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1 Aula 1 – Introdução à Metodologia Científica Meta Apresentar os conceitos básicos e expor um breve histórico sobre a metodologia científica e seus elementos fundamentais. Objetivos Após esta aula, você será capaz de: 1. distinguir os conceitos chaves relacionados à metodologia científica e sua evolução; 2. reconhecer a importância da leitura na construção do saber; 3. identificar os conceitos básicos para uma pesquisa bibliográfica e seus caminhos. Introdução Nos dias atuais, a sociedade já não se baseia nas produções agrícolas ou industriais, mas na produção do saber. A informação nunca foi tão acessível às pessoas e o seu volume tão intenso, porém o desafio tem sido filtrar e classificar esse fluxo. Compreender as ferramentas adequadas para a busca do conhecimento é parte do aprendizado acadêmico e desenvolvimento intelectual. Figura 1.1: A fluência na Era da Informação Fonte: https://www.flickr.com/photos/langwitches/5603842003/ A transmissão do saber adquirido precisa de métodos que assegurem a assimilação e o registro de conceitos e fundamentos para a evolução da informação. Dessa forma,

Aula 1 - Introdução a Metodologia Científica

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    Aula 1 Introduo Metodologia Cientfica

    Meta

    Apresentar os conceitos bsicos e expor um breve histrico sobre a metodologia cientfica

    e seus elementos fundamentais.

    Objetivos

    Aps esta aula, voc ser capaz de:

    1. distinguir os conceitos chaves relacionados metodologia cientfica e sua evoluo;

    2. reconhecer a importncia da leitura na construo do saber;

    3. identificar os conceitos bsicos para uma pesquisa bibliogrfica e seus caminhos.

    Introduo

    Nos dias atuais, a sociedade j no se baseia nas produes agrcolas ou industriais, mas

    na produo do saber. A informao nunca foi to acessvel s pessoas e o seu volume

    to intenso, porm o desafio tem sido filtrar e classificar esse fluxo. Compreender as

    ferramentas adequadas para a busca do conhecimento parte do aprendizado

    acadmico e desenvolvimento intelectual.

    Figura 1.1: A fluncia na Era da Informao

    Fonte: https://www.flickr.com/photos/langwitches/5603842003/

    A transmisso do saber adquirido precisa de mtodos que assegurem a assimilao e o

    registro de conceitos e fundamentos para a evoluo da informao. Dessa forma,

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    chegamos construo da cincia atravs da busca constante do homem ao longo da

    histria pelo conhecimento. Essa busca reflete a importncia da pesquisa como progresso

    intelectual e o avano tecnolgico atravs da aquisio de conhecimento.

    A curiosidade cientfica provoca a arguio das leis da cincia e dos fenmenos da

    natureza em geral e, como resultado desse questionamento, o cientista formula as

    hipteses que so submetidas s anlises lgicas e experimentao que a confirma ou

    rejeita (BAZZO, 2006).

    A pesquisa uma ferramenta fundamental na busca de informaes e conhecimento,

    contudo, a investigao cientfica necessita de mtodos e tcnicas normatizados. Ento, a

    metodologia cientfica tem por objetivo apresentar conceitos e teorias que orientam a

    instrumentalizao da pesquisa atravs dos mtodos cientficos, visando ao processo

    crtico e elaborao de trabalhos acadmicos.

    1- A Metodologia Cientfica

    Ao aluno que acaba de ingressar no nvel superior, sero apresentados diversos

    problemas e questes que o faro adotar uma postura crtica para pesquisar as solues.

    Por isso, a metodologia cientfica geralmente apresentada ao aluno no incio do curso,

    para orient-lo na investigao cientfica e na composio de estudos e trabalhos.

    O progresso cientfico decorre no s de descobertas importantes, mas principalmente do

    esforo sistemtico para interpretar os fenmenos. O estudo deve estar fundamentado e

    metodologicamente estruturado em procedimentos cientficos validados, com o intuito de

    satisfazer questionamentos e/ou esclarecer suas diretrizes, para alcanar o princpio da

    pesquisa. A metodologia cientfica refere-se forma como funciona o conhecimento

    cientfico.

    Figura 1.2: O conhecimento cientfico com o desenvolvimento reflexivo

    Fonte: http://www.freeimages.com/photo/987763

  • 3

    O objetivo da disciplina de metodologia cientfica favorecer e estimular a capacidade

    reflexiva e a produo escrita do aluno na prtica da pesquisa cientfica. Esta disciplina,

    num nvel aplicado, oferece o instrumental cientfico metodolgico bsico para a formao

    acadmica.

    A metodologia cientfica a disciplina que "estuda os caminhos do saber" que pretende

    orientar e possibilitar condies para o pesquisador iniciante utilizar procedimentos

    sistemticos e racionais para obter fidedignidade dos dados, envolvendo princpios e

    normas que possibilitem trabalhos com resultados confiveis. Entende-se metodologia

    como o estudo dos princpios e dos mtodos de pesquisa (Laville e Dionne, 1999).

    preciso conhecer e compreender os diversos caminhos para a construo do

    conhecimento para aproveitarmos os frutos da pesquisa e construirmos nossos prprios

    saberes. A disciplina de metodologia cientfica apresenta-se como um manual com o

    objetivo de apresentar a natureza da pesquisa cientfica hoje, suas prticas e reflexes

    metodolgicas.

    1.1 A origem da Metodologia Cientfica

    A origem remota do mtodo cientfico situa-se na Grcia clssica, surgindo com o

    nascimento da dialtica, que se apresentava como mtodo de pesquisa e busca da

    verdade por meio da formulao adequada de perguntas e respostas. A primeira pergunta

    relaciona-se definio do tema do dilogo, ou debate. Obtida a resposta, faz-se nova

    pergunta com base no contedo da primeira resposta; assim por diante, at chegar

    verdade.

    Os mtodos gregos no sofreram grandes modificaes no Ocidente at o sculo XVII,

    quando o saber cientfico acumulado exigiu uma reviso da metodologia. As influncias

    das ideias humansticas do Renascimento, que compreendiam o homem como ser criador

    e investigador do cosmo, se viram plasmadas no mtodo hipottico-dedutivo, inaugurado

    por Galileu (ARRUDA, 2008).

    Incio boxe multimdia

    Para comear a estudar e entender sobre mtodo cientfico e sua histria, uma boa dica

    assistir ao filme sobre a vida de Galileu Galilei, que empreendeu uma verdadeira

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    revoluo no pensamento cientfico. Ou assistir ao documentrio Galileu Galilei no link:

    https://www.youtube.com/watch?v=LCws5J7AwIA

    Galuleu Galilei conhecido como o pai da cincia moderna, pois ele foi um dos

    responsveis principais pela revoluo cientfica.

    Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Galileo.arp.300pix.jpg Foto: Justus

    Sustermans

    Fim Box

    Galileu estabeleceu um novo mtodo para a cincia natural, ao combinar o uso da

    linguagem matemtica na construo das teorias com o recurso aos experimentos que

    permitem comprovar empiricamente as hipteses cientficas.

    Ren Descartes, na obra Discours de la mthode (1637; Discurso sobre o mtodo),

    questiona a certeza sobre a existncia da realidade apreendida pelos sentidos. Introduziu

    a dvida metdica, que consiste em duvidar de tudo o que dado pelos sentidos, e

    mesmo da Matemtica, o que leva nica certeza: a conscincia de duvidar, que leva

    conscincia de existir.

    Ento, a Metodologia Cientfica que conhecemos tem sua origem no pensamento de

    Descartes, e foi posteriormente desenvolvida empiricamente pelo fsico ingls Isaac

    Newton. Descartes props chegar verdade atravs da dvida sistemtica e da

    decomposio do problema em pequenas partes. Essas proposies definiram a base da

    pesquisa cientfica. O Crculo de Viena acrescentou a esses princpios a necessidade de

    verificao e o mtodo indutivo (positivismo lgico). O mtodo indutivo aquele que parte

    de questes particulares at chegar a concluses generalizadas.

  • 5

    Verbete

    Crculo de Viena foi o nome como ficou conhecido um grupo de filsofos que se juntou

    informalmente na Universidade de Viena, de 1922 a 1936, com a coordenao de Moritz

    Schlick. O crculo surgiu por uma necessidade de fundamentar a cincia, a partir das

    concepes ou acepes que a Filosofia da Cincia ganhou no sculo XIX.

    fim do verbete

    A estrutura metodolgica da cincia moderna, apoiada na comprovao dos fenmenos

    por meio de leis de inspirao matemtica imutveis no tempo, sofreu um forte revs com

    as doutrinas evolucionistas do sculo XIX e as teorias quntica e relativista, no incio do

    sculo XX. O sculo XX tambm testemunhou a afirmao das cincias humanas,

    surgidas como tais no sculo XIX, e sua preocupao em adquirir uma base

    metodolgica, inspirada na Fsica, com o que deixaram definitivamente de ser

    consideradas disciplinas subordinadas (ARRUDA, 2008).

    Ainda no sculo XX, o filsofo Karl Popper, entre outros, fez a distino entre matrias

    cientficas e no cientficas, que estabeleceu a noo de falsificabilidade como critrio

    dedutivo de validao das teorias cientficas.

    Karl Popper demonstrou que nem a verificao nem a induo serviam ao mtodo

    cientfico, pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma

    hiptese e test-la, no procurando provas de que ela est certa, mas de que ela est

    errada (HAWKING, 1988).

    Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas so elementos essenciais do mtodo

    cientfico, sendo os momentos de mudana de paradigmas chamados de revolues

    cientficas.

    Verbete

    Paradigma a representao de um modelo ou padro a ser seguido. Pode ser entendido

    tambm como uma referncia inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.

    fim do verbete

    Mais recentemente, a Metodologia Cientfica tem sido debatida pela crtica ao

    pensamento cartesiano elaborada pelo filsofo francs Edgar Morin. Ele prope, no lugar

    da diviso do objeto de pesquisa em partes, uma viso sistmica, do todo. Esse novo

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    paradigma chamado Teoria da Complexidade (complexidade entendida como abraar o

    todo).

    As noes acerca do mundo esto em constante mudana. possvel o surgimento de

    novas teorias e situaes com base nos conhecimentos firmemente estabelecidos ou

    novas contestaes. Por isso, a cincia admite que mesmo seus princpios gerais e

    seguros podem ser refutados (ARRUDA, 2008).

    Os mtodos cientficos, seus conceitos e suas caractersticas sero detalhados numa aula

    especfica frente. Contudo, de uma forma geral, as etapas do mtodo cientfico podem

    ser apresentadas de forma resumida como:

    -Observao: anlise crtica dos fatos.

    -Questionamento: elaborao de uma pergunta ou identificao de um problema a ser

    resolvido.

    -Formulao de hiptese: possvel resposta a uma pergunta ou soluo de um problema.

    -Realizao de deduo: previso possvel baseada na hiptese.

    -Experimentao: teste da deduo ou novas observaes para testar a deduo. Ao se

    realizar o experimento deve-se trabalhar com grupo de controle.

    -Concluso: Etapa em que se aceita ou se rejeita uma hiptese.

    1.2 A Metodologia Cientfica e a Engenharia de Produo

    A assimilao dos conceitos da pesquisa deve ter por objetivo o desenvolvimento de um

    esprito crtico e observador, caractersticas pertinentes aos alunos de engenharia. A

    incluso desta disciplina nos cursos de engenharia est intrnseca ao processo de

    globalizao do conhecimento e necessidade do aluno de engenharia dominar novas

    tecnologias, monitorando os avanos cientficos.

    A engenharia busca a soluo para um problema que est diretamente associado forma

    como se realiza a investigao, ou seja, o mtodo que utilizado. Pode-se dizer que o

    engenheiro ter sua competncia reconhecida e ser remunerado por isso na medida em

    que, com habilidade e sensibilidade, puder transformar o conhecimento em solues teis

  • 7

    para a empresa e, consequentemente, para a sociedade (GUIMARES FILHO;

    PEREIRA, 2003).

    Figura 1.3: A engenharia e suas solues

    Fonte: http://www.freeimages.com/photo/913660

    A resoluo CNE/CES 11, de 11 de maro de 2002, que institui as Diretrizes Curriculares

    Nacionais do Curso de Graduao em Engenharia diz em seu artigo 3: O Curso de

    Graduao em Engenharia tem como perfil do formando egresso/profissional o

    engenheiro, com formao generalista, humanista, crtica e reflexiva, capacitado a

    absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuao crtica e criativa na

    identificao e resoluo de problemas, considerando seus aspectos polticos,

    econmicos, sociais, ambientais e culturais, com viso tica e humanstica, em

    atendimento s demandas da sociedade.

    Para identificar e analisar as solues utilizando os mtodos adequados num mundo em

    constante transformao tecnolgica, o profissional de engenharia precisa de

    conhecimentos multidisciplinares com competncias tcnicas. A formao desse

    profissional exige leitura, estudo e reflexo, um longo caminho iniciado pela introduo

    pesquisa.

    A pesquisa cientfica tem sido a plataforma das cincias da engenharia para atender

    demanda histrica por solues otimizadas. Desde a revoluo industrial, a organizao

    empresarial tem evoludo em ritmo acelerado na procura de melhorias e desenvolvimento

    da eficincia e a eficcia do trabalho realizado em processos industriais. Dessa forma, a

    engenharia de produo investiga mtodos e tcnicas para o progresso da gesto dos

    meios produtivos.

  • 8

    Figura 1.4: Esfera de ao caracterstica dos diversos profissionais nos processos decisrios

    Fonte: Cunha (2002)

    O ramo de Engenharia de Produo concentra-se na gesto dos sistemas de produo,

    definidos como todo conjunto de recursos organizados, de modo a obter produtos ou

    servios de modo sistemtico. A gesto dos sistemas de produo realizada via

    utilizao de mtodos e tcnicas que visam otimizar o emprego dos recursos existentes

    no prprio sistema de produo.

    Contudo, no mercado atual o engenheiro de produo precisa enxergar alm dos

    mtodos e dos sistemas, ele precisa integrar e motivar o capital humano na organizao.

    A empresa na Era da Informao considera as pessoas como um ativo das organizaes.

    Verbete

    O capital humano composto pelo conhecimento, expertise, poder de inovao e

    habilidade dos empregados adicionados aos valores, cultura e filosofia da empresa.

    fim do verbete

    Incio boxe multimdia

    Essa mudana de paradigma pode ser observada no filme Tempos Modernos, em que um

    operrio sofre com a exigncia quase escrava da indstria.

    O filme apresenta a necessidade de humanizao da indstria e chama ateno para a

    necessidade de uma perspectiva mais abrangente em relao s pessoas.

  • 9

    Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/36/Modern_Times_poster.jpg

    Fim Box

    O engenheiro de produo precisa ser capaz de atuar fundamentalmente na organizao

    das atividades de produo e estabelecer as interfaces entre as reas que atuam

    diretamente sobre os sistemas tcnicos, entre a rea administrativa da empresa e a

    gesto de pessoas. Este perfil tem tornado este profissional muito procurado pelas

    empresas por sua capacitao hbrida gerencial-tcnica (Cunha, 2002).

    Verbete

    Capacitao hbrida uma expresso que indica a unio de qualidades e de

    caractersticas de reas distintas no desempenho de um nico profissional.

    fim do verbete

    As propostas de aprendizagens nesse livro esto associadas s aplicaes prticas em

    situaes que envolvem os fundamentos de metodologia cientfica e que sero de grande

    importncia ao longo do curso em engenharia de produo, nas diversas disciplinas.

    Ento, prope-se uma aprendizagem continuada baseada nos mtodos cientficos

    fundamentais em resultados, anlises e concluses.

  • 10

    2- A Leitura

    A pesquisa um ato a ser internalizado atravs de vrios caminhos e experincias. Uma

    das formas necessrias para essa converso de informaes e conhecimento o

    desenvolvimento da leitura de forma continuada e constante. O ato de ler desperta as

    percepes, desenvolve as ideias, proporciona o entendimento, avana para a

    interpretao e culmina no nvel mais complexo que o processo crtico.

    Figura 1.5: A evoluo atravs da leitura

    Fonte: http://zelmar.blogspot.com.br/2013/05/sociedade-ilimitada.html

    A leitura estrutura o ato de estudar e o ato de escrever, condies bsicas para qualquer

    aluno que deseja o sucesso no aprendizado. O hbito de ler nasce da iniciativa e da

    perseverana do aluno em tornar esse ato parte do seu cotidiano. A assimilao passiva

    no produz nenhum resultado eficaz, ou seja, o estudante precisa se convencer que sua

    aprendizagem uma tarefa sobremaneira pessoal e desenvolver o hbito da leitura faz

    parte do amadurecimento do aluno acadmico.

    A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliao de

    conhecimentos, a obteno de informaes bsicas ou especficas, a abertura de novos

    horizontes para a mente, a sistematizao do pensamento, o enriquecimento de

    vocabulrio e o melhor entendimento do contedo das obras (Lakatos e Marconi, 2003).

    Para que voc consiga uma leitura proveitosa interessante que voc faa o fichamento

    e siga algumas dicas valiosas:

  • 11

    Verbete

    Fichamento retirar do texto informaes essenciais utilizando marcaes; o fichamento

    o resumo das referncias que sero consultadas ao longo do trabalho.

    fim do verbete

    Ter ateno: necessrio concentrao para buscar o entendimento, a

    assimilao e a apreenso dos contedos bsicos do texto.

    Inteno: propsito de conseguir um aproveitamento intelectual por meio da leitura.

    Reflexo: observar todos os ngulos e ponderar as informaes, descobrir novas

    perspectivas e pontos de vista. A reflexo favorece o entendimento e a assimilao

    das ideias do autor, aprofundando, assim, nosso conhecimento.

    Esprito crtico: implica julgamento, comparao, aprovao ou no do texto. a

    avaliao do texto.

    Anlise: (a) diviso do tema em partes e (b) determinaes das relaes existentes

    entre elas.

    Sntese: tem como objetivo no perder a sequncia lgica do pensamento. a

    reconstituio das partes decompostas pela anlise.

    Agora faa uma reflexo sobre a presena da leitura na sua vida...Quantos livros voc j

    leu?...Qual foi o ltimo livro que voc leu?...Quais foram as suas impresses sobre esse

    livro? ...Qual foi o livro de que voc mais gostou?...Quantos livros voc l por ano?

    Figura 1.6: A leitura uma fonte de inspirao para ideias.

    Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1439841

  • 12

    Aps a anlise das respostas sobre as questes de leitura, voc pode desafiar a si

    mesmo, comear ou intensificar ainda hoje o hbito da leitura! Comece com os assuntos

    que voc se identifica, conhea os tipos de textos (informativo, descritivo, contos,

    poemas, crnicas), reserve um tempo e um local para a leitura e entre em grupos de

    discusso na internet ou com seus amigos.

    Com o tempo, voc vai notar que sua percepo ficar mais sensvel e seu censo crtico

    mais apurado. A leitura contnua tambm ir deix-lo mais ntimo das diversos tipos de

    texto, entre eles o texto cientfico com as suas especificaes.

    Numa forma de sintetizar as ideias sobre a importncia da leitura, Teixeira (2010)

    apresenta um diagrama sobre a leitura:

    Figura 1.7: O que leitura

    Fonte: Teixeira, 2010

    interessante observar como o ato de ler pode ser desdobrado em diferentes objetivos e

    classificaes. A leitura mais do a simples decodificao das palavras escritas. Na

    verdade, a leitura possui sutilezas intrnsecas aos seus nveis inter-relacionados que

    podem expressar respostas a estmulos como na leitura sensorial. Internalizar as

    experincias do autor ou estimular lembranas e experincias pessoais como na leitura

    emocional; ou ainda perceber no objeto lido o que interessa ao sistema de ideias ao qual

    o leitor est buscando atravs da leitura racional.

  • 13

    Existem elementos auxiliares na identificao do texto para uma leitura adequada

    (Marconi e Lakatos, 2003).

    Ttulo: estabelece o assunto e, s vezes, at a inteno do autor.

    A data de publicao: contextualiza o texto e fornece elementos para certificar-se

    de sua atualidade e aceitao.

    A orelha ou contracapa: local que possibilita aferir as credenciais ou qualificaes

    do autor. Podemos identificar para qual pblico a obra destinada.

    O ndice ou sumrio: apresenta todos os tpicos abordados na obra e como ele

    est dividido.

    A introduo, prefcio ou nota do autor: indica os objetivos do autor e muitas vezes

    a metodologia por ele empregada.

    A bibliografia: fornece as informaes a respeito das obras consultadas.

    H algumas formas de entender a leitura com suas caractersticas e objetivos. Para a

    disciplina de metodologia, o que nos interessa particularmente a leitura informativa ou

    de estudo. Essa leitura visa absoro mais completa do contedo e de todos os

    significados, devendo-se ler, reler, utilizar o dicionrio, marcar ou sublinhar palavras ou

    frases-chave e fazer resumos (Marconi e Lakatos, 2003).

    A leitura de estudo ou informativa apresenta trs objetivos predominantes (Marconi e

    Lakatos, 2003):

    certificar-se do contedo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que

    apresenta e as informaes que oferece;

    correlacionar os dados coletados a partir das informaes do autor com o problema

    em pauta;

    verificar a validade dessas informaes.

    Lembre-se de que voc responsvel por desenvolver as suas competncias, buscando

    conhecimento atravs de estudo, leitura e escrita. Esses trs atos so primordiais para o

    sucesso num curso acadmico. Eles precisam de interao e profunda prtica.

  • 14

    4- Pesquisa bibliogrfica

    A pesquisa bibliogrfica faz parte do cotidiano de todos os estudantes e pesquisadores.

    Atualmente, para realizar uma pesquisa bibliogrfica contamos com uma srie de

    recursos que no existiam tempos atrs. Hoje, no precisamos consultar apenas os livros,

    pois h vrias informaes e referncias na rede. Alm dos livros usamos a Internet e os

    programas audiovisuais.

    Figura 1.8: O que leitura

    Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1109833

    de extrema relevncia citar as fontes utilizadas para que a pesquisa tenha credibilidade

    e possamos obter o conhecimento. A etapa da pesquisa bibliogrfica importante para

    qualquer projeto de pesquisa, independente da rea.

    Ento O QUE UMA PESQUISA BIBLIOGRFICA???

    o estudo sistematizado de um determinado tema, processado em bases de dados

    nacionais e internacionais, que contm artigos de revistas cientficas, livros, teses e outros

    documentos.

    O primeiro passo para iniciar uma pesquisa bibliogrfica definir qual o seu objetivo. A

    pergunta de pesquisa essencial para determinar o foco da pesquisa. No esquea que

    delimitar o assunto tambm igualmente importante. A pesquisa bibliogrfica deve se

    estender a vrios tipos de textos como peridicos, dissertaes e teses e a coleta de

    documentos e contatos importantes, compondo o acervo documental, conforme o caso de

    objeto de estudo.

  • 15

    As pesquisas so feitas segundo contextos especficos, tais como assunto, autores,

    perodo de tempo, e combinaes entre eles. Para facilitar este primeiro passo faa listas

    de palavras-chave com os contextos. Use palavras-chave especficas associadas ao

    tema pesquisado.

    Verbete

    Palavras-chave so as palavras que representam o contedo do artigo; resume os temas

    principais de um texto.

    fim do verbete

    O prximo passo onde procurar. As bases multidisciplinares de dados bibliogrficas so

    as mais indicadas, elas so fontes secundrias que remetem para identificao de fontes

    primrias. Geralmente elas armazenam grande quantidade de informao estruturada,

    de forma que possa ser consultada rapidamente.

    Verbete

    Fontes primrias so descritas como fontes mais prximas origem da informao ou

    ideia em estudo. So documentos com texto completo e outros documentos que

    contenham o seu contedo na ntegra.

    fim do verbete

    De posse da pesquisa realizada nas distintas bases de dados, o passo seguinte a

    leitura crtica.

    A principal base da pesquisa bibliogrfica consiste em anlise e leitura de texto. Essas

    fontes de informao devem ser bem utilizadas, e lembre-se de que O CONHECIMENTO

    PRECISA SER CONSTRUDO, E NO PODE SER COPIADO. Esta afirmao deve estar

    registrada na atitude do aluno do sculo XXI, usurio assduo da rede eletrnica. A

    Internet pode ser utilizada, desde que sejam feitas as corretas referncias.

    Lembre-se sempre de que a cpia de trabalhos (plgios), alm de ser uma prtica

    desonesta, ilegal.

    Os professores Agma Traina e Caetano Traina do algumas dicas para a seleo de

    artigos durante uma pesquisa bibliogrfica (o texto completo est disponvel em

    http://www.univasf.edu.br/~ricardo.aramos/comoFazerPesquisasBibliograficas.pdf):

  • 16

    Analisar um artigo um processo pessoal de cada um, mas a regra geral :

    Avalie o ttulo. Se ele estiver dentro do que voc est procurando, ou se estiver

    incerto, leia o resumo. Com isso, voc j poder ter uma ideia de que o artigo tem

    algo que lhe interessa. Se no tiver, descarte-o.

    Se o artigo for interessante, ou voc ainda estiver incerto disso, obtenha agora o

    texto completo, e d uma folheada rpida, vendo as sees, figuras e tabelas que

    contm.

    E leia as concluses. Agora voc deve ter uma ideia boa sobre o artigo ser

    interessante ou no.

    Daqueles que interessam, leia a introduo, e se suas expectativas se

    confirmarem, salve o arquivo, faa anotaes de por que voc se interessou e

    estude o artigo.

    Quando estiver acostumado com o processo, analisar um artigo no dever tomar mais

    do que trs ou quatro minutos, quinze minutos se voc chegar a ler a introduo. Mas

    quando um artigo interessar, invista nele o tempo que precisar.

    Mas onde encontrar as fontes?

    Algumas organizaes e/ou base de dados oferecem acervo digital e fsico. Podemos

    iniciar pelas instituies oficiais do governo que possuem arquivos importantes que

    guardam uma enorme quantidade de diversos materiais, como dados estatsticos, plantas,

    projetos, jornais, revistas, atas e documentos oficiais. Inicialmente recomendado que

    voc conhea as regras de cada instituio e suas exigncias na apresentao de

    identificao especfica como, por exemplo, uma carta formal da faculdade, quando

    necessrio.

    Outra base de dados importante a biblioteca. As bibliotecas possuem livros, arquivos,

    revistas, catlogos, entre outros acervos com uma infinidade de temas. Atualmente,

    muitas bibliotecas disponibilizam esses acervos atravs da internet, inclusive o acervo

    fsico disponvel para possvel emprstimo.

  • 17

    Podemos encontrar na rede eletrnica vrias bases de dados virtuais, sites de pesquisa e

    sites de busca. Lembre-se de que a informao precisa ter referncia fidedigna na

    composio de um trabalho acadmico.

    Seguem alguns links teis pesquisa:

    CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br) - O Portal de Peridicos da Capes uma

    biblioteca virtual que rene e disponibiliza s instituies de ensino e pesquisa no Brasil o

    melhor da produo cientfica internacional. Ele conta atualmente com um acervo de mais

    de 35 mil peridicos com texto completo, 130 bases referenciais, 11 bases dedicadas

    exclusivamente a patentes, alm de livros, enciclopdias e obras de referncia, normas

    tcnicas, estatsticas e contedo audiovisual.

    Web of Science Base multidisciplinar, acesso atravs do Portal da CAPES.

    Scopus - Base multidisciplinar, acesso atravs do Portal da CAPES.

    SciELO (http://www.scielo.org) - Disponibiliza peridicos cientficos da Amrica Latina e

    Caribe.

    CNPq (www.cnpq.br) - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    (CNPq), agncia do Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao (MCTI), tem como

    principais atribuies fomentar a pesquisa cientfica e tecnolgica e incentivar a formao

    de pesquisadores brasileiros.

    IPEA (www.ipea.gov.br) - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.

    IBGE (www.ibge.gov.br) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertaes (http://bdtd.ibict.br/)

    Banco de Teses da CAPES (http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses)

  • 18

    Outra dica interessante para a sua pesquisa identificar os grupos de

    pesquisa/pesquisadores que atuam na rea de interesse. Isso pode ser feito

    acompanhando as pginas pessoais desses pesquisadores, ou utilizando portais de

    bibliotecas digitais.

    Agora que voc j sabe os passos iniciais de uma pesquisa bibliogrfica, faa uma visita

    virtual e conhea o acervo digital do CECIERJ TECA (http://teca.cecierj.edu.br/).

    Aproveite e faa uma pesquisa sobre o conhecimento cientfico. Aproveite a navegao

    pelo conhecimento!!!!

    Resumo

    Na nossa primeira aula, voc foi apresentado aos conceitos fundamentais da pesquisa

    cientfica e como ela tem grande importncia para a construo do conhecimento,

    principalmente para a Engenharia. Aprendeu sobre os conceitos da disciplina de

    metodologia cientfica, sua evoluo histrica e o emprego de suas diretrizes na

    engenharia de produo. Tambm foi destacada a importncia da leitura para o melhor

    aproveitamento da disciplina, assim como o hbito de ler interfere em sua formao no

    curso acadmico para a reflexo crtica, o estudo e a escrita. A leitura possui elementos

    auxiliares e objetivos predominantes. A aula foi concluda com as orientaes sobre os

    conceitos e procedimentos de uma pesquisa bibliogrfica que ser usada ao longo de

    todo o curso. A pesquisa bibliogrfica o primeiro passo para qualquer pesquisa com um

    tema definido. Ela deve ser iniciada com a definio do objetivo, seguida da realizao da

    busca em fontes primrias e finalizada com a anlise crtica do material pesquisado.

    Fim resumo

    Informaes sobre a prxima aula

    Na Aula 2, sero introduzidos os conceitos da cincia, seu papel na sociedade, os tipos

    de conhecimentos. Nas demais aulas, sero includos os novos mtodos e as tcnicas

    usadas na estruturao de um texto cientfico, assim como as normas em vigor.

    Referncias Bibliogrficas

    ARRUDA, G. C. D. Metodologia cientfica. 1 ed., Curitiba: Cames, 2008.

    BAZZO, W.A.; PEREIRA, L.T. do V. Introduo Engenharia: conceitos, ferramentas e

    comportamentos. Florianpolis: Editora da UFSC, 2006, 270p.

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    Cervo, A.L.; Bervian, P.A. Metodologia Cientfica. 5 ed, Prentice Hall, 2002.

    CNE. Resoluo CNE/CES 11/2002. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 9 de abril de 2002.

    Seo 1, p. 32.

    CUNHA, G. D. Um Panorama da Engenharia de Produo. Porto Alegre, 2002, disponvel

    no site da

    ABEPRO, < www.abepro.org.br >. Acesso em 06/03/2014.

    GUIMARES FILHO, A.B.F; PEREIRA, T.R.D.S. Confeco de modelos em miniatura no

    processo de ensino-aprendizagem no Curso de Engenharia de Produo Civil da UNEB.

    In: XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUO, 2003, Ouro Preto.

    CD Room. Ouro Preto, BH: UFOP, 2003.

    HAWKING, Stephen. Uma breve histria do tempo. Lisboa: Gradiva, 1988. Rio de Janeiro:

    Rocco, 1988.

    Laville, C.; Dionne, J. A construo do saber: manual de metodologia da pesquisa em

    cincias humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

    MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia cientfica. 5 ed., So

    Paulo: Editora Atlas, 2003.

    SALOMON, J.J. Ciencia y poltica. Mxico, DF: Siglo XXI, 1974.

    Teixeira, E. As trs metodologias: acadmica, da cincia e da pesquisa. 7 ed. Rio de

    Janeiro, Vozes, 2010.

    TRAINA, Agma Juci Machado; TRAINA JR., Caetano. Como fazer uma pesquisa

    bibliogrfica. SBC Horizontes, v. 2, n. 2, p. 30-35, ago. 2009. Disponvel em:

    .

    Acesso: 08 maro. 2014.