Auditorias Técnicas de Segurança e Saúde no Trabalho da Construção

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    Auditorias Tcnicas de Segurana e Sade no Trabalho da Construo

    Lus Alves Dias, Engenheiro Civil, Ph.D., IST-Universidade Tcnica de Lisboa

    Roque Puiatti, Auditor Fiscal do Trabalho, SRTE/RS - Porto Alegre, Rio Grande do Sul

    Resumo: As auditorias tcnicas de segurana e sade no trabalho (SST) em obras de

    construo criam valor, ajudando as Organizaes envolvidas nessas obras a cumprirem os

    objetivos de SST atravs de uma abordagem sistemtica de avaliao da eficcia das medidasde SST implementadas. No presente artigo apresenta-se uma proposta de metodologia para a

    realizao dessas auditorias em canteiros de obras, com vista a melhoria contnua da

    segurana e sade no trabalho nessas obras e, consequentemente, contribuindo para a

    reduo dos acidentes de trabalho e doenas ocupacionais na indstria da construo.

    Bases para a realizao de auditorias tcnicas no setor da construo

    A segurana e sade no trabalho (SST) uma rea que tem sido h muitos anos tratada na

    maioria dos pases do mundo por meio de leis e regulamentos (ou normas regulamentadoras)

    de aplicao obrigatria. As normas tcnicas, nacionais ou internacionais, produzidas nombito da SST tm aplicao voluntria, mas complementam essas leis e regulamentos, sendo

    muitas vezes imprescindveis para a implementao prtica das exigncias legais e

    regulamentares. Nestes casos, as leis e regulamentos tm vindo cada vez mais a introduzir em

    seu arcabouo a exigncia de aplicao de muitas dessas normas tcnicas, passando estas

    assim a ter carter obrigatrio. Em suma, as normas tcnicas so, por natureza, de aplicao

    voluntria a menos que uma lei ou regulamento as tornem obrigatrias.

    Por outro lado, o crescente conhecimento de novos perigos, e correspondentes riscos a que

    esto expostos os trabalhadores, resultam, em geral, na produo de novas leis, regulamentos e

    normas tcnicas ou adaptao das existentes nova realidade, tendo em conta a evoluo

    tecnolgica dos processos produtivos de cada atividade econmica. Em cada pas, o nmero de

    leis, regulamentos e normas tcnicas no mbito da SST cada vez mais elevado, como tambm

    elevado o nmero de empregadores, e outras partes interessadas (donos de obra, proprietrios),

    que tm a obrigao de as implementar, dificultando a verificao do seu cumprimento.

    No conjunto, essas leis, regulamentos e normas tcnicas formam um sistema de gesto da SST,

    porm, muitas vezes de difcil articulao face ao elevado nmero de documentos aplicveis

    em constante mudana/adaptao. As inmeras alteraes de leis e regulamentos tm sido

    muitas vezes invocadas por muitos profissionais da SST, como um problema que tem

    dificultado o estabelecimento de solues-padro que perdurem no tempo. Para facilitar essa

    articulao, surgem os modelos de sistemas de gesto da SST organizados e sistematizadosque muitas empresas tm vindo a utilizar para implementar e demonstrar o cumprimento

    desse elevado nmero de leis, regulamentos e normas tcnicas, como o caso das Diretrizes

    da OIT (ILO-OSH 2001) de reconhecimento internacional e publicadas pela Fundacentro em

    2005 ou a recente norma brasileira (ABNT NBR 18801:2010), ambas relativas a sistemas de

    gesto da SST de aplicao voluntria por qualquer Organizao.

    Em qualquer dos casos, as auditorias desempenham um papel fundamental na melhoria

    contnua da SST. Permitem salientar o cumprimento das medidas previstas no referencial

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    considerado na auditoria (aspectos positivos), assim como determinar as medidas preconizadas

    nesse referencial que no esto a ser cumpridas (aspectos negativos). O balano ponderado de

    ambos os aspectos (positivos e negativos) determinam o nvel (score) da auditoria realizada,

    dando pistas aos auditados para as correes ou ponderao das situaes que carecem de

    reviso com vista melhoria contnua.

    Nova abordagem de SST na construo baseada no desempenho

    As auditorias tcnicas de SST assentam nos mesmos conceitos gerais anteriormente referidos e

    utilizam como referenciais, para alm das leis e regulamentos de cumprimento obrigatrio,

    tambm as normas tcnicas necessrias para garantir o adequado e integral cumprimento

    dessas leis e regulamentos. Trata-se de aplicar na prtica o conceito de construo baseada no

    desempenho que tem vindo a ganhar expresso em todo o mundo, designadamente no setor

    da construo. Isto , a legislao estabelece o nvel de desempenho para determinado

    processo, competindo aos destinatrios (as pessoas que tm a obrigao de cumprir e fazer

    cumprir essa legislao) adotar as solues tcnicas mais adequadas para responder a essas

    exigncias de desempenho do processo em causa.

    Por exemplo, nas exigncias relativas a guarda-corpos, as leis ou regulamentos especificam as

    caractersticas dimensionais (altura das barras superiores e intermdias, e dos rodaps) ecaractersticas de resistncia (foras aplicveis e flechas admissveis), deixando para cada obra a

    definio dos materiais a aplicar com base no clculo dos guarda-corpos. Para este clculo,

    recorre-se em geral a normas tcnicas e, se estas no existirem no pas, necessrio proceder ao

    dimensionamento desse guarda-corpos, aplicando-se os regulamentos estruturais da engenharia

    que todos os pases dispe e tendo em conta as referidas caractersticas dimensionais e de

    resistncia estabelecidas nas exigncias legais e/ou regulamentares para guarda-corpos.

    Importa porm recordar que, na maioria dos pases do mundo, as empresas de construo

    possuem uma reduzida dimenso em termos do nmero de trabalhadores, sendo que em

    muitos casos as micro e pequenas empresas representam mais de 90% do total de empresas deconstruo. Assim sendo, justifica-se a criao de anexos informativos a essas leis (isto , sem

    carter obrigatrio, mas tecnicamente validados) indicando solues tcnicas possveis que

    respondem s exigncias legislativas e/ou regulamentares. Este procedimento destina-se a

    ajudar, em particular, as micro e pequenas empresas a cumprirem com a legislao tendo em

    conta que muitas no dispem de meios tcnicos internos para produzirem solues tcnicas

    adequadas s referidas exigncias, ao contrrio das mdias e/ou grandes empresas de

    construo. Muitas normas internacionais ISO seguem este procedimento desde h muitos anos,

    diferenciando os designados anexos normativos dos anexos informativos.

    Porm, em muitos pases, ainda se deixa a cada destinatrio dessas leis a responsabilidade

    pela definio das solues tcnicas para cada exigncia legislativa e/ou regulamentar,

    situao que no tem em conta a reduzida dimenso da maioria das empresas de construo,

    incentivando a aplicao de solues muitas vezes pouco ponderadas. Retomando o exemplo

    do guarda-corpos, verifica-se muitas vezes que se aplicam solues destes equipamentos de

    proteo coletiva que respondem s exigncias dimensionais impostas, mas no verificam as

    de resistncia, isto , no cumprem integralmente com a sua principal funo que impedir a

    queda em altura de trabalhadores.

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    Conceitos e importncia da realizao de auditorias tcnicas na indstria da construo

    As auditorias constituem processos sistemticos, independentes e documentados para obter

    evidncias e avaliar objetivamente o nvel de cumprimento dos referenciais especificados por

    uma dada Organizao. Assim, para realizar uma auditoria necessrio, fundamentalmente: (i)

    definir a Organizao a auditar; (ii) identificar os referenciais da auditoria (critrios da auditoria);

    (iii) designar a equipe auditora.

    A Organizao pode ser uma empresa, um departamento ou uma atividade especfica da

    empresa; a elaborao de um projeto ou parte deste (por exemplo, o projeto de uma dada

    especialidade de trabalho); a execuo de uma obra ou parte dela (por exemplo, um trabalho

    especfico integrado na obra).

    Os referenciais so os documentos que se pretende avaliar o seu nvel de cumprimento por

    parte da Organizao. Pode ser uma lei, um regulamento ou norma regulamentar, uma norma

    tcnica, uma norma ou diretriz de gesto (qualidade, ambiente, segurana e sade, risco,

    responsabilidade social, etc.), ou qualquer parte destes documentos (por exemplo, um artigo

    ou um conjunto de artigos de uma lei, etc.). Por exemplo, a NR-18 constitui o referencial por

    excelncia na indstria da construo em qualquer auditoria a uma obra, incluindo o PCMAT

    (Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo) preparadoespecificamente para essa obra. As Recomendaes Tcnicas de Procedimentos publicadas

    pela Fundacentro podero tambm ser includas na lista de referenciais destas auditorias, bem

    como qualquer regulamento tcnico de segurana na construo que o pas disponha com

    carter obrigatrio ou voluntrio.

    A equipe auditora pode ser uma pessoa fsica ou jurdica devendo ter conhecimentos,

    competncias e experincia nas atividades da Organizao a auditar e nos referenciais da

    auditoria.

    Tipos de auditorias

    Uma auditoria pode ser originada por qualquer parte interessada de uma Organizao e ter

    objetivos diferenciados. Por exemplo, uma empresa de construo pode determinar a

    realizao de auditorias em matria de SST para melhorar o seu desempenho e eliminar ou

    reduzir as no conformidades de uma norma voluntria de gesto da SST que decidiu

    implementar na empresa ou os no-cumprimentos da legislao a que est obrigado na sua

    atividade. Neste caso, trata-se de uma auditoria interna ou de primeira parte.

    O proprietrio ou dono de uma obra pode determinar a realizao de uma auditoria

    elaborao do projeto ou execuo de uma obra realizados por empresa externa com o

    objetivo de elevar a probabilidade de esse projeto e/ou obra contemplar todas as medidas de

    segurana e sade que reduzam a ocorrncia de acidentes de trabalho ou doenas

    ocupacionais. Neste caso, trata-se de uma auditoria de segunda parte por ser determinada

    por uma Organizao (proprietrio ou dono da obra) a outra Organizao (projetista e/ou

    empresa de construo), ambas partes interessadas no mesmo objetivo. Do mesmo modo,

    uma auditoria determinada por um construtor a um subcontratado, a um Fornecedor ou a um

    Prestador de Servios, constitui tambm uma auditoria de segunda parte.

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    Em determinados casos (dependendo dos referenciais), pode uma Organizao decidir

    implementar um sistema de gesto abrangendo toda ou parte da sua atividade e,

    posteriormente, solicitar a uma entidade externa independente (e acreditada explicitamente

    para a certificao desse sistema por um organismo nacional de acordo com a legislao) a

    realizao de uma auditoria para efeitos de certificao do sistema de gesto implementado.

    Neste caso, trata-se de uma auditoria externa ou de terceira parte.

    Nestes casos, a certificao de um sistema de gesto pode ser reconhecida internacionalmente

    no mbito, por exemplo, dos sistemas de gesto da qualidade (ISO 9001) ou de gestoambiental (ISO 14001), referenciais que foram concebidos e admitem explicitamente esse

    objetivo da certificao. Importa, porm, no confundir a certificao de um sistema de

    gesto, que se relaciona com o processo para a realizao de um produto) e a certificao de

    um produto, que se relaciona com a garantia da qualidade desse produto, obrigando tambm

    implementao de um sistema de gesto da qualidade do processo utilizado para a criao

    desse produto.

    As empresas que implementam sistemas de gesto da qualidade abrangendo todas as

    atividades da empresa, incluem naturalmente tambm a segurana e sade no trabalho

    enquanto processo inerente atividade de construo. Tal significa que a certificao dosistema da qualidade dessa empresa abrange tambm a rea da segurana e sade no

    trabalho como parte integrante desse sistema, devendo esta rea tambm ser auditada no

    mbito do sistema da qualidade. Tratando-se de uma empresa cuja atividade seja apenas a

    prestao de servios no mbito da segurana e sade no trabalho, o seu sistema da qualidade

    abrange todo o processo e subprocessos relacionados com essa rea de atividade e

    consequentemente a certificao do sistema de gesto da qualidade desta empresa diz

    respeito segurana e sade no trabalho.

    Na figura 1 ilustram-se os principais tipos de auditorias acima mencionadas, sendo que na

    sequncia de qualquer destas auditorias, podem realizar-se auditorias de seguimento com o

    objetivo de verificar se a Organizao auditada implementou as medidas corretivas e/ou

    preventivas mencionadas nas concluses da auditoria anteriormente realizada. Importa referir

    que, para alm destas auditorias (primeira parte ou internas, segunda e terceira parte, ambas

    tambm designadas por externas, e auditorias de seguimento), existem outros tipos de

    auditorias que aqui no se abordam por estarem fora do mbito do presente artigo (por

    exemplo, auditorias conjuntas, combinadas, concesso, acompanhamento, renovao), cada

    uma com caractersticas e objetivos bem definidos.

    Figura 1 Principais tipos de auditorias

    Externa

    Auditoria de seguimentoRealizada aps qualquer das outras auditorias, dependendo do nmero e tipo de no conformidades encontradas

    Segunda parteRealizada por uma Organizaoa um (sub)contratado, podendo

    recorrer a pessoas externas

    Terceira parte

    Realizada para efeitos decertificao por entidades externas

    independentes e acreditadas

    Interna

    ou

    Primeira parte

    Realizada pela prpriaOrganizao, podendo

    recorrer a pessoas externas

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    Na indstria da construo, as auditorias de segunda parte no mbito da segurana e sade no

    trabalho esto sendo cada vez mais exigidas em muitos pases por proprietrios ou donos de

    obras, em especial, quando a legislao nacional atribui a estes responsabilidades de primeiro

    nvel (mas abrangentes, sublinhe-se) como acontece em todos os pases da Unio Europeia no

    que diz respeito SST, sendo que as construtoras mantm as responsabilidades pela execuo

    das obras em segurana que as leis nacionais naturalmente lhes atribuem. As

    responsabilidades dos proprietrios ou donos de obras justificam o grande desenvolvimento

    destas auditorias de segunda parte que tm contribudo significativamente para explicar parteda reduo do nmero de acidentes de trabalho e de doenas ocupacionais na indstria da

    construo nos referidos pases.

    Acredita-se que esta seja a via a seguir por todos que pretendem contribuir para a melhoria

    contnua da segurana e sade no trabalho da construo, sabendo que em nenhum pas possvel

    ter um Auditor Fiscal do Trabalho para cada obra. Considera-se pois que todas as partes

    interessadas numa obra devem contribuir para a melhoria da segurana e sade no trabalho no

    mbito das suas competncias. Em especial, os donos de obras ou proprietrios devem incluir, nos

    processos de contratao das construtoras, exigncias especficas e objetivas sobre SST e fazer

    periodicamente (com meios prprios ou subcontratados) auditorias tcnicas de SST (auditorias de

    segunda parte) durante a execuo dos trabalhos com vistas a verificar e comprovar o

    cumprimento daquelas exigncias pelas construtoras. Essas exigncias devem ser proativas, no

    podendo limitar-se a determinar o cumprimento por parte das construtoras da legislao de SST

    aplicvel (designadamente a NR-18). Por sua vez, as construtoras devero tambm assumir uma

    ao proativa, designadamente, integrando a segurana e sade no trabalho nos processos de

    construo e implementando auditorias tcnicas internas (por meios prprios ou subcontratados,

    mas independentes da equipe de produo das obras).

    Acresce ainda que estas auditorias abrangem cada vez mais aspectos tcnicos, recorrendo a

    normas tcnicas (nacionais ou internacionais) que resultaram de amplos consensos entre os

    profissionais da construo e da SST, como acontece com o exemplo anteriormente referidorelativo aos guarda-corpos. As auditorias tcnicas podero ainda abranger outros aspectos,

    como por exemplo, a verificao de linhas de vida tecnicamente adequadas s situaes onde

    so utilizadas, o uso de equipamentos de apoio em boas condies de funcionamento

    (devidamente marcados, revisados, mantidos, calibrados, aferidos, etc.), a execuo de

    escoramentos de taludes, a execuo de andaimes fachadeiros, entre muitos outros casos

    cujos riscos de falha so elevados (quer na componente da probabilidade de ocorrncia, quer

    na componente das consequncias) e que importa garantir a sua adequabilidade de resistncia

    para alm da verificao dimensional.

    Processo de realizao de uma auditoria tcnica na indstria da construo

    A execuo de uma obra de mdio ou grande porte prolonga-se, em geral, por muitos meses

    ou mesmo anos. Nestes casos desejvel prever a realizao de diversas auditorias tendo em

    conta o cronograma de execuo dos trabalhos no tempo, em particular, nos momentos mais

    crticos e/ou de implementao de diferentes processos construtivos. Trata-se de elaborar um

    programa de auditorias, isto , um conjunto de auditorias durante a execuo da obra

    segundo uma lgica no necessariamente com periodicidade constante.

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    Para cada uma dessas audito

    estabelecem os objetivos da au

    os referenciais da auditoria),

    realizar no canteiro de obra, et

    sistemas de gesto da qualidad

    pode ser utilizada, com as neces

    A realizao de uma auditoria

    auditoria; (ii) execuo da auditfases, indicando-se as principais

    Figura 2 Fases de

    Preparao da auditoria

    Na preparao da auditoria, a a

    Prvia (CP), o Plano de Seguran

    PCMAT referido na NR-18), o Pl

    este ainda no implementado n

    trabalhadores da manuteno

    encargos e projeto da obra, legis

    O Plano da Auditoria (PA) deve s

    o progresso da auditoria e envia

    nomeadamente, os seguintes po

    (ii) Critrios da auditoria e do

    identificao das unidades e pro

    Horrio e durao estimada das

    e responsabilidades dos membr

    apropriados para reas crticas d

    Idioma de trabalho; (x) Tpicos d

    concluso e distribuio; (xi)

    Confidencialidade; (xiii) Aes de

    Preparao

    da auditoria

    Anlise dos doc

    Plano da Audit

    Lista de verifica

    Execuo

    da auditoria

    Reunio de abe

    Auditoria in sit

    Reunio de con

    Relatrio

    da auditoria

    Descrio das a

    Lista das no co

    Seguimento da

    ias, deve ser elaborado um plano da auditori

    itoria (reas a auditar), os critrios da auditoria (e

    planejamento da auditoria (data da auditoria,

    c.). A norma internacional ISO 19011 relativa s

    e da gesto ambiental, inclui uma metodologia g

    srias adaptaes, rea da segurana e sade no

    a um canteiro de obra envolve trs fases: (i) pre

    ria; (iii) relatrio da auditoria. Na figura 2 apresenttarefas que cada uma envolve.

    realizao de uma auditoria de SST na construo

    lise dos documentos inclui, designadamente, a C

    a e Sade para a fase de execuo (PSSe, corresp

    ano de Segurana e Sade para a fase de manute

    o Brasil e que tem como objetivo abranger os risc

    sto expostos) e outros documentos relevantes (

    lao e normas tcnicas aplicveis, etc.).

    er elaborado de forma flexvel para permitir altera

    do ao auditado antes do incio da auditoria in situ.

    ntos com base na norma ISO 19011: (i) Objetivos

    cumentos de referncia; (iii) mbito da auditori

    essos a auditar; (iv) Datas e locais de realizao da a

    atividades da auditoria no local, incluindo reunies;

    os da equipe auditora e assistentes; (vii) Alocao

    auditoria; (viii) Identificao do representante do a

    o relatrio da auditoria, formato e estrutura, datas

    Logstica (deslocamentos, infra-estruturas locais,

    seguimento aps a execuo da auditoria.

    umentos (CP, PSSe, PSSm, outros DOCs relevantes)

    ria (planificao das atividades da auditoria)

    o preliminar (com base em "Modelo de lista"/"checklis

    rtura (formal)

    (observao de trabalhos, anlise de registros, entrevist

    cluso (formal)

    ividades efectivamente realizadas;

    nformidades/cumprimentos observados;

    atividades (plano de correo e/ou auditoria de seguim

    onde se

    particular,

    reunies a

    uditorias a

    enrica que

    rabalho.

    parao da

    am-se estas

    municao

    ondente ao

    o (PSSm,

    os a que os

    caderno de

    es durante

    eve incluir,

    a auditoria;

    , incluindo

    uditoria; (v)

    (vi) Funes

    de recursos

    uditado; (ix)

    previstas de

    etc.); (xii)

    t")

    as)

    ento)

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    A lista de verificao preliminar deve tambm ser preparada antes da execuo da auditoria e

    conter os pontos que, em princpio, sero objeto de verificao da conformidade com os

    documentos de referncia e destina-se ao uso exclusivo da equipa auditora. Trata-se de uma lista

    que deve ser flexvel para acomodar (adequar e completar) todos os aspectos que se vo

    observando durante a auditoria em funo da dinmica desta. Aps a realizao da auditoria, a

    lista de verificao final ser integrada no relatrio da auditoria que se refere adiante.

    Na Figura 3 apresenta-se um exemplo de modelo de lista de verificao para a realizao de

    uma auditoria que pode ser utilizada em duas abordagens inter-relacionadas de apreciaodas atividades: (i) apreciao externa, baseada em conforme e no conforme; (ii) apreciao

    interna, baseada numa escala de classificao de 0 a 5. Recomenda-se, sempre que possvel, o

    uso da segunda abordagem (apreciao interna) tendo em conta que esta pode ser convertida

    na outra, enquanto que o contrrio no verdadeiro, isto , a primeira abordagem no

    permite a converso na segunda.

    N. Lista de verificao

    DOCsRef. Wi

    (2)(1-5)

    Apreciao (Ai)(3) Avaliao

    Ponderada INFO(5)

    Externa (*) Interna

    (1) Lei C NC 0 1 2 3 4 5 Ei(4)

    Resultados da auditoria (**)Totais

    Nr. PACs --- Nr. ROMs

    (*) C = Conforme; NC = No Conforme/cumprimento(**)

    PAC - Pedido de Ao Corretiva (Ai

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    (5) INFO - Um nmero de referncia (sequencial) nesta coluna significa a referncia de um

    documento que suporta a avaliao, isto , evidncias recolhidas, notas, comentrios, etc..

    Quando um "X" registado nesta coluna, significa que foi recebida uma informao ou

    constatao de um fato no tendo sido efetuada uma avaliao ou confirmao.

    Quando se utiliza, em particular, a abordagem de apreciao interna (escala de classificao de

    0 a 5), importante estabelecer um sistema de pontuao (ou classificao) que reduza a

    subjetividade das apreciaes durante a auditoria. Na figura 4 apresenta-se um exemplo de

    sistema de pontuao com esse objetivo.

    Figura 4 Sistema de pontuao nas auditorias

    A avaliao ponderada de cada elemento (cada item da lista de verificao) (Ei) e a avaliao

    do canteiro de obra em considerao (E) em termos de percentagem (total de pontos

    ponderados dividido pelo total de pontos possveis) so obtidas pelas seguintes expresses,

    onde n o nmero de elementos ou itens classificados na lista de verificao:

    (1)iii

    AWE =

    (2)

    51

    1

    =

    =

    =n

    i

    i

    n

    i

    i

    W

    E

    E

    Por outro lado, cada elemento ou item da lista de verificao (lista principal ou de 1. nvel) pode

    ser subdividido em grupos de subelementos ou subitens. Por exemplo, numa obra pode avaliar-se

    a conformidade de um guarda-corpos em termos gerais ou, como mais correto, subdividir as

    verificaes em diversos subitens (dimenses, resistncia, testes efetuados, etc.). Neste caso, cada

    conjunto de subitens constitui uma lista de verificao detalhada (ou lista de verificao de 2.nvel). A avaliao ponderada de cada subitem de 2. nvel obtido pela expresso (3) a seguir, e a

    avaliao ponderada de cada grupo de subitens a transferir para o correspondente item de 1.

    nvel obtido pela expresso (4), onde m o nmero de subitens de cada grupo.

    (3)kkk

    AWE =

    (4)

    51

    1

    =

    =

    =m

    k

    k

    m

    k

    k

    ii

    W

    E

    WE

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    Estas expresses (3) e (4) so similares s apresentadas acima para a avaliao de 1. nvel,

    mas utilizando a letra k em vez de i para significar os itens de 2. nvel. Enquanto Wi

    significa o peso do item i do 1. nvel (lista de verificao principal), Wk significa o peso do

    item k da lista de 2. nvel (lista de verificao detalhada).

    Por exemplo, num canteiro de obra com apenas dois itens com W1 = 3 e W2=4, e apreciaes

    A1 = 2 e A2 = 5, respectivamente, a avaliao deste canteiro de obra (E) seria: E = 74%, i.e., (3 x

    2 + 4 x 5) / [(3 + 4) x 5] = 26 / 35 = 0,74 x 100 = 74%.

    Execuo da auditoria

    A execuo da auditoria inicia-se com uma reunio de abertura no canteiro de obra, seguindo-

    se a auditoria in situ (observao de trabalhos, anlise de registros, entrevistas) e finalizando

    com uma reunio de concluso. A auditoria um ato formal, devendo assim as presenas ser

    devidamente registradas.

    Na reunio de abertura devem ser abordados, nomeadamente, os seguintes pontos: (i)

    Apresentao dos participantes, incluindo as suas funes gerais; (ii) Confirmao dos objetivos

    da auditoria, mbito e critrios; (iii) Confirmao ou alterao do planejamento da auditoria

    (designadamente, horrios previstos); (iv) Mtodos e procedimentos na conduo da auditoria,sublinhando-se que a auditoria se baseia numa amostragem da informao existindo por isso

    incerteza (isto , no se pode deduzir que o que no foi visto est conforme); (v) Mtodo de

    avaliao, incluindo a graduao das no conformidades/cumprimentos; (vi) Confirmao que os

    recursos e infra-estruturas necessrias esto disponveis (logstica); (vii) Confirmao dos

    procedimentos de segurana e emergncia para todos os participantes na auditoria; (viii)

    Confirmao da disponibilidade dos entrevistados, e se necessrio, dos guias; (ix) Informao

    sobre as condies em que a auditoria pode ser terminada (p. ex. mau tempo); (x) Clarificao de

    outros pontos do Plano da Auditoria e sobre o que for solicitado pelo auditado.

    Na observao dos trabalhos no canteiro de obra, importante identificar para inspeo

    detalhada quanto conformidade com as disposies legais e regulamentares, no mnimo, um

    trabalhador, uma mquina, um subcontratado, uma operao de construo e, quando aplicvel,

    um de cada um dos equipamentos de proteo coletiva (guarda-corpos, andaime, rede de

    segurana, plataforma de trabalho, sistema de escoramento de taludes, etc.). Nos casos em que

    seja necessrio avaliar vrios itens do mesmo tipo (diferentes mquinas, subcontratados,

    andaimes, operaes de construo, no conformidades, etc.), deve efetuar-se a avaliao de

    cada item utilizando listas de verificao detalhadas de forma separada, sendo cada uma tratada

    conforme referido acima para as listas de verificao de 2. nvel. Deve evitar-se a avaliao de

    conjuntos agregados de itens, cuja subjetividade pode ser questionada.

    A informao recolhida durante a observao dos trabalhos em curso dever ser examinada

    criteriosamente com base nos documentos de referncia da auditoria acima mencionados com

    vista a determinar as conformidades ou no conformidades e a classificar cada item de acordo

    com o mtodo de avaliao acima apresentado. Por outro lado, devem ser efetuadas entrevistas

    a pessoas-chave no canteiro de obra (designadamente, responsvel pela execuo dos trabalhos,

    coordenador da equipe de segurana do trabalho, encarregado, representantes dos

    trabalhadores) com vista a compreender aspectos observados durante a auditoria in situ.

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    Concluda a coleta da informao, a equipe auditora deve reunir-se para analisar essa

    informao com vista a determinar as principais constataes e delinear as principais

    concluses da auditoria, incluindo as conformidades e no conformidades. Estas concluses

    devero ser apresentadas em reunio de concluso com a presena de todas as pessoas-chave

    do canteiro de obras acima referidos, podendo ainda o representante do cliente da auditoria

    participar nesta reunio, caso o deseje.

    Nesta reunio de concluso, devem ser cumpridos, nomeadamente, os seguintes pontos: (i)

    Apresentao das principais constataes e concluses da auditoria de forma que sejamcompreendidas e reconhecidas pelo auditado; (ii) Apresentao de recomendaes de

    oportunidades de melhoria; (iii) Informao ao auditado sobre situaes encontradas durante a

    auditoria que podem reduzir a confiana nas concluses apresentadas; (iv) Discusso e resoluo

    de eventuais divergncias nas constataes e/ou concluses da auditoria (caso no sejam

    resolvidas, ambas as opinies devero ser registradas); (v) Acordo, caso aplicvel, no prazo para

    o auditado apresentar um Plano de Aes Corretivas e Preventivas e para a sua implementao.

    Relatrio da auditoria

    No prazo definido no plano da auditoria, o coordenador da auditoria dever elaborar ou

    mandar elaborar sob a sua responsabilidade um relatrio que descreva as atividadesefetivamente realizadas durante a auditoria.

    O relatrio da auditoria deve incluir, nomeadamente, os seguintes pontos: (i) Objectivos da

    auditoria; (ii) mbito da auditoria, incluindo identificao das unidades ou processos auditados

    e os tempos despendidos; (iii) Identificao do Cliente da auditoria; (iv) Identificao do

    coordenador da equipe auditora e outros membros (incluindo, especialistas, guias, etc.); (v)

    Datas e locais em que decorreram as atividades da auditoria; (vi) Critrios da auditoria e

    documentos de referncia; (vii) Constataes da auditoria, incluindo a lista de verificao final

    acima referida devidamente elaborada com base no observado; (viii) Concluses da auditoria,

    incluindo propostas de aes de seguimento da auditoria que adiante se referem.

    O relatrio pode ainda incluir, nos casos aplicveis e sempre que for considerado adequado: (i)

    Lista dos representantes do auditado (responsveis pelas reas auditadas e entrevistados); (ii)

    Resumo do processo da auditoria, incluindo incertezas e/ou obstculos encontrados que

    podem reduzir a confiana nas concluses da auditoria; (iii) Confirmao que os objetivos da

    auditoria foram alcanados dentro do mbito da auditoria; (iv) reas no cobertas embora

    previstas no mbito da auditoria; (v) Divergncias de opinies no resolvidas entre a equipe

    auditora e o auditado; (vi) Recomendaes de oportunidades de melhoria; (vii) Planos de

    aes de seguimento acordados; (viii) Declarao da natureza confidencial do contedo da

    auditoria; (ix) Lista de distribuio do relatrio da auditoria.

    Em anexo ao relatrio da auditoria devem ser includos, designadamente, plano da auditoria,

    registros de presenas e documentos recolhidos durante a auditoria que comprovam as

    constataes e concluses da auditoria.

    Tratando-se de auditorias de segunda parte promovidas pelo dono da obra ou proprietrio, as

    aes de seguimento podem ser: (i) Elaborao de um Plano de Aes Corretivas a apresentar

    pelo auditado e a aprovar pelo dono da obra ou proprietrio; (ii) Seguimento pelo dono da

    obra ou proprietrio verificando as aes implementadas pelo auditado em resposta s

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    concluses da auditoria; (iii) Realizar uma auditoria de seguimento pela mesma equipe

    auditora, designadamente, quando o nmero e/ou tipo de no conformidades observadas

    assim o justifique e o dono da obra ou proprietrio aprove. Em qualquer dos casos devem ser

    estabelecidos prazos razoveis e praticveis tendo em conta os resultados da auditoria.

    Concluso

    Acredita-se com convico que a integrao da SST no processo construtivo e a focalizao nacertificao da qualidade dos produtos (que obriga implementao da qualidade do

    processo), designadamente, dos produtos relacionados com a segurana no trabalho (guarda-

    corpos, redes de segurana, andaimes, linhas de vida, escoramentos, etc.), so determinantes

    para o sucesso da SST na indstria da construo.

    As auditorias tcnicas de SST (se adequadamente promovidas e conduzidas) contribuem para a

    garantia da qualidade desses produtos, para a melhoria das condies de trabalho dos

    trabalhadores e para a reduo do nmero de acidentes de trabalho e doenas ocupacionais

    na construo.

    Para a sua implementao de forma sistemtica nos canteiros de obras, necessrio fomentaruma cultura de segurana e sade no trabalho envolvendo todas as partes interessadas na

    indstria da construo (entidades oficiais, donos de obra, proprietrios, construtoras,

    fornecedores de materiais e equipamentos, trabalhadores) que devem assumir uma atitude de

    participao e cooperao mtua proativa na devida e justa medida das suas

    responsabilidades e influncias que tm na promoo da SST durante todo o ciclo de vida das

    obras (pr-construo, construo e ps-construo).