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PROCESSO CIVIL Aula 12 12.10.09 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERVENÇOES DE TERCEIROS: 1ª Classificação: Espontânea – o 3º pede para participar! Ex: Assistência e Oposição. Provocadas ou Coactas – o 3º é trazido ao processo, por provocação de alguém! Ex: Denunciação da lide, Chamamento ao Processo e Nomeação à Autoria. 2ª Classificação: Ad Excludendum - o 3º quer fazer uma pretensão dele, e acaba brigando com as partes originárias, intervém para excluir o que as partes querem. Ex: Oposição é o principal exemplo. Ad Coadjuvandum – o 3º intervém para auxiliar uma das partes. Ex: assistência. 3ª Classificação: Efeitos das intervenções de terceiro: Quais as conseqüências que as intervenções de terceiro podem repercutir no processo. Acrescentar uma parte nova: Podem ampliar subjetivamente o processo (trazer um sujeito novo ao processo). Esta expressão “ampliar subjetivamente o processo” é a expressão técnica utilizada! Atenção! Ampliação objetiva do processo. Agregar ao processo um pedido novo! Ex: Denunciação da Lide e Oposição. Altera o sujeito do processo Há apenas uma troca de sujeitos (sem acrescentar), que é o que acontece na Nomeação à Autoria. 4ª Classificação: Controle pelo magistrado: Toda intervenção de terceiro deve passar pelo crivo do juiz. Um terceiro só tem seu ingresso autorizado depois da permissão do juiz. O juiz é tipo um “porteiro” para isso. Art. 51, CPC – exemplo de aplicação dessa premissa. Este artigo cuida da Assistência – “o pedido do assistente será deferido”. O 3º pede pra ser assistente. As partes são ouvidas. Se não falam nada, não impugnam, o pedido seria deferido. A redação do art. 51 parece que a entrada do assistente depende da vontade das partes, que todos concordem! Mas não é! Não basta a concordância de todas as partes, pois o juiz TEM que se manifestar! O juiz tem que autorizar! 5ª Classificação: Cabimento das intervenções de terceiro:

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CLASSIFICAÇÃO DAS INTERVENÇOES DE TERCEIROS:1ª Classificação:

Espontânea – o 3º pede para participar! Ex: Assistência e Oposição.

Provocadas ou Coactas – o 3º é trazido ao processo, por provocação de alguém!Ex: Denunciação da lide, Chamamento ao Processo e Nomeação à Autoria.

2ª Classificação: Ad Excludendum - o 3º quer fazer uma pretensão dele, e acaba brigando com as partes originárias,

intervém para excluir o que as partes querem.Ex: Oposição é o principal exemplo.

Ad Coadjuvandum – o 3º intervém para auxiliar uma das partes. Ex: assistência.

3ª Classificação:Efeitos das intervenções de terceiro: Quais as conseqüências que as intervenções de terceiro podem repercutir no processo.

Acrescentar uma parte nova:Podem ampliar subjetivamente o processo (trazer um sujeito novo ao processo).Esta expressão “ampliar subjetivamente o processo” é a expressão técnica utilizada! Atenção!

Ampliação objetiva do processo.Agregar ao processo um pedido novo!Ex: Denunciação da Lide e Oposição.

Altera o sujeito do processoHá apenas uma troca de sujeitos (sem acrescentar), que é o que acontece na Nomeação à Autoria.

4ª Classificação:Controle pelo magistrado:Toda intervenção de terceiro deve passar pelo crivo do juiz.Um terceiro só tem seu ingresso autorizado depois da permissão do juiz. O juiz é tipo um “porteiro” para isso.

Art. 51, CPC – exemplo de aplicação dessa premissa.Este artigo cuida da Assistência – “o pedido do assistente será deferido”.O 3º pede pra ser assistente. As partes são ouvidas. Se não falam nada, não impugnam, o pedido seria deferido. A

redação do art. 51 parece que a entrada do assistente depende da vontade das partes, que todos concordem! Mas não é! Não basta a concordância de todas as partes, pois o juiz TEM que se manifestar! O juiz tem que autorizar!

5ª Classificação:Cabimento das intervenções de terceiro:As intervenções de terceiro se justificam como uma forma, sobretudo, de economia processual.Permite-se que o 3º intervenha no processo, para que se resolva varias questões em um processo só, de uma vez só.Não obstante isso, toda intervenção de 3º tumultua o processo! Pois para o processo para verificar se o 3º pode ou

não entrar.A tensão da economia processual de um lado, e de outro a necessidade de se parar o processo pra analisar se ele

deve ou não entrar! Em razão dessa tensão, o legislador pode permitir a intervenção ou proibí-la. Cabe ao legislador dizer quando cabe

ou não, cabe a ele fazer este juízo de ponderação entre a economia e a duração razoável do processo.

No procedimento ordinário, cabem todas as modalidades de intervenção de terceiro.

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Nos juizados especiais, por exemplo, para fazer o contraponto, não se admite a intervenção de terceiro, havendo regra expressa no juizado, que as veda.

São dois exemplos extremos! O procedimento ordinário e os juizados.No procedimento sumário, que é um meio termo, cabem as seguintes intervenções de terceiro (nem permitiu tudo,

nem proibiu tudo, ele listou o que pode):o Assistência, o Recurso de Terceiro,o Intervenção Fundada em Contrato de Seguro.

A Assistência e o Recurso de Terceiro são espécies de intervenção de terceiro.Já a Intervenção Fundada em Contrato de Seguro NÃO é uma espécie de intervenção de terceiro. É um gênero de

intervenção de terceiro. Cuidado com isso! É uma expressão genérica que o legislador utilizou. O legislador falou de duas espécies e depois de um gênero, o que faz com que nós precisemos saber quais as espécies do gênero “Fundadas em Contrato de Seguro”:

Denunciação da Lide Chamamento ao Processo nas causas de consumo

Olha a pegadinha!! Só cabe denunciação da lide em procedimento sumário se for fundado em contrato de

seguro!! Existe chamamento ao processo nas causas de consumo que se funda em contrato de

seguro (art. 101, II do CDC).

Estamos vendo as intervenções do processo de conhecimento.Mas ainda há as intervenções nos processos cautelares, que vamos ver no intensivo II, que possuem outra estrutura.Ainda existem as intervenções de terceiro na execução (que tb vamos ver semestre que vem!).

Ainda sobre cabimento, ainda há uma ultima ponderação:As leis 9.868 e 9.882/99, que cuidam da ADIn, ADC e ADPF, VEDAM expressamente a intervenção de terceiros

nestes processos.O fundamento histórico desta intervenção, é que, como se discute aqui lei em tese, não há justificativa para que um

sujeito interfira neste processo.

Duas ponderações/reflexões quanto a isso:1. Não há como proibir uma intervenção de 3º nestes processos se o terceiro for um co-legitimado. Se

impedi-lo, ele vai propor uma mesma ADIn, por exemplo, que terá que ser reunida. Não há sentido nisso.

2. Estes processos, embora não permitam intervenção de 3ºs por proibição expressa, não proíbem a intervenção dos amicus curiae, aliás, permitem expressamente.Para muitos autores (que não é a idéia de Diddier), a intervenção de amicus curiae é um exemplo de intervenção de terceiro.“Amicus Curiae” significa, ao pé da letra, “amigos da cúria”, amigos da Corte, do Tribunal. É um sujeito que vai intervir para auxiliar o órgão jurisdicional na compreensão do problema, na solução do problema a que lhe foi submetido. Dar subsídios para compreender o problema de maneira mais abrangente, e com isso, resolver melhor a questão. A intervenção, por tanto, do amicus curiae, serve para qualificar a discussão. É a intervenção de alguém que pode aprimorar, melhorar, o debate processual, de modo que a decisão seja a melhor possível.Assim, na visão de Diddier, esta intervenção não é uma intervenção de terceiro (apesar de ter tratado desta assunto, em seu livro, na parte da intervenção de terceiros), pois ele não interfere para ser parte, mas sim, para auxiliar o juiz, para ajudar a administração da justiça.Amicus Curiae pode ser Pessoa Física ou Jurídica. Será aquele que, de alguma forma, puder contribuir.É admitido, inclusive, que o amicus curiae interfira no processo fazendo sustentação oral. Isso só foi permitido a partir de 2003 (o Supremo mudou sua orientação jurisprudencial).Amicus Curiae não tem direito a honorários advocatícios.

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Ele sempre terá um interesse por trás de sua participação. É um professor, uma entidade coorporativa, uma entidade religiosa, outros querem dar uma visão médica ou econômica do processo. Sempre há um interesse por traz, mas o amicus curiae não tem interesse direto no processo (porque, se assim fosse, interviria como assistente, sendo parte).

Evolução histórica do amicus curiae no BrasilFala-se que a primeira participação do Amicus Curiae no Brasil teria sido na lei 6.385/76, reformada em 79.Esta lei instituiu, criou, a CVM, Comissão de Valores Mobiliários, no Brasil.É uma autarquia que regula o mercado de ações.Esta lei diz o seguinte: que em qq processo que tramita no Brasil em que se discutam questões relativas à alçada da CVM, ao mercado de valores mobiliários, a CVM tem de intervir. Esta intervenção da CVM é considerada o primeiro caso de amicus curiae.A CVM interviria para ajudar o juiz a entender o mercado de valores (complexo).O legislador, neste caso, impôs a intervenção do amicus curiae e ainda o identificou previamente (é a CVM).

Este modelo se repetiu, anos depois, na Lei 8.884/94, a lei de proteção da concorrência que, seguindo o mesmo modelo, determinou que em qq processo que discutisse questões relacionadas à concorrência, teria que ter a interferência do CADE (mais uma vez, impõe a participação do amicus curiae e já disse quem interviria!).

Com essas leis 9.868 e 9.882/99, da ADIn, ADC e ADPF, mudou tudo, pois deixaram de impor a intervenção, que passou a ser opcional, permitida. Elas também permitiram que qualquer um pudesse ser amicus curiae, sem determinar previamente quem iria sê-lo, como fazia até então.

A partir do momento que o legislador fala que qq um que possa contribuir ao processo, fez com que este assunto começasse a ser cobrado em concursos!!

A partir de 2003, há uma grande mudança do paradigma deste assunto.Em 2003 o STF julgou um habeas corpus que envolvia a discussão sobre o crime de racismo.Neste processo, se discutiu sobre a publicação de livros contrários aos judeus (propaganda anti-semita ostensiva), poderia ou não considerada criminosa pelo prisma do crime de racismo.A defesa do acusado foi no sentido de que, como judeu não é raça, mas sim, um credo. Afirmavam que não haveria crime de racismo, pois não existem raças humanas (argumento da antropologia e da biologia). HC 82.424 (o acórdão tem 250 páginas! Foi transformado em livro!!!). Neste processo, permitiu-se, expressamente, a participação no processo penal, sem autorização legal. Não há previsão legal para participação de amicus curiae neste processo. A manifestação foi citada várias vezes pelos Ministros em seus votos!Este processo aponta para o que hoje muitos defendem: em qualquer processo seria permitida a participação de amicus curiae, mesmo sem previsão legal, desde que a causa justifique isso. Uma causa que tenha uma complexidade que a justifique, desde que o amicus curiae tenha representatividade, condições para contribuir na solução do problema.

Em livros de processo coletivo trata-se da intervenção do amicus curiae nas ações civis públicas. É atípica, sem previsão legal, mas se a causa é complexa, como normalmente é, e o postulante pode contribuir para a resolução da causa, seria possível!

PS: O amicus curiae pode recorrer?Ainda não há posicionamento sobre isso. Em algumas decisões dizem que podem e em outras que não pode!

INTERVENÇÕES DE TERCEIRO EM ESPÉCIE:Vamos estabelecer um código e comunicação:

Todo exemplo dado será de “a” contra “b”, e “c” será aquele que vai entrar no processo.

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“A” é o autor. “B” é o réu. “C” é o terceiro.Além disso, “A” e “B” estarão sempre brigando, discutindo alguma coisa.A relação litigiosa é “X”.O que vamos estudar é a relação do terceiro com o que se discute em juízo.

ASSISTÊNCIA:É uma intervenção de terceiro espontânea.Pode acontecer a qualquer tempo (enquanto o processo estiver pendente).Pode ocorrer em qualquer dos pólos do processo (ativo ou passivo)Pela assistência, o terceiro não agrega nenhum pedido novo ao processo.O terceiro adere a uma das manifestações das partes. Se junta o que o autor ou réu disse.Ele pode trazer fundamentos novos, uma nova abordagem, mas não um pedido novo.Não há inovação objetiva na assistência.Mas para o sujeito ser assistente, é preciso que este 3º tenha um interesse jurídico com relação à causa. Aquela

causa tem que lhe interessar juridicamente.

Há DOIS TIPOS DE INTERESSE JURÍDICO, ambos autorizando a intervenção como assistente:1. O interesse jurídico forte, direto ou imediato.2. Interesse fraco, indireto ou mediato.

Quanto ao interesse jurídico forte, direto, imediato:Este interesse gera a assistência litisconsorcial.Decorre de um vínculo muito forte do 3º com a causa!Difícil é saber que vinculo é esse que liga o 3º com a causa, de maneira que a sua intervenção será litisconsorcial.“C” pede para interferir para ajudar “A”, sob o seguinte argumento: “Seu Juiz, estão discutindo uma relação jurídica “X” da qual eu faço parte, ou seja, sou sujeito da relação discutida! E assim, tenho todo o interesse do mundo em discuti-la também!” Se “C” fala isso pro juiz, este interesse é forte!Exemplos: a) um condômino pede para intervir em um processo proposta pelo outro condômino. O bem é em condomínio e ele é co-titular, discute-se m bem que também é dele!b) O substituído pode intervir no processo conduzido pelo substituto processual. Legitimação extraordinária! Alguém esta em juízo defendendo o interesse de outra pessoa.Além disso, pode ser quando o 3º é um co-legitimado.Por exemplo, quando um co-legitimado à ADIn quer intervir na ADIn.Ele poderia ter proposto esta ADIn, e ele quer intervir para ajudar. O interesse é tão forte que aquela ação poderia ter sido proposta por aquele terceiro. E como ele não o fez, ele quer interferir.Toda ação de co-legitimado é uma intervenção para ser assistente litisconsorcial.

O que o assistente litisconsorcial é no processo?Ele se torna litisconsorte UNITÁRIO do assistido.Aqui é o segredo para entender este assunto! Para nunca mais esquecermos!A assistência litisconsorcial nada mais é do que um litisconsórcio unitário facultativo ulterior.Ou seja, um litisconsórcio que se forma durante o processo, porque ele era facultativo.Aquele que poderia ter sido litisconsorte unitário desde o inicio, resolve “participar”.Se a assistência litisconsorcial é um litisconsórcio unitário formado posteriormente, sendo facultativo, ela vai ocorrer mais no pólo ativo ou no passivo? Qual o ambiente propício para isso? Normalmente no pólo ativo!!Ela costuma acontecer no pólo ativo, e não é por outro motivo que nos livros de processo, os exemplos dados de assistência litisconsorcial são sempre no pólo ativo.Há também no pólo passivo, mas não é tão comum.

O assistente litisconsorcial está em pé de igualdade ao assistido?Sendo unitário, terão que ser tratados igualmente!A conduta de um prejudica não se comunica, se for pra ajudar comunica, etc.

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Quanto ao Interesse fraco, indireto ou mediato:Gera uma assistência simples.É uma modalidade de assistência que se lastreia em um interesse mais singelo, menos forte.O que o terceiro diz ao juiz quando quer intervir como assistente simples?

“Seu juiz, eu quero ajudar “B”, porque “B” discute com “A” uma relação de que eu não faço parte, mas que se conecta com outra relação jurídica, “Y”, que eu mantenho com o assistido, que não esta sendo discutida (relação que está fora do processo), que está conectada com a relação discutida. E a solução dada a “x”, vai interferir em “Y”. SE “B” perder pra “A”, vai atingir a relação “Y”.”

Exemplo: O sublocatário intervém para ajudar o locatário em uma ação de despejo! Pois, se o sublocatário for despejado, a sublocação cai! Interesse reflexo!

Ele é um auxiliar!Ele não é litisconsorte!

Fala-se que o assistente simples fica subordinado a vontade do assistido!!Se o assistido quiser transigir ou renunciar, o assistente simples não pode fazer nada!

Art. 53, CPC – fala da assistência simples.Vontade expressa de assistir! Atos negociais!

Veja como mudam as coisas quando analisamos o art. 52.“Sendo revel o assistido...”Se o assistido for revel, havendo omissão do assistido, o assistente pode agir por ele!Será seu “gestor de negócios”!

Olha a diferença! Se o comportamento do assistido é expresso, no sentido de abdicar de algo, de não querer mais o negócio, não há o que se fazer. Mas se ele for revel, só se omitiu, como não há expressa manifestação de vontade, o assistente pode fazer alguma coisa!Se for conduta tácita, o assistente pode ajudar!

Isso é muito útil para podermos responder o seguinte: Sai uma decisão contra o assistido, que não recorre.O assistente pode recorrer?O recurso só assistente pode ser conhecido se o assistido não recorreu?O não recurso só assistido significa vontade expressa de não ter recorrido, e por isso o assistente nada por fazer?O STJ tem várias decisões dizendo que o recurso do assistente não pode ser conhecido!O professor acha um erro do STJ, já que ele não poderia ser conhecido se o assistido tivesse manifestado expressamente que não queria o recurso! Mas se o assistido simplesmente não recorre, o não-recurso não pode ser considerado um ato de vontade expressa, pois ele poderia ter perdido o prazo, e o assistente está ali exatamente para ajudar.

O assistente simples é um legitimado extraordinário.Isto porque ele esta em juízo, em nome próprio, defendendo direito alheio.Por isso, é um caso de legitimação extraordinária! Poucos falam isso, pois é complicado perceber isso.

A última coisa sobre assistente simples!Pergunta clássica: O assistente simples se submete à coisa julgada?Não!Ele se submete a outra eficácia preclusiva.É a eficácia da intervenção, ou eficácia preclusiva da intervenção, ou Submissão à justiça da decisão.O assistente simples fica vinculado aos fundamentos da decisão proferida contra o assistido, ou seja, o assistente não poderá mais discutir o que o juiz usou como fundamento contra o assistido em outro processo.

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Exemplo do sublocatário: se a ação de despejo for julgada procedente sob o fundamento de que o locatário tinha transformado o imóvel em uma casa de tolerância, o sublocatário que interveio não poderá mais discutir se é ou não se era uma casa de tolerância.

Neste sentido, fala-se que a eficácia da intervenção é mais rigorosa do que a coisa julgada, já que a coisa julgada não vincula os fundamentos.

Assim, vão lhe perguntar: Como o assistente simples pode escapar à eficácia da intervenção?Alegando a exceptio male gestis processus, ou seja, ele pode demonstrar que o processo foi mal conduzido pelo assistido. É a alegação de má gestão processual. E por isso, ele não poderia ficar vinculado àquela decisão.

Art. 55, CPC. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

Neste sentido, a eficácia da intervenção é menos rigorosa do que a coisa julgada, pois pode ser afastada com mais facilidade do que se afasta a coisa julgada.

Questão de concurso público: Por que a eficácia da intervenção é, a um só tempo, mais e menos rigorosa do que a coisa

julgada?É mais rigorosa quando vincula os fundamentos, e menos rigorosa pois pode ser afastada com mais facilidade.

Informação complementar: Tendências da assistência simples:

1. Fala-se muito hoje, que o interesse institucional é uma espécie de interesse reflexo que deve autorizar a assistência simples.Exemplo: Imaginem um processo em que se discutam prerrogativas de membro do Ministério Público. Uma parte entra contra o promotor dizendo que ele exacerbou suas prerrogativas. Admite-se que o MP possa intervir para ser assistente deste Promotor, já que a causa envolve reflexamente interesses institucionais, a concretização do que seja determinada prerrogativa do MP.O mesmo quanto a OAB, que poderia interferir num processo que se discute as prerrogativas dos advogados (interesse reflexo).

2. Atualmente, nosso sistema processual tem prestigiado muito os precedentes judiciais, de maneira cada vez mais intensa! Já se tem admitido, inclusive na prática, intervenção como assistente simples para auxiliar a parte com interesse reflexo na formação do precedente. É reflexo porque a parte quer que aquela seja procedente, para poder depois, ser um precedente a ser usado em outras situações.Isso não existe expressamente, mas já teve decisão do Supremo admitindo isso, em um caso interessantíssimo, em que um assistente simples foi um sindicato, e o assistido foi um sindicalizado. Isto porque, desta decisão, haverá precedente para toda a categoria, para todos os demais sindicalizados.O Supremo permitiu que o sindicato interviesse para colaborar na formação do precedente. É uma nova forma de encarar a assistência simples: A assistência para formar um precedente.

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Assim, uma coisa é discutir um assunto que é dele (de “C”, do 3º), outro é discutir assunto que é dos outros (“A” e “B”), mas interfere nas coisas de “C”.

INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS:Intervenções próprias de entes públicos, que já foram ate mesmo chamadas de intervenções anômalas ou suis generis... Mas não devem ser chamadas assim! São especiais!

Estão reguladas em uma lei extravagante: 9.469/97.Ambas estão no art. 5º desta Lei 9.469/97.Este artigo 5º tem um caput e um parágrafo único.O caput prevê uma modalidade, e o parágrafo único prevê outra. São, portanto, duas.Vamos separá-las para podermos entender suas sutilezas:

Caput: é uma intervenção apenas para a União. Só da União. Esta intervenção é espontânea, podendo ocorrer a qualquer tempo, em qualquer pólo processual, não acrescenta pedido novo,

(e estas quatro são também características da assistência, com a particularidade de ser da União)... E não há necessidade de interesse jurídico, mas sim, por simples manifestação de vontade.

É permitida em qualquer processo, mas desde que envolva Entidade Autárquica (gênero), Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista Federal.

É uma intervenção diferente!

Parágrafo único:Também poderá ser Esta intervenção é espontânea, podendo ocorrer a qualquer tempo, em qualquer pólo processual, não acrescenta pedido novo,

As diferenças entre o caput e do § único, é que na intervenção do parágrafo único não é apenas da União, mas sim, de qq pessoa jurídica de direito público.

Ela exige também demonstração de interesse econômico.Poderá acontecer em qualquer processo que estiver pendente no Brasil.O objetivo desta intervenção é para esclarecer questões, juntar provas, etc.E, por isso, há quem diga que esta intervenção é uma intervenção de amicus curiae (isso é ainda uma discussão

doutrinária).Se vc defende que é amicus curiae, não desloca competência.Mas o § único fala que cabe recurso, e isso ainda traz o deslocamento de competência.

O que é certo é que esta intervenção é diferente das demais.

Assim, conclui-se que:CAPUT § ÚNICOIntervenção apenas para a União Qq pessoa jurídica de direito público

Intervenção é espontânea, podendo ocorrer a qualquer tempo, em qualquer pólo processual, não acrescenta pedido novo,

Não há necessidade de interesse jurídico, mas sim, por simples manifestação de vontade.

Exige também demonstração de interesse econômico.

É permitida em qualquer processo, mas desde que envolva Entidade Autárquica (gênero), Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista Federal.

Poderá acontecer em qualquer processo que estiver pendente no Brasil.

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ALIENAÇÃO DA COISA LITIGIOSA cai muito em concurso!!!

Ver artigo 42, CPC. Está tudo neste artigo!

“A” demanda contra “B”, na demanda “X”.É lícita a alienação de uma coisa ou de um direito litigioso?Ceder, vender, transferir, etc.?Claro que sim!Se não fosse assim, o país parava!!!Se fosse impedir alguma coisa, era só colocá-lo no litígio, como maneira de impedir que se perdesse aquele

bem/direito.Obviamente, também, que isso vai repercutir no processo.

Pense em “B” transmitindo a coisa litigiosa para “C”.A partir disso...“B” passa a ser chamado de alienante ou cedente.“C” é o adquirente ou cessionário.“A” é o adversário comum.

Observações:1. “C” fica vinculado à coisa julgada.

Quem compra coisa litigiosa sabe que vai ficar vinculado a coisa julgada. Se “B” perder, “C”vai ser dar mal! Problema do “C”, que comprou coisa litigiosa porque quis! Mas se “C” não sabe que aquele bem era litigioso, ele que se entenda depois com “B”, pois “A” não tem que ficar prejudicado!O único caso em que “A” teria que ser responsabilizado seria no caso de venda de imóvel, já que cabia a “A” averbar na matrícula do imóvel a pendência daquela ação. Se “A” não averba isso, assume que um “C” (3º) de boa-fé pode comprar aquele imóvel sem saber, e “A” vai ter que arcar com isso, pois traria uma enorme insegurança!

2. O adquirente pode pedir para entrar no lugar do alienante. Já que ele comprou a coisa, já que a coisa está com ele, “C” pode querer suceder “B”. Essa sucessão de “B” por “C” será possível se “A” concordar.

3. Se “A” não concordar, “C” vai poder intervir para ser assistente de “B”.Assistente simples ou litisconsorcial?“C” vai discutir algo que é dele, ou seja, assistência litisconsorcial no pólo passivo!Isso se não houver sucessão, pq se tiver, “B” “vai pra casa”.

4. “C” pediu pra entrar no lugar de “B”, mas “A” não deixou.“B” fica no processo, mas agora defendendo um direito que não é mais dele.“B”, permanecendo no processo, permanece como legitimado extraordinário superveniente. Isto porque só se torna legitimado extraordinário agora! A coisa estava com ele, mas vendeu, e AGORA, permanece no processo defendendo algo que não é mais dele.

5. E se houver sucessão? “B” pode pedir ao juiz para ficar no processo?Pode!E se “b” fica no processo, fica a que título? Assistência simples, pois ele tem interesse reflexo (pois está com medo de que, se “C”perder, ele vai ter que reembolsá-lo depois).

OPOSIÇÃOVamos trabalhar com o mesmo exemplo: “A” litiga com “B”, pela coisa “X”, tendo um terceiro “C” que diz ser aquela coisa dele.O processo passa a te duas demandas, e o juiz vai ter que julgar as duas. A oposição e a ação.

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Na sentença do juiz, quem é julgado primeiro?A oposição, pois se a coisa é do terceiro (“C”), não será nem de “A” e nem de “B”.Art. 61, CPC.A oposição gera um litisconsórcio passivo, ulterior, necessário (por força de lei) e simples.

Todo litisconsórcio tem que ter quatro adjetivos!!!

Tanto é simples que pode reconhecer pra um e não pro outro!É um pedido declaratório contra “A”.

Art. 57, CPC – é distribuída por dependência!Serão os opostos itados! A lei, expressamente autoriza que o advogado receba a citação na oposição, não precisa nem de poder especial porque a lei já autoriza!É um prazo de defesa é comum, de 15 dias (poderíamos pensar que seriam dois advogados,e o prazo seria em dobro, mas não é!).A lei prevê dois momentos para a oposição:A lei divide o processo em 3 partes:

___________________________I________________________I_______________________Audiência Sentença

Quando ajuizada ate a audiência é chamada de “oposição interventiva”, pois o terceiro passa a fazer parte do processo, sendo uma incidente do processo (Art. 59, CPC). Aqui, ambas terão que ser julgadas juntas!

Quando ajuizada entre a audiência e a sentença (começada a audiência, mas sem ter sentença ainda), será regulada pelo art. 60, CPC, e é chamada de “intervenção autônoma”, e ela NÃO é uma intervenção de terceiro, mas sim, um processo incidente. É um processo novo que não necessariamente será julgado com o processo anterior. Pode ser julgada junto, mas não necessariamente.

PS: Aqui vale a distinção entre processo incidente e incidente do processo!

Após a sentença, não cabe oposição!