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 E qua li za dor   1 6   EQUALIZAÇÃO A equalização é utilizada para superar os problemas operacionais advindos das variações que são observadas na vazão e nas características na maioria dos efluentes líquidos. Tem três objetivos  básicos:  _ minimizar a s variações de vazão de despejos específicos, de ta l modo que haja uma vazã o constante ou quase constan te para o tratamento posterior;  _ neutralizar os des pejos;  _ minimizar as v ariações de con centração, c omo DBO, por exem plo. 6.1   Os principais benefícios conseguidos O tratamento biológico é melhorado porque são evitados, ou minimizados, os choques de carga, substâncias inibidoras podem ser diluídas e o pH pode ser estabilizado. A quantidade de efluente e a eficiência do segundo decantador são melhoradas pela carga constante de sólidos.  No tratamen to químico, há m elhor controle de prod utos químicos adicionados no processo. A aplicação da equalização no tratamento de efluentes é ilustrada no diagrama de fluxo dado na Figura 1. O equalizador pode estar conectado ao sistema em série ou em paralelo. Figura 1.  Fluxograma típico de t ratamen to de efluentes incorporando equali zação 6.2   Análise A análise teórica da equalização é baseada nas seguintes questões:  _ onde de ve ser localiz ada a equaliz ação dentro do fl uxograma do processo de tratamento?  _ qual o tipo de eq ualiza ção deve s er usado    em série ou “em paralelo”?  _ qual é o v olume nec essário do tanque e qualizad or? a) Localização do equalizador Como a localização ótima depende de cada efluente e sistema de coleta, estudos devem ser realizados para verificar a melhor localização. Em alguns casos, pode ser apropriada a localização após o tratamento primário e antes do secundário, pois apresentam menor quantidade de problemas com deposição de lodo e escuma. Se o sistema de equalização estiver localizado antes do tratamento  primário, deve se r promovida uma boa mis tura para evitar deposição de l odo e uma boa aeraç ão para evitar a formação de odores. b) Equalização em série e “em paralelo” É possível conseguir uma bo a equalização em sistemas em série, mas o sistema “em  paralelo” não apresenta uma equalização tão efetiva.  

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6 EQUALIZAO A equalizao utilizada para superar os problemas operacionais advindos das variaes que so observadas na vazo e nas caractersticas na maioria dos efluentes lquidos. Tem trs objetivos bsicos: _ minimizar as variaes de vazo de despejos especficos, de tal modo que haja uma vazo constante ou quase constante para o tratamento posterior; _ neutralizar os despejos; _ minimizar as variaes de concentrao, como DBO, por exemplo. 6.1 Os principais benefcios conseguidos O tratamento biolgico melhorado porque so evitados, ou minimizados, os choques de carga, substncias inibidoras podem ser diludas e o pH pode ser estabilizado. A quantidade de efluente e a eficincia do segundo decantador so melhoradas pela carga constante de slidos. No tratamento qumico, h melhor controle de produtos qumicos adicionados no processo. A aplicao da equalizao no tratamento de efluentes ilustrada no diagrama de fluxo dado na Figura 1. O equalizador pode estar conectado ao sistema em srie ou em paralelo.

Figura 1. Fluxograma tpico de tratamento de efluentes incorporando equalizao 6.2 Anlise A anlise terica da equalizao baseada nas seguintes questes: _ onde deve ser localizada a equalizao dentro do fluxograma do processo de tratamento? _ qual o tipo de equalizao deve ser usado em srie ou em paralelo? _ qual o volume necessrio do tanque equalizador? a) Localizao do equalizador Como a localizao tima depende de cada efluente e sistema de coleta, estudos devem ser realizados para verificar a melhor localizao. Em alguns casos, pode ser apropriada a localizao aps o tratamento primrio e antes do secundrio, pois apresentam menor quantidade de problemas com deposio de lodo e escuma. Se o sistema de equalizao estiver localizado antes do tratamento primrio, deve ser promovida uma boa mistura para evitar deposio de lodo e uma boa aerao para evitar a formao de odores. b) Equalizao em srie e em paralelo possvel conseguir uma boa equalizao em sistemas em srie, mas o sistema em paralelo no apresenta uma equalizao to efetiva.

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c) Construo da bacia As consideraes importantes para a construo de bacias de equalizao so o material de construo, a geometria e os acessrios operacionais. Materiais de construo Novas bacias podem ser construdas de terra (argila), concreto ou ao. As bacias de terra geralmente so as mais baratas. Dependendo das condies do local, os taludes podem variar de 3:1 e 2:1. Na Figura 2 mostrada uma seo transversal de uma tpica bacia de terra. Em muitas instalaes necessria a vedao para evitar a contaminao de guas subterrneas. Deve ser prevista a aerao por meio de difusores ou de aerador flutuante para evitar sepsia. Se for utilizado um aerador flutuante a bacia deve ser provida de um sistema de enrocamento ou concreto para evitar a eroso do talude. Quando so usados aeradores flutuantes necessria uma profundidade mnima da bacia para proteo do equipamento. Tipicamente a profundidade varia de 1,5 a 2 m. Para prevenir a eroso pelas ondas provocadas pelo vento, as bordas da bacia tambm devem ser revestidas por concreto. A bacia deve ser cercada para evitar o acesso pblico. Aerador flutuante rea Superficial MximaVolume efetivo da bacia

Nvel mnimo para proteo do aerador Figura 2 Seo da bacia de equalizao tpica

Nvel mnimo requerido para operao

Geometria da bacia A importncia da geometria da bacia varia dependendo se do tipo em srie ou em paralelo. Se for do tipo em srie para equalizar o fluxo e as cargas, importante usar uma geometria que permita que a bacia funcione como um reator de mistura completa. Assim, desenhos alongados devem ser evitados, e as entradas e sadas devem ser dispostas de forma a evitar fluxos preferenciais. Colocar a sada perto do equipamento de mistura normalmente minimiza fluxos preferenciais.

Acessrios Operacionais Entre os acessrios que devem ser includos no projeto de bacias de equalizao so: _ equipamentos para limpeza de slidos ou gorduras que tendem a acumular nas paredes da bacia; _ um sistema de emergncia para extravasar o fluxo no caso de falha no sistema de bombas; _ um sistema para retirar espuma e material sobrenadante; _ spray de gua para prevenir o acmulo de espuma nos lados da bacia caso venha a ser um problema. _ os slidos removidos das bacias de equalizao devem retornar ao incio do sistema para processamento.

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Necessidades de aerao e mistura A operao apropriada para bacias em srie e em paralelo geralmente requer aerao e mistura apropriada. O equipamento de mistura deve ser dimensionado para misturar os contedos dos tanques e para prevenir a deposio de slidos na bacia. Para minimizar as necessidades de mistura, os desarenadores devem preceder as bacias de equalizao aonde for possvel. Para esgoto domstico com slidos suspensos de aproximadamente 220 mg/L necessrio um misturador na faixa de 0,004 a 0,008 kW m-3 de estocagem. Para manter uma condio aerbica na bacia deve haver um suprimento de ar de 0,01 a 0,015 m3 m-3 min-1. Em bacias de equalizao com tempo de deteno menor que 2 horas no necessria aerao. Uma forma de prover boa mistura e aerao usar aeradores mecnicos. Chicanas so necessrias para garantir uma mistura completa. c) Volume requerido para o tanque de equalizao O volume necessrio para a equalizao da vazo determinado pelo uso de um diagrama, no qual o volume de entrada acumulado plotado versus o horrio do dia. A vazo mdia diria tambm plotado neste diagrama e a reta que liga a origem ao ponto final no grfico (Figura 3).

Figura 3. Diagrama esquemtico para a determinao do volume de equalizao necessrio para padres tpicos de vazo. Para determinar o volume necessrio, uma linha paralela linha de vazo mdia traada tangente curva de vazo acumulada. O volume necessrio igual distncia vertical entre a tangente e a linha de vazo mdia. A interpretao fsica dos diagramas acima a seguinte: no ponto de tangncia mais baixo a bacia de equalizao est vazia, acima deste ponto a bacia comea a encher at estar completamente cheia noite. Na prtica, o volume da bacia de equalizao ser maior que o terico devido aos seguintes fatores: _ a operao contnua de equipamentos de aerao e mistura no permitem o completo esvaziamento da bacia, apesar de estruturas especiais poderem ser construdas. _ o volume deve ser tal que possa acomodar os volumes de recirculao esperados no sistema. _ poder haver variaes de vazo imprevistas. _ normalmente o volume adicional varia de 10 a 20% do valor terico.

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Exemplo: Determine o volume para equalizao e os efeitos na carga de DBO alimentada, para os dados da tabela a seguir: (1) O volume requerido para uma bacia de equalizao em srie, e (2) o efeito da equalizao de fluxo na carga de DBO alimentada. (l ft = 0,3048 m) Perodo Hora Vazo mdia Vazo mdia Conc. Mdia (ft3/s) (m3/s) DBO (mg/L) 9,7 0,275 150 7,8 0,221 115 5,8 0,164 75 4,6 0,130 50 3,7 0,105 45 3,5 0,099 60 4,2 0,119 90 7,2 0,204 130 12,5 0,354 175 14,5 0,411 200 15,0 0,425 215 15,2 0,430 220 15,0 0,425 220 14,3 0,405 210 13,6 0,385 200 12,4 0,351 190 11,5 0,326 180 11,5 0,326 170 11,6 0,328 175 12,9 0,365 210 14,1 0,399 280 14,1 0,399 305 13,4 0,379 245 12,2 0,345 180 10,8 0,307 170 Fluxo acumulado no final do perodo (m3 d-1) 988,8 1784,0 2375,2 2844,1 3221,3 3578,1 4006,3 4740,2 6014,5 7492,6 9021,7 10571,2 12100,4 13558,1 14944,5 16208,6 17380,9 18553,2 19735,7 21050,7 22488,1 23925,5 25291,5 26535,1 Carga de DBO (kg/h) 148,32 91,44 44,34 23,45 16,97 21,41 38,53 95,42 223,00 295,63 328,76 340,89 336,40 306,13 277,28 240,17 211,02 199,29 206,94 276,16 402,46 438,40 334,67 223,86 213,37

0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6 6a7 7a8 8a9 9 a 10 10 a 11 11 a 12 12 a 1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6 6a7 7a8 8a9 9 a 10 10 a 11 11 a 0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mdia

SOLUO: Determine o volume necessrio para a bacia de equalizao: 1) O primeiro passo fazer a curva de vazo acumulada expressa em m3. Isto se faz convertendo a vazo de ft3/s em m3/s e depois, verificar a vazo em m3/h, da seguinte maneira: 1 m3 = 35,31467 ft3; 1h = 3600 s

9,7 ft 3 1m3 0,275m3 3600s x x s 35,31467 s 1h

988,8m3 / h

Calcular da forma para todos os pontos e somando a vazo horria calculada (vazo acumulada). Subseqente obtm-se a curva de vazo acumulada. O segundo passo fazer o grfico da vazo acumulada em funo do tempo, como mostra a Figura 4. O terceiro passo determinar o volume necessrio. Isto feito pelo traado de uma linha paralela linha da mdia acumulada tangente ao ponto mais baixo da curva. O volume necessrio a distncia vertical entre as duas linhas paralelas. Neste caso o volume necessrio aproximadamente 4250 m3.

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Vazo Acumulada30000 25000

vazo (m3/h)

20000

15000

10000

5000

4250 m3

00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Hora do diaFigura 4. Esquema para a determinao do volume do equalizador. Determine o efeito da bacia de equalizao na taxa de carga de DBO. O meio mais fcil calcular, comeando com o perodo em que a bacia est vazia (entre 8 e 9 h da manh). Neste perodo de tempo que se comeam a fazer os clculos. O primeiro passo calcular o volume lquido na bacia de equalizao no final de cada perodo de tempo. Isto feito pela subtrao da vazo equalizada (mdia) da vazo de entrada. Usando este valor, o volume estocado na bacia calculado pela seguinte expresso: Veq Vpa Ve Vs onde: Veq = volume na bacia de equalizao ao final do perodo atual; Vpa = volume na bacia de equalizao ao final do perodo anterior; Ve = volume entrando na bacia de equalizao; Vs = volume saindo da bacia de equalizao. Assim, usando os valores da tabela original, o volume na bacia de equalizao no perodo entre 8 e 9 h calculado como se segue:

Veq

0 1274,3 1105,6 168,7m3

Os dados so apresentados na tabela seguinte. O segundo passo calcular a concentrao mdia que deixa a bacia de equalizao. Isto feito usando a expresso a seguir, assumindo que a mistura na bacia de equalizao completa:

Xs

Ve X e Vpa X pa Ve Vpa

onde: Xs = concentrao mdia de DBO no fluxo de sada durante o perodo de tempo, mg/L Xe = concentrao mdia de DBO no fluxo de entrada durante o perodo de tempo, mg/L Xpa = concentrao mdia de DBO na bacia de equalizao ao final do perodo anterior, mg/L

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Perodo 8a9 9 a 10 10 a 11 11 a 12 12 a 1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6 6a7 7a8 8a9 9 a 10 10 a 11 11 a 0 0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6 6a7 7a8 Mdia

Vazo mdia (m3/h) 1274,3 1478,1 1529,1 1549,5 1529,1 1457,8 1386,4 1264,1 1172,3 1172,3 1182,5 1315,0 1437,4 1437,4 1366,0 1243,7 988,8 795,1 591,3 468,9 377,2 356,8 428,2 734,0 1105,6

Volume acumul. Conc. Mdia ao final do DBO ao final do perodo (Veq) perodo (mg/L) 168,6 175 541,1 200 964,6 215 1408,5 220 1832,0 220 2184,1 210 2464,8 200 2623,3 190 2690,0 180 2756,6 170 2833,5 175 3042,9 210 3374,7 280 3706,4 305 3966,8 245 4104,8 180 3988,0 150 3677,5 115 3163,1 75 2526,4 50 1798,0 45 1049,1 60 371,7 90 0,0 130

Conc. DBO Carga de DBO equalizada (Xs) equalizado (kg/h) (mg/L) 175 193 197 218 210 233 216 239 218 241 215 237 209 231 203 224 196 216 188 208 184 203 192 213 220 244 246 272 245 271 230 254 214 237 198 219 181 200 164 181 148 164 134 148 121 134 127 140 213

Usando os dados da coluna 2 tabela acima, a concentrao calculada como se segue:

1274,3x175 0x0 175mg / L 1274,3 0 1478,1x200 168,6x175 197mg / L Para o perodo entre 9 e 10h: X s 1478,1 168,6Para o perodo entre 8 e 9h: X s Na coluna 5 esto registrados todos os valores de concentrao calculados da mesma maneira. O terceiro passo calcular a carga de DBO usando a seguinte expresso:

DBO(kg / h)

Xs

mg kg m3 103 L x 6 Qh x L 10 mg h m3

onde Qh = vazo mdia horria = 1105,6 m3/h Na coluna 6 esto registrados todos os valores de carga de DBO calculados da mesma maneira. O efeito da equalizao de fluxo pode ser mostrado melhor de forma grfica pela plotagem das colunas 4 e 5 da tabela acima. No grfico abaixo temos a comparao entre a carga de DBO e entre as vazes sem equalizao e equalizadas.

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Carga de DBO equalizado Vazo Mdia horria 1000 900 800

Carga de DBO Vazo mdia 2000 1500

Carga DBO (kg/h)

600 500 400 300 200 100 08a9 12 a 1 4a5 8a9 0a1 4a5

500 0 -500 -1000 Hora do dia

As relaes apresentadas abaixo, derivadas das tabelas anteriores, so teis para verificar os benefcios derivados da equalizao do fluxo: Carga de DBO No equalizada Equalizada

Relao

Pico Mdia Mnimo Mdia Pico Mnimo

438,4 2,05 213,37 16,97 0,08 213,37 438,4 25,8 16,97

272 1,28 213 134 0,63 213 272 2,03 134

Dimensionar um tanque de equalizao para as trs indstrias apresentadas na tabela a seguir (vazo m3 h-1). Hora A B C 0 300 100 20 2 400 300 100 4 600 700 200 6 800 350 200 8 500 500 300 10 200 200 500 12 400 300 150 14 400 800 100 16 700 500 400 18 900 300 600 20 500 400 400 22 200 300 300 24 250 200 80

Vazo (m3/h)

700

1000