Aula 08 - Uniao Europeia

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  • POLTICA INTERNACIONAL

    Curso Diplomata | Av. Antonio Sales, 2187, salas 201/207. Aldeota Fortaleza Cear. Tiago Sobreira. 1

    AULA 8

    UNIO

    EUROPIA

    1. Porcentagens gerais de todos os assuntos da

    prova de Poltica Internacional, no total dos

    ltimos 8 anos.

    2. Nmero de itens sobre o assunto da aula,

    entre 2003 e 2010.

    3. PORCENTAGENS DO ASSUNTO DA AULA, EM

    CADA PROVA DE POLTICA INTERNACIONAL,

    DE 2003 A 2010.

    2003 4%

    2004 5%

    2005 11%

    2006 0%

    2007 0%

    2008 7%

    2009 0%

    2010 1%

    1. HISTRICO DA UNIO EUROPIA.

    1.1. PS-GUERRA, A CECA, OS TRATADOS DE ROMA

    E O TRATADO DE FUSO.

    A primeira organizao comunitria europia surgiu logo aps a Segunda Guerra Mundial, quando se afigurou necessrio reconstruir economicamente o continente europeu e assegurar uma paz duradoura.

    Foi assim que nasceu a idia de reunir a produo franco-alem de carvo e de ao e que surgiu a Comunidade Europia do Carvo e do Ao (CECA). Esta opo obedeceu a uma lgica no s econmica como poltica, visto que estas duas matrias-primas constituam a base da indstria e do poderio destes dois pases. O objetivo poltico subjacente era claramente o reforo da solidariedade franco-alem, o afastamento do espectro da guerra e a abertura de uma via para a integrao europia.

    O Ministro dos Negcios Estrangeiros da Repblica Francesa, Robert Schumman, props, na sua famosa declarao de 9 de Maio de 1950, que se colocasse a produo franco-alem de carvo e de ao sob a alada de uma Alta Autoridade comum, no mbito de uma organizao aberta participao de outros pases europeus. A iniciativa ficou conhecida como Plano Schumman.

    A Frana, a Alemanha, a Itlia, a Blgica, o Luxemburgo e os Pases Baixos aceitaram o desafio e comearam a negociar um tratado. Esta abordagem no respeitou a vontade inicial de Jean Monnet, alto funcionrio francs e inspirador da idia, que tinha

    Contedo de Leitura

    Anlise Estatstica

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    proposto um mecanismo mais simples e tecnocrtico. Contudo, os seis Estados fundadores no aceitaram um simples esboo, tendo chegado a acordo sobre uma centena de artigos que constituam um todo complexo.

    Por ltimo, o Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvo e do Ao foi assinado em Paris, em 18 de Abril de 1951, e entrou em vigor em 24 de Julho de 1952, com uma vigncia limitada a 50 anos. Os xitos da negociao da Ceca, combinados com a crescente ameaa da URSS, e em particular pela ecloso da Guerra da Coria (1950), levaram, pela primeira vez, a uma tentativa de estabelecer organizaes supranacionais mais ambiciosas, especialmente na rea da defesa e da poltica externa. As idias de cooperao formal nessas reas eram tambm impulsionadas pelos temores de que o aprofundamento da Aliana Atlntica propugnado pelos EUA levasse, cedo ou tarde, ao rearmamento da Alemanha, para o que a opinio pblica europia no estava de fato ainda preparada.

    No quadro dessas limitaes, ganhava importncia no governo francs a tese de que poderia ser vivel a transposio da abordagem tcnica do Plano Schumman rea da defesa, sendo possvel vislumbrar um aprofundamento do federalismo parcial que vinha sendo bem aceito pelas opinies pblicas, meios polticos e pelos grupos dirigentes dos seis Estados-membros da Ceca (Frana, RFA, Itlia, Blgica, Pases Baixos e Luxemburgo) Assim, o Primeiro-Ministro Ren Pleven apresentou Assemblia Nacional da Frana em 24 de outubro de 1950, o projeto de uma Comunidade Europia de Defesa (CED), preparado pela mesma equipe que auxiliara Robert Schuman na elaborao das idias que levaram Ceca. A CED, no entanto, foi rejeitada pelo Parlamento Francs, afundando o projeto. Na Frana, a CED foi eqivocadamente confundida como sendo uma escolha sobre o rearmamento da Alemanha, e no como um projeto capaz de aprofundar e de tornar irreversvel a cooperao entre os Estados e as naes para o enfrentamento de problemas que se lhes apresentava comuns.

    O colapso da Comunidade Europia de Defesa (CED) trouxe consigo o congelamento automtico do projeto da Comunidade Poltica Europia (CPE), que deveria incorporar por seu turno a de defesa e a do carvo e do ao. Com esses reveses percebia-se no apenas a fora do conceito tradicional do Estado-nao, em especial na Frana e na Gr-Bretanha, mas tambm traduzia-se uma leitura exata de fluidez da cena internacional, que naquela conjuntura era caracterizada pela breve distenso na Guerra Fria vivida entre a morte de Stlin (1953) e a invaso da Hungria por foras soviticas (1956), o que certamente produziu em alguns meios polticos no propriamente um sentimento de maior segurana, mas certamente o afastamento da sensao de crise internacional permanente.

    A segunda fase de integrao na Europa Ocidental teve, pois, lugar contra o pano de fundo do malogro de dois esquemas grandiosos das comunidades poltica e de defesa e do modesto, mas no menos profundo, xito da Ceca. Jean Monnet organizou a criao de um Comit de Ao para os Estados Unidos da Europa, congregando lideranas polticas, empresariais e sindicais dos seis Estados-membros da Ceca, que se dedicaria desde j ao trabalho de sensibilizar os formadores de opinio e os membros dos parlamentos para a causa da construo da Europa, preparando o terreno para a apresentao dos acordos que comporiam os Tratados finais que foram assinados em Roma em 25 de maro de 1957, ratificados pelos parlamentos de todos os Estados-membros entre setembro e dezembro daquele ano, e entrariam em vigor em 1 de janeiro do ano seguinte. Estes tratados ficariam conhecidos como Tratados de Roma.

    O primeiro Tratado de Roma, que instituiu a Comunidade Econmica Europia (CEE), marco fundamental do processo de construo da Europa, tinha por objetivo precpuo estabelecer um mercado comum entre os parceiros, promovendo um desenvolvimento harmonioso das atividades econmicas, a sua expanso contnua e equilibrada, a melhora acelerada do nvel de vida das suas populaes e, evidentemente, de acordo com a letra do tratado, relaes mais estreitas entre os Estados europeus. O mercado comum que vinha de ser criado estabelecia uma unio aduaneira, que punha fim aos direitos alfandegrios e a outras formas de restries ao comrcio entre os membros, erigindo uma tarifa externa comum medidas que entrariam em vigor progressivamente, ao longo de um perodo de transio de doze anos.

    A criao do Mercado Comum Europeu (MCE), prevista dentro dos auspcios da CEE, importava tambm na abolio de outros obstculos, como aqueles que existiam na circulao do trabalho, dos bens e servios e dos capitais entre os Estados- membro, alm do estabelecimento de condies favorveis livre concorrncia, ficando proibidas formas danosas de proteo, discriminao e de associao entre os agentes econmicos. Por fim, a grande inovao portada pela letra do compromisso era a previso do estabelecimento de polticas comuns e j ficou estabelecida uma poltica agrcola, que teria os seus princpios depois refinados na Conferncia Agrcola de Stresa (3 a 12 de julho de 1958).

    O segundo Tratado de Roma institua tambm a Comunidade Europia de Energia Atmica (Euratom), que tinha o propsito de favorecer a formao e o crescimento de uma indstria nuclear europia, buscando

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    desenvolver uma poltica de pesquisa e difuso de conhecimentos, regulando o aprovisionamento de matrias-primas e incentivando investimentos pblicos e privados no desenvolvimento da capacidade de produo da indstria comum que vinha de ser criada.

    Os Tratados de 1957 tambm criaram instituies e mecanismos de deciso que permitiam a manifestao dos interesses nacionais e de uma viso comunitria. O equilbrio institucional assentava-se num "tringulo" constitudo pelos Conselhos de Ministros (para a CEE, Euratom e para a CECA), pelas Comisses (para CEE e para a Euratom) e pelo Parlamento Europeu ou Assemblia Parlamentar Europia, devendo todos os trs colaborar entre si. Os primeiros elaboravam as normas, as segundas apresentavam propostas e o Parlamento tinha um papel consultivo. Acessoriamente, este ltimo intervinha no processo de deciso um outro rgo consultivo, o Comit Econmico e Social.

    Na dcada de 60 o processo de integrao europeu enfrentaria novos obstculos. Charles de Gaulle, frente do governo francs era o empreendedor da politique de grandeur. Ao lder francs atribuda a reprovao de qualquer tentativa de integrao poltica europia que, para alm da comunidade econmica criada pelos Tratados de Roma, estabeleceria um sistema no qual a Frana perderia a sua independncia, uma vez que as decises seriam tomadas de maneira supranacional, ou seja, eventualmente impostas por uma maioria da qual o pas no tomaria parte. A Alemanha Ocidental do chanceler Konrad Adenauer parecia emprestar uma nfase igual na manuteno das boas relaes com a Frana e no desenvolvimento da Comunidade, e o acordo franco- alemo consubstanciado no Tratado do Eliseu de 1963 sublinhava esse ponto. No obstante, o veto da Frana em posteriores negociaes com a Gr-Bretanha acabou por criar uma desconfiana geral nas tticas francesas.

    Apesar dos obstculos ento a serem enfrentados, procedeu-se ao aprimoramento institucional da integrao, quando foi assinado o Tratado de Fuso em Bruxelas em 8 de abril de 1965. Este Tratado substituiu os trs Conselhos de Ministros ento existentes (CEE, CECA e Euratom de 1957), por um lado, e as duas Comisses (CEE, Euratom) e a Alta Autoridade (CECA), por outro, por um Conselho nico e uma Comisso nica. Para alm desta fuso administrativa, houve o estabelecimento de um oramento de funcionamento nico. 1.2. O ATO NICO EUROPEU E O TRATADO DE MAASTRICHT

    A construo da Europa evoluiu, ao longo da dcada de 1970, pela consolidao das instituies comunitrias, pelo amadurecimento do pensamento poltico e social em torno dos acertos e dos erros de todo o processo, mas tambm, pelos impactos da conjuntura de crise internacional, que tinha vertentes polticas e econmicas muito bem marcadas, e que contingenciavam o desenvolvimento das relaes econmicas intra e extra-europias.

    Apesar disso, de 1958 a 1970, a abolio dos direitos aduaneiros tem repercusses: o comrcio intracomunitrio multiplicado por seis, ao passo que as trocas comerciais da CEE com o resto do mundo so multiplicadas por trs. No mesmo perodo, o produto nacional bruto mdio da CEE aumenta 70%. Seguindo o padro dos grandes mercados continentais, como o dos Estados Unidos da Amrica, os agentes econmicos europeus sabem tirar proveito da dinamizao resultante da abertura das fronteiras. Os consumidores habituam-se a que lhes seja proposta uma gama cada vez mais variada de produtos importados. A dimenso europia torna-se uma realidade.

    O objetivo do Tratado de Roma de criar um mercado comum havia sido parcialmente realizado nos anos sessenta, graas supresso dos direitos aduaneiros internos e das restries quantitativas s trocas comerciais. Mas os autores do Tratado haviam subestimado todo um conjunto de outros obstculos s os meios para adotarem as diretivas que eram necessrias.

    Tendo em vista a consecuo real do mercado comum, por iniciativa do deputado italiano Altiero Spinelli, criada a Comisso Parlamentar dos Assuntos Institucionais para elaborar um tratado que substitua as Comunidades existentes por uma Unio Europia. O Parlamento Europeu adota o projeto de Tratado em 14 de Fevereiro de 1984.

    Quando Jacques Delors foi nomeado para a presidncia da Comisso das Comunidades em 1 de janeiro 1985, a sua prpria anlise dos sintomas apresentados pela Europa (letargia crnica, alta vulnerabilidade s crises externas, insegurana identitria, que levavam a repetidos e insistentes rompantes de relanamento) o fez crer que o nico meio para a retomada do processo seria a realizao da nica medida nunca empreendida e que era uma das razes da parceria que se construa desde os anos 50, qual seja, a do estabelecimento de um verdadeiro mercado nico. Tendo essa idia por base, a Comisso Europia sob a liderana de Delors entregou-se a preparar um completo estudo com a proposio de medidas tendentes realizao do espao econmico sem fronteiras,

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    permitindo a livre circulao de bens, capitais e trabalho, que foi submetido ao Conselho Europeu reunido em Milo em maio de 1985. A Comisso, ento, publica um Livro Branco em que identifica 279 medidas legislativas necessrias para a realizao do mercado interno. Prope igualmente um calendrio e a data-limite de 31 de Dezembro de 1992 para a realizao desse objetivo. Este Livro Branco, ao enumerar trs centenas de medidas necessrias para a real efetivao do mercado comum, indicava, como medida fundamental, a necessidade da abertura de negociaes para um novo tratado, que codificaria em um nico diploma os avanos empreendidos nas ltimas dcadas nos textos dos tratados de fundao, as suas emendas, os procedimentos de cooperao poltica e as prticas procedimentais aprendidas com a experincia. Assim sendo, o Ato nico Europeu foi assinado em Luxemburgo em 28 de fevereiro de 1986, entrando em vigor em 1 de janeiro do ano seguinte.

    Ao objetivo do grande mercado interno, o Ato nico associa estreitamente outro de importncia to fundamental como o primeiro: o da coeso econmica e social. A Europa cria assim polticas estruturais em benefcio das regies com atrasos de desenvolvimento ou que tenham sido atingidas por mutaes tecnolgicas e industriais. Promove igualmente a cooperao em matria de investigao e de desenvolvimento. Por ltimo, toma em considerao a dimenso social do mercado interno: no esprito dos governantes da Unio, o bom funcionamento do mercado interno e uma concorrncia s entre as empresas so indissociveis do objetivo constante que consiste na melhoria das condies de vida e de trabalho dos cidados europeus.

    Prosseguindo ao calendrio de doze anos previsto no Ato nico, intervalo necessrio s implementaes das metas de integrao, e impulsionado pela necessidade de uma Europa unida aps a reestruturao do condomnio de poder mundial aps a queda do muro de Berlim e aps o fim da URSS, seria firmado pelos ministros dos Negcios Estrangeiros e das Finanas de todos os Estados-membros na mesma cidade holandesa em 9 de fevereiro de 1992 o Tratado da Unio Europia.

    Com o tratado surgia uma nova organizao, a Unio Europia, que se estabelecia sobre trs pilares: as Comunidades Europias, a Poltica Externa e de Segurana Comum (Pesc), e a cooperao nos campos da justia e das questes internas, em que se costuravam princpios gerais, ressaltando-se o da subsidiariedade, do respeito democracia e aos direitos humanos, e guiados por uma estrutura institucional de natureza supranacional encabeada pelo Conselho Europeu. O ncleo de Maastricht, entretanto, era o estabelecimento da Unio Econmica e Monetria, pela qual no mais tardar a 1 de janeiro de 1999 as moedas nacionais dos Estados-membro seriam substitudas por uma moeda nica, estando capacitados os pases que provassem estar gozando de boas condies econmica e financeiras, verificveis com base em cinco critrios: estabilidade da taxa de cmbio, nvel das taxas de juros, equilbrio oramentrio e capacidade de controle sobre os dficits pblicos, limitao das dvidas pblicas e, finalmente, estabilidade interna de preos.

    2. SUMRIO DOS TRATADOS DE INTEGRAO EUROPIA.

    Tratado de Bruxelas, designado por "Tratado de Fuso" (1965) Este Tratado substitui, por um lado, os trs Conselhos de Ministros (CEE, CECA e Euratom) e, por outro, as duas Comisses (CEE, Euratom) e a Alta Autoridade (CECA) por um Conselho nico e uma Comisso nica. Para alm dessa fuso administrativa, foi criado um oramento de funcionamento nico. Tratado que altera algumas disposies oramentais (1970) Este Tratado substitui o sistema de financiamento das Comunidades por meio das contribuies dos Estados-membros pelo sistema dos recursos prprios. Institui igualmente um oramento nico para as Comunidades. Tratado que altera algumas disposies financeiras (1975) Este Tratado confere ao Parlamento Europeu o direito de rejeitar o oramento e de dar quitao Comisso sobre a sua execuo. Institui igualmente um Tribunal de Contas nico para as trs Comunidades, que constitui um organismo de controle contabilstico e de gesto financeira. Tratado sobre a Groelndia (1984) Este Tratado pe termo aplicao dos Tratados ao territrio da Groelndia e estabelece relaes especiais entre a Comunidade Europeia e a Groelndia, utilizando como modelo o regime aplicvel aos territrios ultramarinos.

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    Ato nico Europeu (1986) O Ato nico Europeu constitui a primeira grande reforma dos Tratados. Permite a extenso dos casos de votao por maioria qualificada no Conselho, o reforo do papel do Parlamento Europeu (procedimento de cooperao) e o alargamento das competncias comunitrias. Introduz o objetivo de realizao do mercado interno at 1992. Tratado sobre a Unio Europeia, designado por "Tratado de Maastricht" (1992) O Tratado de Maastricht congrega numa s entidade a Unio Europeia, as trs Comunidades (Euratom, CECA, CEE) e as cooperaes institucionalizadas nos domnios da poltica externa, da defesa, da polcia e da justia. A CEE passa a ser designada por CE. Alm disso, este Tratado cria a Unio Econmica e Monetria, institui novas polticas comunitrias (educao, cultura) e alarga as competncias do Parlamento Europeu (procedimento de codeciso). Tratado de Amsterd (1997) O Tratado de Amsterd permitiu alargar as competncias da Unio mediante a criao de uma poltica comunitria de emprego, a comunitarizao de uma parte das questes que eram anteriormente da competncia da cooperao no domnio da justia e dos assuntos internos, as medidas destinadas a aproximar a Unio dos seus cidados e a possibilidade de formas de cooperao mais estreitas entre alguns Estados-Membros (cooperaes reforadas). Por outro lado, alargou o procedimento de co-deciso, bem como a votao por maioria qualificada, e introduziu a simplificao e a uma nova numerao dos artigos dos tratados. Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia (2000) A Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia (UE) representa a sntese dos vaores comuns dos Estados-Membros da UE e, pela primeira vez, rene num nico texto os direitos civis e polticos clssicos, bem como os direitos econmicos e sociais. Os objetives so explicados no prembulo: " necessrio, conferindo-lhes maior visibilidade por meio de uma Carta, reforar a proteo dos direitos fundamentais, luz da evoluo da sociedade, do progresso social e da evoluo cientfica e tecnolgica". TRATADO DE LISBOA (2007). O Tratado de Lisboa entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009, pondo assim termo a vrios anos de negociaes sobre questes institucionais. O Tratado de Lisboa altera, sem os substituir, os tratados da Unio Europia e da Comunidade Europia atualmente em vigor. O Tratado confere Unio o quadro jurdico e os instrumentos necessrios para fazer face aos desafios futuros e responder s expectativas dos cidados.

    1. Uma Europa mais democrtica e transparente, com um papel reforado para o Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais, mais oportunidades para que os cidados faam ouvir a sua voz e uma definio mais clara de quem faz o qu aos nveis europeu e nacional.

    Um papel reforado para o Parlamento Europeu: o Parlamento Europeu, diretamente eleito pelos cidados da Unio Europeia, dispe de novos poderes importantes no que se refere legislao e ao oramento da Unio Europeia, bem como aos acordos internacionais. Em especial, em relao maior parte da legislao da Unio Europeia, o recurso mais frequente co-deciso no processo de deciso poltica coloca o Parlamento Europeu em p de igualdade com o Conselho.

    Uma maior participao dos parlamentos nacionais: os parlamentos nacionais tm mais oportunidades de participar no trabalho da Unio, nomeadamente graas a um novo mecanismo que lhes permite assegurar que a Unio s intervenha nos casos em que a sua interveno permita obter melhores resultados do que uma interveno a nvel nacional (subsidiariedade). Em conjunto com o maior peso do Parlamento Europeu, a participao dos parlamentos nacionais reforar a democracia e conferir uma legitimidade acrescida ao funcionamento da Unio.

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    Uma voz mais forte para os cidados: um grupo de, pelo menos, um milho de cidados de um nmero significativo de Estados-Membros pode solicitar Comisso que apresente novas propostas polticas.

    Quem faz o qu: uma classificao mais precisa das competncias permite uma maior clarificao da relao entre os Estados-Membros e a Unio Europeia.

    Sada da Unio: pela primeira vez, o Tratado de Lisboa reconhece explicitamente a possibilidade de um Estado Membro sair da Unio.

    2. Uma Europa mais eficiente, com regras de votao e mtodos de trabalho simplificados, instituies modernas e um funcionamento mais racional adaptados a uma Unio Europeia com 27 Estados-Membros e maior capacidade de interveno nas reas prioritrias de hoje.

    Maior eficincia no processo de tomada de deciso: a votao por maioria qualificada no Conselho alargada a novas reas polticas para acelerar o processo de tomada de deciso e reforar a sua eficincia. A partir de 2014, o clculo da maioria qualificada basear-se- numa dupla maioria de Estados-Membros e de populao, representando assim a dupla legitimidade da Unio. Para ser aprovada por dupla maioria, uma deciso deve receber o voto favorvel de 55 % dos Estados-Membros representando, pelo menos, 65 % da populao da Unio.

    Um quadro institucional mais estvel e simplificado: o Tratado de Lisboa cria a funo de Presidente do Conselho Europeu, com um mandato de dois anos e meio; introduz uma relao direta entre a eleio do Presidente da Comisso e os resultados das eleies europeias; prev novas disposies para a futura composio do Parlamento Europeu e introduz regras mais claras no que se refere ao reforo da cooperao e s disposies financeiras.

    Uma vida melhor para os europeus:o Tratado de Lisboa d mais poderes aos cidados da Unio Europeia para intervirem em vrias reas polticas de grande importncia, por exemplo, na rea da liberdade, segurana e justia, com destaque para o combate ao terrorismo e criminalidade. So igualmente abrangidas outras reas como a poltica energtica, a sade pblica, a proteo civil, as alteraes climticas, os servios de interesse geral, a investigao, o espao, a coeso territorial, a poltica comercial, a ajuda humanitria, o desporto, o turismo e a cooperao administrativa.

    3. Uma Europa de direitos e valores, liberdade, solidariedade e segurana, com a defesa dos valores da Unio, a introduo da Carta dos Direitos Fundamentais no direito primrio europeu, a criao de novos mecanismos de solidariedade e a garantia de uma melhor proteo para os cidados europeus.

    Valores democrticos: o Tratado de Lisboa especifica e refora os valores e objetivos que orientam a Unio. Alm de serem uma referncia para os cidados europeus, estes valores mostram ao resto do mundo o que a Europa tem para oferecer.

    Os direitos dos cidados e a Carta dos Direitos Fundamentais: o Tratado de Lisboa consagra direitos existentes e cria novos direitos. Em especial, garante as liberdades e os princpios estabelecidos na Carta dos Direitos Fundamentais e confere um carter juridicamente vinculativo s suas disposies. Consagra os direitos civis, polticos, econmicos e sociais.

    Liberdades dos cidados europeus: o Tratado de Lisboa protege e refora as quatro liberdades e a liberdade poltica, econmica e social dos cidados europeus.

    Solidariedade entre Estados-Membros: o Tratado de Lisboa prev que a Unio e os seus Estados-Membros ajam em conjunto, num esprito de solidariedade, se um Estado-Membro for vtima de um atentado terrorista ou de uma catstrofe natural ou provocada pela ao humana. igualmente posta em destaque a solidariedade no domnio da energia.

    Mais segurana para todos: a Unio tem agora mais capacidade para intervir nas reas da liberdade, segurana e justia e, por conseguinte, para lutar contra o crime e o terrorismo. As novas disposies em termos de proteo civil, ajuda humanitria e sade pblica tm igualmente como

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    objetivo reforar a capacidade de reao da Unio em caso de ameaa contra a segurana dos cidados europeus.

    4. A Europa assume maior protagonismo na cena mundial atravs da articulao dos diferentes instrumentos de poltica externa da Unio, tanto na elaborao como na adopo de novas polticas. O Tratado de Lisboa permite Europa assumir uma posio clara nas relaes com os seus parceiros e tirar maior partido das suas vantagens econmicas, humanitrias, polticas e diplomticas a fim de promover os interesses e valores europeus em todo o mundo, no respeito pelos interesses individuais dos Estados-Membros em matria de poltica externa.

    A criao do novo cargo de Alto Representante para os Negcios Estrangeiros e a Poltica de Segurana e Vice Presidente da Comisso reforar o impacto, a coerncia e a visibilidade da aco externa da Unio Europeia.

    Um novo servio europeu para a aco externa apoiar o Alto Representante. O fato de a Unio passar a ter uma personalidade jurdica nica reforar o seu poder de

    negociao, contribuindo para o aumento da sua influncia na cena mundial e tornando-a mais visvel para os outros pases e as organizaes internacionais.

    No que se refere poltica europeia de segurana e defesa, o Tratado prev disposies especiais para a tomada de deciso e prepara o caminho para uma cooperao reforada no mbito de um pequeno grupo de Estados-Membros.

    RESUMO: Quais as principais alteraes institucionais introduzidas pelo Tratado? Contrariamente aos Tratados em vigor, o Tratado de Lisboa permite que cada Estado-Membro continue a ter um Comissrio na Comisso. O Parlamento Europeu tem um nmero mximo de 751 deputados. O nmero de deputados por Estado-Membro variar entre 96 e 6. O Tratado cria um novo cargo permanente de Presidente do Conselho Europeu, nomeado por um perodo de dois anos e meio pelo prprio Conselho Europeu, o que d mais continuidade e estabilidade ao trabalho da instituio. igualmente criada a funo de Alto Representante para os Negcios Estrangeiros e a Poltica de Segurana. O titular do cargo igualmente Vice-Presidente da Comisso e preside ao Conselho dos Negcios Estrangeiros. A coerncia da ao externa da UE assim reforada e o facto de se dar um rosto Unio aumenta a sua visibilidade na cena mundial.

    3. PRINCIPAIS RGOS E INSTITUIES DA UNIO EUROPIA.

    A Unio Europia (UE) no uma federao como os Estados Unidos da Amrica, nem uma mera organizao de cooperao entre governos como as Naes Unidas. Possui, de fato, um carter nico. Os pases que pertencem UE -os seus Estados Membros- continuam a ser naes soberanas e independentes, mas congregaram as suas soberanias em algumas reas para ganharem uma fora e uma influncia no mundo que no poderiam obter isoladamente.

    Congregao de soberanias significa, na prtica, que os Estados Membros delegam alguns dos seus poderes em instituies comuns que criaram, de modo a assegurar que os assuntos de interesse comum possam ser decididos democraticamente ao nvel europeu.

    O processo de tomada de decises na UE, em geral, e o processo de co-deciso em particular, envolve as trs principais instituies:

    o Parlamento Europeu, diretamente eleito, que representa os cidados da UE; o Conselho da Unio Europia, que representa os Estados Membros; a Comisso Europia, que deve defender os interesses de toda a Unio.

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    Este tringulo institucional est na origem das polticas e da legislao que se aplicam em toda a UE. Em princpio, a Comisso que prope nova legislao, mas so o Parlamento e o Conselho que a adotam. Em seguida, a

    Comisso e os Estados-Membros executamna e a Comisso vigia o seu cumprimento. Duas outras instituies desempenham um papel fundamental: o Tribunal de Justia que assegura o

    cumprimento da legislao europia, e o Tribunal de Contas, que fiscaliza o financiamento das atividades da Unio. Os poderes e as responsabilidades destas instituies foram estabelecidos pelos Tratados, que constituem a

    base para tudo o que a Unio Europia faz e neles esto tambm consagradas as regras e os procedimentos que as instituies da UE devem seguir. Os Tratados so aprovados pelos presidentes e/ou os primeiros-ministros de todos os Estados Membros da UE e so ratificados pelo Conselho Europeu - Uma instituio oficial da UE.

    a. O CONSELHO EUROPEU

    O Conselho Europeu define as orientaes e prioridades polticas gerais da Unio Europia. Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa em 1 de Dezembro de 2009, o Conselho Europeu passou a ser uma instituio. O seu Presidente Herman Van Rompuy.

    Apresentam se a seguir algumas questes sobre a natureza e as funes do Conselho Europeu, com as respostas que lhes d o artigo 15. do Tratado da Unio Europia (a primeira parte do Tratado de Lisboa). O que faz o Conselho Europeu?

    O Conselho Europeu d Unio os impulsos necessrios ao seu desenvolvimento e define as orientaes e prioridades polticas gerais da Unio. O Conselho Europeu no exerce funo legislativa. Quem so os membros do Conselho Europeu?

    O Conselho Europeu composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros, bem como pelo seu Presidente e pelo Presidente da Comisso. O Alto Representante da Unio para os Negcios Estrangeiros e a Poltica de Segurana participa nos seus trabalhos.

    Quando a ordem de trabalhos o exija, os membros do Conselho Europeu podem decidir que cada um ser assistido por um ministro e, no caso do Presidente da Comisso, por um membro da Comisso. Com que frequncia se rene?

    O Conselho Europeu rene se duas vezes por semestre, por convocao do seu Presidente. Quando a situao o exija, o Presidente convocar uma reunio extraordinria do Conselho Europeu. De que modo toma o Conselho Europeu as suas decises?

    O Conselho Europeu pronuncia-se normalmente por consenso. Em alguns casos, adota decises por unanimidade ou por maioria qualificada, em funo do que determinam os Tratados. Como escolhe o Conselho Europeu o seu Presidente? Qual a durao do mandato do Presidente?

    O Conselho Europeu elege o seu Presidente por maioria qualificada. O mandato do Presidente de dois anos e meio, renovvel uma vez.

    O Conselho Europeu rene-se habitualmente em Bruxelas, no edifcio Justus Lipsius. assistido pelo Secretariado Geral do Conselho. Breve retrospectiva da histria do Conselho Europeu

    O Conselho Europeu foi criado em 1974 com a inteno de proporcionar aos Chefes de Estado ou de Governo uma instncia informal de debate, tendo se rapidamente transformado no rgo chamado a fixar objetivos para a Unio e a definir as vias para os atingir, em todos os domnios de atividade da UE. O Conselho Europeu adquiriu um estatuto formal em 1992, com o Tratado de Maastricht, nos termos do qual a sua funo consiste em dar Unio os impulsos necessrios ao seu desenvolvimento e definir as respectivas orientaes polticas gerais. A partir de 1 de Dezembro de 2009, com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, tornou se uma das sete instituies da Unio dos Parlamentos nacionais.

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    b. O CONSELHO DA UNIO EUROPIA

    O Conselho o principal rgo de tomada de decises da UE. Tal como o Parlamento Europeu, o Conselho

    foi institudo pelos Tratados constitutivos na dcada de cinqenta. Representa os EstadosMembros, e nas suas reunies participa um ministro do governo nacional de cada um dos pases da UE.

    O ministro que tem de participar depende do tema a tratar. Se, por exemplo, o Conselho se destina a tratar assuntos ambientais, participam na respectiva reunio os Ministros do Ambiente de todos os pases da UE. Trata-se ento do Conselho Ambiente.

    As relaes da UE com o resto do mundo so tratadas no Conselho Assuntos Gerais e Relaes Externas. No entanto, o Conselho, neste tipo de configurao, tem tambm uma responsabilidade poltica mais genrica e, por esse motivo, nas suas reunies podem participar outros ministros e secretrios de Estado, consoante seja decidido pelos respectivos governos. Conselho da Unio Europia Conselho Assuntos Gerais e Relaes Externas.

    Existem nove diferentes configuraes do Conselho: * Assuntos Gerais e Relaes Externas * Assuntos Econmicos e Financeiros (ECOFIN) * Justia e Assuntos Internos (JAI) * Emprego, Poltica Social, Sade e Proteo dos Consumidores * Competitividade * Transportes, Telecomunicaes e Energia * Agricultura e Pescas * Ambiente * Educao, Cultura e Juventude

    Cada ministro que participa num Conselho tem competncia para vincular o seu governo. Por outras palavras, a assinatura do ministro obriga todo o seu governo. Alm disso, cada ministro que participa no Conselho responsvel perante o seu Parlamento nacional e perante os cidados que esse Parlamento representa. Est assim assegurada a legitimidade democrtica das decises do Conselho.

    Quatro vezes por ano, os presidentes e/ou os primeirosministros dos EstadosMembros, bem como o Presidente da Comisso Europia, renemse no mbito do Conselho Europeu. Estas reunies determinam as grandes polticas da UE e resolvem questes que no puderam ser decididas a um nvel inferior (ou seja, pelos ministros nas reunies normais do Conselho). Dada a importncia dos debates do Conselho Europeu, freqente que estes se prolonguem pela madrugada, atraindo grande ateno por parte dos meios de comunicao social. O que faz o Conselho? O Conselho tem seis responsabilidades essenciais: 1. Adotar os atos legislativos europeus conjuntamente com o Parlamento Europeu em muitos domnios polticos.

    2. Coordenar, em linhas gerais, as polticas econmicas dos EstadosMembros. 3. Celebrar acordos internacionais entre a UE e outros pases ou organizaes internacionais. 4. Aprovar, conjuntamente com o Parlamento Europeu, o oramento da UE. 5. Desenvolver a Poltica Externa e de Segurana Comum da UE (PESC) com base em diretrizes fixadas pelo Conselho Europeu.

    6. Coordenar a cooperao entre os tribunais e as foras policiais nacionais dos EstadosMembros em matria penal.

    A maior parte destas responsabilidades esto relacionadas com os domnios de atuao comunitrios - isto

    , os domnios de atuao em que os EstadosMembros decidiram congregar as respectivas soberanias e delegar os poderes de deciso nas instituies da UE. Trata-se do chamado primeiro pilar da Unio Europia. No entanto, as duas ltimas destas seis responsabilidades esto relacionadas com domnios de atuao em que os

    EstadosMembros no delegaram os seus poderes, limitando-se a uma cooperao mtua. a chamada cooperao intergovernamental, que abrange o segundo e o terceiro pilares da Unio Europia.

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    Estas funes so seguidamente descritas com mais pormenor.

    1. Legislao Grande parte da legislao da UE adotada conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento. Regra geral, o Conselho s atua sob proposta da Comisso, e a Comisso tem normalmente a responsabilidade por assegurar que a legislao da UE, aps ser adotada, corretamente aplicada.

    2. Coordenao das polticas dos EstadosMembros Os pases da UE decidiram que querem ter uma poltica econmica geral baseada numa estreita coordenao entre as respectivas polticas econmicas nacionais. Esta coordenao realizada pelos Ministros da Economia e Finanas, que constituem coletivamente o Conselho dos Assuntos Econmicos e Financeiros (ECOFIN). Querem igualmente criar mais postos de trabalho e melhorar a educao, a sade e os sistemas de segurana social. Embora os pases da UE sejam responsveis pelas suas prprias polticas nacionais nestes domnios, podem acordar objetivos comuns e aprender com as experincias dos outros para determinar aquilo que funciona melhor. Este processo conhecido pela designao de mtodo aberto de coordenao e tem lugar no Conselho.

    3. Celebrao de acordos internacionais Todos os anos o Conselho celebra (isto , assina oficialmente) vrios acordos entre a Unio Europia e pases no pertencentes UE, bem como com organizaes internacionais. Estes acordos cobrem grandes reas, como o comrcio e a cooperao para o desenvolvimento, ou tratam de domnios especficos como os txteis, as pescas, a cincia e a tecnologia, os transportes, etc.

    Alm disso, o Conselho pode celebrar convenes entre os EstadosMembros da UE em domnios como a fiscalidade, o direito das sociedades ou a proteo consular. As convenes podem igualmente incidir sobre questes relacionadas com a liberdade, a segurana e a justia.

    4. Aprovao do oramento da UE O oramento anual da UE decidido conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu.

    5. Poltica Externa e de Segurana Comum

    Os EstadosMembros esto a trabalhar para desenvolver uma Poltica Externa e de Segurana Comum (PESC). No entanto, reas como a poltica externa e a segurana e a defesa so matrias em que cada governo nacional mantm

    um controle independente. Nestas reas no houve congregao das soberanias nacionais dos EstadosMembros e, por isso, o Parlamento e a Comisso Europia tm papis bastante limitados. No entanto, os pases da UE tm muito a ganhar se trabalharem conjuntamente nestas reas e o Conselho o principal frum em que se concretiza esta cooperao intergovernamental. Para poder reagir de forma mais eficaz a crises internacionais, a Unio Europia criou uma Fora de Reao Rpida. No se trata, no entanto, dum exrcito europeu. Os efetivos continuam a pertencer s respectivas foras armadas nacionais e a permanecer sob o seu comando nacional, e a sua misso est limitada a assegurar a ajuda humanitria, o salvamento, a manuteno da paz e outras tarefas de gesto de crises. Em 2003, por exemplo, a UE levou a cabo uma operao militar (nome de cdigo Artemis) na Repblica Democrtica do Congo e, em 2004, deu incio a uma operao de manuteno da paz (nome de cdigo Althea) na Bsnia e Herzegovina.

    6. Liberdade, segurana e justia Os cidados da UE tm a liberdade de residir e trabalhar no pas da UE que escolherem e, por isso, devem beneficiar de igualdade de acesso justia civil em toda a Unio Europia. Por conseguinte, os tribunais nacionais devem trabalhar em conjunto para assegurar que uma sentena proferida por um tribunal num determinado

    EstadoMembro num processo de divrcio ou de custdia dos filhos reconhecida em todos os outros pases da UE. A liberdade de circulao na UE proporciona grandes benefcios aos cidados que respeitam a lei, mas tambm explorada por criminosos e terroristas internacionais. Para combater a criminalidade transfronteiria, preciso que haja cooperao entre os tribunais nacionais, as foras policiais, os funcionrios aduaneiros e os servios de imigrao de todos os pases da UE.

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    necessrio assegurar, por exemplo, * que as fronteiras externas da UE sejam eficazmente policiadas; * que os funcionrios aduaneiros e policiais troquem informaes acerca da movimentao das pessoas suspeitas de trfico de drogas e de seres humanos; * que os requerentes de asilo sejam avaliados e tratados da mesma forma em toda a UE, de modo a evitar que procurem os pases que oferecem as melhores condies. Este tipo de questes tratado pelo Conselho Justia e Assuntos Internos, isto , pelos Ministros da Justia e dos

    Assuntos Internos dos EstadosMembros. O objetivo criar um espao de liberdade, de segurana e de justia dentro das fronteiras da UE.

    COREPER

    Em Bruxelas, cada EstadoMembro da UE tem uma Representao Permanente que defende os seus interesses nacionais junto da UE. O Chefe da Representao Permanente , de fato, o Embaixador do seu pas junto da UE. Estes embaixadores (conhecidos por representantes permanentes) renem-se semanalmente no Comit dos Representantes Permanentes (COREPER). O papel deste Comit consiste em preparar os trabalhos do Conselho, com exceo da maioria das questes agrcolas, que so preparadas por um Comit Especial da Agricultura. O COREPER assistido por vrios grupos de trabalho compostos por funcionrios das administraes nacionais.

    A Presidncia do Conselho A Presidncia do Conselho objeto de rotao de seis em seis meses. Por outras palavras, cada pas da UE dirige a agenda do Conselho por perodos sucessivos de seis meses, assegurando a presidncia de todas as reunies e

    promovendo os compromissos necessrios entre os diversos EstadosMembros. Se, por exemplo, o Conselho do Ambiente estiver programado para a segunda metade de 2006, j se sabe que ser presidido pelo Ministro do Ambiente finlands, dado que a Finlndia assegurar a Presidncia do Conselho nesse perodo.

    O Secretariado-Geral A Presidncia assistida pelo Secretariado-Geral, que prepara e assegura o correto funcionamento dos trabalhos do Conselho a todos os nveis. Em 2004, Javier Solana voltou a ser nomeado Secretrio-Geral do Conselho e, simultaneamente, Alto Representante para a Poltica Externa e de Segurana Comum (PESC), j que no havia entrado em vigor o Tratado de Lisboa. Nessa capacidade, ajuda a coordenar a ao da UE no plano mundial. Nos termos do novo Tratado de Lisboa, o Alto Representante ser substitudo pelo Ministro dos Negcios Estrangeiros da UE. O Secretrio-Geral assistido por um Secretrio-Geral-Adjunto, responsvel pelo Secretariado-Geral do Conselho. As decises do Conselho so adotadas por votao. Quanto maior for a populao de um pas, mais votos este tem, mas os nmeros so ponderados de modo a favorecer os pases com menor populao.

    Votao por maioria qualificada Em alguns domnios particularmente sensveis, tais como a poltica externa e de segurana comum, a fiscalidade e a poltica em matria de asilo e imigrao, as decises do Conselho s podem ser adotadas por unanimidade. Por outras palavras, todos os Estados-Membros tm direito de veto nestas matrias. No entanto, na maioria dos domnios, o Conselho decide por maioria qualificada.

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    c. O PARLAMENTO EUROPEU

    O Parlamento Europeu (PE) diretamente eleito pelos cidados da Unio Europia para representar os seus interesses. As suas origens remontam aos anos cinqenta e aos Tratados constitutivos e, desde 1979, os seus deputados so eleitos diretamente pelos cidados que representam.

    As eleies realizam-se de cinco em cinco anos e todos os cidados da UE tm direito a votar, bem como a

    apresentarse na qualidade de candidatos, seja onde for que vivam na UE. O Parlamento exprime, portanto, a vontade democrtica dos perto de 500 milhes de cidados da Unio e representa os seus interesses nas discusses com as outras instituies da UE. As ltimas eleies tiveram lugar em Junho de 2009. O atual Parlamento conta com 736 deputados dos 27 pases da Unio Europia.

    Os deputados do Parlamento Europeus no esto organizados em blocos nacionais, mas sim em sete grupos polticos europeus, que representam todas as perspectivas acerca da integrao europia, da mais federalista mais abertamente euro cptica.

    Jerzy Buzek foi eleito Presidente do PE em 14 de Julho de 2009, por um perodo de dois anos e meio (at Janeiro de 2012). Onde a sede do Parlamento?

    O Parlamento Europeu tem trs locais de trabalho:Bruxelas (Blgica), Luxemburgo e Estrasburgo (Frana). Os servios administrativos (o Secretariado-Geral) esto sedeados no Luxemburgo. As reunies de todos os deputados

    do Parlamento, conhecidas por sesses plenrias, realizamse em Estrasburgo (Frana) e, por vezes, em Bruxelas. As reunies das comisses parlamentares tambm tm lugar em Bruxelas. O que faz o Parlamento? O Parlamento tem trs funes principais: 1. Adotar os atos legislativos europeus conjuntamente com o Conselho em numerosos domnios. O fato de o PE ser um rgo diretamente eleito pelos cidados garante a legitimidade democrtica da legislao europia. 2. O Parlamento exerce um controlo democrtico das outras instituies da UE, especialmente da Comisso. Tem poderes para aprovar ou rejeitar as nomeaes dos membros da Comisso, e tem o direito de adotar uma moo de censura de toda a Comisso. 3. O poder oramental:o Parlamento partilha com o Conselho a autoridade sobre o oramento da UE, o que significa que pode influenciar as despesas da Unio. No final do processo oramental, incumbe-lhe adotar ou rejeitar a totalidade do oramento.

    Estas trs funes so seguidamente descritas com mais pormenor.

    1. Adotar os atos legislativos europeus O processo mais usual para a adoo da legislao da UE o de co-deciso, que coloca o Parlamento Europeu e o Conselho em p de igualdade e se aplica legislao numa vasta gama de domnios. Nalguns domnios (por exemplo, a agricultura, a poltica econmica e a poltica em matria de vistos e de imigrao), s o Conselho pode legislar, mas obrigado a consultar o Parlamento. Alm disso, necessria a aprovao do Parlamento para certas decises importantes como a adeso de novos pases UE. O Parlamento contribui ainda para a elaborao de nova legislao, dado que tem de examinar o programa de trabalho anual da Comisso, determinando quais os novos atos legislativos que so necessrios e solicitando Comisso que apresente propostas nesse sentido. As sesses plenrias, para todos os deputados do PE, realizam-se normalmente em Estrasburgo (uma semana por ms) e ocasionalmente em Bruxelas (dois dias). 2. Controle democrtico O Parlamento exerce, em vrias circunstncias, um controlo democrtico das outras instituies europias.

    Quando indigitada uma nova Comisso, os seus membros so designados pelos governos dos EstadosMembros, mas no podem ser nomeados sem a aprovao do Parlamento. O Parlamento realiza audies com cada membro

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    individualmente, incluindo com o Presidente da Comisso indicado, e submete votao a aprovao do conjunto da Comisso. Durante todo o seu mandato, a Comisso permanece politicamente responsvel perante o Parlamento, que pode aprovar uma moo de censura que implica a demisso de toda a Comisso. Em termos mais gerais, o Parlamento exerce o seu controlo atravs da anlise peridica de relatrios enviados pela Comisso (o Relatrio Geral anual, relatrios sobre a execuo do oramento, etc.). Alm disso, os deputados do PE endeream regularmente perguntas Comisso, a que os membros da Comisso so, por lei, obrigados a responder. O Parlamento tambm acompanha os trabalhos do Conselho: os deputados do PE endeream regularmente perguntas ao Conselho e o Presidente do Conselho participa nas sesses plenrias do Parlamento e nos debates mais importantes. O Parlamento pode tambm exercer o seu controlo democrtico atravs da anlise das peties apresentadas por cidados e da instituio de comisses de inqurito. Por ltimo, o Parlamento contribui sempre para as reunies da UE (as reunies do Conselho Europeu). No incio de cada cimeira, o Presidente do Parlamento convidado a exprimir os pontos de vista e preocupaes do Parlamento sobre assuntos importantes e sobre as questes que figuram na agenda do Conselho Europeu. 3. O poder oramental O oramento anual da UE decidido conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento. O debate no Parlamento realiza-se em duas leituras sucessivas. O oramento s entra em vigor aps ser assinado pelo Presidente do Parlamento. A Comisso do Controlo Oramental (COCOBU) do Parlamento controla a execuo do oramento. Todos os anos, o Parlamento tem de decidir se aprova a forma como a Comisso executou o oramento do exerccio financeiro precedente. Este processo de aprovao tem a designao tcnica de quitao.

    d. A COMISSO EUROPIA

    A Comisso independente dos governos nacionais. Tem por misso representar e defender os interesses da Unio Europia no seu todo. Elabora novas propostas de legislao europia, que apresenta ao Parlamento Europeu e ao Conselho.

    tambm o brao executivo da UE, o que quer dizer que responsvel pela execuo das decises do Parlamento e do Conselho. Isto significa que a Comisso assegura a gesto corrente da Unio Europia: aplicar as polticas, executar os programas e utilizar os fundos.

    Tal como o Parlamento e o Conselho, a Comisso Europia foi criada nos anos cinqenta ao abrigo dos Tratados constitutivos. O que a Comisso? A Comisso composta por 27 membros um por cada Estado-Membro da UE. O termo Comisso usado em dois sentidos. O primeiro refere-se equipe de comissrios um por pas da UE designada para gerir a instituio e tomar as decises da sua competncia. O segundo diz respeito instituio em si e aos seus funcionrios. Informalmente, os Membros da Comisso so conhecidos por Comissrios. Todos eles desempenharam cargos polticos nos seus pases de origem, muitos ao nvel ministerial. Contudo, enquanto Membros da Comisso esto obrigados a zelar pelos interesses da Unio no seu conjunto, no recebendo instrues dos governos nacionais. De cinco em cinco anos, no prazo de seis meses aps as eleies para o Parlamento Europeu, nomeada uma nova Comisso. O procedimento o seguinte: Jos Manuel Barroso preside ao executivo da UE na qualidade de Presidente da Comisso Europia. Analisemos como se do os trabalhos da Comisso: * Os governos dos Estados Membros designam por comum acordo o novo Presidente da Comisso. * Parlamento aprova o Presidente designado da Comisso. * Presidente designado da Comisso, em concertao com os governos dos Estados Membros, escolhe os restantes membros da Comisso.

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    * Conselho adota a lista de candidatos por maioria qualificada e transmite-a ao Parlamento Europeu para aprovao. * Parlamento realiza audincias com cada candidato e d o seu parecer sobre a totalidade da equipa. * Aps aprovao do Parlamento, a nova Comisso formalmente designada pelo Conselho deliberando por maioria qualificada. A Comisso responde politicamente perante o Parlamento, que tem poderes para demitir toda a equipa mediante a adoo de uma moo de censura. Os Membros da Comisso devem apresentar a demisso se tal lhes for solicitado pelo Presidente, desde que os restantes Comissrios aprovem esta deciso. A Comisso participa em todas as sesses do Parlamento, durante as quais tem de explicar e justificar as polticas por segue. Responde tambm regularmente s questes orais e escritas que lhe so endereadas pelos deputados do Parlamento Europeu. O trabalho corrente da Comisso realizado pelos seus administradores, peritos, tradutores, intrpretes e pessoal administrativo,num total de cerca de 23 000 funcionrios europeus. Este nmero pode parecer muito elevado, mas na realidade inferior ao nmero de funcionrios de qualquer autarquia de mdia dimenso da Europa. Onde est sedeada a Comisso? A sede da Comisso situa-se em Bruxelas (Blgica). No entanto, a Comisso tem tambm servios no Luxemburgo, representaes em todos os pases da UE e delegaes (en) em muitas capitais de todo o mundo. O que faz a Comisso? A Comisso Europia tem quatro funes principais: 1. apresentar propostas legislativas ao Parlamento e ao Conselho; 2. gerir e executar as polticas e o oramento da UE; 3. garantir a aplicao do direito comunitrio (em conjunto com o Tribunal de Justia); 4. representar a Unio Europia ao nvel internacional, incumbindo-lhe, por exemplo, negociar acordos entre a

    UE e pases terceiros.

    1. Apresentar propostas legislativas A Comisso dispe do direito de iniciativa. Por outras palavras, s a Comisso pode apresentar as propostas de nova legislao, que depois transmite ao Parlamento e ao Conselho. Estas propostas devem ter em conta a defesa dos interesses da Unio e dos seus cidados e no interesses especficos de pases ou sectores. Antes de apresentar uma proposta, a Comisso tem de ter conhecimento das novas situaes e problemas existentes na Europa e determinar se a legislao da UE constitui a melhor soluo para os resolver, razo pela qual a Comisso est em contacto permanente com uma vasta gama de grupos de interesses, bem como com dois rgos consultivos - o Comit Econmico e Social Europeu e o Comit das Regies. A Comisso tambm consulta os Parlamentos e os governos nacionais. A Comisso apenas prope medidas ao nvel da UE se considerar que um determinado problema no pode ser solucionado de forma mais eficaz ao nvel nacional, regional ou local. A este princpio, que consiste em resolver os problemas ao nvel mais baixo possvel, d-se o nome de princpio de subsidiariedade. Se, contudo, a Comisso concluir que necessria legislao da UE, elabora uma proposta que, no seu entender, aborda o problema de forma adequada e satisfaz o leque mais diversificado possvel de interesses. Para as questes tcnicas, a Comisso consulta peritos que se renem em diversos comits e grupos de trabalho.

    2. Executar as polticas e o oramento da UE Na sua qualidade de rgo executivo da Unio Europia, a Comisso responsvel pela gesto e execuo do oramento da UE. A maior parte das atividades e das despesas so efetuadas pelas autoridades nacionais e locais, mas a Comisso que responsvel pelo seu controlo -- sob o olhar atento do Tribunal de Contas. As duas instituies procuram assegurar uma correta gesto financeira. O Parlamento Europeu s d quitao do oramento Comisso se considerar satisfatrio o relatrio anual do Tribunal de Contas. A Comisso gere igualmente as polticas adotadas pelo Parlamento e pelo Conselho, tais como a Poltica Agrcola Comum. Outro exemplo a poltica da concorrncia, domnio em que a Comisso tem poderes para autorizar ou proibir concentraes de empresas. A Comisso tambm se certifica de que os pases da UE no subsidiam as suas empresas de forma a provocar distores da concorrncia.

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    Como exemplos de programas da UE geridos pela Comisso referiram-se os programas Interreg e o Urban (respectivamente, criao de parcerias transfronteiras entre regies e apoio a zonas urbanas degradadas) ou o Erasmus, um programa de intercmbio de estudantes em toda a Europa.

    3. Garantir a aplicao do direito comunitrio A Comisso a guardi dos Tratados. Tal significa que, juntamente com o Tribunal de Justia, a Comisso zela pela

    correta aplicao da legislao da UE em todos os EstadosMembros. Se concluir que um determinado pas da UE no est a aplicar corretamente uma lei europia, no cumprindo, por conseguinte, as obrigaes jurdicas que lhe competem, a Comisso tomar as medidas adequadas para corrigir a situao. Comea por instaurar um procedimento denominado procedimento por infrao, que consiste em enviar ao governo do pas em causa uma carta oficial explicando as razes por que considera que esse pas est a infringir a legislao da UE. Na mesma carta, a Comisso indica um prazo para que lhe seja enviada uma resposta circunstanciada. Se este procedimento no for suficiente para resolver o problema, a Comisso obrigada a remeter o caso para o Tribunal de Justia, que tem poderes para aplicar sanes pecunirias. As sentenas do Tribunal so vinculativas para

    os EstadosMembros e as instituies da UE.

    4. Representar a UE a nvel internacional A Comisso Europia um importante porta-voz da Unio Europia no contexto internacional,o que permite aos

    EstadosMembros falar a uma s voz em instncias internacionais, tais como a Organizao Mundial do Comrcio. Incumbe igualmente Comisso negociar acordos internacionais em nome da UE. o caso, por exemplo, do Acordo de Cotonou, que institui uma vasta parceria de comrcio e ajuda entre a UE e os pases em desenvolvimento da frica, Carabas e Pacfico.

    Como est organizada a Comisso? Incumbe ao Presidente da Comisso decidir quais as funes a atribuir a cada Comissrio e, se necessrio, proceder a remodelaes em qualquer momento do mandato da Comisso. A Comisso rene uma vez por semana, normalmente s quartas-feiras, em Bruxelas. Cada ponto da agenda apresentado pelo Comissrio responsvel pela funo em causa e toda a equipa toma uma deciso coletiva sobre a matria. Os funcionrios da Comisso esto repartidos por departamentos, denominados Direes-Gerais (DG) e servios (tais como o Servio Jurdico). Cada DG responsvel por uma rea poltica especfica, sendo chefiada por um

    DiretorGeral que responde perante o Comissrio competente. A coordenao geral assegurada pelo SecretariadoGeral, que tambm organiza as reunies semanais da Comisso. chefiado por um SecretrioGeral que responde diretamente perante o Presidente. Compete s DG conceber e elaborar as propostas legislativas, as quais s so consideradas oficiais uma vez adotadas pela Comisso na sua reunio semanal. O procedimento o seguinte: Imagine-se, por exemplo, que a Comisso considera que necessrio criar legislao da UE para prevenir a poluio dos rios na Europa. A Direo-Geral do Ambiente elabora uma proposta, que ter em linha de conta as consultas prvias realizadas pela Comisso com representantes da indstria e dos agricultores, bem como com os ministrios do Ambiente e as organizaes ambientais nos Estados-membros. O projeto tambm discutido com os outros

    servios da Comisso e apreciado pelo Servio Jurdico e pelo SecretariadoGeral. Uma vez concludo este trabalho, a proposta inscrita na agenda de uma prxima reunio da Comisso. Se for aprovada por, pelo menos, 14 a 27 Comissrios, a proposta adotada pela Comisso, passando a contar com o apoio incondicional de toda a equipa. Em seguida, o documento submetido apreciao do Conselho e do Parlamento Europeu.

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    4. AS RELAES BRASILEIRAS COM A EUROPA E COM A UNIO EUROPIA.

    As relaes entre Brasil e Europa apiam historicamente sobre duas bases: uma social, abrangendo as

    dimenses tnicas e culturais; outra econmica, encerrando a forte relao da Unio Europeia e do Brasil no campo econmico-comercial. Em relao ao primeiro aspecto, as contribuies inglesas e francesas, da Independncia at a dcada de 1930, no domnio da cultura conviveram com a influncia tnica dos imigrantes portugueses, espanhis, italianos e alemes. Na base econmica, durante muito tempo prevaleceram laos estreitos com os ingleses, os quais foram perdendo espao para pases como Holanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Luxemburgo, Itlia e Sua no decorrer do sculo XX.

    Segundo Amado Luiz Cervo, entre os pases europeus, constituram-se dois grupos de influncias diferen-ciadas sobre o Brasil. Por um lado, Portugal, Espanha, Alemanha. Outros menores como Holanda, Romnia e Finlndia que agregaram elementos composio tnica e cultural. Por outro, a Frana delineou traos da cultura brasileira e a Inglaterra serviu de molde s instituies polticas quando era tomada, pelos homens de Estado do Brasil, como modelo de civilizao.

    O segundo grupo de influncia cultural e poltica foi sendo substitudo pelos Estados Unidos desde a proclamao da Repblica, no sem choque civilizatrio entre universalismo brasileiro e a carga ideolgica da poltica exterior norte-americana poca da Guerra Fria, bem como depois, na era da globalizao, com sua presuno da superioridade cidad e seu unilateralismo.

    Entre os tratados de 1810 com a Gr-Bretanha e a Revoluo de 1930, essa grande potncia europeia cedeu aos EUA sua preeminncia nas relaes comerciais e nos fluxos de capital. Entre 1930 e 1939, os alemes passaram a concorrer com os norte-americanos no fluxo de comrcio e capitais para o Brasil. De 1970 at hoje, a competio por equilbrio mantm-se entre os EUA e a Comunidade Econmica Europeia (CEE), depois Unio Europeia, conquanto tal competio venha cedendo ao de estruturas hegemnicas que unem europeus e norte-americanos como bloco de poder diante dos pases emergentes, "cada parte desejando definir os parmetros da governana global em favor de interesses prprios, cuja difcil convergncia se busca por meio das negociaes multilaterais. Relaes Brasil-UE

    A Unio Europeia e o Brasil estabeleceram relaes diplomticas em 1960. Consagrando os estreitos laos

    histricos, culturais, econmicos e polticos que os uniam. poca, houve preocupao por parte do governo Juscelino Kubitschek com o possvel aumento do protecionismo dos pases da CEE e dos benefcios tarifrios deste grupo em relao s suas ex-colnias. Mesmo assim, o Brasil foi o primeiro pas latino-americano a estabelecer uma misso diplomtica junto CEE, sendo Augusto Frederico Schmidt nosso primeiro embaixador.

    inda no referente ao comrcio de produtos primrios, cabe registrar que o governo

    brasileiro reagiu apreensivamente formao do Mercado Comum Europeu (MCE), em

    razo da concorrncia desigual que ele geraria entre as exportaes do pas e as

    oriundas dos ento chamados territrios no-autnomos. Na reunio do GATT, realizada em Genebra em

    outubro de 1957, Castro Vianna, membro da delegao brasileira, leu discurso vigoroso e claro de Jos Maria

    Alkmin, ministro da Fazenda, fixando a posio de seu governo em relao ao MCE. Segundo o entendimento

    brasileiro, o GATT, que fora criado com falhas de origem tendentes a no beneficiar os pases menos

    desenvolvidos, sofrera modificaes para, justamente, corrigi-las. Ao criar-se o Mercado Comum Europeu,

    houve reforo dessas falhas de origem do GATT, que conseqentemente contrariavam suas normas ento em

    vigor. O MCE, assim, beneficiava as naes que a ele pertenciam e as respectivas colnias, pois as vantagens

    comerciais eram tais que redundariam em prejuzo para as naes de economia primria. Apesar de fundado

    em bons princpios, o MCE s beneficiaria a um grupo de naes adiantadas.

    Com efeito, entre as naes signatrias do Tratado de Roma, que instituiu o MCE, havia mandatrias

    de territrios, e estes - exportadores de produtos primrios concorrentes com a produo brasileira seriam

    beneficiados por medidas de natureza alfandegria. Por ocasio da XIII Assemblia Geral da ONU, realizada em

    dezembro de 1958, o deputado Jos Joffily, falando pela delegao brasileira, significou as apreenses de seu

    A

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    pas e esforou-se por demonstrar que a chave para o desenvolvimento dos territrios no-autnomos era a

    reinverso de lucros, e no as barreiras alfandegrias, que desequilibrariam o comrcio internacional de

    produtos primrios, provocando prejuzos a outras reas subdesenvolvidas que dependiam basicamente da

    exportao de tais produtos para o mundo desenvolvido.

    Na gesto de Horcio Lafer no Ministrio das Relaes Exteriores, o governo brasileiro apresentou

    memorando Comunidade Econmica Europia (CEE), no qual manifestou sua inquietao a respeito da tarifa

    alfandegria comum que seria aplicada pelas naes dela integrantes s mercadorias originrias de terceiros

    pases, pois se previa aumento de direitos nos pases que mais importavam da Amrica Latina. Tal previso,

    reiterou, era agravada pela concorrncia dos territrios no-autnomos, favorecidos pelas tarifas do MCE.

    Assim, pleiteava o Brasil a "liberalizao de intercmbio e reduo dos direitos aduaneiros entre a Amrica

    Latina e os seis Estados da CEE". Reclamava, tambm, o memorando a estabilizao do preo das matrias-

    primas e contratos a longo prazo, em razo da deteriorao dos termos de troca; o financiamento, a longo

    prazo, do comrcio de bens entre aqueles e a Amrica Latina; e propunha uma coordenao dos investimentos

    e da cooperao tcnica. As gestes do governo brasileiro junto dos pases integrantes do MCE visando

    obteno do fim de discriminaes tarifrias que incidiam sobre exportaes de origem latino-americana

    prolongaram-se para alm do perodo JK1.

    Em 1962 h a adoo pelo Conselho dos primeiros regulamentos relativos poltica agrcola comum (PAC),

    instituda com a finalidade de estabelecer um mercado nico dos produtos agrcolas e de promover a solidariedade financeira atravs do Fundo Europeu de Orientao e Garantia Agrcola (FEOGA).

    Durante a dcada de 1970, as relaes entre a Comunidade Europeia e a Amrica Latina haviam avanado no campo econmico. Os pases europeus buscavam ampliar mercados para suas exportaes e para fontes supridoras de matrias-primas necessrias para a indstria do velho continente. Desde este perodo, a Comunidade Europeia mostrava preferncias pelo dilogo com o coletivo de pases da regio, em detrimento de interaes individuais. No incio dos anos 1970, por exemplo, estruturou-se o Grupo Latino-Americano de Bruxelas (Grula) - grupo que reunia os diplomatas latino-americanos de Bruxelas e membros da Comisso. Tratava-se de contatos entre embaixadores e funcionrios da CE que se limitavam a conversaes de natureza mais pragmtica, econmica.

    No que diz respeito s relaes do Brasil com pases europeus ocidentais, durante a dcada de 1970, com o pragmatismo responsvel, a diplomacia brasileira havia buscado maior aproximao com alguns destes pases, que ficou conhecida como "opo europeia". Esta iniciativa visava, por um lado diversificar os parceiros econmicos.

    A interrupo desta iniciativa ao final do governo Geisel trouxe um relativo esvaziamento da dimenso poltica dessas relaes durante toda a dcada de 1980 em termos bilaterais. As atuaes brasileiras neste campo limitaram-se aos dilogos inter-regionais da CE com a Amrica Central e com o Grupo do Rio.

    No decorrer da dcada de 1980, as relaes comerciais entre Brasil e CE seguiram baixo perfil. Em 1982, entrou em vigor o segundo acordo de Cooperao assinado entre CE e o Brasil, acrescentando aos tpicos do primeiro acordo apenas a formao de uma comisso mista que procurou operacionalizar os mecanismos de cooperao empresarial e cientfica previstos no acordo. Prevaleceu o endurecimento do protecionismo o Brasil perdeu benefcios do Sistema Geral de Preferncias, em 1981, quando foi graduado" - e uma economia protegida por parte do Brasil. Alm disso, a Poltica Agrcola Comum (PAC) configurou-se como obstculo s exportaes brasileiras. A entrada dos pases ibricos na Comunidade Europeia em 1986 no significou ganhos reais imediatos. No mbito do contato poltico, Brasil e Guiana Francesa demarcaram definitivamente suas fronteiras.

    O Brasil teve durante o perodo 1990-2009 ritmo no uniforme na estruturao do modelo econmico, com impacto na poltica externa brasileira para a Europa. Durante o governo de Collor de Mello, a diplomacia brasileira buscou se aproximar do espectro liderado pelos Estados Unidos e abandonar o perfil terceiro-mundista. Na administrao de Itamar Franco, mais desenvolvimentista, a diplomacia adere ideia das polaridades indefinidas; ordem instvel em que no estava pr-definido o lugar que cada um dos principais atores viria a ocupar. Com a ascenso de Fernando Henrique Cardoso, as ideias mais marcantes so a percepo da existncia de um concerto internacional; o novo conceito de soberania compartilhada (sujeio s normas dos regimes internacionais em um mundo de valores universais); e a ideia de autonomia pela integrao. A adeso aos regimes internacionais vista

    1 Histria da poltica exterior do Brasil / Amado Luiz Cervo, Clodoaldo Bueno. 2. ed. Braslia: Editora Universidade de Braslia, 2002. Pg. 298.

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    como elemento importante. Por fim, com o incio do governo de Lula da Silva, a diplomacia passou a dar mais prioridades para as questes poltico-estratgicas que se traduziram em um movimento mais proativo no campo comercial e, no campo poltico, a busca de forma mais incisiva no sentido de ampliar o papel do Pas na poltica internacional. No ps-Guerra Fria, necessita-se analisar trs processos importantes para a compreenso das relaes do Brasil com a regio":

    1. os pases europeus buscaram ampliar sua presena no cenrio internacional em termos tambm polticos e por meio de um comportamento baseado em valores e princpios inerentes ao modelo interno europeu: promoo da democracia, pluralismo poltico, defesa dos direitos humanos, defesa do meio ambiente, entre outros;

    2. a UE incrementou e desenvolveu o mecanismo de dilogos inter-regionais como forma de manter contatos

    com o mundo em desenvolvimento;

    3. a UE experimentou um aprofundamento da integrao com o Tratado de Maastricht e, por outro, experimentou dois momentos de expanso do bloco, incorporando novos Estados (1995, 2004 e 2007). Desde a perspectiva brasileira, o Brasil teve durante o perodo de 1990 a 2004 quatro presidentes e um ritmo no uniforme na estruturao do modelo econmico, que tiveram impactos na poltica externa.

    No que diz respeito s relaes da UE com o MERCOSUL, a assinatura do Tratado de Assuno em 1991

    despertou a ateno da CE, em particular da Comisso. O MERCOSUL era o principal parceiro comercial da CE na Amrica Latina e o principal receptor de investimentos na regio.

    Assim, os pases do MERCOSUL tomaram a iniciativa de apresentar Comisso uma proposta de acordo futuro de cooperao entre ambos. A resposta da CE por meio da Comisso foi a assinatura de um Acordo de Cooperao Interinstitucional, em 1992, visando a promover a capacidade das instituies do MERCOSUL por intermdio da cooperao tcnica.

    Em dezembro de 1994 - no ms da Cpula de Miami decidiu-se o incio das negociaes para um Acordo Marco Inter-regional da UE com os pases do MERCOSUL. Um ano depois, em dezembro de 1995, foi assinado o Acordo Marco Interrregional de Cooperao. Como outros acordos assinados pela UE no mesmo perodo, abrir-se-ia o caminho para a institucionalizao do dilogo e a cooperao em duas reas: liberalizao e promoo comercial e a intensificao da cooperao econmica.

    A base da cooperao seria o sistema de valores comuns, como a democracia e o respeito aos direitos humanos. Tratava-se de um acordo preparatrio para negociaes futuras, sem condies prvias para a liberalizao comercial nem datas definidas que estabelecessem o andamento do dilogo.

    Em julho de 1999, o Acordo Marco Inter-regional de Cooperao entrou em vigor, mas com as negociaes do setor agrcola condicionadas ao fim da rodada do milnio da OMC. A crise do MERCOSUL, em 1999, reflexo da desvalorizao da moeda brasileira, levou ao receio da UE quanto capacidade de se construir uma interao mais profundda no campos econmico, poltico e institucional com o MERCOSUL. A crise revelou a falta de coordenao de poltica macroeconmicas e fiscais do MERCOSUL. No que diz respeito abertura dos mercados agrcolas, as negociaes seguiram travadas. A impossibilidade de implementar uma reforma efetiva da Poltica Agrcola Comum (PAC) para a reduo do protecionismo agrcola levou a duras crticas por parte dos pases do MERCOSUL. O fracasso da Rodada do Milnio da OMC, que liberalizou o comrcio no mbito multilateral, tambm contribuiu para atrasar as negociaes entre ambos.

    Na esfera poltica, em 1995, a UE declarou satisfao quanto a ratificao do Tratado de Tlatelolco pela

    Argentina e pelo Brasil, e pela assinatura do acordo quadripartite entre Argentina, Brasil, Agncia Internacional de

    Energia Atmica (AIEA) e a Agncia Brasileiro - Argentina de Controle e Contabilidade (Abacc). Esses acordos

    significavam o apoio desses pases aos regimes internacionais (...). Em 1998, a "Clusula Democrtica" foi ratificada e

    incorporada ao Tratado originrio pelo Protocolo de Ushuaia.

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    A UE d assistncia ao Mercosul atravs do seu Programa Regional 2007-2013, adotado em Agosto de 2007,

    no quadro da estratgia regional para o Mercosul. O programa regional prev uma verba de 50 milhes de euros

    para apoio a projetos em trs reas prioritrias:

    1. Reforo institucional do Mercosul;

    2. Apoio ao Mercosul nos preparativos para a aplicao do acordo de associao;

    3. Promoo da participao da sociedade civil no processo de integrao do Mercosul.

    Cpula Amrica Latina, Caribe e Unio Europeia

    As reunies de cpula dos Chefes de Estado e de Governo dos pases da Amrica Latina, Caribe e Unio Europia

    (ALC-UE) constituem o foro de dilogo poltico no mais alto nvel entre essas regies. A primeira reunio foi em 1999,

    no Rio de Janeiro sucedida das Cpulas de Madri (2002); Guadalajara (2004); Viena (2006); Lima (2008). A VI Cpula

    ALC-UE ser no dia 18 de maio de 2010 em Madri.

    Panorama Internacional

    O Brasil e os demais pases latino-americanos e caribenhos tm procurado fazer do mecanismo ALC-UE um

    instrumento de cooperao efetiva, cujo progressivo aperfeioamento poder ensejar a formao de uma

    associao estratgica birregional. Na declarao final da VI Cpula devero constar referncias necessidade de

    reformas na ONU e no FMI, de modo a torn-los mais transparentes e democrticos.

    O Brasil e a VI Cpula ALC-UE

    A VI Cpula de Chefes de Estado e de Governo ALC-UE (Madri, 18 de maio de 2010) ter como tema Rumo a uma

    nova etapa da associao birregional: inovao e tecnologia para o desenvolvimento sustentvel e a incluso social.

    Dever ser estabelecida a Iniciativa Conjunta ALC-UE para Pesquisa e Inovao, que organizar a agenda de

    pesquisas cientfico-tecnolgicas de carter birregional em prioridades temticas e contar com recursos para

    desenvolver projetos especficos. Dentro dessa Iniciativa Conjunta, o Brasil defender que a Educao seja uma

    prioridade temtica, luz do seu potencial de promover a incluso social por meio da capacitao profissional em

    cincia e tecnologia.

    A rea comercial das mais promissoras luz da possibilidade de que sejam oficialmente relanadas as negociaes

    do Acordo de Associao MERCOSUL-Unio Europeia, de que possam ser assinados o Acordo de Livre Comrcio

    entre os pases andinos e a Unio Europia, e o Acordo de Associao entre a Unio Europia e os pases da Amrica

    Central. Tomados em conjunto, os pases da Amrica Latina e o Caribe, exceo dos membros do MERCOSUL,

    responderam por cerca de 6% do total do comrcio exterior da Unio Europeia em 2008. O MERCOSUL, por sua vez,

    o dcimo parceiro comercial da Unio Europeia e a corrente de comrcio entre os dois blocos foi de US$ 122,07

    bilhes em 2008 sendo que US$ 82,59 bilhes corresponderam ao comrcio com o Brasil.

    Ao Brasil interessa compartilhar iniciativas birregionais bem-sucedidas de cooperao em Cincia, Tecnologia e

    Inovao, como o projeto MERCOSUL-UE Digital e o projeto BIOTECH MERCOSUL-UE. O lado europeu tem a

    expectativa de que se amplie a participao de pases da Amrica Latina e do Caribe no 7 Programa-Quadro de

    Pesquisa da Unio Europia (2007-2013) e que se lancem as bases do Latin American Investment Facility (LAIF),

    instrumento voltado promoo de investimentos em infraestrutura na Amrica Latina.

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    5. ATUAL PANORAMA DA UNIO EUROPIA.

    O ALARGAMENTO DA UNIO EUROPIA

    Regular enlargements have seen the EU grow from its original 6 founding members to 27 in 2010.

    Any country that satisfies the conditions for enlargement can apply to be a candidate. The European

    Commission, at the request of the European Council, assesses the applicants ability to meet the conditions of

    membership. If the opinion is positive and the Council agrees a negotiating mandate, discussions are formally

    opened between the applicant and the EU.

    At the start of 2010, four countries had been accepted as EU candidate countries: Croatia, Iceland, the former

    Yugoslav Republic of Macedonia and Turkey. An additional five countries have the status of potential candidate

    country: Albania, Bosnia and Herzegovina, Montenegro, Serbia, and Kosovo under UN Security Resolution 1244.

    CANDIDATE COUNTRIES

    Albania

    Bosnia and Herzegovina

    Croatia

    Former Yugoslav Republic of Macedonia

    Iceland

    Kosovo

    Montenegro

    Serbia

    Turkey

    Condies de adeso

    O Tratado de Maastricht, de 1992, dispe no seu artigo 49 que qualquer pas europeu que respeite os princpios da liberdade e da democracia, os direitos humanos e as liberdades fundamentais e o Estado de Direito, pode apresentar um pedido de adeso Unio Europeia.

    Estes critrios foram clarificados na reunio dos Chefes de Estado e de Governo da Unio Europeia em Copenhaga, em 1993, na qual foram definidas as condies fundamentais de adeso. No momento da adeso, os novos membros devem possuir:

    instituies estveis que garantam a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos, bem como o respeito pelas minorias e a sua proteco;

    uma economia de mercado que funcione, bem como condies para fazer face s foras de mercado e concorrncia no interior da Unio Europeia;

    capacidade para assumir as obrigaes decorrentes da adeso, nomeadamente contribuindo para a prossecuo dos objectivos da Unio Europeia, assim como uma administrao pblica capaz de aplicar e de gerir, na prtica, a legislao da Unio Europeia.

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    Commissioner Fle congratulates Montenegro for securing candidate status (17/12/2010) "We hope that today's decision will give new impetus to the country's EU-related reforms, especially with respect to the key priorities identified by the Commission as instrumental to preparing the country for the opening of its accession negotiations with the EU", said Commissioner Fle on 17 December. I welcome today's decision of the European Council to grant Montenegro the status of candidate country, as recommended by the Commission in its Opinion of 9 November 2010. This reflects the recognition by the EU of the progress made by Montenegro in its preparation for future EU membership. It is a powerful demonstration of the credibility of our enlargement policy, which delivers results in Brussels when reforms take place at home i.e. in Montenegro. We hope that today's decision will give new impetus to the country's EU-related reforms, especially with respect to the key priorities identified by the Commission as instrumental to preparing the country for the opening of its accession negotiations with the EU."

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    1) (IRBr 2010) Ainda com referncia ao perodo

    imediatamente posterior Segunda Guerra Mundial,

    julgue C ou E.

    ( ) A Unio Europeia (UE) foi criada pelo Tratado de

    Roma de 1957.

    2) (IRBr 2008)

    ( ) Em razo do protecionismo agrcola da Unio

    Europia, as relaes do Brasil com os pases da

    Europa Ocidental no registraram, no perodo citado,

    qualquer evoluo importante, seja no que se refere

    ao relacionamento econmico, seja no que diz

    respeito ao dilogo poltico.

    3) (IRBr 2008)

    Considerando a evoluo recente das relaes entre

    Brasil e Unio Europia (UE), julgue (C ou E) os itens a

    seguir.

    ( ) As relaes UEBrasil tm, no campo dos

    investimentos, uma de suas mais vigorosas

    dimenses, dada a condio do Brasil, entre os pases

    emergentes, de grande receptor de investimentos

    diretos da Unio Europia.

    ( ) O grande xito da parceria estratgica UE

    Brasil, apresentada durante a primeira reunio de

    cpula bilateral, em julho de 2007, foi a superao

    dos impasses que impediam a concluso da Rodada

    de Doha.

    ( ) As medidas protecionistas adotadas pela Unio

    Europia e dirigidas particularmente aos produtos

    agrcolas tm levado gradual reduo, no ltimo

    lustro, das exportaes brasileiras para o mercado

    comunitrio e diminuio do superavit comercial

    alcanado pelo Brasil no comrcio com aquele bloco.

    ( ) As diferentes posies do Brasil e da Unio

    Europia em relao aos compromissos de reduo

    das emisses de CO2 e aos impactos ambientais

    resultantes do aumento do uso de biocombustveis e

    da energia nuclear no obstruem o dilogo poltico

    acerca de mudana climtica e de segurana

    energtica.

    4) (IRBr 2005)

    ( ) H consenso entre os especialistas para explicar

    as dificuldades aparentemente intransponveis

    encontradas pela Unio Europia (UE) em seu

    esforo para se transformar em um bloco continental

    poderoso. Para esses observadores, a falha da UE

    consistiu em voltar-se exclusivamente para as

    questes econmicas, deixando de lado aspectos

    polticos, sociais e culturais.

    5) (IRBr 2004)

    ( ) Em uma economia que se globaliza rapidamente,

    a formao de blocos regionais justificada como

    caminho adequado melhor insero internacional de

    seus integrantes. Nessa perspectiva, a Unio Europia,

    criada j como mercado comum pelo Tratado de

    Roma, de 1957, o melhor exemplo de integrao

    rpida , abrangente e completa que se conhece. a

    partir de 1968 (II Unctad ) q u e o Brasil passou a

    expressar apoio mais denso aos foros multilaterais,

    movido pela convico de ser essa atitude o meio de

    neutralizar ou reduzir o considervel poder de

    coero das superpotncias e grandes poderes nas

    relaes internacionais, como assinalou Antonio

    Augusto Canado Trindade. J para Clodoaldo Bueno,

    a continuidade seria o elemento definidor da poltica

    multilateral brasileira, a expressar o reconhecido grau

    de profissionalismo do Itamaraty. Para ele, a

    diplomacia brasileira teve tradicionalmente na ONU

    uma participao constante e cooperativa, f azendo

    do tema do desenvolvimento uma de suas

    preocupaes centrais. A partir dessas informaes,

    julgue os itens que se seguem, relativos insero

    internacional do Brasil.

    6) (IRBr 2003)

    Nas ltimas dcadas do sculo XX e at a crise

    financeira de 1977, o leste asitico foi o espao mais

    dinmico da economia capitalista, aumentando de

    forma geomtrica sua participao na riqueza

    mundial. Naquela regio do mundo, entretanto, a

    maior parte dos Estados nasceu no sculo XX, sobre

    bases territoriais, sociais e culturais milenares. Na

    Europa, a unificao , sem dvida, o fenmeno

    contemporneo que mais instiga o imaginrio e

    estimula a crena no fim dos Estados nacionais. Afinal,

    foi ali que eles nasceram, nos sculos XV e XVI, junto

    EXERCCIOS DE APLICAO

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    com a prpria idia de soberania, mas no h nada

    que corrobore essa crena, no processo de unificao

    europia, porque ningum ali est se propondo

    dissolver em uma globalidade abstrata e cosmopolita.

    Se h algum lugar no mundo alm da dramtica

    decomposio de alguns quase-pases africanos

    onde se pode falar de Estados fracos ou fragilizados

    pelo processo de globalizao financeira no

    territrio dos chamados mercados emergentes, em

    particular na Amrica Latina.

    Jos Lus Fiori. 60 lies dos 90: uma dcada de

    liberalismo. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 39-40

    (com adaptaes).

    A partir da anlise contida no texto acima e tambm

    considerando os mltiplos aspectos da ordem poltica

    e econmica do mundo contemporneo, julgue os

    itens seguintes.

    ( ) Infere-se do texto que o projeto da Unio

    Europia, paciente e meticulosamente construdo ao

    longo dos anos, em um processo ainda inconcluso que

    se iniciou no ps-Segunda Guerra Mundial, volta-se

    para a criao de um superestado, que, sem dissolver

    seus integrantes em uma globalidade abstrata e

    cosmopolita, tenha condies de concorrer pelo

    poder e pela riqueza mundiais, em um cenrio global

    de acentuada competitividade.

    GABARITOS