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11ºano - Resumos das aulas _2013/14
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Aula nº1
Apresentação do programa
Nesta primeira aula vamos analisar, sucintamente, os conteúdos programáticos que iremos abordar ao longo
deste ano letivo.
Recordemos que no 10º ano estudamos os recursos endógenos que o nosso país tem ao dispor da população.
Após termos localizado o território e confirmarmos o uso imperioso de mapas, concluímos que, apesar da
dimensão do país, somos um mosaico de espaços diferenciados que é preciso conhecer e perceber. Para isso,
quer na planificação anual do 10ºano quer na do 11ºano, adotamos a premissa do geografo Olivier Dollfus - “O
espaço geográfico é localizável, cartografável e diferenciado” - como ideia-chave do fio condutor que preside ao
currículo da disciplina de Geografia A.
E porquê afirmar que o espaço é diferenciado? Do que aprendemos sobre o relevo, o clima e o subsolo,
constatámos que a nossa situação geográfica explica em grande parte porque o território oferece tanta variedade
de paisagens e de recursos. Logo, a própria natureza está na origem da diversidade. Todavia, não menos
importante é o papel das sucessivas intervenções humanas.
Perdem-se no tempo os nomes dos grupos humanos que ocuparam o espaço que, hoje, chamámos de Portugal
continental. Dois deles, porém, pelo seu tempo de permanência e pelas influências ainda hoje visíveis,
destacaram-se no panorama histórico, romanos e árabes.
Não é propósito do nosso programa recordar a história do país mas, não se poderá descurar procurar no
passado causas de factos presentes.
Olhemos, agora, para os domínios (temas) que fazem parte da planificação anual:
1. A organização do espaço ao longo do tempo: uma construção humana contínua.
Esta é uma afirmação que corrobora o que já atrás se disse. O Portugal de hoje é o reflexo do que herdámos
dos nossos antepassados que intervieram, à época, de acordo com objetivos que pretendiam satisfazer as
suas necessidades e com recurso às capacidades técnicas de que eram detentores. Com a evolução dos
tempos e com novas tecnologias novas mudanças se foram operando e (mascarando cada vez mais as
paisagens originais. Das atividades produtoras que o Homem desenvolveu a agricultura, isto é, a sua
invenção foi de tal modo importante que se lhe atribui um caráter revolucionário, a Revolução do Neolítico.
Pela primeira vez, o homem passou de nómada a sedentário, pela primeira vez, ainda, passou de recolector a
produtor, pela primeira vez, também, passou a ser um agente transformador do espaço percorrido, dito de
outro modo, tornou-se um fator geográfico.
1.1. Não admira, portanto, que o primeiro objetivo deste domínio seja As áreas rurais em mudança.
Lembremos as numerosas notícias que nos são transmitidas pelos meios de comunicação social ou
mesmo os apelos que alguns dos nossos políticos fazem à necessidade de se revalorizar a agricultura
portuguesa.
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Os novos agricultores
Por Sónia Morais Santos
Foi um repto político e é uma tendência que está a crescer. Todos os dias, em Portugal, são aprovados
novos projetos de investimento a jovens agricultores. Fomos conhecer cinco deles, que largaram os empregos e,
com a crise, decidiram dedicar-se à agricultura. Um regresso à terra, na esperança de que a terra lhes devolva o
esforço. (…)
Alexandra Machado - De engenheira agrónoma a agricultora
José Mendonça - De vendedor de gelados a produtor de laranjas
Lígia Luz - De assistente administrativa a produtora de orquídeas
Joaquim Valadas - De construtor civil e agente imobiliário a produtor de morangos
Nuno Luz - De professor a produtor de mirtilos
http://www.dn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=2651490
(Extraído do Notícias Magazine do Diário de Notícias em 23 de setembro de 2013)
Numa época de crise económica como a que o país atravessa, o setor primário reassume um papel que parecia
perder importância à medida que a indústria exercia um poder mais atrativo na oferta de trabalho. Atualmente,
ser agricultor não é desprestígio social. Pelo contrário, e como se advinha pelo excerto do texto acima, esta
atividade atrai novos produtores com diferentes origens académicas.
Frequentemente, muitos alunos se interroguem qual razão que leva a Geografia a estudar esta temática. Não
parece difícil justificar. Se há atividade humana que altera grandes áreas da superfície terrestre e que se mantém
a base de sustentação da maioria da população mundial é a agricultura.
“ Grande parte da população dos países menos desenvolvidos trabalha na agricultura (68% em África, 64% no
Sul da Ásia, 62% no Este da Ásia e 29% na América Latina) …A agricultura é o único setor que produz alimentos,
sem os quais a Humanidade não consegue viver e para os quais não existem (ainda) substitutos. Assim, ou são
produzidos no próprio país ou têm de ser importados, o que é problemático quando os recursos financeiros são
escassos.
Extraído de “A Geografia do Desenvolvimento Rural no Mundo em Desenvolvimento” (Regina Salvador, 2003)
China aluga na Ucrânia território quase do tamanho de Hong Kong
Terreno alugado destina-se à produção alimentar, para fazer face às necessidades da população chinesa, e
poderá no futuro atingir um vigésimo da superfície da Ucrânia.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/china-aluga-na-ucrania-territorio-quase-do-tamanho-de-hong-kong=f832109#ixzz2fsy5dCzi
Portugal integra o grupo dos países de índice de desenvolvimento humano muito elevado (41º lugar num total de
47 países). Mesmo sendo baixa a percentagem de ativos que, nestes países, ocupa atividades ligadas ao setor
agrícola, é significativo o peso que este tem na economia.
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Com este objetivo o que se pretende é que saibamos descrever o panorama agrícola do país, quais os fatores
que o justificam e que mudanças se vêm operando neste setor.
1.2. As áreas urbanas: organização e dinâmicas internas
O segundo objetivo deste domínio acentua a importância da urbanização na transformação do espaço
geográfico. Se o espaço agrário resulta das escolhas dos grupos sociais, o espaço urbano atinge o máximo
da capacidade transformadora do homem, mudanças tanto mais profundas quanto maior a capacidade
tecnológica.
Desde a Revolução Industrial de meados do século XVIII, primeiro de um modo lento, hoje de modo
acelerado, assiste-se a um aumento crescente da taxa de urbanização. Já em 2011 a ONU informou que,
pela primeira vez na História, a maioria dos seres humanos passou a viver no meio urbano.
Não admira, portanto, que o nosso programa pretenda que saibamos, como se tem processado a
urbanização no nosso país e qual o papel desempenhado pelas cidades na organização do território.
No estudo “25 anos de Portugal Europeu” (Portugal tornou-se membro de pleno direito, da então CEE, em 1
de janeiro de 1986), coordenado por Augusto Mateus e promovido pela Fundação Francisco Manuel dos
Santos, lê-se que, neste período, o número de cidades portuguesas passou de 88 para 158 e é nelas que
vive quase metade da população portuguesa.
De acordo com o destaque do INE relativo ao “Momento Censitário – 21 de março 2011”, a desertificação no
interior do país acentuou-se na última década, ao passo que, em 33 dos 308 municípios do país,
concentrava-se 50% da população residente.
Esta realidade, reforço da litoralização contra a tendência para o despovoamento do interior já a conhecemos
do ano letivo anterior. No entanto, assiste-se a vários exemplos de quem opta por permanecer no interior e,
embora de uma forma algo ténue, começa-se a falar de um certo êxodo urbano.
Se a cidade exerce uma forte atração em muitos jovens à procura de uma melhor oportunidade para o seu
futuro, o certo é que ter-se-á sempre que manter uma interdependência entre o campo e a cidade.
Daí que o terceiro objetivo que exploraremos seja
1.3. A rede urbana e as novas relações cidade-campo
Prosseguindo a leitura da planificação anual surge-nos o segundo domínio das metas curriculares a atingir ao
longo deste ano:
2. A mobilidade e as comunicações como motores de mudança
Este é um tema de indiscutível interesse sempre que se procura compreender a organização do espaço
geográfico. Aqui, justifica-se que apelemos de novo à narrativa histórica. Como qualquer ser vivo com
capacidade de mobilidade, o Homem foi-se deslocando à procura dos meios de subsistência. Como produtor
agrícola escolheu os sítios que lhe garantiam solos férteis o que o aproximou dos rios. O espírito de aventura, o
aumento demográfico, a fuga a eventuais inimigos, entre muitos outros fatores, tê-lo-ão impulsionado a procurar
novos territórios e a adaptá-los às suas necessidades. Os rios foram, sem dúvida, as vias de comunicação mais
privilegiadas nos primórdios da civilização. No entanto, o espaço percorrido era restrito e o mundo permanecia
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uma incógnita para muitos dos seres humanos que então existiam. Ao longo de séculos e séculos pouco se
evoluiu na capacidade de comunicar. Sem nos alongarmos demasiado sobre este período inicial da história das
comunicações, demos um salto e paremos no primeiro quartel do século XV, concretamente, 1415 e a conquista
de Ceuta. A partir daqui, tudo vai evoluir e conduzir-nos ao momento atual. Viajar cada vez mais longe levou-nos
a conhecer os contornos do mundo. Desenhados os contornos dos continentes fez despertar o interesse pelo
conhecimento das terras interiores. Explorados os continentes, faltava conquistar o mais inóspito, primeiro, as
terras polares, depois, as grandes altitudes e, por último, as grandes profundidades. Se hoje se fala em “Aldeia
global” como sinónimo de um mundo em que espaço e tempo são superados pela capacidade de transmitir
informação em tempo real, não podemos omitir que, antes de chegarmos à tão propagandeada globalização
assente nas modernas tecnologias de comunicação, a mundialização e, portanto, a primeira “Aldeia global” se
deve ao esforço épico dos portugueses. Deram a conhecer o mundo, criaram os monopólios das especiarias,
alimentaram as trocas comerciais entre continentes, enriqueceram o património agrícola e despertaram noutros
povos a vontade de progresso.
De tal modo os transportes e as comunicações são fundamentais para as populações que são um dos fatores
distintivos do grau de desenvolvimento de um país.
Fonte - http://cmapspublic.ihmc.us/rid=1J3G006PP-1GPY32V-16HB/redes_transportes.jpg
Neste planisfério é fácil distinguir quais as áreas mais desenvolvidas e as mais atrasadas. EUA, União Europeia
e Japão constituem os denominados polos da Tríade. Mas, como é também evidente, não conseguiriam
sobreviver sem se interligarem com o restante mundo. Daí, a constatação da interdependência mundial.
Portugal, no canto sudoeste da Europa, reparemos que, mesmo a esta escala, aparece numa posição
estratégica nas principais rotas marítimas.
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E, eis que chegamos ao último domínio da planificação anual. Um tema que se fundamenta numa evidência que
nos invade diariamente. Para muitos de vós, o euro é a vossa moeda corrente. Para os mais velhos, o escudo foi
a moeda que aprenderam a usar e que custa a esquecer.
3. Portugal, um dos Estados-membros da União Europeia.
Sendo, hoje, um dos 28 Estados-membros que constituem a União Europeia, Portugal enfrenta novos desafios
face ao novo programa dos fundos comunitários que se destinam a proporcionar os meios para um
desenvolvimento mais harmonioso das regiões de modo a atenuar as desigualdades que persistem e que se têm
agravado com as sucessivas fases de alargamento aos países do Leste europeu.
Os dois trechos que se seguem são uma pequeníssima amostra que explica a necessidade de nos dedicarmos a
esta temática.
Fundos europeus pagam pais
Famílias vão decidir se querem trabalhar a tempo parcial para cuidar dos filhos. Governo vai recorrer a verbas
comunitárias para pagar salários.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/sociedade/fundos-europeus-pagam-pais
Fonte - A preparação do “Novo QREN” e o ciclo de fundos estruturais 2014-2020, Dina Ferreira, Vogal CD, IFDR, 4 abril 2013