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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUA ÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE AUDITORIA EM S EGUROS DE VIDA Por: Enaile Cardoso dos Santos Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves RIO DE JANEIRO 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

AUDITORIA EM SEGUROS DE VIDA

Por: Enaile Cardoso dos Santos

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

RIO DE JANEIRO2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

AUDITORIA EM SEGUROS DE VIDA

Apresentação de monografia a Universidade

Candido Mendes como condição prévia para

a conclusão do Curso de Pós-Graduação

“Lato Sensu” em Auditoria e Controladoria.

Por : Enaile Cardoso dos santos

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AGRADECIMENTOS

São muitos aqueles a quem devo agradecer,

porém por todo incentivo pessoal, apoio e

encaminhamento, que me permitiram chegar até

aqui, agradeço imensamente a Deus e a minha

mãe.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Eliane pelo esforço para minha

educação e crescimento pessoal e profissional.

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RESUMO

O presente trabalho foi estimulado pela minha vivência no ramo de

Seguros de Vida e pelo conhecimento adquirido no curso de pós-graduação de

Auditoria e Controladoria.

Embora não haja material suficiente sobre Auditoria em Seguro de Vida,

busquei apresentar conceitos básicos para uma avaliação de riscos, como

também informar sobre fraudes de segurados desonestos que procuram tirar

vantagens em proveito próprio às custas das sociedades seguradoras.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa científica em que foram utilizados como fonte

de consulta o referencial teórico sobre o assunto publicado em livros, artigos,

periódicos e publicações eletrônico. Os dados coletados foram analisados de

maneira descritiva, procurando demonstrar a importância do Seguro de Vida.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................ 8

CAPÍTULO ISEGURO DE PESSOAS........................................................................ 111.1 – Conceitos e Legislação............................................................................ 11

1.1.1- Conceitos............................................................................................. 11

1.1.2 – Legislação......................................................................................... 15

1.2 – Estrutura de Mercado Segurador..................................................... 181.3 – Seguro de Vida.................................................................................... 211.4 – Seguro de Vida Individual................................................................... 221.5 – Seguro de Vida em Grupo 251.6 – Seguro de Acidentes Pessoais....................................................... 32

CAPÍTULO IIAUDITORIA..................................................................................................... 332.1 – Auditoria de demonstrações contábeis e emissão de parecer .... 352.2 – Risco de Auditoria......................................................................... 392.3 – Planejamento da Auditoria............................................................ 432.4 – Auditoria em Seguros................................................................... 45

CAPÍTULO IIIFRAUDES EM SEGURO DE VIDA....................................................... 51

CONCLUSÃO ......................................................................................... 59

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 62

ÍNDICE ................................................................................................... 63

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................ 64

ANEXOS ................................................................................................. 65

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INTRODUÇÃO

Desde sua origem, o homem sente a necessidade de fazer face ao meio

em que vive: sofrendo as conseqüências de situações climáticas, dos ataques

de animais e de outros homens, busca formas de proteção, desde a integração

em tribos ou grupos que se protegem, até a criação de moradias que o isolam

de certos perigos.

O mais antigo registro histórico é o instinto de conservação do ser

humano. Sinais primitivos de preocupação do homem em se segurar ou se

auto proteger são encontrados desde a pré-história.

No início dos tempos o homem era nômade e os riscos eram uma

constante. Assim, o perigo, a insegurança, a incerteza e o medo já se faziam

presentes na vida do homem, tendo este a necessidade de proteção pessoal.

Surge, então, a idéia do seguro, o qual é baseado no conceito de

compartilhamento ou divisão de riscos, ou seja, foi criado com o fim de servir

como um organismo que progressivamente se aperfeiçoa para restabelecer, de

alguma forma, o equilíbrio perturbado.

A evolução natural foi à busca da vida em grupo e com o passar do

tempo não só a distribuição de tarefas se tornava importante como também o

mutualismo, que poderia ser definido como a formação de um grupo de

pessoas com interesses em comum constituindo uma reserva econômica para

dividir os risco de um acontecimento não previsto.

Caminhando um pouco mais no tempo, chegamos aos hebreus, povo

que praticava o mutualismo em uma forma bastante aprimorada. Eles

desenvolveram a coletividade, a qual assumia a responsabilidade pela

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reparação na ocorrência de acidentes com o rebanho de alguns de seus

pastores. As perdas ocorridas nos rebanhos eram repartidas entre todos. As

indenizações eram feitas em espécies, já que a moeda ainda não havia sido

criada.

A prática do mutualismo também pode ser observada em outras

civilizações, como a romana, que organizava serviços funerários e de

beneficência através de seus collegia, que foram o equivalente aos montepios.

Os membros do collegia contribuíam, antecipadamente, para a criação de um

fundo que assumia as despesas ocasionadas pelo enterro. Estes collegia

chegaram a especializar-se, existindo, por exemplo, o da milícia, que concedia

pensões aos membros que se encontrassem em situações de incapacidade

provocada por feridas sofridas em combate, ou outorgava rendas de

aposentadoria a quem atingisse o limite da idade militar.

Não havia na época, nenhuma instituição especializada em gerenciar

riscos. Os conhecimentos matemáticos não permitiam a elaboração de

modelos avançados que conseguissem mensurar as perdas esperadas.

Remediavam-se os sinistros após a sua ocorrência, ao contrário do que

acontece hoje que a prevenção das perdas é feita por meio de um pagamento

antecipado: o prêmio.

Na Idade Média, porém, a Igreja proibiu a prática do mutualismo, visto

como sacrilégio, pois, segundo o clero, somente a vontade divina seria capaz

de minorar as desgraças e infortúnios do homem.

Nos séculos que se seguiram, o Seguro de Pessoas passou a de

fundamentar como a atividade securitária em geral, em bases técnicas e

científicas e, através de iniciativas pioneiras, fracassos, restrições e

regulamentações.

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No primeiro capítulo deste trabalho, serão aplicadas informações sobre

Seguros de Vida, como os princípios básicos, suas características, legislação e

órgãos regulamentares.

O segundo capítulo abordará a respeito de Auditoria, sintetizando a

elaboração de um planejamento de auditoria e avaliação de riscos.

No terceiro capítulo apresenta o assunto de Fraudes no Seguro de Vida,

sendo este uma das grandes preocupações das seguradoras e que a cada dia

se verifica, com maior freqüência, a crescente incidência de fraudes contra as

Seguradoras.

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1) SEGURO DE PESSOAS

Certos acontecimentos, como a morte de uma pessoa ou destruição de

coisas, trouxeram ao homem a preocupação de buscar uma forma de

reparação por intermédio de uma instituição.

O seguro está vinculado a proteção dos indivíduos e das empresas,

podendo, assim, ser dita de natureza particular, mas que, por conseqüência,

objetivo de ordem social, ao preservar condições de sustento, emprego e

meios de produção.

Os seguros de pessoas incluem os seguros de: vida, acidentes pessoais

e saúde, porém esta pesquisa tratará somente dos dois primeiros.

Mas antes de nos aprofundarmos no ramo de Seguro de Pessoas, será

necessário entender alguns conceitos e, as principais leis e decretos que

regulamentam as operações deste seguro.

1.1) Conceitos e Legislação

1.1.1) Conceitos

Baseando-se na definição da Fenaseg, seguro é uma operação que

toma forma jurídica de um contrato, em que uma das partes (segurador) se

obriga para com a outra (segurado ou seu beneficiário), mediante o

reconhecimento de uma importância estipulada (prêmio), a compensá-la

(indenização) por um prejuízo (sinistro), resultante de um evento futuro,

possível e incerto (risco), indicado no contrato.

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O segurador é a entidade jurídica legalmente constituída para assumir

e gerir os riscos especificados no contrato de seguros. É ele quem emite a

apólice e, no caso da ocorrência de sinistro e de posse do pagamento do

prêmio, será o responsável por indenizar o segurado ou seus beneficiários de

acordo com as coberturas contidas na apólice. A finalidade específica do

seguro é restabelecer o equilíbrio econômico perturbado.

A seguradora é a empresa legalmente constituída para assumir e gerir

coletividades de riscos, obedecidos os critérios técnicos e administrativos

específicos.

O segurado é a pessoa física ou jurídica economicamente interessada

no bem exposto ao risco e que transfere à seguradora, mediante pagamento de

uma certa importância, o risco de um determinado evento atingir o bem de seu

interesse. É a pessoa em nome da qual o seguro é contratado.

A pessoa que contrata o seguro com a seguradora é também conhecida

como estipulante, podendo este ser de natureza física ou jurídica. Em alguns

casos, a pessoa do estipulante é distinta da pessoa do segurado, podendo ser

o representante ou mandatário do segurado.

A intermediação do seguro é feita pelo corretor, o qual pode ser pessoa

física ou jurídica, e também o representante ou mandatário do segurado.

O beneficiário corresponde a quem se beneficia com o seguro, ou seja, a

pessoa a quem o segurado reconhece o direito de receber a indenização ou

parte dela prevista na apólice do seguro.

A indenização corresponde ao que a seguradora paga ao segurado

pelos prejuízos decorrentes de um sinistro. A indenização nunca é superior à

importância segurada.

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O prêmio não representa a importância que o segurado recebe, e sim a

que ele tem de pagar à companhia, ou seja, o prêmio é o preço ou custo do

seguro especificado no contrato. A falta de pagamento do prêmio desobriga a

seguradora a pagar a indenização.

Na determinação do valor do prêmio é importante considerar a questão

da franquia, ou seja, o limite de participação do segurado nos prejuízos

resultantes de cada sinistro. Quando maior a franquia, menor o prêmio. Além

disso, como o segurado tem que arcar com seu valor cada vez que o sinistro

ocorrer, ela acaba evitando que o seguro seja acionado em casos mais

simples, cujos valores são inferiores ou semelhantes à franquia.

O sinistro é a realização do risco previsto no contrato de seguro

resultando em perdas para o segurado ou seus beneficiários.

O risco representa a possibilidade de um evento inesperado ocorrer,

gerando prejuízo ou necessidade econômica ou danos materiais e pessoais.

Esse evento incerto, data incerta, independe da vontade do segurado ou

segurador. Assim, o risco deve ser: incerto, aleatório, possível, real, licito e

fortuito.

O contrato de Seguro é um acordo pelo qual o segurado, mediante

pagamento de um prêmio ao segurador, garante para si ou para seus

beneficiários, indenizações de prejuízos que venha a sofrer em conseqüência

da realização de um dos riscos previstos no contrato. Seu objetivo é criar,

modificar, transferir, conservar ou extinguir direitos e obrigações. Possui as

seguintes características:

Bilateral: gera obrigações tanto para o segurador quanto para o

segurado;

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Oneroso: é o que implica dispêndio para as partes (segurado e

segurador);

Aleatório: significa que o segurador assume a obrigação de pagar

uma indenização por um acontecimento – risco- que poderá ou

não ocorrer. Ele deve ser também formal pois a lei obriga a

formalidade, determinado que o contrato seja o instrumento na

apólice ou no bilhete de seguro.

Nominal: regulado por lei e com um padrão definido;

Adesão: é preciso que as condições da apólice sejam

padronizadas e aprovadas por órgãos governamentais;

Boa fé: o conhecimento do risco pela seguradora depende da

fidedignidade das informações prestadas pelo segurado, de modo

a não induzir a outra parte por engano ou erro.

Pela lei, a contratação do seguro só pode ser feita por meio de proposta

assinada pelo interessado, seu representante legal ou por corretor registrado,

exceto quando a contratação se dá por meio de bilhete de seguro.

Os principais instrumentos formais do contrato são:

Proposta: é o documento cujo conteúdo representa a vontade do

segurado, sendo por ele formulada, contendo condições

pretendidas para o seguro;

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Apólice: é o documento emitido pelo segurador e constitui o

Contrato de Seguro;

Endosso: é o documento pelo qual se altera um contrato;

1.1.2) Legislação

O Código Civil apresenta uma serie de artigos aplicáveis aos seguros de

pessoas, sendo alguns voltados exclusivamente para os contratos de vida:

Artigo 1440: A vida e as faculdades humanas também podem

estimar como objeto segurável e segurar no valor ajustado contra

os riscos possíveis, como o de morte involuntária, inabilidade

para trabalhar ou outros semelhantes. Considera-se morte

voluntária a recebida em duelo, bem como o suicídio

premeditado, por pessoa em seu juízo (parágrafo único).

Artigo 1441: No caso de Seguro de Vida, é livre às partes fixar o

valor respectivo e fazer mais de um seguro, no mesmo ou em

diversos valores,sem prejuízo dos antecedentes;

Artigo 1444: Se o segurado não fizer declarações verdadeiras e

completas, omitindo circunstancias que possam influir na

aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito ao

valor do seguro e pagará o prêmio;

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Artigo 1445: Quando o segurado, contrata o seguro mediante

procurador, também este se faz responsável ao segurador pelas

inexatidões, ou lacunas, que possam influir no contrato;

Artigo 1454: Enquanto vigorar o contrato, o segurado abater-se-á

de tudo quanto possa aumentar os riscos, ou seja, contrário aos

termos do estipulado, sob pena de perder o direito ao seguro;

Artigo 1455: Sob a mesma pena do artigo antecedente,

comunicará o segurado ao segurador todo incidente, que de

qualquer modo agravar o risco;

Artigo 1471: O seguro de Vida tem por objetivo garantir, mediante

o prêmio anual que se ajustar, o pagamento de certa soma a

determinada ou determinadas pessoas, por morte do Segurado,

podendo estipular-se igualmente o pagamento dessa soma ao

próprio Segurado, ou a terceiro, se aquele sobreviver ao prazo de

seu contrato. Quando a liquidação só deva operar-se por morte, o

prêmio se pode ajustar por prazo limitado ou por toda vida do

segurado, sendo licito às partes contratantes, durante a vigência

do contrato, substituírem, de comum acordo, um plano por outro,

feita a indenização de prêmios que a substituição exigir

(parágrafo único);

Artigo 1472: Pode uma pessoa fazer o seguro sobre a própria

vida, ou sobre a de outrem, justificando, porém, neste último

caso, o seu interesse pela preservação daquela que segura, sob

pena de não valer o seguro, em se provando ser falso o motivo

alegado. Será dispensada a justificativa se o terceiro, cuja vida se

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quiser segurar, for descendente, ascendente, irmão ou cônjuge

do proponente (parágrafo único);

Artigo 1473: Se o seguro não tiver por causa declarada a garantia

de alguma obrigação, é lícito ao segurado, em qualquer tempo,

substituir o seu beneficiário e , sendo a apólice emitida à ordem,

instituir o beneficiário até por ato de ultima vontade. Em falta de

declaração, neste caso, o seguro será pago aos herdeiros do

segurado, sem embargo disposições em contrario dos estatutos

da companhia ou associação.

Artigo 1474: Não se pode instituir beneficiário a pessoa que for

legalmente inibida de receber a doação do segurado;

Artigo 1475: A soma estipulada como beneficio não está sujeita

às obrigações ou dívidas do segurado;

Artigo 1476: É também lícito fazer o seguro de modo que só

tenha direito a ele o segurado, se chegar a certa idade, ou for vivo

a certo tempo.

De um modo geral, as regras relacionadas aos beneficiários dos seguros

de vida e acidentes pessoais são as mesmas. Na hipótese de cobertura por

morte, o pagamento é realizado aos beneficiários designados pelo próprio

segurado, os quais podem ser alterados a qualquer tempo, enquanto que nas

coberturas de invalidez a sobrevivência geralmente o capital segurado é pago

ao próprio segurado. No seguro de acidentes pessoais, a cobertura de

despesas médico-hospitalares destina-se ao próprio segurado. Quando o

contrato serve de garantia a uma obrigação, o beneficiário referente á divida

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não pode ser alterado e, invariavelmente, destina-se a ele a maior parcela do

capital segurado.

Nos contratos coletivos, é obrigatório que o certificado Individual

contenha a informação de que o segurado pode, a qualquer tempo,

expressamente designar ou substituir os beneficiários do seguro.

Não havendo informação expressa quanto aos beneficiários, aplica-se o

seguinte ordenamento legal:

Decreto-Lei nº 5.384:

Na falta de beneficiário nomeado, o Segurado de vida pago

metade à mulher e metade aos herdeiros do segurado (art.1º);

Na falta das pessoas indicadas, serão beneficiários os que,

dentro de seis meses, reclamarem o pagamento do seguro e

provarem que a morte do segurado os privou de meios para

proverem a sua subsistência. Fora desses casos, será

beneficiária a união (parágrafo único).

1.2) Estrutura do Mercado Segurador

O Sistema Nacional de Seguros privados é composto por cinco grupos:

CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) – é o órgão

máximo do setor de seguros, responsável pela fixação de

diretrizes e normas da política de seguros e resseguros,

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regulando e fiscalizando a orientação básica e funcionamento dos

componentes do sistema. Ele é formado pelo ministro da

Fazendo, como presidente, e representantes advindos de

ministérios públicos, outros órgãos do setor (como a Susep) e do

sistema privado (nomeados pelo presidente da república);

SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) – é o órgão

governamental de atuação colegiada e competência normativa

responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,

previdência privada aberta, capitalização e resseguros. Suas

atribuições são: fiscalizar a constituição, organização,

funcionamento e operação das sociedades seguradoras, de

capitalização, entidades de previdência privada aberta e

resseguradores, na qualidade de executora da política traçada

pelo CNSP; Autoriza uma empresa a atuar no mercado de

seguros, verificando suas qualificações e adequações as

normas legais.

IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) – foi criado para fiscalizar

o resseguro obrigatório e facultativo do país ou do exterior,

organizar e administrar consórcios, proceder a liquidação de

sinistros e distribuir pelas seguradoras a parte dos resseguros

que não retiver e colocar no exterior as responsabilidades

excedentes da capacidade do mercado segurador interno ou

aquela cuja cobertura fora do país convenha aos interesses

nacionais (retrocessão).

A Sociedade Seguradora – é a empresa que, por meio dos

recursos dos prêmios cobrados dos segurados, compromete-se a

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indenizá-los no caso de ocorrer o evento contra o qual se

seguram.

O corretor de seguros – é o profissional legalmente autorizado a

organizar e promover contatos de seguros. Ele também orienta o

segurado sobre o melhor tipo de contrato de seguro,

esclarecendo duvidas, sobre coberturas, carências, validade e

atendimento as necessidades de seu representado.

Há várias entidades que apóiam o Sistema Nacional de Seguros

Privados Brasileiro;

FENASEG (Federação Nacional das Empresas de Seguros

Privados e de Capitalização) – congrega as empresas do setor;

FENACOR (Federação Nacional dos Corretores de Seguros, de

Capitalização e de Previdência Privada) – funciona como

entidade coordenadora dos interesses da categoria econômica

dos corretores de seguros e de capitalização.

FUNENSEG (Fundação Escola Nacional de Seguros) – mantida

pelo Sistema Nacional de Seguros Privados, surgiu como

resposta a um dos principais desafios do mercado segurador

brasileiro: a profissionalização e qualificação das pessoas e

empresas que trabalham com seguros.

ANAPP (Associação Nacional da Previdência Privada) – agrega

as entidades de previdência privado no Brasil, agindo pelos seus

interesses.

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1.3) Seguro de Vida

No século XIX, a vida, dos escravos transportados por mar, era

segurada sob forma coletiva, por uma só contrato de vida, que garantia, ao

proprietário, o pagamento de uma determinada quantia para cada escravo que

morresse durante a viagem. Registra-se, também, no final daquele século, a

contratação de seguros coletivos de trabalhadores, através dos quais os

empregadores estipulavam seguros de vida em favor de seus empregados.

No ano 1905, surgiu um plano que cobria os empregados de uma cadeia

de armazéns varejistas sob uma série de apólices individuais com exigência de

exame medico. O plano usado era o Seguro Temporário renovável

automaticamente e os prêmios das apólices eram recolhidos e pagos a

seguradoras pelo empregador.

No Brasil, o Seguro de Vida teve sua prática retardada por ter sido

considerado, durante longo tempo, como uma especulação imoral. O Código

Comercial Brasileiro (Lei 556 de 25/06/1850) determinava a proibição da

contratação de seguros sobre a vida de pessoas livres, permitindo apenas a

contratação de seguros sobre vida de escravos, por considera-los bens e não

pessoas.

O Código Civil Brasileiro (1917) alterou essa concepção, passando a

considerar a vida e as faculdades humanas como objeto segurável, ou seja,

como algo cujo valor pode ser ajustado contra riscos possíveis, como o de

morte involuntária, inabilitação para o trabalho e outros semelhantes (artigo

1440).

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Seguro de Vida não se destina a repor ou repara um prejuízo, uma vez

que a vida humana não pode ser avaliada em termos puramente monetários. O

ambiente em que este tipo de seguro opera está apoiado no interesse das

pessoas em deixar um capital segurado para a família em caso de morte e / ou

formar uma poupança para o futuro, em caso de sobrevivência.

No seguro de vida não existe o componente incerteza, presente nos

demais ramos, uma vez que a morte do ser humano é certa, porém incerteza é

apenas a época da ocorrência da morte.

Há duas divisões básicas neste ramo: Vida Individual e Vida em Grupo.

1.4) Seguro de Vida Individual

O seguro de Vida Individual é a modalidade de seguro que cobre a

morte ou a sobrevivência de um “único” segurado. O único está entre aspas,

pois ele pode representar mais de uma pessoa, como no caso de um casal

(marida e mulher) ou de sócios de uma firma. Estes casos são conhecidos

como seguro em conjunto ou de duas ou mais cabeças e não devem ser

confundidos com o seguro de vida em grupo.

Neste seguro, a duração da vida humana serve de base para cálculo do

prêmio a ser pago por morte do segurado ou no caso de o segurado sobreviver

em um prazo convencionado.

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Para receber a indenização, na forma de capital, renda ou uma

combinação dos dois, o segurado indica um beneficiário do seguro – que pode

ser ele mesmo, nos casos de sobrevivência.

O seguro de vida individual tem como característica a longa duração do

contrato e suas apólices podem ter coberturas para risco de morte natural,

morte acidental, invalidez permanente total ou parcial por acidentes ou por

doenças.

Para monitorar a expectativa de vida das pessoas, as seguradoras

contam com tabelas atuariais e estatísticas, fruto de avançados recursos na

área, na qual há a media de vida dos cidadãos de acordo com o sexo ou

região. Os dados desta tabelas (tábuas atuarias) mostram um comportamento

quase uniforme para o setor, faz com que as empresas tenham previsões

precisas, que acabam transformando o seguro de vida mais numa operação de

poupança do que num risco.

A obrigação do Segurador concretiza-se quando da ocorrência do

evento previsto no contrato de seguro.

O evento varia de acordo com a natureza do contrato de seguro que

podem ser grupados nas seguintes modalidades:

Seguro em casos de morte: a indenização será devida se ocorrer

o falecimento do segurado, subdividindo-se em 2

submodalidades:

Vida Inteira: a indenização é devida a qualquer tempo,

quando ocorrer o falecimento. Com dois tipos de planos:

ordinário de vida: enquanto viver o segurado paga o

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prêmio anual por toda a vida ao segurador; vida

pagamento limitado: o segurado pagão prêmio por tempo

limitado. E a indenização de ambos ocorre mediante ao

falecimento do segurado .

Temporário: a indenização é devida se o falecimento do

segurado ocorrer no prazo previamente estabelecido no

contrato. O plano para este seguro pode ser hipotecário e

educacional com prêmio pago por tempo limitado e a

indenização ocorre mediante ao falecimento do segurado

for no prazo estabelecido.

Seguro em casos de sobrevivência: a indenização será devida se

o segurado sobreviver ao prazo estabelecido em contrato. O

plano é dotal puro com prêmio pago por tempo limitado.

Seguro a Termo fixo: a indenização é devida após prazo pré-

definido em contrato, independente da morte ou sobrevivência do

seguro. O plano é dotal criança com prêmio pago por tempo

limitado.

Seguros combinados: são os resultantes da combinação das

modalidades já citadas. Com dois tipos de planos: dotal misto

(temporário + dotal puro) com prêmio pago por tempo limitado ou

até o falecimento do segurado; vida inteira com dotal puro com

prêmio pago por toda a vida do segurado. E a indenização de

ambos é pagável por morte ou sobrevivência do segurado.

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O segmento Vida Individual se caracteriza por sua liberdade de

organização dos planos comercializáveis, cabendo à Seguradora a formulação

de nota técnica atuarial para analise e arquivamento da Susep.

1.5) Seguro de Vida em Grupo

O Seguro de vida em grupo surgiu no Brasil quando o referido ramo já

estava consagrado e modernizado nos EUA, e sendo introduzido em nosso

mercado em 1929, pela Sul Americana Companhia de Seguros de Vida,

seguindo o modelo americano, no que se referia a taxas e condições.

O seguro de vida em grupo, ao contrário do individual, tem como

premissa um conjunto de pessoas dividindo uma mesma apólice de seguro de

vida, válido para mais de uma pessoa. É necessária a existência de um

estipulante que faz o seguro para um grupo de pessoas que mantém algum

tipo de relação com ele, por exemplo, uma empresa e seus funcionários.

O seguro de vida em grupo tem por finalidade garantir o pagamento de

uma indenização aos beneficiários do componente segurado, caso este venha

a falecer, além de prover outros tipos de indenizações concebidos através das

garantias adicionais, desde que previstas na apólice.

As normas e procedimentos para a operação do Seguro de vida em

Grupo são estabelecidas pela Circular SUSEP 17/92.

A vigência do seguro, ou prazo de contratação, é por 1 ano, sendo

facultada a contratação por período diferente (dias, meses, anos). Sendo prazo

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de vigência diferente de um ano, o prêmio a cobrado não pode ser inferior ao

calculado na base pro-rata tempoirs.

Os documentos para contratação de seguro de vida em grupo só serão

firmados, após haver uma manifestação unilateral do estipulante de segurar as

pessoas pertencentes a um grupo segurável. Após estudos realizados, o

segurador manifesta-se, aceitando ou recusando o que lhe foi proposto. Para a

formação do contrato de seguro são utilizados alguns instrumentos, que são

denominados: Apólice, Cartão de aceitação e certificados individuais.

O seguro de vida em grupo é formado pelos seguintes componentes

seguráveis:

Componentes principais: aquele que mantém vínculo com

estipulante;

Componentes dependentes: o cônjuge e os filhos, enteados e

menores são considerandos dependentes do componente

principal, de acordo com o Regulamento do Imposto de renda ou

outras regulamentações pertinentes. O cônjuge não necessita

obrigatoriamente de deter tal condição, sendo segurável ainda

que não seja dependente.

Aposentados: caso o motivo da aposentadoria não tenha sido o

de invalidez, os aposentados podem ser incluídos no seguro,

pagando eles próprios, ou estipulante, seus respectivos prêmios.

Desde que não tenham sido aposentados por invalidez (IPD), se

assim o desejarem, os ativos que venham a se aposentar podem

ser mantidos no seguro, sem redução do eu capital segurado.

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Pessoas portadoras de deficiência física/motora: quando da

contratação do seguro, deve ser ressalvo o grau de invalidez

preexistente, para efeito de limitar a responsabilidade da

seguradora, considerando-se rejeição do proponente, pela razão

única de ser portador de deficiência, como configurando

discriminação e, por conseguinte, passível de punição nos termos

da lei.

A conceituação de grupo para efeito de seguro de vida em grupo

fundamenta-se na homogeneidade existente entre os componentes do grupo,

caracterizado pelo vinculo expresso de emprego ou associativo com a empresa

ou entidade, que assumem a condição de estipulante.

No Brasil aceitam-se grupos artificialmente formados: são os

denominados grupos abertos. Tais seguros assumem a forma de clubes com

estatutos prevendo varias atividades e finalidades, fictícias na realidade, sendo

a finalidade real e única a de estipular seguros.

No seguro de vida em Grupo, devem ser considerados:

Grupo segurável: é todo agrupamento passível de contratar

seguro de vida em gripo, expresso por um vínculo ao estipulante,

seja de natureza empregatícia ou associativa.

Grupo segurado: é a denominação concedida aos componentes

seguráveis que aderem ao seguro.

Há casos em que o grupo segurável equivale ao grupo segurado – são

os casos de empresas que contratam um seguro de vida em grupo para a

totalidade dos seus funcionários e paga integralmente os prêmios. Neste caso,

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somente na hipótese de algum componente segurável se recusa,

expressamente, a ser incluído no seguro é que a igualdade não se verifica.

Os grupos seguráveis são classificados de acordo com a natureza do

vinculo dos componentes principais com o estipulante. Existem 3 classes de

grupos:

Classe A: é caracterizado pelo vinculo empregatício; interam este

classe os grupos constituídos exclusivamente por componentes

de uma ou mais categorias especificas de empregados de

ummesmo empregador. São também incluídos na classe A os

grupos constituídos por membros de associações que

congreguem, exclusivamente, empregados de um mesmo

empregador; grupos de empresas coligadas, controladas ou

subsidiarias integrais do estipulante, de acordo com a Lei das

Sociedades Anônimas; e grupos constituídos por segurados de

entidade fechada de previdência privada.

Classe B: é caracterizada pela categoria profissional do grupo.

São também incluídos nesta classe os grupos exclusivamente

integrados por membros de associação legalmente constituídos,

em que a cobrança do prêmio é feita pelo estipulante, através do

recolhimento de mensalidades; entidades de classe em que haja

seleção profissional, não se exigindo neste caso,

necessariamente, o sistema do pagamento do premio mediante

desconto em folha.

Classe C: é caracterizado pelo vinculo associativo ou por adesão.

São incluídos os grupos de pessoas físicas vinculadas a pessoa

jurídica cujo estatuto ou decisão administrativa admita a

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estipulação de seguros; grupos abertos, nos quais a vinculação

do seguro ao grupo se da pela simples adesão ao respectivo

plano.

O seguro de vida em grupo prevê garantias concedidas aos

componentes principais, denominadas conforme abaixo:

Garantias básicas: é o valor da indenização pagável ao

beneficiário em casos de morte do segurado principal, excluída da

indenização, em princípio, o suicídio.(OBS.: o seguro de vida em

grupo não pode ser contratado sem a garantia básica.);

Garantias adicionais: são garantias opcionais, incluídas no seguro

de acordo com a vontade do estipulante, como:

IEA (indenização especial por acidente): garantia do

pagamento de uma indenização proporcional ao capital da

garantia básica , limitada a 100% dessa, em caso de morte por

acidente. Quando estabelecida em valor igual ao da garantia

básica, caracteriza, em caso de morte acidental do segurado, a

situação conhecida como “dupla indenização”;

IPA (invalidez permanente total ou parcial por

acidente): é a garantia do pagamento de uma indenização

proporcional ao capital segurado da garantia básica, limitada a

200% desta, relativa à perda, redução ou impotência funcional

definitiva, total ou parcial, de membros ou órgãos em virtude de

lesão física causada por acidente. Esta garantia pode atingir o

dobro da garantia básica, para que haja paridade com a IEA,

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considerando que, ao contrário desta ultima, a IPA é excludente

da garantia básica.

IPD (invalidez permanente total por doença): é a

antecipação do pagamento da indenização relativa à garantia

básica, em caso de invalidez permanente total, conseqüente de

doença. Esta garantia é típica do seguro de vida, estando ligada a

garantia básica, à qual não se adiciona. Verifica-se meramente a

antecipação de seu pagamento, sem que tenha havido a morte do

segurado, embora sua exclusão da cobertura do seguro seja

automática, sempre que ocorra a incapacitação por IPD. É

considerada IPD aquela pra a qual não se pode esperar

recuperação ou reabilitação com os recursos terapêuticos

disponíveis no momento da sua constatação. Incluem-se, neste

caso, doenças em fase terminal atestada por médicos. A

indenização devida por forca da IPD, deve ser paga ao próprio

segurado, a critério da Seguradora de uma só vez ou em até 24

parcelas mensais e sucessivas.

Estas garantias de IEA e IPA regem-se sempre pelo que dispõe as

Normas para o Seguro de Acidentes Pessoais, aprovadas pela circular SUSEP

29/92. Ao conceder tais garantias, a Seguradora inclui na apólice: conceitos de

Acidentes Pessoais, riscos cobertos e excluídos, tabela para cálculo das

indenizações e conceitos de invalidez permanente.

Cláusulas suplementares: são duas as clausulas

suplementares que, se contratadas pelo estipulante, permitem a

inclusão de coberturas aos componentes dependentes: inclusão

de cônjuge: este tem direito a todas as garantias concedidas ao

componente principal, exceto a garantia de IPD. Entretanto, o

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capital segurado para essa garantia não pode ser superior a

100% do capital segurado da garantia básica. Em caso de

falecimento do segurado principal, o cônjuge poderá permanente

na apólice apenas ate o termino da cobertura referente ao prêmio

já pago. A inclusão do cônjuge pode ser: automática - quando

abranger todos os cônjuges dos componentes principais;

facultativa - quando abranger os cônjuge dos componentes

principais que assim o desejarem.

Inclusão de filhos: Assim como os cônjuges, os filhos dos

componentes principais podem ser incluídos no seguro, desde

que observadas as seguintes condições: o capital segurado por

esta cláusula compreende apenas a garantia básica, podendo

atingir ate 100% do capital segurado do componente principal.

Para filhos menores de 14 anos, a indenização destina-se ao

reembolso das despesas com funeral, devidamente

comprovadas, estando incluídas as despesas de translado de

cadáver e excluídas as efetuadas com aquisição de terrenos ou

jazigos.

Quando ambos os cônjuges são componentes do grupo

segurado, os filhos só podem ser incluídos uma única vez, como

dependentes daquele de maior capital segurado.

Só tem direito à cláusula suplementar de inclusão de filhos se o

estipulante contratar a cláusula suplementar de inclusão de

cônjuge na forma automática.

A importância segurada, ou seja, os capitais, de cada segurados são

estabelecidos pelo estipulante, podendo ser: uniforme ou per capita (são

capitais iguais para todo o grupo); múltiplo salarial (são capitais múltiplos do

salário do componente principal) e escalonado (são capitais que acompanham

um determinado critério preestabelecido como função, idade, salário, e etc.).

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Nos sinistros de IPA, a reintegração do capital segurado é automática

após cada acidente, sem cobrança de nenhum prêmio adicional. A reintegração

se da porque cada acidente é um evento aleatório, independente do anterior.

O custeio do seguro de vida em grupo pode ser: não contributário (forma

em que os componentes do grupo não pagam prêmios, sendo estes

integralmente custeados pelo estipulante); ou contributário (forma em que os

componentes do grupo segurado pagam prêmios, total ou parcialmente).

1.4) Seguro de Acidentes Pessoais

O seguro de acidentes pessoais cobre o segurado em casos de

acidentes previstos no contrato que causem morte ou invalidez permanente,

total ou parcial. Invalidez permanente é a perda, redução ou impotência

funcional definitiva, total ou parcial, de membro ou órgão do corpo.

Como indenização o segurado pode receber um valor em dinheiro, valor

do dia trabalhado, em casos de incapacidade temporária, e prestação de

assistência medica ou reembolso das despesas. Se o acidente causar morte do

segurado, há um pecúlio para os beneficiários indicados.

As despesas médico-hospitalares são aquelas efetuadas para

tratamento sob orientação médica, iniciada até 30 dias após a data do

acidente. As diárias de incapacidade temporária correspondem à

impossibilidade continua e ininterrupta de exercer a profissão ou ocupação

durante o período em que durar o tratamento.

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Para o seguro de acidentes pessoais, morte e invalidez permanente são

coberturas básicas, despesas médico-hospitalares e diárias de incapacidade

temporária são coberturas adicionais, sendo que estas só podem ser

contratadas em conjunto com uma ou duas coberturas básicas. O segurado só

tem direito à indenização se o dano for causado por algum tipo de acidente.

É importante ressaltar que, embora envolvam uma indenização, o

Seguro de Vida e o Seguro de Acidentes Pessoais, na maioria das coberturas,

não se destinam a repor ou reparar um prejuízo, uma vez que a vida humana

não pode ser avaliada em termos puramente monetários. Por isso, o

consumidor pode contratar mais de um seguro em diversas seguradoras.

2) AUDITORIA

A origem do termo auditor não é precisa. No latim significa aquele que

ouve, ou ouvinte, não guardando qualquer relação com aquele que expressa

opinião sobre algo que se comprovou ou não, ser verdade.

Com o advento da Revolução Industrial, e o surgimento de grandes

empresas, novas técnicas contábeis e de auditoria foram requeridas. Em 1845,

o Railway Companies Consolidation Act, na Inglaterra, passou a exigir o exame

anual das demonstrações contábeis, por auditores.

A primeira associação profissional surgiu, na Escócia, em 1850. Outras

associações, tais como o Institute of von Wirtschaftspruefer, na Alemanha, o

american Institute of Accountans, nos Estados Unidos, o Nederlandsch Institut

van Accountaus, de 1894, na Holanda, e a Compagnie de Experts Comptable

de Paris, na Franca, foram criadas com o objetivo de regulamentar a profissão.

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O Instituto de Auditores Independentes do Brasil foi reconhecido pelo

Conselho Federal de Contabilidade (Resolução 317) e pelo Banco Central do

Brasil (resolução 220), em 1972.

O IMBRACON (Instituto Brasileiro de Contabilidade), oriundo dos

Instituto dos auditores Independentes do Brasil, IAIB, é a entidade que, em

conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Federal

de Contabilidade, edita normas e princípios de auditoria no Brasil.

A auditoria atuarial é representada principalmente pela emissão de uma

segunda opinião quanto às premissas utilizadas pelo atuário que elaborou os

cálculos das provisões técnicas e reservas matemáticas. Não existem ainda, no

Brasil, normas de auditoria atuarial desenvolvidas, sendo que atualmente a sua

prática está mais voltada para as entidades de previdência privada.

A auditoria atuarial, na forma como é desenvolvida hoje, ou seja,

objetivando a emissão de uma segunda opinião, pode ser dividida em quatro

etapas básicas.

A primeira delas corresponde à avaliação das hipóteses atuariais, isto é,

a verificação do equilíbrio do plano e da entidade com a manutenção das

hipóteses atuariais.

As hipóteses atuariais podem ser econômicas ou biométricas. As

hipóteses econômicas abrangem taxas de juros, crescimento salarial e reajuste

de benefícios. Já as hipóteses biométricas incluem sobrevivência/mortalidade,

entrada em invalidez, mortalidade de inválidos, rotatividade e novas entradas.

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Na segunda etapa, auditoria sobre a utilização dos ativos, ocorre a

analise da qualidade dos ativos.

A próxima etapa da auditoria atuarial é a avaliação dos métodos

atuariais, na qual é feita a verificação da adequação da metodologia utilizada

para cálculo do custeio do plano e da constituição da reserva.

Por ultimo, tem-se a auditoria das reservas, na qual se faz a verificação

da adequação da apropriação das reservas constituídas.

2.1) Auditoria de demonstrações contábeis e emissão de

parecer de auditoria

Baseado nas normas de auditoria, neste capítulo constam os conceitos

básicos que são constantemente utilizados pelo profissional de auditoria na

realização de seus trabalhos.

A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de

procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão do parecer sobre a sua

adequação, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as

Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação

especifica.

Não cabe ao auditor elaborar as demonstrações contábeis e sim

expressar sua opinião (parecer) sobre elas. Ele deve obter uma carta de

responsabilidade da administração, com a mesma data do parecer, que deixe

clara a responsabilidade da administração quanto às informações e dados e à

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preparação e apresentação das demonstrações contábeis submetidas aos

exames de auditoria.

O parecer do auditor independente é o documento mediante o qual o

auditor expressa sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as

demonstrações contábeis nele indicadas.

As normas de auditoria são claras: “salvo declaração em contrário,

constantes do parecer, entende-se que o auditor considera adequadas e

suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas

demonstrações contábeis, tanto em termos de conteúdo quanto de formar.”

O parecer do auditor independente, limitado aos próprios objetivos da

auditoria das demonstrações contábeis, não pode ser considerado como um

garantidor da viabilidade futura da entidade ou mesmo como um atestado de

eficácia da administração na gestão dos negócios. Um parecer de auditoria

emitido sem ressalva representa que, na opinião do auditor, as demonstrações

contábeis revisadas estão adequadamente apresentadas em todos os seus

aspectos relevantes.

De acordo com as normas de Auditoria, o parecer classifica-se em,

segundo a natureza da opinião que contem, sem ressalva, com ressalva

adverso e com abstenção de opinião.

Parecer sem Ressalva: indica que o auditor está convencido de

que as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo

com as disposições contidas no item relativo à Conceituação e

Objetivos da Auditoria Independente, das normas de auditoria, em

todos os aspectos relevantes e que, havendo alterações na

observância das disposições contidas o item relativo à

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Conceituação e Objetivos da Auditoria Independente, elas tiveram

seus efeitos avaliados e aceitos e estão devidamente revelados

nas demonstrações contábeis.

O auditor não deve emitir parecer sem ressalva quando houver:

Discordância com a administração da entidade a respeito do

conteúdo ou forma de apresentação das demonstrações

contábeis, o que deve conduzir ao parecer com ressalva ou

adverso, acompanhados de esclarecimento que permitam a

correta interpretação das demonstrações;

Limitação na extensão do seu trabalho que, na sua opinião, tenha

efeitos relevantes para as demonstrações contábeis.

Já a limitação na extensão do trabalho deve resultar na emissão do

parecer com ressalva ou à abstenção de opinião.

Parecer com Ressalva: emitido quando o auditor conclui, como

resultado dos seus trabalhos, que o efeito de eventual

discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal

magnitude que requeira parecer do adverso ou abstenção de

opinião.

Parecer adverso: o auditor deve emitir este parecer quando

verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas ou

incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do

parecer com ressalva. Utilizado nos casos em que o auditor emite

opinião de que as demonstrações contábeis revisadas não estão

adequadamente representadas, nas datas e períodos indicados,

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de acordo com as disposições contidas no item relativo a

conceituação e Objetivos da Auditoria Independente das normas

de auditoria.

Parecer com Abstenção de opinião: é aquele em que o auditor

deixa de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis por

não ter obtido comprovação suficiente para fundamenta-la. A

abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis

tomadas em conjunto não elimina a responsabilidade do auditor

de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa

influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações.

Parágrafo de ênfase: quando ocorrer incerteza em relação a fato

relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a

posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o

resultado das suas operações, o auditor deve adicionar um

parágrafo de ênfase em seu parecer fazendo referencia à nota

explicativa às demonstrações contábeis, elaboradas sob a

responsabilidade da administração e descrevendo de forma mais

extensa a natureza e, quando possível, o efeito da incerteza.

Informações relevantes nas demonstrações contábeis: o auditor

deve incluir no seu parecer informações consideradas relevantes

para adequação interpretação das demonstrações contábeis,

ainda que divulgadas pela entidade. Além disso, ele deve se

assegurar de que, as demonstrações contábeis das controladas

ou coligadas relevantes utilizadas para fins de consolidação ou

contabilizacão dos investimentos pelo valor do patrimônio liquido,

estão de acordo com as disposições contidas na seção

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Conceituação e Objetivos da Auditoria Independente das normas

de auditoria.

2.2) Risco de auditoria

O risco de auditoria é a possibilidade de o auditor vir a emitir uma

opinião tecnicamente inadequada sobre demonstrações contábeis

significativamente incorretas.

A análise dos riscos de auditoria realizada na fase de planejamento dos

trabalhos deve considerar, num nível mais geral, as demonstrações contábeis

tomadas no seu conjunto, a qualidade da administração e a avaliação do

sistema contábil e de controles internos e a situação econômica e financeira da

entidade.

O ambiente de controle da entidade, que também deve ser avaliado para

fins de determinação do risco da auditoria, compreende, por exemplo, a função

e envolvimento dos administradores nas atividades da entidade; a estrutura

organizacional e os métodos de administração adotados; as políticas de

recursos humanos e delegação; a fixação, pela administração, de normas para

informes como inventario para conciliação de contas e preparação de

demonstrações contábeis; as implantações, modificações e acessos aos dados

e sistemas de informação computadorizada; o sistema de aprovação e registro

de transações; as limitações de acesso físico a ativos e registros contábeis ou

gerenciais e as comparações e analises dos resultados financeiros com dados

históricos ou projetados.

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Já os riscos envolvidos no processo de auditoria podem ser:

Risco profissional do auditor: é o risco de o auditor ver seu nome

associado de forma indesejada a um cliente. Pode ser altamente

destrutivo para a imagem de um auditor a empresa auditada com

ele, principalmente em casos de parecer sem ressalva, falir ou ser

alvo de escândalos por sonegação, apropriações indevidas e

erros no balanço. Este risco deve ser profundamente analisado e

avaliado, anteriormente à aceitação de um novo cliente pelo

auditor.

Risco de não-atendimento das expectativas do cliente:

corresponde ao risco de que os trabalhos desenvolvidos pelo

auditor estejam abaixo do que o cliente que o contratou esperava.

Risco do trabalho de auditoria em si: pode ser definido como o

risco de o auditor expressar uma opinião imprópria sobre as

demonstrações contábeis auditadas. O risco de que hipóteses

não verdadeiras sejam dadas como boas, pelo auditor, pode

conduzi-lo a emitir um parecer não compatível com a realidade do

universo em análise.

Como parte significativa do trabalho de auditoria é conduzido por

meio de teste, o auditor deve ter muito cuidado na escolha do

método de seleção e amostragem. Ao usar esses métodos, o

auditor deve projetar e selecionar a amostra, aplicar a ela

procedimentos de auditoria e avaliar os resultados para checar se

as quantidades dos testes foram suficientes e apropriadas.

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Risco inerente: corresponde à suscetibilidade de que uma conta

ou conjunto de transações apresenta, individualmente ou de

maneira agregada, distorção materialmente significativa, antes da

identificação e avaliação dos controles internos diretamente

relacionados.

Risco de controle: é o risco de que um saldo ou conjunto de

transações, individualmente ou de maneira agregada, apresentam

distorções materiais, sem ser prevenido ou detectado e corrigido

pelos sistemas de controle internos da entidade.

Risco de detecção: conhecido em sua forma contrária, ou seja,

não-deteccão, corresponde ao risco de que um erro material e

que, portanto, distorça as demonstrações financeiras, não seja

identificado pelo sistema contábil e de controles internos da

entidade, nem tampouco pelos trabalhos desenvolvidos pelo

auditor.

É muito importante deixar bem clara a diferença entre fraude e erro para

que o fraudador não alegue descuido, falta de informações ou qualquer outro

motivo para descaracterizar a fraude.

Fraude corresponde ao ato intencional de omissão ou manipulação de

transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis.

Já o erro é o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou ma

interrupção de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis.

Ao detectar erros relevantes ou fraudes no decorrer dos seus trabalhos,

o auditor tem a obrigação de comunica-los à administração da entidade e

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sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu

parecer, caso elas não sejam adotadas.

A continuidade normal das atividades da entidade deve merecer

especial atenção do auditor, quando do planejamento e execução de seus

trabalhos.

Havendo hipótese de evidencias de riscos na continuidade normal das

atividades da entidade, o auditor deve avaliar os possíveis efeitos nas

demonstrações contábeis, especialmente quanto à realização dos ativos e

mencionar, em seu parecer, em parágrafo de ênfase , os efeitos que tal

situação poderá determinar na continuidade operacional da entidade, de modo

que os usuários sejam informados.

O sistema contábil e de controles internos compreende o plano de

organização e o conjunto intergado de método e procedimentos adotados pela

entidade na proteção do seu patrimônio, confiabilidade dos seus registros e

demonstrações contábeis e da sua eficácia operacional.

O auditor deve efetuar o estudo e avaliação do sistema contábil e de

controles internos da entidade, como base para determinar a natureza,

oportunidade e extensão da aplicação dos procedimentos de auditoria. E como

resultado, cadê a ele a responsabilidade de efetuar sugestões objetivas para

seu aprimoramento, decorrentes de constatações feitas no decorrer do seu

trabalho.

Os procedimentos de auditoria são o conjunto de técnicas que permitem

ao auditor obter evidências ou provas suficientes e adequadas para

fundamentar sua opinião sobre as demonstrações contábeis auditadas.

Podendo utilizar-se de:

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Testes de observância: têm como objetivo assegurar que os

procedimentos de controle interno estão em efetivo

funcionamento e cumprimento.

Testes substantivos: procuram garantir a suficiência, exatidão e

validade dos dados produzidos pelo sistema contábil da entidade.

A aplicação dos procedimentos de auditoria deve ser realizada, em

razão da complexidade e volume das operações, por meio de provas seletivas,

testes e amostragem.

O uso de processamento eletrônico de dados (PED) modifica a forma de

processamento e armazenamento de informações, afetando a organização e

os procedimentos adotados com relação aos controles internos.

O auditor deve adotar procedimentos para assegurar-se que todas

contingências passivas relevantes, decorrentes de processos judiciais,

reivindicações e reclamações, bem como de lançamentos de tributos em

disputas.

2.2) O planejamento da auditoria

O auditor deve planejar seu trabalho de açodo com as Normas

Profissionais de auditores Independentes, considerando os prazos e

compromissos contratualmente assumidos com o seu cliente.

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O auditor deve documentar seu planejamento geral e preparar

programas de trabalho por escrito, detalhando o que for necessário à

compreensão dos procedimentos que serão aplicados, em termos de natureza,

oportunidade e extensão. Os programas de trabalho devem ser detalhados de

forma a servir como guia e meio de controle de sua execução.

A formação de equipe técnica deve ser prevista de maneira a fornecer

razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoa com

capacitação profissional, independência e treinamento requeridos nas

circunstâncias.

Para revisão do planejamento e os programas de trabalhos é

aconselhável sempre que houver novos fatos, e geralmente o processo é

dividido em 5 etapas:

Etapa 1: entendimento do negocio desenvolvido pela cliente e

definição das expectativas e dos resultados a serem alcançados;

Etapa 2: avaliação de riscos inerentes e de controle; avaliação de

riscos correlatos ao negocio e aos processos; definição das áreas

prioritárias a serem auditadas;

Etapa 3: desenvolvimento do plano de auditoria; definição do

espoco do trabalho e dos procedimentos focados em riscos e

expectativas; elaboração do memorando de planejamento da

auditoria;

Etapa 4: execução do plano de auditoria; aplicação dos

programas de auditoria, como foco no valor agregado e na

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obtenção de satisfação de auditoria para fins de emissão do

parecer;

Etapa 5: comunicação dos resultados da auditoria: elaboração e

discussão com o cliente, do parecer de auditoria, relatório sobre

controles internos, relatório sobre o cumprimento das normas

estabelecidas pelo órgão regulamentador e demais relatórios

requeridos, respeitadas as características especificas de cada

trabalho.

O desenvolvimento da estratégia de auditoria é a primeira fase do

processo de planejamento e deve assegurar a realização de uma auditoria

eficiente e eficaz.

A documentação da auditoria ou papeis de trabalho envolve o conjunto

de documentos e apontamento com informações e provas obtidas pelo auditor,

preparados de forma manual, por meios eletrônicos ou por outros meios, que

constituem a evidencia do trabalho executado e o fundamento de sua opinião.

Deve também documentar todos os elementos significativos dos exames

realizados, evidenciando que a auditoria foi executada de acordo com as

normas aplicáveis.

2.4) Auditoria em Seguros

No caso das companhias de seguro, e conforme disposto na circular

SUSEP 10/1992, o auditor independente deverá apresentar, como resultado do

exame das demonstrações financeiras, em periodicidade semestral, os

seguintes relatórios: parecer de auditoria relativa à posição financeira e ao

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resultado do exercício, relatório circunstanciado de suas observações

relativamente às deficiências ou à ineficiência dos controles internos exercidos

e relatório circunstanciado a respeito do não-comprimento de normas legais e

regulamentares.

O auditor deve buscar informações sobre as atividades desenvolvidas

pelo seu ciente, para que possam ser avaliados de maneira adequada o

ambiente, o pessoal-chave e os fatores críticos de sucesso da entidade.

Outro ponto importante é a identificação de riscos inerentes a atividade

da entidade, a qual sendo adequada, permite ao auditor conceber um processo

de auditoria específico para seu cliente que atinja seus objetivos a um custo

compatível.

Com relação aos riscos inerentes à seguradora auditada, há ainda

outras áreas que devem ser consideradas pelo auditor, como regulamentação

do setor de seguros, redução de margens, aceitação de riscos, sinistros,

coberturas das provisões técnicas, fatures sociais, estratégicas e metas da

entidade, conhecimento da estrutura societária e administrativa, ramos de

negócios e produtos oferecidos, qualidade do pessoal da entidade e sistemas

de informação processados por computador, como a seguir:

Regulamentação: a atividade de seguros é altamente

regulamentada, o que requer em elevado nível de conhecimento

e cuidado por parte do auditor. As exigências do órgão

regulamentador levam tanto a uma redução dos riscos inerentes

de auditoria, como a uma maior carga de trabalho em termos

quantitativos e qualitativos. Deve o auditor incluir em sua rotina a

execução de testes que identifiquem desvio de procedimentos

regulamentados.

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Redução de margens: o mercado de auditoria cada vez mais está

atraindo profissionais qualificados e empresas especializadas.

Assim as empresas passaram a espremer suas margens de lucro,

além de oferecer níveis de serviços cada vez melhores e diversos

diferenciais, significando a necessidade de ampliar gastos com

treinamento, vendas e manutenção dos produtos, reduzindo, por

conseqüência, ainda mais a margem de lucro da operação.

Aceitação de riscos: mensurar o preço e selecionar o risco,

estabelecer critérios de aceitação e recusa e de classificação dos

riscos para que os prêmios sejam precificados de forma correta

são aspectos essenciais para a operação de seguros. Cabe ao

auditor procurar identificar eventuais alterações nos critérios de

contratação que possam aumentar o risco inerente.

Sinistros: normalmente representam o maior gasto da

seguradora. Além disso, por envolverem estimativas e

acontecimentos incertos, os sinistros costumam ser também a

parte mais complexa das demonstrações contábeis.

Coberturas das provisões técnicas: mesmo sendo normalmente

controladas de forma satisfatória devido às normas editadas pelos

órgãos regulamentadores, é de extrema importância que o auditor

conheça e revise os critérios de aplicação, limites e forma de

controle da carteira de aplicações da seguradora.

Fatores sociais, naturais, econômicos e políticos: mudanças na

legislação; surgimento, intensificação ou proliferação de doenças,

tais aids; concentrações de riscos em áreas sujeitas a

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instabilidades econômica, sociais e políticas; restrições legais de

caráter ambiental, fiscal e ambiental são exemplos de fatores que

devem ser considerados pelo auditor em sua avaliação dos riscos

dos seguros.

Estratégia e metas da entidade: é de extrema valia conhecer a

filosofia operacional da administração para avaliação das áreas

de riscos potencial. Neste caso, a forma de administração,

produtos, política, objetivos de investimentos e critérios de

determinação de preços dos produtos devem ser considerados no

processo de identificação dos riscos inerentes.

Conhecimento da estrutura societária e administrativa: a

compreensão de como a empresa esta estruturada e como

controla seus negócios fornece ao auditor informações sobre

onde os riscos inerentes podem ser agravados.

Ramos de negócios e produtos oferecidos: os produtos

comercializados oferecem riscos inerentes distintos.

Qualidade do pessoal da entidade: o sucesso de uma

organização depende do grau de acerto nas decisões que são

tomadas em bases diárias. Portanto, aspectos relacionados a

treinamento e rotatividade de pessoal, qualificação da mão-de-

obra, carga de trabalho, liderança, motivação e stress devem ser

considerados pelo auditor em sua avaliação de riscos.

Sistemas de informação processados por computador: a atividade

de seguros depende substancialmente de sistemas

informatizados. E auditor sendo este especialista em sistemas de

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informação computadorizada, deve avaliar os risco de

processamento de informações por computador.

A prática dos procedimentos de auditoria mais comum que ocorre para

os casos de prêmios tem como primeiro procedimento a circularização de

seguradoras, para a confirmação do saldo das contas de prêmios a receber,

em determinada data-base. E ainda possibilitar ao auditor uma avaliação dos

controles internos adotados nas áreas de cadastro de segurados e cobrança de

prêmios.

O segundo procedimento poderia ser a realização de testes sobre

apólices emitidas no período em análise, preferencialmente selecionadas por

meio de amostragem estatística, o que incluiria:

Análise das propostas aceitas, para certificar-se de que foram

aprovadas em conformidade com as normas internas da

companhia;

Verificação de que as apólices foram emitidas de acordo com as

condições da proposta;

Conferência do cálculo dos prêmios, comissões e respectivos

impostos incidentes sobre as apólices emitidas;

Verificação de que a apólice foi emitida em conformidade com os

limites operacionais da companhia e que o cosseguro ou

resseguro foi efetuado, quando aplicável;

Verificação da inclusão dos dados referentes às apólices no

relatório analítico de apólices emitidas no mês;

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Verificação da inclusão dos dados referentes às apólices emitidas

no relatório analítico de cálculo da provisão técnica da

companhia;

Verificação do correto tratamento dos prêmios recebidos;

Verificação da adequada contabilizacão dos prêmios emitidos e

repassados por cosseguros e resseguros, comissões, provisões

técnicas e impostos sobre prêmios emitidos;

Análise dos processos de cancelamento de apólices e dos

prêmios restituídos;

A lista de possíveis procedimentos a serem adotados é enorme. Ela

poderia incluir muitos outros, como:

Revisão analítica dos componentes de prêmios a receber,

prêmios emitidos e prêmios recebidos;

Corte da seqüência numérica de apólices de um mês ou anos,

para o seguinte;

Analise da seqüência numérica de apólices;

Analise das relações entre prêmios e importância segurada e

entre prêmios e comissões pagas, obtendo as devidas

justificativas para os casos que apresentam variações

significativas em relação à média da carteira;

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Comparação dos prêmios recebidos, subseqüentemente ao

momento da elaboração das demonstrações contábeis, co o

saldo de prêmios a receber na data-base sob analise.

Enfim, conhecer profundamente as atividades do cliente é de vital

importância não só para que o auditor atinja seu objetivo e agregue valor ao

seu trabalho, mas para que os risco sejam avaliados de forma correta.

3) FRAUDES EM SEGURO DE VIDA

O homem sempre teve interesse financeiro e buscou defender seus

interesses materiais, independente das conseqüências dos seus atos.

A utilização de meios ilícitos e enganosos para conseguir tirar vantagem

ou gerar prejuízos a terceiros pode ser considerada fraude.

A fraude,que pode ser definida como um ato voluntário com vistas a

obter um proveito ilegítimo do seguro, foi considerada, durante muito tempo

como um fenômeno isolado e desprezível.

O Código de Seguros, por outro lado, não fornece qualquer definição do

mesmo. No que diz respeito a seguros de vida, somente seu artigo L113-8

aborda o problema, mas sem utilizar sequer a palavra fraude. No entanto, a

fraude é tão antiga quanto o próprio seguro e, em todas as épocas, alguns

casos têm provocado escândalos episódicos.

O princípio da contratação de um seguro é a boa-fé dos contratantes e

sua aceitação está, incondicionalmente, associada à verdade.

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As fraudes costumam estar relacionadas às crises financeiras do

segurado, a impunidade por tais ações etc. e detém capacidade suficiente para

descaracterizar um contrato de seguro, pois o ato ilícito do segurado ou de

seus beneficiários desconfigura o risco, um dos princípios do seguro.

Com base no art.762 do novo Código Civil, a fraude é motivação mais

que suficiente para figurar a nulidade de um contrato, onde a garantia de risco

proveniente seja afetada por ato doloso, seja por parte do segurado, do

beneficiário ou mesmo de representante legal de uma das partes.

O Contrato de Seguros equivale a um documento através do qual duas

partes envolvidas assumem, por interesses comuns, responsabilidades

distintas, por atos e fatos jurídicos que envolvem uma possibilidade de perda

ou dano por algo ou alguém que, de comum acordo, têm por finalidade

resguardar.

Se durante a contratação, o candidato ao seguro ocultar do segurador

certos elementos do contexto contratual, ou seja, tenta falsear a apreciação do

risco ou obter um lucro indevido, está cometendo práticas fraudulentas para

impedir o segurador que se negue a cobrir tal risco ou para obter uma

diminuição do prêmio.

Quando solicita a cobertura de um risco já concedido, alguém pode estar

tentando obter um lucro indevido: ao fazer, por exemplo, um seguro contra

invalidez ou incapacidade, quando já tinha sido indenizado por outra

seguradora. Da mesma forma, é tentador querer obter um lucro posterior,

declarando falsamente o exercício de uma profissão e exagerando o salário

que realmente recebe.

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Antes mesmo de figurar uma forma de proteção às seguradoras, o

combate à fraude é uma medida de proteção ao consumidor honesto. Este

entendimento se deve ao fato de que os custos gerados pelo segurado que,

por má-fé, praticou a fraude são diluídos e disseminados entre os demais

segurados, por meio de reajuste nos valores de seus prêmios, sendo o custo

da fraude transferido para o consumidor.

Inclusive, é preciso ressaltar que, em decorrência da crescente

incidência de fraudes no ramo de seguros, atualmente as seguradoras já vêem

embutindo um percentual nas análises dos riscos e, conseqüentemente, no

valor do premi, uma margem para cobrir as fraudes.

A prevenção, que pode ser definida como um conjunto de medidas

destinadas a impedir a realização de um risco previsível, deve construir um

objetivo prioritário. Ao limitar os abusos, os processos e suas cargas

financeiras, permite não somente melhorar a imagem da empresa como

também sua produtividade, protegendo ao mesmo tempo a comunidade dos

segurados honestos.

As medidas úteis podem ser tomadas ao nível da redação das cláusulas

contratuais e da subscrição. O rigor e a clareza da redação das cláusulas do

contrato devem apontar, sobretudo para a definição precisa da natureza das

garantias e das causas de caducidade, nulidade e exclusão, bem como de

suas conseqüências.

Uma fraude detectada não está forçosamente comprovada. A detecção

é uma condição necessária, mas não suficiente, na luta contra a mesma. É

preciso reunir mais tarde elementos suficientes para dissuadir o segurado de

mover uma ação litigiosa, ou provocar a convicção do juiz. Para isso é preciso

reconhecer os procedimentos de detecção das fraudes:

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Assinatura ou regularização recente do contrato;

Sem profissão ou com profissão indefinida;

Modificação recente das garantias com sensível aumento das

quantias seguradas;

Recente extensão das garantias (acréscimo de invalidez ou

incapacidade);

Aumento brusco do salário, antes do sinistro de incapacidade;

Restabelecimento da vigência, depois de uma rescisão;

Dificuldade no pagamento dos prêmios, com regularização pouco

antes do sinistro;

Falsa declaração ou contradição nas declarações pessoais de

saúde;

Ocultação (ou tentativa) de antecedentes de dispensa trabalhista,

doenças ou curas, durante a seleção medica;

Questionário médico incompleto, sem data ou sem assinatura;

Relatório do médico familiar incompleto ou impreciso, sobre

pontos essenciais relacionados com a doença que causou o

sinistro;

Relatório médico sem data, carimbo ou assinatura;

Assinatura, durante o mesmo período, de contratos similares com

outras empresas;

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Ocultação (ou tentativa) da assinatura de contratos semelhantes

com outras empresas;

Garantias estabelecidas desproporcionais à renda do segurado

ou do beneficiário;

Negativa ou reticência para entregar documentos justificativos

solicitados;

Comportamento equívoco do segurado (ou beneficiário) no

momento da contratação ou do sinistro;

Informações desfavoráveis sobre a moralidade do segurado ou do

beneficiário;

Situação financeira difícil do segurado ou de sua empresa;

Pagamento com atraso do prêmio;

Valor elevado da garantia.

A prova da fraude constitui problema particularmente delicado, uma vez

que há nela uma simulação da verdade, freqüentemente mascarada.

A prova de um fato, isto é, de uma inexatidão, ocultação ou exagero na

declaração do segurado, pode ser feito na justiça civil ou penal por todos os

meios e em particular por escritos, constatações, testemunhos, mas acima de

tudo por indícios e presunções. A prova por presunção é a mais aleatória, pois

é a que deixa uma lacuna mais ampla à apreciação soberana dos juizes e,

portanto, permite uma maior margem de erro.

Dentre os procedimentos de detecção de fraudes, segue os tipos mais

comuns:

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Segurado falecido antes da contratação do seguro;

Contratação de seguro por pessoa com doença terminal;

Informações falsas na proposta para contratação do seguro

Suicido premeditado;

Simulação de mortes e de acidentes;

Auto-mutilacão;

Extensão de períodos de convalescença

Informações incorretas passadas por médicos em atestados de

convalescença.

Para reunir provas, é conveniente recorrer a investigação e avaliação de

peritos. As investigações podem se confiadas tanto a colaboradores

assalariados como a investigadores privados. A desvantagem dos

colaboradores assalariados se prende ao fato de que suas investigações e

conclusões correm o risco de serem consideradas parciais, não só pelo

segurado, mas também pelos juizes.

Os investigadores privados se recorre freqüentemente a agentes de

investigação especializados, credenciados pela ALFA, a agencia de luta contra

fraudes ao seguro, órgão profissional que reúne a grande maioria das

empresas de seguros.

Como conclusão do seu relatório, os investigadores devem examinar as

diferentes hipóteses que possam ser levantadas e discuti-las. Reunindo as

diferentes presunções sobre as quais se baseia sua convicção, devem permitir

ao perito do sinistro tomar uma decisão com conhecimento de causa. Mas

devem tomar cuidado para não tirar conclusões apressadas e por demais

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objetivas do tipo “a prova do estelionato não pode ser fornecida, em que pesem

as dúvidas que pairam sobre o caso”.

A fraude implica em um mecanismo de sanção. Trata-se de impedir que

a manobra tenha sucesso ou de corrigir os efeitos de uma fraude realizada e

indenizada. As sanções para a fraude serão geralmente: a anulação (pode ser

para um vicio de formação do contrato de seguro); exclusão (tem por objetivo a

delimitação do risco a partir do momento da formação do contrato e, portanto, a

determinação do direito à garantia ou a obrigação de cobertura do risco) e a

privação (pelo contrario, só afeta o direito à indenização do seguro).

Hoje em dia as estatísticas tratam de todos os assuntos, mas a industria

do seguros não dispõe de qualquer dado quantificável sobre as fraudes,

sobretudo no campo de seguro de vida. Seja a fraude descoberta e

comprovada, a fraude presumida, mas não estabelecida ou a fraude suposta.

De outro lado, a fraude se desenvolveu junto com o seguro, que se

converteu num fenômeno de massas, a partir de sua considerável expansão

dede o começo do século. Seus mecanismos são conhecidos, o que facilita em

particular a proliferação da pequena fraude. Mesmo que o controle das

situações seja particularmente difícil, sua multiplicação acaba sendo muito

onerosa par as seguradoras.

É preciso admitir a banalização da prática de fraudes, mas também é

necessário perceber que uma vigilância maior multiplica o número de situações

duvidosas que são descobertas.

Sendo assim, seria preciso implantar um instrumento estatístico que

permitisse conhecer a fraude e, principalmente, quantifica-la, se quisemos

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sensibilizar os repensáveis das empresas e conseguir melhorar de verdade

nossos meios de ação.

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CONCLUSÃO

A priorização dos projetos de auditoria inicia-se com a definição dos

Fatores de Risco Inerente e de Controle, considerandos mais importantes para

a empresa. Esta definição também deve ser feita em conjunto com a

administração da empresa e levar em consideração, dentre outros aspectos, as

maiores preocupações da alta gerencia com relação ao desenvolvimento dos

negócios e ao ambiente de controles internos da empresa como um todo.

Certos tipos de atividades ou transações lidam com ativos de alto valor,

apresentando maior oportunidade para perdas significativas. Alta materialidade

significa alto risco.

Independente de sus custo, as características físicas ou facilidade de

comercialização de alguns ativos os tornam mais vulneráveis a manuseio, e o

risco de transações no autorizadas é maior. Quando maior a liquidez, maior o

risco.

À medida que o volume de transações aumenta, controles mais

eficientes se fazem necessários para assegurar o seu correto processamento,

pois a probabilidade de erros aumenta. Quanto maior o volume de transações,

maior o risco.

Sistemas simples geralmente não representam grandes desafios para a

gerencia, ao passo que processos mais complexos sim. Quanto mais

complexos forem os produtos, operações e serviços de uma empresa ou

atividade de uma determinada função, maior será a importância dos controles

necessários para assegurar o cumprimento de seus objetivos. Quanto maior a

complexidade, maior o risco.

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Algumas áreas ou funções geram informações de fundamental

importância para o processo de tomada de decisão e, como tais, devem

apresentar um sistema de controle capaz de garantir um grau mínimo de

precisão e pontualidade dos dados fornecidos. Da mesma forma, funções cujas

atividades são fundamentais para a continuidade das operações da Entidade, e

não necessariamente complexas, oferecem alto risco. Os controles devem ser

suficientes para garantir que as transações sejam executadas sempre como

previsto. Quanto maior a importância dos dados gerados ou das atividades

executadas, maior o risco.

Devido a sistemas de controle mais formais, as áreas mais

informatizadas são em geral menos suscetíveis a erros do que aquelas, onde a

maioria das transações é de processamento manual. Quanto menor o grau de

informatização ou uso de tecnologia, maior o risco.

Outro fato relevante a se fazer sobre riscos, é a fraude no ramo de

Seguro de Vida. É importante considerar que a eficácia no combate a este tipo

de crime, possa considerar que a punição tardia não intimida e nem cumpre a

proposta de prevenção geral da pena, tão pouco se acredita que uma proposta

de pena possa ser utilizada como medida de redução de atos fraudulentos.

A fraude é a má-fé com intenção ou não de causar prejuízo a terceiros e

atinge um dos principais pilares do Contrato de Seguro que é a boa-fé.

É preciso estar ainda mais atento, na medida em que um sinistro de vida

é muitas vezes mais importante e, na atualidade, apresenta um volume de

negócios superior, numa época em que a rentabilidade das empresas é

questionada, e já não é possível ignorar o problema.

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No entanto, poderia surgir a tentação de considerar-se que o estelionato

contra o seguro deva ser tratado principalmente pelos poderes públicos. Mas

essa infração não é especifica, não foi tipificada pela justiça nem pela polícia,

enquadrando-se no âmbito geral do delito de estelionato. Os serviços oficiais

de repressão se encontram assoberbados por numerosas questões

consideradas prioritárias, muitas vezes submersos em um mar de

criminalidade, e daí, pouco sensibilizados para este tipo de problema. É preciso

dizer, também, que normalmente não dispõem dos dados úteis, ignorados ou

não se interessando em conhecer a própria existência de contratos de seguros.

Ainda que seja difícil traçar perfis típicos de autores de fraudes, pode-se

não obstante classifica-los em três grandes categorias: os estelionatários, os

mentirosos e os oportunistas, que se encontram em todos os ambientes, seja

qual for sua profissão, idade, nacionalidade ou categoria social.

Um fato que não pode ser negado é que a propensão para cometer

fraudes é por vezes favorecida pelos próprios mecanismos do seguro. A

complexidade dos contratos, a presunção de boa-fé, a extensão e diversidade

das garantias, as políticas de expansão das empresas, constituem-se em

elementos adicionais suscetíveis de incitar a conduta fraudulenta.

Finalmente, cabe, portanto aos profissionais dos seguros organizarem-

se para lutar contra essas práticas.

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BIBLIOGRAFIA

SOUZA, Silney de. Seguros: Contabilidade, atuária e auditoria. São Paulo:

Saraiva, 2002;

MESSIAS, Adir. Seguro e resseguro. Rio de Janeiro: IRB, 1985. Coletânea de

trabalhos selecionados pelo autor, no período 1949-84;

VALENTE, Elizabeth Vieira. Seguros de pessoas: vida individual, vida em

grupo e acidentes pessoais. Rio de Janeiro: FUNENSEG,1998.

ALVIM, Pedro. O contrato de seguro. Rio de Janeiro: Forense, 1998

www.seguros.com.br

www.primeiravia.com.br

www.susep.gov.br

www.irb-brasileiro.com.br

www.fenaseg.or.br

www.fenacor.com.br

www.anapp.com.br

www.cienciasdoseur

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO........................................................................................ 8

CAPÍTULO ISEGURO DE PESSOAS........................................................................ 111.1 – Conceitos e Legislação............................................................................ 11

1.1.1- Conceitos............................................................................................. 11

1.1.2 – Legislação......................................................................................... 15

1.2 – Estrutura de Mercado Segurador..................................................... 181.3 – Seguro de Vida.................................................................................... 211.4 – Seguro de Vida Individual................................................................... 221.5 – Seguro de Vida em Grupo 251.6 – Seguro de Acidentes Pessoais....................................................... 32

CAPÍTULO IIAUDITORIA..................................................................................................... 332.1 – Auditoria de demonstrações contábeis e emissão de parecer .... 352.2 – Risco de Auditoria......................................................................... 392.3 – Planejamento da Auditoria............................................................ 432.4 – Auditoria em Seguros................................................................... 45

CAPÍTULO IIIFRAUDES EM SEGURO DE VIDA....................................................... 51

CONCLUSÃO ......................................................................................... 59

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 62

ÍNDICE ................................................................................................... 63

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................ 64

ANEXOS ................................................................................................. 65

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FOLHA DE AVALIACAO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título do trabalho: AUDITORIA EM SEGUROS DE VIDA

Data da Entrega:

Auto Avaliação:

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ANEXOS

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ANEXOS