Audiodescrição Para Além Da Visão - Um Estudo Piloto Com Alunos Da APAE

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    AUDIODESCRIO PARA

    ALM DA VISO:

    um

    estudo piloto

    com alunos da APAE6

    Deise M Medina Silveira

    Eliana P C . Franco

    Blrbara

    C .

    dos Santos Carneiro

    Adriana Urpia

    Introduo

    Por quase uma dcada, a AD tem sido o tpico-chave em muitas conferncias e

    publicaes sobre TAV, que tm dado nfase questo da acessibilidade. Por se tratar

    de uma modalidade de TAV muito nova, a AD tem suscitado debates calorosos no que

    diz respeito

    importncia e

    forma como cenas sem dilogos em filmes, comerciais de

    TV, novelas, e outros produtos audiovisuais devem ser traduzi das em palavras para que

    o pblico-alvo da audiodescrio, neste caso o deficiente visual, possa ter acesso

    mais

    informaes sobre o produto em questo, e assim seja capaz de fazer melhor sentido

    sobre a trilha sonora do filme original, que costumava ser a nica fonte de informao

    do produto audiovisual. Prticas locais e pesquisas tm discutido as diretrizes a serem

    adotadas em nvel nacional, e que acabam competindo entre si, fato que resulta em argu-

    mentos interessantes e, por vezes, ferozes nos painis de conferncias. Contudo, alguns

    estudiosos j comprovaram a impossibilidade de tentar nacionalizar ou homogeneizar

    diretrizes de audiodescrio, considerando o fato de que cada produto audiovisual

    nico e que o pblico heterogneo, dentro e fora das fronteiras nacionais. Sendo assim,

    a universalidade das diretrizes algo fora de questo e a singularidade do produto audio-

    visual tomou-se mais importante do que simples instrues sobre como audiodescrever.

    Isso no invalida a importncia das diretrizes, nem a necessidade de discuti-

    -Ias, uma vez que as mesmas so um importante ponto de partida para interessados

    em aprender as tcnicas da audiodescrio, pois eles precisam seguir alguns pa-

    rmetros na elaborao de roteiros da AD. a partir deles que prticas locais vo

    refinar e modular o discurso audiodescrito de acordo com o gnero e a narrativa do

    produto audiovisual e das expectativas e preferncias locais. Estes, por sua vez, s

    podem ser descobertos com base em pesquisas de recepo consistentes, como Daz

    Cintas (2005, p. 5) prope: [ 0 0 ] necessrio a realizao de estudos empricos que

    nos daro uma ideia mais completa e detalhada sobre o que o pblico necessita'?.

    64 Es se e stu do f o i p r ime i ram e nte a presen tado no Congresso M ed ia fo r A li, organ izado pe lo Imper ial C o llege , em Lond re s , em

    junho -ju lho de 2011 . Um a ve rs o des te a rt igo so b re o es tud o tam bm deve r se r pub lic ada nos ana is do re fe rid o even to .

    65 [ ... ] i t is n ece ssa ry to u ndertake em p iri ca l s tu die s th at w ill p rov ide us w ith a m ore com p le te and de ta ile d id ea o f w ha t the

    a ud ie n ce n e ed s.

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    Estes estudos se tomaro a mais forte argumentao para qualquer conjunto

    de diretrizes. Um roteiro de AD pode parecer bom sob a perspectiva de uma pessoa

    sem deficincia, mas ainda deve atender s necessidades de um pblico do qual o

    audiodescritor no faz parte.

    Apesar da atual tendncia a negligenciar qualquer tentativa de padronizar pr-

    ticas em nvel nacional/internacional, e das novas perspectivas na pesquisa de au-

    diodescrio, que conduzem narratologia e cinematografia, discusses e prticas

    assumem implicitamente que o pblico-alvo que se beneficia da audiodescrio

    apenas aquele com baixa viso ou o pblico cego, ignorando a observao, em

    poucos artigos na rea, que a nova modalidade de TAV tainbm pode ser uma fer-

    ramenta de acessibilidade til par~ o pblico com deficincia intelectual ou com

    transtornos globais de desenvolvimento:

    AAD tambm beneficia pessoas com problemas cognitivos e de percepo, e as

    vezes as pessoas que, mesmo sem problemas de viso, podem desfrutar daAD em si-

    tuaes nas quais no h qualquer informao visual: audioguias, filmes audiodescri-

    tos para ver durante a exibio, livros de udio etc. (DAZ CINTAS, 2007, p. 49)66

    Para esse pblico, audiodescrio representaria uma fonte adicional de infor-

    mao acstica para as imagens e dilogos de filmes, o que os ajudaria a entender o

    produto audiovisual mais diretamente e de forma independente.

    Neste estudo piloto, tentamos dar um pequeno passo para investigar at que

    ponto a audiodescrio destinada prioritariamente ao pblico cego, como feita

    hoje, satisfaz as necessidades de um pblico com deficincia intelectual ou com

    transtorno global de desenvolvimento, uma vez que este pblico tem necessidades

    e expectativas diferentes daquele com deficincia visual. Uma das motivaes por

    trs deste estudo o fato de que, pelo menos no Brasil, nenhuma faixa secundria

    de udio para a audiodescrio destinada a um pblico to especfico oferecida

    no meio audiovisual, apesar de a Conveno sobre os Direitos, das- Pessoas com

    Deficincia (2008) ter estabelecido que todos os pblicos (o que significa que todas

    as deficincias e transtornos) tm o direito igualdade de acesso comunicao e

    produtos culturais. Porm, a razo mais importante para a realizao deste estudo

    foi o pblico surpreendente qu e o grupo de pesquisa TRAMAD

    67

    atraiu quando au-

    diodescreveu uma apresentao de dana na pequena cidade de Santo Amaro da Pu-

    rificao, no interior do estado da Bahia: um grupo de dez estudantes entusiasmados

    da APAE, mas nem uma nica pessoa com deficincia visual. Isto definitivamente

    chamou a ateno do grupo para este segmento do pblico esquecido nos estudos

    sobre audiodescrio.

    Depois de uma luta de 12 anos, desde que a lei de acessibilidade foi introdu-

    zida (Lei 10.098/2000), e depois de sete anos que um decreto (Decreto 5.371/2005)

    66 La AO ta m b i n b en e fic ia a pe rs o na c on p ro b le m a s pe rc e p ti vos cognitivo s e n c ie rt as o cas ione s , a pe r sonas que , an s in

    p ro ble m as d e v is i n, p ue de n d is fru ta r d e Ia AO en s itu ac iones en que no s e d is po ne de in fo rma c in v isua l: aud iogu as,

    p e l cu la s a u d io d e sc rit as p a ra v e r m ie ntra s s e conduce , l ibros en fo rm a to aud io e tc .

    6 7 O g rup o de pesqu is a TRAM AO (I radu o , M d ia e A ud io de sc ri o ) fo i fun dado em 2004 p ela P ro f. O ra . E lian a F ranco ,

    q ue c oo rd ena o g ru po na U n ive rs id ad e F ed era l d a B ah ia . D esde en t o , o TRAM AO ded ic a m u ita s de sua s pesqu isas a

    e stu do s d e re ce po com cegos . P ara m ais in fo rma e s sob re o g ru po , a ce ss e .

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    OS NOVOS RUMOS DA PESQUISA EM AUDIODESCRIO NO BRASIL

    determinou a implementao da audiodescrio na TV brasileira, esta ferramenta

    de acessibilidade finalmente tornou-se obrigatria nos canais abertos da televiso

    brasileira a partir de 1

    de julho de 2011, embora numa escala muito mais reduzida

    do que foi inicialmente previsto, ou seja, apenas duas horas por semana ao invs de

    duas horas por dia.

    O lanamento oficial da audiodescrio no pas contribuiu para a disseminao

    de cursos de especializao, para o aumento do interesse pelo mercado de dublagem

    e tambm para a necessidade de definio das normas da AD pela ABNT, formula-

    das por um grupo de profissionais, de representantes da comunidade de deficientes

    visuais, de estudiosos de diversas reas e de amadores da atividade. A discusso,

    disponvel em um grupo online no faz meno a outros pblicos alm de cegos e

    deficientes visuais, embora aqueles com deficincia intelectual tenham sido mencio-

    nados ocasionalmente, a fim de reforarem argumentos em peties que ajudaram a

    audiodescrio a ser finalmente implementada no Brasil.

    Assim, este estudo centra-se em pessoas com deficincia intelectual e com trans-

    tornos globais de desenvolvimento como um pblico potencial para se beneficiar da

    audiodescrio. As questes que nortearam o estudo foram basicamente duas:

    A AD destinada a cegos e deficientes visuais tambm promove uma melhor

    compreenso do produto audiovisual para o pblico com deficincia intelectual e

    com transtornos globais de desenvovimento?

    Em caso afirmativo, em que medida a AD destinada a cegos e defi-

    cientes visuais eficiente para um pblico com deficincia intelec-

    tual e com transtornos globais de desenvovimento?

    Deficincia Intelectual e Transtorno

    Global de Desenvolvimento

    Segundo a Associao Americana de Deficincia Mental (AAMR)68 e o Ma-

    nual de Estatstica e Classificao de Transtornos Mentais (DSM-IV), deficincia

    intelectual definida como

    o estado redutrio observvel do funcionamento intelectual para um nvel

    significativamente inferior mdia, associado a pelo menos dois aspectos

    do funcionamento adaptativo, tais como: comunicao e cuidados pessoais,

    competncia domstica, habilidades sociais, autonomia, sade e seguran-

    a, habilidades educacionais, entretenimento e trabalho. (Freddy Brandi, in

    )

    68 O fic ia lmen te, a p artir d o d ia d e ja ne iro de 2007, e s ta s ig la de ixou de exis tir e em se u luga r su rg iu a nova s ig la : A A ID D ,

    s ig n ific a nd o Am e ri can Assoc ia t ion on In te l lectua l and D eve lopm en ta l D isab ilit ies . Em tr aduo li v re pa ra o po rtu gus ,

    o novo nom e : A ssoc iao Am e ric ana de D e fic i n c ia s Inte le c tu a l e de Desenvo lv im en to . E pe las no rm as de g ra fia de

    s ig la s , a nova s ig la em por tugus : AAd id . h ttp ://w ww .p lane taeducacao .com .b r/p o rta l/a rt igo .a sp?a rtig o=1320

    3

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    204

    Tal como indicado em Ballone (2004), a Organizao Mundial da Sade

    (OMS) ainda define quantitativamente o funcionamento intelectual- de acordo com

    o QI do indivduo, e o classifica oficialmente, como aparece no CID ou Classifica-

    o Estatstica Internacional de Doenas e Problemas Relacionados Sade, cuja

    l

    O

    reviso foi publicada em 2007. Assim, de acordo com essa classificao, o QI

    varia desde o comprometimento do raciocnio profundo (abaixo de 20), ao com-

    prometimento do raciocnio superficial (QI 52-67), ao raciocnio lento (QI acima

    de 76). Distrbios mentais, por sua vez, so classificados de superficiais (F70) a

    profundos (F79) e a Sndrome de Down caracterizada pelo tipo de anormalidade

    cromossmica, que varia de Q90 a Q99.

    Apesar de todas estas classificaes que refletiam a concepo mdica que

    rotulou as pessoas com deficincia mental por muito tempo, a Conveno da ONU

    sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia (2006) deu um passo enorme ao

    propor uma nova definio para o termo deficincia ou pessoa com deficincia:

    Pessoas com deficinciaso aquelas que tm deficinciafsica, mental, in-

    telectual ou sensorial a longo prazo, as quais, em interao com diversas

    barreiras,podem impedir sua participaoplena e efetiva na sociedadeem

    igualdadedecondiescom os outros.

    Conforme a verso comentada em portugus da Conveno bem observa (Resende

    e Vital, 2008), a nova perspectivareconhece o ambiente, e no a deficinciaem si, como

    responsvel pela no promoo da igualdade, impondo barreiras pessoa portadora de

    deficincia.E, de acordo com a PolticaNacionaldeEducao Especialna Perspectivada

    Educao Inclusiva (2008), otermo deficinciaintelectualserefere ao comprometimento

    do raciocnio em vrios nveis, enquanto que distrbios como a Sndrome de Down e o

    autismo so definidoscomoTranstornosGlobais doDesenvolvimento (TGD).

    Contexto do Estudo

    Instituio

    A instituio escolhida para fazer parte do estudo foi a APAE, Associao de

    Pais e Amigos de Excepcionais, como mais conhecida, a mais tradicional institui-

    o de ensino no pas direcionada queles com deficincias mltiplas e de apren-

    dizagem. A primeira APAE foi fundada em dezembro de 1954, no Rio de Janeiro,

    por Beatrice Bermin, um membro da comisso diplomtica dos Estados Unidos no

    Brasil, e me de uma criana com Sndrome de Down. Desde ento, muitas APAEs

    foram abertas, e hoje existem quase 2.000 filiais locais no Brasil.

    69 P e op le w ith d isab ilit ie s in c lude th o se w ho ha ve lon q -te rrn p hys ica l, men t a l, in te lle c tu a l o r sens o ry impa irm e n ts w h ich in

    in te ra c ti o n w ith va rio u s b a rr ie rs m ay h i nd e r t h ei r fu ll a n d e ff e c ti ve pa rt ic ip a ti o n in s o c ie ty o n a n e q ua lb a sis w ith o th e rs .

    D ispon ve l em .

    70 Em bo ra os p rin c p io s e o s ob je ti vo s se ja m os m e smo s , a s d i feren te s fili a is so au t nomas . P a ra sabe r m a is sob re a

    APAE , a ces s e w ww .apae b ras i l .o rg .com .b r.

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    OS NOVOS RUMOS DA PESQUISA EM AUDIODESCRIO NO BRSIL

    AAPAE de Salvador, capital do estado da Bahia, foi fundada em 03 de outubro

    de 1968. A escolhida para este estudo est localizada na cidade de Santo Amaro da

    Purificao, interior da Bahia, foi criada em outubro de 1999

    71

    muito tempo depois

    de muitas filiais do pas terem sido estabelecidas. Por um lado, Santo Amaro da

    Purificao uma cidade pequena, com recursos escassos, o que justifica o atraso

    para uma escola to especializada ali se instalar. Por outro lado, a APAE uma

    instituio verdadeiramente necessria em Santo Amaro por razes histricas. Um

    grande nmero de seus habitantes nasceu com deficincias fsica e intelectual, devi-

    do a uma fbrica j extinta, que h anos contaminou o solo com chumbo, e, tambm

    todos os recursos derivados deste, ingeridos pela populao diariamente.

    Os Sujeitos

    Como j foi mencionado, o primeiro encontro com os nossos sujeitos foi aps

    a audiodescrio de um espetculo de dana em dezembro de 2010, no nico teatro

    da pequena cidade de Santo Amaro da Purificao, quando dez alunos da APAE

    vieram felicitar-nos por esta novidade chamada audiodescrio, que os ajudou a

    apreciar ainda mais a experincia da dana.

    No incio de 2011, um segundo contato foi feito, a fim de explicar o estudo a

    ser realizado, de perceber os sujeitos dispostos a participar do estudo e de iniciar o

    processo de coleta de autorizao dos pais e de permisso institucional oficiais para

    serem enviadas a um Comit de tica, que um procedimento normal em estudos

    que envolvem seres humanos.

    Quatro alunos foram escolhidos para este primeiro estudo com a ajuda da equi-

    pe daAPAE e de acordo com a opinio desta equipe sobre o perfil dos alunos e sobre

    o registro de deficincia dos estudantes, conforme definido pela classificao oficial

    internacional ou CID, mencionado em item anterior: dois adolescentes, um menino

    e uma menina (idades entre 17 e 20 anos) com Sindrome de Down e deficincia

    intelectual (Q90 e F70), e dois adultos do sexo masculino (com idades entre 30 e

    35 anos) com deficincia intelectual apenas (F70). Lanando mo da terminologia

    proposta pela Poltica Nacional de Educao Especial na perspectiva da Educao

    Inclusiva, os participantes so caracterizados por dois sujeitos com deficincia inte-

    lectual e dois sujeitos com transtorno global de desenvolvimento (TGD).

    Durante uma segunda visita instituio (o terceiro contato real com eles),

    os pesquisadores puderam passar mais tempo com trs dos sujeitos, para que uma

    ligao mais-forte pudesse ser estabelecida. e as etapas do estudo fossem explicadas

    uma a uma para cada um dos sujeitos separadamente, de modo que eles soubessem

    71 O s au to re s so pro n damen t e g ra tos equ ipe d a APAE Sa nto A ma ra a p ae san toam a ro .b logsp o t.com .b r), e spec ia l-

    m en te

    Sra A le s sand ra G ome s R eis e S ilva d o C a rm o , p re s ide n te d a APAE San to Am a ra , S r. D iv in o M arcos F ra na ,

    p s ic a n a lis ta e co orde nad o r e S ra . Ana lu Va lla da res Va sconce los, fonoaud i loga , p or n o s rece be rem n a in s titu io e p o r

    o fe rece rem a ju d a ine st im ve l p a ra to rn a r e ste e stu do po s s ve l.

    7 2 O pa i o u m e e/o u resp onsve l po r c ada su je ito , b em com o a re p resen tan te da APAE de San to Am ara , d era m pe rm iss o

    po r e sc rito p ara o e stu d o se r fe ito , a p rese nta do em con fe rn c ia s e e m fo rma to imp resso . O re p rese n ta n te d a APAE tam -

    b m p6de acom p anha r e o pina r so bre toda s a s e tapas d o es tudo , in clu in do a e sc olha d o cu rta -m etragem u til izad o pa ra

    ava lia r o im pac to da au d io d e sc r i o na c ompreen so do s su jeito s.

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    o que esperar na visita seguinte, quando o estudo realmente ocorreria. A exceo foi

    a menina-participante, cujo contato s foi feito no teatro, mas no nas outras visitas

    instituio, porque ela estudava em um turno diferente dos outros participantes.

    Por essa razo, a equipe da APAE se responsabilizou por conversar com ela e com

    .sua me e explicar os passos do estudo.

    Em uma conversa com a psicanalista e com a fonaudiloga dos quatro par-

    ticipantes, verificou-se que, embora os sujeitos tivessem registros semelhantes na

    classificao oficial de deficincia, suas origens eram muito diferentes em termos de

    histria de vida. Por exemplo, um deles, de famlia pobre, foi extremamente prote-

    gido pela me, a qual impedia seu filho de participar das atividades mais simples do

    dia a dia. O outro foi adotado por uma advogada, que estimulou o filho a participar

    de muitas atividades interessantes, tais como um curso de teatro.

    Esses diferentes contextos, sem dvida, tiveram um impacto na personalidade

    dos sujeitos, o que pde ser observado desde o primeiro encontro. Mas, apesar de

    bastante diferentes, todos eles gostavam de assistir novelas na TV e no tinham o

    hbito de ir ao cinema, o que se justifica pelo fato de Santo Amaro da Purificao

    no oferecer salas de cinema e de as pessoas terem que viajar se quiserem ver um

    filme na tela grande.

    Filme Audiodescrito

    A fim de avaliar a eficcia da audiodescrio para a nossa pequena plateia

    de quatro indivduos com deficincia intelectual e TGD, foi escolhido um curta-

    metragem de 15 minutos, produzido no estado do Cear no ano de 2002: gua s

    de Romanza.

    Dirigido por Glucia Soares e Patrcia Baa, duas cineastas locais.

    Este curta de fico fez parte do projeto DVD Acessvel pelo grupo de pesquisa

    LEAD da Universidade Estadual do

    Cear

    que promoveu a acessibilidade em

    um festival de cinema na capital Fortaleza, audiodescrevendo alguns dos filmes

    selecionados e, posteriormente, distribudos em formato DVD.

    A histria de guasde Romanza acontece nos sertes infrteis do Nordeste

    do Brasil, em que uma menina de 6 anos chamada Romanza vive com a av e

    sonha ver a chuva pela primeira vez. Doente, a av quer tomar o sonho da menina

    realidade o mais rpido possvel e pede a ajuda de seu amigo Percival, um caixeiro-

    viajante, que parece ser a nica esperana para realizar o sonho da menina.

    A escolha deste filme foi baseada em alguns significados complexos cons-

    trudos principalmente atravs de imagens que exigiam muita ateno e raciocnio

    afiado do nosso pblico. Um deles est relacionado a espritos que a av muitas ve-

    zes v e que no so retratados de forma diferente dos personagens vivos no filme,

    como O marido da av, Antonio, e a me de Romanza, ambos mortos. A exceo fica

    por conta de uma nica cena em que esta ltima aparece para a garota como uma

    figura sombreada, indicando que ela no est na mesma condio dos outros per-

    73 A n ica exceo

    o suje i to que fre quen ta au la s de te a tr o , que

    le vado ao c in em a pe la sua m e em Fe ira d e S an ta n a, a

    c idade m a is p rx im a .

    74 O p ro je to

    OVO A c es s v el

    fo i coo rdenado pe la P ro l. O ra . Ve ra San t i ago A ra jo e re aliza do p elo g rup o d e p esq uisa

    LEAO L eg endagem e A ud o d escr o , resp onsve l pe la le gendagem pa ra su rdos e pessoas co m ba ixa aud i o e a

    aud iodesc ri o pa ra ce go s e d efic ien t es v is ua is de a lg un s film es do Fes tiv a l d e C inem a d o C ea r , e m 2 010 .

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    OS NOVOS RUMOS DA PESQUISA EM AUDIODESCRIO NO BRASIL

    sonagens. Na mesma sequncia, Romanza est dormindo em uma rede quando, de

    repente, ela abre os olhos e v algumas imagens projetadas na parede, sugerindo que

    ela est apenas sonhando. A ltima e mais importante sequncia no filme quando a

    av, a menina e Percival chegam a um lugar ensolarado, e a av fala para a menina

    correr para a chuva. Na prxima cena, Romanza mostrada de perto, danando no

    meio de plantas verdes sob a gua que cai. Quando a cmera abre o quadro do alto,

    o pblico descobre que a chuva est vindo de tubos de irrigao.

    Sendo, em primeiro lugar, destinada ao pblico cego e deficiente visual, a

    audiodescrio que acompanha essas sequncias no explica que a av v espritos,

    que as imagens na parede so apenas sonhos de Romanza, que ela ainda est dor-

    mindo, apesar de seus olhos abertos, e que a gua que cai no chuva de verdade.

    Assim, o procedimento que se seguiu observao do filme teve como objetivo

    descobrir como este pequeno grupo com deficincia intelectual e TGD conseguiu

    lidar com os significados constru dos atravs de imagens e que a audiodescrio no

    explicita. Ser que a audiodescrio destinada aos cegos seria de alguma utilidade

    para eles? Alm disso, um pequeno detalhe tambm requereu a ateno dos pes-

    quisadores, os nomes dos personagens, que so um pouco incomuns ou confusos,

    devido ao fato de que s vezes eles so proferidos no filme sobre imagens de outras

    pessoas. Ento, at que ponto a repetio desses nomes na audiodescrio ajudou a

    sua memorizao pelo pblico?

    Etapas do Estudo

    Como no existem estudos relevantes sobre o tema e, consequentemente, no

    h ainda uma literatura para fundamentar o estudo, as etapas seguintes foram resul-

    tado de experincia anterior com pesquisa de recepo junto ao pblico cego e com

    deficincia visual. Cada sujeito passou pelas mesmas etapas individualmente, em

    uma sala preparada apenas para o estudo. Cada etapa foi filmada com a permisso

    do participante, seu pai/me e do representante institucional. As etapas do estudo

    podem ser resumidas da seguinte forma:

    1) Assistir o filme guas de Romanza sem AD.

    2) Comentar livremente sobre o filme. Antes de fazer qualquer pergunta os

    sujeitos puderam falar vontade sobre o filme. Isto nos deu uma excelen-

    te ideia da compreenso deles sobre o foco da histria.

    3) Responder perguntas sobre a compreenso do contedo. Originalmen-

    te, 21 perguntas foram elaboradas sobre a compreenso de contedo, as

    quais foram manipuladas durante o estudo, de acordo com o que cada

    paciente j havia falado livremente. Vale a pena mencionar que para al-

    75 Em bora tiv ssem os um a sa la separada para rea liz a r o es tudo , va le re ssa lta r que es ta e ra m uito ba ru lhen ta dev ido a

    fa to re s exte rn os . N o en tan to , ac red it a -se que o fa to de os s uje ito s te rem s id o c ha m ados um a u m e que e le s tin ham um a

    te la de c ompu tado r em sua ir en te com um bom fone de ouv id o , s ua a te no no te nh a s ido desv ia da da obse rvao do

    fi lm e e nem de ou tr a s e tapas do es tu do .

    7

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    gumas das perguntas, principalmente as relacionadas s sequncias com-

    plexas mencionadas anteriormente, a sequncia foi mostrada outra vez

    ,para ajud-los a -ter certeza das respostas dadas, Por exemplo, na cena

    da chuva, trs dos quatro participantes no perceberam que a chuva era

    falsa, apesar da imagem do tubo de irrigao, ento a cena foi mostrada

    outra vez, e foi perguntado ao sujeito: Isso chuva de verdade?

    4) Assistir o filme guas de Romanza com AD.

    5) Verificar as reaes. Estas foram muito significativas no que diz respeito

    ao impacto da audiodescrio.

    6) Comentar livremente sobre o filme com AD. Neste momento, j foi pos-

    svel observar o quanto foi acrescido compreenso do filme em si, sua

    histria e foco.

    7) Responder s mesmas perguntas sobre a compreenso do contedo. O

    objetivo foi verificar se houve uma maior compreenso do filme.

    8) Responder perguntas sobre a AD, tais como: Voc acha que a audiodes-

    crio ajudou a entender mais coisas sobre o filme? O que voc enten-

    deu com a audiodescrio que no havia entendido sem a audiodescrio?

    Voc gostou da voz que descreve as imagens? Voc gostou da forma como

    ela falou? Voc gostaria de assistir a mais filmes com audiodescrio?

    Observaes Preliminares

    Mesmo sem explicitar os significados nas sequncias visuais do curta-metra-

    gem guas de Romanza pode-se dizer que a audicdescrio destinada ao pbli-

    co cego e deficiente visual deste filme ajudou os indivduos com dificuldades de

    aprendizagem a compreender melhor o filme, especialmente alguns dos momentos

    visualmente complexos discutidos, incluindo o momento-chave. Isso quer dizer que

    os trs participantes que no foram capazes de perceber que a chuva de Romanza

    era falsa na verso no audiodescrita, puderam perceber que a chuva veio realmente

    de um tubo na verso audiodescrita, provando que, de alguma forma, a audiodes-

    crio dirigiu a ateno deles para os

    tubos .

    Todos os quatro participantes pude-

    ram perceber na verso audiodescrita que algumas das pessoas no filme no eram

    pessoas reais, mas sim espritos, como na cena em que Romanza est na rede e sua

    me aparece em uma imagem sombreada, audiodescrito em portugus como uma

    mulher transparente.

    No entanto, em outros momentos os sujeitos no foram capazes de compreen-

    der o sentido implcito da cena apenas pela audiodescrio, Um bom exemplo

    quando Romanza est na rede e abre os olhos abruptamente enquanto as imagens

    so projetadas na parede. Ouvir pela audiodescrio que a menina abriu os olhos

    foi, para todos os quatro indivduos, uma clara indicao de que ela estava acordada.

    Alm dos significados implcitos, a audiodescrio pareceu oferecer pouca ajuda

    76 C on tra ria n do as expec ta tiv a s ace rc a d o s su je ito s, o a do le s ce n te co m Sn d ro m e de D ow n fo i o n ico pa rtic ipan te a no t a r

    q u e a ch uv a n o e ra re a l. Is to se r co m en ta do n as co nc luse s,

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    OS NOVOS RUMOS DA PESQUISA EM AUDIODESCRIO NO BRASIL

    para o pblico no que diz respeito s associaes entre os personagens e cenas do

    filme. Ou seja, os espritos que a av v o tempo todo (a me de Romanza e seu

    marido Antonio), aparecem em muitas cenas ao longo do filme: na casa da av,

    ao longo da estrada, onde a av, Romanza e Percival esto viajando e em cima da

    carroa em que os trs esto viajando. Apenas um dos indivduos foi capaz de fazer

    conexes entre essas cenas e perceber que eles eram as mesmas pessoas/espritos

    que acompanham a av o tempo todo.

    Alm disso, embora a audiodescrio tenha sido vista como algo para guiar o

    foco de ateno para certos pontos visuais, como os tubos de irrigao, esta no se

    mostrou acusticamente eficaz. Isto significa que a repetio dos nomes dos perso-

    nagens ao longo da audiodescrio no os fez, necessariamente, lembrar esses no-

    mes. Como exemplo, nenhum dos participantes foi capaz de memorizar o nome da

    protagonista, Romanza, mencionado muitas vezes ao longo do filme e repetido na

    audiodescrio. No entanto, quando perguntados sobre o nome da menina, dois deles

    mencionaram Larissa, um nome que aparece nos crditos, no final do filme, a quem

    o filme dedicado. Ser que isto aponta para o fato de que o pblico com deficincia

    intelectual e TGD mais visual do que auditivo ou que a informao auditiva pre-

    judicada por sua concentrao dispersa quando h perguntas a serem respondidas?

    Finalmente, uma observao bastante importante se relaciona s reaes dos su-

    jeitos enquanto assistiam verso audiodescrita do filme. Exceto para os dois indiv-

    duos com Sndrome de Down, cujas expresses faciais frequentemente permaneceram

    as mesmas em ambas as verses do filme visto, os dois indivduos do sexo masculino

    com deficincia intelectual reagiram muito fisicamente, e por vezes tambm verbal-

    mente, presena da audiodescrio. Concluiu-se que essas reaes tinham duas fun-

    es diferentes: primeiro, a confirmao das respostas dadas anteriormente s perguntas

    de compreenso de contedo sobre a verso no audiodescrita. Eles pareciam felizes

    quando percebiam que tinham as respostas certas, e um dos sujeitos ainda observou:

    Voc v que eu estava certo? Em segundo lugar, as reaes tambm revelaram que os

    indivduos estavam comparando a palavra falada pela AD com a imagem mostrada na

    tela, isto , eles estavam verificando se a audiodescrio realmente descrevia as imagens

    vistas. Um dos sujeitos sinalizou com um hum hum durante todo o filme, quando sig-

    nos verbais acsticos coincidiam com signos visuais no verbais. Neste caso, uma boa

    pergunta a ser feita numa pesquisa futura : como reagiria esse pblico s antecipaes

    e aos atrasos que s vezes se fazem necessrios no roteiro da audiodescrio? Ser que

    ele os aceitaria, rejeitaria ou provocaria outro tipo de reao?

    Consideraes Finais

    Com base nas observaes feitas durante o estudo descrito acima, dados suge-

    rem que a concluso mais importante que, embora de grande ajuda, a audiodescrio

    destinada aos deficientes visuais no seria suficiente para a compreenso total do con-

    tedo do filme e dos significados da narrativa pelo pblico com outras deficincias ou

    transtornos. A interpretao dos significados implcitos codificadas por imagens, bem

    como das ligaes entre eles, seria necessria na audiodescrio, a fim de tomar o filme

    o mais acessvel possvel para este pblico especfico.

    209

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    210

    Outras concluses ainda importantes para a reproduo deste estudo a fim de

    test-lo em maior escala so: em primeiro lugar, considerar que as definies e

    graus de deficincia, de acordo com classificaes oficiais, so muito gerais e no

    representam diferenas entre sujeitos relativas sua formao educacional e social,

    ou ao ambiente onde eles so criados. Estes aspectos podem ser mais importantes

    na anlise de seu desempenho do que meros diagnsticos mdicos poderiam revelar.

    A partir da, em segundo lugar, tipos de deficincias pr-definidas, como aquelas

    baseadas em classificaes oficiais, podem gerar suposies que no se constituem

    verdade na prtica. Um bom exemplo foi o paciente com Sndrome de Down, o ni-

    co a perceber imediatamente que a chuva no era real na verso no audiodescrita,

    enquanto aquele sem Sndrome de Down, considerado o mais inteligente do grupo,

    no conseguiu avaliar que a chuva era falsa, mesmo depois de ter visto a cena pela

    segunda vez para fins de confirmao de resposta.

    Em terceiro lugar, a filmagem uma condio bsica para a observao do

    impacto da audiodescrio atravs de reaes corporais. Logo aps a concluso

    do estudo, percebemos que tnhamos perdido a filmagem dos pontos do filme em

    que os pacientes reagiram. Com uma cmera voltada apenas para seus rostos, as

    cenas que provocaram tais reaes permanecem obscuras, embora o tempo do filme

    possa dar algumas pistas. Preferencialmente, uma cmera estaria focando o sujeito,

    enquanto outra poderia estar posicionada atrs deste e focar na tela que o sujeito

    estivesse assistindo.

    Em quarto lugar, encontros anteriores com os participantes provaram ser de

    extrema importncia para criar um vnculo de confiana entre pesquisador e sujeito,

    alm de fazer com que os sujeitos se sentissem vontade durante o estudo. Ficou

    claro que o fato de ter havido apenas um encontro na Instituio com a nica ado-

    lescente-participante no dia em que o estudo foi conduzido afetou os resultados de

    forma negativa, seja porque ela no se concentrou o suficiente ou porque ela no

    estava realmente interessada no filme ou no estudo.

    Finalmente, este pequeno passo nicial sobre a audiodescrio para pessoas

    com deficincia intelectual ou transtornos globais de desenvolvimento demonstrou,

    acima de tudo, as direes para as quais o estudo deve ser desenvolvido, a fim de

    que uma pesquisa efetiva possa ser bem conduzida na rea.

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    OS NOVOS RUMOS DA PESQUISA EM AUDIODESCRIO NO BRASIL

    REFERNCIAS

    BALLONE, Geraldo Jos. Deficincia Mental. Disponvel em: . Acesso emjun. 2011

    BRANDI, Freddy. Manual de Estatstica e Classificao de Transtornos Mentais

    (DSM-IV), Disponvel em: Acesso em jun. 2011.

    DIAZ CINTAS, Jorge. Audiovisual Translation Today. A Question of Accessibility

    for AlI. In Translating Today 4,3-5,2005.

    _Por unapreparacin de calidad en accesibilidad audiovisual. In TRANS 11:45-59.

    United Nations Convention on the Rights ofPersons with Disabilities, Article

    1

    Dis-

    ponvel em: .Acesso em jul. 2011.

    DUTRA et al. Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educa-

    o Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Por-

    taria n 555/2007, prorrogada pela Portaria n 948/2007, Braslia, janeiro de 2008.

    RESENDE, Ana Paula Crosara de; VITAL, Flavia M. de Paiva (orgs). A Conveno

    sobre Direitos das Pessoas com Deficincia Comentada. Braslia: Secretaria Espe-

    cial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para a Integrao da Pessoa

    Portadora de Deficincia. 2008.

    211

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    Copyright

    da Editora CRV Ltda.

    Editor chefe:

    Railson Moura

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    Editora CRV

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    P ro f. D r , C ar lo s F ed er ico D om in gu ez Avil a (U nE - DF)

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    Pro f, D Ia . G lo ria Fa r ifia s Len (Univ er sid a d e d e La Ha vana

    -C u ba )

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    Pro f

    O r.

    Guillenno A ria s Bea tn (Universid a d e d e La Ha vana

    =C uba )

    P ro f D r . J o a oAda lbe rto C am pa to Ju nio r (FAP- SP)

    P ro f. D r . Ja ilso n A lv es d o s S a nto s (UFRJ)

    P ro f D r . L eo nel Seve ro R ocha (UR l)

    P ro f. D r . L o u rd es H elen a d a S ilva (UFV)

    Pro f. D r . Jo sa nia Po rte la ( UF PI)

    P ro f. D r , M a r ia L lia I mb ir ib a S o us a C o la res (UN IR - RO )

    Pro f D r . Pa u lo R o mu a ld o H em and es (UN IFA L - MG )

    Pro f, Dr Maria C r is tin a d os Sa nto s B e ze rra (UFS)

    P ro f D r . Srgio N u nes d e J es us ( IFRO )

    Pro f. D r . So la nge H elen a X im en es-R oc ha ( UF PA )

    Pro f. D r , Syd ione Santo s (U EPG P R)

    Pro f D r . Ta d eu O live r G o n alves (UFPA )

    Pro f, D r , Tania Su el y A ze ved o B ra sile ir o (UN IR - RO )

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTE

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    N843

    Os novos rumos da pesquisa em audiodescrio no Brasil / Vera Lcia Santiago

    Arajo, Marisa Ferreia Aderaldo (organizadoras). - I. ed. - Curitiba, PR: CRV,

    2013.

    220p.

    Inclui bibliografia

    ISBN 978-85-8042-592-5

    I. Deficientes visuais. 2. Literatura - Adaptaes. 3. Deficientes e artes. 4.

    Deficientes visuais - Educao. r. Arajo, Vera Lcia Santiago. lI. Aderaldo,

    Marisa Ferreira.

    12-9149.

    CDD: 371.911

    CDU: 376.33

    12.12.12 19.12.12

    041567

    Foi feito o depsito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004.

    2013

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