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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Campus Experimental de Sorocaba Engenharia de Controle e Automação Automatização e Controle Econômico do Processo de Produção de Pipoca Doce: Estudo de um Caso. Aluno: Matheus Costa Flaiban R.A. : 710113 Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Junior Sorocaba, 04 de maio de 2013

Automatização e Controle Econômico do Processo de Produção ... · processo de produção dos dois produtos conjuntos (a pipoca doce e componente para a ração utilizada em trato

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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”

Campus Experimental de Sorocaba

Engenharia de Controle e Automação

Automatização e Controle Econômico do

Processo de Produção de Pipoca Doce:

Estudo de um Caso.

Aluno: Matheus Costa Flaiban – R.A. : 710113

Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Junior

Sorocaba, 04 de maio de 2013

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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”

Campus Experimental de Sorocaba

Engenharia de Controle e Automação

Automatização e Controle Econômico do

Processo de Produção de Pipoca Doce:

Estudo de um Caso.

Trabalho de graduação

apresentado à Universidade

Estadual Paulista com o objetivo

de obter o título de bacharel em

Engenharia de Controle e

Automação.

Aluno: _________________________________

Matheus Costa Flaiban – R.A. : 710113

Orientador: _______________________________

Prof. Dr. Galdenoro Botura Junior

Sorocaba, 04 de de 2013

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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”

Campus Experimental de Sorocaba

Engenharia de Controle e Automação

Automatização e Controle Econômico do

Processo de Produção de Pipoca Doce:

Estudo de um Caso.

Trabalho de graduação

apresentado à Universidade

Estadual Paulista com o objetivo

de obter o título de bacharel em

Engenharia de Controle e

Automação.

Banca Avaliadora:

Prof. Dr.: Galdenoro Botura Junior

UNESP – Campus de Sorocaba

Prof. Dr.: Luiz Carlos Rosa

UNESP – Campus de Sorocaba

Profª. Drª. Marilza Antunes de Lemos

UNESP – Campus de Sorocaba

Sorocaba, 04 de maio de 2013.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço minha família pelo carinho,

apoio e dedicação, que tornaram possíveis

minha formação moral e educacional. Sem

vocês, eu jamais estaria onde estou.

Agradeço aos professores que fizeram a

diferença, para melhor, em minha

formação como profissional. Vocês sempre

estarão em minha memória.

Agradeço aos meus amigos e,

especialmente, à minha namorada,

Vanessa, pela paciência com a minha

inquietude e eventual falta de sensibilidade.

Finalmente, agradeço à minha amiga

Juliane por estar sempre presente e pelo

tempo dedicado à correção deste longo

trabalho.

“O grande mestre é aquele que dá as ferramentas pra que o discípulo escolha seu

caminho, sem obrigá-lo a seguir sob a sua sombra.”

(Autor Desconhecido)

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RESUMO

Este trabalho de graduação apresenta um estudo voltado à otimização do processo de

produção de produtos conjuntos, caracterizado pela obtenção de mais de um produto a

partir de uma única matéria prima. Neste caso, o estudo será direcionado a uma fábrica

que produz, a partir do milho desgerminado, a matéria prima para ração utilizada no

trato de porcos e também a pipoca doce, aplicando as melhorias conforme os dados e as

solicitações do cliente. Utilizando as técnicas propostas por Rosa & Brunstein (2006),

foi simulado um sistema de monitoramento de processo através de um software voltado

para a instrumentação virtual (LabVIEW® 2011), visando o controle e monitoramento

de cada uma das etapas do processo. Associado a esse sistema, foi aplicada a

modelagem econômica do processo de produção de produtos conjuntos, permitindo

quantificar os custos envolvidos ao longo do processo e o rendimento obtido. Com

objetivo de tornar esse trabalho singular, os recursos adotados para melhoria de cada

etapa levarão em consideração tanto as melhorias técnicas como as financeiras,

possibilitando que o estudo seja utilizado como uma proposta comercial direcionada ao

cliente.

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ABSTRACT

This paper presents a graduation study to optimize the production process to a product

sets, characterized by obtaining more than one product from a single raw material. In

this case the study will be directed to a factory that produces, from non-germinated

corn, the raw material for feed used to feed pigs and also the sweet popcorn, applying

the improvements as data and requests provide by the custmer. Using the techniques

proposed by Rose & Brunstein (2006), a system was simulated process monitoring

through a virtual instrumentation software (LabVIEW® 2011), for the control and mon-

itoring of each stage of the process. Associated with this system, economic modeling

was applied to the production process of product sets, allowing to quantify the costs

involved in the process and the turnover. In order to make this work unique, the features

adopted to improve each step oversee both the technical and financial improvements,

allowing the study to be used as a commercial proposition targeted to the customer.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Unidade de processamento para uma etapa genérica A2 [1] ........................... 9

Figura 2 - Diagrama da Interdisciplinaridade da Automação [5] ................................... 11

Figura 3 – Modelo de Instrumentação Virtual [4] .......................................................... 13

Figura 4 - Cilindro Compacto ADN-PPS - Atuador Pneumático [8] ............................. 14

Figura 5 - Planta Produtora ............................................................................................. 15

Figura 6 - Visão traseira do canhão [9] .......................................................................... 17

Figura 7 - Visão dianteira do canhão [9] ........................................................................ 17

Figura 8 - Esteira separadora de grãos [10] .................................................................... 18

Figura 9 - Fogão Industrial [10] ..................................................................................... 19

Figura 10 - Tacho industrial [11] .................................................................................... 20

Figura 11 - Simulação de Funcionamento e Erro do Canhão de Estouro....................... 27

Figura 12 – Simulação de Funcionamento e Erro da Esteira Vibratória ........................ 30

Figura 13 – Simulação de Funcionamento e Erro na Primeira Secagem ....................... 32

Figura 14 – Simulação do Funcionamento da Etapa de Melaceamento. ........................ 34

Figura 15 - Simulação do Funcionamento da Etapa de Segunda Secagem. ................... 36

Figura 16 - Máquina Embaladora Vertical[13] .............................................................. 38

Figura 17 - Aba inicial do Sistema de Instrumentação Virtual. ..................................... 42

Figura 18 - Sistema de Instrumentação Virtual - Canhão de Estouro ............................ 43

Figura 19 - Sistema de Instrumentação Virtual - Esteira Vibratória .............................. 44

Figura 20 – Sistema de instrumentação virtual – 1° Secagem ....................................... 45

Figura 21 – Sistema de Instrumentação Virtual – 1° Secagem – Funcionamento do

Alerta de Umidade .................................................................................................. 46

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Figura 22 - Sistema de Instrumentação Virtual - Melaceamento ................................... 47

Figura 23 - Sistema de Instrumentação Virtual – Segunda Secagem ............................. 47

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 1

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3

1.1. Trabalho a ser desenvolvido ............................................................................................ 3

1.2. Levantamento bibliográfico ............................................................................................. 3

1.3. Especificações do projeto ................................................................................................ 5

2. Conceituação Teórica ........................................................................................................... 6

2.1. Modelagem Econômica .................................................................................................... 6

2.2. Automação ....................................................................................................................... 9

2.3. Instrumentação Virtual .................................................................................................. 12

2.4. Sensores e Atuadores ..................................................................................................... 13

3. CENÁRIO A SER OTIMIZADO ............................................................................................... 15

3.1. Etapas de produção ........................................................................................................ 15

3.2. Estouro do milho desgerminado .................................................................................... 16

3.3. Separação dos grãos ...................................................................................................... 18

3.4. Primeira Secagem ........................................................................................................... 18

3.5. Melaceamento ............................................................................................................... 19

3.6. Segunda secagem ........................................................................................................... 20

3.7. Envasamento Manual..................................................................................................... 21

3.8. Armazenamento ............................................................................................................. 21

3.9. Custos de Produção e Lucratividade Corrente ............................................................... 21

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4. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ...................................................................................... 25

4.1. Estouro do milho desgerminado .................................................................................... 26

4.2. Separação dos grãos ...................................................................................................... 29

4.3. Primeira Secagem ........................................................................................................... 31

4.4. Melaceamento ............................................................................................................... 33

4.5. Segunda Secagem .......................................................................................................... 35

4.6. Envasamento e Armazenamento ................................................................................... 38

4.7. Custo de Produção e Lucratividade no Modelo Proposto ............................................. 39

5. RESULTADOS OBTIDOS ....................................................................................................... 42

6. CONCLUSÃO........................................................................................................................ 50

7. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 52

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APRESENTAÇÃO

Segundo Rosa e Brunstei (2006), as constantes modificações decorrentes da

globalização da economia e das exigências do consumidor no mundo intensificam diariamente

a competitividade nos meios de produção, fazendo com que a indústria sofra profundas

transformações, que abrangem desde a incorporação de novas ferramentas tecnológicas até as

reestruturações organizacionais.

Tagliare, Junior, Rosa e Lemos (2010) colocam que a automação industrial pode ser

aplicada em projetos simples, visando apenas o monitoramento e controle local automático

dos principais parâmetros, garantindo uma operação adequada remota e não assistida, até

projetos mais complexos, que procuram desde a segurança em locais perigosos ou de

ambiente insalubre até a busca pela otimização e padronização dos procedimentos existentes

em cada processo, vislumbrando a redução de custos, a aceleração na produção, a melhoria na

qualidade e a possibilidade da introdução de sistemas produtivos interligados, características

que definitivamente se encaixam neste trabalho.

Dentro deste contexto, o Engenheiro de Controle e Automação possui os requisitos

necessários para dimensionar a necessidade de melhoria de cada processo, baseando-se em

sua complexidade, nível tecnológico e nas necessidades e possibilidades do cliente, tornando-

se assim o profissional mais indicado para atender às necessidades e restrições de cada projeto

de automação.

Desta maneira, o presente trabalho de graduação tem por objetivo simular, através do

auxilio do modelo de Otimização no Processo de Produção de Produtos Conjuntos proposto

por Rosa e Brunstein (2006), a melhoria e monitoração do processo de produção de produtos

conjuntos, neste caso a pipoca doce e uma das matérias primas utilizadas na produção de

ração para trato de porcos, subproduto antes considerado refugo no processo de estouro da

pipoca. Grande parte das etapas de um processo industrial gera subprodutos e é

financeiramente relevante saber distinguir entre o refugo, que não tem valor econômico, e um

produto secundário, que retorna parte dos investimentos.

Para a execução do trabalho serão utilizados conceitos e técnicas para instrumentação

virtual simulada e modelagem econômica de processo, permitindo visualizar como cada etapa

do processo progride, onde ocorrem os principais erros e perdas, determinar os custos ao

longo do processo e o impacto tecnológico e financeiro causado pelas melhorias realizadas.

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Com tais informações relacionadas à planta produtora, serão determinados os

dispositivos para controle e automatização dos processos, bem como o cenário em que o lucro

máximo possível será obtido através dos dois produtos envolvidos, criando assim uma

proposta comercial a ser apresentada para o cliente em potencial.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Trabalho a ser desenvolvido

Este trabalho tem por objetivo elaborar um sistema que simulará o aperfeiçoamento do

processo de produção dos dois produtos conjuntos (a pipoca doce e componente para a ração

utilizada em trato de porcos), através de um modelo econômico que determinará o melhor

cenário para obter a maior lucratividade e do sistema de monitoramento elaborado por meio

de um software para instrumentação virtual, o LabVIEW®.

O foco do projeto é criar uma ferramenta flexível e barata que simulará melhorias nos

aspectos econômico, tecnológico e qualitativo no processo de produção de pipoca doce de

uma micro empresa, além de servir como sistema modelo para outros processos produtivos

com pouca sofisticação e que precisam de soluções de baixo custo para resolver problemas

pontuais em etapas específicas.

Finalmente, uma vez que a simulação demonstrar que haverá crescimento econômico e

aperfeiçoamento no processo de produção, a ferramenta permitirá a implementação do

sistema, já que o LabVIEW® dispõe de todos os recursos necessários para captação, análise e

exibição de dados.

1.2. Levantamento bibliográfico

Restivo, Almeida, Chouzai, Mendes e Lopes (2007) referem à crescente demanda por

melhorias em processos, monitoramento e geração de relatórios, aquisição de dados e

informações. Os sistemas de instrumentação têm assumido um papel fundamental nas mais

diversas áreas tecnológicas. Essa necessidade tem surgido não apenas nos meios industriais e

de produção, mas também nos altos níveis de educação, tornando-se essencial em para

pesquisa e desenvolvimento.

Young, Juang e Devaney (2000) elevam o conceito de instrumentação virtual aplicando

sistemas de monitoramento individual em múltiplas estações, onde cada etapa do processo é

monitorada e está conectada a um sistema de rede que permite a visualização de todos os

processos em uma única interface remota, provando que a instrumentação individual pode ser

mais eficiente em cada estação, porém perde eficiência quando várias interfaces remotas

acessam o sistema para visualização e retirada de relatórios. Um pouco mais a frente no

tempo, Elliott, Vijayakumar, Zink e Hansen (2007) apresentaram um trabalho semelhante, já

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com sistemas de rede e programação mais avançados, onde além de obter resultados mais

satisfatórios com relação ao acesso de vários usuários ao sistema unificado, implementaram o

envio de notificações de erros por e-mail: assim que um erro é identificado,relatórios status

que podem ser obtidos a qualquer momento.

Teng, Chan, Lee e Roy abordaram o tema sob uma perspectiva bastante interessante e

prática ao criar uma série de sub-VIs no LabVIEW® que pode ser reutilizada em vários

outros projetos, aumentando a velocidade de desenvolvimento e diminuindo os custos com

pesquisa e design. Esse tipo de trabalho demonstra a importância da utilização do

LabVIEW®, uma vez que este possibilita criar códigos flexíveis para instrumentação e

aquisição de dados, passiveis de serem adaptados em diversos tipos de sistema diferente.

Ferreira, Lins e Cavalcanti (2008) constataram, em seu estudo, a aplicabilidade do

LabVIEW® na virtualização de instrumentos, provando que, além da manutenção na validade

dos resultados obtidos e a facilidade na obtenção de relatórios e informações, a

instrumentação virtual traz flexibilidade para o instrumento de medição e reduz os custos em

relação aos instrumentos reais.

Em um trabalho similar, Neto, Vale e Silva (2008) implementaram a instrumentação

virtual para medição das características básicas de qualquer equipamento rotativo, abordando

a retirada de informações de uma maneira bastante particular, poisfazem uso da lógica fuzzy:

interpretação dos dados armazenados, associados à manutenção preditiva dos equipamentos.

Isso faz com que se possa estabelecer um padrão relacionado ao conjunto de características e

eventos que antecedem uma possível falha no sistema.

Muitos aspectos serão similares aos dos trabalhos já feitos na área, como

monitoramento de várias etapas visualizadas em uma única interface, busca pela redução de

custos e a utilização de VIs flexíveis. O foco do sistema de monitoramento é o fator que o

torna singular, pois o sistema será voltado às necessidades apontadas pelo cliente, deixando as

características mais profundas dos processos de lado para supervisionar pontos específicos de

cada etapa, principais causadores de perdas no processo.

O sistema visará questões como substituição do método de envasamento e identificação

de problemas em seu estágio mais prematuro, sendo limitado apenas pela capacidade

financeira do cliente para investir em sua planta e suas requisições.

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1.3. Especificações do projeto

A especificação de um projeto é a definição do que se espera deste quando concluído. É

a partir dela que será determinado o sucesso do estudo ou trabalho realizado, já que os

objetivos serão quantificados para comparação com os resultados obtidos. A partir do sistema

será possível:

Identificar 100% dos problemas nas etapas de processo em seu estágio mais

primário.

Criar um ambiente virtual onde todas as etapas poderão ser observadas em uma

única interface dividida em 5 abas;

Ampliar a capacidade produtiva em 30%, indo de 5000 kg/mês para 6500

kg/mês;

Reduzir as perdas totais do processo em mais de 10%, partindo de perdas

médias mensais de 30% para no máximo 20% de perdas;

Elevar a margem de venda do produto em 10%, indo de 22% para 32%.

Nas etapas a seguir veremos o cenário que será otimizado e as medidas tomadas para

atingir as especificações.

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2. Conceituação Teórica

Um processo de produção é definido através de um sistema de etapas que, relacionadas

de forma dinâmica, levam a transformação da matéria-prima em um produto final, destinado à

utilização direta (onde o produto se encontra em um estado que pode ser utilizado pelo

usuário comum) ou indireta (onde o produto será parte de outra etapa produtiva ou atividade).

Neste caso, o produto final é de utilização direta, uma vez que o consumidor final não realiza

nenhuma etapa adicional sobre o mesmo.

Segundo Rosa e Brunstein (2006), estabelecidas as etapas de um processo, o próximo

passo reside em encontrar maneiras de aperfeiçoá-lo. Nesse momento, fazem-se presentes as

habilidades e conhecimentos do engenheiro de controle e automação, que deverá, a partir do

modelo do processo produtivo, estabelecer melhorias e modificações direcionadas à

otimização do processo, como diminuição do tempo de produção e das perdas nos processos,

aumento da rentabilidade e aproveitamento de produtos secundários, antes tratados como

refugo.

2.1. Modelagem Econômica

Seguindo a metodologia de Rosa e Brunstein, a quantificação das melhorias realizadas

nas etapas de produção de produtos conjuntos, pode ser realizada comparando o ganho obtido

ao final do processo corrente com o ganho obtido no processo melhorado, resumindo: uma

comparação de cenários de produção. No processo de produção de produtos conjuntos obtem-

se, geralmente, três tipos de produtos:

Produtos Principais: São os produtos mais desejados, aqueles que se planeja

obter ao fim da transformação da matéria prima.

Produtos Secundários: São produtos não necessariamente desejados, mas com

importância econômica relevante.

Subprodutos: Derivados da transformação da matéria prima. São tratados como

resíduos ou refugo, sem importância econômica relevante.

Para obtenção dos produtos conjuntos, há três processos de produção distintos, que

permitem a obtenção de diversos produtos finais. São eles:

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Processos Adicionais Alternativos: o produto pode ser comercializado sem

sofrer novos processos ou, de maneira alternativa, passar por um ou mais

processos adicionais e ser vendido como um novo produto.

Processos Adicionais Obrigatórios: o produto só poderá ser comercializado se

passar por todas as etapas do processo produtivo.

Processos Adicionais em Múltiplas Opções: um determinado produto poderá ser

comercializado de duas maneiras diferentes, dependendo do processo final a que

estiver submetido.

A figura abaixo mostra um exemplo de fluxograma de processo de produção que

trabalha com os três tipos de processo produtivo supracitados.

Figura 1 - Modelo Base de Produção Conjunto com Múltiplos Processos

Para os dois produtos em questão serão utilizados apenas processos obrigatórios,

principalmente para a pipoca doce, produto primário.

Para criar o melhor cenário de produção de qualquer produto que se faça (em que o

lucro é máximo, com o mínimo custo possível) será utilizado o modelo de variáveis e

equações proposto Rosa & Brunestein (2006), conforme abaixo:

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Tabela 1 - Variáveis do modelo econômico.

Variáveis Definição

MSBC Margem semibruta de contribuição

MBC Margem bruta de contribuição

CFP Custo fixo próprio

RL Receita líquida

CV Custo variável

RB Receita bruta

DPF Despesas proporcionais ao faturamento

CT Custo conjunto total

RES Receita – despesas

CVu Custo variável por unidade do produto

PVLu Preço de venda líquido por unidade

PVLt Preço de venda líquido total

Qx Quantidade total do produto

Deve-se obter os valores de custo variável (água, luz, telefone, etc. - CV), custo fixo

próprio (aluguel, internet, salários, etc. - CFP), as despesas proporcionais ao faturamento

(incluindo despesas de venda como ICMS, IPI, PIS, COFINS, que agem sobre o preço de

venda do produto - DPF) e a receita bruta atual (RB). A partir destes valores, será possível

determinar a receita líquida (RL), a margem bruta de contribuição (MBC) e a margem

semibruta de contribuição (MSBC), fatores que irão ajudar a determinar qual o melhor

cenário para atingir o lucro máximo. Seguem abaixo as equações, conforme a ordem de

utilização [1]:

RL = RB – DPF (Receita Líquida)

MBC = RL – CV (Margem Bruta de Contribuição)

MSBC = MBC – CFP (Margem Semibruta de Contribuição)

Este processo deve se repetir em cada etapa de produção, de cada produto. Ao final de

todas elas, deve-se calcular a MSBC total de cada produto [1]. Somando cada MSBC e

subtraindo o custo de conjunto total (CT),obteve-se o valor de RES (receita – despesas), que

irá determinar a rentabilidade do cenário econômico em questão. Seguem abaixo as equações

relacionadas com esta etapa do processo [1]:

RES = ∑MSCB – CT (Receita - Despesas)

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Uma vez que o preço de venda líquida unitário (PLVu, por definição: subtraindo-se

DPFu de PVu) de cada um dos produtos foi determinado, bem como a quantidade total de

cada produto, pode-se, seguindo a direção oposta da adotada até o momento, determinar e

manipular o valor de RES para obter o cenário econômico mais rentável possível [1]. Esse

processo ocorre através do sistema de monitoramento, que quantifica o resultado de cada

etapa [1]. A figura e equações abaixo demostram como funciona o processo em cada etapa

[1]:

Figura 2 - Unidade de processamento para uma etapa genérica A2 [1]

MBCan = Qan x (PVuan – DPFuan – CVuan)

MBSC = Qan x (PVuan – CVuan) - CFPan

Tendo em vista que todas as variáveis já foram determinadas, pode-se, finalmente,

manipular o sistema, obtendo o melhor resultado possível com os recursos disponíveis [1].

2.2. Automação

Conforme Rosário (São Paulo, 2009), todo processo que realiza atividades de forma

autônoma ou auxilia o homem em suas tarefas diárias é considerado um processo de

automação. O conceito de automação é geralmente confundido com automatização. De fato, a

automatização é uma componente da automação, já que ela implica na realização de

movimentos automáticos, repetitivos e mecânicos. A automação, por sua vez, agrega um

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conjunto de técnicas por meio das quais se constroi sistemas ativos, direcionados a atuar com

eficiência ótima, graças ao uso de informações recebidas do meio em que está atuando.

Assim, o sistema de automação deve estar apto a determinar a melhor ação corretiva através

de informações sensoriais, comportando-se como um operador humano.

Gutierrez e Pan (2008) apontam que a automação industrial implica na operação da

linha de produção em paralelo com sistemas de monitoração, coordenação e registro de

informações pertinentes à condição dos produtos e processos.

A automação industrial deve atender simultaneamente a três requisitos principais [6]:

Manter as condições de segurança para operação: um dos grandes benefícios da

automação é a constante diminuição de riscos no ambiente de trabalho;

Obter as respostas em tempo real: com o aumento da precisão dos sistemas

pode-se obter informações e ações cada vez mais rápidas;

Minimizar a intervenção humana: conforme evoluem, os sistemas de

automação diminuem gradativamente a necessidade de operadores para seu

funcionamento [6].

De maneira mais abrangente, a automação se define pela integração de conhecimentos

que substituem a observação, os esforços e as decisões humanas por dispositivos (mecânicos,

eletrônicos etc.) interligados por meio de softwares moldados especificamente para cada

situação. A Figura 2 representa o conceito da interdisciplinaridade aplicado à automação.

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Figura 3 - Diagrama da Interdisciplinaridade da Automação [5]

A eletrônica e a mecânica, por si só, são capazes de gerar sistemas automatizados,

porém é a computação e os sistemas de controle que vão trazer a flexibilidade e a capacidade

de resposta para diferentes situações que caracterizam o sistema de automação.

De acordo com Rosário (2009) dentro de um sistema de automação existem diferentes

níveis que podem ser definidos da seguinte maneira:

Nível 1 – Chão de Fábrica: é constituído pelos dispositivos de captação e ação,

como sensores e atuadores;

Nível 2 – Equipamentos e Máquinas Industriais: são os equipamentos que

serão controlados e monitorados;

Nível 3 – Servidores e Estações de Trabalho: são as Workstations responsáveis

por adquirir os dados e exibi-los conforme as necessidades estipuladas;

Nível 4 – Células Integradas de Automação da Manufatura: divisões da planta

automatizada, cada qual com seu processo;

Nível 5 – Controle de Processos Industriais: nível em que cada processo é

controlado;

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Nível 6 – Gerenciamento da Produção Industrial: último nível do sistema

automatizado, ele apresenta os índices de eficiência de produção e acusa

possíveis problemas na planta.

A realização deste trabalho irá simular a implantação do sistema até o nível três,

utilizando a instrumentação virtual para criar a Workstation da planta.

2.3. Instrumentação Virtual

Segundo Leite, Batista, Araújo e Freitas (2002), a instrumentação virtual tem crescido

exponencialmente nos últimos anos, devido ao interesse crescente nos sistemas de

monitoramento e controle, ao desenvolvimento da comunicação e à possibilidade de realizar

aquisição e compartilhamento de dados.

Um instrumento virtual consiste basicamente em um computador industrial ou estação

de trabalho, equipada com um software que recebe e agrega as diferentes informações sobre o

sistema em questão, captadas por dispositivos eletrônicos de medição e exibe as informações

em uma única tela, economizando hardware e se aproveitando das vantagens de

processamento do PC [3].

Pode-se resumir as vantagens de um sistema de instrumentação nas seguintes

características [3]:

Flexibilidade: diferente dos instrumentos tradicionais, com osciloscópios,

geradores de onda etc., que são limitados à sua montagem e configuração

inicial, os sistemas virtuais podem ser adaptados conforme a necessidade do

usuário, limitados apenas pelo software utilizado e pela capacidade de

processamento da estação de trabalho.

Menor custo: o sistema virtual reduz o investimento, os custos de

desenvolvimento e manutenção, além de reduzir o tempo de desenvolvimento

[3].

Coelho (2007) define o modelo básico de como funciona uma estação de

instrumentação virtual através da Figura 3.

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13

Figura 4 – Modelo de Instrumentação Virtual [4]

O software é o componente mais importante da instrumentação virtual, pois ele

determina as ferramentas disponibilizadas ao usuário, a precisão na captação, análise e

visualização das informações obtidas e a flexibilidade para modificação conforme a

necessidade do projeto [3].

Desta maneira, o software escolhido foi o LabVIEW® 2010, pois possui todas as

ferramentas necessárias para a simulação da planta, instrumentação e até mesmo a

virtualização do modelo econômico [3], além de ser o software adotado durante o curso de

Engenharia de Controle e Automação e estar disponível nos laboratórios da UNESP –

Campus Sorocaba.

2.4. Sensores e Atuadores

Conforme Thomazini e Albuquerque [2005], para obter os valores das variáveis físicas

de um ambiente que será monitorado e controlado por um sistema de automação,

independente deste sistema ser industrial, comercial, automobilístico, doméstico etc.,

utilizam-se sensores. São eles que captam as informações que serão analisadas e geridas pelas

estações de trabalho. Há sensores para os mais variados tipos de grandeza, como luz, calor,

som, umidade, etc., bem como para efeitos mecânicos como posição, força e velocidade. Os

sensores simulados nesse trabalho serão:

Sensor de vibração: utilizado nas peneiras vibratórias;

Sensor de umidade: para a primeira secagem ao ar livre;

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14

Sensor de temperatura: na segunda secagem, feita por meio de fornos;

Uma vez que uma informação captada exige uma resposta física na planta, ela será dada

por meio de atuadores. Atuadores são dispositivos que agem sobre o sistema que está sendo

controlado, através de um sinal proveniente do controlador [7]. São exemplos de atuadores

[7]:

Válvulas (pneumáticas, hidráulicas, etc.);

Relés (estáticos, eletromecânicos, etc.);

Cilindros (pneumáticos, hidráulicos, etc.);

Motores (step-motor, syncro, servomotor);

Solenoides [7];

A Figura 4 mostra um cilindro compacto, atuador pneumático da FESTO [8].

Figura 5 - Cilindro Compacto ADN-PPS - Atuador Pneumático [8]

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15

3. CENÁRIO A SER OTIMIZADO

A planta que foi escolhida para esse trabalho tem base em uma fábrica de pipoca doce.

A fábrica está situada em Sorocaba, na região do jardim Éden, possui cerca de 300 m² e conta

com cinco funcionários, além dos donos. Cada funcionário participa de todas as etapas do

processo produtivo, como uma forma de não limitar ou parar a produção no caso de alguém

faltar em um dia de trabalho. Segue abaixo a Figura 5, que ilustra a planta produtora:

Figura 6 - Planta Produtora

3.1. Etapas de produção

Na Figura 5 pode-se observar que cada equipamento relacionado ao processo está

enumerado de acordo com a ordem em que se cumprem as etapas de produção, com exceção

do estoque, que é utilizado no início e no fim do processo. São as etapas:

1. Estouro do milho desgerminado;

2. Separação dos grãos;

3. Primeira secagem;

4. Melaceamento;

5. Segunda Secagem;

6. Envasamento manual;

7. Armazenamento;

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16

Cada etapa do sistema ocorre simultaneamente. O tempo de duração de cada etapa, bem

como seu aproveitamento, foi levantado junto aos donos do empreendimento e são estimativas

baseadas em sua experiência no processo produtivo, onde foram considerados que cada

funcionário trabalha 8 horas por dia, equivalendo a oito horas/homem. A tabela abaixo

apresenta a estimativa do tempo gasto em cada etapa (Tempo (h)), mostrando as médias de

funcionários utilizados por dia em cada etapa (N° de Func.) e o total de horas/homem

consumidas durante o dia (h/h):

Tabela 2 - Tempo de Processamento

Processos Tempo (h) N° de Func. h/h

Estouro 5,5 1 11

Peneiramento 5,5 0,5 2,75

Primeira Secagem 5,5 1 5,5

Melaceamento 5,5 1 5

Segunda Secagem 5,5 1 5,5

Envasamento 8 3 24

Através da tabela acima fica claro que o processo que limita a produção é o

envasamento. Estimasse que a utilização de um equipamento de envasamento automático

permita que seja utilizada a capacidade total de cada processo, uma vez que não será

necessário utilizar todos os funcionários para envasar todo o conteúdo produzido. Abaixo, nos

tópicos 3.2 a 3.9, cada etapa será descrita procurando sempre observar e destacar os

problemas técnicos e econômicos.

3.2. Estouro do milho desgerminado

Esta etapa é constituída de quatro canhões de estouro de milho desgerminado,

comumente utilizados em processos de produção semelhantes. Os canhões funcionam através

de um cilindro giratório que é aquecido até que sua pressão interna seja bastante elevada. Os

canhões funcionam à base de energia elétrica para o funcionamento do motor e a gás para o

aquecimento do cilindro.

Ao atingir a pressão ideal, a boca do cilindro é liberada, causando a despressurização

interna e, por consequência, o estouro das pipocas, que são arremessadas em uma tela a

aproximadamente 3 metros de distância dos canhões. Segue abaixo as figuras 6 e 7 [9], que

mostram um exemplo do canhão em questão.

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17

Figura 7 - Visão traseira do canhão [9]

Figura 8 - Visão dianteira do canhão [9]

Os canhões não possuem qualquer indicador de temperatura ou pressão, o que obriga o

fabricante a estipular o tempo em que o canhão ficará sob aquecimento até que esteja pronto

para ser aberto (recomendado entre 12 e 15 minutos). Esse é um dos principais causadores de

perdas no processo produtivo, pois em caso de falha do sistema de aquecimento, esta não é

detectada com boa antecedência. Cada canhão comporta aproximadamente 5 kg de milho

desgerminado por estouro, sendo acionado duas vezes, num período de uma hora, durante

cinco horas e meia, estourando em média 55 kg de milho desgerminado por dia. Como são 4

canhões,o total de milho estourado por dia é próximo de 220 kg.

Isso faz com que a rentabilidade desta etapa caia bastante, pois a porcentagem de

estouro diminui e o número de pipocas que chega até a tela também, causando a quebra dos

grãos estourados. Os grãos quebrados e não estourados são vendidos como matéria prima para

produção de ração para trato de suínos. O aproveitamento desta etapa costuma ser de 80% a

85%, porém com os defeitos no aquecimento caem para 50% a 60%.

Esse processo leva em média meia hora: da colocação do milho no canhão de estouro

até o recolhimento da pipoca e a colocação de uma nova quantidade de milho desgerminado.

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3.3. Separação dos grãos

Para esta etapa é utilizada uma esteira separadora de grãos. Ela deverá separar os grãos

inteiros e estourados dos grãos que estão quebrados e daqueles que não estouraram. Nesta

etapa é finalizado o processo do segundo produto do processo de produção conjunta em

questão, a matéria prima para produção de ração para trato de suínos. Nas próximas etapas,

em caso de falha, o subproduto é considerado refugo, uma vez que não poderá ser

comercializado como nenhum dos dois produtos em questão. A esteira funciona com energia

elétrica.

Abaixo a Figura 8, possui um exemplo de uma esteira separadora de grãos [10].

Figura 9 - Esteira separadora de grãos [10]

Esta etapa possui uma deficiência já que não há monitoramento da vibração da esteira.

Isso faz, caso a esteira não esteja funcionando perfeitamente, que os grãos que não foram

estourados ou estão quebrados se misturem aos grãos estourados inteiros, causando perda de

qualidade no produto.

Em geral, o separador vibratório fica ligado durante todo o processo, sendo assim seu

tempo de funcionamento é de oito horas, em média.

3.4. Primeira Secagem

Para a primeira secagem dos grãos podem ser utilizados dois processos distintos:

No primeiro processo os grãos são deixados ao ar livre para que sequem à

temperatura ambiente. Este processo é utilizado quando a umidade do ar está

baixa;

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19

O segundo processo utiliza uma betoneira que é aquecida enquanto gira com os

grãos dentro dela. Este processo é utilizado quando a umidade do ar está

elevada e leva aproximadamente meia hora.

Esse processo não conta com nenhum medidor de umidade do ambiente ou da

temperatura da betoneira. Sendo assim, a assertividade de escolha entre a secagem ao ar livre

e a secagem na betoneira é baixa e, quando selecionada a secagem através da betoneira, corre-

se o risco de deixar as pipocas aquecerem demais, queimando uma parte e diminuindo a

qualidade do produto.

3.5. Melaceamento

O processo de melaceamento utiliza dois equipamentos em partes distintas: um fogão

industrial, utilizado para aquecer e derreter a mistura de água com açúcar utilizada para

açucarar o milho estourado, e um tacho que recebe as pipocas que vem da primeira secagem e

a mistura derretida.

Segue abaixo as figuras 9[11] e 10[12], exemplificando um fogão e um tacho

industriais, respectivamente.

Figura 10 - Fogão Industrial [10]

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Figura 11 - Tacho industrial [11]

Uma vez que não há medidores de temperatura no fogão e não há um processo definido

quanto ao tempo que a mistura deve permanecer ao fogo, existe uma variação quanto às

características finais do melaceamento, indo desde um melado menos denso até ligeiramente

queimado, afetando assim a qualidade do produto final.

O tempo médio de duração do melaceamento é de uma hora: do início do aquecimento

da mistura até a saída das pipocas do tacho.

3.6. Segunda secagem

Com a saída da pipoca do tacho industrial onde foi melaceada, ela precisa de uma

segunda secagem. Este processo se dá de maneira diferente ao da primeira secagem, que

podia ser feita à temperatura ambiente.

Nesta etapa utiliza-se um forno comum. Este é pré-aquecido durante 5 minutos até uma

temperatura de 180 °C, quando as pipocas que foram melaceadas são inseridas por um tempo

estimado de 20 minutos. Os problemas apresentados nessa etapa podem variar entre as

pipocas permanecerem no fogo por um tempo maior que o estipulado até a temperatura de

secagem diminuir ou aumentar devido a falhas no forno, o que pode trazer a perda de

qualidade no produto devido à queima da pipoca. Somado o tempo de espera para que o fogão

resfrie, essa etapa leva em média 40 minutos.

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3.7. Envasamento Manual

O envasamento do produto final é uma das últimas etapas do processo e é feito

manualmente. São utilizadas luvas plásticas para o manuseio do produto, que é embalado em

sacos plásticos de vários tamanhos. Essa etapa não possui histórico de perda de material, seu

maior problema é o tempo de envasamento que, por ser manual, é consideravelmente elevado.

Isso faz com que o envasamento seja um fator limitante de produção, impedindo o aumento

da produção.

3.8. Armazenamento

Esta etapa é a mais simples de todo o processo, pois o local de armazenamento é muito

próximo ao espaço onde é feito o envasamento e o peso do produto permite que este seja

movimentado sem uso de equipamentos. Assim, após envasado, o produto é mantido em

estoque. Como é um produto de alta rotatividade dificilmente ocorrem perdas nesta etapa.

3.9. Custos de Produção e Lucratividade Corrente

Uma vez que cada etapa de produção foi devidamente descrita, o próximo passo foi

colher os dados relacionados aos custos de produção, seguindo as diretivas do modelo de

otimização no processo de produção de produtos conjuntos proposto por Rosa e Brunstein [1].

As tabelas abaixo contêm todos os dados que foram considerados para formulação do

melhor cenário econômico possível. Para valorização dos custos variáveis, foi utilizado o

valor médio dos gastos durante o ano de 2012. O valor médio de consumo do milho

desgerminado foi de cinco mil quilogramas por mês.

Tabela 3 - Custos Fixos Mensais

Custos Fixos Mensais Total

Funcionários R$ 7.095,00

Aluguel R$ 3.100,00

Internet R$ 119,90

Os custos fixos (que não dependem da quantidade de milho desgerminado que é

processado) são poucos, porém representam cerca de 38% do custo de produção. A empresa

conta com três funcionários, além do dono, sendo que um é direcionado para a limpeza e dois

participam do processo produtivo. O processo produtivo em si precisa de dois funcionários

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pelo fato de que o envasamento é feito manualmente, caso contrário um funcionário apenas

seria suficiente, uma vez que o dono também atua na produção.

A internet é considerada nos custos fixos, já que é utilizada para pagamento de contas e

para efetuar vendas e pedidos. Abaixo segue a tabela de custos variáveis (Tabela 4).

Tabela 4 - Custos Variáveis

Custos Variáveis Mensais Total

Água (matéria prima) R$ 1.000,00

Água (outras funções) R$ 301,20

Luz R$ 984,25

Gás R$ 806,45

Telefone R$ 400,00

Milho Desgerminado R$ 12.000,00

Açúcar R$ 200,00

Manutenção das Máquinas R$ 294,12

Estoque R$ 147,06

Embalagens R$ 625,00

Outros R$ 300,00

Os custos variáveis, em sua maioria, estão intrinsicamente ligados à produção dos

produtos conjuntos. Eles dependem da quantidade de matéria prima que será processada e da

capacidade de produção. São exceções os gastos com telefone, água (sem ser para matéria

prima) e outros produtos. Dentro de “outros” estão inseridos diversos gastos menores como

produtos de limpeza, luvas plásticas e etc. No total, os custos variáveis representam 57% dos

custos de produção.

O custo do milho desgerminado varia com relação à quantidade comprada. Nesse caso,

a média do preço é de R$ 2,40 por quilograma, isso já incluindo ICMS, PIS, COFINS e IPI.

Com o preço de vendas já está estabelecido, começou-se a análise utilizando os valores

de margem bruta e líquida finais, permitindo, assim, que o trabalho seja direcionado para a

melhora dessas margens. Segue abaixo as tabelas com os resultados de produção de cada um

dos produtos considerados.

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Tabela 5 - Resultado Final do Produto Primário

Resultados Produto Primário

Total (5000 kg) R$ 27.372,98

Total por quilograma R$ 5,47

Preço por quilograma R$ 7,00

Margem Bruta 22%

Lucro Bruto R$ 5.964,98

Perdas Totais 30%

Lucro Líquido R$ 4.175,48

Conforme foi descrito nas etapas de produção, uma série de fatores faz com que

eventualmente as perdas de produção sejam elevadas. Pode-se dizer que, em média, o

processo apresenta 30% de perdas, variando de mês a mês. Felizmente, tudo que se perde

nesse processo vira matéria prima para uma empresa que cria porcos e esse é o produto

secundário em questão. Segue abaixo a tabela com os resultados do produto secundário

(Tabela 6).

Tabela 6 - Produto Secundário

Resultados Produto Secundário

Ração para Porcos R$ 3.150,00

O produto secundário é vendido abaixo do valor do milho desgerminado, acarretando

uma perda de trinta centavos por quilograma de produto. Sendo assim, o resultado final do

modelo econômico que é empregado está apresentado na tabela abaixo (Tabela 7).

Tabela 7 - Resultado Final

Soma Dos Resultados

Produto Primário R$ 4.175,48

Produto Secundário R$ 3.150,00

TOTAL R$ 7.325,48

Em resumo, o investimento total realizado por mês é, em média, R$ 27.372,98 com

lucro de R$ 7.325,48. Baseado nos resultados apresentados para o modelo econômico

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corrente, a próxima etapa será determinar os dispositivos que trarão diminuição nas perdas e

aumento nas margens, com o mínimo de investimento possível. O modelo econômico será

trabalhado e os processos melhorados para que se possa chegar ao maior rendimento

alcançável.

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4. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA

O sistema será desenvolvido a partir do software LabVIEW®, em conjunto com

recursos de modelagem econômica de processo de produtos conjuntos, aplicados a um estudo

de caso específico da produção de pipoca doce, juntamente com a matéria prima para

fabricação de ração para trato de suínos. Através deste sistema, será possível observar a

simulação de funcionamento e erro de cada etapa do processo em uma interface, permitindo a

obtenção de um cenário econômico melhor.

Batista, Martins e Afonso (2002) colocam que o sistema de monitoramento deve levar

em consideração, para seu desenvolvimento, a segurança, confiabilidade, praticidade e

disponibilização de recursos, desde o desenvolvimento da lógica de programação até a

exibição e captação de dados e simulações.

Elliot, Vijayakumar, Zink e Hansen (2006) referem o LabVIEW® como um sistema de

rápido desenvolvimento, rico em funções tanto para bancadas como para grandes sistemas

integrados e flexíveis. De acordo com Ribeiro e Rosa (2008), o LabVIEW® é a ferramenta

ideal no que diz respeito a possibilidade de pré-condicionamento, interpretação de comandos

do usuário, excitação e aquisição de sinais, administração e sequenciamento de eventos e

armazenamento e apresentação de dados, proporcionado uma boa visualização ao usuário.

Ribeiro e Rosa (2008) também fazem referência à linguagem como uma diferença

marcante entre as outras linguagens do meio. O LabVIEW® é baseado em linguagem gráfica,

mais conhecida como linguagem G, sendo altamente produtiva em aplicações que envolvem

sistemas de aquisição de dados, controle e instrumentação, possuindo uma estrutura em forma

de gráficos e diagramas para criar os códigos de programação em blocos, que permite que

pessoas, ainda que pouco treinadas, possam realizar tarefas que outras linguagens

demandariam muito mais tempo.

Graças a essas características o software LabVIEW® é amplamente utilizado na área, e

nesse trabalho não será diferente. O LabVIEW® possui recursos para captação e envio de

informações, simulações, exibição de informações. Funciona por meio da linguagem de

blocos orientada a objetos, que permite uma visualização muito prática da programação de

cada etapa de um processo em questão.

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Uma vez que as etapas do sistema foram devidamente discriminadas, seus problemas

foram identificados e quantificados e o resultado do modelo econômico atual foi determinado,

a próxima etapa consiste em criar os “blocos de função” de cada etapa com suas respectivas

falhas e determinar as ações a serem tomadas para diminuir os problemas e melhorar os

processos, observando ao fim a melhora nos resultados.

Abaixo encontram-se as soluções estipuladas bem como os códigos de simulação

adotados para cada etapa, onde será possível simular a captação dos erros mais comuns por

meio dos sensores, bem como o monitoramento destes no sistema de instrumentação virtual.

Por último, o modelo econômico será trabalhado novamente, de maneira a observar o efeito

das melhorias realizadas.

4.1. Estouro do milho desgerminado

O estouro do milho desgerminado é o maior causador de perdas de todas as etapas do

processo. Conforme a secção 3.1.1, as perdas podem variar de 15% a 50%. Isso se deve a dois

fatores principais:

Quando o milho é estourado, ele é disparado em uma lona. Sua queda causa,

inevitavelmente, a quebra de alguns grãos que são selecionados na esteira

vibratória e ficam separados dos grãos inteiros. Isso significa uma perda média

de 15% no produto, somando grãos quebrados e grãos não estourados;

Nos casos em que um determinado canhão de estouro apresenta problemas de

aquecimento no cilindro, a pressão interna do momento do estouro não atinge o

valor necessário para o máximo de estouro possível, a perda atinge níveis

drásticos, podendo chegar a 50% se somados grãos não estourados e grãos

quebrados.

Para melhorar esse processo, um sensor irá medir a temperatura do cilindro em função

do tempo. Uma vez que o cilindro atinge a temperatura ideal para o estouro (temperatura

externa da superfície do cilindro aproximadamente 120°C) no tempo estipulado pelo

fabricante (de 12 a 15 minutos), o sistema de monitoramento virtual dá um aviso de que o

canhão está pronto para ser aberto.

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Quando a temperatura não atinge o valor estipulado dentro do tempo, um alerta

(representado por uma lâmpada virtual) avisa o operador do canhão que este está com

problemas, trazendo a manutenção preventiva do aparelho.

Segue abaixo a figura com a programação em blocos do processo (figura 11).

Figura 12 - Simulação de Funcionamento e Erro do Canhão de Estouro

Para a simulação, não só do canhão, mas de todas as etapas, foram adotados alguns

métodos para exibição de funcionamento normal ou com defeito. No caso do canhão, sua

temperatura caminha conforme o tempo. Utiliza-se uma estrutura de “While”, que faz com

que cada ação aconteça a cada 0,1 segundo (função “milisecond multiple” associada ao bloco

de “Elapsed Time”). Para processos reais, os defeitos ocorrem de maneira aleatória, o que

poderia ser feito no LabVIEW®, porém o tempo para observar um defeito seria

indeterminado, tornando assim inviável a sua utilização neste caso. Para facilitar a

visualização dos erros e a resposta do sistema, foram adotados blocos “booleanos”, em forma

de botões, que iniciam o erro em cada etapa (neste caso o bloco Defeito 2).

Esta etapa se divide em: aquecimento, estouro e resfriamento, além de contar com o

tempo necessário para reabastecimento do milho desgerminado, bem como recolhimento da

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pipoca estourada. Cada etapa é definida pelos blocos “Case” que faz com que a temperatura

aja de uma determinada maneira, conforme o tempo passa.

Quando o botão “DEFEITO” é acionado, ocorre um problema de aquecimento no

cilindro, fazendo com que a temperatura demore mais para atingir 120°C, até que não a atinja

no tempo estipulado, fazendo com que o sinal de “ALERTA!” seja ativado, indicando

problemas no processo. Caso tudo corra perfeitamente, o indicador “ESTOURO” avisa o

operador que o canhão pode ser acionado.

Para melhor entendimento do funcionamento da programação de blocos, segue abaixo a

programação estruturada da rotina utilizada para simulação estouro do milho desgerminado:

program CANHAO_DE_ESTOURO

var TEMP Canhão: Real; */ TEMP Canhão exibirá os valores de temperatura do canhão de estouro */

Temp. Exe. Canhão: Real; */ Temp. Exe. Canhão controlará o comportamento do processo

p conforme o passar do tempo */

DEFEITO 2, ALERTA 2, ESTOURO: Boolean; */ Variáveis que determinam o erro, o alerta de

p defeito e alerta para estouro */

begin

TEMP Canhão => 0;

Temp. Exe. Canhão => 0;

ESTOURO => FALSE;

ALERTA 2 => FALSE;

while Temp. Exe. Canhão < 2520; */ Tempo de processo médio de 42 minutos */

write TEMP Canhão; */ Exibe a temperatura do canhão no dispositivo selecionado */

if Temp. Exe. Canhão < 600 and DEFEITO = False; */ Aumento da temperatura em 600

segundos */

TEMP Canhão => TEMP Canhão + 0,002; */ Temperatura cresce, em média,

0,2 grau por segundo */

else

TEMP Canhão => TEMP Canhão + 0,001; */ Temperatura não cresce conforme as

especificações */

end if

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if Temp. Exe. Canhão > 720,1 and Temp. Exe. Canhão < 720,22; */ Momento de estouro da

p pipoca. A temperatura cai, em média, 50 graus */

TEMP Canhão => TEMP Canhão – 50;

end if

if Temp. Exe. Canhão > 720,22 and TEMP Canhão > 0; */ Queda de temperatura */

TEMP Canhão => TEMP Canhão – 0,015;

end if

if Temp. Exe. Canhão > 600 and Temp. Exe. Canhão < 720 and TEMP Canhão < 120;

ALERTA 2 => TRUE; */ O alerta é ativado quando a temperatura não atinge os

valores especificados */

end if

if Temp. Exe. Canhão > 600 and Temp. Exe. Canhão < 720 and TEMP Canhão > 120;

ESTOURO => TRUE; */ Se a temperatura estiver correta o alerta de ESTOURO é

acionado */

end if

end while

end program

4.2. Separação dos grãos

A separação dos grãos entre inteiros, quebrados e não estourados está intrinsicamente

ligada ao funcionamento correto da esteira vibratória. Em geral, as perdas nesse processo não

são tão grandes, porém quando a esteira tem problemas para funcionar pode haver mistura dos

três tipos de grãos, aumentando as perdas e diminuindo a qualidade do produto final.

Para monitoramento desta etapa, será simulada a utilização de um sensor de vibração.

Esse sensor irá informar, dentro de uma escala estipulada de 0 a 10, a faixa de vibração da

esteira. Uma vez que essa faixa permaneça constante o sistema não trará perdas. Quando o

equipamento começa ficar defeituoso, essa faixa muda, trazendo um alerta para os operadores.

Segue abaixo a figura com a programação (figuras 12).

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Figura 13 – Simulação de Funcionamento e Erro da Esteira Vibratória

A simulação da esteira vibratória representa um dos códigos mais simples deste

trabalho. Um gráfico recebe informações a cada 0,2 segundos, sendo que estes dados variam

dentro de uma faixa (de 6 a 10), apresentando valores aleatórios através da função “Random”,

representada pelos dados de seis lados. Quando ocorre um erro, o bloco case muda para

“False” e faz o sistema variar numa faixa menor, o que representa o defeito na esteira

vibratória. O código abaixo apresenta a programação estruturada desta etapa.

program ESTEIRA_VIBRATÓRIA

var i: Integer; */ variável de manutenção em loop infinito */

DEFEITO 4, ALERTA4!: Boolean; */ Variáveis que determinam o erro e o alerta de defeito*/

begin

i => 0;

DEFEITO4 => FALSE;

ALERTA4! => FALSE;

while i <1; */ loop infinito */

if DEFEITO4 = False; */ esteira funcionando */

write ((4*erro randômico)+6)); */esteira funciona no range especificado/*

else

write ((2*erro randômico)+3)); */esteira funciona fora do range especificado/*

ALERTA4! = TRUE;

end if

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i=>0;

end while

end program

4.3. Primeira Secagem

A primeira secagem é uma das etapas que traz menos perdas para o processo. Ainda

assim, para melhorar o processo, foi utilizado um sensor de umidade que aumentará a

assertividade da escolha entre secagem ao ar livre e secagem utilizando uma betoneira

aquecida.

Como a umidade do ar é um fator que varia dia após dia, utilizou-se um código com

valores aleatórios variando em uma banda bem pequena, em duas situações distintas: em uma

a umidade está em torno de 40%, o que faz com que a secagem seja através da betoneira, e a

outra onde a umidade está em torno de 10% e as pipocas podem ficar ao ar livre apenas.

Para betoneira, o maior erro era esquecer a chama acesa, o que levava a um sobre

aquecimento. Devido ao tamanho da betoneira esse sobre aquecimento geralmente não trazia

grandes problemas para o produto, mas gerava um gasto maior de gás. Assim, a simulação do

sistema de monitoramento gera um alerta quando esse aquecimento não é desligado após um

determinado tempo.

Segue abaixo a figura 13 contendo o código de programação.

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Figura 14 – Simulação de Funcionamento e Erro na Primeira Secagem

Assim, como nas etapas anteriores, o processo simulado acontece conforme o tempo de

execução. Dois Cases simulam as etapas de aquecimento e resfriamento, através de

somatórias que ocorrem a cada meio segundo, em função do bloco “milisecond multiple”. Um

Case simulará o defeito desta etapa, em que ocorre o aquecimento excessivo da betoneira.

Quando a betoneira permanece aquecida após um determinado período de tempo, um alarme é

ativado informando que o aquecimento deve ser desligado.

Segue abaixo a programação estruturada para a simulação da primeira secagem:

program BETONEIRA_PRIMEIRA_SECAGEM

var TEMP BETO.: Real; */ TEMP BETO. exibirá os valores de temperatura da primeira secagem */

Temp. Exe. Beto.: Real; */ Temp. Exe. Beto. controlará o comportamento do processo p

conforme o passar do tempo */

DEFEITO 3, ALERTA 3, Primeira Secagem: Boolean; */ Variáveis que determinam o erro, o alerta

de defeito e alerta para finalização da primeira secagem */

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33

begin

TEMP BETO. => 0;

Temp. Exe. BETO. => 0;

Primeira Secagem => FALSE;

ALERTA 3 => FALSE;

while TEMP. Exe. Beto. < 2400; */ Tempo de processo médio de 40 minutos */

write TEMP BETO.; */ Exibe a temperatura da betoneira no dispositivo selecionado */

if TEMP. Exe. Beto. < 1200; */ Aumento da temperatura em 1200 segundos */

TEMP BETO. => TEMP BETO. + 0,02075; */ Temperatura cresce, em média, 0,0415

grau por segundo */

end if

if TEMP. Exe. Beto. >= 1200 and TEMP. Exe. Beto. < 2400 ; */ Tempo de desaquecimento da

p . betoneira */

TEMP BETO. => TEMP BETO. – 0,0415;

end if

if TEMP. Exe. Beto. >= 600 and TEMP. Exe. Beto. <= 1500 and DEFEITO3 < TRUE;

ALERTA 3 => TRUE; */ O alerta é ativado quando a excede os valores especificados

para o processo */

end if

if TEMP. Exe. Beto. > 1200;

Primeira Secagem => TRUE; */ Processo de primeira secagem realizado */

end if

end while

end program

4.4. Melaceamento

Conforme descrito anteriormente, o melaceamento é uma etapa bastante simples, cuja

necessidade consistia em estipular o tempo de processo de cada etapa. A figura 14 representa

o código de programação que deverá simular o funcionamento do melaceamento.

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34

Figura 15 – Simulação do Funcionamento da Etapa de Melaceamento.

O código relacionado ao melaceamento contempla toda a etapa, desde o aquecimento da

mistura até a aplicação da mesma nas pipocas no tacho industrial. As estruturas Case

funcionam de acordo com o bloco “Elapsed Time”, representando o aquecimento,

manutenção e resfriamento desta etapa. Um alarme é acionado quando já se passaram 35

minutos que a mistura está sendo aquecida. Assim é possível garantir que, uma vez que as

quantidades de água e açúcar estejam corretas, o melaço terá a consistência e sabor desejados,

além de permitir que o operador saiba em qual momento deve finalizar o aquecimento para

despejo da mistura no tacho industrial com as pipocas recém chegadas da primeira secagem.

Abaixo segue a programação em inglês estruturado da etapa de melaceamento.

program MELACEAMENTO

var TEMP MELA.: Real; */ TEMP MELA. exibirá os valores de temperatura do melaceamento*/

TEMP. Exe. Melac.: Real; */ TEMP. Exe. Melac. controlará o comportamento do processo

p conforme o passar do tempo */

ALERTA! 4: Boolean; */ Alerta para defeito*/

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35

begin

TEMP MELA. => 0;

TEMP. Exe. Melac. => 0;

ALERTA 4! => FALSE;

while TEMP. Exe. Melac. < 3600; */ Tempo de processo médio de 60 minutos */

write TEMP MELA.; */ Exibe a temperatura de melaceamento no dispositivo selecionado */

if TEMP. Exe. Melac. < 601; */ Aumento da temperatura em 601 segundos */

TEMP MELA. => TEMP MELA. + 0,083; */ Temperatura cresce, em média, 0,083

grau por segundo */

end if

if TEMP. Exe. Melac. > 601 and TEMP. Exe. Melac. < 2100 ; */ Temperatura estável*/

TEMP MELA. => 100;

end if

if TEMP. Exe. Melac. >= 2100 and TEMP MELA <= 100;

ALERTA 4! => TRUE; */ O alerta informa que o melaceamento foi finalizado */

end if

if TEMP. Exe. Melac. > 2160 and TEMP MELA >0; */ Desaquecimento do melaço*/

TEMP MELA. => TEMP MELA. - 0,083; */ Temperatura decai, em média, 0,083

grau por segundo */

end if

end while

end program

4.5. Segunda Secagem

Esta é uma das etapas com maior influência sobre a qualidade do produto final. Por

conta de não haver um processo estabelecido, o produto nem sempre mantinha as mesmas

características, como textura, sabor, cor e cheiro, poisa temperatura e o tempo de secagem

variavam. Mais uma vez o sensor de temperatura é parte fundamental nesta etapa, e sua

utilização que será simulada novamente.

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36

Com o sistema de monitoramento, pode-se definir o processo desde o pré-aquecimento

do forno até o momento de retirada das pipocas. Seguem abaixo a figuras 15 contendo o

código de programação.

Figura 16 - Simulação do Funcionamento da Etapa de Segunda Secagem.

O código acima apresenta cinco Cases que deverão simular o aquecimento, manutenção

da temperatura e resfriamento, além do tempo de espera para recomeçar o processo e do

último Case, que simulará o erro nesta etapa. O erro consistia no fato de que a temperatura

começava a diminuir antes do tempo estipulado, fator que demonstrado através do botão

“DEFEITO”. Quando a temperatura chega a 170°C (dez graus abaixo do estipulado) um

alarme é disparado, alertando o operador que deverá elevar novamente a temperatura.

Quando o processo está pronto o alarme de “Pipocas Prontas” é disparado, informando

que o aquecimento pode ser desligado e as pipocas estão prontas para serem envasadas.

Segue abaixo a programação em inglês estruturado para a etapa de segunda secagem da

pipoca doce.

program FORNO_PARA_SEGUNDA_SECAGEM

var TEMP FORNO: Real; */ TEMP FORNO exibirá os valores de temperatura do forno */

Temp. Exe. Forno: Real; */ Temp. Exe. Forno controlará o comportamento do processo p

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37

conforme o passar do tempo */

DEFEITO, ALERTA, Pipocas Prontas: Boolean; */ Variáveis que determinam o erro, o alerta de

p defeito e alerta processo de secagem finalizado */

begin

TEMP FORNO => 0;

Temp. Exe. Forno => 0;

Pipocas Prontas => FALSE;

ALERTA => FALSE;

while Temp. Exe. Forno < 2700; */ Tempo de processo médio de 45 minutos */

write TEMP FORNO; */ Exibe a temperatura do forno */

if Temp. Exe. Forno < 300; */ Aumento da temperatura em 300segundos */

TEMP FORNO => Temp. Exe. Forno * 0,6; */ Temperatura cresce, em média, 0,6

grau por segundo */

end if

if Temp. Exe. Forno > 300 and Temp. Exe. Forno < 1500 and DEFEITO = FALSE and TEMP

Forno = 180; */ Temperatura se mantém se não houver defeito */

TEMP FORNO => 180;

else if

TEMP FORNO => TEMP FORNO - 0,01; /* Temperatura cai antes do tempo/*

end if

if Temp. Exe. Forno > 300 and Temp. Exe. Forno < 1500 and DEFEITO = TRUE and TEMP

Forno < 180; */ Temperatura sobe como resultado do defeito corrigido */

TEMP FORNO => TEMP FORNO + 0,01;

end if

if Temp. Exe. Forno > 1500 and TEMP FORNO < 2100; */ Queda de temperatura */

TEMP FORNO => 630 – Temp. Exe. Forno * -0,3;

end if

if Temp. Exe. Forno > 300 and Temp. Exe. Forno < 1500 and (TEMP FORNO <= 170 or

TEMP FORNO >= 190); */ Alerta de Erro caso a temperatura varie mais que 10 graus */

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38

Alerta => True;

end if

if Temp. Exe. Forno > 1500;

Pipocas Prontas => TRUE; */ Alerta informando que as pipocas estão prontas */

end if

end while

end program

4.6. Envasamento e Armazenamento

De todas as etapas produtivas, o envasamento era a única completamente manual. Ele

representa um fator limitante da produção, uma vez que a capacidade de envasamento atual

não permitia avanços na quantidade produzida, limitando a capacidade de compra de matéria

prima, além de ter um aproveitamento ruim do espaço destinado ao armazenamento.

Para resolução deste problema é sugerida a aquisição de uma máquina embaladora de

produtos a granel. A solução proposta trará, em curto prazo, um custo maior relacionado ao

produto, porém permitirá o aumento da capacidade produtiva e a padronização do

envasamento, além de trazer aumento no faturamento e no lucro líquido quando trabalhamos

com prazo mais longo.

Foi escolhida uma máquina embaladora vertical, com capacidade de armazenamento a

granel em diversos tamanhos (preço médio de R$ 7.000,00). A figura 19[13] abaixo mostra

um exemplo de embaladora vertical capaz de suprir as necessidades da produção em questão.

Figura 17 - Máquina Embaladora Vertical[13]

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39

Estima-se que a capacidade produtiva aumente de cinco mil quilogramas de milho

desgerminado para sete mil quilogramas, uma vez que serão necessárias menos pessoas para

realizar o processo, liberando horas/homem para os outros processos, mantendo os custos

fixos e melhorando a capacidade de diluir os custos variáveis, já que o número de horas de

funcionamento das outras etapas aumentou, compensando o aumento com custos de

manutenção e da aquisição de um novo equipamento.

4.7. Custo de Produção e Lucratividade no Modelo Proposto

O objetivo dos melhoramentos no processo, monitoramento de falhas e aquisição de

novas máquinas visa a melhoria do cenário econômico. Dentro deste contexto, a última etapa

deste trabalho deverá apresentar o resultado financeiro do desenvolvimento apresentado da

etapa 4.1 à etapa 4.5, mais uma vez utilizando o modelo econômico proposto por Rosa e

Brunstein.

Começando pelos custos fixos, o único valor a ser incluído é o custo da mensalidade da

embaladora automática, que deverá ser paga dentro do período de seis meses. O restante

permanece o mesmo, conforme pode ser observado na tabela 8.

Tabela 8 - Custos Fixos - Novo Modelo Econômico

Custos Fixos Mensais Total

Funcionários R$ 7.095,00

Aluguel R$ 3.100,00

Embaladora Automática R$ 1.166,67

Internet R$ 119,90

O valor total dos custos fixos será de R$ 11.481,57, o que significa 33% do custo total

do processo, representando uma queda de 5% em relação ao primeiro modelo econômico. Isso

representa um avanço, uma vez que os custos fixos independem do volume de produção neste

caso, quanto mais se produz, mais barato fica, sempre limitado pela capacidade de produção

em função dos equipamentos e mão de obra disponíveis.

Segue abaixo a Tabela 9, contendo o novo cenário para os custos variáveis.

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40

Tabela 9 - Custos Variáveis - Novo Modelo Econômico

Custos Variáveis Mensais Total

Água (matéria prima) R$ 1.341,00

Água (outras funções) R$ 416,16

Luz R$ 1.320,75

Gás R$ 1.090,34

Telefone R$ 550,31

Milho Desgerminado R$ 16.100,00

Açúcar R$ 277,56

Manutenção das Máquinas R$ 630,00

Estoque R$ 207,22

Embalagens R$ 851,58

Outros R$ 414,53

O valor total dos novos custos variáveis é R$ 23.199,46, representando 67% do custo.

Uma grande vantagem ao comprar uma quantidade de matéria prima maior é a diminuição do

preço por quilograma do produto. Nesse caso o valor médio caiu de R$ 2,40 para R$ 2,30. A

queda no preço da matéria prima nas perdas compensou o aumento nos gastos com estoque e

manutenção, gerados pela aquisição da embaladora automática e a identificação dos erros

através do sistema de monitoramento.

Mantido o preço de vendas, os resultados de produção para o primeiro produto

encontram-se na tabela abaixo:

Tabela 10 - Resultados Produto Primário - Novo Modelo Econômico

Resultados Produto Primário

Total (7000 kg) R$ 34.681,03

Total por quilograma R$ 4,95

Preço por quilograma R$ 7,00

Margem Bruta 29%

Lucro Bruto R$ 10.134,63

Perdas Totais 15%

Lucro Líquido R$ 8.614,43

As melhorias adotadas ao longo do trabalho trouxeram um aumento de sete pontos

percentuais na margem bruta e uma queda de 15%, em média, das perdas. O lucro líquido

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41

será, em média, de R$ 8.614,43, um aumento de 106% em relação ao modelo econômico

anterior.

Da mesma maneira que no modelo anterior, tudo que se perde nas etapas de produção

do primeiro produto, se transforma no segundo produto. A tabela abaixo mostra os resultados

para o segundo produto conjunto (Tabela 11).

Tabela 11 - Resultados Produto Secundário - Novo Modelo Econômico

Resultados Produto Secundário

Ração para Porcos R$ 2.205,00

Comparando os resultados para o produto secundário, houve uma queda de 30%. Isso se

deve ao fato de que as perdas diminuíram e a produção não cresceu o suficiente para manter o

volume deste produto.

Segue abaixo a tabela contendo a soma dos resultados finais, comparando também com

os resultados do modelo econômico inicial (Tabela 12).

Tabela 12 - Comparado Modelo Antigo x Modelo Novo

SOMA DOS RESULTADOS

Modelo Econômico Antigo

Produto Primário R$ 4.175,48

Produto Secundário R$ 3.150,00

TOTAL R$ 7.325,48

Modelo Econômico Atual

Produto Primário R$ 8.614,43

Produto Secundário R$ 2.205,00

TOTAL R$ 10.819,43

DIFERENÇA 32%

A tabela acima apresenta, em volumes financeiros, o resultado das melhorias realizadas

no sistema de produção em questão. Aplicando as soluções propostas, sem ter de aumentar o

preço do produto e tão pouco diminuir o efetivo, obteve-se um aumento de 32% de

faturamento do modelo econômico novo em relação ao antigo, com crescimento em curto

prazo de 7% na margem do produto.

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42

5. RESULTADOS OBTIDOS

Este projeto realizou um estudo de caso bastante particular, permitindo a criação de

especificações singulares em relação aos projetos antes realizados no segmento. Seguem

abaixo os resultados obtidos através da simulação, comparando-os com as especificações

determinadas.

As simulações mostraram 100% de detecção nos erros que foram apontados como

principais causadores de perdas do processo. Todos os problemas foram detectados de

maneira prematura, o que elevou ligeiramente os custos com manutenção em algumas etapas,

porém trouxe ganho muito maior ao longo do processo, enquadrando-se na primeira

especificação do projeto.

Através do LabVIEW® foi possível criar um software que permite a visualização de

cada etapa do projeto em tempo real. Por meio de gráficos e medidores é possível visualizar

as características mais relevantes, além de apontar alertas em casos de erro e também avisos

de finalização de processo. O sistema de instrumentação virtual elaborado conta com a

visualização de todas as etapas em uma única interface divida em abas, conforme a figura

abaixo:

Figura 18 - Aba inicial do Sistema de Instrumentação Virtual.

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43

Abaixo podem ser observadas as abas de cada etapa acusando os erros e avisos para

processos prontos (figuras 18 a 21).

Figura 19 - Sistema de Instrumentação Virtual - Canhão de Estouro

A figura acima representa o defeito correspondente a maior quantidade de perdas do

processo. Como pode ser observada, a temperatura não atinge o valor ideal (120°C) no tempo

estipulado de 12 a 15 minutos, fazendo com que o estouro não tenha eficiência total. O led

vermelho representa o alerta que é ativado quando da detecção do problema.

Quando o sistema acusa o erro, o operador solicitará a manutenção imediata do

equipamento defeituoso. Os custos com manutenção aumentarão, porém não tão

significativamente quando comparado à diminuição nas perdas. Estima-se que as perdas

diminuirão para cerca de 15% em média nesta etapa, devido a grãos não estourados ou

quebrados. Graças a isso foi possível superar a especificação de diminuir as perdas em 10%.

A próxima etapa corresponde à separação dos grãos através de uma esteira vibratória.

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44

Figura 20 - Sistema de Instrumentação Virtual - Esteira Vibratória

Na figura acima observou-se os três elementos utilizados para instrumentação virtual e

monitoramento da esteira vibratória. No gráfico é possível notar que a vibração encontrava-se

na faixa de operação ideal, porém ao acionarmos o botão de “DEFEITO” pode-se perceber

que a faixa de vibração fica menor, o que faz com que um alarme seja acionado conforme a

simulação programada.

Após passarem na esteira vibratória, as pipocas passam pelo processo de primeira

secagem, visualizado na interface conforme pode ser observado na figura 21 abaixo.

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45

Figura 21 – Sistema de instrumentação virtual – 1° Secagem

Na figura acima é possível observar que, uma vez que o aquecimento já atingiu o

período de 20 min, o alarme de “Primeira Secagem” é ativado. Quando ainda assim a

temperatura continua a se elevar o “ALERTA!” é acionado, avisando ao operador que este

deve cortar o aquecimento da betoneira. A figura abaixo mostra o funcionamento do alarme

de umidade, que é ativado quando a umidade está abaixo de 15%, informando que não é

necessária a utilização da betoneira.

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46

Figura 22 – Sistema de Instrumentação Virtual – 1° Secagem – Funcionamento do

Alerta de Umidade

Conforme pode ser observado na figura acima, pressionado o botão “Umidade”, esta irá

variar para baixo, como se fosse uma queda real na umidade ambiente, ativando o “ALERTA

DE UMIDADE”, informando não ser necessária a utilização da betoneira aquecida.

A próxima etapa é o melaceamento. Da mesma maneira que na etapa anterior, a

característica observada é a temperatura, que irá variar conforme o tempo. O gráfico exibirá o

andamento do processo de aquecimento da mistura até seu resfriamento, contando também

com o tempo que as pipocas levam para ser melaceadas no tacho, para então recomeçar o

processo.

A figura abaixo mostra como será visualizada esta etapa no software desenvolvido.

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Figura 23 - Sistema de Instrumentação Virtual - Melaceamento

Quando a temperatura chega aos 100°C e o tempo de execução chega a trinta minutos, o

alerta fica ativo até que a temperatura comece a diminuir. Dessa maneira não há risco de

queimar a mistura. Logo após retirar a mistura do fogo, ela é despejada no tacho, onde já

estão as pipocas vindas da primeira secagem.

Ao final do melaceamento as pipocas passam pelo processo de segunda secagem, que

corresponde à última aba do sistema de instrumentação virtual.

Figura 24 - Sistema de Instrumentação Virtual – Segunda Secagem

Page 58: Automatização e Controle Econômico do Processo de Produção ... · processo de produção dos dois produtos conjuntos (a pipoca doce e componente para a ração utilizada em trato

48

Acima é possível visualizar os componentes presentes no monitoramento das pipocas.

Da mesma maneira que nas etapas anteriores, está presente o tempo de execução do processo,

a exibição da temperatura instantânea (termômetro), a progressão da temperatura no gráfico, o

“ALERTA!” para problemas e o aviso de “Pipocas Prontas”, bem como o botão que simula o

defeito.

Conforme etapa 4.6, estima-se que a capacidade produtiva aumentará de 5000 kg/mês

aproximadamente para 6.500 kg/mês, através da utilização de um equipamento para

envasamento automático, proporcionando aumento próximo ao estipulado, que era de 30%.

Antes do processo de melhoramento era possível realizar, em média, onze estouros por dia, o

que utilizava cerca de 5,5 horas. Com a envasadora automática foi possível economizar

horas/homem no envasamento, passando essas horas para os outros processos. Assim é

possível realizar, em média, 16 estouros por dia, somando aproximadamente 8 horas,

superando então as especificações do projeto.

A tabela abaixo permite visualizar a evolução da distribuição das horas homem.

Tabela 13 - Melhorias nos Processos

Tempo (h) N° de Func. h/h consumidas

Processos Antes Depois Antes Depois Antes Depois

Estouro 5,5 8 1 1 5,5 8

Peneiramento 5,5 8 0,5 0,5 2,75 4

Primeira Secagem 5,5 8 1 1 5,5 8

Melaceamento 5 8 1 1 5 8

Segunda Secagem 5,5 8 1 1 5,5 8

Envasamento 8 8 3 1,5 24 12

A margem de venda obtida através das modificações foi de 29%, sete pontos

porcentuais acima da margem inicial. Desta maneira não foi atingida a especificação numa

visão em curto prazo. A compra da envasadora automática foi o fator responsável pela perda

de margem. Porém, uma vez quitado o equipamento a margem será elevada para 32%,

atingindo assim a especificação de ser elevada em 10%.

O gráfico abaixo exibe os ganhos supracitados, permitindo a visualização de toda a

melhora estimada através dos processos simulados.

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Figura 25 - Gráfico de Evolução dos Parâmetros Especificados

Como é possível notar, houve diminuição nas perdas, de 30% para 15%, aumento na

margem, de 22% para 29%, aumento no faturamento de R$ 7.325,48 para R$ 10.819,43 e

aumento de produção de 5.000 kg para 6.500 kg, demonstrando melhorias em todos os

aspectos econômicos.

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50

6. CONCLUSÃO

Uma das maiores dificuldades apresentadas neste trabalho, com relação à programação,

que levou em consideração simulações de processos específicos, foi demonstrar o

comportamento de cada etapa e incitar o erro conforme observado no processo real. Isso

implicou a criação de novos “blocos de função” específicos para o sistema.

Cada “bloco de função” trabalhou como se fosse uma função pré-pronta do

LabVIEW®, como funções de sinais elétricos e temperatura, porém foi possível observar a

lógica por de trás de cada função, inclusive no que diz respeito às falhas e problemas

específicos de cada etapa, tendo em vista que esta lógica foi desenvolvida especificamente

para este projeto, utilizando blocos primários do software LabVIEW®, como recursos

matemáticos, estruturas “Case” e “While”, blocos de função temporal e randômicas.

Outra característica relevante com relação à utilização do LabVIEW®, uma vez que

haja oportunidade para implementação do sistema, é a possibilidade de se adaptar a interface

já elaborada, utilizando as funções de aquisição e exibição de dados, conectando o sistema a

uma placa de aquisição de dados que, por sua vez, receberá os sinais emitidos pelos sensores

simulados no projeto.

Ainda em relação ao sistema de instrumentação virtual, o uso do LabVIEW®, para a

simulação, fez com que o programa desenvolvido ficasse mais flexível, criando uma

ferramenta que pode ser adaptado à simulação de outros processos.

A aplicação do modelo de otimização no processo de produção de produtos conjuntos

com uso de controles automáticos de monitoramento trouxe resultados positivos sem recorrer

à redução de efetivo na produção ou aumento de preço, pontos bastante reforçados pelo

cliente.

As simulações mostram que é possível superar metas bastante agressivas, como

detecção de 100% dos erros em estágio prematuro, aumento de 32% de faturamento

diminuição das perdas em 15% e aumento de 7% a 10% na margem de vendas, encorajando a

implementação do sistema de instrumentação virtual e do novo cenário econômico na planta

produtora estudada neste trabalho.

Com os resultados positivos apresentados e a simulação direcionada a produção em

questão, pode-se dizer que o trabalho atingiu o objetivo de demonstrar a melhoria gerada pela

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51

aplicação da instrumentação virtual em conjunto com a modelagem econômica, agregando

informações estimadas para realização de uma proposta comercial de trabalho, através dos

conhecimentos e práticas adquiridos durante o curso de Engenharia de Controle e Automação.

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52

7. REFERÊNCIAS

[1]ROSA, L. C. & BRUNSTEIN, I. Otimização no processo de produção de

produtos conjuntos com uso de controles automáticos de monitoramento. 2006.

[2]TAGLIARE, I.B., BOTURA, G., ROSA, L.C., MARQUES, M. A. & LEMOS, M.

A., Automação em Processos Produtivos Baseada em Instrumentação Virtual. 2010.

[3]NATIONAL INSTRUMENTS – disponível em <http://www.ni.com/white-

paper/4752/pt#toc2> - acesso em 10 de fevereiro de 2013.

[4]COELHO, A. C, I. Instrumentação Virtual e Ensino de Guerra Eletrônica: A

Experiência do CEAAE. 2007.

[5]ROSARIO, J.M., Automação Industrial. Editora Barauna, São Paulo, 515, 2009.

[6]GUTIERREZ, R. M. V; Pan, S. S. K.. Complexo Eletrônico: Automação do

controle Industrial. BNDES Setorial. 232, 2008.

[7]THOMAZINI, D.; ALBUQUERQUE, P. U. B., Sensores Industriais:

Fundamentos e Aplicações. Editora Érica, 224, 2005.

[8]FESTO – disponível em <http://www.festo.com/cms/pt-br_br/16249.htm> -

acesso em 12 de fevereiro de 2013.

[9]MSI – disponível em <http://www.metalurgicastuchi.com.br/produtos/ canhao-

pipoca.asp> - acesso em 24/02/2013.

[10]HELOMAQ – disponível em <http://www.helomaq.com.br/

produtos/maquinasparapadronizacao/peneirao-classificador.html> acessado em 24/02/2013.

[11]TRON – disponível em <http://www.tron.ind.br/> - acessado em 24/02/2013.

[12]TEDESCO – disponível em <http://www.esmequipamentos.com.br/

misturela.html> - acessado em 24/02/2103.

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