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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS – STM 2010 PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 01 Olá, Pessoal! Bem-vindos ao curso de Administração Pública em Exercícios para o STM. Espero que vocês gostem do curso e que ele possa ajudá-los a ir bem na prova. Tentaremos ver questões anteriores do CESPE, apresentando itens que são importantes e alguns posicionamentos da banca em questões polêmicas. Nesta aula veremos o seguinte item do edital: Aula 01 - 13/12: 2. Administração pública: do modelo racional-legal ao paradigma pós- burocrático. Na verdade, veremos metade dele, pois a evolução da administração pública no Brasil ficará para a próxima aula. Boa aula! Rafael. Sumário 1 QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................................................2 2 LISTA DE EXERCÍCIOS . ..........................................................................................................................42 3 GABARITO . ..........................................................................................................................................49

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Aula 01

Olá, Pessoal!

Bem-vindos ao curso de Administração Pública em Exercícios para o STM. Espero que vocês gostem do curso e que ele possa ajudá-los a ir bem na prova. Tentaremos ver questões anteriores do CESPE, apresentando itens que são importantes e alguns posicionamentos da banca em questões polêmicas.

Nesta aula veremos o seguinte item do edital:

Aula 01 - 13/12: 2. Administração pública: do modelo racional-legal ao paradigma pós-burocrático.

Na verdade, veremos metade dele, pois a evolução da administração pública no Brasil ficará para a próxima aula.

Boa aula!

Rafael.

Sumário

1 QUESTÕES COMENTADAS......................................................................................................................2

2 LISTA DE EXERCÍCIOS . ..........................................................................................................................42

3 GABARITO . ..........................................................................................................................................49

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1 Questões Comentadas

1. (CESPE/HEMOPA/2004) Na sociologia compreensiva de Weber, poder e dominação são conceitos sinônimos, um substituindo plenamente o outro.

Para entendermos os modelos patrimonial e burocrático, é preciso primeiro estudarmos as formas de dominação descritas por Max Weber. Segundo esse sociólogo:

Poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento desta probabilidade.

Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis.

Disciplina é a probabilidade de encontrar obediência pronta, automática e esquemática a uma ordem, entre uma pluralidade indicável de pessoas, em virtude de atividades treinadas..

A dominação não significa toda espécie de possibilidade de exercer “poder” ou “influência” sobre outras pessoas. Segundo o autor, certo mínimo de vontade de obedecer, de interesse na obediência, faz parte de toda relação autêntica de dominação. Podemos considerar a dominação como a soma do poder com e legitimidade.

Para que um Estado exista, é preciso que as pessoas (dominados) aceitem a autoridade alegada pelos detentores do poder (dominadores). É necessário que os detentores do poder possuam uma autoridade reconhecida como legítima.

Portanto, a questão é errada, já que poder e dominação não são a mesma coisa na ótica de Weber.

Gabarito: E.

2. (CESPE/MDS/2006) Max Weber considera a existência de três tipos puros de dominação legítima: a tradicional, a racional-legal e a gerencial.

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Weber classifica os três tipos puros de dominação de acordo com a origem da legitimidade.

Dominação Tradicional: é aquela em que a legitimidade do soberano vem da tradição. É baseada na “crença cotidiana da santidade das tradições vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que, em virtude dessas tradições, representam a autoridade”.

Dominação Carismática: a legitimidade tem origem no carisma do líder. As pessoas aceitam suas ordens em virtude da “veneração extraordinária da santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por esta reveladas ou criadas”. O critério da legitimidade é a lealdade, a devoção afetiva do grupo para com o líder.

Dominação Racional-Legal: a legitimidade do soberano é dada por uma lei, que foi racionalmente criada. É “baseada na crença na legitimidade das ordens estatuídas e do direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens, estão nomeados para exercer a dominação”. Assim, as pessoas aceitam que determinada pessoa governe e obedecem suas ordens porque há uma lei que diz que essa pessoa deve estar no comando e que diz que tipos de ordens ela pode dar. Obedece-se às regras e não à pessoa.

A questão é errada, trocou a carismática pela gerencial.

Gabarito: E.

3. (ESAF/MPOG-EPPGG/2003) A dominação tradicional refere-se ao comando exercido por senhores que gozam de autoridade pessoal em virtude do status herdado, e cujas ordens são legítimas tanto por se conformarem aos costumes como por expressarem a arbitrariedade pessoal.

Na dominação tradicional, o critério para a aceitação da dominação é a tradição, ou seja, os valores e crenças que se perpetuam ao longo de gerações. O Rei governa o Estado porque seu pai era rei, assim como seu avô, seu bisavô etc. Fundamenta-se na crença na rotina de todos os dias como uma inviolável norma de conduta, tornando a dominação tradicional extremamente conservadora. Além disso, não se obedece a estatutos, mas à pessoa indicada pela tradição ou pelo senhor tradicionalmente determinado. As ordens são legítimas de dois modos:

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em parte em virtude da tradição que determina o conteúdo das ordens, e da crença no sentido e alcance destas, cujo abalo por transgressão dos limites tradicionais poderia pôr em perigo a posição tradicional do próprio senhor.

em parte em virtude do arbítrio do senhor, ao qual a tradição deixa espaço correspondente.

Assim, por um lado, há uma grande liberdade, um grande espaço para a arbitrariedade do senhor, já que não existem normas estabelecidas que limitem as suas decisões. Contudo, de outro, esse arbítrio está limitado pela própria tradição, uma vez que o senhor não pode ir contra aquilo que é a base da sua própria legitimidade.

Gabarito: C.

4. (CESPE/MPE-TO/2006) A liderança carismática funda-se no carisma, característica que é herdada ou aprendida pelo líder.

O carisma é conceituado por Weber da seguinte forma:

Uma qualidade pessoal considerada extracotidiana e em virtude da qual se atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobre-humanos ou, pelo menos, extracotidianos específicos ou então se a toma como enviada por Deus, como exemplar e, portanto, como líder.

Um ponto importante nesta definição é que o carisma é uma qualidade “pessoal”, ou seja, é de uma pessoa específica, por isso que o carisma não pode ser ensinado nem transferido do líder para um sucessor, ele só pode ser “despertado” e “provado”, e não “aprendido” ou “inculcado”.

A questão é errada porque o carisma não pode ser herdade ou aprendido, a pessoa tem ou não tem.

Gabarito: C.

5. (CESPE/MPE-TO/2006) A liderança carismática, quando se rotiniza, pode transformar-se em tradicional ou em racional-legal.

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Outro termo importante no conceito de carisma de Weber é “extracotidiano”. O carisma não constitui uma base sólida, pois a admiração das pessoas tende a diminuir com o passar do tempo. Assim, a dominação carismática rejeita a rotina. Na medida em que ela perde seu caráter efêmero e assume o caráter de uma relação permanente, ela precisa modificar-se substancialmente: ela se transformará ou numa dominação tradicional ou numa dominação racional.

Gabarito: C.

6. (CESPE/STM/2004) Historicamente, a dominação racional-legal ou burocrática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legitimada pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e arbitrário.

A dominação racional-legal, baseada na lei, irá surgir ao longo do Século XIX, juntamente com o capitalismo e a democracia. Weber, o principal analista deste processo, destacou com muita ênfase a superioridade da autoridade racional-legal sobre a dominação tradicional. A dominação tradicional não possui base racional, ela não é exercida com uma preocupação de eficiência. Na medida em que as normas tradicionais não são perfeitamente definidas, o senhor tradicional usufrui certa área de arbítrio.

Gabarito: C.

7. (CESPE/MTE/2008) A administração patrimonialista representa uma continuidade do modelo inspirado nas monarquias e prevalecente até o surgimento da burocracia, sendo a corrupção e o nepotismo inerentes a esse modelo. Aos cidadãos se concedem benesses, em vez da prestação de serviços, e a relação entre o governo e a sociedade não é de cidadania, e sim de paternalismo e subserviência.

O patrimonialismo é uma forma de dominação tradicional. Na realidade, é ainda mais específico, é um tipo de dominação patriarcal, que é um tipo de dominação tradicional. Na dominação patriarcal, todo um grupo de pessoas está sujeito às ordens do senhor, dentro de uma autoridade doméstica. Não se incluem aqui apenas os filhos de sangue do senhor, mas toda a comunidade, que de alguma forma vive a seu redor e depende dele.

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A partir do momento que há uma evolução dessas comunidades, aumentando a complexidade das tarefas que são desempenhadas, e tem início a descentralização do poder patriarcal, em que alguns grupos passam a ter maior responsabilidade e liberdade, surge a dominação patrimonial.

Estes grupos atuam em nome do senhor e, apesar de inicialmente constituir uma relação unilateral, nasce uma exigência de reciprocidade. Enquanto o submetido cumpre com seus deveres e mantém sua capacidade para o trabalho, o senhor também “deve” alguma coisa a ele, como proteção aos perigos externos e ajuda em caso de necessidade, além de um tratamento “humano” no que se refere à exploração de sua capacidade de trabalho.

Quando o soberano atua fora da esfera da comunidade doméstica, ampliando sua dominação para outros territórios e pessoas, da mesma forma como ele age dentro dela, ocorre a formação estatal-patrimonial. A maior parte dos impérios continentais apresentou, até o início da Época Moderna (fim da Idade Média), e ainda dentro dessa época, um caráter fortemente patrimonial.

Gabarito: C.

8. (CESPE/MCT/2004) A principal característica do estado patrimonial é a apropriação privada da coisa pública.

Segundo Bresser Pereira:

A característica que definia o governo nas sociedades pré-capitalistas e pré-democráticas era a privatização do Estado, ou a interpermeabilidade dos patrimônios público e privado. ‘Patrimonialismo’ significa a incapacidade ou a relutância de o príncipe distinguir entre o patrimônio público e seus bens privados. A administração do Estado pré-capitalista era uma administração patrimonialista.

A administração patrimonial tem como objetivo principal satisfazer as necessidades pessoais do senhor. Não existe uma diferenciação entre o patrimônio público e o privado, sendo esta é a maior característica do patrimonialismo: a confusão entre as esferas pública e privada.

Desta forma, o príncipe administra os bens públicos como se fossem seus. Na realidade, naquela época pré-moderna, e inclusive ainda nos Estados Absolutistas,

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não havia patrimônio público. Havia o patrimônio real. Isso pode ser observado na atuação do quadro administrativo: o funcionário patrimonial mantinha uma relação puramente pessoal de submissão ao senhor, e sua posição diante dos súditos constituía nada mais do que o lado exterior dessa relação. A fidelidade do servidor não é com o interesse público, mas sim com o senhor.

Gabarito: C.

9. (CESPE/DPU/2010) A gestão patrimonial fundamenta-se na própria formação sócio-histórica, na privatização das esferas do Estado e de acordo com interesses particularizados.

Mais uma vez, o patrimonialismo se caracteriza pela confusão entre o público e o privado, devido inclusive à forma como os Estados foram sendo construídos em torno da figura do rei.

Gabarito: C.

10. (CESPE/MDS/2006) O patrimonialismo caracteriza-se pelo resguardo do patrimônio público de captura por parte de grupos de interesse na sociedade.

O patrimonialismo é justamente a captura do patrimônio público por parte de grupos da sociedade, e não resguardo.

Gabarito: E.

11. (CESPE/SEAD/2001) O patrimonialismo pode ser definido como uma cultura ou um conjunto de práticas de apropriação de ativos e interesses públicos por particulares ou privados.

Como vimos, a principal característica do patrimonialismo é a apropriação privada da coisa pública, a falta de divisões nítidas entre as esferas pública e privada.

Gabarito: C.

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12. (CESPE/TCU/2007) O patrimonialismo normal inibe a economia racional não apenas por sua política financeira, mas também por peculiaridades de sua administração, entre as quais se pode citar a ausência típica de um quadro de funcionários com qualificação profissional formal.

No patrimonialismo, na economia, não há “regras do jogo” estáveis. o Estado não assume o papel de fiador e mantenedor de uma ordem jurídica impessoal e universal que possibilite aos agentes econômicos a calculabilidade de suas ações e o livre desenvolvimento de suas potencialidades; ao contrário, intervém, planeja e dirige o mais que pode a economia, tendo em vista os interesses particulares do grupo que o controla.

Gabarito: C.

13. (CESPE/TCE-PE/2004) A burocracia patrimonialista era o modelo clássico de administração presente nas monarquias européias do século XIX.

Uma coisa importante com a qual vocês devem tomar cuidado é com o uso do termo burocracia. Ele surgiu da junção da palavra francesa bureau (escritório) com a palavra grega krátos (poder) e é usado desde o século XVIII para se referir às repartições públicas. Assim, algumas vezes o termo burocrático não estará se referindo ao modelo racional-legal, mas sim à administração pública de forma ampla.

Quando falamos em “burocracia patrimonial”, estamos falando de uma forma mista, que traz características dos dois modelos. Weber fala que, quando trabalham funcionários não-livres (escravos, ministeriais) dentro de estruturas hierárquicas, com competências objetivas, portanto, de modo burocrático formal, estamos diante de uma “burocracia patrimonial”.

Assim, a burocracia patrimonial traz características da burocracia, como a hierarquia e a divisão do trabalho; mas também traz características do patrimonialismo, como a confusão entre o público e o privado. Esse era o modelo característico das monarquias europeias no Século XIX, quando estavam em transição para a burocracia em si.

Gabarito: C.

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14. (CESPE/TRE-BA/2009) A dominação racional-legal surgiu no século XIX como uma contraposição à forma de atividade do aparelho do Estado que se baseava no poder arbitrário e tradicional, isto é, culturalmente patrimonialista.

A dominação-legal, o modelo burocrático, irá surgir no Século XIX, combatendo justamente a confusão entre o público e o privado do patrimonialismo, trazendo as normas como instrumento de buscar uma administração racional.

Gabarito: C.

15. (CESPE/SEGER/2007) No entendimento de Bresser Pereira, a administração do Estado pré-capitalista era do tipo patrimonialista; a associação entre o capitalismo e a democracia fez emergir uma administração pública burocrática, o modelo racional-legal, ao passo que a administração pública gerencial está mais orientada para as necessidades do cidadão e para a obtenção de resultados.

Segundo Bresser Pereira:

A administração pública burocrática foi adotada para substituir a administração patrimonialista, que definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram confundidos. Nesse tipo de administração o Estado era entendido como propriedade do rei. O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção, eram a norma. Esse tipo de administração revelar-se-á incompatível com o capitalismo industrial e as democracias parlamentares, que surgem no século XIX. É essencial para o capitalismo a clara separação entre o Estado e o mercado; a democracia só pode existir quando a sociedade civil, formada por cidadãos, distingue-se do Estado ao mesmo tempo em que o controla.

Assim, a maior complexidade da sociedade, decorrente do surgimento do capitalismo industrial e do fortalecimento da democracia, tornou necessária uma administração mais racional e impessoal.

Vimos que no patrimonialismo não havia regras claras na economia, esta era administrada de acordo com os interesses de alguns grupos. Contudo, o desenvolvimento do capitalismo e a industrialização passam a exigir um Estado

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impessoal, que não governe caso a caso, mas que obedeça ao princípio do universalismo de procedimentos, que defenda o tratamento igualitário perante a lei. A administração pública não deve fazer discriminações positivas ou negativas no atendimento aos administrados. É preciso que a administração siga critérios legais, racionais, e não pessoais.

Gabarito: C.

16. (CESPE/STM/2004) Burocracia é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados.

Esta definição foi tirada do livro “Introdução a Organização Burocrática”, do Bresser Pereira com o Fernando Prestes Motta. Os autores afirmam que:

Se adotarmos uma definição curta e perfeitamente enquadrada dentro dos moldes da filosofia aristotélica, diremos que uma organização ou burocracia é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados.

Detalhando melhor esta definição, os autores dizem que o critério que diferencia o ato racional do irracional é sua coerência em relação aos fins visados. Um ato será racional na medida em que representar o meio mais adaptado para se atingir determinado objetivo, na medida em que sua coerência em relação a seus objetivos se traduzir na exigência de um mínimo de esforços para se chegar a esses objetivos. Isso significa que a burocracia evoluiu como uma forma de se buscar maior eficiência nas organizações. Isso mesmo! Apesar de considerarmos o termo “burocrático” quase como um antônimo de eficiência, no seu cerne ele nasceu como a racionalização das atividades com o objetivo de aumentar a eficiência.

Quando pensamos na burocracia como excesso de controles, papelada, necessidade de muitas tramitações, apego exagerado a regulamentos, ineficiência, estamos pensando nos defeitos do sistema, ou ao que damos o nome de “disfunções” da burocracia.

Outro ponto que pode causar estranheza aqui é o fato de falarmos que a burocracia olha para o resultado, os fins visados. Sempre ouvimos dizer que o modelo burocrático focava no processo, enquanto a administração gerencial foca no

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resultado. Esta é outra disfunção da burocracia, que, na teoria, surgiu para trazer eficiência.

Na definição dos autores temos também a “divisão do trabalho”. Qualquer sistema social elementarmente organizado tem por base a divisão do trabalho, a especialização das funções. A estrutura organizacional pode apresentar uma especialização vertical – a hierarquia – e uma especialização horizontal, a divisão do trabalho, ou departamentalização. Vimos isso na aula passada. Em uma burocracia, esta divisão deverá ser feita racionalmente, ou seja, sistemática e coerentemente.

Gabarito: C.

17. (CESPE/STM/2004) Em relação às características básicas que traduzem o caráter racional da burocracia, é correto afirmar que esta é constituída por sistemas sociais formais, impessoais e dirigidos por administradores profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

As burocracias têm sua fonte de legitimidade no poder racional-legal, e não no poder patriarcal, patrimonial ou carismático. Mas, como se expressa essa racionalidade da burocracia? Como se distingue ela dos demais sistemas sociais que não têm por base o poder racional-legal? Bresser e Motta, procurando reduzir as organizações à sua expressão mais simples, afirmam que:

São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administradores profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

Podemos ver que a questão é cópia desse trecho.

Gabarito: C.

18. (CESPE/MCT/2004) Conforme a definição seminal weberiana, a burocracia é, sobretudo, uma forma de dominação na qual os burocratas tendem a usurpar o poder político.

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Na questão anterior, vimos que os autores falam em três características, mas observar nesta definição uma quarta característica: a tendência de aumento do controle por parte dos administradores.

No modelo burocrático, ocorre a separação entre a propriedade e a administração. O que ocorreu ao longo dos séculos XIX e XX é que as organizações deixaram de ser controladas pelos proprietários, para serem controladas por administradores profissionais. Isso é resultado de um processo em que podemos identificar diversas fases. Em primeiro lugar, houve o aparecimento do sistema corporativo, com a criação das grandes companhias que concentram boa parte da riqueza. Ao mesmo tempo, houve uma dispersão na propriedade das ações. Isso tudo resultou na separação do controle e da propriedade. Já não eram mais os proprietários, em função de sua riqueza, que controlavam as grandes empresas, mas os administradores profissionais, os burocratas.

Na administração do Estado ocorreu a mesma coisa. Administração e política são esferas distintas e separadas a partir da proibição legal de acúmulo ou superposição de funções. A atividade burocrática deve ser regida pelos critérios da expertise, confiabilidade, confidencialidade, impessoalidade, imparcialidade, moralidade, entre outros.

Segundo Weber, com a maior complexidade e a burocratização da sociedade moderna, os burocratas tendem a retirar poder dos políticos. O surgimento do estado burocrático implicaria a renúncia de responsabilidade pela liderança política e na usurpação das funções políticas por parte dos administradores. O termo “usurpação” pode parecer forte, mas é correto.

Max Weber tinha um duplo sentimento em relação à burocracia: considerava que ela era imprescindível para a racionalização das atividades estatais, algo que a classe política não conseguiria fazer sozinha, mas temia que a burocracia tivesse poder demasiado e, por isso, sempre propôs um controle político sobre ela.

A Burocracia é compatível com o sistema da autoridade legal somente quando a formulação das leis e a supervisão de sua aplicação ficam sendo mais prerrogativas dos políticos: se o aparelho burocrático consegue usurpar o processo político e legislativo, será preciso falar de um processo de burocratização que ultrapassou os limites do sistema de domínio legal e lhe transformou a estrutura. O maior dilema da democracia seria: como impedir que a burocracia venha a usurpar o poder e como assegurar que permaneça sendo apenas um elo entre dominadores e dominados?

Gabarito: C.

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19. (CESPE/MDS/2006) Impessoalidade, hierarquia, flexibilização de procedimentos, especialização e ênfase nos controles são características dos modelos das organizações burocráticas de gestão.

Vimos acima que são três as características principais da burocracia: formalidade, impessoalidade e administradores profissionais. Mas também podemos falar em outras. A burocracia estabelece uma rígida hierarquia, com organizações verticalizadas e centralizadas, em que as decisões são tomadas apenas pelos níveis mais altos. A divisão do trabalho também gera a especialização. E os controles são rígidos, os funcionários só podem agir conforme diz a lei, devem seguir uma série de regras e adotar procedimentos padrões. Por isso que não podemos falar em flexibilização de procedimentos.

Gabarito: E.

20. (CESPE/TRE-MA/2005) O formalismo da burocracia expressa-se pelo fato de que a relação de autoridade é decorrência de um sistema de normas racionais formalizadas que definem como tal relação de autoridade-obediência deve acontecer e definem a distribuição de atividades em prol do atingimento dos objetivos.

O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de um sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem executadas de forma sistemática, tendo em vista os fins visados. Sua administração é formalmente planejada, organizada, e sua execução se realiza por meio de documentos escritos.

Em primeiro lugar, a autoridade, em uma burocracia, deriva de normas racionais-legais, em vez de tradicionais. Assim, as normas são válidas não porque a tradição as legitime, mas porque, sendo racionais, são válidas aos fins visados. Além disso, essas normas são legais. Elas conferem à pessoa investida de autoridade o poder de coação sobre os subordinados e coloca à sua disposição meios coercitivos capazes de impor disciplina.

Apesar de a norma garantir tais meios coercitivos, esta autoridade é estritamente limitada pela norma legal. Ela é muito diversa da autoridade ampla e mal definida do pai sobre o filho, do senhor sobre o escravo ou o servo. O administrador burocrático não tem nenhuma autoridade sobre a vida privada de seu subordinado e, mesmo

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dentro da organização, seu poder está definido pelas suas funções e as funções do subordinado.

Em segundo lugar, as normas são escritas e exaustivas. Não seria possível definir todas as relações de autoridade dentro de um sistema, de forma racional e precisa, sem escrevê-las. A norma tradicional não precisa ser escrita porque ela pouco muda, é aceita e obedecida através de gerações. A norma racional, porém, precisa a todo instante ser modificada, adaptando-se aos fatores novos que surgem no ambiente, já que visa à consecução dos objetivos colimados da forma mais eficiente e econômica possível.

A necessidade de escrever as normas burocráticas, de formalizá-las, acentua-se ainda mais devido ao caráter exaustivo que elas tende a ter. Elas procuram cobrir todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e enquadrá-las dentro de um comportamento definido. Desta forma, tanto a alta administração mantém mais firmemente o controle, reduzindo o âmbito de decisão dos administradores subordinados, como também facilita o trabalho destes, que não precisam estar a cada momento medindo as conseqüências vantajosas e desvantajosas de um ato antes de agir.

Em terceiro lugar, a burocracia se caracteriza pelo seu caráter hierárquico, ou seja, por um sistema firmemente organizado de mando e subordinação mútua das autoridades, mediante supervisão das inferiores pelas superiores, sistema esse que oferece ao subordinado a possibilidade de apelar da decisão de uma autoridade inferior a uma autoridade superior. A organização toma, assim, uma forma de pirâmide. Cada superior tem sob suas ordens um determinado (e geralmente pequeno) número de subordinados, Dizemos que há uma pequena amplitude de controle, que significa o número de empregados que devem se reportar a um administrador. Este conceito determina quanto um administrador deve monitorar estreitamente seus subordinados. Quanto maior a amplitude de controle, maior será o número de pessoas para supervisionar e menor será o número de supervisores, ou seja, menor será o controle. Uma vantagem é que o custo é menor.

Weber afirma que, em uma burocracia plenamente desenvolvida, a hierarquia é “monocrática”, ou seja, existe apenas um chefe para cada subordinado, defende-se o princípio da unidade de comando.

Gabarito: C.

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21. (CESPE/INMETRO/2009) O formalismo da burocracia expressa-se no fato de que a autoridade deriva de um sistema de normas racionais, as quais definem com precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem executadas de forma sistemática, tendo em consideração os fins visados.

Questão praticamente igual a anterior. Lembram-se dos “fins visados”? Isso é importante.

Gabarito: C.

22. (CESPE/MCT/2004) O universalismo de procedimentos é uma derivação do caráter racional-legal dos sistemas burocráticos.

O universalismo de procedimentos é o tratamento igualitário perante a lei, sem haver discriminações positivas ou negativas. É um dos princípios defendidos pelo modelo racional-legal como forma de combater as práticas patrimonialistas, dentro do princípio da impessoalidade.

O caráter impessoal das organizações é a segunda forma básica pela qual elas expressam sua racionalidade. A administração burocrática é realizada sem consideração a pessoas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de escritório”. É, portanto, o sistema social em que, por uma abstração, os escritórios ou os cargos governam. O governo das pessoas existe apenas na medida em que elas ocupam os cargos. Isso salienta o caráter estritamente impessoal do poder de cada indivíduo, que não deriva da personalidade do indivíduo, como acontece na dominação carismática, nem de uma herança recebida, como no poder tradicional, mas da norma que cria o cargo e define suas atribuições.

O caráter impessoal da burocracia é claramente definido por Weber quando ele diz que obedece ao princípio da administração sine ira ac studio, sem ódio ou paixão. Segundo Weber:

A burocracia é mais plenamente desenvolvida quando mais se desumaniza, quanto mais completamente alcança as características específicas que são consideradas como virtudes: a eliminação do amor, do ódio e de todos os elementos pessoais, emocionais e irracionais, que escapam ao cálculo.

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Um aspecto essencial através do qual se expressa o caráter impessoal das burocracias refere-se à forma de escolha dos funcionários. Nos sistemas sociais não burocráticos, os administradores são escolhidos de acordo com critérios eminentemente irracionais. Fatores como linhagem, prestígio social e relações pessoais determinarão a escolha. Já nas organizações burocráticas, os administradores são profissionais, que fazem uso do conhecimento técnico especializado, obtido geralmente através de treinamento especial. Aqui estamos entrando na terceira característica das organizações burocráticas.

Gabarito: C.

23. (CESPE/CNPq/2004) As organizações burocráticas são personalistas, valorizando o indivíduo e suas características particulares.

A burocracia é impessoal, busca se desumanizar não leva em consideração as pessoas, mas sim as regras.

Gabarito: E.

24. (CESPE/MEC/2003) Nas organizações burocráticas, cada superior tem sob suas ordens determinado número de subordinados, os quais, por sua vez, têm sob si outros subordinados, e assim por diante.

Um dos princípios da administração burocrática é a hierarquia. A organização passa a ser formada por diversos níveis hierárquicos, cada um exercendo o controle sobre os inferiores. O que resulta disso é uma estrutura organizacional extremamente verticalizada, em que as decisões são centralizadas nos níveis mais altos, o que faz com que haja lentidão dentro da organização, inclusive nas comunicações, que precisam passar por diversas pessoas até chegar ao seu destino. A amplitude de controle é baixa.

Gabarito: C.

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25. (CESPE/MEC/2003) A burocracia apresenta uma divisão horizontal do trabalho, em que as diferentes atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a serem atingidos.

Vimos na questão anterior que a administração burocrática apresenta uma estrutura organizacional verticalizada, ou seja, com muitos níveis hierárquicos. Já esta outra questão diz que apresenta também uma divisão horizontal do trabalho. Ela na realidade não está dizendo o contrário da anterior. As duas questões falam de coisas diferentes.

A divisão do trabalho é um dos princípios da administração burocrática. Ela ocorre mediante a especialização das unidades em determinadas tarefas. Esta divisão ocorre no mesmo nível da organização, por isso é horizontal. Enquanto a hierarquização, que vimos na questão anterior, é a especialização vertical, a departamentalização é a divisão horizontal. A administração burocrática também realiza uma divisão horizontal do trabalho, mas isso não significa que sua estrutura será horizontal. Ela continuará extremamente verticalizada.

Gabarito: C.

26. (CESPE/MDS/2006) Prebendas e sinecuras, formas patrimonialistas de ocupação de espaços no aparelho do Estado, são substituídas por critérios meritocráticos no modelo burocrático.

No patrimonialismo não há distinção entre a esfera pública e a esfera privada. Os bens públicos, do Estado, são usados para interesses pessoais. Um exemplo é o fato de prefeitos explorarem as terras públicas e ficarem com parte do lucro. Os cargos públicos passam a ser considerados bens pessoais, podendo ser vendidos ou transmitidos hereditariamente. As nomeações baseavam-se em critérios pessoais, trocas de favores. São utilizados os termos “sinecura” e “prebenda” para descrever os empregos públicos, já que significam ocupação rendosa de pouco trabalho.

Na burocracia, ocorre a separação entre o cargo e seu ocupante. O cargo não é mais uma propriedade da pessoa, mas sim do Estado. Vimos que uma característica é a profissionalização do administrador. Existem alguns traços que distinguem o administrador profissional.

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Em primeiro lugar, ele é, antes de tudo, um especialista. Esta é uma característica fundamental. As burocracias são sistemas sociais geralmente de grandes dimensões, nos quais o uso do conhecimento especializado é essencial para o funcionamento eficiente. São necessários homens treinados para exercer as diversas funções criadas a partir do processo de divisão do trabalho. Seus conhecimentos, porém, não devem se limitar à sua especialidade. Participando de um sistema pródigo em normas, diretrizes e rotinas, eles devem conhecê-las perfeitamente. Às vezes, é no conhecimento destas normas que consiste sua especialização, quando se trata de administradores de baixo nível. Em relação aos administradores de topo, sua especialidade é simplesmente a de administrar. Eles não são especialistas em finanças, produção, pessoal. São generalistas, que podem conhecer um pouco mais um setor do que outro.

Em segundo lugar, o administrador profissional tem em seu cargo sua única ou principal atividade. Ele não é administrador por acidente, subsidiariamente, como o eram os nobres dentro da administração palaciana.

Em terceiro lugar, o administrador burocrático não possui os meios de administração e produção. Ele administra em nome de terceiros: em nome de cidadãos, quando se trata de administrar o Estado, ou em nome dos acionistas, quando se trata de administrar uma sociedade anônima.

Gabarito: C.

27. (CESPE/MDS/2008) A organização burocrática é embasada no modelo racional-legal de administração, exclusiva da área pública, sendo caracterizada pela racionalidade decorrente da objetividade das normas de julgamento; pela impessoalidade, que se revela nos métodos objetivos de selecionar e promover funcionários; e pelo grau de previsibilidade que proporciona aos dirigentes públicos.

A organização burocrática é embasa no modelo racional-legal, mas ela não é exclusiva da área pública. Ela foi muito marcante nas empresas e em outras organizações ao longo da história, como a Igreja. Já os princípios colocados depois estão certos. Ela é caracterizada pela racionalidade, pela impessoalidade e pela previsibilidade.

Gabarito: E.

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(CESPE/UAB/2010) Com base nas características da burocracia ideal concebida pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), julgue os itens a seguir.

28. As burocracias foram estabelecidas para oferecer o meio mais eficiente de obtenção do trabalho concluído.

29. Em uma organização formal, a impessoalidade resulta da aplicação uniforme e imparcial de procedimentos e regras.

30. Na cadeia de comando de uma organização formal, a autoridade está dissociada da responsabilidade pelo cumprimento de normas e leis.

Como vimos, na teoria, a burocracia surgiu para buscar a eficiência, a racionalidade representa a utilização dos meios mais adequados para se alcançar determinado objetivo. A questão 28 é certa.

A impessoalidade caracteriza-se pelo tratamento igualitário, pela universalização de procedimentos. A questão 29 é certa.

A questão 30 é errada, pois o principal da burocracia é o cumprimento de normas e leis.

Há um ponto importante, que se aproxima do que é dito aqui. Na burocracia, há responsabilidade pelo cumprimento das normas e leis, mas não há responsabilidade pelo alcance dos resultados. Se o burocrata segue o que dizem as leis, executa os procedimentos conforme determinado, o fato de o resultado ser alcançado ou não é mais problema dele. Esse era um dos maiores problemas da burocracia, a falta de responsabilização por resultados.

Gabarito: C, C, E.

31. (CESPE/INMETRO/2007) Embora seja alvo de críticas por sua rigidez e até mesmo seja tratada como sinônimo da lentidão do Estado, a administração pública burocrática trouxe importantes avanços, como a profissionalização do serviço público, o controle e a impessoalidade.

A administração burocrática trouxe uma série de avanços em relação à administração patrimonialista, entre eles a impessoalidade, a racionalidade, o mérito, a profissionalização, o controle. No entanto, surgiram uma série de problemas, que a

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doutrina convencionou chamar de disfunções da burocracia, entre elas a rigidez e a lentidão.

O excesso de burocratização, de formalismo e despersonalização, é a principal origem das disfunções da burocracia. Esse excesso resulta na concepção popular de burocracia como um sistema ineficiente, dominado pela “papelada” e por funcionários de mentalidade estreita, incapazes de tomar decisões e pensar por conta própria.

As disfunções mais comumente listadas são as seguintes:

a) Internalização das regras e exagero apego aos regulamentos: as normas e regulamentos passam a se transformar de meios em objetivos. A primeira conseqüência desse processo de formalização, especialmente quando levado a extremos, é tornar o simples emaranhado de normas uma especialidade. O funcionário burocrático torna-se um especialista, não por possuir conhecimentos profissionais em determinado setor que interesse diretamente à consecução dos objetivos da organização, mas simplesmente porque conhece perfeitamente todas as normas que dizem respeito à sua função. O conhecimento dessas normas torna-se, então, algo muito importante, e, daí, para se transformar tais normas, de meios que são, em objetivos, há apenas um passo.

b) Desenvolvimento, entre os funcionários, de um nível mínimo de desempenho: O respeito às normas passa a ser tão importante que o desempenho torna-se secundário. Quando os funcionários subordinados percebem que seu superior preocupa-se exclusivamente com a observância das normas estabelecidas, eles verificam também que existe certa margem de tolerância e que, desde que se mantenham dentro dessa margem, poderão reduzir seu desempenho ao mínimo, permanecendo, ainda assim, seguros.

c) Excesso de formalismo e de papelório: há a necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações dentro da burocracia a fim de que tudo possa ser devidamente testemunhado por escrito. Deriva diretamente do excesso de formalismo, do princípio de que tudo o que ocorre em uma organização deve ser documentado. O problema consiste em determinar o ponto em que o emprego desses documentos deixa de ser necessário e transforma-se em “papelada”

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d) Resistência a mudanças: o funcionário da burocracia está acostumado em seguir regras, ou seja, conforme rotinas, com isso, sente-se seguro e tranqüilo, resistindo a possíveis mudanças.

e) Despersonalização do relacionamento: como vimos na característica da impessoalidade, a administração burocrática é realizada sem consideração a pessoas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de escritório”. O problema é que as pessoas passam a se relacionar de forma impessoal, pois começam a olhar os colegas como membros da organização. Os superiores passam a se comunicar com os cargos ou registros, sem levar em consideração as especificidades de cada um, como cada funcionário irá reagir;

f) Categorização como base do processo decisorial: a burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, ou seja, na burocracia, quem toma as decisões são as pessoas que estão no mais alto nível da hierarquia. Isso faz com que as decisões sejam tomadas por pessoas distantes da realidade, que muitas vezes não têm o conhecimento suficiente da situação. Além disso, o processo decisório torna-se lento, já que as demandas da sociedade têm sempre que passar por um superior;

g) Superconformidade às rotinas e procedimentos: na burocracia as rotinas e procedimentos se tornam absolutas e sagradas para os funcionários. Os funcionários passam a trabalhar em função das regras e procedimentos da organização e não mais para os objetivos organizacionais, com isso, perde-se a flexibilidade, iniciativa, criatividade e renovação.

h) Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público: Os funcionários trabalham voltados ao interior da organização, de forma auto-referida, sem atentar para as reais necessidades dos “clientes”, os cidadãos. Os clientes necessitam de atendimentos personalizados, mas na burocracia os funcionários atendem os clientes num padrão, fazendo com que as pessoas fiquem insatisfeitas com os serviços.

Gabarito: C.

32. (CESPE/MDS/2006) O insulamento burocrático é um fenômeno característico de administrações públicas com alto grau de controle social.

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O problema político da burocracia estatal é crítico no seio do Estado. A dicotomia entre burocracia estatal e sistema político pode assumir formas que variam do insulamento burocrático da burocracia em relação ao sistema político, à captura clientelista predatória da política ou do sistema político em relação à burocracia. Nestes mesmos casos extremos cabem também situações de integração disfuncional, tais como alianças espúrias entre segmentos políticos e burocráticos em busca de rendas patrimoniais decorrentes de privilégios, proteção ou corrupção.

Para que a burocracia não sofra interferências externas, tanto dos políticos quanto da sociedade, muitas vezes ela se fecha e passa a atuar de forma isolada. O insulamento burocrático pode ser compreendido como um processo de proteção do núcleo técnico do Estado, que se responsabiliza pela consecução de determinados objetivos específicos, contra a interferência oriunda do público ou de outras organizações intermediárias. Segundo Edson Nunes,

O insulamento burocrático significa a redução do escopo da arena em que os interesses e demandas populares podem desempenhar um papel. Esta redução da arena é efetivada pela retirada de organizações cruciais do conjunto da burocracia tradicional e do espaço político governado pelo Congresso e pelos partidos políticos, resguardando estas organizações contra tradicionais demandas burocráticas ou redistributivas.

O insulamento burocrático pode ser visto de forma positiva, como para evitar a pressão de grupos de interesses poderosos, ou de forma negativa, quando os burocratas deixam de ouvir a sociedade, reduzindo a participação desta no processo decisório.

O insulamento burocrático busca evitar a interferência sobre os burocratas tanto de políticos quanto da sociedade. Num país com alto grau de controle social, não haverá insulamento burocrático porque a sociedade participa ativamente das decisões do Estado.

Gabarito: E.

33. (ESAF/MPOG/2002) O Estado do Bem-Estar Social foi prejudicado e marcado pelo modelo de administração pública burocrática.

A administração pública burocrática clássica foi adotada porque era uma alternativa muito superior à administração patrimonialista do Estado. Entretanto o pressuposto

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de eficiência em que se baseava não se revelou real. No momento em que o pequeno Estado liberal do século XIX deu definitivamente lugar ao grande Estado social e econômico do século XX, verificou-se que não garantia nem rapidez, nem boa qualidade nem custo baixo para os serviços prestados ao público. Na verdade, a administração burocrática é lenta, cara, auto-referida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cidadãos.

Quando o Estado era pequeno, estas deficiências da burocracia não eram tão relevantes. Segundo Bresser, no Estado liberal só eram necessários quatro ministérios: o da Justiça, responsável pela polícia; o da Defesa, incluindo o exército e a marinha; o da Fazenda; e o das Relações Exteriores. Nesse tipo de Estado, o serviço público mais importante era o da administração da justiça, que o Poder Judiciário realizava. O problema da eficiência não era, na verdade, essencial.

Contudo, a partir do momento em que o Estado se transformou no grande Estado social e econômico do século XX, assumindo um número crescente de serviços sociais – educação, saúde, cultura, previdência e assistência social, pesquisa científica – e de papéis econômicos – regulação do sistema econômico interno e das relações econômicas internacionais, estabilidade da moeda e do sistema financeiro, provisão de serviços públicos e de infra-estrutura –, nesse momento, o problema da eficiência tornou-se essencial.

O estado ficou responsável por uma série de serviços, e as demandas da sociedade cresciam e se tornavam mais complexas. Contribuía ainda mais para piorar a imagem da burocracia o fato de ela ser classificada à época muito mais como um grupo de interesse do que como um corpo técnico neutro a serviço dos cidadãos. O excesso de regras, que tinha como objetivo combater o patrimonialismo e defender os bens públicos da ação de particulares, nem mesmo isso estava conseguindo fazer.

Gabarito: C.

34. (CESPE/MDS/2006) Verifica-se o fenômeno do rent seeking quando determinados grupos da sociedade, por meio do controle do aparelho do Estado, viabilizam a apropriação de rendas e vantagens excepcionais para si ou para seus protegidos.

Segundo Bresser Pereira:

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A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste século, como resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise fiscal; como estratégia para reduzir custos e tornar mais eficiente a administração dos imensos serviços que cabem ao Estado; e como um instrumento para proteger o patrimônio público contra os interesses do rent-seeking ou da corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos 60 ou, pelo menos, desde o início da década dos 70, crescia uma insatisfação, amplamente disseminada, em relação à administração pública burocrática.

Ele coloca que, além da ineficiência, há uma razão mais ampla para o interesse que a reforma do Estado, e particularmente da administração pública, tem despertado: a importância sempre crescente que se tem dado à proteção do patrimônio público ou da coisa pública (res publica) contra as ameaças de sua “privatização” ou, em outras palavras, contra atividades de rent seeking.

O surgimento do Estado do Bem-Estar para garantir os direitos sociais, e o papel cada vez maior que o Estado assumiu ao promover o crescimento econômico e a competitividade internacional, tornaram evidente o caráter do Estado como res publica. E implicaram em um aumento considerável da cobiça de indivíduos e de grupos desejosos de submeter o Estado a seus interesses especiais. A privatização da carga fiscal (forma principal da res publica) passava a ser o principal objetivo dos rent-seekers. Não por acaso, quase simultaneamente, um cientista político social-democrata brasileiro (Martins, 1978), pela primeira vez escreveu sobre a “privatização do Estado”, e uma economista norte-americana conservadora (Krueger, 1974) definiu rent-seeking. Ambos se referiam ao mesmo problema: percebiam que era necessário proteger a res publica contra a ganância de indivíduos e grupos poderosos.

O termo rent seeking foi usado pela primeira vez na década de 1970 para descrever a atuação de determinados grupos com o objetivo de tirar vantagem do Estado. O rent seeking é chamado também de parasitismo político. A questão fala em vantagens excepcionais porque o “rent seeker” não contribuiu para que obtivesse essa vantagem. Ela será conquistada como o sacrifício de toda a coletividade.

Bresser Pereira conceitua rent seeking da seguinte forma:

Rent-seeking, literalmente, busca de rendas, é a atividade de indivíduos e grupos de buscar “rendas” extramercado para si próprios por meio do controle do Estado. Tem origem na teoria econômica neoclássica, em que um dos sentidos da palavra rent é exatamente o ganho que não tem origem nem no trabalho, nem no

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capital. Corresponde ao conceito de “privatização do Estado” que os brasileiros vêm usando.

Segundo Divanildo Triches:

Rent Seeking é usualmente definido como atividade política de um indivíduo ou grupo que adota recursos escassos para perseguir direitos de monopólio concedidos pelo governo, ou ainda é atividade que tenta se apropriar da riqueza existente, ao invés de criá-la. A preposição básica é que o: a) gasto de recursos para conseguir uma transferência de renda é, em si mesmo, um custo social, b) privilégio resultante do mercado ou a renda representa uma perda de bem-estar sobre os consumidores ou contribuintes. Os instrumentos e a ação política do governo para qual a renda é criada são subornos direcionados à venda ou concessão de subsídios, impostos privilegiados, manutenção de preços e tarifas, estabelecimentos de cotas de importação, concessão de licenças, pagamentos de elevados salários ou pagamentos de adicionais

No entanto, o termo rent seeking é usado também para descrever outras formas de se conseguir vantagens excepcionais por meio do Estado, como: corrupção, lobbying, financiamento de campanhas, uso da força, como a invasão de prédios públicos pelo MST. Um exemplo é a pressão da bancada ruralista no Congresso com o objetivo de conseguir o prolongamento das dívidas do campo. Quem vai pagar é toda a sociedade, mas somente um grupo será beneficiado.

Gabarito: C.

35. (CESPE/TCE-PE/2004) A preocupação com o fenômeno do rent-seeking foi uma das principais inspirações dos movimentos de reforma do Estado implementados no final do século XX.

Uma das correntes que mais influenciou as reformas do Estado no final do Século XX foi o neo-institucionalismo econômico. Trata-se é uma escola de pensamento que emergiu ao longo da segunda metade do século XX, tendo como principal foco de análise as instituições.

O neo-institucionalismo faz parte das diversas correntes de pensamento econômico liberal. Sua contribuição ao discurso da crise do Estado é que as instituições são importantes (institutions matter) em dois principais sentidos:

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elas são vitais para a produção de resultados, mas são uma escolha de segunda ordem (second best), um mal necessário, uma vez que o mercado por si só não pode assegurar as transações sem estruturas ou organizações formais;

as organizações não são instâncias tão racionais assim; a racionalidade (da eficiência econômica) é limitada, sujeita a uma série de “interferências” e constrangimentos decorrentes da sua natureza multifacetada (política, humana, cultural etc.).

A partir desses fundamentos, o Estado passa a ser considerado como um problema – logo, a solução seria haver menos Estado, e mais mercado e sociedade civil. O Estado havia, segundo essa ótica, atingido um ponto de estrangulamento e ingovernabilidade. À sociedade civil caberia resgatar sua determinação e suas capacidades próprias, depender menos do Estado (afinal, haveria no limiar do século XXI condições tecnológicas para isso) e controlá-lo mais. O Estado deveria restringir-se a suas funções mínimas (defesa, arrecadação, diplomacia e polícia), a um aparato mínimo de proteção social (com reconhecimento de poucos – e seletos – direitos sociais, e baseado na prestação privada de serviços de relevância social) e a uma gestão mínima da ordem econômica (com destaque para a regulação e a gestão macroeconômica).

Dentro dessa corrente, a Teoria da Escolha Pública analisou os processos de decisão política numa democracia e afirmou que políticos e burocratas, da mesma forma que empresários e consumidores, são atores racionais e estão motivados pelo interesse próprio, que no caso dos políticos consiste em atingir o poder e/ou manter-se nele. Isso resulta muitas vezes no fracasso das políticas públicas em satisfazer de forma eficaz ao conjunto da sociedade ou mesmo à maioria da população através de políticas em prol do bem comum.

Portanto, o que contribuiu muito para essas reformas foi essa visão de que os burocratas não são tão racionais, também são movidos pelos interesses pessoais, o que se manifestava no rent seeking.

Gabarito: C.

36. (CESPE/TCU/2008) No século XX, após o advento dos direitos públicos, isto é, aqueles de que gozam todos os cidadãos, fazendo que a propriedade do Estado seja efetivamente pública, a democracia e a administração pública burocrática — concebidas para proteger o patrimônio público — precisavam transformar-se: a

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primeira deveria ser mais participativa ou mais direta, e a segunda, menos burocrática e mais gerencial.

Esta questão foi tirada do texto do Bresser Pereira, segundo o qual:

À medida que a proteção aos direitos públicos passava a ser dominante em todo o mundo, foi-se tornando cada vez mais claro que era preciso refundar a república; que a reforma do Estado ganhava uma nova prioridade; que a democracia e a administração pública burocrática - as duas instituições criadas para proteger o patrimônio público - tinham de mudar: a democracia devia ser aprimorada para se tornar mais participativa ou mais direta; e a administração pública burocrática devia ser substituída por uma administração pública gerencial.

A reforma do Estado, e particularmente da administração pública, tem caminhado em conjunto com o interesse crescente em relação à proteção do patrimônio público (res publica) contra as ameaças de “privatização” ou, em outras palavras, contra atividades de rent-seeking. A proteção do Estado, na medida em que este inclui a res publica, corresponde a direitos básicos que, no último quarto do século XX, começaram a ser definidos – direitos que podem ser chamados de “direitos públicos”, ou direitos de terceira geração.

Os direitos de primeira geração começaram a ser introduzidos nas constituições no século XVIII, influenciados pelo iluminismo e pelo liberalismo. O objetivo era evitar a ingerência do Estado na vida privada, por isso são os chamados “direitos de liberdade”, tais como liberdade de locomoção, de associação, de livre expressão, etc. No século XIX, os socialistas definiram os direitos sociais que, na primeira metade do século XX, foram introduzidos nas Constituições de todos os países pelos partidos social-democratas. São direitos que prevêem a intervenção estatal com o objetivo de garantir um nível de qualidade de vida mínimo, tais como os direitos a educação, à saúde, a previdência, etc. Os direitos de terceira geração não olham para o indivíduo, mas sim para a coletividade, por isso são “direitos públicos”, tais como os relacionados ao meio-ambiente, ao patrimônio cultural, e também os bens do Estado, que passa inclusive a ser um sujeito portador de direitos.

Gabarito: C.

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37. (CESPE/AGU/2010) Para a administração pública burocrática, o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. A administração pública gerencial nega essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da coletividade, e não do Estado.

Vimos que o insulamento burocrático é o isolamento da burocracia em relação aos políticos e a sociedade, de forma a não sofrer influências pessoais em suas decisões. Entendia-se que os burocratas, por serem especialistas e estarem sempre sujeitos às normas, tomaram decisões racionais, ou seja, aquelas mais adequadas aos fins visados. Por isso a administração burocrática não permitia a participação da sociedade e era auto-referida, ou seja, ouvia apenas a si mesma.

Contudo, esse tipo de isolamento não é mais possível atualmente. Ao longo do Século XX, as sociedade foram se tornando mais conscientes a respeito de seu papel como cidadãos e foi aumentando seu desejo por participação.

Enquanto a burocracia via o público como sinônimo de estatal, surge uma concepção diferente, do público como sinônimo de interesse coletivo. Assim, torna-se inviável manter o insulamento, devido às exigências das pessoas por serem ouvidas, e a administração gerencial trará como um de seus princípios a participação social.

Gabarito: C.

38. (CESPE/AGU/2010) A administração pública burocrática sustenta, entre seus objetivos globais, a necessidade de aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência, direcionando a ação dos serviços de Estado para o atendimento dos cidadãos.

Quem irá defender a necessidade de aumentar a governança é a administração gerencial, e não a burocrática. A governança é conceituada como a capacidade gerencial de implementar políticas públicas. O grande problema da burocracia era justamente a governança, pois lhe faltava eficiência, era cara, lenta, rígida e não conseguia dar os resultados de que a sociedade precisava, as políticas públicas era de má qualidade.

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A administração gerencial vai defender a mudança na forma de gestão, inserindo técnicas da administração privada e buscando flexibilizar os procedimentos de forma a aumentar a eficiência.

Além disso, enquanto a burocracia era auto-referida, a administração gerencial irá defender que o Estado se volte para o atendimento dos cidadãos, ou seja, atende as suas necessidades.

Gabarito: E.

39. (CESPE/TCU/2008) Para a administração pública gerencial, ao contrário do que ocorre na administração pública burocrática, a flexibilização de procedimentos e a alteração da forma de controle implicam redução da importância e, em alguns casos, o próprio abandono de princípios tradicionais, tais como a admissão segundo critérios de mérito, a existência de organização em carreira e sistemas estruturados de remuneração.

Apesar da insatisfação com o modelo burocrático, não podemos entender que a administração gerencial seja um rompimento total com relação a ele. Segundo o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE):

A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa

O PDRAE é um documento doGoverno FHC, lançado em 1995 eque trazia a base da reformagerencial que seria promovida.Veremos ele na aula que vem, masele é bem importante, vale à penavocês darem uma lida. Estádisponível no site:

http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf

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profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.

Podemos ver que a questão foi tirada desse trecho. A administração gerencial, apesar de representar até mesmo um rompimento em relação à burocrática, vai manter muitos de seus princípios.

Gabarito: E.

40. (CESPE/TCE-AC/2006) Na administração pública gerencial, a estratégia volta-se para a definição dos objetivos que o administrador público deve atingir em sua unidade, para a garantia da autonomia na gestão de recursos humanos, materiais e financeiros e para o controle e a cobrança a posteriori de resultados.

Esta é mais uma questão tirada do Plano Diretor. Vamos ver o que ele diz sobre a administração gerencial:

Na administração pública gerencial a estratégia volta-se (1) para a definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade, (2) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados, e (3) para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).

Se a administração gerencial muda o foco do controle para o resultado, primeiro é preciso ter os objetivos, as metas que devem ser alcançadas. Por isso que deve haver uma definição clara dos objetivos. Não dá para cobrar o que não está definido. Além disso, para que o administrador seja cobrado, é preciso que ele tenha liberdade de ação, por isso é importante a autonomia na gestão.

Gabarito: C.

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41. (CESPE/TCU/2008) O controle dos resultados de forma descentralizada, na administração pública, depende de um grau de confiança limitado nos agentes públicos, que, mesmo com estrito monitoramento permanente, devem ter delegação de competência suficiente para escolher os meios mais apropriados ao cumprimento das metas prefixadas

A gestão por resultados se caracteriza pela maior autonomia do gestor público na escolha dos meios em troca de uma responsabilização por resultados. A questão fala em "confiança limitada nos agentes públicos" porque a administração gerencial substitui a desconfiança total da administração burocrática pela confiança limitada. A administração confia no servidor, deixa ele escolher os meios, mas controla os resultados. Fala também em "mesmo com estrito monitoramento permanente", mas isto não é controle somente de processo, significa também controle de resultados. Segundo Maria Ozanira da Silva:

O monitoramento permite o acompanhamento constante, através do gerenciamento do cumprimento de metas e prazos, buscando o cumprimento do cronograma das atividades com o objetivo de garantir a eficiência do programa.

Portanto, mesmo que haja um acompanhamento contínuo, ainda falamos em controle de resultado, e não de processos, apesar de falarmos que o controle de resultados é um controle “a posteriori”. Podemos dizer até mesmo que na administração gerencial é feito um rígido controle de desempenho. Ela não abandona o controle, só muda o foco, deixando de se preocupar tanto com o controle do processo para se preocupar com o controle de resultados.

Gabarito: C.

42. (CESPE/MTE/2008) Bresser Pereira, ao caracterizar a administração pública gerencial, argumenta que ela constitui instrumento de proteção do patrimônio público contra os interesses de privatização do Estado. Por outro lado, considera que os funcionários públicos têm de ser merecedores de grau ilimitado de confiança.

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Vimos que, além da ineficiência, pesava contra a burocracia a percepção de corrupção. A administração gerencial surge então para também defender o patrimônio público.

Mais uma vez eles cobram a questão da confiança limitada. Prestem atenção nisso, é importante.

Gabarito: E.

43. (CESPE/STJ/2004) A administração pública gerencial pode ser compreendida a partir de diversas características fundamentais, como a delegação de autoridade, a valorização do pressuposto da confiança limitada em detrimento da desconfiança total do funcionário público, organizações com muitos níveis hierárquicos e administração voltada para o atendimento do cidadão.

No modelo burocrático, há uma desconfiança total com o servidor, por isso é feito um controle a priori, ou seja, tudo deve ser autorizado. Já na administração gerencial há uma confiança limitada. Assim, concede-se maior autonomia ao servidor, mas serão cobrados resultados. A administração gerencial também é mais voltada para o cidadão, mas ela não é caracterizada por muitos níveis hierárquicos. Como ela descentraliza as decisões e aumenta a amplitude de controle, as organizações tornam-se mais achatadas.

Gabarito: E.

44. (CESPE/STJ/2004) A centralização do processo de tomada de decisão, o rígido controle sobre o desempenho e o foco em resultados são algumas das características do paradigma pós-burocrático.

Na administração gerencial há a descentralização do poder de decisão, e não centralização. A questão é errada. Contudo, quando a questão fala em rígido controle de resultado, isto não está errado. A administração gerencial não abandona o controle, ela apenas muda o foco do processo para o resultado. E esse controle sobre resultado será, inclusive, rígido.

Gabarito: E.

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45. (CESPE/IBAMA/2003) A administração pública gerencial surgiu como resposta à crise do Estado e voltou-se para a busca do incremento da eficiência no setor público. Ela é orientada para o cidadão, serve-se da centralização, do incentivo à inovação e concentra-se no processo.

A administração gerencial vai ser orientada para o cidadão e vai incentivar a inovação. Contudo, ela não vai servir-se da centralização; vai fazer justamente o contrário, descentralizando o poder de decisão dentro das organizações estatais, aproximando as decisões da sociedade. Além disso, ela não se concentrará no processo, mas sim no resultado. Dará maior autonomia para os servidores, cobrando deles resultados.

Os princípios básicos que foram sendo adotados por esta nova filosofia são:

Descentralização administrativa, através da delegação de autoridade para os administradores públicos transformados em gerentes crescentemente autônomos;

Descentralização do ponto de vista político, transferindo recursos e atribuições para os níveis políticos regionais e locais.

Organizações com poucos níveis hierárquicos ao invés de piramidal,

Pressuposto da confiança limitada e não da desconfiança total;

Controle por resultados, a posteriori, ao invés do controle rígido, passo a passo, dos processos administrativos;

Administração voltada para o atendimento do cidadão, ao invés de auto-referida.

Gabarito: E.

46. (CESPE/MDS/2006) A administração pública gerencial incorporou, a exemplo do setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade na avaliação de seu desempenho. A eficiência caracteriza-se pelo uso racional dos recursos

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disponíveis; a eficácia, pelos resultados obtidos pela ação governamental e a efetividade, pelo alcance dos objetivos e metas previamente estipulados.

Veremos na aula 04 a gestão por resultado, quando estudaremos as dimensões do desempenho, como a eficiência, eficácia e efetividade. Importante aqui é sabermos que a administração gerencial irá trazer essas dimensões para a gestão, buscando avaliar o desempenho com base nelas. A avaliação de desempenho não é uma inovação da administração gerencial, já era praticada na burocracia, mas o foco era diferente, era voltado para à obediência às normas, executar o trabalho conforme os procedimentos definidos. Na administração gerencial será avaliado o resultado.

A eficiência realmente caracteriza-se pelo uso racional dos recursos disponíveis. É fazer mais com o menos. Os resultados obtidos pela ação governamental constituem a efetividade e não a eficácia, ou seja, são os efeitos sobre a sociedade, como a melhora na educação, a redução da mortalidade infantil. O alcance de metas e objetivos está associado a eficácia. Portanto, inverteram os dois últimos conceitos.

Gabarito: E.

47. (CESPE/DPU/2010) A gestão gerencial é uma estratégia de gestão de políticas públicas que reforça a eficiência e eficácia das ações do Estado no enfrentamento da questão social.

Essa questão foi dada como errada pelo CESPE, mas entendo esse posicionamento como equivocado. Vimos que a administração gerencial incorpora na avaliação do desempenho os conceitos de eficiência e eficácia. Contudo, também vimos que as reformas do final do Século XX buscaram limitar a atuação do Estado às suas funções essenciais. Assim, a questão social seria tratada pela iniciativa privada, com o apoio do poder público, como ocorre no caso das organizações sociais.

Parece que o CESPE entendeu como errado o fato de a administração gerencial não reforçar a atuação do Estado na questão social. Porém, o gerencialismo não irá abandonar a questão social, ele ainda irá defender que o Estado apoie as instituições sem fins lucrativos. E em muitos casos o Estado ainda vai estar presente. Nesses casos é preciso ter eficiência.

O importante é vocês guardarem o posicionamento da banca.

Gabarito: E.

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48. (CESPE/TCE-PE/2004) Um adequado aparato normativo garante a transição de um modelo de gestão burocrático para um modelo de natureza gerencial na administração pública.

Somente alterações na legislação não são suficientes para que seja implantada uma administração gerencial. É preciso mudar a legislação, mas também é importante promover uma mudança na cultura do serviço público e alterar as técnicas de gestão.

Gabarito: E.

49. (CESPE/STJ/2008) O paradigma pós-burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da burocracia tradicional, possui diversas características do modelo burocrático.

Como vimos, a administração gerencial não abandonou tudo que a administração burocrática defendia. Muita coisa permanece.

Gabarito: C.

50. (CESPE/TCE-PE/2004) Importante distinção entre a administração pública burocrática e a gerencial reside nas formas de controle; enquanto no primeiro caso o controle é feito a priori de processos, no segundo, é feito a posteriori de resultados.

Essa é a principal diferença entre a administração burocrática e a gerencial: o foco do controle. Enquanto a primeira foco processo, a priori, a segunda foca o resultado, a posteriori.

Gabarito: C.

51. (CESPE/MDS/2006) O paradigma do cliente é uma vertente das reformas gerenciais que privilegia o atendimento às demandas dos consumidores/clientes dos

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serviços do Estado, em contraponto ao modelo gerencial puro, que tinha como principais objetivos das reformas a redução de custos do setor público e o aumento de sua produtividade.

A Nova Administração Pública (New Public Management) – como ficou conhecida a reforma gerencial – evoluiu por meio de três modelos: o gerencialismo puro, o consumerism e o public service orientation. Estes três modelos ocorreram em vários países, mas foram três visões da administração pública que se ressaltaram no modelo gerencial britânico. Abrúcio elaborou o quadro a seguir, em ele faz uma pequena comparação quanto aos principais objetivos de cada visão e quanto a sua relação com a sociedade, ou melhor, com seu “público-alvo”.

Gerencialismo Puro Consumerism Public Service Orientation (PSO)

Economia / eficiência -

produtividade Efetividade / qualidade Accountability / eqüidade

Contribuintes Clientes / consumidores Cidadãos

As teorias estão apresentadas da esquerda para a direita, em ordem cronológica de criação. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que a divisão entre as teorias foi estabelecida apenas para facilitar a comparação entre elas. Na realidade, há um grau razoável de intercâmbio entre as teorias, principalmente no caso das duas últimas.

O Managerialism inglês teve como primeiro momento o “gerencialismo puro”. No início, as reformas gerenciais eram bastante próximas das idéias neoliberais. Esta corrente teve como principais objetivos reduzir os gastos públicos e aumentar sua produtividade. O fato é que, no início do NPM, as modificações na burocracia estavam vinculadas a um projeto de reforma do Estado que se caracterizava como um movimento de retração da máquina governamental a um número menor de atividades..

Foi, portanto, sob o signo da questão financeira que se implantou o modelo gerencial puro na Grã-Bretanha. O managerialism seria usado no setor público para diminuir gastos em uma era de escassez e para aumentar a eficiência governamental. Em suma, o gerencialismo puro tinha como eixo central o conceito de produtividade. Segundo Caio Marini:

O primeiro modelo é o gerencialismo puro, que corresponde à primeira etapa da experiência no Reino Unido e também nos

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Estados Unidos, onde a perspectiva central é o foco na economia e na eficiência; é o “fazer mais com menos”, o que significa olhar o cidadão como contribuinte, que não quer desperdício, ao contrário, quer ver o recurso arrecadado ser aplicado eficientemente.

Um dos fatores que levaram à crise do Estado de Bem-Estar foi a crise de governabilidade, que se instaurou em virtude de o Estado não conseguir atender às demandas da sociedade. Prejudicando ainda mais a crise fiscal, ocorreram as revoltas dos taxpayers, ou contribuintes, que não enxergavam uma relação direta entre o acréscimo de recursos governamentais e a melhoria dos serviços públicos. Podemos perceber que o gerencialismo puro, como uma resposta a esta crise, vem defender que o Estado considere o cidadão como contribuinte e gaste seus recursos com eficiência, com consciência de custos.

As maiores críticas ao gerencialismo puro não buscavam o retorno ao modelo burocrático, mas sim a incorporação de novos significados. Primeiro, introduzindo o conceito de qualidade no serviço público. Com o conceito de efetividade, recupera-se a noção de que o governo deve, acima de tudo, prestar bons serviços. É a ótica da qualidade que começa a ser incorporada pelo modelo gerencial.

O consumerism, que pode ser traduzido como “satisfação do consumidor”, introduziu a perspectiva da qualidade como uma estratégia voltada para a satisfação do consumidor, através de medidas que visavam tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo: descentralização administrativa, criação de opções de atendimento, como incentivo à competição entre organizações públicas e adoção de um novo modelo contratual. Podemos dizer que é aqui que tem início o paradigma do cliente na administração pública. Segundo Caio Marini:

O outro, nesta linha evolutiva, recebeu a denominação de consumerismo a partir do foco na flexibilidade de gestão, na qualidade dos serviços e na prioridade às demandas do consumidor: é o “fazer melhor”. Note-se que, enquanto a primeira perspectiva quer recuperar a eficiência perdida, a segunda quer incrementar a qualidade dos serviços, olhando o cidadão como cliente.

A introdução da perspectiva da qualidade no setor público surgiu quase no mesmo momento em que a administração pública voltava suas atenções para os seus “clientes”. Essa talvez tenha sido uma das principais revoluções no modelo gerencial.

Gabarito: C.

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52. (CESPE/SAAE/2003) A preocupação da administração pública com os clientes surgiu basicamente e primeiramente com o movimento do Public Service Oriented.

A preocupação com os clientes surgiu com o consumerism, e não com o PSO.

Embora tenha avançado muito com relação ao modelo gerencial puro, o consumerism recebeu várias críticas, particularmente no terreno em que mais transformou os conceitos, isto é, na relação entre o governo como prestador de serviços públicos e a população.

A crítica mais geral é direcionada ao conceito de consumidor de serviços públicos. Em primeiro lugar, com relação à diferença que existe entre o consumidor de bens no mercado e o “consumidor” dos serviços públicos. É mais complexa a relação do prestador de serviço público com a sociedade, já que ela não obedece ao puro modelo de decisão de compra vigente no mercado. Aliás, há determinados serviços públicos cujo caráter é compulsório, isto é, não existe a possibilidade de escolha, como provam a utilização em determinados momentos dos hospitais e dos serviços policiais.

Toda a reflexão realizada pelos teóricos do PSO leva aos temas do republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como accountability, transparência, participação política, eqüidade e justiça, questões praticamente ausentes do debate sobre o modelo gerencial.

O PSO adota uma nova ótica a respeito da descentralização. No modelo gerencial puro, a descentralização era valorizada como meio de tornar mais eficazes as políticas públicas. Já no consumerism, o processo de descentralização era saudável na medida em que ele aproximava o centro de decisões dos serviços públicos dos consumidores, pensados como indivíduos que têm o direito de escolher os programas sociais que lhes oferecem melhor qualidade. Já o PSO vê a descentralização como uma forma de promover a participação política, trazendo o cidadão para decidir a respeito dos temas que são de seu interesse.

O ponto que aqui distingue o PSO das outras correntes é o conceito de cidadão. Pois, enquanto o cidadão é um conceito com conotação coletiva — pensar na cidadania como um conjunto de cidadãos com direitos e deveres —, o termo consumidor (ou cliente) tem um referencial individual, vinculado à tradição liberal, a mesma que dá, na maioria das vezes, maior importância à proteção dos direitos do

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indivíduo do que à participação política, ou então maior valor ao mercado do que à esfera pública.

Segundo Caio Marini:

O terceiro, o Public Service Oriented (PSO), está baseado na noção de eqüidade, de resgate do conceito de esfera pública e de ampliação do dever social de prestação de contas (accountability). Essa nova visão, ainda que não completamente delimitada do ponto de vista conceitual, introduz duas importantes inovações: uma no campo da descentralização, valorizando-a como meio de implementação de políticas públicas; outra a partir da mudança do conceito de cidadão, que evolui de uma referência individual de mero consumidor de serviços, no segundo modelo, para uma conotação mais coletiva, incluindo seus deveres e direitos. Desse modo, mais do que “fazer mais com menos” e “fazer melhor”, o fundamental é “fazer o que deve ser feito”. Isto implica um processo de concertação nacional que aproxima e compromete todos os segmentos (Estado, sociedade, setor privado, etc.) na construção do projeto nacional.

Gabarito: E.

53. (CESPE/MDS/2008) A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.

Vimos na evolução dos modelos do NPM, que no managerialism as pessoas eram vistas como contribuintes, por isso o Estado deveria ter eficiência nos recursos coletados junto à sociedade. Já no consumerism incorpora-se a noção de cliente, quando o Estado passa a valorizar a qualidade na prestação dos serviços. Por fim, no PSO ganhou força a noção de cidadão.

Gabarito: C.

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54. (CESPE/STJ/2008) Na administração pública gerencial, o cidadão é visto tanto como contribuinte de impostos quanto como cliente de seus serviços.

Mais uma questão em que o CESPE cobrou esta noção de cliente/contribuinte.

Gabarito: C.

55. (CESPE/TCE-PE/2004) O orçamento-produto é um modelo de instrumento orçamentário compatível com os princípios da administração pública gerencial.

O orçamento-insumo é aquele que prevê todos os gastos relacionados à produção de um bem, discriminando cada um dos insumos. Já o orçamento-produto prevê apenas o valor do bem, sem entrar no detalhe dos custos dos insumos. Por exemplo, na produção de um carro, o orçamento-insumo diz quanto será gasto com os pneus, com a lataria, com a mecânica, etc. Já o orçamento-produto diz quanto deve custar o carro pronto.

O orçamento-insumo está associado com a administração burocrática, já que faz um controle dos meios, do processo. Já o orçamento-produto se preocupa muito mais com o resultado, por isso está associado com a administração gerencial.

Gabarito: C.

56. (CESPE/SENADO/2002) Os princípios de gestão mais comumente consagrados nas principais abordagens do NPM incluem a preferência a alternativas externas na execução de serviços, tais como privatização, terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo, devolução, desconcentração e descentralização para outras esferas de governo

O Estado passa a diminuir suas funções por uma série de instrumentos. A devolução se caracteriza pela transferência de atividades à iniciativa privada, atividades estas que antes eram privadas, mas que o Estado trouxe para si ao longo da evolução do Estado Social, por isso falamos em “devolução”.

Gabarito: C.

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57. (CESPE/MCT/2008) Ao longo do processo evolutivo dos modelos de administração pública, buscou-se abandonar o papel de regulação do Estado, fortalecendo-se, desse modo, a governança.

As reformas promovidas a partir dos anos 1980 tinham como objetivo reduzir as atividades estatais. No início, a administração gerencial estava muito próxima do neoliberalismo, mas foi se afastando com o tempo. É errada afirmar que a administração gerencial defende um Estado Mínimo, ela busca um Estado Regulador.

Ao se retirar da produção e prestação de serviços, ao Estado caberia proteger, de forma institucionalizada, investidores e consumidores. Investidores desejam um sistema regulatório estável e previsível para que o processo de acumulação de capital da companhia possa se materializar; consumidores desejam ser protegidos da prática de preços abusivos, em setores onde existem monopólios naturais. Para o governo, estabelecer e definir mecanismos de revisão e controle do preço justo dos serviços monopolistas é a grande questão. O preço justo permite ao governo cobrar do investidor a realização dos investimentos necessários à continuidade e qualidade da oferta de serviços, ao tempo em que fornece as bases da justificação do mesmo perante os consumidores.

Nesta nova visão, ao abandonar funções empresariais, relacionadas à produção de bens e serviços, o Estado estaria se capacitando para ter uma atuação mais seletiva e, portanto, mais eficaz. O novo papel regulatório do Estado faz parte do resultado de um programa de reformas que, a despeito de ser orientado para o mercado, objetiva a recuperação da capacidade de intervenção estatal.

Gabarito: E.

58. (CESPE/SEAD/2001) A partir de 1960, a organização pós-burocrática preconizada pela literatura organizacional baseava-se na emergência de organizações nas quais a racionalidade funcional subordina-se à racionalidade substantiva.

Weber descreve dois tipos de racionalidade: a funcional e a substantiva. A primeira é focada em resultados calculados, enquanto a segunda é pautada em valores sem

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maiores preocupações com os fins. Na racionalidade funcional – constante busca da eficiência para alcance dos resultados – não é apreciada a qualidade intrínseca das ações, porém, sua maior ou menor convergência aos fins pré-estabelecidos, independente do conteúdo que possam ter as ações. É a velha máxima de que os fins justificam os meios.

Em lado oposto, a racionalidade substantiva está ligada aos valores. Segundo Weber a racionalidade substantiva ou racional no tocante a valores é fortemente portadora de consciência sistemática de sua intencionalidade, visto que é ditada pelo mérito intrínseco do valor ou dos valores que a inspiram, bem como é indiferente aos seus resultados. É conduta por assim dizer, heróica ou polêmica, que testemunha a crença num valor ético, religioso, estético, ou de outra natureza, e sua racionalidade decorre apenas de que é orientada por um critério transcendente.

Associando com a questão anterior, a ética da responsabilidade, que corresponde à ação racional referida a fins, tem como critério fundamental a racionalidade funcional. A ética da convicção ou do valor absoluto está implícita em toda ação referida a valores, sendo seu critério a racionalidade substantiva.

A questão é errada porque a administração gerencial mantém a racionalidade funcional, ou seja, a relaciona aos resultados, não subordina-se a racionalidade substantiva.

Gabarito: E.

2 Lista de Exercícios

1. (CESPE/HEMOPA/2004) Na sociologia compreensiva de Weber, poder e dominação são conceitos sinônimos, um substituindo plenamente o outro.

2. (CESPE/MDS/2006) Max Weber considera a existência de três tipos puros de dominação legítima: a tradicional, a racional-legal e a gerencial.

3. (ESAF/MPOG-EPPGG/2003) A dominação tradicional refere-se ao comando exercido por senhores que gozam de autoridade pessoal em virtude do status herdado, e cujas ordens são legítimas tanto por se conformarem aos costumes como por expressarem a arbitrariedade pessoal.

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4. (CESPE/MPE-TO/2006) A liderança carismática funda-se no carisma, característica que é herdada ou aprendida pelo líder.

5. (CESPE/MPE-TO/2006) A liderança carismática, quando se rotiniza, pode transformar-se em tradicional ou em racional-legal.

6. (CESPE/STM/2004) Historicamente, a dominação racional-legal ou burocrática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legitimada pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e arbitrário.

7. (CESPE/MTE/2008) A administração patrimonialista representa uma continuidade do modelo inspirado nas monarquias e prevalecente até o surgimento da burocracia, sendo a corrupção e o nepotismo inerentes a esse modelo. Aos cidadãos se concedem benesses, em vez da prestação de serviços, e a relação entre o governo e a sociedade não é de cidadania, e sim de paternalismo e subserviência.

8. (CESPE/MCT/2004) A principal característica do estado patrimonial é a apropriação privada da coisa pública.

9. (CESPE/DPU/2010) A gestão patrimonial fundamenta-se na própria formação sócio-histórica, na privatização das esferas do Estado e de acordo com interesses particularizados.

10. (CESPE/MDS/2006) O patrimonialismo caracteriza-se pelo resguardo do patrimônio público de captura por parte de grupos de interesse na sociedade.

11. (CESPE/SEAD/2001) O patrimonialismo pode ser definido como uma cultura ou um conjunto de práticas de apropriação de ativos e interesses públicos por particulares ou privados.

12. (CESPE/TCU/2007) O patrimonialismo normal inibe a economia racional não apenas por sua política financeira, mas também por peculiaridades de sua administração, entre as quais se pode citar a ausência típica de um quadro de funcionários com qualificação profissional formal.

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13. (CESPE/TCE-PE/2004) A burocracia patrimonialista era o modelo clássico de administração presente nas monarquias européias do século XIX.

14. (CESPE/TRE-BA/2009) A dominação racional-legal surgiu no século XIX como uma contraposição à forma de atividade do aparelho do Estado que se baseava no poder arbitrário e tradicional, isto é, culturalmente patrimonialista.

15. (CESPE/SEGER/2007) No entendimento de Bresser Pereira, a administração do Estado pré-capitalista era do tipo patrimonialista; a associação entre o capitalismo e a democracia fez emergir uma administração pública burocrática, o modelo racional-legal, ao passo que a administração pública gerencial está mais orientada para as necessidades do cidadão e para a obtenção de resultados.

16. (CESPE/STM/2004) Burocracia é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados.

17. (CESPE/STM/2004) Em relação às características básicas que traduzem o caráter racional da burocracia, é correto afirmar que esta é constituída por sistemas sociais formais, impessoais e dirigidos por administradores profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

18. (CESPE/MCT/2004) Conforme a definição seminal weberiana, a burocracia é, sobretudo, uma forma de dominação na qual os burocratas tendem a usurpar o poder político.

19. (CESPE/MDS/2006) Impessoalidade, hierarquia, flexibilização de procedimentos, especialização e ênfase nos controles são características dos modelos das organizações burocráticas de gestão.

20. (CESPE/TRE-MA/2005) O formalismo da burocracia expressa-se pelo fato de que a relação de autoridade é decorrência de um sistema de normas racionais formalizadas que definem como tal relação de autoridade-obediência deve acontecer e definem a distribuição de atividades em prol do atingimento dos objetivos.

21. (CESPE/INMETRO/2009) O formalismo da burocracia expressa-se no fato de que a autoridade deriva de um sistema de normas racionais, as quais definem com

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precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem executadas de forma sistemática, tendo em consideração os fins visados.

22. (CESPE/MCT/2004) O universalismo de procedimentos é uma derivação do caráter racional-legal dos sistemas burocráticos.

23. (CESPE/CNPq/2004) As organizações burocráticas são personalistas, valorizando o indivíduo e suas características particulares.

24. (CESPE/MEC/2003) Nas organizações burocráticas, cada superior tem sob suas ordens determinado número de subordinados, os quais, por sua vez, têm sob si outros subordinados, e assim por diante.

25. (CESPE/MEC/2003) A burocracia apresenta uma divisão horizontal do trabalho, em que as diferentes atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a serem atingidos.

26. (CESPE/MDS/2006) Prebendas e sinecuras, formas patrimonialistas de ocupação de espaços no aparelho do Estado, são substituídas por critérios meritocráticos no modelo burocrático.

27. (CESPE/MDS/2008) A organização burocrática é embasada no modelo racional-legal de administração, exclusiva da área pública, sendo caracterizada pela racionalidade decorrente da objetividade das normas de julgamento; pela impessoalidade, que se revela nos métodos objetivos de selecionar e promover funcionários; e pelo grau de previsibilidade que proporciona aos dirigentes públicos.

(CESPE/UAB/2010) Com base nas características da burocracia ideal concebida pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), julgue os itens a seguir.

28. As burocracias foram estabelecidas para oferecer o meio mais eficiente de obtenção do trabalho concluído.

29. Em uma organização formal, a impessoalidade resulta da aplicação uniforme e imparcial de procedimentos e regras.

30. Na cadeia de comando de uma organização formal, a autoridade está dissociada da responsabilidade pelo cumprimento de normas e leis.

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31. (CESPE/INMETRO/2007) Embora seja alvo de críticas por sua rigidez e até mesmo seja tratada como sinônimo da lentidão do Estado, a administração pública burocrática trouxe importantes avanços, como a profissionalização do serviço público, o controle e a impessoalidade.

32. (CESPE/MDS/2006) O insulamento burocrático é um fenômeno característico de administrações públicas com alto grau de controle social.

33. (ESAF/MPOG/2002) O Estado do Bem-Estar Social foi prejudicado e marcado pelo modelo de administração pública burocrática.

34. (CESPE/MDS/2006) Verifica-se o fenômeno do rent seeking quando determinados grupos da sociedade, por meio do controle do aparelho do Estado, viabilizam a apropriação de rendas e vantagens excepcionais para si ou para seus protegidos.

35. (CESPE/TCE-PE/2004) A preocupação com o fenômeno do rent-seeking foi uma das principais inspirações dos movimentos de reforma do Estado implementados no final do século XX.

36. (CESPE/TCU/2008) No século XX, após o advento dos direitos públicos, isto é, aqueles de que gozam todos os cidadãos, fazendo que a propriedade do Estado seja efetivamente pública, a democracia e a administração pública burocrática — concebidas para proteger o patrimônio público — precisavam transformar-se: a primeira deveria ser mais participativa ou mais direta, e a segunda, menos burocrática e mais gerencial.

37. (CESPE/AGU/2010) Para a administração pública burocrática, o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. A administração pública gerencial nega essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da coletividade, e não do Estado.

38. (CESPE/AGU/2010) A administração pública burocrática sustenta, entre seus objetivos globais, a necessidade de aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência, direcionando a ação dos serviços de Estado para o atendimento dos cidadãos.

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39. (CESPE/TCU/2008) Para a administração pública gerencial, ao contrário do que ocorre na administração pública burocrática, a flexibilização de procedimentos e a alteração da forma de controle implicam redução da importância e, em alguns casos, o próprio abandono de princípios tradicionais, tais como a admissão segundo critérios de mérito, a existência de organização em carreira e sistemas estruturados de remuneração.

40. (CESPE/TCE-AC/2006) Na administração pública gerencial, a estratégia volta-se para a definição dos objetivos que o administrador público deve atingir em sua unidade, para a garantia da autonomia na gestão de recursos humanos, materiais e financeiros e para o controle e a cobrança a posteriori de resultados.

41. (CESPE/TCU/2008) O controle dos resultados de forma descentralizada, na administração pública, depende de um grau de confiança limitado nos agentes públicos, que, mesmo com estrito monitoramento permanente, devem ter delegação de competência suficiente para escolher os meios mais apropriados ao cumprimento das metas prefixadas

42. (CESPE/MTE/2008) Bresser Pereira, ao caracterizar a administração pública gerencial, argumenta que ela constitui instrumento de proteção do patrimônio público contra os interesses de privatização do Estado. Por outro lado, considera que os funcionários públicos têm de ser merecedores de grau ilimitado de confiança.

43. (CESPE/STJ/2004) A administração pública gerencial pode ser compreendida a partir de diversas características fundamentais, como a delegação de autoridade, a valorização do pressuposto da confiança limitada em detrimento da desconfiança total do funcionário público, organizações com muitos níveis hierárquicos e administração voltada para o atendimento do cidadão.

44. (CESPE/STJ/2004) A centralização do processo de tomada de decisão, o rígido controle sobre o desempenho e o foco em resultados são algumas das características do paradigma pós-burocrático.

45. (CESPE/IBAMA/2003) A administração pública gerencial surgiu como resposta à crise do Estado e voltou-se para a busca do incremento da eficiência no setor público. Ela é orientada para o cidadão, serve-se da centralização, do incentivo à inovação e concentra-se no processo.

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46. (CESPE/MDS/2006) A administração pública gerencial incorporou, a exemplo do setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade na avaliação de seu desempenho. A eficiência caracteriza-se pelo uso racional dos recursos disponíveis; a eficácia, pelos resultados obtidos pela ação governamental e a efetividade, pelo alcance dos objetivos e metas previamente estipulados.

47. (CESPE/DPU/2010) A gestão gerencial é uma estratégia de gestão de políticas públicas que reforça a eficiência e eficácia das ações do Estado no enfrentamento da questão social.

48. (CESPE/TCE-PE/2004) Um adequado aparato normativo garante a transição de um modelo de gestão burocrático para um modelo de natureza gerencial na administração pública.

49. (CESPE/STJ/2008) O paradigma pós-burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da burocracia tradicional, possui diversas características do modelo burocrático.

50. (CESPE/TCE-PE/2004) Importante distinção entre a administração pública burocrática e a gerencial reside nas formas de controle; enquanto no primeiro caso o controle é feito a priori de processos, no segundo, é feito a posteriori de resultados.

51. (CESPE/MDS/2006) O paradigma do cliente é uma vertente das reformas gerenciais que privilegia o atendimento às demandas dos consumidores/clientes dos serviços do Estado, em contraponto ao modelo gerencial puro, que tinha como principais objetivos das reformas a redução de custos do setor público e o aumento de sua produtividade.

52. (CESPE/SAAE/2003) A preocupação da administração pública com os clientes surgiu basicamente e primeiramente com o movimento do Public Service Oriented.

53. (CESPE/MDS/2008) A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.

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54. (CESPE/STJ/2008) Na administração pública gerencial, o cidadão é visto tanto como contribuinte de impostos quanto como cliente de seus serviços.

55. (CESPE/TCE-PE/2004) O orçamento-produto é um modelo de instrumento orçamentário compatível com os princípios da administração pública gerencial.

56. (CESPE/SENADO/2002) Os princípios de gestão mais comumente consagrados nas principais abordagens do NPM incluem a preferência a alternativas externas na execução de serviços, tais como privatização, terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo, devolução, desconcentração e descentralização para outras esferas de governo

57. (CESPE/MCT/2008) Ao longo do processo evolutivo dos modelos de administração pública, buscou-se abandonar o papel de regulação do Estado, fortalecendo-se, desse modo, a governança.

58. (CESPE/SEAD/2001) A partir de 1960, a organização pós-burocrática preconizada pela literatura organizacional baseava-se na emergência de organizações nas quais a racionalidade funcional subordina-se à racionalidade substantiva.

3 Gabarito 1. E

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