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AULA MAGNA DEZEMBRO 2010 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA MENSAL RICARDO ARAÚJO PEREIRA - REGRESSA ÀS AULAS // O RJIES - PARA OS ALUNOS // BANDAS ESTUDANTIS.

AULA MAGNA

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«NADA DO QUE É ESTUDANTIL, NOS É INDIFERENTE»

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RICARDO ARAÚJO PEREIRA - REGRESSA ÀS AULAS // O RJIES - PARA OS ALUNOS // BANDAS ESTUDANTIS.

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TEMA: NASCIMENTOAULA MAGNA

DIRECÇÃOLuís Oeiras Fernandes CONSULTORES DE EDIÇÃO Anick BilreiroFilipe PedroLuís Ricardo Duarte CONSULTOR DE FOTOGRAFIAJosé Miguel Soares CONSULTORA DE GRAFISMOFilipa Lourenço CONSULTORES DE INTERNETAbílio SantosJorge Martins

TEXTOSFrederico PedreiraGolgona Anghel (FLUL)João Pedro BarrosLuís Ricardo DuarteVirgílio A. P. Machado (FCT UNL) IMAGENSFilipe MateusJoão FazendaJosé Miguel SoaresDiogo Santos BANDA DESENHADAProjecto Pandora BoxÁlvaro Áspera (edição, texto e guião)Ana Afonso (desenho e cor daprimeira página)Filipe Alves (desenhos e cor) Joana Hartmann (legendagem)

EDITOR E REDACÇÃOMagna Estudantil – Publicações S.A.Avenida Visconde Valmor,n.º 41 -2.º Esq.1050-237 LisboaTel. 21 780 02 80Fax. 21 780 08 82www.aulamagna.pt NIPC 508642558 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOLuís Oeiras FernandesMiguel TapadaVanda Matias Fernandes Este projecto beneficia do apoiodo programa Finicia e é participadopela Inovcapital. IMPRESSÃOLisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.º90,Casal de Sta. LeopoldinaBarcarena PERIODICIDADEMensal TIRAGEM60 mil exemplaresProcesso de inscrição na APCT

PAGINAMFilipa Lourenço PROJECTO GRÁFICO (PAPEL)Marisa Rodrigues (FBAUL) ESTUDO PARA PROJECTO GRÁFICO (PAPEL)Eunice Oliveira (FBAUL)Sara de Castela Coelho (FBAUL)Marisa Rodrigues (FBAUL) AGRADECIMENTOSFaculdade de Belas Artes daUniversidade de LisboaProf. Doutor Aurelindo CeiaProf. Doutor Emílio VilarAEESD IPLAEESM IPLAEESTC IPLAEESTS IPLAEFBAULAEFFULAEFPCEULAAMDL

04. NASCIMENTO 06. ANFITEATRO Os Efeitos do RJIES 08.ANFITEATRO Opiniao/Pedagogia

AULA

MAGNA

As opiniões veiculadas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a opinião da revista ou dos seus colaboradores. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos ou imagens por quaisquer meios e para quaisquer fins.

Page 3: AULA MAGNA

DEZEMBRO 2010

ESTATUTO EDITORIAL A revista Aula Magna é um órgão de imprensa estudantil. Feita por nós e para ser lida por nós, os estudantes. Vem para falar de nós, do que fazemos, do que procuramos, do que nos rodeia. Vem fazer tudo isso por dentro, não como algo que nos é oferecido, mas como algo que nos pertence...Herdeira do espírito estudantil que se bateu pela liberdade de expressão num tempo em que ela não existia, a Aula Magna é um órgão de informação independente, isento e de qualidade. Nada do que é académico nos é indiferente, desde as políticas educativas e pedagógicas, passando pela produção científica e artística, até às festas, tunas e actividades recreativas. Atenta, crítica e fiel aos factos, esta revista é estudante do Norte, do Sul do país e das ilhas, é estudante do ensino universitário como do politécnico, do público como do privado.Este projecto acredita que nos falta a nós, estudantes, sabermos uns dos outros, do que andamos a fazer, do que se passa à nossa volta, para onde caminha o ensino superior e em que nos vai afectar essa caminhada. Se o reitor decidiu, nós queremos saber. Se o grupo de teatro nasceu, nós queremos divulgar. Se aqueles caloiros que estavam sempre no bar com as guitarras formaram uma banda, nós queremos dizer onde e quando é que eles vão tocar. Queremos ser a revista de tudo o que nos diz respeito e não do que outros acham que nos diz respeito.Juntamos aos nossos projectos-colegas da imprensa estudantil, os recursos profissionais que não existiam, os meios que não estavam ao alcance, a abrangência nacional que não era possível, a colaboração com os professores e funcionários.Assim nos apresentamos, como somos e queremos ser: estudantes em formato de revista.A Aula Magna rege-se pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, respeitando a boa fé dos leitores. É um órgão isento e independente de todas as formas de poder político, económico, religioso e de quaisquer grupos de pressão. Procura sempre a verdade dos factos e a pluralidade das opiniões fundamentadas, separando sempre de forma clara uma e outra coisa.A Aula Magna é um órgão de informação sobre todo o ensino superior, um meio de propagação de ideias e de correntes de pensamento, um espaço de debate e reflexão livre, responsável e civilizado.A Aula Magna é um meio de dinamização e de divulgação do trabalho dos estudantes do ensino superior que aposta num sistema redactorial comunitário e aberto à participação de todos.A Aula Magna é um projecto, de imprensa estudantil herdeiro da tradição académica e de associativismo estudantil, sempre defensora dos princípios da liberdade de expressão, da democracia, do respeito pelos direitos humanos, da igualdade social e da universalidade do ensino superior. A Aula Magna pugna pela ideia de Universidade (de onde não se exclui o ensino politécnico) enquanto centro de criação, transmissão e difusão de cultura e ciência do país.

Colabora, inscreve-te num dos nossos grupos ou entrega os teus textos e fotos através de www.aulamagna.pt

20LABORATÓRIO

Ricardo Araújo Pereira

10. LABORATÓRIO Bandas Estudantis 16. AGENDA 26. PATIO Três Festas

28. PÁTIO Desporto/Esgrima 30. BAR Ilustração - Nascimento

Page 4: AULA MAGNA

AULA MAGNA

04

N A S C I M E N T O

O R I G E M ; B R O T A R ;

R E B E N T A R ;

A P A R E C E R ;

P R I N C I P I A R ;

D E R I V A R - S E ;

P R O V I R ;

F O R M A R - S E ;

C O N S T I T U I R - S E ;

S O B R E S S A I R .

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Page 6: AULA MAGNA

A N F I T E A T R O

OS EFEITOS DO RJIES

AULA MAGNA

06

E S T U D A N T E S

D A S D E C I S Õ E SL O N G E

O novo regime jurídico já mexe com o funcionamento das instituições de ensino superior, deixando os

alunos mais desprotegidos. Pelo menos, é isto que pensam várias personalidades ligadas ao meio

estudantil. A Aula Magna faz as contas ao que vai mudar.

Para uma grande parte dos alunos do

ensino superior, a sigla RJIES deve soar, na

melhor das hipóteses, a um palavrão dito

em croata. Aos medianamente informados,

pode evocar mudanças no ensino superior.

Os outros, muito provavelmente uma

minoria, saberão do que se trata: Regime

Jurídico das Instituições de Ensino

Superior ou, trocando por miúdos, a mais

profunda reforma do ensino superior desde

a aprovação da Lei da Autonomia das

Universidades, em 1982. Na teoria, o RJIES

é uma extensa lei, composta por 185

artigos e aprovada na Assembleia da

República a 19 de Julho de 2007, com os

votos favoráveis do Partido Socialista e os

votos contra de toda a oposição.

O documento só agora começa a ter

verdadeiras consequências no terreno,já

que houve a necessidade de alterar os

estatutos das universidades e institutos

politécnicos e eleger os novos órgãos, como

o Conselho Geral. O governo das institições

de ensino superior compreende ainda um

Reitor/presidente (eleito pelo Conselho

Geral) e um Conselho de Gestão. Nas

faculdades, cai a Assembleia de

Representantes (substituída por um orgão

colegial com 15 membros) e há ainda

As personalidades contactadas pela revista Aula Magna

para comentar o assunto destacaram, sem excepção, o

decréscimo da representatividade dos alunos nos órgãos

de governo das instituições. Sublinharam a evidência: o

novo regime deixa-os mais desprotegidos na defesa dos

seus pontos de vista, na maioria das situações. Porém,

discordaram quanto à relevância que estas alterações

possam ter no seu dia-a-dia. Para André Moz Caldas,

eleito para o Conselho Geral da Universidade de Lisboa

(UL) e membro do Núcleo de Estudantes Socialistas da

Faculdade de Direito da UL, o RJIES apenas se sentirá

«muito a jusante», uma opinião compartilhada por

Negesse Pina, vice-presidente da Associação Académica

da Universidade de Aveiro (AAUAv). Do lado oposto

está José Soeiro, que, com 24 anos, foi até Julho o mais

jovem deputado da Assembleia da República, pelo Bloco

de Esquerda. O sociólogo, que fez parte do Senado

da Universidade do Porto (UP) durante dois anos,

acha mesmo que as instituições se vão tornar «mais

agrestes» para os alunos.

ORGÃOS MAIS PEQUENOS E FUNCIONAIS

O RJIES toma uma orientação clara: retirar

a classe discente (ou reduzir fortemente a

sua presença) dos órgãos que tomam as

opções estratégicas das instituições.

«Ficamos com órgãos mais pequenos,

funcionais e dinâmicos, mas também menos

democráticos», considera Moz Caldas, que

reconhece que havia um problema de

sobredimensionamento. «Há uma

tentativa de arrumar a casa, de reunir

responsabilidades espalhadas e

competências conflituantes», acentua

Bruno Carapinha, estudante de

doutoramento em Ciência Política na UL, e

membro do Comité Executivo da Associação

de Estudantes Europeus (ESU). O dirigente

pensa que se passa de um processo de

decisão «lento» e gerador de consensos

para outro «ágil e muito organizado», mas

que pode gerar «conflitos e situações de

boicote». A composição do Conselho Geral,

onde a representação dos alunos (mínimo

de 15%) é cerca de metade da das

personalidades externas (mínimo de 30 por

cento) é o principal alvo das críticas. No

Senado, os estudantes tinham paridade com

os docentes e investigadores, agora estes

ocupam, mais de metade dos lugares.

um director, um Conselho Científico e um Conselho

Pedagógico. As mudanças estruturais são estas, mas, na

prática, em que é que mudam a vida de um estudante?

JOSÉ SOEIRO ACHA QUE AS INSTITUIÇÕES

SE VÃO TORNAR «MAIS AGRESTES»

PARA OS ALUNOS

Page 7: AULA MAGNA

AULA MAGNA

07

E HÁ VANTAGENS? Apesar das críticas, a FAP manifestou uma «posição

concordante», na generalidade, com o RJIES, por

«permitir alguma autonomia das universidades».

Também a AAUAv, diz Negesse Pina, «não é contra».

«Mas acreditamos que três alunos não conseguem

representar a voz dos 12.000 que estudam em Aveiro.

É uma questão democrática, nem queremos paridade»,

salienta. É caso para perguntar: há alguma vantagem

para os alunos? Os inquiridos neste artigo consideram,

de uma forma genérica, que há um reforço de poderes

do Conselho Pedagógico onde se mantém a paridade

com os professores. «É mais fácil tratar das questões

curriculares», admite Pedro Barrias. André Moz Caldas

salienta o facto do órgão passar a ter competências para

aprovar o regulamento de avaliação do aproveitamento

«NO NOVO CONSELHO GERAL, COM

TRÊS OU QUATRO VOTOS, OS

ESTUDANTES QUASE NÃO VÃO TER

PESO PARA PROPOR MATÉRIAS»

PEDRO BARRIAS

O RJIES é como dizer aos estudantes: «deixem-se lá de manifestações, de discutir a política geral das universidades, e estudem». Para mim, isto é uma visão retrógrada do papel das universidades. Há uma tentativa de arrumar a casa, de reunir responsabilidades espalhadas e competências conflituantes, mas elas continuam a existir.

E os alunos que não se preocupam com a

gestão da sua universidade ou faculdade,

vão sentir a diferença? «É mais do que

evidente que o novo modelo está mais

preocupado na obtenção de receitas e

lucros, deixando de lado tudo o resto, como

as actividades lúdicas, activas», observa

Bruno Carapinha. José Soeiro antevê que as

universidades e politécnicos se vão tornar

em locais de «prestação de serviços a quem

pode pagálos», em vez de serem um «lugar

de acesso a formação e conhecimento», com

cursos ou programas dirigidos à

comunidade. O antigo dirigente estudantil

dá conta de casos em que a força dos

alunos nos órgãos da universidade foi

BRUNO CARAPINHA Membro do Comité

Executivo da Associação de

Estudantes Europeus (ESU)

«FICAMOS COM ORGÃOS FUNCIONAIS (...)

MAS TAMBÉM MENOS DEMOCRÁTICOS»

ANDRÉ MOZ CALDAS

decisiva: «Fiz parte de um Conselho

Directivo onde os estudantes conseguiram

travar o processo de subida das propinas, e

de uma Assembleia de Representantes onde

conseguimos fazer passar uma resolução

que permitia aos estudantes divulgar os

seus materiais e cartazes, que tinham

sido retirados». Pedro Barrias, presidente

da Federação Académica do Porto (FAP)

acrescenta mais uma preocupação: «No

Senado da UP éramos 42 alunos. No novo

conselho geral, com três ou quatro votos,

os estudantes quase não vão ter peso para

propor, quanto mais discutir, matérias

relativas, ao estatuto de atleta de alta

competição ou dirigente associativo».

Representantes // De dezenas os estudantes passam para três ou quatro

Page 8: AULA MAGNA

dos estudantes. No entanto, lamenta-se o

facto do organismo ter um carácter

essencialmente consultivo. A AAUAv

defende mesmo que as suas decisões

«deviam ser vinculativas», de forma a

«garantir que aquilo que se decide num

órgão paritário tem reflexo no Conselho

Geral». Para Pedro Barrias, o Conselho

Pedagógico acaba por ser vinculativo «na

prática», porque «há muitas questões que

só ele é que trata». Ainda assim, a

ausência, no papel, de um poder

«vinculativo ou executivo» impede o órgão

de tomar decisões, por exemplo, no caso

de «um professor que maltrata um aluno».

«Aí, o que se pode fazer é remeter o caso

para o Conselho Científico ou Executivo»,

explica. Bruno Carapinha tem um olhar

mais crítico sobre as novas competências do

Conselho Pedagógico, classificando o órgão,

na prática, como «esvaziado de poder»:

«Qualquer implicação financeira, ou

interligada com a área científica, não é

aplicada. Há um boicote dos Conselhos

Científicos e Directivo», acusa.

Uma segunda mudança potencialmente

favorável é a criação de um provedor do

estudante, «cuja acção se desenvolve

em articulação com as associações de

estudantes », lê-se na lei. Porém, a AAUAv

é contraos moldes desta figura, e Bruno

Carapinha volta a não poupar críticas: «O

«O PROVEDOR É UMA ESPÉCIE DE GABINETE DE APOIO AO CLIENTE. NÃO É

ISSO QUE AS ASSOCIAÇÕES E OS ESTUDANTES PRETENDIAM. É O RECONHECIMENTO DE QUE O ESTUDANTE PASSA A SER UM ELEMENTO

EXTERNO À COMUNIDADE ACADÉMICA»

«É MAIS DO QUE EVIDENTE QUE O NOVO

MODELO ESTÁ MAIS PREOCUPADO NA

OBTENÇÃO DE RECEITAS E LUCROS,

DEIXANDO DE LADO, AS ACTIVIDADES

LÚDICAS, E AS CIDADANIAS ACTIVAS»

Os estudantes deixam de ter margem para discutir algumas matérias no Conselho Geral. Em algumas questões ainda podem ter uma minoria de bloqueio, algum poder de decisão, mas na maioria delas não terão peso quase nenhum.

Era necessária uma mudança de paradigma no ensino superior português, mas não concordamos com a falta da participação estudantil na sua gestão. As personalidades exteriores devem participar nos conselhos gerais, são os reais empregadores, mas achamos que o seu peso é demasiado. Pela minha experiência, não há assim tantas pessoas de mérito interessadas em participar.

A N F I T E A T R O

provedor é uma espécie de gabinete de

apoio ao cliente. Não é isso que as

associações e os estudantes pretendiam. É

o reconhecimento de que o estudante passa

a ser um elemento externo à comunidade

académica». Há ainda um novo regime

disciplinar do aluno, aplicado pelo reitor

ou presidente, e que substitui o decreto

de 1932 que ainda vigorava. A pena de

expulsão aí prevista é eliminada, e Pedro

Barrias julga que há um maior «rigor» e

«responsabilização» dos alunos. «Fiz parte

da secção disciplinar do Senado, e era

muito difícil sancionar alguma coisa, a lei

era muito omissa».

O novo regime prevê ainda a possibilidade

das universidades se transformarem em

fundações públicas de direito privado, o

que lhes permitirá uma maior autonomia.

Para André Moz Caldas, a passagem do

direito público para o direito privado pode

trazer «muitas diferenças em termos de

relacionamento» com os alunos. Mas isso já

são contas para outro artigo. No imediato,

sobra alguma indignação – «não concorda-

mos com a forma como a mudança foi feita,

como se os alunos fossem os culpados do

estado do ensino superior» - Negesse Pina

– e um alerta de Bruno Carapinha para as

instituições: «Andamos entretidos com isto

há um ou dois anos, e não fazemos o que

devia ser feito em termos educativos».

PEDRO BARRIAS Antigo presidente da

Federação Académica do

Porto (FAP)

RICARDO PINTO Presidente da Federação

Nacional das Associações

de Estudantes do Ensino

Superior Politécnico

AULA MAGNA

08

Page 9: AULA MAGNA

AB

A I

XO

OPINIÃO / PEDAGOGIA

Prof. da F-Ciências e Tecn.

da U-Nova de Lisboa

VIRGÍLIO MACHADO

Os alunos, abaixo assinados, do 1.º ano dos cursos de […] desta universidade […], onde foram

admitidos, tornando assim impossível o acesso à universidade de outros candidatos, vêm, por este meio,

manifestar-se contra as medidas repressivas, de que têm sido alvo, da parte do prof. Virgílio Machado

A S S I N A D O

AULA MAGNA

09

O prof. Virgílio Machado chegou ao ponto de ameaçar impedir-nos

de cometer fraudes nos testes. Impede-nos, de nos iniciarmos numa

prática que tencionamos aperfeiçoar durante o nosso curso e na

nossa vida profissional, que é a de actuarmos, o mais possível,

desonestamente, tornando a fraude, o suborno e a corrupção

generalizada, parte do nosso dia-a-dia.

Procuraremos, amassar fortunas, não como fruto do nosso trabalho

e do desenvolvimento do bem-estar geral, mas de processos que

permitam apropriarmo-nos daquilo que não nos pertence e de

técnicas de dissimulação que construam as nossas riquezas à

custa da miséria dos outros. A fraude nos testes é, além do mais,

um processo que nos permite manter o sub-desenvolvimento das

nossas faculdades intelectuais. Não queremos ser obrigados a ter

a franqueza de admitir que não sabemos. Queremos mostrar que

temos conhecimentos que não possuímos. Faremos assim, aquilo

que esperamos vir a fazer pela vida fora: dar a perceber, aos nossos

empregadores e aos nossos subordinados, que somos muito mais

sabedores do que realmente somos, criando, assim, não uma relação

de respeito mútuo, mas de veneração, como génios intelectuais.

Para esse fim, achamos mais próprio apropriarmo-nos do trabalho

dos outros, dando respostas que são deles, que não sabemos, nem

percebemos mas que subscrevemos como se fossem nossas.

O prof. Virgílio Machado exige, que sejamos pontuais às aulas e

não se coíbe de assinalar quando não comparecemos ou chegamos

atrasados. Ora, nós somos contra o regime de faltas. Não porque

seja desnecessário, por só faltarmos por motivo de força maior, mas

porque achamos que as faltas ficam a atestar o nosso desinteresse

em participar na vida académica. . Nós não queremos saber nada

do que se passa nas aulas. Queremos é acabar o curso! Achamos

que não temos qualquer contributo a dar nas aulas. O estado de

embrutecimento intelectual em que nos encontramos, não nos

permite participar ou acompanhar a discussão de qualquer assunto

do âmbito da disciplina ou pertinente para a nossa formação. Não

nos sentimos capazes de dirigir qualquer questão ao prof., porque

temos receio de cair no ridículo de perguntar algo que possa

interessar aos outros ou de elucidar dúvidas que também existam

no espírito dos colegas, ou pedir um esclarecimento que, na

verdade, o prof. devia ter dado.

Temos o direito de chegar atrasados, quando muito bem

entendermos. Não queremos deixar de contribuir para que esta

nossa terra continue a ser um país atrasado. Pela nossa vida fora,

queremos continuar a não respeitar quaisquer horários ou

compromissos. No nosso futuro emprego, tencionamos, iniciar o

trabalho sempre fora de horas, dando, assim, o exemplo a todos os

nossos subordinados e ao operariado em geral. Não tencionamos,

respeitar horas marcadas para encontros, reuniões, negócios ou

quaisquer actividades profissionais/privadas, contribuindo, assim,

para grandes prejuízos, para todos, em tempo perdido, esperas

inúteis e evitáveis. Além do mais, o prof. Virgílio Machado pretende

que nos mantenhamos em silêncio nas aulas, quando ele se nos

dirige ou um colega faz qualquer intervenção. Obriga-nos, a dar

provas de uma educação que não possuímos, a um respeito pelos

outros que não temos. Achamos que, devemos poder falar do que

muito bem entendermos, uns com os outros, fazendo a algazarra

necessária para nos fazermos ouvir. Outro processo não há de

impedir que aqueles que estão interessados possam acompanhar as

aulas, desmotivando-os de fazerem um estudo sério e

incentivando-os a aderirem à mediocridade geral.

Assim, e resumindo, porque o prof. Virgílio Machado insiste em

que nós temos que estudar, , pedimos a sua imediata substituição

por outro que nos dê uma boa nota no fim do ano e nos chateie o

menos possível.

Page 10: AULA MAGNA

Foi numa praxe académica que Mafalda

Arnauth, então caloira de Veterinária,

acedeu ao pedido para cantar um fado.

O tema de Amália Rodrigues, Triste Sina,

desbravou-lhe o caminho para uma

promissora carreira nos palcos e para a

edição de seis discos, sendo o mais recente

Flor de Fado. Muitos são os artistas e

bandas, nacionais e internacionais, que se

desenvolveram num ambiente universitário,

aprimorando os seus ímpetos criativos

através de um intensopercurso estudantil.

Se Mafalda Arnauth assistiu ao traçar do

seu destino numa praxe, a vocalista dos

Deolinda, Ana Bacalhau, desencantou-o

no ambiente descontraído do Bar Novo

da Faculdade de Letras da Universidade

de Lisboa (FLUL). Foi na véspera de mais

um concerto e na «correria típica destes

dias» que explicou como conheceu Dídio

Pestana e Gonçalo Tocha, os músicos com

quem viria a formar a sua primeira banda,

os Lupanar: «Participava sempre que havia

uma sessão de Karaoke e, além disso, pedia

para cantar a capella uma música da Janis

Joplin.» Havia também um núcleo de rádio

para o qual contribuía com um programa de

música semanal. É por isso que Ana

Bacalhau acredita que o contexto

AULA MAGNA

10

F A Z E R D A

U M P A L C O

As faculdades e os institutos politécnicos são viveiros onde nascem os mais variados projectos musicais.

E todos temos um amigo que pertence a um. As bandas com estudantes não são mais apoiadas porque

ninguém dá apoios ou porque ninguém os sabe pedir?

BANDAS ESTUDANTIS

universitário foi fundamental para o seu

desenvolvimento artístico e para o a da banda:

«Partilhávamos o interesse pela Língua Portuguesa, pela

música, e achámos que nos poderíamos juntar e criar

um grupo que trabalhasse diferentes linguagens

musicais», afirma. Começaram por ensaiar em casa de

Dídio Pestana, mas durante o ano lectivo de 2000/2001

decidiram aumentar o número de músicos para sete.

Desta forma, passaram a ocupar as salas de aula da

FLUL com ensaios acústicos. Em 2002, os Lupanar

continuaram a crescer e a Reitoria da Universidade de

Lisboa, atenta às iniciativas de índole criativa, mostrou

interesse na banda. O auge do início de carreira seria

atingido com um espectáculo para cerca de 800 pessoas

na Aula Magna da Universidade de Lisboa.

Ana Bacalhau diz que este concerto foi «crucial» para o

desenvolvimento dos Lupanar. «Nunca poderíamos

suportar sozinhos todos os custos financeiros, logísticos

e humanos que fazer um espectáculo naquele espaço

implica.» Apoio idêntico tiveram, em 2005, para

a edição de autor do primeiro álbum da banda. Os

Lupanar angariaram outros financiamentos, mas foi a

associação de estudantes da FLUL a assegurar o

material promocional, como postais e cartazes.

O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES

Os Lupanar constituem um bom exemplo de como uma

banda estudantil, com um ou mais membros a

frequentarem o ensino superior, pode singrar nos

circuitos comerciais da música optando,

numa primeira etapa, pela divulgação

académica e pelos apoios universitários.

Surgem então as questões: como se

procuram estes apoios e quem pode ajudar?

Para Pedro Barros, dirigente associativo da

FLUL entre 1994 e 1997, não poderá ser

uma AE a assumir o apadrinhamento das

bandas, o que acabaria por resultar numa

pré-definição estética dos grupos ou na

criação de «boybands ou girlbands». No

entanto, sublinha o papel fundamental da

estrutura universitária para acolher

projectos e iniciativas musicais. Nesse

sentido, é essencial as bandas entregarem

nas AE um «dossier de apresentação do

grupo», onde deve constar uma maquete.

«Acima de tudo, o que vai seduzir é o

projecto musical», afirma. É importante

também incluir «uma biografia dos

músicos», na medida em que esses

elementos podem «chamar à atenção»,

através, por exemplo, de uma colaboração

com um artista de renome ou o trabalho

demonstrado numa área artística diferente.

Os membros da banda devem assim

«seleccionar os elementos mais fortes»,

sabendo que serão estes a despertar a

curiosidade das associações de estudantis.

L A B O R A T Ó R I O

U N I V E R S I D A D E

Page 11: AULA MAGNA

AULA MAGNA

11

Deolinda // A primeira banda de Ana Bacalhau nasceu na universidade

«Não basta dizer que a música é

interessante», diz Pedro Barros. Outros

aspectos que fazem a diferença são «a

linha gráfica da maquete e um bom texto

de apresentação da banda». E os contactos

com a imprensa. As bandas devem também

estar a par «do fecho das agendas dos

jornais para anunciar os concertos a

tempo», para além de «fazerem um

apanhado dos jornalistas que escrevem

sobre música», tendo em conta as áreas

de especialização de cada um. «Depois, é

enviar os press-releases e as maquetes ao

cuidado dessas pessoas», explica Pedro

Barros. Vice-presidente da Associação de

Estudantes da Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa e organizador de

um torneio de bandas universitárias, Tiago

Veríssimo acredita que é possível dar apoio

a bandas que tenham um projecto bem

estruturado, incluindo as autorizações

necessárias, por parte do Conselho

Directivo, para alugar um espaço da

«SE NÃO EXISTIR UMA INICIATIVA

CLARA DAS VOSSAS ASSOCIAÇÕES

DE ESTUDANTES NO SENTIDO DA

PROMOÇÂO DE ACÇÔES CULTURAIS,

QUE AS PROPONHAM OS MÚSICOS,

AS BANDAS, OS FÃS»

universidade para ensaios. Foi o que a

associação de estudantes fez para a tuna, a

quem foi atribuído uma sala num dos

pavilhões da faculdade. Para este dirigente,

a primeira acção que as bandas devem

tomar é apresentar um projecto na

associação de estudantes seguindo os

critérios da «concisão e credibilidade».

Assim, no portfólio da banda «devem

constar dados simples, como o número de

membros, há quanto tempo se juntaram,

que instrumentos usam, descrevendo

o tipo de música e a quem pode interessar,

anexando também um historial de

concertos». Tiago Veríssimo afirma já ter

uma considerável experiência no contacto

com músicos, mas num circuito comercial

exterior à universidade. Conclui que, com

uma abordagem informada por parte da

banda, os responsáveis pelos espaços

«ficam quase obrigados a aceitar os pedidos

que forem feitos».

U N I V E R S I D A D E

Page 12: AULA MAGNA

L A B O R A T Ó R I O

A ATITUDE DAS BANDAS Agora jornalista na Agência Lusa, Filipe Pedro colaborou activamente na revista estudantil Subcave, onde se empenhou na divulgação de bandas portuguesas em início de carreira. Recordando o caso dos Ornatos Violeta, «que viviam todos juntos quando se formaram», e dos Zen, «que surgiram de jam sessions ocasionais e de uma mescla de diferentes bandas», sublinha a importância do convívio universitário. «É necessário criar uma rede de contactos e uma componente intelectual que seja comum aos membros da banda». No entanto, para obter apoios, as bandas devem «ter objec-tivos bem delineados» quando procuram a ajuda sua universidade e «saberem que tipo de apoios precisam e o que pretendem conseguir através deles». «Para cada fase de desenvolvimento da banda corresponde um tipo de apoio diferente», lembra.Mas nem todo o trabalho de promoção deve ser feito pelos músicos. Da sua experiência, Pedro Barros pode afirmar que «não há uma política de incentivo» por parte das entidades soberanas do meio universitário. Aquilo que há são «as festas do caloiro e semanas culturais.» Destaca a necessidade das próprias associações de estudantes «olharem para o que está à sua volta, saírem mais à noite e procurarem projectos interessantes que possam ser integrados em espectáculos organizados pelas faculdades». Considera «inacreditável» que, por exemplo, a Associação Académica da Universidade de Lisboa tenha convidado novamente Quim Barreiros para a festa do caloiro deste ano, quando há projectos mais pequenos mas de qualidade superior. «Pegar em coisas interessantes feitas pelos alunos das universidades» é o que propõe para uma melhoria da programação desses concertos. Ana Bacalhau completa a questão com um incentivo aos leitores: «Se não existir uma iniciativa clara das vossas associações de estudantes no sentido da promoção de acções culturais, que as proponham os músicos, as bandas, os fãs». Todo o processo de obtenção de apoios pode revelar-se complicado, e por vezes até frustrante. Como Tiago Veríssimo explica, um dos factores negativos é o Orçamento de Estado, que torna quase impossível um maior investimento nas actividades culturais:«Não há dinheiro nem para o material necessário para as aulas». Hugo Barros, produtor freelancer e habitué na

AULA MAGNA

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produção de concertos na Aula Magna da Universidade de Lisboa, completa o cenário menos propício: «Nas AE há um processo burocrático pesado, e as poucas pessoas que dela fazem parte têm de passar o tempo todo a tentar segurar a própria estrutura». No entanto, há todo um trabalho de promoção interna, incluindo a tarefa incansável que Pedro Barros denomina de «bater a todas as portas», que a banda deve desenvolver e que, tal como sucedeu com os Lupanar, pode abrir caminhos auspiciosos. E é de bom grado que Ana Bacalhau se lembra dos incentivos prestados pela FLUL aos Lupanar, que se revelaram «essenciais», «quer em termos logísticos, como em termos de promoção e do boca-a-boca». Revela-se então essencial uma vontade inabalável das bandas para se auto-promoverem, até porque alguns apoios são realmente possíveis. Filipe Pedro concorda que todo o processo de obtenção de apoios universitários «não é uma batalha fácil», mas que é fundamental as bandas «acreditarem» em si mesmas. «Só assim é possível dar o salto».

AS BANDAS DEVEM, «TER

OBJECTIVOS BEM DELINEADOS»

QUANDO PROCURAM A AJUDA DA

SUA UNIVERSIDADE E «SABEREM

QUE TIPO DE APOIOS PRECISAM»,

DIZ FILIPE PEDRO

TEXTO Frederico Pedreira, FOTOGRAFIAS Filipe Mateus

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AVEIRO

COVILHÃCOIMBRABRAGA

A G E N D A

D E Z E M B R O

PEDRO ABRUNHOSA E COMITÉ CAVIAR (Música)

Dia: 22 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Centro Cultural de Ílhavo, Avenida 25 de Abril - Ílhavo3830-044 ÍLHAVOTelefone: 234 397 260 / 234 397 261Internet: www.centrocultural.cm-ilhavo.pt RELATIVAMENTE - DE ALAN AYCKBOURN - (Teatro)

Dia: 26 de Dezembro a 4 de Janeiro de 2011Hora: 21:45 horasLocal: Teatro Aveirense, Rua do Belém do Pará - Aveiro- 3810-066Telefone: 234 400 920 / 234 400 921Internet: www.teatroaveirense.pt

BATIDAS COLORIDAS - (Teatro)

Dia: de 23 de Novembro a 31 de DezembroHoras: Segunda à Sexta: 10:30 às 21:00Local: OMA - Oficina do Teatro de Aveiro, Rua Dr. João de Moura, 41 A Telefone: 234 283 490/ 96 115 22 70Internet: www.oficinademusica.com PERSONAGENS DE ÁGUA DE ALDARA BIZARRO - (Dança)

Dia: 22 de Dezembro a 15 de Janeiro 2011Hora: 21:00 horasLocal: Centro Cultural de Ílhavo, Avenida 25 de Abril Telefone: 234 397 260 /234 397 261Internet: www.centrocultural.cm-ilhavo.pt

AMERICAN JOURNEY DE AFONSO MALATO DE SOUSA - (Exposição Fotografia)

Dia: A partir de 13 de Dezembro 2011Hora: Terça à Sexta - Das 11:00 às 19:00Local: Museu da Imagem,Braga Telefone: 234 897 960 / 234 077 721Internet: www.museudaimagem.blogspot.pt

LA SHICA - (Teatro)

Dia: 13 DezembroHora: 22:30 horasLocal: Theatro Circo de Braga, Av. da Liberdade, 697 - 4710-251 BragaTelefone: 253 203 800 / 253 262 403Internet: theatrocirco@theatrocirco.

ÚLTIMO ACTO - (Teatro)

Dia: De 18 de Dezembro a 21 de JaneiroHora: 22:30 horasLocal: Theatro Circo de Braga, Av. da Liberdade, 697 - 4710-251 BragaTelefone: 253 203 800/ 253 262 403Internet: [email protected]

A REVOLUÇÃO DE ABRIL NO OLHAR DE CARLOS GIL - (Exposição)

Dia: De 21 de Dezembro a 4 de Fevereiro Hora: Das 09:00 horas às 23:00 Local: Fnac-Coimbra Forum, Rua General humberto Delgado, nº 207 e 211Telefone: 239 780 906 / 239 708 118Internet: www.museudaimagem.blogspot.pt TIAGO BETTENTCOURT&MANTHA - (Música)

Dia: 16 de Dezembro Hora: 22:00 horasLocal: Teatro Académico de Gil Vicente, Praça da Republica, 3000-343Telefone: 239 851 743 / 234 687 197Internet: www.tagv.com COIMBRA WINTER FEST - (Discoteca)

Dia: 16 de DezembroHora: Das 20:00 horas às 08:00Local: Quinta da Ínsua - 3040 COIMBRA Telefone: 237 678 745 / 238 760 976Internet: www.feelings4all.pt

RODOLFO PASSAPORTE - «PASSADO E O PRESENTE» - (Teatro)

Dia: A partir de 20 de DezembroHora: 18:00 HorasLocal: Sala de Teatro Covilhã, Telefone: 228 756 910 / 224 998 456Internet: www.titurariacovilha.com

RITA REDSHOES - (Música)

Dia: 10 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Sala de Teatro e Espéctaculos CouvilhâTelefone: 224 956 768 / 224 956 879Internet: [email protected]

TOM HAMIILTON E RAY PERRY - (Discoteca)

Dia: 25 de DezembroHora: Das 22:00 horas às 04:00Local: Chemistry Bar, Routunda do Rato, 6200-380 CovilhãTelefone: 225 237 819Internet: www.chemistrybar.com

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VILA REAL ÉVORAPORTO

A G E N D A

D E Z E M B R O

FORUM DE INVESTIGAÇÃO FARMACOLÓGICA 2010 - (Encontro)

Dia: 20 de DezembroHora: Das 09:00 horas às 17:30Local: Universidade Tràs-os-Montes, Auditório 1.01-Complexo PedagógicoTelefone: 234 090 879Internet: utrasosmontes.pt GALA DA UNIVERSIDADE DE TRÁS-O-MONTES - (Discoteca)

Dia: 7 de DezembroHora: Das 22:00 horas às 06:00Local: Magic Jungle BarTelefone: 238 987 087Internet: www.junglebar.com

JOHNWAYNES (LIVE) - (Discoteca) Dia: 11 de Dezembro Hora: 23:00 horas Local: Estação da Luz - Rua Direita Nº9 Telefone: 234 943 979 Internet: www.estacaodaluz.pt

VII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE GEOCIÊNCIAS - (Encontro)

Dia: 3 a 7 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Hospital Vetirinário de Évora, Telefone: 290 988 484Internet: www.geoue.uevora.pt DJ VIBE - (Discoteca)

Dia: 27 de DezembroHora: 00:00 horasLocal: PraxisTelefone: 234 889 890Internet: www.praxis-discoteca.com CURSO DE CARDIOLOGIA EM ANIMAIS DE COMPANHIA - (Encontro)

Dia: De 15 de Dezembro a 17 de JaneiroHora: Das 08:45 horas às 18:00Local: Hospital Vetirinário de Évora,Telefone: 290 988 484Internet: www.geoue.uevora.pt

XUTOS&PONTAPÉS - (Música)

Dia: 11 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Hardclub, Rua Dionisio Pais, 128Telefone: 229 871 123Internet: www.hardclub.pt

THE LEGENDARY TIGERMAN - (Música)

Dia: 30 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Coliseu do Porto, Rua Passos Manuel, 137 4000-385 PortoTelefone: 229 484 930Internet: www.ticketline.com

SEMINÁRIO: O PAPEL DAS UNIVERSIDADES PARA UMA EUROPA DE CONHECIMENTO - (Encontro) Dia: 6 de DezembroHora: 15:00 horasLocal: Fbaup, R. António CortezTelefone: 224 568 590Internet: www.fbaup.pt

NADIR AFONSO - ABSOLUTO 2010- (Exposição)

Dia: De 14 de Dezembro a 22 FevereiroHora: Terça a Domingo: Das 10:00às 18:00 Local: Palácio Nacional de Belém, Praça Afonso de Albuquerque / 1349-022 LisboaTelefone: 213 614 660/ 213 614 764Internet: www.museu.presidencia.pt

LADY GAGA - (Música)

Dia: 10 de dezembroHora: 21:00 horasLocal: Pavilhão Atlântico, Rossio dos Olivais,Lote 2.13.01A 1990 - 231 Lisboa Telefone: 218 918 409/ 218 918 413 Internet: [email protected]

JOAQUÍN CORTÉS - (Dança)

Dia: 7 de DezembroHora: 22:00 horasLocal: Pavilhão Atlântico, Rossio dos Olivais,Lote 2.13.01A 1990 - 231 Lisboa Telefone: 218 918 409 / 218 918 413Internet: [email protected]

TAMBORES NA NOITE - (Teatro)

Dia: De 14 de Dezembro a 23 de JaneiroHora: 16:00 horasLocal: Teatro Nacional D. Maria II, Preça Pedro IV1100-201 LisboaTelefone: 213 250 827 / 213 250 938Internet: [email protected]

LISBOA

AULA

MAGNA

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AULA

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18AULA MAGNA

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MAGNA

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RICARDO ARAÚJO PEREIRA

Diz que nunca escreverá um romance, embora

admita que a Literatura sempre o fascinou.

Por isso, dez anos depois da licenciatura,

inscreveu-se num mestrado.

TEXTO Frederico Pedreira, FOTOGRAFIAS Francisco Gomes

D E

Parece que foi de propósito. Um momento à Gato Fedorento precisamente antes da entrevista ao Ricardo Araújo Pereira. Dez da manhã, no café do costume. Uma senhora bem composta, com ar de avó, senta-se na mesa ao lado. Traz um livro meio lido debaixo do braço. Com calma, abre o romance e, quando o empregado chega, pede «Dois rissóis e uma míni...» Mais tarde, o espectáculo continua. Depois de pousar o matinal manjar, o empregado diz-lhe: «Já lhe trago a cervejinha...».Está bom de ver que facilmente se faria um sketch do Gato Fedorento com este episódio. Até porque, como me dirá Ricardo Araújo Pereira, é nos «contrastes» que se encontra a chave de uma boa piada. Mas não falámos só de humor. Depois de uma licen-ciatura em Comunicação Social, na Universidade Católica, ele está de regresso às aulas. Passados dez anos, inscreveu-se no mestrado em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Quisemos saber como é a sua vida de estudante, quais os seus planos para a tese, como vê o Ensino Superior hoje em dia, o que há de científico nos sketches que escreve e representa. Pelo meio, houve referências à Bíblia, Umberto Eco, Shakespeare, Nietzsche, Eça de Queirós, Aristóteles, David Lodge, Woody Allen e Flaubert. É que, a brincar a brincar, Ricardo Araújo Pereira sabe do assunto. E muito a sério.

L A B O R A T Ó R I O

REGRESSO À S A U L A S

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AULA MAGNA

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QUAL FOI O OBJECTIVO DO TEU REGRESSO À UNIVERSIDADE?Fazer o que sempre quis. Se tivesse podido escolher sem constrangimentos, quando acabei o 12.º ano, teria seguido Literatura. Mas os meus pais acharam que não tinha saídas profissionais, que não se ganhava dinheiro a escrever, que jornalismo era melhor. Vê-se mesmo que não percebem nada do mercado de trabalho. Não há jantar de família em que não lhes recorde isso amargamente. Depois de velho, vim tentar recuperar esse projecto. UM INVESTIMENTO PESSOAL NESSA ÁREA, COMO AUTODIDACTA, NÃO ERA SUFICIENTE?Com o mestrado posso continuar a fazêlo. Compro e leio tudo o que me apetece, mas ter uma orientação, ainda por cima a este nível, é muito importante. É óptimo ter Miguel Tamen ou António Feijó como professores, uma grande mais-valia. COMO ESTÁ A SER A EXPERIÊNCIA DE VOLTAR ÀS AULAS?Simpática. Sempre gostei de estudar. Entretanto, tive uma experiência fugaz na Universidade Nova de Lisboa. Inscrevi-me na licenciatura de Estudos Portugueses [na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas], mas por falta de tempo só fiz duas cadeiras. Agora que tivemos a inteligência de assinar um contrato [com a SIC] em que a carga horária é mais leve, fiquei com tempo para este tipo de coisas. ENCONTRASTE MUITAS DIFERENÇAS NO ENSINO SUPERIOR, PASSADOS DEZ ANOS?No mestrado é tudo diferente. A própria sala, enquanto espaço físico, muda (estamos todos à volta de uma mesa) e não há exactamente uma matéria que se vá percorrendo ao longo das aulas. Na Universidade Católica o curso de Comunicação Social estava a começar. Por essa razão ou por outras, era uma grande balbúrdia, com cadeiras canceladas, outras que fazíamos por cancelar porque não tinham interesse algum. Além disso, uma pessoa com 18 anos não está preparada para a universidade. Eu, pelo menos, não estava. PORQUÊ?Aos 18 anos é-se uma besta. Não se está minimamente interessado em aprender. Agora, tenho outra vontade.

HOJE LEVAS-TE MAIS A SÉRIO?Talvez menos ainda... Se calhar esse é o problema quando se tem 18 anos, em que tudo tem uma enorme importância. Hoje, tenhouma perspectiva diferente sobre o assunto. Mas não quero estar a fazer a rábula do tipo que envelheceu e ficou mais maduro. No meu caso, aos 18 anos era uma besta.

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SENTISTE DIFERENÇA ENTRE O ENSINO PÚBLICO E PRIVADO?Não muito. Na Católica foi diferente, mas provavelmente porque o curso estava no início. Suponho que os cursos de Direito e de Economia sejam exigentes e estimulantes como noutras faculdades, admitindo que esses cursos possam ser estimulantes. Por isso, não tenho nada contra a Católica.A biblioteca, por exemplo, era bastante boa e permitia o acesso directo às estantes, como o Umberto Eco defende. Também fiz o curso todo sem grande interesse pelo jornalismo e pelo fenómeno da comunicação em geral. Aproveitei todas as hipóteses que tinha para escolher opções relacionadas com os meus gostos pessoais. Foi assim que fiz Literatura Brasileira ou Cultura Clássica, por exemplo. COMO É A TUA VIDA DE ESTUDANTE?Igual às dos outros, imagino. O mestrado ainda vai muito no início, mas apresentome aqui à hora marcada e vou-me embora quando a aula acaba. E ACOMPANHAS A VIDA ACADÉMICA?Referes-te a quê? LUTAS ESTUDANTIS, TUNAS, JORNAIS, ESPLANADAS...Nada. Só venho aqui pela razão por que isto foi criado. Não tenho interesse em mais nada. Por exemplo, praxes... coisa linda, não é?

NEM PELAS ASSOCIAÇÕES DE ESTUDANTES?Não, embora tenha sido presidente de uma. Mas na Católica aquilo tinha outra piada. Dava para passar o tempo e para chatear algumas pessoas. Foi divertido fazer uma associação de extrema-esquerda. Uma vez organizámos um conjunto de colóquios, com Francisco Louçã e Al Berto, entre outros. Quando pedimos uma sala deram-nos uma das melhores, na Biblioteca João Paulo II, visível de todos os pontos da faculdade. No entanto, assim que afixámos o cartaz com os oradores, fomos remetidos para umasubcave impossível de encontrar.

L A B O R A T Ó R I O

«A IDEIA DE HAVER UM TIPO A FALAR PARA VÁRIOS QUE ESTÃO A OUVIR É DIVERTIDA DE CORROMPER...»

A GRAÇA QUE O HUMOR TEM...

ALGUNS SKETCHES DO GATO FEDORENTO BRINCAM COM A IDEIA DEPROFESSOR E ALUNO. É UM UNIVERSO POTEN-CIALMENTE ENGRAÇADO? Muito. A ideia de haver um tipo a falar para vários que estão a ouvir é divertida de corromper. Exemplos: se o professor não for assim tão admirável, se os alunos tiverem menos capacidade para aprender ou se tiverem outros interesses. Lembro-me de um sketch sobre um professor que vai apresentar um poema, mas como é particularmente difícil pede ajuda a outro professor que é homossexual. Depois, faz o outing dele à frente dos alunos. O sketch sobre o curso de literatura para porteiras tinha o mesmo espírito. A ideia surgiu a partir de uma frase de David Lodge, segundo a qual a Literatura é coscuvilhice para intelectuais. Daí ao curso sobre a Madame Bovary foi um passo. NA UNIVERSIDADE AINDA HÁ OS FORMALISMOS, OS SENHORES PROFESSORES, SENHORES MESTRES, SENHORES DOUTORES, SENHORES CATEDRÁTICOS, JUBILADOS, HONORÁRIOS... Pois. Talvez seja uma coisa muito portuguesa, como toda a gente diz. Mas é divertido, um gajo que é só professor, ou professor doutor por extenso, ou prof. não sei o quê. Essas nuances às quais se presta atenção são muito giras. O HUMOR DO GATO FEDORENTO TEM MUITO DE INVESTI-GAÇÃO SOCIAL E LINGUÍSTICA. ACHAS QUE DAVA UMA TESE DE QUALQUER COISA?Ficaria muito surpreendido se alguém pretendesse estudar as nossas fantochadas. Mas por acaso vai haver uma tese em que seremos objecto ou caso de estudo. MAS RECONHECES ESSA DIMENSÃO DE ESTUDO DE COM-PORTAMENTOS E DE TIQUES DE LINGUAGEM? Não diria estudo, porque parece que estamos a fazer uma tese em forma de programa humorístico. Há um lado infantil em nós que faz com que reparemos em duas ou três coisas que as pessoas adultas não estão vocacionadas para reparar. Acontece-nos muitas vezes uma criança fazer uma pergunta que nos confronta com algo que vimos durante anos e anos mas em relação à qual nunca tínhamos pensado daquela maneira. Basicamente, o nosso trabalho é fazer esse tipo de perguntase observações.

AULA MAGNA

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AULA MAGNA

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«TEMOS, NO DIA-A-DIA,

O OLHAR CALEJADO.

ESTAMOS FARTOS DE VER

DETERMINADA COISA

ACONTECER E POR ISSO

DEIXAMOS DE A

QUESTIONAR.

NO GATO FEDORENTO

PROCURAMOS VER AS

COISAS PELO OLHAR DE

UMA CRIANÇA OU DE UM

EXTRATERRESTRE.»

COMO SE ESTIVÉSSEMOS A VER AS COISAS PELA PRIMEIRA VEZ? Exactamente. Temos, no dia-a-dia, o olhar calejado. Estamos fartos de ver determinada coisa a acontecer e por isso deixamos de a questionar. No Gato Fedorento, procuramos ver as coisas pelo olhar de uma criança ou de um extraterrestre. Isso ajuda a manter uma imaturidade bastante grande, o que, por sua vez, prejudica muito o relacionamento com o sexo feminino... VÊS-TE A DAR AULAS SOBRE HUMOR?Já dei umas aulas de escrita humorística. Tem um lado divertido e outro enfadonho. Enfadonho porque a conversa sobre humor normalmente não tem graça nenhuma. E retira graça ao que antes achávamos graça. ENTÂO, ONDE ESTÁ A GRAÇA?Em fingir que o que dizemos para ter graça está a ser inventado na altura. A simulação da espontaneidade é provavelmente um dos elementos mais importantes nisto de fazer rir. Mas não passa de uma simulação. Woody Allen diz que nunca improvisa quando está

em palco, porque as pessoas pagam para o ver. Só improvisa quando está a escrever. Conta dez piadas para chegar a duas que são boas. Com o Gato Fedorento passa-se o mesmo. É A DIMENSÃO ESCRITA DO HUMOR QUE MAIS TE INTERESSA?Sim. Porque depois é preciso um actor – e essa é a parte para a qual temos pouco jeito – para fingir que aquilo está a ser inventado no momento. HOJE FUI TOMAR O PEQUENO-ALMOÇO A UM CAFÉ. SEN-TOU-SE AO MEU LADO UMA SENHORA TODA BEM-POSTA E PEDIU DOIS RISSÒIS E UMA MINI. ISTO DAVA UM SKETCH? Uma mini logo de manhã? Epá, isso é muito bom. O HUMOR NASCE ASSIM?Claro. O contraste é uma das ferramentas fundamen-tais, exactamente como descreveste. Imagina que era um trolha a beber uma míni, ou uma senhora muito bemposta a beber chá? Ninguém acharia piada. Uma senhora a beber uma míni tem graça, tal com um trolha a beber chá e biscoitos.

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«É SUPOSTO QUE DEUS NÃO

TENHA RIDO. PELO MENOS NOS

EVANGELHOS CANÓNICOS, JESUS

CRISTO CHORA VÁRIAS VEZES,

MAS NUNCA RI.»

GOSTAVAS DE FAZER UMA TESE DE MESTRADO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O RISO E A LITERATURA?Sim, sobretudo sobre as relações entre o riso e a morte. Aristóteles defende que o Homem é o único animal que se ri. Muitos outros cientistas e antropólogos subscreveram esta teoria. Ao mesmo tempo, somos o único animal que tem consciência da morte. Não sei se as duas coisas não estarão relacionadas, como apontam alguns escritos de Nietzsche, que fala sobre a melancolia e o riso. O RISO É UM FENÓMENO INTERESSANTE DE SE ESTUDAR?Em muitos sentidos. O riso nunca teve um prestígio muito grande, mesmo hoje em dia, o que é paradoxal, já que um argumentista que escreve textos humorísticos para televisão ganha muito mais do que qualquer outro. Incomparavelmente mais, pelo menos em Portugal. Historicamente também comprovamos essa tendência. O riso nunca recebeu muita consideração. Uma pessoa que se ri não é séria, nas várias acepções da palavra, não só no sentido de não ser circunspecta, mas também de não ser honesta e digna de confiança. AS GARGALHADAS SÃO MAIS DIABÓLICAS DO QUE DIVINAS?Justamente. É suposto que Deus não tenha rido. Pelo menos nos evangelhos canónicos, Jesus Cristo chora várias vezes, mas nunca ri. No Génesis, há dois ou três momentosde riso mas também há margem para interpretar a reacção de Deus ao riso como má (embora admita que se possa entender o contrário). Mas tradicionalmente foi interpretado dessa forma. Um dos momentos é Sara, mulher de Abraão, que se ri quando Deus lhe diz que vai ser mãe. Aos 99 anos. Quando a Virgem Maria recebe a notícia que vai ser mãe, mesmo sabendo que nunca teve relações sexuais, não se ri. E o modelo de fé sempre foi a Virgem Maria, e não Sara, que questiona o poder de Deus.

São as relações entre o riso e a morte que mais interessam a Ricardo Araújo Pereira. E até podem vir a ser o tema da sua tese de mestrado, embora não queira dar muitas garantias, sabendo as voltas que a vida dá. Certo é que, dentro desta área, já tem muitas leituras feitas, que lhe apontam para um preconceito histórico face ao riso e para uma íntima proximidade com a consciência da morte. Falta, caso a ideia avance, circunscrever o projecto, porque a empreitada é interminável. Mas qualquer que seja o resultado final, Ricardo Araújo Pereira já parece ter acertado na epígrafe, que retirará do Hamlet, de Shakespeare. É uma fala do príncipe da Dinamarca, quando este se encontra no cemitério, junto à cova que está a ser criada para Ofélia. Quando vê a caveira de Yorick, o bobo da corte, com quem tanto brincara, Hamletafirma: «Diz as coisas que tu dizias antes, que faziam rir uma mesa inteira. Vai ter com a minha senhora e diz-lhe que, por muita maquil-hagem que ponha na cara, vai acabar por ficar como tu estás agora. Fá-la rir disso.»

AULA MAGNA

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O RISO E A MORTE

L A B O R A T Ó R I O

Page 25: AULA MAGNA

INDÍCIOS LITERÁRIOS QUAL O TEU INTERESSE NA LITERATURA?Isso é uma pergunta complicada... Sempre tive interesse na Literatura. Passei a infância na casa da minha avó, que sabia ler muito mal e escrever pior ainda. Lá em casa havia uns livros do meu tio, incluindo os contos de Eça de Queirós. De vez em quando lia alguns para a minha avó. Um deles, A Aia, narra a história de um reino e de uns bandidos que querem raptar o príncipe. Ao longo do conto, Eça vai dando a entender o que vai acontecer. À medida que eu ia lendo, a minha avó, que nem a quarta classe tinha, percebia que estava ali um indício, que qualquer coisa ia correr mal. Para mim era divertido perceber como uma coisa sofisticada, como é a Literatura, ainda assim, conseguia fazer-se entender a uma pessoa sem instrução.

«A MINHA VIDA É ESCREVER, MAS NÃO LITERATURA. ESCREVO CRÓNICAS E TEXTOS

HUMORÍSTICOS. MAIS DO QUE ISSO NÃO CREIO QUE TENHA COMPETÊNCIA.»

AULA MAGNA

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ATINGIR UMA CERTA UNIVERSALIDADE?Sim. Depois há outra questão. Sem querer fazer psicanálise, não sou uma pessoa especialmente terna, no sentido em que não consigo comunicar muito bem fisicamente. Não sou uma pessoa carinhosa, com os gestos não vou lá. É algo que me preocupa desde que sou pai. A TUA LINGUAGEM NÃO VERBAL É POUCO EXPRESSIVA?É isso, não sou competente na linguagem não verbal. Mas a linguagem verbal sempre me interessou imenso. Por exemplo,mesa. É uma palavra que não tem nada a ver com o objecto a que se refere, é uma absoluta convenção. Eu digo mesa, tu ouves mesa, eu estou a pensar numa mesa, tu estás a pensar noutra, mas o certo é que nos entendemos com essas quatro letras juntas. São mecanismos de linguagem que sempre me fascinaram. Ou o modo como a poesia, que é racional porque se baseia nas convenções das palavras, consegue ser ao mesmo tempo irracional.

COM ESSAS PREOCUPAÇÕES LITERÀRIAS, PODEMOS ESPERAR UM ROMANCE TEU? Eu próprio escrever? Duvido muito. A minha vida é escrever, mas não literatura. Escrevo crónicas e textos humorísticos. Mais do que isso não creio que tenha competência. ESTE MESTRADO NÃO É UMA FORMA DE PER-CEBER MELHOR O INTERIOR DA LITERATURA? É obviamente uma maneira de saber mais, mas não necessariamente para perceber como se escreve um romance. Nem sei se é esse o caminho. ESCREVERES UM ROMANCE PODE SER UMA PIADA DE MAU GOSTO? Pois pode. Pode ser uma péssima piada. Prefiro ter graça quando pretendo tê-la. Não é tão giro quando as pessoas se riem de nós sem querermos.

Page 26: AULA MAGNA

Não perde uma. Por mais festas que tenha

no currículo, nada se compara à FEP Street,

que anima a semana de recepção ao

caloiro da AE da Faculdade de Economia da

Universidade do Porto (UP). «É uma festa

que chama muita gente, tem boa música

e um óptimo ambiente», assegura Mário

Lourenço. Este ano, a FEP Street realizou-se

na discoteca Via Rápida, com música a cargo

da dupla Funkyou2 e dos Dj Luís Santos e

Nuno Beleza. «Imperdível», garante. Mário

Lourenço também não falta às festas que

organiza, enquanto presidente da AE da

Escola Superior de Tecnologia da Saúde do

Instituto Politécnico do Porto. E não vai

faltar, dia 20 de Novembro, a mais uma

edição da All You Need is Vougue. Mas, a

norte, a oferta é grande. E o cardápio de

festas não ficaria completo, diz, sem uma

referência à Baconal, a festa da Faculdade de

Medicina da UP. É remédio santo.

FEP-STREET E BACONAL 20 DE NOVEMBRO DISCOTECA VOUGUE

MÁRIO LOURENÇO P. da AE da ES de Téc. da Saúde do IP-Porto

AULA MAGNA

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P Á I O

RES^

FESTAS«NADA SE COMPARA À FEP STREET, QUE

ANIMA A SEMANA DE RECEPÇÃO AO CALOIRO

AR DA FACULDADE DE ECONOMIA DA

UNIVERSIDADE DO PORTO.»

Page 27: AULA MAGNA

Às quartas-feiras, de 15 em 15 dias. O

ritual repete-se na Faculdade de Ciências

e Tecnologia da Universidade Nova de

Lisboa (FCT-UNL). Carlos João e Carolina

Costa marcam presença sempre que podem.

Muita música, bar aberto ou happy hours e

temas sempre diferentes. São as «famosas»

noites académicas organizadas pelo Grupo

Académico Nús Koppus, conhecido por GANK.

Não terão seguramente o glamour de outros

espaços, nem a promoção de outras

iniciativas, como a Gala Anual da AE da

FCT-UNL, no Buddha Bar, em Lisboa. Mas

a sua regularidade cativa muitos adeptos,

garantem Carlos João e Carolina Costa. E a

«originalidade» também. No 29.º aniversário

da AE FCT UNL, assinalado no passado dia

12, houve um pouco de tudo. Magusto à

tarde, porco no espeto ao cair do dia,

promoções para quem foi trajado e música

pela noite dentro. A última, antes das férias

do Natal, é dia 26 de Novembro.

NO CONVENTO DE BELAS-ARTES 22 DE NOVEMBRO ANDRÉ MARTINSF-Belas Artes da U-Lisboa

AS NOITES DO GANK 26 DE NOVEMBRO FCT-UNL

CAROLINA COSTA Membro da AE-FCT

AULA MAGNA

27

«O TOQUE ARTISTICO É UMA DAS

IMAGENS DE MARCA DAS NOITES DE

BELAS-ARTES.»

Soaram aleluias quando o Conselho Directivo

da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa

voltou atrás na decisão de suspender as

festas dentro do edifício. É que não há festa

como esta, garante André Martins. «Como a

faculdade fica num antigo convento, é um

espaço diferente, que fica espectacular com

o jogo de luzes e com a amplificação natural

do som», descreve. Numa das últimas, que

decorreu nos corredores, até houve vídeo no

tecto. O toque artístico é uma das imagens

de marca das noites de Belas-Artes.

«A música não é a martelo», afirma, lem-

brando algumas sessões mais alternativas.

Depois, é o carnaval que se repete sempre

que os estudantes querem. Recentemente,

houve uma festa dedicada aos anos 80 e

outra sobre as personagens dos filmes do

Tarantino. À lei da bala, ou ao ritmo da série

B, a ficção invadiu a realidade. «As pessoas

mascaradas vêm com outro espírito», atira

André Martins. «Sentem-se mais à vontade».

«MUITA MÚSICA BAR ABERTO OU HAPPY

HOURS E TEMAS SEMPRE DIFERENTES. SÃO AS

«FAMOSAS» NOITES ACADÉMICAS DA FCT»

Page 28: AULA MAGNA

P Á T I O

DESPORTO / ESGRIMA

P O U C A E S G R I M A N A S A C A D E M I A S

A vida não está fácil para um estudante do ensino superior que se queria iniciar na esgrima.

Com excepção de Lisboa, a modalidade está ausente da oferta de desporto académico e concentrada em clubes.

Os clubes são os locais de eleição para

aprática da esgrima em Portugal. Numa

ronda efectuada entre as principais

academias do país, a Aula Magna apenas

conseguiu encontrar aulas da modalidade

em Lisboa, na Escola de Desportos de

Combate, que funciona no Estádio

Universitário. «Somos uma espécie de ilha,

porque a esgrima que se faz em Portugal é

de clubes», reconhece André Escobar,

professor no Estádio Universitário de

Lisboa. No entanto, esta é uma esgrima

«de lazer» e não filiada, já que o Centro

Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL)

abandonou a sua prática, apesar do largo

historial na modalidade. Na Associação

Académica de Coimbra, também já não há

esgrima, há cerca de dez anos. Nem o facto

de o primeiro-ministro José Sócrates ter

sido atirador da instituição, entre 1975 e

1980, salvou a secção.

«Já nem sequer existe uma competição

universitária», nota Joaquim Videira, o

melhor esgrimista português no ranking

internacional (35.º lugar), que esteve

«A ESGRIMA QUE SE FAZ EM PORTUGAL É

DE DE CLUBES» ANDRÉ ESCOBAR, PROFESSOR

NO ESTÁDIO UNIVERSITARIO DE LISBOA

TEXTO João Pedro Barros

AULA MAGNA

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presente nos Jogos Olímpicos de Pequim.

O facto pode parecer pouco relevante a

quem apenas procura uma actividade física

salutar,mas é representativo da pouca a

posta na esgrima ao nível do ensino

superior. André Couto, presidente da

Federação Académica do Desporto

Universitário, reconhece mesmo que o

Evento Nacional Universitário de Esgrima

(uma espécie de campeonato oficioso),

previsto para o dia 18 de Abril de 2009,

«não teve instituições interessadas na sua

organização». Fora de Lisboa, a situação

torna-se ainda mais difícil e os clubes são

a única opção. Enquanto estudou e treinou

no Porto, entre 2005 e 2007, Joaquim

Videira tentou «iniciar um projecto», que

poderia ter sido desenvolvido em torno do

Centro Desportivo Universitário do Porto,

mas não teve sucesso. Consultando a lista

de salas de armas da Federação Portuguesa

de Esgrima (disponível no sítio www.fpe.

pt/~fpept/SGC/index.php/fpe_site/ salas_

de_armas), é possível verificar a

concentração em torno das grandes cidades.

QUANTO CUSTA COMEÇAR?

A esgrima tem fama de ser um desporto caro, mas

André Escobar rejeita essa ideia. Em primeiro lugar,

porque na maioria das instituições o material pode ser

emprestado «até um máximo de um ano, se for

preciso». Depois, para começar basta «um fato de

treino, ténis e boa disposição». Para disputar provas

nacionais, o professor estima que seja necessário gastar

«cerca de 500 ou 600 euros em equipamento».

E o preço das aulas? No Estádio Universitário de Lisboa,

as condições são mais favoráveis para os estudantes,

que pagam 17,5 euros mensais por duas aulas por se-

mana e 22 euros por três aulas semanais, para além de

uma inscrição no valor de 25 euros. Os outros utentes

têm de despender consideravelmente mais dinheiro, o

que também é a situação mais usual nos clubes.

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