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Instituto Teológico IBCS – “Instrumento de Deus para capacitor vidas” Educação Religiosa I Carla Geanfrancisco Outubro/2008 AULA 7–EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.” Deuteronômio 6:6-9 1. A Educação Religiosa no Antigo Testamento – Um Pacto divino “O temor do SENHOR é o princípio do saber” Provérbios 1:7 O propósito da educação é passar conhecimento de uma geração à seguinte, o que é impossível fora de um contexto pactual. Sem esta transmissão geracional de conhecimento, a humanidade seria apenas um pouco melhor do que os animais. A maioria dos cristãos está consciente de que todos os tesouros do conhecimento se encontram em Deus (Colossenses 2:2-3). Porém, há um vínculo entre a educação e Deus, que muitos cristãos nunca têm considerado. O Deus soberano em Sua infinita sabedoria propôs e criou o homem segundo Sua própria imagem. O ser criado à imagem de Deus não faz de cada um de nós Deus, porém significa que compartilhamos alguns atributos comuns. Um aspecto de nossa natureza humana é que temos mente e habilidade para raciocinar (Isaías 1:18; 55:8-9). Porém, nossa natureza pecaminosa herdada de nosso pai, Adão, tende a nos privar de nossa razão, fazendo-nos mais toscos ou similares ao animal (2 Pedro 2:12; Romanos 1:21). Só o conhecimento não pode restaurar esta perda. Primeiro devemos ser renovados em Cristo, antes que possamos verdadeiramente nos beneficiar dos abundantes tesouros do conhecimento que se encontram somente em Cristo (Colossenses 3:10). Porém, Deus é também um Deus pactual (Deuteronômio 7:9; Daniel 9:4), e como tal, Ele ordenou que os homens vivam de acordo com o pacto que Ele como o Deus soberano de toda criação estabeleceu e revelou nas Escrituras. Como tais, o pacto que Deus fez com nossos pais, incluindo a Abraão, Moisés e Davi, ainda se aplica a nós hoje - as promessas, tanto as bênçãos como as maldições. Nossa fidelidade em guardar o pacto de Deus, ou nossa falta dela, determina se, como Igreja, seremos os recipientes das bênçãos ou das maldições Disciplina: Educação Religiosa I Professores: Ananias do Carmo Pinto / Carla Geanfrancisco E-mail: [email protected] / [email protected]

Aula 7 educação no antigo testamento

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Instituto Teológico IBCS – “Instrumento de Deus para capacitor vidas”

Educação Religiosa I Carla Geanfrancisco Outubro/2008

AULA 7 – EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.”

Deuteronômio 6:6-9

1. A Educação Religiosa no Antigo Testamento – Um Pacto divino

“O temor do SENHOR é o princípio do saber”

Provérbios 1:7

O propósito da educação é passar conhecimento de uma geração à seguinte, o que é impossível fora de um contexto pactual. Sem esta transmissão geracional de conhecimento, a humanidade seria apenas um pouco melhor do que os animais. A maioria dos cristãos está consciente de que todos os tesouros do conhecimento se encontram em Deus (Colossenses 2:2-3). Porém, há um vínculo entre a educação e Deus, que muitos cristãos nunca têm considerado.

O Deus soberano em Sua infinita sabedoria propôs e criou o homem segundo Sua própria imagem. O ser criado à imagem de Deus não faz de cada um de nós Deus, porém significa que compartilhamos alguns atributos comuns. Um aspecto de nossa natureza humana é que temos mente e habilidade para raciocinar (Isaías 1:18; 55:8-9). Porém, nossa natureza pecaminosa herdada de nosso pai, Adão, tende a nos privar de nossa razão, fazendo-nos mais toscos ou similares ao animal (2 Pedro 2:12; Romanos 1:21). Só o conhecimento não pode restaurar esta perda. Primeiro devemos ser renovados em Cristo, antes que possamos verdadeiramente nos beneficiar dos abundantes tesouros do conhecimento que se encontram somente em Cristo (Colossenses 3:10).

Porém, Deus é também um Deus pactual (Deuteronômio 7:9; Daniel 9:4), e como tal, Ele ordenou que os homens vivam de acordo com o pacto que Ele como o Deus soberano de toda criação estabeleceu e revelou nas Escrituras. Como tais, o pacto que Deus fez com nossos pais, incluindo a Abraão, Moisés e Davi, ainda se aplica a nós hoje - as promessas, tanto as bênçãos como as maldições. Nossa fidelidade em guardar o pacto de Deus, ou nossa falta dela, determina se, como Igreja, seremos os recipientes das bênçãos ou das maldições

Disciplina: Educação Religiosa I

Professores: Ananias do Carmo Pinto / Carla Geanfrancisco

E-mail: [email protected] / [email protected]

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pactuais - "Se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra; e todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, se ouvires a voz do Senhor teu Deus... Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão" (Deuteronômio 28:1-2, 15 e versos seguintes).

As mesmas linguagens pactuais encontrada nas passagens anteriores de Deuteronômio 28 também se encontram em Deuteronômio 6: "Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres; para que tema ao Senhor teu Deus, e guardem todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias" (Deuteronômio 6:1-2). Note que umas poucas passagens depois (Deuteronômio 6:7), é nos ordenado que ENSINEMOS estes mandamentos, o pacto perpétuo de Deus, aos nossos filhos. Isto se relaciona com o pacto que Deus fez com Abraão: "Estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti" (Gênesis 17:7).

2. A Educação Religiosa no Antigo Testamento

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em sua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”.

Deuteronômio 6:4-7

No Velho Testamento (especialmente em Provérbios) há uma série completa de palavras que são usadas diretamente na esfera do treinamento bíblico das crianças. Essas palavras são traduzidas como ensino, instrução, reprovação, castigo, correção e disciplina. A palavra hebraica mais comum é musar, uma expressão que é traduzida como instrução, admoestação, disciplina e correção. A Septuaginta geralmente traduz essa palavra como Paidéia.

Nas Escrituras hebraicas, a principal palavra que significa ensinar ou educar é "Torah" - É interessante observar que esta palavra também significa "lei". Deriva-se de um verbo que significa "apontar, mostrar e orientar". Um novo verbo, mais recente, significa "disciplinar, corrigir, admoestar". Outros termos atribuídos à educação, no Antigo Testamento, expressam idéias de discernimento, sabedoria, conhecimento, iluminação, visão, inspiração e nutrição.

Quando falamos em educação, normalmente nos vem à memória a intelectualidade dos mestres; no entanto, constatamos que há uma grande diferença entre esse conceito e os ensinos do Antigo Testamento, pois cada vez que se ensina alguma coisa, destaca-se a prioridade da "vida”, que é o ponto de partida para toda forma de educação. O ensino do A T não é aplicado apenas para o desenvolvimento do intelecto, mas para comunicar e ensinar a viver de acordo com suas crenças e necessidades. Além da palavra "Torah", citada anteriormente, temos mais três palavras hebraicas que expressam a idéia de ensino no A T.:

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YADAH , com significado semelhante a "vir a conhecer". Inclui a idéia de que a experiência ensina. (Veja Jó 32.7).

YARAH, que significa: "mostrar, dirigir, ensinar". Esta palavra tem uma importância prática bem definida, (Veja Sl 86.11;25.8; 119.102)

LAMAD, talvez a única palavra que parece enfocar o objeto da compreensão, porém expressa também com muita nitidez o desenvolvimento de técnicas de guerra (Dt 4.5,18;Ed 7.10;Jr 32.33;2 Sm 22.344; Sl 18.3,4).

A imagem geral da criação piedosa dos filhos que é apresentada na Escritura é o que segue. Deus deu aos pais (especialmente ao pai) Sua revelação divina (ou palavra-lei da aliança) a qual eles têm a responsabilidade de ensinar, crer e obedecer (Dt. 6:1-6). Eles têm a obrigação da aliança de “diligentemente ensinar” a seus filhos (Dt. 6:7). Este ensino, contudo, não é meramente uma atividade intelectual, mas é encorajado, reforçado e habitualmente transmitido por meio de exemplo, repreensão verbal, correção e admoestação acompanhada, quando necessário, de castigo físico. Esse processo de educação pactual é usado por Deus para justificar e santificar os filhos. E ainda, este processo de treinamento transmite verdadeira sabedoria dada por Deus. As crianças aprendem a discrição, discernimento, reflexão, sabedoria prática ou, em gíria moderna, ficam “biblicamente plugadas.” As crianças da aliança são preparadas para uma vida de domínio da verdadeira satisfação na obra de Deus.

Portanto, o incentivo à educação teológica é uma constante no A T. Podemos ainda tomar como exemplo o Salmo 78.3-7, onde o povo de Deus promete que vai ensinar fielmente a cada geração vindoura "os feitos gloriosos do Senhor" (v. 4). Encontramos várias citações indicando que o próprio Deus é o verdadeiro professor, por ex.: Is 30.20, onde seu povo é incitado a buscar instrução nEle e em sua Palavra. (Sl 78.1;119.27; Is 8.19,10;54.13; Jr 31.33-34). No entanto, põe-se ênfase no fato de que Deus utiliza os homens, por meio dos quais comunica sua mensagem (Dt 5.1-5). Repetidamente diz-se que Deus ordenou aos homens e os inspirou para ensinar.

3. Parâmetros incisivos na educação religiosa no Antigo Testamento.

a. Consistia Inteiramente na Instrução Religiosa;

Na antiguidade; a educação, entre os judeus, consistia inteiramente na instrução religiosa. Nos dias do Antigo Testamento não havia compêndios exceto o próprio Antigo Testamento, e toda a educação resumia-se ‘a leitura e estuda das Sagradas Escrituras. Nessa época, não havia nenhum oficio reconhecido como o dos professores, e nem havia um titulo definido para tais . falava-se em ensinar, mas não em professores, para os judeus, o centro da educação e instrução era o lar, pois a responsabilidade do ensino das crianças recaia sobre seus genitores. (Dt 4.9,10;6.7,20-25; 11.19; 32.46)

b. Profetas e Sacerdotes eram reconhecidos como mestres.

Os profetas, entretanto, foram reconhecidos como mestres, mas, novamente, de assuntos religiosos como porta-vozes de Deus. Mediante a palavra oral e a palavra escrita, eles ensinavam a vontade de Deus no tocante aos israelitas. Antes deles os sacerdotes estavam

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ocupados na tarefa da instrução religiosa do povo (2Cr 15.3). Pode-se mesmo dizer que foi porque os sacerdotes falharam no papel de mestres que Deus levantou os profetas. Os sacerdotes ensinavam com base nas instruções aprendidas nas Escrituras. Os profetas ensinavam com base na Palavra viva, que lhes era dada por revelação.

4. Escolas?

Nos dias anteriores ao exílio babilônico, não havia qualquer vestígio da existência de escolas em Israel. A sinagoga foi uma instituição que surgiu em face das novas necessidades, impostas pelo exílio. E, quando o templo de Jerusalém foi destruído, no ano 70 d.C. os ritos sacrificiais tornaram-se impossíveis., e, por esta razão, no exílio, os judeus começaram a se reunir aos sábados, a fim de orarem e receberem instrução religiosas. É por esse motivo que Filo (pensador judeu do passado) , chamou as sinagogas de casas de instrução. Foi a partir dessa altura dos acontecimentos que os escribas, que dedicavam toda a sua vida a tarefa de compreender e interpretar a lei entraram em cena.

Não se sabe exatamente quando, após o retorno do exílio babilônico, teve inicio a instrução elementar, como um serviço publico organizado. O Talmude informa-nos de que Simão bem-Setaque (irmão da rainha Alexandra, que reinou de 78 a 60 a.C), baixou decreto impondo que as crianças judias deveriam freqüentar as escolas elementares. E também ajunta que o sumo sacerdote Josué bem-Gamala, (63-65 d.C). foi quem universalizou a educação elementar por toda a Judéia. Somente os meninos judeus recebiam essa educação publica, a começar com a idade entre cinco e sete anos. Usualmente, essas escolas elementares eram um adendo a sinagoga. Essas escolas eram chamadas de casas do Livro. O ensino judaico era efetuado de maneira inteiramente oral, e a educação consistia quase inteiramente na memorização. Apesar das falhas didáticas e de método, os professores eram altamente estimados e respeitado em Israel.

Conclusão:

O objetivo do ensino é “conhecer a sabedoria e a instrução, compreender as palavras de entendimento, receber a instrução da sabedoria, justiça, juízo, e equidade; dar prudência ao simples, ao jovem conhecimento e bom siso” (Provérbios 1:2-4).

Tarefa:

Leia o texto O Trivium na Perspectiva Biblica.

PS: Não se esqueça de trazê-lo no dia da Prova.

Lembrete:

Você tem preparado sua cola. A qualquer hora posso solicitar vê-la.