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AUTOR: ENGENHEIRO AGRÔNOMO ALÍPIO LUÍS DIAS CREA: 0601114587 1

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AUTOR: ENGENHEIRO AGRÔNOMO ALÍPIO LUÍS DIAS

CREA: 0601114587

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SUMÁRIO

Introdução 3

Milho 3

História 5

Composição 6

Usos 6

Variedades Especiais 7

Cultivo 9

Colheita 10

Cultivo de Milho no Mundo 11

Cultivo de Milho no Brasil 12

Clima e Solo 13

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INTRODUÇÃO

MILHO

O milho é uma planta da família Gramineae e da espécie Zea mays. Comummente, o termo se refere à sua semente, um cereal de altas qualidades nutritivas. É extensivamente utilizado como alimento humano ou ração animal.

Acredita-se que seja uma planta de origem americana, já que aí era cultivada desde o período pré-colombiano e desconhecida pela maioria dos europeus até a chegada destes à América. É um dos alimentos mais nutritivos que existem.

Tem alto potencial produtivo, e é bastante responsivo à tecnologia. Seu cultivo geralmente é mecanizado, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. A produção mundial de milho chegou a 600 milhões de toneladas em 2004.

O milho é cultivado em diversas regiões do mundo. Os maiores produtores mundiais são os Estados Unidos. No Brasil, que também é um grande produtor e exportador, São Paulo e Paraná são os Estados líderes na sua produção. Atualmente somente cerca de 5% de produção brasileira se destina ao consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de outros produtos. Isto se deve principalmente à falta de informação sobre o milho e à ausência de uma maior divulgação de suas qualidades nutricionais.

O milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem. Puro ou como ingredientes de outros produtos, é uma importante fonte de energética para o homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, o grão de milho é constituído de carboidratos, proteínas, vitaminas (A e complexo B), sais minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio), óleo e grandes quantidades de açúcares, gorduras, celulose e calorias.

Maior que as qualidades nutricionais do milho, só mesmo sua versatilidade para o aproveitamento na alimentação humana. Ele pode ser consumido diretamente ou como componente para a fabricação de balas, biscoitos, pães, chocolates, geléias, sorvetes, maionese e até cerveja.

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Apesar de serem usados para fazer pães, o milho não contém a proteína glúten. Isso faz com que os assados de milho não sejam especialmente nutritivos (como é o caso dos assados feitos de trigo).

A produção de milho, no Brasil tem-se caracterizado pela divisão da produção em duas épocas de plantio. Os plantios de verão, ou primeira safa, são realizados na época tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto, na região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-Oeste (no Nordeste, esse período ocorre no início do ano). Mais recentemente, tem aumentado a produção obtida na safrinha, ou segunda safra. A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo. Verifica-se um decréscimo na área plantada no período da primeira safra, em decorrência da concorrência com a soja, o que tem sido parcialmente compensado pelo aumento dos plantios na safrinha. Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios na safrinha. Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios da safrinha são conduzidos dentro de sistemas de produção que gradativamente são adaptados e essas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras dessa época.

A cultura do milho ocupou, em 2006, uma área em torno de 12,9 milhões de hectares, responsável por uma produção de cerca de 41,3 milhões de toneladas de grãos, apresentando um rendimento médio de 3.198 kg ha -1 (3.298 kg ha -1 na safra e 2.907 kg ha -1 na safrinha), de acordo com a Conab. Mesmo considerando o rendimento dos estados da região Centro-Sul, que foi de 3.893 kg ha -1, esse rendimento é muito inferior ao que poderia ser obtido, levando-se em consideração o potencial produtivo da cultura, que é demonstrado que a cultura do milho aumenta sua rentabilidade e sua vantagem comparativa com outras culturas quando sua produtividade é aumentada.

Este trabalho discute os principais aspectos técnicos da produção de milho, considerado os resultados mais recentes de pesquisa e oferecendo alternativas para situações particulares, como, por exemplo, em sistema de produtores, técnicos de assistência técnica extensão rural e de planejamento informações necessárias à sua tomada de decisão, para situações específicas de cada sistema de produção, visando ao aumento de sua produtividade e rentabilidade.

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HISTÓRIA

Segundo Mary Poll, em trabalho publicado na revista Pnas, os primeiros registros do cultivo do milho datam de há 7.300 anos, e foram encontrados em pequenas ilhas próximas ao litoral do México, no golfo do México. Seu nome, de origem indígena caribenha, significa "sustento da vida". Alimentação básica de várias civilizações importantes ao longo dos séculos, os Olmecas, Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal na arte e religião. Grande parte de suas atividades diárias eram ligadas ao seu cultivo. Segundo Linda Perry, em artigo publicado na revista Nature, o milho já era cultivado na América há pelo menos 4.000 anos. O milho era plantado por índios americanos em montes, usando um sistema complexo que variava a espécie plantada de acordo com o seu uso. Esse método foi substituído por plantações de uma única espécie. Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes do mundo. Hoje é cultivado e consumido em todos os continentes e sua produção só perde para a do trigo e do arroz. O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na América do Sul, nomeadamente em regiões pouco desenvolvidas, no sistema conhecido no Brasil como de roças. No final da década de 1950, por causa de uma grande campanha em favor do trigo, o cereal perdeu espaço na mesa brasileira. Atualmente, embora o nível de consumo do milho no Brasil venha crescendo, ainda está longe de ser comparado a países como o México e aos da região do Caribe.

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COMPOSIÇÃO

Puro ou como ingrediente de outros produtos, é uma importante fonte energética para o homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, o grão de milho é constituído de carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico, sendo constituído de grandes quantidades de açúcares e gorduras. O milho contém vários sais minerais como (ferro, fósforo, potássio e zinco) no entanto é rico em ácido fítico, que dificulta a absorção destes mesmos.

USOS O milho é basicamente utilizado na alimentação, seja ela indireta (como ração animal) ou através do consumo humano direto. Uso na alimentação humana direta Nos Estados Unidos, o uso do milho na alimentação humana direta é relativamente pequeno - embora haja grande produção de cereais matinais como flocos de cereais ou corn flakes e xarope de milho, utilizado como adoçante. No México o seu uso é muito importante, sendo a base da alimentação da população (é o ingrediente principal das tortilhas, e outros pratos da culinária mexicana). De acordo com a Embrapa, no Brasil apenas 5% do milho produzido se destina ao consumo direto humano. No Brasil, é a matéria-prima principal de vários pratos da culinária típica brasileira como canjica, cuscuz, polenta, angu, mingaus, pamonhas, cremes, entre outros como bolos, pipoca ou simplesmente milho cozido.

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Na indústria pode ser usado como componente para a fabricação de rebuçados, biscoitos, pães, chocolates, geléias, sorvetes e maionese. Apesar de serem usados para fazer pães, o milho não contém a proteína glúten. Isso faz com que os assados de milho não sejam especialmente nutritivos (como é o caso dos assados feitos de trigo). Usos alternativos O uso primário do milho nos Estados Unidos e no Canadá é na alimentação para animais. O Brasil tem situação parecida: 65% do milho é utilizado na alimentação animal, e 11% é consumido pela indústria, para diversos fins. Seu uso industrial não se restringe à indústria alimentícia. É largamente utilizado na produção de elementos espessantes e colantes (para diversos fins) e na produção de óleos. Recentemente Europa e EUA tem incentivado seu uso para produção de etanol. O etanol é utilizado como aditivo na gasolina, para aumentar a octanagem. O uso do milho para produção de biocombustíveis tem encarecido seu uso para alimentação. Pesquisas genéticas O milho é a espécie vegetal mais utilizada para pesquisas genéticas. Em 1940, Barbara McClintock ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela sua descoberta de transposons, enquanto estudava o milho. A produção de milho é uma das mais difundidas entre as de alimentos transgênicos, em parte por que seu consumo é basicamente para ração animal, onde a resistência do consumidor é menor. Algumas variedades não comerciais e selvagens de milho são cultivadas ou guardadas em bancos de germoplasma para adicionar diversidade genética durante processos de seleção de novas sementes para uso doméstico - inclusive milho transgênico.

VARIEDADES ESPECIAIS Milho branco Uma das variedades mais difundidas no Brasil é o milho branco. Tem como principais finalidades a produção de canjica, grãos e silagem. A planta tem altura próxima de 2,20 metros, sendo que a espiga nasce a 1,10 metro do solo. A espiga é grande, cilíndrica e apresenta alta compensação. O sabugo é fino, os grãos são brancos, profundos, pesados e de textura média. O colmo tem alta resistência física e boa sanidade. A raiz tem boa fixação. A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho, em diferentes altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas safras de milho branco por ano.

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Em algumas épocas e regiões do Brasil, a cotação da saca de milho branco pode ser até 50% superior à do milho tradicional. O auge da demanda ocorre no período imediatamente anterior à Quaresma, pois a canjica é um prato típico destas festividades. No Brasil, o milho branco é bastante difundido nos estados do Paraná e São Paulo, mas há também plantações isoladas nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso. Entre os principais municípios produtores estão Londrina, Irati e Pato Branco no Paraná, e Quadra - que é considerada a "Capital do Milho Branco" - , Tatuí e Itapetininga em São Paulo. Nos Estados Unidos, a produção de milho branco em 2004 correspondia a 3% do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço no mercado nos últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na demanda. Um dos motivos é que o mercado reconhece que ainda não existem variedades trangênicas de milho branco, o que automaticamente aumenta seu valor de mercado em nichos específicos. Milho transgênico

Em relatório recentemente divulgado, notificou-se que determinado tipo de milho transgênico (o MON 863) causou problemas em camundongos (alterações no sangue e rins menores). A variedade transgênica mais conhecida é desenvolvida pela Monsanto, e é conhecida como RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato). Ela é utilizada extensivamente nos Estados Unidos. Outras empresas atuantes no ramo incluem a Syngenta e a DuPont. Em 1999, a Novartis foi a primeira empresa a receber autorização do governo brasileiro para realizar testes no país com o milho transgênico BT, resistente a insetos. Segundo os produtores de sementes, o milho transgênico traz um aumento médio de 8% na produtividade. Nos EUA, mais de 70% do milho plantado são transgênicos. A produção de variedades transgênicas na Argentina e no Brasil é crescente, embora nem sempre a prática do cultivo dessas variedades seja legal. Há também relatos de milho transgênico em Honduras (terra de origem do milho), onde variedades transgênicas "contaminaram" as variedades locais. No México, o milho transgênico também enfrenta séria oposição

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governamental: em 1998, foi proibida a experimentação, o cultivo e a importação de milho transgênico. O milho é um exemplo da manipulação de espécies pelo Homem, sendo utilizado tanto pelos defensores quanto pelos opositores dos transgênicos. O milho cultivado pelos índios mal lembra o milho atual: as espigas eram pequenas, cheias de grãos faltando, e boa parte da produção era perdida para doenças e pragas. Através do melhoramento genético, o milho atingiu sua forma atual. Os defensores dos transgênicos utilizam este exemplo para dizer que a manipulação das características genéticas de vegetais não é novidade, e já foi feita anteriormente, com muito menos controle do que atualmente. Os opositores dos transgênicos utilizam o mesmo exemplo para defender que há alternativas para a manipulação direta dos genes de espécies vegetais, técnica à qual se opõem. Nem sempre as remessas de milho importado dos Estados Unidos chegam aos países da América Latina com rotulagem indicando isso aos consumidores. Apesar disso, pesquisas mexicanas indicam que a contaminação do milho nativo pode ter sido causada pela polinização acidental, que talvez tenha ocorrido também em outros países centro-americanos. Os milhos trangênicos, de propriedade de algumas poucas empresas, ao entrar em contato com o ambiente natural, se espalham. Há casos nos Estados Unidos em que um pequeno agricultor planta milho e depois precisa pagar royalties, pois tais espigas eram transgênicas e estavam patenteadas por grupos financeiros. Já que o milho transgênico está tomando o lugar com o milho de verdade, natural, tais acontecimentos tem sido cada vez mais comuns. Os ativistas que enfrentam os transgênicos tentam acabar com a possibilidade de que, algum dia, uma pessoa faminta não possa plantar uma espiga de milho porque esta pertence a alguma empresa. O consumidor pode optar por não consumir milhos transgênicos se procurar por o milho orgânico, já que os demais milhos não especificam o teor do que está sendo vendido.

CULTIVO O milho tem alto potencial produtivo, e é bastante responsivo à tecnologia. O nível tecnológico da cultura está entre o médio e o alto. O cultivo é idealmente mecanizado, e se beneficia bastante da técnica de plantio direto.

O plantio de milho é feito tanto na chamada safrinha quanto na safra principal (ou seja, a safra de verão). Na Região Sudeste do Brasil, o mês de plantio mais indicado geralmente é setembro, mas o plantio pode ser feito até em novembro. Dependendo do mês de plantio, o espaçamento entre as linhas e a quantidade de sementes por metro deve variar. O ciclo do plantio varia entre 115 e 135 dias.

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A adubação deve ser feita conforme a análise do solo. O controle de pragas e ervas daninhas só deve ser feito se necessário. Nem sempre há necessidade de irrigação intensiva: pelo menos nas regiões tradicionalmente produtoras, a precipitação é suficiente para as necessidades hídricas da planta. Lavouras bem-sucedidas apresentam valor médio de germinação na faixa de 95%. A produtividade média varia entre 250 e 350 sacas por alqueire. Nas regiões de produtividade recorde do Brasil, há produtores que chegam a alcançar 520 sacas por alqueire.

COLHEITA

Antes da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do milho era colhida à mão. Isso frequentemente envolvia grandes números de trabalhadores, e eventos sociais associados. Um ou dois pequenos tratores eram utilizados, mas as colheitadeiras mecânicas não foram utilizadas até o fim da guerra. Na mão ou através da colheitadeira, a espiga inteira é coletada, e a separação dos grãos e do sabugo é uma operação separada. Anteriormente, isso era feito em uma máquina especial. Hoje, as colheitadeiras modernas têm unidades de separação de grãos anexas. Elas cortam o milho próximo à base, separam os grãos da espiga com rolos de metal, e armazenam somente os grãos. Características da planta O milho pertence ao grupo das angiospermas, ou seja produz as sementes no fruto. A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas. O caule tem aparência de bambu, e as juntas estão geralmente a 50 centímetros de distância umas das outras. A fixação da raiz é relativamente fraca. A espiga é cilíndrica, e costuma nascer na metade da altura da planta. Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras regulares presas no sabugo, que formam a espiga. Eles têm dimensões, peso e textura variáveis. Cada espiga contém de duzentos a quatrocentos grãos.

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Dependendo da espécie, os grãos têm cores variadas, podendo ser amarelos, brancos, vermelhos, azuis ou marrons. O núcleo da semente tem um pericarpo que é utilizado como revestimento.

CULTIVO DE MILHO NO MUNDO

O milho é plantado aproveitando-se das chuvas da primavera. Seu sistema de raízes é fraco, e a planta é dependente de chuvas constantes, ou irrigação. Nos Estados Unidos, uma boa colheita é prevista tradicionalmente se o milho está "na altura do joelho por volta de 4 de Julho", embora híbridos modernos frequentemente excedam essa taxa de crescimento. Milho utilizado como silagem é colhido enquanto a planta está verde, e o fruto imaturo. De outro modo, o milho é deixado no campo até o outono, de modo a secar. Às vezes, não é colhido até o inverno, ou até o início da primavera. Em outras regiões e circunstâncias, são utilizados agrotóxicos para secar o milho mais rápido, e aproveitar altas no preço do grão. Na América do Norte, os campos são frequentemente plantados utilizando a rotação de culturas com uma plantação fixadora de nitrogênio, como feijão ou soja. Em Portugal, a área cultivada é de cerca de 180 000 hectares. Os milhos mais semeados são os híbridos, representando cerca de 71,4 % da área global da cultura.

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CULTIVO DE MILHO NO BRASIL

Cultivado em todo o Brasil, o milho é usado tanto diretamente como alimento, quanto para usos alternativos. A maior parte de sua produção é utilizada como ração de bovinos, suínos, aves e peixes. Atualmente somente cerca de 15% de produção brasileira se destina ao consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de outros produtos. Isto se deve provavelmente à falta de informação sobre o milho e suas qualidades e ao costume culinário brasileiro de utilizar mais os grãos de arroz e feijão. Num país como o Brasil, com imensas áreas cultiváveis e com graves problemas de desnutrição, mais do que simplesmente uma questão comercial, o aumento do consumo de milho por parte da população é antes de tudo uma solução social. É preciso um grande esforço por parte de todos na discussão e apresentação de propostas sérias para reverter esta situação. Ao lado da soja, a cultura de milho é uma das pontas-de-lança da recente expansão da atividade agrícola brasileira. O cultivo de milho é altamente beneficiado pela tecnologia e pelas inovações da pesquisa agrícola, sendo um dos principais casos de sucesso da chamada revolução verde. Além dos benefícios óbvios decorrentes da exportação (como a geração de divisas para o país), a cultura de milho adquire importância estratégica quando se leva em conta a vantagem de mercado que uma grande produção nacional de milho traz para atividades agrícolas que usam a ração animal como base, como a pecuária, a avicultura, a suinocultura e até a piscicultura. Frequentemente, a área plantada não é suficiente para atender as demandas do mercado interno, gerando problemas de abastecimento para a indústria nacional. A solução para esse problema passa pelo expansão da área plantada e pelo aumento da produtividade das áreas atualmente cultivadas. Os estados líderes na produção de milho são São Paulo e o Paraná. Afora o seu alto prestígio no agronegócio, o milho também é uma das culturas mais cultivadas pela agricultura familiar brasileira, tanto para a subsistência quanto para a venda local. CULTIVO DE MILHO EM PORTUGAL Cultivo de milho em Portugal faz-se essencialmente no Minho. Tanto que teve influência na arquitectura e paisagem tradicional, existindo os tradicionais Espigueiros em toda a região. O milho é semeado entre Março e Junho, sendo a sua colheita em Setembro.

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CLIMA E SOLO

Existe sempre uma preocupação em analisar as características ambientais em termos da adequação ao uso que se tem em mente. Isto é da mais alta relevância, porque a capacidade ambiental de dar suporte ao desenvolvimento possui sempre um limite, a partir do qual todos os outros aspectos serão inevitavelmente afetados. Em outras palavras, o uso e a ocupação de uma determinada paisagem são condicionados pelas suas características intrínsecas. Estas determinam as potencialidades de uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses.

Para qualquer análise do meio-físico, é necessário selecionar critérios que permitam avaliar características ambientais importantes para o tema enfocado. No caso presente, o interesse é uma análise das demandas da cultura do milho, para se fazer um balanço com as ofertas ambientais, visando uma produção sustentável. Ao proceder a essa análise, verifica-se que a planta capta energia solar (radiação) e necessita de água e nutrientes para manter o seu crescimento. Esses fatores ambientais são definidos principalmente por clima e solo. Os fatores edafoclimáticos são referidos como os mais importantes não só para o desenvolvimento das culturas, como também para a definição de sistemas de produção.

O milho, assim como a maioria das culturas econômicas, requer a interação de um conjunto de fatores edafoclimáticos apropriados ao seu bom desenvolvimento. Assim, um solo rico em nutrientes teria pouco ou quase nenhum significado para a cultura se esse mesmo solo estivesse submetido a condições climáticas adversas ou, ainda, apresentasse características físicas inadequadas que influenciariam negativamente na condução e desenvolvimento da cultura, tais como: drenagem e aeração deficientes, percolação excessiva, adensamento subsuperficial, pedregosidade excessiva, profundidade reduzida, declividade acentuada, etc.

Em termos de solos, serão aqui discutidas algumas características físicas mais importantes que, isoladas ou em conjunto, servirão para orientar a escolha de um solo adequado para a cultura.

TEXTURA - Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35%, ou mesmo argilosos, com boa estrutura, como os latossolos, que possibilitam drenagem adequada, apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os mais recomendados para a cultura do milho.

Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas. Apresentam intensa lixiviação, perdem mais água por evaporação e são normalmente mais secos.

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Alguns solos com tipo de argila expansiva (tipo montmorilonita) podem apresentar forte agregação, prejudicando as condições de permeabilidade e a livre penetração do sistema radicular, e devem também ser evitados.

PROFUNDIDADE EFETIVA - É a profundidade até a qual as raízes podem penetrar livremente em busca de água e de elementos necessários ao desenvolvimentos da planta. Sendo o milho uma planta cujo sistema radicular tem grande potencial de desenvolvimento, é desejável que o solo seja profundo ( mais de 1m).

Os solos rasos, além de dificultarem, o desenvolvimento das raízes, possuem menor capacidade de armazenamento de água, além de estarem sujeitos a um desgaste mais rápido, devido à pouca espessura do perfil.

TOPOGRAFIA - Tendo em vista o controle da erosão e as facilidades de mecanização, deve-se dar preferência às glebas de topografia plana e suave, com declives até 12%.

Não há nenhuma parte da superfície terrestre sem vegetação devido à pobreza dos solos. Há áreas, às vezes extensas, sem vegetação pela deficiência de água ou por temperaturas muito baixas ou muito altas, pela ausência de radiação, pelo excesso de sais, mas não pela deficiência de nutrientes. Disso podem ser generalizados alguns princípios (Resende, 1997):

os elementos essenciais estão todos os solos, ainda que em quantidades muito pequenas;

quanto à deficiência de nutrientes, a cultura do milho apresenta ampla diversidade genética para adaptação a qualquer ambiente.

Assim, há abundância de plantas para enfrentar estresses nutricionais ou hídricos, mas não simultaneamente os dois; por que não? Existem trabalhos na literatura demostrando que a seca relaciona-se intimamente com a eficiência na utilização de nitrogênio, ou seja, variedades de milho tolerantes à seca podem também ser eficientes na absorção do nitrogênio. Em condições de seca, o nitrogênio disponível no solo está na forma predominante de amônia e a cultivar tolerante tem que ter mecanismo de eficiência na absorção de nitrogênio nessa forma. A boa disponibilidade de água permite que plantas exuberantes vivam em solos muito pobres, por meio de um eficiente mecanismo de ciclagem.

A quantidade de água extraível pela planta depende do tipo de solo, ou seja, da capacidade de retenção de água do solo, da profundidade efetiva de extração, da solução do solo e da idade da planta. Na região tropical, a literatura tem mostrado que a maior parte das raízes está nos primeiros 30 cm de solos e as demais raízes raramente ultrapassam 60 cm. Nas regiões temperadas, há informações de raízes ultrapassando a profundidade de 100 cm. Vale a pena ressaltar a disponibilidade de água do solo. Dados de vários locais e diferentes tipos de solos têm mostrado que a quantidade de água no solo não é limitante ao desenvolvimento da cultura até quando o teor de água

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extraível for superior a 30% e, abaixo desse valor, o consumo relativo de água decresce linearmente.

Embora o milho responda à interação de todos os fatores climáticos, pode-se considerar que a radiação solar, a precipitação e a temperatura são os de maior influência, pois atuam eficientemente nas atividades fisiológicas interferindo diretamente na produção de grãos e de matéria seca. No Brasil, pela sua continentalidade, observa-se que os fatores que afetam a estação de crescimento da cultura de milho variam com a região. Nas regiões temperadas e subtropicais, a limitação maior se deve à temperatura do ar e a radiação solar, sendo os limites extremos variáveis com microrregiões agroclimáticas. No Brasil Central, a precipitação tem um papel de destaque, inclusive afeta indiretamente o regime de radiação pois altas chuvas implicam na baixa radiação solar que chega na superfície. Inclusive, milhos adaptados a elevadas taxas de radiação sofrem, nessas regiões, drástica alteração no seu metabolismo e, consequentemente, alteração no seu potencial de produção.

A temperatura tem um papel de destaque principalmente nas regiões Sul e Nordeste, daí ser vasta a literatura mostrando o efeito da temperatura do ar e do solo no crescimento e desenvolvimento da cultura do milho. Fancelli & Dourado Neto (2000) citam que, quando a temperatura do solo é inferior a 10ºC e superior a 40ºC há prejuízo sensível à germinação e que o ideal seria entre 25 e 30ºC. Por ocasião da floração, temperaturas medias superiores a 26 ºC aceleram o desenvolvimento dessa fase e inferiores a 15,5 ºC o retarda. Cada grau acima da temperatura media de 21,1, nos primeiros 60 dias após a semeadura, pode acelerar o florescimento dois a três dias. Quando a temperatura é acima de 35 ºC, devido a diminuição da atividade da redutase do nitrato, o rendimento e a composição protéica do grão podem ser alterados. Temperaturas acima de 33 ºC durante a polinização reduzem sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verão com temperatura média diária inferior a 19ºC e noites com temperatura média inferior a 12,8 ºC não são recomendados para produção de milho. Temperaturas noturnas superiores a 24ºC proporcionam um aumento da respiração de tal forma que a taxa de fotossimilados cai e, com isso, reduz a produção. Redução da temperatura abaixo de 15ºC ocasiona retardamento na maturação do grão.

Por pertencer ao grupo de plantas C4, a cultura do milho responde com elevados rendimentos ao aumento da intensidade luminosa. O milho, dentre as plantas do tipo C4, é uma das que possuem um mecanismo foliar interno para utilização muito eficiente de CO2, por folha individualmente, porem a eficiência do dossel não é maior que 10%. Necessita-se mais pesquisa sobre a influência do microclima nas condições de crescimento.

A maior sensibilidade à variação de radiação ocorre no início da fase produtiva, ou seja, nos primeiros 15 dias após o pendoamento, densidade dos grãos. Uma redução de 30 a 40% da intensidade luminosa ocasiona atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares tardias, que mostram-se mais carentes de luz. A maior sensibilidade à variação de luz ocorre no início da fase reprodutiva. O aproveitamento efetivo de luz pelo milho depende muito da estrutura da planta, principalmente da distribuição espacial das folhas. É

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importante que se tenha uma distribuição espacial das plantas na área de modo que o número de plantas não exceda a 65.000 pl/ha. Sabe-se que a arquitetura da planta tem um papel muito importante. O milho apresenta uma taxa fotossintética muito elevada, podendo atingir taxa maior que 80 mg.dm-2h-1 . O milho apresenta taxa fotossintetica maior que qualquer outra espécie e nunca satura, mesmo em elevada irradiancia.

O milho, por razões principalmente economicas, é plantado na maioria das áreas, no perído chuvoso, ou seja, é uma cultura típica de sequeiro. Portanto, conhecer o número de dias secos consecutivos é de muita importância na determinação da época de plantio. Dias secos são considerados como sendo aqueles em que a precipitação é inferior a 5 mm. A literatura tem mostrado que as máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o ciclo está entre 500 e 800mm e que a cultura exige um mínimo de 350-500 mm para que produza sem necessidade de irrigação. Na cultura do milho, em condições de clima quente e seco, o consumo de água raramente excede 3 mm/dia, quando a planta apresenta em torno de 30 cm de altura e, no período que vai da iniciação floral a maturação, pode atingir valores de 5 a 7 mm/dia.

Em resumo, o uso consultivo de água pela cultura é função das características físico-hídricas do solo e da demanda de água pela atmosfera. Portanto, a interação clima e solo tem um papel primordial no processo produtivo de uma cultura. Enquanto o conteúdo de água no solo não atinge um teor critico que, para a cultura do milho, está em torno de 30% da água extraível, o que governa o consumo de água pela cultura são as condições climáticas. A partir desse limite crítico, o que define o consumo são as condições físico-hídricas do solo.