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AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS Resumo O presente trabalho visa apresentar a relação entre autoestima e aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos, bem como seus efeitos.Inicia com conceitos de Andragogia, de Pedagogia e a diferença entre amboscomo modelos de ensino. Traz o conceito de EJA, seus amparos legais, destaca conhecimentos sobre os modos de ser do aluno adulto, de agir, como ocorre seu processo de aprendizagem e os conceitos de autoestima, de autoconceito, autoimagem e de autoeficácia, bem como a atuação da autoestima e da baixa autoestima em toda a vida do educando, principalmente em seu processo ensinoaprendizagem. Destaca a influência dos âmbitos familiar e escolar na vida do aluno adulto: como ambas, através de uma fundamental parceria participativa na vida do educando, ainda que esse seja adolescente ou adulto, podem contribuir para o sucesso na aprendizagem do mesmo com incentivo às capacidades através do afeto que, por sua vez, eleva a autoestima, pois tais instituições devem proporcionar condições saudáveis ao indivíduo, dando-lhe uma vida feliz e saudável especialmente no âmbito emocional e segurança diante das adversidades do cotidiano. Além disso, dar-lhe respeito, afeto e ensinar o mesmo a amar e respeitar seu próximo. Metodologia Este trabalho trata, à princípio, de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores utilizados na realização desse trabalho foram: A BÍBLIA SAGRADA COM ORIENTAÇÕES DE SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E ESPIRITUAL, 2008; BELLAN, 2005; BOSSA, 2000; COSTA, 2006; CUNHA, 2008; CURY, 2003; FERNANDEZ, 2001; FREIRE, 1993; JUSANI, 2009; KROTH, 2009; LIBÂNEO, 1990; MOYSÉS, 2007; MURANETTI, 2007; PIMENTEL, 2006; PORTO, 2009; SALTINI, 2008; SCOZ, 1987; entre outros recursos didáticos.

Autoestima e Aprendizagem Na Educação de Jovens

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Autoestima e Aprendizagem

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AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS

Resumo

O presente trabalho visa apresentar a relação entre autoestima e aprendizagem na

Educação de Jovens e Adultos, bem como seus efeitos.Inicia com conceitos de

Andragogia, de Pedagogia e a diferença entre amboscomo modelos de ensino. Traz o

conceito de EJA, seus amparos legais, destaca conhecimentos sobre os modos de ser do

aluno adulto, de agir, como ocorre seu processo de aprendizagem e os conceitos de

autoestima, de autoconceito, autoimagem e de autoeficácia, bem como a atuação da

autoestima e da baixa autoestima em toda a vida do educando, principalmente em seu

processo ensinoaprendizagem. Destaca a influência dos âmbitos familiar e escolar na

vida do aluno adulto: como ambas, através de uma fundamental parceria participativa na

vida do educando, ainda que esse seja adolescente ou adulto, podem contribuir para o

sucesso na aprendizagem do mesmo com incentivo às capacidades através do afeto que,

por sua vez, eleva a autoestima, pois tais instituições devem proporcionar condições

saudáveis ao indivíduo, dando-lhe uma vida feliz e saudável especialmente no

âmbito emocional e segurança diante das adversidades do cotidiano. Além disso, dar-lhe

respeito, afeto e ensinar o mesmo a amar e respeitar seu próximo.

Metodologia

Este trabalho trata, à princípio, de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores

utilizados na realização desse trabalho foram: A BÍBLIA SAGRADA COM

ORIENTAÇÕES DE SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E ESPIRITUAL, 2008;

BELLAN, 2005; BOSSA, 2000; COSTA, 2006; CUNHA, 2008; CURY, 2003;

FERNANDEZ, 2001; FREIRE, 1993; JUSANI, 2009; KROTH, 2009; LIBÂNEO,

1990; MOYSÉS, 2007; MURANETTI, 2007; PIMENTEL, 2006; PORTO, 2009;

SALTINI, 2008; SCOZ, 1987; entre outros recursos didáticos.

SUMÁRIO

Introdução 8

Capítulo I – Educação de Jovens e Adultos 10

Capítulo II – Andragogia e aluno adulto 18

Capítulo III – Escola e família na EJA: um olhar psicopedagógico 26

Conclusão 35

Bibliografia 37

Folha de avaliação 41

Introdução

“Uma das condições para se conseguir o bem-estar satisfatório

consigo mesmo e com os outros é a autoestima.”

O tema deste estudo é a influência da autoestima oriunda da família e da escola na

Andragogia, que é a ciência que estuda a aprendizagem de adultos, bem como

apresentar a baixa autoestima como causa pertubadora do processo ensinoaprendizagem

de jovens e adultos.

A questão central deste trabalho é alertar a família e a escola para despertarem o desejo

pelo saber, estimularem as potencialidades de jovens e adultos através da afetividade e

da confiança, fazendo com que eles e sintam-se capazes de romper barreiras, realizar

sonhos, levando-os, assim, à satisfação profissional e pessoal.

Problemas de aprendizagem são consequências de variados conflitos eum dos maiores é

a baixa autoestima, decorrente da falta de amor: amor da família, dos amigos (dentro e

fora da escola, incluindo os profissionais da educação). Daí a preocupação em usar a

afetividade como uma “arma” para alcançar resultados especiais em relação à

aprendizagem na Andragogia.

O tema sugerido é de grande relevância, pois o aluno da EJA, amado e acolhido, tem

um auto-conceito bem construído, o que faz com que ele se sinta bem consigo mesmo,

esteja mais fortalecido diante dos obstáculos da vida e saiba que é alguém capaz de

aprender o que quiser e conquistar o seu espaço na sociedade que, por sua vez, sofre

transformações numa velocidade cada vez

maior e exige da humanidade uma bagagem cultural cada vez mais ampla.

Para obter êxito junto ao aluno da EJA rumo à aprendizagem, é válido conhecer quem é

o indivíduo que procura a Educação de Jovens e Adultos: os motivos que não o

permitiram concluir seus estudos na idade regular, seus objetivos ao retomarem os

estudos, seus sonhos, experiência de vida e maneira particular de buscar conhecimento,

pois tais informações auxiliam o ensinante (todo aquele que ensina) na orientação de

seus aprendentes (todo aquele que está disposto a aprender).

É interessante, também, estar ciente a respeito da diferença entre Pedagogia e

Andragogia, ciências que cuidam do ensino, sendo que a última cuida do ensino de

adultos, ao passo que a primeira cuida do ensino infantil, bem como estar ciente a

respeito do significado da palavra aprendizagem e como ela ocorre, principalmente no

universo dos jovens e dos adultos.

Conhecer a definição de auto-conceito e suas divisões (autoestima, autoimagem e

autoeficácia) ajuda a esclarecer a relação entre o bem-estar do indivíduo e a

aprendizagem, tanto de forma positiva quanto de forma negativa.

É importante que pais e responsáveis aprendam a ajudar a resgatar e reconstruir a

autoestima do aluno da EJA para que o mesmo tenha interesse em aprender, traçar

objetivos positivos para sua vida e conquistá-los, demonstrando amor por esses alunos e

interesse em ajudar no resgate e na realização de seus sonhos, ainda que o aprendente

seja alguém responsável pelos seu atos, como é o caso do aluno da EJA. A mesma

importância se dá à participação dos profissionais da educação que, ainda que tenham

difíceis condições de trabalho, precisam, também, ser conscientes quanto a sua

responsabilidade de ensinar, de uma autoestima bem trabalhada para oferecerem uma

aprendizagem prazerosa através da afetividade, do respeito mútuo, e uma metodologia

voltada para os interesses do aluno adulto, o que demonstra interesse e respeito por suas

idéias.Tal proposta visa, também, alcançar sucesso no processo ensinoaprendizagem.

São, portanto, os objetivos desta pesquisa: Conceituar Andragogia; conceituar auto-

conceito, autoestima, autoimagem e autoeficácia e discutir seus efeitos positivos e

negativos; apresentar a relação entre autoestima, baixa autoestima e aprendizagem na

EJA e enfatizar a importância da família e da escola no resgate da autoestima com o

propósito de alcançar aprendizagem de

jovens e adultos.

CAPÍTULO I

ANDRAGOGIA E ALUNO ADULTO

1.1- Andragogia

A Andragogia, termo de origem grega que significa formação de adultos e usado pela

primeira vez pelo educador alemão Alexander Kapp em 1833, nomeia a ciência que tem

como público alvo o aluno adulto.

Malcolm Knowles, educador, em 1950, começa a formular uma

Teoria de Aprendizagem de Adultos. Na década de 60, tem o

primeiro contato com o termo Andragogia por um educador

yuguslavo, num Workshop na Universidade de Boston. (BELLAN,

2005, p. 23).

Segundo Knowles, a Pedagogia, que é a ciência que cuida do ensino de crianças, exige

que os alunos se ajustem aos currículos estabelecidos. Propõe uma aprendizagem

imposta pelo professor e o aluno torna-se o objeto do ensino. Método inverso do que

propõe a Andragogia, que sugere currículos construídos de acordo com as necessidades

dos alunos adultos, baseados em suas

experiências anteriores e suas condições de vida e de trabalho, com conteúdos que

podem ser aplicados ao seu cotidiano. O aluno deixa de ser objeto e passa a ser o sujeito

do ensino. Professor e alunos pensam juntos e se enriquecem, pois ambos alcançam

conhecimentos nessa jornada.

A Andragogia é praticada nos cursos universitários, nas empresas para a implantação

em planejamento estratégico, marketing, comunicação, processos de qualidade, etc. e

na EJA (Educação de Jovens e Adultos).

1.2- EJA

A Educação de Jovens e Adultos, outrora denominada de Ensino Supletivo, reingressa

os maiores de quinze anos no Ensino Fundamental (C.A. ao 9º ano) e os maiores de

dezoito anos no Ensino Médio que não tiveram acesso à educação na idade devida, na

maioria das vezes no ensino noturno (Artigo 208, inciso I da Constituição Federal; Lei

nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, arts. 37 e 38 seção V; Lei 10.172/2001, que

aprovou o Plano Nacional de Educação; Resolução CNE/CEB nº 02/1998 e Parecer

CNE/CEB nº 04/1998, que estabelecem as Diretrizes Curriculares Nacionais para

Ensino Fundamental).

A interrupção escolar ocorre por diversos fatores: a necessidade de trabalhar ainda na

infância para ajudar no sustento de suas famílias, casamentos precoces, fracasso escolar,

entre outros.

A educação de adultos chega ao Brasil com os padres jesuítas em 1549, com o objetivo

de catequizar e instruir nativos e colonizadores.

Torna-se oficial no Brasil em 1945, com o Decreto nº 19.513 de 25 de agosto de 1945.

O ensino de jovens e adultos acontece nas escolas das redes pública e privada.

Cada fase (como costuma-se denominar cada série) tem duração semestral ou anual,

com cursos presenciais e semi-presenciais. Estes são oferecidos nos Centros de Estudos

Supletivos (CES) e Núcleos Avançados dos Centros de Estudos Supletivos (NACES),

através de uma avaliação contínua, com apostilas como recursos didáticos.

A EJA é vista por muitos como solução para a exclusão e para a desigualdade social,

como pagamento de uma dívida da sociedade para com os analfabetos e as pessoas com

escolaridade interrompida.

Há uma necessidade de formação acadêmica que privilegie o trabalho do professor com

o ensino de jovens e adultos. A formação docente é dirigida para o ensino de crianças e

adolescentes e propõe uma metodologia que se torna ineficaz no universo do aluno

adulto, pois o mesmo aprende de formas diferentes.

1.3- O ALUNO ADULTO

O aluno adulto possui faixa etária diversificada: uma mesma classe recebe desde

adolescentes até idosos. Esses educandos têm níveis de ensino diferentes e são

trabalhadores, desempregados, donas-de-casa, portadores de necessidades especiais, de

origem rural e urbana, de etnias diferentes, entre outras, que buscam diferentes

objetivos: realização pessoal, aumento da autoestima, afirmação e promoção

profissional, continuidade nos estudos até chegar ao Ensino Superior, aquisição de

leitura da Bíblia, participação políticosocial em seu meio, etc. Tiveram parte de suas

vidas roubada por uma sociedade desigual, excludente e, como todos, eles merecem a

chance de recomeçar. É aquele que tem capacidade de decidir o que fazer com sua vida

e de assumir as responsabilidades pelos seus atos, pois tem maturidade suficiente para

tais atitudes adquirida através de experiências vividas negativas e positivas. É válido

lembrar que maturidade ocorre independente de idade cronológica, isto é, existem

adolescentes quarentões e adultos com apenas quinze anos de idade. É aquele que tem

sede de conhecer, decide o que quer conhecer, possui senso crítico, ou seja, é um ser

pensante, capaz de produzir ideias que surgem nas mais diversas conversas e

observações. Quer ter alguém que ouça, aceite e avalie suas produções; alguém que

reconheça suas capacidades. Muitas vezes suas ideias não aparecem porque se sentem

inibidos diante de pessoas mais cultas.

O número de jovens na EJA é crescente desde a década de 90, devido à legislação que

permitiu a entrada desses jovens a partir dos quinze anos de idade.Por isso, existem

nesse meio alguns alunos que vão à escola por imposição da família, mas não é maioria.

O homem está sempre em processo de se educar, pois a sociedade sofre mudanças

constantes e velozes, ou seja, o aumento da procura por educação formal está vinculado

ao dinamismo atual do mercado de trabalho, o que exige domínio da ciência e outros

conhecimentos sobre produção e consumo.

Logo, a sociedade educa o homem conforme seus interesses, a fim de que o mesmo

busque fins coletivos, ou seja, benefícios para si e para seu meio, o que faz com que a

capacidade de trabalho e a reflexão acerca do cotidiano também sofram mudanças cada

vez mais rápidas. Daí a necessidade de cursos organizados com uma metodologia que

promova a união entre os conteúdos curriculares e as experiências pessoais do

indivíduo, com o intuito de estimular o prazer pelo saber, propiciar-lhe uma melhor

compreensão e visão da realidade, condições de transformá-la e de transformar a sua

trajetória de vida.

As mudanças velozes no mundo do trabalho fazem o trabalhador, também, ampliar sua

escolaridade (desde a alfabetização até o ensino superior) não só para conseguir

ascensão profissional, mas para não perder seu emprego. Para o aluno da EJA o trabalho

é, quase sempre, um motivo de abandonar a escola e, ao mesmo tempo, um motivo de

retomada dos estudos.

A educação formal proporciona ao aluno adulto níveis culturais mais altos que se

aliarão às suas ideias enriquecidas pela sua atuação no processo político da sociedade.

Assim, ainda que seja educado para buscar fins comuns, esse indivíduo aprende por que

e como deve participar mais ativamente de seu meio, além de colaborar para a

transformação desse meio. Ainda que analfabeto, tal condição não impede seu

cumprimento de dever social. A educação faz com que esse se torne importante como

um ser consciente de seus direitos e deveres na sociedade. A escola deve ser um espaço

para a formação de cidadãos, pois a

aluno, ainda que adulto, além de aprender os conteúdos curriculares, aprende lições de

cidadania, solidariedade, justiça social e postura crítica diante de sua realidade,

aprendendo a se relacionar com o seu próximo e a respeitá-lo, bem como ao meio que

os cerca.

Tornando-se gente, o indivíduo qualifica-se como ser social, pronto

a contribuir para o seu país, para a sociedade: um ser livre e

criativo que busca, critica, renova, entende, pensa e possui as

estruturas necessárias para que possa integrarse à sua família, ao

seu Estado. Enfim, ele é um ser que se relaciona em uma trama de

desafios, cooperações e, principalmente, competições. (SALTINI,

2008, p. 126).

Há aqueles que, infelizmente, não desejam mudar de vida positivamente. Procuram a

escola visando outros benefícios, inclusive materiais, sem o menor interesse pelo

conhecimento ou deixam a escola esquecida. Atitude que merece respeito, o que não

significa omissão de idéias por parte do ensinante, idéias que dão oportunidades ao

aprendente de comparar, escolher e decidir.

É errôneo o adulto analfabeto ser visto como atrasado e infantilizado porque,

culturalmente, seu crescimento mental parou durante a infância. Isso é negar que o

adulto já possui sua consciência a respeito da sociedade adquirida através do seu

trabalho na mesma e que o adulto possui capacidade de aprender, ainda que não tenha

domínio das letras. Tal visão leva ao uso de métodos de ensino inadequados, como

cartilhas infantis para alfabetização, por exemplo.

Partindo do princípio de que o adulto analfabeto é um ser pensante e atuante no mundo,

é um erro, também, concluir que o analfabeto não sabe ler. A necessidade de conhecer

as letras é algo imposto pelo trabalho, para conhecimento das técnicas do mesmo. O

indivíduo não chega analfabeto à idade adulta por vontade própria, e sim por imposição

da sociedade. É de caráter social. O conhecimento de mundo que o aluno adulto leva

para a escola vem da observação deste mundo e da reflexão, que forma opiniões. É a

chamada leitura de mundo.

Para que haja sucesso na educação infantil, uma das condições necessárias é incentivar

o ensino de adultos, pois o adulto escolarizado torna-se mais produtivo para o seu meio

e compreende melhor a importância da educação formal para seus filhos. Conclui-se

que a educação de adultos deve ser feita paralelamente à educação infantil para que esta

última tenha êxito, tanto para o educando quanto para o futuro da humanidade.

O aluno adulto traz em sua bagagem as mais diversas experiências adquiridas dentro e

fora da escola, através das suas mediações com o ambiente, das experiências de outras

pessoas e em frequências escolares anteriores, pois, apesar de seu prestígio social, a

escola não é a detentora do saber, o que faz com que o ensino mútuo entre professor e

aluno seja mais amplo quando ambos têm grande liberdade para compartilhar

experiências. Histórias essas que, em alguns casos, deixam marcas profundas em seu

interior e repercutem em seu caminhar ao longo da vida, fazendo com que o mesmo

desvalorize a si mesmo e não perceba sua capacidade de conhecer e transformar a si

mesmo.

Esse ser independente, autodirecionável, deseja um aprendizado voltado para os seus

interesses, o que inclui o aluno adulto estar bem consigo mesmo, conhecer e acreditar

em seu potencial intelectual. Precisa ser elogiado para ter auto-confiança e otimismo.

Precisa ter a sua sede de saber estimulada, pois exercita o raciocínio lógico e a reflexão.

O sentido da aprendizagem para o aluno adulto está em ter alguém para valorizar seus

conhecimentos anteriores, usá-los e alcançar novos conhecimentos que sejam úteis para

sua vida e façam com que o adulto conquiste seus objetivos.

Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os medos, os

desejos dos educandos, crianças, jovens ou adultos, os educadores e

educadoras populares têm neles um ponto de partida para a sua

ação. Insista-se, um ponto de partida e não de chegada. (FREIRE,

1993, p. 16).

Entre exemplos de motivação externa encontram-se as classificações escolares e as

apreciações do professor. Já entre as motivações internas encontram-se qualidade de

vida, satisfação, autoestima, etc. O trabalho com esta implica o despertar, no aluno

adulto, o desejo pela aprendizagem através da motivação emocional, fazendo com que o

adulto sinta-se aceito por todos e com as mesmas capacidades intelectuais e emocionais.

Uma boa autoestima resulta num bom desempenho. Este, por sua vez, contribui para

uma boa autoestima.Portanto, ambos caminham de mãos dadas num percurso onde não

há um início nem um fim.

Toda a sociedade pode contribuir para uma boa autoestima do cidadão, mas esse

trabalho deve iniciar-se na família e na escola desde a infância, cultivando o amor e o

respeito na criança, ensinando-a a transmitir esses sentimentos e estimulando suas mais

diversas potencialidades, inclusive a sua sensibilidade, com bons conselhos e palavras

de encorajamento. Deus utilizou a palavra para criar, para encorajar. O poder da palavra

edifica, renova, anima, eleva a autoestima e o amor-próprio do indivíduo.

O afeto é necessário para impulsionar a busca pelo conhecimento, estabelece a

aproximação entre o indivíduo e seu objeto de estudo. A emoção mobiliza o

pensamento que, por sua vez, faz gerar o conhecimento. O afeto exerce influência,

também, no ato do indivíduo buscar ou evitar pessoas e experiências. Esse despertar da

afetividade precisa ser visto com muita atenção na EJA, pois essa recebe alunos que são

filhos de lares conflituosos e que tiveram (ou têm) conflitos familiares em seus próprios

lares, ambientes que não são saudáveis para ninguém, entre outras situações que geram

baixa autoestima. O resultado desses desajustes é a carência afetiva, dificuldade de

adaptação em grupo, desconhecimento de seus direitos e seus deveres, rejeição e

dificuldades de concentração. Tais desajustes têm como consequência as dificuldades de

aprendizagem.

O ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve ser a

emoção. Como vimos, a emoção do aprendente apropria-se do que

será apreendido e, desta forma, o afeto atua no início do processo de

aprendizagem para canalizar a atenção e no final para ajudar a

memória no resgate das informações. (CUNHA, 2008, p. 44).

Jornada de trabalho excessiva, situações de subemprego e de desemprego são situações

desestimulantes e fazem com que o adulto não planeje seu futuro.

É necessário que o aluno da EJA tenha em mente que ele não é inferior ao aluno do

Ensino Regular, pensamento que impera na mente de muitos e deve ser grande motivo

de preocupação. Tal pensamento deve-se ao fato de que a EJA tem uma carga horária

menor quando é constituído de fases semestrais e, consequentemente, oferece menos

conteúdo, o que não significa que a EJA tenha uma oferta de ensino inferior. Ele deve

ter em mente que merece a mesma qualidade de ensino e a mesma atenção que merece o

aluno de qualquer outra modalidade de ensino.

A sua eventual passagem pela escola, muitas vezes, foi marcada pela

exclusão e/ou pelo insucesso escolar. Com um desempenho

pedagógico anterior comprometido, esse aluno volta à sala de aula

revelando uma autoimagem fragilizada, expressando sentimentos de

insegurança e de desvalorização pessoal frente aos novos desafios

que se impõem. (COLEÇÃO TRABALHANDO COM A

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, VOL. 1, 2006, p. 16)

É tarefa de toda a sociedade, em especial dos educadores, trabalhar o indivíduo na sua

totalidade, explorar todo o seu potencial, desenterrar talentos além dos trabalhados pela

escola. Ao mesmo tempo, tendo o cuidado de não incentivar o narcisismo e a

onipotência. O casamento entre ensino e autoestima deve visar o apoio e o resgate da

identidade dos educandos, e não formar seres onipotentes. Algumas dicas para que este

trabalho possa ser desenvolvido e alcançar êxito serão apresentadas nos capítulos

seguintes.

CAPÍTULO II

AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA EJA

2.1- O que é autoestima?

O conceito de autoestima é melhor compreendido quando é

conhecido, de início, o auto-conceito e seus constituintes.

O auto-conceito resulta na avaliação que o indivíduo faz de si mesmo e divide-se em

auto-conceito real (avaliação real de si mesmo) e avaliação ideal (como o indivíduo

gostaria de ser).

O auto-conceito tem seus constituintes que são: a autoimagem, que é o que o indivíduo

pensa a respeito de si mesmo; a autoeficácia, que diz respeito à confiança do indivíduo

na sua capacidade de realizações, de compreensão e a autoestima, objeto de estudo

nesse trabalho, relacionado à aprendizagem de jovens e adultos, que diz respeito ao que

a pessoa sente diante de suas conclusões a respeito de si mesmo.

O sentimento de valor que acompanha essa percepção que temos de

nós próprios se constitui na nossa autoestima. Ou seja, ela é a

resposta no plano afetivo de um processo originado no plano

cognitivo. É a avaliação daquilo que sabemos a nosso respeito:

gosto de ser assim ou não? (MOYSÉS, 2007, p. 18).

O auto-conceito origina-se de fatores externos e internos que rodeiam o indivíduo. Os

fatores internos são tudo aquilo que as influências externas plantam no seu interior, ou

seja, são internalizações e, ao juntarem-se com a bagagem trazida por esse, produz os

mais diversos resultados na construção da identidade do mesmo, ou seja, os efeitos

negativos ou positivos são maiores na vida de algumas pessoas e menores na vida de

outras. O que estas ouvem a seu respeito pode colaborar para a raiz do seu auto-

conceito, aliado às avaliações de ordem psicológica cognitiva, motor e física. Ao

internalizar avaliações negativas vindas do ambiente externo, o indivíduo passa a se

comportar tal qual a avaliação negativa dita. Uma pessoa que cresce ouvindo que ela

não presta, por exemplo, passa a pensar e a se mostrar para a sociedade como uma

pessoa que realmente não presta.

As internalizações surgem nas relações grupais, onde o ser humano descobre o mundo

através da interação com o outro. Inicia com a relação mãe/filho e se diferencia

conforme as diversas fases da vida.

Para os psicólogos interacionistas, as características de um indivíduo são construídas

desde o nascimento, através da interação com o meio que o cerca. Por isso, o meio é o

responsável pela formação moral e cultural do indivíduo. Segundo Vygotsky, um

interacionista, as experiências anteriores dos adultos interferem no modo de agir da

criança no seu ambiente, o que ocasiona uma internalização das orientações

transmitidas. A internalização das informações obtidas faz com que a criança tenha suas

funções psicológicas (percepção, atenção, memória e capacidade para solucionar os

problemas) modificadas e influencia seus conceitos sobre si mesmo e sobre o mundo,

levando-a se aplaudir diante do sucesso e a ser severa consigo mesma diante de

seus fracassos.

Henri Wallon, psicólogo francês, também visa a construção do indivíduo nas suas

interações com o meio com contribuição para a educação. Para Wallon, o indivíduo só

se percebe diferenciado através das interações sociais. Quando recém-nascido, não

percebe tão diferenciação por, ainda, não estabelecer contatos suficientes com seu meio.

A maneira como o indivíduo se dirige aos outros que o rodeia é chamado por Pichon-

Rivière, psiquiatra e psicanalista suíço, de expressão de vínculo. Segundo esse, é uma

relação particular do indivíduo com o objeto.

“Vínculo é uma estrutura dinâmica, acionada por motivações

psicológicas, que acompanham o ser humano por toda a sua

história, que pode ser revivida através da Transferência”.(REVISTA

PSICOPEDAGOGIA – 18, 1999, p. 40).

A Psicanálise trata a relação entre o auto-conceito mal construído e a construção da

subjetividade como algo não facilmente reversível. Exige um trabalho de maior

profundidade para se ter acesso às lembranças inconscientes que se expressam sobre

forma de insegurança, ansiedade e baixa autoestima.

Quando o sujeito internaliza traços de alguém valorizado, passa a se comportar como

ele. Tal processo é denominado pela Psicanálise de identificação, que é um dos métodos

que ajuda o indivíduo a vencer seus conflitos. Faz, também, com que o indivíduo

identifique no outro, traços negativos que não deseja para si nem para ninguém. É com

o outro que um indivíduo aprende tudo aquilo que ele quer e o que não quer nem para si

nem para o próximo.

A autoestima é um dos fatores de ordem interna que motivam o adulto para a

aprendizagem, juntamente com satisfação, qualidade de vida, etc., pois é fruto de

interação social que propicia o acesso à cultura através da troca de experiências, de

informações, ou seja, o fortalecimento do vínculo resulta em aprendizagem. A

autoestima é como o indivíduo se sente diante da avaliação que faz de si mesmo.

Portanto, um constituinte afetivo do auto-conceito. Referese ao modo do indivíduo

interagir com o ambiente e consigo mesmo. É a responsável pela sua felicidade e pelos

seus dramas. Quem tem boa autoestima gosta e confia em si mesmo. É se sentir capaz

de enfrentar a vida com mais confiança e otimismo. É ser mais criativo em tudo o que

faz e sentir prazer diante de suas realizações. Tudo isso deve ser cultivado desde a

infância, amando e desejando a criança desde a sua concepção e proporcionando-a um

ambiente afetuoso e confiável (família, escola, amizades), pois as emoções contidas

nesse ambiente farão com que as emoções do indivíduo se manifestem, o que para

Rivière, tem uma importância decisiva para a boa interação do grupo social. Assim, a

criança se tornará um adulto que se vê como digno de receber e dar amor para que não

tenha problemas de relacionamentos, que reconhece seu valor e suas potencialidades.

Logo, não se deixa abater pelas referências negativas externas. Amar é a peça-chave na

construção da autoestima.

Todas as pessoas almejam algo de bom. Provavelmente o sentido da

felicidade, por ela ser subjetiva, seja particular e única para cada

ser humano. Muitos fatores podem ser considerados como pilares

para que alguém seja feliz, deve haver uma certa unanimidade em

temas como saúde, escola, realização profissional, experiências

afetivas e positivas. Uma das condições para se conseguir o

bemestar satisfatório consigo e com os outros é a

autoestima. (KROTH, 2009, p. 2).

2.2- Efeitos da autoestima e da baixa autoestima

A autoestima é a base para todos os relacionamentos e para todas as situações da vida.

Envolve relacionamento do indivíduo com Deus, consigo mesmo e com os outros.

Quem se sente amado e protegido, tem autoestima e tem confiança em suas

capacidades, em suas habilidades; é saber que está pronto para os desafios da vida e que

tem todo o direito de realizar seus sonhos e alcançar sua felicidade.

Enquanto a autoestima faz a pessoa se sentir confiante e a leva ao seu sucesso pessoal e

profissional, a baixa autoestima, desencadeada por múltiplos fatores, produz sensação

de abandono, solidão e não permite que o indivíduo busque e conquiste seu espaço na

sociedade, que ele desenvolva seus talentos.

Características da pessoa com baixa autoestima:

-A pessoa não luta pelos seus direitos e se submete às imposições sem o menor

questionamento;

-não tem auto-confiança para argumentar sobre suas idéias;

-faz com que a criança se torne um adulto que não sabe superar os momentos difíceis da

vida;

-não sabe lidar com as críticas, pois não entende que essas contribuem para o seu

crescimento e não a deixa ver o que não está precisando mudar em sua vida;

-tem dificuldade de dizer não, pois tem medo de ser rejeitado, de não agradar;

-não consegue delegar poderes;

-o indivíduo com autoestima baixa acha que vale pelo que tem e não pelo que é;

-tem medo de mudanças, do desconhecido;

-não aceita seus próprios erros e os dos outros;

-sofre por antecipação por achar que não vai dar conta do que deve ser feito;

-pede licença para estar no mundo, pede desculpas o tempo todo por achar que está

sempre incomodando;

-é uma pessoa que não sabe receber elogios. Alguém diz: -Você está linda.

Ela responde: -Que nada, são seus olhos. Acha que não merece.

“A resistência da pessoa diante das adversidades da vida diminui.

(...) E os fatores negativos de sua vida têm mais poder sobre ela do

que os positivos”. (DICAS DE SAÚDE EMOCIONAL, 2008. p. 63).

Triste e preocupante é quando a baixa autoestima transforma-se em violência, ou seja,

leva o indivíduo para as gangues, que proporcionam identidade e reconhecimento aos

jovens. Jovens e adultos, mesmo que tenham nível socioeconômico elevado, entram

para o mundo do crime porque não receberam o amor dos pais na infância e agora

querem chamar a atenção deles arriscando-se, buscando emoções perigosas.

Uma das contribuições da educação deve consistir em gerenciar emoções e

pensamentos, ou seja, orientar o educando no sentido de conhecê-las e filtrá-las; de

controlar o medo, a ansiedade e a insegurança, não permitindo que esses sentimentos

ocupem o primeiro lugar na mente. O objetivo de tal orientação é prevenir doenças

depressivas e ansiosas, que geram a agressividade, que por sua vez, gera baixa

autoestima. Controlar as emoções e os pensamentos não significa fugir deles. A união

entre a psiquiatria, a psicologia e a educação tem muito a contribuir com esse

procedimento preventivo.

Gerenciar a emoção é o alicerce de uma vida encantadora. É

construir dias felizes, mesmo nos períodos de tristeza. É resgatar o

sentido da vida, mesmo nas contrariedades. Não há dois senhores:

ou você domina a energia emocional ainda que parcialmente, ou ela

o dominará. (CURY, 2003 p. 21).

Conflitos socioeconômicos e culturais também contribuem para uma auto-

desvalorização, juntamente com os conteúdos já trazidos na mente humana. Diferenças

raciais e culturais podem surgir no calor de uma discussão, em formas de brincadeiras e

tocarem fundo no coração de um indivíduo, o que pode transformar-se na autoavaliação

do mesmo. O ser humano influencia e é influenciado pelo seu ambiente sócio-cultural.

2.3- Relação entre autoestima e aprendizagem

Por que o afeto é tão importante para que haja aprendizagem?

A aprendizagem é um processo contínuo de aquisição de conhecimentos. Resulta do

ambiente de vínculo, que se dá, em grande parte, por meio da linguagem, que organiza,

articula e orienta o pensamento e transmite informações produzidas. Tal interação

depende, para a realização do conhecimento, da percepção, que organiza as informações

sobre o objeto obtidas através dos órgãos dos sentidos e da inteligência, que possibilita

o sujeito transformar as informações organizadas em conhecimento. O resultado é a

mudança da condição do indivíduo que adquire o conhecimento. O homem que aprende

mais, amplia seu ponto de vista a respeito do mundo e de si mesmo.Assim, ele participa

da transformação do mundo.

Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia que ocorre desde o início da

vida. A aprendizagem é um processo fundamental, pois todo

indivíduo aprende e, por meio deste aprendizado, desenvolve

comportamentos que possibilitam viver. Todas as atividades e

realizações humanas exibem os resultados da

aprendizagem. (PORTO, 2009, p. 42).

O vínculo possibilita diversas trocas através da transferência de papéis entre ensinante

(todo aquele que ensina) e aprendente (todo aquele que busca o conhecimento).

Durante o processo de aprendizagem, a mente acompanha o desenvolvimento

emocional. Caso contrário, resulta na dispersão do aprendente. Assim, conclui-se que

despertar a afetividade do aprendente é a chave do sucesso para o processo ensino-

aprendizagem, pois a percepção que o mesmo tem de suas habilidades fortalece seu

auto-conceito e torna-o confiante para realizar tarefas, o que resulta em sucesso. Para o

aprendente que tem um baixo auto-conceito, os novos desafios parecem-lhe tormentos,

pois se acha incapaz de realizá-los.

É de suma importância para a aprendizagem uma autoestima elevada através da

afetividade entre ensinante e aprendente, pois a autoestima elevada faz com que o

indivíduo se valorize, descubra a sua importância no mundo. Assim, o indivíduo tem

uma mente livre para adquirir conhecimentos, o seu desejo pelas descobertas é mais

aguçado, pois a pessoa está bem consigo mesma para enfrentar seus problemas e

satisfazer seus interesses. Quanto maior a autoestima, maior é a sua criatividade. Quem

se sente amado, aprende a distribuir amor, sente amor pelo ato de aprender e, assim,

desenvolve sua personalidade. A união entre autoestima e aprendizagem produz muito

mais do que conhecimento: produz amizade, respeito e confiança, que resultam,

também, em interação social do aluno adulto. Ao passo que, o mau desempenho aliado à

baixa autoestima resulta em evasão escolar e, consequentemente, no

rótulo intelectualmente incapaz, o que acaba afetando toda a vida do educando, quando

deveria ser algo ligado apenas ao processo cognitivo. Alunos nessa situação sentem-se

pouco inteligentes e incapacitados de aprender diante de um mundo competitivo e são

vistos como alunos que têm baixa autoestima por pais e professores.

O erro costuma ser visto, não só em sala de aula, mas na vida, como algo negativo e

motivo de punição; quando, na verdade, deve ser visto como um recomeço, uma

caminhada para o acerto. Ao comparar o erro com o acerto, o educando percebe que

evoluiu como pessoa, pois acaba de aprender, de desvendar parte de suas capacidades.

Crianças que não aprendem a conviver com os erros, tornam-se adultos inseguros.

Acompanhando a prática de conviver com os erros, e desenvolvida, também, a prática

do perdão. Embora seja de cunho espiritual, ensinamento do nosso Salvador Jesus

Cristo, tem um caráter altamente afetivo e educativo. Quem ama, perdoa.

Rotular um indivíduo que se desvaloriza é algo que dever ser feito com cuidado.

Muitos adultos são taxados como incapazes de aprender devido à idade. Por isso, todo

investimento em seu desenvolvimento é considerado disperdício. Situações de exclusão,

como a falta de oportunidades o insucesso escolar, por exemplo, reforçam, quase

sempre, a baixa autoestima do aluno, que volta à escola fragilizado, inseguro e sentindo-

se incapaz de aprender.

Os efeitos negativos oriundos de influências externas recebidas pelo indivíduo

produzem dificuldades de aprendizagem, ao passo que os efeitos positivos produzem

amor pelo objeto de estudo e pelo ensinante (ou por somente um dos dois).

Capítulo III

Escola e família na EJA: um olhar psicopedagógico

3.1- O papel da escola

A ida à escola para muitos alunos adultos é um projeto de vida, uma busca pelo

crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, a EJA recebe, também, alunos adultos que vão

à escola por imposição da família, do patrão, para conseguir benefícios oferecidos pelo

governo, como carteira escolar e uniforme, requisitos necessários para viagens gratuitas

em transportes coletivos, por exemplo.

Muitos alunos adultos veem a escola como espaço ideal para a sua ressocialização, ou

seja, para a realização de seus sonhos, que são construídos ao longo da vida e são suas

motivações de aprendizagem, bem como para a construção de relacionamentos. O

aspecto social da escola é oferecer ao aluno da EJA a possibilidade de construir

relacionamentos dentro e até fora da escola através de grupos de estudos e passeios, o

que amplia seu círculo de amizades (aluno/aluno, aluno/professor), favorece a vida

social e a troca de experiências, fortalecendo, assim, a autoestima.

(...). É um aluno que pode estar voltando à escola para a realização

de um sonho, ou porque se deparou com um mercado de trabalho

que está cada vez mais exigente, ou ainda por motivação de

familiares e até mesmo para driblar a solidão.(MURANETTI, 2007,

p. 1).

O aluno adulto utiliza sua maturidade na hora de aprender e demonstra mais interesse

pelo conhecimento porque quer recuperar um tempo perdido. Busca o saber a partir do

seu espaço cultural. Um desses espaços é a sala de aula.

Atualmente, a família busca os mais diversos tipos de interesses, em especial os

interesses profissionais. Isso resulta em pouco tempo para seus filhos. Estes, embora

tenham casa, comida, roupas, etc., sentem-se desamparados emocionalmente e

procuram na escola (principalmente na figura do professor) o carinho e a atenção que

não têm em seus lares, fato que não é diferente numa classe de jovens e adultos. A

importância do relacionamento entre ensinante e aprendente dá-se no sentido de

permitir que o aprendente exponha seus sentimentos e, consequentemente, explore suas

próprias fantasias e transforme-as em conhecimento.

O grau de afetividade que envolve a relação do(a) professor(a) com

seus pares representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do

conhecimento pelo sujeito. O aluno, (...), precisa sentir-se

integralmente aceito para que alcance plenamente o

desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo e

social.(BALESTRA, 2007, p. 50, apud JUSANI, 2009, p. 3).

Devido à ansiedade que o processo de aprendizagem provoca no sujeito diante de novas

situações, o ensinante deve contribuir para uma interação entre conhecimento e afeto, e

para que esta resulte no desenvolvimento científico e pessoal do sujeito. Para isso, é

preciso que o educador faça com que o educando sinta-se envolvido, antes afetivamente

para, depois, fazer com que ele sinta-se atraído pelo objeto de estudo.

Quando o aluno não aprende, ele passa a ter uma imagem marginalizada pela sociedade

e pela instituição que não solucionam o problema, o que gera o tão famoso fracasso

escolar, oriundo, na maioria das vezes, da escola, devido às deficiências nas mais

diversas áreas: o relacionamento com professores e com colegas, adaptação do aluno ao

ambiente escolar, seu interesse pelo objeto de estudo, a estrutura da escola, o projeto

pedagógico, etc., o que deixa marcas profundas na personalidade do indivíduo e causa

indiferença em relação às aulas, indisciplina, timidez e nervosismo diante das

avaliações, comportamentos que acompanham o indivíduo em seu retorno à escola,

além de afetarem a identidade do aluno adulto e de gerarem a baixa autoestima, que faz

o adulto voltar à escola sentindo-se inseguro e desvalorizado diante dos novos desafios.

Mergulha num poço profundo sem expressar a menor reação. Recebe a notícia da

recuperação e até mesmo da reprovação com um sorriso no rosto. Alunos com histórico

de fracasso escolar, mesmo quando obtêm sucesso nos estudos, não acreditam que

conseguiram tal sucesso por suas capacidades. Atribuem essas aos professores, à sorte

ou à facilidade das questões. Já os alunos com bom desempenho escolar assumem a

responsabilidade quando o fracasso chega.

A Psicopedagogia surgiu para dar conta das dificuldades de aprendizagem não

solucionadas pela Psicologia nem pela Pedagogia. Apresentase como parceira da

Educação. Não provoca ameaças aos professores, aos demais profissionais da Educação

nem de áreas próximas, mas faz surgir o indivíduo aprendiz, compreendido como tal o

aprendente e o ensinante, levando os alunos ao auto-conhecimento como seres

pensantes e autores de sua própria história. Investiga como o indivíduo age para

aprender, como ocorre sua aprendizagem, o que aprende e o que não aprende.

A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de

uma demanda – o problema da aprendizagem, colocado num

território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e

da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos,

ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-

se, assim, numa prática. Como se preocupa com o ‘problema de

aprendizagem’, deve ocupar-se inicialmente do ‘processo de

aprendizagem’. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as

características da aprendizagem humana: como se aprende, como

essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por

vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem,

como reconhecê-las, tratálas e ‘previni-las’. (BOSSA, 2000, p. 21).

Visando trabalhar o domínio afetivo dos seus alunos, a Psicopedagogia aposta na

afetividade como o caminho para o alcance da aprendizagem, ou seja, o ensinante deve

ser um amigo que caminha com eles na estrada do aprendizado, isto é, deve ouvir o que

seus alunos têm a dizer não somente sobre os conteúdos aplicados, mas sobre seus

anseios, suas necessidades, seus gostos, suas confissões; transmitir confiança, esperança

e força ao ouvir e guardar segredos; orientá-los a respeito de tudo aquilo que ouviu e

contar suas experiências (se puder) sobre os assuntos em pauta. Fazer com que o

aprendente sinta-se bem aceito no ambiente escolar estimula a sua autoestima e o seu

interesse pelos estudos.

Para que a falta de afetividade não seja mais um sintoma escolar na vida do aluno, é

necessário que não só o corpo docente, mas toda a instituição de ensino trabalhe com

uma prática pedagógica que possibilite o aluno trabalhar com prazer, tenha prazer em

estar dentro de sua escola, buscando maneiras atraentes de transmitir os conteúdos. Em

se tratando da EJA, utilizar técnicas que prendam a atenção dos educandos até o fim da

aula, pois o adulto tem uma mente acelerada pela velocidade do dia-a-dia e, por isso,

dispersa-se com mais facilidade. É bom dar oportunidade de exporem suas realizações.

Deve, também, valorizar todo o conhecimento do aluno trazido para a sala de aula: seus

saberes culturais, profissionais, suas experiências de vida, bem como sua origem étnica,

as características de seu local de origem, sua gente, seu modo de vida, pois os saberes

antigos ajudam na busca de novos saberes. Além disso, o educador deve cuidar de sua

aparência pessoal e de sua postura em sala de aula, atitudes que revelam o bem-estar do

professor que, também, precisa estar em alta e fazem com que o educando se sinta

alguém que tem importância para os outros. Isso garante uma vasta autoestima, além de

facilitar o processo ensinoaprendizagem.

A escola deve trabalhar não só com os conteúdos curriculares, mas também com

assuntos ligados à Deus, à família, à ética e à cidadania. Quem tem conhecimento sobre

a Palavra de Deus, deve aproveitar as oportunidades de aplicá-la às mais diversas

situações presentes no cotidiano. Assim, o educando será transformado num indivíduo

de boa índole, consciente de seus direitos e deveres na sociedade e capacitado a lidar

com os sucessos e os fracassos da vida.

Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma

mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às

solicitações do ambiente. (LIBÂNEO, 1990, p.p. 13-14).

A sala de aula deve ser um lugar democrático, de troca de idéias, de acúmulo de

conhecimentos e de liberdade.

Mas, como o profissional da educação pode estimular a autoestima dos seus alunos se a

sua autoestima também anda baixa, devido aos baixos salários, às precárias condições

de trabalho e à falta de capacitação profissional, como é o caso do professor da EJA?

Todos esses problemas, infelizmente, tornam o trabalho difícil e necessitam de soluções

urgentes para o êxito de todo o sistema educacional. Mas o profissional deve pensar que

tem em suas mãos, vidas que dependem dele para construírem condições futuras com

dignidade, cidadãos que merecem a oportunidade de se tornar mais conscientes e, assim,

construírem uma sociedade mais justa através da educação. As dificuldades que rodeiam

a profissão não podem ofuscar a responsabilidade do educador.

3.2- O papel da família

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando

envelhecer não se desviará dele.”

A interação entre conhecimento e afeto na vida do educando, proposta pela

Psicopedagogia, deve ser fortalecida, principalmente, pela sua família, pois essa é a

primeira e a maior provedora de conhecimentos para o indivíduo, já que esse adquire

seu conhecimento de mundo e constrói seus contatos sociais através da assimilação de

características de outras pessoas inicialmente no ambiente familiar. Inicia com a relação

mãe/filho e se diferencia conforme as diversas fases da vida.

A procura de jovens e adultos pela escola acontece, entre outras razões, por decisão da

família.

A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da

criança, já que os pais são os primeiros ensinamentos e as atitudes

destes diante das emergências de autoria do aprendente, se repetidas

constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos

filhos.(FERNÁNDEZ, 2001, apud PORTO, 2009, p. 17).

Cabe à família, independente de seu nível socioeconômico, contribuir para que seus

membros sejam responsáveis por suas atitudes. Cabe, também, à família, dar amor a

esses membros fazer com que eles sintam-se amados e desejados desde o período de

gestação, além de responsabilizar-se em ser mantedor material e cultural e de transmitir

todos os valores morais que façam de seus descendentes, cidadãos conscientes. Criar

seres humanos que espalhem o amor e a paz pela terra.

Uma relação afetiva bem construída entre pais e filhos é de suma importância na

construção da autoestima, bem como da aprendizagem, não só a escolar, mas o

aprendizado que se adquire na caminhada da vida. O indivíduo que se sente amado

aprende melhor, pois segue confiante na busca de seus objetivos.

O aluno moldado através do amor adquire benefícios não só para si mesmo, mas

também para sua família. A afetividade e a disciplina que são desenvolvidas no

educando estendem-se aos familiares. Estes, por sua vez, passam a ter suas esperanças

renovadas, pois o aluno resgatado pelo amor da escola e que busca um novo rumo para

sua vida, faz toda uma diferença no seio familiar. Educando e família têm suas

autoestimas recuperadas.

Os pais precisam elogiar seus filhos por suas qualidades, saber sempre por onde andam

e o que fazem para que saibam que são protegidos. Por outro lado, a pessoa que não é

elogiada, que não tem uma família que se interesse pelos seus interesses e não a proteja,

mesmo que esteja na idade adulta, sente-se rejeitada, cultiva a ideia de que não é

importante para a família, não se

sente satisfeita com sua vida e, consequentemente, não aprende, pois não tem quem veja

e aplauda o seu sucesso. Logo, não se sente motivada em buscá-lo, o que resulta em

rejeição aos estudos e em evasão escolar.

É muito importante prestar atenção às palavras que são proferidas às pessoas. Uma

criança pode ficar muito machucada com a palavra de qualquer outra pessoa, mas

quando a palavra é proferida pelos pais ou por outras pessoas importantes para elas, a

dor é extremamente mais profunda, o que transforma a criança num adulto com muitas

barreiras na vida, inclusive na área cognitiva. O fato de não estar bem consigo mesmo

pode levar um pai ou uma mãe a jogar a culpa nos filhos através da agressão verbal,

entre outras.

A palavra é um instrumento e, como tal, pode ser usada tanto para o

bem quanto para o mal. Ela também tem o poder de destruir,

arruinar, deprimir, de causar todo tipo de dor à alma de alguém,

podendo deixar profundas marcas. (PIMENTEL, 2006, p. 31).

Os pais devem, também, valorizar e respeitar a individualidade dos filhos, entender que

são indivíduos que têm vida própria, estar mais próximos deles nos momentos difíceis,

interessar-se por seus problemas, por sua vida escolar e acompanhá-los. Aprender a

ouvi-los. Compreender os filhos não só quando fazem as coisas corretas, mas quando

fazem, também, as coisas erradas.Isso inspira confiança e respeito.

Uma família precisa estar bem ajustada consigo mesma para propiciar um ambiente

saudável ao educando. Problemas de relacionamento entre familiares (principalmente

entre marido e mulher) afetam profundamente a vida pessoal e escolar do educando. Na

EJA, o número de alunos com dificuldades de relacionamento em relação aos

professores, aos funcionários, aos colegas e com dificuldades de aprendizagem é cada

vez mais significativo.Isso nada mais é do que, entre outros problemas, reflexo de

acontecimentos negativos oriundos da família. Entre outros fatores negativos estão: a

falta de amor uns pelos outros e a falta de disciplina.

A orientação e a correção são tarefas obrigatórias de pais e responsáveis. Os pais não

ensinam aos filhos porque não têm nada de bom para transmitir ou porque ocupam-se

de outras coisas, principalmente da vida profissional. Quem não é disciplinado no seio

da família desde a infância, não aceita a autoridade imposta por professores o por outros

líderes que encontrarão no decorrer da vida (patrão, etc.). Quando os pais não

estabelecem limites, formam um adulto indisciplinado, que não obtém êxito na vida,

pois sem disciplina, não há aprendizagem e não há sujeito seguro de si mesmo. Para

colocar limites, é necessário argumentar suas razões para que o sujeito sinta-se

confiante.

É muito importante a participação da família na vida escolar do aluno, inclusive do

aluno da EJA, que recebe uma grande quantidade de adolescentes, com visitas

frequentes à instituição, mesmo que não haja reuniões de pais, para saber sobre o

desempenho escolar do aluno, verificar suas tarefas escolares em casa, bem como

acompanhar o educando no preparo das mesmas; enfim, participar da vida escolar do

educando de todas as formas possíveis. Até mesmo com os alunos de faixas etárias

maiores esse trabalho é bem-vindo, interessandose por suas atividades escolares. Essas

atitudes fazem com que o aluno adulto saiba que a família o ama, o que resulta em

satisfação pessoal e bom desempenho escolar.

É válido ressaltar a presença da escola na vida familiar, ou seja, um trabalho da

instituição escolar visando aproximar-se, conhecer melhor a família do aluno e

investigar as causas da dificuldade de aprendizagem nesse meio, já que a mesma

origina-se, muitas vezes, de conflitos familiares; bem como encaminhar a família para

uma análise psicopedagógica, que inclui investigação do histórico de vida do aluno em

seu meio familiar e conversa com os pais para que possam compreender e aceitar essas

dificuldades e saber ajudar seus filhos. É uma tarefa que pode contribuir tanto para a

vida do educando quanto para a vida da família em relação ao resgate da autoestima,

uma vez que ambos se sentirão amados e acolhidos pela instituição escolar.

Nosso objetivo é dar um alerta para que não se feche à visão

psicopedagógica a dinâmica familiar em torno de um problema de

aprendizagem, quaisquer que sejam as suas causas. Tal

posicionamento vai nos levar a compreender casos em que, sem

intervenção a nível familiar, o processo corretor psicopedagógico

não atinge o sucesso almejado. Quando a família deposita em um de

seus membros o papel de ‘doente’, de desviante em algum sentido, a

escola e os profissionais que concentram seus esforços apenas em

direção à criança ou adolescente, estão de algum modo diminuindo

as suas possibilidades de cura. (SCOZ et al., 1987. p. 77).

Família e escola são os principais responsáveis pela educação, inclusive do aluno

adulto, pois ambas têm o dever de incentivar o crescimento cultural do educando.

Infelizmente, essa parceria está cada vez mais escassa devido ao afastamento da família

da vida escolar dos jovens. A família, independente de seu nível socioeconômico, pode,

perfeitamente, transmitir aprendizagem ao lado da escola.

Família e escola devem ter plena consciência de que o ato de educar é, também, um ato

de amor e obtém mais sucesso quando é feito muito mais por atitudes do que por

palavras, como a Palavra de Deus ensina sabiamente e está escrito na epígrafe desse

tópico: instrui o menino no caminho em que deve andar (...)., ou seja, para transmitir

valores, é necessário viver esses valores, estar com o educando no mesmo caminho em

direção ao triunfo pessoal e profissional, dando-lhe condições morais, emocionais e

materiais o máximo possível.

Conclusão

“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas

velhas já passaram, tudo se fez novo”.

A Andragogia cuida do ensino de jovens e adultos e apresenta uma proposta de ensino

baseada nas necessidades e nas experiências anteriores dos mesmos, sejam experiências

escolares ou adquiridas na escola da vida.

O aluno adulto é independente e seleciona aquilo que quer aprender, de acordo com

seus anseios profissionais e pessoais.

Muitos voltam para a escola cheios de sonhos e de esperanças em construírem um

futuro digno para si e para sua família através do conhecimento; outros voltam cheios de

feridas interiores, causadas por insucessos escolares e pessoais, palavras negativas

internalizadas, falta de apoio emocional e material por parte do meio que os cerca,

deixando que o desânimo impere em suas vidas. Esses motivos, entre outros, fazem com

que o aluno adulto se sinta um ser inferior diante do mundo, incapaz de aprender e de

construir sua própria história, bem como de contribuir com melhorias para a história da

humanidade.

Esse indivíduo precisa de estímulos para a sua autoestima, ou seja, saber que é um ser

que tem tanta importância quanto qualquer outra pessoa, que pode aprender o que quiser

e alcançar o objetivo que quiser.

Família e escola são responsáveis pela construção da autoestima do aluno. Ambos têm a

incumbência de transmitir confiança e de despertar os sentimentos do mesmo,

fortalecendo, assim, as suas estruturas emocionais. Família e escola, quando caminham

juntas, colaboram no processo de aprendizagem, inicialmente, através da afetividade.

Devem ser vistas como “portos seguros” do indivíduo, como pontos de busca de apoio

para o mesmo em todas as horas.

Educação não é tarefa exclusiva do professor e a escola não é o único espaço físico para

aprender. Toda a sociedade deve voltar-se para a educação, proporcionando os mais

diversos espaços físicos para o alcance da aprendizagem.

Ensinar é muito mais do que transmissão de conteúdo: requer afetividade entre

professor e aluno, sempre na busca de soluções de dificuldades da aprendizagem do

educando. Requer, também, o amor do professor pela delícia de ensinar.

As realizações na vida do indivíduo se dão conforme o fluir do seu modo de pensar. Por

exemplo: se pensar e planejar coisas boas, elas acontecerão; mas se pensar somente em

coisas negativas e não agir para mudá-las, esse pensamentos negativos também

acontecerão. Basta internalizar somente aspectos positivos e esforçar-se, traçar

objetivos, buscálos e aproveitar todas as boas oportunidades que surgirem. É muito

importante saber usar sempre suas qualidades, acreditando em si mesmo, estudando,

trabalhando e a creditando que pode escrever a sua história.

Muitas pessoas ficam presas às influências negativas do passado, sejam palavras ou

atitudes. Esse aprisionamento gera falta de confiança em Deus e num futuro melhor.

Como o aluno da EJA tem consciência de suas atitudes, ele deve ter plena consciência

de que precisa libertar-se do seu passado amargo, cheio de desprezo e de profecias

dolorosas, caminhar com os próprios pés, buscar forças em Deus que tem todo o poder

para cicatrizar as feridas do passado e dar vida nova a todo aquele que crê no Seu

infinito amor e na Sua infinita misericórdia. Encher-se de fé em Deus e deixar o passado

para trás.

Deve, também, aceitar e aproveitar o amor e o empenho da família e da escola. Ao

mesmo tempo, família e escola têm a inteira obrigação exercer a sua responsabilidade

de amar, de educar e de cuidar. Só assim as gerações futuras serão formadas por pessoas

sensíveis, honestas e responsáveis.

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Publicado por: Luciane Fernandes da Silva