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AULA PRÁTICA SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO REALIZADAS NO CAMPUS DE SÃO GABRIEL (¹) PAOLA CAMPAGNOLO BRUTTI (²) RESUMO Este trabalho apresenta o estudo de propriedades físicas do solo, em duas áreas do campus de São Gabriel, denominadas de Tratamento Estufa e Tratamento Galpão. Foram utilizadas algumas fórmulas para determinar características específicas de cada um deles (densidade total ou ideal, umidade gravimétrica, umidade volumétrica, porosidade total, espaço aéreo, armazenamento de água e grau de saturação) com a finalidade de obter uma comparação entre os dois tratamentos em três camadas diferentes de solo, sendo elas 0-5 cm, 5-10 cm e 10-15 cm. Palavras chaves: propriedades físicas, tratamentos, camadas e solo. INTRODUÇÃO O solo pode ser considerado como o resultado de uma adaptação, das rochas em relação às condições do meio, o qual se encontram expostas e diferentes daquele que foi condicionado. Está fisicamente ligado as suas propriedades físicas, que são elas: textura, estrutura, densidade, porosidade, consistência e cor. A textura são proporções relativas em peso, a três frações minerais: areia, silte e argila. A estrutura é a agregação das partículas primárias do solo, onde a partir de sua forma, tamanho e grau de desenvolvimento é definido seu tipo, sua classe e sua estabilidade sucessivamente. A densidade é uma característica importante na determinação da avaliação do solo, ela está ligada a densidade da partícula e à porosidade do solo, podendo assim sua medição ser utilizada na obtenção de cálculos como a conversão da umidade em base volumétrica e gravimétrica. A porosidade é o espaço do solo não ocupado pela matrix (conjunto dos componentes orgânicos e inorgânicos). A consistência pode ser entendida por várias formas, dentre elas está, a possibilidade de moldagem ou plasticidade do solo. E a cor é uma maneira de identificar ou associar solos como por exemplo a sua produtividade. OBJETIVOS Neste trabalho é proposto a análise de dezoito amostras de solo, retiradas de dois locais diferentes, em relação a densidade total ou ideal, umidade gravimétrica, umidade volumétrica, porosidade total e espaço aéreo.

Aula prática sobre características físicas do solo realizadas no campus de são gabriel

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AULA PRÁTICA SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO

REALIZADAS NO CAMPUS DE SÃO GABRIEL (¹)

PAOLA CAMPAGNOLO BRUTTI (²)

RESUMO

Este trabalho apresenta o estudo de propriedades físicas do solo, em duas

áreas do campus de São Gabriel, denominadas de Tratamento Estufa e

Tratamento Galpão. Foram utilizadas algumas fórmulas para determinar

características específicas de cada um deles (densidade total ou ideal,

umidade gravimétrica, umidade volumétrica, porosidade total, espaço aéreo,

armazenamento de água e grau de saturação) com a finalidade de obter uma

comparação entre os dois tratamentos em três camadas diferentes de solo,

sendo elas 0-5 cm, 5-10 cm e 10-15 cm.

Palavras chaves: propriedades físicas, tratamentos, camadas e solo.

INTRODUÇÃO

O solo pode ser considerado como o resultado de uma adaptação, das

rochas em relação às condições do meio, o qual se encontram expostas e

diferentes daquele que foi condicionado. Está fisicamente ligado as suas

propriedades físicas, que são elas: textura, estrutura, densidade, porosidade,

consistência e cor. A textura são proporções relativas em peso, a três frações

minerais: areia, silte e argila. A estrutura é a agregação das partículas

primárias do solo, onde a partir de sua forma, tamanho e grau de

desenvolvimento é definido seu tipo, sua classe e sua estabilidade

sucessivamente. A densidade é uma característica importante na determinação

da avaliação do solo, ela está ligada a densidade da partícula e à porosidade

do solo, podendo assim sua medição ser utilizada na obtenção de cálculos

como a conversão da umidade em base volumétrica e gravimétrica. A

porosidade é o espaço do solo não ocupado pela matrix (conjunto dos

componentes orgânicos e inorgânicos). A consistência pode ser entendida por

várias formas, dentre elas está, a possibilidade de moldagem ou plasticidade

do solo. E a cor é uma maneira de identificar ou associar solos como por

exemplo a sua produtividade.

OBJETIVOS

Neste trabalho é proposto a análise de dezoito amostras de solo,

retiradas de dois locais diferentes, em relação a densidade total ou ideal,

umidade gravimétrica, umidade volumétrica, porosidade total e espaço aéreo.

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MATERIAL E MÉTODOS

No dia dezesseis de agosto de dois mil e treze, foi realizada uma aula

prática, relacionada a disciplina de solos florestais, nas extremidades da

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus São Gabriel,

caracterizado por um clima subtropical úmido, com uma baixa altitude e

estações do ano bem definidas. A aula prática é relacionada a coleta de solos

de diferentes locais para a avaliação das propriedades físicas em relação a

massa e o volume dos constituintes.

As coletas foram realizadas em duas áreas do campus, que foram

denominadas de Tratamento Estufa e Tratamento Galpão. Realizadas nove

amostras em cada local com três profundidades diferentes (0-5cm, 5-10cm e

10-15cm), totalizando assim 18 amostras. Foram coletadas amostras através

dos materiais, marreta para a penetração do anel do solo, espátulas para a

limpeza do perfil e retirada do anel, anéis volumétricos com cilindro, pá para o

corte do perfil e faca de serra para limpar o excesso de solo contido no anel.

Foram pesados os cilindros com as amostras e obteve-se o peso do cilindro

mais amostra do solo úmido. Mais tarde seca as amostras em estufa a 105°C,

por 48 horas elas foram retiradas novamente para uma nova pesagem,

estabelecendo seu peso seco.

Imagem 1: Tratamento Estufa. Imagem 2: Tratamento galpão.

Para chegar aos resultados matemáticos, para a densidade, umidade

volumétrica, umidade gravimétrica, porosidade, espaço aéreo e grau de

saturação foram utilizadas as seguintes fórmulas:

Densidade do solo:

Onde Ds é a Densidade do solo, mp é a massa de partícula e Vt é o volume

total, onde para encontrarmos o Vt utilizamos uma nova fórmula, a qual é:

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Volume:

Onde V é o volume, pi, r é o raio, obtido através da divisão do diâmetro por

dois e h a altura.

Umidade Volumétrica:

Onde Ug é a umidade gravimétrica, Ds é a densidade do solo e Dágua é a

densidade da água.

Umidade Gravimétrica:

Mágua é a massa da água e Mp é a massa da partícula

Porosidade total

Onde Pt é porosidade total, Ds é a densidade do solo e Dp é a densidade da

partícula, que foi definida como 2,65 g/cm³.

Espaço Aéreo:

Ea é o espaço aéreo, Pt porosidade total e Uv umidade volumétrica.

Grau de Saturação:

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Onde Gs é o grau de saturação, Uv é a umidade volumétrica e Pt é a

porosidade total.

Armazenamento de Água:

Arm é o armazenamento de água e Uv é a umidade volumétrica

Valores necessários para a realização das fórmulas descritas e para as

médias realizadas por camadas de cada um dos locais, serão descritos nas

duas tabelas abaixo.

Tabela 1: Valores coletados para a análise das características entre os dois

tratamentos em três camadas diferentes de solo.

Local Camada Anel

Diâmetro

(cm) H (cm) Vt (cm³)

Peso do

Anel (g)

Peso do anel

solo Úmido

(g)

Peso do anel

solo seco (g)

Estufa 1 21 5 5,1 100,0875 60,269 203,585 157,299

Estufa 1 40 4,9 5 94,23925 59,315 228,687 188,91

Estufa 1 44 5 5 98,125 60,483 217,473 177,085

Estufa 2 2 5 5 98,125 59,254 193,479 150,236

Estufa 2 20 4,9 5,1 96,124035 60,232 229,996 188,371

Estufa 2 42 4,8 5,1 92,24064 60,421 231,953 186,844

Estufa 3 12 4,9 5,1 96,124035 60,483 227,041 187,146

Estufa 3 33 5 4,9 96,1625 59,52 210,627 162,924

Estufa 3 39 4,9 5,1 96,124035 60,409 217,358 178,408

Galpão 1 27 4,8 5 90,432 59,363 224,022 179,612

Galpão 1 29 5 5 98,125 59,592 201,864 170,091

Galpão 1 43 4,9 4,9 92,354465 59,5 207,381 170,602

Galpão 2 1 5 5 98,125 60,222 209,575 173,012

Galpão 2 8 4,8 5 90,432 59,564 184,512 152,255

Galpão 2 11 4,9 5 94,23925 60,092 226,569 186,99

Galpão 3 3 4,9 5 94,23925 59,488 204,261 167,839

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Galpão 3 41 4,8 4,9 88,62336 59,531 220,193 176,35

Galpão 3 45 4,9 5 94,23925 59,542 219,982 181,013

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram adquiridos resultados que podem ser conferidos na sequência:

Densidade

Após a realização dos cálculos das densidades do Tratamento Estufa e

Tratamento Galpão, em suas três profundidades, realizou-se a média desses,

que pode ser conferida na figura 1.

Verificou-se que a densidade média do Tratamento Estufa, não foi muito

considerável em relação ao Tratamento Galpão que, no intervalo de 0-5 cm e

10-15 cm aumentou e no intervalo de 5-10 cm diminui, pois como ele é uma

camada subsuperficial, pode ter sido alterado por um fator extrínseco (do

ambiente), ou tem um menor teor de matéria orgânica.

Figura 1: Densidades em três camadas diferentes de solos, nos tratamentos

estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

Porosidade total

A porosidade total do solo afeta a compactação desse, como na

retenção de água (microporos) e na drenagem da água (macroporos).

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Analisou-se então a figura 2, percebeu-se que quanto maior a densidade,

menor será a porosidade total. Sendo assim o Tratamento Estufa teve um

maior valor significativo que o Tratamento Galpão, onde foi encontrado mais

oscilações em suas médias, principalmente na camada de 10-15 cm, pois a

uma dificuldade de infiltração de água no solo, aumentando assim o

escoamento superficial.

Figura 2: Porosidade total em três camadas diferentes de solos nos

tratamentos estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

Umidade gravimétrica

É a determinação da quantidade de água presente na amostra do solo

na condição de campo. Sendo assim o Tratamento Estufa possui uma maior

umidade gravimétrica que o Tratamento Galpão, significando então que há um

teor maior de água no Tratamento Estufa, ou seja, é um solo com mais

umidade, principalmente na camada de 5-10 cm, nas outras camadas foi

homogêneo a determinação, observado isso na figura 3

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Figura 3: média da umidade gravimétrica em três camadas diferentes de solos

nos tratamentos estufa e galpão.

Umidade volumétrica

A umidade volumétrica é o volume de água contido em um determinado

volume de amostras do solo, então nos Tratamentos Estufa e Galpão, quando

comparados com os mesmos na umidade gravimétrica tiveram um maior índice

em todas as camadas. Quando analisados somente na umidade volumétrica a

camada 5-10 cm teve um maior valor no Tratamento Estufa, ou seja, teve maior

volume de água, já o Tratamento Galpão, teve seu maior índice significativo na

camada 10-15cm, como observado na figura 4.

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Figura 4: Umidade volumétrica em três camadas diferentes de solos nos

tratamentos estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

Espaço Aéreo

É a parte do volume de poros do solo ocupado pelo ar, ele pode ser

suscetível a aeração. Os resultados foram avaliados na figura 5, onde

concluímos que quanto menor o valor encontrado mais preenchido por água

seu microporos estão, sendo assim, nas duas primeiras camadas, (0-5 cm e 5-

10 cm) o Tratamento Estufa tem menor índice, aumentando muito pouco na

terceira camada.

Figura 5: Espaço aéreo (Ea) em três camadas diferentes de solos nos

tratamentos estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

Grau de Saturação

É a porcentagem de poros que estão preenchidos de água,

representados assim na figura 6, onde sofreu pouca variação nas três

camadas, mas variação mais significativa aconteceu na camada de 5-10 cm,

onde o Tratamento Estufa teve maior aumento de saturação chegando a 85%,

ou seja, essa camada é a mais saturada com água.

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Figura 6: Grau de saturação em três camadas diferentes de solos nos

tratamentos estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

Armazenamento de água

Consiste na quantificação de água no solo, sendo possível avaliar sua

dinâmica em intervalos definidos, sendo eles de 0-5 cm, 5-10 cm e 10-15 cm,

como mostrado na figura 7, onde foi observado que no Tratamento Estufa

ocorreu uma diminuição na camada de 10-15 cm em relação com a de 5-10

cm, isso pode ter ocorrido em relação a uma perda de umidade neste intervalo

de tempo, já no Tratamento Galpão, pode ser dito então que houve um ganho

de umidade na sua última camada em relação as outras.

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Figura 7: Armazenamento de água em três camadas diferentes de solos nos

tratamentos estufa e galpão realizados na UNIPAMPA no ano de 2013.

CONCLUSÃO

Concluímos que quanto maior a densidade menor a porosidade, que a

umidade gravimétrica e umidade volumétrica são maiores na amostra do

galpão e quanto menor a umidade gravimétrica e volumétrica maior o espaço

aéreo, o maior grau de saturação é no tratamento galpão com mais umidade

volumétrica e gravimétrica e no armazenamento de água podemos dizer então

que houve um aumento de água no tratamento estufa.

BIBLIOGRAFIA:

BAVER, L.D.; GARDNER, W.H. & GARDNER, W.R. Soil physics. New York,

John Wiley & Sons, 1972. 498p

Física do Solo / editor Quirijin de Jong van Lier. – Viçosa, MG: Sociedade

Brasileira de Ciência do Solo, 2010. 298p

Física do Solo/ Vilson Antonio Klein. – 2. ed. – Passo Fundo: Ed. Universidade

de Passo Fundo, 2012. 240p

19 Lições de Pedologia / Igo F. Lepsch. – São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

456p

João Herbert Moreira Viana. “Determinação da densidade de solos e de

horizontes cascalhentos”. ISSN 1679-0162. Sete Lagoas, MG Dezembro, 2008.

Disponível em:

http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS-2009-

09/21328/1/Com_154.pdf. Acesso em: 17/10/2013