Aula de teoria literária O formalismo.pdf

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  • 8/2/2019 Aula de teoria literria O formalismo.pdf

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    Vitor Chklovski o desencadeador daabordagem lingustica da literatura, poisseu ensaio foi o primeiro a sistematizar aideia de lngua potica como um desvio da

    lngua cotidiana.

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    Blusa ftua (Maiakviski)

    Costurarei calas pretascom o veludo da minha garganta

    e uma blusa amarela com trs metros de poente.pela Nivski do mundo, como criana grande,andarei, donjuan, com ar de dndi.

    Que a terra gema em sua mole indolncia:No viole o verde de as minhas primaveras!Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolncia:

    No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!

    No sei se porque o cu azul celestee a terra, amante, me estende as mos ardentesque eu fao versos alegres como marionetese afiados e precisos como palitar dentes!

    Fmeas, gamadas em minha carne, e estagarota que me olha com amor de gmea,cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,com flores os bordarei na blusa cor de gema!(Traduo de Augusto de Campos)

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    Roman Jakobson:

    a funo potica da linguagem consiste naambiguidade da mensagem mediante o

    adensamento do significante.

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    Segundo essa teoria, segundo Roman

    Jakobson, representa uma violnciaorganizada contra a fala comum.definio dos formalistas russosA literatura transforma e intensifica a

    linguagem comum, afastando-se

    sistematicamente da fala cotidiana: atessitura, o ritmo e a ressonncia daspalavras superam o seu significadoabstrato. Trata-se de um tipo de

    linguagem que chama a ateno sobre simesma e exibe sua existncia material, aocontrrio da linguagem comum.

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    Para Terry Eagleton a proposta do formalismo colocava alingustica dentro do conjunto literrio.A linguagem era a maior preocupao dos formalistas, dandomenos nfase ao contedo e mais forma literria

    => o contedo motivava o modo como se constituiria uma obra, jque a literatura seria um tipo especial de linguagem em contrastecom a linguagem comum.A obra literria era um fato material, cujo funcionamento podia seranalisado mais ou menos como se examina uma mquina.

    No era mais um veculo de ideias, nem uma reflexo sobre arealidade social, nem a encarnao de uma verdadetranscendental.A revoluo dos bichos no seria para os formalistas umaalegoria do stalinismo, mas, ao contrrio, o stalinismosimplesmente ofereceria uma oportunidade propcia criao deuma alegoria.Eles consideravam a linguagem literria como um conjunto dedesvios da norma, uma espcie de violncia lingustica: a literatura

    uma forma especial de linguagem, em contraste com alinguagem comum, que usamos habitualmente.

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    O conto OAlienista, de M.Assis, por exemplo:A abordagem tradicional afirma que O alienista uma novela sobre a falcia da cincia, a precariedadedo conceito de loucura e o autoritarismo dos

    governos.

    Os formalistas colocariam o problema de outra forma: asincertezas da cincia e a arbitrariedade dos governos so

    um dispositivo para o exerccio da alegoria. A motivaoinicial de Machado teria sido a formulao da stira ou doescrnio alegrico, categorias preexistentes ao tema daloucura mal interpretada. Assim, os procedimentosbuscam suas matrias, cujo resultado a forma literria.

    Com isso, elimina-se a idia de que as matrias podem serincludas ou excludas de um texto, como se fossem ocontedo de uma garrafa. Conforme essa viso, a literaturanunca sobre coisas ou situaes. Ser sempre o resultadoda adequao entre procedimento e matria, fenmeno

    que automaticamente a insere num cdigo de referncialiterria.

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    A lei da economia das energias reduz tudo a nmerosou a volumes sem identidade, processo que objetiva o

    mximo de rendimento com um mnimo de ateno.Esse processo pensa Chklovski resulta naautomatizao da vida psquica, pois, em nome darapidez, anula-se a intensidade do ato de conhecer.

    Nele, as coisas possuem importncia apenas quandoreconhecidas, esvaindo-se o entusiasmo da descoberta.

    O prprio conceito de aprendizado pressupe o uso

    automtico das noes e dos movimentos. O simplesfato deuma ao se tornar habitual basta para desencadear ainconscincia em quem a executa.

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    Assim, a principal funo da arte seria restaurar a

    intensidade do conhecimento, promovendo avirgindade dos contatos e o encanto da descoberta.Nesse sentido, o artista deve criar situaes inditas eimprevistas, em busca da restaurao do ato de

    conhecer. Numa palavra, a finalidade da arte gerara desautomatizao, mediante o estranhamento ou asingularizao da estrutura que o artista oferece contemplao.

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    ...o morfologista russo entende que aparticularizao do texto decorre de tcnicasespecficas aplicadas s palavras, em seusnveis semntico, sinttico e fonolgico:instaura-se a conscincia lingustica da

    literatura.

    Desfaz-se, enfim, a concepo do senso

    comum segundo o qual literatura expressoimediata da vida, como se o texto no fosseum simulacro convencional de signos.

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    Surge da um conceito funcional de literatura, entendida nomais como um discurso ornado e ficcional que visa imortalidade, mas como um modo especial de articulao dalinguagem, cuja ideia de valor rigorosamente relativa, poisleva em conta tanto a estrutura verbal do texto quanto apercepo do leitor e o eventual desgaste das formas, que,

    de estranhas e desautomatizadoras, podem, com o passar dotempo, se tornar corriqueiras e previsveis. At ento, jamaisse chegara a um conceito to relativo do valor da obra dearte, que passou a ser definida como uma estrutura sgnicacontrria ou divergente do padro dominante.