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CURSO ON-LINE – ATUALIDADES E GEOGRAFIA – ABIN PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES
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AULA 02- RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Olá amigos, tudo bem? Esperamos que até aqui as coisas estejam
ficando claras para que todos possam fazer uma excelente prova de geografia
e atualidades. Estamos nos esforçando ao máximo para que vocês tenham o
melhor e mais completo material possível. Todavia, reforçamos a importância
de vocês utilizarem o fórum de dúvidas sem pudores. Às vezes, ficamos
com uma pequena dúvida que se não for sanada acaba nos impedindo de ter
uma boa compreensão de um assunto que será tratado mais à frente, port-
anto não deixem de perguntar, ok? Responderemos a todos o mais breve
possível e restando ainda alguma questão, perguntem outra vez,
estamos aqui para ajudá-los a atingir o sucesso rumo à aprovação.
Antes de começarmos a nossa aula propriamente dita, queremos
socializar duas perguntas interessantes feitas por colegas no fórum de
dúvidas, que enriquecem bastante o conteúdo do nosso curso:
1)- O Rodrigo perguntou o seguinte:
“Olá caríssimos! Ficou claro que somente Brasil, Argentina, Uruguai
e Paraguai formam o MERCOSUL. Eu gostaria de saber, todavia, como está
o processo de inserção da Venezuela? ”
Nossa resposta: “A Venezuela está em processo de adesão ao
MERCOSUL, dependendo somente da aprovação do Paraguai para
fazer parte desse bloco regional, ok? Todos os outros países do
MERCOSUL já aprovaram sua adesão, inclusive o Brasil, bem recentemente.
2)- O Anderson nos perguntou qual a diferença entre BIRD e
BID, ao que respondemos:
“Boa pergunta Anderson! Como são siglas muito parecidas é comum
fazermos uma certa confusão entre elas.
O BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - é a principal
fonte de financiamento em 26 países da América Latina e do Caribe. Ele foi
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instituído, em 1959, com o objetivo principal de apoiar o processo de
desenvolvimento econômico e social dessa região. Esse desenvolvimento é
promovido, principalmente, pela concessão de empréstimos e operações de
cooperação técnica para esses países. Assim, o BID pretende colaborar com
o combate a pobreza e promover uma igualdade social.
Já o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - foi fundado com o objetivo principal de ajudar os países
que haviam sido destruídos pela Segunda Guerra, ou seja, países da Europa.
Lembra que falamos do Acordo de Bretton Woods? Pois então, o
BIRD foi estabelecido a partir desse acordo. No entanto, atualmente seu papel
se modificou no cenário mundial e tem como objetivo principal lutar contra a
pobreza mundial, através da concessão de empréstimos a países em
desenvolvimento.”
3) O Roger teve dúvida a respeito da diferença entre harmonização
das políticas econômicas e equalização das políticas econômicas.
“Como harmonização e equalização são palavras que nos indicam
coisas muito semelhantes pode ser difícil mesmo perceber a diferença entre
elas. Porém, apesar de sutil essa diferença existe!
Para ficar bem fácil de visualizar, pensemos num quadro. Nesse
quadro foi pintado uma imagem que a simples admiração dele lhe traz uma
sensação de bem estar. Muito provavelmente essa tela está repleta de cores
que se harmonizam, ou seja, possui cores que combinam entre si. Apesar de
diferentes, uma vez juntas num mesmo contexto, elas não interferem uma
na outra, resultando numa diversidade que se combina, que se harmoniza.
Por outro lado, se pretendermos que essa tela fique equalizada,
usaríamos uma cor só e ela estaria preenchida totalmente por apenas uma cor,
ou seja, em qualquer ponto da tela as cores utilizadas seriam exatamente
iguais, tal como um quadro negro. Assim, elas também não se agrediriam, pelo
simples fato de serem absolutamente iguais.
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No caso das políticas econômicas é a mesma coisa! Elas estarão em
harmonia quando apesar de diferentes não ferirem ou influenciarem negat-
ivamente uma na atuação da outra. Em contrapartida, elas estarão equaliz-
adas quando a mesma política adotada em uma região for adotada na outra.
“
4- Nosso amigo Carlos perguntou de que forma o crescimento dos
blocos sul americanos se contrapõem às ambições da ALCA, e se
existem casos ou possibilidades concretas de retaliações dos EUA?
“A ALCA é um projeto que ficou parado no tempo. Ela tinha como objetivo
a formação de uma área de livre comércio nas Américas. No entanto, em virtude de
interesses divergentes entre os países que a formariam, suas negociações foram
abandonadas.
Veja só: os países integrantes do NAFTA tinham como
maior interesse as negociações em matéria de serviços, investimentos e
propriedade intelectual. Já os países do MERCOSUL viam com prioridade
os temas de acesso a mercados e agricultura.
Os EUA, por sua vez, eram relutantes, à época das negociações, em
retirar os altos subsídios que concediam ao setor agrícola e reduzir o
protecionismo em alguns setores, como o do aço. E isso era de fundamental
interesse para os outros países.
Quanto ao crescimento da integração na América do Sul, não dá pra
falarmos em contraposição às ambições da ALCA, já que nem se fala mais ho-
je nesse bloco comercial. Também não existe a possibilidade de qualquer retali-
ação dos EUA hoje em dia, já que as regras do comércio internacional somente
as admitem quando autorizadas pela OMC no âmbito de uma disputa comercial.”
____________________x___________________
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Bem, dito isso, podemos partir direto para nossa aula. Abordaremos
hoje outros importantes tópicos do edital, que se atêm a questões mais
nacionais. Se até agora estávamos explicando a globalização e suas
repercussões mundiais, é chegada a hora de nos voltarmos às peculiaridades
da inserção do Brasil no capitalismo mundial.
1- A integração do Brasil no processo de internacionalização da economia.
Enxurrada de produtos chineses eletrônicos a preços baixos,
popularização da batata “Pringles” e da Coca-Cola. Esses são apenas alguns
demonstrativos de que o Brasil se inseriu profundamente no cenário econômico
mundial. Até aí nada de novo, todos nós já sabíamos, não é mesmo? Mas
como foi que tudo isso começou? Como o Brasil saltou da condição de mero
fornecedor de matérias primas à de uma das economias mais fortes do
mundo?
Vocês estão lembrados de que na aula passada falamos sobre a
migração das grandes empresas para países que ofereciam boas condições
para instalação de indústrias? Pois bem, é assim que começa a nossa história
de hoje.
Assim como a maior parte dos países subdesenvolvidos, o Brasil
não ficou à margem da ofensiva capitalista internacional, tendo sido invadido
por dois setores em especial: os grupos financeiros e as multinacionais.
Os primeiros buscavam aplicações para o excesso de liquidez que
adquiriram no pós-guerra, o qual se prolongou para muito além de suas
conseqüências e efeitos imediatos. Como assim? A superioridade capitalista
que vemos hoje e que proporcionou a inserção do Brasil na economia
internacional surgiu por dois motivos. Um deles foi a acumulação de divisas em
ouro, resultado do forte financiamento da guerra e das restrições de consumo
que ocorrem nessa situação. O outro foi o contínuo impulso que os negócios
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tiveram devido à reorganização e reconstrução da Europa (Plano Marshall).
Assim, frente a uma enorme concentração de capital nas mãos de grupos
financeiros, eles aplicavam em países subdesenvolvidos, como o Brasil, na
expectativa de ótimos rendimentos.
Já as empresas multinacionais, beneficiárias diretas da conjuntura
de grande quantidade de excedente financeiro, buscavam novas oportunidades
de negócios se expandindo especialmente para os países onde tudo ainda
estava por ser construído, como o Brasil.
Na década de 60, o Brasil viveu um período conhecido como,
“milagre econômico”, devido justamente a um salto sem precedentes nos
investimentos que ocorreram nesta época. O Brasil oferecia boas perspectivas
e garantias de bons negócios, como a abundante disponibilidade de mão-de-
obra barata e relações de trabalho bem mais amenas do que as encontradas
nos países desenvolvidos - onde as exigências e a liberdade de exprimí-las
tornaram dispendiosas e incômodas a relação empregado/patrão.
Assim, o chamado terceiro mundo se tornou um dos principais
destinos do fluxo de capitais ou poupança externa e de tecnologia dos grandes
centros para imprimir-lhes um surto de crescimento industrial, do qual o Brasil
foi exemplo.
Todavia, o tão bem sucedido sistema capitalista sofreu um forte
baque no início da década de 70, quando se instalou uma forte e generalizada
inflação de preços acompanhada de desemprego e inatividade das empresas.
Apesar de a crise ter atingido a todos os países que compunham o
mundo capitalista, é claro que quem mais sofreu foram os países que estavam
se industrializando. Um exemplo disso foi o Brasil, onde faltaram recursos de
crédito para continuar financiando o milagre econômico que o país vivenciava
às custas de muito empréstimo dos bancos americanos.
Ao mesmo tempo em que a contração de uma volumosa dívida
externa trouxe progressos industriais ao Brasil, ela também impôs uma perda
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relativa da autonomia econômica e da livre disposição dos recursos naturais
brasileiros. A crise das décadas de 80 e 90 mostrou que o Brasil reservava a
maior parte de seus recursos para pagar dívida externa e isso comprometia
mais de um terço do Produto Nacional Bruto.
Toda essa atividade econômica em nações como o Brasil serviu
muito mais para consolidar os setores relativamente mais restritos da
população que têm acesso a esse progresso do que a maioria em si. Ao
aproveitar ao máximo a especulação externa, que fervilhou nos últimos anos do
capitalismo, o Brasil contraiu uma dívida externa sem antecedentes na sua
história, sacrificando esferas desprivilegiadas da população, que continua
pagando o pesado tributo de uma divida que não contraiu.
Ok, professores, mas como é que isso pode ser cobrado na prova?
Vamos dar uma olhadinha na questão que segue:
(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do conceito de globalização levou o presidente da República a abordar esse tema na abertura da sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 2001.
Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a respeito do lugar do Brasil e da América Latina na globalização.
1 Embora um forte setor governamental no Brasil, o econômico-financeiro, tenha defendido o conceito de globalização benéfica, setores adjacentes não acreditaram no automatismo da equação que associa liberalização e privatizações às necessidades do desenvolvimento econômico e social da nação.
Comentários
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Como já vimos anteriormente, a globalização tem com principal
característica estimular o crescimento econômico nos países. No entanto, ela
também traz inúmeros efeitos negativos, como o aumento da pobreza, da
desigualdade e da violência.
A livre concorrência entre empresas e países, tão estimulada pela
globalização, coloca em competição economias com diferentes graus de
desenvolvimento - o que tende a aumentar o tamanho do abismo existente
entre os países ricos e pobres. Estando o Brasil na parte mais fraca da corda, é
absolutamente normal que setores críticos da sociedade não acreditem que
liberalizações e privatizações possam originar um desenvolvimento social para nação.
Ao contrário do que possa parecer, o desenvolvimento econômico
não traz necessariamente o desenvolvimento social e, se não for devidamente
controlada, a globalização pode aumentar e marginalizar ainda mais as
sociedades e economias mais pobres. Portanto, a questão está correta.
2(CESPE/DPF-2002) A ética e a cidadania, idéias fortes na conformação de uma sociedade moderna e civilizada, ocuparam o papel central na definição das políticas públicas de inserção internacional da América Latina na década de 90 do século passado.
Comentários
Ética e cidadania são dois conceitos que deveriam ser lembrados
para responder esta questão. Sabendo o que eles significam e olhando para
nossa realidade, saberíamos logo de cara que a questão está errada! Mas por
quê? O sistema capitalista tem sua maior expressão na globalização que,
através de suas representantes máximas (multinacionais), busca o lucro a
qualquer custo! Desta forma, foge a qualquer lógica ética que uma
multinacional permita que pais de famílias sejam substituídos por máquinas e
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percam sua cidadania não é mesmo?! O conceito de cidadania está
profundamente atrelado à noção de direitos individuais, ou melhor, ao direito de
ter direito - seja a um emprego, ao lazer, saúde, educação ou cultura. Porém, o
acesso a esses direitos não é o ponto central do capitalismo, que se rege pela
busca constante do lucro.
3 (CESPE/DPF-2002) Apesar de a força do liberalismo que se irradiou na América Latina nos anos 90 do século XX ter chegado ao Brasil, este manteve seu padrão de racionalidade e continuidade dos últimos sessenta anos, sob a égide do nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal.
Comentários
Na década de 90, a economia latina, assim como a mundial, eram
regidas pelas idéias neoliberais formuladas no Consenso de Washington, não é
mesmo? Naquela ocasião, foram estabelecidas medidas de estímulo à
privatização das estatais e o fim do Estado de Bem-Estar Social, ou seja, o fim
do Estado como protetor da sociedade e regulador da economia. Portanto,
é errado afirmar que o Brasil manteve seu padrão de racionalidade sob a
égide do nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal, pois o
neoliberalismo propõe a quase nulidade de ações do estado.
4 (CESPE/DPF-2002)- A atual crise pela qual passa a Argentina, apesar de ter caráter exclusivamente econômico, em nada pode ser associada ao tema tratado no texto I, pois, nesse país, a
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estabilidade da moeda foi conseguida de forma natural, considerando-se apenas o real equilíbrio entre suas exportações e importações
Comentários
Em fins de 2001 e inicio do ano de 2002, a Argentina passou por
uma crise sem precedentes em toda a sua história devido a seu escopo
e amplitude. Essa crise abarcou o setor social, econômico (fiscal, financeiro
e corporativo), político e até mesmo institucional (Suprema Corte).
Portanto, quando a questão afirma o caráter exclusivamente econômico da
crise, ela já incorre no primeiro erro da assertiva. Após isso, a questão
aborda o caráter natural do equilíbrio da moeda argentina - outra inverdade
- uma vez que a paridade do peso argentino com o dólar só foi conseguida
com a interferência do estado, independente das leis de mercado.
________________X_________________
Pessoal, que nos perdoem aqueles que não são muito amantes de
História, mas teremos mesmo que abordar um pouquinho dela para comentar a
próxima questão, ok? Prometemos ser breves!
Até aqui falamos de industrialização, globalização e sobre como as
indústrias se instalaram e se distribuíram pelo território brasileiro. Mas, afinal,
como foi o início de todo esse complexo industrial e estrutural que temos hoje?
Não há como pensar em industrialização no Brasil sem lembrar-nos
de um polêmico presidente: Getúlio Vargas. Entre os anos de 1930 e 1945,
esse presidente teve um papel essencial na edificação de uma nova trajetória
política e econômica do Brasil rumo a uma sociedade urbana e industrial. Ao
lado da modernização econômica por meio da implementação de indústrias,
Vargas instituiu um rígido autoritarismo político – levando o país a conhecer a
repressão e a censura. Apesar de se pretender progressista, visto os moldes
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utilizados nos direitos que originaram a legislação trabalhista, a chamada “Era
Vargas” trouxe ao Brasil uma modernização conservadora. E por quê?
Bom, uma coisa de cada vez...
Modernização porque foi ele quem estimulou a formação da
indústria de base no país por meio da construção de importantes empresas
estatais. Até o ano de 1941, o presidente ainda apresentava uma política
pendular entre os EUA e a Alemanha quanto ao seu posicionamento na
Segunda Guerra Mundial. Todavia, exatamente neste ano, Vargas obteve
financiamento norte-americano para a montagem de uma das principais
indústrias da economia brasileira: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na
cidade de Volta Redonda/RJ. Todavia, esse foi apenas o início de suas
modernizações econômicas, uma vez que, seguido a isso, tivemos a criação da
Eletrobrás em 1952 e a campanha pela nacionalização total do petróleo com o
slogan "o petróleo é nosso", que resultou na criação da Petrobrás em 1953.
Por outro lado, é considerada conservadora, pois toda a vontade de
progresso que notamos na administração de Getúlio Vargas sempre esteve
diretamente ligada a um forte sentimento de nacionalismo. Esse sentimento
significava uma maior dificuldade do capital financeiro externo em dominar
setores importantes da sociedade – conforme esperava o liberalismo
econômico vigente. Em outras palavras, o nacionalismo do governo Vargas
dificultava bastante a vida dos investidores externos, sobretudo
estadunidenses, quando se tratava de entregar as riquezas brasileiras.
Além disso, o aspecto político certamente contribuiu para que
o governo de Getúlio fosse visto como conservador, uma vez que vivíamos
uma ditadura interna, que procurava acalmar os ânimos mais exaltados
em sua legitimidade com os trabalhadores. Para não perdê-la, no dia 1º de
maio de 1954 o então presidente concedeu finalmente o prometido aumento
de 100% no Salário Mínimo.
Apesar disso, em pesquisas recentes para avaliar quem foi a maior
liderança política do Brasil do século XX, Getúlio Vargas apareceu em segundo
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lugar. Para surpresa de muitos, em primeiro lugar ficou Juscelino Kubitschek,
justamente por ter ligado sua imagem no Brasil à promessa de
um desenvolvimento sem conflitos, com democracia e liberdade para todos.
Vargas, apesar de ter sido o precursor do desenvolvimento industrial
no país e do “amor” que lhe devotaram os pobres, graças à legislação
trabalhista e à tragédia de sua morte em nome da bandeira nacionalista, só foi
lembrado em segundo lugar. Todavia, é preciso reconhecer que Getúlio foi o
grande organizador do Estado brasileiro e o coordenador do pacto social que
prevaleceu praticamente intocável durante mais de 50 anos.
Então, pessoal, dito isso vamos ver como esse assunto já foi
cobrado em provas anteriores da ABIN.
5 (CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de modernização do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade que o século XX exprimia. Do ponto de vista econômico, verificouse o estímulo à industrialização, com o Estado assumindo papel relevante na montagem da infra-estrutura de que o país carecia.
Comentários
A questão toca exatamente nas questões que comentamos acima
não é mesmo? Vargas foi mesmo o pioneiro no processo de modernização do
Brasil e foi o principal responsável por inserir nosso país no novo circuito
econômico do século XX. Essa inserção foi pautada, principalmente, pelo
estímulo à industrialização e sempre com o Estado assumindo papel relevante na
instalação da infra-estrutura de que o país necessitava. Logo, a questão está
correta.
6 (CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do
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Rio Doce são símbolos da arrancada industrial brasileira que a Era Vargas patrocinou .
Comentários
Sustentado em sua política nacionalista, a administração de Getúlio
Vargas explorou as riquezas brasileiras, assistido pelos grupos nacionais e
contrariando os grupos estrangeiros. Dentre essas explorações, destaca-se a
extração mineral, a exportação de minérios e a siderurgia.
Nesse sentido, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
foi instalada em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, no ano de 1941
com o objetivo de produzir aço. Ela foi a primeira das importantes
empresa que Getulio conseguiu instalar no Brasil.
A Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi fundada em 1943 pelo
Estado Novo e nela eram fabricados motores de aviões com tecnologia
norteamericana. Do mesmo modo, e com o mesmo objetivo
de industrializar a economia brasileira, em 1942 foi erguida a
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) com a meta especifica de cuidar
da extração das riquezas minerais. Portanto, essas três empresas são
sim símbolos da arrancada industrial brasileira durante Era Vargas.
Bom pessoal, só para ficar mais completo o assunto, é
bom lembrarmos também da criação da Petrobrás, que ocorreu já no fim
da era Vargas, em 1953 ok?
7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe resultados econômicos positivos para o Brasil. A cessão de bases militares no Nordeste e a entrada no conflito, ao lado dos aliados, permitiram a negociação vantajosa para a obtenção
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de empréstimos norte-americanos para o financiamento da indústria de base brasileira.
Comentários
Corretíssima. Apesar de ser um assunto pouco estudado no colégio
e pela própria historiografia, a participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial é um assunto extremamente amplo e complexo. Amplo, pois teve
conseqüências econômicas, políticas e sociais. Complexo, pois quando
abordamos esses assuntos muitas perspectivas são possíveis de serem
analisadas.
Mas, para não viajarmos demais nesse assunto, que particularmente
no interessa e nos encanta (talvez à Virgínia ainda mais do que a mim, pois fez
sua dissertação de mestrado sobre isso), vamos nos ater aqui
às conseqüências econômicas da Segunda Guerra Mundial para o Brasil.
Apesar de iniciado em 1939 o conflito na Europa, o Brasil só sentiu
os efeitos negativos da guerra em 1942, quando começaram a ser torpedea-
dos por submarinos alemães, no litoral do país, embarcações civis e
mercantes. Esses torpedeamentos resultaram em mais de mil mortos em
águas brasileiras e a pressão popular acabou colocando
soldados brasileiros em solo italiano para lutar.
Todavia, os anos que antecederam esses afundamentos foram
marcados pela política econômica pendular de Vargas entre países aliados e
países do eixo. Nesse período, Getúlio aproveitou todas as ocasiões para
negociar com o Estado Alemão, tanto que as cotas de exportação colocavam a
Alemanha em 2º lugar no comércio exterior brasileiro (19,1%), aproxi-
mandose, a cada ano ao índice das negociações norte-americanas (34,3%).
Assim, o Brasil dava claras demonstrações de que manteria suas
negociações tanto com os países do Eixo (Alemanha e Itália) quanto com os
Estados Unidos. Nessa gangorra de quem daria mais, o presidente Getúlio
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Vargas buscava desenvolver e industrializar nosso país, mas pra isso seria
necessário conseguir o apoio financeiro norte-americano ou dos países
totalitários. E foi com esse joguinho que ele conseguiu reequipamento e
ampliação das ferrovias, a construção da hidrelétrica Paulo Afonso, a
instalação da indústria aeronáutica, a importação de navios e equipamentos
militares pesados e a criação da usina siderúrgica de Volta Redonda.
Entretanto, com os torpedeamentos a embarcações brasileiras, a
oscilação de Getúlio foi colocada em xeque pela própria população, que saiu as
ruas pedindo pela entrada do Brasil na guerra ao lado dos EUA.
8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] - A popularidade de JK decorreu de sua política desenvolvimentista de fundo radicalmente nacionalista, o que explica seu rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as dificuldades por ele impostas à presença do capital estrangeiro no Brasil
Comentários
O mandato de Juscelino geralmente é lembrado pelo grande
desenvolvimento e incentivo ao progresso econômico do país por meio da
industrialização.
Ao assumir o governo, ele lançou o Plano Nacional de
Desenvolvimento, comumente conhecido como Plano de Metas, em que ele se
comprometia a trazer o desenvolvimento para o Brasil de forma absoluta. Foi a
partir daí que surgiu sua célebre frase "Cinquenta anos em cinco", quando
ele se propôs a realizar 50 anos de progresso em apenas cinco de governo.
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Para tanto, ele elaborou um plano com 31 metas divididas entre os
pontos que ele achava primordiais: energia, transportes, alimentação, indústria
de base, educação, e é claro, sua meta principal: a construção de Brasília!
Todavia, todo o desenvolvimento industrial conseguido por seu governo
concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam
com suas atividades econômicas tradicionais. E por quê? Porque as empresas
de base criadas por Getúlio estavam no Sudeste- o que gerou um aumento nas
correntes migratórias principalmente do nordeste para o sudeste. Aliás, todo o
desenvolvimento industrial conseguido por JK só foi possível graças à criação
da CSN e da Petrobrás no governo Vargas.
Alguns de vocês podem estranhar, mas JK de fato rompeu com FMI!
No entanto, esse rompimento nada teve a ver com dificuldades impostas por
ele à entrada do capital estrangeiro no Brasil, conforme afirma a questão. Pelo
contrário, nunca se entrou tanto capital estrangeiro no país como durante o
governo JK, quando a dívida externa brasileira deu saltos. Afinal de contas, um
programa tão ambicioso (cinqüenta anos em cinco!) não poderia ser realizado
com verbas modestas, não é mesmo?
Mas tamanha ambição acabou por estremecer as relações do
governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional, que queria que o
presidente abrisse mão de seu plano de metas, o qual puxou a inflação e o
arrocho salarial para as alturas. Portanto, pessoal, essa questão está errada!
9 (CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse afastamento presidiu muitas das medidas que tomou, a exemplo da privatização de empresas estatais e da flexibilização das leis trabalhistas.
Comentários
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Foi durante o governo de Fernando Henrique Cardoso que
ocorreram as maiores privatizações da história de nosso país. Era comum
ouvirmos de pessoas mais velhas que Getúlio devia estar se remexendo no
caixão com toda aquela história de privatizações. Portanto, pessoal,
o governo de FHC aproximou-se imensamente do neoliberalismo, adot-
ando várias das posturas recomendadas, como as privatizações, o
que o afastou definitivamente do modelo de Estado desenhado por Vargas.
10(CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a reforma do Estado, para a ampliação da autonomia deste e para a garantia do crescimento econômico por meio da centralização da tomada de decisão.
Comentários
Ao se inclinar a emprestar dinheiro para países subdesenvolvidos,
como Brasil, México e Argentina, as organizações financeiras mundiais
estipulam as suas condições. Se nos lembrarmos das medidas neoliberais
elaboradas no consenso de Washington e absorvidas pelo FMI, por exem-
plo, veremos que uma das exigências feitas segue sempre rumo à reforma
estatal sim, porém visando exatamente uma descentralização da tomada de
decisão.A questão afirma exatamente o oposto, o que a torna errada.
2- A Divisão inter-regional do trabalho e da produção
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Como já dissemos anteriormente, tivemos um verdadeiro “surto
industrial” na década de 60 no Brasil. Além das mudanças econômicas que
vieram na garupa desse desenvolvimento, houve também um incremento na
divisão social do trabalho em função da industrialização. Assim, não é segredo
pra nós que a indústria se tornou o principal cerne ativo da economia e da
expansão econômica desse período, certo?
Porém, pessoal, é muito importante pensarmos que uma análise
exclusivamente econômica não dá conta da compreensão da dinâmica das
mudanças nessa nova sociedade industrial. Uma análise apenas econômica
não permite que compreendamos, por exemplo, a automação ou o controle da
produção pela informação. Atualmente, os computadores são aptos a orientar e
avaliar a condição dos artigos no interior das linhas de produção. Do mesmo
modo, robôs vêm cada vez mais substituindo o trabalho humano. Assim, meus
amigos, é importante analisar esse processo de transformações técnicas e
culturais que ocorreu paralelo ao desenvolvimento econômico e industrial.
E por que precisamos falar aqui de aspectos culturais? Porque é
importante sabermos que o processo de desenvolvimento tem implicações
muito mais amplas que a economia, a fim de que possamos compreender a
causa das indústrias estarem localizadas onde estão.
Bem, desde o início da globalização, a mídia no Brasil vem
trabalhando com padrões estéticos importados, sobretudo dos EUA, como
instrumento daquilo que alguns estudiosos chamam de “colonização cultural”.
Publicidades de cigarros, bebidas, carros e moda estimulam o consumismo e
reforçam uma dependência econômica. Mas tudo bem, não vamos consumir
muito tempo falando dessa colonização cultural. O importante é sabermos que
ela existe e que a atividade industrial, em qualquer parte do mundo, está
diretamente ligada aos padrões estéticos e econômicos do consumidor.
Ao mesmo tempo em que o crescimento dos mercados estimulou o
crescimento e a diversificação do processo industrial, ele também intensificou o
processo de diversificação na divisão social e territorial do trabalho.
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Novos papéis foram sendo inventados no interior das fábricas,
especializações profissionais cresceram em número e qualidade, o proletariado
se tornou mais complexo e passou a consumir mais e engrossar o mercado
que era exclusivo da classe media e alta da sociedade. Assim, firmou-se no
mundo capitalista, uma nova divisão de trabalho, em que o Estado passa a
intermediar seus próprios interesses com os interesses da sociedade e das
empresas privadas, para planejar a exploração do mercado. Nessa nova
divisão, há uma tendência em concentrar as empresas junto aos grandes
centros de consumo, como o ABC paulista, que fica bem próximo a um dos
maiores centros financeiros do mundo.
Se tivéssemos que definir qual a principal determinante para
expansão dessa industrialização, seria de extrema relevância falar da
revolução tecnológica dos últimos anos. O progresso das técnicas e do
conhecimentos, que compõem o mundo contemporâneo, instituiu as bases
dessa nova ordem mundial, incluindo formas de agir e pensar. As nações que
controlam essa evolução são capazes de constituir fronteiras políticas,
econômicas e culturais tanto na divisão das fronteiras entre os países como no
interior dos mesmos. E como isso é possível?
Um bom exemplo para compreendermos tudo isso seria pensarmos
no Brasil. A defasagem entre o Brasil e os países estrangeiros no que se refere
ao desenvolvimento tecnológico nos induz a pensar que quando as
multinacionais se instalam aqui elas trazem consigo toda uma bagagem de
conhecimentos e estratégias modernas de produção, certo? Errado! Ao
penetrarem no mercado brasileiro, elas acabam se apropriando do
desenvolvimento que a tecnologia nacional vinha produzindo a “passos de
tartaruga”.
Antes das grandes empresas internacionais chegarem ao Brasil, as
pequenas indústrias (aquelas de “fundo de quintal”) já vinham apresentando
um significativo desenvolvimento técnico para a realidade da época. Um
exemplo são as indústrias de peças para automóveis importados e as fábricas
têxteis, que escolhiam seletivamente as regiões aonde esse processo vinha
acontecendo para implantar seus estabelecimentos.
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A preferência acabou sendo pelo Sudeste brasileiro, tendo em vista
as melhores estruturas em relação às demais regiões do Brasil. Aí vocês
podem se questionar: mas se houveram tantos avanços tecnológicos em todas
as áreas possíveis, porque as empresas continuavam se instalando próximo
aos grandes centros? É verdade que o desenvolvimento dos meios de
comunicação, indústrias químicas e eletrônicas, aparecimento dos caminhões
de grande porte e contêineres favoreceram muito a dispersão geográfica das
indústrias sem qualquer prejuízo ao poder de controle das matrizes sobre suas
filiais. Com o avanço das comunicações, a qualquer momento, a matriz pode
acompanhar possíveis problemas administrativos ou políticos, pode tomar
qualquer tipo de decisão administrativa – ainda que isso afete diretamente o
país onde ela está instalada.
Nesse sentido, é comum encontrarmos estudiosos que falam sobre
uma “colonização” cultural dos países de origem das empresas sobre os outros
que necessitam economicamente que as indústrias permaneçam produzindo
em seu território. .
Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que as multinacionais
têm acesso, elas preferem se utilizar de territórios onde haja um sólido
mercado de bens e serviços para viabilizar sua produção. Como assim?
Energia, transportes, serviços bancários, mão-de-obra, tudo isso é fundamental
para o perfeito funcionamento das empresas e desencadeia um círculo de
desenvolvimento. Os empreendimentos se instalam em locais onde não se
precisa investir em infra-estrutura ou serviços como os que mencionamos. Isso
acaba atraindo e impulsionando o mercado de bens e de serviços, que migram
para onde há indústrias, e assim por diante.
O Sudeste brasileiro, na época da implantação dos grandes
empreendimentos estrangeiros, apresentava economias externas muito
desenvolvidas, frutos das atividades empresariais nacionais. São chamadas
economias externas justamente os serviços externos a indústrias, mas também
essenciais para o escoamento e bom funcionamento da produção - energia,
transporte etc. Ou seja, o simples fato de ter essa economia externa
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desenvolvida já fazia da região uma garantia de sucesso dos novos
empreendimentos
Porém, não podemos nos esquecer que grande parte dessa
economia externa - centrais hidrelétricas, usinas siderúrgicas,
estradas, qualificação de mão-de-obra etc - foram custeadas
com investimentos do Estado Brasileiro. E é por isso que o governo
do Brasil vem ampliando seus investimentos em áreas menos
industrializadas do país - como as regiões Norte e Nordeste.
Quando foi lançado o PAC – Programa de Aceleração do
Crescimento, no governo Lula, uma das metas propostas era investir no
estado de Pernambuco. Considerado um dos mais principais pólos econômicos
do Nordeste, seriam destinados R$60,4 bilhões para serem divididos entre os
setores de logística, energia e infra-estrutura urbana e social. Demos apenas o
exemplo de Pernambuco para não ficar nos atendo aqui a números. Todavia,
é importante sabermos que investimentos governamentais têm sido feitos
em diferentes regiões do Brasil, como forma de “correr atrás do
prejuízo” acumulado pelo seu subdesenvolvimento tecnológico.
Apesar dos avanços conseguidos nas diversas áreas
do conhecimento, ainda estamos muito longe de possuir o domínio da
tecnologia da informática e comunicação por satélite. O sistema rodoviário
cresceu muito, mas o ferroviário está em péssimas condições
de funcionamento e, apesar de termos centrais hidrelétricas, não temos
controle da energia nuclear. E o que queremos dizer com isso tudo?
Queremos que entendam o seguinte: apesar das
mudanças sistemáticas que vem ocorrendo em nosso país, ainda existem
muitos entraves que precisam ser superados. Para isso, o governo teria
que viabilizar a assimilação de novas tecnologias pela empresas
brasileiras e não simplesmente preparar equipes técnicas para gerar
nova tecnologia. Tudo isso porque a conquista das novas tecnologias é uma
condição fundamental para o desenvolvimento econômico e social.
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Muito ainda está por ser feito, apesar de tanto já termos caminhado,
e por isso podemos afirmar que a configuração do território brasileiro sofreu e
continua sofrendo transformações ao longo dos anos
E por que estamos batendo tanto nessa mesma tecla? Vamos ler a
questão a seguir e perceber como esse assunto é avaliado em provas
11(CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-se um processo de mudança no desenho regional brasileiro, em que a se nota uma certa desconcentração das atividades econômicas depois de intensa concentração em São Paulo. Com relação a esse tema julgue os itens que seguem.
A) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são características desse processo de desconcentração espacial.
B) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica está o deslocamento da fronteira mineral.
C) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.
D) O processo de industrialização vivido pelo país, ao pro-mover maior integração do território, minimizou as dis-paridades entre as regiões brasileiras, ori-ginarias da política agroexportadora herdada do passado.
Comentários
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a) Essa questão aborda exatamente o que comentamos acima, não é? As
novidades tecnológicas, a abertura comercial, a fundação de blocos
econômicos como o MERCOSUL e a estabilidade monetária
determinaram uma reestruturação produtiva das indústrias. Essas
mudanças suscitaram uma trajetória de desconcentração regional, com
as indústrias instalando-se em outros lugares que não apenas as
regiões mais tradicionais. É claro que essa desconcentração só pode
ocorrer devido a investimentos governamentais no que chamamos de
economia externa da região. Portanto está correta.
b) A descoberta de novas jazidas minerais nos últimos dez anos no Brasil
foi uma das principais responsáveis pelo deslocamento industrial para
áreas do país esquecidas em outros momentos. O consumo de minerais
nas indústrias do país fez dobrar as descobertas de jazidas em território
brasileiro. Em 2007, os preços dos principais metais dispararam e a
economia brasileira acendeu com bastante vigor. Um dos responsáveis
por este aumento da demanda por minerais é o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), que aumentou a demanda por materiais de
construção.
Isso levou o diretor geral do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), Miguel Nery, em entrevista exclusiva à Gazeta
Mercantil a declarar que: “Estamos vivendo um momento ímpar para a
mineração no cenário mundial. Na década passada, enfrentamos baixos
preços e falta de investimentos. “
c) Depois de tudo o que lemos sobre investimentos em áreas
anteriormente esquecidas, sabemos, logo de cara, que essa questão
esta errada, não é? Ora, o que vemos é exatamente o contrário. Nos
últimos anos, sobretudo devido ao PAC, houve uma inversão de capitais
para outras regiões do país, que ofereciam uma série de facilidades para
a instalação de indústrias. Essas áreas fogem à tríade formada pelos
estados de Minas Gerais, Rio de janeiro e São Paulo e passam a
contemplar regiões como Norte e Nordeste.
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d) Essa questão está errada, pois, se por um lado o processo de
industrialização vivido pelo país promoveu alguma integração do
território nacional, por outro lado não houve minimização das
disparidades entre as regiões brasileiras. Além disso, a política
agroexportadora que existia, por exemplo, no Nordeste , com o cultivo
da cana de açúcar, foi substituída por outras com produtos de maior
valor no mercado como o álcool.
3- A ação do Estado na economia e políticas contemporâneas.
Ao ler este título alguns de vocês podem estar pensando: mas
depois da expansão do neoliberalismo pelo mundo, inclusive no Brasil, o
Estado ainda pode ter ação na economia? O Consenso de Washington não
propunha medidas que visavam extirpar a participação do Estado em todos os
setores econômicos? É uma questão interessante para pensarmos!
Em primeiro lugar, não podemos tratar as coisa de forma
homogênea, pois, definitivamente, elas não são! Nos países mais
desenvolvidos, até conseguimos encontrar uma menor participação do Estado
na Economia, o que não significa que ele se isente de interferências. Um
exemplo disso são os constantes subsídios fornecidos pelo governo dos EUA
aos agricultores que cultivam algodão. Uma vez que esse auxílio interfere
diretamente nos preço final do produto, ele acaba prejudicando as relações e
acordos comerciais, como no caso Brasil/ Estados Unidos.
Em dezembro de 2009, o Brasil foi autorizado pela OMC a
aplicar retaliações comerciais em US$ 830 milhões contra os Estados
Unidos justamente por causa dos subsídios americanos à produção de
algodão. Parte dessa retaliação já está sendo aplicada na forma de
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aumento do imposto de importação incidente sobre alguns bens
originários dos EUA. Outra parte da retaliação deverá recair sobre direitos
de propriedade intelectual.
Pois bem, se em países desenvolvidos o Estado ainda interfere na
economia a ponto de gerar uma controvérsia internacional, como será esse
apoio no Brasil?
Tanto aqui quanto na grande maioria dos países subdesenvolvidos,
o Estado é o grande aliado dessa etapa contemporânea da economia, pois
auxilia a modernização tecnológica em vários sentidos. O apoio estatal
oferecido assume diferentes aspectos e formas de país para país, oscilando
entre um apoio mais aberto, como no caso do governo americano com seus
agricultores, e entre formas mais sutis, como no caso do Brasil.
Pelas bandas de cá, entre as principais formas de apoio ao
surgimento e incremento de um ciclo econômico moderno estão desde a
assistência conferida aos monopólios até os subsídios à produção e à
exportação de produtos.
Deste modo, pessoal, quando o governo se propõe a construir infra-
estruturas caras, como a construção do Porto de Suape, no Estado de
Pernambuco, ele está indiretamente contribuindo para a afirmação das grandes
empresas em determinados lugares. Mas como? Com a construção do porto,
grandes empresas migram para cidades mais próximas devido à facilidade de
escoamento de sua produção e recebimento de matérias primas necessárias
ao seu funcionamento. Mas não acaba aí!
Ao arquitetar uma infra-estrutura desse porte, o governo conseguiu
atrair grandes empresas, certo? Mas do que esses grandes empreendimentos
precisam para funcionar? Além de matéria prima, eles precisam também de
mão-de-obra qualificada! Assim, o governo carece de investimentos na
formação profissional. Como se pode perceber, a criação de infra-estrutura é
uma maneira de financiar indiretamente a implantação de industrias em
determinado local.
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Mas, pessoal, estejamos atentos às infra-estruturas que são
indispensáveis à modernização de qualquer Estado. É importante que
saibamos distinguí-las das que têm o objetivo deliberado de atrair
investimentos – ainda que ambas promovam mais ou menos o
mesmo resultado: atrair indústrias.
Outra forma do Estado agir na economia é por intermédio de
investimentos. Nesse caso, o governo participa das empresas privadas ou da
criação de indústrias de base nacionais, sempre com capital público. Ao optar
por esse investimento, o Estado beneficia indústrias leves privadas, as quais
conseguem uma significativa redução nos seus custos de operação. Além
disso, ele pode optar por subsidiar a produção e a exportação, ou mesmo
firmar acordos com as empresas dominantes da economia e
elaborar legislações fiscais discriminatórias, leis de investimentos etc.
Tudo isso reduz a capacidade de investimento dos Estados
nacionais nos setores que interessam diretamente à população. Ou seja, ao
optar pelo apoio aos monopólios e corporações, o Estado acaba deixando de
lado outros investimentos que seriam importantes para a qualidade de vida da
população, em especial das camadas mais desfavorecidas.
Paralelo a todas essas iniciativas, o Estado também interfere na
dinâmica interna ao buscar novas parcerias para sua inserção na
economia mundial, como o MERCOSUL. Porém, não vamos nos prender a
isso agora, pois em aulas posteriores analisaremos detidamente as alianças
que o Brasil tem feito na America Latina e pelo mundo afora.
4- As conseqüências da transformação do espaço socialista.
Em novembro de 2009, o mundo comemorou o aniversário de
20 anos da queda do muro de Berlim, vocês se lembram?
Pois é, pessoal, vinte anos atrás, quando o muro veio abaixo, era
claro e notório o descontentamento popular dentro dos países onde reinava o
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modelo socialista. Esse sentimento tinha como origem principal as inúmeras
propagandas que o bloco capitalista fazia de si mesmo como um sistema
quase perfeito, com liberdade e boas condições de vida para todos. E por que
estamos falando desse tal muro agora? Porque a sua queda é o grande
símbolo do início das mudanças no espaço socialista.
Se, outrora, o muro “escondia” as belezas e monstruosidades do
mundo capitalista, após sua queda os habitantes do outro lado puderam
conhecer de perto as inúmeras mudanças pelas quais o mundo havia passado
nas duas últimas décadas em que o muro os isolava.
Assim, em 9 de novembro de 1989, o mundo abandonou a
polarização que viveu durante a guerra fria, entre comunismo e capitalismo, e
adentrou numa nova fase, em que o sistema capitalista era o grande vitorioso.
Porém, pessoal, uma vez em contato com os “mistérios” do mundo
capitalista, muitas pessoas que acreditavam ser possível usufruir apenas do
lado bom desse sistema ou o enxergavam como um modelo de sistema
equilibrado, começaram, em pouco tempo, a sentir os problemas do
desemprego, do desequilíbrio social e da frustração profissional. Com o
declínio do stalinismo na ex-URSS houve uma deterioração das condições de
vida da grande maioria da população. Do dia para a noite, a economia
socialista, que antes era conduzida e protegida de forma quase paternalista
pelo Estado, foi colocada diante das turbulências do mercado. Essa exposição
teve como principal conseqüência uma forte instabilidade nas áreas da
educação, saúde, habitação e principalmente, emprego. Além disso, todas as
transformações que ocorreram no Leste europeu fizeram com que o mapa
político desse continente fosse modificado em decorrência do nascimento de
um grande número de novos Estados nacionais
Assim, a desintegração da URSS e o fim da política de bipolaridade
trouxe profundas mudanças econômicas para aqueles países que haviam
optado por uma economia planificada. Com a reunificação da Alemanha, novos
paradigmas foram firmados e a mundialização da economia capitalista levou
também ao Leste europeu integração pela interdependência e uma relativa
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uniformização das condições de existência das sociedades humanas. Como
assim? Empresas multinacionais foram para o centro da produção material
daqueles países, houve uma mudança na estrutura de produção, distribuição
e consumo dos bens e serviços.
Vejamos a seguir uma questão de prova:
12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS verificouse o recrudescimento de nacionalismos e o desencadeamento de conflitos étnicos, que impedem a participação de seus ex-integrantes em organizações de cooperação para o incremento do comércio externo.
Comentários
A primeira parte da questão traz uma importante pauta de discussão
para pensarmos as conseqüências das transformações no espaço socialista
para o mundo, que é o recrudescimento dos nacionalismos e conflitos étnicos.
Essa parte da questão está correta, pois a queda do muro de Berlim também rep-
resentou mudanças ruins para o planeta, dando margem ao surgimento de redes
globais de terrorismo, recrudescimento de nacionalismos e de conflitos étnicos.
Entretanto, quando a questão afirma que os movimentos
nacionalistas e os conflitos étnicos impedem a participação desses países em
organizações de cooperação para o incremento do comércio externo, ela se
torna errada. Isso porque vinte anos após o fim da separação entre as duas
Alemanhas, nos podemos afirmar com toda certeza que o mundo avançou
muito nas áreas política, econômica, social e tecnológica e que, apesar dos con-
flitos separatistas, como na Chechênia, os países ex-integrantes da URSS nunca
foram impedidos de negociar com qualquer um dos blocos econômicos mundiais.
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E por que estamos falando tanto da queda do muro de Berlim? Por
que é importante tratarmos desse assunto? Porque todos os acontecimentos
do mundo, durante a Guerra Fria (inclusive nos países subdesenvolvidos como
o Brasil), podem ser vistos como reflexo da disputa que havia entre capitalismo
e comunismo. Portanto, pessoal, é quase impossível entendermos qualquer
desenrolar de fatos nesse período, em qualquer parte do mundo, sem
analisarmos o confronto que existia entre EUA e URSS.
5-Movimentos migratórios internacionais e crescimento demográfico.
O movimento migratório pode ser classificado de várias maneiras
podendo ser inter-regionais, rurais - urbanos e interurbanos. Para ficar mais
claro: as migrações podem acontecer tanto dentro de um mesmo país, quanto
entre países diferentes. Paralelo a isso, as migrações podem ser entendidas
como um dos principais termômetros da desigualdade sócio-econômica no
mundo.
Quando falamos do Brasil da década de 50 e 60, tocamos,
sutilmente, na questão da migração inter-regional, ao falarmos dos
deslocamentos de nordestinos rumo ao Sudeste, até então único pólo industrial
do país. Pois bem, ainda não é agora que nos deteremos sobre a migração no
Brasil, mas não se preocupem, pois ela será trabalhada em outra aula.
A migração internacional foi acelerada nas últimas décadas devido
à globalização, que se propunha a integrar as regiões. Atualmente há cerca
de 125 milhões de imigrantes em todo o mundo, sendo que 80 milhões
são considerados imigrantes "recentes". Vamos entender a diferença!
São considerados imigrantes todos aqueles que saem de seu país
de origem rumo a outro. Essa atitude geralmente é movida pela busca de uma
vida melhor, menos violenta ou mais abundante de recursos. Com as guerras,
o número de imigrantes pelo mundo era bastante significativo, pois as pessoas
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estavam fugindo da guerra e de todas as tragédias e misérias humanas que
uma guerra traz. Porém, quando falamos de imigrantes “recentes” estamos nos
referindo a pessoas que migram pelos motivos que a contemporaneidade lhes
impõe e não devido às guerras – ainda que o objetivo seja exatamente o
mesmo: a busca por uma vida melhor!
O número cada vez maior de homens, mulheres e crianças que
imigram vem causando um grave impacto mundial, pois atinge por um lado aos
países abandonados e, por outro, aos países ao qual se destinam. Apesar da
gravidade e crescimento do problema, as autoridades continuam se recusando
a tratar da situação com a seriedade que ela merece.
Em meio à formação de blocos econômicos e negociações de novos
acordos comerciais, o debate sobre imigração tem sido jogado para debaixo do
tapete – o que acaba legitimando a crescente onda de violência contra
imigrantes. A crise econômica internacional, iniciada em fins de 2008, foi um
elemento a mais de tensão contra imigrantes, sobretudo aqueles que vivem na
Europa. As regiões mais afetadas pela crise, como Espanha e Irlanda, há um
ano registraram um significativo aumento das hostilidades entre imigrantes e
trabalhadores locais. Inconformados com a concorrência de mão-de-obra
estrangeira, geralmente bem mais baratas do que as locais, a crise acabou
evidenciando dissidências perigosas que culminaram em selvageria.
Nesse sentido, notamos um considerável aumento da Xenofobia,
principalmente, na União Européia. As acusações de violência racial
aumentaram ao menos em 8 países do bloco desde os atentados do dia 11 de
Setembro. A verificação foi feita por juntas de Direitos Humanos que,
analisando 11 países, encontraram 18 mil casos de agressão contra imigrantes
na Alemanha. Esses dados, além de nos assustar, mostram que a migração
internacional se transformou num sério problema, que merece a atenção de
todos nós.
É mister que compreendamos, hoje, como a migração ocorre no
cenário mundial para nas próximas aulas trazermos o tema para o Brasil.
Apesar de imigração não ser um assunto difícil, ele parece ter caído nas graças
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dos examinadores nos últimos concursos e temos bastante questões
para irmos estudando o assunto em cima delas. Portanto, mãos à obra!
(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito desse tema, julgue os itens seguintes(13 ao-17).
13 A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio universal da livre circulação dos capitais.
Comentários
Essa questão traz à tona um importante conhecimento sobre a
separação existente entre a integração de capitais e o intercâmbio de pessoas.
Como todos nós sabemos, há uma grande expectativa da população de alguns
países com relação à qualidade de vida que poderiam ter em outros.
Esse sentimento de que o jardim do vizinho é sempre mais verde que o
nosso (e, muitas vezes, é mesmo!) vem aumentando consideravelmente a
movimentação de pessoas rumo aos países mais desenvolvidos ou com
melhores condições de trabalho. O grande problema é que essa imigração,
que muitas vezes ocorre clandestinamente, tem incomodado intensamente os
moradores dos países de destino, que se sentem ameaçados
pela concorrência de mão-de-obra. Esse incômodo popular vem se
refletindo nas recentes leis criadas com o intuito de criminalizar a imigração.
Em maio de 2009, o Parlamento da Itália aprovou um polêmico
projeto de lei que criminaliza a imigração ilegal no país. A legislação, aprovada
em junho pelo Senado, transformou em crime a entrada irregular em território
italiano, prevendo rigorosas medidas repressivas. Dentre as principais
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medidas, destacamos o estabelecimento de prisão para pessoas que abriguem
imigrantes ilegais e o aumento no tempo de detenção provisória dos
clandestinos antes da deportação.
Essa lei permite ainda que cidadãos comuns formem patrulhas para
verificar a existência de imigrantes ilegais no país.
Apesar de estar desarmada, a patrulha exerce uma função
investigativa, ou seja, essa lei estimula uma espécie de “caça às bruxas”,
aumentando o xenofobismo na Itália. Um exemplo disso é que, depois da
aprovação dessa lei, alguns cidadãos, pertencentes à extrema-direita, criaram
um grupo que chamam de “Guarda Nacional Italiana” cujos uniformes são
enfeitados com símbolos fascistas e nazistas.
É pessoal, por tudo isso podemos dizer que a questão está certa!
14 Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas pela União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a reciprocidade internacional em relação à América Latina, formada em parte por imensas levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional ante o realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus.
Comentários
O ideal para analisarmos essa questão é dividí-la ao meio para
podermos ter uma compreensão total das informações ali contidas. Uma vez
feito isso, vamos aos conceitos intrínsecos ao texto. Para quem não sabe, são
chamadas de leis draconianas aquelas consideradas extremamente severas,
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como as que vêm sendo adotadas pela UE. Na questão acima, demos
o exemplo da Itália, mas esse país não é uma exceção.
No segundo semestre de 2008, foi aprovada uma diretriz que
pretendia harmonizar as regras dos países europeus para a repatriação de
imigrantes ilegais, e em 2010, essa diretriz foi transformada em lei. As novas
regras integram um processo de organização e endurecimento da política
migratória em toda União Européia.
Essa retaliação aos imigrantes é um forte sinal de que a imigração,
outrora considerada essencial para o trabalho nas indústrias européias do
pósguerra, perdeu função histórica. Se em tempos de guerra e fome na
Europa sua população teve como destino principal países da América Latina, o
direito à recíproca perdeu seu valor com as novas leis. Portanto, essa questão
também está correta.
15 As migrações internacionais, amenizadas no continente africano diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX, deixou de ser um tema relevante das relações interestatais afro-européias.
Comentários
Ora, pessoal, depois de tudo o que escrevemos até aqui sobre a
polêmica de novas leis de imigração, esperamos que seja de fácil en-
tendimento que as migrações internacionais nunca foram um assunto tão rel-evante
nas relações interestatais como atualmente. Portanto, essa questão esta errada.
16 O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para a formação do Brasil contemporâneo, mudou
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seu padrão migratório ao ter-se tornado também país de emigrantes.
Comentários
A imigração no Brasil é bem antiga do que o século XIX citado na
questão, pois foi uma das principais medidas colonizadoras da região. Todavia,
no período citado, o nosso país foi marcado pelas imigrações européias e
asiáticas sim. Mas qual foi a causa disso?
Com o fim da escravidão, em 1888, o trabalho livre ganhou
significativa repercussão social e a imigração cresceu notavelmente, sobretudo
rumo ao Sul do país, onde a lavoura cafeeira se baseava no trabalho escravo.
Para termos uma idéia do quanto a abolição influenciou no aumento da
imigração no Brasil, somente nos dez anos subseqüentes a esse
acontecimento adentraram o Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, que
vinham na esperança de uma vida melhor.
Já no século XX, outros fatores estimulam a imigração e aumenta a
diversificação de nacionalidades dessas correntes migratórias, que passam a
contemplar europeus e asiáticos. Assim, as duas guerras mundiais e todas as
misérias materiais que elas impuseram aos habitantes dos locais por elas
afetados, foram o principal impulsionador da imigração pra o Brasil. Além disso,
a lenta recuperação européia no pós-guerra e a crise no Japão contribuíram,
significativamente, para que os japoneses formassem a quarta colônia de
imigrantes do Brasil, ainda em 1950.
Apesar de desde o seu descobrimento o Brasil ter sido um receptor
de imigrantes, nos últimos anos ele tem sido fornecer de pelo menos 1% de
sua população, donde 70 % se encontra nos EUA. Portanto, a questão esta
correta!
17 A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto
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internacional, possui modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de século.
Comentários
As migrações forçadas ou enganosas têm diversas manifestações e
causas. Por esse motivo é fundamental que a sociedade, as organizações
internacionais e os governos se detenham sobre episódios tão comuns como
os deslocamentos humanos atuais. Este tipo de migração acontece,
principalmente, por falhas estruturais, políticas econômicas equivocadas,
desordem política, fome e miséria. Pode ser encaixado na migração forçada o
caso de europeus e asiáticos que para se refugiar da guerra migraram para o
Brasil. Também pode ser considerada migração forçada a saída de pessoas de
um território em razão de graves violações de direitos humanos.
Mas como temos lido até agora, esse é um assunto de pauta em
todos os países mais desenvolvidos do mundo, os quais são os principais
destinos dos imigrantes. Imigração hoje está atrelada à segurança dos Estados
nacionais e por isso a questão está errada.
(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes(18-19-20-21).
18- A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma realidade em determinados países desenvolvidos, dada a
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carência de mão-de-obra em setores das atividades econômicas.
Comentários
Apesar de todas as medidas que criminalizam a imigração ilegal na
Europa, a verdade é que alguns países europeus precisam dos imigrantes para
realização de determinadas atividades. A taxa de natalidade da União Européia
vem caindo ano a ano e, muito em breve, esses países terão de rever suas
posturas em relação aos imigrantes, pois vão precisar deles! De 1998
para 1999, por exemplo, houve uma queda de 0,5% no número
de nascimentos na EU, que somado ao envelhecimento da população,
deixará a Europa com um contingente bastante reduzido de mão-de-obra.
Em março de 2005, a UE recomendou a Portugal que aumentasse
sua imigração, pois a taxa de natalidade nesse país baixou para metade em
quarenta anos. Desta forma, o relatório da Comissão Européia recomendou
que "serão necessários maiores fluxos de migrações para satisfazer as
necessidades de trabalho e salvaguardar prosperidade européia". Ou
seja, a imigração em algumas regiões da Europa tornou-se "vital" para garantir
o crescimento populacional.
Apesar de outros países ainda estabelecerem muitas restrições,
e até criminalizarem a imigração ilegal, há exemplos onde ela não só é per-
mitida, como também é necessária. Nesse sentido, alguns países, como
a Itália, possuem uma legislação que admite a entrada de um
número fixo de trabalhadores por ano, justamente para suprir a
carência de mão-de-obra existente.
Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado
em 2009, mostra que a Itália precisará receber, até 2025, 300 mil
estrangeiros por ano e a Alemanha, 500 mil. Essas estatísticas no indicam
que, mesmo contra a vontade, os países europeus terão, num futuro
próximo, que alargar ainda mais suas portas de entrada para os imigrantes.
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conflito entre
Portanto, pessoal, a questão está correta.
19- A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de circulação de mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos trabalhadores.
Comentários
Bem pessoal, depois de tantas leituras sobre a globalização e suas
conseqüências, uma certeza que nós temos é que ocorre exatamente o
contrário do que a questão afirma, não é mesmo?
Ao contrário do que a lógica capitalista nos levava a pensar, a
globalização não tornou os movimentos migratórios menos intensos, muito pelo
contrário. Com o aumento da desigualdade e da concentração de riquezas em
apenas alguns países, o fluxo de pessoas em direção a eles, buscando uma
melhor qualidade de vida, aumenta na proporção da disparidade social.
Portanto, essa questão está errada.
20- Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa para migração e conflitos sociais.
Comentários
Que a miscigenação e o multiculturalismo estão presentes em
diversos países do mundo, todos nós sabemos e ratificamos. Entretanto, a
diferença étnica continua sendo uma das principais causas de migração e,
sobretudo, de conflitos sociais!
No dia 07 de março deste ano, a opinião publica mundial se chocou
com a crueldade do massacre étnico ocorrido na Nigéria. Nesse conflito entre
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nômades islâmicos e aldeões cristãos perto da cidade nigeriana de Jos, a
diferença étnico-religiosa foi a grande responsável pela tortura e morte de
mais de 100 pessoas.
Infelizmente, essa não é a primeira vez que isso acontece. Em
janeiro, mas de 200 pessoas já tinham sido mortas durante confrontos na
mesma cidade, que fica na divisa entre o norte, de maioria muçulmana, e o
sul do país, de maioria cristã. Devido a esses conflitos, milhares de
pessoas tiveram de deixar a região e migrar em busca de maior tolerância.
Portanto a questão está errada.
21- O Brasil apresenta tanto a saída de população como a entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de qualidade de vida.
Comentários
Apesar de atualmente o Brasil ser um País com mais gente
emigrando do que imigrando, ou seja, mais gente indo do que vindo, ele
continua atraindo estrangeiros. Se na primeira metade do século XX os
imigrantes vinham, em sua maioria, da Europa e da Ásia, hoje os fluxos de
imigração mais intensos são oriundos de países da própria América Latina.
Nesta corrente, estão, principalmente, peruanos, bolivianos, paraguaios e
colombianos.
____________________X______________________
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Resumo
1- Para que fosse possível o Brasil se integrar ao processo de
internacionalização da economia, a modernização da estrutura industrial
brasileira era imprescindível.
Dois presidentes contribuíram sobremaneira para esse processo: Getúlio
Vargas e Juscelino Kubitschek. Getúlio, com sua modernização conservadora,
criou as bases para a expansão industrial que JK traria ao país durante seu
governo, à custa de muito capital estrangeiro.
2- A divisão inter-regional do trabalho e da produção, apesar de todo o
desenvolvimento tecnológico, continua priorizando os territórios onde haja um
sólido mercado de bens e serviços para viabilizar sua produção.
Novos papéis foram sendo criados no interior das fábricas e especializações
profissionais cresceram em número e qualidade.
3- Principalmente nos países subdesenvolvidos, o Estado é o grande aliado da
economia contemporânea, pois auxilia a modernização tecnológica em vários
sentidos.
O Estado atua hoje como colaborador do desenvolvimento da economia
externa para fornecer as bases da expansão industrial.
4- Com as transformações no espaço socialista, as empresas multinacionais
foram para o centro da produção material daqueles países, trazendo inúmeras
mudanças tanto nas relações sociais, quanto na estrutura de produção,
distribuição e consumo dos bens e serviços.
5- A globalização acelerou nas ultimas décadas os movimentos migratórios
internacionais, que podem ser entendidos como um dos principais termômetros
da desigualdade sócio-econômica no mundo
Apesar de muitos países precisarem da mão-de-obra imigrante, as leis contra
imigração ilegal têm se enrijecido cada vez mais na Europa.
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Bibliografia
Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em
18/03/2010
ROSS, Jurandir Sanches (org). GEOGRAFIA DO BRASIL. - 6ª- edição - São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.
GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência
Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 2008.
_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos
países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2008.
SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território
na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
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Lista de Exercícios
(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do conceito de
globalização levou o presidente da República a abordar esse tema na abertura
da sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 2001.
Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a respeito
do lugar do Brasil e da América Latina na globalização.
1 Embora um forte setor governamental no Brasil, o econômico-
financeiro, tenha defendido o conceito de globalização benéfica, setores
adjacentes não acreditaram no automatismo da equação que associa
liberalização e privatizações às necessidades do desenvolvimento econômico e
social da nação.
2 A ética e a cidadania, idéias fortes na conformação de uma
sociedade moderna e civilizada, ocuparam o papel central na definição das
políticas públicas de inserção internacional da América Latina na década de 90
do século passado.
3 Apesar de a força do liberalismo que se irradiou na América Latina
nos anos 90 do século XX ter chegado ao Brasil, este manteve seu padrão de
racionalidade e continuidade dos últimos sessenta anos, sob a égide do
nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal.
4 A atual crise pela qual passa a Argentina, apesar de ter caráter
exclusivamente econômico, em nada pode ser associada ao tema tratado no
texto I, pois, nesse país, a estabilidade da moeda foi conseguida de forma
natural, considerando-se apenas o real equilíbrio entre suas exportações e
importações
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5(CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de
modernização do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade que o século XX
exprimia. Do ponto de vista econômico, verificou-se o estímulo à
industrialização, com o Estado assumindo papel relevante na montagem da
infra-estrutura de que o país carecia.
6(CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta
Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do Rio Doce são
símbolos da arrancada industrial brasileira que a Era Vargas patrocinou
7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
trouxe resultados econômicos positivos para o Brasil. A cessão de bases
militares no Nordeste e a entrada no conflito, ao lado dos aliados, permitiram a
negociação vantajosa para a obtenção de empréstimos norte-americanos para
o financiamento da indústria de base brasileira.
8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] A popularidade de JK decorreu
de sua política desenvolvimentista de fundo radicalmente nacionalista, o que
explica seu rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as
dificuldades por ele impostas à presença do capital estrangeiro no Brasil
9(CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso
afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse afastamento
presidiu muitas das medidas que tomou, a exemplo da privatização de
empresas estatais e da flexibilização das leis trabalhistas.
10(CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o Brasil, o
México e a Argentina na nova realidade econômica mundial, as organizações
financeiras internacionais exigiram a reforma do Estado, para a ampliação da
autonomia deste e para a garantia do crescimento econômico por meio da
centralização da tomada de decisão.
11(CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-se um processo
de mudança no desenho regional brasileiro, em que a se nota uma certa
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desconcentração das atividades econômicas depois de intensa concentração
em São Paulo. Com relação a esse tema julgue os itens que seguem.
E) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o
esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são
características desse processo de desconcentração espacial.
F) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica
está o deslocamento da fronteira mineral.
G) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o
Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.
H) O processo de industrialização vivido pelo país, ao promover
maior integração do território, minimizou as disparidades entre as regiões
brasileiras, originarias da política agroexportadora herdada do passado.
12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS verificou-se
o recrudescimento de nacionalismos e o desencadeamento de conflitos
étnicos, que impedem a participação de seus ex-integrantes em organizações
de cooperação para o incremento do comércio externo.
(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte
importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos
comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito
desse tema, julgue os itens seguintes.
13- A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais
denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio
universal da livre circulação dos capitais.
14 - Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas
pela União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica
da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias
européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a
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reciprocidade internacional em relação à América Latina, formada em parte por
imensas levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional
ante o realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus.
15- As migrações internacionais, amenizadas no continente africano
diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX,
deixou de ser um tema relevante das relações interestatais afro-européias.
16- O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século
XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para
a formação do Brasil contemporâneo, mudou seu padrão migratório ao
terse tornado também país de emigrantes.
17- A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de
tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto internacional, possui
modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de
século.
(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica
permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que
rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar
importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e
a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População
e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes.
18( ) A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma
realidade em determinados países desenvolvidos, dada a carência de
mãodeobra em setores das atividades econômicas.
19( ) A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no
contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de
circulação de mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos
trabalhadores.
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20( ) Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente
presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa
para migração e conflitos sociais.
21( ) O Brasil apresenta tanto a saída de população como a
entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de
qualidade de vida.
GABARITO
1 C 2 E 3 E 4 E 5 C 6 C 7 C 8 E 9 C 10 E
11a C 11b C 11c E 11d E 12 E 13 C 14 C 15 E 16 C 17 E
18 C 19 E 20 E 21 C