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Powerpoint-sintese do Auto da Barca do Inferno
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AUTO DA BARCA DO INFERNO
deGil Vicente
A acção decorre no cais, junto ao rio, onde estão duas barcas que hão-de levar as almas para o Paraíso ou para o Inferno.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
Em cada barca está um arrais na proa: na barca do Paraíso está um Anjo e na Barca do Inferno estão o Diabo e o seu Companheiro.
O FIDALGO
Traz consigo um pajem, símbolo da sua tirania e desprezo pelo povo, um rabo (manto), símbolo da sua classe social, e uma cadeira de espaldas que representa a sua falsa religião.
É altivo, presunçoso, tirano e infiel.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Fidalgo – Sou fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
Anjo – Não vindes vós de maneira pera ir para neste navio.
Essoutro vai mais vazio
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo o vosso senhorio.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O ONZENEIRO
Traz consigo um bolsão, símbolo do seu pecado em vida. O Onzeneiro é aquele que vive do juro exorbitante (onze por cento) aplicado aos empréstimos de dinheiro.
É avarento e ambicioso.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Onzeneiro – Eu para o Paraíso vou.
Anjo – Pois cant’eu mui fora estou de te levar para lá.
Essa barca que lá estáVai para quem te enganou.Onzeneiro – Porquê?
Anjo – Porque esse bolsão Tomará todo o navio. Onzeneiro- Juro a Deus que vai
vazio!Anjo – Não já no teu coração.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O PARVO
Não traz consigo qualquer símbolo cénico. É um pobre de espírito, um simples. É essa simplicidade que o salva, pois se errou em vida não o fez de forma premeditada, o que fez não foi por mal.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
(…)
Anjo – Tu passarás, se quiseres;
porque em todos teus fazeres
per malícia nom erraste.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O SAPATEIRO
Entra em cena com o seu avental e carregado de formas, símbolo da sua profissão e dos seus pecados, pois roubava o povo com o seu ofício. É desonesto e falso, pois acredita que se salva apenas porque rezou muito, fez donativos à igreja e morreu confessado e comungado.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Diabo – Santo sapateiro honrado!
Como vens tão carregado?
Sapateiro – Mandaram-me vir assi….. (…)
Diabo – E tu morreste
excomungado:
nom o quiseste dizer.
Esperavas de viver;
calaste dous mil enganos.
Tu roubaste bem trint’anos
o povo com teu mester.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O FRADE
Entra em cena a cantar e a dançar com uma moça, traz consigo um broquel (escudo), uma espada e um casco (capacete). É um frade que viveu os prazeres mundanos típicos da vida da corte, sem se preocupar com a prática religiosa, com os princípios da sua condição social, pois acreditava que o hábito que vestia o salvaria.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Frade – Deo gratias! Som cortesão.
Diabo – Sabês também o tordião?
Frade – Porque não? Como ora sei!
Diabo – Pois, entrai! Eu tangerei
e faremos um serão.
Essa dama é ela vossa?
Frade – Por minha la tenho eu,
e sempre a tive do meu.
Diabo – (…) E não vos punha lá grosa
no vosso convento santo?
Frade – E eles fazem outro tanto!”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
A ALCOVITEIRA
A Alcoviteira, de seu nome Brízida Vaz entra em cena trazendo consigo as moças que vendia e outros apetrechos da sua profissão: seiscentos virgos postiços, jóias e vestidos roubados, uma casa movediça, um estrado de cortiça e dois coxins.
Na época a Alcoviteira era aquela que servia de intermediária nos amores. No fundo, angariava jovens para a prostituição.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Alcoviteira –
Eu sou aquela preciosa
que dava as moças a molhos, a que criava as meninas para os cónegos da Sé…”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O JUDEU
O Judeu chega ao cais com um bode às costa, símbolo do seu apego à religião. O bode era imolado nos sacrifícios rituais da sua religião, por isso não se queria separar dele.O Judeu é um fanático religioso.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Judeu – Passai-me por meu dinheiro.
Diabo – E o bode há cá de vir?
Judeu – Pois também o bode há-de ir.
Diabo – Que escusado passageiro.
Judeu – Sem bode como irei lá?
Diabo – Nem eu nom passo cabrões.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O CORREGEDOR E O PROCURADOR
O Corregedor e o Procurador são os representantes da justiça e chegam ao cais carregados de processos, de livros e com uma vara na mão. São corruptos e ladrões, pois aplicam a justiça de forma parcial e recebem subornos em troca das suas decisões judiciais. São vaidosos, pois orgulham-se da posição que ocupam na sociedade e até falam em latim para se distinguir dos outros.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
O ENFORCADO
O Enforcado é um ladrão que foi condenado à forca. Por isso surge em cena com uma corda ao pescoço.Porém, está convencido que vai para o Céu, pois Garcia Moniz, Mestre da Balança da Moeda de Lisboa, disso o convenceu. No fundo, o Enforcado é um simples, um ingénuo, confiante e facilmente influenciável.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
“Diabo – Venhais embora, Enforcado!”
Que diz lá Garcia Moniz?
Enforcado – Eu te direi que ele diz:que fui bem-aventurado em morrer
dependurado como tordo na buiz e diz que os feitos que eu fiz me fazem canonizado.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
OS QUATRO CAVALEIROS
Eis que chegam ao cais Quatro Cavaleiros, cantando, trazendo consigo a Cruz de Cristo. Os Quatro Cavaleiros morreram a lutar pela Fé, o que lhes dá entrada directa no Paraíso. Por isso dirigem-se logo à Barca do Paraíso e o Anjo recebe-os com grande alegria.
AUTO DA BARCA DO INFERNO
Cavaleiros – “À barca, à barca segura, barca bem guarnecida, à barca, à barca da vida!
AUTO DA BARCA DO INFERNO
Anjo – Ó Cavaleiros de Deus,a vós estou esperando,que morrestes pelejandopor Cristo, Senhor dos Céus!Sois livres de todo o mal,mártires da Madre Igreja, que quem morre em tal pelejamerece paz eternal.”
AUTO DA BARCA DO INFERNO
FIM
Powerpoint preparado pelos professores da equipa da Biblioteca da Escola Sec./3 de PinhelCaracterização das personagens: Prof. Cândida Carlos
As imagens são das seguintes obras:
AUTO DA BARCA DO INFERNO
Pais, Amélia Pinto, ed. lit - Auto da Barca do Inferno (edição escolar). 2ª ed., 1ª tir. Porto : Areal Editores, 2000. 143, [1] p ; 16 cm.
Pinto,Elisa Costa e Baptista, Vera Saraiva, Plural; Lisboa Editora, 2004.