população rural, o Estado tem uma obrigação não só
econômica e social com aquela, mas, sobretudo moral. Daí, podermos entender a luta no
campo pelos trabalhadores rurais se tornar uma luta contra o capital, pois foi com o
acirramento do mesmo no campo que qualquer resquício de proteção que garantiria o
mínimo em tempos de recessão estava suplantado, onde o mercado se encarregaria de
tudo, mas o mercado não obedece à leis morais e sim às suas próprias, que são pautadas
em questões mercadológicas e que não apresentam uma preocupação com o material
humano em si.
“Igreja-no-mundo” e “Igreja-para-o-mundo”
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
Com o presente artigo buscamos fazer apontamentos breves, mas que ficam
como uma provocação para um aprofundamento maior visando compreender as ações
realizadas pela Igreja Católica na América – Latina, focando no Brasil, durante o
período da Ditadura civil - militar e início do processo de redemocratização, e de como
a Igreja Católica, uma entidade naturalmente associada às elites, por sua defesa à
propriedade privada, em especial, no Brasil, o latifúndio e seus representantes, muda seu
foco e passa a fazer parte de um projeto de “Igreja-no-mundo” e “Igreja-para-o-mundo”
(CATÃO, 1986: 58) observando e atuando em favor dos movimentos sociais rurais e
urbanos e contra os desmandos das elites locais, dos patrões e do grande capital, bem
como a atuação das formas arbitrárias de poder em todas as suas instâncias, que
contavam com o apoio, direto ou indireto, do governo central. Compreendendo a
paulatina mudança da Igreja “em favor da reforma agrária”, já que
até o fim dos anos cinquenta, a defesa da propriedade privada fazia
da Igreja um aliado essencial dos proprietários de terra no
avassalamento da consciência dos camponeses, na sustentação da
política de clientela e dos mecanismos do curral eleitoral. A partir de
1950, a adesão progressiva da Igreja, no Brasil, à tese da reforma
agrária e, relacionada com essa tese, a do primado do bem comum,
romperam a aliança tácita latifúndio – Igreja. (MARTINS, 1985: 96).
E de como esse pensamento abriu caminhos para o trabalho desenvolvido pela CPT
dentro e fora da Igreja.
Compreender a atuação da Comissão Pastoral da Terra é entender a própria
presença da Igreja Católica no Brasil e as mudanças sociais e políticas pelas quais a
sociedade brasileira e a Igreja Católica passaram durante as décadas de 1960, 1970 e
1980, ainda mais se observarmos que a
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
Igreja entrou na questão agrária, através da pastoral de D.
Inocêncio, por uma porta extremamente reacionária. Aquela pastoral
nasceu numa reunião de fazendeiros, padres e professores rurais e
não numa reunião de camponeses e trabalhadores rurais. A
preocupação era com a agitação que estava chegando ao campo, com
a possibilidade da Igreja perder os camponeses, como tinha perdido
os operários. A questão era desproletarizar o operário dos campos,
evitar o êxodo que levava os trabalhadores para a cidade e os tornava
vulneráveis à agitação e ao aliciamento dos comunistas, como
assinalariam outros documentos produzidos por outros membros do
episcopado. (MARTINS, 1983: 88).
E que parte da Igreja católica, durante o período acima citado, se transforma junto com
a criação e a consolidação da CPT, que pode ser encarada como sendo uma “das
mediações fundamentais” do
processo político: na base social abriu um espaço novo para a Igreja
na obra de construção da democracia no Brasil e de emancipação dos
trabalhadores do campo – as condições do compromisso com o
trabalhador no lugar do compromisso com a propriedade.
(MARTINS, 1985: 96).
Para um maior alcance sobre o que fora aqui abordado temos que aprofundar
as leituras, e, para isso deve-se lançar mão de obras que versam sobre o tema do meio
rural brasileiro em período específico das décadas de 1960-80 como José de Souza
Martins, Maria Yedda Linhares, Vanilda Paiva, entre outros; bem como os trabalhos
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
que se ocupem sobre a composição e trajetória política do campesinato brasileiro, para
elucidar questões postas no âmbito da ação e tarefas desempenhadas pela CPT.
As fontes e os locais para pesquisa pensados para o aprimoramento do trabalho
aqui apresentado que se pretende desenvolver, em breve, como uma pesquisa mais
profunda e enriquecedora se darão a partir do entendimento que temos sobre a atuação
da Comissão Pastoral da Terra. Logo, indicamos aqui órgãos públicos de documentação
como o CEPEDAL (Núcleo de Pesquisa e Documentação Sobre o Oeste do Paraná -
CEPEDAL) versando, particularmente sobre o Fundo Vilma Fiorotto, o NDP (Núcleo
de Documentação, Informação e Pesquisa) pertencente à UNIOESTE – Toledo (PR), os
arquivos físicos dos centros regionais da CPT localizados em cidades do Paraná como
Londrina e Maringá, os próprios sítios eletrônicos da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), buscando também em sites do
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e da União Democrática Ruralista
(UDR), que já disponibilizam alguns documentos em seus domínios. Essas indicações
consistem em se buscar entender o local de fala dos envolvidos diretamente nas disputas
políticas e sociais, e como estabeleceram suas relações. A escolha da utilização de
endereços eletrônicos em conjunto com órgãos de pesquisas tradicionais vem da própria
forma de atuação desses movimentos que buscam uma forma “moderna, com uso de
meios avançados de comunicação- como computadores, a Internet e a mídia (televisão e
principais jornais)” (GOHN, 2000: 238) como meios de divulgar seus trabalhos,
organizar suas ações, ou seja, tentar conseguir cada vez mais visibilidade para suas
reivindicações.
A diversidade de indicações documentais acima parte da ideia de que para
melhor compreender a atuação da Comissão Pastoral da Terra frente ao governo, e as
entidades que o apoiavam, bem como as que lhe faziam oposição e, em especial, aos
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
trabalhadores rurais é necessário observar o que foi produzido por cada um desses
segmentos, dando-lhes espaço de fala e construindo a crítica.
Considerações finais.
Em vista do apresentado tentamos esquadrinhar um maior, como já fora dito
exaustivamente, entendimento sobre o trabalho desempenhado pela Comissão Pastoral
da Terra junto aos movimentos sociais rurais, bem como suas ações de denúncia e apoio
à esses trabalhadores durante o período que abarca o ano de sua criação, em 1975, até o
reconhecimento último por parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
sobre a importância do trabalho da CPT na divulgação do documento Igreja e
Problemas da Terra, no ano de 1980.
Igualmente procuramos:
Compreender a estruturação e atuação da Comissão Pastoral da Terra em seus
primeiros cinco anos;
Como que seu pensamento se mostrava novo, frente aos já consagrados atores
que trabalhavam em meio aos camponeses, já que não encarava o campesinato
de forma preconceituosa, como algo a ser superado;
A influência de seus trabalhos na política e no contexto social do país;
A importância da Teologia da Libertação em seus trabalhos pastorais e nas
disputas internas que ocorreram na Igreja católica e como permitiram que uma
tendência tão progressista de pensamento ganhasse importância e visibilidade
nos trabalhos pastorais dessa;
Entender como que uma entidade que, apesar de associada à Igreja Católica,
contava com a participação de membros de outras religiões ganha força e
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
reconhecimento por parte de setores dos mais conservadores dentro da Igreja e
de como isso refletiu na CPT concretamente.
Fica aqui um trabalho de caráter mais provocativo e com indicações do que algo
já consolidado, mas que, esperamos, sirva de base para podermos (re)pensar o campo
brasileiro e seus habitantes, bem como a própria história contemporânea brasileira.
Esclarecendo que o trabalho aqui apresentado fora parte de um projeto de pesquisa que
será melhor desenvolvido posteriormente.
Referências bibliográficas:
ANDRADE, Juracy. Padres Comunistas! O que pensa e por anda a igreja de esquerda
no Brasil. São Paulo: Terceiro Nome/’Mostarda Editora. 2006.
CATÃO, Francisco. O Que é Teologia da Libertação. Coleção Primeiros Passos. São
Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 1986.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Documentos da CNBB, Igreja e
Problemas da Terra. 1980.
FORMAN, Shrepard. Camponeses: sua participação no Brasil. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009.
GOHN, Maria da Glória. Teoria dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e
contemporâneos. São Paulo: Loyola, 2° edição, 2000.
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais.
São Paulo: Ed. 34, 2003.
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
LINHARES, Maria Yedda e SILVA, Francisco Carlos Teixeira. História da
Agricultura Brasileira: combates e controvérsias. São Paulo: Brasiliense, 1981.
MARTINS, José de Souza. A sujeição da renda da terra ao capital e novo sentido da
luta pela reforma agrária. In: Encontros com a Civilização Brasileira. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 05/1980.
____. A Militarização da Questão Agrária no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.
____. Na revolta das formigas. In: Conquistar a Terra, Reconquistar a Vida: CPT – dez
anos de caminhada. Petrópolis: Vozes, 1985.
____. O Poder do Atraso: ensaios de sociologia da história lenta. São Paulo: HUCITEC,
1994.
____. Os camponeses e a política no Brasil: as lutas sociais no campo e seu lugar no
processo político. Petrópolis: Vozes, 1981.
____. Reforma Agrária: o impossível diálogo. São Paulo: Edusp, 2000.
MENDONÇA, Sonia Regina de. Estado e Economia no Brasil: opções de
desenvolvimento. São Paulo: Graal, 2002.
MOTA, Adir de Almeida. Reforma agrária e revolução boliviana de 1952: História e
Historiografia. In: X Encontro Internacional da APHLAC. São Paulo, 2012.
NETTO, Wenceslau Gonçalves. Estados e Agricultura no Brasil: política agrícola e
modernização econômica brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1997.
NEVES, Frederico de Castro. A Multidão e a História: saques e outras ações de massas
no Ceará. Rio de Janeiro: Relume – Bumará, 2000.
NORONHA, Andrius Estevam. A reforma agrária na visão dos intelectuais da década
de 1960. In: IX Encontro Estadual de História. Rio Grande do Sul, 2008.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A longa marcha do campesinato brasileiro:
movimentos sociais, conflitos e Reforma Agrária. Estud. av. vol.15 no.43 São
Paulo Sept./Dec. 2001.
IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE
O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64
PAIVA, Vanilda (org.). Igreja e Questão Agrária. Seminários Especiais – Centro João
XXIII. São Paulo: Edições Loyola, 1983.
PEDROZA, Manoela. O debate na historiografia marxista brasileira sobre
trabalhadores rurais no século XX. In: Revista Tempos Históricos, Candido Rondon:
Paraná, 2005. V. 7, n°1, p. 91-116.
PRADO, Luiz Carlos Delorme e EARP, Fábio de Sá. “O ‘milagre brasileiro’:
crescimento acelerado, integração internacional e concentração de renda (1967-1973)”
In_ FERREIRA, Jorge Luiz, DELGADO, Lucila de Almeida Neves. (org.) O Brasil
Republicano. O tempo da ditadura – regime militar e movimentos sociais de fins do
século XX. São Paulo: Record, 2003.
THOMPSON, E. P. Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
WELCH, Clifort Andrew... [et al], (org.). Camponeses brasileiros: leituras e
interpretações clássicas. São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: Núcleo de Estudos
Agrários e Desenvolvimento Rural, 2009, v. 1.
VILLALOBOS, Jorge Ulisses Guerra e ROSSATO, Geovanio. A Comissão Pastoral
da Terra: notas da sua atuação no estado do Paraná. In: Boletim de Geografia,
Universidade Estadual de Maringá: Paraná, 1996. V. 14, n° 1, p. 19-31.