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Sintese Esta apostila foi elaborada para direcionar e facilitar o trabalho do acadêmico, quanto ao planejamento, elaboração e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso TCC. Como requisito necessário para aquisição do grau de qualquer curso superior, a monografia deveria ser elaborada a partir de forte embasamentos conceitual do que é uma pesquisa efetiva, questão que tentamos fazê-lo neste trabalho. Muito desta apostila é resumo de vários livros, que julgamos de fundamental conhecimento para montar o TCC. É claro que em alguns casos estaremos trazendo “de novo” muitos pontos/matérias que já foram vistos em Metodologia Científica. Esta revisão torna-se necessária, pois estaremos aplicando na prática muito dos conceitos na elaboração do TCC. Dedicatória “ Dedico este trabalho á todos aqueles que buscam com a mente aberta e o espírito desapegado a infindável fronteira do conhecimento, que pode nos livrar da ignorância e da vaidade que nos cega”.

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Sintese

Esta apostila foi elaborada para direcionar e facilitar o trabalho do

acadêmico, quanto ao planejamento, elaboração e apresentação do Trabalho

de Conclusão de Curso – TCC.

Como requisito necessário para aquisição do grau de qualquer curso

superior, a monografia deveria ser elaborada a partir de forte embasamentos

conceitual do que é uma pesquisa efetiva, questão que tentamos fazê-lo neste

trabalho.

Muito desta apostila é resumo de vários livros, que julgamos de fundamental conhecimento para montar o TCC. É claro que em alguns casos estaremos trazendo “de novo” muitos pontos/matérias que já foram vistos em Metodologia Científica. Esta revisão torna-se necessária, pois estaremos aplicando na prática muito dos conceitos na elaboração do TCC.

Dedicatória

“ Dedico este trabalho á todos aqueles que

buscam com a mente aberta e o espírito

desapegado a infindável fronteira do

conhecimento, que pode nos livrar da ignorância

e da vaidade que nos cega”.

Paulo Roberto Martins

Pa

Page 2: [autor não identificado] - Como estudar

Sumário Página

Capa

Síntese e Dedicatória

Posição correta de estudar 3

1 – O método do estudo eficiente 4 - 12

2 – Aperfeiçoamento da leitura 12 - 55

3 – Como resumir 56 - 68

4 – Ciência e conhecimento científico 68 - 78

5 – Características da ciências factuais 78 - 85

6 – Métodos científicos 85 - 97

7 – Fatos, leis e teoria 97 - 107

8 – Hipóteses 107 - 112

9 – Pesquisa 112 - 120

10 – Planejamento da pesquisa 120 - 129

11 – Amostragem 129 – 132

12 – Como encaminhar uma pesquisa 133 - 135

13 – Como formular uma problema de pesquisa 135 - 139

14 – Como construir hipótese 140 - 146

15 - Como delinear uma pesquisa bibliográfica 146 - 151

16 – Como delinear uma pesquisa documental 151 - 152

17 – Outros tipos de pesquisa 152 - 157

18 – Trabalhos de pesquisa científicos – monografias 157 - 158

19 – Elaboração de relatórios e trabalhos científicos 159 – 167

20 – Bibliografia 168

Page 3: [autor não identificado] - Como estudar

Posição correta de leitura e estudo

Page 4: [autor não identificado] - Como estudar

1 – O MÉTODO DO ESTUDO EFICIENTE

Não recearei dizer, porém, que julgo haver tido muita

sorte em Ter-me encontrado, desde a mocidade, em

certos caminhos que me conduziram a considerações e

máximas com as quais formei um método pelo qual,

parece, tenho um meio de aumentar gradualmente o

meu conhecimento.

Descartes

Este capítulo não visa transmitir a arte de estudar nem a pedagogia

de estudo. Seu objetivo é muito simples e direto: comunicar ao interessado os

fundamentos do método do estudo eficiente e as técnicas principais que são

resultado de várias investigações. De modo específico são indicados meios

práticos àqueles que têm necessidade de render mais na atividade de estudo

para poderem produzir um trabalho monográfico ou de nível semelhante.

Não se frustre o leitor: se tem interesse em aprender a estudar no

sentido cabal da expressão ou se tem necessidade de recuperar-se de

deficiências graves quanto ao hábito de estudar, este capítulo não o satisfará.

Terá de recorrer a manual de “como estudar”. Refiro-me às investigações sobre

as habilidades de estudar entre estudantes e aos cursos de “como estudar”,

por duas razões: para mostrar o fundamento científico das investigações e a

fim de comunicar minha confiança na introdução deste recurso pedagógico nas

escolas de todos os níveis, como uma das mais importantes soluções ao

problema da deficiência do ensino brasileiro.

1.1 – Investigações de habilidades de estudar entre estudantes

Indicar normas de estudos baseadas apenas na própria experiência,

no bom senso ou por julgamento de valor não é atitude científica e, talvez, não

seja correto. O caminho apontado é o da investigação: propor, observar,

experimentar, analisar e tirar as conclusões. O problema do estudo eficiente

poderia ser resolvido cientificamente de duas maneiras: pelo método

experimental ou por meio de uma pesquisa de campo, do tipo survey. No

primeiro caso, a partir de uma teoria geral com fundamentação psicológica e

Page 5: [autor não identificado] - Como estudar

pedagógica de um levantamento exploratório dos elementos do problema e

mediante intuição, poderíamos realizar uma série de pesquisas, com grupos

experimental e de controle. Obteríamos, sem dúvida, conclusões mais seguras.

Mas seria um processo longo e por demais dispendioso. No segundo caso,

utilizando as técnicas de amostragem, faríamos o levantamento, a descrição e

a interpretação das várias habilidades que os estudantes usam na situação de

estudo (leitura, assistência a aulas, exames, anotações etc.), tendo o cuidado

de controlar variáveis como idade, sexo, nível de escolaridade, grau de

aproveitamento, nível de inteligência, situação socioeconômica. Os resultados

do survey seriam confrontados. As técnicas adotadas, com maior percentagem,

pelos estudantes de mais alto nível de sucesso seriam consideradas

“habilidades” recomendáveis. Como se vê, esse procedimento se baseia numa

hipótese de trabalho: “Se os melhores as usam, devem ser as mais indicadas.”

CHARTERS, por exemplo, constatou que, entre 258 alunas pré-

universitárias, menos da metade usava o processo eficiente para preparar suas

tarefas.

BUTTERWECK chegou à conclusão de que, em um grupo de

primeiranistas universitários, menos de 25% usavam os métodos necessários

para um estudo inteligente.

CUFF, mediante um questionário de 75 itens, investigou as

atividades de estudo de 1250 alunos, de vários graus, chegando à seguinte

conclusão:

As médias dos resultados dos diferentes grupos não revelam diferenças

progressistas, nem dignas de confiança.. Isto parece indicar que os hábitos de estudos

se formam cedo, resultando do método de ensaio-e-erro, ou de outro de outro fator

seletivo ou fixativo e que, daí por diante, os vetores tendem a permanecer constantes,

a não ser que um programa planejado por professores atentos produza modificações.

1.2 – Investigações sobre cursos de “como estudar”

Page 6: [autor não identificado] - Como estudar

São cursos de natureza geralmente extracurricular, cuja finalidade é

orientar o aluno no sentido de adquirir o conhecimento das técnicas de estudo

e do uso eficiente delas.

Um bom planejamento para tais cursos devem conter tópicos como:

meios para auxiliar a concentração; distribuição de horários; método eficiente

de leitura; solução de problemas; esquemas; ampliação de vocabulário; tomada

de apontamentos; preparação de temas; estágios e relatórios; memorização;

comunicação, revisão; preparação para exames; uso de bibliotecas; estudo em

grupo etc.

1.3 – Fundamentos do método do estudo eficiente e principais

técnicas do “estudo pela leitura”

Entre duas pessoas que tenham o mesmo nível mental (QI),

processos cognitivos bastante semelhantes e o mesmo grau de escolaridade, é

possível que uma seja mais eficiente que a outra, no estudo? Acredito que sim

e tenho constatado, com freqüência que isso ocorre. E o motivo me parece,

também, óbvio: o método de estudar. Não é o único fator da diferença de

rendimento. Mas é um fator sempre presente e tenho alguma base para

acreditar que seja o principal.

A eficiência do estudo depende de método. Mas o método depende

de quem o aplica.

É que o uso e o resultado do método estão intimamente

relacionados com capacidade, tipo de personalidade, feitio de inteligência,

experiências e hábitos de quem o emprega.

Entretanto, temos de considerar, também, o aspecto objetivo do

método. Este em si costuma ser simples. O que o torna, porém, complicado,

difícil e impraticável é, muitas vezes, o conjunto de regras ou técnicas que o

compõem ou se estabelecem como se fossem ele mesmo. A estratégia é,

quase sempre, simples e fácil. As táticas é que costumam ser numerosas,

complexas e difíceis. Generalizo este ponto de vista para o método em todas

as situações e estou seguro de aplicá-lo ao método do estudo eficiente.

Page 7: [autor não identificado] - Como estudar

Tenho observado um feixe de técnicas bem aplicadas,

principalmente por quem deseja extirpar hábitos negativos de estudo, é o

suficiente.

Em síntese, o método do estudo eficiente se reduz aos seguintes

pontos fundamentais:

a) finalidade: desenvolver hábitos de estudo eficiente que não se

restrinjam apenas a determinado setor de atividade ou matéria

específica, mas hábitos que sejam válidos, pelo processo de

transferência de aprendizagem, para as demais situações, e

eficientes para o transcurso da vida;

b) abrangência: servir de instrumento a todos que tenham as

mesmas necessidades e interesses, em qualquer fase de

desenvolvimento e escolaridade;

c) processamento: ser global – parcial – global, seguindo assim o

princípio geral que rege a evolução biológica: o do

desenvolvimento “difuso-analítico-sintético”.

Como se vê, o quadro se divide em três categorias: as fases; as

atitudes; as técnicas a serem empregadas.

1.4 – Método do estudo eficiente

Fases Atitude e comportamento

Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.

Page 8: [autor não identificado] - Como estudar

1. Global Curiosidade Interesse Propósito definido

1.Perguntar-se antes do estudo-leitura:

qual é o assunto?

o que sei sobre isso?

que acho que vai tratar-se aqui?

2. Pausa para responder-se

mentalmente a essas perguntas.

3.Leitura rápida sobre todo o livro (quando é o primeiro contato com ele):

tentar obter o plano da obra

informações sobre o autor e seu trabalho

tentar descobrir seu método expositivo

“Olho clínico” Atenção Não-passividade

4. Leitura rápida sobre o capítulo, a lição:

tentar apenas se informar do que se trata

tentar esboçar o plano do capítulo ou do texto

estabelecer rapidamente relações com temas anteriores

sem anotações – veloz

esta primeira leitura é sem análises – levada a cabo, mesmo sem entender tudo

Fases Atitude e comportamento

Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.

Page 9: [autor não identificado] - Como estudar

2.Parcial

Concentração Análise Crítica

5. Nova leitura: demorada, refletida:

assinalar as partes importantes

obtenção da idéia principal

obtenção dos detalhes importantes

assinalar a lápis o livro

relacionar as partes

criticar (se for o caso) pontos de vista do autor

confrontá-los com os próprios

levantar dúvidas

procurar respostas

Síntese Sistematização Ordenação lógica

6. Anotações (de preferência em fichas):

breves transcrições

esquemas

resumos próprios

conclusões tiradas

análises e críticas pessoais (se for o caso)

documentar-se não apenas para o presente, o imediato. A anotação deve servir para o futuro. Daí ser concisa, sem ser obscura

7.Relacionar o assunto com o anterior e o seguinte: consultar outras fontes. Não se escravizar ao livro de textos

Fases Atitude e comportamento

Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.

3. Global Concentração

8.Revisão e assimilação:

rever toda a anotação feita

confrontar com o texto

Page 10: [autor não identificado] - Como estudar

Persistência Adaptação às situações reais, fora do contexto lido

repetir para si o aprendido, imaginando que o está comunicando a alguém

treinar-se para que tal “comunicação” tenha clareza e seqüência lógica

testar a memória para assegurar-se de que não esqueceu algo importante. Não decorar, mas assimilar

O método e o pequeno conjunto de técnicas práticas aqui expostos

prendem-se a um eixo comum: a leitura proveitosa. O leitor não há de inferir,

por isso, que estou identificando o estudo com a leitura proveitosa do livro de

textos. O estudante que intenciona desenvolver-se e mais tarde transformar-se

em autêntico trabalhador intelectual, a par da atividade de “estudar para fazer o

curso”, tem de se interessar curiosamente por outras fontes de informação que

não o livro de texto, habituar-se a ler os autores e suas teorias e, sobretudo,

procurar com vontade e persistência respostas aos problemas que ele mesmo

levanta. Tem de habituar-se a questionar e verificar por iniciativa própria, para

tirar as suas conclusões.

Afinal, é preciso reviver, na prática, o método apontado por

DESCARTES: “Para que um espírito adquira capacidade, é necessário

exercitá-lo no descobrimento das coisas descobertas.”

1.5 – A “técnica por excelência”

Habituado à metodologia científica, através do magistério e da

prática em pesquisa, posso garantir que todo método depende sempre do

emprego do poder da decisão. O sucesso de uma pesquisa, por exemplo, vai

depender, inicialmente, de poder decidir por qual método a ser empregado, o

experimental ou o não experimental; a seguir surgem momentos de decisão

entre alternativas de sistemas de elaboração da hipótese, da forma e conteúdo

das proposições, das técnicas a serem utilizadas na coleta de dados; requer-se

decisão definitiva pelo tipo de amostragem que venha a ser mais significativa e

representativa, pois, em geral, não haverá possibilidade de se voltar atrás;

Page 11: [autor não identificado] - Como estudar

quando tiver de analisar os dados colhidos, o pesquisador terá de decidir por

quais técnicas, se são necessárias estatísticas ou não, para Ter mais sucesso

na interpretação e explicação do fenômeno, em termos de maior probabilidade

de acerto; ao final, decidirá definitivamente por aceitar as conclusões mais

consoantes com seu desenho de comprovação da hipótese.

O método do estudo eficiente, também, depende do poder decisão

de quem pretende atingir seu objetivo. O estudante que não se decide, com

vontade, a empregá-lo certamente não conseguirá êxito.

Aqui, como em outros capítulos, há de insistir-se na necessidade de

tentar, praticar e treinar.

Por isso é que o treinamento é a “técnica por excelência” do método

do estudo eficiente.

1.6 – How to Study de MORGAN

Merece destaque entre “manuais de como estudar” recomendáveis

ao estudante de nível superior, sobretudo àquele recém-admitido na

universidade, a obra: MORGAN, Clifford e DEESE, James – How to Study, com

tradução em espanhol e português.

São dez capítulos bem distribuídos e didaticamente estruturados a

fim de realizar, para o estudante, verdadeiro curso de como estudar. O mais

importante é que o autor soube evitar as normas e conselhos, fruto do bom

senso, mas sem comprovação. É interessante apresentar aqui uma recensão

desse livro.

O estudo é “um esforço total para se aprender, e só é

verdadeiramente proveitoso quando se aprende”. É possível estudar melhor e

em menos tempo, pois há método de estudo mais eficiente do que aquele que

um estudante descobriu por si mesmo, por “ensaio e erro”. Afinal “a arte de

estudar começa com a forma em que organizamos nossa vida.”

Mas é freqüente o jovem não perceber a situação e continuar

supervalorizando-se. Através de investigações é constatado que a “maioria dos

estudantes universitários não quer aceitar suas deficiências”.

Afinal ”o que importa não é o quanto estudas, mas como estudas”.

Por isso, o estudante que trabalha não deve ser considerado exceção. É o que

Page 12: [autor não identificado] - Como estudar

mais valor dá ao método eficiente e dele tira o melhor proveito: “Segundo

investigações, os estudantes que trabalham obtêm, em média, qualificações

tão boas e até melhores do que aqueles que não trabalham.” O estudante de

sucesso não é só o “que estuda”: “Importam tanto as horas em que estudas

como as que dedicas a outras coisas.” O problema básico é estabelecer

horário, plano: “Um horário bem feito proporciona tempo e impede de vacilar

acerca do que vais fazer. Mostra que estás realizando o que deves no tempo

conveniente.” O problema da perda de tempo e de como empregá-lo é

dissecado. As condições físicas e o local de estudo apropriado não são

esquecidos.

O capítulo 3 é o ponto alto da obra. A estratégia do estudo é aqui

examinada com riqueza de técnicas. A fórmula “mágica” é o Survey Q 3r

(Survey = examinar; Q de Question = perguntar; os três R: Read = ler; Recite =

repetir; e Review = rever).

A leitura como instrumento fundamental do estudante é tratada nos

seus aspectos mais importantes: o que ler; como ler; o tipo adequado para

assunto diversificado; o ritmo a ser empregado. Mostra como aumentar a

velocidade de leitura sem perder o poder de compreensão e assimilação.

2 - APERFEIÇOAMENTO DA LEITURA

O estudo eficiente depende da técnica da leitura. O estudante como

trabalhador intelectual tem necessidade de ler constantemente. Investigações

já foram feitas e concluíram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo

moderno está em relação direta com o hábito de leitura proveitosa: há, no

mínimo, a necessidade de se obterem as informações exatas no lugar e no

momento oportunos e a de aperfeiçoamento profissional, cujo processo é

comunicado nos livros, textos e outros recursos que exigem leitura e estudo.

O estudante e o responsável por um trabalho científico enfrentam

um problema comum: Ter de consultar e ler uma quantidade imensa de

material escrito indicado pelas fontes, bibliografias e documentação. A cada

ano, a explosão bibliográfica, mesmo a especializada, aumenta

assustadoramente. A ciência, sob certo aspecto, é um processo cumulativo e

Page 13: [autor não identificado] - Como estudar

não um produto acabado; o trabalhador intelectual tem necessidade de se

atualizar. Neste caso, método e habilidades se resumem em:

a) saber selecionar o que se deve ler;

b) saber ler com a maior velocidade e o melhor proveito possíveis.

Mas para atingir esse objetivo é preciso que o interessado comece a

medir suas possibilidades: que espécie de leitor é, quais as suas condições e

seu poder de decisão em desenvolver habilidades através de treinamento.

2.1 – Comparação entre o bom e o mau leitor

À primeira vista parece fora de propósito a epígrafe acima. Poder-se-

ia objetar que se trata de um problema de valor e seria ocioso, numa

perspectiva científica, estabelecer um confronto entre “bom” e “mau”, pois se

torna um julgamento bastante subjetivo. A experiência e a observação têm

mostrado um fato bastante freqüente: há muitas pessoas que “lêem” e há

pessoas que “sabem ler”. Muitas sobretudo quando têm consciência do

problema, pagam um tributo caro a hábitos formados desde a escola primária e

que as condicionaram a ler sem saber ler.

Convém que você leia o quadro pausadamente, um item de uma

coluna e logo a seguir o correspondente na outra coluna. À medida que for

identificando pontos positivos e pontos negativos, assinale-os. Depois reveja-os

e estabeleça o esquema de suas necessidades concretas para desenvolver

hábitos de leitura veloz e producente.

Bom leitor Mau leitor

O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como:

O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem hábitos como:

1. Lê com objetivo determinado. Ex.: aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões.

1. Lê sem finalidade Raramente sabe por que lê.

2. Lê unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as idéias encontradas numa frase ou num parágrafo.

3. Lê palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase. Freqüentemente tem de reler as

Page 14: [autor não identificado] - Como estudar

palavras.

3. Tem vários padrões de velocidade. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido. Se livro científico para guardar detalhes, lê mais devagar para entender bem.

3. Só tem um ritmo de leitura. Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamente.

4. Avalia o que lê. Pergunta-se freqüentemente: Que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre tal assunto? Ele está apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a idéia principal deste trecho? Quais seus fundamentos?

4. Acredita em tudo o que lê. Para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista.

5. Possui bom vocabulário. Sabe o que muitas palavras significam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz freqüentemente para esclarecer o sentido de certos termos, no momento oportuno.

5. Possui vocabulário limitado. Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldade em entender a definição das palavras e em escolher o sentido exato.

Bom leitor Mau leitor

6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se torna um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha do livro”. Prefácio. Bibliografia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler.

6. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro.

7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente. Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade.

7. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas.

Page 15: [autor não identificado] - Como estudar

8. Discute freqüentemente o que lê com colegas. Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões.

8. Raramente discute o que lê. Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares comuns, das tiradas eloqüentes, dos preconceitos.

9. Adquire livros com freqüência e cuida de ter sua biblioteca particular. Quando é estudante procura os livros de texto indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos científicos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e restringe a aquisição dos chamados “compêndios”. Tem o hábito de ir direto às fontes; de ir além dos livros de textos.

9. Não possui biblioteca particular. Às vezes é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É freqüentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro.

Bom leitor Mau leitor

10. Lê assuntos vários. Lê livros, revistas, jornais. Em áreas diversas: ficção, ciência, história etc. Habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização.

10. Está condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto.

11. Lê muito e gosta de ler. Acha que ler traz informações e causa prazer. Lê sempre que pode.

11. Lê pouco e não gosta de ler. Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento.

12. O BOM LEITOR é aquele que não é só bom na hora de leitura. É bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler.

12. O MAU LEITOR não sabe se revela apenas no ato da leitura, seja silenciosa ou oral. É constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler.

Após auto-analisar-se é provável que o leitor queira aperfeiçoar seu

hábito de leitura. Os meios de alcançá-lo serão fornecidos através das técnicas

de “leitura veloz e proveitosa”.

2.2 – Técnicas para tornar a leitura veloz e proveitosa

Page 16: [autor não identificado] - Como estudar

A leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito

ou aprendizagem, que pressupõe: a) uma teoria que fundamente o método; b)

uma estratégia a ser empregada; c) um conjunto de técnicas; d) treinamento.

É preciso que, antes, o interessado se convença do fundamento

teórico do método, para, em seguida, utilizá-lo racionalmente e através de

treinamento, no qual se comportará como aprendiz e instrutor de si mesmo:

acompanhará seus resultados e corrigirá seus erros.

Esta microteoria tem raízes behaviorista e gestaltista. De certo modo

está ligada às idéias dos teóricos da personalidade e da aprendizagem, que

têm, nos últimos anos, desenvolvido uma teoria associacionista: “estímulo –

organismo integrador – reação” (EOR). O condicionamento é um fato científico,

mas sabemos que não conseguiríamos explicar a aprendizagem da leitura

apenas em termos mecanicistas de “estímulo-resposta” (ER), ao menos no

estágio atual da ciência psicológica.

Nesta breve exposição, está o fundamento teórica do método, das

estratégia e das técnicas da “leitura proveitosa e veloz”.

Em forma sucinta, são apresentadas as técnicas de leitura veloz e

proveitosa. Estão distribuídas dentro das seguintes áreas: 1) condições físicas,

fisiológicas e psíquicas; 2) a técnica da leitura oral; 3) o emprego dos olhos; 4)

velocidade da leitura; 5) tipos de leitura; 6) vocabulário; 7) uso de obras de

referência; 8) compreensão.

2.3 – Condições físicas, fisiológicas e psíquicas

Antes de iniciar uma leitura e, particularmente, antes de iniciar o

período de treinamento, é importante observar as seguintes condições:

a) ambiente sossegado ou que o discernimento do leitor considere

o mais adequado;

b) luz em posição correta (que não fira diretamente os olhos e que

venha possivelmente da esquerda);

c) procurar ler sempre no mesmo local e no mesmo horário (isso

ajuda a condicionar o organismo);

Page 17: [autor não identificado] - Como estudar

d) verificar se tem visão, audição e respiração normais; tente

responder a estas perguntas: tem dificuldade em reconhecer as

palavras? em entender o que os outros dizem? freqüentemente

pede para repetirem? sente a vista embaralhar-se ao ler? dor de

cabeça depois de alguns minutos de leitura? (se respondeu

afirmativamente, é sinal de que está precisando de uma visita ao

médico);

e) posição correta do livro: a mais indicada é a que forme um

ângulo próximo de 90º com o tórax, a uma distância aproximada

de 30 cm dos olhos;

f) posição correta do corpo: a mais indicada é ficar assentado,

formando a parte traseira das pernas com o chão um ângulo

quase reto;

g) não ler tendo pensamentos que o preocupam e possam obstruir

freqüentemente a dinâmica da leitura. A maneira prática de

resolver o problema é lançar numa folha de papel as coisas que

preocupam e determinar o horário e o meio de resolvê-las.

h) Ler com propósito definido e com decisão.

2.4 – A técnica da leitura oral

Quem tem possibilidade de fazer leitura oral, convém que, de vez

em quando, a exercite. A leitura oral é sempre indicada quando, após ler e reler

um parágrafo ou trecho, ainda não se conseguiu captar-lhe o sentido.

Já foi observado que:

a) o “bom leitor” é capaz de ler alto (caso não tenha impossibilidade

física ou de outra procedência) com clareza e expressão;

b) lê sem tropeços;

c) todos o entende e ele gosta do que lê;

d) sabe fazer as pontuações e modulações com naturalidade e

agrado;

e) colocado numa situação de “teste”, em que se lhe pede para

continuar pronunciando as palavras, após um sinal convencional,

Page 18: [autor não identificado] - Como estudar

sem olhar para o livro, é capaz de dizer no mínimo quatro

palavras;

f) o “bom leitor” revela-se pela leitura oral, porque não lê, mas

interpreta através da leitura oral.

2.5 – O emprego dos olhos

É o ponto mais importante, pois é através do aparelho visual que se

dá a passagem e a transformação do material escrito, sensorialmente captado,

em imagem perceptiva e mental. Os olhos absorvem o que, instantaneamente,

se torna compreenssão.

2.5.1 – Convém atentar para os seguintes dados e técnicas:

1) Qual a capacidade da sua visão na leitura? Seus olhos absorvem

um grupo de várias palavras ao mesmo tempo? Se o conseguem,

provavelmente sua leitura é rápida e muito boa. Percorra com os olhos, sem

fazer pausa, estas três linhas:

Ela abandonou inteiramente a escola quando ainda era muito pequena sua

irmã Júlia adotada numa família de maiores recursos que a sua.

Se moveu os olhos sem parar, possivelmente não captou o sentido

do que leu. Agora leia as linhas com sua velocidade usual:

Ela abandonou inteiramente a escola quando ainda era muito pequena sua

irmã Júlia adotada numa família de maiores recursos que a sua.

Durante este tempo, seus olhos tiveram movimento – parada –

movimento – parada – movimento – parada...

Durante cada parada, os olhos se detêm num grupo de palavras ou

numa palavra. Só durante a parada se pode captar o sentido do grupo de

palavras ou da palavra. Enquanto os olhos se movem, não se atenta para o

sentido das palavras. Talvez tenha agido assim:

Page 19: [autor não identificado] - Como estudar

Ela abandonou inteiramente a escola / (parada) / quando era muito

pequena / (parada) / sua irmã Júlia / (parada) / adotada numa família de maiores

recursos que a sua / (parada).

Observe que o número de palavras entre uma parada e outra não é

sempre o mesmo. O primeiro grupo é de cinco; o segundo, de quatro; o

terceiro, de três; o quarto, de nove.

A “cadência” do pensamento não é a mesma da sensibilidade. Há

um certo “mistério” nisto: por que, por exemplo, uns leriam o mesmo trecho

acima com aquela divisão de grupo de palavras e de pausas e outros com

outra divisão? É instantâneo e imponderável o ato que liga o emprego dos

olhos, a percepção, o pensamento e a reação do leitor.

Campo de visão é o número de palavras que os olhos absorvem

numa simples fixação. Há uma palavra enfocada e palavras à esquerda e a

direita da enfocada. Quanto maior o número de palavras que um leitor absorve

entre uma parada dos olhos e outra, maior será seu campo de visão. O “mau

leitor”, porque tem o campo de visão estreito (por exemplo: lê palavras

isoladas), tende a voltar a vista e liga as palavras sem sentido. O resultado é

que sua compreensão fica prejudicada. Então: quanto maior o campo de visão,

melhor a leitura.

2) Quanto mais curta a pausa, melhor a leitura. O “bom leitor” tem

pausas de fixação curtas. Por isso, sua leitura é rápida e lê com compreensão.

Ao contrário do que muitos pensam, a atenção na leitura está inversamente

proporcional à demora da pausa de fixação, por isso quanto mais lenta for uma

leitura mais facilmente a atenção cai.

3) Quanto mais raras as fixações, melhor a leitura. É um corolário do

princípio formulado no item 1 quanto ao campo de visão. O “mau leitor” se

detém sobre quase toda palavra que lê. Numa linha de dez palavras, faz dez

fixações. O “bom leitor” faria, talvez, duas, dependendo da frase, pois como

vimos está em jogo a “internalização ideográfica” de cada um diante de cada

texto.

Page 20: [autor não identificado] - Como estudar

4) Quanto mais raros os retrocessos, melhor a leitura. A leitura

normal tem um movimento de um lado para o outro. Em português, por

exemplo, se lê da esquerda para a direita (em outras línguas, como no

hebraico, se lê no sentido inverso). Se ligarmos a primeira palavra à última de

uma página, teremos uma linha diagonal (desta observação é que surgiu,

talvez, a chamada “leitura em diagonal”). É possível, portanto, ler tentando

desenvolver, com o emprego dos olhos, um percurso em diagonal, fazendo

com que o movimento se dê mais dentro da faixa diagonal do que na direção

horizontal em que as palavras materialmente se encontram.

Indicação da “diagonal da página durante a leitura”: há uma faixa em torno da

diagonal, mostrando onde deve concentrar-se mais o foco de visão numa

página inteira.

Indicação dos movimentos dos olhos: a “diagonal da direita

para a esquerda” mostra o movimento que os olhos devem

fazer com a maior velocidade, ao passar de uma linha para

outra.

5) É possível melhorar os movimentos dos olhos. Como?

Comecemos por indicar o “teste do espelho”. Consiste no seguinte”: convida-se

um colega a sentar-se ao lado da mesa, onde se vai ler. Funcionará como

observador. Eleva-se o livro cerca de sete centímetros e coloca-se um espelho

- 13 -

Estudara, quando mais moço, entre as partes da Filosofia, a Lógica, e, entre as das

Matemáticas, a Análise das Geometrias e a Álgebra, três partes ou ciências que pareciam

dever contribuir em alguma cousa para o meu intento. Mas ao examiná-las notei, no que

diz respeito, à Lógica, aos seus silogismos e à maior parte de suas instruções, que servem

mais para explicar aos outros as cousas já sabidas, ou mesmo como a arte de Lúlio, para

falar sem grande critério daquelas que se ignoram, do que para aprendê-las. E embora ela

mantenha, com efeito, muitos preceitos verdadeiros e bons, existem, todavia, com eles

misturados, tantos outros que são nocivos e supérfluos, que é quase tão difícil separá-los

uns dos outros como tirar uma Diana ou uma Minerva

Mas o que mais me contentava neste método

era que, por meio dele, estava seguro de usar em

tudo da minha razão, senão perfeitamente, ao

menos da melhor maneira.

Page 21: [autor não identificado] - Como estudar

horizontalmente sobre a mesa. O colega observará o ângulo de refração que

lhe permita acompanhar o movimento dos olhos do leitor. Através de anotações

e com controle de relógio marcará: a extensão do campo de visão; o número

de pausas de fixação; os retrocessos; e o tempo de parada entre um campo de

visão e outro.

Outro teste é o do “projetor de slides”. Exige-se que uma pessoa

prepare uma série de slides de textos (frases curtas) desconhecidos do leitor.

Os textos são projetados rapidamente e o leitor é convidado a reproduzí-los

imediatamente após a projeção. O número de palavras fixadas é computado m

função do número de segundos. Uma mensuração mais perfeita poderia ser

obtida com aparelhos mais especializados de laboratório de psicologia

experimental.

Testados o campo de visão e o ritmo de movimento ocular, é

possível melhorar o emprego dos olhos:

encurtando as pausas dos olhos;

reduzindo o número de fixações;

alargando o campo de visão;

combatendo a tendência de fazer freqüentes retrocessos;

procurando ler “unidades de pensamento (geralmente identificadas com os

campos de visão) e não palavras isoladas;

esforçando-se para ler sempre adiante e fazer “paradas” apenas

necessárias para absorver o que leu; só voltar atrás quando tiver dúvida

real;

treinando.

Há duas técnicas que podem ser acrescentadas às anteriores: sua

prática tem obtido bons resultados.

A primeira exige mais treinamento para se constatarem os

resultados positivos. Consiste em procurar ler as palavras, tanto quanto

possível, pela sua parte superior e até a metade de cada palavra. Merece uma

explicação, pois tem um fundamento teórico bastante curioso:

Page 22: [autor não identificado] - Como estudar

1) Somos capazes, em geral, de identificar uma palavra e um

conjunto delas, apenas pela sua parte superior. Coloque, por exemplo, a

extremidade de uma folha de papel em branco sobre uma linha impressa dum

livro, cortando-a pela metade horizontal de modo que apareça só a metade

superior de cada palavra.

2) Quanto à leitura da metade esquerda da palavra (desprezo pelas

sílabas e letras finais) deriva de um costume universal: as abreviaturas (trab. =

trabalho, fábr. = fábrica, q. = que, etc.).

A mesma leitura, provavelmente, seria feita se a frase fosse:

Partindo dessa observação se tira uma conclusão matemática: para

se ler uma linha impressa emprega-se x tempo; se ela for reduzida à metade,

empregar-se-á x/2 tempo, e, se for reduzida a um quarto, empregar-se-á x/4

tempo. Matematicamente, haveria, realmente, uma redução de cada palavra a

um quarto do seu tamanho; por conseguinte o tempo que se empregará com

esse método deveria ser reduzido a um quarto também, ou seja, a velocidade

aumentaria quatro vezes, mesmo que o resultado não venha a ser igual ao

cálculo matemático, é certo que as pessoas que têm desenvolvido esse hábito

conseguiram aumentar bastante a velocidade de sua leitura.

A outra técnica é a do lápis colocado no meio da página, em sentido

vertical, para ajudar a captação dos termos principais com mais facilidade.

Pode também ser utilizada como tentativa ou um auxiliar às técnicas anteriores.

O lápis funciona como estímulo para os focos dos campos de visão e restrição

dos sinais de dispersão existentes na página impressa.

“NENHUM ASSUNTO TRAZ TANTAS VANTAGENS

FUTURAS COMO O DO PROGRESSO NA LEITURA”

“NEM. ASS. TRAZ TAN. VANT. FUT. CO. O DO PROG. NA LEIT.”

Page 23: [autor não identificado] - Como estudar

2.5.2 – Um dos assuntos controvertidos dentro das técnicas de

leitura é o dos chamados “maus hábitos” de leitura. A maioria deles está

relacionada com o emprego dos olhos. Parece que o assunto está merecendo

maior investigação científica. Certos hábitos em si não são nem “bons” nem

“maus”; passam a ser a partir do momento em que seu uso prejudica a leitura;

isso, provavelmente, vai variar de pessoa para pessoa, de situação para

situação.

Eis alguns desses “maus hábitos”:

1) Movimentos labiais durante a leitura silenciosa. Geralmente são

indício de leitura vagarosa: quem o faz está falando para si

mesmo, quer tenha consciência disso, quer não.

2) Movimento da cabeça durante a leitura. Este é um defeito,

apontado unanimemente pelos autores de técnicas de leitura.

Quem move a cabeça enquanto lê está fazendo com a cabeça o

que os olhos deveriam fazer. Mais do que o anterior é um hábito

que merece ser extirpado.

3) Percurso do dedo ao longo da linha durante a leitura. É a prática

mais controvertida. Inclusive há cursos de leitura dinâmica cuja

técnica fundamental é recomendar e treinar o leitor a ler

percorrendo com o dedo a linha que se lê.

4) Hábito de ler os sinais e letras e não as idéias. Já foi observado

em investigações que o “bom leitor” geralmente não constata

muitos erros gráficos, troca de letras, deslizes de ortografia,

concordância etc. Justamente porque lê idéias e não palavras.

2.6 – Velocidade de leitura

A técnica do emprego dos olhos está intimamente relacionada com o

problema da velocidade da leitura. Esta é uma decorrência natural daquela.

Page 24: [autor não identificado] - Como estudar

Há um provérbio que, parece, existe em quase todos os povos:

“devagar, mas longe” ou “devagar, mas firme” (os italianos, por exemplo,

dizem: “Piano, piano si va lontano e si arriva a Milano”). “Em geral o leitor

vagaroso é menos seguro a respeito do sentido daquilo que lê do que o leitor

veloz.”

“Quanto mais devagar uma pessoa lê, melhor entende; quanto mais

depressa, mais fraca é a sua compreensão.” Mas isso é realmente verdadeiro?

A resposta é a mesma: “Não em muitos tipos de leitura.”

Já foi observado que a razão deste equívoco tão fatal ao

aperfeiçoamento da leitura é o ensino desta no curso primário e a prática no

curso secundário, com ressalva das honrosas exceções que, felizmente,

existem. Comparações já foram feitas entre os dois tipos de leitor e ficou

comprovado que o leitor veloz é tão eficiente quanto o vagaroso na

interpretação de textos, e, em geral, leva ligeira vantagem sobre o vagaroso

quanto a memorização e assimilação. As habilidades “velocidade e

compreensão de leitura não são incompatíveis e costumam andar juntas”.

1º Quadro – segundo WITTY

Objetivos da leitura

Tipo de leitura Velocidade adequada

1. Para saber como fazer alguma coisa

Intensivo Velocidade lenta de 150

a 250 palavras por

minuto, mais ou menos,

dependo de ser o

assunto estranho ou

difícil

Para conseguir informações, detalhes, especialmente de assunto não familiar

Leitura completa e cuidados

Para julgar ou criticar idéias

Estudo

2. Para obter prazer – apreciação geral Para ampliar conhecimentos em geral

“Relance” Vista d‟olhos Informação rápida, conforme o assunto que se lê

Velocidade rápida

Muitas vezes: várias

páginas por minuto

Page 25: [autor não identificado] - Como estudar

2º Quadro – segundo MORGAN

Trata-se de um teste de “leitura compreensiva”, em que se fornecem

ao leitor passagens para ler. A hora em que se inicia a leitura é anotada. Ao

término, são computados os minutos e segundos consumidos. Em seguida, o

leitor responderá um questionário de compreensão. A tabela especifica o

mínimo e o máximo já atingidos – o mínimo existente entre leitores comuns e o

máximo atingido pelos melhores leitores:

Passagem 1 Passagem 2 Velocidade de leitura

min.

6

5

4

3

3

2

2

1

1

1

1

seg.

58

34

38

58

16

47

19

59

44

32

23

min.

7

5

4

4

3

2

2

2

1

1

1

seg

5

40

43

3

20

50

22

1

46

34

25

palavras p/ minuto

80

100

120

140

170

200

240

280

320

360

400

Como se vê tratando-se de uma leitura compreensiva, o limite

máximo “ideal” é de quatrocentas palavras por minuto.

FRY, acompanhando treinamento de leitores em curso de faster

reading em várias universidades, concluiu que os leitores que conseguem ler

com compreensão atingem o seguinte escore:

Leitor vagaroso (slow reader): 150 palavras por minuto;

Leitor moderado (fair reader): 250 palavras por minuto;

Leitor veloz (good reader): 350 palavras por minuto.

2.7 – Tipos de leitura

Page 26: [autor não identificado] - Como estudar

Desde o início do capítulo tivemos ocasião de deparar com diversos

tipos de leitura que o “bom leitor” utiliza, como por exemplo: a silenciosa, a oral,

a técnica, a de informação, a de estudo, a de higiene mental e prazer. É

importante saber que leitura se vai fazer e regular a velocidade de acordo com

este tipo.

O “mau leitor” lê novela e livro científico na mesma velocidade: lê

sumário de uma revista, índice de um livro como se estivesse querendo

memorizá-los; leva jornal, leva tanto tempo para ler a parte cômica como o

editorial. O “bom leitor” ajusta o método de leitura a seu objetivo: se lê novela,

para deleitar-se, o faz rapidamente; se textos, para obter respostas a questões

formuladas, o faz cuidadosamente. Treinou-se numa variedade de tipos de

leitura e sabe aplicar o tipo conforme o objetivo.

2.7.1 – Vocabulário

O estudante, particularmente aquele que se interessa em tirar

proveito das leituras que faz em função de algum trabalho, deve possuir

domínio da língua e particularmente de seu vocabulário. O vocabulário do leitor

enriquece-se dia a dia, justamente porque tem o hábito de ler. Por outro lado,

quanto maior o vocabulário possuído pelo leitor, maior será seu progresso na

leitura.

Durante a leitura de um texto, é freqüente ao leitor deparar com

palavras desconhecidas ou termos técnicos com significação específica que o

autor empregou e ele ainda ignora. A técnica a utilizar nestas ocasiões é

simples:

a) deparando com um termo novo, não parar a leitura;

b) tentar encontrar o seu sentido pelo próprio texto;

c) voltar a reler para ver se resolveu a dúvida ou garantiu o significado;

d) não conseguindo, consultar um dicionário;

e) em se tratando de livro científico ou técnico, dar preferência sempre à

consulta ao glossário que o autor empregou no final do livro (se houver) ou

a um dicionário especializado;

Page 27: [autor não identificado] - Como estudar

f) nunca se acomodar diante do termo desconhecido, tendo preguiça de

consultar; considere-o um desafio; deixar de esclarecer a dúvida no

momento oportuno é sempre prejudicial.

2.7.2 – Uso de obras de referência

O “bom leitor” tem o hábito de e a habilidade para usar as obras de

referência. Considera-as instrumentos básicos de seu trabalho, porque sabe

onde e como obter as informações. Acompanha com interesse e assiduidade

as informações bibliográficas de sua especialização.

2.8 – Compreensão na leitura

Velocidade na leitura é importante, mas não mais do que a

compreensão. Atente-se para as seguintes colocações incisivas:

Não se lê tudo na mesma velocidade.

Ler depressa não é “deslizar”.

Ler bem não é mero automatismo: é compreensão.

Ler um capítulo deve significar resumi-lo, ao menos mentalmente.

O ritmo de leitura deve ser ditado antes de iniciá-la (por que vou ler isso? o

quero exatamente aproveitar disso?).

Ao mesmo tempo que se vão descobrindo as vantagens da leitura veloz,

importa compreender o que se lê.

Afinal, compreender é sempre mais importante, embora não seja

incompatível com a velocidade de leitura.

2.9 – Treinamento em leitura veloz e proveitosa

Os céticos da leitura veloz defendem, indiscriminadamente, a idéia

de que só se guarda e só se compreende bem o que se lê vagarosamente,

mas, na verdade, mas na verdade gostariam de obter o mesmo resultado se

pudessem ler mais rapidamente.

Page 28: [autor não identificado] - Como estudar

O treinamento em leitura veloz e proveitosa é muito simples quanto

à programação, pois pode ser seguido individualmente, como um curso “auto

didático”. Apontarei aqui um bem prático e que já comprovou ser eficiente.

Dispensa a matrícula em curso de leitura dinâmica ou aquisição de manual de

leitura veloz, mas pode ser completado com tais iniciativas. Eis, em forma

sucinta, um:

Programa prático de treinamento em leitura veloz e proveitosa

1) Toma a decisão em cumprir este programa de treinamento e

impor-se a violência de levá-lo até o fim.

2) Convencer-se de que nenhum assunto traz tanta vantagens

futuras como o progresso na leitura. Tomar esta proposta como slogan do

treinamento e como “profissão de fé” no meio de sua realização pessoal.

3) Planejar seu treinamento para um período determinado dentro da

seguinte tabela:

Horas disponíveis por dia

Período de treinamento Intervalo diário entre as práticas de 30 minutos

de duração

meia hora 1 hora 2 horas

4 meses 3 meses 2 meses

não há mínimo de 15 min. Mínimo de 15 minutos entre as duas primeira práticas 2 horas no mínimo entre a 2ª e a 3ª práticas 15 min. entre a 3ª e a 4ª.

4) Escolher livros ou textos para praticar com as seguintes

características:

a) assunto ligado a seu interesse; que tenha real motivação para ler;

b) disposição do assunto tratado tecnicamente bem feita, através de títulos,

subtítulos, epígrafes, destaques, parágrafos, sumários etc.;

c) impressão agradável e com caracteres de fácil leitura;

Page 29: [autor não identificado] - Como estudar

d) linguagem bastante acessível.

5) O tamanho do texto deve ser calculado em função de uma leitura

a ser feita em quinze minutos.

6) O controle será feito da seguinte maneira:

a) através de caderno de registro, onde haverá uma página destinada para

cada prática;

b) no início de cada página do caderno, marque o horário em que começou a

ler e aquele em que terminou; logo a seguir, o tempo que levou, reservando

um lugar para o número de palavras que tem o texto e outro para o

resultado em número de palavras lidas por minuto.

Quem consegue transformar-se em “bom leitor” terá possibilidade de

atingir excelente resultado na vida e nos estudos.

Um estudante que lesse apenas durante duas horas por dia, com

velocidade de 350 palavras por minuto, leria:

em uma semana: 3,5 livros de 70 mil palavras;

em um mês: 15 livros de 70 mil palavras;

em 1 ano: 180 livros de 70 mil palavras;

em 10 anos: 1.800 livros de 70 mil palavras;

Isso não é fabuloso?

Certamente que não está muito longe de seu alcance.

2.10 Exercícios de Aperfeiçoamento de Leitura

Exemplo 1

Page 30: [autor não identificado] - Como estudar

Exemplo 2

Exemplo 3

Page 31: [autor não identificado] - Como estudar

O tempo que o olho permanece na parada chama-se “pausa ou

parada ocular”. Ela pode ser de 1/100 de segundo para imagens comuns e de

1/5 de segundo para palavras. Podemos aproveitar melhor esse tempo e até

diminuí-lo, se conjugarmos a ele o bom uso do nosso campo de periférico. Em

vez de fixarmos a parada ocular em cima de determinada palavra, devemos

fixá-la acima desta, no espaço entre uma frase e outra. Por exemplo:

. . .

RiO De JANeIRO RIO DE JANEIRO

Os movimentos oculares são imprescindíveis para quem deseja

aumentar a velocidade de leitura e aperfeiçoar este processo. Eles constituem

a parte principal da leitura ativa junto com a formação de hábitos corretos de

aceleração.

Os exercícios que se seguem têm como objetivo aumentar o campo

visual e a velocidade das paradas oculares. Eles não devem ser feitos por

mais de dez minutos, no início e, para que causem efeito, só se passará para o

seguinte depois de executar bem o anterior. Sempre que estiver lendo, durante

este período de treinamento, procure aplicar as técnicas que já sejam de

domínio e não se impressione se, neste período inicial, houver uma pequena

queda na compreensão, pois os exercícios foram elaborados com base em

uma média de leitura de 300 palavras por minuto e, ao iniciarmos, possuímos

uma média de 100 palavras por minuto. A compreensão vai reaparecendo à

medida que automatizamos os movimentos. Podemos comparar com o ato de

dirigir: no início, conciliar os espelhos, os pedais, as marchas, e ainda ter de

manusear um volante, parece impossível mas, depois da prática, ninguém mais

Page 32: [autor não identificado] - Como estudar

se preocupa com esses detalhes e dirige sem percebê-los! Basta apenas um

pouco de esforço para atingir a meta desejada.

Page 33: [autor não identificado] - Como estudar

Exemplo de condições de estudo e leitura.

Movimento ocular em forma de “S” – Skimming

Ponto de interrogação. Movimento ocular.

Page 34: [autor não identificado] - Como estudar

EXERCÍCIO N.º 2

Pouse os olhos sobre os pontos de fixação, da esquerda para

direita, durante dois minutos.

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

Page 35: [autor não identificado] - Como estudar

EXERCÍCIO N.º 2

Pouse os olhos sobre os pontos de fixação, da esquerda para

direita, durante dois minutos.

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

Page 36: [autor não identificado] - Como estudar

EXERCÍCIO N.º 3

Procure fixar os olhos no número que se encontra no centro dos

retângulos, de forma que perceba os que se encontram nas laterais, sem

deslocar os olhos em direção aos mesmos, durante um minuto.

EXERCÍCIO N.º 4

Procure olhar para os pontos de fixação e perceber a palavra que

3 4 1

0 2 9

1 7 5

6 3 7

2 1 4

Page 37: [autor não identificado] - Como estudar

está escrita abaixo, sem que haja a subvocalização da mesma (não fixe os

olhos, apenas faça um sobrevôo sobre os vocábulos) durante dois minutos.

* * *

pasta costa tosta

* * *

preta crença prensa

* * *

regime sublime anime

* * *

amarelo amargura largura

* * *

acalanto recanto pranto

* * *

fala abalo anjo

* * *

cigarro presidente agenda

* * *

relógio abotoadura sapatos

* * *

empresa secretária portaria

* * *

laranjas melancia abacaxi

* * *

cidade vassoura máquina

* * *

computador revista diamante

EXERCÍCIO N.º 5

Leia as letras dispostas abaixo na seguinte ordem: centro, esquerda

e direita. Depois, leia as letras centrais, procurando perceber as que se

encontram à esquerda e à direita, sem fixar os olhos nestas últimas. Marque

Page 38: [autor não identificado] - Como estudar

seu tempo inicial e procure executar o exercício até diminuí-lo pela metade.

A M B

E A T

C M B

D T O

R B S

R P C

A A O

K M B

D E J

M B F

H S R

T L O

J C T

Q Z P

X E D

P C F

I P M

E M N

K H P

O A Y

I U Z

B S J

EXERCÍCIO N.º 6

O mesmo exercício proposto anteriormente.

S CSB K

T ACP J

W EWN A

A FEY I

Page 39: [autor não identificado] - Como estudar

L GTY W

Q UIT S

D ETA Q

T REW G

I WQT G

O WVU A

P GLH M

C NND M

O ACT T

Q JIT L

D ALM O

P VHI C

R WIS T

A AMB J

L MBV X

D VUM H

L AIT W

Q EWA O

D ATL M

A VCA D

B SAC M

EXERCÍCIO N.º 7

Fixe os olhos no centro dos módulos abaixo e perceba as letras que

estão em sua volta.

C P

M O

Q

J E

A D

Page 40: [autor não identificado] - Como estudar

D G

L N

S

E G

B O

U A

O W

C

P X

S T

E Q

F A

K

K X

T P

EXERCÍCIO N.º 8

Fixe os olhos nos números centrais procurando perceber os que os

rodeiam e o critério utilizado para a seleção dos mesmos.

1 3

5

7 9

2 4

8

16 32

Page 41: [autor não identificado] - Como estudar

5 25

35

15 40

1 7

11

13 17

400 600

200

800 1200

EXERCÍCIO N.º 9

Procure fixar os olhos no conjunto de letras central, de forma que

perceba as letras que estão colocadas à esquerda e à direita. Execute o

exercício em 30 segundos.

V U SBT E K

S A DFT K A

W S JHT E Y

A L MUR I O

M S WIJ J A

W A PIS J W

H G EHO J O

J E OIP W A

B X CXZ I E

W Q PIO E V

Page 42: [autor não identificado] - Como estudar

F B PEP W V

R L SIB O P

W L MUN P W

A K BHU D E

F G HGV P A

H W KMN F S

L W INJ L O

Y T ERI O G

F I NOM E A

E U ATR I S

O P ERT W K

X C NUG I J

EXERCÍCIO N.º 10

Fixe os olhos no grupo de letras no centro, procurando descobrir a

palavra escrita. Execute o exercício em 10 segundos.

V É SPE R A

A V ISA D O

A M IZA D E

V A IDA D E

P É SSI M O

S I STE M A

C O LIB R I

E S PAN H A

G O VER N O

A P ATI A S

P R OCU R A

B O NDA D E

V E RDA D E

R E TOR N O

D I RET O R

Page 43: [autor não identificado] - Como estudar

F A LHA D O

C O RAÇ Ã O

C O NCI S O

P R ÁTI C A

M E MÓR I A

L E ITU R A

P R EDI A L

C R IAN Ç A

M E NTA I S

EXERCÍCIO N.º 11

Procure ler as colunas, sem fixar os olhos em todas as palavras, de

cima para baixo e vice-versa, sem que haja a subvocalização das mesmas

(para isso será necessário aumentar a velocidade para ler em torno de 250

palavras por minuto). O exercício deverá ser executado em 18 segundos.

GALHO ESPAÇO FILHO

ONTEM ESPIGA ILHA

PREGO AMIGOS IDADE

CORPO BOTÃO ROSA

JOELHO CANETA ÉPOCA

PREÇO BOLHA PULGA

AÇÕES PAPEL CARTEL

BOLSA DÓLAR ÍMPAR

MEIAS CINTOS CORES

SLIDE CHEFIA ORDEM

UNHAS CRIVO CHEIRO

PRATO PLANO TELEX

NOTAS HORAS PORTAS

SUSTO TURBO CARRO

GUERRA ÁGUA COLHER

SONHO HOMEM VISÃO

ENIGMA PARTE VENDAS

Page 44: [autor não identificado] - Como estudar

MENTE IDIOMA CLASSE

SÉRIE CLERO ARROZ

PODER AJUSTE CASAS

TROTE VELHO BLUSA

SEÇÃO MAMÃO LOJAS

GRÊMIO LATIM ZELO

PLÁGIO GÊMEO BOCA

TERNO QUILO LITRO

EXERCÍCIO N.º 12

Leia as colunas abaixo, sem fixar os olhos nas palavras.

Desenvolva o movimento verticalmente, procurando realizar apenas

uma parada ocular por frase, em 30 segundos.

E

SE

MAS

TODO

MESMO

ESMOLA

PREDIAL

MATERNAL

ESTRAGADO

PARTICIPAR

EMPRESARIAL

CONSELHEIROS

GOVERNAMENTAL

ARISTOCRÁTICOS

PERFECCIONISTAS

PARLAMENTARISTAS

PROFISIONALMENTE

A

NO

COM

PANO

CREDO

COLUNA

MADEIRA

SOSSEGAR

ENVELHECE

ELEVADORES

ORGANIZAÇÃO

CAPITALIZADO

IMPRESSIONADO

ADMINISTRATIVO

ASSOCIACIONISTA

CONVENCIONAMENTO

MACROFOTOGRAFADOS

Page 45: [autor não identificado] - Como estudar

Os exercícios que apresentamos a seguir têm como objetivo

adequar o método de leitura correto mencionado no capítulo “Níveis de Leitura”

ao movimento ocular que, nesta fase, já deverá estar bem exercitado.

Procuraremos, também começar a exigir mais da compreensão dos textos

lidos, além de fazermos com que a percepção em detalhes dos exercícios seja

aguçada. Siga as instruções corretamente a fim de obter o resultado desejado.

EXERCÍCIO N.º 13

Leia o texto abaixo, limitando a paradas oculares a, no máximo,

duas em cada frase, procurando utilizar o maior campo visual possível, em 20

segundos.

O EQUILÍBRIO DO ORGANISMO É A META

DA HOMEOPATIA, ATENTA AO DOENTE E NÃO À

DOENÇA EM SI. O PRIMEIRO PASSO, SEGUNDO

OS PROFISSIONAIS, É DESINTOXICAR O

ORGANISMO ACOSTUMADO AOS REMEDIOS

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QUÍMICA. SEUS PRODUTOS APRESENTAM-SE

EM FORMA DE TINTURAS, TABLETES,

CÁPSULAS, EXTRAÍDOS DE ANIMAIS (COMO

ABELHA), PLANTAS (AS MAIS VARIADAS) E

MINERAIS (COMO O OURO). O PODER DAS

ERVAS JÁ ESTÁ CIENTIFICAMENTE

COMPROVADO. MAS, AO CONTRÁRIO DO QUE

POPULARMENTE SE PREGA, O MAU USO DO

CHÁS PODERESULTAR EM CONTRA-

INDICAÇÕES. PARA TRATAR DO ASSUNTO, A

Page 46: [autor não identificado] - Como estudar

FITOTERAPIA ESTUDA CUIDADOSAMENTE AS

PLANTAS E SEUS EFEITOS.

(Revista Veja, Edição 1.232, de 29/04/92, pág. 22.)

Número de palavras: 90

EXERCÍCIO N.º 14

Leia os textos a seguir, permitindo que haja apenas uma parada

ocular por frase, em 25 segundos.

NÃO É |

POR ACASO |

QUE OS PROBLEMAS |

CARDÍACOS SÃO A MAIOR |

CAUSA DE MORTALIDADE DO |

PLANETA. NESTE CORRE-CORRE |

DESENFREADO, NAS DIFICULDADES |

FINANCEIRAS DO SÉCULO, POUCOS SÃO |

OS QUE PARAM PARA VIVER A VIDA DE FORMA |

DIFERENTE. MUITAS VEZES, QUANDO SOFRE |

UM ENFARTE É QUE O CIDADÃO DECIDE |

REDIMENSIONAR SUA ALIMENTAÇÃO, |

ELEGER OUTRAS PRIORIDADES E |

PENSAR EM SI MESMO. |

(Revista Veja, edição 1.232, de 29/04/92, pág. 19.)

Page 47: [autor não identificado] - Como estudar

AO INVENTAR OS

I TIPOS MÓVEIS QUE

I MECANIZARAM A IMPRESSÃO

I NO DISTANTE ANO DE 1440, O ALEMÃO

I JOHANNES GUTENBERG PLANTOU UMA

I TECNOLOGIA QUE PRATICAMENTE

I NÃO MUDOU DURANTE CINCO

I SÉCULOS. MAS, NAS DUAS

I ÚLTIMAS DÉCADAS,

I COM O AUXÍLIO DO

I COMPUTADOR

I A EDITORAÇÃO

| TEVE UM

| DESENVOLVIMENTO

| GALOPANTE. SURGIRAM

| INICIALMENTE APARELHOS TIPO

| COMPOSER, QUE ARMAZENAVAM OS TIPOS

| EM FILMES E AJUSTAVAM SEU TAMANHO, OU CORPO,

| POR UM PROCESSO COMPLICADO DE LENTES

| COMANDADAS POR UM COMPUTADOR.|

| (Revista Informática / Exame, ano 7, n.º 4, abril/92.)

Page 48: [autor não identificado] - Como estudar

Número de palavras: 120

Tempo:_____________

EXERCÍCIO N.º 15

Leia os textos abaixo, sem se preocupar com as palavras ou letras

que aparecem ocultas. O objetivo é a aceleração, sem se prender à

compreensão de pequenos detalhes do texto, procurando fazê-la no decorrer

da leitura, sem efetuar retrocessos.

“PRÁTICA REAL”

Escolha o lado **** simples de uma dificuldade *** você tenha, antes de tentar resolver *

situação mais difícil. *** exemplo, se você tiver *** ser desafiado profissionalmente por **

grupo de colegas de profissão e ** você quiser mudar * o estilo ** lidar com isto, você

poderá iniciar praticando **** habilidades ** no escritório * depois, quando sentir *** já está

mais familiarizado e vontade com elas, pratique ** próxima reunião do ****sindicato ou

associação profissional.

* segundo passo * planeja * encontro. *** envolve juntar ** vários elementos das técnicas

*** quais **** trabalhou separadamente até agora. * medida que **** desenvolve suas

********, não precisa mais de tanto planejamento e **** mais fácil exercitar as ********

espontaneamente. O formato mostrado aqui pode *** útil para ocasiões traiçoeiras. ** ponto

importante é ***, uma vez tendo feito o *** planejamento e ensaiado o comportamento que

**** tentar, você deve colocar o pro forma de lado ****** minutos antes do encontro e

esquecê-lo até então. Não ** mais nada que **** possa fazer.

(Texto retirado do livro Pressão no trabalho – Stress – Um guia de sobrevivência, Tânia

Arroba e Kim James, ed. Makro Books, pág. 81.)

Page 49: [autor não identificado] - Como estudar

“TODOS OS ESMOTES TÊM CONCOM. NA PRIMEIRA, QUANDO O ESMOTE EMERGE DA HIBERNAÇÃO, SEU CONCOM É INFERIOR EM QUALIDADE E DE POUCA UTILIDADE PARA O HOMEM. SE OS ESMOTES RECEBEM UMA DIETA ELEVADA EM PROTEÍNA NOS MESES DE PRIMAVERA, O CONCOM, PODE SER TOSQUIADO EM FINS DE MAIO OU PRINCÍPIOS DE JUNHO, DEPOIS DA TOSQUIA, O ESMOTE É LIBERADO ATÉ A PRIMAVERA SEGUINTE. O CONCOM DE CERCA DE 50 ESMOTES DÁ PARA FAZER UMA BLUSA DE SENHORA.” *S G*LFINH*S *S G*LFINH*S RESPIRAM P*R UM *RIFÍCI* EM FORMA DE CRESCENTE N* ALT* DA CABEÇA. ESSA ESPÉCIE DE NARINA É TAMBÉM A F*NTE DE SUA V*Z E ELES P*DEM VIBRÁ-LA C*M* UM LÁBI* HUMAN*. *S PESQUISAD*RES VERIFICARAM ATRAVÉS DE AQUAF*NES QUE *S G*LFINH*S USAM ASS*BI*S, GRUNHID*S E CLIQUES. AS EXPERIÊNCIAS REALIZADAS DEM*NSTRAM QUE DE FAT* SE C*MUNICAM INTELIGENTEMENTE. ENSINARAM UM CASAL DE G*LFINH*S A ACI*NAR ALAVANCAS, QUAND* SE ACENDIAM LÂMPADAS C*L*RIDAS. DEP*IS DE SEPARAREM * MACH* DA FÊMEA, DENTR* D* TANQUE, C*M UM TECID* QUE DEIXAVA PASSAR * S*M, MAS NÃ* A LUZ, AS ALAVANCAS FICARAM D* LAD* D* MACH* E AS LUZES D* LAD* DA FÊMEA. QUAND* AS LUZES SE ACENDERAM, * MACH* ACI*N*U AS ALAVANCAS. ENTÃO SUBSTITUÍRAM A BARREIRA DE SEPARAÇÃ* P*R UMA SUBSTÂNCIA ANTI-ACÚSTICA, E * MACH* ERR*U * TESTE. A C*NCLUSÃ* L*GICA F*I QUE A FÊMEA HAVIA TRANSMITID* A * MACH* INSTRUÇ*ES PRECISAS.

EXERCÍCIO N.º 16

Page 50: [autor não identificado] - Como estudar

Procure perceber nas frases abaixo as palavras que se encontram

ocultas, realizando uma só parada ocular por segmento, mantendo o olho

parado acima de cada frase. O objetivo é aguçar a percepção com o campo

visual aumentando.

OIOIOIOLHOIOIO

AITLEATLETATEIAL

RATEIELETRARLE

GEILOPLEGOLEIROP

ORLOCLEOCLOROC

ETREGERNEGERENTE

EMPRESAIORITCE

ASTOLEOTOUREIROL

MEOITUEIMUNDOE

SEIREMEDIOEOSLEO

ETREILETREIROAD

EMTNEODOCUMENTOE

EICOEICEEUSOEES

EOECESTADODOEICO

XOEEOCCOMPLEXOO

SLEIOCORPORALEIC

EPXIENTRADAEIO

SOEIVIDENCIASODI

PAAEAPETITESOC

BICLIOTECADERNOS

MEDIOCRIDADEOS

PEODISOPREÇOOIEO

LETOLETOLETOOBSOLETO

GINETEPEPAGINAEGITEA

ISAEPEAITIPAISETIEECA

EOLEITURAOELXIESTEOS

PRIMEIROOMTOEITOSOEI

PAEITOEICKECHEQUEDMT

EICLENSEDCLIENTESIDS

EOXLDENTARIOEOCIELXO

AOIDCOMCCOMIDAOSIEOX

AIVEORICLCILIVROSIEX

DOIENVELHECIMENTOWOI

EXERCÍCIO N.º 17

Leia o texto abaixo procurando perceber o significado das palavras

“borradas” no decorrer da leitura, sem efetuar nenhum retrocesso nem se fixar

Page 51: [autor não identificado] - Como estudar

sobre eles a fim de descobrí-las. Faça o sobrevôo normal sobre as frases.

“A FOME EMPURRA A MÃO DO HOMEM, MOÇA”, AMEAÇOU O

GARIMPEIRO. ”SE A SENHORA NÃO NOS DER COMIDA A GENTE TIRA A

FORÇA.” E SORRIU DE BANDA, POR BAIXO DO CHAPÉU DE ABAS

CAÍDAS, SEM ENCARAR DIRETAMENTE SUA INTERLOCUTORA, A

MÉDICA JUNE FREIRE, MINEIRA, 27 ANOS, CHEFE DA EQUIPE DA

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE NA REGIÃO DE PAAPIÚ, RORAIMA,

PRÓXIMA A FRONTEIRA COM A VENEZUELA. COM TODA A CALMA,

EXPLICOU MAIS UMA VEZ QUE A COMIDA SE DESTINAVA AOS ÍNDIOS

DOENTES, E O QUE MAIS HAVIA ALI ERA GENTE COM FOME.

UM DOS PONTOS DE MAIOR AFLUXO DE GARIMPEIROS ATÉ O ANO

PASSADO, A REGIÃO DE PAAPIÚ É UMA BOA AMOSTRA DO RESULTADO

DO CONFRONTO QUE OS YANOMAMIS VÊM ENFRENTANDO DESDE QUE

O GOVERNO PASSADO ATÉ FACILITOU A INVASÃO DE CERCA DE 45 MIL

HOMENS MOVIDOS PELA GANÂNCIA DE GRANDES GANHOS COM O OURO

DESSAS TERRAS HABITADAS POR MENOS DE 10 MIL PESSOAS QUE VIVEM

HÁ SÉCULOS EM HARMONIA COM O MEIO AMBIENTE.

(Revista Isto é nº 1.155, 13/11/91, pág. 38.)

Page 52: [autor não identificado] - Como estudar

EXERCÍCIO Nº 19

Leia os textos abaixo, limitando-se a apenas uma parada ocular por

frase.

Por mais enrugada |

E bombardeada que |

esteja, a Copacabana |

velha de guerra ainda |

tem seu charme, é envolvente |

nos segredos e mistérios de sua |

geografia, tem arsenal de |

irresistível sedução. |

(Revista de Domingo, out/91, pág. 19.)

Segundo uma antiga lenda, |

a primeira mulher de Adão |

não foi Eva, mas uma deusa |

chamada Lilith – monstro da |

noite, para os hebreus – que |

brigou com Deus e por isso |

foi transformada em demônio. |

(Revista Superinteressante, n.º 8, ago/88, pág. 77.)

Aurora polar é um fenômeno |

luminoso das camadas mais |

altas da atmosfera (de 400 |

a 800 quilômetros, que pode |

ser observado nas proximidades

Page 53: [autor não identificado] - Como estudar

dos pólos). No pólo norte |

chama-se aurora boreal e, |

no sul, austral. A aurora |

acontece quando as partículas |

elétricas (fótons e elétrons) |

provenientes do Sol chegam |

às vizinhanças da Terra e |

são atraídas pelo campo |

magnético em direção

aos pólos.

(Revista Superinteressante, n.º 8, ago/88, pág. 16.)

3 – COMO RESUMIR

Page 54: [autor não identificado] - Como estudar

Todo estudante, mas de modo especial o de curso superior, é

solicitado freqüentemente a resumir textos e obras, ora como atividade inerente

ao próprio estudo, ora como trabalho marcado pelos próprios professores.

No capítulo sobre a leitura, em vários momentos fiz referência à

atitude ativa e produtiva diante do texto, e foi especificamente enfatizada a

importância da “caça da idéia principal e dos detalhes importantes”.

3.1 – Dificuldades em resumir

A experiência de vários anos de magistério tem-me mostrado que

muitos estudantes se queixam de que não sabem ou têm real dificuldade em

resumir e encontrar a idéia principal e os detalhes importantes de um texto.

São estas as principais fontes de dificuldade do estudante:

3.2 – Dificuldades inerentes ao próprio tipo de personalidade do

estudante

Há vários decênios, a psicologia tem se dedicado ao estudo das

diferenças individuais; entre estas as de inteligência ou estilos cognitivos das

pessoas. Alguns psicólogo, investigando o problema, falam em dois tipos

gerais de estilo cognitivo, facilmente identificáveis: os niveladores (que têm

mais facilidade em constatar a semelhança entre as coisas, em sistematizar,

em distribuir elementos em grupos comuns) e os aguçadores (que têm mais

facilidade em encontrar as diferenças entre as coisas, em analisar).

Acontece, porém, que a maioria ou grande parte dos estudantes que

se queixam da dificuldade em resumir pertence a uma categoria em que a

aptidão para encontrar as semelhanças e a aptidão para encontrar as

diferenças se fundem numa espécie de terceiro tipo misto, provocando certa

ansiedade na hora de decidir pelo que é fundamental, integrante ou acessório

num texto. O inseguro, em situação dessa natureza, geralmente age assim: na

impossibilidade de discernir entre o principal e o secundário, transcreve tudo.

Adota o mecanismo da pseudoprevenção: “Antes tudo do que nada”.

Page 55: [autor não identificado] - Como estudar

Serão aqui apontadas algumas indicações e técnicas que

demandam treinamento. É preciso tentar, experimentar e ser perseverante, por

um tempo razoável, em sua prática, para julgar a eficácia do método.

3.2 – Dificuldades provenientes do próprio texto

Às vezes um texto é de difícil síntese, por causa de seu conteúdo ou

do estilo do autor.

Aqui é preciso começar a agir tentando responder à pergunta

fundamental: Por que não estou entendendo bem este texto? Falta de base?

Problema de vocabulário? Falta de relacionamento do assunto com outros?

O estudante que não resolve o problema da compreensão, antes de

tentar resumir o texto, provavelmente cometerá o mesmo tipo de erro há pouco

lembrado: transcrever tudo, porque não entendeu ou, então, pular todo o trecho

que não compreendeu.

3.3 – Como encontrar a idéia principal

No capítulo sobre leitura, ficou bem claro que toda leitura-estudo

deve ser feita com um propósito determinado. O estudante que tem o hábito de

ler sem um propósito determinado assenta-se e simplesmente lê; ao término

diz: “Pronto, já li.” Assim o faz com todas as matérias, no mesmo ritmo de

leitura, e reage da mesma maneira diante de qualquer assunto. Tal estudante

tem muito que aprender, pois este não é o modo correto de agir.

Um propósito inicial pode ser o de ter idéia do assunto. Outro pode

ser o de tirar a essência ou o mais importante do que se vai ler.

3.4.1 – Comecemos pelo parágrafo.

Um parágrafo contém, geralmente, uma só idéia principal. Esta é a

definição de parágrafo. O autores o sabem e normalmente o praticam.

A título de ilustração, suponhamos o seguinte parágrafo:

Page 56: [autor não identificado] - Como estudar

Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento há um

outro argumento, a propósito do qual, ao longo dos séculos, se acumula uma

literatura tão ampla quão pouco esclarecedora. Refiro-me ao argumento do

“livre-arbítrio”: não podemos formular leis relativas ao comportamento

humano, porque os seres humanos são livres para escolher a maneira como

irão agir. Reluto em dar atenção mínima a essa discussão fútil, mas a

omissão completa poderia ser, suponho eu, chocante; creio que o argumento

é de importância especialmente para as ciências do comportamento, que

deveriam examiná-lo do ponto de vista psicológico e sociológico para saber

porque é tão persistentemente apresentado e porque merece acolhida tão

firme.

Segundo as indicações acima e não sendo nosso propósito analisar

o autor, mas apreender o que ele diz, extrairíamos assim a idéia principal:

Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento, há o

argumento do livre arbítrio: não podemos formular leis de comportamento

humano; os homens são livres para escolher. O argumento merece exame

dos pontos de vista psicológico e sociológico.

3.1.2 –Vejamos agora quando se trata de encontrar a idéia em algo

mais que um parágrafo: num capítulo, numa seção, na obra.

A primeira coisa a se fazer neste caso é o exame inicial antes da

leitura. Isto se faz percorrendo, com o propósito de informação, toda a obra,

através de seu índice, das partes, dos capítulos, atentando para os títulos e

subtítulos e procurando captar o esboço ou plano seguido pelo autor.

Devemos pressupor, portanto, a existência de um plano e seu

desenvolvimento.

Ora, todo o desenvolvimento lógico, redigido, se faz através de

proposições. Numa proposição, há essencialmente dois elementos: o sujeito e

o predicado.

O sujeito funciona como:

o elemento “causa” do fenômeno;

a variável independente nos experimentos;

Page 57: [autor não identificado] - Como estudar

as condições determinantes do fenômeno expresso através dos fatos;

produtor, quando além dele há outras “causas”: condições necessárias

suficientes, contingentes, contribuintes, alternativas;

termo de uma correlação.

O predicado funciona como:

determinação ou atributo do sujeito;

definidor;

conseqüência, “efeito”;

produto;

variável dependente;

elemento correlato.

3.5 – Como encontrar detalhes importantes

À medida que se indicam técnicas de localização da idéia principal,

se hão de apontar, também, as de localização dos detalhes importantes. A

idéia principal e os detalhes importantes estão em estreita relação formando

juntos uma estrutura.

Um detalhe importante é a base da idéia principal.

“A idéia expressa em termos concretos.”

O autor costuma frisar, através de sua linguagem e do espaço

reservado, o que é importante para sua idéia principal.

A atitude objetiva do leitor que se propõe localizar o detalhe

importante é perguntar-se diante de um trecho: Trata-se apenas de um

exemplo? Não será parte importante da prova? É uma prova a mais?

3.6 – A técnica de sublinhar

Julga-se que o hábito de sublinhar caracteriza o “bom leitor”. Há um

engano grande aqui.

Muita gente, desde o momento em que começa a ler, começa,

também, a sublinhar o que pensa ser importante. Isso não significa saber ler,

Page 58: [autor não identificado] - Como estudar

nem estudar, nem agir bem em função do propósito de captar a idéia principal

e os detalhes importantes do texto para resumi-lo.

É um procedimento arbitrário de seleção de passagens, sem

nenhum fundamento para julgar realmente o que é mais importante.

O sublinhar tem seu valor, mas a partir de um propósito formulado,

dentro de um plano prévio, no tempo oportuno.

É preciso, em primeiro lugar, examinar o capítulo e formular

perguntas sobre ele, procurando responder a elas à medida que se lê.

Nesta fase é preferível não sublinhar. Se achou que idéias

importantes, detalhes de valor, foram localizados, coloque à margem um sinal

convencional: “x”, “*”, “(.)”, “I” etc.

Depois de terminada a leitura do texto inteiro (capítulo, seção, etc.),

volte a ler, buscando a idéia principal, os detalhes importantes, os termos

técnicos, as definições, as classificações, as provas. Isso é o que deve ser

sublinhado.

Nesta segunda leitura, não sublinhe as orações. Só os termos

essenciais. Habitue-se a sublinhar depois que releu um ou dois parágrafos,

para o devido confronto. Voltando, pense exatamente o que irá sublinhar. Use,

como guia, os sinais colocados à margem. Agora será até possível mudar de

opinião e selecionar com critério mais seguro.

Mas deve-se agir de tal forma que, relendo o que foi sublinhado, se

consiga estrutura sintética e significativa do todo lido.

3.7 – A técnica do esquema

Para a maioria das matérias que estudamos, o mais indicado é

tomar nota em forma de esquemas e resumos. Por várias razões, entre elas:

1) A técnica do esquema e do resumo nos obriga a participar mais

ativamente da aprendizagem, proporcionando-nos a captação da idéia

principal, dos detalhes importantes, das definições, classificações e termos

técnicos. Ajuda-nos, por conseguinte, assimilar a matéria.

2) Através do esquema e do resumo temos mais facilidade e eficácia

no ato de repassar, sobretudo em situações de exame e comunicação em

público.

Page 59: [autor não identificado] - Como estudar

3)– Um esquema, para que seja realmente útil, deve Ter as

seguintes características

a) Fidelidade ao texto original;

b) Estrutura lógica do assunto;

c) Adequação do assunto estudado e funcionalidade.

d) Utilidade de seu emprego: conseqüência da característica anterior: o

esquema deve ajudar e não atrapalhar;

e) Cunho pessoal: cada um faz o esquema de acordo com suas tendências,

hábitos, recursos e experiências pessoais.

3.8 – Indicações práticas para elaboração de esquemas

a) Captar a estrutura da exposição do autor, quer se trate de um livro, de uma

seção, de um capítulo.

b) Colocar os títulos mais gerais numa margem e os subtítulos e divisões nas

colunas subseqüentes e assim sucessivamente, caminhando da esquerda

para a direita.

c) Adotar o sistema de chaves, colchetes, colunas, para separar divisões

sucessivas.

d) Utilizar o sistema de numeração progressiva (1, 1.1, 1.2, 1.2.1, 2, 2.1 etc.)

ou convencionar o uso de algarismos romanos, letras maiúsculas,

minúsculas, números, etc., para indicar as divisões e subdivisões

sucessivas.

e) Usar alguns símbolos convencionais e convencionar abreviaturas para

poupar tempo e facilitar a captação rápida das idéias.

3.8.1 – Exemplificação de esquemas

Os exemplos aqui apresentados estão colocados em fichas, pois

neste manual recomenda-se muito ao estudante adotar o uso de fichas e do

fichário como recurso técnico de documentação pessoal.

Page 60: [autor não identificado] - Como estudar

ESQUEMA

SALOMON, D.V. – Como fazer uma monografia, cap.3, 1ª. parte.

Características de um esquema útil

1) Flexibilidade: o esquema é que deve adaptar-se à realidade e não esta ao

esquema

2) Fidelidade ao original: esquematizar não é deturpar, mas sintetizar

3) Estrutura lógica do assunto: organiza-se pelo esquema a relação da idéia

importante e seu desenvolvimento

4) Adequação ao assunto estudado: o mesmo que funcionalidade

5) Utilidade de emprego: o esquema tem por objetivo auxiliar a captação do

conjunto e servir para comunicar algo

6) Cunho pessoal: o esquema traduz atitudes e modo de agir de cada um –

varia de pessoa para pessoa

OBSERVAÇÃO

GOODE, W. e HATT, P – Métodos em pesquisa social. São Paulo, Herder,

1968, cap. 10.

SELLTIZ, C.; JAHODA, M; DEUTSCH, M; COOK, S. – Métodos de pesquisa

nas relações sociais. São Paulo, Herder, 1967, cap. 6.

Quadro comparativo

GOODE E HATT (cap.10) JAHODA (cap.6)

Simples

O autor aponta meios

participante

Assimétrica

não-participante

Sistemática = controlada

Tanto para a assistemática como

para a sistemática o autor se

Não-controlada Participante

Não participante

Page 61: [autor não identificado] - Como estudar

Observação

auxiliares na simples.

Sistemática e controlada

Acrescenta

“controles” do

observador e do

observado.

detém nestes tópicos:

- conteúdo da observação

- registro de observações

- aumento da precisão

(exatidão)

- relação entre o observador e

o observado

PREDICADO

COHEN, M. e NAGEL, E. – Introducción a la lógica y al método científico (2ª v.:

Lógica aplicada y método científico). Buenos Aires, Amorrortu, 1968, cap. XII,

p. 65.

Divisão dicotômica de Aristóteles

Predicado

convertível no

sujeito

não-convertível no

sujeito

definição

Não é uma definição,

é uma propriedade

É um elemento da

definição

Não é um elemento

da definição, é um

acidente

gênero

não é o gênero, é

uma diferença

Page 62: [autor não identificado] - Como estudar

EXEMPLO DE FLUXOGRAMA DE PROGRAMAÇÃO PARA COMPUTADOR

(Trecho do fluxograma intitulado “Esquema de planejamento e avaliação para

um projeto não-experimental de pesquisa sociológica”. In: SCHRADER, Achim

– Introdução à pesquisa social empírica. Tradução de Manfredo Berger. Porto

Alegre, Globo, 1974, p. 7.)

Não

Colocado

o

problema

Examine interesses de

colocar o problema

Protocolo

O problema é

formulável

provisoriamente?

Problema ainda não

pode ser investigado

Relatório

Examine conhecimento

sociológico correspondente

Fichário de

citações

fim

Bibliografia

Page 63: [autor não identificado] - Como estudar

Sim

Sim

Não

...

O fluxograma segue a técnica de planejamento de rede PERT, em que os

retângulos indicam a ação a empreender; os losangos, as decisões a tomar

(contém sempre preposições interrogativas); os elipsóides e outros símbolos,

os resultados das decisões; os círculos, a colocação do problema – início e fim

do programa.

ARCO DE DISTORÇÃO EM COMUNICAÇÕES

1- conteúdo da comunicação pensado pelo transmissor

2- conteúdo transmitido

3- conteúdo transmitido pensado

A B...

A = B = C = D = E = F

A

C

3

B

2

D

4

E

5

F

6

a

b

c

Transmissor

Receptor

1

Page 64: [autor não identificado] - Como estudar

4- conteúdo recebido

5- conteúdo recebido pensado

6- conteúdo retransmitido

Comunicação perfeita:

Arco de distorção:

As setas indica momentos em que se pode corrigir o arco de distorção.

FASES DE UMA PESQUISA PURA (não-aplicada) EM CIÊNCIAS SOCIAIS

QUADRO TEÓRICO

Observação de

uniformidade empírica

Imaginação criadora

(Intuição)

Planejamento

teórico e

administrativo

Pesquisa

exploratória

PROBLEMA

HIPÓTESE

Confirmação

ou não da

hipótese

ANÁLISE

DOS DADOS

Estastísticas

De

conteúdo

Técnicas de

observação

Mensuração

COLETA

DE

DADOS

Escolha da

amostra

Definições

Classificações

Especificação

de variáveis

Page 65: [autor não identificado] - Como estudar

3.9 – Como fazer resumo

Há ocasiões em que não basta, nem convém, o simples esquema.

Torna-se indicado o resumo. Pretendemos o apanhado do que lemos e até

uma interpretação...

1) Utilize as mesmas técnicas que foram apresentadas quando da

captação da idéia principal, dos detalhes importantes, das técnicas de sublinhar

e de fazer esquemas. Não deixe de recorrer também à “análise de texto” vista

no capítulo anterior.

2) A técnica mais importante na elaboração do resumo é apontar as

idéias mais importantes, enquanto se lê.

3) Não resuma antes que tenha tirado notas do conteúdo. Reveja

essas notas que funcionarão como guias, quando, então, passar-se-á a

escrever uma série de parágrafos, resumindo o capítulo.

4) Ao redigir o resumo, use frases curtas e diretas. Evite referências

extensas.

5) É interessante e bastante útil que o estudante se acostume a ler

os resumos de livros (readers, recensões, abstracts), que se encontram nas

revistas e publicações especializadas.

4 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Page 66: [autor não identificado] - Como estudar

Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste

em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes. Para tal,

analisemos uma situação histórica, que pode servir de exemplo.

Desde a Antigüidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo

iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da

semeadura , a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as

providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas

daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem

também conhecimento que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo

local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas:

duas cultivadas e uma terceira em “repouso”, alternando-as de ano para ano,

nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. Hoje,

a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de

defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos

daninhos.

Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro,

vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para

geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência

pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição

do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas,

do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, científico, é transmitido por

intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo

racional, conduzido por meio de conhecimentos científicos.

4.1 – Correlação entre conhecimento popular e científico

O que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os

“instrumentos do conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma

quantidade “X” de água e que, se não a receber de forma “natural”, deve ser

irrigada por ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por

isso, científico.

a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à

verdade.

Page 67: [autor não identificado] - Como estudar

b) Um mesmo objeto ou fenômeno – uma planta, um mineral, uma

comunidade ou as relações entre chefes e subordinados – pode

ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o

homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e

outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.

Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como

manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais

ou sociais), verificamos que tanto o “bom senso” quanto a Ciência almejam ser

racionais e objetivos: “são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e

procuram adaptar-se aos fatos em vez de permitir-se especulações sem

controle (objetividade)” Por esse motivo é que o senso comum, ou o “bom

senso”, não pode não pode conseguir mais que uma objetividade limitada,

assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à

percepção e à ação.

4.2 Características do Conhecimento Popular

“Se o „bom senso‟, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade,

só consegue atingir essa condição de forma muito limitada, é o saber que preenche

nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação

de um método e sem se haver refletido sobre algo”

O conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:

Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode

comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases

como “porque o vi”, “porque o senti”, ”porque o disseram”, “porque todo

mundo o diz”;

Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da

vida diária;

Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e

conhecimentos, tanto os que se adquire por vivência própria quanto os “por

ouvir dizer”;

Page 68: [autor não identificado] - Como estudar

Assistemático, pois esta “organização” de experiências não visa a uma

sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de

validá-las;

Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses

conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.

4.3 Os Quatro Tipos de Conhecimento

As características dos quatro tipos de conhecimento:

Conhecimento Popular Conhecimento Científico

Valorativo Real (factual)

Reflexivo Contingente

Assistemático Sistemático

Verificável Verificável

Falível Falível

Inexato Aproximadamente exato

Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico)

Valorativo Valorativo

Racional Inspiracional

Sistemático Sistemático

Não verificável Não verificável

Infalível Infalível

Exato Exato

4.3.1 – Conhecimento Popular

O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se

fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimos e

emoções:

Page 69: [autor não identificado] - Como estudar

Como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é,

de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é

possuído de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o

objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade

com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica

de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências

próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na

procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados,

aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de

conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz

respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e

inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a

respeito do objeto.

4.3.2 CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida

consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: “as

hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento

emerge da experiência e não da experimentação”, por este motivo, o

conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses

filosóficas não podem ser confirmados ou refutados. É racional, em virtude de

consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a

característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma

representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la

na sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da

realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento

capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses,

não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).

4.3.3 Conhecimento Religioso

O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas

que contém proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo

Page 70: [autor não identificado] - Como estudar

sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas

infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo

(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas

evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante

um conhecimento revelado.

4.3.4 Conhecimento Científico

Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida

com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se

manifesta de algum modo”. É sistemático, já que se trata de um saber

ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não

conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da

verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser

comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em

conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por

este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o

desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

4.3 Conceito De Ciência

Diversos autores tentaram definir o que se entende por Ciência. Os

conceitos mais comuns, mas, a nosso ver, incompletos, são os seguintes:

“Acumulação de conhecimentos sistemáticos”

“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais

e suas aplicações práticas.

“Caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável

e, por conseguinte, falível.”

“Conhecimento certo do real pelas suas causas.”

“Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o

regem, obtido através da investigação, pelo raciocínio e pela

experimentação intensiva.”

Page 71: [autor não identificado] - Como estudar

“Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente

demonstradas e relacionadas com objeto determinado.”

“Corpo de conhecimentos consistindo em percepções, experiências, fatos

certos e seguros.”

“Estudo de problemas solúveis, mediante método científico.”

“Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo.”

4.4.1 Conceito de Ander-Egg

“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou

prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem

referência a objetos de uma mesma natureza.”

Conhecimento racional;

Certo ou provável;

Obtidos metodicamente;

Sistematizadores;

Verificáveis;

Relativos a objetos de uma mesma natureza.

4.4.2 Conceito de Trujillio

“A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais,

dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser

submetido a verificação.”

4.4.3 Natureza da Ciência

Duas dimensões devem ser explicitadas quando se trata de analisar

a natureza da ciência, mas que se apresentam inseparáveis:

a) a compreensiva (contextual ou de conteúdo);

Page 72: [autor não identificado] - Como estudar

b) a metodológica (operacional). Esta abrange aspectos lógicos e

técnicos.

A logicidade da ciência manifesta-se através de

procedimentos e operações intelectuais que:

a) possibilitam a observação racional e controlam os fatos;

b) permitem a interpretação e a explicação adequada dos

fenômenos;

c) contribuem para a verificação dos fenômenos, positivados pela

experimentação ou pela observação;

d) fundamentam os princípios da generalização ou o

estabelecimento dos princípios e das leis (Trujillo, 1974:9)

4.4.4 Componentes da Ciência

As ciências possuem:

a) Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir a característica

comum ou a leis gerais que regem determinado eventos.

b) Função. Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de

conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.

c) Objeto. Subdividido em

material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar

ou verificar, de modo geral;

formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que

possuem o mesmo objeto material.

4.5 CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DA CIÊNCIA

Page 73: [autor não identificado] - Como estudar

4.5.1 Classificação de Comte

CIÊNCIAS

MATEMÁTICAS

Teóricas: Aritmética, Geometria, Álgebra

Aplicadas: Mecânica Racional, Astronomia

FÍSICO-QUÍMICAS

Física, Química, Mineralogia, Geologia, Geografia

Física

BIOLÓGICAS

Botânica, Zoologia, Antropologia

MORAIS

Psicológicas Psicologia, Lógica, Estética, Moral

Históricas História, Geografia Humana,

Arqueologia

Sociais e Políticas Sociologia, Direito,

Economia, Política

METAFÍSICAS Cosmologia Racional, Psicologia Racional, Teologia

Racional

4.5.2 Classificação de Carnap

a) formais, que contêm apenas enunciados analíticos, isto é, cuja

verdade depende unicamente do significado de seus termos ou

de sua estrutura lógica;

b) factuais, que além dos enunciados analíticos, contêm sobretudo

os sintéticos, aqueles cuja verdade depende não só do

significado de seus termos, mas igualmente dos fatos a que se

refere.

4.5.3 Classificação de Bunge

Page 74: [autor não identificado] - Como estudar

Mário Bunge, partindo da mesma divisão em relação às ciências,

apresenta a seguinte classificação (1976:41):

1.3.5 Classificação de Wundt

Por sua vez, Wundt indica a classificação que se segue:

CIÊNCIAS

FORMAIS Matemática

REAIS

CIÊNCIAS

DA

NATUREZA

Fenomenológicos: Química, Física, Fisiologia

Genéticas: Cosmologia, Geologia,

Embriologia, Filogênese

Sistemáticas: Mineralogia, Zoologia, Botânica

CIÊNCIAS

DO

ESPÍRITO

Fenomenológica: Psicologia

Genética: História

Sistemáticas: Direito, Economia, Política

4.5.5 Classificação Adotada

CIÊNCIA

FORMAL

FACTUAL

Lógica Matemática

NATURAL

CULTURAL

Física

Química

Biologia e outras

Psicologia Social

Sociologia

Economia

Ciência Política

História Material

História das artes

Page 75: [autor não identificado] - Como estudar

Das classificações vistas, percebe-se que não há um consenso entre

os autores, nem sequer quando se trata da diferença entre ciências e ramos de

estudo: o que para alguns é ciência, para outros ainda permanece como ramo

de estudo e vice-versa.

Baseando-nos em Bunge, apresentamos a seguinte

classificação das ciências:

5 CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIAS FACTUAIS

Assim, o conhecimento científico, no âmbito das ciências factuais,

caracteriza-se por ser:

5.1 O Conhecimento Científico é Racional

a) é constituído por conceitos, juízos e raciocínios e não por

sensações, imagens, modelos de conduta etc.

CIÊNCIAS

FORMAIS

FACTUAIS

Lógica Matemática

NATURAIS

SOCIAIS

Física

Química

Biologia e outras

Antropologia Cultural

Direito

Economia

Política

Psicologia Social

Sociologia

Page 76: [autor não identificado] - Como estudar

b) permite que as idéias que o compõem possam combinar-se

segundo um conjunto de regras lógicas, com a finalidade de

produzir novas idéias (inferência dedutiva).

c) Contém idéias que se organizam em sistemas.

5.2 O Conhecimento Científico é Objetivo

O conhecimento científico é objetivo à medida que:

a) procura concordar com seu objeto, isto é, busca alcançar a

verdade factual por intermédio dos meios de observação,

investigação e experimentação existentes;

b) verifica a adequação das idéias (hipóteses) aos fatos,

recorrendo, para tal, à observação e à experimentação,

atividades que são controláveis e, até certo ponto, reproduzíveis.

5.3 O Conhecimento Científico é Factual

Considera-se conhecimento científico factual aquele que:

a) parte dos fatos e sempre volta a eles. Às vezes entendemos por

“fatos” certos elementos que discernimos na percepção sensorial.

b) capta ou recolhe os fatos, da mesma forma como se produzem

ou se apresentam na natureza ou na sociedade, segundo

quadros conceituais ou esquemas de referência.

c) parte dos fatos, pode interferir neles, mas sempre retorna a eles.

d) utiliza, como matéria-prima da ciência, os “dados empíricos”, isto

é, enunciados factuais confirmados, obtidos com ajuda de teorias

ou quadros conceituais e que realimentam a teoria.

5.4 O Conhecimento Científico é Transcedente aos Fatos

Diz-se que o conhecimento científico transcende os fatos quando:

a) descarta fatos, produz novos fatos e os explica.

Page 77: [autor não identificado] - Como estudar

b) seleciona os fatos considerados relevantes, controla-os e,

sempre que possível, os reproduz.

c) não se contenta em descrever as experiências, mas sintetiza e

compara-os com o que já se conhece sobre outros fatos.

d) leva o conhecimento além dos fatos observados, inferindo o que

pode haver por trás deles.

5.5 O Conhecimento Científico é Analítico

O conhecimento científico é considerado analítico em virtude

de:

a) ao abordar um fato, processo, situação ou fenômeno, decompor

o todo em suas partes componentes.

b) serem parciais os problemas da Ciência e, em conseqüência,

também suas soluções.

c) o procedimento científico de “análise” conduzir à síntese.

5.6 O Conhecimento Científico é Claro e Preciso

Diz-se que o conhecimento científico requer clareza e exatidão, pois:

a) ao contrário do conhecimento vulgar e popular o cientista

esforça-se, ao máximo, para ser exato e claro;

b) os problemas, na Ciência, devem ser formulados com clareza;

c) o cientista, como ponto de partida, utiliza noções simples que, ao

longo do estudo, complica, modifica e, repele;

d) para evitar ambigüidades na utilização de conceitos, a Ciência os

define, mantendo a fidelidade dos termos ao longo do trabalho

científico;

e) ao criar uma linguagem artificial, inventando sinais (palavras,

símbolos etc.), a eles atribui significados determinados por

intermédio de “regras de resignação”.

5.7 O Conhecimento Científico é Comunicável

Page 78: [autor não identificado] - Como estudar

O conhecimento científico é comunicável à medida que:

a) a sua linguagem deve poder informar a todos os seres humanos

que tenham sido instruídos para poder entendê-la;

b) deve ser formulado de tal forma que outros investigadores possa

verificar seus dados e hipóteses;

c) deve ser considerado como propriedade de toda a humanidade.

5.8 O Conhecimento Científico é Verificável

O conhecimento científico é considerado verificável em virtude

de:

a) ser aceito como válido, quando passa pela prova da experiência

(ciência factuais) ou da demonstração (ciências formais);

b) o “teste” das hipóteses factuais ser “empírico”, isto é,

observacional ou experimental;

c) uma das regras do método científico ser o preceito de que as

hipóteses científicas devem ser aprovadas ou refutadas mediante

a prova da experiência.

5.9 O Conhecimento Científico é Dependente de Investigação

Metódica

Diz-se que o conhecimento científico depende de investigação

metódica, já que o mesmo:

a) é planejado;

b) baseia-se em conhecimento anterior, particularmente em

hipóteses já confirmadas;

c) obedece a um método preestabelecido, que determina, no

processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em

etapas claramente definidas.

5.10 O Conhecimento Científico é Sistemático

O conhecimento científico é sistemático porque:

Page 79: [autor não identificado] - Como estudar

a) é constituído por um sistema de idéias, logicamente

correlacionadas;

b) o inter-relacionamento das idéias, que compõem o corpo de uma

teoria;

c) contém: “1) sistemas de referência; 2) teorias e hipóteses; 3)

fontes de informações; 4) quadros que explicam as propriedades

relacionais;

5.11 O Conhecimento Científico é Acumulativo

O conhecimento científico caracteriza-se por acumulativo à medida

que:

a) seu desenvolvimento é uma conseqüência de um contínuo

selecionar de conhecimentos significativos e operacionais;

b) novos conhecimentos podem substituir os antigos, quando estes

se revelam disfuncionais ou ultrapassados;

c) o aparecimento de novos conhecimentos, no seu processo de

adição aos já existentes, pode Ter como resultado a criação ou

apreensão de novas situações, condições ou realidades.

5.12 O Conhecimento Científico é Falível

O conhecimento científico é considerado falível, pois:

a) não é definitivo, absoluto ou final;

b) a própria racionalidade da ciência permite que, além da

acumulação gradual de resultados, o processo científico também

se efetue por “revoluções”.

5.13 O Conhecimento Científico é Geral

Considera-se o conhecimento científico como geral em decorrência

de:

Page 80: [autor não identificado] - Como estudar

a) situar os fatos singulares em modelos gerais, os enunciados

particulares em esquemas amplos. Portanto, inexiste ciência do

particular;

b) procurar, na variedade e unicidade, a uniformidade e a

generalidade;

c) a descoberta de leis ou princípios gerais permitir a elaboração de

modelos ou sistemas mais amplos.

5.14 O Conhecimento Científico é Explicativo

O conhecimento científico é explicativo, em virtude de:

a) ter como finalidade explicar os fatos em termos de leis e as leis

em termos de princípios;

b) além de inquirir como são as coisas, intenta responder ao

porquê;

c) apresentar as seguintes características, típicas de explicação:

aspecto pragmático;

aspecto semântico;

aspecto sintático;

aspecto ontológico;

aspecto epistemológico;

aspecto genético;

aspecto psicológico.

ASPECTO ONTOLÓGICO ASPECTO ENTOMOLÓGICO

(Responde à questão “Por que

q?”)

Explicans (aquilo que se procura – desconhecido)

dedução

Formulação de

hipóteses

(Responde à questão “Que razões existem para aceitar q?”)

Explicandum

(fato conhecido – q)

Page 81: [autor não identificado] - Como estudar

5.15 O Conhecimento Científico é Preditivo

Diz-se que o conhecimento científico pode fazer predições em

virtude de:

a) baseando-se na investigação dos fatos, assim como no acúmulo

das experiências, a ciência atuar no plano previsível;

b) fundamentado-se em leis já estabelecidas e em informações

fidedignas sobre o estado ou o relacionamento das coisas, seres

ou fenômenos, poder, através da indução probabilística, prever

ocorrências.

5.16 O Conhecimento Científico é Aberto

O conhecimento científico é considerado aberto, pois:

a) não conhece barreira que, a priori, limitem o conhecimento.

b) a Ciência não é um sistema dogmático e cerrado, mas

controvertido e aberto;

c) dependendo dos instrumentos de investigações disponíveis e

dos conhecimentos acumulados, até certo ponto está ligado às

circunstância de sua época.

5.17 O Conhecimento Científico é Útil

Considera-se o conhecimento científico útil em decorrência de:

a) sua objetividade, pois, na busca da verdade, cria ferramentas de

observação e experimentação que lhe conferem um

conhecimento adequado das coisas;

b) manter, a Ciência, uma conexão com a tecnologia

.

6. MÉTODOS CIENTÍFICOS

Page 82: [autor não identificado] - Como estudar

6.1 Conceito De Método

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos

científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam

esses métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a

utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não

há ciência sem o emprego de métodos científicos.

Entre os vários conceitos de métodos, podemos citar:

Método é o “caminho pelo qual se chega a determinado

resultado”;

“Método é a forma de selecionar técnicas, forma de avaliar

alternativas para ação científica...”

“Método é a forma de proceder ao longo de um caminho”;

“Método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos

necessários para atingir um fim dado ou resultado desejado”;

“Método é o conjunto coerente de procedimentos racionais ou

prático-racionais que orienta o pensamento para serem

alcançados conhecimentos válidos”;

“Método é um procedimento regular, explícito e passível de ser

repetido para conseguir-se alguma coisa”;

Método científico é “um conjunto de procedimentos, por

intermédio dos quais a) se propõe os problemas científicos e b)

colocam-se à prova as hipóteses científicas”;

“A característica distintiva do método é a de ajudar a

compreender, no sentido mais amplo, não os resultados da

investigação científica.

6.2 Desenvolvimento Histórico Do Método

A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem

desde os primórdios da humanidade, quando as duas principais questões

referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê viviam os homens, e à morte.

Page 83: [autor não identificado] - Como estudar

Os conhecimento mítico voltou-se a explicação desses fenômenos, atribuindo-

os a entidades de caráter sobrenatural. A verdade era impregnada de noções

supra-humanas e a explicação fundamentava-se em motivações humanas,

atribuídas a “forças” e potências sobrenaturais.

6.2.1 O Método de Galileu Galilei

O primeiro a tratar do assunto, no âmbito do conhecimento científico,

foi Galileu, primeiro teórico do método experimental. Discordando dos

seguidores do filósofo Aristóteles, considera que o conhecimento da essência

íntima das substâncias individuais deve ser substituído, como objetivo das

investigações, pelo conhecimento da lei que preside os fenômenos.

Os principais passos de seu método podem ser assim

expostos:

a) observação dos fenômenos;

b) análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a

finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles;

c) indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a

análise da relação desses elementos constitutivos dos

fenômenos;

d) verificação das hipóteses aventadas por intermédio de

experiências (experimento);

e) generalização do resultado das experiências para casos

similares;

f) confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir dela, leis gerais.

6.2.2 O Método de Francis Bacon

Contemporâneo de Galileu, Francis Bacon, em sua obra Novum

Organum, critica também Aristóteles, por considerar que o processo de

abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições,

denominadas premissas, delas retira uma terceira, nelas logicamente

implicada, chamada conclusão) não propiciam um conhecimento completo do

universo. Quanto ao conhecimento religioso assinala em que se deve crer, mas

Page 84: [autor não identificado] - Como estudar

não faculta a compreensão da natureza das coisas em que se crê: a razão do

conhecimento filosófico, por seu lado, não tem condições de distinguir o

verdadeiro do falso.

Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a

verdade dos fatos, deve seguir os seguintes passos:

a) experimentação;

b) formulação de hipóteses;

c) repetição;

d) testagem das hipóteses;

e) formulação de generalizações e leis.

Segundo Lahr, as regras que Bacon sugeriu para a experimentação

podem ser assim sintetizadas:

alargar a experiência;

variar a experiência;

inverter a experiência;

recorrer aos casos da experiência.

Com a finalidade de anotar corretamente as fases da

experimentação, Bacon sugere manter três tábuas:

tábua de presença – nesta, anotam-se todas as circunstâncias em

que produz o fenômeno cuja causa se procura;

tábua de ausência – em que se anotam todos os casos em que o

fenômeno não se produz. Deve-se tomar o cuidado de anotar

também tanto os antecedentes quanto os ausentes;

tábuas dos graus – na qual se anotam todos os casos em que o

fenômeno varia de intensidade, assim como todos os

antecedentes que variam com ele.

6.2.3 O Método de Descartes

Page 85: [autor não identificado] - Como estudar

Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo século, surge Descartes.

Com sua obra, Discurso sobre o método, afasta-se dos processos indutivos,

originando o método dedutivo.

Postula quatro regras:

a) a da evidência – “não acolher jamais como verdadeira uma coisa

que não se reconheça evidentemente como tal”;

b) a da análise;

c) a da síntese – “conduzir ordenadamente os pensamentos,

principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de

conhecer;

d) a da enumeração – “realizar sempre enumerações tão cuidadas

e revisões tão gerais que se possa Ter certeza de nada haver

omitido”.

6.3 Método Indutivo

6.3.1 Caracterização

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de

dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral

ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos

argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo

do que o das premissas nas quais se basearam.

“Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se

pode dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira”.

Exemplos: O corvo 1 é negro.

O corvo 2 é negro.

O corvo 3 é negro.

-------------------------

(todo) corvo é negro.

Cobre conduz energia.

Zinco conduz energia.

Cobalto conduz energia.

Ora, cobre, zinco e cobalto são metais.

Page 86: [autor não identificado] - Como estudar

-----------------------------

Logo, (todo) metal conduz energia.

6.4 Método Dedutivo

6.4.1 Argumentos Dedutivos e Indutivos

Dois exemplos servem para ilustrar a diferença entre argumentos

dedutivos e indutivos.

Dedutivo:

Todo mamífero tem um coração.

Ora, todos os cães são mamíferos.

----------------------------------------------

Logo, todos os cães têm um coração.

Indutivo:

Todos os cães que foram observados tinham um coração.

-----------------------------------------------------------------------------

Logo, todos os cães têm coração.

Segundo Salmon, as duas características básicas que distinguem os

argumentos dedutivos dos indutivos são:

DEDUTIVOS INDUTIVOS

I. Se todas as premissas são

verdadeiras, a conclusão deve

ser verdadeira.

I. Se todas as premissas são

verdadeiras, a conclusão é

provavelmente verdadeira, mas

não necessariamente

verdadeira.

II. Toda informação ou conteúdo II. A conclusão encerra

Page 87: [autor não identificado] - Como estudar

factual da conclusão já estava,

pelo menos implicitamente, nas

premissas.

informação que não estava,

nem implicitamente, nas

premissas.

Características I. No argumento dedutivo, para que a conclusão

“todos os cães têm coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam

de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os

mamíferos têm um coração.

Características II. Quando a conclusão do argumento dedutivo

afirma que todos os cães têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na

verdade, já tinha sido dita nas premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor,

não diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira se as premissas o

forem.

6.5 Método Hipotético-Dedutivo

6.5.1 Considerações Gerais

Os aspectos relevantes dos métodos indutivos e dedutivos são

divergentes: o primeiro parte da observação de alguns fenômenos de

determinada classe para “todos” daquela mesma classe, ao passo que o

segundo parte das generalizações aceitas, do todo, das leis abrangentes, para

casos concretos, partes da classe que já se encontram na generalização.

6.5.2 Etapas do Método Hipotético-Dedutivo Segundo Popper

O esquema apresentado por Popper no item anterior poderá ser

expresso da seguinte maneira:

Portanto, Popper defende estes elementos no processo

investigatório:

EXPECTATIVAS ou

CONHECIMENTO PRÉVIO

PROBLEMA

CONJECTURAS

FALSEAMENTO

Page 88: [autor não identificado] - Como estudar

1) problema, que surge, em geral, de conflitos frente a expectativas

e teorias existentes;

2) solução proposta consistindo numa conjectura (nova teoria);

dedução de conseqüências na forma de proposições passíveis

de teste;

3) testes de falseamento: tentativas de refutação, entre outros

meios, pela observação experimentação.

Se a hipótese não supera os testes, estará falseada, refutada, e

exige nova reformulação do problema e da hipótese, que, se superar os testes

rigorosos, estará corroborada, confirmada provisoriamente, não definitivamente

como querem os indutivistas.

6.6 Método Dialético

6.6.1 Histórico

Na Grécia antiga, o conceito de dialética era equivalente ao de

diálogo, passando depois a referir-se, ainda dentro do diálogo, a uma

argumentação que fazia clara distinção dos conceitos envolvidos na discussão.

Como Heráclito de Éfeso (aproximadamente 540-480 a.C.), toma

nova feição, englobando o conceito de “mudança”, a partir da constatação de

que é por meio do conflito que tudo se altera. Em um fragmento de sua obra,

que chegou até nós, ele dá um exemplo famoso dessa constante modificação

das coisas: um homem nunca pode tomar banho duas vezes no mesmo rio,

pois no termo que permeia entre uma ação e a outra tanto o rio como o homem

já se modificaram. Heráclito chegava a negar, em sua argumentação, a

existência de qualquer estabilidade nos seres.

Outro pensador da mesma época, Parmênides, diverge de Heráclito,

afirmando que a essência profunda do ser era imutável, sendo superficial à

mudança. Com essa linha de pensamento, Parmênides opõe a metafísica à

dialética, prevalecendo a primeira.

Em resumo, Hegel é dialético, mas subordina a dialética ao espírito.

Page 89: [autor não identificado] - Como estudar

Segundo Thalheimer, a dialética passa por quatro fases:

a) a dos filósofos jônicos, cujo principal representante é Heráclito,

desenvolvendo a dialética da sucessão;

b) a de Aristóteles, dialética da coexistência; esta fase está em

contradição com a primeira, da qual é a negação;

c) a de Hegel, que reuniu as duas, elevando-as a uma fase

superior, ao mesmo tempo que desenvolvia a dialética da

sucessão e a da coexistência, de forma idealista; portanto,

dialética histórica idealista;

d) a de Marx e Engels, denominada dialética materialista. Nesta, a

importância primeira é dada à matéria: o pensamento e o

universo estão em perpétua mudança, mas não são as

mudanças das idéias que determinam a das coisas. “São, pelo

contrário, estas que nos dão aquelas e as idéias modificam-se

porque as coisas se modificam”

6.6.2 As Leis da Dialética

Quanto à denominação e à ordem de apresentação, estas também

variam. Numa tentativa de unificação, diríamos que as quatro leis fundamentais

são:

a) ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;

b) mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;

c) passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;

d) interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos

contrários.

6.7 MÉTODOS ESPECÍFICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

6.7.1 O Método e os Métodos

Page 90: [autor não identificado] - Como estudar

Uma citação de Schopenhauer, feita por Madaleine Grawitz, pode

servir de introdução para a questão espinhosa do que são “método” e

“métodos”. Diz o autor: “dessa forma, a tarefa não é contemplar o que ninguém

ainda contemplou, mas meditar, como ninguém ainda meditou, sobre o que

todo mundo tem diante dos olhos”.

Tomada ao pé da letra é uma colocação injusta sobre o tópico em

questão, pois a maioria dos autores faz distinção entre “método” e “métodos”;

porém, se de um lado a diferença ainda não ficou clara, de outro, continua-se

utilizando o termo “método” para tudo – método e métodos – apesar de se

situarem em níveis claramente distintos, no que se refere à sua inspiração

filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos

explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da investigação e

ao momento em que se situam.

Como uma contribuição às tentativas de fazer distinção entre os

termos, diríamos que o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla,

em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da

sociedade. Assim teríamos, em primeiro lugar, o método de abordagem, assim

discriminado:

a) método indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha

geralmente para planos cada vez mais abrangentes;

b) método dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria

das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares

(conexão descendente);

c) método hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de

uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula

hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a

predição da ocorrência;

d) método dialético – que penetra o mundo dos fenômenos através

de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e

da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.

6.7.2 Método Histórico

“Promovido por Boas. Partindo do princípio de que as atuais formas

de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, é

Page 91: [autor não identificado] - Como estudar

importante pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e função.

Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e

instituições do passado para verificar usa influência na sociedade de hoje.”

6.7.3 Método Comparativo

Empregado por Tylor. Considerando que o estudo das semelhanças

e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para

uma melhor compreensão do comportamento humano, este método realiza

comparação com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências.

6.7.4 Método Monográfico

“Criado por Le Play, que o empregou ao estudar famílias operárias

na Europa. Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em

profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de

todos os casos semelhantes, o método monográfico consiste no estudo de

determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou

comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve

examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram e

analisando-o em todos os seus aspectos.

6.7.5 Método Estatísticos

“Planejado por Quetelet. Os processos estatísticos permitem obter,

de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas

verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico

significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a

termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as

relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza,

ocorrência ou significado.

6.7.6 Método Tipológico

Page 92: [autor não identificado] - Como estudar

“Habilmente empregado por Max Weber. Apresenta certas

semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais

complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de

análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo

ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para análise e

compreensão de casos concretos, realmente existentes. Weber, através da

classificação e comparação de diversos tipos de cidades, determinou as

características essenciais da cidade; da mesma maneira, pesquisou as

diferentes formas de capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do

capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de organização,

apresentou o tipo ideal de organização burocrática.

6.7.7 Método Funcionalista

“Utilizado por Malinowski. É, a rigor, mais um método de

interpretação do que de investigação. Levando-se em consideração que a

sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas

e interdependentes, satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida

social, e que as partes são mais bem entendidas compreendendo as funções

que desempenham no todo, o método funcionalista estuda a sociedade do

ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema

organizado de atividades”.

7 FATOS, LEIS E TEORIA

7.1 Teoria E Fatos

O senso comum tende a considerar o fato como realidade, isto é,

verdadeiro, definitivo, inquestionável e auto-evidente. Da mesma forma,

imagina teoria como especulação, ou seja, idéias não comprovadas que, uma

Page 93: [autor não identificado] - Como estudar

vez submetidas à verificação, se se revelarem verdadeiras, passam a constituir

fatos e, até, leis.

Sob o aspecto científico, entretanto, se fato é considerado um

observação empiricamente verificada, a teoria se refere a relações entre fatos

ou, em outras palavras, à ordenação significativa desses fatos, consistindo em

conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras,

teoremas, axiomas etc.

Dessa forma, conclui-se que:

a) teoria e fato não são diametralmente opostos, mas

inextrincavelmente inter-relacionados, consistindo em

elementos de um mesmo objetivo – a procura da verdade –,

sendo indispensáveis à abordagem científica;

b) teoria não é especulação, mas um conjunto de princípios

fundamentais;

c) ambos, teoria e fato, são objetos de interesse dos cientistas;

d) o desenvolvimento da ciência pode ser considerado como uma

inter-relação constante entre teoria e fato.

7.1.1 Papel da Teoria em Relação aos Fatos

7.1.1.1 Orienta Os Objetos Da Ciência

A teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos

a serem estudados – quantidade de dados que podem ser estudados em

determinada área da realidade é infinita.

7.1.1.2 Oferece Um Sistema De Conceitos

A teoria serve como sistema de conceptualização e de classificação

dos fatos – um fato não é somente uma observação prática ao acaso, mas

também uma afirmativa empiricamente verificada sobre o fenômeno em pauta:

dessa forma, engloba tanto as observações científicas quanto um quadro de

referência teórico conhecido, no qual essas observações se enquadram. Para

Barbosa Filho, a teoria, como sistema de conceptualização e de classificação

dos fatos, tem as seguintes funções:

Page 94: [autor não identificado] - Como estudar

a) representar os fatos, emitindo sua verdadeira concepção.

b) Fornecer um universo vocabular científico, próprio de cada

ciência, facilitando a compreensão dos fenômenos e a

comunicação entre os cientistas.

c) Expressar uma relação entre fatos estudados.

d) Classificar e sistematizar os fenômenos, acontecimentos,

aspectos e objetos da realidade.

e) Resumir a explicação dos fenômenos, expressando sua

concepção e correlação.

7.1.1.3 Resume O Conhecimento

A teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o

objeto de estudo, através das generalizações empíricas e das inter-relações

entre afirmações comprovadas – sumariar sucintamente o que já se sabe sobre

o objeto de estudo é outra das tarefas ou papéis da teoria.

7.1.1.4 Prevê Fatos

A teoria serve para, baseando-se em fatos e relações conhecidos,

prever novos fatos e relações – a teoria torna-se um meio de prever fatos, pois

resume os fatos já observados e estabelece uma uniformidade geral que

ultrapassa as observações imediatas.

7.1.1.5 Indica Lacunas No Conhecimento

A teoria serve par indicar os fatos e as relações que ainda não estão

satisfatoriamente explicados e as áreas da realidade que demandam pesquisas

– é exatamente pelo fato de a teoria resumir os fatos e também prever fatos

ainda não observados que se tem a possibilidade de indicar áreas não

Page 95: [autor não identificado] - Como estudar

exploradas, da mesma forma que fatos e relações até então insatisfatoriamente

explicados.

7.1.2 Papel dos Fatos em Relação à Teoria

Desde que se conclui que o desenvolvimento da ciência pode ser

considerado como uma inter-relação constante entre teoria e fato, e desde que

verificamos as diferentes formas pelas quais a teoria desempenha um papel

ativo na explicação dos fatos, resta-nos verificar de que maneira os fatos

podem exercer função significativa na construção e desenvolvimento da teoria.

7.1.2.1 O Fato Inicia A Teoria

Um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova

teoria. Ao longo da história, podemos tomar conhecimento de indivíduos que

observaram e, a seguir, descreveram fatos, muitas vezes encontrados ao

acaso e, com isso, produziram teorias importantes.

7.1.2.2 O Fato Reformula E Rejeita Teorias

Os fatos podem provocar a rejeição ou a reformulação de teorias já

existentes. Havendo a possibilidade de, para incluir um grupo específico de

observações, serem formuladas várias teorias, concluímos que os fatos não

determinam completamente a teoria; entretanto, entre teoria e fatos, estes são

os mais resistentes, pois qualquer teoria deve ajustar-se aos fatos.

7.1.2.3 O Fato Redefine E Esclarece Teorias

Os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida,

no sentido de que se afirmam em pormenores o que a teoria afirma em termos

bem mais gerais.

7.1.2.4 O Fato Clarifica Os Conceitos Contidos Nas Teorias

Page 96: [autor não identificado] - Como estudar

Os fatos, descobertos e analisados pela pesquisa empírica, exercem

pressão para esclarecer conceitos contidos nas teorias, pois uma das

exigências fundamentais da pesquisa é a de que os conceitos (ou variáveis)

com que lida sejam definidos com suficiente clareza para permitir o seu

prosseguimento.

7.2 Teoria E Leis

Duas são as principais funções de uma lei específica:

a) Resumir grande quantidade de fatos.

b) Permitir prever novos fatos, pois, se um fato ou fenômeno “se enquadra”

em uma lei, ele se comportará conforme o estabelecido pela lei.

7.2.1 Abordagem de Graduação

Assim, a palavra “lei” comporta duas acepções: uma regularidade e

um enunciado que pretenda descrevê-la (portanto, “um enunciado de lei”). Uma

lei científica é geralmente formulada do seguinte modo: “Sempre que tiver a

propriedade A, então terá a propriedade B.” Dessa forma, a lei pode afirmar

que tudo que tiver “A” também tem “B”. Exemplo: toda barra de ouro tem um

ponto de fusão de 1.063º. Este tipo de lei descreve uma regularidade de

coexistência, isto é, um padrão de coisas. Mas a lei também pode afirmar que

sempre que uma coisa, tendo “A”, se encontra em determinada relação com

outra coisa de certa espécie, esta última tem “B”. Exemplo: sempre que uma

pedra é jogada na água, produzirá na superfície da mesma uma série de ondas

concêntricas que se expandem de igual forma do centro à periferia. Portanto,

este segundo tipo de lei descreve uma regularidade de sucessão, ou seja, um

padrão nos eventos.

7.2.2 Abordagem Qualitativa

Page 97: [autor não identificado] - Como estudar

Assim, os fundamentos da distinção entre leis experimentais e

teorias apontam as seguintes características:

a) A lei experimental possuir, invariavelmente, um conteúdo

empírico determinado que, em princípio, pode sempre ser

controlado por elementos observacionais obtidos através desses

procedimentos.

b) A possibilidade, derivada da característica anterior, de propor e

afirmar uma lei experimental, como generalização indutiva

baseada nas relações que se patenteiam nos dados observados.

c) Formular-se uma lei experimental, sem exceção, por intermédio

de um só enunciado, ao passo que a teoria se constitui, quase

sem exceção, de um sistema de vários enunciados, vinculados

entre si.

7.4 Teoria: Definições

“A teoria se refere as relações entre fatos, ou à ordenação significativa

desses fatos”

“Uma teoria é um conjunto de „constructos‟ (conceitos) inter-relacionados,

definições e proposições, que apresenta uma concepção sistemática dos

fenômenos mediante a especificação de relação entre variáveis, com o

propósito de explicá-los e predizê-los”

“A teoria é um meio para interpretar, criticar e unificar leis estabelecidas,

modificando-as para se adequarem a dados não previstos quando de sua

formulação e para orientar a tarefa de descobrir generalizações novas e

mais amplas”

“A teoria é um sistema de proposições ou hipóteses que têm sido

constatadas como válidas (ou plausíveis) e sustentáveis”

Uma teoria consiste de um jogo de hipóteses que formam um sistema

dedutivo: isto é, que está disposto de tal maneira que, de acordo com

Page 98: [autor não identificado] - Como estudar

algumas das hipóteses como premissas, todas as outras hipóteses se

sucederam logicamente. As proposições em um sistema dedutivo como

dispostas na ordem de nível superior aquelas que ocorrem apenas como

premissas no sistema; e as de nível inferior, aquelas que ocorrem apenas

como conclusões no sistema; e as que ocupam os graus intermediários, as

que ocorrem como conclusões ou deduções, segundo as hipóteses de grau

superior, e que servem de premissas para deduções de hipóteses de grau

inferior”

1) “Diz-se que uma hipótese é sustentável se está confirmada,

e se denomina proposição;

2) Diz-se que uma hipótese é válida se é deduzivel, e se

denomina um teorema;

3) Um sistema de hipóteses sustentáveis se denomina indutivo;

4) Um sistema de hipóteses válidas se denomina dedutivo;

5) Um sistema indutivo-dedutivo (hipotético-dedutivo) ou

TEORIA CIENTÍFICA é um sistema em que algumas

hipóteses válidas são sustentáveis e (quase) nenhuma é não

sustentável;

6) Uma hipótese descreve um fenômeno se o fenômeno

confirma a hipótese (uma hipótese de baixo nível „descreve‟);

7) Uma TEORIA explica um fenômeno se implica um hipótese

que descreve o fenômeno (uma hipótese de alto nível

„explica‟)” .

7.5 Desideratos Da Teoria Científica Ou Sintomas De Verdade

7.5.1 Requisitos sintáticos

7.5.1.1 Correção Sintática

“As proposições da teoria devem ser bem formadas e mutuamente

coerentes, se é que devem ser processadas com a ajuda da lógica, se é que a

teoria deve ser significativa e se é que deve referir-se a um domínio definido de

fatos.”

Page 99: [autor não identificado] - Como estudar

7.5.1.2 Sistematicidade Ou Unidade Conceitual

“A teoria deve ser um sistema conceitual unificado (isto é, seus

conceitos devem „permanecer unidos‟) se é que se pretende chamá-la de teoria

em geral; e se é que deve enfrentar como um todo teste empíricos e teóricos

(conceptuais) – isto é, se é que o teste de qualquer de suas partes deve ser

relevante para o resto da teoria.”

7.5.2 Requisitos Semânticos

7.5.2.1 Exatidão Lingüística

“A ambigüidade, imprecisão e obscuridade dos termos específicos

têm de ser mínimas, a fim de assegurar a interpretabilidade empírica e a

aplicabilidade da teoria.”

7.5.2.2 Interpretabilidade Empírica

“Deve ser possível derivar das assunções da teoria – em conjunção

com bits de informações específicas – proposições que poderiam ser

comparadas às proposições observacionais, de modo a decidir a conformidade

da teoria com o fato.”

7.5.2.3 Representatividade

“É desejável que a teoria represente, ou melhor, reconstrua eventos

reais e processos e não os descreva simplesmente e preveja seus efeitos

macroscópicos observáveis”; em outras palavras, “para que uma teoria seja

representacional, é suficiente assumir que alguns de seus predicados básicos

Page 100: [autor não identificado] - Como estudar

representam traços de entidades efetivas reais ou fundamentais – não

meramente externos”.

7.5.2.4 Simplicidade Semântica

“É desejável, até certo ponto, economizar pressuposições; neste

sentido, juízos empíricos podem ser feitos e testados sem pressupor a

totalidade da ciência.”

7.5.3 Requisitos Epistemológicos

7.5.3.1 Coerência Externa

“A teoria deve ser coerente com a massa de conhecimento

aceito, se é que deve encontrar apoio em algo mais do que apenas seus

exemplos, se é que deve ser considerada como um acréscimo ao

conhecimento e não como um corpo estranho.”

7.5.3.2 Poder Explanatório

“A teoria deve resolver os problemas propostos pela explicação dos

fatos e pelas generalizações empíricas, se existirem, de um dado domínio e

precisa fazê-lo da maneira mais exata possível.” Sinteticamente, “Poder

explanatório = Alcance X Precisão”.

7.5.3.3 Poder De Previsão

O poder de previsão pode ser analisado na soma da capacidade de

prever uma classe desconhecida de fatos, e o poder de prognosticar „efeitos

novos‟, isto é, fatos de uma espécie não esperada em teorias alternativas. O

primeiro pode ser chamado de poder de prognosticar, o segundo de poder

serendípico.” (Termo cunhado por Walpole e que tem o significado de “acidente

Page 101: [autor não identificado] - Como estudar

feliz”.) Sintetizando, “poder de previsão = velho alcance + novo alcance;

previsão = poder de prognóstico + poder serendípico”.

7.5.3.4 Profundidade

“É desejável, mas de modo algum necessário, que as teorias

expliquem coisas essenciais e cheguem fundo na estrutura de nível da

realidade. Nenhuma teoria científica é apenas um sumário de observações, se

não por outro motivo, pelo menos devido ao fato de que cada generalização

implica uma „aposta‟ sobre fatos afins não observados.”

7.5.3.5 Extensibilidade

“Possibilidade de expansão para abranger novos domínios.”

7.5.3.6 Fertilidade

“A teoria deve estar habilitada para guiar nova pesquisa e sugerir

novas idéias, experimentos e problemas no mesmo campo ou em campos

aliados. No caso de teorias adequadas, a fertilidade justapõe-se à

extensibilidade e ao poder serendípico.”

7.5.3.7 Originalidade

“É desejável que a teoria seja novas em sistemas rivais. Teorias

feitas de „porções‟ de teorias existentes ou fortemente semelhantes a sistemas

disponíveis ou carentes de novos conceitos são inevitáveis e podem ser

seguras a ponto de serem desinteressantes.”

7.5.4 Requisitos Metodológicos

7.5.4.1 Escrutabilidade

Page 102: [autor não identificado] - Como estudar

“Não só os predicados que apareçam na teoria devem ser abertos à

investigação empírica e ao método autocorretivo da ciência, mas é preciso

também que os pressupostos metodológicos da teoria sejam controláveis.”

7.5.4.2 Refutabilidade Ou Verificabilidade

“Deve ser possível imaginar casos ou circunstâncias que constituem

uma teoria devem prestar-se (no todo ou em parte) à verificação empírica. Do

contrário, não seria possível planejar testes genuínos e poder-se-ia considerar

a teoria como logicamente verdadeira, isto é, como verdadeira, haja o que

houver – portanto, como empiricamente vazia.”

7.5.4.4 Simplicidade Metodológica

“É preciso que seja tecnicamente possível submeter a teoria (partes

dela) a provas empíricas.”

8 - HIPÓTESES

8.1 Hipóteses: Definições

Diversos autores procuraram conceituar hipótese, apresentando

suas principais características. Selecionamos algumas definições para análise.

8.2.1 Definições

“Hipótese é uma proposição enunciada para responder tentativamente a um

problema”

“A hipótese de trabalho é a resposta hipotética a um problema para cuja

solução se realiza toda investigação”

Chama-se „enunciado de hipóteses‟ a fase do método de pesquisa que vem

depois da formulação do problema.

Page 103: [autor não identificado] - Como estudar

“A hipótese é uma proposição antecipadora à comprovação de uma

realidade existencial.

“A hipótese é uma tentativa de explicação mediante uma suposição ou

conjetura verossímil, destinada a ser provada pela comprovação dos fatos.”

“Hipótese é qualquer suposição provisória, com cuja ajuda nos propomos a

explicar fatos, descobrindo seu ordenamento”.

“Hipóteses são exteriorizações conjeturais sobre as relações entre dois

fenômenos”.

“Uma hipótese é um conjunto de variáveis inter-relacionais”.

“Uma hipótese é um enunciado conjetural das relações entre duas ou mais

variáveis”.

“Uma hipótese é uma proposição, condição ou princípio, que é aceito –

provisoriamente – para obter suas conseqüências lógicas e, por intermédio

de um método, comprovar seu acordo com os fatos conhecidos ou com

aqueles que podem ser determinados”

“Os vários fatos em uma teoria podem ser logicamente analisados e outras

relações podem ser deduzidas além daquelas estabelecidas na teoria.

8.2 TEMA, PROBLEMA E HIPÓTESE

Constituindo-se a hipótese uma suposta, provável e provisória

resposta a um problema, cuja adequação (comprovação = sustentabilidade ou

validez) será verificada através da pesquisa, interessa-nos o que é e como se

formula um problema.

8.2.1 Tema e Problema

O tema de uma pesquisa é o assunto que se deseja provar ou

desenvolver; “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar

com precisão, para intentar, em seguida, seu exame, avaliação crítica e

solução. Determinar com precisão significa enunciar um problema, isto é,

determinar o objetivo central da indagação.

Page 104: [autor não identificado] - Como estudar

“Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara,

compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e

que poderemos resolver, limitando seu campo e apresentando suas

características. Desta forma, o objetivo de formulação do problema da pesquisa

é torná-lo individualizado, específico, inconfundível”

Exemplos: - tema – “O perfil da mãe que deixa o filho recém-nascido

para adoção”; problema – “Quais condições exercem mais influência na

decisão das mães em dar o filho recém nascido para adoção?”; problema –

“Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar o filho

recém nascido para adoção?”; tema – “A necessidade da informação

ocupacional na escolha da profissão”; problema – “A Orientação Profissional

dada, no curso de 2º Grau, influi na segurança (certeza) em relação à escolha

do curso universitário?”; tema – “A família carente e sua influência na origem

da marginalização social”; problema – “O grau de organização interna da

família carente influi na conduta (marginalização do menor)?”.

O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma

clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma

pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos. Kerlinger

considera que o problema se constitui em uma pergunta científica quando

explicita a relação de dois ou mais fenômenos (fatos, variáveis) entre si,

“adequando-se a uma investigação matemática, controlada, empírica e crítica”.

Conclui-se disso que perguntas retóricas, especulativas e afirmativas

(valorativas) não são perguntas científicas.

Schrader enumera algumas questões que devem ser formuladas

para verificar a validade científica de um problema:

a) Pode um problema ser enunciado em forma de pergunta?

b) Corresponde a interesses pessoais, sociais e científicos, isto é,

de conteúdo e metodológicos? Estes interesses estão

harmonizados?

c) Constitui-se o problema em questão científica, ou seja relaciona

entre si pelo menos dois fenômenos (fatos, variáveis)?

d) Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?

e) Pode ser empiricamente verificado em suas conseqüências?

Page 105: [autor não identificado] - Como estudar

8.2.2 Problema e Hipótese

Uma vez formulado o problema, com a certeza de ser

cientificamente válido, propõe-se uma resposta “suposta, provável e

provisória”, isto é, uma hipótese. Ambos, problemas e hipóteses, são

enunciados de relações entre variáveis (fatos, fenômenos); a diferença reside

em que o problema constitui sentença interrogativa e a hipótese, sentença

afirmativa.

Exemplos: problema – Quais condições exercem mais influência na

decisão das mães em dar o filho recém nascido para adoção?”; hipótese – “As

condições que representam fatores formadores de atitudes exercem maior

influência na decisão das mães em dar o filho recém-nascido para adoção do

que as condições que representam fatores biológicos e sócio-econômicos”;

problema – “A constante migração de grupos familiares carentes influencia em

sua organização interna?”; hipótese – “Se elevado índice de migração de

grupos familiares carentes, então elevado grau de desorganização familiar”.

8.6 CARACTERÍSTICAS DAS HIPÓTESES

Vários autores indicaram as características ou os critérios com os

quais as hipóteses devem conformar-se para serem consideradas

cientificamente aceitáveis.

8.6.1 Características

Para Bunge, a hipóteses devem Ter:

Consistência lógica;

Compatibilidade com o corpo de conhecimentos científicos;

Capacidade de serem submetidas à verificação.

Cervo e Bervian, indicam que a hipótese;

Não deve contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada;

Deve ser simples;

Page 106: [autor não identificado] - Como estudar

Deve ser sugerida e verificável pelos fatos.

Segundo Nérici, a hipótese deve ser:

Necessária;

Possível;

Verificável.

Na concepção de Hempel, as hipóteses precisam ter:

Apoio teórico;

Verificabilidade;

Simplicidade;

Relevância explanatória.

Souza et alii consideram que as hipóteses devem apresentar:

Relevância;

Possibilidade de confirmação;

Compatibilidade com hipóteses anteriormente confirmadas;

Poder preditivo e/ou explicativo.

De acordo com Grawitz , a hipótese cientificamente válida deve:

Ser verificável;

Abranger conceitos comunicáveis;

Expressar fatos reais;

Ser específica;

Estar em conformidade com o conteúdo atual da ciência.

Tanto Trujillo quanto Goode e Hatt, postulam que as hipóteses

devem:

Ser conceptuamente claras;

Ter referências empíricas;

Page 107: [autor não identificado] - Como estudar

Ser específicas;

Estar relacionadas com as técnicas disponíveis;

Estar relacionadas com uma teoria.

São características essenciais da hipótese, para Rudio:

Plausibilidade;

Consistência interna e externa;

Especificidade;

Verificabilidade;

Clareza;

Simplicidade;

Economia nos enunciados;

Capacidade de explicar o problema.

9 PESQUISA

9.1 Conceitos E Finalidades

9.1.1 Conceitos

Segundo Asti Vera, o "significado da palavra não parece ser muito

claro ou, pelo menos, não é unívoco". Para ele o ponto de partida para

pesquisa encontra-se no "problema que se devera definir, examinar, avaliar,

analisar criticamente, para depois ser tentada uma solução".

De acordo como Webster`s Internacional Dictionary, a pesquisa é

uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e

princípios; uma diligente busca para averiguar algo. pesquisa não é apenas

procurar a verdade; é encontrar respostas para as questões propostas,

utilizando métodos científicos.

Ander-Egg vai além: para ele, pesquisa é um "procedimento

reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou

dados, relação ou leis, em qualquer campo do conhecimento". A pesquisa

portanto é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que

Page 108: [autor não identificado] - Como estudar

requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para se conhecer a

realidade ou para descobrir verdades parciais.

A pesquisa tem para Rummel, dois significados: em sentido amplo,

engloba todas as investigações especializadas e completas; em sentido

restrito, abrange os vários tipos de estudos e de investigações mais

aprofundados.

Abramo aponta a existência de dois princípios gerais, válidos na

investigação cientifica e que podem ser assim sintetizados: "objetividade e

sistematização de informações fragmentadas"

A pesquisa tem importância fundamental no campo das ciências

sociais, principalmente na obtenção de soluções para problemas coletivos.

O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende seis

passos

1. Seleção do tópico ou problema para a investigação.

2. Definição e diferenciação do problema.

3. Levantamento de hipótese de trabalho.

4. Coleta, sistematização e classificação dos dados.

5. Análise e interpretação dos dados.

6. Relatório do resultado da pesquisa.

9. 2 FINALIADADES

A finalidade da pesquisa é "descobrir respostas para as questões,

mediante a aplicação de métodos científicos", afirmam Selltiz et alii. Estes

métodos, mesmo, que as vezes, não obtenham respostas fidedignas, são os

únicos que podem oferecer resultados satisfatório ou de total êxito.

Para Trujillo, a pesquisa tem como objetivo "tentar conhecer e

explicar os fenômenos no mundo existencial", ou seja, como essas fenômenos

operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efetuadas, por que

e como se realizam, e até que ponto podem sofrer influências ou ser

controladas.

São duas finalidades da pesquisa, para Bunge: "acumulação e

compreensão" dos fatos levantados. Esse levantamento de dados se faz

Page 109: [autor não identificado] - Como estudar

através da hipótese precisas, formuladas e aplicadas sob a forma de respostas

às questões (problema da pesquisa).

A pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma

interrogação. Dessa maneira, ela vai responder às necessidades de

conhecimento de certo problema ou fenômeno. Várias hipóteses são

levantadas e a pesquisa pode invalidar ou confirmar as mesmas.

São duas também de pesquisa , apontado por Trujillo:

1. Pura. Quando melhora o conhecimento, pois permite o

desenvolvimento da metodologia, na obtenção de diagnósticos e estudos cada

vez mais aprimorados problemas ou fenômenos.

Exemplo: teoria da relatividade.

2. Prática. Quando elas são aplicadas com determinado objetivo

prático. Exemplo: aplicação da energia nuclear.

Selltiz et alii expõem quatro finalidades da pesquisa:

1. Familiaridades. Em relação a certo fenômeno ou em obtenção de

novos esclarecimentos sobre ele, visando ao desenvolvimento de hipóteses ou

à formulação de um problema preciso.

2. Exatidão. Na representação das características grupais,

individuais ou de situações.

3. Freqüência. De um fenômeno ou de determinado tipo de

relações.

4. Análise. De hipóteses casuais.

9.2.1 Características, Campos E Tipos De Pesquisa

9.2.1 Características

9.2.1.1 Procedimento Sistematizado

É aquele por meio do qual novos conhecimentos são coletados, de

fontes primárias ou de primeira mão. A pesquisa não é apenas confirmação ou

Page 110: [autor não identificado] - Como estudar

reorganização de dados já conhecidos ou escritos nem a mera elaboração de

idéias; ela exige comprovação e verificação. Dá ênfase ao descobrimento de

princípios gerais, transcende as situações particulares e utiliza procedimento

de amostragem, para inferir na totalidade ou conjunto da população.

9.2.1.2 Exploração Técnica, Sistemática e Exata

O investigador, baseando-se em conhecimentos teóricos anteriores,

planeja cuidadosamente o método a ser utilizado, formula problemas e

hipóteses, registra sistematicamente os dados e os analisa com a maior

exatidão possível. Para efetuar a coleta de dados, utiliza instrumentos

adequados, emprega todos os mecânicos possíveis a fim de obter maior

exatidão na observação humana, no registro e na comprovação de dados.

9.2.1.3 Pesquisa Lógica e Objetiva

Deve utilizar todas provas possíveis para o controle dos dados

coletados e dos procedimentos emproados. O investigador não se pode deixar

envolver pelo problema; deve olha-lo objetivamente, sem emoção não deve

tentar persuadir, justificar ou buscar somente os dados que confirmem suas

hipóteses, mas comprovar, o que é mais importante do que justificar.

9.2.1.4 Organização Quantitativa dos Dado

Os dados devem ser, quanto possível, expressos com medidas

numéricas. O pesquisador deve ser paciente e não Ter pressa, pois as

descobertas significativas resultam de procedimentos cuidadosos e não

apressados.

9.2.1.5 Relato e Registro Meticulosos e Detalhados da

Pesquisa

Page 111: [autor não identificado] - Como estudar

A metodologia deve ser indicada assim como as referências

bibliográficas, a terminologia.

Cuidadosamente definida, os fatores limitativos apontados e todos

os outros resultados registrados com a maior objetividade.

9.2.2 Campo da Pesquisa Social

A pesquisa social é um processo que utiliza metodologia científica,

através da qual se pode obter novos conhecimentos no campo da realidade

social. O American Journal of Sociology publicou um esquema organizador

pela Sociedade Americana de Sociologia, indicando o campo que a pesquisa

social abrange (Ander-Egg, 1978:30) :

1. Natureza e personalidade humanas.

2. Povos e grupos culturais.

3. A família.

4. Organização social e instituição social.

5. População e grupos territoriais:

a) demografia e população;

b) ecologia.

6. A comunidade rural.

7. A conduta coletiva:

a) periódica;

b) recreação, comemorações; festivais.

8. Grupos antagônicos e associativos.

Page 112: [autor não identificado] - Como estudar

a) Sociologia da religião;

b) sociologia da educação;

c) tribunais e legislação;

d) mudança social e evolução social.

9. Problemas sociais, patologia social e adaptações sociais:

a) pobreza e dependência;

b) crime e delinqüência;

c) saúde;

d) enfermidade;

e) higiene.

10.Teoria e métodos:

a) estudos de casos individuais;

b) teoria sociológica e histórica.

9.2.3 Tipos de Pesquisa

Ander-Egg (1978:33) apresenta dois tipos:

a) Pesquisa básica, pura ou fundamental. É aquela que procura o

progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos, sem a

preocupação de utiliza-los na prática.

b) Pesquisa aplicada. Como o próprio nome indica, caracteriza-se

por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados

ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem

na realidade.

Best (1972:12-13), além dessas duas classificações - fundamental e

aplicada - acrescenta mais três:

a) Histórica. "Descreve-se o que era" - o processo enfoca quatro

aspectos: investigação, registro, análise e interpretação de fatos ocorridos no

Page 113: [autor não identificado] - Como estudar

passado, para, através de generalização, compreender o presente e predizer o

futuro.

b) Descritiva. "Delineia o que é" - aborda também quatro aspectos:

descrição, registro , análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o

seu funcionamento no presente.

c) Experimental. "Descreve o que será" - quando há controle sobre

determinados fatores; a importância encontra-se nas relações de causas e

efeitos.

Hymann (1967:107-108) indica dois tipos:

a) Descritiva. Simples descrição de um fenômeno.

b) Experimental. Levantamentos explicativos, avaliativos e

interpretativos.

Rummel (1972:3) apresenta quatro divisões:

a) Pesquisa bibliográfica.

b) Pesquisa de ciência da vida e ciência física.

c) Pesquisa social.

d) Pesquisa tecnológica ou aplicada.

Abramo, apresentado aqui de forma bem simplificada:

1. Segundo o campo de atividade humana ou os setores do

conhecimento:

a) monodisciplinares;

b) multidisciplinares;

c) interdisciplinares.

2. Segundo a utilização dos resultados:

a) pura, básica ou fundamental;

b) aplicada.

3. Segundo os processos de estudo:

a) estrutural;

Page 114: [autor não identificado] - Como estudar

b) histórico;

c) comparativo;

d) funcionalista;

e) estatístico;

f) monográfico.

4. Segundo a natureza dos dados:

a) pesquisa de dados objetivos ou de fatos;

b) pesquisa subjetiva ou de opiniões de e atitudes.

5. Segundo a procedência dos dados:

a) de dados primários;

b) de dados secundários.

6. Segundo o grau de generalização dos resultados:

a) censitária;

b) por amostragem (não probabilista ou aleatória).

7. Segundo a extensão do campo de estudo:

a) levantamentos, sondagens, surveys etc.;

b) pesquisa monográficas ou de profundidade.

8. Segundo as técnicas e os instrumentos observação:

a) observação direta;

b) observação indireta.

9. Segundo os métodos de análise:

a) construção de tipos;

b) construção de modelos;

c) tipologias e classificações.

10. Segundo o nível de interpretação:

a) pesquisa identificativa;

b) pesquisa descritiva;

c) pesquisa mensurativa;

Page 115: [autor não identificado] - Como estudar

d) pesquisa explicativa.

10 - PLANEJAMENTO DA PESQUISA

Preparação da pesquisa

1. Decisão.

2. Especificação dos objetivos.

3. Elaboração de um esquema.

4. Constituição da equipe de trabalho.

5. Levantamento de recursos e cronograma.

Fases da pesquisa

1. Escolha do tema.

2. Levantamento de dados.

3. Formulação do problema.

4. Definição dos termos.

5. Construção de hipóteses.

6. Indicação de variáveis.

7. Delimitação da pesquisa.

8. Amostragem.

9. Seleção de métodos.

10. Organização do instrumental de observação.

11. Teste dos instrumentos e procedimentos.

Execução da pesquisa

1. Coleta de dados.

2. Elaboração dos dados.

3. Análise e interpretação dos dados.

4. Representação dos dados.

5. Conclusões.

Relatório de pesquisa

10.1 Preparação da pesquisa.

10.1.1 Decisão

Page 116: [autor não identificado] - Como estudar

É a primeira etapa de uma pesquisa, o momento em que o

pesquisador toma a decisão de realizá-la, no interesse próprio, de alguém ou

de alguma entidade, como, por exemplo, o CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

10.1.2 Especificação De Objetivos

Toda pesquisa deve Ter um objetivo determinado para saber o que

se vai procurar e o que se pretende alcançar. Deve partir, afirma Ander-Egg,

"de um objetivo limitado e claramente definido sejam estudos formulativos,

descritivos ou de verificação de hipóteses".

10.1.3 Elaboração De Um Esquema

Desde que se tenha tomado a decisão de realizar uma pesquisa,

deve-se pensar na elaboração de um esquema que poderá ser ou não

modificado e que facilite a sua viabilidade.

10.1.4 Constituição Da Equipe De Trabalho

Esse é outro aspecto importante no inicio da pesquisa: engloba

recrutamento e treinamento de pessoas, distribuição das tarefas ou funções,

indicações de locais de trabalho e todo o equipamento ao pesquisador.

10.1.5 Levantamento De Recursos E Cronograma

Quando a pesquisa é solicitada por alguém ou por uma entidade,

que vai patrociná-la, o pesquisador deverá fazer uma previsão de gastos a

serem feitos durante a mesma, especificando cada um deles.

10.2 Fases da Pesquisa

10.2.1 Escolha Do Tema

Page 117: [autor não identificado] - Como estudar

Tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar.

Escolher o tema significa:

a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as

possibilidades, as aptidões e as tendências de que se propõe a elaborar um

trabalho científico.

b) encontrar um objetivo que mereça ser investigado

cientificamente e tenha condições de ser formulado e delimitado em função da

pesquisa.

O assunto escolhido deve ser exeqüível e adequado em termos

tanto dos fatores externos e internos ou pessoais.

Responde à pergunta o que será explorado?

10.2.2 Levantamentos De Dados

Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos:

pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos.

10.2.3 Formulação Do Problema

Problema é uma dificuldade, teórica ou prática no conhecimento de

alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução.

Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e

exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, decisão e

objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da

hipótese central.

A gravidade de um problema depende da importância dos objetivos

e da eficácia das alternativas.

"A caracterização do problema define e identifica o assunto em

estudo", ou seja, "um problema muito abrangente torna a pesquisa mais

complexa"; quando "bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir

a investigação".

O problema antes de ser considerado apropriado, deve ser

analisado sob o aspecto de sua valoração:

Page 118: [autor não identificado] - Como estudar

a) Viabilidade. Pode ser eficazmente resolvido através da pesquisa.

b) Relevância. Deve ser capaz de trazer conhecimentos novos.

c) Novidade. Estar adequado ao estádio atual de evolução cientifica.

d) Exequilibidade. Pode chegar a uma conclusão válida.

e) Oportunidade. Atender a interesses particulares e gerais.

10.2.4 Definição Dos Termos

O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros,

compreensivos e adequados.

É importante definir todos os termos que possam dar margem a

interpretação errôneas. O uso de termos apropriados, de definições carretas,

contribui para a melhor compreensão da realidade observada.

Há dois tipos de definições:

a) Simples. Quando apenas traduzem o significado do termo ou da

expressão menos conhecida.

b) Operacional. Quando , além do significado, ajuda, com

exemplos, na compreensão do conceito, tornando clara a experiência do

mundo extencional.

10.2.5 Construção De Hipóteses

Hipótese é um proposição que se faz na tentativa de verificar a

validade de resposta existente para um problema. Correta ou errada, de acordo

ou contrária ao senso- comum, a hipótese sempre conduz a uma verificação

empírica.

A função da hipótese é propor explicações para certos fatos e ao

mesmo tempo orientar a busca de outras informações.

A clareza da definição dos termos é condição de importância

fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.

Page 119: [autor não identificado] - Como estudar

Praticamente não há regras para formulação de hipóteses, mas é

necessário que haja embasamento teórico de um jeito que ela possa servir de

guia na tarefa da investigação.

Entre tanto, a utilização de uma hipótese é necessária para que se

tenha resultados úteis, ou seja, atinja níveis de interpretações mais altos.

10.2.6 Indicação De Variáveis

Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita a indicação

das variáveis. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma

operacional.

10.2.7 Delimitação Da Pesquisa

Significa estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode

ser limitada em relação:

a) ao assunto selecionado um tópico, a fim de que se torne muito

extenso ou muito complexo;

b) à extensão porque nem sempre pode abranger todo o âmbito

onde o fato se desenrola;

c) a uma série de fatores meios humanos, econômicos de

exiguidade de prazo que podem restringir o seu campo de ação.

Ander-Egg (1978:67) apresenta três níveis de limites, quanto:

a) ao objeto que consiste na escolha de maior ou menor número

de variáveis que intervêm no fenômeno a ser estudado.

b) ao campo de investigação abrange dois aspéctos: limite no

tempo, deve ser estudado em determinado momento, e limite no espaço, deve

ser analisado em determinado lugar.

c) Ao nível de investigação que engloba três estágios:

exploratórios, de investigação e de comprovação de hipóteses.

Page 120: [autor não identificado] - Como estudar

10.2.8 Amostragem

A amostra é uma parcela selecionado do universo (população); é um

subconjunto do universo.

O processo pelos quais se determinam a amostragem são descrita

em detalhes no próximo capítulo.

10.2.9 Seleção De Métodos E Técnicas

Os à serem empregados na pesquisa cientifica podem ser

selecionados desde a proposição do problema da formulação das hipóteses e

da delimitação do universo ou da amostra.

A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente

relacionado com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários

fatores relacionados com a pesquisa; recursos financeiros, a equipe humana e

outros.

10.2.10 Organização Instrumental De Pesquisa

A elaboração ou organização de instrumentos de investigação não é

fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no planejamento de

pesquisa.

Em organização de material de pesquisa dois aspecto devem ser

apontados:

a) Organização do material para investigação, anteriormente referido

b) Organização do material de investigação, que seria arquivamento

de idéias.

Lebret (1961:100) indica três tipos fichários:

a) De pessoas. Visitadas ou entrevistadas;

b) De documentação. Documentos já lidos ou a serem consultados;

c) Dos "indivíduos" pesquisados. Ou objetos de pesquisa.

Page 121: [autor não identificado] - Como estudar

10.2.11 Teste De Instrumentos E Procedimentos

Elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais

utilizado para averiguar sua validade é o teste- preliminar ou pré- teste. Seu

objetivo, portanto, é verificar até que ponto esses instrumentos têm, realmente,

condições de garantir resultados isentos de erros.

10.3 Execução da Pesquisa

10.3.1 Coleta Dos Dados

Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos

elaborados e das técnicas selecionadas.

Exige do pesquisador paciência perseverança e esforço pessoal,

além do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior.

São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados,

de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas

gerais, as técnicas de pesquisa são:

1. Coleta Documental.

2. Observação.

3. Entrevista.

4. Questionário.

5. Formulário.

6. Medidas de opiniões e de Atitudes.

7. Técnicas Mercadológicas.

8. Testes.

9. Sociometria.

10. Análise do Conteúdo.

11. História de Vida.

10.3.2 Elaboração Dos Dados

Page 122: [autor não identificado] - Como estudar

Após a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos

indicados anteriormente, eles são elaborados e classificados de forma

sistemática. Ante da análise e interpretação, os dados devem seguir os

seguintes passos: seleção, codificação, tabulação.

a) Seleção. É o exame minucioso dos dados.

b) Codificação. É a técnica operacional utilizada para categorizar os

dados que se relacionam. Mediante a codificação, os dados são transformados

em símbolos, podendo ser tabelados e contados.

c) Tabulação. É a disposição dos dados em tabelas, possibilitando

maior facilidade na verificação entre eles. É uma parte do processo estatístico

que permite sintetizar os dados de observação.

10.3.3 Análise De Interpretação Dos Dados

Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo

seguinte é a análise e interpretação dos mesmos, constituindo-se ambas no

núcleo central da pesquisa.

Em síntese a elaboração da análise é realizada em três níveis:

a) Interpretação. Verificações das relações entre as variáveis

independente e dependente, e da variável interveniente (anterior á dependente

e posterior a independente), afim de ampliar os conhecimentos sobre o

fenômeno (variável dependente).

b) Explicação. Esclarecimento sobre a origem da variável

dependente e necessidade de encontrar a variável antecedente(anterior às

variáveis independente e dependente).

c) Especificação. Explicitação sobre até o ponto que as relações

entre as variáveis independentes e dependente são validas (como, onde e

quando).

10.3.5 Conclusões

Uma fase do planejamento e organização de pesquisa, que explicita

os resultados finais, considerados relevantes.

Page 123: [autor não identificado] - Como estudar

As conclusões devem estar vinculadas as hipóteses de

investigações, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado.

Em termos formais, é uma exposição factual sobre o que foi

investigado, analisado, interpretado; é uma síntese comentada das idéias

essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com precisão e

clareza.

Ao se redigirem as conclusões, os problemas que ficaram sem

soluções serão apontados, a fim de que no futuro possam ser estudados pelo

próprio autor ou por outros.

10.4 Relatório

Exposição geral da pesquisa, desde o planejamento as conclusões,

incluindo os processos metodológicos empregados. Devem ter como base a

lógica, a imaginação e a precisão e ser expresso em linguagem simples, clara,

objetiva, concisa e coerente.

Tem a finalidade de dar informações sobre os resultados da

pesquisa, se possível com detalhes, para que eles possam alcançar a sua

relevância.

São importantes a objetividade e o estilo, mantendo-se a expressão

impessoal e evitando-se frases qualificativas e valorativas, pois a informação

deve descrever e explicar, mas não intentar convencer.

11 - AMOSTRAGEM

Quando se deseja colher informações sobre um ou mais aspectos

de um grupo grande ou numeroso. O problema da amostragem é, portanto,

escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais

representativa do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte,

pode inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total se

esta fosse verificada.

Conceituando:

Page 124: [autor não identificado] - Como estudar

a) Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou

inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.

a) Amostra: é uma porção ou parcela, conveniente selecionada do

universo (população).

O universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a

ser investigado, e a amostra, é que realmente será submetida a verificação.

11.1 Amostragem Probabilista

As técnicas de amostragem probabilista, ou aleatória, ou ao acaso.

sua característica primordial é poder ser submetida a tratamento estatístico,

que permite compensar erros amostrais outros aspectos relevantes para a

representatividade e significância da amostra.

11.1.1 Aleatória Simples

Para Yule e Kendall, "a escolha de um indivíduo, entre uma

população, é ao acaso (aleatória), quando cada membro da população tem a

mesma probabilidade de ser escolhido".

A amostra aleatória simples pode apresentar dois tipos:

a) sem reposição. o mais utilizado, em que cada elemento só pode

entrar uma vez para a amostra;

b) com reposição. quando os elementos da população podem entra

mais de uma vez para a amostra.

11.1.2 Sistemática

É uma variação da procedente. A população, deve ser ordenada, de

forma tal que cada elemento seja identificado, univocamente, pela posição.

11.1.3 Por Área

Page 125: [autor não identificado] - Como estudar

Uma das formas da variação da amostragem aleatória simples,

utilizada quando não se conhece a totalidade dos componentes da população.

Vários são os procedimentos de uma amostragem por área:

a) sorteiam-se aleatoriamente as áreas e toda a população de cada

uma delas é pesquisada;

b) dividem-se primeiro as regiões em zonas, procedendo-se ao

sorteio aleatório das que serão pesquisadas;

c) as áreas são sorteadas de forma aleatória, e , dentro delas

escolhidas aleatoriamente as pessoas ou estabelecimento a serem

pesquisados.

11.1.4 Por Conglomerados ou Grupos

O nome conglomerados ou grupos deriva do fato de os

conglomerados serem considerados grupos formados e/ou cadastrados da

população.

11.1.5 Estratificada

"Protege a representatividade da amostra, ao assegurar que os

grupos conhecidos da população sejam representados com justiça na

amostra".

11.2 Amostragem Não-Probabilista

11.2.1 Intencional

Nesta o pesquisador está interessado na opinião de determinados

elementos da população, mas não representativos da mesma.

11.2.2 Por "Juris"

Page 126: [autor não identificado] - Como estudar

Técnica utilizada principalmente quando se desejam obter

informações, durante certo espaço de tempo, sobre questões particulares.

11.2.3 Por Tipicidade

Uma das formas é a procura de um subgrupo que seja típico, em

relação a população como um todo.

11.2.4 Por Quotas

A amostragem por quotas pressupõe três etapas: 1) classificação da

população em termos de propriedades; 2) construção de uma "maqueta" da

população a ser pesquisada; 3) fixação de quotas para cada entrevistador.

11.3 Equiparação De Grupos

O problema primordial nos planos experimentais e na análise das

relações casuais entre duas variáveis, quando se exige a seleção de dois ou

mais grupos semelhantes, é como equiparar estes grupos.

12 – COMO ENCAMINHAR UMA PESQUISA

12.1 O que é Pesquisa

Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que

são proposto. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação

suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação

disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser

adequadamente relacionada ao problema.

12.2 Por que se faz a pesquisa?

Page 127: [autor não identificado] - Como estudar

Há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa.

Podem, no entanto, ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem

intelectual e razões de ordem prática. As primeiras decorrem do desejo de

conhecer pela própria satisfação de conhecer. As últimas decorrem do desejo

de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz.

Tem sido comum designar as pesquisas decorrentes desses dois

grupos de questões como “puras” e “aplicadas” e discuti-las como se fossem

mutuamente exclusivas. Essa postura é inadequada, pois a ciência objetiva

tanto o conhecimento em si mesmo quanto as contribuições práticas

decorrentes deste conhecimento.

12.3 O que é necessário para se fazer uma pesquisa?

12.3.1 Qualidades pessoais do pesquisador

O êxito de uma pesquisa depende fundamentalmente de certas

qualidades intelectuais e sociais do pesquisador, dentre as quais estão:

a) conhecimento do assunto a ser pesquisado;

b) curiosidade;

c) criatividade;

d) integridade intelectual;

e) atitude autocorretiva;

f) sensibilidade social;

g) imaginação disciplinada;

h) perseverança e paciência;

i) confiança na experiência.

12.4 Por que elaborar um projeto de pesquisa?

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as

ações desenvolvidas ao longo do seu processo sejam efetivamente planejadas.

De modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa,

que envolve a formulação do problema, a especificação de seus objetivos, a

Page 128: [autor não identificado] - Como estudar

construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos etc. Em virtude

das implicações extracientíficas da pesquisa, consideradas no item anterior, o

panejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser

despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e

financeiros necessários à sua efetivação.

O projeto deve, portanto, especificar os objetivos da pesquisa,

apresentar a justificativa de sua realização, definir a modalidade de pesquisa e

determinar os procedimentos de coleta e análise de dados. Deve, ainda,

esclarecer acerca do cronograma a ser seguido no desenvolvimento da

pesquisa e proporcionar a indicação dos recursos humanos, financeiros e

materiais necessários para assegurar o êxito da pesquisa.

12.5 Quais os Elementos de um Projeto de Pesquisa

Os elementos habitualmente requeridos num projeto são os

seguintes:

a) Formulação de um problema.

b) Construção de hipóteses ou especificação dos objetivos.

c) Identificação do tipo de pesquisa.

d) Operacionalização das variáveis.

e) Seleção da amostra.

f) Elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de

coleta de dados.

g) Determinação do plano de análise dos dados.

h) Previsão da forma de apresentação dos resultados.

i) Cronograma da execução da pesquisa.

j) Definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a

serem alocados.

13 COMO FORMULAR UM PROBLEMA DE PESQUISA?

Page 129: [autor não identificado] - Como estudar

13.1 O que é mesmo um problema?

O Novo Dicionário Aurélio indica os seguintes significados de

problema:

Questão matemática proposta para que se lhe dê a solução.

Questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer

domínio do conhecimento.

Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções.

Qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade,

por difícil de explicar ou resolver.

Conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do

indivíduo.

A segunda acepção é a que será considerada ao longo deste livro,

pois é a que mais apropriadamente caracteriza o problema científico.

Fica claro que nem todo problema é passível de tratamento

científico. Isto significa que para se realizar uma pesquisa é necessário, em

primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de

científico.

A partir destas considerações pode-se dizer que um problema é de

natureza científica quando envolvem variáveis que podem ser tidas como

testáveis: “Em que medida a escolaridade determina a preferência político

partidária?” “A desnutrição determina o rebaixamento intelectual?” “Técnicas

de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos?” Todos estes

problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação.

É perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária

de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois

determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas entre si.

13.2 Por que formular um problema?

Como já foi visto no capítulo anterior, o problema de pesquisa pode

ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras

razões de ordem prática podem conduzir à formulação de problemas. Pode-se

Page 130: [autor não identificado] - Como estudar

formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar

determinada ação. Por exemplo, um candidato a cargo eletivo pode estar

interessado em verificar como se distribuem seus potenciais eleitores com

vistas a orientar sua campanha. Da mesma forma, uma empresa pode estar

interessada em conhecer o perfil do consumidor de seus produtos para decidir

acerca da propaganda a ser feita.

Podem-se formular problemas voltados para avaliação de certas

ações ou programas.

Também é possível formular problemas referentes às conseqüencias

de várias alternativas possíveis.

Outra categoria de problemas decorrentes de interesses práticos

refere-se à predição de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação

adequada.

É possível, ainda, considerar como interesses práticos, embora mais

próximos dos interesses intelectuais aqueles referentes a muitas pesquisas

desenvolvidas no âmbito dos cursos universitários de graduação.

Também são inúmeras as razões de ordem intelectual que

conduzem à formulação de problemas de pesquisas. Pode ocorrer que um

pesquisador tenha interesse na exploração de um objeto pouco conhecido. Por

exemplo. Por exemplo, quando Freud iniciou seus estudos sobre o

inconsciente, esse constituía uma área praticamente inexplorada.

Pode ocorrer que um pesquisador deseje testar uma teoria

específica. Como fez , por exemplo, Wardle com a teoria da carência materna

de Bowlby. Este pesquisador estudou crianças que freqüentavam uma clínica

de orientação infantil e constatou que os que furtavam, ou apresentavam outros

comportamentos anti-sociais, provinham, com freqüência significativa, de lares

desfeitos, apresentavam incidência mais elevada de separação da mãe e com

maior freqüência tinham pais que provinham também de lares desfeitos.

Os interesses pela escolha de problemas de pesquisa são

determinados pelos mais diversos fatores. Os mais importantes são os valores

sociais do pesquisador e os incentivos sociais.

13.3 Como Formular um Problema?

Page 131: [autor não identificado] - Como estudar

13.3.1 Complexidade da questão

Formular um problema científico não constitui tarefa fácil. Para

alguns, isto implica mesmo o exercício de certa capacidade que não é muito

comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que

treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.

A experiência acumulada dos pesquisadores possibilita ainda o

desenvolvimento de certas regras práticas para a formulação de problemas

científicos, tais como: a) o problema deve ser formulado como pergunta; b) o

problema deve ser claro e preciso; c) o problema deve ser empírico; d) o

problema deve ser suscetível de solução; e ) o problema deve ser delimitado a

uma dimensão viável. Essas regras serão detalhadas adiante.

13.3.2 O problema deve ser formulado como pergunta

Esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema. Além

disso, facilita a sua identificação por parte de quem consulta o projeto ou o

relatório da pesquisa. Seja o exemplo de uma pesquisa sobre o divórcio. Se

alguém disser que vai pesquisar o problema do divórcio, pouco estará dizendo.

Mas se propuser: “que fatores provocam o divórcio?” ou “quais as

características da pessoa que se divorcia?”, estará efetivamente propondo

problemas de pesquisa.

13.3.3 O Problema deve ser claro e preciso

Um problema não pode ser solucionado se não for apresentado de

maneira clara e precisa. Com freqüência são apresentados problemas tão

desestruturados e formulados de maneira tão vaga que não é possível imaginar

nem mesmo como começar a resolvê-los. Por exemplo, um iniciante em

pesquisa poderia indagar: “Como funciona a mente?”, “O que acontece no

Sol?”, “O que determina a natureza humana?” etc. Estes problemas não podem

ser propostos para pesquisa, porque não está claro a que se referem.

13.4 O Problema Deve Ser Empírico

Page 132: [autor não identificado] - Como estudar

Foi visto que os problemas científicos não devem referir-se a

valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de camponeses são

melhores filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar estudos

universitários”. Estes problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos

morais e, conseqüentemente, a considerações subjetivas, invalidando os

propósitos da investigação científica, que tem a objetividade como uma das

mais importantes características.

13.5 O Problema Deve Ser Suscetível de Solução

Um problema pode ser claro, preciso e referir-se a conceitos

empíricos, porém não se tem idéia de como seria possível coletar os dados

necessários à sua resolução. Seja o exemplo: “ligando-se o nervo ótico às

áreas auditivas do cérebro, as visões serão sentidas auditivamente?” Esta

pergunta só poderá ser respondida quando a tecnologia neurofisiológica

progredir a ponto de possibilitar a obtenção de dados relevantes.

13.6 O Problema Deve Ser Delimitado a uma Dimensão Viável

Em muitas pesquisas, sobretudo nas acadêmicas, o problema tende

a ser formulado em termos muito amplos, requerendo algum tipo de

delimitação. Por exemplo, alguém poderia formular o problema: “em que

pensam os jovens?” Seria necessário delimitar a população dos jovens a serem

pesquisados mediante a especificação da faixa etária, da localidade abrangida

etc. Seria necessário, ainda, delimitar “o que pensam”, já que isto envolve

múltiplos aspectos, tais como: percepção acerca dos problemas mundiais,

atitude em relação à religião etc.

Page 133: [autor não identificado] - Como estudar

14 – COMO CONSTRUIR HIPÓTESES

14.1 O que são hipóteses?

A hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do

problema.

Como ilustração, considere-se o seguinte problema: “Quem se

interessa por parapsicologia?” A hipótese pode ser a seguinte: “Pessoas

preocupada com a vida além-túmulo tendem a manifestar interesse por

parapsicologia”. Suponha que mediante coleta e análise dos dados a hipótese

tenha sido confirmada. Neste caso, o problema foi solucionado porque a

pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que não se

consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator

determinante no interesse por parapsicologia. Neste caso, a hipótese não terá

sido confirmada e, conseqüentemente, o problema não terá sido solucionado.

14.2 Como Podem Ser Classificadas as Hipóteses?

14.2.1 Algumas hipóteses são casuísticas

Há hipóteses que se referem a algo que ocorre em determinado

caso; afirmam que um objeto, uma pessoa ou um fato específico tem

determinada característica. Por exemplo, pode-se, como fez Freud, formular a

hipótese de que Moisés era egípcio e não judeu. Ou, então, a de que o padre

Page 134: [autor não identificado] - Como estudar

Manuel de Nóbrega, e não o padre José de Anchieta, é que fundou a cidade de

São Paulo.

As hipóteses casuísticas são muito freqüentes na pesquisa histórica,

onde os fatos são tidos como únicos.

14.2.2 Algumas hipóteses referem-se à freqüência de

acontecimentos

Hipóteses deste tipo são muito freqüentes na pesquisa social. De

modo geral, antecipam que determinada característica ocorre com maior ou

menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura.

14.2.3 Algumas hipóteses estabelecem relação de associação

entre variáveis

O termo variável é dos mais empregados na linguagem utilizada

pelos pesquisadores. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos

enunciados científicos, sejam hipóteses, teorias, leis, princípios ou

generalizações.

O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir

diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as

circunstâncias. Assim, idade é uma variável porque pode abranger diferentes

valores.

Muitas das hipóteses elaboradas por pesquisadores sociais

estabelecem a existência da associação entre variáveis. Sejam, por exemplo,

as hipóteses:

a) Alunos do curso de administração são mais conservadores que

os de ciências sociais. Variáveis: curso e conservadorismo.

b) O índice de suicídios é maior entre os solteiros que os casados.

Variáveis: estado civil e índice de suicídios.

c) Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos

índices de analfabetismo. Variáveis: desenvolvimento econômico

e índice de analfabetismo.

Page 135: [autor não identificado] - Como estudar

14.2.4 Algumas hipóteses estabelecem relação de dependência

entre duas ou mais variáveis

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos

filhos”. Classe social é a variável independente (x) e tempo de amamentação é

a variável dependente (y).

Variável independente: Variável dependente:

Classe social (x) (x) tempo de

amamentação

Seja outro exemplo: “O reforço do professor tem como efeito

melhoria na leitura do aluno.” Neste caso, tem-se:

Variável independente: Variável dependente:

Reforço do professor (x) (y) melhoria na leitura do

aluno

É usual dizer que as hipóteses deste grupo estabelecem a existência

de relações causais entre as variáveis. Como, porém, o conceito de

causalidade é bastante complexo, convém que seja analisado.

O que geralmente o pesquisador busca é o estabelecimento de

relações assimétricas entre as variáveis. As relações assimétricas indicam que

os fenômenos não são independentes entre si (relações simétricas) e não se

relacionam mutuamente (relações recíprocas), mas que um exerce influência

sobre o outro.

Rosenberg (1976, p. 27) classifica as relações assimétricas em seis

tipos, que são apresentados abaixo:

a) Associação entre um estímulo e uma resposta. Ex.:

“Adolescentes, filhos de pais viúvos ou divorciados, passam a ter

Page 136: [autor não identificado] - Como estudar

auto-estima em menor grau quando seus pais se casam

novamente.”

Estímulo: Resposta:

novo casamento (x) (y) rebaixamento da auto-

estima

b) Associação entre uma disposição e uma resposta. Estas

disposições podem ser constituídas por atitudes, hábitos, valores,

impulsos, traços de personalidade etc. Ex.: “Pessoas autoritárias

manifestam preconceito racial em grau elevado.”

Disposição: Resposta:

Autoritarismo (x) (y) preconceito racial

c) Associação entre uma propriedade e uma disposição. Essas

propriedades podem ser constituídas por sexo, idade,

naturalidade, cor de pele, religião etc. Ex.: “Católicos tendem a

ser menos favoráveis ao divórcio que os protestantes.”

Propriedade: Disposição:

Religião (x) (y) favorabilidade do divórcio

d) Associação entre pré-requisito indispensável e um efeito. Ex.: “O

capitalismo só se desenvolve quando existem trabalhadores

livres”.

Pré requisito:

existência de trabalhadores

livres (x)

Efeito:

Desenvolvimento do

capitalismo

(Y)

Page 137: [autor não identificado] - Como estudar

14.3 Como Chegar A Uma Hipótese

O processo de elaboração de hipóteses é de natureza criativa. Por

essa razão é freqüentemente associado a certa qualidade de “gênio”. De fato, a

elaboração de certas hipóteses pode exigir que gênios como Galileu ou Newton

as proclamem. Todavia, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do

pesquisador é a experiência na área. Não é possível, no entanto, determinar

regras para a elaboração de hipóteses.

A – Observação

Este é o procedimento fundamental na construção de hipóteses.

B – Resultados de outras pesquisas

As hipóteses elaboradas a partir dos resultados de outras

investigações geralmente conduzem a conhecimentos mais amplos que

aquelas decorrentes da simples observação.

C – Teorias

As hipóteses derivadas de teorias são as mais interessantes no

sentido de que proporcionam ligação clara com o conjunto mais amplo de

conhecimentos das ciências.

D – Intuição

Também há hipóteses derivadas de simples palpites ou de intuições.

A história da ciência registra vários casos de hipóteses desse tipo que

conduziram a importantes descobertas.

14.4 Características Da Hipótese Aplicável

Nem todas as hipóteses são testáveis. Com freqüência, os

pesquisadores elaboram extensa relação de hipóteses e depois de detida

análise descartam a maior parte delas. Para que uma hipótese possa ser

Page 138: [autor não identificado] - Como estudar

considerada logicamente aceitável, deve apresentar determinadas

características.

a) Deve ser conceptuamente clara.

b) Deve ser específica.

c) Deve ter referências empíricas.

d) Deve ser parcimoniosa.

e) Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis.

f) Deve estar relacionada com uma teoria.

14.5 As Hipóteses São Necessárias Em Todas As Pesquisas?

Rigorosamente, todo procedimento de coleta de dados depende da

formulação prévia de uma hipótese. Ocorre que em muitas pesquisas as

hipóteses não são explícitas.

Seja o caso de uma pesquisa em que tenha sido formulada a

seguinte questão: “Onde você compra suas roupas?” Esta implícita a hipótese

de que a pessoa compra suas roupas, não as confeccionando em sua própria

casa.

Seja o caso de outra pesquisa em que apareça a seguinte questão,

com as possíveis alternativas:

“Em que área da psicologia você pretende atuar?”

Clínica ( )

Escolar ( )

Organizacional ( )

Outra ( )

Está implícita a hipótese de que dentre todas as áreas possíveis,

clínica, escolar e organizacional correspondem a maioria das escolhas.

Assim em algumas pesquisas as hipóteses são implícitas e em

outras são formalmente expressas. Geralmente, naqueles estudos em que o

objetivo é o de descrever determinado fenômeno ou as características de um

Page 139: [autor não identificado] - Como estudar

grupo, as hipóteses não são enunciadas formalmente. Nesses casos, as

hipóteses envolvem uma única variável e o mais freqüente é indicá-la no

enunciado dos objetivos da pesquisa.

15 – COMO DELINEAR UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

15.1 Fases da Pesquisa Bibliográfica

Seu delineamento implica considerar as fases:

a) determinação dos objetivos;

b) elaboração do plano de trabalho;

c) identificação das fontes;

d) localização das fontes e obtenção do material;

e) leitura do material;

f) tomada de apontamentos;

g) confecção de fichas;

h) redação do trabalho.

15.2 Determinação dos objetivos

O desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica varia em função

de seus objetivos. Convém, portanto, que estes sejam claramente

estabelecidos a fim de que as fases posteriores da pesquisa se processem de

maneira satisfatória.

Os principais objetivos:

a) Redefinição de um problema.

b) Obtenção de informações acerca de técnicas de coleta de dados.

c) Obtenção de dados em resposta ao problema formulado.

d) Interpretação de resultados.

Page 140: [autor não identificado] - Como estudar

15.3 Elaboração do Plano de Trabalho

Após a definição dos objetivos, convém definir um plano de trabalho

para orientar os procedimentos seguintes. Este plano, muitas vezes, é

provisório e passa por reformulações sucessivas. Contudo, é de toda

conveniência que esteja razoavelmente elaborado quando se iniciar o trabalho

de confecção das fichas.

Por exemplo, uma pesquisa que tenha por objetivo verificar como se

desenvolver o ensino de Psicologia no Brasil poderá ser norteada pelo seguinte

plano:

1 Introdução

2 O ensino da Psicologia nas Escolas Normais

3 O ensino de Psicologia nos cursos de formação universitária

3.1 Cursos de Pedagogia

3.2 Cursos de Filosofia

3.3 Outros cursos

4 O ensino de Psicologia em cursos específicos

4.1 A regulamentação dos cursos de Psicologia

4.2 O desenvolvimento dos cursos de Psicologia

4.3 Situação atual do ensino de Psicologia

4.3.1 Cursos de graduação

4.3.2 Cursos de pós-graduação

5 Conclusões

15.4 Identificação das Fontes

Após a elaboração do plano de trabalho, o passo seguinte consiste

na identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à

solução do problema proposto.

Page 141: [autor não identificado] - Como estudar

Um dos procedimentos mais recomendados para esse fim é a

procura de catálogos de livros e outras publicações, que podem ser publicados

pelas editoras ou por bibliotecas.

15.5 Localização das fontes e obtenção do material

Após a identificação das obras, procede-se a sua localização. Isto

pode ser feito a partir dos fichários das bibliotecas. Quando bem organizados,

os fichários possibilitam a localização das obras pelo nome do autor, pelo título

da obra e pelo assunto.

15.6 Leitura do material

15.6.1 Diversidade de tipos de leitura

De posse do material bibliográfico tido como suficiente, passa-se à

sua leitura. Embora seja tarefa das mais corriqueiras do mundo

contemporâneo, convém que sejam feitas algumas considerações sobre este

tópico.

A leitura que se faz na pesquisa bibliográfica deve servir aos

seguintes objetivos:

a) identificar as informações e os dados constantes do material

impresso;

b) estabelecer relações entre as informações e os dados obtidos

com o problema proposto;

c) analisar a consistência das informações e dados apresentados

pelos autores.

15.6.2 Leitura exploratória

Esta é uma leitura rápida do material bibliográfico, que tem por

objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa.

15.6.3 Leitura seletiva

Page 142: [autor não identificado] - Como estudar

Após a leitura exploratória, procede-se à sua seleção, ou seja, à

determinação do material que de fato interessa à pesquisa.

15.6.4 Leitura analítica

A leitura analítica é feita a partir dos textos selecionados. Embora

possa ocorrer a necessidade de adição de novos textos e a supressão de

outros tantos, a postura do pesquisador, nesta fase, deverá ser a de analisá-

los como se fossem definitivos.

Em termos práticos, pode-se estabelecer que uma leitura analítica

adequada passa pelos seguintes momentos:

a) Leitura integral da obra ou do texto selecionado, para se ter uma

visão do todo.

b) Identificação das idéias-chaves.

c) Hierarquização das idéias.

d) Sintetização das idéias.

15.6.5 Leitura interpretativa

Esta constitui a última etapa do processo de leitura das fontes

bibliográficas. Naturalmente é a mais complexa, já que tem por objetivo

relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma

solução. Na leitura interpretativa procura-se conferir significado mais amplo aos

resultados obtidos com a leitura analítica.

15.7 TOMADA DE APONTAMENTOS

Page 143: [autor não identificado] - Como estudar

Um dos grandes problemas referentes à leitura refere-se à sua

retenção. É sabido que apenas parte do que se lê fica retido na memória. Por

essa razão convém que se tomem notas a partir do material lido.

Para que a tomada de notas seja eficiente, deve ser sempre

realizada levando em consideração o problema da pesquisa. Isto é importante

para evitar que se tomem notas em demasia. Apenas aquilo que

potencialmente representa algum tipo de solução ao problema deve ser

registrado.

Convém, à medida que se vai lendo o livro, sublinhar os pontos

principais. Quando o livro for obtido por empréstimo, o melhor é fazer

anotações numa folha à parte.

As anotações devem ser feitas preferencialmente com frases

próprias. Isto porque, à medida que alguém se torna capaz de expressar um

pensamento alheio com termos próprios, tal fato indica que realmente entendeu

o que o autor pretendia dizer.

15.8 REDAÇÃO DO TRABALHO

A última etapa de uma pesquisa bibliográfica é constituída pela

redação do relatório. Não há regras fixas que determinem como se devem se

proceder nesta etapa. Todavia, há alguns aspectos que necessitam ser

considerados na elaboração da maioria dos relatórios e que podem ser

classificados em três grupos, a saber: conteúdo, estilo e aspectos gráficos.

15.8.1 Conteúdo do relatório

De modo geral, o conteúdo de um relatório de uma pesquisa pode

ser apresentado em três partes: introdução, contexto e conclusões. Na

introdução apresenta-se o problema que deu origem à investigação, as

hipóteses de trabalho, a delimitação de seus objetivos, bem como a indicação

dos trabalhos já publicados sobre o tema. No contexto, procede-se ao

desenvolvimento, discussão ou demonstração das teses propostas. Nas

conclusões, finalmente, devem ser evidenciadas as conquistas alcançadas com

o estudo.

Page 144: [autor não identificado] - Como estudar

16 COMO DELINEAR UMA PESQUISA DOCUMENTAL

A pesquisa documental muito se assemelha à pesquisa

bibliográfica. É o caso das pesquisas elaboradas a

partir de documentos de natureza quantitativa, bem

como daquelas que se valem das técnicas de análise

de conteúdo.

Assim, podem ser definidas as seguintes fases na pesquisa

documental:

a) determinação dos objetos;

b) elaboração do plano de trabalho;

c) identificação das fontes;

d) localização das fontes e obtenção do material;

e) tratamento dos dados;

f) confecção das fichas e a redação do trabalho;

g) redação do trabalho.

O s objetivos da pesquisa documental geralmente são mais

específicos. Quase sempre visam a obtenção de dados em resposta a

determinado problema e não raro envolvem o teste de hipóteses.

17 OUTROS TIPOS DE PESQUISA

17.1 Como Delinear Uma Pesquisa Levantamento

Os levantamentos dos mais diversos tipos (sócio-econômicos,

psicossociais, etc.) desenvolvem-se ao longo de várias fases.

a) especificação dos objetivos;

Page 145: [autor não identificado] - Como estudar

b) operacionalização dos conceitos e variáveis;

c) elaboração do instrumento de coleta de dados;

d) pré-teste do instrumento;

e) seleção da amostra;

f) coleta e verificação dos dados;

g) análise e interpretação dos dados;

h) apresentação dos resultados.

Os objetivos específicos tentam descrever, nos termos mais claros

possíveis, exatamente o que será obtido num levantamento. Enquanto os

objetivos gerais referem-se a conceitos mais ou menos abstratos, os

específicos referem-se a características que podem ser observadas e

mensuradas em determinado grupo.

Assim os objetivos específicos do levantamento exemplificado

poderão se verificar como os integrantes do grupo se distribuem em relação a:

a) sexo;

b) idade;

c) estado civil;

d) número de filhos;

e) religião;

f) nível de escolaridade;

g) ocupação profissional;

h) local de residência;

i) nível de salário;

j) posse de automóvel;

k) patrimônio mobiliário.

17.2 Como Delinear Uma Pesquisa Experimental

Page 146: [autor não identificado] - Como estudar

O planejamento da pesquisa experimental implica o

desenvolvimento de uma série de passos que podem ser assim arrolados:

a) formulação do problema;

b) construção das hipóteses;

c) operacionalização das variáveis;

d) definição do plano experimental;

e) determinação dos sujeitos;

f) determinação do ambiente;

g) coleta de dados;

h) análise e interpretação dos dados;

i) apresentação das conclusões.

Como toda pesquisa, a experimental inicia-se com algum tipo de

problema ou indagação. Mais que qualquer outra, a pesquisa experimental

exige que o problema seja colocado de maneira clara, precisa e objetiva.

Na pesquisa experimental, as hipóteses referem-se, geralmente, ao

estabelecimento de relações causais entre variáveis. Sugere-se que essas

relações sejam definidas pela fórmula “se... então”. Por exemplo: “Se um

professor elogia um aluno por estar indo bem na leitura, então sua

produtividade aumenta.”

Como a pesquisa experimental se caracteriza pela clareza, precisão e

parcimônia, freqüentemente envolve uma única hipótese.

17.3 Como Delinear Uma Pesquisa Ex-Post-Facto

O planejamento da pesquisa ex-post-facto procura aproximar-se ao

máximo do planejamento da pesquisa experimental. Contudo, a manipulação

de variáveis independentes não é possível nesse tipo de pesquisa, o que faz

com que o delineamento dos dois tipos de pesquisa se diferenciem em

diversos aspectos. Com efeito, na pesquisa ex-post-facto podem ser

identificados os seguintes passos:

a) formulação do problema;

b) construção das hipóteses;

Page 147: [autor não identificado] - Como estudar

c) operacionalização das variáveis;

d) localização dos grupos para investigação;

e) coleta de dados;

f) análise e interpretação dos dados;

g) apresentação das conclusões.

A pesquisa ex-post-facto pouco difere da pesquisa experimental

quanto à formulação do problema, à construção de hipóteses e à

operacionalização das variáveis.

17.4 Como Delinear Um Estudo De Caso

17.4.1 Fases do delineamento

O estudo de caso caracteriza-se por grande flexibilidade. Isto

significa que é impossível estabelecer um roteiro rígido que determine com

precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. Todavia, na maioria dos

estudos de caso é possível distinguir quatro fases:

a) delimitação da unidade caso;

b) coleta de dados;

c) análise e interpretação de dados;

d) redação do relatório.

17.4.2 Delimitação da Unidade-caso

O primeiro procedimento consiste em delimitar a unidade que

constitui o caso em estudo. Este pode ser uma pessoa, uma família, uma

comunidade, um conjunto de relações ou processos (como conflitos no

trabalho, segregação racial numa comunidade etc.) ou mesmo uma cultura.

A delimitação da unidade caso não constitui tarefa simples. Primeiro

porque é difícil traçar os limites de um objeto. A totalidade de um objeto quer

físico, biológico ou social, é uma construção intelectual. Não existem limites

concretos na definição de qualquer processo ou objeto.

Page 148: [autor não identificado] - Como estudar

17.5 COMO DELINEAR UMA PESQUISA AÇÃO

O planejamento da pesquisa ação difere significativamente dos

outros tipos de pesquisa já considerados. Não apenas em virtude de sua

flexibilidade, mas, sobretudo, porque, além dos aspectos referentes à pesquisa

propriamente dita, envolve também a ação dos pesquisadores e dos grupos

interessados, o que ocorre nos mais diversos momentos da pesquisa. Daí por

que se torna difícil apresentar seu planejamento a partir de fases ordenadas

temporalmente.

Assim, o que se pode, à guisa de delineamento, é apresentar alguns

conjuntos de ações que, embora não ordenados no tempo, podem ser

considerados como etapas da pesquisa-ação. São eles:

a) fase exploratória;

b) formulação do problema;

c) construção de hipóteses;

d) realização do seminário;

e) seleção da amostra;

f) coleta de dados;

g) análise e a interpretação de dados;

h) elaboração do plano de ação;

i) divulgação dos resultados.

17.6 Como Delinear Uma Pesquisa Participante

Constitui tarefa difícil, se não impossível, determinar com precisão

as etapas de um pesquisa participante. Muito mais difícil que a determinação

das etapas da pesquisa-ação. Isto porque nesta última, de modo geral, existe o

empenho de um instituição governamental ou privada interessada nos

resultados da investigação e, como tal, disposta a financiá-la. Desta forma

torna-se possível definir algum tipo de planejamento. Já na pesquisa

participante (pelo menos da forma como é concebida no terceiro mundo), os

Page 149: [autor não identificado] - Como estudar

grupos interessados são constituídos por pessoas de parcos recursos

(trabalhadores rurais, favelados, índios etc.), o que dificulta a elaboração de um

plano rigoroso de pesquisa. Em virtude das dificuldades para contratação de

pesquisadores e assessores, para reprodução de material para coleta de dados

e mesmo para garantir a colaboração dos grupos presumivelmente

interessados, o planejamento da pesquisa tende, na maioria dos casos, a ser

bastante flexível. Torna-se difícil, portanto, prever com precisão os passos a

serem seguidos numa pesquisa participante. E também não há consenso por

parte dos diversos autores em torno de um paradigma de pesquisa

participante.

O que pode ser feito é a apresentação de um modelo:

a) montagem institucional e metodológica;

b) estudo preliminar e provisório da região e da população

pesquisadas;

c) análise crítica dos problemas; e

d) programa-ação e aplicação de um plano de ação

Na primeira fase, os pesquisadores, em conjunto com

representantes da população a ser pesquisada, desenvolvem as seguintes

tarefas:

a) determinação das base teóricas da pesquisa (formulação dos

objetivos, definição de conceitos, construção de hipóteses etc.);

b) definição das técnicas de coleta de dados;

c) delimitação da região a ser estudada;

d) organização do processo de pesquisa participante (identificação

dos colaboradores, distribuição das tarefas, partilha das decisões

etc.);

e) preparação dos pesquisadores;

f) elaboração do cronograma de atividades a serem realizadas.

18 – TRABALHOS CIENTÍFICOS – MONOGRAFIA

Page 150: [autor não identificado] - Como estudar

Monografia é a exposição exaustiva de um problema ou assunto

específico, investigado cientificamente. O trabalho de pesquisa pode ser

denominado monografia quando é apresentado como requisito parcial para a

obtenção do título de especialista, ou pode ser denominado trabalho de

conclusão do curso, quando é apresentado como requisito para a conclusão do

curso. A monografia pode ser defendida em público ou não. A monografia

publicamente comunicada em congressos, encontros, simpósios, academias,

sociedades científicas, segundo normas estipuladas pela coordenação dessas

reuniões e/ou entidades, é denominada memória.

18.1 Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalhos acadêmicos são exposições por escrito sobre temas

atribuídos em disciplinas de cursos de graduação ou de pós-graduação nos

diversos níveis.

18.2 Dissertação

Dissertação é o trabalho que apresenta o resultado de um estudo

científico, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de

reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de

literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização e

domínio do tema escolhido. Também é feita sob a orientação de um

pesquisador, visando a obtenção do título de mestre. Teses e dissertações são

trabalhos de pesquisa defendidos em público.

18.3 Tese

Tese é o trabalho que apresenta o resultado de um estudo científico

ou uma pesquisa experimental de tema específico e bem delimitado. Deve ser

elaborada com base em investigação original, constituindo-se em real

contribuição para a especialidade em questão. É feita sob a orientação de um

pesquisador, visando a obtenção do título de doutor e dos títulos acadêmicos

de livre-docente e professor titular.

Page 151: [autor não identificado] - Como estudar

19 Elaboração de relatórios e trabalhos científicos

19.1 – Definição do tema

A definição do tema, nem sempre pode ser a que gostaríamos. Ás vezes as limitações está exatamente direcionada ás condições de oportunidades de onde desenvolve trabalhos profissionais (trabalhos), disponibilidade ou não de tempo, de bibliografia, etc..

No entanto alguns cuidados devem ser tomados para que se evitem optar por temas por demais complexos que acabem em dificuldades de encaminhamento da pesquisa. O que se busca é um aprendizagem do método e que para isto tenha, um problema a ser resolvido, diagnosticado ou estudado.

19.2 - Elaboração do projeto de pesquisa Para um bom resultado em qualquer atividade de nossa vida, torna-se

fundamental um processo de planejamento. E não só isso, diria com certeza, dos quatros princípios administrativos, Planejamento, Organização, Direção e Controle.

O que se busca como projeto de pesquisa é exatamente isto. Que o

acadêmico ou o pesquisador estruture um método de organização que facilite o

atingimento do objetivo proposto.

Abaixo segue um exemplo de um projeto de pesquisa que explica-se por si

próprio.

Page 152: [autor não identificado] - Como estudar

Projeto de Pesquisa

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Curso de Ciências Contábeis

Estudo de Caso

Professor – Monitor – José Carlos Madalozzo

Coodenadora – Eliane Iara Bendix

Aluno – Paulo Roberto Martins

Telêmaco Borba, 15 de junho de 1999.

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo

básico estruturar a sequência de trabalho de estudo de

caso, atendendo requisito para obtenção do grau de

bacharel em Ciências Contábeis.

Page 153: [autor não identificado] - Como estudar

SUMÁRIO

1 – Identificação do Projeto

1.1 – Título

1.2 – Autor

1.3 – Finalidade

1.4 – Instituição

2 – Introdução

3 – Objetivos

2.1 – Formulação do Problema

2.2 – Objetivo Geral

2.3 – Objetivos Específicos

4 – Justificativa

3.1 – Estágio de desenvolvimento dos conhecimentos

3.2 – Contribuições potenciais da pesquisa em nível teórico

3.3 – Contribuições potenciais da pesquisa em termos práticos

5 – Procedimentos metodológicos

6 - Cronograma

7 – Plano de Ação

8 - Bibliografia

Page 154: [autor não identificado] - Como estudar

2 - Introdução

O Estudo de Caso buscou através de pesquisa de literatura e observação em campo

demonstrar como evoluiu a avaliação do desempenho empresarial, partindo dos

indicadores tradicionalmente utilizados, bem como quais as propostas e as inovações

que a gestão tem apresentado para a mensuração da eficácia gerencial na administração

do patrimônio.

3 - Objetivos

3.1 - Formulação do Problema

As organizações estão imersas em um ambiente de mudanças e inflexões nunca antes

vistos, dentre alguns destacamos; a exigente dinâmica de um mercado globalizado, e um

consumidor que busca qualidade a um preço cada vez mais acessível. Por sua vez, os

empresários e investidores tentam de maneira estratégica entender não só as

necessidades de seus clientes, mas colocar em prática antes da concorrência fatores que

são diferenciais e agreguem valor para o consumidor. O mercado de hoje assemelha-se a

uma corrida de regata, onde a intensa movimentação e certeza nas ações é fundamental

para se manter competitivo e na direção certa. Dentro desta nova ordem algumas

questões são levantadas, tais como:

1 – As organizações estão preparadas para mensurar os indicadores do negócio?

2 – As organizações que estão de alguma forma avaliando o desempenho do negócio, o

fazem segundo quais perspectivas?

3 – As organizações que estão medindo desempenho, o fazem para avaliar ações

estratégicas?

4 – Quais seriam as perspectivas mais enfocadas e/ou mais usuais para verificar os

resultados de um negócio?

5 – O que seria uma sequência atualizada para avaliar e medir resultados

organizacionais em função do direcionamento estratégico e continuidade de um negócio

bem sucedido.

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3.2 - Objetivo Geral

Levantar através de pesquisa bibliográfica em livros, artigos, casos, debates e análises

como as modernas e bem sucedidas organizações tem estruturado sistemas de

informações gerenciais para mensurar a eficácia da gestão/estratégia aplicada na

condução do negócio.

3.3 - Objetivos específicos

A – Existe alguma relação entre o sucesso de uma organização com um processo de

verificação/acompanhamento de indicadores de resultados;

B – Os indicadores de resultados tradicionais financeiros são suficientes para direcionar

os resultados e o sucesso do negócio;

C – Em que grau de consistência a estratégia da alta administração se transforma em

ações nos vários níveis da organização;

D – Existe uma relação direta de gestão eficaz com a estratégia e acompanhamento de

indicadores de resultados.

4 – Justificativa

4.1 - Estágio de desenvolvimento dos conhecimentos

As exigências do ambiente organizacional/empresarial tem exigido novas

fórmulas e modelos para verificar e medir o desempenho organizacional, além dos

tradicionais resultados verificados pelos resultados econômicos financeiros..

Isto porque, as empresas não podem estabelecer somente estratégias de curto

prazo, pois sobrevivência a curto prazo, pois tanto a curto, médio e longo prazo

possuem caráter sistêmico/holístico. Ou seja, uma estratégia hoje poderá influenciar o

futuro da organização. Sucesso financeiro hoje não garante sucesso amanhã. Assim

verificar o desempenho somente sob a perspectiva financeira; como faz a maioria das

organizações, pode ser uma avaliação limitada.

Page 156: [autor não identificado] - Como estudar

4.2 - Contribuições potenciais em nível teórico

O Estudo de caso possibilitará levantar, para análise e debate as iniciativas

inovadoras no campo da mensuração/avaliação do desempenho da gestão nas

organizações.

4.3 – Contribuições potenciais da pesquisa em termos práticos

O Estudo e caso possibilitará acompanhar até onde possível o planejamento e

implementação de uma metodologia inovadora de avaliação do desempenho empresarial

– Balanced Scorecard ( Kaplan e Norton), na empresa Klabin Fabricadora de Papel e

Celulose.

5 – Procedimentos metodológicos

O estudo de caso será estruturado a partir de:

De leitura, avaliação, síntese e debates do material levantado em jornais, revistas e

livros;

Visitas de benchmarking em organizações;

Aplicação e verificação de caso real de implementação do conceito/sistema

Balanced Scoredcard – Kaplan e Norton.

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6 – Cronograma e Plano de Ação

Fases Datas

Início Final

Planejamento 23/02 10/05

Coleta de dados 10/05 10/09

Visitas 20/06 10/08

Análise e interpetação 10/05 10/11

Redação do relatório 10/04 15/11

Ver plano de ação em anexos

7 – Anexos

7.1 – Plano de Ação

7.2 – Artigos “Dos Custos à Perfomance” – Revista HSM – Roberto Kaplan

7.3 –Caderno de Produtos Klabin Boards

Page 158: [autor não identificado] - Como estudar

8 – Bibliografia

BIBLIOGRAFIA

LEVITT, Theodore. A imaginação de marketing. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.

(ARANTES, Nélio Arantes. Sistemas de Gestão Empresarial. 1ª ed. São Paulo: Atlas,

1994.

COLLINS, James C. Collins; PORRAS, Jerry I. Feitas Para Durar. 6ª ed. Rio de

Janeiro: Rocco,1998.

KAPLAN, Robert S; NORTON, David P. A Estratégia Em Ação – Balanced

Scorecard. 1ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

STEWART, Thomas. Capital Intelectual. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

FALCONI, Vicente Falconi C. Gerenciamento da Rotina – o Trabalho do Dia a Dia. 4ª

ed. Belo Horizonte: Editora Desenvolvimento Gerencial, 1994.

FALCONI, Vicente Falconi C. Controle da Qualidade Total – No Estilo Japonês. 1ª ed.

Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1992.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 5ª ed. São Paulo: Atlas,

1998.

Page 159: [autor não identificado] - Como estudar

19.3 – Relatórios O relatório final de uma monografia tem uma estruturação bastante específica, segunda as normas da ABNT e deverá ser visto em detalhes fora desta apostila.

19.4 - Apresentação

Uma das considerações importantes de uma projeto de pesquisa é apresentação, pois é neste instante que o acadêmico pode demonstrar todo o conhecimento adquirido com o trabalho e comprovar através de argumentos o grau de aderência da leitura, síntese e do aprendizado propriamente dito. Ocorre que as vezes, o trabalho é deixado para a última hora e não se dá a importância devido naquilo que é a consagração dos anos em uma faculdade. Se o acadêmico não elaborou o trabalho, possivelmente terá dificuldade em defendê-lo. Se ao contrário, desde o início levou o projeto de pesquisa dentro de uma postura de adquirir conhecimento, muito possivelmente, com preparação através de alguns recursos audio-visuais e um bom treinamento, estará apto a fazer uma ótima apresentação.

Page 160: [autor não identificado] - Como estudar

Bibliografia

Teixeira, Elson A; Machado, Andréa Monteiro de Barros. Leitura Dinâmica e

Memorização. São Paulo: Makron Books. 1993.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa. São

Paulo: Atlas. 1982.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Metodologia Científica –

Ciência do conhecimento – Método científicos – Teoria, hipóteses e variáveis.

São Paulo: Atlas. 1988.

Salomon, Délcio Vieira. Como Fazer uma Monografia. 9º ed. São Paulo:

Martins Fontes; 1999.

Gil, Antonio Carlos. Projetos de Pesquisa. 3ºed. São Paulo: Atlas; 1995.

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studo e ficiente