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AUTOR: José do Carmo LigeskiTÍTULO: Os encantos da leituraNRE: Ponta Grossa-PRESTABELECIMENTO: Escola Estadual Padre Pedro GrzelczakiDISCIPLINA: Língua Portuguesa-Ensino FundamentalDISCIPLINA DA RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR: 1 História. Professora
Mestre Maria do Socorro Chemin; 2 Ciências. Professora Evelyn Salete
Wolff Beckert
INTRODUÇÃO
Leitura é um ato de interatividade entre o leitor e as diversas vozes
que estão presentes no texto. Com pequenas variações, esta afirmativa já
está se tornando lugar-comum nos ambientes pedagógicos quando o tema
é leitura. Na sala de aula, porém, isso ainda não acontece de forma
efetiva.
Assim, estamos propondo neste FOLHAS sugestões ou
procedimentos de leitura que podemos utilizar em sala de aula. Não há
aqui nenhuma pretensão de dar “receitas” prontas, somos contrários a tal
idéia, mas de indicar um ponto de partida pelo qual poderemos criar
situações de leitura. Entendemos que o exercício da leitura deve ser um
trabalho constante e vivo em todas as disciplinas da grade curricular e não
apenas situações esporádicas na disciplina de Língua Portuguesa.
Contudo, este exercício não pode ser sustentado apenas por leituras
de textos presentes nos livros didáticos ou numa ou noutra leitura
descontextualizada da realidade do aluno. Por isso,
“O professor deve planejar uma ação pedagógica que permita ao aluno a leitura
de textos para os quais já tenha construído uma competência, com a de textos
mais difíceis, que impliquem o desenvolvimento de novas estratégias com a
devida mediação do professor.” (Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para
a Educação Básica-2006)
Foi pensando no desenvolvimento de novas estratégias que
elaboramos esta proposta e, a partir dela, proporcionarmos aos nossos
educandos as oportunidades para eles venham a ter voz nesse fascinante
exercício dialógico que é a leitura.
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Você, como estudante, certamente já deve ter ouvido inúmeras
vezes a frase “ler é importante”, pronunciada por seus pais, amigos e,
principalmente, pelos seus professores. E mesmo que você tenha
argumentos prontos para refutar essa idéia, não fará isso, porque você
sabe e reconhece que a leitura é importante sim.
Mas, talvez, o que você gostaria de dizer é que, mesmo sendo
importante, ler não é um exercício prazeroso. Será?
Meu caro aluno, nem tudo na nossa vida é sempre prazeroso, mas pode
tornar-se quando pudermos entender o grau de importância que as coisas
têm em nossa vida, neste caso, a leitura, que para você pode ter sido uma
experiência ruim em algum momento porque:
1) As primeiras leituras podem não ter sido do seu gosto, ou seja,
foram incompreensíveis ou inadequadas para a sua idade naquele
momento;
2) Ou você pode ter encontrado dificuldades para relacionar o que leu
com a realidade do mundo que você compreendia e percebia.
Aqui eu lhe pergunto: quantas leituras você fez sem que os professores
ou seus pais solicitassem? Você já leu algum livro, revistas ou outros textos
além daqueles que são exigidos na escola?
Pois bem, agora você vai ler um texto que fala das múltiplas utilidades da
leitura e da sua importância na vida de uma pessoa.
“OS LIVROS PODERIAM SER QUEIMADOS”
Quando eu tinha uns 12 anos de idade, fiz uma descoberta que
salvou meu pescoço...e tornou-me do que poderia ser chamada uma
existência honestamente exaustiva, numa aventura bastante
emocionante. Pode parecer que tropecei em uma mina de ouro e, de certo
modo, suponho que foi assim. Mas o que realmente aconteceu foi que
descobri a leitura. É isso mesmo. De repente, tornou-se claro pra mim, que
ler um livro poderia ser a coisa mais excitante e interessante do mundo. Ao
mesmo tempo, lendo livros pude aprender todas as coisas maravilhosas
que os grandes e sábios homens que viveram antes de mim, aprenderam
com tremendo desgaste da mente e do corpo.
Bons livros estão cheios de boas idéias, e uma idéia pode mudar a
sua vida. Como disse um grande pensador: “A mente, alargada por uma
nova idéia, não pode nunca mais voltar às suas dimensões originais.” Mas,
eis aqui um sábio pensamento: também foi dito que, para cerca de 95%
das pessoas, todos os livros realmente bons, poderiam ser queimados. É
isso mesmo – provavelmente 95% das pessoas do mundo jamais sentiriam
falta deles – e tudo porque nunca descobriram o vibrante e emocionante
aprendizado de novas coisas tiradas dos bons livros.
Tome um homem que trabalha para viver, por exemplo. Se ele
estudasse os livros pertinentes ao seu dia-a-dia, à sua profissão e à sua
colocação em nossa economia, ele poderia realmente ir pra a frente e
fazer um trabalho muito melhor. Apenas isto já faria dele uma exceção – e
são as exceções que escrevem suas próprias passagens neste mundo. Isso
pode muito bem demonstrar que ele é um dos muito poucos que
imaginam que a educação não pára com um diploma. Um dia ele pode
estar lendo e ocorrer-lhe a idéia que poderia trazer a ele e a sua família,
tudo o que eles querem. Mas há um outro fator importante aqui, também.
Quanto mais aprendemos sobre o que fazemos, mais entusiastas nos
tornamos, e isso começa a incomodar as pessoas a quem nos associamos
e as pessoas a quem queremos vender nossas idéias. Como apontou
Sócrates, a ignorância é a causa da corrupção.
Provavelmente a maior tristeza de tudo é que o conhecimento está
disponível. Nós estamos cercados dele por todo lado: nas bibliotecas
públicas, nas escolas, e ainda nos livros que temos em nossas casas – mas
que não lemos. Livros como a Bíblia. E o que dizer daquela coleção de
enciclopédias que você comprou? Eu posso estar errado – e essa não seria
a primeira vez – mas poderia apostar que se a maioria das pessoas lessem
apenas os livros que já têm em casa, estariam começando a mais incitante
das jornadas.
O dia-a-dia pede conhecimento. Com conhecimento podemos ser
livres; sem ele, não poderemos ser muito de coisa alguma.
(Earl Nightingale)
Vamos conversar um pouco sobre o texto.
1) Vamos conversar um pouco sobre o texto.
Destaque no seu caderno as idéias mais relevantes que você
encontrou no texto e apresente à classe.
(a partir dos depoimentos feitos pelos alunos, o professor vai mediar o
debate)
Ao lermos o texto “OS LIVROS PODERIAM SER QUEIMADOS”, entramos
numa espécie de diálogo com o próprio autor, isto é, “conversamos” com
ele através do texto. E nesse diálogo nós concordamos, discordamos, ou
até rejeitamos suas idéias, ou seja, pensamos e interagimos com ele.
Portanto, caro aluno, ler um texto não é simplesmente aceitá-lo como uma
idéia pronta, uma verdade absoluta. O autor e você, leitor, interagem,
vivenciam uma mesma experiência em dois atos diferentes, mas
convergentes: um escreve, outro lê.
Assim “Ler é produzir sentido, ensinar a ler é contextualizar textos; o leitor
atribui ao texto que tem diante de si o sentido que lhe é acessível.”
(GUEDES,C.P., SOUZA, J.M .p. 137)
Somos nós leitores que damos sentido ao que alguém escreve.
Somos seus interlocutores discutindo com ele, autor, o mesmo tema.
Proponho agora uma outra leitura, um outro texto.
NIHIL OBSTAT*
Ler é nadar no oceano da existência humana para não se afogar no
sem-sentido da vida. Nesse pélago de insondados e decifrados mistérios, o
sentido que se consegue e se busca tem ocorrido não só na conseqüência
das lógicas, mas, igualmente, no usufruto das sensações, sentimentos e
emoções.
As leituras se fazem pelos sentidos em que e com que se dão. Lê-se
pela visão e pelo paladar; pela audição e pelo tato; pelo equilíbrio e pelo
olfato. Lê-se, também, pela contemplação intuitiva, pela meditação
racional, pela força criadora da fantasia, da inventiva, da poesia, da
imaginação.
O pensamento mágico é o instrumento das leituras dos sonhadores e
crianças e todas as faixas etárias e ofícios sem o qual os estetas e
cientistas de todos os lugares e épocas não seriam estetas nem cientistas.
Sem as leituras técnica e intelectual, os virtuoses de todas as artes,
os sábios e santos de todos os credos não olhariam mais do que o dedo
quando o sábio de Buda lhes apontasse a Lua.
Os que lêem apenas a essência do mundo e, por isso, se convencem
de ter atingido a verdade plena encontram-se na mesma situação
daqueles que regem inconscientemente pelas aparências. Ambos os lados,
contudo, postulam veleidades que as evidências da existência calam e
ridicularizam.
Nas fórmulas matemáticas, faz-se leitura unificadora de todas as
ciências. Nas metáforas, por substituição do significado, é feita a melhor
leitura do termo original. E, nos símbolos de formas mais exíguas, lêem-se
os infinitos e indizíveis espaços e corpos siderais.
No mundo, lê-se por conta própria ou pelas leituras dos outros; lêem-
se as entrelinhas e por trás das letras dos textos; o não da boca da pessoa
amada é lido como o sim não dito do ardor amoroso escondido; pelas
sombras do lobo feroz é lida a figura do pacato cordeiro, ou o contrário; e,
na falta de espaço que justifica o etc., lê-se a continuidade da mensagem
interrompida no texto.
Singrar os mares da existência é inteirar-se das leis que a regem,
pois, no fundo, ler é tomar conhecimento das leis, regras e normas, das
necessidades e revelações do mundo; interpretá-las e utilizá-las. Infringi-
las ou acatá-las (qualquer que seja o motivo) é submeter-se às suas
sanções — penas ou recompensas.
Existir é ler. Ler é nadar nas águas doces e salgadas, naturais e
artificializadas, límpidas ou poluídas do complexo cósmico em que se situa
ou venha a se situar.
Quem não sabe nadar tem que se apoiar em alguém ou em algo que
flutue e o agüente, ou, de outro modo, afunda e morre.
Quem sabe nadar mal e pouco não vai ao longe.
Os nadadores que se ajudam uns aos outros compensam suas
deficiências individuais e aumentam as performances coletivas.
A verdadeira função educacional da Família, da Igreja, da Escola e da
Sociedade é fazer das pessoas que a constituem eficientes e solidários
nadadores, principalmente das crianças e jovens. Ou ensiná-las a ler bem
os livros da Vida. (Fernando Caramuru Bastos Fraga/Revista Dois Pontos-
Teoria e Prática de Educação nº 34/1997)
Agora que você já fez a leitura, responda:
1) Este texto, NIHIL OBSTAT apresenta diferenças e semelhanças com o
texto OS LIVROS PODERIAM SER QUEIMADOS.
Vamos comentar essas semelhanças e diferenças.
2) Qual dos textos lhe agradou mais?
(observar nesse momento da aula se as questões estruturais e
estéticas chamaram a atenção dos alunos)
O que você, como aluno e leitor deve ter em mente é que não há
leituras boas ou ruins; que não há livros bons ou ruins. É o leitor e,
conseqüentemente, o seu nível de leitura é que poderá dar sentido a tudo
o que foi escrito. Ao ler você está confrontando o seu mundo com o mundo
do autor. Tudo o que você já sabe, ou não, transparece no momento da
leitura, e é aí que, ao se confrontar com o mundo (vivência, experiência,
visão de mundo do autor) com o seu mundo, com a sua vivência, faz com
que você mergulhe ainda mais na viagem do conhecimento, porque
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio; o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento prévio do leitor não haverá compreensão. ( KLEIMAN 2004, pág. 13)
Assim, podemos ver que o ato de ler está longe de ser um ato
passivo. Ao contrário, participamos e interferimos na leitura desde o
momento que abrimos um livro, jornal ou uma história em quadrinhos.
Podemos até dizer que, em certos momentos, dependendo do que
estamos lendo, tornamo-nos co- autores do texto.
Vamos agora a um texto diferente dos dois que estudamos até
agora. É o que chamamos de texto publicitário ou, numa linguagem mais
simples, propaganda.
Figura 1: Propaganda do Azeite CarbonellFonte: Revista Cláudia – Nº 151 – Out/1992
Então, como você interpretou a mensagem contida aqui?
Como você vê o emprego das palavras coração e cortar no texto?
Comente sobre isso.
Você costuma analisar as mensagens contidas nos comerciais que você vê
na TV, nos outdoors, nos folders etc.?
Você lembra de algum em especial que lhe chamou a atenção?
Texto 4
Figura 2 CartunBORGUETO, Ana Maria Trinconi.Tudo é Linguagem: manual do professor.São Paulo. Ática-2006.
No cartun acima, não há nada escrito em palavras. Mas pelas figuras
utilizadas
podemos fazer uma leitura. É o que podemos chamar de leitura não-
verbal. Vamos à leitura!
Texto 5
Figura 2: ReportagemFonte: Revista Isto É, Nº 1987 – 25/11/2007
O texto que você acaba de ler diz respeito à história recente do nosso país.
Em breves palavras: o que te chamou mais a atenção aqui?
Você já tinha conhecimento, pela escola, filmes ou por outras pessoas
desses fatos?
O que este texto tem de diferente em relação aos três anteriores que você
leu?
As personagens do texto são reais, e sofreram “na pele” a falta de
liberdade de expressão. Muitos como eles foram presos e alguns até
mortos pela Ditadura Militar.
Hoje, porém, vivemos numa democracia, temos plena liberdade para
manifestar nossas opiniões, nossas idéias e descontentamentos. Os
jovens, principalmente, têm muita liberdade, em todos os sentidos.
Na sua opinião, nossos jovens atualmente sabem se utilizar da
liberdade que têm?
Vamos conversar sobre isso?
Agora, junte-se a um colega da classe e comente com eles sobre a
importância da liberdade de expressão: da sua importância para cada um
de nós e como fazer uso dela.Feito isso, exponham para o grupo as suas
ponderações.
Um pequeno (grande) desafio para você.
Nestas últimas aulas, falamos um pouco sobre a leitura e da sua
importância em nossa vida. Lemos alguns textos e trocamos algumas
idéias sobre eles. Mas será que só isso já é o bastante? Sabemos que não.
Por isso, vou propor a você um desafio que vai te ajudar a vencer pouco a
pouco as barreiras do “não gosto de ler”, do “não sei ler” ou do famoso
“não tenho tempo para ler”. Aliás, esse último é muito usado pelos
adultos, inclusive por alguns professores até!
Então, vamos ao desafio?
Acredito que você seja bom em matemática, assim será fácil para
você entender as minhas continhas aqui.
Você pode ler pelo menos 15 minutos por dia, não pode? Veja só, 15
minutinhos apenas. Claro, esses 15 minutos de leitura não serão em sala
de aula, é leitura que você vai fazer em casa ou na Biblioteca, mas em
outro turno. Essa leitura de 15 minutos é a sua leitura.
Então vejamos: um mês tem 30 dias (ou 31). Vamos multiplicar:
30x15=450. Certo?
Divida esse tempo pelo número de horas: 450: 60=7,5. Tudo bem?
Veja só, você leu, nessa folga toda, 7h30min!!! Isso num mês apenas!
Agora, multiplique os 12 meses do ano pelo número de horas:
12x7,5=90. Você vai ler, no mínimo, 90 horas no ano!
Mas qual seria a maior dificuldade para você vencer esse desafio?
Não são os 15 minutinhos de leitura diária não! Isso é fácil pra você! O
grande desafio, meu caro(a) aluno(a), é manter a disciplina. Realizar uma
tarefa diária exige muito mais disciplina do que esforço. Isso não é só para
o exercício da leitura, é para tudo a que nos propomos fazer em nossa
vida, desde a prática de um esporte até as tarefas mais árduas.
Eis aí o desafio. Como você não é daqueles (as) que fogem da raia...
Ah! E o que você vai ler nesses 15 minutos? Fique à vontade! Dê
mais uma olhadinha no primeiro texto, “Os livros poderiam ser
queimados”, só ali há uma gama de sugestões.
E não esqueça: estou aqui para te orientar em tudo o que você
precisar.
Boa leitura!
Referências bibliográficas
BORGATTO, Ana Mari Triconi, et al.Tudo é Linguagem: manual do professor. São Paulo. Ática-2006.
Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental-SEED-2006.
KLEIMAN, Ângela. Texto & Leitor. Editora Pontes. Campinas. 9ª ed., 2004.
NEVES, Yara C.B. et al. Le e escrever.Compromisso de todas as areas.Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS. 4ª edição, 2001.
Revista ISTO/É, nº 1987. Nov., 2007, pág.54.
Revista Dois Pontos. Teoria e prática em Educação. Set., 1997, nº 34.
Sugestões de filmes:
“A Sociedade dos Poetas Mortos”Sinopse: Um professor dotado de idéias inovadoras é contratado por uma escola ultra-conservadora. Seus ideais de professor liberal entram em choque com o conservadorismo dos diretores da instituição. O professor é demitido, mas deixou marcado entre seus alunos marcas indeléveis de valores como o amor à literatura, ao teatro e às artes em geral.