aula terceira (2ª parte)

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)

fato tpico

ilicitudeestado de necessidade

culpabilidadeimputabilidade

Conduta.

resultado

legtima defesa

potencial conscincia da ilicitude exigibilidade de conduta diversa

nexo causal

estrito cumprimento do dever legal exerccio regular do direito

tipicidade

consentimento do ofendido

EXCLUDENTES DE ILICITUDE

1. Relao entre tipicidade e ilicitude Matar algum crime ou indica ser crime? Matar algum indica ser crime. Matar algum s ser crime se no ocorrer qualquer causa que justifique essa conduta (legtima defesa, estado de necessidade etc.). Onde h fumaa no necessariamente h fogo. Onde h fumaa, provavelmente h fogo, podendo ser gelo seco! Onde h fato tpico, provavelmente h ilicitude, podendo ocorrer uma causa justificante (ou excludente) de ilicitude.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)A teoria que adotamos para representar isso que acabei de falar a TEORIA INDICIRIA DO TIPO PENAL (Ratio Cognoscendi).

Anote: a doutrina finalista de Welzel defende que a tipicidade mero indcio da antijuridicidade. Teoria da Ratio Cognoscendi.

RELAO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE

Teoria Indiciria da ilicitude (Ratio Cognoscendi)

O fato tpico indica ser ilcito.

Conceito de ilicitude (ou antijuridicidade)

Ilicitude a relao de antagonismo que se estabelece entre a conduta humana voluntria e o ordenamento jurdico, de modo a causar leso ou perigo de leso a um bem jurdico tutelado (Toledo).

O raciocnio, como se v, feito por excluso. Tudo que no for ilcito, ser lcito. Injusto Penal

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)

Injusto Penal (fato tpico + antijurdico): uma conduta tpica e antijurdica um INJUSTO PENAL, sendo a antijuridicidade um JUZO NEGATIVO DE VALOR, na expresso de Zaffaroni, que incide sobre a conduta humana, sendo o injusto a CONDUTA HUMANA DESVALORADA.

FATO TPICO

ILCITO

INJUSTO PENAL

Anote: para Damsio, Capez, Delmanto, entre outros, o injusto Penal j considerado crime (Teoria Bipartida). No obstante, a doutrina majoritria, nacional e estrangeira considera o crime em seus trs elementos FATO TPICO + ANTIJURDICO + CULPVEL.

OBSERVAO: CUIDADO COM OS TERMOS! justificantes ou descriminantes afastam a ilicitude Dirimentes, eximentes afastam a culpabilidade

CAUSAS DE JUSTIFICAO EM ESPCIE (EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE)

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)ESTADO DE NECESSIDADE 1. Conceito Legal

Art. 241 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que no provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito prprio ou alheio, cujo sacrifcio, nas circunstncias, no era razovel exigir-se. O Estado de Necessidade configura-se pela existncia de uma situao de PERIGO, ATUAL (ou iminente), INVOLUNTRIO (que o agente no tenha provocado por sua vontade) e INEVITVEL, que exige ao de proteo necessria para garantir um bem jurdico prprio ou de terceiro, evitando-se mal prprio ou de outrem, que viola um dever, tornando a conduta ILCITA. ( FCC - 2009 - TJ-PI - Analista Judicirio) So elementos do estado de necessidade: a) perigo atual; defesa de direito prprio ou de outrem; reao moderada. b) que ocorra um perigo; que o agente use dos meios moderados e necessrios. c) perigo iminente; que o agente defenda um direito legtimo e seu; que use moderadamente dos meios necessrios. d) perigo atual ou iminente; que o agente no o tenha provocado; que no poderia ser evitado. e) reao a injusta agresso; atual ou iminente; uso dos meios necessrios moderadamente.

1

O artigo 24 somente estabelece as regras gerais do Estado de Necessidade; de modo especfico, ele estabelecido nos arts. 128, I (aborto necessrio); 146, 3, I (constrangimento ilegal).

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)Resposta: letra D.

No exemplo da tbua de Carneades (luta dos nufragos por uma taboa), existe um conflito entre a vida de duas pessoas que tentam preserv-las em situao de perigo.

BEM JURDICO

BEM JURDICO

O raciocnio que o Estado no pode estar presente em todas as situaes de conflito. Quando a ocorrncia do perigo surge, o Direito permite que haja a destruio de um bem jurdico para a preservao de outro. Contudo, o Estado de Necessidade exige alguns requisitos que agora passo a apresentar.

Requisitos do Estado de Necessidade a. Perigo atual

O ponto nodal do Estado de Necessidade, que o diferencia da Legtima Defesa, que nesta existe uma agresso humana, enquanto no primeiro (estado de necessidade) h uma situao de PERIGO em que existem dois bens jurdicos em conflito, sendo que um deve perecer para a salvaguarda do outro. (FUNDEP - 2005 - TJ-MG) Considerando-se as determinaes legais, INCORRETO afirmar que a legtima defesa pode ser alegada quando a agresso for praticada por a) indivduos com mais de 70 anos.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)b) loucos de todo gnero c) quaisquer animais. d) sujeitos considerados imputveis. Resposta: Letra C.

Estado de Necessidade

Legtima Defesa

Situao de Perigo atual

Reao agresso humana injusta, atual ou iminente

b. Perigo Involuntrio (POLICIA CIVIL_MG_2007) So requisitos para configurao do estado de necessidade a existncia de situao de perigo atual que ameace direito prprio ou alheio, causado ou no voluntariamente pelo agente que no tem dever legal de afast-lo. Resposta: Falso

S poder alegar Estado de Necessidade aquele que se salve de um perigo no causado por sua prpria vontade (dolosamente).

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)O perigo no pode ter sido provocado DOLOSAMENTE pela pessoa que invoca o Estado de Necessidade (segundo maioria da doutrina). Caso provoque o perigo culposamente, poder faz-lo. Interessante que, caso o sujeito cria intencionalmente a situao de perigo, coloca-se ele em uma situao de garante (art. 13, 2, a), devendo agir para evitar o resultado.

b.

Inevitvel

O perigo no pode ser daqueles evitveis. O Direito, no Estado de Necessidade, s aceita a excluso da ilicitude se outro caminho no houver para o autor. Em uma situao de perigo, caso o agente tenha a opo de fugir do perigo a destruir bem jurdico alheio, deve faz-lo. Caso o agente tenha a alternativa de sair, deve escolher a covardia a destruir um bem de inocente. c. Proporcionalidade

S pode haver alegao de estado de necessidade quando houver proporcionalidade entre o bem protegido e aquele sacrificado. No h proporcionalidade da conduta de quem sacrifica uma vida para salvar sua coleo dos Beatles durante um incndio. Caso o agente destrua desproporcionalmente um bem jurdico para salvar outro ir responder pelo excesso. i. Excesso no Estado de Necessidade Justificante: Pode ocorrer quando o autor, na conduta de preservar interesse legtimo de outrem, para salvar o seu, atua excessivamente a ttulo de dolo ou culpa.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)Perigo Atual

Perigo no causado dolosamente pelo agente Requisitos do Estado de Necessidade Inevitabilidade

Proporcionalidade

Natureza jurdica O Estado de Necessidade no Cdigo Penal Brasileiro sempre justificante, ou seja, afasta sempre a ilicitude. TEORIA UNITRIA OU MONISTA OBJETIVA (adotada pelo CPB2): todo estado de necessidade justificante. CESPE_Juiz Federal Substituto_TRF_5 Regio_2007-adaptada) Para a

teoria unitria, diferentemente do que ocorre com a teoria diferenciadora, todo estado de necessidade justificante, inexistindo estado de necessidade exculpante. Resposta: correto. As situaes que levam ao estado de necessidade afastam sempre a ilicitude (justificante). No existe outro estado de necessidade a no ser aquele que tenha por natureza justificar a conduta tpica.

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O Cdigo Criminal do Imprio (1830) adotou a teoria diferenciadora, que foi mantida pelo Cdigo Penal de 1890. J o projeto Alcntara Machado (que deu origem ao Cdigo Penal de 1940) adotou a teoria unitria. O anteprojeto Hungria retornou adoo da teoria diferenciadora, que foi adotada pelo natimorto Cdigo de 1969.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)Dever legal de enfrentar o perigo

Quem tem o dever legal de enfrentar o perigo (ex. capito do navio, Bombeiro Militar, policial etc.), em princpio, no pode alegar a justificante. Contudo, deve-se observar que o direito no exige atos hericos. No se deve confundir, portanto, a OBRIGAO DE CORRER O PERIGO como DEVER DE SACRIFICAR-SE. ( PGT - 2008 - PGT - Procurador do Trabalho) O estado de necessidade pode ser alegado por quem no tinha o dever legal de enfrentar. Resposta: correto.

( CESPE - 2010 - TRE-MT ) Pode alegar estado de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito prprio cujo sacrifcio, nas circunstncias, no era razovel exigir-se. Resposta: errado.

Espcies de Estado de Necessidade Estado de necessidade defensivo e agressivo

AGRESSIVO ocorre quando a conduta do agente sacrifica bens de um inocente, no provocador da situao de perigo (ex.: motorista que, para evitar sua morte quase

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)certa pelo choque de seu veculo com uma jamanta que invadira sua meia pista, desvia-o para o acostamento, atropelando um ciclista.) DEFENSIVO ocorre quando a conduta do agente dirige-se diretamente contra o produtor da situao de perigo, a fim de elimin-la (ex.: destruir as janelas de um veculo para salvar criana que foi esquecida pelo pai dentro do automvel). Neste caso, o pai da criana causou o perigo. O salvador da criana destruiu um bem jurdico do prprio causador (o pai). A importncia desta diferenciao que, no primeiro caso (estado de

Agressivo ESTADO DE NECESSIDADE Defensivo

sacrifica bens de um inocente, no provocador da situao de perigo

volta-se ao causador do perigo

Estado de Necessidade Prprio e de Terceiros PRPRIO: A ao se d para salvar-se a si mesmo. TERCEIROS: A ao corre para salvamento de outrem. Ambas as situaes so legtimas, desde que preenchidos os requisitos do estado de necessidade.

Estado de Necessidade Real e Putativo REAL: O perigo corresponde realidade.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)PUTATIVO (imaginrio): O agente supe erroneamente estar em situao de perigo. Aplica-se, aqui, a regra do art. 20, 1, do Cdigo Penal. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas 1 - isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.

O agente acredita falsamente estar em situao de perigo ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO (IMAGINRIO) o agente fica isento de pena, contudo, responder pela modalidade culposa se o erro derivar de culpa e o crime tiver essa modalidade (culpa imprpria).

Legtima defesa Conceito legal: Art. 25 (CPB) - Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)(CESPE PC-PB 2009) Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso atual, iminente, ou futura, a direito seu ou de outrem. Resposta: errado Elementos da Legtima Defesa AGRESSO HUMANA DOLOSA: Conforme dissemos acima a agresso deve ser humana. indispensvel que a agresso seja consciente e voluntria. A defesa contra ataques de animais configura-se em estado de necessidade, com as ressalvas j aprendidas. Entendemos, ainda, que a agresso a realizao de uma ao DIRECIONADA PRODUO DE LESO A UM BEM JURDICO, isto , supe COSNCINCIA E VONTADE de lesionar um bem jurdico. Anote! possvel legtima defesa contra agresses de inimputveis (ex.: menores e doentes mentais). Isso porque eles praticam atos injustos, mesmo que no sejam crimes.

( CESPE - 2009 - DPF) Para que se configure a legtima defesa, faz-se necessrio que a agresso sofrida pelo agente seja antijurdica, contrria ao ordenamento jurdico, configurando, assim, um crime.

Gabarito: falso.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)A agresso deve ser consciente e voluntria 1 requisito da Legtima Defesa possvel LD contra inimputveis Agresso humana injusta a agresso deve ser dolosa

quem reage a uma ingresso culposa age em estado de necessidade

Excesso na legtima defesa Para que a defesa seja legtima, faz-se necessrio que o agente reaja na medida do que for suficiente para neutralizar a agresso. O excesso pode ser doloso ou culposo. Ser doloso quando: O agente, mesmo aps fazer cessar a agresso, continua o ataque porque quer causar mais leses ou mesmo a morte do agressor inicial. Exemplo: aps neutralizar a agresso, o agredido resolve continuar socando o agressor por vingana. No caso, responder pelas agresses que excederam as necessrias para cessar as agresses.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)Ser culposo quando (legtima defesa subjetiva): a) O agente, ao avaliar mal a situao que o envolvia, acredita que ainda est sendo ou poder vir a ser agredido e, em virtude disso, d continuidade repulsa, hiptese na qual ser aplicada a regra do artigo 20, 1o, do CP:

isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.

Exemplo: Aps se defender da agresso, o agredido percebe que o agressor consegue se levantar e estica a mo para pedir desculpas ao agredido. Este acredita que este ato significa nova agresso e reage novamente.

b) o agente, em virtude da m avaliao dos fatos e da sua negligncia no que diz respeito aferio das circunstncias que o cercavam, excede-se em virtude de um erro de clculo quanto gravidade da agresso ou quanto ao modus da reao. Neste caso, responder pelo resultado a ttulo de culpa. Excesso intensivo e extensivo INTENSIVO ocorre quando o autor excede a medida requerida para defesa, ou seja, o excesso que se refere espcie dos meios empregados ou ao grau de sua utilizao.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)EXTENSIVO ocorre quando o agente, inicialmente, fazendo cessar a agresso injusta que era praticada contra a sua pessoa, d continuidade ao ataque, quando este j no mais se fazia necessrio.

Anote! O excesso EXTENSIVO ocorre quando a DEFESA NECESSRIA SE PROLONGA POR MAIS TEMPO que o necessrio para neutralizar a atualidade da agresso; j no INTENSIVO, a agresso atual. Todavia, h um EXCESSO DE REAO do exerccio da legtima defesa

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)DOLOSO - o agente quer continuar agredindo

CULPOSO - avalia mal a continuidade da agresso

EXCESSO NA LEGTIMA DEFESA

INTENSIVO - excesso nos meios

EXTENSIVO - excesso na durao

EXCESSO NA CAUSA -h inferioridade do valor do bem ou interesse defendido, em confronto com o atingido pela repulsa

SITUAES ESPECIAIS DA LEGTIMA DEFESA 2. Legtima defesa sucessiva

Ocorre quando se repele o excesso na legtima defesa. A agresso praticada pelo agente, embora inicialmente legtima, transforma-se em agresso injusta quando incidiu no excesso. Nessa hiptese ocorrer a legtima defesa sucessiva. Anote! PLENAMENTE POSSVEL A LEGTIMA DEFESA SUCESSIVA!

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)3. Legtima defesa recproca

No se admite em nosso ordenamento a existncia da legtima defesa recproca, visto que nesse caso ambas as agresses so injustas, ocorrendo ao mesmo tempo. No existe legtima defesa real contra legtima defesa real. Anote! No se permite legtima defesa recproca.

4.

Legtima defesa putativa (imaginria)

Aplica-se, aqui, a regra do art. 20, 1, do Cdigo Penal. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas 1 - isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.

5.

Consequncia da Legtima defesa putativa: trata-se de hiptese de erro de

tipo permisso, que afasta o dolo, podendo haver punio pelo resultado se ocorreu culpa no caso de o erro ser evitvel. No exemplo acima, se ficasse demonstrado que meu erro era evitvel (indesculvel), eu deveria responder pela leso corporal culposa em NEGO TIM.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)(POLICIA CIVIL_MG_2007) No se reconhece como hiptese de legtima defesa a circunstncia de dois inimigos que, supondo que um vai agredir o outro, sacam suas armas e atiram pensando que esto se defendendo. GABARITO: E

Legtima defesa versus estado de necessidade Poderia ocorrer situao em que um dos agentes atue em legtima defesa e o outro em estado de necessidade? claro que no. Quem atua em estado de necessidade pratica conduta amparada pelo ordenamento jurdico, no constituindo, assim, a agresso injusta, justificadora da legtima defesa. Estrito cumprimento de um dever legal e exerccio regular do direito consideraes gerais No h como estudar sistematicamente o estrito cumprimento do dever legal e o exerccio regular do direito, uma vez que o CP no traz seus elementos como fez com a legtima defesa e com o estado de necessidade. Assim, vamos abordar somente as informaes necessrias para a prova, pode ser? Ento, vamos l! a) No estrito cumprimento do dever, o agente pblico se mantm dentro de suas atribuies e dentro dos limites legais pertinentes, como no caso do policial que cerceia a liberdade de algum (fato tpico de sequestro), mas justifica sua conduta pelo dever legal de prender em flagrante ou com mandado de priso regularmente expedido pelo Poder Judicirio. (POLICIA CIVIL_MG_2007) Trata-se de estrito cumprimento de dever legal a realizao, pelo agente, de fato tpico por fora do desempenho de obrigao imposta por lei.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)Resposta: correta.

( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Delegado de Polcia ) Para prenderem em flagrante pessoa acusada de homicdio, policiais invadiram uma residncia em que entrara o acusado, danificando a porta de entrada e sem mandado de busca e apreenso. Nessa situao, os policiais no respondero pelo crime de dano, pois agiram em estrito cumprimento do dever legal, que causa excludente da ilicitude.

Resposta: correto.

b) No exerccio regular do direito, qualquer cidado desempenha atividade lcita dentro dos contornos da lei (ex.: um soco durante a luta de boxe; as cirurgias estticas praticadas por mdico habilitado). Observe que, caso o mdico tenha que realizar uma cirurgia de emergncia, uma vez que o perigo de morte da vtima latente, estar ele amparado pelo estado de necessidade, no necessitando de qualquer autorizao para tal. No seria errado dizer, neste ltimo caso, que o mdico est, tambm, no exerccio regular do direito. CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo )Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, matou Ailton durante uma luta. Nesse caso, em razo da gravidade do fato, a violncia esportiva no ser causa de excluso do crime. Resposta: errado.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) Clio chegou inconsciente e gravemente ferido emergncia de um hospital particular, tendo o chefe da equipe mdica determinado o imediato encaminhamento do paciente para se submeter a procedimento cirrgico, pois o risco de morte era iminente. Luiz, irmo de Clio, expressamente desautorizou a interveno cirrgica, uma vez que seria necessria a realizao de transfuso de sangue, fato que ia de encontro ao credo religioso dos irmos. Nessa situao, o consentimento de Luiz com relao interveno cirrgica seria irrelevante, pois os profissionais mdicos estariam agindo no exerccio regular de direito. Resposta: correto.

c) No existe estrito cumprimento legal de matar, salvo na execuo da pena de morte, em caso de guerra declarada. Assim, policial s mata com lastro nos requisitos da legtima defesa. No correta a afirmao de que policial que revida e mata bandido a tiros, est no estrito cumprimento do dever legal de matar. d) Conforme o previsto no artigo 301 do CPP, Qualquer do povo poder e as autoridades policiais e seus agentes devero prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Assim, h duas possibilidades. Se a priso em flagrante for realizada por particular, estar ele protegido pela excludente do exerccio regular do direito. Caso a priso em flagrante seja realizada por agente de segurana pblica, estar ele no estrito cumprimento de um dever legal. No h que se falar, in casu, em crime contra a liberdade individual praticado pelos mesmos. e) O estrito cumprimento do dever legal foi previsto pelo cdigo penal, porm no recebeu dele uma definio legal, cabendo doutrina estabelecer conceitos e limites. Exemplos desta excludente: oficial de justia que cumpre o mandado de busca e apreenso, subtraindo coisa alheia mvel sem o seu consentimento; o policial que encarcera um assaltante; o fiscal da Receita Federal que apreende mercadorias ilegais etc.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)f) Mesmo em caso de exerccio regular de um direito e estrito cumprimento do dever legal, o agente responder pelo excesso doloso ou culposo. ( PGT - 2008 - PGT - Procurador do Trabalho)Mesmo em caso de exerccio regular de um direito, o agente responder pelo excesso doloso ou culposo. Resposta: correto. 6. Ofendculos

H grande divergncia em relao s OFENDCULAS: se estariam justificadas como exerccio regular de direito ou de legtima defesa, discusso intil, pois em ambos casos levar justificao da conduta. Ofendculos so instrumentos (cerca eltrica, arame farpado, caco de vidro, lanas etc.) ou animais de guarda predispostos para a defesa da de bens jurdicos. So aceitos por nosso ordenamento jurdico, mas o agente deve tomar certas precaues na utilizao desses instrumentos, sob pena de responder pelos resultados dela advindos caso coloque em perigo inocentes.

7.

Consentimento do Ofendido (violenti non fit iniura)

a) gera atipicidade: o dissenso do titular do bem jurdico pertence ao tipo penal. Ex. Estupro; Furto, etc. b) gera excluso da ilicitude: o bem jurdico disponvel. Ex. cirurgia esttica. c) No tem relevncia jurdica: quando o bem jurdico indisponvel. Exemplo: Vida

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)

QUESTES

e) reao a injusta agresso; atual ou iminente; uso dos meios necessrios moderadamente.

1.( FCC - 2009 - TJ-PI - Analista Judicirio) So elementos do estado de

2. ( PGT - 2008 - PGT - Procurador do Trabalho) Na legtima defesa h ao em razo de um perigo e no de uma agresso. 3.( FUNDEP 2005 as pode TJ-MG )

necessidade: a) perigo prprio moderada. b) que ocorra um perigo; que o agente use dos meios moderados e necessrios. c) perigo use iminente; que o agente meios atual; ou de defesa de direito reao

outrem;

Considerando-se legtima defesa

determinaes ser alegada

legais, INCORRETO afirmar que a quando a agresso for praticada por a) indivduos com mais de 70 anos. b) loucos de todo gnero c) quaisquer animais. d) sujeitos considerados imputveis. 4. (POLICIA CIVIL_MG_2007) So requisitos para configurao do estado de necessidade a existncia de situao de perigo atual que ameace direito

defenda um direito legtimo e seu; que moderadamente dos necessrios. d) perigo atual ou iminente; que o agente no o tenha provocado; que no poderia ser evitado.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)prprio ou alheio, causado ou no voluntariamente pelo agente que no tem dever legal de afast-lo. 9. (CESPE PC-PB 2009) Entende-se 5. (CESPE_Juiz A teoria Federal Regio_2007unitria, em legtima defesa quem, usando Substituto_TRF_5 adaptada) moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso atual, iminente, ou futura, a direito seu ou de outrem. 10. ( CESPE - 2009 - DPF) Quanto a tipicidade, punibilidade, julgue os itens a seguir. 6. ( CESPE - 2009 - DPE - AL Defensor Pblico ) Quanto ao estado de necessidade, o CP brasileiro adotou que a s teoria admite da a diferenciao, Para que se configure a legtima defesa, faz-se necessrio ao que a agresso jurdico, sofrida pelo agente seja antijurdica, contrria ordenamento configurando, assim, um crime. 11. (POLICIA CIVIL_MG_2007) No se reconhece como hiptese de legtima defesa a circunstncia de dois inimigos 7. PGT - 2008 - PGT - Procurador do Trabalho) O estado de necessidade pode ser alegado por quem no tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 12. 8. ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judicirio-adaptada dever legal de ) Pode o alegar perigo, estado de necessidade quem tem o enfrentar desde que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito prprio cujo sacrifcio, nas dever (POLICIA legal a CIVIL_MG_2007) realizao, pelo Trata-se de estrito cumprimento de agente, de fato tpico por fora do desempenho de obrigao imposta por lei. que, supondo que um vai agredir o outro, sacam suas armas e atiram pensando que esto se defendendo. ilicitude, culpabilidade e circunstncias, no era razovel exigirse.

diferentemente do que ocorre com a teoria diferenciadora, todo estado de necessidade justificante, inexistindo estado de necessidade exculpante.

incidncia da referida excludente de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor valor que o protegido.

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)13. ( CESPE - 2004 - Polcia Federal Delegado de Polcia ) Em cada um dos itens a seguir, apresentada hipottica, uma seguida situao de uma mdica se determinado a o imediato

encaminhamento do paciente para submeter Luiz, procedimento de Clio, a cirrgico, pois o risco de morte era iminente. irmo expressamente desautorizou

assertiva a ser julgada. Para pessoa em sem prenderem acusada entrara de em de o flagrante homicdio, acusado, busca e os pelo

interveno cirrgica, uma vez que seria necessria a realizao de transfuso de sangue, fato que ia de encontro ao credo religioso dos irmos. Nessa situao, cirrgica agindo o seria no consentimento de Luiz com relao interveno irrelevante, pois os profissionais mdicos estariam exerccio regular de direito. 16. (PGT - 2008 - PGT - Procurador do Trabalho) Mesmo em caso de exerccio regular culposo. 17. (POLICIA CIVIL_MG_2007) No existem causas supralegais de excluso da ilicitude, uma vez que o art. 23 do Cdigo Penal pode ser entendido como numerus clausus. de um pelo direito, excesso o agente ou responder doloso

policiais invadiram uma residncia que danificando a porta de entrada e mandado Nessa no apreenso. policiais situao,

respondero

crime de dano, pois agiram em estrito cumprimento do dever legal, que causa excludente da ilicitude. 14. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, matou Ailton durante uma luta. Nesse caso, em razo da gravidade do fato, a violncia esportiva no ser causa de excluso do crime. 15. (CESPE - 2009 - DPE - AL Defensor Pblico) de Clio um chegou inconsciente e gravemente ferido emergncia hospital particular, tendo o chefe da equipe

18. ( CESPE - 2011 - STM - Analista Judicirio) nacional, No ordenamento de jurdico forma admitem-se,

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)expressa, as causas supralegais de c) existncia de causa de diminuio de pena (art. 121, 1., do Cdigo Penal). d) existncia Penal). e) excludente da inexigibilidade de de circunstncia

excluso de antijuridicidade. 19 ( VUNESP - 2011 - TJ-SP - Juiz) Antnio, depois de provocado por ato injusto de Pedro, retira-se e vai para sua casa, mas, decorridos cerca de trinta minutos, ainda influenciado por violenta emoo, resolve armar-se e voltar ao local do fato, onde reencontra Pedro, no qual a desfere um tiro, Nesta provocando-lhe favor a) excludente da legtima defesa real. b) excludente putativa. da legtima defesa morte.

atenuante (art. 65, III, c, do Cdigo

conduta diversa. 20.( CESPE - 2011 - STM - Analista Judicirio rea Judiciria) Por expressa disposio legal, no h crime quando o agente pratica o fato no exerccio regular de direito ou em estrito cumprimento de dever legal.

hiptese, Antnio pode invocar em seu

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Resumo de Direito Penal para OAB Professor Lcio Valente Aula: 3 (2 parte)

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