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Autoestima e Aprendizagem
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AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS
Resumo
O presente trabalho visa apresentar a relação entre autoestima e aprendizagem na
Educação de Jovens e Adultos, bem como seus efeitos.Inicia com conceitos de
Andragogia, de Pedagogia e a diferença entre amboscomo modelos de ensino. Traz o
conceito de EJA, seus amparos legais, destaca conhecimentos sobre os modos de ser do
aluno adulto, de agir, como ocorre seu processo de aprendizagem e os conceitos de
autoestima, de autoconceito, autoimagem e de autoeficácia, bem como a atuação da
autoestima e da baixa autoestima em toda a vida do educando, principalmente em seu
processo ensinoaprendizagem. Destaca a influência dos âmbitos familiar e escolar na
vida do aluno adulto: como ambas, através de uma fundamental parceria participativa na
vida do educando, ainda que esse seja adolescente ou adulto, podem contribuir para o
sucesso na aprendizagem do mesmo com incentivo às capacidades através do afeto que,
por sua vez, eleva a autoestima, pois tais instituições devem proporcionar condições
saudáveis ao indivíduo, dando-lhe uma vida feliz e saudável especialmente no
âmbito emocional e segurança diante das adversidades do cotidiano. Além disso, dar-lhe
respeito, afeto e ensinar o mesmo a amar e respeitar seu próximo.
Metodologia
Este trabalho trata, à princípio, de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores
utilizados na realização desse trabalho foram: A BÍBLIA SAGRADA COM
ORIENTAÇÕES DE SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E ESPIRITUAL, 2008;
BELLAN, 2005; BOSSA, 2000; COSTA, 2006; CUNHA, 2008; CURY, 2003;
FERNANDEZ, 2001; FREIRE, 1993; JUSANI, 2009; KROTH, 2009; LIBÂNEO,
1990; MOYSÉS, 2007; MURANETTI, 2007; PIMENTEL, 2006; PORTO, 2009;
SALTINI, 2008; SCOZ, 1987; entre outros recursos didáticos.
SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo I – Educação de Jovens e Adultos 10
Capítulo II – Andragogia e aluno adulto 18
Capítulo III – Escola e família na EJA: um olhar psicopedagógico 26
Conclusão 35
Bibliografia 37
Folha de avaliação 41
Introdução
“Uma das condições para se conseguir o bem-estar satisfatório
consigo mesmo e com os outros é a autoestima.”
O tema deste estudo é a influência da autoestima oriunda da família e da escola na
Andragogia, que é a ciência que estuda a aprendizagem de adultos, bem como
apresentar a baixa autoestima como causa pertubadora do processo ensinoaprendizagem
de jovens e adultos.
A questão central deste trabalho é alertar a família e a escola para despertarem o desejo
pelo saber, estimularem as potencialidades de jovens e adultos através da afetividade e
da confiança, fazendo com que eles e sintam-se capazes de romper barreiras, realizar
sonhos, levando-os, assim, à satisfação profissional e pessoal.
Problemas de aprendizagem são consequências de variados conflitos eum dos maiores é
a baixa autoestima, decorrente da falta de amor: amor da família, dos amigos (dentro e
fora da escola, incluindo os profissionais da educação). Daí a preocupação em usar a
afetividade como uma “arma” para alcançar resultados especiais em relação à
aprendizagem na Andragogia.
O tema sugerido é de grande relevância, pois o aluno da EJA, amado e acolhido, tem
um auto-conceito bem construído, o que faz com que ele se sinta bem consigo mesmo,
esteja mais fortalecido diante dos obstáculos da vida e saiba que é alguém capaz de
aprender o que quiser e conquistar o seu espaço na sociedade que, por sua vez, sofre
transformações numa velocidade cada vez
maior e exige da humanidade uma bagagem cultural cada vez mais ampla.
Para obter êxito junto ao aluno da EJA rumo à aprendizagem, é válido conhecer quem é
o indivíduo que procura a Educação de Jovens e Adultos: os motivos que não o
permitiram concluir seus estudos na idade regular, seus objetivos ao retomarem os
estudos, seus sonhos, experiência de vida e maneira particular de buscar conhecimento,
pois tais informações auxiliam o ensinante (todo aquele que ensina) na orientação de
seus aprendentes (todo aquele que está disposto a aprender).
É interessante, também, estar ciente a respeito da diferença entre Pedagogia e
Andragogia, ciências que cuidam do ensino, sendo que a última cuida do ensino de
adultos, ao passo que a primeira cuida do ensino infantil, bem como estar ciente a
respeito do significado da palavra aprendizagem e como ela ocorre, principalmente no
universo dos jovens e dos adultos.
Conhecer a definição de auto-conceito e suas divisões (autoestima, autoimagem e
autoeficácia) ajuda a esclarecer a relação entre o bem-estar do indivíduo e a
aprendizagem, tanto de forma positiva quanto de forma negativa.
É importante que pais e responsáveis aprendam a ajudar a resgatar e reconstruir a
autoestima do aluno da EJA para que o mesmo tenha interesse em aprender, traçar
objetivos positivos para sua vida e conquistá-los, demonstrando amor por esses alunos e
interesse em ajudar no resgate e na realização de seus sonhos, ainda que o aprendente
seja alguém responsável pelos seu atos, como é o caso do aluno da EJA. A mesma
importância se dá à participação dos profissionais da educação que, ainda que tenham
difíceis condições de trabalho, precisam, também, ser conscientes quanto a sua
responsabilidade de ensinar, de uma autoestima bem trabalhada para oferecerem uma
aprendizagem prazerosa através da afetividade, do respeito mútuo, e uma metodologia
voltada para os interesses do aluno adulto, o que demonstra interesse e respeito por suas
idéias.Tal proposta visa, também, alcançar sucesso no processo ensinoaprendizagem.
São, portanto, os objetivos desta pesquisa: Conceituar Andragogia; conceituar auto-
conceito, autoestima, autoimagem e autoeficácia e discutir seus efeitos positivos e
negativos; apresentar a relação entre autoestima, baixa autoestima e aprendizagem na
EJA e enfatizar a importância da família e da escola no resgate da autoestima com o
propósito de alcançar aprendizagem de
jovens e adultos.
CAPÍTULO I
ANDRAGOGIA E ALUNO ADULTO
1.1- Andragogia
A Andragogia, termo de origem grega que significa formação de adultos e usado pela
primeira vez pelo educador alemão Alexander Kapp em 1833, nomeia a ciência que tem
como público alvo o aluno adulto.
Malcolm Knowles, educador, em 1950, começa a formular uma
Teoria de Aprendizagem de Adultos. Na década de 60, tem o
primeiro contato com o termo Andragogia por um educador
yuguslavo, num Workshop na Universidade de Boston. (BELLAN,
2005, p. 23).
Segundo Knowles, a Pedagogia, que é a ciência que cuida do ensino de crianças, exige
que os alunos se ajustem aos currículos estabelecidos. Propõe uma aprendizagem
imposta pelo professor e o aluno torna-se o objeto do ensino. Método inverso do que
propõe a Andragogia, que sugere currículos construídos de acordo com as necessidades
dos alunos adultos, baseados em suas
experiências anteriores e suas condições de vida e de trabalho, com conteúdos que
podem ser aplicados ao seu cotidiano. O aluno deixa de ser objeto e passa a ser o sujeito
do ensino. Professor e alunos pensam juntos e se enriquecem, pois ambos alcançam
conhecimentos nessa jornada.
A Andragogia é praticada nos cursos universitários, nas empresas para a implantação
em planejamento estratégico, marketing, comunicação, processos de qualidade, etc. e
na EJA (Educação de Jovens e Adultos).
1.2- EJA
A Educação de Jovens e Adultos, outrora denominada de Ensino Supletivo, reingressa
os maiores de quinze anos no Ensino Fundamental (C.A. ao 9º ano) e os maiores de
dezoito anos no Ensino Médio que não tiveram acesso à educação na idade devida, na
maioria das vezes no ensino noturno (Artigo 208, inciso I da Constituição Federal; Lei
nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, arts. 37 e 38 seção V; Lei 10.172/2001, que
aprovou o Plano Nacional de Educação; Resolução CNE/CEB nº 02/1998 e Parecer
CNE/CEB nº 04/1998, que estabelecem as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Ensino Fundamental).
A interrupção escolar ocorre por diversos fatores: a necessidade de trabalhar ainda na
infância para ajudar no sustento de suas famílias, casamentos precoces, fracasso escolar,
entre outros.
A educação de adultos chega ao Brasil com os padres jesuítas em 1549, com o objetivo
de catequizar e instruir nativos e colonizadores.
Torna-se oficial no Brasil em 1945, com o Decreto nº 19.513 de 25 de agosto de 1945.
O ensino de jovens e adultos acontece nas escolas das redes pública e privada.
Cada fase (como costuma-se denominar cada série) tem duração semestral ou anual,
com cursos presenciais e semi-presenciais. Estes são oferecidos nos Centros de Estudos
Supletivos (CES) e Núcleos Avançados dos Centros de Estudos Supletivos (NACES),
através de uma avaliação contínua, com apostilas como recursos didáticos.
A EJA é vista por muitos como solução para a exclusão e para a desigualdade social,
como pagamento de uma dívida da sociedade para com os analfabetos e as pessoas com
escolaridade interrompida.
Há uma necessidade de formação acadêmica que privilegie o trabalho do professor com
o ensino de jovens e adultos. A formação docente é dirigida para o ensino de crianças e
adolescentes e propõe uma metodologia que se torna ineficaz no universo do aluno
adulto, pois o mesmo aprende de formas diferentes.
1.3- O ALUNO ADULTO
O aluno adulto possui faixa etária diversificada: uma mesma classe recebe desde
adolescentes até idosos. Esses educandos têm níveis de ensino diferentes e são
trabalhadores, desempregados, donas-de-casa, portadores de necessidades especiais, de
origem rural e urbana, de etnias diferentes, entre outras, que buscam diferentes
objetivos: realização pessoal, aumento da autoestima, afirmação e promoção
profissional, continuidade nos estudos até chegar ao Ensino Superior, aquisição de
leitura da Bíblia, participação políticosocial em seu meio, etc. Tiveram parte de suas
vidas roubada por uma sociedade desigual, excludente e, como todos, eles merecem a
chance de recomeçar. É aquele que tem capacidade de decidir o que fazer com sua vida
e de assumir as responsabilidades pelos seus atos, pois tem maturidade suficiente para
tais atitudes adquirida através de experiências vividas negativas e positivas. É válido
lembrar que maturidade ocorre independente de idade cronológica, isto é, existem
adolescentes quarentões e adultos com apenas quinze anos de idade. É aquele que tem
sede de conhecer, decide o que quer conhecer, possui senso crítico, ou seja, é um ser
pensante, capaz de produzir ideias que surgem nas mais diversas conversas e
observações. Quer ter alguém que ouça, aceite e avalie suas produções; alguém que
reconheça suas capacidades. Muitas vezes suas ideias não aparecem porque se sentem
inibidos diante de pessoas mais cultas.
O número de jovens na EJA é crescente desde a década de 90, devido à legislação que
permitiu a entrada desses jovens a partir dos quinze anos de idade.Por isso, existem
nesse meio alguns alunos que vão à escola por imposição da família, mas não é maioria.
O homem está sempre em processo de se educar, pois a sociedade sofre mudanças
constantes e velozes, ou seja, o aumento da procura por educação formal está vinculado
ao dinamismo atual do mercado de trabalho, o que exige domínio da ciência e outros
conhecimentos sobre produção e consumo.
Logo, a sociedade educa o homem conforme seus interesses, a fim de que o mesmo
busque fins coletivos, ou seja, benefícios para si e para seu meio, o que faz com que a
capacidade de trabalho e a reflexão acerca do cotidiano também sofram mudanças cada
vez mais rápidas. Daí a necessidade de cursos organizados com uma metodologia que
promova a união entre os conteúdos curriculares e as experiências pessoais do
indivíduo, com o intuito de estimular o prazer pelo saber, propiciar-lhe uma melhor
compreensão e visão da realidade, condições de transformá-la e de transformar a sua
trajetória de vida.
As mudanças velozes no mundo do trabalho fazem o trabalhador, também, ampliar sua
escolaridade (desde a alfabetização até o ensino superior) não só para conseguir
ascensão profissional, mas para não perder seu emprego. Para o aluno da EJA o trabalho
é, quase sempre, um motivo de abandonar a escola e, ao mesmo tempo, um motivo de
retomada dos estudos.
A educação formal proporciona ao aluno adulto níveis culturais mais altos que se
aliarão às suas ideias enriquecidas pela sua atuação no processo político da sociedade.
Assim, ainda que seja educado para buscar fins comuns, esse indivíduo aprende por que
e como deve participar mais ativamente de seu meio, além de colaborar para a
transformação desse meio. Ainda que analfabeto, tal condição não impede seu
cumprimento de dever social. A educação faz com que esse se torne importante como
um ser consciente de seus direitos e deveres na sociedade. A escola deve ser um espaço
para a formação de cidadãos, pois a
aluno, ainda que adulto, além de aprender os conteúdos curriculares, aprende lições de
cidadania, solidariedade, justiça social e postura crítica diante de sua realidade,
aprendendo a se relacionar com o seu próximo e a respeitá-lo, bem como ao meio que
os cerca.
Tornando-se gente, o indivíduo qualifica-se como ser social, pronto
a contribuir para o seu país, para a sociedade: um ser livre e
criativo que busca, critica, renova, entende, pensa e possui as
estruturas necessárias para que possa integrarse à sua família, ao
seu Estado. Enfim, ele é um ser que se relaciona em uma trama de
desafios, cooperações e, principalmente, competições. (SALTINI,
2008, p. 126).
Há aqueles que, infelizmente, não desejam mudar de vida positivamente. Procuram a
escola visando outros benefícios, inclusive materiais, sem o menor interesse pelo
conhecimento ou deixam a escola esquecida. Atitude que merece respeito, o que não
significa omissão de idéias por parte do ensinante, idéias que dão oportunidades ao
aprendente de comparar, escolher e decidir.
É errôneo o adulto analfabeto ser visto como atrasado e infantilizado porque,
culturalmente, seu crescimento mental parou durante a infância. Isso é negar que o
adulto já possui sua consciência a respeito da sociedade adquirida através do seu
trabalho na mesma e que o adulto possui capacidade de aprender, ainda que não tenha
domínio das letras. Tal visão leva ao uso de métodos de ensino inadequados, como
cartilhas infantis para alfabetização, por exemplo.
Partindo do princípio de que o adulto analfabeto é um ser pensante e atuante no mundo,
é um erro, também, concluir que o analfabeto não sabe ler. A necessidade de conhecer
as letras é algo imposto pelo trabalho, para conhecimento das técnicas do mesmo. O
indivíduo não chega analfabeto à idade adulta por vontade própria, e sim por imposição
da sociedade. É de caráter social. O conhecimento de mundo que o aluno adulto leva
para a escola vem da observação deste mundo e da reflexão, que forma opiniões. É a
chamada leitura de mundo.
Para que haja sucesso na educação infantil, uma das condições necessárias é incentivar
o ensino de adultos, pois o adulto escolarizado torna-se mais produtivo para o seu meio
e compreende melhor a importância da educação formal para seus filhos. Conclui-se
que a educação de adultos deve ser feita paralelamente à educação infantil para que esta
última tenha êxito, tanto para o educando quanto para o futuro da humanidade.
O aluno adulto traz em sua bagagem as mais diversas experiências adquiridas dentro e
fora da escola, através das suas mediações com o ambiente, das experiências de outras
pessoas e em frequências escolares anteriores, pois, apesar de seu prestígio social, a
escola não é a detentora do saber, o que faz com que o ensino mútuo entre professor e
aluno seja mais amplo quando ambos têm grande liberdade para compartilhar
experiências. Histórias essas que, em alguns casos, deixam marcas profundas em seu
interior e repercutem em seu caminhar ao longo da vida, fazendo com que o mesmo
desvalorize a si mesmo e não perceba sua capacidade de conhecer e transformar a si
mesmo.
Esse ser independente, autodirecionável, deseja um aprendizado voltado para os seus
interesses, o que inclui o aluno adulto estar bem consigo mesmo, conhecer e acreditar
em seu potencial intelectual. Precisa ser elogiado para ter auto-confiança e otimismo.
Precisa ter a sua sede de saber estimulada, pois exercita o raciocínio lógico e a reflexão.
O sentido da aprendizagem para o aluno adulto está em ter alguém para valorizar seus
conhecimentos anteriores, usá-los e alcançar novos conhecimentos que sejam úteis para
sua vida e façam com que o adulto conquiste seus objetivos.
Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os medos, os
desejos dos educandos, crianças, jovens ou adultos, os educadores e
educadoras populares têm neles um ponto de partida para a sua
ação. Insista-se, um ponto de partida e não de chegada. (FREIRE,
1993, p. 16).
Entre exemplos de motivação externa encontram-se as classificações escolares e as
apreciações do professor. Já entre as motivações internas encontram-se qualidade de
vida, satisfação, autoestima, etc. O trabalho com esta implica o despertar, no aluno
adulto, o desejo pela aprendizagem através da motivação emocional, fazendo com que o
adulto sinta-se aceito por todos e com as mesmas capacidades intelectuais e emocionais.
Uma boa autoestima resulta num bom desempenho. Este, por sua vez, contribui para
uma boa autoestima.Portanto, ambos caminham de mãos dadas num percurso onde não
há um início nem um fim.
Toda a sociedade pode contribuir para uma boa autoestima do cidadão, mas esse
trabalho deve iniciar-se na família e na escola desde a infância, cultivando o amor e o
respeito na criança, ensinando-a a transmitir esses sentimentos e estimulando suas mais
diversas potencialidades, inclusive a sua sensibilidade, com bons conselhos e palavras
de encorajamento. Deus utilizou a palavra para criar, para encorajar. O poder da palavra
edifica, renova, anima, eleva a autoestima e o amor-próprio do indivíduo.
O afeto é necessário para impulsionar a busca pelo conhecimento, estabelece a
aproximação entre o indivíduo e seu objeto de estudo. A emoção mobiliza o
pensamento que, por sua vez, faz gerar o conhecimento. O afeto exerce influência,
também, no ato do indivíduo buscar ou evitar pessoas e experiências. Esse despertar da
afetividade precisa ser visto com muita atenção na EJA, pois essa recebe alunos que são
filhos de lares conflituosos e que tiveram (ou têm) conflitos familiares em seus próprios
lares, ambientes que não são saudáveis para ninguém, entre outras situações que geram
baixa autoestima. O resultado desses desajustes é a carência afetiva, dificuldade de
adaptação em grupo, desconhecimento de seus direitos e seus deveres, rejeição e
dificuldades de concentração. Tais desajustes têm como consequência as dificuldades de
aprendizagem.
O ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve ser a
emoção. Como vimos, a emoção do aprendente apropria-se do que
será apreendido e, desta forma, o afeto atua no início do processo de
aprendizagem para canalizar a atenção e no final para ajudar a
memória no resgate das informações. (CUNHA, 2008, p. 44).
Jornada de trabalho excessiva, situações de subemprego e de desemprego são situações
desestimulantes e fazem com que o adulto não planeje seu futuro.
É necessário que o aluno da EJA tenha em mente que ele não é inferior ao aluno do
Ensino Regular, pensamento que impera na mente de muitos e deve ser grande motivo
de preocupação. Tal pensamento deve-se ao fato de que a EJA tem uma carga horária
menor quando é constituído de fases semestrais e, consequentemente, oferece menos
conteúdo, o que não significa que a EJA tenha uma oferta de ensino inferior. Ele deve
ter em mente que merece a mesma qualidade de ensino e a mesma atenção que merece o
aluno de qualquer outra modalidade de ensino.
A sua eventual passagem pela escola, muitas vezes, foi marcada pela
exclusão e/ou pelo insucesso escolar. Com um desempenho
pedagógico anterior comprometido, esse aluno volta à sala de aula
revelando uma autoimagem fragilizada, expressando sentimentos de
insegurança e de desvalorização pessoal frente aos novos desafios
que se impõem. (COLEÇÃO TRABALHANDO COM A
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, VOL. 1, 2006, p. 16)
É tarefa de toda a sociedade, em especial dos educadores, trabalhar o indivíduo na sua
totalidade, explorar todo o seu potencial, desenterrar talentos além dos trabalhados pela
escola. Ao mesmo tempo, tendo o cuidado de não incentivar o narcisismo e a
onipotência. O casamento entre ensino e autoestima deve visar o apoio e o resgate da
identidade dos educandos, e não formar seres onipotentes. Algumas dicas para que este
trabalho possa ser desenvolvido e alcançar êxito serão apresentadas nos capítulos
seguintes.
CAPÍTULO II
AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA EJA
2.1- O que é autoestima?
O conceito de autoestima é melhor compreendido quando é
conhecido, de início, o auto-conceito e seus constituintes.
O auto-conceito resulta na avaliação que o indivíduo faz de si mesmo e divide-se em
auto-conceito real (avaliação real de si mesmo) e avaliação ideal (como o indivíduo
gostaria de ser).
O auto-conceito tem seus constituintes que são: a autoimagem, que é o que o indivíduo
pensa a respeito de si mesmo; a autoeficácia, que diz respeito à confiança do indivíduo
na sua capacidade de realizações, de compreensão e a autoestima, objeto de estudo
nesse trabalho, relacionado à aprendizagem de jovens e adultos, que diz respeito ao que
a pessoa sente diante de suas conclusões a respeito de si mesmo.
O sentimento de valor que acompanha essa percepção que temos de
nós próprios se constitui na nossa autoestima. Ou seja, ela é a
resposta no plano afetivo de um processo originado no plano
cognitivo. É a avaliação daquilo que sabemos a nosso respeito:
gosto de ser assim ou não? (MOYSÉS, 2007, p. 18).
O auto-conceito origina-se de fatores externos e internos que rodeiam o indivíduo. Os
fatores internos são tudo aquilo que as influências externas plantam no seu interior, ou
seja, são internalizações e, ao juntarem-se com a bagagem trazida por esse, produz os
mais diversos resultados na construção da identidade do mesmo, ou seja, os efeitos
negativos ou positivos são maiores na vida de algumas pessoas e menores na vida de
outras. O que estas ouvem a seu respeito pode colaborar para a raiz do seu auto-
conceito, aliado às avaliações de ordem psicológica cognitiva, motor e física. Ao
internalizar avaliações negativas vindas do ambiente externo, o indivíduo passa a se
comportar tal qual a avaliação negativa dita. Uma pessoa que cresce ouvindo que ela
não presta, por exemplo, passa a pensar e a se mostrar para a sociedade como uma
pessoa que realmente não presta.
As internalizações surgem nas relações grupais, onde o ser humano descobre o mundo
através da interação com o outro. Inicia com a relação mãe/filho e se diferencia
conforme as diversas fases da vida.
Para os psicólogos interacionistas, as características de um indivíduo são construídas
desde o nascimento, através da interação com o meio que o cerca. Por isso, o meio é o
responsável pela formação moral e cultural do indivíduo. Segundo Vygotsky, um
interacionista, as experiências anteriores dos adultos interferem no modo de agir da
criança no seu ambiente, o que ocasiona uma internalização das orientações
transmitidas. A internalização das informações obtidas faz com que a criança tenha suas
funções psicológicas (percepção, atenção, memória e capacidade para solucionar os
problemas) modificadas e influencia seus conceitos sobre si mesmo e sobre o mundo,
levando-a se aplaudir diante do sucesso e a ser severa consigo mesma diante de
seus fracassos.
Henri Wallon, psicólogo francês, também visa a construção do indivíduo nas suas
interações com o meio com contribuição para a educação. Para Wallon, o indivíduo só
se percebe diferenciado através das interações sociais. Quando recém-nascido, não
percebe tão diferenciação por, ainda, não estabelecer contatos suficientes com seu meio.
A maneira como o indivíduo se dirige aos outros que o rodeia é chamado por Pichon-
Rivière, psiquiatra e psicanalista suíço, de expressão de vínculo. Segundo esse, é uma
relação particular do indivíduo com o objeto.
“Vínculo é uma estrutura dinâmica, acionada por motivações
psicológicas, que acompanham o ser humano por toda a sua
história, que pode ser revivida através da Transferência”.(REVISTA
PSICOPEDAGOGIA – 18, 1999, p. 40).
A Psicanálise trata a relação entre o auto-conceito mal construído e a construção da
subjetividade como algo não facilmente reversível. Exige um trabalho de maior
profundidade para se ter acesso às lembranças inconscientes que se expressam sobre
forma de insegurança, ansiedade e baixa autoestima.
Quando o sujeito internaliza traços de alguém valorizado, passa a se comportar como
ele. Tal processo é denominado pela Psicanálise de identificação, que é um dos métodos
que ajuda o indivíduo a vencer seus conflitos. Faz, também, com que o indivíduo
identifique no outro, traços negativos que não deseja para si nem para ninguém. É com
o outro que um indivíduo aprende tudo aquilo que ele quer e o que não quer nem para si
nem para o próximo.
A autoestima é um dos fatores de ordem interna que motivam o adulto para a
aprendizagem, juntamente com satisfação, qualidade de vida, etc., pois é fruto de
interação social que propicia o acesso à cultura através da troca de experiências, de
informações, ou seja, o fortalecimento do vínculo resulta em aprendizagem. A
autoestima é como o indivíduo se sente diante da avaliação que faz de si mesmo.
Portanto, um constituinte afetivo do auto-conceito. Referese ao modo do indivíduo
interagir com o ambiente e consigo mesmo. É a responsável pela sua felicidade e pelos
seus dramas. Quem tem boa autoestima gosta e confia em si mesmo. É se sentir capaz
de enfrentar a vida com mais confiança e otimismo. É ser mais criativo em tudo o que
faz e sentir prazer diante de suas realizações. Tudo isso deve ser cultivado desde a
infância, amando e desejando a criança desde a sua concepção e proporcionando-a um
ambiente afetuoso e confiável (família, escola, amizades), pois as emoções contidas
nesse ambiente farão com que as emoções do indivíduo se manifestem, o que para
Rivière, tem uma importância decisiva para a boa interação do grupo social. Assim, a
criança se tornará um adulto que se vê como digno de receber e dar amor para que não
tenha problemas de relacionamentos, que reconhece seu valor e suas potencialidades.
Logo, não se deixa abater pelas referências negativas externas. Amar é a peça-chave na
construção da autoestima.
Todas as pessoas almejam algo de bom. Provavelmente o sentido da
felicidade, por ela ser subjetiva, seja particular e única para cada
ser humano. Muitos fatores podem ser considerados como pilares
para que alguém seja feliz, deve haver uma certa unanimidade em
temas como saúde, escola, realização profissional, experiências
afetivas e positivas. Uma das condições para se conseguir o
bemestar satisfatório consigo e com os outros é a
autoestima. (KROTH, 2009, p. 2).
2.2- Efeitos da autoestima e da baixa autoestima
A autoestima é a base para todos os relacionamentos e para todas as situações da vida.
Envolve relacionamento do indivíduo com Deus, consigo mesmo e com os outros.
Quem se sente amado e protegido, tem autoestima e tem confiança em suas
capacidades, em suas habilidades; é saber que está pronto para os desafios da vida e que
tem todo o direito de realizar seus sonhos e alcançar sua felicidade.
Enquanto a autoestima faz a pessoa se sentir confiante e a leva ao seu sucesso pessoal e
profissional, a baixa autoestima, desencadeada por múltiplos fatores, produz sensação
de abandono, solidão e não permite que o indivíduo busque e conquiste seu espaço na
sociedade, que ele desenvolva seus talentos.
Características da pessoa com baixa autoestima:
-A pessoa não luta pelos seus direitos e se submete às imposições sem o menor
questionamento;
-não tem auto-confiança para argumentar sobre suas idéias;
-faz com que a criança se torne um adulto que não sabe superar os momentos difíceis da
vida;
-não sabe lidar com as críticas, pois não entende que essas contribuem para o seu
crescimento e não a deixa ver o que não está precisando mudar em sua vida;
-tem dificuldade de dizer não, pois tem medo de ser rejeitado, de não agradar;
-não consegue delegar poderes;
-o indivíduo com autoestima baixa acha que vale pelo que tem e não pelo que é;
-tem medo de mudanças, do desconhecido;
-não aceita seus próprios erros e os dos outros;
-sofre por antecipação por achar que não vai dar conta do que deve ser feito;
-pede licença para estar no mundo, pede desculpas o tempo todo por achar que está
sempre incomodando;
-é uma pessoa que não sabe receber elogios. Alguém diz: -Você está linda.
Ela responde: -Que nada, são seus olhos. Acha que não merece.
“A resistência da pessoa diante das adversidades da vida diminui.
(...) E os fatores negativos de sua vida têm mais poder sobre ela do
que os positivos”. (DICAS DE SAÚDE EMOCIONAL, 2008. p. 63).
Triste e preocupante é quando a baixa autoestima transforma-se em violência, ou seja,
leva o indivíduo para as gangues, que proporcionam identidade e reconhecimento aos
jovens. Jovens e adultos, mesmo que tenham nível socioeconômico elevado, entram
para o mundo do crime porque não receberam o amor dos pais na infância e agora
querem chamar a atenção deles arriscando-se, buscando emoções perigosas.
Uma das contribuições da educação deve consistir em gerenciar emoções e
pensamentos, ou seja, orientar o educando no sentido de conhecê-las e filtrá-las; de
controlar o medo, a ansiedade e a insegurança, não permitindo que esses sentimentos
ocupem o primeiro lugar na mente. O objetivo de tal orientação é prevenir doenças
depressivas e ansiosas, que geram a agressividade, que por sua vez, gera baixa
autoestima. Controlar as emoções e os pensamentos não significa fugir deles. A união
entre a psiquiatria, a psicologia e a educação tem muito a contribuir com esse
procedimento preventivo.
Gerenciar a emoção é o alicerce de uma vida encantadora. É
construir dias felizes, mesmo nos períodos de tristeza. É resgatar o
sentido da vida, mesmo nas contrariedades. Não há dois senhores:
ou você domina a energia emocional ainda que parcialmente, ou ela
o dominará. (CURY, 2003 p. 21).
Conflitos socioeconômicos e culturais também contribuem para uma auto-
desvalorização, juntamente com os conteúdos já trazidos na mente humana. Diferenças
raciais e culturais podem surgir no calor de uma discussão, em formas de brincadeiras e
tocarem fundo no coração de um indivíduo, o que pode transformar-se na autoavaliação
do mesmo. O ser humano influencia e é influenciado pelo seu ambiente sócio-cultural.
2.3- Relação entre autoestima e aprendizagem
Por que o afeto é tão importante para que haja aprendizagem?
A aprendizagem é um processo contínuo de aquisição de conhecimentos. Resulta do
ambiente de vínculo, que se dá, em grande parte, por meio da linguagem, que organiza,
articula e orienta o pensamento e transmite informações produzidas. Tal interação
depende, para a realização do conhecimento, da percepção, que organiza as informações
sobre o objeto obtidas através dos órgãos dos sentidos e da inteligência, que possibilita
o sujeito transformar as informações organizadas em conhecimento. O resultado é a
mudança da condição do indivíduo que adquire o conhecimento. O homem que aprende
mais, amplia seu ponto de vista a respeito do mundo e de si mesmo.Assim, ele participa
da transformação do mundo.
Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia que ocorre desde o início da
vida. A aprendizagem é um processo fundamental, pois todo
indivíduo aprende e, por meio deste aprendizado, desenvolve
comportamentos que possibilitam viver. Todas as atividades e
realizações humanas exibem os resultados da
aprendizagem. (PORTO, 2009, p. 42).
O vínculo possibilita diversas trocas através da transferência de papéis entre ensinante
(todo aquele que ensina) e aprendente (todo aquele que busca o conhecimento).
Durante o processo de aprendizagem, a mente acompanha o desenvolvimento
emocional. Caso contrário, resulta na dispersão do aprendente. Assim, conclui-se que
despertar a afetividade do aprendente é a chave do sucesso para o processo ensino-
aprendizagem, pois a percepção que o mesmo tem de suas habilidades fortalece seu
auto-conceito e torna-o confiante para realizar tarefas, o que resulta em sucesso. Para o
aprendente que tem um baixo auto-conceito, os novos desafios parecem-lhe tormentos,
pois se acha incapaz de realizá-los.
É de suma importância para a aprendizagem uma autoestima elevada através da
afetividade entre ensinante e aprendente, pois a autoestima elevada faz com que o
indivíduo se valorize, descubra a sua importância no mundo. Assim, o indivíduo tem
uma mente livre para adquirir conhecimentos, o seu desejo pelas descobertas é mais
aguçado, pois a pessoa está bem consigo mesma para enfrentar seus problemas e
satisfazer seus interesses. Quanto maior a autoestima, maior é a sua criatividade. Quem
se sente amado, aprende a distribuir amor, sente amor pelo ato de aprender e, assim,
desenvolve sua personalidade. A união entre autoestima e aprendizagem produz muito
mais do que conhecimento: produz amizade, respeito e confiança, que resultam,
também, em interação social do aluno adulto. Ao passo que, o mau desempenho aliado à
baixa autoestima resulta em evasão escolar e, consequentemente, no
rótulo intelectualmente incapaz, o que acaba afetando toda a vida do educando, quando
deveria ser algo ligado apenas ao processo cognitivo. Alunos nessa situação sentem-se
pouco inteligentes e incapacitados de aprender diante de um mundo competitivo e são
vistos como alunos que têm baixa autoestima por pais e professores.
O erro costuma ser visto, não só em sala de aula, mas na vida, como algo negativo e
motivo de punição; quando, na verdade, deve ser visto como um recomeço, uma
caminhada para o acerto. Ao comparar o erro com o acerto, o educando percebe que
evoluiu como pessoa, pois acaba de aprender, de desvendar parte de suas capacidades.
Crianças que não aprendem a conviver com os erros, tornam-se adultos inseguros.
Acompanhando a prática de conviver com os erros, e desenvolvida, também, a prática
do perdão. Embora seja de cunho espiritual, ensinamento do nosso Salvador Jesus
Cristo, tem um caráter altamente afetivo e educativo. Quem ama, perdoa.
Rotular um indivíduo que se desvaloriza é algo que dever ser feito com cuidado.
Muitos adultos são taxados como incapazes de aprender devido à idade. Por isso, todo
investimento em seu desenvolvimento é considerado disperdício. Situações de exclusão,
como a falta de oportunidades o insucesso escolar, por exemplo, reforçam, quase
sempre, a baixa autoestima do aluno, que volta à escola fragilizado, inseguro e sentindo-
se incapaz de aprender.
Os efeitos negativos oriundos de influências externas recebidas pelo indivíduo
produzem dificuldades de aprendizagem, ao passo que os efeitos positivos produzem
amor pelo objeto de estudo e pelo ensinante (ou por somente um dos dois).
Capítulo III
Escola e família na EJA: um olhar psicopedagógico
3.1- O papel da escola
A ida à escola para muitos alunos adultos é um projeto de vida, uma busca pelo
crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, a EJA recebe, também, alunos adultos que vão
à escola por imposição da família, do patrão, para conseguir benefícios oferecidos pelo
governo, como carteira escolar e uniforme, requisitos necessários para viagens gratuitas
em transportes coletivos, por exemplo.
Muitos alunos adultos veem a escola como espaço ideal para a sua ressocialização, ou
seja, para a realização de seus sonhos, que são construídos ao longo da vida e são suas
motivações de aprendizagem, bem como para a construção de relacionamentos. O
aspecto social da escola é oferecer ao aluno da EJA a possibilidade de construir
relacionamentos dentro e até fora da escola através de grupos de estudos e passeios, o
que amplia seu círculo de amizades (aluno/aluno, aluno/professor), favorece a vida
social e a troca de experiências, fortalecendo, assim, a autoestima.
(...). É um aluno que pode estar voltando à escola para a realização
de um sonho, ou porque se deparou com um mercado de trabalho
que está cada vez mais exigente, ou ainda por motivação de
familiares e até mesmo para driblar a solidão.(MURANETTI, 2007,
p. 1).
O aluno adulto utiliza sua maturidade na hora de aprender e demonstra mais interesse
pelo conhecimento porque quer recuperar um tempo perdido. Busca o saber a partir do
seu espaço cultural. Um desses espaços é a sala de aula.
Atualmente, a família busca os mais diversos tipos de interesses, em especial os
interesses profissionais. Isso resulta em pouco tempo para seus filhos. Estes, embora
tenham casa, comida, roupas, etc., sentem-se desamparados emocionalmente e
procuram na escola (principalmente na figura do professor) o carinho e a atenção que
não têm em seus lares, fato que não é diferente numa classe de jovens e adultos. A
importância do relacionamento entre ensinante e aprendente dá-se no sentido de
permitir que o aprendente exponha seus sentimentos e, consequentemente, explore suas
próprias fantasias e transforme-as em conhecimento.
O grau de afetividade que envolve a relação do(a) professor(a) com
seus pares representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do
conhecimento pelo sujeito. O aluno, (...), precisa sentir-se
integralmente aceito para que alcance plenamente o
desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo e
social.(BALESTRA, 2007, p. 50, apud JUSANI, 2009, p. 3).
Devido à ansiedade que o processo de aprendizagem provoca no sujeito diante de novas
situações, o ensinante deve contribuir para uma interação entre conhecimento e afeto, e
para que esta resulte no desenvolvimento científico e pessoal do sujeito. Para isso, é
preciso que o educador faça com que o educando sinta-se envolvido, antes afetivamente
para, depois, fazer com que ele sinta-se atraído pelo objeto de estudo.
Quando o aluno não aprende, ele passa a ter uma imagem marginalizada pela sociedade
e pela instituição que não solucionam o problema, o que gera o tão famoso fracasso
escolar, oriundo, na maioria das vezes, da escola, devido às deficiências nas mais
diversas áreas: o relacionamento com professores e com colegas, adaptação do aluno ao
ambiente escolar, seu interesse pelo objeto de estudo, a estrutura da escola, o projeto
pedagógico, etc., o que deixa marcas profundas na personalidade do indivíduo e causa
indiferença em relação às aulas, indisciplina, timidez e nervosismo diante das
avaliações, comportamentos que acompanham o indivíduo em seu retorno à escola,
além de afetarem a identidade do aluno adulto e de gerarem a baixa autoestima, que faz
o adulto voltar à escola sentindo-se inseguro e desvalorizado diante dos novos desafios.
Mergulha num poço profundo sem expressar a menor reação. Recebe a notícia da
recuperação e até mesmo da reprovação com um sorriso no rosto. Alunos com histórico
de fracasso escolar, mesmo quando obtêm sucesso nos estudos, não acreditam que
conseguiram tal sucesso por suas capacidades. Atribuem essas aos professores, à sorte
ou à facilidade das questões. Já os alunos com bom desempenho escolar assumem a
responsabilidade quando o fracasso chega.
A Psicopedagogia surgiu para dar conta das dificuldades de aprendizagem não
solucionadas pela Psicologia nem pela Pedagogia. Apresentase como parceira da
Educação. Não provoca ameaças aos professores, aos demais profissionais da Educação
nem de áreas próximas, mas faz surgir o indivíduo aprendiz, compreendido como tal o
aprendente e o ensinante, levando os alunos ao auto-conhecimento como seres
pensantes e autores de sua própria história. Investiga como o indivíduo age para
aprender, como ocorre sua aprendizagem, o que aprende e o que não aprende.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de
uma demanda – o problema da aprendizagem, colocado num
território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e
da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos,
ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-
se, assim, numa prática. Como se preocupa com o ‘problema de
aprendizagem’, deve ocupar-se inicialmente do ‘processo de
aprendizagem’. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as
características da aprendizagem humana: como se aprende, como
essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por
vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem,
como reconhecê-las, tratálas e ‘previni-las’. (BOSSA, 2000, p. 21).
Visando trabalhar o domínio afetivo dos seus alunos, a Psicopedagogia aposta na
afetividade como o caminho para o alcance da aprendizagem, ou seja, o ensinante deve
ser um amigo que caminha com eles na estrada do aprendizado, isto é, deve ouvir o que
seus alunos têm a dizer não somente sobre os conteúdos aplicados, mas sobre seus
anseios, suas necessidades, seus gostos, suas confissões; transmitir confiança, esperança
e força ao ouvir e guardar segredos; orientá-los a respeito de tudo aquilo que ouviu e
contar suas experiências (se puder) sobre os assuntos em pauta. Fazer com que o
aprendente sinta-se bem aceito no ambiente escolar estimula a sua autoestima e o seu
interesse pelos estudos.
Para que a falta de afetividade não seja mais um sintoma escolar na vida do aluno, é
necessário que não só o corpo docente, mas toda a instituição de ensino trabalhe com
uma prática pedagógica que possibilite o aluno trabalhar com prazer, tenha prazer em
estar dentro de sua escola, buscando maneiras atraentes de transmitir os conteúdos. Em
se tratando da EJA, utilizar técnicas que prendam a atenção dos educandos até o fim da
aula, pois o adulto tem uma mente acelerada pela velocidade do dia-a-dia e, por isso,
dispersa-se com mais facilidade. É bom dar oportunidade de exporem suas realizações.
Deve, também, valorizar todo o conhecimento do aluno trazido para a sala de aula: seus
saberes culturais, profissionais, suas experiências de vida, bem como sua origem étnica,
as características de seu local de origem, sua gente, seu modo de vida, pois os saberes
antigos ajudam na busca de novos saberes. Além disso, o educador deve cuidar de sua
aparência pessoal e de sua postura em sala de aula, atitudes que revelam o bem-estar do
professor que, também, precisa estar em alta e fazem com que o educando se sinta
alguém que tem importância para os outros. Isso garante uma vasta autoestima, além de
facilitar o processo ensinoaprendizagem.
A escola deve trabalhar não só com os conteúdos curriculares, mas também com
assuntos ligados à Deus, à família, à ética e à cidadania. Quem tem conhecimento sobre
a Palavra de Deus, deve aproveitar as oportunidades de aplicá-la às mais diversas
situações presentes no cotidiano. Assim, o educando será transformado num indivíduo
de boa índole, consciente de seus direitos e deveres na sociedade e capacitado a lidar
com os sucessos e os fracassos da vida.
Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma
mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às
solicitações do ambiente. (LIBÂNEO, 1990, p.p. 13-14).
A sala de aula deve ser um lugar democrático, de troca de idéias, de acúmulo de
conhecimentos e de liberdade.
Mas, como o profissional da educação pode estimular a autoestima dos seus alunos se a
sua autoestima também anda baixa, devido aos baixos salários, às precárias condições
de trabalho e à falta de capacitação profissional, como é o caso do professor da EJA?
Todos esses problemas, infelizmente, tornam o trabalho difícil e necessitam de soluções
urgentes para o êxito de todo o sistema educacional. Mas o profissional deve pensar que
tem em suas mãos, vidas que dependem dele para construírem condições futuras com
dignidade, cidadãos que merecem a oportunidade de se tornar mais conscientes e, assim,
construírem uma sociedade mais justa através da educação. As dificuldades que rodeiam
a profissão não podem ofuscar a responsabilidade do educador.
3.2- O papel da família
“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando
envelhecer não se desviará dele.”
A interação entre conhecimento e afeto na vida do educando, proposta pela
Psicopedagogia, deve ser fortalecida, principalmente, pela sua família, pois essa é a
primeira e a maior provedora de conhecimentos para o indivíduo, já que esse adquire
seu conhecimento de mundo e constrói seus contatos sociais através da assimilação de
características de outras pessoas inicialmente no ambiente familiar. Inicia com a relação
mãe/filho e se diferencia conforme as diversas fases da vida.
A procura de jovens e adultos pela escola acontece, entre outras razões, por decisão da
família.
A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da
criança, já que os pais são os primeiros ensinamentos e as atitudes
destes diante das emergências de autoria do aprendente, se repetidas
constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos
filhos.(FERNÁNDEZ, 2001, apud PORTO, 2009, p. 17).
Cabe à família, independente de seu nível socioeconômico, contribuir para que seus
membros sejam responsáveis por suas atitudes. Cabe, também, à família, dar amor a
esses membros fazer com que eles sintam-se amados e desejados desde o período de
gestação, além de responsabilizar-se em ser mantedor material e cultural e de transmitir
todos os valores morais que façam de seus descendentes, cidadãos conscientes. Criar
seres humanos que espalhem o amor e a paz pela terra.
Uma relação afetiva bem construída entre pais e filhos é de suma importância na
construção da autoestima, bem como da aprendizagem, não só a escolar, mas o
aprendizado que se adquire na caminhada da vida. O indivíduo que se sente amado
aprende melhor, pois segue confiante na busca de seus objetivos.
O aluno moldado através do amor adquire benefícios não só para si mesmo, mas
também para sua família. A afetividade e a disciplina que são desenvolvidas no
educando estendem-se aos familiares. Estes, por sua vez, passam a ter suas esperanças
renovadas, pois o aluno resgatado pelo amor da escola e que busca um novo rumo para
sua vida, faz toda uma diferença no seio familiar. Educando e família têm suas
autoestimas recuperadas.
Os pais precisam elogiar seus filhos por suas qualidades, saber sempre por onde andam
e o que fazem para que saibam que são protegidos. Por outro lado, a pessoa que não é
elogiada, que não tem uma família que se interesse pelos seus interesses e não a proteja,
mesmo que esteja na idade adulta, sente-se rejeitada, cultiva a ideia de que não é
importante para a família, não se
sente satisfeita com sua vida e, consequentemente, não aprende, pois não tem quem veja
e aplauda o seu sucesso. Logo, não se sente motivada em buscá-lo, o que resulta em
rejeição aos estudos e em evasão escolar.
É muito importante prestar atenção às palavras que são proferidas às pessoas. Uma
criança pode ficar muito machucada com a palavra de qualquer outra pessoa, mas
quando a palavra é proferida pelos pais ou por outras pessoas importantes para elas, a
dor é extremamente mais profunda, o que transforma a criança num adulto com muitas
barreiras na vida, inclusive na área cognitiva. O fato de não estar bem consigo mesmo
pode levar um pai ou uma mãe a jogar a culpa nos filhos através da agressão verbal,
entre outras.
A palavra é um instrumento e, como tal, pode ser usada tanto para o
bem quanto para o mal. Ela também tem o poder de destruir,
arruinar, deprimir, de causar todo tipo de dor à alma de alguém,
podendo deixar profundas marcas. (PIMENTEL, 2006, p. 31).
Os pais devem, também, valorizar e respeitar a individualidade dos filhos, entender que
são indivíduos que têm vida própria, estar mais próximos deles nos momentos difíceis,
interessar-se por seus problemas, por sua vida escolar e acompanhá-los. Aprender a
ouvi-los. Compreender os filhos não só quando fazem as coisas corretas, mas quando
fazem, também, as coisas erradas.Isso inspira confiança e respeito.
Uma família precisa estar bem ajustada consigo mesma para propiciar um ambiente
saudável ao educando. Problemas de relacionamento entre familiares (principalmente
entre marido e mulher) afetam profundamente a vida pessoal e escolar do educando. Na
EJA, o número de alunos com dificuldades de relacionamento em relação aos
professores, aos funcionários, aos colegas e com dificuldades de aprendizagem é cada
vez mais significativo.Isso nada mais é do que, entre outros problemas, reflexo de
acontecimentos negativos oriundos da família. Entre outros fatores negativos estão: a
falta de amor uns pelos outros e a falta de disciplina.
A orientação e a correção são tarefas obrigatórias de pais e responsáveis. Os pais não
ensinam aos filhos porque não têm nada de bom para transmitir ou porque ocupam-se
de outras coisas, principalmente da vida profissional. Quem não é disciplinado no seio
da família desde a infância, não aceita a autoridade imposta por professores o por outros
líderes que encontrarão no decorrer da vida (patrão, etc.). Quando os pais não
estabelecem limites, formam um adulto indisciplinado, que não obtém êxito na vida,
pois sem disciplina, não há aprendizagem e não há sujeito seguro de si mesmo. Para
colocar limites, é necessário argumentar suas razões para que o sujeito sinta-se
confiante.
É muito importante a participação da família na vida escolar do aluno, inclusive do
aluno da EJA, que recebe uma grande quantidade de adolescentes, com visitas
frequentes à instituição, mesmo que não haja reuniões de pais, para saber sobre o
desempenho escolar do aluno, verificar suas tarefas escolares em casa, bem como
acompanhar o educando no preparo das mesmas; enfim, participar da vida escolar do
educando de todas as formas possíveis. Até mesmo com os alunos de faixas etárias
maiores esse trabalho é bem-vindo, interessandose por suas atividades escolares. Essas
atitudes fazem com que o aluno adulto saiba que a família o ama, o que resulta em
satisfação pessoal e bom desempenho escolar.
É válido ressaltar a presença da escola na vida familiar, ou seja, um trabalho da
instituição escolar visando aproximar-se, conhecer melhor a família do aluno e
investigar as causas da dificuldade de aprendizagem nesse meio, já que a mesma
origina-se, muitas vezes, de conflitos familiares; bem como encaminhar a família para
uma análise psicopedagógica, que inclui investigação do histórico de vida do aluno em
seu meio familiar e conversa com os pais para que possam compreender e aceitar essas
dificuldades e saber ajudar seus filhos. É uma tarefa que pode contribuir tanto para a
vida do educando quanto para a vida da família em relação ao resgate da autoestima,
uma vez que ambos se sentirão amados e acolhidos pela instituição escolar.
Nosso objetivo é dar um alerta para que não se feche à visão
psicopedagógica a dinâmica familiar em torno de um problema de
aprendizagem, quaisquer que sejam as suas causas. Tal
posicionamento vai nos levar a compreender casos em que, sem
intervenção a nível familiar, o processo corretor psicopedagógico
não atinge o sucesso almejado. Quando a família deposita em um de
seus membros o papel de ‘doente’, de desviante em algum sentido, a
escola e os profissionais que concentram seus esforços apenas em
direção à criança ou adolescente, estão de algum modo diminuindo
as suas possibilidades de cura. (SCOZ et al., 1987. p. 77).
Família e escola são os principais responsáveis pela educação, inclusive do aluno
adulto, pois ambas têm o dever de incentivar o crescimento cultural do educando.
Infelizmente, essa parceria está cada vez mais escassa devido ao afastamento da família
da vida escolar dos jovens. A família, independente de seu nível socioeconômico, pode,
perfeitamente, transmitir aprendizagem ao lado da escola.
Família e escola devem ter plena consciência de que o ato de educar é, também, um ato
de amor e obtém mais sucesso quando é feito muito mais por atitudes do que por
palavras, como a Palavra de Deus ensina sabiamente e está escrito na epígrafe desse
tópico: instrui o menino no caminho em que deve andar (...)., ou seja, para transmitir
valores, é necessário viver esses valores, estar com o educando no mesmo caminho em
direção ao triunfo pessoal e profissional, dando-lhe condições morais, emocionais e
materiais o máximo possível.
Conclusão
“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram, tudo se fez novo”.
A Andragogia cuida do ensino de jovens e adultos e apresenta uma proposta de ensino
baseada nas necessidades e nas experiências anteriores dos mesmos, sejam experiências
escolares ou adquiridas na escola da vida.
O aluno adulto é independente e seleciona aquilo que quer aprender, de acordo com
seus anseios profissionais e pessoais.
Muitos voltam para a escola cheios de sonhos e de esperanças em construírem um
futuro digno para si e para sua família através do conhecimento; outros voltam cheios de
feridas interiores, causadas por insucessos escolares e pessoais, palavras negativas
internalizadas, falta de apoio emocional e material por parte do meio que os cerca,
deixando que o desânimo impere em suas vidas. Esses motivos, entre outros, fazem com
que o aluno adulto se sinta um ser inferior diante do mundo, incapaz de aprender e de
construir sua própria história, bem como de contribuir com melhorias para a história da
humanidade.
Esse indivíduo precisa de estímulos para a sua autoestima, ou seja, saber que é um ser
que tem tanta importância quanto qualquer outra pessoa, que pode aprender o que quiser
e alcançar o objetivo que quiser.
Família e escola são responsáveis pela construção da autoestima do aluno. Ambos têm a
incumbência de transmitir confiança e de despertar os sentimentos do mesmo,
fortalecendo, assim, as suas estruturas emocionais. Família e escola, quando caminham
juntas, colaboram no processo de aprendizagem, inicialmente, através da afetividade.
Devem ser vistas como “portos seguros” do indivíduo, como pontos de busca de apoio
para o mesmo em todas as horas.
Educação não é tarefa exclusiva do professor e a escola não é o único espaço físico para
aprender. Toda a sociedade deve voltar-se para a educação, proporcionando os mais
diversos espaços físicos para o alcance da aprendizagem.
Ensinar é muito mais do que transmissão de conteúdo: requer afetividade entre
professor e aluno, sempre na busca de soluções de dificuldades da aprendizagem do
educando. Requer, também, o amor do professor pela delícia de ensinar.
As realizações na vida do indivíduo se dão conforme o fluir do seu modo de pensar. Por
exemplo: se pensar e planejar coisas boas, elas acontecerão; mas se pensar somente em
coisas negativas e não agir para mudá-las, esse pensamentos negativos também
acontecerão. Basta internalizar somente aspectos positivos e esforçar-se, traçar
objetivos, buscálos e aproveitar todas as boas oportunidades que surgirem. É muito
importante saber usar sempre suas qualidades, acreditando em si mesmo, estudando,
trabalhando e a creditando que pode escrever a sua história.
Muitas pessoas ficam presas às influências negativas do passado, sejam palavras ou
atitudes. Esse aprisionamento gera falta de confiança em Deus e num futuro melhor.
Como o aluno da EJA tem consciência de suas atitudes, ele deve ter plena consciência
de que precisa libertar-se do seu passado amargo, cheio de desprezo e de profecias
dolorosas, caminhar com os próprios pés, buscar forças em Deus que tem todo o poder
para cicatrizar as feridas do passado e dar vida nova a todo aquele que crê no Seu
infinito amor e na Sua infinita misericórdia. Encher-se de fé em Deus e deixar o passado
para trás.
Deve, também, aceitar e aproveitar o amor e o empenho da família e da escola. Ao
mesmo tempo, família e escola têm a inteira obrigação exercer a sua responsabilidade
de amar, de educar e de cuidar. Só assim as gerações futuras serão formadas por pessoas
sensíveis, honestas e responsáveis.
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Publicado por: Luciane Fernandes da Silva