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www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país AUDIÊNCIA - BANCOS PÚBLICOS SEGUNDA-FEIRA, ÀS 9h, NA ALBA Edição Diária 7310 | Salvador, quinta-feira, 05.10.2017 Presidente Augusto Vasconcelos SISTEMA FINANCEIRO Brasil vive um quase Estado de exceção Governo planeja exterminar o Bolsa Família Página 2 Página 4 Os bancos em atividade no Brasil têm rentabilidade de dar inveja, sobretudo, diante da conjuntura econômica do país, em que muitas empresas passam por crise. Além de lucros estratosféricos, as marcas estão entre as mais valiosas do mundo. Página 3 Rentabilidade de invejar

AUDIÊNCIA - BANCOS PÚBLICOS O BANCÁRIO · 2 Salvador, quinta-feira, 05.10.2017• Na segunda parte da entrevista, o ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo

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Page 1: AUDIÊNCIA - BANCOS PÚBLICOS O BANCÁRIO · 2 Salvador, quinta-feira, 05.10.2017• Na segunda parte da entrevista, o ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo

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Filiado à

O BANCÁRIOO único jornal diário dos movimentos sociais no país

AUDIÊNCIA - BANCOS PÚBLICOSSEGUNDA-FEIRA, ÀS 9h, NA ALBA

Edição Diária 7310 | Salvador, quinta-feira, 05.10.2017 Presidente Augusto Vasconcelos

SISTEMA FINANCEIRO

Brasil vive um quase Estado de exceção

Governo planeja exterminar o Bolsa Família

Página 2 Página 4

Os bancos em atividade no Brasil têm rentabilidade de dar inveja, sobretudo, diante da conjuntura econômica do país, em que muitas empresas passam por crise. Além de lucros estratosféricos, as marcas estão entre as mais valiosas do mundo. Página 3

Rentabilidade de invejar

Page 2: AUDIÊNCIA - BANCOS PÚBLICOS O BANCÁRIO · 2 Salvador, quinta-feira, 05.10.2017• Na segunda parte da entrevista, o ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, quinta-feira, 05.10.20172

Na segunda parte da entrevista, o ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, diz que o Brasil caminha para o Estado de exceção, admite que o Ministério Público saiu do controle, reconhece que Aécio Neves (PSDB-MG) não merece ser senador, mas lembra que constitucionalmente só o Parlamento pode cassá-lo.rOGAciANO MEDEirOS [email protected]

Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933

O BANCÁRIO

À beira do Estado de exceção

informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de imprensa e comunicação: Adelmo Andrade.Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, centro, Salvador-Bahia. cEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] responsável: rogaciano Medeiros - reg. MTE 879 DrT-BA. chefe de reportagem: rose Lima - reg. MTE 4645 DrT-BA. repórteres: Ana Beatriz Leal - reg. MTE 4590 DrT-BA e rafael Barreto - reg. SrTE-BA 4863. Estagiária em jornalismo: Bárbara Aguiar e Felipe Iruatã . Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

O BANCÁRIO- O Brasil vive um Estado de exceção?

HAROLDO LIMA - Não vive um Estado de exceção ple-no, mas existe, dentro do Estado brasileiro, um embrião de Esta-do de exceção, que pode crescer mais ou menos. Por enquanto, não cresceu muito. Esse embrião é formado por setores do Judici-ário, do Ministério Público Fe-deral e da Polícia Federal. E seto-res do Parlamento com o apoio da grande mídia. Eles formam um grupo de exceção que tem tomado diversas iniciativas ile-gais, irregulares. Manda prender sem provas, condena sem pro-vas, estabelece conduções coer-citivas sem necessidade, prisões provisórias indefinidas, que não se sabe quando terminam. Tudo isso é ilegal. Não existe na juris-prudência brasileira e está sendo feito sob as barbas do Supremo, que não diz nada e ainda apoia algumas dessas coisas.

O BANCÁRIO- Depois des-sa ruptura, o Brasil precisa de uma nova Constituinte?

HAROLDO LIMA - Na ver-dade, uma nova Constituinte, do ponto de vista da esquerda, depende muito da correlação de forças. Essa Constituição que temos hoje foi feita na Consti-tuinte de 1987, 1988, da qual eu participei, e que foi resultado de

ENTREVISTA HAROLDO LIMA - CONTINUAçãO

uma grande batalha do povo que derrubou a ditadura. Em função disso, o povo estava mo-bilizado, ativo. Foi uma Consti-tuinte progressista. Se hoje nós fizermos uma Constituinte, será reacionária, com influência des-sas ideias estapafúrdias que es-tão por aí e longe de melhorar o que já está na Carta.

O BANCÁRIO- O golpe pe-

gou os progressistas comple-tamente desmobilizados, na zona de conforto. Ao contrário de 64, quando havia uma ele-vada mobilização das forças populares. Que autocrítica os movimento sociais e os parti-dos de esquerda devem fazer?

HAROLDO LIMA - Nós não mobilizamos o povo durante 13 anos. Nós demos muitas vanta-gens a setores populares, van-tagens econômicas e políticas. Mas não houve uma mobiliza-ção, uma educação política. Na realidade, se imaginou que a gente estava sentado no poder. No entanto, a gente estava no governo, e não no poder. O po-der efetivo é o das Forças Arma-das, dos meios de comunicação, dos tribunais. E nisso fomos dis-plicentes. O próprio Lula indica-va para o STF muita gente que mandou prender ele. Ele não prestava muita atenção a isso. Depois, o povão recebia regalias, como o Bolsa Família, mas não

entendia porque recebeu.

O BANCÁRIO- Temer se salva?

HAROLDO LIMA - A últi-ma informação chegada de Bra-sília é de que há uma movimen-tação muito grande de setores que apoiaram ele na primeira vez e que agora é difícil apoiar.

O BANCÁRIO- O Ministé-

rio Público saiu do controle?

HAROLDO LIMA - Em parte, sim. O Ministério Público é um dos organismos que mais usurparam o poder. O MP não tinha nenhum poder no Brasil até a Constituinte passada. Na-quela ocasião, demos muito po-der e autonomia ao MP. A partir daí conquistou novas autono-mias, como a financeira, que nós não demos. E de repente passou a ser um poder que não tem nin-guém a quem prestar conta.

O BANCÁRIO- As institui-

ções federais foram capturadas por setores da direita?

HAROLDO LIMA - Acho que sim. Não tenho dúvidas. Por exemplo, mandar prender depu-tado. Pela Constituição brasileira, parlamentar só pode ser preso em flagrante de crime inafiançável. Se não for flagrante, não pode ser preso. Isso está escrito. Mas, eles

estão mandando prender.

O BANCÁRIO- Está dizen-do que o PT fez certo ao defen-der o mandato de Aécio?

HAROLDO LIMA - O PT deve defender o mandato de Aécio, não pelo Aécio.

O BANCÁRIO- Então o

PCdoB vai tomar a mesma po-sição?

HAROLDO LIMA - Vai to-mar a mesma atitude.

O BANCÁRIO- Mas essa

atitude pode atingir a credibi-lidade dos partidos progressis-tas e confundir a sociedade.

HAROLDO LIMA - A gente não pode se iludir com esse setor de direita que está no STF e co-meçou a mandar. Quem é o Aé-cio? É um político desacreditado, desmoralizado. Mandar prender por que? A direita está mandan-do prender Aécio. Na verdade, eles querem prender Aécio como armadilha para em seguida man-dar prender a gente. Não somos bobos de cair nessa armadilha. Não interessa para a direita pren-der Aécio. Eles querem isso para, em seguida, dizer o seguinte: já que prendemos Aécio, um gran-de líder da direita, que não vale mais nada, agora podemos pren-der o Lula, a Vanessa. Ai não.

Para Haroldo Lima, no Brasil há um embrião do Estado de exceção

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o bancáriowww.bancariosbahia.org.br • Salvador, quinta-feira, 05.10.2017 3SISTEMA FINANCEIRO

crise não abala solidez das empresas. Setor bancário nada de braçada na economiarAFAEL BArrETO [email protected]

joão ubaldo

infográfico - fabiana tamaShiro

Bancos entre os mais rentáveis do mundo

OS BANCOS brasileiros, mais uma vez, figuram entre os maiores e mais rentáveis do

mundo, segundo estudo da Economatica. Também pudera. Com as facilidades e privilégios

dados pelo governo Temer, com perdão de dívidas, menor carga tributária, desregulação tarifá-ria e pagamento da rolagem dos juros da dívida pública, fica ex-plicada a solidez do poderio do sistema financeiro nacional.

Entre 466 organizações de 20 países com ativos acima de US$ 100 bilhões, o Itaú (lucro de R$ R$ 12,345 bilhões no pri-meiro semestre) foi o mais ren-tável do mundo. O Bradesco (R$ 9,3 bilhões) ficou em 5º, o Banco do Brasil (R$ 5,208 bi-lhões) em 9º e o Santander em 11º (R$ 4,615 bilhões).

Entre os 30 maiores por ativo total, o Itaú figurou na 23ª posi-ção, seguido pelo Banco do Bra-sil (24º) e Bradesco (28º). Quan-do o assunto são ações na bolsa de valores, o Bradesco fica em 3º de maior valorização, Itaú em 7º e BB em 10º. Só resultados po-sitivos. Contratar e valorizar os funcionários que é bom, nada.

BB assume despesas do PostalOS BANCáRIOS do Banco do Brasil respiram um pou-co aliviados com a nova no-tícia acerca do fechamento de 1.827 agências do Banco Postal, que direcionaria mi-lhares de beneficiários do INSS para o atendimento nas unidades do BB.

Isso porque a direção do BB definiu com o Postal, que vai assumir por quatro meses as despesas com os vigilantes armados e portas giratórias para que as unidades perma-neçam em funcionamento.

Pelo menos até lá os bancá-rios terão tempo para pressio-nar o banco a fim de que haja mais contratações e abertu-ra de agências para atender o público prejudicado com a medida. Na Bahia, 440 unida-des serão encerradas. A des-pesa mensal estimada em R$ 8 milhões é fruto da negocia-ção entre o BB e o Postal.

insalubridade na caixaPESqUISA revela que dos 127 avaliadores de penhor da Caixa que responderam o questioná-rio, 85% disseram que tem trans-tornos decorrentes da exposição a produtos químicos, sendo que 45% já possui diagnóstico clí-nico. As principais reclamações são problemas de pele, narinas, olhos e no aparelho respiratório.

Os resultados da pesquisa fo-ram apresentados na reunião da CEE/Caixa (Comissão dos Em-pregados) com a ANACEF (As-

sociação Nacional dos Avalia-dores de Penhor da Caixa), que aconteceu ontem, na sede da Feeb RJ/ES, no Rio de Janeiro.

O levantamento, realizado pelo médico do Trabalho, Paulo Roberto Kaufmann, médico do Trabalho e mestre em sociologia do trabalho, ainda revela que a maioria indicou também que os EPIs (equipamentos de proteção individual) são inadequados e 73 % não participaram da confec-ção do mapa de risco da agência.

OS BANCáRIOS do Banco PAN aprovaram, por unanimi-dade, as propostas de Programa de Participação nos Resultados e do desconto assistencial de 0,30% sobre o montante indivi-dual de qualquer pagamento a título de participação nos resul-tados de 2017 e 2018.

A decisão dos funcionários foi tomada em assembleia, re-alizada ontem, na agência do

Aprovada PPR no Banco PANbanco, no Comércio, Salvador. Os diretores do Sindicato dos Bancários da Bahia Adelmo Andrade e Luis Claudio Maga-rão participaram.

Os trabalhadores receberam a antecipação da PPR, junta-mente com a primeira parcela da PLR no dia 29 de setembro. O restante deve ser pago até o fim deste ano, de acordo com a direção do banco.

Bancários do Banco PAN aprovam por unanimidade proposta de PPr

Para presidente da Feeb, Emanoel Souza, pesquisa comprova que os avaliadores estão expostos a condições de trabalho que justificam o pagamento da insalubridade

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SAqUE

RETROCESSO

Temer prevê fim do programa em um futuro próximoANA BEATriZ [email protected]

Bolsa Família corre sério risco

EXPLICADO Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, o ex-ministro Ciro Gomes disse que o PT terá candidato próprio na eleição presidencial do próximo ano, independentemente de Lula, e que o plano B é Jaques Wagner, que governou a Bahia por dois mandatos, foi ministro de Lula e Dilma. Está explicado, como ha-via dito esta coluna, o motivo de o presidenciável do PDT ter ele-vado o tom das críticas. Sem a possibilidade de candidatura única da frente democrática, só resta construir a própria caminhada.

EqUILÍBRIO Prevaleceu o bom senso dos que respeitam o jogo democrático. Por 50 votos a 21, o Senado decidiu só se manifestar a respeito do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG) no dia 17, de-pois de o pleno do Supremo Tribunal Federal se posicionar sobre a decisão da primeira turma, que cassou o senador tucano. O STF aprecia o caso na quarta-feira.

OBRIGAçãO Independentemente da decisão do STF, e sem dúvida alguma a palavra final no caso cabe ao Parlamento, o fato é que o Senado tem o dever político e ético de cassar o mandato de Aécio Neves. Não apenas por motivação moralista, de combate à corrupção, mas acima de tudo por todos os males que o senador tucano tem causado à nação. É uma dívida que o Legislativo tem para com a sociedade.

MORTINHO O Senado pode até não cassar o mandato de Aé-cio e há uma tendência nesse sentido, pois a bancada governista precisa dos votos controlados pelo senador do PSDB na Câmara Federal para livrar Temer da segunda denúncia da PGR. Mas, o fato é que politicamente o tucano está “mortinho da silva”, como diz a sabedoria popular.

ABUSIVO O neoliberalismo no Brasil impõe uma lógica abusi-va, para usar uma expressão hoje em grande evidência. Na Petro-bras, por exemplo, o governo Temer quer acabar com a primazia nacional até mesmo em contratos antigos, firmados há mais de 12 anos. É um entreguismo sem controle.

RESPONSáVEL por tirar mais de 36 milhões de pessoas da po-breza, o Bolsa Família corre sério risco no governo Temer. O pre-sidente afirmou que o programa continuará enquanto for necessá-rio mantê-lo e que o sonho é que daqui a alguns anos não seja mais preciso ter a política pública.

Temer já havia cortado 543 mil benefícios do Bolsa Famí-lia. A maior queda em um úni-

co mês do número de beneficiá-rios pagos pelo programa desde o lançamento, em 2003. Em ju-lho, o número de bolsas pagas foi de 12.740.640, menor quan-

tidade desde julho de 2010. À época, foram 12.582.844.

O Bolsa Família é um progra-ma de transferência de renda im-portante para a diminuição da

pobreza no Brasil e melhoria nas condições sociais dos brasileiros. Uma política pública referência e acessível em termos econômicos para países em desenvolvimento.

516 anos do Velho chico

Pesquisa do SantanderO SANTANDER cria estraté-gias que só lesam os bancá-rios. A direção soltou uma pesquisa para os funcioná-rios que pode ser usada con-tra os próprios trabalhadores.

Isso porque o questionário de avaliação do banco vai che-gar às mãos dos gestores. O Santander poderá ainda usar o resultado para retirar a re-

muneração variável (bônus) ou até deixar o bancário vul-nerável à demissão, se o mes-mo tiver nota abaixo de 3.

Os trabalhadores acabam sendo forçados a mentir na pesquisa para se safar de pos-síveis demissões. Ótimo para o Santander, que poderá divul-gar que a organização é um lo-cal ótimo para se trabalhar.

Temer cortou 543 mil benefícios do Bolsa Família, programa referência de transferência de renda

O SINDICATO dos Bancários da Bahia não pode deixar passar em branco os 516 anos de descoberta do Velho Chico, completados ontem.

“Há muito tempo atuamos em defesa do rio São Francisco. É la-mentável a situação atual desse patrimônio do povo. A revitaliza-ção é fundamental para o meio ambiente e para todos os brasilei-ros”, afirma o presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos.

O São Francisco, considerado o rio da integração nacional, sofre um processo de degradação acelerado