Upload
others
View
3
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
1
AULA 2 – SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
METODOLOGIA VUCETICH - Parte 1
Olá aluno nesta aula iremos dar continuidade ao estudo do sistema de
identificação, aprenderemos o quais são as propriedades da datiloscopia e os tipos de
desenhos fundamentais no sistema de VUCETICH.
Postulados da datiloscopia ou propriedades
Passemos a estudar as principais qualidades das figuras papilares, ou seja, os
postulados emitidos para a datiloscopia e o seu valor de identificação, que são:
• VARIABILIDADE
• IMUTABILIDADE
• INDIVIDUALIDADE
• INIMITABILIDADE
• INALTERABILIDADE
De GALTON a HENRY até VUCETICH e LOCARD, todos os investigadores
concordaram com a existência destas qualidades.
Variabilidade
É infinita se considerarmos o número inimaginável de combinações possíveis de
tantas particularidades epidérmicas: linhas, deltas, poros, pontos característicos, etc.
Duas figuras papilares iguais são do mesmo dedo de um só indivíduo. Dois
indivíduos jamais podem apresentar figuras papilares iguais.
Por mera curiosidade, apontaremos alguns cálculos de diversos pesquisadores,
sobre a possibilidade ou probabilidade de se encontrar 2 impressões idênticas
pertencentes a indivíduos diferentes.
Assim, GALDINO RAMOS, citado por LOCARD, raciocina: “se considerarmos
10 pontos característicos em cada figura digital de uma só pessoa, seriam necessários
que passassem 5 milhões de séculos para que aparecessem 2 indivíduos com figuras
papilares iguais.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
2
GALTON, por seu lado, calculou ser possível uma coleção de 64.000.000.000
de desenhos papilares diversos.
Quanto ao número de fichas diferentes, contando somente as combinações dos 4
tipos fundamentais de VUCETICH, pode-se calcular em 1.048.576.
No entanto, não é necessário entrar em tais cálculos, porque é fácil imaginar que
a variedade das figuras, por combinação de suas muitíssimas particularidades, é
indiscutivelmente ilimitada.
Haverá quem pense que uma exceção pode destruir tão solene regra, como segue:
a existência de gêmeos univitelinos, extremamente parecidos. De forma nenhuma, pois
embora possam alguns gêmeos apresentar figuras papilares do mesmo tipo, a verdade
é que rapidamente se distinguem.
Na aparência geral das figuras, diz GALTON, há certa identidade, porém, nas
particularidades, esta não aparece, o que também verificamos.
Outro assunto que pode acudir à nossa imaginação é o da hereditariedade das
figuras digitais, à semelhança nos membros de uma família.
O problema tem sido largamente estudado, mas não se colheram ainda elementos
sérios que permitam estabelecer regras nítidas. Desta forma, a aplicação da datiloscopia
na investigação da paternidade (como se faz com os grupos sanguíneos) não dá
qualquer resultado.
Imutabilidade
Observando as figuras papilares obtidas em diferentes épocas da vida de alguns
indivíduos, verificou a imutabilidade, não só dos tipos de figuras, mas também das
mais delicadas características. De 296 pontos de comparação, nem um só ponto
desapareceu ou se modificou depois de muitos anos.
Por fim, eis outro dogma inatacável da datiloscopia: a impossibilidade absoluta
de uma figura papilar se transformar, de modo a se revestir de aspecto diferente, quer
dizer, um arco jamais se transformará num verticilo ou um verticilo numa presilha ou
presilha num arco.
Um só caso pode suceder, mas imediata e facilmente explicável: o caso de uma
cicatriz que, repuxando a pele, torça as linhas papilares de tal maneira que a figura
papilar possa parecer com outra. Neste caso, passa a cicatriz a constituir um ponto
característico de grande importância.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
3
Inalterabilidade
Desde os primeiros passos da datiloscopia, confirmam os autores a
inalterabilidade das figuras papilares. Porém, logo apareceram investigadores a afirmar
que elas podem sofrer danos mais ou menos extensos, de forma a alterar a fisionomia
e, mesmo destruí-las.
Lesões mais ou menos profundas e persistentes na pele das polpas digitais que
impedem, em maior ou menor grau, a coleta das respectivas impressões digitais.
Essas lesões são produzidas por várias doenças: lepra, panarícios, eczemas,
herpes, impetigo, esclero dermites, pênfigo foliáceo, escarlatina, paralisia infantil,
lesões de origem traumática ou estigmas profissionais, etc.
Nesses casos, 2 circunstâncias se podem observar:
1ª - as lesões passam, se desaparece a doença, reformando-se perfeitamente as
cristas papilares;
2ª - as lesões não passam, desaparecendo as cristas, no todo ou em parte,
definitivamente.
Isto quer dizer que as cristas podem desaparecer ou alterar-se definitivamente ou
temporariamente. Neste único caso é porque foi atacada a epiderme, e no primeiro caso,
a derme.
Individualidade ou perinicidade
Deste o 6º mês de vida intrauterina que no feto começa a formar-se os desenhos
digitais, que permanecem por toda a vida e só desaparecem após a morte, com
putrefação do cadáver.
Cada pessoa possui desenhos próprios e individuais, quer dizer, constituem
formas inconfundíveis e que servem para identificar um indivíduo entre milhões de
outros, sem a menor dúvida e sem possibilidade de erros. São diferentes entre membros
de uma mesma família, não se transmite por hereditariedade e são diferentes até entre
os gêmeos.
Inimitabilidade
Restava a questão, realmente curiosa, de saber se as linhas papilares são
suscetíveis de imitação.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
4
MINOVICH, diretor do Serviço Antropométrico de Bucarest, fez experiências
nesse sentido. Submeteu impressões digitais as manobras hábeis de imitadores. No
exame que se seguiu, feito por meio ampliações fotográficas, verificaram-se diferenças
tão evidentes e flagrantes entre as impressões verdadeiras e as imitações que não houve
a menor dúvida em distingui-las.
Pode-se, assim, afirmar que também as linhas papilares são inimitáveis.
É possível fabricar moldes mais ou menos perfeitos dos desenhos digitais, em
borracha ou metal. E, com esta espécie de carimbo, reproduzi-los em impressões
digitais.
Mas, que tem isso a ver com o valor positivo das impressões digitais para a
verificação da identidade individual?
Estas manobras perversas obtidas são claro, partindo sempre do princípio de ter
sido possível obter as impressões do indivíduo, de cuja identidade se precisa para
qualquer fim criminal, servem apenas para demonstrar o valor da identificação na
prova datiloscópica.
O indivíduo vítima de uma manobra dessa ordem, de certo há de lembrar-se do
logro que caiu. Nenhum método de falsificação das impressões pode ser com segurança
empregado, sem que se disponha previamente dos dedos do indivíduo, cujas as
impressões se quer imitar, a quem se quer fazer passar, falsamente, por outro, daquilo
que na verdade não é de sua responsabilidade.
Falsificar impressões digitais, não dispondo dos dedos que as produzem,
originalmente, é impossível. Assim como não é possível imitar uma impressão tomada
diretamente, com tinta preta de imprensa, o processo ordinário adotado nos serviços de
identificação datiloscópica.
Não se dá a mesma coisa com a assinatura, que pode ser falsificada, sem dispor
da mão original que a traçou. Indivíduos que lá estiveram, nem por sonho, são
equivalentes às deixadas por processos técnicos.
Elas são mais ou menos discutíveis e de difícil execução.
A estas poderemos chamar de transferência ou reprodução de impressões
autênticas.
As impressões latentes não têm, absolutamente, os caracteres daquelas que se
utilizam por processos normais e técnicos.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
5
Concluindo:
A) as imitações de impressões digitais, por melhores que sejam, não produzem,
exatamente, a sua autenticidade e, portanto, a sua farsa pode ser destruída perante uma
simples perícia;
B) as melhores impressões digitais são sempre obtidas com o recurso dos dedos
do indivíduo cujas impressões se queira imitar, precisando, portanto, contar com a sua
aquiescência ou logro;
C) as melhores imitações que tente fazer das impressões digitais, absolutamente,
não poderão se comparar com o valor positivo e real daquelas, destinadas a estabelecer
a identidade individual legadas, cotidianamente, em toda a parte do mundo, pelos
serviços de identificação datiloscópica, porque os desenhos digitais são imutáveis e
inimitáveis em sua natureza.
Ficha e individual datiloscópica
Ficha datiloscópica
Cada FICHA DATILOSCÓPICA consta de SÉRIE e SEÇÃO.
A SÉRIE corresponde aos dedos da mão direita e a SEÇÃO aos dedos da mão
esquerda.
A série subdivide-se em FUNDAMENTAL, que designa o POLEGAR
DIREITO e DIVISÃO, que designa os demais dedos.
A seção subdivide-se em SUBCLASSIFICAÇÃO, que designa o POLEGAR
ESQUERDO e SUBDIVISÃO, que compreende os demais dedos.
A FICHA DATILOSCÓPICA, que apresentaremos a seguir, contém, em uma
das faces, os espaços para aposição das impressões digitais dos 10 dedos do
identificando e, no verso, todos os dados necessários à complementar sua identidade,
que serão lançados pelo identificador.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
7
Imagem 03 - Ficha datiloscópica atual
Imagem 04 – Individual Datiloscópica
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
8
Imagem 05 - Prontuário civil – anverso
Imagem 06 - Prontuário civil - verso
O conjunto das impressões digitais de ambas as mãos lançadas numa ficha se
denomina INDIVIDUAL DATILOSCÓPICA(ID) e simplesmente FICHA
DATILOSCÓPICA(FID), a folha de papel, antes de constar as impressões digitais.
Tipos de desenhos fundamentais
No Sistema de VUCETICH existem 4 tipos de desenhos fundamentais que
servem de base para toda a classificação datiloscópica. São eles:
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
9
• ARCO
• PRESILHA INTERNA
• PRESILHA EXTERNA
• VERTICILO
Imagem 07
Cada um destes tipos, são definidos perfeitamente, baseados na presença ou não
de duas características importantes, sendo uma pertinente ao DELTA e a outra, às
LINHAS DO SISTEMA NUCLEAR.
Imagem 08 Imagem 09
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
10
ARCO: É o dactilograma adéltico (ausência de delta) constituído de linhas
paralelas mais ou menos abauladas que liga uma a outra extremidade do campo digital.
Imagem 10
PRESILHA INTERNA: É o dactilograma ou impressão digital que apresenta
o delta a direita do observador, tendo pelo menos uma laçada livre e curva à frente do
delta.
Imagem 11
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
11
PRESILHA EXTERNA: É o dactilograma ou impressão digital que apresenta
o delta a esquerda do observador, tendo pelo menos uma laçada livre e curva à frente
do delta.
Imagem 12
VERTICILO: É o dactilograma que apresenta um delta a direita outro à
esquerda do observador, tendo pelo menos uma laçada livre e curva à frente de cada
delta.
Graças ao conhecimento técnico desses 2 detalhes, DELTAS e NÚCLEOS, é
possível, além dos já citados tipos fundamentais, desdobrarmos toda a classificação e
suas subclassificações.
Para representar os diversos tipos e subtipos foi necessária a criação de símbolos
que nos é definido por letras e números.
As letras são empregadas para representar os tipos fundamentais nos polegares
e os números os tipos fundamentais nos demais dedos.
Os tipos fundamentais de VUCETICH são representados, abreviadamente, pelos
seguintes símbolos:
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
12
Imagem 13
Referências:
Manual de datiloscopia, 2009
Secretária do Estado de Segurança Pública, Manual de procedimentos.
Departamento de Polícia Técnico Científica, Instituto de Identificação Anderson
Conceição de Melo. Manaus 2015.
Issberner, Carlos Alberto Papiloscopista Policial – SCSRII. Manual de
Papiloscopia