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PERIODO REGENCIAL
(1831-1840)
Regência do governo em nome do Imperador, que tinha apenas 5 anos quando
da abdicação de D. Pedro I. A regência estava prevista na constituição outorgada
de 1824.
Regência Trina (provisória)
Regência Trina (permanente)
Regência Una: Feijó (1835-1837) - liberal; Pedro Araújo Lima (1837-1840) -
conservador
Golpe da Maioridade
Conhecido como um dos períodos mais agitados da história do Brasil.
Tentativas de implementar idéias “liberais”.
“Nas condições brasileiras da época, muitas medidas destinadas a dar alguma
flexibilidade ao sistema político e a garantir as liberdades individuais acabaram
resultando em violentos choques ente as elites e no predomínio do interesse de grupos
locais”. (FAUSTO, Boris. História do Brasil., p. 161).
Período de indefinição institucional, de necessidade de decidir sobre o papel do
Estado como organizador da sociedade. Disputa de interesses entre as classes
dominantes.
Crescimento da sociedade – setores como o dos trabalhadores livres,
profissionais liberais, urbanização. Manutenção da escravidão como um “ponto
em comum” entre essa elite, apesar das investidas britânicas contra.
Grupo dos liberais moderados. (MG, RJ, SP)
Exaltados, absolutistas.
Guarda Nacional. Instrumento de combate de qualquer grupo contestatório das
novas autoridades imperiais. Monopólio de repressão legítima. (coronelismo).
Objetivo era defender a constituição, a liberdade e a independência da nação –
estabelecimento da ordem.
Período também conhecido como experiência republicana – descentralização de
poderes, com a criação de legislativos provinciais, controle das províncias sobre
impostos, provimentos de cargos e, por intermédio das eleições, a classe
senhorial dominava estes legislativos, preenchia direta ou indiretamente o cargo
de Juiz de Paz e controlava as funções policiais (era o Juiz de Paz que nomeava
o Chefe de Polícia), eleitorais (qualificava quem podia votar) e judiciárias
(instaurando ou encerrando processos, expedindo ordens de prisão ou soltura às
autoridades policiais, etc). Podemos entender como uma “experiência
republicana” pelo ângulo da descentralização; mas, por outro lado, devemos
fazer um juízo crítico, já que não significou de fato uma repartição ou ampliação
de poderes – a rigor apenas expôs o cidadão aos desmandos dos poderosos
locais.
Isso foi alcançado através do CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL (1832) E
O ATO ADICIONAL (1834).
CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL
Aboliu a pena de morte;
Autonomia judiciária dos municípios – tendência descentralizadora e
liberal, reforçava os poderes dos proprietários de terra e o poder local.
Juiz de paz e polícia;
Habeas corpus e júri.
ATO ADICIONAL DE 1834 (alteração da constituição de 1824)
Acordo entre as elites brasileiras;
Fim do Conselho de Estado (defendido por Feijó);
Assembléias legislativas Provinciais (substituem os antigos Conselhos
Provinciais);
Repartição de rendas entre governo central, províncias e municípios: Ass.
Prov. passam a ter competência de fixar despesas e lançar impostos.
“Essa fórmula vaga de repartição de impostos permitiu às províncias a obtenção de
recursos próprios, à custa do enfraquecimento do governo central. Uma das atribuições
mais importantes dadas às Assembléias Provinciais foi a de nomear e demitir
funcionários públicos. Desse modo, colocava-se nas mãos dos políticos regionais uma
arma significativa, tanto para obter votos em troca de favores como para perseguir
inimigos”. (FAUSTO, Boris. p. 163)
PROGRESSISTAS X REGRESSISTAS (favoráveis e contrários ao ato adicional)
Diogo Feijó – eleito através de eleições censitárias, período complicado, já
haviam rebeliões em curso, necessidade de negociação com diversos grupos, o
que não aconteceu, chamou apenas os que o haviam apoiado para seu gabinete.
Foi acusado de não ter repreendido de fato a farroupilha, crise na hierarquia
católica, crise em torno da abolição já que manifestava apoio ao fim do regime.
Pedro de Araújo Lima – começa-se a esboçar os partidos políticos (liberal e
conservador).
1838 – fundação do IHGB. Inicio do processo de construção de imagens
nacionais. Forte movimento literário e de periódicos.
Alguns nomes importantes: José Bonifácio; Bernardo Pereira de Vasconcelos;
Evaristo da Veiga (A aurora).
Regência Una: necessidade de restabelecer a ordem diante da “anarquia”
causada pela descentralização e pelas revoltas.
Lei de Interpretação do Ato Adicional (1840)
Revogava a autonomia legislativa dada às províncias, devolvendo ao
Senado e à Câmara o poder de legislar, bem como a nomeação de
funcionários públicos.
“O regente, porém, não conseguiu reunir forças expressivas para a concretização da
política centralizadora. As elites provinciais criaram dificuldades, temendo a perda
da autonomia conquistada”.
Movimento pela maioridade: solução para a crise de governabilidade. Clube da
Maioridade. Presidida pelo liberal Antonio C. Andrada, adversários de Araujo
Lima. Buscou-se uma declaração expressa de D. Pedro II a favor da maioridade,
o que foi obtido. Os conservadores tentaram impedir ou adiar a maioridade, vista
como um golpe. Volta dos liberais ao poder.
REVOLTAS REGENCIAIS: CRONOLOGIA
MOVIMENTO LOCAL E
ANO
MOTIVOS BASES
IDEOLÓGICAS
PROPOSTAS
Setembrizada PE 1831 Abdicação de D.
Pedro e crise
econômica de
PE.
Liberalismo e
antilusitanismo
Novembrada PE 1831 Abdicação de D.
Pedro e crise
econômica de
PE.
Nacionalismo,
liberalismo e
antilusitanismo.
Abrilada PE 1832 Oposição ao
governo
regencial
Absolutismo e
conservadorismo
Restauração de D.
Pedro I.
Guerra dos
Cabanos
PE
1832/1834
Oposição ao
governo
regencial
Absolutismo e
conservadorismo
Restauração de D.
Pedro I.
Carneiradas PE
1834/1835
Oposição à
guerra dos
cabanos e ao
governador de
PE.
Liberalismo Repressão aos
cabanos;
deposição do
presidente de
província.
Cabanagem PA
1835/1840
Partido lusitano;
isolamento da
província e
oposição ao
presidente da
província.
Antilusitanismo e
propostas populares.
Formação de uma
república
separatista.
Guerra dos
Farrapos
RS
1835/1845
Crise da
produção de
charque e
oposição ao
centralismo.
Federalismo e
republicanismo
Autonomia local;
formação de uma
república
separatista.
Revolta dos
Malês
BA 1835 Opressão do
escravismo e a
difícil situação
do negro urbano
e liberto.
Antiescravismo Controle do
poder; morte de
brancos e
mulatos.
Sabinada BA 1837 Renúncia de
Feijó e oposição
ao centralismo.
Liberalismo e
separatismo.
Separação
provisória da
Bahia do Brasil.
Balaiada MA
1838/1841
Crise na
economia
Liberalismo
algodoeira e luta
entre grupos
locais.
[Todas as revoltas foram sufocadas com extrema violência, algumas com mais ou
menos facilidade]
CABANAGEM:
Considerado um dos mais notáveis movimentos populares na história do Brasil.
Único em que as camadas inferiores da população conseguiram ocupar o poder.
Pará era uma região muito fragilmente ligada ao RJ.
Não havia uma classe de proprietários rurais bem estabelecida.
Índios, mestiços, trabalhadores escravos e uma minoria branca.
Produção de tabaco, cacau, borracha e arroz. [modesta].
Agitações liberais e contra o governo central.
Eleição de um presidente de província que desagradou e mandou prender um de
seus principais opositores que era o grande líder local.
Conseguem matá-lo, após investidas do governo contra os revoltosos e aclamam
um dos seus lideres como presidente de província. Cisão entre os mais radicais
e os que não queriam o rompimento com o RJ.
Após vitórias e derrotas eles conseguem proclamar uma república e organizam
novo governo, desligando-se do império. Foram 9 meses de isolamento que
acabaram por falta de apoio de outras províncias e por uma epidemia de varíola.
Em 1836 Feijó manda novas tropas para acabar de vez com o movimento que
resiste até 1840.
MALÊS:
Fortalecimento do sistema escravista, ao mesmo tempo em que cresce a
população negra urbana e alforriada.
Desde 1807 observa-se tentativas de organização da população negra.
Negros muçulmanos – malês. Aprenderam a ler e escrever em árabe, mas
outras etnias também tiveram participação.
Cerca de 1500 negros, reunidos em sociedade secreta com núcleos em
salvador e no recôncavo baiano.
Negros, libertos ou escravos constituíam cerca de metade da população da
cidade. Os escravos urbanos podiam ser domésticos ou de ganho. Estes
tiveram importante participação na revolta como Pai Inácio.
Libertar os negros e massacrar os brancos e mulatos era o objetivo da
revolta. Conseguiam comprar armas e tinham sinais secretos de
identificação.
A insurreição foi denunciada e os rebeldes tiveram que improvisar a
resistência. Confrontados com a tropa imperial não tiveram como resistir e
foram brutalmente reprimidos.
SABINADA:
Bahia – cenário de várias revoltas urbanas desde a independência.
Ampla base de apoio, classe média, comerciantes, ideais federalistas e
republicanos.
Escravos nacionais e estrangeiros – libertação dos que haviam nascido no Brasil.
Senhores de engenho do recôncavo não apoiaram o movimento e as forças do
governo conseguiram abafar o movimento.
GUERRA DOS FARRAPOS:
Guerra Farroupilha [1835-45] foi o mais longo movimento entre os movimentos
liberais provinciais contra o centralismo do Império e, a seguir, as tímidas
concessões regenciais.
Elite dos estancieiros – conflito em torno dos impostos sobre o charque.
O movimento farrapo interpretou as reivindicações dos criadores do meridião do
RS. Sua longa duração deveu-se também à capacidade dos seus chefes de
manterem as classes infames na sujeição.
A revolta não alcançou todo o RS. Os comerciantes, a população urbana, os
colonos alemães mantiveram-se neutros ou optaram pelo Império, pois o
programa farroupilha opunha-se aos seus interesses. Charqueadores e
comerciantes escravistas temiam que a separação comprometesse o tráfico
negreiro.
Fonte de alimento para a massa de escravos, era interessante para os
proprietários do sudeste que o charque se mantivesse a preços baixos, mas os
custos da produção estavam cada vez mais altos, devido ao preço do sal e dos
escravos envolvidos na produção.
Os produtores brasileiros ameaçaram a comprar a carne da Argentina e do
Uruguai, que era mais barata e colocou frente a frente produtores e
comerciantes. Produtores exigiam uma proteção fiscal para o charque.
Presidente de provincia que impõe novos e pesados impostos, diminuindo o
poder dos estancieiros. Imposição de uma taxa sobre as propriedades rurais
desencadeia o movimento.
Bento Gonçalves lidera um grupo armado que ocupa Poa, o RJ tenta acalmar os
animos, mas a radicalização da política local com permanentes enfrentamentos
militares impediu o êxtio das tropas governamentais.
Proclamação da república de Piratini. Bento Gonçalves é preso, mas consegue
fugir. E após um ano os farrapos dominam quase todo o rio Grande. Apoio de
Giuseppe Garibaldi, buscam ampliar a influencia para outras provincias (SC),
proclamando a república Juliana.
A maioridade 1840 concede anistia aos presos políticos, buscando uma
conciliação, mas os farroupilhas não aceitam.
Invasão de Oribe, do Uruguai acaba unindo as tropas do governo e a republicana
para expulsar
Essas dissidências facilitaram a perda das grandes cidades e do litoral. Porto
Alegre sublevou-se e resistiu aos farroupilhas, recebendo do Império o título de
"Mui leal e valorosa". Em 1835, os farroupilhas dominavam a província. Em
1845, apenas as bordas da fronteira.
Propõe-se caráter progressista ao movimento porque parte das suas tropas era
formada por peões, nativos e ex-cativos. Os gaúchos eram em geral
descendentes de nativos que haviam perdido as terras comunitárias para os
criadores. Eles acompanhavam os caudilhos nos combates como o faziam nas
lides campeiras. O gaúcho buscava na guerra churrasco, saque e soldo. A
política era monopólio dos proprietários.
Era antigo direito do homem livre substituir-se por, em geral, um liberto, quando
arrolado. Os libertos eram obrigados a combater nas tropas farroupilhas;
preferiam a guerra à escravidão; criam na promessa da liberdade. Os chefes
farroupilhas reforçavam as tropas com cativos comprados.
Não houve democracia racial farroupilha. Negros e brancos marchavam,
acampavam e morriam separados. Eram brancos os oficiais dos soldados negros.
Em suas Memórias, Garibaldi lembrava: "[...] todos negros, exceto os oficiais
[...]." Para a Constituição republicana eram cidadãos apenas os "homens livres".
A República apoiava-se no latifúndio e na escravatura. Os chefes farroupilhas
jamais prometeram terras aos gaúchos e liberdade aos cativos, como Artigas.
Eles dependiam dos cativos para explorar as fazendas. Terra e liberdade eram
conquistas que deviam nascer das reivindicações das então frágeis classes
sociais.
Não foi por democratismo que os farroupilhas exigiram do Império respeito à
liberdade dos soldados negros. Eles receavam que se formasse guerrilha negra e
que os ex-cativos se espelhassem no Uruguai. O Império não aceitava que
negros gozassem da liberdade por combaterem a monarquia.
A solução encontrada foi o massacre do serro de Porongos, quando o general
David Canabarro, chefe militar republicano, em conluio com o barão de Caxias,
entregou os soldados negros aos inimigos, no mais vil fato de armas da história
militar do Brasil.
Caxias ordenou ao coronel Francisco de Abreu que não temesse surpreender os
rebeldes. A infantaria farrapa estaria desarmada, devido à "ordem de um
ministro e do General-em-Chefe". Ele esperava que o "negócio secreto" levasse
em "poucos dias ao fim da revolta" e solucionasse o caso dos soldados negros.
Caxias ordenava: "[...] poupe o sangue brasileiro quando puder, particularmente
de gente branca da província ou índios, [...] esta pobre gente ainda nos pode ser
útil no futuro." Preparava já a intervenção no Prata, na qual os ex-farrapos
marcharam com o Império, em defesa das suas fazendas no Uruguai.
BALAIADA:
Maranhão – negros e vaqueiros – escapou do controle das disputas partidárias.
Economia baseava-se na cultura do algodão e na pecuária. A primeira já em
decadência. Grande número de escravos foi levado para a região, na crise, não se
sabia o “que fazer com eles”.
Cabanos (conservadores) e bem-te-vis (apoiaram a revolta dos balaios).
Sertanejos que atacavam fazendas do interior; escravos se aproveitaram da
situação e começaram fugas em massa, organizando quilombos.
A balaiada foi uma série de levantes de vaqueiros e rebeliões de escravos contra
a ordem escravista e a dominação dos proprietários rurais.
1839 formam um governo de liberais.
1840 – repressão do governo.