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DIREITO CIVIL: TÉCNICO JUDICIÁRIO DO TJDFT PROFESSOR LAURO ESCOBAR Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 07 ATO ILÍCITO: RESPONSABILIDADE CIVIL Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula Atos Ilícitos (responsabilidade civil). Legislação a ser consultada Código Civil: arts. 186 a 188 (Atos Ilícitos); arts. 927 a 943 (Responsabilidade Civil); arts. 944 a 954 (Indenização). ÍNDICE Ato Ilícito ....................................................................................... 02 Responsabilidade Civil .................................................................... 05 Contratual ................................................................................. 06 Extracontratual (aquiliana) ....................................................... 07 Responsabilidade subjetiva ........................................................... 08 Responsabilidade objetiva ............................................................. 10 Regras adotadas pelo Código Civil ................................................. 12 Elementos indispensáveis .............................................................. 12 Conduta ..................................................................................... 12 Dano .......................................................................................... 13 Patrimonial (material) .......................................................... 14 Extrapatrimonial (moral) ...................................................... 15 Estético ................................................................................. 17 Nexo causal ............................................................................... 19 Abuso de Direito ............................................................................. 21 Responsabilidade solidária e subsidiária ........................................ 23 Responsabilidade por ato de terceiro ............................................. 23 Exclusão da ilicitude ....................................................................... 26 Efeitos civis da decisão criminal ..................................................... 29 Transmissibilidade ......................................................................... 33 Responsabilidade por fato do animal .............................................. 33 Responsabilidade por fato da coisa ................................................ 34 Profissionais liberais ...................................................................... 35 Indenização ................................................................................... 37 RESUMO DA AULA ........................................................................... 40

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AULA 07

ATO ILÍCITO: RESPONSABILIDADE CIVIL

���Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→ Atos

Ilícitos (responsabilidade civil).

���Legislação a ser consultada →→→ Código Civil: arts. 186 a 188 (Atos

Ilícitos); arts. 927 a 943 (Responsabilidade Civil); arts. 944 a 954 (Indenização).

ÍNDICE

Ato Ilícito ....................................................................................... 02 Responsabilidade Civil .................................................................... 05 Contratual ................................................................................. 06 Extracontratual (aquiliana) ....................................................... 07 Responsabilidade subjetiva ........................................................... 08 Responsabilidade objetiva ............................................................. 10 Regras adotadas pelo Código Civil ................................................. 12 Elementos indispensáveis .............................................................. 12 Conduta ..................................................................................... 12 Dano .......................................................................................... 13 Patrimonial (material) .......................................................... 14 Extrapatrimonial (moral) ...................................................... 15 Estético ................................................................................. 17 Nexo causal ............................................................................... 19 Abuso de Direito ............................................................................. 21 Responsabilidade solidária e subsidiária ........................................ 23 Responsabilidade por ato de terceiro ............................................. 23 Exclusão da ilicitude ....................................................................... 26 Efeitos civis da decisão criminal ..................................................... 29 Transmissibilidade ......................................................................... 33 Responsabilidade por fato do animal .............................................. 33 Responsabilidade por fato da coisa ................................................ 34 Profissionais liberais ...................................................................... 35 Indenização ................................................................................... 37

RESUMO DA AULA ........................................................................... 40

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Bibliografia básica .......................................................................... 42

EXERCÍCIOS COMENTADOS ............................................................ 43

Meus Amigos e Alunos Esta é a nossa última aula para o curso preparatório para Técnico

Judiciário do TJDFT. Trata-se da etapa final de nossos estudos. Mais uma vez, aproveito a oportunidade para enviar a todos um grande e forte abraço, desejando tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram. Muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realização das provas.

Lembrem-se: continuaremos à disposição para responder a eventuais dúvidas no fórum até a véspera da prova.

Como vimos na aula anterior, nosso ordenamento jurídico visa proteger os atos realizados em harmonia com a lei. No entanto, por outro lado, reprime os atos praticados em sua violação. Assim, ao mesmo tempo em que tutela a atividade da pessoa que se comporta de acordo com o Direito, reprime a conduta daquele que o contraria. Daí a importância do estudo do ato ilícito e a sua consequência: a responsabilidade civil.

O ato ilícito está previsto nos artigos que vão do 186 até o 188, CC (eles são poucos, mas importantíssimos). Ocorre que não há lógica estudar apenas esses poucos artigos. Eles devem ser relacionados com a responsabilidade civil, prevista nos artigos que vão do 927 ao 943, CC (e se incluirmos ainda o tema “indenização” a previsão se estende até o art. 954, CC). Ou seja, para que nosso estudo seja completo devemos identificar o conceito e a importância do Ato Ilícito (que ainda pertence à parte geral do Código Civil) e, de imediato, a sua relação com a Responsabilidade Civil (que integra a parte especial). Além disso, a Constituição Federal, em seu art. 5°, incisos V e X prevê o direito à indenização por dano moral, material e à imagem. Portanto, durante esta aula, responderemos a seguinte questão: praticado um ato ilícito (civil ou penal), quais as repercussões na esfera da responsabilidade civil? Lembrando que este tema é muito importante, pois pode cair em provas tanto de Direito Civil, como Constitucional e Administrativo.

ATO ILÍCITO

O ato ilícito está previsto no art. 186, CC. Podemos conceituá-lo

como sendo o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando, consequentemente, direito subjetivo individual. No dizer de Francisco Amaral: “A ilicitude significa contrariedade a um dever jurídico, consistindo na ofensa a direito subjetivo ou na infração de preceito legal, que protege interesses alheios, ou ainda no abuso de direito”. Como se vê, o ato ilícito também pode se dar com o abuso de direito previsto no art. 187, CC. Em qualquer hipótese é necessário que a conduta provoque um dano a outrem, seja

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patrimonial ou moral (extrapatrimonial). E a consequência da prática de um ato ilícito é a responsabilidade civil (além das outras modalidades, se for o caso), criando a obrigação de reparação do dano, indenizando-se pelas perdas e danos. Desta forma, devolve-se à vítima, em tese, as mesmas condições em que se encontrava antes de sofrer o dano

Resumindo: praticar um ato ilícito é incidir na infração ao dever de não lesar outrem (em latim dizemos neminen laedere: a ninguém se deve lesar). E se este ato ilícito causar danos a outrem (patrimoniais ou morais) cria-se o dever de reparar os prejuízos decorrentes. Por isso o ato ilícito é considerado também como uma “Fonte de Obrigação”, pois praticado um ato ilícito a lei obriga a reparação dos danos. Vejam que logo no início da aula já estamos relacionando dois artigos dispostos em lugares bem diferentes do Código Civil: quem pratica um ato ilícito (art. 186, CC) tem a obrigação de reparar o dano (art. 927, CC).

O ato ilícito é considerado como um fato jurídico (em sentido amplo). Lembrem-se do gráfico que forneci na aula sobre os fatos jurídicos. Ele produz efeitos jurídicos, sendo que esses efeitos geralmente não são desejados pelo agente (ninguém gosta de indenizar outrem), mas impostos pela lei (por isso eles também são chamados de atos involuntários, pois os efeitos são involuntários, ou seja, não desejados pelo agente). Há infração de um dever e, consequentemente, a imputação de um resultado.

Podemos classificar o ato ilícito em: civil, penal ou administrativo. Lógico que nesta aula o que nos interessa é o ato ilícito civil, porém sempre que falamos sobre este tema, acabamos por “invadir” um pouco a área das demais matérias, pois elas são conexas. Vejamos.

a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a responsabilidade penal a terceiros).

b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a Administração; a sanção também é pessoal.

c) Civil: violação de um dever obrigação contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do lesante (como regra). Acrescente-se que como neste caso o interesse lesado é do particular, ele poderá ou não requerer a reparação.

Há casos em que o sujeito pratica uma conduta e esta ofende apenas à sociedade como um todo: trata-se de um ilícito penal. Em outros casos a conduta ofende apenas ao particular: trata-se do ilícito civil. Mas em alguns casos uma só conduta pode ofender a sociedade e o particular ao mesmo tempo. Pergunto: se um sujeito com apenas uma conduta causar danos à sociedade (ilícito criminal) e ao particular (ilícito civil), pode responder a dois processos? O sujeito pode ser duplamente responsabilizado? Existe um brocardo jurídico que diz: ne bis in idem (ou seja, ninguém pode ser responsabilizado duas vezes pelo mesmo fato). Será que isto se aplica aqui

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também? Resposta: o princípio do ne bis in idem existe, mas somente é aplicado na mesma esfera. Ou seja, um sujeito foi processado e absolvido por um ilícito penal. Ocorrendo o trânsito em julgado, não se pode instaurar um novo processo penal para apurar o mesmo fato. Mas isto não impede de se instaurar um processo civil visando à reparação do dano. Muito embora o fato seja o mesmo, as esferas de competência são diferentes, visando objetivos diferentes. Portanto uma mesma conduta pode acarretar uma dupla responsabilidade e, portanto, dois processos diferentes.

Exemplo: por uma questão de somenos importância “A” agride “B”, nele produzindo lesões corporais. O fato é típico, está descrito no Código Penal (art. 129), logo é um ilícito penal (crime). Por outro lado, causando danos (patrimoniais ou morais) à vítima o agente também é obrigado a reparar esses danos na ordem civil. Trata-se, portanto, de um ilícito civil também. Uma mesma conduta teve como consequência dois efeitos: um na ordem penal e outro na esfera civil. E para apurar estas responsabilidades são instaurados dois processos, com objetivos diferenciados.

Às vezes a conduta pode atingir também o Direito Administrativo, havendo uma tripla responsabilidade. Exemplo: o peculato! O que é o peculato? Trata-se de um crime, pois está tipificado no Código Penal (art. 312, CP). O que ele diz? O Código Penal o descreve como sendo um crime próprio do funcionário público. Uma das diversas hipóteses previstas é o caso de um funcionário que tendo a posse de um bem público, dele se apropria. O funcionário público se apropria de um bem pertencente à Administração, mas que estava sob sua guarda. Com sua conduta o funcionário ofendeu, simultaneamente, três bens jurídicos: atinge o Direito Penal, pois a conduta é crime (é típica; descrita no Código Penal). Além disso, o agente “quebrou a confiança” nele depositada pela Administração Pública. Por tal motivo este funcionário irá responder a um processo administrativo, podendo até mesmo perder o cargo (ser demitido). Por último, apropriando-se de um bem público, causou um dano à Administração, portanto cometeu também um ilícito civil, e, sendo assim, o agente pode ser responsabilizado pelo Estado e compelido a ressarcir o dano que causou. Deste modo, o autor da conduta, com apenas uma ação, ofendeu três bens jurídicos distintos (penal, administrativo e civil), podendo (ao menos em tese) responder a três processos distintos, cada um com objetivos diferenciados.

���IMPORTANTE ��� A responsabilidade penal é pessoal e intransferível. Ou seja, somente a pessoa que pratica o crime, desde que seja imputável (penalmente responsável), é que irá responder por ele. Já a responsabilidade civil é patrimonial, ou seja, o que será atingido é o patrimônio do lesante, sendo que em diversas circunstâncias a responsabilidade pode ser transferida aos sucessores e também aos responsáveis legais do agente. Veremos isso com maior profundidade mais adiante.

Vamos fazer um resumo do que vimos até agora sobre o ato ilícito civil:

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É a conduta humana que fere direitos subjetivos privados; está em desacordo com a ordem jurídica, violando um direito subjetivo individual (art. 186, CC).

A consequência principal de sua prática é a obrigação de reparar o dano (patrimonial ou moral), de indenizar (art. 927, CC), restabelecendo à vítima seu estado anterior (status quo ante).

A mesma conduta ilícita pode causar repercussão no Direito Civil, Penal e Administrativo; pode haver uma tripla responsabilidade.

HISTÓRIA

Durante os cursos que ministro visando concursos públicos evito falar sobre a história de cada instituto. Isso é muito interessante para cultura geral, é uma boa introdução para uma tese de mestrado, mas geralmente não cai nos concursos. Nestes cursos temos que ser objetivos! Mas... neste caso em particular, é interessante falar um pouco sobre a história do ato ilícito e a reparação do dano, pois com isso sentimos a evolução do Direito. Não só do Direito Civil, mas de todos os ramos do Direito.

Primitivamente vigorava a pena de talião (“olho por olho, dente por dente” ou também “quem com ferro fere, com ferro será ferido”), segundo a qual os danos a terceiros eram retribuídos na mesma qualidade e quantidade pela própria pessoa ofendida. Era a tese do “mal pelo mal”. É claro que, ao invés de se compensar um dano, causava-se outro. O devedor respondia por suas dívidas com seu próprio corpo (podia ser escravizado) e até mesmo com sua vida (era executado). O direito evoluiu. Foi então editada a famosa lei romana conhecida como Lex Poetelia Papiria (326 a.C.). A partir daí o devedor passou a ser responsabilizado por suas obrigações exclusivamente com seu patrimônio. A execução deixou de ser pessoal para ser patrimonial. Posteriormente, a Lex Aquilia de Danno consagrou, de forma mais elaborada, o conceito de responsabilidade civil, punindo pecuniariamente o agente por danos injustamente provocados. Do nome desta lei (Aquilia), conforme veremos mais adiante, derivou a expressão responsabilidade aquiliana. Trata-se de uma expressão muito comum em concursos públicos. Mas, apesar de toda a evolução do direito, ainda permanece viva a ideia de culpa nos atos ilícitos, de modo que como regra, haverá indenização se houver “culpa” do agente. Veremos melhor esta expressão e a sua abrangência mais adiante.

RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil deriva da transgressão de uma norma pré-

existente, contratual ou legal, impondo ao infrator a obrigação de indenizar. Pressupõe uma relação jurídica entre a pessoa que sofreu um prejuízo e a que deve repará-lo. Segundo a doutrina, a responsabilidade civil tem como função principal restaurar o equilíbrio jurídico-econômico anteriormente existente entre o agente e a vítima. Pelo princípio da restitutio in integrum, tenta-se restabelecer o status quo ante, buscando a reparação (do dano material) ou a compensação (da lesão). Há quem sustente também a função punitiva

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do ofensor e, consequentemente a desmotivacional ou reeducativa da conduta lesiva. A função compensatória visa reequilibrar o que o prejuízo desequilibrou. Nem sempre é possível ressarcir os danos sofridos pela vítima, por isso o ordenamento reconhece o direito do lesado de receber uma compensação, cuja contrapartida é a redução do patrimônio do causador do dano ou responsável por ele. Já a função punitiva tem uma dupla finalidade: garante uma modificação e conscientização do comportamento danoso do ofensor por meio da atribuição de uma sanção, consistindo esta na diminuição de seu patrimônio material e gera uma projeção social da indenização, ou seja, que a conduta do ofensor sirva de exemplo para outros.

Para a professora Maria Helena Diniz a responsabilidade civil possui dupla função: a) sanção civil, de natureza compensatória, mediante a reparação do dano causado; b) garantia do lesado à segurança.

A responsabilidade surge em face do descumprimento obrigacional (desobediência de uma regra estabelecida em contrato) ou por uma pessoa deixar de observar um preceito normativo que regula a vida. Portanto, de acordo com o fato gerador temos duas espécies de responsabilidade civil: contratual e extracontratual.

1. RESPONSALIBIDADE CIVIL CONTRATUAL Está situada no âmbito violação de norma pré-existente contratual ou negocial; da inexecução de uma obrigação decorrente de um contrato. Como se sabe, as cláusulas contratuais devem ser respeitadas (pacta sunt servanda: o contrato faz lei entre as partes), sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir. O contrato traz em seu conteúdo uma obrigação assumida, podendo o seu descumprimento gerar perdas e danos. Os principais fundamentos jurídicos dessa modalidade de responsabilidade civil estão dispostos no art. 389, CC, quando a obrigação assumida for positiva. E no art. 390, CC, quando se tem uma obrigação negativa. Obrigação Positiva é a de dar alguma coisa (ex.: pagar o aluguel; entregar um quadro que foi comprado, etc.) ou a de fazer algo (pintar um muro ou um quadro; dar uma palestra; realizar uma cirurgia, etc.). Obrigação Negativa é a de não fazer algo, como por exemplo, de não construir um muro divisório acima de três metros. Exemplo de responsabilidade contratual: celebro um contrato de locação. Uma das cláusulas pactuadas determina que o pagamento do aluguel deve ser feito todo dia 15 de cada mês. Estamos no dia 20 e o aluguel não foi pago. Houve, portanto, uma inexecução contratual ocorrendo, como consequência, um ato ilícito civil decorrente do contrato. Surgem então as chamadas obrigações contratuais. São os efeitos do inadimplemento (não cumprimento) do contrato, como por exemplo, a multa pelo atraso no pagamento. Geralmente essa multa é pactuada no próprio contrato de locação. Se o inquilino continuar não pagando o aluguel, poderá ser despejado por falta de pagamento, etc. A culpa contratual não precisa ser provada, bastando que o devedor esteja em mora e que este não decorra de nenhuma das causas excludentes de responsabilidade.

A doutrina chama de “violação positiva do contrato” (cumprimento defeituoso ou imperfeito) uma espécie de inadimplemento contratual a

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imputar responsabilidade contratual objetiva àquele que violar os deveres anexos (ou laterais) do contrato (como os de proteção, informação, cooperação, etc.). Portanto, a violação positiva do contrato não decorre do descumprimento da prestação principal, mas sim da inobservância dos deveres anexos do contrato, decorrentes do princípio da boa-fé objetiva (princípio da confiança), que devem ser obedecidos ainda que não haja previsão expressa no contrato.

2. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL (ou aquiliana) relaciona-se com a violação de norma legal preexistente. Ou seja, a norma violada não é um contrato, mas sim o direito alheio e as normas que regram a conduta (dever de conduta), representando qualquer inobservância de um preceito legal. Há a infração de um dever geral imposto pela lei, como na hipótese de um “acidente de veículos”.

Assim, enquanto na responsabilidade contratual, os critérios para a composição do prejuízo, como regra, já estão estabelecidos no contrato, na responsabilidade extracontratual a composição é feita por arbitramento, cabendo ao Juiz esta tarefa. Seu fundamento jurídico-legal encontra-se nos arts. 186, 187 e 927, CC. Nesta hipótese não é necessário constituir o devedor em mora. Ele já está em mora desde o momento da prática do ato ilícito (ver art. 398, CC).

Resumindo Responsabilidade contratual →→→ surge pelo descumprimento de norma contratual preexistente (inadimplemento contratual).

Responsabilidade extracontratual (aquiliana) →→→ deriva de inobservância de qualquer outro preceito legal preexistente; de normas gerais de conduta (e não de acordo entre as partes).

Consequências

A consequência da infração ao dever contratual e/ou ao dever legal (extracontratual) é a mesma → obrigação de ressarcir o prejuízo causado.

A diferença entre elas está no ônus da prova. Na responsabilidade contratual há uma presunção (relativa) de que a culpa é de quem não cumpriu a obrigação. Em tese o lesado só precisa provar que o contrato não foi cumprido. É a outra parte quem deve provar sua inocência (caso fortuito, força maior). Se não houver esta prova, ele deverá indenizar. No entanto se a responsabilidade é extracontratual, como regra, não existe a presunção de culpa; o lesado (vítima) é quem deve provar a culpa do transgressor.

TEORIAS

Existem duas teorias sobre responsabilidade civil, que veremos com detalhes. Primeiro falaremos sobre os aspectos gerais de cada uma delas. Depois vamos nos ater às regras adotadas pelo nosso Código:

Teoria da Responsabilidade Subjetiva.

Teoria da Responsabilidade Objetiva.

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A) TEORIA DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA

Segundo esta teoria, haverá responsabilidade por indenização somente se houver “culpa” do agente. Esta deverá ser provada para que haja a obrigação de indenizar. A teoria da responsabilidade subjetiva também é conhecida como teoria clássica ou teoria da culpa.

���Cuidado!!! Sempre que eu falo em “culpa”, as pessoas se lembram do Direito Penal. Ou seja, imprudência ou negligência do agente. Mas não é bem assim. Na verdade, culpa não é só isso; é mais do que isso. É um conceito bem mais amplo. Explico. A Teoria da Culpa está se referindo a culpa em sentido amplo, que abrange o dolo e a culpa em sentido estrito. Assim culpa (em sentido amplo) é o gênero. Sua prova constitui o pressuposto para indenização do dano. E as espécies são dolo e culpa (em sentido estrito). Assim, quando alguém fala em culpa em sentido amplo, está se referindo ao elemento subjetivo: ao dolo e à culpa propriamente dita. Já vi em provas a expressão “elemento anímico” (vem de animus – intenção, que por sua vez deriva de alma, de sopro de vida). Assim, o elemento subjetivo ou anímico tem como espécies:

Dolo: pleno conhecimento do mal; o agente pratica uma conduta, tem consciência dos efeitos desta conduta e, mesmo assim, deseja as consequências maléficas (dolo direto) ou assume o risco de produzi-las (dolo eventual). Trata-se da ação ou omissão intencional ou voluntária.

Culpa (em sentido estrito): violação de um dever que o agente poderia conhecer e acatar; o agente pratica uma conduta e não quer o resultado, mas este acaba ocorrendo por alguma circunstância (imprudência, negligência e imperícia).

Portanto, pela Teoria da Responsabilidade Subjetiva, haverá indenização toda vez que o agente tenha praticado o ato danoso porque o conhecia e o quis (dolo direto) ou assumiu o risco do resultado (dolo eventual). Mas também quando o agente, embora não o conhecesse e não o quisesse, tenha agido por negligência ou imprudência ou violado norma que podia ou devia conhecer e acatar (culpa em sentido estrito).

Prevalece a teoria da previsibilidade. Se o ato era previsível (para a pessoa diligente, prudente e conhecedora da norma), então haverá culpa para o agente. Exemplo: se eu bato na traseira do carro de outra pessoa, presume-se a minha culpa, porque há uma regra geral pela qual se deve guardar distância do veículo da frente e dirigir com atenção. Lógico que se trata de uma presunção relativa ou juris tantum, ou seja, que admite prova em contrário (diz a jurisprudência: “A presunção de culpa do condutor que abalroa o outro na traseira é relativa, podendo ser elidida se nos autos houver prova robusta em contrário – o veículo da frente é que estava trafegando em marcha-ré”). Outros exemplos: um dentista trata mal um dente, causando a perda do mesmo por falta de conhecimento técnico que deveria ter, age com culpa; o mesmo se diga de um advogado que perde uma causa por total falta

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de conhecimento, preparo profissional e cuidado ou um médico que realiza uma operação sem necessidade e sem ter o domínio da técnica cirúrgica.

Classificação da Culpabilidade (em sentido amplo – ou lato sensu). Já analisamos a principal classificação acerca da culpabilidade que é a culpa contratual e a culpa extracontratual ou aquiliana. No entanto, doutrinariamente há outras espécies, inclusive com a utilização de expressões latinas. E não é raro o examinador usar algumas destas expressões. Vejamos:

• culpa in eligendo: é a resultante de má escolha de um representante ou do preposto para a prática de um ato ou o cumprimento da obrigação. Ex.: patrão contrata empregado sem as aptidões técnicas que o trabalho exige.

• culpa in vigilando: é a que resulta da falta de atenção com o procedimento de outra pessoa. Ex.: filho menor que pratica um ato ilícito pela falta de vigilância dos pais. Também pode recair sobre coisa. Ex.: empresa de taxi que permite que os veículos saiam com falha nos freios ou pneus “carecas”.

• culpa in custodiendo: decorre da falta de cuidado em se guardar, custodiar determinada coisa ou animal, sob seus cuidados. Ex.: dono de animais que estragaram a plantação do vizinho, pois ele deixou a porteira aberta.

• culpa in committendo (ou in faciendo): é a que resulta da prática de uma conduta positiva pelo agente (ação ou comissão); é a imprudência de uma forma geral. Ex.: dirigir em excesso de velocidade, causando um atropelamento, passar em um sinal vermelho, etc.

• culpa in omittendo: decorre de uma conduta negativa pelo agente (abstenção de um ato, omissão). Ex.: empregado que não tranca a porta do estabelecimento ao final do expediente; médico que não faz a operação completa, etc.

• A doutrina ainda fala em culpa in abstracto, quando se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do “homem médio” ou da pessoa normal, sendo esta a regra em nosso Direito, devendo-se aferir o comportamento do agente pelo padrão admitido e a culpa in concreto quando se limita ao exame da imprudência ou negligência do agente.

A culpa ainda pode ser classificada em grave (quando resulta de dolo ou negligência crassa; há uma falha grosseira ao dever de cuidado), leve (quando a conduta se desenvolve sem a atenção normalmente devida; a lesão seria evitável com atenção ordinária, comum a qualquer pessoa) e levíssima (quando o fato só teria sido evitado mediante cautelas extraordinárias ou especial habilidade).

No Direito Civil, como regra, responde-se por qualquer espécie de culpa porque se tem em vista a extensão do dano (art. 944, CC) e não o grau da culpa. Todo prejuízo que a vítima conseguir provar deve ser indenizado. No entanto, apesar disso, nosso Código estabeleceu que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o Juiz reduzir equitativamente a indenização (art. 944, parágrafo único, CC). Nos danos morais o grau da culpa também pode influir no quantum indenizatório

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arbitrado (ou seja, no valor da indenização), por não se tratar propriamente de um ressarcimento, mas de uma compensação satisfativa.

Consequências

Como vimos, havendo dano decorrente do ato ocorrido com culpa (em sentido amplo) do agente, haverá obrigação de indenizar a pessoa que foi lesada. No entanto, em algumas hipóteses esta teoria passou a ser considerada injusta para a vítima, pois nem sempre é fácil provar a culpa do causador do dano. Por isso, em algumas situações especiais adotou-se a “presunção de culpa”. Surge então a teoria da responsabilidade objetiva.

B) TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Por esta teoria não é necessário verificar a existência de culpa do agente. Ela é imposta por lei, fundada na Teoria do Risco, a responsabilidade objetiva independe da culpa; esta não é discutida. Verifica-se somente a existência de uma conduta, do dano e a relação de causalidade entre eles, decorrendo daí a obrigação de indenizar. Exemplo: a responsabilidade do hoteleiro pelo furto de valores praticados por empregados do hotel contra os hóspedes →→→ digamos que já esteja provada a conduta do funcionário, o dano suportado pelo hóspede e o nexo causal entre a conduta do funcionário e o dano →→→ logo, o dono do hotel responde por este dano suportado pelo hóspede, independentemente de eventual culpa sua no evento.

Outra hipótese: pelo simples fato de um empregado se ferir no serviço há a responsabilidade e, via de consequência, indenização a ser paga pelo seguro, que não examina se houve ou não culpa do dono do serviço.

Passou-se a considerar que aquele que obtém vantagens no exercício de uma atividade deve também responder pelos eventuais prejuízos desta atividade. Trata-se da aplicação do brocardo: “quem aufere cômodos, arca também com os incômodos”.

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias) também têm responsabilidade civil, ou seja, respondem pelos danos causados pela atividade administrativa, independentemente de culpa de seus funcionários, inclusive no que se refere à culpa anônima ou do serviço (prevista no art. 37, §6°, CF/88). Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva, isto é, não é necessário provar se houve culpa do funcionário. Basta provar que houve a conduta da administração e a lesão ao direito de um particular (sem que tenha havido culpa exclusiva deste particular). Deve-se provar a conduta positiva (ação) ou negativa (omissão), a lesão e o nexo causal. Só!! Provadas estas situações, indeniza-se.

A doutrina menciona as seguintes espécies de modalidades de risco:

Risco proveito: relacionado ao brocardo “quem colhe os bônus deve suportar os ônus”, ou seja, aquela pessoa que tira proveito da atividade perigosa também deve suportar os danos dela decorrentes.

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Risco profissional: relacionado às relações de trabalho, viabilizando a responsabilidade (objetiva) do empregador pelos danos causados pelo empregado, em decorrência da atividade por este desenvolvida.

Risco excepcional: refere-se às atividades que, por sua natureza, representam um elevado grau de perigo, tanto para as pessoas que as desempenham diretamente, como para os demais membros da coletividade.

Risco integral: é o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não atingindo nenhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. Tal modalidade é reservada aos danos decorrentes de atividades nucleares.

Atualmente, no Direito Administrativo, vigora sobre o assunto a teoria do risco administrativo, que equivale a uma responsabilidade objetiva mitigada (ou seja, diminuída em seus efeitos, abrandada), uma vez que pode ser afastada (pela culpa exclusiva da vítima) ou diminuída (se houver culpa concorrente da vítima), o que não ocorre no risco integral.

Elementos da Teoria Objetiva

• existência de uma conduta positiva (ação) ou negativa (omissão).

• dano patrimonial ou moral (extrapatrimonial).

• nexo causal (relação de causalidade) entre a conduta e o dano.

Observação. Vimos acima que a responsabilidade do Estado é objetiva. Porém, segundo a doutrina e a jurisprudência, em algumas hipóteses, especialmente quando houver omissão do Estado, a sua responsabilidade será na modalidade subjetiva. Vejam como foi interessante e completa a seguinte decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

“Omissão negligente do Poder Público. Obrigação de conservação de ruas, calçadas e logradouros públicos em condições de segurança e incolumidade às pessoas. Responsabilidade Subjetiva do Estado caracterizada. Conduta, Dano e Nexo de causalidade demonstrados. Dever de indenizar também pelos danos morais. Culpa concorrente. 1) O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade patrimonial objetiva do Estado, sob a forma ‘risco administrativo’. Tal assertiva encontra respaldo legal no art. 37, §6° da Constituição Federal de 1988. Todavia, quando o dano acontece em decorrência de uma omissão do Estado, é de se aplicar a teoria da responsabilidade subjetiva. 2) Compete ao Município manter e fiscalizar a execução de obra, a fim de manter a incolumidade dos munícipes. Neste passo, a omissão do Poder público em conservar o acesso à residência da autora restou caracterizada, assim como os danos advindos da queda da requerente em valo. 3) Neste caso houve culpa concorrente da autora, porquanto a requerente poderia ter atravessado o valo através da utilização da ponte existente em frente à residência de vizinho, de forma a transpor o obstáculo. 4) A indenização por dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o sofrimento impingido. A eficácia da contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa medida, de modo que não signifique um enriquecimento sem causa para a vítima e produza impacto bastante no causador

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do mal a fim de dissuadi-lo de novo atentado” (9a Câmara Cível – TJRS – Viamão - Rel. Des. Odone Sanguiné).

REGRAS ADOTADAS PELO CÓDIGO CIVIL

Nosso Código adotou, como regra, a Teoria da Responsabilidade Subjetiva, prevendo em seu art. 186, CC:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

E arremata no art. 927, caput, CC:

“Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

No entanto, apesar desta regra, devemos tomar muito cuidado porque há diversas exceções. Isto é, há casos em que o próprio Código Civil admite a aplicação da responsabilidade objetiva, impondo a obrigação de reparar o dano independentemente de culpa. Vejamos o art. 927, parágrafo único, CC:

Quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Substitui-se, assim, a culpa pela ideia do risco. Ora, se o empresário se propõe a estabelecer uma empresa que pode oferecer riscos na execução das atividades, se contrata pessoas para executar estas atividades e se os benefícios (lucros) gerados ao empresário devem ser atribuídos, logo, o risco do negócio, assim como os resultantes dos acidentes, também deverão ser por ele suportados.

Demais casos especificados em lei. Neste caso, temos como exemplos: arts. 932 e 933, CC, danos ao meio ambiente, relações de consumo, etc.

ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS

Já vimos os elementos caracterizadores da responsabilidade em geral (objetiva e subjetiva). Vamos agora aprofundar o tema, com base nos elementos específicos de nossa legislação.

I. CONDUTA HUMANA

É o comportamento positivo (ação, comissão) ou negativo (omissão) do agente que recai em um dano ou prejuízo. Pressupõe a consciência do

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agente. No entanto a ilicitude da conduta não é requisito indispensável, uma vez que em casos excepcionais, ainda que a conduta seja lícita, haverá responsabilidade civil e o dever de indenização (ex.: desapropriação). A conduta pode ser voluntária (dolo) ou causada por uma negligência ou imprudência (que são modalidades da culpa).

Na prática o mais comum é a conduta posição (ação). Para a configuração da omissão é necessário que exista o dever jurídico de praticar determinado fato para impedir o resultado (a pessoa não podia se omitir), a prova de que a conduta não foi praticada (omissão) e a demonstração de que, caso a conduta fosse praticada, o dano poderia ter sido evitado. Portanto, para configurar a omissão, na prática, é um pouco mais difícil. A conduta é composta de uma parte objetiva (ação ou omissão) e outra subjetiva (dolo ou culpa). No entanto a parte subjetiva só estará presente na responsabilidade subjetiva.

Na responsabilidade subjetiva, a conduta compreende:

Dolo: violação intencional (ação ou omissão), voluntária (observem que o Código Civil utiliza essa última palavra) do dever jurídico; o agente quer o resultado (dolo direto) ou assume o risco de produzi-lo (dolo eventual).

Culpa: não há deliberação, intenção de violar o dever jurídico, mas este acaba sendo violado por ter ocorrido uma: • Imprudência: é a prática de um ato considerado perigoso; há uma

conduta comissiva (ex.: dirigir veículo em rua movimentada em excesso de velocidade, passar em um sinal vermelho, etc.).

• Negligência: é a transgressão ao preceito que exige atenção; é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado; é a falta de uma cautela ordinária que se exige em face de uma situação (ex.: deixar arma de fogo ao fácil alcance de uma criança).

• Imperícia: é a ignorância, falta de experiência ou inabilidade com relação às regras para a prática de determinado ato; é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Embora a expressão “imperícia” não esteja prevista expressamente no art. 186, CC, ela também é uma modalidade da culpa (espécie de negligência). O exemplo clássico é o do médico, do dentista, do engenheiro, etc. que, em face de um desconhecimento ou falta de prática, no desempenho de suas funções, venha causar dano a interesses de terceiros.

Observação. Para o Direito Penal é muito importante saber se o sujeito agiu com dolo ou culpa. Principalmente no tocante à imposição da pena. No entanto, para o Direito Civil pouco importa se ele agiu com dolo ou culpa. Tanto faz! Em qualquer das modalidades as consequências serão as mesmas: reparação do dano.

II. OCORRÊNCIA DE DANO

O dano (eventus damni) é a lesão a um interesse juridicamente tutelado, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral). Assim, para que haja o

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pagamento da indenização, além da prova da conduta (positiva ou negativa), é necessária a comprovação do dano. Se não houver dano não haverá responsabilidade. Por outro lado, nem todo dano gera responsabilidade.

Um dos requisitos essenciais é a certeza do dano. Ou seja, não se indeniza um dano hipotético ou abstrato. No entanto uma teoria que vem ganhando terreno é a da “perda de uma chance”. Isso ocorre quando a conduta retira da vítima a possibilidade futura de experimentar uma situação mais favorável. Quem não se lembra do episódio em que o corredor brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima, quando liderava com folga a Maratona (Olimpíada de Atenas, em 2004), no 36° km foi agarrado por uma pessoa; com isso houve uma “quebra em seu ritmo” e ele foi ultrapassado por outros dois corredores, ficando em 3° lugar, com a medalha de bronze. Será que ele ganharia a prova?? Seja como for, o Comitê Olímpico Internacional reconheceu o fato e lhe concedeu a medalha Pierre de Coubertin, destinada aos atletas que demonstram espírito olímpico e elevado grau de esportividade (em toda a história dos jogos apenas outras quatro pessoas receberam tal honraria). Um outro exemplo prático seria a do candidato que perdeu a prova do concurso porque o táxi que o conduzia errou o caminho do local do exame. A doutrina entende que em determinados caos a perda de uma chance pode ser indenizável por afastar uma expectativa ou probabilidade favorável ao lesado. No entanto, a indenização quando ocorre, é sempre mitigada em face da incerteza do evento.

São espécies de dano:

A) DANO PATRIMONIAL (material) É o que atinge os bens da pessoa. Compreende (art. 402, CC):

1) Danos Emergentes (também chamados de danos positivos): efetiva diminuição do patrimônio da vítima; são os prejuízos efetivamente suportados; o que a vítima realmente perdeu com a conduta do agente.

2) Lucros Cessantes (também chamados de lucros frustrados ou danos negativos): aquilo que a vítima razoavelmente deixou de ganhar em razão da conduta do agente (ausência de acréscimo patrimonial). Trata-se de uma prova mais difícil na prática, pois é baseado no pretérito, ou seja, no quanto vinha rendendo em determinado período. O dispositivo deve ser entendido com parcimônia, pois o dano deve ser atual e concreto. Ou seja, não se pode indenizar um dano futuro e hipotético (que poderia ou não ocorrer).

Exemplo: digamos que uma pessoa bata o carro (culposamente) em um motorista de praça (táxi). O veículo do taxista ficou muito avariado e ficou na oficina durante dez dias para reparos. O causador do dano deve indenizar os prejuízos que efetivamente ocorreram no táxi (danos emergentes) e também deve indenizar os dias em que o motorista ficou parado por causa do acidente (lucros cessantes); o que ele deixou de ganhar estando parado.

Dano bumerangue: é uma expressão da doutrina referindo-se a uma inversão de posição na relação jurídica desencadeada pelo ato ilícito. Ex.: “A”, guiando seu veículo abalroa o veículo de “B”, causando-lhe dano. “B”, ato

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contínuo, em reação, dispara sua arma de fogo contra o veículo de “A” também produzindo danos.

B) DANO MORAL (ou extrapatrimonial) É a lesão aos direitos de personalidade; ofende, não o patrimônio da pessoa, mas sim seus direitos de personalidade. Não implica em alteração de patrimônio, resumindo-se em uma perturbação injustamente feita às condições de ânimo do lesado. Em sentido próprio refere-se ao abalo dos sentimentos de uma pessoa, provocando-lhe dor, aborrecimento, tristeza, desgosto, depressão, humilhação, etc., que foge à normalidade, interferindo no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe desequilíbrio em seu bem-estar físico. Em sentido impróprio ou amplo, abrange a lesão de todos e quaisquer bens ou interesses pessoais (exceto econômicos), como a liberdade, o nome, a família, a honra, a integridade física, etc.

História do dano moral no Brasil

1ª fase: o dano moral não era indenizável. Argumentos: a) não há preço da dor; b) o dano moral não é mensurável; c) admitir o dano moral seria dar poder excessivo ao magistrado.

2ª fase: o dano moral passou a ser reparável, desde que condicionado à um dano material sofrido. Não havia, portanto, autonomia jurídica na reparação do dano moral.

3ª fase: o dano moral passou a ser reconhecido de forma autônoma após a CF/88 (art. 5°, incisos V e X). O Código Civil (art. 186) reforçou tal entendimento, não pairando mais qualquer dúvida a respeito.

Na reparação do dano moral não se pede um preço para a sua dor (o dinheiro não age como um fator de equivalência), mas um meio para atenuar, ao menos em parte, as consequências do dano emocional causados a uma pessoa e de infligir ao causador uma sanção e alerta para que não volte a repetir o ato. Tem, portanto, finalidade punitiva (compensatória) e preventiva para caso de não se reincidir. O Juiz considera o poder econômico das partes e o caráter educativo da sanção. O prof. João Oreste Dalazen (Aspecto do Dano Moral Trabalhista) sintetiza as seguintes regras para dimensionar o dano pessoal:

• compreender que o dano moral em si é incomensurável;

• considerar a gravidade objetiva do dano;

• levar em conta a intensidade do sofrimento da vítima;

• considerar a personalidade (antecedente, grau de culpa, índole, etc.) e o maior ou menor poder econômico do ofensor;

• não desprezar a conjuntura econômica do País;

• pautar-se pela razoabilidade e equitatividade na estipulação (evitando-se de um lado um valor exagerado a ponto de levar a um enriquecimento sem causa e de outro lado evitando-se um valor tão baixo que seja irrisório e desprezível a ponto de não cumprir a função inibitória).

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Costumamos nos indignar, quando ouvimos nos noticiários, os casos de homicídios, roubos, estupros, etc. Não é de nosso costume nos sensibilizar com os crimes contra a honra... os que afetam a moral de uma pessoa. Mas isso ocorre somente quando o episódio não se deu conosco... só uma pessoa que já foi ofendida em sua honra sabe o quanto a dor moral é profunda... E nada cura essa dor... a condenação do ofensor apenas serve como satisfação aos outros, ao meio social em que se vive... mas não cura... no ofendido fica sempre uma “cicatriz invisível”. A propósito, vejam o que diz o art. 5°, inciso X, CF/88: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente da sua violação” (vide também o inciso V).

Segundo a doutrina e a jurisprudência, as pessoas jurídicas possuem honra objetiva (aquilo que as outras pessoas pensam sobre ela: bom nome, tradição, solidez, conceito na sociedade, etc.), por isso também podem pleitear ressarcimento pelo dano moral.

Sistemas de quantificação do dano moral. O Brasil não elaborou normas específicas para o seu cálculo. Há dois sistemas:

a) Sistema tarifado: utiliza o critério do tarifamento legal. Pretende estabelecer em lei critérios prévios de quantificação por dano moral. Isto é, se pretende fazer um tabelamento do valor devido.

b) Sistema aberto ou livre: utiliza o critério de arbitramento, não tabelando ou limitando o valor. É o nosso sistema. Percebam que o Código Civil não traz critérios para a quantificação da indenização por dano moral. No Brasil não há uma “tabela” para apuração decorrente do dano moral. Deve o Magistrado fixá-la analisando a extensão do dano, as condições dos envolvidos e o grau de culpa do agente em cada caso. Isso não se avalia mediante simples cálculo, mas visando compensar a sensação de dor da vítima. Portando, isto varia de caso para caso. A compensação em dinheiro deve representar uma satisfação capaz de anestesiar o sofrimento impingido e produzir um impacto no causador do mal a fim de dissuadi-lo de novo atentado. A jurisprudência entende que se deve levar em conta a situação financeira do ofensor e do ofendido. Mas isso pode acarretar distorções. Pergunto: “a dor do pobre vale menos que a dor do rico”? Embora a maioria da doutrina e jurisprudência afirme que a natureza jurídica da reparação por dano moral é compensatória, começa a ganhar força no Brasil a Teoria do Desestímulo (punitive damage), que sustenta que ao se fixar a indenização por dano moral, o Juiz não pode, apenas, compensar a vítima, mas deve também, pedagogicamente, desestimular o ofensor. Súmula 281 do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na lei de imprensa”. Enunciado 379, da IV Jornada de Direito Civil: “O art. 944, caput, do CC, não afasta a possibilidade de se reconhecer a função pedagógica da responsabilidade da reparação por dano civil”.

Prazo prescricional da pretensão de indenização por dano moral: 03 anos (art. 206, §3°, V, CC) ou 05 anos (art. 27, CDC).

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C) DANO ESTÉTICO. Além do dano patrimonial (material) e extrapatrimonial (moral) a doutrina ainda se refere ao dano estético, que compromete a aparência (imagem física) da pessoa lesada. Para alguns autores, o dano estético é somente uma espécie de dano moral. Para outros (corrente majoritária) a CF/88, em seu art. 5°, V, deixou clara a existência de três espécies de dano: o patrimonial, o moral e também o dano à imagem. Enquanto o dano moral se caracterizaria pela ofensa injusta causada à pessoa (ex.: dor e sofrimento, mas também visto como desrespeito à dignidade da pessoa), o dano estético se caracteriza pela ofensa direta à integridade física da pessoa humana. Portanto, o legislador não incluiu o dano à imagem como espécie de dano moral; o dano à imagem é uma espécie autônoma de dano extrapatrimonial.

De fato, o dano estético lesa um dos direitos da personalidade: a aparência física. Ele é conceituado como aquilo que agride a pessoa nos seus sentimentos de autoestima, prejudicando a sua avaliação como indivíduo; ele denigre a imagem que a pessoa tem de si mesma. E quando compromete a aparência, também fica comprometida a imagem social da pessoa lesada ou o modo pelo qual os outros a veem, fazendo-a se sentir mal, trazendo-lhe um enorme sofrimento psicológico.

Geralmente o dano é verificado na aparência da pessoa; qualquer alteração que diminua a beleza que esta possuía, em virtude de alguma deformidade, cicatriz, perda de membros ou outra causa qualquer. No entanto o dano não precisa estar exposto, nem ser de grande monta para que se caracterize. Qualquer atentado à integridade corporal ainda que em áreas íntimas da pessoa que, dificilmente, nas situações sociais estejam expostas à vista de terceiros, podem caracterizar o dano estético. A possibilidade de cumulação encontra suporte a partir da ideia que o dano estético estaria representado pela deformidade física propriamente dita, e o dano moral pelo sofrimento, pela vergonha, pela angústia ou sensação de inferioridade da vítima, comprometendo sua imagem social.

Estabelece a Súmula 387 do STJ: “É possível a cumulação das indenizações de dano estético e moral”. Um dos casos que serviu de base para a edição da súmula, tratava de um acidente de carro em transporte coletivo. Um passageiro perdeu uma das orelhas na colisão e, em conseqüência das lesões sofridas, ficou afastado das atividades profissionais. O STJ entendeu presentes o dano material, moral e estético, sendo o passageiro indenizado de forma ampla. Outro caso recente foi o do ataque de um cachorro da raça rottweiler a uma criança de cinco anos. O incidente foi trágico, deixando danos estéticos graves na criança. O réu foi condenado expressante pelos danos materiais (internação hospitalar, remédios, tratamentos psicológicos e operações posteriores, etc.), morais e também estéticos causados à criança.

���Observações Importantes para Concurso��� 01. Se houver dano patrimonial e moral decorrentes do mesmo fato, há a

possibilidade de cumulação das duas modalidades de dano, pleiteando-se

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indenizações em uma mesma ação. Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.

02. O dano moral pode ser causado à pessoa natural e à jurídica; o dano estético só pode ser causado à pessoa natural, única que possui integridade física, corpo.

03. Dano reflexo ou em ricochete. Trata-se do dano que inicialmente atinge diretamente uma pessoa. No entanto, por via obliqua, a mesma conduta acaba por afetar terceiros. Exemplo: A matou B. Este foi a vítima direta da conduta ilícita. Ocorre que B era divorciado e possuía um filho menor (C), sendo que pagava pensão mensal a ele. Com a morte de B, seu filho, evidentemente, irá sofrer com a conduta de A. Observem que aqui temos duas vítimas: o pai e o filho. Segundo parte da doutrina isso se diferencia um pouco do dano indireto, em que a mesma vítima sobre uma cadeia de prejuízos ligados por um vínculo causal O exemplo clássico é o seguinte: uma pessoa compra um boi; posteriormente verifica-se que este boi possuía uma doença letal e morre (dano direto), porém este boi transmitiu a doença para todo o rebanho que o comprador já possuía (dano indireto).

04. É admissível em nosso Direito o chamado dano presumido ou objetivo (dano in re ipsa: pela força do próprio ato ofensivo). Neste caso, provada a ofensa, demonstrado estará o dano e a obrigação de indenizar; ele decorre da gravidade do ato ilícito em si, sendo desnecessária a sua efetiva demonstração em juízo. Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem da pessoa com fins econômicos ou comerciais". Outros exemplos: ausência de notificação para efeito de inscrição no sistema de proteção ao crédito (o órgão não comunicou previamente a inscrição, ainda que devida); inscrição indevida do nome da pessoa nos órgãos de proteção ao crédito (lista de inadimplentes do Serasa, SPC), etc. Questão polêmica é a seguinte: a pessoa já tem diversos títulos protestados e sofreu mais um, só que este último foi indevido. Ela tem direito à indenização por danos morais? O STJ firmou jurisprudência no sentido de que se o devedor já tinha outros registros desabonatórios não terá direito a dano moral, pois seria impossível entender que uma nova notificação lhe cause dano moral. No entnato, parte da doutrina entende que “qualquer inscrição indevida enseja responsabilidade indenizável”.

05. Teoria do Corpo Neutro. Trata-se de uma situação que se aplica em especial em acidente de veículos. Digamos que o carro “A” atinge o carro “B” que estava parado e este atinge o carro “C”. Há duas teorias. A primeira afirma que o dono do carro “C” aciona o dono do carro “B” e este aciona o carro “C”. A outra sustenta que o dono carro “C”, por ser o verdadeiro culpado pelo acidente, é o único legitimado a responder em sede de responsabilidade civil (esta é a posição do STJ).

06. Cláusula de não indenizar. É uma cláusula contratual em que as partes excluem previamente a obrigação de indeniza em caso de inadimplemento contratual. Há quem sustente que esta cláusula é legítima nos contratos em geral, desde que seja lícito seu objeto, uma vez que está inserida

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no campo da autonomia da vontade. Para o Código de Defesa do Consumidor essa cláusula é nula, devido à situação de hipossuficiência e vulnerabilidade do consumidor (art. 25, CDC), não se admitindo qualquer cláusula que mitigue ou afaste o dever de indenizar (o exemplo clássico é dos estacionamentos que colocam o aviso de que “não nos responsabilizamos por objetos deixados nos veículos”). Outro exemplo em que esta cláusula não pode ser aplicada é o da Súmula 161 do STF: “Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar”.

III. NEXO DE CAUSALIDADE

Trata-se da relação ou vinculação de causa-efeito entre a conduta do agente (ação ou omissão) e os danos sofridos. Não há responsabilidade civil sem que haja uma relação de causalidade entre o dano e a conduta ilícita do agente. Observem o verbo “causar” empregado no art. 186, CC. Se houver dano, mas sua causa não está relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade, não havendo a obrigação de indenizar. E também não haverá esse nexo se o evento se deu por culpa exclusiva da vítima. Exemplo: um passageiro de um ônibus força a porta e desce do veículo que ainda estava em movimento; com isso acaba caindo e se machucando; não pode pleitear indenização, pois o próprio passageiro agiu com culpa; e a culpa foi exclusivamente sua. Se a culpa for concorrente a indenização será reduzida proporcionalmente. O Superior Tribunal de Justiça recentemente julgou um caso em que um pedestre de forma imprudente atravessou uma linha férrea e foi atropelado por um trem. A empresa foi considerada negligente pela má conservação do muro que cerca a linha, possibilitando o acesso ao pedestre. Foi condenada, porém de forma parcial. Também é motivo para exclusão do nexo causal se o fato ocorreu por caso fortuito ou força maior (art. 393, CC).

Doutrinariamente, há várias teorias que tratam da causalidade. A majoritária é a chamada Teoria da causalidade direta e imediata (também chamada de teoria da necessariedade do dano ou teoria da interrupção do nexo causal). Para esta teoria, causa é o antecedente (conduta) que determina o resultado como consequência sua direta e imediata (art. 403, CC). O STJ acolheu tal teoria ao decidir que “a suspensão de um medicamento determinou, direta e imediatamente, a perda de um rim do paciente”.

Resumindo Para que alguém seja responsabilizado civilmente é necessário se provar a conduta, o dano e o nexo de causalidade.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL

Conforme dissemos acima, embora o Código Civil tenha adotado, como regra, a teoria subjetiva para a responsabilização, possui diversos dispositivos em que a responsabilidade é do tipo objetiva.

Assim, haverá obrigação de reparar o dano (independentemente de culpa) nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os

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direitos de outrem (art. 927, parágrafo único, CC). Exemplo: os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação (art. 931, CC). Do mesmo modo, há responsabilidade do dono de animais (art. 936, CC), do dono de prédios em ruína (art. 937, CC), do habitante da casa da qual caírem coisas (art. 938, CC), dos acidentes do trabalho, etc. Analisaremos todos esses itens logo mais adiante.

BANCO. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a responsabilidade pelo pagamento dos danos morais e patrimoniais causados a cliente de um banco por assalto (roubo) que se desenrolou no interior do próprio banco é da instituição financeira, ainda que fora do expediente e independentemente de existir empresa contratada para fazer a segurança do local. Em caso de roubo a banco, não pode ser alegado motivo de força maior, pois é considerado fato previsível na atividade bancária. Além do mais a Lei n° 7.102/83 criou para as instituições financeiras um dever de segurança em relação ao público em geral. Neste caso a responsabilidade do banco em relação a eventuais ferimentos de clientes no assalto funda-se na teoria objetiva do risco integral.

O STJ apreciou um caso muito interessante a respeito: Um carro-forte foi atacado por atiradores com armas especiais, que estavam em um viaduto. O motorista do carro foi ferido, “perdeu a direção” e atingiu um pedestre que estava na calçada, matando-o. Familiares do pedestre ingressaram com ação contra a empresa de segurança. Foi indenizada ou não? A decisão foi por maioria de votos. Parte dos julgadores entendeu que o roubo é hipótese de força maior, que não obriga indenização. A outra parte (vencedora) entendeu que o transporte de valores é atividade sabidamente perigosa, feita com intuito de lucro e não parecia razoável mandar a família do pedestre morto reclamar indenização dos autores do crime de roubo (que sequer foram identificados).

� Questão Polêmica � Um ponto delicado é o referente à responsabilidade em caso de assaltos (roubos) em terminais ou caixas eletrônicos situados fora da agência (autoatendimento 24 horas). Parte da doutrina entende que como a instituição financeira se beneficia com a instalação dos caixas eletrônicos, (facilitando seus negócios, angariando clientes, diminuindo seus gastos e inclusive cobrando por este serviço), deve responder pelo risco que decorre da instalação desses postos, alvo constante da ação dos ladrões. Trata-se de uma estratégia comercial que cria um risco pela instalação do caixa e que por este risco a empresa deve responder. O fundamento seria o art. 927, parágrafo único, CC (responsabilidade objetiva). É a minha posição. Por outro lado, há quem sustente que os assaltos ocorridos em terminais localizados, não na própria agência, mas em via pública, resultariam na responsabilidade do Estado, e não do banco. Isto porque tais caixas estão situadas no interior de bens públicos de uso comum e, portanto, sua fiscalização ficaria a cargo dos agentes da segurança pública (cabe ao Estado e não ao particular a segurança destas áreas).

Além disso, há também responsabilidade dos fabricantes, fornecedores de produtos e serviços nas relações de consumo (arts. 12 e 14 da Lei n°

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8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor - CDC). A legislação de Direito Ambiental (Lei n° 6.938/81, entre outras) também fornece exemplos de responsabilidade objetiva como um meio de se coibir danos ao meio ambiente. A Lei n° 9.605/98, baseada no art. 225, §3°, CF/88, prevê até mesmo situações em que a Pessoa Jurídica pode cometer crime ao meio ambiente e responder por esta conduta na esfera penal.

Por outro lado o próprio STJ tem jurisprudência pacífica no sentido de exclusão da responsabilidade civil de empresa de transporte coletivo em caso de assalto à mão armada ocorrido no interior de ônibus, uma vez que se trata de fato inteiramente estranho à atividade de transporte (fortuito externo), sendo que ela também não deixa de ser vítima da falta de segurança pública.

OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR

Já sabemos o que é um ato ilícito na esfera do Direito Civil. Vamos ver agora o que obriga uma pessoa a reparar os prejuízos que sua conduta causou. O autor de um ato ilícito terá a responsabilidade pelo prejuízo que causou, devendo indenizá-lo. Como já vimos, assim determina o art. 927, caput, CC:

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

A obrigação de indenizar decorre da inobservância do dever geral de não causar danos a outrem.

Os bens dos responsáveis pela ofensa ou violação do direito de outrem, ficarão sujeitos à reparação do dano patrimonial ou moral causado. Trata-se de uma norma de ordem pública. Se a ofensa tiver mais de um autor todos responderão solidariamente pela reparação (art. 942, CC). Ou seja, o titular de uma ação pode propô-la contra um ou contra todos os responsáveis pelo ato ao mesmo tempo. Além disso, no caso de solidariedade, aquele que pagar a indenização terá direito de regresso contra os demais codevedores, para reaver o que desembolsou. Acrescente-se que o dever de reparar o dano é transmissível aos herdeiros, conforme veremos.

ABUSO DE DIREITO

O Código Civil atual adotou, em seu art. 187, a Teoria do Abuso de Direito como ato ilícito. Trata-se do exercício irregular de um direito. O Abuso de Direito é uma grande inovação e uma boa “dica” para se pedir em um concurso, dada a sua novidade. Ampliou-se a noção de ato ilícito, para se considerar como objeto da responsabilidade civil também aquele ato praticado com abuso de direito, em que a pessoa, ao exercer um direito, excede determinadas limitações legais, lesando outrem. Por isso, traz como consequência, o dever de indenizar. Ou seja, o ato era originariamente lícito, mas foi exercido fora dos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé objetiva ou pelos bons costumes. Alguns autores usam o termo “ato emulativo” para se referir ao abuso de direito (já vi este termo cair em

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alguns concursos com este sentido). No entanto tal expressão não é técnica e também não é muito usada no meio jurídico. Seria aquele ato que a pessoa pratica, não para a sua utilidade, mas com a intenção de prejudicar terceiros.

Segundo a doutrina majoritária a responsabilidade decorrente do abuso de direito independe de culpa. Portanto tem natureza objetiva. A doutrina costuma usar a seguinte frase: “o abuso de direito é lícito pelo conteúdo, mas ilícito pelas suas consequências". Segundo o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “A Responsabilidade Civil decorrente do abuso do direito independente de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalistico”.

Requisitos: a) pessoa possui um direito; b) ao exercê-lo excede demasiadamente; c) causa danos a terceiros.

Exemplos da doutrina: a) matar gado alheio que pasta em sua propriedade; c) requerer busca e apreensão sem necessidade; d) requerer falência de alguém quando as circunstâncias não autorizam; e) provocar prejuízos que excedam os incômodos ordinários de vizinhança, etc. Na área trabalhista há um exemplo clássico quando o empregador dispensa por justa causa sob a alegação de que o empregado furtou alguma coisa do empregador, quando na verdade isso não ficou provado ou não foi o empregado que praticou o ato.

O Código de Defesa ao Consumidor (Lei n° 8.078/90) proíbe toda publicidade enganosa ou abusiva. É enganosa quando induz a erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade e quantidade, origem, preço e quaisquer outros dados sobre o produto ou serviço, até mesmo a omissão sobre dados essenciais. Já a publicidade abusiva é a discriminatória, a que incita a violência, explora o medo e a superstição, desrespeita valores ambientais, etc.

� Um problema de ordem prática e que atinge tanto o Direito Civil como o Penal é: se uma pessoa colocar uma cerca eletrificada e esta causa a morte de uma criança que brincava com uma bola, tal fato é considerado abuso de direito? Resposta: é permitido em nosso Direito criar obstáculos para evitar furtos e roubos (ex.: cercas com “lanças” de metal; caco de vidro nos muros divisórios, etc.). O Direito Penal aceita isso normalmente, chamando essa conduta de “legítima defesa antecipada” ou de “ofendículos”. O Direito Civil também permite isso e chama esta conduta de “exercício regular de um direito”. Mas e uma cerca eletrificada? Também é legítima defesa antecipada? Tem se entendido, inclusive para concursos, que se a “voltagem” da cerca é pequena, o direito é legítimo; se há um aviso dizendo que a cerca é eletrificada, o direito também é legítimo. Mas se a cerca é disfarçada, sem avisos e com voltagem alta, capaz de matar alguém, a conduta é considerada como abuso de direito; é um exercício irregular do direito. Portanto é ato ilícito e cabe indenização. Portanto, cuidado com a forma de redação na elaboração da questão. Já caiu em prova da ESAF com a seguinte redação: que usa cerce eletrificada que possa causar a morte do invasor (...) age ilicitamente, por haver abuso de direito ou exercício regular de um direito.

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Outra questão muito atual diz respeito ao SPAM. O que é um SPAM? Trata-se do envio de e-mails ou mensagens eletrônicas sem que haja solicitação para tanto. A doutrina vem se posicionando no sentido de que esta conduta se configura em Abuso de Direito. E isto por dois motivos: primeiro porque há uma quebra da boa-fé objetiva; segundo porque há um desvio de finalidade socioeconômica da Internet.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E SUBSIDIÁRIA

Na responsabilidade solidária passiva temos um credor de um lado e por outro lado uma pluralidade de devedores. E o credor pode exigir a obrigação por inteiro de qualquer um dos coobrigados. É como se todos os devedores fossem apenas um. Segundo o Código Civil (art. 235) a solidariedade não se presume. Ela decorre da lei ou da vontade das partes (contrato). Assim pode o credor, à sua escolha, acionar todos ou apenas o devedor que possui melhores condições para honrar o compromisso.

Já na responsabilidade subsidiária existe uma relação principal entre credor e devedor. Há uma preferência. O credor deve inicialmente acionar o devedor para o cumprimento da obrigação. Caso este assim não proceda, acionará o terceiro, que é o responsável subsidiário, o mero garantidor a obrigação. A fiança é o exemplo clássico.

RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIROS

A regra em nosso Direito é a de que somos responsáveis somente pelas nossas condutas e atitudes. Todos os atos praticados de forma livre e consciente por uma pessoa capaz (ou seja, que tenha discernimento e autodeterminação) a ela serão imputados. No entanto, há casos em que o legislador determinou que pessoa diversa daquele que praticou a conduta causadora do evento danoso responda perante o lesado. Assim, em relação à responsabilidade civil do agente, temos a seguinte classificação:

Responsabilidade direta (ou por ato próprio): ocorre quando o autor do ato que causou o dano é a mesma pessoa que irá efetuar o pagamento de sua reparação.

Responsabilidade indireta (também chamada de responsabilidade por fato de outrem, ou por fato de terceiro, ou complexa): o ato lesivo é praticado por uma pessoa, mas será outra quem irá indenizar; uma pessoa é civilmente responsável perante terceiros por condutas praticadas por outra (arts. 932 a 934, CC). Ex.: uma pessoa menor de 18 anos não é plenamente responsável; no campo do direito penal é considerada inimputável. Mas mesmo assim, se ela praticar um ato ilícito, haverá obrigação de indenização por seus pais (ou tutores). Lembrando que o menor entre 16 e 18 anos não pode invocar a sua idade para eximir-se de uma obrigação, se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (art. 180, CC).

O art. 932, CC arrola diversas hipóteses de responsabilidade civil por atos praticados por terceiros (responsabilidade indireta ou complexa). Vejamos:

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Os pais são responsáveis pelos atos praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Exemplo: pai permite que filho dirija sem habilitação; havendo um acidente, o pai deve responder pela conduta do filho. Da mesma forma o pai responde pela conduta de um filho que cometeu delitos como a lesão corporal, o furto, etc. A lei deixa claro que o filho menor (de 18 anos) deve estar sob a autoridade e companhia dos pais. Assim, em caso de separação judicial o responsável é aquele que ficou com a guarda do menor. É essa a posição do STJ. Porém há quem entenda que a responsabilidade continua sendo de ambos, pois a obrigação de educar é do pai e da mãe. No entanto, pelo art. 928, CC o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Exemplo da primeira situação: os pais são separados e o pai não é o que se chama de “genitor-guardião”; ou seja, o filho está sob a custódia da mãe; nesta situação o filho pratica um ato ilícito; obviamente que quem irá responder por este fato é a mãe e não o pai, pois este não tinha a obrigação legal de fazê-lo. Exemplo da segunda situação: o filho menor recebeu uma grande herança de um tio muito rico, no entanto o pai não dispõe de posse alguma. O filho pratica um ato ilícito. Em tese o pai responderia. Mas como o mesmo não tem bens para tanto, a responsabilidade será do próprio menor. Notem que a redação do artigo “é meio inversa”. Na verdade o legislador quis dizer que é o responsável pelo incapaz quem responde por seus atos (civis), mas se este responsável não dispuser de meios suficientes (ou seja, não tem dinheiro) aí quem irá responder é o próprio incapaz. Resumindo →→→ o responsável responde de forma objetiva (art. 932, I, c.c. 933, CC); se ele não puder ou não tiver essa obrigação, o próprio incapaz responderá, pois possui responsabilidade subsidiária (art. 928, CC). Interessante acrescentar que a jurisprudência entende que o menor emancipado (art. 5°, parágrafo único, CC) torna-se civilmente capaz, respondendo por seus atos; contudo, se a decisão de emancipação partiu dos próprios pais (emancipação voluntária), estes não se isentam da responsabilidade; eles continuam responsáveis pelo menor emancipado. No entanto a responsabilidade neste caso será solidária (ou seja, a vítima pode ingressar com a ação somente contra um, somente contra o outro, ou contra ambos, à sua escolha).

���IMPORTANTE ��� O parágrafo único do art. 928, CC determina que esta indenização deve ser equitativa e não será devida se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependam. Exemplo: o menor tem uma renda mensal de R$ 1.000,00 e foi condenado a pagar R$ 900,00 por mês. Neste caso o Juiz deve abrandar, equitativamente este valor (baixando, por exemplo, para R$ 300,00 ao mês), pois a condenação integral irá privar o incapaz dos meios necessários à sua subsistência. Portanto dizemos que a responsabilidade do menor é subsidiária e mitigada (abrandada, diminuída) equitativamente em relação às suas disponibilidades. Justifica-se isto baseado no princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana.

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O tutor e o curador são responsáveis pelos tutelados e curatelados que estiverem nas condições anteriores (ou seja, depende da relação de guarda e companhia).

O empregador ou comitente são responsáveis pelos atos de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho ou em razão dele. Mesmo no período de descanso, no trajeto à sua casa no horário de almoço, nos casos em que a empresa cede ao empregado o carro nos fins de semana, o empregador também responde. Atenção quanto à expressão comitente. Os examinadores gostam dela, pois não é usada em nosso dia-a-dia. Comitente é a denominação que se dá a uma pessoa que encarrega outra de praticar algum ato sob suas ordens e por sua conta (geralmente há uma remuneração para isso, que se chama de comissão). Deve-se provar: a) relação de subordinação (desnecessária a prova de remuneração ou habitualidade de prestação de serviços por parte do preposto); b) culpa do empregado; c) ato lesivo foi praticado no exercício do emprego ou por ocasião dele. Como a responsabilidade nestes casos é objetiva, não é necessária a prova da culpa in eligendo ou in vigilando do empregador.

Os donos de hotéis, hospedaria, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, são responsáveis pelos atos danosos praticados pelos seus hóspedes, moradores e educandos. Justifica-se essa responsabilidade pois o dever de segurança está implícito no contrato de hospedagem, o mesmo ocorrendo em uma escola. Se o educando menor causar dano à um colega ou à terceiro, responderá o dono da escola pelo educando menor. Caso o educando seja maior, este responderá por seus atos. Nos casos de escola pública, a responsabilidade é do Estado. Deve-se provar: que o dano foi causado enquanto o aluno estava sob sua vigilância e autoridade (fora daí a escola somente responde se houver prova de culpa); que o aluno seja menor (o maior não se submete mais à vigilância); que o ensino seja remunerado (finalidade lucrativa).

A última hipótese do art. 932, CC trata da responsabilidade civil dos beneficiários em produtos de crime, até a quantia correspondente. Trata-se de responsabilidade objetiva, exigindo-se a obrigação de devolver a coisa à vítima com base no enriquecimento injusto, mesmo que tenha recebido o produto do crime de forma gratuita e inocente.

A pessoa jurídica que exercer exploração industrial terá responsabilidade presumida pelos atos lesivos de seus empregados. Com isso terá de selecioná-los, instruí-los e vigiá-los, tendo a responsabilidade de reparar os eventuais prejuízos que causarem no exercício de suas funções (responsabilidade objetiva).

��� Atenção ��� As pessoas acima apontadas (art. 932, CC), ainda que não haja culpa de sua parte (portanto, responsabilidade objetiva) responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos (art. 933, CC). O lesado inicialmente deve provar a culpa do incapaz, do empregado, etc. Configurada a culpa há uma presunção absoluta (não admite prova em

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contrário: juris et de jure) de que aquelas pessoas serão as responsáveis pela indenização. E aquela pessoa que ressarciu o dano causado por outrem pode reaver o que pagou, por meio de uma ação regressiva contra quem realmente praticou o ilícito, salvo se o causador do dano for seu descendente, absolutamente ou relativamente incapaz (art. 934, CC). Exemplo: um hóspede alega (e prova) que foi furtado por um funcionário do hotel. O dono do hotel, embora não tenha praticado o ato (no caso a sua responsabilidade é indireta) e não tenha culpa no evento (sua responsabilidade é objetiva) irá responder pela conduta de seu funcionário, indenizando o hóspede. No entanto, identificando o funcionário que agiu de forma ilícita, pode o dono do hotel propor uma ação regressiva contra este funcionário (que foi o real causador do dano), para se ressarcir do prejuízo sofrido. Outro exemplo: se uma empresa de transporte de pessoas deixa de levar o passageiro a seu destino são e salvo por causa de um acidente, quem responde é esta empresa. No entanto se ficar comprovado que o motorista da empresa é que foi o causador do acidente porque estava embriagado, a empresa continua responsável pela indenização ao passageiro (responsabilidade objetiva), mas poderá acionar o motorista, que foi o causador do dano (responsabilidade subjetiva), para reaver o que desembolsou, por meio da ação de regresso. Já se for transporte gratuito, (desinteressado ou de mera cortesia: carona), o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave (Súmula 145 do STJ).

É interessante reforçar, deixando bem claro que o direito de regresso deixará de existir quando o causador do prejuízo for um descendente incapaz (absoluta ou relativamente), resguardando-se, assim, o princípio da solidariedade moral e econômica pertinente à família. Assim o pai que paga uma indenização por dano causado pelo filho incapaz (art. 932, inciso I, CC) não pode mover ação regressiva contra esse filho (parte final do art. 934, CC).

Uma última coisa neste tópico. O fato de haver responsabilidade objetiva pela conduta de terceiro, não quer dizer o representante não possa alegar como matéria de defesa no processo culpa externa no ilícito. Exemplificando: o pai pode alegar que não houve culpa de seu filho no evento. Ou seja, a responsabilidade civil objetiva é interna entre o responsável e o terceiro causador do ilícito; externamente, o responsável pode discutir culpa da vítima.

EXCLUSÃO DE ILICITUDE (art. 188, CC)

Podem ocorrer casos em que uma pessoa pratica uma conduta e a consequência dela causou uma lesão a terceiros. No entanto ela pode não ter praticado um ato ilícito, pois estava acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude. Isto porque a própria norma jurídica, em casos especiais, retira a qualificação de ilícito. Ou seja: há situações em que uma pessoa pratica uma conduta, lesando terceiros, sem que tenha havido ato ilícito. São elas:

1. Legítima Defesa Trata-se do uso moderado de meios necessários para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu (legítima defesa própria) ou de outrem (legítima defesa de terceiros). Faltando apenas um destes elementos, deixa de existir a legítima defesa Assim, se o uso dos meios

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necessários não foi moderado, deixa de existir a legítima defesa, surgindo o dever de indenizar pelo excesso.

Exemplo: “A”, injustamente, agride “B”, visando sua morte, com uma barra de ferro. “B” portava uma arma de fogo e percebe que a sua única saída seria efetuar disparos contra “A”. Ele atira por uma única vez e acaba ferindo gravemente ou matando “B”. Ora, ele agiu em legítima defesa. Ele tem o direito de se defender, utilizando, para tanto, moderadamente, os meios necessários que dispunha. Nesta hipótese, quem deu causa à reação (“A” ou seus familiares) não pode exigir indenização. Vejam que “B” atirou contra “A” (ação) e o atingiu (provocou o dano). Foi o disparo da arma de “B” que provocou a lesão de “A” (nexo de causalidade). Apesar de estarem presentes os três elementos da responsabilidade (conduta, dano e nexo), não haverá a indenização, pois ocorreu uma causa de exclusão da ilicitude.

Vamos complicar um pouco mais... Vamos supor que “B”, quando se defendeu da injusta agressão de “A”, acabou atirando e atingindo uma terceira pessoa, “C”, que apenas estava passando pelo local. Neste caso “C” terá direito de solicitar indenização de quem o atingiu (no caso “B”, o autor do disparo). Portanto, não há o dever de indenizar quando a reação provoca danos no próprio agente causador da situação... No caso fornecido, “B” deverá indenizar “C”, porém terá o direito de regresso contra quem deu causa a todo evento (“A” ou seus familiares). A legítima defesa putativa (a pessoa pensa que está em legítima defesa, mas na realidade não está) também não exclui a obrigação de indenizar.

Interessante acrescentar que o Código Civil também reconhece a chamada legítima defesa da posse (art. 1.210, §1°).

2. Exercício Regular de um Direito Reconhecido Se alguém, no uso normal de um direito, lesar outrem, não terá qualquer responsabilidade por eventuais danos, pois se trata de um procedimento realizado em conformidade com o estabelecido no sistema jurídico. Portanto, trata-se de um direito exercido regularmente, consoante seu fim econômico, social, boa-fé e bons costumes.

Exemplo: credor que protesta um título de crédito regular, vencido e não pago, prejudicando o crédito do devedor em outros negócios (o protesto é um direito do credor). Outros exemplos: concorrente que se estabelece na mesma rua; credor que penhora bens do devedor em uma ação de execução; etc. Só haverá ato ilícito se houver abuso de direito (ex.: vizinho que produz em sua residência ruído que exceda à normalidade).

3. Estado de Necessidade É a deterioração ou destruição de coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente, não causado pelo agente, quando as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária e não se exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo. Trata-se de uma situação em que a pessoa entende que uma coisa sua pode sofrer um dano; para removê-lo ou evitá-lo, sacrifica a coisa alheia.

Exemplos: na iminência de ser colhido por um caminhão, ou de atropelar um pedestre, arremesso meu carro contra o portão de uma casa alheia destruindo-o; mato o cão do vizinho atacado por hidrofobia e que ameaça

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várias pessoas. Reforçando: a conduta será legal somente quando as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária para a remoção do perigo.

Observem que o art. 929, CC determina que se a pessoa lesada ou o dono da coisa não forem culpados do perigo, elas têm direito à indenização do prejuízo que sofreram em face de quem praticou o ato. Porém, completa o art. 930, CC, prevendo que a pessoa que ressarciu os danos tem direito à ação regressiva contra o autor do perigo, para reaver o que desembolsou. Portanto, aplica-se a mesma regra da legítima defesa: se o prejudicado é o ofensor nada lhe será devido. Mas quando o prejudicado não é o ofensor (mas uma terceira pessoa), pode esta pedir indenização ao autor do ato (ainda que esta tenha sido lícito), tendo posteriormente direito de regresso contra o ofensor. Exemplificando: “A” está dirigindo normalmente, mas de repente surge “B”, atravessando a rua de forma displicente. Para não atropelar esta pessoa, “A” arremessa o carro contra o muro da casa de “C”. “C” (o que sofreu a lesão) irá acionar judicialmente “A” (o autor do dano), mesmo que ele não tenha agido de forma ilícita. E este, por sua vez, deve mover ação regressiva contra “B”, que foi o causador originário do dano. No entanto se o lesado foi o próprio causador do perigo não haverá indenização.

Resumindo. Embora a lei declare que o ato praticado em estado de necessidade ou legítima defesa não seja ato ilícito (art. 188, CC), nem por isso libera totalmente quem o praticou de reparar o prejuízo. Na legítima defesa, se o ato foi praticado contra o próprio agressor, o agente não será civilmente responsabilizado; entretanto, se o dano foi causado a terceiro, então aquele que atuou em legítima defesa será obrigado ressarcir o lesado, cabendo ação regressiva contra o agressor (art. 930, parágrafo único, CC). No caso de estado de necessidade, o autor do dano responde perante o lesado, se este não criou a situação de perigo. Todavia, caso a situação de perigo tenha sido criada por um terceiro, terá ação regressiva em face do terceiro. É o que se extrai da conjugação dos arts. 929 e 930, CC.

���Doutrina ���Excludente de ilicitude X Excludente de causalidade ���

As excludentes da ilicitude (também chamadas de excludentes de imputabilidade) excluem a imputação ou atribuição de responsabilidade do autor da conduta praticada; estão prevista no art. 188, CC (ex.: legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de direito). Segundo a doutrina, estas excludentes não se aplicam à responsabilidade sem culpa (objetiva). Já as excludentes de causalidade são hipóteses que excluem a própria responsabilidade (ex.: culpa exclusiva da vítima, culpa ou fato de terceiro, força maior e caso fortuito, etc.). Vejamos:

Culpa exclusiva da vítima: não haverá responsabilidade se o evento ocorreu por culpa exclusiva da vítima. Atenção!! Se a culpa da vítima foi concorrente (ou seja, tanto o agente como a vítima agiram com culpa, contribuindo para a produção do evento danoso) a indenização será cabível, mas ela será reduzida proporcionalmente. Portanto, em caso de culpa concorrente, há responsabilidade e indenização, porém de forma reduzida (art. 945, CC). Não existe presunção de culpa exclusiva da vítima; esta culpa deve ser cabalmente provada.

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Caso Fortuito ou Força Maior: estas situações estão ligadas a imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da ausência de culpa pelo ocorrido. Interessante reforçar que não há unanimidade em relação ao conceito de cada um destes eventos. Para o Direito Civil não há esta preocupação, pois a consequência é a mesma para ambas: exoneração do dever de indenizar. Estabelece o art. 393, CC que “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não houve por eles responsabilizado. Parágrafo único: O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.

Ausência de nexo de causalidade: não haverá responsabilidade se não houver uma relação de causa e efeito entre o dano e a conduta (ação ou omissão) do agente.

Observação. A doutrina também se refere à chamada “cláusula de não indenizar”. Não se trata de uma causa legal de exclusão da responsabilidade, mas sim uma estipulação contratual prévia pela qual uma das partes que viria a se obrigar perante outra, afasta, por meio de uma cláusula expressa no contrato (aceita pela outra parte), a aplicação de uma regra comum a seu caso. Na realidade esta cláusula não exclui o cumprimento da obrigação, mas apenas a sanção pelo descumprimento. Trata-se de acordo de vontades pelo qual se convenciona que uma das partes não será responsável por eventuais danos decorrentes da inexecução ou execução inadequada do contrato. Não exclui a responsabilidade, mas apenas o dever de indenizar. Este instituto é visto com reservas e extrema cautela em nosso Direito, não sendo aceito para exonerar o devedor da responsabilidade que incorreria em caso de dolo ou culpa grave e desde que não fira a ordem pública. Ex.: é nula a cláusula que alguns estacionamentos de estabelecimentos comerciais colocam excluindo sua responsabilidade por eventuais furtos no veículo; ora, se o local dispõe de estacionamento para clientes, deve também manter a segurança no local.

EFEITOS CIVIS DA DECISÃO PROFERIDA NO JUÍZO CRIMINAL

Prevê nosso Código que a responsabilidade civil é independente da criminal (art. 935, CC). Como vimos uma pessoa que comete um ato ilícito pode sofrer dois processos (penal se a conduta for crime e civil para reparação do dano). Às vezes até três processos (acrescente-se o administrativo). E a regra é que as decisões tomadas em um processo não vinculam as dos outros. Porém, como veremos, esta não é uma regra absoluta. Como quase tudo no Direito, esta regra também possui exceções.

A regra que vigora em nosso direito é o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal.

Embora a regra seja a independência das esferas, não se pode mais questionar no juízo cível algumas questões, quando estas já foram decididas no juízo criminal. São duas as hipóteses que, decididas no juízo criminal, não se discute mais no cível:

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Existência do fato, isto é, a ocorrência do ilícito e suas consequências (engloba-se aqui eventual excludente de criminalidade, como veremos);

Autoria da prática da conduta.

Situações e Consequências

a) Sentença criminal condenatória. Para se condenar criminalmente uma pessoa é imprescindível que estejam cabalmente demonstradas a autoria e o fato delituoso. Provando-se isto no juízo criminal, tais elementos não poderão mais ser discutidos no juízo cível. Assim, uma decisão condenatória no juízo criminal torna certa a obrigação de reparar o dano. Sendo a ação (cível) proposta, não se discutirá mais se o autor do dano deve ou não deve indenizar (o an debeatur; o que é devido). Somente se discutirá o valor da indenização (o quantum debeatur; o quanto é devido).

b) Sentença criminal absolutória negatória do fato e/ou da autoria. Existem diversas hipóteses de absolvição criminal. Elas estão previstas no art. 386 do Código de Processo Penal. Se o Juiz absolver com fundamento em que está provada a inexistência do fato ou de que o réu categoricamente não foi o autor do delito, estas questões também não poderão mais ser discutidas no juízo cível. Se uma ação cível for proposta, fatalmente o Juiz a julgará improcedente.

c) Sentença criminal absolutória, reconhecendo excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito). A decisão criminal também vincula o juízo cível. A excludente em si não poderá mais ser discutida. Mas em algumas situações a ação cível poderá ser proposta contra quem praticou o ato, mesmo que acobertado por uma excludente, sendo que este terá direito a ação regressiva contra o verdadeiro provocador da situação.

d) Sentença criminal absolutória por falta de provas. Talvez este seja o item mais importante. Em algumas situações não há provas suficientes para uma condenação criminal. Em outras palavras, o Juiz reconhece que até há algumas provas contra o réu. Mas elas não são aptas para embasar uma condenação criminal. Quando a sentença não concluiu categoricamente se o fato ocorreu ou não, ou se o réu foi ou não o autor do ilícito, o Juiz o absolve por falta de provas. Neste caso a matéria pode ser discutida no juízo cível. Isso porque as provas que são frágeis para uma condenação criminal, podem ser suficientes para uma condenação no cível.

Dizemos que na esfera criminal o Juiz deseja saber o que realmente ocorreu. Ou seja, o fato investigado no processo deve corresponder ao que está fora dele, em toda a sua plenitude, sem quaisquer artifícios, sem presunções ou ficções. Trata-se da chamada Verdade Real (ou material), onde predomina a indisponibilidade de interesses. Na dúvida o Juiz absolve (in dubio pro reo).

Já no processo civil, a verdade é extraída da análise das provas e manifestações trazidas aos autos pelas partes, sendo que o Juiz pouco ou nada interfere nesta produção. Vale somente o que está nos autos, pois os

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conflitos geralmente se referem a direitos disponíveis. Trata-se da chamada Verdade Formal (consensual, ficta ou judicial).

Exemplos. Uma pessoa cometeu um crime e será processada criminalmente. Ela foi citada e interrogada. Durante o trâmite do processo ela não comparece às audiências para a quais foi regularmente notificada. O Juiz então decreta a sua revelia. Mas não é por isso que ela será condenada automaticamente. O processo seguirá adiante, sendo que o réu continuará sendo defendido por profissional habilitado (seu próprio advogado ou um defensor dativo). E, no final do processo, o réu até pode ser absolvido. Vai depender do que foi apurado; do que realmente ocorreu (verdade real). No entanto se uma pessoa é citada para um processo civil ou trabalhista e não comparece à audiência designada, o Juiz decreta a sua revelia, havendo a presunção de que todos os fatos alegados pelo autor da ação são verdadeiros. Não importa se estes fatos são ou não verdadeiros. Vale o que está no processo (verdade formal).

e) Inimputáveis. Durante o processo criminal o réu foi considerado doente mental. Isto pode excluir a sua responsabilidade penal. Mas não exclui a responsabilidade para a reparação de danos na esfera civil. Esta situação se encaixa na regra de que o responsável pelo inimputável, responde civilmente por seus atos.

f) No caso de questões sobre o estado das pessoas (solteira, casada, viúva, etc.) e sobre a posse, propriedade, etc., prevalecem as decisões do juízo cível, que serão “transportadas” para o juízo criminal. Exemplo: Um sujeito está respondendo pelo crime de bigamia (casou-se duas vezes) na esfera penal (art. 235, CP). Esse sujeito alega que seu primeiro casamento era nulo. Ora, a nulidade de um casamento não pode ser declarada por um Juiz criminal. Portanto, instalado o incidente, o Juiz suspende o processo criminal e a questão (se o primeiro casamento é nulo ou válido) será discutida no juízo cível. Decidida a questão, o processo criminal volta a tramitar: se realmente o primeiro casamento era nulo não haverá o crime (art. 235, §2°, CP); mas se o casamento era válido ele será condenado a uma pena que varia de 02 (dois) a 06 (seis) anos de reclusão.

Costumo fornecer o gráfico abaixo para fixar bem a possibilidade ou não de vinculação das esferas penal e civil. Lembrem-se que o art. 935, CC inicia a sua redação da seguinte forma: “A responsabilidade civil é independente da criminal...” Logo, a regra é a da independência. Mas como vimos há muitas exceções.

Vinculação ou não das esferas penal (criminal) e cível

JUÍZO CRIMINAL JUÍZO CÍVEL

1. Sentença Condenatória. O Juiz criminal reconhece cabalmente provada a existência de um fato delituoso e reconhece o réu como sendo o autor deste fato.

1. Vincula. Reconhecidas no juízo criminal a autoria e o fato delituoso, o Juiz na esfera cível deverá julgar procedente a ação cível contra o réu (condena). Discute-se apenas o

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quantum (valor) da indenização.

2. Sentença Absolutória. O Juiz criminal reconhece categoricamente que o fato não ocorreu ou que ele ocorreu, mas comprovadamente o réu não foi o seu autor.

2. Vincula. Em tese a ação civil de reparação de danos nem deveria ser proposta. Se o foi, o Juiz deverá acolher o que foi decidido no juízo criminal (julga improcedente a ação cível).

3. Sentença Absolutória quando o Juiz reconhece alguma excludente de ilicitude. Ex.: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal, exercício regular de direito, etc.

3. Vincula. O Juiz cível reconhece também as excludentes. Porém, se o lesado não foi o culpado pelo evento, o Juiz condena a pessoa que praticou o ato, sendo que este tem direito à ação regressiva contra verdadeiro culpado.

3. Sentença absolutória por falta de provas, ou que reconhece a prescrição ou despacho que determino arquivamento do inquérito policial.

3. Não vincula. O Juiz pode absolver ou condenar civilmente o agente, dependendo da prova colhida no processo civil.

4. Vigora a verdade real ou material.

4. Vigora a verdade formal ou ficta.

Recordando

Hoje estamos falando sobre o ato ilícito e a responsabilidade para a sua indenização. Vimos que existem duas teorias sobre o tema (objetiva e subjetiva) e que a diferença básica entre elas é a culpa (em sentido amplo). Vimos que o Código Civil adotou como regra a Teoria da Responsabilidade Subjetiva. Isto porque o art. 186, CC determina que “aquele que, por ação ou omissão voluntária (é o dolo), negligência e imprudência (modalidades da culpa), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Vejam que quando ele usa as expressões “voluntária”, “negligência” e “imprudência”, ele está determinando que é necessária a demonstração do dolo ou da culpa. Por isso dizemos que a regra pelo nosso Código é a subjetiva.

No entanto gostaria de deixar uma situação bem clara. E vou fazer isso com uma pergunta. Trata-se de uma questão que caiu no exame da Magistratura que eu prestei. Era uma questão dissertativa. Dizia assim: “Discorra sobre o ato ilícito e a responsabilidade decorrente segundo as regras adotadas pelo Brasil”. Vejam como não se pode responder a questão de forma afoita... O examinador não está indagando qual das teorias foi adotada pelo Código Civil. Na verdade ele sequer cita o Código Civil. Ele foi sutil. Pergunto: Qual a teoria adotada pelo Brasil? Pensem um pouco... Resposta: o Brasil adotou as duas teorias. Esta seria a resposta correta. O examinador queria que o concursando discorresse sobre as duas teorias. A resposta, de forma bem resumida, seria assim: No plano do Direito Constitucional, Administrativo,

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Ambiental e Consumidor a regra é a de que o Brasil adotou a Teoria Objetiva, pois não se precisa provar culpa (em sentido amplo) do agente. No entanto há algumas exceções. No plano do Direito Civil a regra é que o Brasil adotou a Teoria Subjetiva, pois além da conduta, do dano e o nexo, deve-se também provar a culpabilidade do agente (dolo e culpa). No entanto a Teoria Subjetiva possui muitas exceções, conforme vimos acima. Continuando...

TRANSMISSIBILIDADE

Se o responsável pela indenização (o lesante) falecer, as obrigações decorrentes de sua conduta transmitem-se a seus herdeiros. Estes, dentro das forças da herança, deverão reparar o dano (patrimonial e/ou moral) ao ofendido (art. 943, CC). Vejam, então, que há a transmissão da responsabilidade aos herdeiros do agente, desde que as forças da herança assim o permitam. Desta forma os sucessores não respondem com seu patrimônio pessoal, mas sim apenas com o que receberam pelo produto da partilha do acervo do de cujus. No entanto, se quem faleceu foi o lesado (a vítima), a ação de indenização poderá ser intentada por seus herdeiros contra o causador do dano.

Resumindo: tanto o direito de exigir a reparação do dano, como o dever de prestá-la são transmissíveis aos herdeiros, até o limite das forças da herança.

PRAZO PRESCRICIONAL

O atual Código estabelece prazo prescricional de 03 (três) anos para a propositura da ação de reparação de danos (art. 206, §3°, inciso V, do CC). Esse é um dos principais prazos prescricionais, pois é uma das situações que mais cai nos concursos. Portanto, guardem bem!!

RESPONSABILIDADE PELO FATO DO ANIMAL

O art. 936, CC prevê que o dono de um animal (doméstico ou não) ou o seu detentor será responsável pelos danos causados por ele a outras pessoas ou coisas (ex.: uma plantação, um jardim, etc.). Pela teoria do guardião a responsabilidade pelo fato do animal é da pessoa que detém o poder de comando sobre ele; o proprietário é o seu guardião presumido. Há uma presunção relativa (juris tantum: que admite prova em contrário) de sua responsabilidade. A responsabilidade é objetiva; em regra não se discute a sua culpa no evento. No entanto ficará isento desta responsabilidade, se ele provar que: • Guardava e vigiava o animal com o cuidado necessário. • O animal foi provocado (culpa exclusiva da vítima). • Houve imprudência do ofendido (ex.: ingressou no interior da residência,

de forma indevida, onde estava o animal). • O fato resultou de caso fortuito ou força maior.

Observação. O STJ assentou entendimento no sentido de que, em caso de acidente de trânsito causado por animal na pista, poderá haver responsabilidade civil subjetiva do Estado por omissão. Todavia, se há

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cobrança de pedágio pela rodovia, a responsabilidade civil é objetiva da concessionária, com base no CDC.

RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA

Essa responsabilidade se desdobra em outras duas, previstas no Código Civil: a) responsabilidade pela ruína de edifício ou construção; b) responsabilidade por objetos lançados ou caídos.

A) Ruína de edifício ou construção (art. 937, CC)

O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína (total ou parcial), se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Marquise do prédio que desabou, ferindo um pedestre. A responsabilidade é objetiva, cabendo ação regressiva contra o culpado. A jurisprudência estendeu esta responsabilidade a qualquer dano advindo de edifícios pela sua falta de manutenção (ex.: queda de elevador, árvore, etc.) e não só de prédios em ruínas.

B) Objetos lançados ou caídos (art. 938, CC)

Prevê o Código Civil que aquele que habitar (proprietário, locatário, comodatário, usufrutuário, etc.) uma casa ou parte dela responde pelos danos provenientes das coisas que dela caírem ou forem lançadas (sólidas ou líquidas) em lugar indevido. Não importa que o objeto tenha caído acidentalmente, pois a ninguém é lícito pôr em risco a segurança alheia. Esta hipótese também é chamada de responsabilidade effusis et dejectis. Como curiosidade, conto sempre aos alunos, uma passagem típica do “Brasil Colonial”, que li em um livro: na ocasião não tínhamos a rede de esgoto que temos hoje. “Alguns líquidos” eram simplesmente jogados nas ruas. E as “Ordenações Filipinas”, que vigoravam na ocasião, possuíam um dispositivo que obrigava as pessoas de, antes de jogar qualquer coisa à rua, gritasse por três vezes “água vai...”. Atualmente isso mudou. Hoje nada pode ser jogado (e mesmo ‘cair sem querer’) das janelas.

O dispositivo do Código atual tem maior aplicação em cidades grandes, que têm muitos apartamentos. Uma pessoa (proprietário ou inquilino) que deixa um vaso na janela. Um dia chove forte, venta e o vaso cai, ferindo terceiros. Mesmo que diga que “não teve culpa”, vai responder pelo dano que causou, pois a responsabilidade é objetiva. Quando não se identificar de qual apartamento o objeto caiu (ou foi jogado), todo o condomínio responderá pelos prejuízos causados a terceiros. Trata-se da aplicação da teoria da causalidade alternativa, segundo a qual todos os agentes possíveis do dano poderão ser responsabilizados para que a vítima não fique sem ressarcimento. No entanto a jurisprudência exclui a responsabilidade das unidades habitacionais de onde seria impossível o arremesso (ex.: “bloco de apartamentos dos fundos”).

RESPONSABILIDADE POR COBRANÇA DE DÍVIDA NÃO VENCIDA

O credor que demandar o devedor antes do vencimento da dívida estará agindo de má-fé, devendo por isso esperar o tempo que faltava para o vencimento, descontar os juros correspondentes e pagar as custas em dobro

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(art. 939, CC). Se estiver de boa-fé pagará tão somente as custas vencidas na ação de cobrança.

RESPONSABILIDADE POR COBRANÇA DE DÍVIDA JÁ PAGA

Aquele que cobrar dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que lhe for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado, e, no segundo caso, o equivalente ao que exigiu (art. 940, CC).

Observação: segundo o art. 941, CC, o previsto nos arts. 939 e 940, CC não se aplica quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. Ora, se o autor desistir da ação de cobrança antes da contestação é sinal que reconheceu que a cobrança era indevida; com isso, não serão cabíveis as indenizações previstas nos dois artigos anteriores.

CARTÃO DE CRÉDITO

Segundo a jurisprudência, a falta de recusa expressa de cartão de crédito enviado por administradora não caracteriza aceitação tácita do fornecimento de seus serviços, mormente se o suposto contratante não praticou qualquer ato positivo capaz de configurar adesão implícita, razão pela qual deve a empresa indenizar o dano moral suportado pelo consumidor que teve seu nome incluído em serviços de proteção ao crédito pelo não pagamento de encargos do contrato (vide art. 39, III do Código de Defesa do Consumidor).

RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS

A responsabilidade civil do médico pressupõe a ocorrência de um dano atribuído à um profissional da medicina, segundo as regras da responsabilidade civil subjetiva (art. 951, CC. Logo, a responsabilidade do médico é subjetiva baseada na culpa profissional. É também a regra contida no Código de Defesa do Consumidor (art. 14, §4° da Lei n° 8.078/90), que prevê a responsabilidade subjetiva do profissional liberal, como exceção à responsabilidade sem culpa (objetiva) das empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos.

A obrigação do médico é uma obrigação de meio ou de resultado? Em geral, a obrigação do médico é uma obrigação de meio. O médico não pode garantir o resultado final. Todavia, há exceções: o cirurgião plástico estético assume a obrigação de resultado. Se não atingir, o cirurgião estético torna-se inadimplente. Embora não haja base na lei, o STJ sustenta que o cirurgião plástico estético responde objetivamente, independemente de culpa (REsp 81.101/PR). Por outro lado, se cirurgia plástica for reparadora e não estética, a obrigação será de meio e subjetiva. Obs.: Retirada de gordura, redução de mamas, poderá ser tanto estética quanto reparadora. Cada caso deve ser analisado isoladamente diante das suas peculiaridades.

O STJ sustenta que a responsabilidade do hospital, por erro médico, também é subjetiva, à despeito da exigência do CDC, em que a responsabilidade da relação de consumo é objetiva. O STJ completa dizendo

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que os serviços auxiliares são de responsabilidade objetiva, como por exemplo, o raio X, a cama que fecha com o paciente, etc. No que tange à infecção hospitalar, o STJ tem entendido que a responsabilidade do hospital, neste caso, é objetiva.]

O médico deve, à luz do princípio da boa-fé objetiva, e do dever de informação (art. 15, CC) firmar com o paciente o denominado termo de consentimento informado. Nenhum paciente poderá ser submetido a uma intervenção sem que o médico o informe as consequências da intervenção. No entanto, não se trata de um salvo-conduto para o médico, ou seja, não traduz exclusão prévia de responsabilidade. Mas tem o objetivo de levar à ciência do paciente dos efeitos da intervenção médica (princípio da confiança).

Da mesma forma o dentista, sendo que a tendência da doutrina é reconhecer-lhe em geral obrigação de resultado. Isto porque, como o universo odontológico é menor, o dentista deve garantir o resultado. Entretanto, no caso de patologias na boca, não se pode exigir do dentista que garanta o resultado final.

A responsabilidade do advogado também é subjetiva (art. 14, §4°, CDC), pois haja relação de consumo, o CDC estabeleceu que profissionais liberais (toda pessoa física que presta serviço técnico ou científico), por exceção, responde com base em culpa profissional. É, também uma obrigação de meio contratual, pois ele não pode garantir o resultado do processo.

COMPANHIAS AÉREAS

• Extravio de bagagem em viagem aérea: a posição doutrinária majoritária é que em tanto em viagens internacionais, quanto nacionais, a responsabilidade é objetiva, prevista no CDC (não prevalecendo o limite tarifado previsto na Convenção de Varsóvia). É também a posição do STJ.

• Overbooking: ocorre quando a companhia aérea emite mais passagens que assentos. Segundo o STJ, trata-se de ato ilícito, passível de responsabilização civil.

ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS e HOSPITAIS

O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo sistematicamente que o Estado tem a responsabilidade para preservar a integridade física do preso, incluindo a violência de seus agentes, de outros presos e até mesmo dele mesmo (suicídio). Portanto, segundo a teoria do risco administrativo, o Estado responde, no mínimo por ineficiência na guarda e proteção. Mesmo que não tenha havido falha da administração, a indenização deve ser paga aos familiares (responsabilidade objetiva). Do mesmo modo a responsabilidade dos Hospitais em relação a pacientes com quadros depressivos e tendências suicidas, mas que foram omissos em relação a eventuais providências para se evitar o anunciado suicídio.

Vejamos uma decisão interessante: “A responsabilidade civil hospitalar é de ordem objetiva, nos termos do art. 14, CDC, não cabendo investigar a culpa de seus prepostos, mas sim se o serviço prestado pelo nosocômio foi

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defeituoso ou não. A configuração dos elementos dano e nexo causal gera o dever de indenizar, sendo que as excludentes de responsabilidade possíveis apenas seriam: inexistência de defeito no serviço e culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. No caso concreto, configura falha na prestação do serviço o erro de diagnóstico quanto à lesão no 4o quirodáctilo esquerdo. Sabendo-se que um tratamento precoce de fraturas articulares apresenta melhor prognóstico, há responsabilidade da ré pela perda de uma chance do autor se recuperar. Danos materiais (laudo conclusivo quanto à redução da capacidade laboral do autor) e morais mantidos”.

QUESTÕES ESPECIAIS ENVOLVENDO VEÍCULOS

01) Súmula 492 do Supremo Tribunal Federal: “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado”. As empresas respondem solidariamente com os locatários, sob o fundamento de que elas exploram atividade de risco.

02) Súmula 132 do Superior Tribunal de Justiça: “A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado”.

03) De quem é a responsabilidade civil do veículo emprestado? O atual Código não trata da matéria. À luz da teoria da guarda, a responsabilidade deveria ser do comodatário, ou seja, a quem o carro foi emprestado, porque ele teria o poder de comando. No entanto, o STJ, em reiteradas decisões (à exemplo do REsp 343.649/MG) sustenta a solidariedade entre o dono do carro e o comodatário. Embora a posição do STJ seja bem sólida, pessoalmente não concordo com isso, pois como a solidariedade não se presume, devendo resultar da lei ou da vontade das partes (art. 265, CC), nesta hipótese não se poderia fazer uma interpretação ampliativa. No entanto, o art. 942, CC pode servir como base geral para a aplicação da solidariedade na responsabilidade civil: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”.

INDENIZAÇÃO (arts. 944 a 954, CC)

Este ponto trata da consequência gerada pela prática do ato lesivo. Ele não está previsto expressamente em nosso edital. No entanto, como o edital é bem abrangente (“responsabilidade civil”), entendemos que este ponto está implícito e deve ser estudado... Vamos a ele...

Indenização significa reparar o dano causado à vítima. A indenização pode ocorrer com a restauração da mesma ao estado anterior à ocorrência do ato ilícito (reparação específica) ou pelo pagamento em dinheiro do equivalente. Ela será medida pela extensão do prejuízo causado (art. 944, CC); deve ser proporcional ao dano causado. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa do lesante e o dano sofrido pelo

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lesado, poderá o Juiz promover a redução equitativa do montante indenizatório (art. 944, parágrafo único).

Se a vítima concorreu culposamente (cuidado para não confundir quando a vítima age com culpa exclusiva) para a ocorrência do evento danoso, a indenização será fixada levando-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano (art. 945, CC). Uma situação é um pedestre, aproveitando sinal favorável para atravessar a rua na faixa de segurança, ser atropelado por um veículo que “passa no sinal vermelho” em alta velocidade. Neste caso o motorista está completamente errado. Outra situação é este pedestre atravessar uma avenida em local que não era recomendado, sendo que o motorista estava em velocidade incompatível com o local. Já neste caso o motorista estava errado; mas o pedestre também estava. Haverá a culpa concorrente do pedestre e o valor da indenização será reduzido equitativamente.

Há casos em que os danos sofridos são avaliados por simples operação matemática (ex.: o conserto de um muro derrubado). Nestes casos a obrigação é líquida (certa quanto à existência e determinada quanto ao seu objeto).

No entanto, muitas das obrigações são indeterminadas, não havendo na lei e/ou no contrato disposição fixando a indenização devida. Isso ocorre principalmente com os danos morais, dependendo de um arbitramento judicial. Nestes casos, como o valor não é exato, chamamos de obrigação ilíquida. Para sua fixação é necessária uma prévia apuração do valor das perdas e danos. E para que haja essa apuração o art. 946, CC determina que serão aplicadas as regras da lei processual (arts. 603 a 611, CPC). Ou seja, será instaurada uma ação chamada de liquidação da sentença, que fixará o valor em moeda corrente a ser pago ao credor (às vezes necessita do auxílio de peritos).

O art. 947, CC prevê que se um dano for causado, ele deve ser reparado, voltando-se ao estado anterior. Ou seja, se um objeto foi danificado, outro igual deve ser entregue. No entanto, quando o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, será a mesma substituída pelo seu valor em moeda corrente.

Nosso Código prevê, em algumas situações, como será feito o cálculo para a indenização. Reparem: a lei apenas determina o quê será levado em conta para o cálculo. O nossa lei (corretamente) não elaborou um “tarifamento” das indenizações: homicídio se paga “X”, lesão corporal se paga “Y”... Não! Não há uma tabela de indenização, porque “cada caso é um caso”. Imaginem um pai de família que foi morto e essa pessoa deixou esposa grávida e um outro filho recém-nascido. Esta é uma situação! Agora imaginem um caso em que a pessoa que foi morta possui um filho, maior de idade, que vive com a mãe em outro Estado. Neste caso o filho até teria direito a uma indenização, mas de forma bem diferente (e logicamente com valores menores) do que no primeiro caso. Por isso, repito... cada caso é um caso... No entanto, o Código fornece alguns elementos que devem ser levados em consideração para determinadas situações. Vejamos.

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Homicídio (art. 948, CC): a indenização consiste (sem excluir outras reparações): a) no pagamento das despesas com o tratamento da vítima (médico-hospitalar), seu funeral e o luto da família; b) na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. Além desses danos materiais, a morte de um membro da família pode acarretar também a responsabilidade por danos morais. Lembrando que o valor total pode ser reduzido se a vítima também concorreu para o evento.

Lesão ou outra ofensa à saúde física ou mental (arts. 949/950, CC): o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença (até ele se curar), além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Observação: determina o art. 951, CC que também haverá a responsabilidade civil e consequente indenização nos termos acima, aquele que, no exercício de atividade profissional (ex.: médico, cirurgião, dentista, farmacêutico, etc.) causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal ou inabilidade para o trabalho. Trata-se do “erro profissional”. No entanto o dispositivo utiliza as expressões “negligência, imprudência ou imperícia”, deixando claro que se trata de responsabilidade subjetiva, dependendo de prova neste sentido. Isto porque as pessoas que atuam nesta área, geralmente assumem obrigações de meio (e não de resultado).

Usurpação ou esbulho do alheio (art. 952, CC): além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estima-se pelo seu preço ordinário, incluindo-se também o valor afetivo, contanto que este não seja maior do que aquele.

Injúria, difamação ou calúnia (art. 953, CC): a indenização consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

Ofensa à liberdade pessoal: a indenização consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido. E, se este não puder provar o prejuízo, novamente caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: a) o cárcere privado; b) a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; c) a prisão ilegal.

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Meus Amigos e Alunos

Completando a aula, vamos agora apresentar o nosso resumo que tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados. Conseguindo memorizar este quadro, o aluno saberá situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. É indicado também para rápidas revisões às vésperas da prova.

RESUMO DA AULA ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL

I. Conceitos a) Ato Ilícito (art. 186, CC): ato ilícito é o praticado em desacordo com a norma jurídica. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Cria-se o dever de reparar os danos.

b) Abuso de Direito (art. 187, CC): também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

II. Responsabilidade Civil. Deriva da transgressão de uma norma pré-existente, contratual ou legal, impondo ao infrator a obrigação de indenizar. Pressupõe uma relação jurídica entre a pessoa que sofreu o dano e a que irá repará-lo. Dupla função: a) sanção civil (natureza compensatória); b) garante o direito do lesado à segurança.

a) Responsabilidade Contratual →→→ surge pela violação de um dever inerente a um contrato (descumprimento de cláusula contratual). Ex.: inquilino que não pagou o aluguel no dia designado no contrato. Há presunção relativa de que a “culpa” incumbe a quem não cumpriu a obrigação. b) Responsabilidade Extracontratual (Aquiliana) →→→ resulta da violação de um dever fundado em princípios gerais de direito (dever legal); nas normas gerais de conduta, como o respeito às pessoas e aos bens alheios. Ex.: motorista que, em velocidade acima do permitido no local provoca um atropelamento. Não há presunção de culpa; esta deve ser comprovada faticamente.

III. Teorias sobre Responsabilidade

A) Objetiva. Deve-se provar: 1. Conduta →→→ positiva (ação) ou negativa (omissão). 2. Dano →→→ patrimonial e/ou moral (extrapatrimonial). Danos emergentes = aquilo que efetivamente se perdeu; o prejuízo efetivo. Lucros cessantes = aquilo que se deixou de ganhar (dano atual e concreto). 3. Nexo Causal (ou relação de causalidade) entre a conduta e o dano (o dano ocorreu por causa da conduta).

B) Subjetiva. Deve-se provar: 1. Conduta. 2. Dano. 3. Nexo Casual.

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4. Elemento Subjetivo (ou anímico) →→→ culpa em sentido amplo: dolo (ação voluntária) ou culpa em sentido estrito (imprudência, negligência ou imperícia).

IV. Código Civil Regra →→→ Subjetiva (art. 186, combinado com art. 927, caput, ambos do CC):

ação ou omissão voluntária (dolo), negligência ou imprudência (hipóteses de culpa em sentido estrito), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Quem, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Exceção →→→ Objetiva (art. 927, parágrafo único, CC). Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem (substitui-se a culpa pela ideia do risco). Outro exemplo: abuso de direito (art. 187, CC). Outro: art. 931, CC: as empresas que exercem exploração industrial respondem objetivamente pelos danos provocados por seus produtos colocados em circulação.

V. Obrigação de Indenizar (art. 927, CC): aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187, CC), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

VI. Responsabilidade por atos de terceiros (art. 932, CC): pais, tutores, ou curadores, empregadores ou comitentes, donos de hotéis. Art. 933, CC: estas pessoas respondem ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade objetiva). Porém eles têm direito de regresso contra o causador do dano, salvo se este for seu descendente, absoluta ou relativamente incapaz (art. 934, CC).

VII. Hipóteses de exclusão da ilicitude: a) art. 188, CC: legítima defesa, exercício regular de um direito, estado de necessidade (destruição da coisa alheia ou lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente). Obs.: nestas hipóteses, se o lesado não foi culpado pelo dano, terá direito à indenização; o lesado aciona o causador do dano, sendo que este terá direito de regresso contra o real causador do evento (arts. 929 e 930, CC). b) outras hipóteses de exclusão de ilicitude: ausência de nexo de causalidade, culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, etc.

VIII. Efeitos civis da decisão proferida no juízo criminal. A responsabilidade civil (em regra) é independente da criminal, não se podendo, entretanto, questionar mais sobre a existência do fato ou sobre quem seja o seu autor quando essas questões já se acharem decididas no juízo criminal (art. 935, CC). Assim:

a) Sentença penal condenatória (reconhece a existência do fato e de sua autoria): vincula → julga-se a ação cível procedente (condena-se o autor do dano). Discute-se apenas o valor (quantum) da indenização. b) Sentença penal absolutória negatória do fato e/ou autoria: vincula → julga-se improcedente a ação cível. c) Sentença que reconhece excludentes de ilicitudes (legítima defesa, estado de necessidade, etc.): vincula → No entanto se o lesado não foi o culpado pelo evento condena-se a pessoa que praticou a conduta, tendo esta direito de regresso contra o verdadeiro culpado. d) Sentença penal absolutória por falta de provas: não vincula → o Juiz do cível pode condenar ou absolver, dependendo do que foi apurado no processo civil (verdade formal).

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IX. Transmissibilidade do dever de indenizar: tanto o direito da vítima de exigir a reparação do dano, como o dever de prestá-la são transmissíveis aos herdeiros, até o limite das forças da herança (art. 943, CC).

X. Prazo prescricional para propositura de ação visando reparação de danos →→→ 03 anos (art. 206, §3°, V, CC).

XI. Responsabilidade pelo fato do animal (art. 936, CC): responsabilidade objetiva →→→ art. 936, CC.

XII. Responsabilidade pelo fato da coisa: responsabilidade objetiva: a) ruína de edifício ou construção (art. 937, CC); b) objetos lançados ou caídos (art. 938, CC).

XIII. Responsabilidade por cobrança de dívida não vencida ou já paga: indenização →→→ arts. 939/940, CC.

XIV. Solidariedade: se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação, inclusive as pessoas designadas no art. 932, CC (ato de terceiros).

XV. Regras sobre cálculo de indenização: arts. 944 a 954, CC.

BIBLIOGRAFIA-BASE

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.

DINIZ, Maria Helena – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro Interpretada. Ed. Saraiva.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito Civil. Ed Saraiva.

GOMES, Orlando – Direito Civil. Ed Forense.

GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.

MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Ed. Freitas Bastos.

MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Ed. Saraiva.

NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Ed. Revista dos Tribunais.

PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Ed. Forense.

RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Ed. Saraiva.

SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Ed. Freitas Bastos.

SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Ed. Forense.

VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Ed Atlas.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS

As questões adiante seguem o padrão da CESPE/UnB, julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2012) Com relação à responsabilidade civil, julgue o item subsecutivo.

a) Embora o ilícito civil contratual e o extracontratual possuam a mesma consequência, naquele a culpa do agente é presumida, ao passo que neste a culpa do agente, via de regra, tem de ser provada pelo prejudicado.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Essa questão não teve gabarito oficial, pois “a prova foi desconsiderada pelo CESPE em decorrência de problemas de infraestrutura que ocorreram em um dos locais de aplicação das provas”. Resposta do professor. A responsabilidade contratual surge pela violação de um dever inerente a um contrato (descumprimento de cláusula contratual), como por exemplo, o inquilino que não paga o aluguel no dia pactuado. Há presunção de culpa de quem não cumpriu a obrigação. o credor só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida (art. 389, CC). E o devedor só não será condenado a reparar o dano se provar a ocorrência de alguma das excludentes admitidas na lei: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Assim, incumbe ao devedor o ônus de provar o alegado. Já se a responsabilidade for extracontratual ou aquiliana resulta da violação de um dever fundado em princípios gerais de direito (arts. 186 e 927, caput, CC), como por exemplo, um motorista que em velocidade acima do permitido provoca um atropelamento. Neste caso não há presunção de culpa; esta deve ser comprovada faticamente. E é o autor da ação que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa do agente. Por fim, a menção ao “via de regra” está se referindo que a regra da responsabilidade extracontratual possui exceções, que estão previstas no parágrafo único do art. 927, CC, que são modalidades de responsabilidade objetiva.

QUESTÃO 02 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens a seguir, de acordo com jurisprudência do STJ.

a) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar a terceiros, pois a obrigação de indenizar recai sempre sobre os seus representantes legais. b) O grau de culpa do ofensor não constitui critério para se fixar a indenização patrimonial. c) Fixada a indenização, a correção monetária deve incidir a partir do ajuizamento da ação. d) Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos da vítima, com o falecimento desta, o direito à respectiva indenização transmite-se ao espólio e aos herdeiros.

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COMENTÁRIOS a) Errado. Nos termo do art. 928, CC, o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. b) Errado. Segundo a jurisprudência do STJ, “O dano moral deve ser indenizado mediante a consideração das condições pessoais do ofendido e do ofensor, da intensidade do dolo ou grau de culpa e da gravidade dos efeitos a fim de que o resultado não seja insignificante, a estimular a prática do ato ilícito, nem o enriquecimento indevido da vítima. c) Errado. Segundo a Súmula 362, STJ, “a correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”. Ou seja no momento em que o valor foi definido na sentença (e não do ajuizamento da ação). Complementando, o STJ também entende (Súmula 54) que o juros de mora, em se tratando de responsabilidade extracontratual, são devidos desde a ocorrência do evento danoso. d) Certo. O entendimento do STJ é no sentido de que “Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio e os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus”. E continua: “Se o espólio, em ação própria, pode pleitear a reparação dos danos psicológicos suportados pelo falecido, com mais razão deve se admitir o direito dos sucessores de receberem a indenização moral requerida pelo de cujus em ação por ele próprio iniciada”.

QUESTÃO 03 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Considere a seguinte situação hipotética. Célia, ao retornar para a sua residência, deu carona a Pedro, seu colega de universidade, vizinho e trabalhador autônomo, e, no trajeto, ao passar por um buraco na pista, Célia perdeu o controle do carro, que colidiu contra um poste. Devido a esse acidente, Pedro se feriu gravemente e ficou hospitalizado por dois meses. Nessa situação, Célia poderá ser responsabilizada pelos danos causados a Pedro. COMENTÁRIOS a) Errado. De acordo com a Súmula 145 do STJ, “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”.

QUESTÃO 04 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) O Código Civil brasileiro não aborda a responsabilidade civil por danos provenientes das coisas que caírem ou forem lançadas da janela de um apartamento e caírem em lugar indevido. COMENTÁRIOS a) Errado. Estabelece o art. 938, CC, de forma expressa, que aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

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QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – MPU – Analista Processual – 2010) O ordenamento jurídico brasileiro regulamenta os atos praticados pelos particulares e pelos administradores públicos, no que se refere a licitude, validação, comprovação e aplicação. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

a) Considere que, em uma carreata, ocorra colisão entre três veículos. Nessa situação, estabelece-se, entre os proprietários dos bens envolvidos, relação jurídica extracontratual.

b) Comete ato ilícito o médico que, por negligência, deixa de atender um paciente e este, em razão desse fato, tenha de sofrer amputação de membro.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Há duas espécies de responsabilidade civil: contratual e extracontratual. A contratual surge pelo descumprimento de uma cláusula do contrato. Já a extracontratual (ou aquiliana) deriva de inobservância de qualquer outro preceito legal; de normas gerais de conduta (e não de um contrato entre as partes). Portanto, no caso da questão, não havendo qualquer contrato, a relação jurídica é de natureza extracontratual.

b) Certo. Nos termos do art. 186, CC, comete ato ilícito todo aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem. Acrescenta o art. 927, CC que aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. E finalmente completa o art. 951, CC que aplica-se no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão (no caso a amputação de membro), ou inabilitá-lo para o trabalho. Observem que a amputação se deu pela negligência do médico.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – Oficial Bombeiro Militar do Distrito Federal – 2011) Julgue o item subsecutivo, referente ao ato ilícito:

a) Ao contrário do dano emergente, que é o efetivo prejuízo sofrido pela vítima, o lucro cessante será, na maioria das vezes, hipotético.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Lucro cessante (ou frustrado) é tudo aquilo que a vítima razoavelmente deixou de ganhar em razão da conduta do agente. O dano deve ser atual e concreto, ou seja, não se pode indenizar um dano futuro e hipotético (que poderia ou não ocorrer).

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Agência Nacional do Petróleo – ANP – Especialista em Regulação – 2013) Uma associação contratou uma empresa prestadora de serviços médicos e de fisioterapia para fornecer serviços aos seus associados na sede da associação. No decorrer da execução do contrato, foram eleitos novos administradores da associação, que pretendiam reajustar o contrato, com o objetivo de cobrar aluguel da empresa prestadora de serviço pelo espaço utilizado no imóvel da associação. Diante da

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recusa da empresa em efetuar o reajuste pretendido, a associação impôs obstáculos para a execução dos serviços médicos e de fisioterapia, forçando a empresa a aceitar a repactuação ou mesmo a rescindir o contrato firmado. Tendo como referência a situação hipotética acima, julgue os itens a seguir, com base nas disposições legais do código civil.

a) O dano patrimonial caracteriza-se como lesão a um bem jurídico patrimonial e abarca tanto os danos emergentes (quantia efetivamente perdida) quanto os lucros cessantes (compreendidos como o que se deixou de ganhar), além dos danos morais (patrimônio moral).

b) A pessoa jurídica que, por ação de seus dirigentes, violar o direito e causar dano a outrem fica obrigada a repará-lo.

c) A associação tem o direito de pretender reajustar o contrato, já que a cobrança de aluguel representaria uma vantagem ainda maior para os seus associados, podendo valer-se de todos os meios para alcançar seu desiderato.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Dano é a lesão a um interesse juridicamente tutelado. Ele pode ser patrimonial (material, dividindo-se em danos emergentes e lucros cessantes) ou extrapatrimonial (moral). Portanto, os danos morais não estão abrangidos pelos danos patrimoniais; eles são considerados de forma autônoma.

b) Certo. Tanto a pessoa natural, como a jurídica (por ação de seus dirigentes) que violar direito e causar danos a terceiros, ficam obrigadas a reparar esse danos (art. 186 c.c. art. 927, CC).

c) Errado. Não é porque uma determinada conduta representa vantagem para os associados que a mesma deva ser considerada sempre como lícita. Uma associação, ainda que não tenha interesse econômico, também deve pautar-se pela conduta lícita, não se podendo valer de todos os meios para alcançar seus objetivos (“nosso direito termina quando começa o de outrem”).

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – INSS – Analista do Seguro Social com Formação em Direito – 2008) O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, pois a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos (Carlos Roberto Gonçalves. Responsabilidade Civil. 8.a ed. São Paulo. Ed. Saraiva). A respeito da responsabilidade civil e com base nas ideias do texto acima, julgue os próximos itens.

a) A responsabilidade civil se assenta, segundo a teoria clássica, na existência dos pressupostos: a conduta, o dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade entre o fato culposo e o referido dano.

b) Apesar dos fundamentos da teoria clássica, a lei civil brasileira vigente admite a imputação da responsabilidade civil sem a comprovação da existência da prática de conduta culposa ou dolosa por parte do agente.

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c) A responsabilidade civil dos pais e tutores por ato ilícito praticado pelo incapaz independe da imputação de culpa.

d) Na hipótese de culpa aquiliana, o ônus da prova caberá ao lesado, por inexistir a presunção de culpa, diferentemente do que ocorre na relação contratual.

e) Na responsabilidade civil subjetiva, a atividade que gera o dano é lícita, mas causa perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, tem o dever ressarcitório mediante o simples implemento do nexo causal.

f) Uma pessoa absolvida criminalmente não pode ser processada no âmbito civil, pois a responsabilidade criminal vincula a civil.

g) A responsabilidade civil por ato de terceiro é de natureza objetiva; portanto, não se perquire a culpa do agente.

h) A vítima, no caso de responsabilidade por ato ou fato de terceiro, poderá eleger, entre os corresponsáveis, aquele de maior resistência econômica para suportar o encargo ressarcitório.

i) Mesmo havendo uma grande desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, o Juiz não alterar o quantum da indenização, pois se trata de uma norma de ordem pública.

j) Se houver culpa exclusiva da vítima para o evento danoso, a indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

k) Na legislação brasileira, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno é ampla. Assim, todo e qualquer prejuízo patrimonial relacionável com condutas omissivas do Estado deve ser indenizado à vítima ou aos seus herdeiros ou sucessores.

l) No caso de conduta omissiva, a responsabilidade extracontratual do Estado é subjetiva.

m) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.

COMENTÁRIOS

a) Certo. O art. 186, CC estabelece como elementos básicos da responsabilidade civil subjetiva: conduta, dano, nexo de causalidade e culpa (em sentido amplo).

b) Certo. Prevê o parágrafo único do art. 927, CC que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa (abrangendo a culpa em sentido estrito e o dolo), nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

c) Certo. A responsabilidade civil dos pais e tutores por ato ilícito praticado pelo incapaz é do tipo objetiva, pois independe da imputação de culpa, nos

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termos do art. 932, incisos I e II combinado com o art. 933, todos do CC (responsabilidade por ato de terceiro).

d) Certo. Há duas espécies de culpa: a) contratual, que resulta da violação de um dever inerente a um contrato (ex: inquilino que não paga o aluguel); neste caso a culpa é presumida b) extracontratual ou aquiliana, que resulta da violação de um dever fundado em princípios gerais do direito, como o respeito às pessoas e aos bens alheios, prevista no art. 186, CC. Em ambas há a obrigação de reparar o dano. A diferença está no ônus da prova. Na culpa contratual há uma presunção (relativa ou juris tantum) de que a culpa é de quem não cumpriu com o contrato. No entanto se a culpa é extracontratual ou aquiliana, em regra, não existe a presunção de culpa, sendo que a vítima deve provar a culpa do transgressor.

e) Errado. Na responsabilidade subjetiva a atividade que gera o dano é ilícita.

f) Errado. Nos termos do art. 935, CC, a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Assim, dependendo da forma com que a pessoa é absolvida no processo criminal (ex: falta de provas), pode haver o processo civil visando à indenização.

g) Certo. Art. 933 combinado com o art. 932, ambos do CC.

h) Certo. Nos termos do art. 942, CC, os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado. Se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Se a responsabilidade é solidária o credor (no caso a vítima) pode propor a ação contra todos os codevedores ou acionar apenas um deles (geralmente o que tiver maiores condições para pagar a indenização).

i) Errado. De fato a indenização mede-se pela extensão do dano. No entanto, o parágrafo único do art. 944, CC, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o Juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

j) Errado. Se houver culpa exclusiva da vítima, haverá exclusão da responsabilidade pelo autor do dano. No entanto, no termos do art. 945, CC, se houver culpa concorrente da vítima para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

k) Errado. De fato, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno é ampla. No entanto não é “todo e qualquer prejuízo patrimonial” que será indenizado, principalmente porque a questão menciona que a conduta do Estado foi omissiva.

l) Certo. No entanto é interessante esclarecer que esta questão tem gerado certa dúvida na doutrina. Para a doutrina majoritária, realmente, na omissão do Estado aplica-se a teoria da responsabilidade subjetiva, sendo necessário se provar a culpa.

m) Certo. Trata-se do art. 943, CC.

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QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – TRE/RJ – Analista Judiciário – 2012) Acerca da responsabilidade civil, julgue os seguintes itens.

a) A responsabilidade civil não depende de apuração na esfera criminal.

b) A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe da culpa, sendo a indenização medida pela extensão do dano.

COMENTÁRIOS

a) Certo. A responsabilidade civil não depende de apuração na esfera criminal, até porque muitos fatos podem ser considerados ilícitos civis sem que se configurem crime. Além disso, o art. 935, CC estabelece que a responsabilidade civil independe da criminal (exceto no tocante à existência do fato ou de quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no âmbito criminal).

b) Certo. Segundo a doutrina majoritária a responsabilidade decorrente do abuso de direito (art. 187, CC) tem natureza objetiva, não necessitando de prova da culpa ou dolo. Neste sentido é o enunciado 37 das Jornadas de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça, que assim dispõe: "A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico". A segunda parte da afirmação está correta, pois segundo o art. 944, CC, a indenização é medida pela extensão do dano (art. 944, CC).

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – TJ/RR – Analista Processual – 2012) No que se refere aos atos ilícitos, julgue o item a seguir, à luz do Código Civil e da jurisprudência pertinente.

a) A prescrição iniciada contra determinada pessoa não continua a correr contra seu sucessor, que tem direito ao prazo prescricional em sua integralidade.

b) Tratando-se de ato ilícito, não se admite a presunção de dano moral pela simples comprovação da ilicitude do ato.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Nos termos do art. 196, CC a prescrição iniciada contra determinada pessoa continua a correr contra seu sucessor.

b) Errado. O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral e a dignidade da pessoa. A afirmação está errada, pois são aceitas, dependendo do caso concreto, duas espécies de dano moral, levando em consideração a necessidade ou não de prova: a) dano moral provado ou subjetivo: necessita ser provado pelo autor da ação; b) dano moral presumido ou objetivo (in re ipsa, ou seja, pela força do próprio ato ofensivo). Neste caso, provada a ofensa, demonstrado estará o dano moral e a obrigação de indenizar; ele decorre da gravidade do ato ilícito em si, sendo desnecessária a sua efetiva demonstração. Trata-se de uma presunção hominis, ou seja, que decorre das regras de experiência comum. Segundo a posição de nossos Tribunais, para se presumir o dano moral pela simples comprovação do ato ilícito, esse ato deve ser objetivamente capaz de acarretar

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a dor, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegidos. Por tal motivo, não se trata de uma presunção absoluta, havendo casos de exclusão do dano moral. Os exemplos mais comuns são: morte de pessoa da família, lesão estética, uso indevido da imagem para fins lucrativos, etc. Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem da pessoa com fins econômicos ou comerciais". Portanto, a jurisprudência de nossos Tribunais também admite a presunção de dano pela simples comprovação da ilicitude do ato.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – DPGU – Defensor Público Federal – 2010) No que se refere à disciplina do abuso de direito, julgue o item a seguir.

a) A exemplo da responsabilidade civil por ato ilícito em sentido estrito, o dever de reparar decorrente do abuso de direito depende da comprovação de ter o indivíduo agido com culpa ou dolo.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Segundo a doutrina majoritária a responsabilidade decorrente do abuso de direito (art. 187, CC) tem natureza objetiva. Portando não depende de comprovação de culpa ou dolo.

QUESTÃO 12 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo.

a) No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.

COMENTÁRIOS

a) Certo. A questão afirma que a Escola é pública. Portanto a responsabilidade é de natureza objetiva, sendo que a mesma deve responder independentemente de culpa. Fundamentação jurídica: Art. 37, §6°, CF/88 e Arts. 186, 927, 932, IV e 933, CC.

QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – MPDFT – Promotor de Justiça – 2011) Quanto à responsabilidade civil julgue as proposições abaixo:

a) Tem responsabilidade objetiva o pai em relação ao ato ilícito praticado pelo filho menor que tiver sob sua autoridade e em sua companhia, sendo desnecessária a comprovação de culpa in vigilando.

b) O ato praticado em legítima defesa, em estado de necessidade e no exercício regular de um direito não são considerados atos ilícitos, liberando quem o praticou de reparar o prejuízo causado.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Nos termos do art. 932, I, CC o pai é responsável pelo filho menor que estiver sua sob autoridade e em sua companhia. E esta responsabilidade é da modalidade objetiva, posto que o art. 933, CC é claro ao afirmar que

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haverá responsabilidade, “ainda que não haja culpa de sua parte”. Portanto, desnecessária a prova de qualquer modalidade de culpa.

b) Errado. Embora a lei declare que o ato praticado em estado de necessidade ou legítima defesa não é ato ilícito (art. 188, CC), nem por isso libera totalmente quem o praticou de reparar o prejuízo. Exemplificando. No caso de estado de necessidade, o autor do dano responde perante o lesado, se este não criou a situação de perigo. Todavia, caso a situação de perigo tenha sido criada por um terceiro, terá ação regressiva em face do terceiro. É o que se extrai da conjugação dos arts. 929 e 930, CC. Na hipótese de legítima defesa, a solução é um pouco diferente. Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa, não pode o agente ser civilmente responsabilizado pelos danos causados. Entretanto, se o dano foi causado a terceiro, então aquele que atuou em legítima defesa será obrigado ressarcir o lesado, cabendo ação regressiva contra o agressor. A solução está prevista no parágrafo único do art. 930, CC.

QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – TRE/BA – Analista Judiciário – 2010) Acerca do instituto da responsabilidade civil, julgue os itens seguintes.

a) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas responsáveis por ele não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes para tal ação.

b) Os partidos políticos são pessoas jurídicas e, nessa qualidade, estão sujeitos a sofrer danos morais em sua denominada honra objetiva, sujeitando o ofensor à reparação civil dos danos causados.

c) Comete ato ilícito e está sujeito à reparação civil a pessoa que, sendo titular de um direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Nos termos do art. 928, CC.

b) Certo. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, V, CC) e nos termos da Súmula 227 do STJ "A pessoa jurídica pode sofrer dano moral". Portanto os partidos políticos podem sofrer danos morais em sua honra objetiva, podendo haver a ação de reparação civil.

c) Certo. Trata-se do abuso de direito, previsto no art. 187, CC.

QUESTÃO 15 (CESPE/UnB – PGM/Boa Vista/RR – Procurador do Município – 2010) A destruição de coisa alheia a fim de remover perigo iminente não constitui ato ilícito civil, sobretudo se as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária e o agente não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo.

a) Certo. De acordo com o art. 188, II e parágrafo único, CC.

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QUESTÃO 16 (CESPE/UnB – Empresa Baiana de Águas e Saneamento, S/A – EMBASA – Advogado – 2009) Com relação à responsabilidade civil, julgue os itens a seguir.

a) O Código Civil determina que o incapaz pode responder pelos prejuízos que causar.

b) O Código Civil prevê hipótese em que os pais respondam solidariamente pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Nos termos do art. 928, CC, de forma subsidiária.

b) Certo. Nos termos do art. 932, I combinado com os arts. 933 e 942, parágrafo único, todos do Código Civil.

QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – TRT/21ª Região – Analista Judiciário – 2011) Em relação à responsabilidade, julgue o item subsequente.

a) O abuso de direito enseja responsabilidade civil, sendo imprescindível, para que o sujeito possa ser responsabilizado civilmente, que haja provas da intenção de prejudicar terceiro.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Segundo a doutrina dominante o abuso de direito, previsto no art. 187, CC, é hipótese de responsabilidade objetiva. Portanto, não há necessidade de se comprovar o elemento subjetivo, muito menos a intenção de prejudicar (dolo). Havendo uma conduta, dano e nexo de causalidade, estará configurado o abuso de direito e por consequência, haverá a obrigação de indenização. Além disso, de acordo com o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil: “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito Independente de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalistico”.

QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – TCE/ES – Auditor de Controle Externo – 2012) Acerca de atos ilícitos, julgue o item a seguir.

a) Para o reconhecimento da teoria do abuso do direito, é necessário que o agente tenha ou demonstre a intenção de prejudicar terceiro.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Segundo a doutrina, sendo a responsabilidade decorrente do abuso de direito de natureza objetiva, é desnecessário se provara intenção de prejudicar terceiros.

QUESTÃO 19 (CESPE/UnB – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2011) A configuração do abuso de direito exige o elemento subjetivo

a) Errado. Como já salientado, a doutrina dominante entende que o abuso de direito tem como consequência a responsabilidade objetiva, independentemente de comprovação da culpa (em sentido amplo), que é o elemento subjetivo.

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QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2011) Cometerá ato ilícito por abuso de direito o motorista de ambulância que, trafegando em situação de emergência e, portanto, com a sirene ligada, ultrapassar semáforo fechado e abalroar veículo de particular que, sem justificativa, deixe de lhe dar passagem.

a) Errado. O art. 29, VII do Código de Trânsito brasileiro estabelece prioridade de circulação dos veículos destinados a socorro, quando verificada alguma situação de emergência, sem conferir a seus condutores o direito de transgredir indiscriminadamente as regras de trânsito (permanece o dever de cautela e prudência razoável do condutor). É admissível que os condutores excedam a velocidade máxima permitida ou ultrapasse um semáforo fechado quando estão prestando socorro a pacientes em caso de urgência. Os autores se dividem nesse ponto, pois alguns entendem que ocorre um estado de necessidade, outros entendem ser hipótese de caso fortuito ou força maior. De qualquer forma nesse caso há causa de exclusão da antijuridicidade da conduta infracional de trânsito. Como na questão parte-se do pressuposto que era uma situação de emergência e que o veículo particular não lhe deu passagem sem motivo justificado, não se pode dizer que o motorista da ambulância cometeu abuso de direito.

QUESTÃO 21 Acerca da responsabilidade civil, julgue o item subsequente.

a) Ao atravessar determinado cruzamento, fora da faixa de pedestres, Antônio é atropelado e morto por Acácio, que dirigia o veículo de seu amigo José, veículo esse que apresentava visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura, além de estar em atraso com o pagamento do IPVA. Neste caso existe responsabilidade subjetiva do motorista (perante o dono do veículo, por via de regresso) e responsabilidade objetiva do proprietário do veículo (perante a vítima), por apresentar esse veículo visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura e, também, por estar em atraso com o pagamento do IPVA; responsabilidades essas atenuadas ante a ocorrência de culpa concorrente da vítima.

COMENTÁRIOS

a) Errado. No caso a responsabilidade seria subjetiva da pessoa que atropelou. Mas, para que fique configurado esse tipo de responsabilidade subjetiva, é imprescindível a existência dos seguintes requisitos: conduta, dano, nexo de causalidade e elemento subjetivo (culpa em sentido amplo). No caso não houve culpa do motorista. Na verdade, a culpa foi exclusiva da vítima (a deterioração da pintura e o atraso do pagamento do IPVA, não influíram no resultado). Portanto, afasta-se o dever de indenizar, nos termos do art. 186, CC. Não há nexo de causalidade entre a lataria velha, o atraso na documentação e o atropelamento (a menos que a vítima tivesse morrido de tétano...). No caso concreto, não havendo responsabilidade da pessoa que atropelou, também não haverá do dono do carro. Mas uma questão que poderia ter sido levantada aqui é a seguinte: E se não houvesse culpa alguma da vítima Antônio, mas sim culpa de Acácio (motorista)? Será que José (dono do veículo) responderia pelo evento? Resposta: Se Acácio estivesse sob as

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ordens de José, Acácio responderia por responsabilidade subjetiva (pois agiu com culpa) e José responderia por responsabilidade objetiva (art. 932, III, CC). Mas e se Acácio recebeu o veículo emprestado de José; este fez apenas uma gentileza em lhe emprestar (comodato) o veículo? Resposta: Não há uma posição definitiva sobre o tema. A jurisprudência vem se inclinando pela responsabilidade também de quem empresta o veículo, de forma solidária. Vejam um caso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ): “Acidente de Trânsito. Veículo conduzido por um dos companheiros de viagem da vítima, devidamente habilitado. Responsabilidade solidária do proprietário do automóvel. Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, pouco importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, ou que o transporte seja gratuito ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados a terceiros. Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica solidariamente responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes”. Pessoalmente não concordo... mas é apenas minha opinião... Isto porque conforme o art. 265, CC a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Ora, a responsabilidade civil no direito brasileiro tem como regra geral a responsabilidade por ato próprio. Não há no atual Código Civil qualquer brecha que se permita imputar responsabilidade solidária ao proprietário do veículo e o condutor que se envolve em acidente de trânsito, salvo se comprovada cabalmente a contribuição do proprietário para o evento lesivo (ex.: proprietário de veículo que entrega chaves a menor sem habilitação, ou a pessoa nitidamente embriagada, etc.). Mas, se o proprietário apenas empresta o seu veículo a terceiro para que esse o utilize em comodato, sem que o proprietário aufira qualquer vantagem em tal conduta, ou que o ato não seja praticado em seu interesse, não há como se transferir ao proprietário responsabilidade de outrem, exatamente por falta de amparo legal. Só se cogita de responsabilidade solidária do proprietário de um veículo e seu condutor quando o último é filho deste (também o tutelado, o curatelado, empregado ou serviçal). Caso contrário, não se enquadrando assim em nenhuma das hipóteses autorizadoras da lei civil, impossível é a aplicação automática da responsabilidade solidária. Os que defendem a solidariedade, justificam no art. 942, CC: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”.De qualquer maneira, fica valendo o conselho: muito cuidado ao emprestar seu veículo a terceiros... E a jurisprudência do STJ tem muita influência no meio jurídico... e também para concursos...

QUESTÃO 22 (CESPE/UnB – DPE/ES – Delegado de Polícia – 2011) Em cada um dos itens que se seguem, relativos às pessoas e suas responsabilidades por danos causados a outrem, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

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a) O carro de Rafael, que estava trancado e estacionado em frente a sua casa, foi furtado por Pedro. Nessa situação, se Pedro causar lesão a alguém na condução do veículo, Rafael também poderá ser responsabilizado por ter a guarda jurídica do bem.

b) Jorge, um menor com dezesseis anos de idade, emancipado por ato unilateral dos pais, causou dano injusto a Lúcia. Nessa situação, os pais de Jorge não estarão isentos de indenizar a vítima.

COMENTÁRIOS

a) Errado. No caso Rafael não, em hipótese alguma, ser responsabilizado por eventuais condutas ilícitas de Pedro. Até porque este teve posse do veículo também de forma ilícita.

b) Certo. A emancipação é um ato jurídico que antecipa os efeitos da aquisição da maioridade e da consequente capacidade civil plena, para data anterior àquela em que o menor atingiria a idade de 18 anos, para fins civis. Com a emancipação, o menor deixa de se incapaz e passa a ser capaz, passando, dessa forma, a responder civilmente pelos seus atos, tendo em vista que já possui capacidade civil plena. Portanto Jorge irá responder por seus atos. No entanto, apesar disso, tal espécie de emancipação não produz, segundo a jurisprudência, inclusive a do Supremo Tribunal Federal, o efeito de isentar os pais da obrigação de indenizar as vítimas pelos atos ilícitos praticados pelo menor emancipado, com vista a evitar emancipações maliciosas. Portanto, apesar de terem emancipado o filho, os pais de Jorge Raul respondem solidariamente com ele pela reparação de danos injustos causados a Lúcia.

QUESTÃO 23 (CESPE/UnB – Polícia Civil do Ceará – 2012) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os próximos itens.

a) As empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividade econômica respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros conforme as mesmas regras aplicadas às demais pessoas jurídicas de direito privado.

b) A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo de causalidade.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Como já vimos: art. 37, §6°, CF/88.

b) Certo. Ação, dano e nexo causal.

QUESTÃO 24 (CESPE/UnB – TCDF – Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito Federal – 2012) Julgue os próximos itens, referentes à responsabilidade civil do Estado.

a) A responsabilidade do Estado por danos causados por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.

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b) Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida pela parte.

COMENTÁRIOS

Esta questão caiu na prova de Direito Administrativo. Mas achamos interessante comentá-las, complementando o tema dado em aula.

a) Certo. A responsabilidade pelos danos causados a um particular por atos de terceiros ou fenômenos da natureza é do tipo subjetiva, havendo a necessidade de comprovação de omissão culposa da Administração. Para que haja indenização exige-se a prova da omissão do serviço público e não da omissão de um determinado agente público.

b) Errado. A maciça jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é que a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos juízes, salvo nos casos expressamente declarados em lei. No entanto se o juiz agir com manifesta intenção (dolo) retardar determinada providência haverá a responsabilidade pessoal do juiz (art. 133, I e II, Código de Processo Civil: ”Responderá por perdas e danos o juiz quando no exercício de suas funções proceder com dolo ou fraude e recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte) e consequentemente também a do Estado. Como no caso é necessária a prova do dolo do juiz, a responsabilidade é subjetiva e não objetiva. Devemos acrescentar que a própria Constituição Federal (art. 5°, LXXV) determina que o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.

QUESTÃO 25 (CESPE/UNB – TJ/AL – Analista Judiciário – 2012) A respeito de responsabilidade civil, assinale a opção CORRETA.

a) o menor de dezoito anos de idade responde pelo prejuízo a que der causa, mesmo que, para isso, tenha de entregar a totalidade de seus bens.

b) considere que Pedro tenha sido emancipado por seus pais logo após ter atropelado Joana, que faleceu em decorrência do atropelamento. Nessa situação, os pais de Pedro não respondem solidariamente pelos atos por ele praticados.

c) a indenização mede-se sempre pela extensão do dano causado.

d) considere que Miguel, menor emancipado voluntariamente pelos pais, dirigia o carro de João quando colidiu com o portão da casa de Maria. Nessa situação, são solidariamente obrigados a reparar os danos causados a Maria o menor, seus pais e o proprietário do veículo.

e) para que aquele que praticou ato ilícito esteja obrigado a reparar o dano, basta que seja demonstrado o dolo.

COMENTÁRIOS

Embora esta questão seja do CESPE, não foi do tipo certo ou errado. A letra “a” está errada, pois estabelece o parágrafo único do art. 928, CC que a indenização “não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas

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que dele dependem”. A letra “b” está errada, pois a jurisprudência entende que o menor emancipado (art. 5°, parágrafo único, CC) torna-se civilmente capaz, respondendo por seus atos; contudo, se a decisão de emancipação partiu dos próprios pais (emancipação voluntária), estes não se isentam da responsabilidade, principalmente no problema acima, em que a emancipação se deu após o ato ilícito. Portanto os pais continuam responsáveis pelo menor emancipado. No entanto a responsabilidade será solidária (ou seja, a vítima pode ingressar com a ação somente contra um, ou somente contra o outro, ou contra ambos, à sua escolha). A letra “c” está errada, pois de fato a indenização mede-se pela extensão do dano. Mas se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir equitativamente a indenização. A letra “d” está certa. Inicialmente porque como vimos nos comentários da alternativa “a” há solidariedade entre o menor (emancipado) e seus pais. Mas devemos acrescentar que a jurisprudência (principalmente do STJ) vem se inclinando pela responsabilidade também do proprietário do veículo que o empresta a terceiros. A letra “e” está errada, pois a regra é a demonstração da culpa em sentido amplo, que abrange a culpa (em sentido estrito e o dolo). Gabarito: “D”.

QUESTÕES CESPE/UnB MAIS ANTIGAS

ANTIGAS 01 (CESPE/UnB – TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Julgue os itens a seguir, que versam sobre responsabilidade civil.

a) De acordo com o sistema civilista vigente, a responsabilidade tem como fundamento genérico o dolo. Este se distingue em aquiliano e extracontratual e se materializa pela prática de ato ilícito consistente não apenas na violação de preceito legal ou de obrigação contratual, mas também pode se dar pela infração de preceito moral determinado ou de obrigação de caráter geral de não causar dano. Existem, porém, certos atos lesivos que não são considerados atos ilícitos por expressa disposição legal.

b) Os titulares de serventias extrajudiciais (notário, oficial de registro e tabelião) prestam serviços em caráter privado, por delegação do poder público. Inclusive por isso, os funcionários dessas serventias podem ser contratados pelo regime celetista. Assim, o Estado não responderá objetivamente pelos danos causados pelos titulares dessas serventias ou pelos seus prepostos. O prejudicado por ato praticado por algum desses agentes somente contra ele poderá mover ação de natureza indenizatória.

c) Considere a seguinte situação hipotética. Manoel agrediu covardemente Joaquim, quase o levando à morte. As sequelas foram graves e afastaram a vítima do trabalho por seis meses. Tempos depois, ao propor ação indenizatória pelos danos sofridos, já estava em curso uma ação penal contra Manoel por tentativa de homicídio. Nessa situação, ciente do fato, o juízo cível deverá obrigatoriamente suspender o andamento da ação de

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reparação de danos até que seja proferido o julgamento pelo juízo criminal, a fim de evitar a ocorrência de decisões conflitantes.

COMENTÁRIOS

a) Errado. O aspecto errado desta questão reside no fato de que o fundamento básico da responsabilidade no Direito Civil é a culpa (considerada em seu sentido amplo, abrangendo a culpa em sentido estrito e o dolo) e não somente o dolo.

b) Errado. Os titulares de serventias extrajudiciais prestam serviços de caráter público. Por isso o Estado responde de forma objetiva pelos danos causados. E mesmo que a pessoa jurídica fosse de direito privado, mas agindo por delegação do Estado, também responde de forma objetiva (art. 37, §6o, CF/88).

c) Errado. Embora em certas hipóteses seja interessante a suspensão do processo civil até o julgamento final do processo penal, não há nada que obrigue o juízo cível a suspender o processo. Ele até pode fazer isso. Mas não é obrigado, como menciona a questão. Observem que o art. 935, CC estabelece que em regra a responsabilidade civil é independente da criminal.

ANTIGAS 02 (CESPE/UnB – Caixa Econômica Federal – Advogado – 2007) Julgue os itens seguintes, relativos à responsabilidade civil:

a) A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil objetiva do poder público pelos danos a que os agentes públicos houverem dado causa.

b) Conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude do comportamento funcional, pode gerar a responsabilização da administração pública.

c) Na responsabilidade civil por ato ilícito, não se admite a cumulação da indenização por danos moral e estético, ainda que decorrentes do mesmo fato ou de causalidade múltipla, pois geraria uma dupla condenação pelo mesmo fato.

d) Não constitui ato ilícito a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente, desde que as circunstâncias tornem o ato absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Atualmente vigora no Brasil, em relação à responsabilidade civil objetiva do poder público, a teoria do risco administrativo (art. 37, §6°, CF/88).

b) Certo. Reparem inicialmente que o examinador foi genérico: conduta comissiva (ação) ou omissiva (omissão) podem gerar responsabilização. Só lembrando que em algumas situações, no caso de omissão, alguns autores entendem que a responsabilidade depende de demonstração de culpa (responsabilidade subjetiva) do Estado. A questão também afirma que a

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responsabilidade independe de licitude; ou seja, em algumas situações, mesmo agindo de forma lícita, o Estado pode ser responsabilizado e ser obrigado a indenizar. Ex: realização de obra (conduta lícita) que desvalorizou o imóvel de um particular.

c) Errado. O art. 186, CC prevê que é ato ilícito a conduta positiva (ação) ou negativa (omissão) que cause dano a outrem, ainda que exclusivamente moral. Ou seja, a indenização pode ser apenas do dano patrimonial (incluindo danos emergentes e lucros cessantes); apenas do dano moral (extrapatrimonial); ou de ambos. Para alguns autores, o dano estético é uma espécie de dano moral. Já para outros a CF/88, em seu art. 5°, V, deixou clara a existência de três espécies de dano: o patrimonial, o moral e também o dano à imagem, que seria uma espécie autônoma. Com base neste raciocínio, vem se admitindo a possibilidade de cumulação do dano patrimonial (material), com o moral e também o estético. A possibilidade de cumulação encontra suporte a partir da ideia que o dano estético estaria representado pela deformidade física propriamente dita, e o dano moral pelo sofrimento, pela vergonha, pela angústia ou sensação de inferioridade da vítima, comprometendo sua imagem social. Lembrando o que diz a Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.

d) Certo. Observem como a assertiva está bem completa. Isto porque o art. 188, CC prevê que não constituem atos ilícitos: I. os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II. a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. No entanto no caso desta última hipótese, para que a resposta fique exata, devemos combinar com o parágrafo único do art. 188, CC, que prevê que no caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

ANTIGAS 03 (CESPE/UnB – Ministério Público/AM) Com relação à responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes.

a) O sistema jurídico brasileiro adota como regra a teoria do risco integral quando a responsabilidade de reparar advém do fato de o dano ter sido consequência de uma atividade potencialmente lesiva de alguém. Assim, nos acidentes de veículos em que um dos envolvidos é uma empresa prestadora de serviços públicos, independentemente da culpa do motorista, ou de caso fortuito e força maior, a empresa responde objetivamente pela reparação dos danos causados pelo acidente.

b) A responsabilidade civil por ato de terceiro é objetiva e permite estender a obrigação de reparar o dano à pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização, ainda que não haja culpa de sua parte.

c) Não é objetiva a responsabilidade do transportador, quando se tratar de transporte de simples cortesia ou desinteressado.

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COMENTÁRIOS

a) Errado. Na hipótese da afirmação (atividade potencialmente lesiva), o Brasil adotou a teoria do risco administrativo (e não integral). Nesta modalidade, a responsabilidade pode ser excluída em algumas hipóteses, como por exemplo: caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva da vítima, etc.

b) Certo. É o que prevê o art. 933, CC. Os exemplos da responsabilidade civil por ato de terceiro estão dispostos no art. 932, CC. Ex: pais, tutores, curadores, empregadores, donos de hotel, etc.

c) Certo. Em regra a responsabilidade do transportador é objetiva. No entanto quando o transporte é realizado por simples cortesia, a responsabilidade passa a ser subjetiva, nos termos do art. 736, CC.

ANTIGAS 04 (CESPE/UnB Procurador Federal/2006) Julgue os itens subsequentes, acerca da responsabilidade civil.

a) Considere a hipótese em que o condutor de um veículo invade pista contrária para não colidir com outro que intercepta sua trajetória, colidindo, em consequência, com veículo que transitava corretamente na pista invadida. Nessa situação, o mencionado condutor não pratica ato ilícito; entretanto, subsiste o dever de reparar os prejuízos que causou.

b) Na hipótese de dano causado por menor impúbere, havendo culpa dos pais por omissão, estes respondem subsidiariamente pelos prejuízos causados pelo filho em detrimento de terceiro, quando o incapaz não dispuser de meios suficientes para efetuar o pagamento. A vítima, em consequência, tem o direito de propor ação ou contra o menor, ou contra os pais do menor.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Nos termos dos arts. 188, inciso II e seu parágrafo único, CC, a conduta do motorista não é reputada como ato ilícito. No entanto, nos termos dos arts. 929 e 930, ambos do CC, a vítima deve propor a ação de indenização contra o autor do dano (condutor do veículo). E este terá direito à ação regressiva contra o agente provocador do acidente.

b) Errado. Nesta questão o examinador está exigindo do candidato conhecimentos referentes ao art. 928, CC, que trata da responsabilidade subsidiária. Respeitando este comando a ação deve ser proposta contra os pais. Caso estes não disponham de meios suficientes para a obrigação o próprio menor responderá. E não o contrário como constou na afirmação. Daí o erro. Além disso, partindo do pressuposto que a responsabilidade é subsidiária a ação não pode ser proposta contra um ou outro, pois isso é hipótese de responsabilidade solidária (e não subsidiária). Observem que a expressão menor impúbere se refere ao absolutamente incapaz (menor de 16 anos).

ANTIGAS 05 (CESPE/UnB - Defensor Público da União) Julgue os itens que se seguem em relação à responsabilidade civil do Estado e à do particular.

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a) Como a responsabilidade civil do Estado por ato danoso de seus prepostos é objetiva, surge o dever de indenizar, se restarem provados o dano ao patrimônio de outrem e o nexo de causalidade entre este e o comportamento do preposto. No entanto, o Estado poderá afastar a responsabilidade objetiva quando provar que o evento danoso resultou de caso fortuito ou de força maior, ou ocorreu por culpa exclusiva da vítima.

b) Reputa-se como dano moral a dor, o aborrecimento ou a humilhação que foge à normalidade e interfere no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe desequilíbrio em seu bem-estar físico. Para a adequada fixação do dano moral, deve o Juiz considerar o poder econômico das partes e o caráter educativo da sanção, sendo vinculada ao valor do prejuízo efetivamente experimentado e demonstrado pela vítima.

c) A ação indenizatória decorrente de danos morais tem caráter pessoal, pois o herdeiro não sucede no sofrimento da vítima nem pode ser indenizado por dor alheia. Por isso, se o autor falecer no curso do processo, não poderá ocorrer substituição processual no polo ativo da demanda. Nesse caso, o processo será extinto sem resolução de mérito.

d) O ato ilícito poderá originar ou criar um direito para quem o comete.

COMENTÁRIOS

a) Certo. A responsabilidade do Estado adotada pelo Brasil é objetiva, porém do tipo “risco administrativo”, permitindo sua exclusão nas hipóteses mencionadas. Completa-se esta afirmação com o disposto na afirmação da letra “c” da questão.

b) Errado. O aspecto errado da assertiva é que a fixação do valor do dano moral não está vinculada diretamente ao prejuízo experimentado pela vítima.

c) Errado. Falecendo o autor no curso da ação, os direitos referentes a ela se transmitem aos herdeiros, mesmo que decorrentes de danos morais (art. 943, CC).

d) Errado. O ato ilícito não gera direito para aquele que o comente. Ao contrário. Gera obrigação de reparar o dano causado, seja ele material, moral ou ambos.

ANTIGAS 06 (CESP/UnB – DPE/AL – Defensor Público – 2006) Em relação ao Direito Civil, julgue o item a seguir.

a) As pessoas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos respondem objetivamente pelos danos causados por seus funcionários a direitos particulares.

b) Em tema de responsabilidade civil, o Código Civil vigente prevê a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem.

COMENTÁRIOS

a) Certo. Determina o art. 37, §6°, CF/88 que “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão

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pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

b) Certo. É o que determina o parágrafo único do art. 927, CC.

ANTIGAS 07 (CESPE/UnB – FUNDAC/PB – Advogado – 2011) Segundo dispõe o Código Civil vigente, comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos costumes. Assim, para tipificar o abuso de direito, será imprescindível a prova de que o agente agiu culposamente.

COMENTÁRIOS

a) Errado. Segundo a doutrina dominante o abuso de direito, previsto no art. 187, CC, é hipótese de responsabilidade objetiva. Portanto, não há necessidade de se comprovar a conduta culposa (em sentido amplo) do agente. Havendo uma conduta, dano e o nexo de causalidade, configurada estará o por abuso de direito e por consequência, a obrigação de indenização.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS

Somente Questões CESPE/UnB Mais Atuais

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2012) Com relação à responsabilidade civil, julgue o item subsecutivo.

a) Embora o ilícito civil contratual e o extracontratual possuam a mesma consequência, naquele a culpa do agente é presumida, ao passo que neste a culpa do agente, via de regra, tem de ser provada pelo prejudicado.

QUESTÃO 02 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens a seguir, de acordo com jurisprudência do STJ. a) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar a terceiros, pois a obrigação de indenizar recai sempre sobre os seus representantes legais. b) O grau de culpa do ofensor não constitui critério para se fixar a indenização patrimonial. c) Fixada a indenização, a correção monetária deve incidir a partir do ajuizamento da ação. d) Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos da vítima, com o falecimento desta, o direito à respectiva indenização transmite-se ao espólio e aos herdeiros.

QUESTÃO 03 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Considere a seguinte situação hipotética. Célia, ao retornar para a sua residência, deu carona a Pedro, seu colega de universidade, vizinho e trabalhador autônomo, e, no trajeto, ao passar por um buraco na pista, Célia perdeu o controle do carro, que colidiu contra um poste. Devido a esse

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acidente, Pedro se feriu gravemente e ficou hospitalizado por dois meses. Nessa situação, Célia poderá ser responsabilizada pelos danos causados a Pedro.

QUESTÃO 04 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) O Código Civil brasileiro não aborda a responsabilidade civil por danos provenientes das coisas que caírem ou forem lançadas da janela de um apartamento e caírem em lugar indevido.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – MPU – Analista Processual – 2010) O ordenamento jurídico brasileiro regulamenta os atos praticados pelos particulares e pelos administradores públicos, no que se refere a licitude, validação, comprovação e aplicação. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

a) Considere que, em uma carreata, ocorra colisão entre três veículos. Nessa situação, estabelece-se, entre os proprietários dos bens envolvidos, relação jurídica extracontratual.

b) Comete ato ilícito o médico que, por negligência, deixe de atender um paciente e este, em razão desse fato, tenha de sofrer amputação de membro.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – Oficial Bombeiro Militar do Distrito Federal – 2011) Julgue o item subsecutivo, referente ao ato ilícito:

a) Ao contrário do dano emergente, que é o efetivo prejuízo sofrido pela vítima, o lucro cessante será, na maioria das vezes, hipotético.

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Agência Nacional do Petróleo – ANP – Especialista em Regulação – 2013) Uma associação contratou uma empresa prestadora de serviços médicos e de fisioterapia para fornecer serviços aos seus associados na sede da associação. No decorrer da execução do contrato, foram eleitos novos administradores da associação, que pretendiam reajustar o contrato, com o objetivo de cobrar aluguel da empresa prestadora de serviço pelo espaço utilizado no imóvel da associação. Diante da recusa da empresa em efetuar o reajuste pretendido, a associação impôs obstáculos para a execução dos serviços médicos e de fisioterapia, forçando a empresa a aceitar a repactuação ou mesmo a rescindir o contrato firmado. Tendo como referência a situação hipotética acima, julgue os itens a seguir, com base nas disposições legais do código civil.

a) O dano patrimonial caracteriza-se como lesão a um bem jurídico patrimonial e abarca tanto os danos emergentes (quantia efetivamente perdida) quanto os lucros cessantes (compreendidos como o que se deixou de ganhar), além dos danos morais (patrimônio moral).

b) A pessoa jurídica que, por ação de seus dirigentes, violar o direito e causar dano a outrem fica obrigada a repará-lo.

c) A associação tem o direito de pretender reajustar o contrato, já que a cobrança de aluguel representaria uma vantagem ainda maior para os seus associados, podendo valer-se de todos os meios para alcançar seu desiderato.

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QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – INSS – Analista do Seguro Social – 2008) O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, pois a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos (Carlos Roberto Gonçalves. Responsabilidade Civil. 8.a ed. São Paulo. Ed. Saraiva). A respeito da responsabilidade civil e com base nas ideias do texto acima, julgue os próximos itens.

a) A responsabilidade civil se assenta, segundo a teoria clássica, na existência de três pressupostos: o dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade entre o fato culposo e o referido dano.

b) Apesar dos fundamentos da teoria clássica, a lei civil brasileira vigente admite a imputação da responsabilidade civil sem a comprovação da existência da prática de conduta culposa ou dolosa por parte do agente.

c) A responsabilidade civil dos pais e tutores por ato ilícito praticado pelo incapaz independe da imputação de culpa.

d) Na hipótese de culpa aquiliana, o ônus da prova caberá ao lesado, por inexistir a presunção de culpa, diferentemente do que ocorre na relação contratual.

e) Na responsabilidade civil subjetiva, a atividade que gera o dano é lícita, mas causa perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, tem o dever ressarcitório mediante o simples implemento do nexo causal.

f) Uma pessoa absolvida criminalmente não pode ser processada no âmbito civil, pois a responsabilidade criminal vincula a civil.

g) A responsabilidade civil por ato de terceiro é de natureza objetiva; portanto, não se perquire a culpa do agente.

h) A vítima, no caso de responsabilidade por ato ou fato de terceiro, poderá eleger, entre os corresponsáveis, aquele de maior resistência econômica para suportar o encargo ressarcitório.

i) Mesmo havendo uma grande desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, o Juiz não alterar o quantum da indenização, pois se trata de uma norma de ordem pública.

j) Se houver culpa exclusiva da vítima para o evento danoso, a indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

k) Na legislação brasileira, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno é ampla. Assim, todo e qualquer prejuízo patrimonial relacionável com condutas omissivas do Estado deve ser indenizado à vítima ou aos seus herdeiros ou sucessores.

l) No caso de conduta omissiva, a responsabilidade extracontratual do Estado é subjetiva.

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m) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – TRE/RJ – Analista Judiciário – 2012) Acerca da responsabilidade civil, julgue os seguintes itens.

a) A responsabilidade civil não depende de apuração na esfera criminal.

b) A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe da culpa, sendo a indenização medida pela extensão do dano.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – TJ/RR – Analista Processual – 2012) No que se refere aos atos ilícitos, julgue o item a seguir, à luz do Código Civil e da jurisprudência pertinente.

a) A prescrição iniciada contra determinada pessoa não continua a correr contra seu sucessor, que tem direito ao prazo prescricional em sua integralidade.

b) Tratando-se de ato ilícito, não se admite a presunção de dano moral pela simples comprovação da ilicitude do ato.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB - Defensor Público Federal – 2010) No que se refere à disciplina do abuso de direito, julgue o item a seguir.

a) A exemplo da responsabilidade civil por ato ilícito em sentido estrito, o dever de reparar decorrente do abuso de direito depende da comprovação de ter o indivíduo agido com culpa ou dolo.

QUESTÃO 12 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo.

a) No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.

QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – MPDFT – Promotor de Justiça – 2011) Quanto à responsabilidade civil julgue as proposições abaixo:

a) Tem responsabilidade objetiva o pai em relação ao ato ilícito praticado pelo filho menor que tiver sob sua autoridade e em sua companhia, sendo desnecessária a comprovação de culpa in vigilando.

b) O ato praticado em legítima defesa, em estado de necessidade e no exercício regular de um direito não são considerados atos ilícitos, liberando quem o praticou de reparar o prejuízo causado.

QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – TRE/BA – Analista Judiciário – 2010) Acerca do instituto da responsabilidade civil, julgue os itens seguintes.

a) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas responsáveis por ele não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes para tal ação.

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b) Os partidos políticos são pessoas jurídicas e, nessa qualidade, estão sujeitos a sofrer danos morais em sua denominada honra objetiva, sujeitando o ofensor à reparação civil dos danos causados.

c) Comete ato ilícito e está sujeito à reparação civil a pessoa que, sendo titular de um direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

QUESTÃO 15 (CESPE/UnB – PGM/Boa Vista/RR – Procurador do Município – 2010) A destruição de coisa alheia a fim de remover perigo iminente não constitui ato ilícito civil, sobretudo se as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária e o agente não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo.

QUESTÃO 16 (CESPE/UnB – Advogado da EMBASA – 2009) Com relação à responsabilidade civil, julgue os itens a seguir.

a) O Código Civil determina que o incapaz pode responder pelos prejuízos que causar.

b) O Código Civil prevê hipótese em que os pais respondam solidariamente pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – TRT/21ª Região – Analista Judiciário – 2011) Em relação à responsabilidade, julgue o item subsequente.

a) O abuso de direito enseja responsabilidade civil, sendo imprescindível, para que o sujeito possa ser responsabilizado civilmente, que haja provas da intenção de prejudicar terceiro.

QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – TCE/ES – Auditor de Controle Externo – 2012) Acerca de atos ilícitos, julgue o item a seguir.

a) Para o reconhecimento da teoria do abuso do direito, é necessário que o agente tenha ou demonstre a intenção de prejudicar terceiro.

QUESTÃO 19 (CESPE/UnB – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2011) A configuração do abuso de direito exige o elemento subjetivo

QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2011) Cometerá ato ilícito por abuso de direito o motorista de ambulância que, trafegando em situação de emergência e, portanto, com a sirene ligada, ultrapassas semáforo fechado e abalroar veículo de particular que, sem justificativa, deixe de lhe dar passagem.

QUESTÃO 21 Acerca da responsabilidade civil, julgue o item subsequente. Ao atravessar determinado cruzamento, fora da faixa de pedestres, Antônio é atropelado e morto por Acácio, que dirigia o veículo de seu amigo José, veículo esse que apresentava visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura, além de estar em atraso com o pagamento do IPVA. Neste caso existe responsabilidade subjetiva do motorista (perante o dono do veículo, por via de regresso) e responsabilidade objetiva do proprietário do

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veículo (perante a vítima), por apresentar esse veículo visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura e, também, por estar em atraso com o pagamento do IPVA; responsabilidades essas atenuadas ante a ocorrência de culpa concorrente da vítima.

QUESTÃO 22 (CESPE/UnB – Delegado do Estado do Espírito Santo – 2011) Em cada um dos itens que se seguem, relativos às pessoas e suas responsabilidades por danos causados a outrem, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

a) O carro de Rafael, que estava trancado e estacionado em frente a sua casa, foi furtado por Pedro. Nessa situação, se Pedro causar lesão a alguém na condução do veículo, Rafael também poderá ser responsabilizado por ter a guarda jurídica do bem.

b) Jorge, um menor com dezesseis anos de idade, emancipado por ato unilateral dos pais, causou dano injusto a Lúcia. Nessa situação, os pais de Jorge não estarão isentos de indenizar a vítima.

QUESTÃO 23 (CESPE/UnB – Polícia Civil do Ceará – 2012) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os próximos itens.

a) As empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividade econômica respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros conforme as mesmas regras aplicadas às demais pessoas jurídicas de direito privado.

b) A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo de causalidade.

QUESTÃO 24 (CESPE/UnB – TCDF – Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito Federal – 2012) Julgue os próximos itens, referentes à responsabilidade civil do Estado.

a) A responsabilidade do Estado por danos causados por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.

b) Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida pela parte.

QUESTÃO 25 (CESPE/UNB – TJ/AL – Analista Judiciário – 2012) A respeito de responsabilidade civil, assinale a opção CORRETA.

a) o menor de dezoito anos de idade responde pelo prejuízo a que der causa, mesmo que, para isso, tenha de entregar a totalidade de seus bens.

b) considere que Pedro tenha sido emancipado por seus pais logo após ter atropelado Joana, que faleceu em decorrência do atropelamento. Nessa situação, os pais de Pedro não respondem solidariamente pelos atos por ele praticados.

c) a indenização mede-se sempre pela extensão do dano causado.

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d) considere que Miguel, menor emancipado voluntariamente pelos pais, dirigia o carro de João quando colidiu com o portão da casa de Maria. Nessa situação, são solidariamente obrigados a reparar os danos causados a Maria o menor, seus pais e o proprietário do veículo.

e) para que aquele que praticou ato ilícito esteja obrigado a reparar o dano, basta que seja demonstrado o dolo.

GABARITO “SECO” CESPE/UnB (Mais Atuais)

Questão 01

a) Certo

Questão 02 a) Errado b) Errado c) Errado d) Certo

Questão 03 a) Errado

Questão 04 a) Errado

Questão 05 a) Certo b) Certo

Questão 06 a) Errado

Questão 07 a) Errado b) Certo c) Errado

Questão 08 a) Certo b) Certo c) Certo d) Certo e) Errado

f) Errado g) Certo h) Certo i) Errado j) Errado k) Errado l) Certo m) Certo

Questão 09 a) Certo b) Certo

Questão 10 a) Errado b) Errado

Questão 11 a) Errado

Questão 12 a) Certo

Questão 13 a) Certo b) Errado

Questão 14 a) Certo b) Certo c) Certo

Questão 15

a) Certo

Questão 16 a) Certo b) Certo

Questão 17 a) Errado

Questão 18 a) Errado

Questão 19 a) Errado

Questão 20 a) Errado

Questão 21 a) Errado

Questão 22 a) Errado b) Certo

Questão 23 a) Certo b) Certo

Questão 24 a) Certo b) Errado

Questão 25: “D”

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GABARITO “SECO” CESPE/UnB (Mais Antigas)

Questão 01

a) Errado b) Errado c) Errado

Questão 02 a) Certo b) Certo c) Errado d) Certo

Questão 03 a) Errado b) Certo c) Certo

Questão 04 a) Certo b) Errado

Questão 05 a) Certo

b) Errado c) Errado d) Errado

Questão 06 a) Certo b) Certo

Questão 07 a) Errado