28
FACULDADE RATIO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL PROFESSORA: LARA CRUZ

Aula 10_5 Notas a Propósito Da Questão Social_Netto

Embed Size (px)

Citation preview

  • FACULDADE RATIOCURSO DE SERVIO SOCIAL

    DISCIPLINA: CAPITALISMO E QUESTO SOCIAL

    PROFESSORA: LARA CRUZ

  • AULA 10 Introduo Questo SocialTEXTO DE REFERNCIA: Cinco notas a propsito da Questo Social Jos Paulo Netto OBJETIVO DA AULA:Compreender aspectos histricos, polticos e culturais da questo social.METODOLOGIA:- Aula expositiva e dialogada

  • OBJETIVO DO TEXTOOferecer algumas determinaes tericas e histricas para circunscrever o que o autor entende por questo social, no marco da tradio terico-poltica em que se situa: a tradio marxista (p. 42).

  • NOTA 1: ELEMENTOS HISTRICOS A expresso questo social comeou a ser utilizada na terceira dcada do sculo XIX (1830) e foi divulgada at a metade daquela centria por crticos da sociedade e filantropos situados nos mais variados espaos do espectro poltico.

    A expresso surge para dar conta do fenmeno mais evidente da histria da Europa Ocidental (a qual experimentava os impactos da primeira onda industrializante, iniciada na Inglaterra no ltimo quartel/25 anos do sculo XVIII): o pauperismo.

    A pauperizao o aspecto mais imediato da instaurao do capitalismo em seu estgio industrial-concorrencial.

  • Para os mais estudiosos, o pauperismo tratava-se de um fenmeno novo, sem precedentes na histria anterior conhecida.

    Autores como Alban de Villeneuve-Bargemont (1764-1850) e Eugne Buret (1810-1842) tinham conscincia da novidade do pauperismo em questo, cabendo mesmo a sua caracterizao como uma nova pobreza.

    Mas, a desigualdade entre as camadas sociais no era algo novo, a polarizao entre ricos e pobres era algo antiqussimo, e a apropriao de bens tambm, ento o que havia de novo/ diferente no pauperismo, nessa nova pobreza??

  • Segundo JPN, a dinmica da pobreza que agora se generalizava era radicalmente nova.

    Pela primeira vez na histria registrada, a pobreza crescia na razo direta em que aumentava a capacidade social de produzir riquezas (p. 42).

    Quanto mais a sociedade se revelava capaz de progressivamente produzir mais bens e servios, tanto mais aumentava o contingente de seus membros que, alm de no ter acesso efetivo a tais bens e servios, viam-se despossudos das condies materiais de vida que dispunham anteriormente.

  • Pobreza nas sociedades pr-capitalistas: escassez (determinada pelo nvel de desenvolvimento das foras produtivas materiais e sociais);

    Pobreza nas sociedades capitalistas: propriedade privada dos meios de produo.

    Carter contraditrio: a pobreza nas sociedades capitalista se reproduz nas mesmas condies em que so propiciados meios para a supresso.

  • Os pauperizados no se conformaram com a sua situao: da primeira dcada at a metade do sculo XIX, seu protesto tomou as mais diversas formas: da violncia luddista constituio das Trade Unions, configurando-se como uma ameaa real s instituies sociais existentes.

  • LUDISMOMovimento que surgiu na Inglaterra no incio do sculo XIX. Em 1812, liderados por Nedd Ludd, trabalhadores quebraram a maquinaria txtil e demonstraram concretamente a sua revolta contra os patres e o sistema alienante de trabalho no interior das fbricas.

  • SER QUE O LUDISMO MORREU?

  • CARTISMO E OS TRADE UNIONSO Cartismo surgiu na Inglaterra, por volta de 1830, quando trabalhadores organizados na Associao de Proletrios publicaram em 1837, a Carta do Povo, na qual reivindicavam benefcios eleitorais e trabalhistas. A presso popular era feita atravs de greves, comcios e passeatas.

    O Movimento Cartista influenciou a formao dos Trade Unions (Associao de Trabalhadores), gnese dos primeiros sindicatos, porm com uma postura assistencialista.

    Somente os sindicatos surgidos no final do sculo XIX que apontaro para transformaes sociais mais amplas.

  • NOTA 2: ELEMENTOS CULTURAISA partir da segunda metade do sculo XIX, a expresso questo social deixa de ser usada exclusivamente por crticos sociais e cai no vocabulrio conservador.

  • CONSERVADORISMOFinal do sculo XIX; Europa da Revoluo Francesa;Estratos sociais: nobreza, Igreja Catlica e seus intelectuais;Oposio ao liberalismo e ao socialismo; (...) o conservadorismo um projeto poltico de oposio histrica ao Iluminismo, ao liberalismo e s ideias socialistas .(...) nega a razo, a democracia, a liberdade, a indstria, a tecnologia, o divrcio, a emancipao da mulher, enfim, todas as conquistas da poca moderna (BARROCO, p. 81) Os conservadores no era contrrios ordem burguesa, pretendiam, apenas reform-la de modo a reatualizar valores e modos de vida tradicionais.

  • Assim, a questo social perde paulatinamente sua estrutura histrica determinada e crescentemente naturalizada, tanto no mbito do pensamento conservador laico quanto no confessional (Rerun Novarun).

    Pensadores laicos: as manifestaes imediatas da questo social (forte desigualdade, fome, doenas, penria, desamparo) so vistas como o desdobramento de caractersticas ineliminveis de toda e qualquer ordem social, que podem, no mximo, ser objeto de uma ao poltica limitada.

    Pensamento conservador confessional: a questo social colocada como uma ordem divina e apela-se para medidas scio-polticas para diminuir seus agravantes.

  • Em ambas vertentes, a questo social, numa operao simultnea sua naturalizao, convertida em objeto de ao moralizadora.

    E em ambos os casos, o enfrentamento das suas manifestaes deve ser funo de um programa de reformas que preserve a propriedade privada dos meios de produo.

    Ou seja, combate-se as manifestaes da questo social, sem tocar nos fundamentos da sociedade burguesa. Segundo JPN, trata-se de um reformismo para conservar.

  • A revoluo de 1848, na Frana, um divisor de guas no pensamento sobre a questo social, pois as vanguardas trabalhadoras acederam, no seu processo de luta, conscincia poltica de que a questo social est necessariamente colocada sociedade burguesa: somente a supresso desta conduz supresso daquela.

  • NOTA 3: ANLISE MARXIANA O movimento dos trabalhadores tardaria ainda alguns anos a encontrar instrumentos tericos e metodolgicos para apreender a gnese, a constituio e os processos de reproduo da questo social.

    O suporte terico-metodolgico ser encontrado em O Capital, de Karl Marx, publicado em 1867, pois somente com o conhecimento rigoroso do processo de produo do capital, Marx pode esclarecer com preciso a dinmica da questo social, consistente em um complexo problemtico muito amplo, irredutvel a sua manifestao imediata como o pauperismo (p. 45).

  • Segundo JPN, Marx chega as seguintes concluses:

    O desenvolvimento capitalista produz, compulsoriamente, a questo social diferentes estgios capitalistas produzem diferentes manifestaes da questo social; esta no uma sequela adjetiva ou transitria do regime do capital: sua existncia e suas manifestaes so indissociveis da dinmica especfica do capital tornado potncia social dominante. A questo social constitutiva do desenvolvimento do capitalismo. No se suprime a primeira conservando-se o segundo (NETTO, p. 45).

  • 2) A questo social est elementarmente determinada pelo trao prprio e peculiar da relao capital/trabalho: a explorao

  • NOTA 4: METAMORFOSES CONTEMPORNEAS Anos 1930-1960: Perodo ureo do Capitalismo:

    Produo Taylorista-Fordista Estado de Bem-Estar SocialExrcito Industrial de Reserva

  • Anos 1960-1970: Reestruturao Produtiva

    Crise de acumulao do capital;Toyotismo / Acumulao FlexvelNeoliberalismo/Globalizao

  • Nova Questo Social???Desemprego estrutural: aumenta o nmero de pessoas que no consegue entrar no mercado de trabalho;

    menores investimentos na produo: somente os grandes setores conseguem se manter no mercado;

    Pauperizao, achatamento da classe mdia.

  • NOTA 5: INEXISTENCIA DE UMA NOVA QUESTO SOCIALA tese sustentada por Netto a de que inexiste uma nova questo social.

    Para o autor, o que deve ser investigado para alm da permanncia de manifestaes tradicionais da questo social, a emergncia de novas expresses da questo social.

  • Jos Paulo Netto termina seu texto com duas observaes:

    Como Marx e Engels deixaram muito claro em seu Manifesto do Partido Comunista no h nenhuma garantia abstrata de que o comunismo venha a substituir a ordem do capital. Mas tudo o que conhecemos acerca da sociedade dos homens nos garante a inviabilidade da perenizao da ordem do capital.

    - Para o autor, isso no significa dizer que a possvel derrota do capitalismo, em condies tais que se suprima a escassez, determine a superao da questo social, pois homens e mulheres continuaro a se encontrar vulnerabilizados, e formas de cooperao e ajuda mtua sero requisitadas.

  • 2) Se a razo de ser do Servio Social se encontra na questo social, com a superao do capitalismo, o Servio Social chegar ao fim?

    - Para Jos Paulo Netto, ainda est longe o futuro em que esta profisso ir se esgotar, pelo prprio exaurimento do seu objeto.

  • ...trata-se aqui daquela organizao social em que, suprimida a propriedade privada dos meios fundamentais de produo, assegure-se que o livre desenvolvimento da personalidade de cada um seja a condio do livre desenvolvimento da personalidade de todos. (JOS PAULO NETTO, p. 49)