Aula 00 - Direito Administrativo Estratégia

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Direito Administrativo para AFRFB 2014

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  • Curso Terico e de Questes Comentadas para a Receita Federal

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    APRESENTAO

    Fala Galerinha!

    Antes de tudo, leia todo o texto antes das questes propriamente ditas, para, depois, no dizer que foi enganado(a), rsrs...

    hora de estudarmos para a Receita Federal. Sem dvida um excepcional concurso, uma excelente oportunidade de ingressar no Estado e desempenhar uma das funes mais importantes da Administrao Pblica: a de fiscalizao.

    O nmero de vagas para Auditor no assim to considervel.

    agora pra valer. Edital na Praa, e sem grandes alteraes na parte de Direito Administrativo. Esse curso plenamente vlido para o concurso de Analista Tributrio, pois, no h tantas mudanas em relao ao cargo de Auditor Fiscal.

    O nvel dos candidatos HVWiFDGDYH]PDLVSDYRURVR, por isso condio sine qua non para o sucesso uma tima preparao por meio de cursos direcionados. Enfim, ideal definir a estratgia, e que seja cirrgica.

    E, se voc procura estratgia, no perca tempo, vem para o curso estratgia. Aqui no stio do curso on-line estratgia voc vai encontrar os melhores Professores, os melhores materiais. E mais: tudo isso com Edital atualizadssimo, e s confirmar o nosso cronograma, um pouco mais frente.

    Digo que, nas poucas horas vagas, sou Professor de Direito Administrativo, de Direito Constitucional e Administrao Pblica em cursos preparatrios. Prestei e reprovei em alguns concursos pblicos (a vida de concursando assim, nem sempre se ganha!). Prestei e reprovei: prefeitura de Araruama, Belfort Roxo, TCM-RJ e outros mais, rsrs. Prestei e aprovei em outros, como, por exemplo, TCU 2001 e 2002, CGU 2002 e 2004, Polcia Federal, MPU, ISS-SP/2007 e ICMS-RJ/2011, o que, no mundo dos concursos, atribui-me a qualidade de concursando de FDUWHLULQKD Ah! Sou autor dos livros Resposta Certa (editora Saraiva), Licitaes e Contratos e Questes Discursivas de Direito Administrativo (licitaes, controle externo, finanas, controle da Administrao e outros temas), porm, este ltimo livro no til para o atual concurso, afinal, a EDQFD DUUDQFRX DV TXHVW}HV GLVFXUVLYDV GH 'LUHLWR $GPLQLVWUDWLYR 1RHQWDQWR VHTXLVHU FRPSUDUGHSRLVGHSDVVDUQDSURYD SUD OHLWXUDGHcabeceira (d um sono danado, rs.), seja bem vindo!

    Com relao banca organizadora, reafirmo termos a presena da ilustre ESAF, uma das melhores organizadoras de concursos pblicos do pas, afinal, costuma prezar pela qualidade dos certames. E, nos ltimos WHPSRVDQGDDVVRPEUDQGRRVFRQFXrsandos. As provas esto bastante criativas.

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    PROGRAMA E CRONOGRAMA

    O quadro abaixo sintetiza como ser distribudo nosso curso, segundo o Edital da Receita, vlido, como sobredito, para o cargo de Analista Tributrio. O nvel das provas muito parecido na parte de Direito Administrativo:

    x Aula 00 - 13/03/2014 - Estado, governo e administrao pblica: conceitos, elementos, poderes e organizao; natureza, fins e princpios. Direito Administrativo: origem, conceito, fontes. Sistemas Administrativos. ITENS 1, 2 e 16 DO EDITAL.

    x Aula 01 - 15/03/2014 - Regime Jurdico Administrativo: princpios bsicos da Administrao Pblica. ITEM 2 DO EDITAL.

    x Aula 02 - 20/03/2014 - Ato administrativo: conceito, validade, eficcia, elementos; atributos; ITEM 7 DO EDITAL.

    x Aula 03 - 20/03/2014 - Ato administrativo: extino, desfazimento e sanatria; classificao, espcies e exteriorizao; vinculao e discricionariedade. ITEM 7 DO EDITAL.

    x Aula 04 - 22/03/2014 - Poderes administrativos. ITEM 9 DO EDITAL.

    x Aula 05 - 25/03/2014 - Servios pblicos. Concesses, permisses e autorizaes. ITEM 11 DO EDITAL.

    x Aula 06 - 30/03/2014 - Responsabilidade civil do Estado. ITEM 14 DO EDITAL.

    x Aula 07 - 30/03/2014 - Processo Administrativo Federal e Lei de Acesso Informao. ITENS 8 e 18 DO EDITAL.

    x Aula 08 - 02/04/2014 - Parcerias Pblico-Privadas e Consrcios Pblicos. ITENS 3 e 11 DO EDITAL.

    x Aula 09 - 05/04/2014 - Licitaes pblicas e contratos administrativos. Contratao de micro empresas e empresas de pequeno porte. Margem de preferncia nas contrataes pblicas. ITEM 10 DO EDITAL.

    x Aula 10 - 10/04/2014 - Sistema de Registro de Preos. Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores. Prego presencial e eletrnico e demais modalidades de licitao. Instruo Normativa SLTI/MP n 02, de 2008. Contratos de repasse. Convnios. Termos de cooperao. Acordos, em sentido amplo, celebrados pela administrao pblica federal com rgos ou entidades pblicas ou privadas. Portaria Interministerial CGU/MF/MP n. 507/2011. Instruo Normativa SLTI 5 de 7 de novembro de 2013. Diretrizes da Comisso Gestora do SICONV. ITEM 10 DO EDITAL.

    x Aula 11 - 10/04/2014 - Administrao Pblica direta e indireta e Terceiro Setor. ITENS 3 e 4 DO EDITAL.

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    ORIENTAES FINAIS1

    A seguir, gostaria de tecer breves consideraes a respeito da experincia como professor de cursos preparatrios, somada prpria trajetria como concursando.

    No h um mtodo nico para a aprovao em concurso. No existe uma UHFHLWD GH EROR LQIDOtYHO TXH SRVVD VHU XWLOL]DGD SRU WRGDV DV SHVVRDVTambm no h como pr-determinar de forma generalizada um nmero de horas mnimo ou mximo por dia que o aluno deve se dedicar aos HVWXGRVFRPRVHIRVVHDFKDYHGRVXFHVVR1mRVHSRGHGL]HUDLQGDque est certo ou errado estudar somente uma matria (ou mais de uma) numa semana. Em sntese, o segredo : crie a sua prpria estratgia.

    Claro que, a partir de experincia prpria, como estudante e, sobretudo, como colaborador na preparao de alunos para concursos, principalmente os realizados pela Esaf, Cespe e FCC, cheguei a algumas concluses:

    1. Planejamento: preciso que se estabelea um ciclo de estudos. No ciclo, independentemente do nmero de horas de estudo que for definido para cada dia da semana, o importante estudar TODOS os dias, ainda TXHDSHQDVPHLDKRUD$TXLYDOHRGLWDGRGHTXHRKiELWRID]RPRQJHPode ser uma matria de cada vez, mais de uma, ou todas numa semana. Mas preciso, fundamentalmente, uma rotina, um mtodo, algo padronizado. Costumo dizer aos candidatos que, independentemente do concurso, so sempre trs os requisitos para a aprovao PLANEJAMENTO (a tal da rotina), DISCIPLINA (cumprir o planejado) e DISPOSIO (cumprir o planejado, com todo afinco possvel);

    2. Seu projeto pode durar seis meses, um ano, ou mais anos. De todo modo, o caminho ser mais curto se voc no perder o foco no concurso desejado. Costumo afirmar aos colegas que no esmoream, continuem entusiasmados, avanando sobre a matria, pois como j diz XP YHOKR DOPLUDQWH IX]LOHLUR QDYDO XP FRUSR TXH QmR Yibra um HVTXHOHWRTXHVHDUUDVWDRXVHMDVHYRFrQo quer ser um esqueleto se arrastando sobre a disciplina ento vibre com cada tpico novo que voc aprende de cada matria que ir cair na sua prova;

    3. No escolha cursinhos preparatrios por grife. Informe-se sobre as qualidades dos professores, analisando se atendem s suas necessidades. Verifique com ex-alunos do curso que pretende fazer se as aulas esto em sintonia fina com o que h de mais recente na jurisprudncia dos Tribunais Superiores;

    4. Tenha f, o candidato a concurso pblico deve ter f, deve crer que no GLD'IDUiDVXDPHOKRUSURYDGHYHFUHUTXHGXUDQWHDVXDSUHSDUDomRno medir esforos para estudar todos os itens do edital e,

    1 As dicas so sintticas, fruto de minha experincia colhida no magistrio, especialmente em minhas turmas de Tribunal de Contas da Unio, que tive o prazer de orientar nos ciclos de estudo no ano 2003 em Braslia. Para um maior aprofundamento, recomendo a excelente e criativa obra do autor Alexandre Meirelles. Simplesmente adorvel.

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    principalmente, deve crer que capaz de ocupar aquele to sonhado cargo pblico.

    Outra coisa, jamais acreGLWH QDV /(1'$6 TXH VmR FRQWDGDV QRVFRUUHGRUHVGRVFXUVLQKRVGHTXH)XODQRGHWDOSDVVRXQRFRQFXUVRVHPestudar porque muito inteligente. No caia nessa. Passar em concurso exige: DISCIPLINA e DEDICAO. No h glria sem sofrimento, mesmo SDUDR)XODQRGHWDOR6U,QWHOLJrQFLD Assim, tenho a certeza de que imbudo desse nimo de confiana ficar mais fcil para assimilarmos os conceitos constantes dos tpicos sobre Direito Administrativo que sero apresentados ao longo de tantas aulas.

    Bom, pDVVHPRVjDXOD-GHPR(VSHURTXHVHGHOLFLHPFRPRDVVXQWR Abrao a todos,

    Cyonil Borges.

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    Sumrio

    1. Noes Introdutrias.................................................................................................................. 8

    1.1. Estado: conceito, elementos e classificaes ................................................................ 8

    2. Origens histricas do Direito Administrativo; conceito; objeto; e fontes do Direito Administrativo. ............................................................................................................................. 14

    2.1. Consideraes gerais .................................................................................................... 14 2.2. Direito: ramos e sub-ramos .......................................................................................... 18 2.3. Origem do Direito Administrativo ................................................................................ 19 2.4. Codificao ................................................................................................................... 26 2.5. Conceito e Objeto do Direito Administrativo ............................................................... 27 2.6. Fontes ou formas de expresso ..................................................................................... 43

    I) Leis ................................................................................................................................ 44 II) Jurisprudncia.............................................................................................................. 48 III) Doutrina ................................................................................................................. 51 IV) Costumes ..................................................................................................................... 51 V) Princpios ..................................................................................................................... 53

    2.7. Especificidades Metodolgicas do Direito Administrativo ......................................... 53

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    Nosso pas, por exemplo, de grande extenso territorial, sendo a integrao bastante facilitada por conta da presena de um nico idioma, o portugus. De outro lado, h pases em que se fala mais de um idioma e nem por isso deixam de ser vistos como Estado. Exemplos disso, apenas para ilustrar, a Blgica, Sua e Canad. No precisa dizer que h pases da frica com variados dialetos, e, nem por isso, deixam de ser considerados Estados.

    Nesse instante, alguns dos leitores pensam, provavelmente: entendi! O Estado formado pelos elementos POVO, TERRITRIO E GOVERNO SOBERANO. Mas por que aqui no Brasil existe Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios? Qual o sentido jurdico de tais figuras? E os Territrios, como se situam?

    Antes de responder a tais quesitos, o amigo leitor deve ter em mente que diversas so as formas de Estado, a depender da poca, do territrio, e de razes histricas.

    Entre as formas de organizao do poder poltico, destacam-se: a Confederao, o Estado Unitrio, e o Estado Federal. Na Confederao, h a reunio de Estados Soberanos. No Estado Unitrio (puro e impuro) existe um nico centro de poder, responsvel por todas as atribuies polticas, como: a Frana. J no Estado Federal, h diferentes polos de poder poltico, os quais atuam de forma autnoma entre si, como: o Brasil.

    Retornemos aos quesitos. (Qual o sentido jurdico das figuras: Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios?).

    Vamos resposta.

    A Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios so as pessoas integrantes da Federao, ou seja, so entes polticos/federados componentes da Federao Brasileira. So pessoas jurdicas de direito pblico INTERNO. Dica de memorizao - A Federao a FORMA DE ESTADO e adotada aqui no Brasil.

    E os Territrios?

    Os territrios, caso voltassem a existir, deteriam competncia exclusivamente administrativa, e, bem por isso, no so considerados entes federados pela CF/1988. Os territrios so definidos doutrinariamente como autarquias da Unio (seriam autarquias territoriais. A capacidade de autogoverno inexistente, porque o Presidente da Repblica responsvel pela nomeao do Governador do Territrio, depois de arguio (sabatina) a ser promovida pelo Senado Federal. Sobre o tema, vejamos o art. 84, inc. XIV, da CF/1988 (competncia exclusiva do Presidente da Repblica):

    nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territrios, o Procurador-Geral da Repblica, o

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    presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei.

    Voltando conformao jurdica de nossa Federao, h quem sustente que o Brasil seria, nesse aspecto, espelho do sistema norte-americano. Essa afirmao s metade verdadeira. No bem um espelho, pois a Federao Brasileira foi formada por desagregao (movimento centrfugo, segregador), diferentemente do sistema norte-americano (centrpeto ou agregador).

    Noutras palavras, nos EUA, havia Estados Soberanos, reunidos em Confederao (desde 1776), os quais abriram mo de suas soberanias para aglutinarem-se em torno da Federao (isso em 1787). Note: movimento da periferia para o centro - agregao. J no Brasil, tnhamos um Estado Unitrio, e por desagregao (efeito segregador) foi criada a Federao (CF/1891), atribuindo-se aos Estados-membros mera autonomia, sendo a Repblica Federativa a guardi do atributo da soberania. Ento, para o fim de provas, sobretudo discursivas, perceba que h diferenas de formao das federaes brasileira e americana, ok? Prossigamos.

    O Federalismo est ligado, como visto, distribuio interna de poder por diferentes centros polticos. Todos os entes federativos so autnomos, ou seja, podem criar suas prprias normas (legislar), mas no so soberanos ou independentes. Como sobredito, a soberania atributo da Repblica Federativa do Estado Democrtico de Direito Brasil, atributo que significa, em breves palavras, o reconhecimento que o Estado Brasileiro tem frente aos demais Estados Soberanos. Para consolidar o entendimento, vejamos o art. 18 da Constituio Federal:

    A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, todos autnomos, nos termos desta Constituio.

    Do dispositivo, depura-se que todos aqueles que integram a Federao so entes polticos ou federados, com capacidade de trplice autonomia (legislar, administrar e se autogovernar). Para Carvalho Filho, autonomia, no sentido tcnico-poltico, significa ter a entidade integrante da federao capacidade de auto-organizao, autogoverno e autoadministrao. No primeiro caso, a entidade pode criar seu diploma constitutivo; no segundo, pode organizar seu governo e eleger seus dirigentes; no terceiro, pode ela organizar seus prprios servios.

    Esses traos diferenciam as pessoas polticas das entidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista e empresas pblicas), pois essas so pessoas jurdicas exclusivamente administrativas.

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    Para ilustrar: a autarquia Federal Banco Central no edita leis (autolegislao); a empresa pblica Federal Caixa Econmica no elege governador, prefeito, ou presidente (autogoverno).

    Pois bem. Analisando a formao da expresso, autnomo deriva de AUTOS (prprio), mais NOMOS (regras - donde deriva, tambm, o termo QRUPDV $VVLP GL]HU TXH RV entes federativos so autnomos significa dizer que podem estabelecer as prprias regras, ou seja, legislam, produzindo normas prprias.

    J vimos que o Estado Brasileiro Repblica Federativa e Estado Democrtico de Direito. Dois novos conceitos para agruparmos ao rol j existente: o que Repblica? O que ser de Direito e Democrtico?

    Na viso de Jos Afonso da Silva, a Repblica (a coisa do povo para o povo) forma de governo, ao lado da Monarquia, mas desta distinta, referindo-se maneira como se d a instituio do poder na sociedade e como se d a relao entre governantes e governados. Responde questo de quem deve exercer o poder e como este se exerce.

    Ganha destaque o fato de que, no Regime Republicano, o exerccio de tal poder no vitalcio. No caso brasileiro, por exemplo, os cargos polticos de chefia do Poder Executivo, alm de eletivos, no so exercidos nem ocupados em carter permanente, por serem os mandatos temporrios e seus ocupantes, transitrios.

    Em sntese, podem ser apresentadas as seguintes caractersticas da forma de governo - Repblica:

    9 Legitimidade popular dos Chefes dos Executivos (Presidente, Governadores, e Prefeitos) e das Casas Legislativas;

    9 Temporariedade dos mandatos eletivos (contraponto da vitaliciedade monrquica);

    9 Prestao de contas pelos gestores pblicos. Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direito internacional, apenas a Repblica Federativa do Brasil tem competncia para a formalizao de tratados, dela no dispondo a Unio, os Estados-membros ou os Municpios. Nesse particular, o Presidente da Repblica no subscreve os tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado. Sobre o tema, vejamos precedente do STF3:

    No direito internacional apenas a Repblica Federativa do Brasil tem competncia para firmar tratados (art. 52, 2, da CR), dela no dispondo a Unio, os Estados-membros ou os Municpios. O presidente da Repblica no subscreve tratados como chefe de Governo, mas como chefe de Estado, o que descaracteriza a

    3 RE 226.096

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    existncia de uma iseno heternoma, vedada pelo art. 151, III, da Constituio.

    O que Estado de Direito?

    Para respondermos ao quesito, vejamos, inicialmente, o que diz o art. 1 da Constituio Federal de 1988:

    A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: (...).

    2 (VWDGR GH 'LUHLWR, destacado no dispositivo, pode ser assim traduzido: O Estado cria as leis (em sentido amplo a norma) para que a todos sejam impostas, inclusive a si mesmo. O Estado no se afasta de cumprir a norma que cria, dado que, como diria um educador famoso: educar dar exemplo4.

    De que valeria o Estado criar a norma para v-la cumprida por todos, se no fosse o Estado o primeiro cumpridor?

    A ideia de Estado de Direito baseia-se QDLPSRVLomRGHIUHLRVjDWLYLGDGHdo prprio Estado. A Lei diz respeito vontade geral, a qual, obviamente, significa a vontade do povo, a conteno do Estado pelo povo, e no o inverso (pargrafo nico do art. 1 da CF/1988 - todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamenteQRVWHUPRVGHVWD&RQVWLWXLomR). Com efeito, o Estado de Direito surgiu, essencialmente, para fazer frente ao Estado Absolutista, cujo poder de base divina e contratualista por vezes centrava-se na figura do soberano (rei, prncipe). No Estado de Direito a conteno do poder feita pela lei. Aplica-se a frmula ocidentalizada do UXOHRIODZ(o Estado que cria as regras, mas a estas deve se sujeitar).

    'H VH GHVWDFDU TXH HVVH SULPDGR GD OHL QR (VWDGR GH 'LUHLWR JHUDpresuno aplicvel a todo e qualquer ato que provenha do Estado: a presuno de legitimidade dos atos estatais.

    De fato, se o Estado de Direito e, assim, pressupe-se que cumpra a lei, todo e qualquer ato proveniente do Estado produzido, presumidamente, de acordo com a ordem jurdica, portanto legtimo.

    Nesse instante alguns dos amigos leitores devem estar pensando: ento todos os atos do Estado, no s os administrativos, possuem a caracterstica da presuno de legitimidade? Resposta: SIM! Mas, ento, por serem presumidos legtimos, tornam-se inquestionveis? Resposta: NO!

    A presuno de legitimidade uma presuno relativa (ou juris tantum, para aqueles que gostam de latim), ou seja, pode ser questionada, com a

    4 Frase atribuda a Paulo Freire, importante educador brasileiro, que influenciou geraes de pedagogos.

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    necessidade de produo de provas invertida em desfavor dos administrados (particulares).

    Isso ocorre porque o Estado, ao fim, composto por seres humanos, os quais, sabe-se, so falveis. Por exemplo, o servidor da Receita Federal o Estado quando atua, assim como boa parte dos amigos leitores tambm o sero, logo depois das respectivas aprovaes nos concursos que prestem e do consequente ato de posse. Como qualquer ser humano, o servidor do Fisco poder falhar. preciso, ento, que se d oportunidade aos prejudicados por essas potenciais falhas de questionar o ato gerador. A presuno de legitimidade dos atos da Administrao , portanto, relativa, para que no impea o eventual questionamento. Fosse absoluta, o que no o caso, no seria possvel o eventual recurso ou ao contra a deciso administrativa tomada.

    E voc, agora, se pergunta: em que o conceito de Estado de Direito importa para o Direito Administrativo? A resposta : em tudo! Isso porque o Direito Administrativo nasceu com o Estado de Direito. Como sinaliza Dirley Cunha, o Direito, ao qual o Estado passou a se submeter, que regula as relaes entre a Administrao Pblica e os administrados, assegurando a correta e legtima gesto do interesse pblico e garantindo os direitos dos administrados.

    Por fim, o que vem a ser Estado Democrtico? A Constituio, ao mencionar Estado Democrtico de Direito, deixa evidente que no se trata de reunio meramente formal de elementos, e que os termos Democrtico e Direito, portanto, tm alcances diferenciados, sendo a democracia mais abrangente do que o direito.

    Por exemplo: o Estado da Venezuela de Direito? Pode se ter em conta que sim. O problema saber como so feitas tais leis: ser que com a real participao dos cidados ou meramente semntica ou formal?

    Exatamente por isso que nosso texto constitucional se preocupou em inserir expressamente o termo Democrtico. Foi para afastar, de vez, a ideia de que a Constituio meramente garantia (negativa ou liberdade, como o caso da Norte-americana), assumindo o compromisso formal de evoluo para a ideia de Constituio Dirigente (leia-se: preocupada com os direitos sociais de 2 gerao e no to-somente os de 1 gerao civis e polticos).

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    2. Origens histricas do Direito Administrativo; conceito; objeto; e fontes do Direito Administrativo.

    2.1. Consideraes gerais

    No tpico anterior, vimos que o Estado Brasileiro adota como FOrma de GOverno a REPBLICA e Forma de Estado a FEderao.

    Vamos agora, distinguir as trs principais funes do Estado: legislar, administrar, e julgar, as quais, inclusive, do origem aos 3RGHUHVconstitudos, tal qual escrito na Constituio (art. 2):

    So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Diversos pensadores, modernos e clssicos, ocuparam-se da abordagem de quais e quantas seriam as principais funes a serem desempenhadas pelo Estado. Apenas para citar alguns mais conhecidos, Aristteles, Hobbes, Locke e Rosseau, com textos bastante difundidos no campo da filosofia jurdica.

    Contudo, modernamente, o autor mais influente e discutido a respeito da repartio das atividades de Estado , muito provavelmente, Charles-Louis de Secondat, o Baro de Montesquieu.

    No seu clssico 2 (VStULWR GDV /HLV, Montesquieu registrou que as misses fundamentais do Estado, de legislar (funo legislativa: criar o Direito novo), de julgar (funo judicial ou jurisdicional: aplicar o Direito aos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e de administrar (funo administrativa ou executiva: usar a norma jurdica criada, para, aplicando-a, dar atendimento s demandas concretas da coletividade) deveriam ser exercidas por rgos diferentes, independentes.

    Desse modo, quem julgasse, no administraria; quem administrasse, no legislaria, e assim sucessivamente. Esta ideia rodeia quase todo o direito ocidental moderno, tal como no Brasil, que, como dito, consagra essa WULSDUWLomRGHSRGHUHV no art. 2 da CF/1988. Acontece que, tecnicamente, a abordagem inicial de Montesquieu no IDODYD GH 3RGHUHV mas sim de rgos distintos, exercentes do Poder. Decorre da o entendimento de que o Poder UNO, havendo apenas uma distribuio funcional de seu exerccio aquilo que os constitucionalistas chamam de princpio da especializao.

    De fato, o Poder do Estado, que um s, indivisvel, exercido em diversas frentes. A diviso do Poder entre rgos diferentes possibilita a estes efetuarem um controle recproco, constituindo o que se reconhece na doutrina constitucionalista como sistema de )UHLRVH&RQWUDSHVRV(ou checks and balances, para os mais chegados lngua inglesa).

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    sistema constitucional ptrio vigente no deu margem a que pudesse ser exercida pelo Executivo5

    Portanto, no Brasil, a funo administrativa de Estado exercida, essencialmente, pelo Poder Executivo. Contudo, no h como se negar que a mesma funo desempenhada por todos os demais Poderes. A questo seria identificar a quem outorgada a funo de forma tpica ou atpica. Entendamos isso melhor.

    A misso tpica do Poder Judicirio aplicar o direito aos casos litigiosos que lhes sejam submetidos. Contudo, atipicamente, o mesmo Poder pode deflagrar o processo legislativo, quando encaminha normas para apreciao do Poder Legislativo.

    Da mesma forma, o Judicirio faz licitaes (administrao de compras, obras, servios) e concursos pblicos para seleo de servidores (administrao de pessoas), no que o Judicirio est, de maneira atpica, exercendo funes administrativas.

    Essa mesma funo administrativa pode ser percebida com relao ao Poder Legislativo, quando abre procedimentos administrativos e realiza concursos pblicos para acesso aos cargos pblicos. O Legislativo tambm desempenha a atividade jurisdicional, em sentido amplo, quando, por exemplo, o Senado processa e julga o Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade (inc. I do art. 52 da Constituio Federal).

    O Poder Executivo, cuja misso tpica a atividade administrativa, tambm exerce, atipicamente, a misso legislativa. Exemplo disso a de edio de medidas provisrias por parte do Presidente da Repblica, medidas estas que possuem fora de lei desde sua edio (art. 62 da CF/1988). Havendo previso na Constituio dos Estados e nas Leis Orgnicas, tanto os Governadores como os Prefeitos ficam autorizados a editarem medidas provisrias.

    Contudo, como bem informado por Carvalho Filho, ao Poder Executivo no dado o exerccio da atividade jurisdicional (estrito senso), com o sentido que esta deve ser vista, ou seja, com fora de definitividade. Ainda que o Executivo decida os processos administrativos de sua competncia, as decises que da decorram no constituiro coisa julgada material ou definitiva, em sentido estrito, como a deciso proveniente do Judicirio.

    Por isso, podem seus atos ser levados apreciao do rgo judicirio competente, em razo do princpio da inafastabilidade de jurisdio, contido no inc. XXXV do art. 5 da Constituio Federal. Transcreva-se: a

    5 A discusso sobre a possibilidade de ser exercida funo jurisdicional pelo Executivo, atravs do sistema do contencioso

    administrativo, foi superada pelo advento da nova Constituio. A Carta anterior ainda abria certa fenda para essa possibilidade no art. 205, que, na verdade, nunca chegou a ser aplicado com efetividade. A nova, todavia, ao contrrio da anterior, sequer alude quela expresso. Enfatizo, ainda, que nossa afirmao feita luz do ordenamento jurdico ptrio. DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO ("Contencioso Administrativo", p. 23) admite que o Executivo exera jurisdio, contudo, sem definitividade. Ousamos discordar do ilustre professor. Para ns, o fato de existirem contendas na via administrativa suscetveis de deciso no implica o exerccio da funo jurisdicional tpica, esta sim, a nica que produz a res iudicata (por Jos dos Santos Carvalho Filho).

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    lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito. Obviamente, essa apreciao judicial no ilimitada, conforme se ver no devido momento.

    Contudo se adiante que h limites para apreciao de atos administrativos pelo Poder Judicirio, como o PpULWR da deciso DGPLQLVWUDWLYDTXHQmRSRGHVHULQYDGLGRSHORVyUJmRVMXGLFLDLV A Jurisdio quase que monopolizada pelo Poder Judicirio e apenas em casos excepcionais pode ser exercida pelo Legislativo. Essa a posio da doutrina majoritria e que devemos levar para a prova. H quem defenda que o Poder Executivo exerce atividade jurisdicional, porm sem definitividade, como o caso do autor Diogo Figueiredo, que, no entanto, tem sido voz vencida, tratando-se, claro, de concursos pblicos, porque, como sobredito, o Executivo no exerce atividade jurisdicional em sentido formal.

    No h duvida que a questo ora discutida tormentosa. No mundo dos concursos, no h verdades absolutas. E, nesse ponto, h forte divergncia doutrinria, de modo que as bancas no deveriam formular quesitos dessa natureza. Entretanto, a organizadora Cespe, por exemplo, j formulou diversos itens sobre a atividade judicante a ser levada a efeito pelo Poder Executivo. Normalmente, estes itens se referem s funes exercidas pelas Comisses de Processo Administrativo Disciplinar. A banca considera, nesses casos, o conceito material de jurisdio, fundamentado pela resoluo das lides (conflitos) e no o conceito formal de jurisdio, em que se exige a formao da coisa julgada material (trao da definitividade).

    Quanto tripartio de Poderes, mais uma vez, so encontradas fundas divergncias doutrinrias. Para uma parte, no haveria distino entre atividade administrativa e jurisdicional. Haveria, de um lado, a funo de estabelecer normas gerais e abstratas (a funo legislativa); de outro, a aplicao da lei (abstrata e geral) aos casos concretos (funes judicante e administrativa). Para outra parte, seriam funes absolutamente diversas, com definies claras de papis a serem desempenhados.

    Por fim, valem os ensinamentos de Alexandre Santos Arago, para agregarmos novos conceitos. Analisemos.

    Para o autor, atipicamente os Poderes Legislativo e Judicirio exercem competncias administrativas em duas situaes bsicas:

    >> Atividades administrativas-meio: administrao interna do seu pessoal, bens e servios, realizando concursos pblicos, licitaes e concedendo frias, por exemplo. Salvo disposio em sentido contrrio na CF, cada Poder competente para editar seus prprios atos administrativos;

    >> Atividades administrativas-fim: algumas atividades-fim dos Poderes Legislativo e Judicirio tm natureza administrativa. Por exemplo,

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    quando o Legislativo aprova a nomeao de autoridades indicadas pelo Executivo e edita leis de efeitos concretos (leis-medida, exemplo da criao de autarquias); quando o Judicirio, em matria de administrao oramentria, expede precatrios. Salvo disposio expressa na CF, as atividades-fim so, em princpio, do Poder Executivo.

    2.2. Direito: ramos e sub-ramos

    No tpico anterior, vimos que o Direito uma cincia UNA. A cincia jurdica, entretanto, bastante complexa e difusa. Para que o estudo seja facilitado, como em qualquer cincia, o Direito foi dividido em ramos, logicamente, por questo meramente didtica, sendo encontrados os ramos: pblico, privado e social.

    O autor Celso Antnio Bandeira de Mello ensina que o Direito Privado governado pela autonomia de vontade, isto , as partes elegem as finalidades que desejam alcanar, servindo-se para tanto dos meios que elejam, desde que, obviamente, tais finalidades ou meios no esbarrem no Direito.

    De modo distinto, o Direito Pblico se ocupa de interesses da sociedade como um todo, interesses pblicos, cujo atendimento no um problema pessoal de quem os esteja a curar, mas um dever ou encargo pblico inescusvel. Assim no h espao para a autonomia da vontade, que substituda pela ideia de funo, de dever de atendimento do interesse pblico.

    O ramo da ordem social sui generis, sendo citado por literatura especializada. um ramo responsvel pelos Direitos concernentes aos hipossuficientes, como o caso do Direito Acidentrio e Assistencial. A citao ao referido ramo apenas demonstrativa, isso porque, at hoje, constitui tema raro em concursos pblicos.

    Como sub-ramos do Direito Privado, h o Direito Civil e o Comercial, sendo este, parcialmente, positivado no prprio Cdigo Civil. So sub-ramos em que o predomnio o interesse individual. Resgatando Orlando Gomes, o Direito Privado pode ser entendido como aquele que regula as relaes entre os homens, tendo em vista o interesse particular dos indivduos, ou a ordem privada (Direito Civil e Comercial).

    J o Direito Pblico se encarrega da disciplina dos interesses da coletividade, do interesse pblico e social, competindo-lhe a organizao do Estado (como: o Direito Constitucional); a atividade financeira (arrecadatria) do Estado (como: o Direito Tributrio); a disciplina da hierarquia entre seus rgos, das relaes com seus servidores (como o caso do Direito Administrativo).

    Nessa passagem, percebemos, claramente, que o Direito Administrativo sub-ramo do direito pblico interno, uma vez que regula as relaes em que predominam os interesses do Estado, em posio de verticalidade, de supremacia, e porque em pelo menos um dos polos da relao disciplinada por ele est a Administrao Pblica.

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    - Insero do princpio da moralidade administrativa de forma expressa no texto da Constituio;

    - Regime legal dos servidores (Lei 8.112/1990, na esfera federal): com a finalidade de se evitar o sistema de despojos (VSRLO V\VWHP), que, com a entrada de novo Governante, todo o corpo de servidores era despojado para a colocao de novos agraciados.

    bem verdade que existem outras contribuies, todavia, tendo em conta o objetivo deste curso (concursos pblicos), penso ser suficiente essa apresentao. E mais: nas provas, as ilustres bancas organizadoras insistem em cobrar a contribuio advinda de fora da Frana! Vejamos. No Edital de vocs, a banca nomina de sistemas administrativos.

    Na Frana, as decises administrativas so definitivas, ou seja, no cabe a reapreciao pelo Poder Judicirio. o que a doutrina denomina contencioso administrativo. Portanto, na Frana, no temos apenas uma jurisdio, mas sim duas: a administrativa (sistema de contencioso administrativo) e a judiciria (comum). Nesse contexto, as decises geradas pelo Estado-administrador so definitivas e, assim, no sindicveis pelo Poder Judicirio.

    Ento responda: no Brasil, ser que existe a separao das autoridades administrativa e judiciria? Ser que as decises adotadas por um Ministrio ou por Tribunais de Contas no podero ser sindicveis/controlveis pelo Poder Judicirio?

    A resposta simples. No entanto, primeiro passemos leitura do art. 5, XXXV, da CF/1988:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito;

    A partir da leitura do texto, desvendamos que no vigora entre ns a existncia de duas jurisdies (como na Frana) o sistema contencioso; houve para a formao do nosso sistema de jurisdio a contribuio do sistema ingls, em que a definitividade trao formal do Judicirio (sistema de jurisdio UNA ou NICA).

    Em concluso, as decises adotadas pelas instncias administrativas (ressalvado o mrito administrativo) podem ser sindicadas (princpio da sindicabilidade) pelo Poder Judicirio.

    Mas e o tal contencioso administrativo? No existe no Brasil, afinal j ouvi Professor de Direito Tributrio mencionando, expressamente, sobre contencioso administrativo Tributrio?

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    consideraes sobre os institutos da precluso e coisa julgada administrativa.

    Como registra Maral Justen Filho, os institutos da coisa julgada e precluso, apesar de deterem pontos em comum, no se identificam de modo perfeito.

    A precluso administrativa consiste na restrio a uma faculdade processual originariamente assegurada ao sujeito, em virtude dos eventos verificados ao longo do processo administrativo. H trs formas de precluso: temporal, consumativa e lgica.

    A temporal, como o nome j denuncia, a perda da faculdade em face do decurso do prazo, como, por exemplo, deixar de interpor o recurso no prazo legal.

    A consumativa, por sua vez, d-se pela exausto da prerrogativa uma vez exercida, como, por exemplo, a impossibilidade de um particular rever o contedo da proposta que j foi apresentada por ele em procedimento de licitao.

    Por fim, a precluso lgica d-se quando o administrado, por ato omissivo ou comissivo, adota posio incompatvel com outra dentro do procedimento, como, por exemplo, deixa de impugnar o edital de uma licitao, participando desta sem qualquer insurgncia durante a realizao do procedimento.

    Para o autor, a coisa julgada formal administrativa o efeito jurdico acarretado pelo encerramento de um procedimento administrativo, em virtude do qual se torna vedado rever a deciso nele adotada sem a instaurao de um procedimento especfico e distinto.

    Antes de avanarmos, oportuna a distino entre a coisa julgada material e formal.

    A coisa julgada material acarreta a impossibilidade (imutabilidade) de as decises serem revistas no prprio processo objeto da deciso, bem assim, em outros processos em que haja identidade de partes, causa de pedir e pedido. E, bem por isso, conclui-se que no h, como regra, no Brasil, a formao de coisa julgada administrativa em sua acepo material, afinal as decises administrativas podem ser sindicveis pelo Poder Judicirio.

    A coisa julgada formal, por sua vez, a impossibilidade de a sentena ser alterada dentro do prprio processo. E nesse contexto que podemos concluir pela existncia de coisa julgada administrativa. A coisa julgada formal, portanto, seria um primeiro passo rumo coisa julgada material, j que esta teria contedo mais amplo.

    Para Dirley Cunha, a coisa julgada administrativa torna os atos ou decises da Administrao Pblica definitivos e imutveis, mas apenas internamente, ou seja, to-somente para a Administrao Pblica,

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    Ento, h ou no necessidade de exaurimento das vias administrativas SDUD EDWHUPRVjVSRUWDVGR -XGLFLiULR"6HUiD LQVWkQFLDDGPLQLVWUDWLYDde curso forado regra ou exceo? Vejamos.

    O Brasil adota o sistema ingls, de jurisdio una, para controle judicial de atos jurdicos. No entanto, a adoo da jurisdio una no impede que a Administrao Pblica instaure processos administrativos visando tomar as decises dessa natureza. Com o detalhe de que tais decises no sero dotadas da definitividade tpica das decises judiciais, em razo da unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdio do Poder Judicirio.

    No mximo, como pr-falado, a formao de coisa julgada administrativa (formal, no definitiva), entenda: a matria torna-se irrecorrvel para a prpria Administrao, que fica proibida de rever o ato administrativo, porm, no o Judicirio.

    Pergunta instigante diz respeito ao momento em que um eventual interessado pode socorrer-se do Judicirio, j tendo sido instaurado um processo administrativo.

    A regra que a qualquer instante uma matria pode ser levada apreciao judicial, ainda que j instaurado ou j decidido o processo administrativo. Isso se d em razo da unicidade de jurisdio, prpria do Poder Judicirio. Mas a questo merece temperamentos...

    Por exceo, h situaes em que s depois de esgotada a instncia administrativa, um assunto poderia ser levado apreciao de um juiz. 2VFDVRVFOiVVLFRVSDUDILQVGHFRQFXUVRS~EOLFRVmR

    I) Processos administrativos referentes Justia Desportiva. Com relao a essa, o Judicirio s aceitar aes judiciais referentes a competies desportivas depois de se esgotarem as instncias desportivas (1 do art. 217 da CF, de 1988);

    II) Reclamao a ser interposta perante o STF em razo do descumprimento do teor da Smula Vinculante. Vejamos o 1 do art. 7 da Lei 11.417/2006:

    Art. 7o Da deciso judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de smula vinculante, negar-lhe vigncia ou aplic-lo indevidamente caber reclamao ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuzo dos recursos ou outros meios admissveis de impugnao.

    1o Contra omisso ou ato da administrao pblica, o uso da reclamao s ser admitido aps esgotamento das vias administrativas.

    III) Art. 5, I, da Lei 12.016, de 2009 (nova Lei do Mandado de Segurana - MS), disps-se que o MS no cabvel se houver recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente

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    inexistncia de qualquer cdigo ou a existncia de um cdigo totalizante. So exemplos de codificaes parciais: Cdigo de guas; Cdigo Florestal; Lei 8.112/1990; Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal); Lei 8.745/1995 (Lei de Concesses de Servios Pblicos).

    2.5. Conceito e Objeto do Direito Administrativo

    A definio de Direito Administrativo no das tarefas a mais fcil, isso porque, a cada livro consultado, temos um leque considervel de opes, o que demonstra certa impreciso em torno do conceito e objeto do Direito Administrativo.

    Ao longo da histria do Direito Administrativo, vrios foram os critrios utilizados na tentativa de esmiu-lo, de detalh-lo. Se lhe perguntam, hoje: o critrio para a definio do Direito Administrativo do incio do sc. XIX igual ao do incio do sc. XX ou do sc. XXI? Com outras palavras, os critrios utilizados em distintos pases e datas podem ser aplicados indistintamente nos dias atuais? Em razo do prprio dinamismo e evoluo do Direito Administrativo, a resposta um sonoro no.

    De todo modo, vamos juntos estudar alguns dos critrios existentes, para a definio do Direito Administrativo:

    1 Legalista, exegtico, emprico, catico, ou francs Com a revoluo francesa, e imprio da burguesia, houve grande preocupao de se codificar o direito que andava espalhado pela natureza em papel (leia-se: positivao do direito natural em normas), com a finalidade, entre outras, de se garantir aos cidados maior segurana em suas liberdades e, sobretudo, propriedades.

    Nessa poca, o Direito Administrativo teve por objeto a interpretao das normas jurdicas administrativas e atos complementares (leia-se: direito positivo). Assim, estruturou-se a partir da interpretao de textos legais, proporcionada pelos Tribunais Administrativos.

    Crtica: a palavra direito no pode (no deve) se resumir a um amontoado de leis. O direito no deve se resumir interpretao de leis e de regulamentos administrativos. Muito mais que leis, o Direito Administrativo deve levar em considerao a carga valorativa dos princpios, sem falar da doutrina, da jurisprudncia e dos costumes.

    Pensemos juntos: h um cartaz na entrada do metr que diz proibido HQWUDGD FRP FmHV; outro na entrada de um Parque que diz SURLELGR HQWUDGD FRP YHtFXORV DXWRPRWRUHV. De acordo com o critrio exegtico (legalista), a soluo seria de se admitir a entrada com cobras (so rpteis) e baleias (so mamferos, mas no so ces) e a de no autorizar a entrada da ambulncia, a fim de socorrer pessoas dentro do Parque, por exemplo. Porm, nos dias atuais, isso no seria possvel, tendo, por exemplo, o princpio da razoabilidade.

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    A expresso Administrao Pblica pode assumir sentidos diversos, conforme o contexto em que esteja inserida. A expresso Administrao Pblica pode assumir sentidos diversos, conforme o contexto em que esteja inserida. Vejamos:

    Administrao Pblica

    Sentido

    AMPLO RESTRITO

    ubjetivo, Orgnico e Formal

    rgos Governamentais

    e Administrativos

    Apenas rgos administrativos

    Objetivo, Material ou Funcional

    Funes polticas e

    administrativas

    Apenas funes administrativas

    3HUFHEDTXHRWHUPR$GPLQLVWUDomR3~EOLFDHQYROYHHP sentido amplo, alm dos rgos e funes administrativas, os rgos e funes polticas. Que tal separarmos, desde logo, as funes polticas (de Governo) das funes administrativas?

    As funes administrativas so complementares s leis. So realizadas basicamente de forma vinculada, visando ao atendimento concreto e direto GR LQWHUHVVH GD FROHWLYLGDGH 2 FRQFUHWR p SRQWR GLVWLQWLYR GDIXQomROHJLVODWLYDWLSLFDPHQWHDEVWUDWD2GLUHWRWHPFRPRFRQWUDSRQWRa funo judicante, em que o exerccio d-se por provocao do particular (princpio da inrcia ou demanda).

    J as funes do Governo so as realizadas pela alta cpula da Administrao. So de extrao constitucional, como o ato de declarao de Guerra pelo chefe do Executivo Federal. So chamadas tambm de funes polticas, em que os traos marcantes so: a coordenao, a direo e o planejamento. So os ncleos do Estado, marcados pela maior discricionariedade, definidores das polticas pblicas.

    Acrescente-se que as funes polticas ou de governo concentram-se, primariamente, nos Poderes Executivo e Legislativo. Isso mesmo, SULPDULDPHQWH$ILQDOQR%UDVLOVHJXQGRR67)R-XGLFLiULRDLQGDTXHindiretamente, pode contribuir para a implementao de polticas pblicas. Sobre o tema, fiquem de olho no voto do Ministro Celso de Mello na ADPF 45/DF (reserva do possvel), do qual se extrai que o Poder Judicirio tambm tem misso poltica, embora indireta. Breve trecho do voto, a seguir:

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    administrativa, correto afirmar que esto relacionadas(os) funo poltica, exceto:

    a) comando

    b) coordenao

    c) execuo

    d) direo

    e) planejamento19

    Retomando o nosso quadro-resumo, perceba que a Administrao Pblica pode assumir o sentido subjetivo e o objetivo.

    Em um primeiro sentido, subjetivo, orgnico ou formal, a expresso diz respeito aos sujeitos, aos entes que exercem a atividade administrativa (pessoas jurdicas, rgos e agentes pblicos). Para identificar o aspecto orgnico, suficiente a seguinte pergunta: quem exerce a atividade?

    J o sentido objetivo, material ou funcional designa a natureza da atividade, as funes exercidas pelos entes, caracterizando, portanto, a prpria funo administrativa, exercida predominantemente pelo Poder Executivo. Pergunta chave, para identificao do sentido: qual a atividade (funo) exercida?

    No Brasil, se levssemos em considerao apenas o critrio subjetivo, incidiramos no critrio do Poder Executivo ou Italiano, ou seja, na corrente que defende que apenas o Executivo quem administra. Com o critrio objetivo ou funcional, supera-se o aspecto meramente formal, levando-se em conta o contedo do ato, de tal sorte a abranger, inclusive, os atos praticados por particulares que faam as vezes do Estado, como as concessionrias de servios pblicos.

    Apesar de ser bvio para os(as) amigos(as), vale reforar: no to-s o Poder Executivo que edita atos administrativos. Todos os Poderes editam atos administrativos quando, por exemplo, abrem sindicncia, efetuam aquisio de bens, nomeiam um funcionrio ou concedem frias.

    A diferena bsica que compete tipicamente ao Poder Executivo administrar, ao passo que os outros Poderes, ao exercerem atividades administrativas, encontram-se no desempenho de atribuies atpicas.

    Registre-se, ainda, que o Poder Executivo exerce, alm da sua tpica funo administrativa, as funes de governo, que no constituem objeto de estudo do Direito Administrativo.

    19 A resposta letra C. A funo de execuo realizada pelas camadas mais tcnicas da Administrao

    Pblica. Os rgos polticos traam as diretrizes, mas a execuo fica por conta dos rgos administrativos.

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    O Direito Administrativo, portanto, rege toda e qualquer atividade de administrao, provenha esta do Executivo, do Legislativo ou do Judicirio. Isso porque o ato administrativo no se desnatura pelo fato s de ser aplicado no mbito do Legislativo ou do Judicirio, desde que seus rgos estejam atuando como administradores de seus servios, de seus bens ou de seu pessoal.

    Assim, no sentido subjetivo (ou formal ou orgnico, que so vocbulos sinnimos), a expresso Administrao Pblica abrange rgos, entidades ou agentes, que tenham por papel desempenhar tarefas administrativas do Estado.

    Em reforo: para encontrarmos o sentido subjetivo de Administrao Pblica, basta perguntar: quem exerce a funo? J para o sentido material, vale a pergunta: quais so as atividades exercidas?

    QF-14 AFRFB ESAF 2005 - Em seu sentido subjetivo, o estudo da Administrao Pblica abrange:

    a) a atividade administrativa.

    b) o poder de polcia administrativa.

    c) as entidades e rgos que exercem as funes administrativas.

    d) o servio pblico.

    e) a interveno do Estado nas atividades privadas.20

    QF-15 ABIN - CESPE 2010 - A administrao pblica caracterizada, do ponto de vista objetivo, pela prpria atividade administrativa exercida pelo Estado, por meio de seus agentes e rgos (Certo/Errado).21

    QF-16 AUFC - CESPE 2011 - O direito administrativo tem como objeto atividades de administrao pblica em sentido formal e material, englobando, inclusive, atividades exercidas por particulares, no integrantes da administrao pblica, no exerccio de delegao de servios pblicos (Certo/Errado).22

    QF-17 PPF - CESPE 1997 - Em um sentido formal, a expresso administrao pblica pode ser entendida como o conjunto dos rgos e entidades voltados realizao dos objetivos governamentais: de um ponto de vista material, pode ser compreendida como o conjunto das funes que constituem os servios pblicos (Certo/Errado).23

    20 A resposta letra C. Subjetivo sujeito. Sujeito aquele que pratica. No caso, os rgos, agentes e as

    pessoas administrativas. 21

    O item est CERTO. 22

    O item est CERTO. 23

    O item est CERTO.

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    QF-18 DP-AM - INSTITUTO CIDADES 2011 - De acordo com a doutrina nacional, os rgos e agentes pblicos esto compreendidos no sentido de Administrao Publica:

    a) subjetivo

    b) objetivo

    c) de atividade administrativa

    d) de atividade poltica

    e) de atividade poltica e administrativa24

    Analisemos o sentido assumido pela expresso Administrao Pblica, quando vista de maneira objetiva (ou material ou funcional).

    Na viso objetiva, administrao pblica consiste nas atividades levadas a efeito pelos rgos e agentes incumbidos de atender as necessidades da coletividade. Nesse contexto, a expresso deve ser grafada com iniciais minsculas, por se tratar efetivamente da atividade administrativa, a qual, ao lado da legislativa e da judiciria, forma uma das funes tripartite do Estado.

    Sob o ponto de vista material, a administrao pblica abarca as seguintes atividades finalsticas: fomento, polcia administrativa, servio pblico e interveno. A seguir, breves explicaes:

    I fomento: refere-se atividade administrativa de incentivo iniciativa privada de utilidade ou interesse pblico, tais como o financiamento em condies especiais, as desapropriaes que beneficiem entidades privadas desprovidas do intuito do lucro e que executem atividades teis coletividade.

    II polcia administrativa: abrange as atividades administrativas restritivas ao exerccio de direitos individuais, tendo em vista o interesse de toda coletividade ou do Estado. No se trata, aqui, das polcias civil, federal e militar, que so rgos da Administrao Pblica, e, por consequncia, compem a Administrao Pblica, mas no sentido subjetivo (ainda que exeram atividades de polcia administrativa).

    III servio pblico: diz respeito s atividades executadas direta ou indiretamente pela Administrao Pblica e em regime predominantemente de direito pblico, em atendimento s necessidades coletivas.

    IV interveno: entendida como sendo a regulamentao e fiscalizao da atividade econmica de natureza privada (art. 174 da CF/1988), bem assim a atuao do Estado diretamente na ordem econmica (art. 173 da CF/1988). Como regra, essa atuao d-se por intermdio de empresas pblicas e de sociedades de economia mista, institudas e mantidas pelo Estado.

    24 A resposta letra A.

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    Quanto interveno, h crtica doutrinria acerca do alcance da funo administrativa. Como sobredito, a interveno pode ser indireta ou direta.

    A forma indireta de interveno a realizada, por exemplo, pelo Banco Central (pessoa jurdica de Direito Pblico), em atividade tipicamente regulatria, marcada predominantemente por normas de Direito Pblico. o que prev o art. 174 da CF, de 1988 (atividades de regulamentao e fiscalizao do setor econmico, como tendente ao combate da formao de cartis e trustes).

    A direta, por sua vez, efetua-se por entidades empresariais do Estado, em concorrncia com outras empresas do setor, regidas, portanto, predominantemente por normas de Direito Privado. Para Maria Sylvia Di Pietro, por exemplo, a atividade que o Estado exerce a ttulo de interveno direta na ordem econmica no assumida pelo Estado como atividade pblica, e, bem por isso, no deveria ser considerada funo administrativa.

    QF-19 TRE-RJ - CESPE 2012 - O estudo da administrao pblica, do ponto de vista subjetivo, abrange a maneira como o Estado participa das atividades econmicas privadas (Certo/Errado).25

    As atividades, acima listadas, so atividades finalsticas (vistas de dentro para fora - Administrao Extroversa). No entanto no podemos esquecer que nem todo o Direito Administrativo o que enxergamos ou sentimos, j que h tambm outras atividades, sobremaneira importantes, que, no entanto, ocorrem no interior do Estado, como as atividades meio (Administrao Introversa ou instrumental). Exemplos de funo instrumental, meio, interna Administrao, so as finanas pblicas e a nomeao de um servidor pblico, aprovado em virtude de concurso pblico.

    Por outro lado, se as relaes administrativas so firmadas entre o Estado e os particulares, a Administrao Extroversa, exemplo do Poder de Polcia. Agora, se os atos so praticados no interior da estrutura administrativa, a Administrao Instrumental, Introversa, como, por exemplo, a criao de novos rgos ou pessoas jurdicas.

    Para Diogo de Figueiredo, enquanto a Administrao Pblica Extroversa finalstica, dado que ela atribuda especificamente a cada ente poltico, obedecendo a uma partilha constitucional de competncias, a Administrao Pblica Introversa instrumental, visto que atribuda genericamente a todos os entes, para que possam atingir aqueles objetivos.

    25 O item est ERRADO. A interveno no domnio econmico atividade. Atividade critrio objetivo e no

    subjetivo.

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    desempenhados por particulares (concessionrios, permissionrios e autorizatrios, por exemplo), que fazem s vezes do Estado, uma vez que, ao fim, seria incumbncia do Poder Pblico a prestao de tais servios, em razo do disposto no art. 175 da CF/88;

    II) H toda uma hierarquia posta no desempenho da atividade administrativa. De fato, h chefes e subordinados responsveis pelo desempenho da atividade administrativa. A presena da hierarquia trao inerente Administrao. Sem hierarquia, no teramos administrao, mas desorganizao.

    Antecipe-se que no h hierarquia (no sentido de subordinao) no exerccio de atividades tipicamente legislativas (produzir as leis) ou judiciais (julgar). Na viso da doutrina majoritria, s h hierarquia, em sentido estrito, no desempenho de atividades tipicamente administrativas;

    III) A atividade administrativa pblica infralegal/infraconstitucional (excepcionalmente, no ltimo caso). Tem razo o examinador, quando diz que, EM REGRA, a atividade de administrao pblica infralegal, ou seja, abaixo e conforme a lei.

    Com efeito, a Administrao Pblica deve dar cumprimento inteno contida na lei (mens legis), a qual o instrumento estabelecedor do interesse pblico. Se tivssemos que posicionar a atividade administrativa GHQWURGDFOiVVLFD3LUkPLGHGH.HOVHQVHULDQR terceiro patamar, ou seja, dos atos secundrios, to-somente complementares lei, no sentido de que no criam direitos e obrigaes, mas apenas destrincham, esmiam, detalham, o comando das normas primrias.

    Por exceo, a Administrao Pblica d cumprimento direto Constituio. que, em nossa ordem normativa, temos as LEIS, que PDWHULDOL]DPDYRQWDGHFRQWLGDQD&RQVWLWXLomR Todavia, por vezes, a prpria Constituio estabelece, de forma expressa, a conduta a ser adotada pela Administrao. Embora seja fato raro, pode ocorrer, como o caso dos chamados Decretos Autnomos, editados com base no inc. VI do art. 84 da Constituio Federal.

    Esse assunto, a conduta a ser observada pela Administrao, merece um cuidado maior. Por conta disso, em vrias passagens deste livro falaremos das caractersticas principais inerentes a tais condutas, que podem ser resumidas a duas palavras: vinculao ou discricionariedade, que indicaro maior ou menor grau de liberdade no que ser feito pela Administrao. Para parte da doutrina, a vinculao significa completa ausncia de liberdade da Administrao, a qual deve agir em estrita conformidade com a Lei. J discricionariedade importaria relativa liberdade, com limites da Lei, dada Administrao.

    IV) Os atos da Administrao Pblica esto sujeitos a controle judicial. Isso decorrncia do princpio da inafastabilidade de jurisdio

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    QF-26 AUFC-TCU - CESPE - 2009 - No tocante ao conceito e ao objeto do direito administrativo, julgue o prximo item. A CF, as leis complementares e ordinrias, os tratados internacionais e os regulamentos so exemplos de fontes do direito administrativo (Certo/Errado)32.

    oportuno separarmos os conceitos inconfundveis de princpio da legalidade e reserva legal. Para tanto, vamos nos socorrer dos ensinamentos do constitucionalista Alexandre de Moraes.

    O princpio da legalidade de abrangncia mais ampla do que o princpio da reserva legal.

    Conforme a legalidade, qualquer comando jurdico impondo comportamentos forados h de provir de uma das espcies normativas devidamente elaboradas consoante as regras de processo legislativo constitucional.

    Por outro lado, o princpio da reserva legal opera de maneira mais restrita e diversa. Ele no genrico e abstrato, mas concreto. Incide to somente sobre os campos materiais especificados pela Constituio.

    Assim, se todos os comportamentos humanos esto sujeitos ao princpio da legalidade, somente alguns esto submetidos ao da reserva da lei. Este , portanto, de menor abrangncia, mas de maior densidade ou contedo, visto exigir o tratamento de matria exclusivamente pelo Legislativo, sem participao normativa do Executivo.

    Sobre o tema, o autor Jos Afonso da Silva registra que a doutrina no raro confunde ou no distingue suficientemente o princpio da legalidade e o da reserva legal. O primeiro significa a submisso e o respeito lei, ou a atuao dentro da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir que a regulamentao de determinadas matrias h de fazer-se necessariamente por lei formal.

    A partir de tal raciocnio, possvel concluir que o princpio da reserva legal est presente quando a Constituio exige lei formal para que trate de certas matrias. Por outro lado, encontramos o princpio da legalidade quando a Constituio outorga poder amplo e geral para que o Estado cuide de qualquer espcie de relao por meio de normas.

    Eis que, para alguns leitores, certamente deve ter surgido a indagao: o que so as leis em sentido formal? E as leis em sentido material? um assunto relativamente simples de entendimento. Vejamos.

    32 Gabarito: CERTO.

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    As leis em sentido formal so os atos normativos editados de acordo com o devido processo legislativo constitucional, ou seja, so os atos editados pelas Casas Legislativas, tenham ou no generalidade ou de abstrao. Por exemplo: uma lei de concesso de penso aos pais de determinado militar falecido, por exemplo, no possui os atributos da generalidade e da abstrao. Com outras palavras, tem a forma de lei, mas o contedo no necessariamente de lei, constituindo no que a doutrina reconhece como leis com efeitos concretos.

    Para compreender o que quer significar FRQWH~GRGH OHL, analisemos dois conceitos fundamentais: generalidade e abstrao.

    A generalidade implica atingir todas as pessoas situadas em uma mesma situao jurdica, tanto em relao a um grupo amplo (por exemplo: Cdigo Penal - os maiores de 18 anos), como um grupo mais restrito (por exemplo: a Lei Federal 8.112/1990 - servidores pblicos civis federais das Pessoas Jurdicas de Direito Pblico).

    J a abstrao significa que a lei no se esgota com uma nica aplicao. Por exemplo: o Cdigo Civil dotado de generalidade, pois, como regra, atinge todas as pessoas. No entanto, o fato de a pessoa celebrar um contrato de compra-e-venda no impede que possa, futuramente, promover outro contrato da idntica espcie, a norma no se exaure com uma nica aplicao. Outro exemplo: em 2012, TCIO pagou R$15.000,00 de Imposto de Renda, relativo ao ano calendrio 2011, logo, no ano de 2013, no haver necessidade de novo pagamento de imposto? isso mesmo? NO! Como a Lei abstrata, a cada novo fato gerador, haver nova incidncia, e, com ele, a obrigao tributria correspondente.

    Diante disso, pergunta-se: o edital de concurso pblico genrico e abstrato? Dotado de generalidade sim, mas, pelo fato de se esgotar com uma nica aplicao, no dotado de abstrao.

    J as leis em sentido material so todas aquelas editadas pelo Estado, contando com os atributos tpicos das Leis, ou seja, com generalidade, abstrao e obrigatoriedade (imperatividade), no importando se editadas ou no pelo Poder Legislativo. Nesse caso, o que importa o contedo (a matria).

    Enquanto as leis formais so necessariamente editadas pelo Poder Legislativo dentro do processo prprio de elaborao legislativa, as leis materiais podem prescindir desse processo. Enquanto as leis formais possuem ou no contedo de lei, oportunidade que tambm podero acumular o sentido material (leis formais e materiais), as leis materiais necessariamente detm os qualificativos de uma lei, podendo ser exclusivamente materiais, sem sequer ter passado pelo rgo legislativo.

    Vamos tornar o aprendizado um pouco mais prtico, passando a um exemplo.

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    Com o advento da EC 32/2001, houve a reinsero no ordenamento jurdico do Decreto Autnomo (Reserva da Administrao), ato de competncia do chefe do Executivo, como estabelece o inc. VI do art. 84 da CF/1988.

    Conforme doutrina majoritria, o referido ato normativo inovar no ordenamento jurdico, sem que, no entanto, tenha percorrido o devido processo legislativo, isto , sem a participao do Congresso Nacional. Isso mesmo. Decreto, expedido pelo chefe do Executivo, e com carter inovador!

    Por advir unicamente do Executivo, conclui-se que o Decreto Autnomo no lei em sentido formal, tendo em vista no ter passado pelo crivo do Poder Legislativo. Porm, quanto organizao da Administrao Pblica, lei em sentido material, por conter os atributos da generalidade, abstrao, normatividade, no que diz respeito hiptese FRQVWLWXFLRQDOGHRUJDQL]DomRGD$GPLQLVWUDomR3~EOLFD Entretanto, h outra hiptese de Decreto Autnomo, tambm em conformidade com a CF/1988: a extino de cargos pblicos vagos. Nesse caso, o ato no ser de natureza regulamentar, pois lhe faltar generalidade e abstrao. Esse outro assunto que ser retomado no tpico de atos e poderes da Administrao. Requer-se, ento, um tanto de pacincia, para que a abordagem seja feita oportunamente.

    Essa distino entre normas materiais e formais vlida para todo ato normativo produzido por rgo pblico de quaisquer dos Poderes do Estado, que tenha generalidade e abstrao e no esteja sujeito ao devido processo legislativo, como, por exemplo, o Regimento Interno dos Tribunais e as Resolues do CNJ (leis em sentido material, contudo, no em seu aspecto formal).

    Acrescente-se que os Regimentos dos Tribunais e as Resolues do CNJ so atos normativos que extraem o fundamento de validade diretamente da Constituio Federal. Portanto, so atos com carga normativa suficiente para, inclusive, o controle concentrado de constitucionalidade pelos Tribunais do Judicirio (STF e TJs, conforme o caso). So classificados como atos materialmente legais, haja vista a presena dos atributos prprios das leis (generalidade, abstrao e normatividade), porm no formais, pois tais DWRVQmRQDVFHUDPGDV&DVDV/HJLVODWLYDV(as Donas GDIRUPD).

    Dica de prova!

    Se a competncia para a edio do ato tpica do rgo, o ato ser FORMAL; se a competncia for atpica, teremos um ato MATERIAL. Por exemplo:

    - a lei ordinria competncia tpica ou atpica do Poder Legislativo? Tpica, logo temos uma lei em sentido formal;

    - a medida provisria competncia tpica ou atpica do Poder Executivo? Atpica, logo, estamos diante de lei em sentido

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    material;

    - o ato administrativo editado pelo Poder Executivo decorre de competncia tpica ou atpica? Tpica, logo, ato administrativo formal;

    - o ato administrativo editado pelo Poder Legislativo, competncia tpica ou atpica? Atpica, logo, ato administrativo em sentido material;

    - a sentena editada pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade, funo tpica ou atpica? Atpica, logo, estamos diante de uma sentena em sentido material.

    3RUILPFRQFHUQHQWHPHQWHjVOHLVFDEHXPDOHUWDSUiWLFR. Alguns editais esto fazendo referncia expressa a tratados internacionais, regulamentos, resolues, instrues e outros veculos normativos. Nesse instante, sinceramente, no h motivo para aprofundarmos os conceitos de todos os instrumentos normativos editveis pelo Estado-legislador ou Estado-administrador, isso porque muitos deles so atos administrativos, e, por conseguinte, devem ser trabalhados quando do estudo dos atos da Administrao.

    QF-27 AUFC-TCU - CESPE - 2009 - A CF, as leis complementares e ordinrias, os tratados internacionais e os regulamentos so exemplos de fontes do direito administrativo (Certo/Errado).33

    II) Jurisprudncia

    A jurisprudncia um conjunto de decises judiciais reiteradas num mesmo sentido, a respeito de uma matria. Dessa forma, no se pode FRQVLGHUDUMXULVSUXGrQFLDXPDGHFLVmRMXGLFLDOLVRODGD, a qual, no mximo, constitui um caso paradigmtico, referencial, indicativo de uma situao concreta submetida apreciao de um juiz ou Tribunal. Por exemplo: reiterado o entendimento do STF de que o candidato aprovado, dentro do nmero de vagas previsto no Edital, tem direito adquirido nomeao. nesse contexto, portanto, a jurisprudncia daquela Corte.

    Apesar da meno jurisprudncia como sendo resultante de decises judiciais, rgos administrativos tambm podem produzir sua prpria jurisprudncia. Por exemplo: o inc. II do art. 71 da CF/1988 garante ao Tribunal de Contas da Unio - TCU o poder de julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos, e as contas daqueles que derem causa perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio. Nesse quadro, o

    33 O item est CERTO.

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    TCU forma sua prpria jurisprudncia e produz uma srie de decises, com a emisso, inclusive, de Smulas, a despeito de sua natureza administrativa.

    Importante detalhe para as provas que a jurisprudncia no Brasil no possui, de regra, fora vinculante, mas sim fora moral. Difere, ento, do sistema norte-americano, em que as decises proferidas pelas instncias superiores vinculam as inferiores, para os casos idnticos (sistema do stare decisis). No Brasil, a atividade jurisprudencial est apta a criao de normas para os casos concretos levados sua apreciao, sem a pretenso de vincular as futuras decises dos juzes ou Tribunais.

    De fato, os magistrados brasileiros podem interpretar as informaes que constam dos processos judiciais que lhes so submetidos com maior amplitude que os americanos, em razo do que se chama no Brasil de princpio do livre convencimento por parte do magistrado. Contudo, duas observaes so feitas quanto atividade jurisdicional, apesar de no ser objeto de estudo de nossa matria:

    a) o livre convencimento do Juiz encontra limites, visto que deve se ater aos fins pretendidos pela norma. Nesse sentido, assim determina a Lei de Introduo ao Direito Brasileiro - LIDB: Na aplicao da lei, o juiz atender aos fins sociais a que ela se dirige e s exigncias do bem comum. Assim, a liberdade de interpretar por parte do magistrado no se converte em arbtrio, dado os limites que lhe so impostos;

    b) h algumas decises advindas do Judicirio que vincularo tanto a atuao Poder Judicirio, quanto a prpria Administrao Pblica. Nesse contexto, destacam-se, dentre outras, s Smulas Vinculantes, constantes do sistema jurdico nacional a partir da Emenda Constitucional 45/2004, conhecida como a Reforma do Judicirio (ver art. 103-A, CF, de 1988), e as aes abstratas a cargo do STF, como, por exemplo, ADI, ADC e ADPF.

    Abra-se um parntese para esclarecer que nem toda deciso formalizada por meio de Smula. muito comum o estudante indagar ao Professor, em sala de aula: essa deciso citada est em que Smula? As Smulas so, em verdade, uma sntese formalizada da MXULVSUXGrQFLDMiSDFLILFDGD$OJRGRWLSRTXDQWRDRDVVXQWRHPDQiOLVHR7ULEXQDOQmRWHPPDLVG~YLGD Por fim, esclarea-se que a jurisprudncia fonte no escrita do Direito Administrativo, impondo-se pela fora moral que possui junto sociedade. E, como esclarece a literatura, a doutrina tende a globalizar-se e ver o mundo jurdico de forma generalizada (universalizar-se), e a jurisprudncia particularizar-se, uma vez que sempre estar diante de um determinado caso. Segundo Hely Lopes, enquanto a doutrina tende a

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    a) 1, 2, 3, 1, 2, 3

    b) 1, 3, 2, 3, 1, 2

    c) 3, 1, 2, 1, 2, 3

    d) 2, 3, 1, 2, 3, 1

    e) 3, 2, 1, 2, 1, 3

    4) (2010/ESAF CVM Analista outras reas) Partindo-se do pressuposto de que a funo poltica ou de governo difere da funo administrativa, correto afirmar que esto relacionadas(os) funo poltica, exceto:

    a) comando

    b) coordenao

    c) execuo

    d) direo

    e) planejamento

    5) (1999/Esaf Assistente Jurdico/AGU) A influncia do Direito Administrativo francs no Direito Administrativo brasileiro notvel. Entre os institutos oriundos do direito francs abaixo, assinale aquele que no foi introduzido no sistema brasileiro.

    a) Regime jurdico de natureza legal para os servidores dos entes de direito pblico.

    b) Teoria da responsabilidade objetiva do Poder Pblico.

    c) Natureza judicante da deciso do contencioso administrativo.

    d) Clusulas exorbitantes nos contratos administrativos.

    e) Insero da moralidade como princpio da Administrao Pblica.

    6) (2002/Esaf AFRF) $OHLQmRH[FOXLUiGDDSUHFLDomRGR3RGHUJudicirio leso ou aPHDoD D GLUHLWR (VWH GLUHLWR SUHYLVWR QDnorma constitucional, impede que, no Brasil, o seguinte instituto de Administrao Pblica, tpico para a soluo de conflitos, possa expressar carter de definitividade em suas decises:

    a) Arbitragem

    b) Contencioso administrativo

    c) Juizados especiais

    d) Mediao

    e) Sindicncia administrativa

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    7) (2004/Esaf MRE Oficial de Chancelaria) O dispositivo da &RQVWLWXLomR)HGHUDOSHORTXDODOHLQmRH[FOXLUiGDDSUHFLDomRGRPoder Judicirio leso ou ameaa a diUHLWR LPSHGH D DGRomRplena, no Brasil, do seguinte instituto de Direito Administrativo:

    a) controle administrativo

    b) contencioso administrativo

    c) jurisdio graciosa

    d) recursos administrativos com efeito suspensivo

    e) precluso administrativa

    8) (2006/Esaf - SUSEP - Ana Tc-Tecnologia da Informao) O sistema adotado, no ordenamento jurdico brasileiro, de controle judicial de legalidade, dos atos da Administrao Pblica,

    a) o da chamada jurisdio nica.

    b) o do chamado contencioso administrativo.

    c) o de que os atos de gesto esto excludos da apreciao judicial.

    d) o do necessrio exaurimento das instncias administrativas, para o exerccio do controle jurisdicional.

    e) o da justia administrativa, excludente da judicial.

    9) (2005/Esaf AFRFB) Em seu sentido subjetivo, o estudo da Administrao Pblica abrange:

    a) a atividade administrativa.

    b) o poder de polcia administrativa.

    c) as entidades e rgos que exercem as funes administrativas.

    d) o servio pblico.

    e) a interveno do Estado nas atividades privadas.

    10) (1999/Esaf Assistente Jurdico/AGU) A Administrao Pblica, em sentido objetivo, no exerccio da funo administrativa, engloba as seguintes atividades, exceto:

    (a) Polcia administrativa

    (b) Servio pblico

    (c) Elaborao legislativa, com carter inovador

    (d) Fomento a atividades privadas de interesse pblico

    (e) Interveno no domnio pblico

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    11) (1998/Esaf Procurador) Sobre os conceitos de Administrao Pblica, correto afirmar:

    a) Em seu sentido material, a Administrao Pblica manifesta-se exclusivamente no Poder Executivo.

    b) O conjunto de rgos e entidades integrantes da Administrao compreendido no conceito funcional de Administrao Pblica.

    c) Administrao Pblica, em seu sentido objetivo, no se manifesta no Poder Legislativo.

    d) No sentido orgnico, Administrao Pblica confunde-se com a atividade administrativa.

    e) A Administrao Pblica, materialmente, expressa uma das funes tripartites do Estado.

    12) (2007/Esaf PGFN-adaptada) A expresso Administrao Pblica, em sentido formal, designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes, sendo a prpria funo administrativa; e, no sentido material, designa os entes que exercem a atividade administrativa, compreendendo pessoas jurdicas, rgos e agentes pblicos incumbidos de exercer uma das funes em que se triparte a atividade estatal: a funo administrativa. (Certo/Errado)

    13) (2006/Esaf AFC/CGU) O Direito Administrativo considerado como sendo o conjunto harmonioso de normas e princpios, que regem o exerccio das funes administrativas estatais e

    a) os rgos inferiores, que as desempenham.

    b) os rgos dos Poderes Pblicos.

    c) os poderes dos rgos pblicos.

    d) as competncias dos rgos pblicos.

    e) as garantias individuais.

    14) (2007/Esaf DF/PROCURADOR) Em relao ao conceito e evoluo histrica do Direito Administrativo e ao conceito e abrangncia da Administrao Pblica, selecione a opo correta.

    a) Na evoluo do conceito de Direito Administrativo, surge a Escola do Servio Pblico, que se desenvolveu em torno de duas concepes. Na concepo de Leon Duguit, o Servio Pblico deveria ser entendido em sentido estrito, abrangendo toda a atividade material, submetida a regime

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    exorbitante do direito comum, desenvolvida pelo Estado para a satisfao de necessidades da coletividade.

    b) O conceito estrito de Administrao Pblica abarca os Poderes estruturais do Estado, sobretudo o Poder Executivo.

    c) A Administrao Pblica, em sentido objetivo, deve ser compreendida como o conjunto das pessoas jurdicas e dos rgos incumbidos do exerccio da funo administrativa do Estado.

    d) Na busca de conceituao do Direito Administrativo encontra-se o critrio da Administrao Pblica, segundo o qual, sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o conjunto de princpios que regem a Administrao Pblica.

    e) Na evoluo histrica do Direito Administrativo, encontramos a Escola Exegtica, que tinha por objeto a interpretao das leis administrativas, a qual tambm defendia o postulado da carga normativa dos princpios aplicveis atividade da Administrao Pblica.

    15) (2004/Esaf MRE Oficial de Chancelaria) A expresso administrao pblica admite diversos significados. De acordo com a doutrina, em seu sentido material ou funcional, Administrao Pblica, enquanto finalidade do Estado, no abrange:

    a) polcia administrativa.

    b) servios pblicos.

    c) fomento.

    d) finanas pblicas.

    e) interveno na atividade econmica.

    16) (2003/Esaf Procurador da Fazenda Nacional) Assinale, entre os atos abaixo, aquele que no pode ser considerado como de manifestao da atividade finalstica da Administrao Pblica, em seu sentido material.

    a) Concesso para explorao de servio pblico de transporte coletivo urbano.

    b) Desapropriao para a construo de uma unidade escolar.

    c) Interdio de um estabelecimento comercial em razo de violao a normas de posturas municipais.

    d) Nomeao de um servidor pblico, aprovado em virtude de concurso pblico.

    e) Concesso de benefcio fiscal para a implantao de uma nova indstria em determinado Estado-federado.

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    17) (2006/Esaf TRF) A primordial fonte formal do Direito Administrativo no Brasil :

    a) a lei.

    b) a doutrina.

    c) a jurisprudncia.

    d) os costumes.

    e) o vade-mcum.

    18) (2000/Esaf TRF) A fonte formal e primordial do Direito Administrativo a (o)

    a) Motivao que a fundamenta

    b) Povo

    c) Parlamento

    d) Dirio Oficial

    e) Lei

    19) (2003/Esaf Procurador da Fazenda Nacional) A distino entre a lei formal e a lei material est na presena ou no do seguinte elemento:

    a) Generalidade

    b) Novidade

    c) Imperatividade

    d) Abstrao

    e) Normatividade

    20) (1999/Esaf AGU) O decreto, com funo normativa, no tem o seguinte atributo:

    a) Novidade

    b) Privativo do Chefe do Poder Executivo

    c) Generalidade

    d) Abstrao

    e) Obrigatoriedade

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    21) ESAF - AnaTA MF/MF/2013 - Considerando o conceito de administrao pblica e seus princpios, bem como as fontes do Direito Administrativo, assinale a opo correta.

    a) Pelo princpio da Tutela, a Administrao Pblica exerce o controle sobre seus prprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judicirio. b) De acordo com o critrio funcional, o conceito de Administrao Pblica um complexo de atividades concretas e imediatas desempenhadas sob os termos e condies da lei, visando o atendimento das necessidades coletivas. c) As decises meramente administrativas que promanem dos Tribunais comuns ou especiais so relevantes fontes jurisprudenciais do Direito Administrativo, aplicando-se a situaes j ocorridas, desde que benficas Administrao Pblica. d) Do princpio da eficincia decorre a necessidade de institutos como a suplncia, a delegao e a substituio para preencher as funes pblicas temporariamente vagas. e) O sentido subjetivo da expresso Administrao Pblica est relacionado natureza da atividade exercida por seus prprios entes.

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    QUESTES COMENTADAS

    1) (2008/Esaf EPPG) Assinale a opo que contempla todos os entes da organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil, nos termos da Constituio.

    a) Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, todos soberanos.

    b) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios, todos soberanos.

    c) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios, todos independentes.

    d) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios, todos autnomos.

    e) Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, todos autnomos.

    Comentrio:

    Vamos direto s anlises. Essa daquelas questes que o candidato no pode mais sonhar em errar.

    Item A ERRADO. Os entes polticos ou federados so dotados de autonomia, e no de soberania.

    Item B ERRADO. So dois os erros. Primeiro, os territrios, a partir da Carta de 1988, passaram qualidade de autarquia da Unio, logo, no mais integrantes da Federao. Segundo, os entes federados so autnomos, e no soberanos.

    Item C ERRADO,GHPLWHP% Item D ERRADO. O candidato mais cansado (menos concentrado) poderia ser levado a marcar esse item, no entanto, os territrios no compem a Federao.

    Item E CORRETO. No h mais o que acrescentar. Gabarito: item E.

    2) (2006/Esaf - ENAP Administrador) So entidades polticas, com personalidade jurdica de direito pblico interno, integrantes da Repblica Federativa do Brasil:

    a) as autarquias da Unio e dos Estados.

    b) as autarquias e empresas pblicas da Unio.

    c) os Estados brasileiros.

    d) os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio da Unio.

    e) os Trs Poderes da Unio, dos Estados e dos Municpios.

    Comentrios:

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    funo administrativa, correto afirmar que esto relacionadas(os) funo poltica, exceto:

    a) comando

    b) coordenao

    c) execuo

    d) direo

    e) planejamento

    Comentrios:

    A Administrao Pblica, em se