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PROF. DENISSON MOISÉS :: QUARENTENA 23/03/2020 :: MATERIAL ESPECIAL :: SEMI AUGUSTE COMTE Organicismo Social: a sociedade era concebida como um organismo, constituído por partes integradas e coesas que funcionariam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. A desigualdade seria natural, resultado da competição, expressão de justiça e sinal de complexidade e evolução sociais. Cientificismo: conhecimento científico como critério infalível de verdade, demonstração das leis universais que regulam o mundo social. CIÊNCIA, DAÍ PREVIDÊNCIA PREVIDÊNCIA, DAÍ AÇÃO Evolucionismo: Etapa1: TEOLÓGICA (MAIS PRIMITIVA) O homem explica os fenômenos através de deuses e forças mágicas A verdade é procurada pela religião e apresentada nos rituais (imaginação) Corresponde à antiguidade, ao período mítico da civilização, onde a razão ainda não dominava o conhecimento Etapa2: METAFÍSICA (TRANSIÇÃO) Usa-se a razão para explicar as coisas, porém sem se preocupar com os fatos concretos, sem experimentação. Uso intenso da argumentação Corresponde à Grécia na época da filosofia e à Idade Média. Etapa3: POSITIVITO (ÚLTIMA E MAIS EVOLUÍDA) OBSERVAÇÃO substitui a imaginação e a argumentação (Ciência) O método científico é usado para descobrir as leis da natureza. Existência essencialmente industrial e científica Progresso tecnológico e conforto.

AUGUSTE COMTE - copenexus.com.br · 10. Nas três últimas décadas, os trabalhos publicados por Ralph Dahrendorf, Daniel Bell, ... São Paulo: Ática, 2000. p. 161.) Assinale a alternativa

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PROF. DENISSON MOISÉS :: QUARENTENA 23/03/2020

:: MATERIAL ESPECIAL ::

SEMI

AUGUSTE COMTE

Organicismo Social: a sociedade era concebida como um organismo, constituído por partes integradas e coesas que funcionariam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. A desigualdade seria natural, resultado da competição, expressão de justiça e sinal de complexidade e evolução sociais.

Cientificismo: conhecimento científico como critério infalível de verdade, demonstração das leis universais que regulam o mundo social. CIÊNCIA, DAÍ PREVIDÊNCIA PREVIDÊNCIA, DAÍ AÇÃO

Evolucionismo:

Etapa1: TEOLÓGICA (MAIS PRIMITIVA) O homem explica os fenômenos através de deuses e forças mágicas A verdade é procurada pela religião e apresentada nos rituais (imaginação) Corresponde à antiguidade, ao período mítico da civilização, onde a razão ainda não dominava o conhecimento

Etapa2: METAFÍSICA (TRANSIÇÃO) Usa-se a razão para explicar as coisas, porém sem se preocupar com os fatos concretos, sem experimentação. Uso intenso da argumentação Corresponde à Grécia na época da filosofia e à Idade Média.

Etapa3: POSITIVITO (ÚLTIMA E MAIS EVOLUÍDA) OBSERVAÇÃO substitui a imaginação e a argumentação (Ciência) O método científico é usado para descobrir as leis da natureza. Existência essencialmente industrial e científica Progresso tecnológico e conforto.

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Exercícios

1.

Tendo em vista o contexto do surgimento da sociologia, disserte sobre o significado desta formulação de Auguste Comte (1798-1857), quanto ao papel que a sociologia deveria ter:

... ciência, daí previdência, previdência daí ação.

Apud QUINTANEIRO, Tânia & outros, Um toque de clássicos – Marx, Durkheim, Weber. 2 ed., Belo Horizonte: UFMG, 2002, p.19

2.

“A filosofia da História – primeiro tema da filosofia de Comte – pode ser sintetizada na sua célebre lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano como um todo desenvolvem-se através de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva”.

(José Arthur Giannotti. Vida e Obra. In: Comte. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 2005. p. 08)

Explique as três fases da lei universal de Comte.

3.

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Sabendo das condições históricas para o surgimento da sociologia, aponte qual seria a grande motivação da obra de Auguste Comte.

4.

Leia:

No organismo social, em virtude da sua maior complexidade, as doenças e crises são, necessariamente, ainda mais inevitáveis, sob muitos aspectos, do que no organismo individual. No entanto, enquanto a ciência real é forçada a reconhecer sua impotência momentânea e fundamental diante de desordens profundas ou de pressões irresistíveis, pode ainda contribuir utilmente para atenuar e, sobretudo, para abreviar as crises, graças à apreciação exata de seu caráter principal e à previsão racional da sua solução final, sem renunciar jamais a uma intervenção prudente, a menos que sua impossibilidade seja suficientemente contestada. Aqui, como em outros pontos, e mais ainda do que em outros pontos, não se trata de controlar os fenômenos, mas apenas de modificar seu desenvolvimento espontâneo; isso exige, é evidente, o conhecimento prévio de suas leis reais.

(Comte, A. Cours de philosophie positive, t IV, p. 213-214)

Para Comte, como demonstra o texto acima, o cientista interfere na natureza social? Justifique sua resposta.

5.

O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, indica a forte influência do positivismo na formação política do Estado brasileiro. Justifique.

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6.

Dois aspectos fundamentais da teoria de Comte é a estática e a dinâmica sociais. A estática corresponde à ordem e a dinâmica ao progresso. Acerca deles é possível dizer que a ordem se estabelece naturalmente sempre que as forças espirituais (a filosofia, a ciência, a razão etc.) operam exclusivamente sobre a observação e a descrição dos fatos?

7.

Augusto Comte é responsável por, dentre outras coisas, ter batizado a sociologia e ter trazido o debate sobre a sociedade para um campo mais racional, livre das interpretações religiosas. Sua teorias se baseiam em construções teóricas bem conhecidas nas ciências naturais. Comprovamos essa dependência da biologia e física nas alternativas abaixo, com exceção de:

a) Organicismo, visto que a visão que impera é a de que a sociedade pode ser entendida através de um paralelo com os organismos vivos que possuem partes coesas e integradas com um funcionamento harmônico e tendendo à evolução.

b) Cientificismo, ao buscar uma interpretação racionalista fortemente ancorada em um método analítico empirista que exalta a postura isenta e neutra que os cientistas, em qualquer ciência, deve ter.

c) Darwinismo social, pois compatibilizou a evolução social à evolução biológica movida pela concorrência entre os seres vivos pela sobrevivência, na qual o critério de seleção é natural, a superioridade biológica.

d) A defesa compulsiva da ordem social como critério básico do funcionamento social ou como tendência natural do corpo social que, assim como os sistemas de blocos de Isaac Newton, seria compelido ao equilíbrio e à harmonia.

e)Transformação, enquanto marca do desenvolvimento social rumo sempre à rupturas com a antiga ordem dada pela luta de classes constante no interior da sociedade.

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8.

Igualdade social, liberdade de pensamento, ação e soberania popular são manifestações do

Iluminismo que basicamente se caracterizou como:

a) Um movimento de retorno aos valores místicos e transcendentes, anteriores ao Renascimento.

b) Uma substituição da religião, da tradição e da ordem absolutista, pelo pensamento racional em prol dos liberalismos político e econômico.

c) Uma utopia social fundada na ideologia cristã, base das correntes humanistas do Ocidente.

d) Uma reação contrária à sistematização do saber e à soberania popular.

e) Um movimento artístico com ênfase na expressão livre da vontade criadora dos artistas.

9.

“Revolução é sempre um tema fascinante. Comumente vem impregnado dos ideais de

liberdade e igualdade que, através dos tempos, acalentam gerações e permanecem presentes no

ideário das sociedades, tendo a possibilidade de se cristalizarem em algum momento da história. No processo de construção de uma revolução sobressaem personagens que passam a povoar o

imaginário social e tendem a serem tomados como modelos, porquanto o seu agir parece converter a utopia em realidade. São portadores do sonho: representam a universalidade daqueles ideais,

tentando forjá-los no cotidiano, nem sempre harmonioso, dos confrontos revolucionários.”

(SAINT-JUST, Louis Antoine Leon. O Espírito da Revolução e da Constituição na França. São Paulo: UNESP, 1989. p. 9.)

Sobre a Revolução Francesa de 1789, é correto afirmar que defendia:

a) A soberania da aristocracia da França com base no sistema eleitoral censitário.

b) As instituições democráticas para a renovação da monarquia.

c) Ações revolucionárias para a consecução de um ideário da nobreza.

d) Os ideais anarquistas que, posteriormente, foram amplamente disseminados pelo mundo.

e) Valores universais visando a construir uma sociedade mais justa e igualitária.

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10.

Nas três últimas décadas, os trabalhos publicados por Ralph Dahrendorf, Daniel Bell,

Alain Touraine e André Gorz permitiram ampliar a compreensão do processo de passagem da sociedade industrial para a pós-industrial. Desde então, muitos dos conceitos que haviam norteado o campo da análise social desde o século XIX perderam relevância. Com base nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.

I. Na sociedade pós-industrial, além da concentração do capital, ocorre a perda da

identidade coletiva dos trabalhadores, que se tornam cada vez mais individualistas.

II. O retorno aos conceitos elaborados à luz da análise social do século XIX impõe-se, dada

a imobilidade socioeconômica desde o advento da sociedade industrial.

III. Com o advento da sociedade pós-industrial, o campo da investigação sociológica amplia-se para além dos estudos dos movimentos de classe.

IV. O uso de sistemas técnicos oriundos das descobertas científicas é o que distingue a

sociedade pós-industrial da sociedade industrial.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.

b) I e III.

c) III e IV.

d) I, II e IV.

e) II, III e IV.

11.

No livro Confissões de Santo Agostinho, fica clara a visão do autor sobre Deus e seu papel: “Portanto, é necessário concluir que falastes, e os seres foram criados. Vós os criastes pela vossa palavra!”. Augusto Comte, por sua vez, caracterizaria tal fala como expressão de um período especial da evolução da racionalidade humana. Seria este o estágio:

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a) Teológico

b) Metafísico

c) Positivo

d) Solidariedade mecânica

12.

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O pensamento científico, além de auto definir-se, também classifica e conceitua outras formas de pensamento. Por exemplo, é possível encontrar a definição de pensamento mítico como aquele que

“vai reunindo as experiências, as narrativas, os relatos, até compor um mito geral. Com esses materiais heterogêneos produz a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e suas finalidades, os poderes divinos sobre a natureza e sobre os humanos.” (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 161.)

Assinale a alternativa que apresenta a afirmação que está de acordo com a definição de pensamento mítico dada acima.

a) “Acredito em coincidência e essa [a transferência do local do jogo] é uma vantagem a mais para nós nesta final. Foi lá que conquistamos nosso primeiro título.” (declaração da capitã do time de vôlei do Vasco da Gama ao comemorar a transferência da partida contra o Flamengo para um ginásio de sua preferência)

b) “Considero a sexta-feira 13 um dia ‘nebuloso’. Para mim, o poder da mente é forte e aquelas pessoas que pensam negativamente podem atrair má sorte. Não creio que ocorram coisas ruins para mim, mas prefiro me precaver com patuás e incensos.” (estudante, 24 anos)

c) “Não temo o desemprego, quem com Deus está, tudo pode.” (depoimento de um candidato a emprego de gari no Rio de Janeiro, disputando vaga com outros 40 mil candidatos)

d) “Viemos em busca da ‘Terra sem males’, atrás do ‘Éden’. Estamos atrás do ‘paraíso’ sonhado por nossos ancestrais e ele se encontra por essas regiões.” (explicação dada por líder guarani diante do questionamento sobre a instalação de grupos indígenas em áreas de mata atlântica protegidas por lei)

e) “As principais causas da exclusão educacional apontadas pelo censo do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], além do trabalho infantil, são a pobreza, a distância entre a escola e a residência, a distorção idadesérie e até o tráfico de drogas.” (divulgação na imprensa de dados do IBGE sobre educação)

13.

Surgida no momento de consolidação da sociedade capitalista, a Sociologia tinha uma importante tarefa a cumprir na visão de seus fundadores, dentre os quais se destaca Augusto Comte. Assinale a alternativa correta quanto a esta tarefa:

a) Desenvolver o puro espírito científico e investigativo, sem maiores preocupações de natureza prática, deixando a solução dos problemas sociais por conta dos homens de ação.

b) Incentivar o espírito crítico na sociedade e, dessa forma, colaborar para transformar radicalmente a ordem capitalista, responsável pela exploração dos trabalhadores.

c) Contribuir para a solução de problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, tendo em vista a necessária estabilização da ordem social burguesa.

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d) Tornar realidade o chamado “socialismo utópico”, visto como única alternativa para a superação das lutas de classe em que a sociedade capitalista estava mergulhada.

14.

Auguste Comte foi quem deu origem ao termo Sociologia, pensada como uma física social, capaz de pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua opinião, ainda no século XIX. A respeito das concepções fundamentais do autor para o surgimento dessa nova ciência, todas as alternativas abaixo são corretas, EXCETO:

a) O objetivo era conhecer as leis sociais para se antecipar, racionalmente, aos fenômenos e, com isso, agir com eficácia, na direção de se permitir uma organização racional da sociedade.

b) As preocupações de natureza científica, presentes na obra de Comte, não apresentavam relação prática com a desorganização social, moral e de idéias do seu tempo.

c) Era necessário aperfeiçoar os métodos de investigação das leis que regem os fenômenos sociais, no sentido de se descobrir a ordem inscrita na história humana.

d) Entre ordem e progresso há uma necessidade simultânea, uma vez que a estabilidade (princípio estático) e a atividade (princípio dinâmico) sociais são inseparáveis.

15.

A Sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve juntamente com o avanço do capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. Sobre a emergência da sociologia, considere as afirmativas a seguir.

I. A Sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade social e a concentração populacional nos centros urbanos.

II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização.

III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cientificismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento.

IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal. Estão corretas apenas as afirmativas:

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a) I e III.

b) II e III.

c) II e IV.

d) I, II e IV.

e) I, III e IV.

16.

“Com relação ao principal problema social de sua época – o crescimento do proletariado industrial - a posição de Comte não foi uma posição revolucionária como a de Marx (1818-1883). Comte considerava que todas as medidas sociais deveriam ser julgadas em termos de seus efeitos sobre a classe mais numerosa e mais pobre. Acreditava também que os proletários (e as mulheres) pudessem abrandar o egoísmo dos capitalistas e que uma ordem moral humanitária poderia abolir todos os conflitos de classe. Os capitalistas deveriam ser moralizados e não eliminados: a propriedade privada deveria ser mantida”.

(José Arthur Giannotti. Vida e Obra. In: Comte. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 2005. p. 12)

Sobre este fragmento e sobre seus conhecimentos acerca da sociologia, marque a alternativa INCORRETA.

a) É possível perceber em Comte, tal como se fez em Durkheim, que a crise social produzida pela consolidação da ordem capitalista teria sua resolução no universo moral.

b) A temática da ordem é destacada nos estudos de Comte, fundamentalmente porque o positivismo apresenta-se como uma corrente do pensamento filosófico e sociológico imbuído da missão de oferecer remédios para os problemas sociais.

c) Neste fragmento é explicita a vinculação entre o positivismo comteano e o socialismo utópico. Ambos convencidos de que a sociedade industrial vestiu-se de conflitos contornáveis por um humanitarismo. Bem como se aspirava em ambos o fim dos conflitos de classes sem a extinção das próprias classes.

d) Como informa o fragmento, há uma nítida contraposição entre os anseios de Comte e os de Marx. Para o primeiro, conservador, a ordem capitalista não poderia ser subvertida, assim como as paixões capitalistas não deveriam ser controladas.

17.

“As experiências e erros do cientista consistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas vezes por

escrito. Pode então tentar encontrar brechas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-a experimentalmente, ajudado por seus colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem encontrar

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uma brecha nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e esses testes pelo menos tão bem quanto suas concorrentes, será eliminada”. (POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado. São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e método científico, é correto afirmar:

a) O método científico implica a possibilidade constante de refutações teóricas por meio de experimentos

cruciais.

b) A crítica no meio científico significa o fracasso do cientista que formulou hipóteses incorretas.

c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido por quem as formulou, sem ajuda de outros cientistas.

d) O método crítico consiste em impedir que as hipóteses científicas tenham brechas.

e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso científico.

18.

“A filosofia da História – primeiro tema da filosofia de Comte – pode ser sintetizada na sua célebre lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano como um todo desenvolvem-se através de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva”.

(José Arthur Giannotti. Vida e Obra. In: Comte. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 2005. p. 08)

A partir do fragmento acima, enumere a lista de características abaixo, conforme a numeração dos estados correspondentes.

(1) estado teológico (2) estado metafísico (3) estado positivo

( ) “O mundo torna-se compreensível somente através das idéias de deuses e espíritos. (...) Confiando em poderes imutáveis, fundados na autoridade, essa mentalidade teria como forma política correspondente a monarquia aliada ao militarismo”.

( ) Nesse estágio, a mentalidade visa a um tipo de compreensão absoluta e o homem acredita ter posse absoluta do conhecimento.

( )Nesse estágio a vontade divina é substituída por idéias ou forças, capazes, abstratamente de mover os mundos naturais e sociais. Forças abstratas ganham contornos humanos e manifestam-se na história.

( ) A partir desse estágio a imaginação e a argumentação são substituídas pela observação sistemática, sendo que a cada proposição deve corresponder um fato.

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( ) Caracteriza-se, nos domínios sociais e políticos, pela passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais

Alternativas :

a) 1;1;2;3;3; b) 1;2;2;2;3; c) 2;3;3;1;2; d) 1;3;3;2;3;

RESOLUÇÕES

1.

Essa formulação de Auguste Comte no contexto do surgimento da Sociologia e da consolidação do capitalismo, pode significar: “ver para prever”. Em outras palavras, a ciência possui como objetivo conhecer, por meio da razão o que se vê, depois disso e com isso começar a antever e a agir, se possível.

As ciências naturais seriam capazes de capturar as regularidades de seu objeto de pesquisa, permitindo ao cientista prever as ocorrências. Deste modo seria possível evitar as crises, fazendo com que a marcha da humanidade se aproxime, o quanto possível, da tendência natural.

Em suma, a física social desenvolvida por Comte, no qual o conhecimento genuíno se assenta na ciência e na observação dos fatos, rejeita as tentativas da teologia e da metafísica nas quais o propósito da vida está além do mundo físico. O positivismo comteano expressa confiança nos benefícios da industrialização, bem como um otimismo em relação ao progresso capitalista, guiado pela ciência e pela técnica. Desta forma, ciência, ou seja, sociologia é sinônimo de diagnostico, depois de diagnosticado os problemas, a ciência poderá virar ação.

2.

Comte determina que a sociedade evolui de um estado teológico para um positivista, tendo como intermédio um estado de transição, definido como metafísico. O estado teológico é o estado mais primitivo, “provisório e preparatório”, as explicações do cosmo (mundo) é dada por agentes sobrenaturais e o homem imagina ter uma compreensão absoluta do mundo. Já o estado metafísico, o qual o próprio Comte não nos fornece muitas informações, as explicações ocorrem por meio de entidades ocultas ou abstratas, sendo um estágio transitório, para o mais avançado estado o positivo.

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3.

A motivação da obra de Comte repousa no estado de ‘anarquia’ e de ‘desordem’ de sua época. Segundo ele, as sociedades européias se encontravam em um profundo estado de caos social. Em sua visão, as idéias religiosas haviam há muito perdido sua força na conduta dos homens e não seria a partir delas que se daria a reorganização da nova sociedade. Ao atravessarmos a obra de Comte, percebemos a constante preocupação com a ordem. Esta preocupação reflete o estado de espírito dos conservadores europeus diante do descontrole do processo revolucionário e a ascensão dos movimentos dos “de baixo”, especificamente o proletariado e os jacobinos.

4.

Não. Como demonstra o texto, o cientista social tem um papel fundamental a ser desenvolvido. Tal papel inicia-se com a descoberta das leis fundamentais que regem o funcionamento da sociedade. Tais leis são tão rígidas e imutáveis quanto qualquer outra lei natural de regulação do mundo físico ou biológico, e dessa forma, condicionam os movimentos gerais realizados pela coletividade. Sendo assim, nenhum cientista teria possibilidade de ajustar as leis naturais ou interferir na natureza social. Porém, conhecê-las é fundamental. Isto porque permite ao cientista perceber qual é a tendência natural desenvolvida historicamente pelos coletivos, ou seja, qual é seu comportamento normal e quais são os doentís (de crise). Agindo como médico, o sociólogo saberá usar os remédios que devolvam à sociedade sua trajetória natural, desviada pela doença. Na verdade, esse é um pilar de sustentação do pensamento positivista: a preponderância do todo sobre as partes, em decorrência disso qualquer cientista tem seu papel reduzido à descrição dos fenômenos sociais como autônomos ou, como gostaria Dürkheim, exteriores; conduzindo o sociólogo a uma posição necessariamente isenta e objetiva.

5.

Durante o processo da proclamação da república os pensamentos de Comte faziam parte da leitura obrigatória das pessoas comprometidas em mudar o regime de governo no Brasil. O lema da bandeira do Brasil foi extraída da fórmula máxima do positivismo comteano "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim.

A Sociologia de Comte está relacionada com o caráter reorganizador da sociedade e das instituições, pois o autor via na Sociologia Positiva um instrumento para que o homem fosse reeducado para reorganizar as estruturas políticas e sociais visando à ordem e ao progresso sociais. O Positivismo propunha, enfim, um modelo de ação humana, uma ordem mundial, uma nova forma de relação dos homens entre si e dos homens com o mundo.

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6.

Não. A sociedade possuiria dois movimentos naturais e essenciais. Movimento estático: responsável pela organização e equilíbrio do organismo, ajustando os individuos às condições que garantiriam um melhor funcionamento da sociedade. A harmonia é pressuposto fundamental da vida social e do próprio progresso. Movimento dinâmico: é o responsável pela evo lução do organismo social, segundo a lei universal: do mais simples para o mais complexo. Tal evolução se dá de forma linear e não contraditória.

7. E

8. B

9. E

10. B

11. A

12. D

13.C

14. B

15. B

16. D

17. A

18. A

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ÉMILE DURKHEIM

(1858-1917)

1. Relação indivíduo e sociedade

Consciência Coletiva:

a. Conceito: o conjunto de crenças, sentimentos, valores (MORAL) comuns à média dos membros de uma dada sociedade, formando um sistema determinado e com vida própria, e que se volta contra o indivíduo formatando e determinando seu comportamento;

b. Bom senso e a psique coletiva;

c. Representa as condições de existência de uma sociedade; A consciência coletiva é representada pelo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria”. São as crenças, os costumes, as idéias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros.

* Exterior: antes de nós [ao nascermos já encontramos estabelecidas as regras e a moral que regem os nossos comportamentos].

* Coercitiva: construir o amalgama que dá sustentação e unidade ao tecido social.

* Geral: espalhada pela maioria dos membros da sociedade.

A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais

2. A EDUCAÇÃO

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Diálogos:

Stuart Mill: educação é o fazer dirigido à perfeição;

Kant: educação é o agir sobre as crianças deve desenvolver a perfeição, promover o desenvolvimento harmônico das faculdades;

James Mill: educação busca garantir a felicidade individual para garantir a felicidade coletiva;

Crítica de Durkheim: os teóricos acima se enganam, pois: a) a educação não pode ser idealizada; b) o ideal de educando varia no tempo, portanto formular uma educação ideal ignora a história de cada sociedade; c) não educamos como queremos, visto que o modelo de educação é uma exigência da sociedade;

Definição da educação

Definição: ação das gerações mais velhas sobre as crianças e os adolescentes;

Função da educação: formar o ser social, socializar ou moralizar os indivíduos;

Duplo caráter da educação: uno e múltiplo:

Caráter múltiplo: educação prepara o sujeito para atuar num ambiente de divisão do trabalho, variando de classe, região, profissão etc;

Caráter una: mas inculca a consciência coletiva, visto que há uma base comum e sentimentos e pensamentos comuns que ela deve inculcar. Há um ideal de educado que se deseja, ou se deseja suscitar na criança:

3. A construção de uma ciência definitiva e autônoma

Fato Individual:

a. objeto de estudo da psicologia b. representa a psique dos indivíduos. c. guiado pela subjetividade, pelas emoções da individualidade de cada sujeito. d. não obedece a uma regularidade.

Fato Social:

a. objeto de estudo da Sociologia. b. representa as regras morais. c. exteriores as consciências individuais. d. apresenta um certa regularidade.

DEFINIÇÃO DE FATO SOCIAL: “são todas as maneiras de ser, pensar, sentir e agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção; que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente e exterior às manifestações individuais que possa ter.”

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Aprofundando a definição:

Maneiras de agir ou fazer: NÃO FIXAS

Correntes de opinião (não-cristalizadas).

Somos neste caso impulsionados a agir de uma determinada forma durante um curto período de tempo, por isso, são chamadas de não-fixas.

Maneiras de ser: FIXAS

Maneiras já consolidadas (cristalizadas).

As regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas financeiros ...

Exterioridade

* FORA e ANTERIOR ao indivíduo

* Processo Educativo, Socialização Metódica (Hábito)

Coercitividade

* Impõe-se aos indivíduos levando-os a conformarem às regras.

* No caso de Desobediência : Sanções ESPONTÂNEAS / Sanções LEGAIS

Generalidade

É justamente pelo fato social se impor e ser exterior aos indivíduos que ele generaliza.

Regras do Método:

a. os fatos sociais devem ser tratados como coisas.

b. é preciso afastar sistematicamente as pré-noções e os preconceitos.

c. Definir com precisão o objeto de investigação, procurando agrupar aqueles que manifestam características comuns.

d. o social se explica pelo social porque “ as causas dos fenômenos sociais são inerentes à sociedade”.

4. Sociedade um organismo vivo em adaptação: normal e patológico

Fato Social Normal: i) Se encontra generalizado pela sociedade; A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão.

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ii) Não pode extrapolar os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade; Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente, portanto, normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. iii) Desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução.

Fato Social Patológico: Chamaremos normais os fatos que apresenta as formas mais gerais e daremos aos outros o nome de mórbidos ou patológico. Os Fatos Patológicos: são excepcionais; eles não apenas se verificam só na minoria, mas também acontece que, lá mesmo onde eles se produzem, muito freqüentemente não duram toda a vida do indivíduo. A taxa de incidência desses fatos pode estão desencadear uma situação de crise, ou anomia, em que as regras de conduta preestabelecidas perdem o poder regulador, acentuando a crise já dada.

Vamos ao exemplo do Crime:

Se há um fato cujo caráter patológico parece incontestável é o crime todos os crimilogistas estão de acordo nesse ponto. O problema, porem, deveria ser tratado com menos rapidez.

Apliquemos, com efeito, as regras precedentes verificando se o crime é um fato social normal ou patológico.

I) se encontra generalizado pela sociedade;

O crime não se observa apenas na maior parte das sociedades desta ou daquela espécie, mas em todas as sociedades de todos os tipos. Não há nenhuma onde não exista criminalidade. Esta muda de forma, os atos assim qualificados não são os mesmos em toda a parte; mas, sempre e em toda a parte, houve homens que se conduziram de maneira a atrair sobre si a repressão penal.

II) não pode extrapolar os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade;

Desde o começo do século, a estatística nos fornece o meio de acompanhar a marcha da criminalidade; ora, por toda a parte ele aumentou. Na França, o aumento é de cerca de 300 por cento. Certamente pode ocorrer que o próprio crime tenha formas anormais; é o que acontece quando, por exemplo, ele atinge um índice exagerado. Não é duvidoso, com efeito, que esse excesso seja de natureza mórbida. O que é normal é simplesmente que haja uma criminalidade, contanto que esta não atinja e não ultrapasse, para cada tipo social, certo nível que talvez não seja impossível fixar de acordo com as regras precedentes.

III) desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução.

O crime é necessário ele está ligado às condições fundamentais de toda a vida social e, por isso mesmo, é útil; pois as condições de que ele é solidário são elas mesmas indispensáveis à evolução normal da moral e do direito.

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Quantas vezes, com efeito, o crime não é senão uma antecipação da moral por vir, um encaminhamento em direção ao que será! (Ver quadro Sócrates)

Sócrates - O homem que adaptou melhor o organismo vivo da sociedade

De acordo com o direito ateniense, Sócrates era um criminoso e sua condenação simplesmente justa. No entanto seu crime, a saber, a independência de seu pensamento, era útil, não somente à humanidade, mas à sua pátria. Pois ele servia para preparar uma moral e uma fé novas, das quais os atenienses tinham então necessidade, porque as tradições segundo as quais tinham vivido até então não mais estavam em harmonia com suas condições de existência. Ora, o caso de Sócrates não é isolado; ele se reproduz periodicamente na história. A liberdade de pensar que desfrutamos atualmente jamais poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem solenemente abolidas. Entretanto, naquele momento, essa violação era um crime, já que era uma ofensa a sentimentos ainda muito fortes na generalidade das consciências. Todavia esse crime era útil, pois preludiava transformações que, dia após dia, tornavam-se mais necessárias. A livre filosofia teve por precursores os heréticos de todo tipo que o braço secular justamente perseguiu durante toda a Idade Média, até as vésperas dos tempos contemporâneos.

5. Laços de Solidariedade Mecânico e Orgânico]

:: DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL:: Definição básica de solidariedade: Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras e cada uma delas por todas. Condição grupal resultante da comunhão de atitudes e sentimentos, de modo a constituir um grupo sólido, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face da oposição vinda de fora.

A. Solidariedade mecânica:

i. Sociedade simples; ii. Baixa divisão do trabalho produz similitudes iii. Coesão através da consciência coletiva / força

centrípeta iv. Indivíduo não se pertence / consciência coletiva

encobre consciência individual; v. Direito predominantemente repressivo; vi. Suicídio mais comum: altruísta;

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B. Solidariedade orgânica: i. Sociedade complexa; ii. Alta divisão do trabalho produz diferenças; iii. Coesão através da interdependência / força

centrífuga; iv. Consciência coletiva não toca a todos e deixa a

consciência individual descoberta; v. Direito predominantemente restitutivo; vi. Suicídios típicos: egoísta e anômico;

C. Elevação da divisão do trabalho se relaciona ao aumento da população, da densidade populacional e da densidade moral.

D. Tendência do predomínio da solidariedade orgânica e a possibilidade da Divisão do trabalho anômica;

EXÉRCÍCIOS

1.

Leia o trecho abaixo, em seguida responda a questão. “[Para Durkheim] (...) a sanção não tem a função de amedrontar ou de dissuadir; seu sentido não é este. A função do castigo é satisfazer a consciência comum, ferida pelo ato cometido por um dos membros da coletividade. Ela exige a reparação e o castigo do culpado é a reparação feita aos sentimentos de todos”.

(Aron, R. As Etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 293)

A partir dos conceitos de fato social e consciência coletiva, explique por que os desvios de condutas são necessários à sociedade.

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2.

Ao tratar da normalidade e da patologia sociais, Dürkheim defende que:

“Do mesmo modo, a aplicação de um remédio, sendo útil ao doente, poderia passar por fenômeno normal, embora seja evidentemente anormal, pois é apenas em circunstâncias anormais que tem tal utilidade. (...) Finalmente, e sobretudo, se é verdade que tudo quanto é normal é útil (a menos que seja necessário), é falso que tudo que é útil seja normal”.

(Dürkheim, As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Editora Nacional, 1995. p. 55)

Como Dürkheim diferencia os fenômenos normais dos mórbidos? A morbidade pode também ser útil? Justifique.

3.

Leia as notícias

Notícia: A

Foi notícia no portal G1 da Globo: Edição do dia 10/06/2010

10/06/2010 23h18 - Atualizado em 10/06/2010 23h24

Monstro do Maranhão também abusou de suas filhas-netas

Laudos médicos revelaram que o lavrador, que teve seis filhos com a própria filha, estuprou a filha-neta de cinco anos. Peritos afirmam que ele também molestava uma outra filha-neta de oito anos.

A polícia do Maranhão revelou nesta quinta que o lavrador preso por abusar sexualmente da filha fez outras vítimas: duas filhas-netas dele.

A liberdade veio depois de 16 anos de sofrimento. Sandra, de 29 anos, passou metade da vida refém, num casebre escondido numa ilha do norte do Maranhão. De acordo com a polícia, ela engravidou sete vezes do pai, o lavrador José Agostinho, de 54 anos.

O casebre de terra batida, sem nenhum móvel, também serviu de cativeiro para as crianças, que viviam isoladas do mundo. Nenhuma frequentava a escola.

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Não há paredes nos quartos, mesmo com a casa fechada dava para perceber alguém se aproximando por uma pequena janela de vidro.

José Agostinho está numa cela, isolado dos demais presos. Ele confessou que abusava da filha e disse que só não é pai de uma das crianças.

“Tive seis filhos com a minha filha”, admitiu José Agostinho.

Laudos médicos revelaram que o lavrador estuprou a filha-neta de cinco anos e peritos afirmam que ele também molestava uma outra filha-neta de oito anos.

“Ele está preso porque ele mantinha em cárcere privado a filha e os filhos que ele teve com ela, pelo abandono intelectual, pelo abandono material e também pelo estupro de vulnerável, que é de uma das filhas que ele teve com a própria filha”, declarou a delegada Adriana Meireles.

Notícia: B

Monstro do Maranhão é decapitado: Imagem forte José Agostinho Bispo, o "Monstro do Maranhão", foi um dos decapitados durante rebelião em presídio.

http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/urbano/2011/02/08/interna_urbano,71817/index.shtml

Explique a reação dos presidiários em decapitar José Agostinho Bispo. Utilize os conceitos da sociologia de Émile Dürkheim

4.

Leia o texto abaixo, depois faça o que se pede.

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“O crime é um fenômeno normal ou, mais exatamente, uma certa taxa de crime é normal”.

(ARON, R. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 331)

Justifique o texto acima.

5.

Analisando os dados de uma pesquisa realizada em nível nacional e publicada pelo Jornal Folha de S. Paulo sobre os jovens brasileiros com idade entre 16 e 25 anos, disse Contardo Galligaris:

“Eles se preocupam sobretudo com família, saúde, trabalho e estudo. Seu maior sonho é a

realização profissional – não empreendimentos fantasiosos, mas o devaneio de qualquer mãe de classe média: ser médico, advogado ou encontrar um bom emprego que lhes garanta casa própria e carro. [...] Cúmulo para quem imagina que os adolescentes sejam contestatórios: em sua maioria, eles acham que o que aprendem na escola é de grande utilidade para o futuro.”

(Folha de S. Paulo. Cad. Especial. Edição de 27/07/2008. p. 3.)

Relacione as informações acima com as idéias de Émile Dürkheim e explique:

a) a função social da educação.

b) o papel das gerações velhas e novas no processo educacional.

6.

A consciência coletiva para Durkheim corresponde às idéias, sentimentos, crenças religiosas e práticas morais comuns à maioria dos membros de uma sociedade, que responsável por dar forma e conteúdo ao tecido social, resulta de um pacto de vontades, uma espécie de contrato erigido por todos ou pela maioria, a partir de seus interesses e vontades?

7.

De acordo com Émile Durkheim, a educação:

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“É a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda educadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine”.

a) De acordo com o texto é possível perceber que a educação para Durkheim corresponde a toda ação humana que nos conduza à perfeição.

b) Deve ser idealizada e planejada para que se possam mudar os rumos de uma sociedade desigual

c) Tem uma função socializadora para os seres egoístas e associais (crianças). Então, é papel da educação pôr fim os sentimentos mais mesquinhos e desenvolver sempre a solidariedade e o amor ao próximo.

d) Não educamos como queremos, visto que a educação deve produzir um conjunto de estados mentais e corporais exigidos pela sociedade e não idealizados pelo professor.

e) De acordo com o texto é possível perceber que a educação para Durkheim corresponde ao processo de criação dos instrumentos necessários para que cada criança consiga buscar sua felicidade individual e, dessa forma, alcancemos coletivamente nossa felicidade.

8.

“Do ponto de vista de autores tais como Émile Durkheim, a educação seria um poderoso fator de integração e socialização do indivíduo na sua cultura, fazendo com que este assimilasse e internalizasse os valores e as normas da sociedade na qual está inserido. A educação, neste sentido, representaria fundamentalmente um papel de reprodução das práticas sociais vigentes.”

A partir da análise atenta do texto acima e dos conhecimentos construídos coletivamente acerca do pensamento de Émile DURKLHEIM, julgue as alternativas:

I. o trecho “a educação seria um poderoso fator de integração e socialização do indivíduo na sua cultura” diz respeito à função social cumprida pela educação, sendo ainda evidência da exterioridade da educação em relação aos indivíduos.

II. o trecho “fazendo com que este assimilasse e internalizasse os valores e as normas da sociedade na qual está inserido” constitui uma evidência do caráter coercitivo da educação.

III. o trecho “A educação, neste sentido, representaria fundamentalmente um papel de reprodução das práticas sociais vigentes” nos leva à conclusão de que para DURKHEIM a sociedade pode mudar a partir de pequenas alterações nos comportamentos individuais.

IV. o trecho “fazendo com que este assimilasse e internalizasse os valores e as normas da sociedade na qual está inserido” constitui uma evidência do caráter transformador da educação.

Estão corretas:

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a) I e II.

b) I e III.

c) II e IV.

d) I, III e IV.

e) Todas estão corretas

9.

Para Dürkheim, o castigo deve atuar, antes de tudo, sobre as pessoas honestas. Isto porque:

a) A ordem social corre maior risco quando uma pessoa honesta realiza um crime do que um criminoso. Daí a necessidade da coerção.

b) Os indivíduos honestos só são por pressão, logo tem maior tendência a desejar o crime do que o próprio criminoso.

c) O castigo serve para curar feridas causadas nos sentimentos coletivos, confirmando a validade da regra e do acordo social.

d) Só são considerados seres sociais aqueles indivíduos que respeitam a consciência coletiva, logo não cabe aos fatos sociais qualquer tipo de coerção sobre os criminosos.

10.

Sobre a consciência coletiva podemos afirmar que:

(03) é exterior, genérica e coercitiva; portanto, comporta-se como um fato social.

(07) existe independentemente das instituições sociais.

(11) é o fato social por excelência, origem de todos os demais.

(13) é resultado do que foi determinado pela norma jurídica.

A soma das alternativas corretas é igual à:

a) 21

b) 03

c) 14

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d) 18

11.

“Ao longo da última década, os hackers passaram por uma transformação gradual – de uma população pouco conhecida de entusiastas em computação a um grupo de desviantes, alvo de maledicência, que se acredita venha a ameaçar a própria estabilidade da era da informação.”

(GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.172.)

Em sua análise do ato criminoso, Durkheim vinculou-o à consciência coletiva e às suas manifestações na vida social. De acordo com o pensamento desse autor, marque a alternativa INCORRETA.

a) A consciência coletiva abrange estados fortes e definidos de pensamento e sentimento compartilhados. Um ato é criminoso quando ofende esses estados da consciência coletiva.

b) A consciência coletiva refere-se ao conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade. A classificação de um ato como criminoso não depende das consciências particulares.

c) A consciência coletiva, na modernidade, recobre toda consciência individual, anulando-a. A noção de ato criminoso está presente em todos os indivíduos mentalmente normais.

d) A consciência coletiva corresponde, de certa forma, à moral vigente na sociedade. Um ato não é reprovado por ser criminoso, mas é criminoso por ser reprovado.

12.

Dentre as assertivas abaixo assinale a única incorreta. Todas discutem a relação INDIVÍDUO X SOCIEDADE para DURKHEIM. a) O indivíduo tem nula importância para a compreensão da sociedade, que tem origem exterior

aos indivíduos: O todo é mais que a soma das partes. b) Se a origem da sociedade constrói-se independente do indivíduo, sua transformação e

mudança é resultado das alterações na consciência coletiva, propiciadas pela cristalização da insatisfação dos indivíduos contra a atuação das instituições.

c) O ódio que individualmente sentimos diante do crime é resultado de uma pressão exercida pela moral social, sendo exterior e por isso generalizando-se, na medida em que somente assim, fundamentar-se-ia a necessidade de controle dos indivíduos, coerção e punição dos que desobedecem, servindo ainda de fundamento e alicerce da sociabilidade.

d) Nossos hábitos e costumes acabam por generalizar-se porque são exteriores. Dessa forma, são maciçamente impostos a nós; que nos adequamos aos padrões ditados e definidos pela consciência coletiva e instituições sociais de nosso tempo. Distante de ser geral por estar nas partes está nas partes por ser geral.

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13.

Émile Durkheim concebeu teoricamente a moderna sociedade industrial como uma totalidade harmônica, a partir de dois eixos de observação/análise: o eixo da integração e o da regulação social.

De acordo com o pensamento de Durkheim, analise as assertivas.

I. A integração entre os indivíduos refere-se à constituição de fortes laços que são possibilitados pela divisão do trabalho.

II. A regulação refere-se à existência de normas de conduta, baseadas nos interesses das classes dominantes da sociedade.

III. A integração tem um caráter eminentemente moral, ou seja, sustenta-se no sentimento de dever de um indivíduo para com os outros indivíduos.

IV. A regulação inclui tanto as normas sociais derivadas dos costumes quanto aquelas inscritas no Direito dos povos.

Estão corretas:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e IV.

d) I, III e IV.

e) Todas estão corretas

14.

Acerca da diferenciação entre NORMAL E PATOLÓGICO, proposta por DÜRKHEIM, leia as assertivas abaixo posteriormente assinalando V ou F:

I. O crime, definido como um “ato que ofende certos sentimentos coletivos” é normal, contando que ao atingir não ultrapasse, para cada tipo social, um certo nível.

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II. A sociedade é para Durkheim um depositório de valores que de uma forma mais ou menos regular se consensualiza. E normais são todos os acontecimentos que fortalecem tal situação de consenso.

III. Durkheim reconhece que a generalidade/universalidade torna os fatos sociais, a princípio, normais.

IV. A patologia pode constituir-se também mediante o comportamento negador do bom senso, na medida em que os indivíduos colocam-se frontalmente contra a moral social, incentivando ou “desculpando” o ato criminoso.

São VERDADEIRAS as alternativas:

a) I, II e III.

b) II, III e IV

c) I, III e IV

d) I, II, III e IV

15.

Acerca da diferenciação entre NORMAL E PATOLÓGICO, proposta por DÜRKHEIM, leia as assertivas abaixo posteriormente assinalando V ou F:

I. O crime, definido como um “ato que ofende certos sentimentos coletivos” é normal, contando que ao atingir não ultrapasse, para cada tipo social, um certo nível.

II. A sociedade é para Durkheim um depositório de valores que de uma forma mais ou menos regular se consensualiza. E normais são todos os acontecimentos que fortalecem tal situação de consenso.

III. Durkheim reconhece que a generalidade/universalidade torna os fatos sociais, a princípio, normais.

IV. A patologia pode constituir-se também mediante o comportamento negador do bom senso, na medida em que os indivíduos colocam-se frontalmente contra a moral social, incentivando ou “desculpando” o ato criminoso.

São VERDADEIRAS as alternativas:

a) I, II e III.

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b) II, III e IV

c) I, III e IV

d) I, II, III e IV

16.

Émile Dürkheim, analisando a organização da sociedade e o papel dos indivíduos em relação à criminalidade e ao direito, afirmava que

“(...) supondo que a pena possa realmente servir para proteger-nos no futuro, estimamos que deva ser, antes de tudo, uma expiação do passado. O que o prova são as precauções minuciosas que tomamos para proporcioná-la tão exatamente quanto possível à gravidade do crime; elas seriam inexplicáveis se acreditássemos que o culpado deve sofrer porque fez o mal e na mesma medida(...)

(...) Podemos dizer, pois, que a pena consiste em uma reação passional de intensidade graduada. Mas de onde emana esta reação? Do indivíduo ou da sociedade?”

Fonte: DURKHEIM, É. “Da divisão social do trabalho”. In: Os pensadores. Tradução de Carlos A. B. de Moura et al. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.45-46.

De acordo com os seus conhecimentos sobre Durkheim e em resposta ao questionamento formulado pelo autor, é correto afirmar que a reação que resulta em uma pena emana:

a) Da sociedade, pois, quem sofre os atentados e ameaças são os membros da sociedade e não a própria sociedade.

b) Do indivíduo, pois a pena, uma vez pronunciada, passa a ser uma punição individual e deixa de ter relação com a sociedade.

c) Da sociedade, pois quando um atentado é dirigido a um indivíduo, não deve ser considerado como um atentado à própria sociedade.

d) Do indivíduo, pois quem sofre atentados e ameaças são os membros da sociedade e não a

própria sociedade.

e) Da sociedade, pois, quando um atentado é dirigido a um indivíduo, este deve ser considerado como um atentado à própria sociedade.

17.

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Em fevereiro de 1999, o Seminário Internacional sobre Direito Ambiental, ocorrido em Bilbao, na Espanha, propôs, na Declaração de Viscaia, a extensão dos direitos humanos ao meio ambiente, como instrumento de alcance universal. No parágrafo 3.o

do artigo 1.o da referida declaração, fica estabelecido: “O direito ao meio ambiente deverá ser exercido de forma compatível com os demais direitos humanos, entre os quais o direito ao desenvolvimento”. No Brasil, o cumprimento desse direito configura um grande desafio. Na Região Amazônica, por exemplo, tem havido uma coincidência entre as linhas de desmatamento e as novas fronteiras de desenvolvimento do agronegócio, marcadas por focos de injustiça ambiental, com freqüentes casos de escravização de trabalhadores, além de conflitos e crimes pela posse de terras, muitas vezes, impunes.

Disponível em: <http://www.unicen.com.br/universoverde>. Acesso em: 9 maio 2009. (com adaptações).

Promover justiça ambiental, no caso da Região Amazônica brasileira, implica

A) fortalecer a ação fiscalizadora do Estado e viabilizar políticas de desenvolvimento

sustentável.

B) ampliar o mercado informal de trabalho para a população com baixa qualificação

profissional.

C) incentivar a ocupação das terras pelo Estado brasileiro, em face dos interesses

internacionais.

D) promover alternativas de desenvolvimento sustentável, em razão da precariedade

tecnológica local.

E) ampliar a importância do agronegócio nas áreas de conflito pela posse de terras e combater a violência no campo.

18.

O sociólogo francês Emile Dürkheim, considerado o fundador da Sociologia, cunhou o termo consciência coletiva. Sobre esse conceito, é correto afirmar que:

A) a família, o trabalho, os sindicatos, a educação, a religião, o controle social e até a punição do crime são alguns mecanismos que criam e mantêm viva a integração e a partilha da consciência coletiva.

B) essa consciência implica uma solidariedade de tipo orgânica, caracterizada pela pouca divisão social do trabalho.

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C) os processos de socialização e internalização individual não são responsáveis pela aquisição, por parte dos indivíduos, de valores, crenças e normas sociais que mantêm os grupos e as sociedades integrados.

D) implica uma solidariedade comum que molda as consciências individuais, sem exercer qualquer tipo de coerção social sobre elas.

19.

Quando pensamos no papel executado pela divisão do trabalho social em Dürkheim não podemos dizer que os homens dividiram o trabalho e atribuíram a cada um uma atividade própria, com o objetivo de aumentarem a eficácia do rendimento coletivo, pois isto seria supor os indivíduos diferentes uns dos outros e conscientes dessas diferenças, antes de ter ocorrido a própria diferenciação social.

Para Dürkheim, “a consciência da individualidade não pode ter existido antes do aparecimento da solidariedade orgânica e da divisão do trabalho, tal como a busca racional de um rendimento maior, não pode explicar a diferenciação social, porque essa busca supõe justamente aquela diferenciação social”.

Do exposto, demonstre que para Dürkheim, a divisão do trabalho social constitui um fenômeno moral.

20.

Considere a citação abaixo e responda.

“Se, normalmente, a divisão do trabalho produz a solidariedade social, pode acontecer contudo que ela tenha resultados completamente diferentes, ou mesmo opostos.”

DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Lisboa: Editorial Presença, 1977, vol. II., p. 145.

De acordo com a Sociologia de Durkheim, responda:

A) Qual é a designação do tipo de solidariedade preponderante nas sociedades modernas industriais? Qual é o principal fator responsável pela coesão social nessas sociedades?

B) O que significa anomia social? Que circunstâncias são mais propícias à ocorrência da anomia social?

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21.

Diferencie o direito repressivo do restitutivo.

22.

Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma lei da história que a solidariedade mecânica, a qual a princípio é quase única, perca terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne preponderante”.

(Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67.)

Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples, organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por semelhança, também chamada de solidariedade mecânica. Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do aprofundamento da especialização profissional.

De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que:

a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica para a solidariedade mecânica, em função da multiplicação dos clãs.

b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica, as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica.

c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica, em função da intensificação da divisão do trabalho.

d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho, as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade.

e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade e, por isso, tendem a desaparecer progressivamente.

23.

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De acordo com Durkheim, a anomia refere-se à ausência ou inadequação das regras que regulam as situações de interação social. Com esse conceito podemos compreender que para Durkheim:

I. A liberdade de expressão artística caracteriza uma situação tipicamente anômica.

II. Nas sociedades industriais a vida econômica sofre de anomia por falta de regras morais que limitem a ambição humana.

III. Os casamentos grupais encontrados em algumas sociedades primitivas são anômicos, pois exprimem ausência de regras morais de conduta.

IV. O individualismo das sociedades modernas configura um caso de anomia, pois desenvolveu-se graças à inadequação das regras familiares de convivência.

É correto o que se afirma em:

a) I. b) II. c) III. d) I e IV. e) II e III.

24.

“Visto que um corpo de regras é a forma definida que, com o tempo, assumem as relações que se estabelecem espontaneamente entre as funções sociais, pode-se dizer a priori que o estado de anomia é impossível sempre que os órgãos solidários estejam em contato bastante e suficientemente prolongado”.

(Durkheim, A divisão do trabalho social. P.359-65)

Tomando por base o texto acima e acerca dos conceitos do pensamento sociológico de Durkheim, leia as assertivas abaixo e, posteriormente, assinale a CORRETA:

I. Se a divisão social do trabalho não produzir solidariedade e, portanto as relações entre os órgãos se tornar desregulamentada, podemos chamá-la de anômica.

II. Mantém válida a postura organicista que entende o funcionamento social harmônico enquanto a coesão entre as partes se fizer presente.

III. A ampliação da divisão do trabalho causa, incondicionalmente, anomia visto que o número maior de tarefas realizadas pelos indivíduos impede que a consciência coletiva cubra com perfeição o coletivo social.

Alternativas:

a) I e II são verdadeiras. b) I e III são verdadeiras.

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c) II e III são verdadeiras. d) Todas são verdadeiras. e) Apenas a II é verdadeira.

RESOLUÇÕES

1.

Durkheim via o crime e os desvios de conduta como fatos sociais; acreditava que ambos fossem elementos inevitáveis e necessários para a sociedade, preenchendo duas funções importantes. Primeiramente o desvio possui uma função adaptável. Ao introduzir novas idéias e desafios a sociedade, o desvio age como uma força inovadora, que gera mudanças. Em segundo lugar, o desvio de conduta promove a manutenção social, ou melhor, reforça a consciência coletiva ao provocar um sentimento comum de ódio contra os transgressores esclarecendo as normas sociais aceitáveis para a sociedade.

2.

Um fato social patológico é aquele que coloca em risco a vida da sociedade ao quebrar seu consenso. Sua manifestação é rara e passageira, produzindo-se em taxas insuportáveis para a sociedade. Mas, ainda assim, os fatos patológicos podem ter alguma utilidade, sobretudo quando deixam como herança a imunização da sociedade contra novas crises, o reforça de algumas instituições ou o progresso social.

3.

É possível perceber que o crime provoca uma ruptura dos elos de solidariedade, e sua incontestável reprovação serve, do ponto de vista da sociedade em questão, para confirmar e vivificar valores e sentimentos comuns e, desde uma perspectiva sociológica, permite demonstrar que alguns valores possuem a função de assegurar a existência da própria associação. A vingança é exercida contra o agressor na mesma intensidade com que a violação por ele perpetrada atingiu uma crença, uma tradição, uma prática coletiva, um mito ou qualquer outro componente mais ou menos essencial para a garantia da continuidade daquela sociedade.

4.

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É normal todo fato social que reponha as condições de existência de uma dada sociedade, em outras palavras, a normalidade é marcada pela confirmação da validade das regras morais comuns à medida dos indivíduos de uma mesma sociedade. O crime é um fenômeno que arrasta consigo uma conseqüência imediata: o ódio ao crime. Odiar o crime significa ter sido provocado em sua sensibilidade coletiva, em seu bom senso, e, portanto, reagir na defesa de seus valores consolidados. Nesse sentido, o crime reforça o senso de justiça que compõe a consciência coletiva de uma sociedade. Todavia, esta abordagem também pode ser feita pela ótica estatística. A freqüência dos atos criminosos é, surpreendentemente constante, e suas oscilações são delicadas e graduais. Isso permite Dürkheim imaginar que além de reproduzir a existência social, o fato social normal, dentro de sua generalidade, tem uma reprodução relativamente constante. Fugindo à tendência, um fenômeno patológico se apresenta alterando repentinamente os padrões estatísticos de sua freqüência. Portanto, mais exatamente, uma certa taxa de crime é normal.

5.

a) a função social da educação.

A função social da educação para Durkheim circunscreve-se à transformação de um ser associal em social, ou seja, formar o ser social. Afinal, como afirma esse teórico, ninguém nasce pintor ou ladrão, a sociedade assim os faz. E a educação é a ferramenta primeira para incutir os valores coletivos (função uma) e as práticas específicas às regiões, classes sociais e profissões (função múltipla).

b) o papel das gerações velhas e novas no processo educacional.

Ao tratar da educação, Durkheim a entende como a ação das gerações mais velhas sobre as mais novas, conformando estas às noções e padrões sociais necessários à vida coletiva. Portanto, as gerações mais velhas são portadoras da sociabilidade, ausente nas mais novas, e a educação promove a conexão entre ambas. Assim, as gerações mas velhas possuem função de incutir e as mais novas de receber a socialização produzida pela educação.

6.

A consciência coletiva não resulta de um pacto de vontades, como afirma Durkheim, a sociedade é sempre maior que a soma das consciências individuais. O todo possui vida própria que independe dos interesses e das vontades individuais.

7. D

8. A

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9. C

10. C

11. C

12. B

13. D

14. D

15. D

16. E

17. A

18. A

19.

Para o autor francês a solidariedade orgânica é característica de sociedades complexas, onde os laços de coesão nascem espontaneamente do aprofundamento da divisão do trabalho social, substituindo laços outrora mecânicos.

Essa transição resulta do crescimento demográfico que exige uma nova forma de densidade moral. Não sendo mais possível que a coesão se sustente por meio da semelhança, tem lugar um poderoso e exterior processo de diferenciação das funções cujos efeitos são eminentemente morais, numa palavra, suscita novas formas e justificativas para os laços de coesão e solidariedade.

Sendo fundamentalmente moral, antes de ser econômico; tais laços estabeleceriam os vínculos entre cada indivíduo e a totalidade social, agora baseandos na diferenciação e numa natural interdependência que dela emerge.

20.

A) Nas sociedades modernas também denominadas “industriais” ou “superiores” a forma de solidariedade é do tipo orgânica. Neste caso, segundo Durkheim, a divisão do trabalho é o fator responsável por gerar uma integração no corpo social, uma interdependência, fruto da especialização e da complementaridade dos papéis sociais.

B) Anomia pode ser definida como ausência de leis e normas. Também é possível perceber o conceito de anomia como um sentimento de falta de objetivos ou de desespero, uma espécie de vazio na relação indivíduo-sociedade. Este estado aparece em circunstâncias diversas como inadequação de certas funções umas em relação às outras (problema de falência nos momentos de crise econômica) a ponto de não estabelecer reciprocidade nas relações sociais, uma outra causa de anomia é a

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intensificação demasiada na divisão do trabalho podendo causar um egoísmo exacerbado nos indivíduos, rompendo, assim, os laços de solidariedade.

21.

O direito repressivo revela a consciência coletiva nas sociedades de solidariedade mecânica. A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade.

No direito restitutivo, a principal preocupação é fazer com que as situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seu estado original, antes da lei ser violada. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo, mas apenas uma função específica desempenhada nela. Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva, maior é a diferenciação individual.

22. C

23. B

24. A