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  • Literatura Brasileira Extensivo e Terceiro

    1

    AULA 02

    TEORIA LITERRIA (2): GNERO LRICO

    Aspectos gerais

    O adjetivo lrico

    tem origem na palavra lira,

    uma espcie de harpa que

    era muito utilizada como

    acompanhamento musical

    nos cantos gregos. Assim,

    os textos enquadrados no

    gnero lrico tinham, at o

    final da Idade Mdia, uma

    ntima relao com a

    msica. Ao separar-se o

    texto do acompanhamento

    musical, aquele passou a

    apresentar uma estrutura

    mais rica. A partir da,

    elementos como mtrica,

    ritmo, rima e outros

    passaram a ser mais

    intensamente cultivados

    pelos artistas.

    Pode-se dizer que

    o gnero lrico a

    manifestao literria em que predominam os

    aspectos subjetivos, ntimos do emissor. A

    sublimidade da beleza potica, que reflete as mais

    profundas e elevadas sensaes do esprito humano,

    o que constitui, na essncia, o lirismo.

    O lirismo , em geral, a maneira de o autor

    falar consigo mesmo ou com um interlocutor

    particular um,

    A poesia causa emoo, leva-nos acima dos

    limites fsicos e temporais. A poesia est a, por a,

    nas coisas, nas palavras espera de olhares e

    ouvidos sensveis.

    Poesia a emoo, a sensao e a

    expresso do belo. No texto potico predomina,

    portanto, a funo emotiva ou expressiva da

    linguagem. Este modelo literrio quase sempre se

    manifesta formalmente pelos poemas (textos escritos

    em versos).

    C u i d a d o ! No confundir eu lrico com

    autor. O autor cria uma personalidade potica

    para dar vazo a sensaes e impresses; essa

    personalidade que chamamos de eu lrico ou

    eu potico.

    Elementos de versificao

    Na poesia, principalmente

    aquela feita nos moldes tradicionais,

    estudam-se alguns elementos

    tcnicos que facilitam a leitura, a

    interpretao e a anlise de textos

    poticos, alm de desenvolver o

    gosto pelo gnero. Vamos conhecer

    melhor alguns desses elementos.

    1. Verso e Estrofe

    Entende-se por verso

    a unidade rtmica que

    corresponde acomodao de uma

    frase a um esquema meldico,

    caracterizado por certo nmero de

    slabas (ou conjuntos de slabas), e

    pela colocao de slabas de

    determinadas categorias em

    posies mais ou menos fixas.(Zlia

    Cardoso de Almeida).

    J um conjunto de versos

    denomina-se estrofe.

    Podemos classificar as estrofes de acordo

    com o nmero de versos nelas presente. Vejamos

    alguns tipos mais comuns de estrofes:

    Dsticos estrofes com 2 versos:

    RELGIO DO ROSRIO

    Era to claro o dia, mas a treva

    do som baixando, em seu baixar me leva

    pelo mago de tudo, e no mais fundo

    decifro o choro pnico do mundo,

    que se entrelaa no meu prprio choro,

    e compomos os dois um vasto coro.

    Oh dor individual, afrodisaco

    selo gravado em plano dionisaco,

    a desdobrar-se, tal um fogo incerto,

    em qualquer um mostrando o ser deserto,

    dor primeira e geral, esparramada,

    nutrindo-se do sal do prprio nada,

    convertendo-se, turva e misteriosa,

    em mil pequena dor, qual mais raivosa,

    Carlos Drummond de Andrade

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    Tercetos estrofes com 3 versos:

    A MQUINA DO MUNDO

    E como eu palmilhasse vagamente

    uma estrada de Minas, pedregosa,

    e no fecho da tarde um sino rouco

    se misturasse ao som de meus sapatos

    que era pausado e seco; e aves pairassem

    no cu de chumbo, e suas formas pretas

    lentamente se fossem diluindo

    na escurido maior, vinda dos montes

    e de meu prprio ser desenganado,

    a mquina do mundo se entreabriu

    para quem de a romper j se esquivava

    e s de o ter pensado se carpia.

    Abriu-se majestosa e circunspecta,

    sem emitir um som que fosse impuro

    nem um claro maior que o tolervel

    pelas pupilas gastas na inspeo

    contnua e dolorosa do deserto,

    e pela mente exausta de mentar

    Carlos Drummond de Andrade

    Quartetos (ou quadras) estrofes com 4 versos:

    ISMLIA

    Quando Ismlia enlouqueceu,

    Ps-se na torre a sonhar...

    Viu uma lua no cu,

    Viu outra lua no mar.

    No sonho em que se perdeu,

    Banhou-se toda em luar...

    Queria subir ao cu,

    Queria descer ao mar...

    E no desvario seu,

    Na torre ps-se a cantar...

    Estava perto do cu,

    Estava longe do mar...

    E como um anjo pendeu

    As asas para voar...

    Queria a lua do cu,

    Queria a lua do mar...

    As asas que Deus lhe deu

    Ruflaram de par em par...

    Sua alma subiu ao cu,

    Seu corpo desceu ao mar.

    Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista brasileiro

    Oitavas estrofes com 8 versos:

    CANTO 1

    I

    De um varo em mil casos agitado,

    Que as praias discorrendo do Ocidente,

    Descobriu o Recncavo afamado

    Da capital braslica potente:

    Do Filho do Trovo denominado,

    Que o peito domar soube fera gente;

    O valor cantarei na adversa sorte,

    Pois s conheo heri quem nela forte.

    II

    Santo Esplendor, que do gro-Padre manas

    Ao seio intacto de uma Virgem bela;

    Se da enchente de luzes Soberanas

    Tudo dispensas pela Me Donzela;

    Rompendo as sombras de iluses humanas,

    Tu do gro caso! a pura luz revela

    Faze que em ti comece, e em ti conclua

    Esta grande Obra, que por fim foi tua.

    Caramuru, de Santa Rita Duro

    O B S E R V A O : o Soneto uma composio

    potica que possui, em seu formato mais comum, 14 versos, distribudos em 2 quartetos e 2 tercetos.

    Exemplo:

    CATORZE VERSOS

    O primeiro assim: fica de parte.

    No segundo j posso prometer

    que no terceiro vai haver mais arte.

    Mas afinal no houve Que fazer?

    Melhor ser calar, pois que dizer

    nem do sexto conseguirei destarte.

    Os acentos errados favor no ver;

    nem os versos errados, que tambm sei hacer

    nono verso, por que vais embora

    sem que eu te sublime neste dcimo?

    Ao dcimo-primeiro dediquei uma hora.

    Errei-o. Mas que importa se a poesia,

    mesmo que o no errasse, j no vinha?

    este o ltimo e, como os outros, pssimo

    Alexandre ONeill (1924 1986), poeta portugus

    2. Rima

    a coincidncia de sons (parcial ou total)

    entre palavras no final ou no meio dos versos,

    criando uma afinidade sonora entre dois ou mais

    versos. Podemos classificar as rimas de acordo com

    os seguintes critrios:

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    Quanto semelhana de

    sons

    Consoantes ou puras de

    modo geral, quando rimam

    os sons voclicos e

    consonantais da slaba

    tnica.

    Virgulino Ferreira, o Lampio

    Bandoleiro das selvas nordestinas

    Sem temer a perigo nem runas

    Foi o rei do cangao no serto

    Mas um dia sentiu no corao

    O feitio atrativo do amor

    A mulata da terra do Condor

    Otaclio Batista (poeta pernambucano,)

    Assoantes, toantes ou

    parciais quando rimam

    apenas as vogais tnicas

    das slabas. Exemplo:

    TOANTE

    Molha em teu pranto de aurora as minhas mos plidas.

    Molha-as. Assim eu as quero boca,

    Em esprito de humildade, como um clice

    De penitncia em que a minhalma se faz boa...

    Foi assim que Teresa de Jesus amou...

    Molha em teu pranto de aurora as minhas mos plidas.

    O espasmo como um xtase religioso...

    E o teu amor tem o sabor das tuas lgrimas...

    Manuel Bandeira, in Carnaval

    Quanto categoria

    gramatical das palavras

    rimadas

    Pobres quando as palavras que rimam pertencem mesma classe gramatical.

    CAIS MATUTINO

    Cordames e redes dormindo no fundo; substantivo

    popa estendidas, as velas molhadas;

    Foi noite de chuva nos mares do mundo. substantivo

    Ribeiro Couto

    Ricas quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais diferentes.

    Sobre um mar de rosas que arde verbo

    Em ondas fulvas, distante advrbio

    Erram meus olhos, diamante substantivo

    Com as naus dentro da tarde. substantivo Pedro Kilkerry

    Quanto disposio ao

    longo do poema

    Alternadas ou cruzadas

    quando as rimas se

    apresentam sob o sistema

    ABAB.

    Quando o cu incendeia A

    E acende uma estrela no corao B

    Quando a lua passeia A

    E a vida acontece Numa cano B

    (...)

    14 Bis, in Mesmo de brincadeira

    Paralelas ou emparelhadas

    quando as rimas se

    apresentam sob o sistema

    AABB.

    A CAROLINA

    Querida, ao p do leito derradeiro

    Em que descansas dessa longa vida, B

    Aqui venho e virei, pobre querida, B

    Trazer-te o corao de companheiro.

    Machado de Assis

    Interpoladas ou opostas

    quando as rimas se

    apresentam sob o sistema A

    - - A, nos os extremos de

    uma estrofe.

    Espelho, sub-reptcio espelho, A

    meu professor de disfarce.

    Quem poder disfarar-se

    sem recorrer ao seu conselho? A

    Olavo Bilac

    Quanto posio dentro

    do verso

    Externa aparece na

    extremidade do verso.

    O demo a viver se exponha,

    Por mais que a fama a exalta,

    Numa cidade onde falta

    Verdade, honra, vergonha.

    Gregrio de Matos Guerra

    Interna aparece no interior

    do verso.

    Donzela bela, que me inspira a lira

    Um canto santo de fremente amor,

    Ao bardo o cardo da tremenda senda

    Estanca, arranca-lhe a terrvel dor.

    Castro Alves

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    OB S ERVA ES :

    1. De modo geral, versos brancos so versos que no apresentam rimas. Exemplo:

    CONVERGNCIA

    Tudo converge

    para o ser.

    em mim que o mundo existe

    para mim.

    Helena Kolody, in Antologia potica

    2. Ocasionalmente, aparecem nos vestibulares algumas classificaes de rimas que j no so mais muito utilizadas na contemporaneidade, como:

    Rima rara um caso especial de rima rica, quando se d entre palavras que apresentam pouqussimas possibilidades de rimas possveis. Exemplo: leque / peque; pondes / frondes.

    Rima preciosa tambm um caso especial de rima rica, a qual se obtm de forma artificial, por meio de palavras combinadas. Exemplo:

    Brilha uma voz na noute...

    De dentro de Fora ouvi-a...

    Universo, eu sou-te...

    Oh, o horror da alegria

    Deste pavor, do archote

    De apagar, que me guia!

    Fernando Pessoa

    3. Mtrica

    o nmero determinado de slabas

    poticas (ou mtricas) em cada verso.

    Na contagem das slabas mtricas

    processo denominado escanso , observam-se,

    geralmente, as seguintes normas:

    A leitura de um verso deve ser

    caracterizada pelo ritmo.

    Faz-se a contagem de slabas at a

    slaba tnica da ltima palavra de cada

    verso, descartando-se as slabas que

    eventualmente aparecerem aps ela.

    Procurar acomodar as slabas seguindo a

    entonao. Se necessrio, faz-se a

    eliso (ou sinalefa), que consiste na

    acomodao de vrios sons a uma nica

    slaba mtrica.

    Os ditongos, em geral, equivalem a

    apenas uma slaba mtrica.

    Normalmente, quando uma palavra

    termina em vogal e a palavra

    imediatamente posterior se inicia por

    vogal, unem-se esses fonemas numa s

    slaba mtrica. Vale o mesmo

    procedimento para o caso de palavra que

    se iniciar com a letra h (letra que no

    pronunciada nesses casos).

    C u i d a d o ! No confundir slabas gramaticais com slabas mtricas! Os exemplos a seguir procuram elucidar tal diferena:

    Ouviram do Ipiranga as margens plcidas,

    Ou vi ram do I pi ran ga as mar gens pl ci das 14 slabas gramaticais

    Ou vi ram doI pi ran gaas mar gens pl 10 slabas mtricas

    De um povo heroico o brado retumbante.

    De um po vo he roi co o bra do re tum ban te 14 slabas gramaticais

    Deum po vohe roi coo bra do re tum ban 10 slabas mtricas

    E o sol da liberdade em raios flgidos

    E o sol da li ber da de em rai os fl gi dos 14 slabas gramaticais

    Eo sol da li ber da deem rai os fl 10 slabas mtricas

    Brilhou no cu da ptria nesse instante.

    Bri lhou no cu da p tria nesse ins tan te 12 slabas gramaticais

    Bri lhou no cu da p tria ne sseins tan 10 slabas mtricas

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    Logo os versos acima possuem 10 slabas

    mtricas, sendo chamados de versos decasslabos.

    A seguir, vejamos outras mtricas:

    Pentasslabos ou Redondilhas menores versos com 5 slabas mtricas:

    JOS

    E agora, Jos?

    A festa acabou,

    a luz apagou,

    o povo sumiu,

    a noite esfriou,

    e agora, Jos?

    e agora, voc?

    voc que sem nome,

    que zomba dos outros,

    voc que faz versos,

    que ama, protesta?

    e agora, Jos?

    Est sem mulher,

    est sem discurso,

    est sem carinho,

    j no pode beber,

    j no pode fumar,

    cuspir j no pode,

    a noite esfriou,

    o dia no veio,

    o riso no veio

    no veio a utopia

    e tudo acabou

    e tudo fugiu

    e tudo mofou,

    e agora, Jos?

    Carlos Drummond de Andrade

    Heptasslabos ou Redondilhas maiores possuem 7 slabas mtricas:

    OS COLOMBOS

    Outros havero de ter

    O que houvemos de perder.

    Outros podero achar

    O que, no nosso encontrar,

    Foi achado, ou no achado,

    Segundo o destino dado.

    Mas o que a eles no toca

    a Magia que evoca

    O Longe e faz dele histria.

    E por isso a sua glria

    justa aurola dada

    Por uma luz emprestada. Fernando Pessoa

    Eneasslabos possuem 9 slabas mtricas:

    Tu choraste em presena da morte?

    Na presena de estranhos choraste?

    No descende o cobarde do forte,

    Pois, choraste, meu filho no s!

    Possas tu, descendente maldito

    De uma tribo de nobres guerreiros,

    Implorando cruis forasteiros,

    Seres presa de vis aimors.

    Gonalves Dias

    Dodecasslabos ou Alexandrinos possuem 12 slabas mtricas:

    Olhai! O sol descamba... A tarde harmoniosa

    Envolve luminosa a Grcia em frouxo vu,

    Na estrada ao som da vaga, ao suspirar do vento,

    De um marco poeirento um velho ento se ergueu.

    Ergueu-se tateando... cego... o cego anseia...

    Porm o que tateia aquela augusta mo?...

    Talvez busca pegar o sol, que lento expira!...

    Fado cruel... Mentira!... Homero pede po!

    Castro Alves

    O B S E R V A O :

    De modo geral, versos livres so versos

    que no apresentam uma mtrica regular.

    Exemplo:

    Cria o teu ritmo livremente,

    como a natureza cria as rvores e as ervas rasteiras.

    Cria o teu ritmo e criars o mundo.

    Ronald de Carvalho

    4. Ritmo

    A musicalidade implcita

    ou explcita que rege a

    cadncia sonora ou

    emocional dos versos

    chama-se ritmo, que talvez

    seja o elemento estrutural

    mais importante de um

    poema, uma vez que ele

    costuma estar presente at mesmo

    nas composies poticas mais modernas, que s

    vezes chegam a abrir mo de outros elementos,

    como a rima, mtrica e a estrofe

    O ritmo na poesia tradicional se baseia

    numa alternncia mais ou menos cadenciada de

    slabas tonas e tnicas. Na poesia moderna,

    necessrio captar as intenes e emoes,

    procurando ler e interpretar o poema.

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    TESTES

    01. (UFV MG) Um elemento estrutural usado para caracterizar o verso tradicional :

    a) o tema;

    b) a metfora;

    c) o metro;

    d) a intertextualidade.

    Texto para a questo 02:

    ...........................................................

    almas presas, mudas e fechadas

    Nas prises colossais e abandonadas,

    Da Dor no calabouo, atroz, funreo!

    Nesses silncios solitrios, graves,

    que chaveiro do Cu possui as chaves

    para abrir-vos as portas do Mistrio?!

    Cruz e Sousa, ltimos sonetos

    02. (FGV SP) Tendo em vista que os versos

    acima fazem parte de um soneto, correto afirmar

    que a linha pontilhada indica a omisso de

    a) um terceto;

    b) dois tercetos;

    c) trs tercetos;

    d) um quarteto;

    e) dois quartetos.

    03. (UFRS) O soneto uma das formas poticas

    mais tradicionais e difundidas nas literaturas

    ocidentais e expressa, quase sempre, contedo:

    a) dramtico;

    b) satrico;

    c) lrico;

    d) pico;

    e) cronstico.

    O poema O rio, de Manuel Bandeira referncia

    para as questes 04 e 05:

    O RIO

    Ser como o rio que deflui

    Silencioso dentro da noite.

    No temer as trevas da noite.

    Se h estrelas no cu, refleti-las.

    E se os cus se pejam de nuvens,

    Como o rio as nuvens so gua,

    Refleti-las tambm sem mgoa

    Nas profundidades tranquilas.

    BANDEIRA, Manuel. Meus poemas preferidos

    04. (UFPR) Sobre o poema, considere as seguintes afirmativas:

    1. Tem ao todo duas estrofes e oito versos.

    2. H rima entre o segundo e o terceiro versos de

    cada estrofe.

    3. Com o primeiro verso, o poema estabelece

    comparao entre o rio e a condio humana.

    4. Na segunda estrofe, o poema trata de lamentar a

    presena das nuvens, incompatveis com a

    natureza do rio.

    5. Estrelas do cu e nuvens so elementos

    diversos que o rio reflete; por comparao,

    equivalem a situaes diversas vividas pelo ser

    humano.

    Assinale a alternativa correta:

    a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 so verdadeiras.

    b) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 so verdadeiras.

    c) Somente as afirmativas 1, 4 e 5 so verdadeiras.

    d) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 5 so

    verdadeiras.

    e) Somente as afirmativas 2, 3, 4 e 5 so

    verdadeiras.

    05. (UFPR) Sobre o poema de Manuel Bandeira, assinale a alternativa correta:

    a) No se trata-se de um romance, mas de um

    conto, por ser breve.

    b) caracterstico do Romantismo brasileiro, dado

    que seus versos exploram a paisagem natural.

    c) uma narrativa curta em prosa, com forte apelo

    a imagens naturais e grande poder de sntese.

    d) Privilegia a subjetividade, ao utilizar imagens da

    natureza para exprimir-se sobre uma atitude

    diante da vida.

    e) Tem apelo nacionalista, por exaltar a

    exuberncia da natureza brasileira.

    06. (UEPG PR) Texto para a prxima questo:

    FAMLIA

    Trs meninos e duas meninas,

    sendo uma ainda de colo.

    a cozinheira preta, a copeira mulata,

    o papagaio, o gato, o cachorro,

    as galinhas gordas no palmo de horta

    e a mulher que trata de tudo.

  • Literatura Brasileira Extensivo e Terceiro

    7

    A espreguiadeira, a cama, a gangorra,

    o cigarro, o trabalho, a reza,

    a goiabada na sobremesa de domingo,

    o palito nos dentes contentes,

    o gramofone rouco toda noite

    e a mulher que trata de tudo.

    O agiota, o leiteiro, o turco,

    O mdico uma vez por ms,

    O bilhete todas as semanas

    branco! Mas a esperana sempre verde.

    A mulher que trata de tudo

    e a felicidade.

    ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia, p.81

    Sobre o poema acima, correto afirmar:

    01) Os versos que compem esse poema so

    livres, uma vez que no seguem uma mesma

    mtrica.

    02) Nesse poema, Carlos Drummond de Andrade

    no teve inteno de demonstrar seu interesse

    em retratar coisas do cotidiano, mas tentou

    quebrar as regras da poca sugerindo um

    novo modelo de famlia em que "a mulher trata

    de tudo".

    04) Nos versos "o palito nos dentes contentes, / o

    gramofone rouco toda noite" observa-se a

    figura de pensamento denominada

    prosopopeia, que consiste na atribuio de

    alguma caracterstica prpria dos seres

    humanos a um ser animado ou inanimado.

    08) Pela descrio da famlia e do que acontece

    no ambiente em que vive, pode-se afirmar que

    o texto apresenta uma demonstrao da

    uniformidade e monotonia dos acontecimentos

    que envolvem a vida familiar.

    16) No poema acima, por no haver rima, pode-se

    afirmar que os versos so brancos.

    07. (FURGS RS) Texto:

    [...]

    Senhor Deus dos desgraados

    Dizei-me vs, senhor Deus!

    Se loucura... se verdade

    Tanto horror perante os cus...

    mar! Por que no apagas

    Coa esponja de tuas vagas

    De teu manto este borro?

    Astros! Noite! Tempestades!

    Rolai das imensidades!

    Varrei os mares, tufo!...

    [...]

    Esse fragmento do longo poema de Castro Alves,

    Navio Negreiro, vem marcado por

    a) uma linguagem despojada e coloquial;

    b) um sentido de credulidade na presena de

    Deus, que ir salvar os desgraados;

    c) um metro regular e constante;

    d) ser a descrio dos caracteres heroicos dos

    desgraados;

    e) total ausncia de rimas ricas e pobres.

    08. (FUVEST SP) Texto:

    Essa vida por aqui

    coisa familiar;

    mas diga-me retirante,

    sabe benditos rezar?

    sabe cantar excelncias,

    defuntos encomendar?

    sabe tirar ladainhas,

    sabe mortos enterrar?

    Joo Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina

    O nmero de slabas mtricas (ou poticas) dos

    versos do excerto o mesmo do seguinte provrbio:

    a) A bom entendedor / meia palavra basta.

    b) gua mole em pedra dura / tanto bate at que

    fura.

    c) Quem semeia vento / colhe tempestades.

    d) Quem dorme com ces / amanhece com pulgas.

    e) Cabea de vadio / hospedaria do diabo.

    Textos para a prxima questo:

    TEXTO 1

    PARATODOS

    O meu pai era paulista

    Meu av, pernambucano

    O meu bisav, mineiro

    Meu tatarav, baiano

    Meu maestro soberano

    Foi Antnio Brasileiro

    Foi Antnio Brasileiro

    Quem soprou esta toada

    Que cobri de redondilhas

    Pra seguir minha jornada

    E com a vista enevoada

    Ver o inferno e maravilhas

    (...)

    O meu pai era paulista

    Meu av, pernambucano

    O meu bisav, mineiro

    Meu tatarav, baiano

    Vou na estrada h muitos anos

    Sou um artista brasileiro

    CD Paratodos, de Chico Buarque (1993)

  • Literatura Brasileira Extensivo e Terceiro

    8

    TEXTO 2

    POEMETO ERTICO

    Teu corpo claro e perfeito,

    Teu corpo de maravilha,

    Quero possu-lo no leito

    Estreito da redondilha...

    Teu corpo tudo o que cheira...

    Rosa... flor de laranjeira...

    Teu corpo, branco e macio,

    como um vu de noivado...

    Teu corpo pomo doirado...

    Rosal queimado do estio,

    Desfalecido em perfume...

    Teu corpo a brasa do lume...

    Teu corpo chama e flameja

    Como tarde os horizontes...

    puro como nas fontes

    A gua clara que serpeja,

    Quem em cantigas se derrama...

    Volpia da gua e da chama...

    A todo o momento o vejo...

    Teu corpo... a nica ilha

    No oceano do meu desejo...

    Teu corpo tudo o que brilha,

    Teu corpo tudo o que cheira...

    Rosa, flor de laranjeira...

    BANDEIRA, Manuel. Antologia potica. 12 ed. Rio de Janeiro: Nova

    Fronteira, 2001, pg. 21

    09. (UP PR) Qual a semelhana formal entre os textos 1 e 2 que aparece indicada em versos dos prprios textos?

    a) A predominncia de versos livres.

    b) A predominncia de versos brancos.

    c) O rigor formal, caracterstico da esttica

    parnasiana qual se filiaram os dois autores.

    d) A reiterao injustificada de vocbulos, o que

    confere pobreza esttica a ambos os textos.

    e) A presena de versos heptasslabos.

    10. (UNIOESTE PR) Com base no fragmento a

    seguir, transcrito do poema Procura da poesia, de

    Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa

    incorreta:

    No faas versos sobre acontecimentos.

    No h criao nem morte perante a poesia.

    Diante dela, a vida um sol esttico,

    no aquece nem ilumina.

    As afinidades, os aniversrios, os incidentes pessoais

    no contam.

    [...]

    O que pensas e sentes, isso ainda no poesia.

    [...]

    A poesia (no tires poesia das coisas)

    elide sujeito e objeto.

    [...]

    Penetra surdamente no reino das palavras.

    L esto os poemas que esperam ser escritos.

    [...]

    Convive com teus poemas, antes de escrev-los.

    Tem pacincia, se obscuros. Calma, se te provocam.

    Espera que cada um se realize e consuma

    com seu poder de palavra

    e seu poder de silncio.

    [...]

    Chega mais perto e contempla as palavras...

    a) O texto apresenta versos livres, ausncia de

    rimas tradicionais e reiteraes.

    b) Constata-se, no texto, preocupao com o fazer

    potico.

    c) Observa-se uma acentuada rigidez formal,

    caracterstica do culto da arte pela arte.

    d) Os versos do poema acentuam o reconhecimento

    do poder das palavras.

    e) A poesia no a reproduo de fatos histricos e

    biogrficos.

    11. (UEM PR/dezembro 2014) Assinale o que for

    correto sobre o gnero lrico:

    01) O gnero lrico, em comparao com o gnero

    pico ou narrativo, mostra-se marcado por um

    filtro subjetivo que favorece a expresso

    individual, bem como a intensificao de

    sentimentos e emoes.

    02) Embora marcado por grande liberdade temtica,

    o gnero lrico bastante rigoroso no tocante s

    formas fixas, de modo que se manifesta apenas

    em sonetos, odes, elegias, contos e novelas.

    04) Em contraste com a presena de um narrador

    no gnero pico, na lrica nota-se a presena de

    um eu lrico, que tanto permite a expresso de

    um mundo interior quanto serve de filtro para a

    realidade externa.

  • Literatura Brasileira Extensivo e Terceiro

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    08) Uma das principais subdivises do gnero lrico

    encontra-se no par comdia e tragdia que,

    presente desde as primeiras manifestaes do

    gnero, deu origem, j no fim do sculo XVIII,

    tragicomdia, com a utilizao de versos livres

    e brancos.

    16) Recursos formais como a rima, a mtrica e o

    ritmo, embora possam ser verificados em outros

    gneros literrios, encontram-se especialmente

    ligados ao gnero lrico, favorecendo sua

    sonoridade e sua expressividade.

    12. (UFU MG) Leia o poema, descrito a seguir,

    de autoria de Vincius de Moraes:

    SONETO DO AMOR COMO UM RIO

    Este infinito amor de um ano faz

    Que amor do que o tempo e do que tudo

    Este amor que real, e que, contudo

    eu j no cria que existisse mais.

    Este amor que surgiu insuspeitado

    E que dentro do drama fez-se em paz

    este amor que o tmulo onde jaz

    Meu corpo para sempre sepultado.

    Este amor meu como um rio; um rio

    Noturno, interminvel e tardio

    A deslizar macio pelo ermo

    E que em seu curso sideral me leva

    Iluminado de paixo na treva

    Para o espao sem fim de um mar sem termo.

    As afirmativas abaixo referem-se a conceito de

    literatura, gneros literrios e periodizao literria,

    tendo em vista o poema de Vincius de Moraes:

    I. O soneto em questo no pode ser considerado

    uma forma fixa de poema em virtude de seus

    versos possurem mtrica varivel.

    II. Contm este poema uma concepo

    existencialista de amor no sentido de valorizao

    do tempo presente, metaforizada pela imagem do

    rio.

    III. Este soneto no se diferencia dos produzidos na

    vigncia do classicismo moderno nem com estes

    se assemelha; deve, por isso, ser considerado

    como pardia de Amor um fogo..., de Cames.

    IV. um poema lrico porque nele uma voz central

    exprime sentimentos atravs de uma linguagem

    caracterizada por ritmo (simetria da mtrica),

    sonoridade (rimas) e linguagem metafrica

    (smile).

    V. O soneto predominantemente pico-narrativo

    pois nele o amor uma personagem bem

    delineada, atuando num espao-ambiente

    heroico.

    Escolha a alternativa correta:

    a) Apenas I e V esto corretas.

    b) Apenas II e IV esto corretas.

    c) Apenas III esto corretas.

    d) Apenas III e IV esto corretas.

    e) Apenas V est correta.

    13. (UEM PR) Leia o poema e assinale o que for correto:

    CEMITRIO PERNAMBUCANO

    (Nossa Senhora da Luz)

    Nesta terra ningum jaz

    pois tambm no jaz um rio

    noutro rio, nem o mar

    cemitrio de rios.

    Nenhum dos mortos daqui

    vem vestido de caixo.

    Portanto, eles no se enterram,

    so derramados no cho.

    Vm em redes de varandas

    abertas ao sol e chuva.

    Trazem suas prprias moscas.

    O cho lhes vai como luva.

    Mortos ao ar-livre, que eram,

    hoje terra-livre esto.

    So to da terra que a terra

    nem sente sua intruso.

    Joo Cabral de Melo Neto. Melhores poemas

    01) Trata-se de um poema construdo com versos

    de sete slabas, cujo acento tnico

    predominante recai nas 3. e 7. slabas. A rima

    formada por jaz/mar toante e a formada por

    chuva/luva soante.

    02) Os versos Nenhum dos mortos daqui/ vem

    vestido de caixo indicam que o caixo

    comparvel a um traje, ou seja, o morto no

    caixo como um corpo envolto em roupa. A

    ausncia do caixo remete extrema pobreza

    de parte da populao pernambucana.

    04) Os versos Vm em redes de varandas/ abertas

    ao sole chuva revelam a certeza da mudana

    climtica. As palavras varandas, sol e

    chuva remetem a um cenrio buclico e frtil,

    em que os homens tm esperana de viver.

  • Literatura Brasileira Extensivo e Terceiro

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    08) A morte condio que permite aos homens da

    terra pernambucana a entrada no paraso,

    conforme atesta a expresso eles no se

    enterram, so derramados no cho. Os versos

    comparam o enterro dos mortos chuva. Assim

    como a gua, que se infiltra na terra e faz brotar

    a vida, a morte a condio que permite ao

    homem o ingresso na felicidade eterna.

    16) Na ltima estrofe, destaca-se a condio

    mortificante dos vivos, prxima condio dos

    mortos. A situao em que vivem, na terra,

    equivale situao de quem est enterrado.

    14. (FUVEST SP) Examine o seguinte texto para responder ao que se pede:

    POTICA De manh escureo De dia tardo De tarde anoiteo De noite ardo A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este meu norte. Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem Naso amanh Ando onde h espao Meu tempo quando.

    Vinicius de Moraes, Antologia potica

    a) Do ponto de vista da organizao formal dada

    ao conjunto do poema, o poeta mostra-se

    vinculado tradio literria. Essa afirmao

    tem fundamento? Justifique sua resposta.

    b) Do ponto de vista da mensagem configurada no

    poema, o poeta expressa sua oposio at

    mesmo a coordenadas fundamentais da

    experincia. Voc concorda com essa

    afirmao? Justifique sua resposta.

    GABARITO 01. C 02. E 03. C 04. D 05. D 06. 29 (01,04,08,16) 07. C 08. B 09. E 10. C 11. 21 (01,04,16) 12. B 13. 19 (01,02,16) 14. a) Sim, pois o poema Potica um soneto, forma

    potica tradicional surgida no fim da Idade

    Mdia e que foi bastante utilizada a partir do

    Renascimento. Agora, este soneto de Vinicius

    de Moraes um pouco diferente de outros

    sonetos mais tradicionais at mesmo de

    outros escritos pelo prprio autor , na medida

    em que possui uma disposio rmica diferente

    e versos de curta extenso (5 e 4 slabas

    mtricas).

    b) Sim, uma vez que o eu lrico contraria as

    coordenadas fundamentais da experincia,

    num interessante jogo de oposies que

    extravasam o senso comum de percepo das

    coisas.