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Sintese
Esta apostila foi elaborada para direcionar e facilitar o trabalho do
acadêmico, quanto ao planejamento, elaboração e apresentação do Trabalho
de Conclusão de Curso – TCC.
Como requisito necessário para aquisição do grau de qualquer curso
superior, a monografia deveria ser elaborada a partir de forte embasamentos
conceitual do que é uma pesquisa efetiva, questão que tentamos fazê-lo neste
trabalho.
Muito desta apostila é resumo de vários livros, que julgamos de fundamental conhecimento para montar o TCC. É claro que em alguns casos estaremos trazendo “de novo” muitos pontos/matérias que já foram vistos em Metodologia Científica. Esta revisão torna-se necessária, pois estaremos aplicando na prática muito dos conceitos na elaboração do TCC.
Dedicatória
“ Dedico este trabalho á todos aqueles que
buscam com a mente aberta e o espírito
desapegado a infindável fronteira do
conhecimento, que pode nos livrar da ignorância
e da vaidade que nos cega”.
Paulo Roberto Martins
Pa
Sumário Página
Capa
Síntese e Dedicatória
Posição correta de estudar 3
1 – O método do estudo eficiente 4 - 12
2 – Aperfeiçoamento da leitura 12 - 55
3 – Como resumir 56 - 68
4 – Ciência e conhecimento científico 68 - 78
5 – Características da ciências factuais 78 - 85
6 – Métodos científicos 85 - 97
7 – Fatos, leis e teoria 97 - 107
8 – Hipóteses 107 - 112
9 – Pesquisa 112 - 120
10 – Planejamento da pesquisa 120 - 129
11 – Amostragem 129 – 132
12 – Como encaminhar uma pesquisa 133 - 135
13 – Como formular uma problema de pesquisa 135 - 139
14 – Como construir hipótese 140 - 146
15 - Como delinear uma pesquisa bibliográfica 146 - 151
16 – Como delinear uma pesquisa documental 151 - 152
17 – Outros tipos de pesquisa 152 - 157
18 – Trabalhos de pesquisa científicos – monografias 157 - 158
19 – Elaboração de relatórios e trabalhos científicos 159 – 167
20 – Bibliografia 168
Posição correta de leitura e estudo
1 – O MÉTODO DO ESTUDO EFICIENTE
Não recearei dizer, porém, que julgo haver tido muita
sorte em Ter-me encontrado, desde a mocidade, em
certos caminhos que me conduziram a considerações e
máximas com as quais formei um método pelo qual,
parece, tenho um meio de aumentar gradualmente o
meu conhecimento.
Descartes
Este capítulo não visa transmitir a arte de estudar nem a pedagogia
de estudo. Seu objetivo é muito simples e direto: comunicar ao interessado os
fundamentos do método do estudo eficiente e as técnicas principais que são
resultado de várias investigações. De modo específico são indicados meios
práticos àqueles que têm necessidade de render mais na atividade de estudo
para poderem produzir um trabalho monográfico ou de nível semelhante.
Não se frustre o leitor: se tem interesse em aprender a estudar no
sentido cabal da expressão ou se tem necessidade de recuperar-se de
deficiências graves quanto ao hábito de estudar, este capítulo não o satisfará.
Terá de recorrer a manual de “como estudar”. Refiro-me às investigações sobre
as habilidades de estudar entre estudantes e aos cursos de “como estudar”,
por duas razões: para mostrar o fundamento científico das investigações e a
fim de comunicar minha confiança na introdução deste recurso pedagógico nas
escolas de todos os níveis, como uma das mais importantes soluções ao
problema da deficiência do ensino brasileiro.
1.1 – Investigações de habilidades de estudar entre estudantes
Indicar normas de estudos baseadas apenas na própria experiência,
no bom senso ou por julgamento de valor não é atitude científica e, talvez, não
seja correto. O caminho apontado é o da investigação: propor, observar,
experimentar, analisar e tirar as conclusões. O problema do estudo eficiente
poderia ser resolvido cientificamente de duas maneiras: pelo método
experimental ou por meio de uma pesquisa de campo, do tipo survey. No
primeiro caso, a partir de uma teoria geral com fundamentação psicológica e
pedagógica de um levantamento exploratório dos elementos do problema e
mediante intuição, poderíamos realizar uma série de pesquisas, com grupos
experimental e de controle. Obteríamos, sem dúvida, conclusões mais seguras.
Mas seria um processo longo e por demais dispendioso. No segundo caso,
utilizando as técnicas de amostragem, faríamos o levantamento, a descrição e
a interpretação das várias habilidades que os estudantes usam na situação de
estudo (leitura, assistência a aulas, exames, anotações etc.), tendo o cuidado
de controlar variáveis como idade, sexo, nível de escolaridade, grau de
aproveitamento, nível de inteligência, situação socioeconômica. Os resultados
do survey seriam confrontados. As técnicas adotadas, com maior percentagem,
pelos estudantes de mais alto nível de sucesso seriam consideradas
“habilidades” recomendáveis. Como se vê, esse procedimento se baseia numa
hipótese de trabalho: “Se os melhores as usam, devem ser as mais indicadas.”
CHARTERS, por exemplo, constatou que, entre 258 alunas pré-
universitárias, menos da metade usava o processo eficiente para preparar suas
tarefas.
BUTTERWECK chegou à conclusão de que, em um grupo de
primeiranistas universitários, menos de 25% usavam os métodos necessários
para um estudo inteligente.
CUFF, mediante um questionário de 75 itens, investigou as
atividades de estudo de 1250 alunos, de vários graus, chegando à seguinte
conclusão:
As médias dos resultados dos diferentes grupos não revelam diferenças
progressistas, nem dignas de confiança.. Isto parece indicar que os hábitos de estudos
se formam cedo, resultando do método de ensaio-e-erro, ou de outro de outro fator
seletivo ou fixativo e que, daí por diante, os vetores tendem a permanecer constantes,
a não ser que um programa planejado por professores atentos produza modificações.
1.2 – Investigações sobre cursos de “como estudar”
São cursos de natureza geralmente extracurricular, cuja finalidade é
orientar o aluno no sentido de adquirir o conhecimento das técnicas de estudo
e do uso eficiente delas.
Um bom planejamento para tais cursos devem conter tópicos como:
meios para auxiliar a concentração; distribuição de horários; método eficiente
de leitura; solução de problemas; esquemas; ampliação de vocabulário; tomada
de apontamentos; preparação de temas; estágios e relatórios; memorização;
comunicação, revisão; preparação para exames; uso de bibliotecas; estudo em
grupo etc.
1.3 – Fundamentos do método do estudo eficiente e principais
técnicas do “estudo pela leitura”
Entre duas pessoas que tenham o mesmo nível mental (QI),
processos cognitivos bastante semelhantes e o mesmo grau de escolaridade, é
possível que uma seja mais eficiente que a outra, no estudo? Acredito que sim
e tenho constatado, com freqüência que isso ocorre. E o motivo me parece,
também, óbvio: o método de estudar. Não é o único fator da diferença de
rendimento. Mas é um fator sempre presente e tenho alguma base para
acreditar que seja o principal.
A eficiência do estudo depende de método. Mas o método depende
de quem o aplica.
É que o uso e o resultado do método estão intimamente
relacionados com capacidade, tipo de personalidade, feitio de inteligência,
experiências e hábitos de quem o emprega.
Entretanto, temos de considerar, também, o aspecto objetivo do
método. Este em si costuma ser simples. O que o torna, porém, complicado,
difícil e impraticável é, muitas vezes, o conjunto de regras ou técnicas que o
compõem ou se estabelecem como se fossem ele mesmo. A estratégia é,
quase sempre, simples e fácil. As táticas é que costumam ser numerosas,
complexas e difíceis. Generalizo este ponto de vista para o método em todas
as situações e estou seguro de aplicá-lo ao método do estudo eficiente.
Tenho observado um feixe de técnicas bem aplicadas,
principalmente por quem deseja extirpar hábitos negativos de estudo, é o
suficiente.
Em síntese, o método do estudo eficiente se reduz aos seguintes
pontos fundamentais:
a) finalidade: desenvolver hábitos de estudo eficiente que não se
restrinjam apenas a determinado setor de atividade ou matéria
específica, mas hábitos que sejam válidos, pelo processo de
transferência de aprendizagem, para as demais situações, e
eficientes para o transcurso da vida;
b) abrangência: servir de instrumento a todos que tenham as
mesmas necessidades e interesses, em qualquer fase de
desenvolvimento e escolaridade;
c) processamento: ser global – parcial – global, seguindo assim o
princípio geral que rege a evolução biológica: o do
desenvolvimento “difuso-analítico-sintético”.
Como se vê, o quadro se divide em três categorias: as fases; as
atitudes; as técnicas a serem empregadas.
1.4 – Método do estudo eficiente
Fases Atitude e comportamento
Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.
1. Global Curiosidade Interesse Propósito definido
1.Perguntar-se antes do estudo-leitura:
qual é o assunto?
o que sei sobre isso?
que acho que vai tratar-se aqui?
2. Pausa para responder-se
mentalmente a essas perguntas.
3.Leitura rápida sobre todo o livro (quando é o primeiro contato com ele):
tentar obter o plano da obra
informações sobre o autor e seu trabalho
tentar descobrir seu método expositivo
“Olho clínico” Atenção Não-passividade
4. Leitura rápida sobre o capítulo, a lição:
tentar apenas se informar do que se trata
tentar esboçar o plano do capítulo ou do texto
estabelecer rapidamente relações com temas anteriores
sem anotações – veloz
esta primeira leitura é sem análises – levada a cabo, mesmo sem entender tudo
Fases Atitude e comportamento
Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.
2.Parcial
Concentração Análise Crítica
5. Nova leitura: demorada, refletida:
assinalar as partes importantes
obtenção da idéia principal
obtenção dos detalhes importantes
assinalar a lápis o livro
relacionar as partes
criticar (se for o caso) pontos de vista do autor
confrontá-los com os próprios
levantar dúvidas
procurar respostas
Síntese Sistematização Ordenação lógica
6. Anotações (de preferência em fichas):
breves transcrições
esquemas
resumos próprios
conclusões tiradas
análises e críticas pessoais (se for o caso)
documentar-se não apenas para o presente, o imediato. A anotação deve servir para o futuro. Daí ser concisa, sem ser obscura
7.Relacionar o assunto com o anterior e o seguinte: consultar outras fontes. Não se escravizar ao livro de textos
Fases Atitude e comportamento
Técnicas básicas do “estudo pela leitura”.
3. Global Concentração
8.Revisão e assimilação:
rever toda a anotação feita
confrontar com o texto
Persistência Adaptação às situações reais, fora do contexto lido
repetir para si o aprendido, imaginando que o está comunicando a alguém
treinar-se para que tal “comunicação” tenha clareza e seqüência lógica
testar a memória para assegurar-se de que não esqueceu algo importante. Não decorar, mas assimilar
O método e o pequeno conjunto de técnicas práticas aqui expostos
prendem-se a um eixo comum: a leitura proveitosa. O leitor não há de inferir,
por isso, que estou identificando o estudo com a leitura proveitosa do livro de
textos. O estudante que intenciona desenvolver-se e mais tarde transformar-se
em autêntico trabalhador intelectual, a par da atividade de “estudar para fazer o
curso”, tem de se interessar curiosamente por outras fontes de informação que
não o livro de texto, habituar-se a ler os autores e suas teorias e, sobretudo,
procurar com vontade e persistência respostas aos problemas que ele mesmo
levanta. Tem de habituar-se a questionar e verificar por iniciativa própria, para
tirar as suas conclusões.
Afinal, é preciso reviver, na prática, o método apontado por
DESCARTES: “Para que um espírito adquira capacidade, é necessário
exercitá-lo no descobrimento das coisas descobertas.”
1.5 – A “técnica por excelência”
Habituado à metodologia científica, através do magistério e da
prática em pesquisa, posso garantir que todo método depende sempre do
emprego do poder da decisão. O sucesso de uma pesquisa, por exemplo, vai
depender, inicialmente, de poder decidir por qual método a ser empregado, o
experimental ou o não experimental; a seguir surgem momentos de decisão
entre alternativas de sistemas de elaboração da hipótese, da forma e conteúdo
das proposições, das técnicas a serem utilizadas na coleta de dados; requer-se
decisão definitiva pelo tipo de amostragem que venha a ser mais significativa e
representativa, pois, em geral, não haverá possibilidade de se voltar atrás;
quando tiver de analisar os dados colhidos, o pesquisador terá de decidir por
quais técnicas, se são necessárias estatísticas ou não, para Ter mais sucesso
na interpretação e explicação do fenômeno, em termos de maior probabilidade
de acerto; ao final, decidirá definitivamente por aceitar as conclusões mais
consoantes com seu desenho de comprovação da hipótese.
O método do estudo eficiente, também, depende do poder decisão
de quem pretende atingir seu objetivo. O estudante que não se decide, com
vontade, a empregá-lo certamente não conseguirá êxito.
Aqui, como em outros capítulos, há de insistir-se na necessidade de
tentar, praticar e treinar.
Por isso é que o treinamento é a “técnica por excelência” do método
do estudo eficiente.
1.6 – How to Study de MORGAN
Merece destaque entre “manuais de como estudar” recomendáveis
ao estudante de nível superior, sobretudo àquele recém-admitido na
universidade, a obra: MORGAN, Clifford e DEESE, James – How to Study, com
tradução em espanhol e português.
São dez capítulos bem distribuídos e didaticamente estruturados a
fim de realizar, para o estudante, verdadeiro curso de como estudar. O mais
importante é que o autor soube evitar as normas e conselhos, fruto do bom
senso, mas sem comprovação. É interessante apresentar aqui uma recensão
desse livro.
O estudo é “um esforço total para se aprender, e só é
verdadeiramente proveitoso quando se aprende”. É possível estudar melhor e
em menos tempo, pois há método de estudo mais eficiente do que aquele que
um estudante descobriu por si mesmo, por “ensaio e erro”. Afinal “a arte de
estudar começa com a forma em que organizamos nossa vida.”
Mas é freqüente o jovem não perceber a situação e continuar
supervalorizando-se. Através de investigações é constatado que a “maioria dos
estudantes universitários não quer aceitar suas deficiências”.
Afinal ”o que importa não é o quanto estudas, mas como estudas”.
Por isso, o estudante que trabalha não deve ser considerado exceção. É o que
mais valor dá ao método eficiente e dele tira o melhor proveito: “Segundo
investigações, os estudantes que trabalham obtêm, em média, qualificações
tão boas e até melhores do que aqueles que não trabalham.” O estudante de
sucesso não é só o “que estuda”: “Importam tanto as horas em que estudas
como as que dedicas a outras coisas.” O problema básico é estabelecer
horário, plano: “Um horário bem feito proporciona tempo e impede de vacilar
acerca do que vais fazer. Mostra que estás realizando o que deves no tempo
conveniente.” O problema da perda de tempo e de como empregá-lo é
dissecado. As condições físicas e o local de estudo apropriado não são
esquecidos.
O capítulo 3 é o ponto alto da obra. A estratégia do estudo é aqui
examinada com riqueza de técnicas. A fórmula “mágica” é o Survey Q 3r
(Survey = examinar; Q de Question = perguntar; os três R: Read = ler; Recite =
repetir; e Review = rever).
A leitura como instrumento fundamental do estudante é tratada nos
seus aspectos mais importantes: o que ler; como ler; o tipo adequado para
assunto diversificado; o ritmo a ser empregado. Mostra como aumentar a
velocidade de leitura sem perder o poder de compreensão e assimilação.
2 - APERFEIÇOAMENTO DA LEITURA
O estudo eficiente depende da técnica da leitura. O estudante como
trabalhador intelectual tem necessidade de ler constantemente. Investigações
já foram feitas e concluíram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo
moderno está em relação direta com o hábito de leitura proveitosa: há, no
mínimo, a necessidade de se obterem as informações exatas no lugar e no
momento oportunos e a de aperfeiçoamento profissional, cujo processo é
comunicado nos livros, textos e outros recursos que exigem leitura e estudo.
O estudante e o responsável por um trabalho científico enfrentam
um problema comum: Ter de consultar e ler uma quantidade imensa de
material escrito indicado pelas fontes, bibliografias e documentação. A cada
ano, a explosão bibliográfica, mesmo a especializada, aumenta
assustadoramente. A ciência, sob certo aspecto, é um processo cumulativo e
não um produto acabado; o trabalhador intelectual tem necessidade de se
atualizar. Neste caso, método e habilidades se resumem em:
a) saber selecionar o que se deve ler;
b) saber ler com a maior velocidade e o melhor proveito possíveis.
Mas para atingir esse objetivo é preciso que o interessado comece a
medir suas possibilidades: que espécie de leitor é, quais as suas condições e
seu poder de decisão em desenvolver habilidades através de treinamento.
2.1 – Comparação entre o bom e o mau leitor
À primeira vista parece fora de propósito a epígrafe acima. Poder-se-
ia objetar que se trata de um problema de valor e seria ocioso, numa
perspectiva científica, estabelecer um confronto entre “bom” e “mau”, pois se
torna um julgamento bastante subjetivo. A experiência e a observação têm
mostrado um fato bastante freqüente: há muitas pessoas que “lêem” e há
pessoas que “sabem ler”. Muitas sobretudo quando têm consciência do
problema, pagam um tributo caro a hábitos formados desde a escola primária e
que as condicionaram a ler sem saber ler.
Convém que você leia o quadro pausadamente, um item de uma
coluna e logo a seguir o correspondente na outra coluna. À medida que for
identificando pontos positivos e pontos negativos, assinale-os. Depois reveja-os
e estabeleça o esquema de suas necessidades concretas para desenvolver
hábitos de leitura veloz e producente.
Bom leitor Mau leitor
O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como:
O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem hábitos como:
1. Lê com objetivo determinado. Ex.: aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões.
1. Lê sem finalidade Raramente sabe por que lê.
2. Lê unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as idéias encontradas numa frase ou num parágrafo.
3. Lê palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase. Freqüentemente tem de reler as
palavras.
3. Tem vários padrões de velocidade. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido. Se livro científico para guardar detalhes, lê mais devagar para entender bem.
3. Só tem um ritmo de leitura. Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamente.
4. Avalia o que lê. Pergunta-se freqüentemente: Que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre tal assunto? Ele está apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a idéia principal deste trecho? Quais seus fundamentos?
4. Acredita em tudo o que lê. Para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista.
5. Possui bom vocabulário. Sabe o que muitas palavras significam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz freqüentemente para esclarecer o sentido de certos termos, no momento oportuno.
5. Possui vocabulário limitado. Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldade em entender a definição das palavras e em escolher o sentido exato.
Bom leitor Mau leitor
6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se torna um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha do livro”. Prefácio. Bibliografia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler.
6. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro.
7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente. Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade.
7. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas.
8. Discute freqüentemente o que lê com colegas. Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões.
8. Raramente discute o que lê. Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares comuns, das tiradas eloqüentes, dos preconceitos.
9. Adquire livros com freqüência e cuida de ter sua biblioteca particular. Quando é estudante procura os livros de texto indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos científicos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e restringe a aquisição dos chamados “compêndios”. Tem o hábito de ir direto às fontes; de ir além dos livros de textos.
9. Não possui biblioteca particular. Às vezes é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É freqüentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro.
Bom leitor Mau leitor
10. Lê assuntos vários. Lê livros, revistas, jornais. Em áreas diversas: ficção, ciência, história etc. Habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização.
10. Está condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto.
11. Lê muito e gosta de ler. Acha que ler traz informações e causa prazer. Lê sempre que pode.
11. Lê pouco e não gosta de ler. Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento.
12. O BOM LEITOR é aquele que não é só bom na hora de leitura. É bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler.
12. O MAU LEITOR não sabe se revela apenas no ato da leitura, seja silenciosa ou oral. É constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler.
Após auto-analisar-se é provável que o leitor queira aperfeiçoar seu
hábito de leitura. Os meios de alcançá-lo serão fornecidos através das técnicas
de “leitura veloz e proveitosa”.
2.2 – Técnicas para tornar a leitura veloz e proveitosa
A leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito
ou aprendizagem, que pressupõe: a) uma teoria que fundamente o método; b)
uma estratégia a ser empregada; c) um conjunto de técnicas; d) treinamento.
É preciso que, antes, o interessado se convença do fundamento
teórico do método, para, em seguida, utilizá-lo racionalmente e através de
treinamento, no qual se comportará como aprendiz e instrutor de si mesmo:
acompanhará seus resultados e corrigirá seus erros.
Esta microteoria tem raízes behaviorista e gestaltista. De certo modo
está ligada às idéias dos teóricos da personalidade e da aprendizagem, que
têm, nos últimos anos, desenvolvido uma teoria associacionista: “estímulo –
organismo integrador – reação” (EOR). O condicionamento é um fato científico,
mas sabemos que não conseguiríamos explicar a aprendizagem da leitura
apenas em termos mecanicistas de “estímulo-resposta” (ER), ao menos no
estágio atual da ciência psicológica.
Nesta breve exposição, está o fundamento teórica do método, das
estratégia e das técnicas da “leitura proveitosa e veloz”.
Em forma sucinta, são apresentadas as técnicas de leitura veloz e
proveitosa. Estão distribuídas dentro das seguintes áreas: 1) condições físicas,
fisiológicas e psíquicas; 2) a técnica da leitura oral; 3) o emprego dos olhos; 4)
velocidade da leitura; 5) tipos de leitura; 6) vocabulário; 7) uso de obras de
referência; 8) compreensão.
2.3 – Condições físicas, fisiológicas e psíquicas
Antes de iniciar uma leitura e, particularmente, antes de iniciar o
período de treinamento, é importante observar as seguintes condições:
a) ambiente sossegado ou que o discernimento do leitor considere
o mais adequado;
b) luz em posição correta (que não fira diretamente os olhos e que
venha possivelmente da esquerda);
c) procurar ler sempre no mesmo local e no mesmo horário (isso
ajuda a condicionar o organismo);
d) verificar se tem visão, audição e respiração normais; tente
responder a estas perguntas: tem dificuldade em reconhecer as
palavras? em entender o que os outros dizem? freqüentemente
pede para repetirem? sente a vista embaralhar-se ao ler? dor de
cabeça depois de alguns minutos de leitura? (se respondeu
afirmativamente, é sinal de que está precisando de uma visita ao
médico);
e) posição correta do livro: a mais indicada é a que forme um
ângulo próximo de 90º com o tórax, a uma distância aproximada
de 30 cm dos olhos;
f) posição correta do corpo: a mais indicada é ficar assentado,
formando a parte traseira das pernas com o chão um ângulo
quase reto;
g) não ler tendo pensamentos que o preocupam e possam obstruir
freqüentemente a dinâmica da leitura. A maneira prática de
resolver o problema é lançar numa folha de papel as coisas que
preocupam e determinar o horário e o meio de resolvê-las.
h) Ler com propósito definido e com decisão.
2.4 – A técnica da leitura oral
Quem tem possibilidade de fazer leitura oral, convém que, de vez
em quando, a exercite. A leitura oral é sempre indicada quando, após ler e reler
um parágrafo ou trecho, ainda não se conseguiu captar-lhe o sentido.
Já foi observado que:
a) o “bom leitor” é capaz de ler alto (caso não tenha impossibilidade
física ou de outra procedência) com clareza e expressão;
b) lê sem tropeços;
c) todos o entende e ele gosta do que lê;
d) sabe fazer as pontuações e modulações com naturalidade e
agrado;
e) colocado numa situação de “teste”, em que se lhe pede para
continuar pronunciando as palavras, após um sinal convencional,
sem olhar para o livro, é capaz de dizer no mínimo quatro
palavras;
f) o “bom leitor” revela-se pela leitura oral, porque não lê, mas
interpreta através da leitura oral.
2.5 – O emprego dos olhos
É o ponto mais importante, pois é através do aparelho visual que se
dá a passagem e a transformação do material escrito, sensorialmente captado,
em imagem perceptiva e mental. Os olhos absorvem o que, instantaneamente,
se torna compreenssão.
2.5.1 – Convém atentar para os seguintes dados e técnicas:
1) Qual a capacidade da sua visão na leitura? Seus olhos absorvem
um grupo de várias palavras ao mesmo tempo? Se o conseguem,
provavelmente sua leitura é rápida e muito boa. Percorra com os olhos, sem
fazer pausa, estas três linhas:
Ela abandonou inteiramente a escola quando ainda era muito pequena sua
irmã Júlia adotada numa família de maiores recursos que a sua.
Se moveu os olhos sem parar, possivelmente não captou o sentido
do que leu. Agora leia as linhas com sua velocidade usual:
Ela abandonou inteiramente a escola quando ainda era muito pequena sua
irmã Júlia adotada numa família de maiores recursos que a sua.
Durante este tempo, seus olhos tiveram movimento – parada –
movimento – parada – movimento – parada...
Durante cada parada, os olhos se detêm num grupo de palavras ou
numa palavra. Só durante a parada se pode captar o sentido do grupo de
palavras ou da palavra. Enquanto os olhos se movem, não se atenta para o
sentido das palavras. Talvez tenha agido assim:
Ela abandonou inteiramente a escola / (parada) / quando era muito
pequena / (parada) / sua irmã Júlia / (parada) / adotada numa família de maiores
recursos que a sua / (parada).
Observe que o número de palavras entre uma parada e outra não é
sempre o mesmo. O primeiro grupo é de cinco; o segundo, de quatro; o
terceiro, de três; o quarto, de nove.
A “cadência” do pensamento não é a mesma da sensibilidade. Há
um certo “mistério” nisto: por que, por exemplo, uns leriam o mesmo trecho
acima com aquela divisão de grupo de palavras e de pausas e outros com
outra divisão? É instantâneo e imponderável o ato que liga o emprego dos
olhos, a percepção, o pensamento e a reação do leitor.
Campo de visão é o número de palavras que os olhos absorvem
numa simples fixação. Há uma palavra enfocada e palavras à esquerda e a
direita da enfocada. Quanto maior o número de palavras que um leitor absorve
entre uma parada dos olhos e outra, maior será seu campo de visão. O “mau
leitor”, porque tem o campo de visão estreito (por exemplo: lê palavras
isoladas), tende a voltar a vista e liga as palavras sem sentido. O resultado é
que sua compreensão fica prejudicada. Então: quanto maior o campo de visão,
melhor a leitura.
2) Quanto mais curta a pausa, melhor a leitura. O “bom leitor” tem
pausas de fixação curtas. Por isso, sua leitura é rápida e lê com compreensão.
Ao contrário do que muitos pensam, a atenção na leitura está inversamente
proporcional à demora da pausa de fixação, por isso quanto mais lenta for uma
leitura mais facilmente a atenção cai.
3) Quanto mais raras as fixações, melhor a leitura. É um corolário do
princípio formulado no item 1 quanto ao campo de visão. O “mau leitor” se
detém sobre quase toda palavra que lê. Numa linha de dez palavras, faz dez
fixações. O “bom leitor” faria, talvez, duas, dependendo da frase, pois como
vimos está em jogo a “internalização ideográfica” de cada um diante de cada
texto.
4) Quanto mais raros os retrocessos, melhor a leitura. A leitura
normal tem um movimento de um lado para o outro. Em português, por
exemplo, se lê da esquerda para a direita (em outras línguas, como no
hebraico, se lê no sentido inverso). Se ligarmos a primeira palavra à última de
uma página, teremos uma linha diagonal (desta observação é que surgiu,
talvez, a chamada “leitura em diagonal”). É possível, portanto, ler tentando
desenvolver, com o emprego dos olhos, um percurso em diagonal, fazendo
com que o movimento se dê mais dentro da faixa diagonal do que na direção
horizontal em que as palavras materialmente se encontram.
Indicação da “diagonal da página durante a leitura”: há uma faixa em torno da
diagonal, mostrando onde deve concentrar-se mais o foco de visão numa
página inteira.
Indicação dos movimentos dos olhos: a “diagonal da direita
para a esquerda” mostra o movimento que os olhos devem
fazer com a maior velocidade, ao passar de uma linha para
outra.
5) É possível melhorar os movimentos dos olhos. Como?
Comecemos por indicar o “teste do espelho”. Consiste no seguinte”: convida-se
um colega a sentar-se ao lado da mesa, onde se vai ler. Funcionará como
observador. Eleva-se o livro cerca de sete centímetros e coloca-se um espelho
- 13 -
Estudara, quando mais moço, entre as partes da Filosofia, a Lógica, e, entre as das
Matemáticas, a Análise das Geometrias e a Álgebra, três partes ou ciências que pareciam
dever contribuir em alguma cousa para o meu intento. Mas ao examiná-las notei, no que
diz respeito, à Lógica, aos seus silogismos e à maior parte de suas instruções, que servem
mais para explicar aos outros as cousas já sabidas, ou mesmo como a arte de Lúlio, para
falar sem grande critério daquelas que se ignoram, do que para aprendê-las. E embora ela
mantenha, com efeito, muitos preceitos verdadeiros e bons, existem, todavia, com eles
misturados, tantos outros que são nocivos e supérfluos, que é quase tão difícil separá-los
uns dos outros como tirar uma Diana ou uma Minerva
Mas o que mais me contentava neste método
era que, por meio dele, estava seguro de usar em
tudo da minha razão, senão perfeitamente, ao
menos da melhor maneira.
horizontalmente sobre a mesa. O colega observará o ângulo de refração que
lhe permita acompanhar o movimento dos olhos do leitor. Através de anotações
e com controle de relógio marcará: a extensão do campo de visão; o número
de pausas de fixação; os retrocessos; e o tempo de parada entre um campo de
visão e outro.
Outro teste é o do “projetor de slides”. Exige-se que uma pessoa
prepare uma série de slides de textos (frases curtas) desconhecidos do leitor.
Os textos são projetados rapidamente e o leitor é convidado a reproduzí-los
imediatamente após a projeção. O número de palavras fixadas é computado m
função do número de segundos. Uma mensuração mais perfeita poderia ser
obtida com aparelhos mais especializados de laboratório de psicologia
experimental.
Testados o campo de visão e o ritmo de movimento ocular, é
possível melhorar o emprego dos olhos:
encurtando as pausas dos olhos;
reduzindo o número de fixações;
alargando o campo de visão;
combatendo a tendência de fazer freqüentes retrocessos;
procurando ler “unidades de pensamento (geralmente identificadas com os
campos de visão) e não palavras isoladas;
esforçando-se para ler sempre adiante e fazer “paradas” apenas
necessárias para absorver o que leu; só voltar atrás quando tiver dúvida
real;
treinando.
Há duas técnicas que podem ser acrescentadas às anteriores: sua
prática tem obtido bons resultados.
A primeira exige mais treinamento para se constatarem os
resultados positivos. Consiste em procurar ler as palavras, tanto quanto
possível, pela sua parte superior e até a metade de cada palavra. Merece uma
explicação, pois tem um fundamento teórico bastante curioso:
1) Somos capazes, em geral, de identificar uma palavra e um
conjunto delas, apenas pela sua parte superior. Coloque, por exemplo, a
extremidade de uma folha de papel em branco sobre uma linha impressa dum
livro, cortando-a pela metade horizontal de modo que apareça só a metade
superior de cada palavra.
2) Quanto à leitura da metade esquerda da palavra (desprezo pelas
sílabas e letras finais) deriva de um costume universal: as abreviaturas (trab. =
trabalho, fábr. = fábrica, q. = que, etc.).
A mesma leitura, provavelmente, seria feita se a frase fosse:
Partindo dessa observação se tira uma conclusão matemática: para
se ler uma linha impressa emprega-se x tempo; se ela for reduzida à metade,
empregar-se-á x/2 tempo, e, se for reduzida a um quarto, empregar-se-á x/4
tempo. Matematicamente, haveria, realmente, uma redução de cada palavra a
um quarto do seu tamanho; por conseguinte o tempo que se empregará com
esse método deveria ser reduzido a um quarto também, ou seja, a velocidade
aumentaria quatro vezes, mesmo que o resultado não venha a ser igual ao
cálculo matemático, é certo que as pessoas que têm desenvolvido esse hábito
conseguiram aumentar bastante a velocidade de sua leitura.
A outra técnica é a do lápis colocado no meio da página, em sentido
vertical, para ajudar a captação dos termos principais com mais facilidade.
Pode também ser utilizada como tentativa ou um auxiliar às técnicas anteriores.
O lápis funciona como estímulo para os focos dos campos de visão e restrição
dos sinais de dispersão existentes na página impressa.
“NENHUM ASSUNTO TRAZ TANTAS VANTAGENS
FUTURAS COMO O DO PROGRESSO NA LEITURA”
“NEM. ASS. TRAZ TAN. VANT. FUT. CO. O DO PROG. NA LEIT.”
2.5.2 – Um dos assuntos controvertidos dentro das técnicas de
leitura é o dos chamados “maus hábitos” de leitura. A maioria deles está
relacionada com o emprego dos olhos. Parece que o assunto está merecendo
maior investigação científica. Certos hábitos em si não são nem “bons” nem
“maus”; passam a ser a partir do momento em que seu uso prejudica a leitura;
isso, provavelmente, vai variar de pessoa para pessoa, de situação para
situação.
Eis alguns desses “maus hábitos”:
1) Movimentos labiais durante a leitura silenciosa. Geralmente são
indício de leitura vagarosa: quem o faz está falando para si
mesmo, quer tenha consciência disso, quer não.
2) Movimento da cabeça durante a leitura. Este é um defeito,
apontado unanimemente pelos autores de técnicas de leitura.
Quem move a cabeça enquanto lê está fazendo com a cabeça o
que os olhos deveriam fazer. Mais do que o anterior é um hábito
que merece ser extirpado.
3) Percurso do dedo ao longo da linha durante a leitura. É a prática
mais controvertida. Inclusive há cursos de leitura dinâmica cuja
técnica fundamental é recomendar e treinar o leitor a ler
percorrendo com o dedo a linha que se lê.
4) Hábito de ler os sinais e letras e não as idéias. Já foi observado
em investigações que o “bom leitor” geralmente não constata
muitos erros gráficos, troca de letras, deslizes de ortografia,
concordância etc. Justamente porque lê idéias e não palavras.
2.6 – Velocidade de leitura
A técnica do emprego dos olhos está intimamente relacionada com o
problema da velocidade da leitura. Esta é uma decorrência natural daquela.
Há um provérbio que, parece, existe em quase todos os povos:
“devagar, mas longe” ou “devagar, mas firme” (os italianos, por exemplo,
dizem: “Piano, piano si va lontano e si arriva a Milano”). “Em geral o leitor
vagaroso é menos seguro a respeito do sentido daquilo que lê do que o leitor
veloz.”
“Quanto mais devagar uma pessoa lê, melhor entende; quanto mais
depressa, mais fraca é a sua compreensão.” Mas isso é realmente verdadeiro?
A resposta é a mesma: “Não em muitos tipos de leitura.”
Já foi observado que a razão deste equívoco tão fatal ao
aperfeiçoamento da leitura é o ensino desta no curso primário e a prática no
curso secundário, com ressalva das honrosas exceções que, felizmente,
existem. Comparações já foram feitas entre os dois tipos de leitor e ficou
comprovado que o leitor veloz é tão eficiente quanto o vagaroso na
interpretação de textos, e, em geral, leva ligeira vantagem sobre o vagaroso
quanto a memorização e assimilação. As habilidades “velocidade e
compreensão de leitura não são incompatíveis e costumam andar juntas”.
1º Quadro – segundo WITTY
Objetivos da leitura
Tipo de leitura Velocidade adequada
1. Para saber como fazer alguma coisa
Intensivo Velocidade lenta de 150
a 250 palavras por
minuto, mais ou menos,
dependo de ser o
assunto estranho ou
difícil
Para conseguir informações, detalhes, especialmente de assunto não familiar
Leitura completa e cuidados
Para julgar ou criticar idéias
Estudo
2. Para obter prazer – apreciação geral Para ampliar conhecimentos em geral
“Relance” Vista d‟olhos Informação rápida, conforme o assunto que se lê
Velocidade rápida
Muitas vezes: várias
páginas por minuto
2º Quadro – segundo MORGAN
Trata-se de um teste de “leitura compreensiva”, em que se fornecem
ao leitor passagens para ler. A hora em que se inicia a leitura é anotada. Ao
término, são computados os minutos e segundos consumidos. Em seguida, o
leitor responderá um questionário de compreensão. A tabela especifica o
mínimo e o máximo já atingidos – o mínimo existente entre leitores comuns e o
máximo atingido pelos melhores leitores:
Passagem 1 Passagem 2 Velocidade de leitura
min.
6
5
4
3
3
2
2
1
1
1
1
seg.
58
34
38
58
16
47
19
59
44
32
23
min.
7
5
4
4
3
2
2
2
1
1
1
seg
5
40
43
3
20
50
22
1
46
34
25
palavras p/ minuto
80
100
120
140
170
200
240
280
320
360
400
Como se vê tratando-se de uma leitura compreensiva, o limite
máximo “ideal” é de quatrocentas palavras por minuto.
FRY, acompanhando treinamento de leitores em curso de faster
reading em várias universidades, concluiu que os leitores que conseguem ler
com compreensão atingem o seguinte escore:
Leitor vagaroso (slow reader): 150 palavras por minuto;
Leitor moderado (fair reader): 250 palavras por minuto;
Leitor veloz (good reader): 350 palavras por minuto.
2.7 – Tipos de leitura
Desde o início do capítulo tivemos ocasião de deparar com diversos
tipos de leitura que o “bom leitor” utiliza, como por exemplo: a silenciosa, a oral,
a técnica, a de informação, a de estudo, a de higiene mental e prazer. É
importante saber que leitura se vai fazer e regular a velocidade de acordo com
este tipo.
O “mau leitor” lê novela e livro científico na mesma velocidade: lê
sumário de uma revista, índice de um livro como se estivesse querendo
memorizá-los; leva jornal, leva tanto tempo para ler a parte cômica como o
editorial. O “bom leitor” ajusta o método de leitura a seu objetivo: se lê novela,
para deleitar-se, o faz rapidamente; se textos, para obter respostas a questões
formuladas, o faz cuidadosamente. Treinou-se numa variedade de tipos de
leitura e sabe aplicar o tipo conforme o objetivo.
2.7.1 – Vocabulário
O estudante, particularmente aquele que se interessa em tirar
proveito das leituras que faz em função de algum trabalho, deve possuir
domínio da língua e particularmente de seu vocabulário. O vocabulário do leitor
enriquece-se dia a dia, justamente porque tem o hábito de ler. Por outro lado,
quanto maior o vocabulário possuído pelo leitor, maior será seu progresso na
leitura.
Durante a leitura de um texto, é freqüente ao leitor deparar com
palavras desconhecidas ou termos técnicos com significação específica que o
autor empregou e ele ainda ignora. A técnica a utilizar nestas ocasiões é
simples:
a) deparando com um termo novo, não parar a leitura;
b) tentar encontrar o seu sentido pelo próprio texto;
c) voltar a reler para ver se resolveu a dúvida ou garantiu o significado;
d) não conseguindo, consultar um dicionário;
e) em se tratando de livro científico ou técnico, dar preferência sempre à
consulta ao glossário que o autor empregou no final do livro (se houver) ou
a um dicionário especializado;
f) nunca se acomodar diante do termo desconhecido, tendo preguiça de
consultar; considere-o um desafio; deixar de esclarecer a dúvida no
momento oportuno é sempre prejudicial.
2.7.2 – Uso de obras de referência
O “bom leitor” tem o hábito de e a habilidade para usar as obras de
referência. Considera-as instrumentos básicos de seu trabalho, porque sabe
onde e como obter as informações. Acompanha com interesse e assiduidade
as informações bibliográficas de sua especialização.
2.8 – Compreensão na leitura
Velocidade na leitura é importante, mas não mais do que a
compreensão. Atente-se para as seguintes colocações incisivas:
Não se lê tudo na mesma velocidade.
Ler depressa não é “deslizar”.
Ler bem não é mero automatismo: é compreensão.
Ler um capítulo deve significar resumi-lo, ao menos mentalmente.
O ritmo de leitura deve ser ditado antes de iniciá-la (por que vou ler isso? o
quero exatamente aproveitar disso?).
Ao mesmo tempo que se vão descobrindo as vantagens da leitura veloz,
importa compreender o que se lê.
Afinal, compreender é sempre mais importante, embora não seja
incompatível com a velocidade de leitura.
2.9 – Treinamento em leitura veloz e proveitosa
Os céticos da leitura veloz defendem, indiscriminadamente, a idéia
de que só se guarda e só se compreende bem o que se lê vagarosamente,
mas, na verdade, mas na verdade gostariam de obter o mesmo resultado se
pudessem ler mais rapidamente.
O treinamento em leitura veloz e proveitosa é muito simples quanto
à programação, pois pode ser seguido individualmente, como um curso “auto
didático”. Apontarei aqui um bem prático e que já comprovou ser eficiente.
Dispensa a matrícula em curso de leitura dinâmica ou aquisição de manual de
leitura veloz, mas pode ser completado com tais iniciativas. Eis, em forma
sucinta, um:
Programa prático de treinamento em leitura veloz e proveitosa
1) Toma a decisão em cumprir este programa de treinamento e
impor-se a violência de levá-lo até o fim.
2) Convencer-se de que nenhum assunto traz tanta vantagens
futuras como o progresso na leitura. Tomar esta proposta como slogan do
treinamento e como “profissão de fé” no meio de sua realização pessoal.
3) Planejar seu treinamento para um período determinado dentro da
seguinte tabela:
Horas disponíveis por dia
Período de treinamento Intervalo diário entre as práticas de 30 minutos
de duração
meia hora 1 hora 2 horas
4 meses 3 meses 2 meses
não há mínimo de 15 min. Mínimo de 15 minutos entre as duas primeira práticas 2 horas no mínimo entre a 2ª e a 3ª práticas 15 min. entre a 3ª e a 4ª.
4) Escolher livros ou textos para praticar com as seguintes
características:
a) assunto ligado a seu interesse; que tenha real motivação para ler;
b) disposição do assunto tratado tecnicamente bem feita, através de títulos,
subtítulos, epígrafes, destaques, parágrafos, sumários etc.;
c) impressão agradável e com caracteres de fácil leitura;
d) linguagem bastante acessível.
5) O tamanho do texto deve ser calculado em função de uma leitura
a ser feita em quinze minutos.
6) O controle será feito da seguinte maneira:
a) através de caderno de registro, onde haverá uma página destinada para
cada prática;
b) no início de cada página do caderno, marque o horário em que começou a
ler e aquele em que terminou; logo a seguir, o tempo que levou, reservando
um lugar para o número de palavras que tem o texto e outro para o
resultado em número de palavras lidas por minuto.
Quem consegue transformar-se em “bom leitor” terá possibilidade de
atingir excelente resultado na vida e nos estudos.
Um estudante que lesse apenas durante duas horas por dia, com
velocidade de 350 palavras por minuto, leria:
em uma semana: 3,5 livros de 70 mil palavras;
em um mês: 15 livros de 70 mil palavras;
em 1 ano: 180 livros de 70 mil palavras;
em 10 anos: 1.800 livros de 70 mil palavras;
Isso não é fabuloso?
Certamente que não está muito longe de seu alcance.
2.10 Exercícios de Aperfeiçoamento de Leitura
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
O tempo que o olho permanece na parada chama-se “pausa ou
parada ocular”. Ela pode ser de 1/100 de segundo para imagens comuns e de
1/5 de segundo para palavras. Podemos aproveitar melhor esse tempo e até
diminuí-lo, se conjugarmos a ele o bom uso do nosso campo de periférico. Em
vez de fixarmos a parada ocular em cima de determinada palavra, devemos
fixá-la acima desta, no espaço entre uma frase e outra. Por exemplo:
. . .
RiO De JANeIRO RIO DE JANEIRO
Os movimentos oculares são imprescindíveis para quem deseja
aumentar a velocidade de leitura e aperfeiçoar este processo. Eles constituem
a parte principal da leitura ativa junto com a formação de hábitos corretos de
aceleração.
Os exercícios que se seguem têm como objetivo aumentar o campo
visual e a velocidade das paradas oculares. Eles não devem ser feitos por
mais de dez minutos, no início e, para que causem efeito, só se passará para o
seguinte depois de executar bem o anterior. Sempre que estiver lendo, durante
este período de treinamento, procure aplicar as técnicas que já sejam de
domínio e não se impressione se, neste período inicial, houver uma pequena
queda na compreensão, pois os exercícios foram elaborados com base em
uma média de leitura de 300 palavras por minuto e, ao iniciarmos, possuímos
uma média de 100 palavras por minuto. A compreensão vai reaparecendo à
medida que automatizamos os movimentos. Podemos comparar com o ato de
dirigir: no início, conciliar os espelhos, os pedais, as marchas, e ainda ter de
manusear um volante, parece impossível mas, depois da prática, ninguém mais
se preocupa com esses detalhes e dirige sem percebê-los! Basta apenas um
pouco de esforço para atingir a meta desejada.
Exemplo de condições de estudo e leitura.
Movimento ocular em forma de “S” – Skimming
Ponto de interrogação. Movimento ocular.
EXERCÍCIO N.º 2
Pouse os olhos sobre os pontos de fixação, da esquerda para
direita, durante dois minutos.
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
EXERCÍCIO N.º 2
Pouse os olhos sobre os pontos de fixação, da esquerda para
direita, durante dois minutos.
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
EXERCÍCIO N.º 3
Procure fixar os olhos no número que se encontra no centro dos
retângulos, de forma que perceba os que se encontram nas laterais, sem
deslocar os olhos em direção aos mesmos, durante um minuto.
EXERCÍCIO N.º 4
Procure olhar para os pontos de fixação e perceber a palavra que
3 4 1
0 2 9
1 7 5
6 3 7
2 1 4
está escrita abaixo, sem que haja a subvocalização da mesma (não fixe os
olhos, apenas faça um sobrevôo sobre os vocábulos) durante dois minutos.
* * *
pasta costa tosta
* * *
preta crença prensa
* * *
regime sublime anime
* * *
amarelo amargura largura
* * *
acalanto recanto pranto
* * *
fala abalo anjo
* * *
cigarro presidente agenda
* * *
relógio abotoadura sapatos
* * *
empresa secretária portaria
* * *
laranjas melancia abacaxi
* * *
cidade vassoura máquina
* * *
computador revista diamante
EXERCÍCIO N.º 5
Leia as letras dispostas abaixo na seguinte ordem: centro, esquerda
e direita. Depois, leia as letras centrais, procurando perceber as que se
encontram à esquerda e à direita, sem fixar os olhos nestas últimas. Marque
seu tempo inicial e procure executar o exercício até diminuí-lo pela metade.
A M B
E A T
C M B
D T O
R B S
R P C
A A O
K M B
D E J
M B F
H S R
T L O
J C T
Q Z P
X E D
P C F
I P M
E M N
K H P
O A Y
I U Z
B S J
EXERCÍCIO N.º 6
O mesmo exercício proposto anteriormente.
S CSB K
T ACP J
W EWN A
A FEY I
L GTY W
Q UIT S
D ETA Q
T REW G
I WQT G
O WVU A
P GLH M
C NND M
O ACT T
Q JIT L
D ALM O
P VHI C
R WIS T
A AMB J
L MBV X
D VUM H
L AIT W
Q EWA O
D ATL M
A VCA D
B SAC M
EXERCÍCIO N.º 7
Fixe os olhos no centro dos módulos abaixo e perceba as letras que
estão em sua volta.
C P
M O
Q
J E
A D
D G
L N
S
E G
B O
U A
O W
C
P X
S T
E Q
F A
K
K X
T P
EXERCÍCIO N.º 8
Fixe os olhos nos números centrais procurando perceber os que os
rodeiam e o critério utilizado para a seleção dos mesmos.
1 3
5
7 9
2 4
8
16 32
5 25
35
15 40
1 7
11
13 17
400 600
200
800 1200
EXERCÍCIO N.º 9
Procure fixar os olhos no conjunto de letras central, de forma que
perceba as letras que estão colocadas à esquerda e à direita. Execute o
exercício em 30 segundos.
V U SBT E K
S A DFT K A
W S JHT E Y
A L MUR I O
M S WIJ J A
W A PIS J W
H G EHO J O
J E OIP W A
B X CXZ I E
W Q PIO E V
F B PEP W V
R L SIB O P
W L MUN P W
A K BHU D E
F G HGV P A
H W KMN F S
L W INJ L O
Y T ERI O G
F I NOM E A
E U ATR I S
O P ERT W K
X C NUG I J
EXERCÍCIO N.º 10
Fixe os olhos no grupo de letras no centro, procurando descobrir a
palavra escrita. Execute o exercício em 10 segundos.
V É SPE R A
A V ISA D O
A M IZA D E
V A IDA D E
P É SSI M O
S I STE M A
C O LIB R I
E S PAN H A
G O VER N O
A P ATI A S
P R OCU R A
B O NDA D E
V E RDA D E
R E TOR N O
D I RET O R
F A LHA D O
C O RAÇ Ã O
C O NCI S O
P R ÁTI C A
M E MÓR I A
L E ITU R A
P R EDI A L
C R IAN Ç A
M E NTA I S
EXERCÍCIO N.º 11
Procure ler as colunas, sem fixar os olhos em todas as palavras, de
cima para baixo e vice-versa, sem que haja a subvocalização das mesmas
(para isso será necessário aumentar a velocidade para ler em torno de 250
palavras por minuto). O exercício deverá ser executado em 18 segundos.
GALHO ESPAÇO FILHO
ONTEM ESPIGA ILHA
PREGO AMIGOS IDADE
CORPO BOTÃO ROSA
JOELHO CANETA ÉPOCA
PREÇO BOLHA PULGA
AÇÕES PAPEL CARTEL
BOLSA DÓLAR ÍMPAR
MEIAS CINTOS CORES
SLIDE CHEFIA ORDEM
UNHAS CRIVO CHEIRO
PRATO PLANO TELEX
NOTAS HORAS PORTAS
SUSTO TURBO CARRO
GUERRA ÁGUA COLHER
SONHO HOMEM VISÃO
ENIGMA PARTE VENDAS
MENTE IDIOMA CLASSE
SÉRIE CLERO ARROZ
PODER AJUSTE CASAS
TROTE VELHO BLUSA
SEÇÃO MAMÃO LOJAS
GRÊMIO LATIM ZELO
PLÁGIO GÊMEO BOCA
TERNO QUILO LITRO
EXERCÍCIO N.º 12
Leia as colunas abaixo, sem fixar os olhos nas palavras.
Desenvolva o movimento verticalmente, procurando realizar apenas
uma parada ocular por frase, em 30 segundos.
E
SE
MAS
TODO
MESMO
ESMOLA
PREDIAL
MATERNAL
ESTRAGADO
PARTICIPAR
EMPRESARIAL
CONSELHEIROS
GOVERNAMENTAL
ARISTOCRÁTICOS
PERFECCIONISTAS
PARLAMENTARISTAS
PROFISIONALMENTE
A
NO
COM
PANO
CREDO
COLUNA
MADEIRA
SOSSEGAR
ENVELHECE
ELEVADORES
ORGANIZAÇÃO
CAPITALIZADO
IMPRESSIONADO
ADMINISTRATIVO
ASSOCIACIONISTA
CONVENCIONAMENTO
MACROFOTOGRAFADOS
Os exercícios que apresentamos a seguir têm como objetivo
adequar o método de leitura correto mencionado no capítulo “Níveis de Leitura”
ao movimento ocular que, nesta fase, já deverá estar bem exercitado.
Procuraremos, também começar a exigir mais da compreensão dos textos
lidos, além de fazermos com que a percepção em detalhes dos exercícios seja
aguçada. Siga as instruções corretamente a fim de obter o resultado desejado.
EXERCÍCIO N.º 13
Leia o texto abaixo, limitando a paradas oculares a, no máximo,
duas em cada frase, procurando utilizar o maior campo visual possível, em 20
segundos.
O EQUILÍBRIO DO ORGANISMO É A META
DA HOMEOPATIA, ATENTA AO DOENTE E NÃO À
DOENÇA EM SI. O PRIMEIRO PASSO, SEGUNDO
OS PROFISSIONAIS, É DESINTOXICAR O
ORGANISMO ACOSTUMADO AOS REMEDIOS
ALOPÁTICOS. O TRATAMENTO É MAIS LENTO,
PORÉM, SEM OS MESMOS RISCOS DA
QUÍMICA. SEUS PRODUTOS APRESENTAM-SE
EM FORMA DE TINTURAS, TABLETES,
CÁPSULAS, EXTRAÍDOS DE ANIMAIS (COMO
ABELHA), PLANTAS (AS MAIS VARIADAS) E
MINERAIS (COMO O OURO). O PODER DAS
ERVAS JÁ ESTÁ CIENTIFICAMENTE
COMPROVADO. MAS, AO CONTRÁRIO DO QUE
POPULARMENTE SE PREGA, O MAU USO DO
CHÁS PODERESULTAR EM CONTRA-
INDICAÇÕES. PARA TRATAR DO ASSUNTO, A
FITOTERAPIA ESTUDA CUIDADOSAMENTE AS
PLANTAS E SEUS EFEITOS.
(Revista Veja, Edição 1.232, de 29/04/92, pág. 22.)
Número de palavras: 90
EXERCÍCIO N.º 14
Leia os textos a seguir, permitindo que haja apenas uma parada
ocular por frase, em 25 segundos.
NÃO É |
POR ACASO |
QUE OS PROBLEMAS |
CARDÍACOS SÃO A MAIOR |
CAUSA DE MORTALIDADE DO |
PLANETA. NESTE CORRE-CORRE |
DESENFREADO, NAS DIFICULDADES |
FINANCEIRAS DO SÉCULO, POUCOS SÃO |
OS QUE PARAM PARA VIVER A VIDA DE FORMA |
DIFERENTE. MUITAS VEZES, QUANDO SOFRE |
UM ENFARTE É QUE O CIDADÃO DECIDE |
REDIMENSIONAR SUA ALIMENTAÇÃO, |
ELEGER OUTRAS PRIORIDADES E |
PENSAR EM SI MESMO. |
(Revista Veja, edição 1.232, de 29/04/92, pág. 19.)
AO INVENTAR OS
I TIPOS MÓVEIS QUE
I MECANIZARAM A IMPRESSÃO
I NO DISTANTE ANO DE 1440, O ALEMÃO
I JOHANNES GUTENBERG PLANTOU UMA
I TECNOLOGIA QUE PRATICAMENTE
I NÃO MUDOU DURANTE CINCO
I SÉCULOS. MAS, NAS DUAS
I ÚLTIMAS DÉCADAS,
I COM O AUXÍLIO DO
I COMPUTADOR
I A EDITORAÇÃO
| TEVE UM
| DESENVOLVIMENTO
| GALOPANTE. SURGIRAM
| INICIALMENTE APARELHOS TIPO
| COMPOSER, QUE ARMAZENAVAM OS TIPOS
| EM FILMES E AJUSTAVAM SEU TAMANHO, OU CORPO,
| POR UM PROCESSO COMPLICADO DE LENTES
| COMANDADAS POR UM COMPUTADOR.|
| (Revista Informática / Exame, ano 7, n.º 4, abril/92.)
Número de palavras: 120
Tempo:_____________
EXERCÍCIO N.º 15
Leia os textos abaixo, sem se preocupar com as palavras ou letras
que aparecem ocultas. O objetivo é a aceleração, sem se prender à
compreensão de pequenos detalhes do texto, procurando fazê-la no decorrer
da leitura, sem efetuar retrocessos.
“PRÁTICA REAL”
Escolha o lado **** simples de uma dificuldade *** você tenha, antes de tentar resolver *
situação mais difícil. *** exemplo, se você tiver *** ser desafiado profissionalmente por **
grupo de colegas de profissão e ** você quiser mudar * o estilo ** lidar com isto, você
poderá iniciar praticando **** habilidades ** no escritório * depois, quando sentir *** já está
mais familiarizado e vontade com elas, pratique ** próxima reunião do ****sindicato ou
associação profissional.
* segundo passo * planeja * encontro. *** envolve juntar ** vários elementos das técnicas
*** quais **** trabalhou separadamente até agora. * medida que **** desenvolve suas
********, não precisa mais de tanto planejamento e **** mais fácil exercitar as ********
espontaneamente. O formato mostrado aqui pode *** útil para ocasiões traiçoeiras. ** ponto
importante é ***, uma vez tendo feito o *** planejamento e ensaiado o comportamento que
**** tentar, você deve colocar o pro forma de lado ****** minutos antes do encontro e
esquecê-lo até então. Não ** mais nada que **** possa fazer.
(Texto retirado do livro Pressão no trabalho – Stress – Um guia de sobrevivência, Tânia
Arroba e Kim James, ed. Makro Books, pág. 81.)
“TODOS OS ESMOTES TÊM CONCOM. NA PRIMEIRA, QUANDO O ESMOTE EMERGE DA HIBERNAÇÃO, SEU CONCOM É INFERIOR EM QUALIDADE E DE POUCA UTILIDADE PARA O HOMEM. SE OS ESMOTES RECEBEM UMA DIETA ELEVADA EM PROTEÍNA NOS MESES DE PRIMAVERA, O CONCOM, PODE SER TOSQUIADO EM FINS DE MAIO OU PRINCÍPIOS DE JUNHO, DEPOIS DA TOSQUIA, O ESMOTE É LIBERADO ATÉ A PRIMAVERA SEGUINTE. O CONCOM DE CERCA DE 50 ESMOTES DÁ PARA FAZER UMA BLUSA DE SENHORA.” *S G*LFINH*S *S G*LFINH*S RESPIRAM P*R UM *RIFÍCI* EM FORMA DE CRESCENTE N* ALT* DA CABEÇA. ESSA ESPÉCIE DE NARINA É TAMBÉM A F*NTE DE SUA V*Z E ELES P*DEM VIBRÁ-LA C*M* UM LÁBI* HUMAN*. *S PESQUISAD*RES VERIFICARAM ATRAVÉS DE AQUAF*NES QUE *S G*LFINH*S USAM ASS*BI*S, GRUNHID*S E CLIQUES. AS EXPERIÊNCIAS REALIZADAS DEM*NSTRAM QUE DE FAT* SE C*MUNICAM INTELIGENTEMENTE. ENSINARAM UM CASAL DE G*LFINH*S A ACI*NAR ALAVANCAS, QUAND* SE ACENDIAM LÂMPADAS C*L*RIDAS. DEP*IS DE SEPARAREM * MACH* DA FÊMEA, DENTR* D* TANQUE, C*M UM TECID* QUE DEIXAVA PASSAR * S*M, MAS NÃ* A LUZ, AS ALAVANCAS FICARAM D* LAD* D* MACH* E AS LUZES D* LAD* DA FÊMEA. QUAND* AS LUZES SE ACENDERAM, * MACH* ACI*N*U AS ALAVANCAS. ENTÃO SUBSTITUÍRAM A BARREIRA DE SEPARAÇÃ* P*R UMA SUBSTÂNCIA ANTI-ACÚSTICA, E * MACH* ERR*U * TESTE. A C*NCLUSÃ* L*GICA F*I QUE A FÊMEA HAVIA TRANSMITID* A * MACH* INSTRUÇ*ES PRECISAS.
EXERCÍCIO N.º 16
Procure perceber nas frases abaixo as palavras que se encontram
ocultas, realizando uma só parada ocular por segmento, mantendo o olho
parado acima de cada frase. O objetivo é aguçar a percepção com o campo
visual aumentando.
OIOIOIOLHOIOIO
AITLEATLETATEIAL
RATEIELETRARLE
GEILOPLEGOLEIROP
ORLOCLEOCLOROC
ETREGERNEGERENTE
EMPRESAIORITCE
ASTOLEOTOUREIROL
MEOITUEIMUNDOE
SEIREMEDIOEOSLEO
ETREILETREIROAD
EMTNEODOCUMENTOE
EICOEICEEUSOEES
EOECESTADODOEICO
XOEEOCCOMPLEXOO
SLEIOCORPORALEIC
EPXIENTRADAEIO
SOEIVIDENCIASODI
PAAEAPETITESOC
BICLIOTECADERNOS
MEDIOCRIDADEOS
PEODISOPREÇOOIEO
LETOLETOLETOOBSOLETO
GINETEPEPAGINAEGITEA
ISAEPEAITIPAISETIEECA
EOLEITURAOELXIESTEOS
PRIMEIROOMTOEITOSOEI
PAEITOEICKECHEQUEDMT
EICLENSEDCLIENTESIDS
EOXLDENTARIOEOCIELXO
AOIDCOMCCOMIDAOSIEOX
AIVEORICLCILIVROSIEX
DOIENVELHECIMENTOWOI
EXERCÍCIO N.º 17
Leia o texto abaixo procurando perceber o significado das palavras
“borradas” no decorrer da leitura, sem efetuar nenhum retrocesso nem se fixar
sobre eles a fim de descobrí-las. Faça o sobrevôo normal sobre as frases.
“A FOME EMPURRA A MÃO DO HOMEM, MOÇA”, AMEAÇOU O
GARIMPEIRO. ”SE A SENHORA NÃO NOS DER COMIDA A GENTE TIRA A
FORÇA.” E SORRIU DE BANDA, POR BAIXO DO CHAPÉU DE ABAS
CAÍDAS, SEM ENCARAR DIRETAMENTE SUA INTERLOCUTORA, A
MÉDICA JUNE FREIRE, MINEIRA, 27 ANOS, CHEFE DA EQUIPE DA
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE NA REGIÃO DE PAAPIÚ, RORAIMA,
PRÓXIMA A FRONTEIRA COM A VENEZUELA. COM TODA A CALMA,
EXPLICOU MAIS UMA VEZ QUE A COMIDA SE DESTINAVA AOS ÍNDIOS
DOENTES, E O QUE MAIS HAVIA ALI ERA GENTE COM FOME.
UM DOS PONTOS DE MAIOR AFLUXO DE GARIMPEIROS ATÉ O ANO
PASSADO, A REGIÃO DE PAAPIÚ É UMA BOA AMOSTRA DO RESULTADO
DO CONFRONTO QUE OS YANOMAMIS VÊM ENFRENTANDO DESDE QUE
O GOVERNO PASSADO ATÉ FACILITOU A INVASÃO DE CERCA DE 45 MIL
HOMENS MOVIDOS PELA GANÂNCIA DE GRANDES GANHOS COM O OURO
DESSAS TERRAS HABITADAS POR MENOS DE 10 MIL PESSOAS QUE VIVEM
HÁ SÉCULOS EM HARMONIA COM O MEIO AMBIENTE.
(Revista Isto é nº 1.155, 13/11/91, pág. 38.)
EXERCÍCIO Nº 19
Leia os textos abaixo, limitando-se a apenas uma parada ocular por
frase.
Por mais enrugada |
E bombardeada que |
esteja, a Copacabana |
velha de guerra ainda |
tem seu charme, é envolvente |
nos segredos e mistérios de sua |
geografia, tem arsenal de |
irresistível sedução. |
(Revista de Domingo, out/91, pág. 19.)
Segundo uma antiga lenda, |
a primeira mulher de Adão |
não foi Eva, mas uma deusa |
chamada Lilith – monstro da |
noite, para os hebreus – que |
brigou com Deus e por isso |
foi transformada em demônio. |
(Revista Superinteressante, n.º 8, ago/88, pág. 77.)
Aurora polar é um fenômeno |
luminoso das camadas mais |
altas da atmosfera (de 400 |
a 800 quilômetros, que pode |
ser observado nas proximidades
dos pólos). No pólo norte |
chama-se aurora boreal e, |
no sul, austral. A aurora |
acontece quando as partículas |
elétricas (fótons e elétrons) |
provenientes do Sol chegam |
às vizinhanças da Terra e |
são atraídas pelo campo |
magnético em direção
aos pólos.
(Revista Superinteressante, n.º 8, ago/88, pág. 16.)
3 – COMO RESUMIR
Todo estudante, mas de modo especial o de curso superior, é
solicitado freqüentemente a resumir textos e obras, ora como atividade inerente
ao próprio estudo, ora como trabalho marcado pelos próprios professores.
No capítulo sobre a leitura, em vários momentos fiz referência à
atitude ativa e produtiva diante do texto, e foi especificamente enfatizada a
importância da “caça da idéia principal e dos detalhes importantes”.
3.1 – Dificuldades em resumir
A experiência de vários anos de magistério tem-me mostrado que
muitos estudantes se queixam de que não sabem ou têm real dificuldade em
resumir e encontrar a idéia principal e os detalhes importantes de um texto.
São estas as principais fontes de dificuldade do estudante:
3.2 – Dificuldades inerentes ao próprio tipo de personalidade do
estudante
Há vários decênios, a psicologia tem se dedicado ao estudo das
diferenças individuais; entre estas as de inteligência ou estilos cognitivos das
pessoas. Alguns psicólogo, investigando o problema, falam em dois tipos
gerais de estilo cognitivo, facilmente identificáveis: os niveladores (que têm
mais facilidade em constatar a semelhança entre as coisas, em sistematizar,
em distribuir elementos em grupos comuns) e os aguçadores (que têm mais
facilidade em encontrar as diferenças entre as coisas, em analisar).
Acontece, porém, que a maioria ou grande parte dos estudantes que
se queixam da dificuldade em resumir pertence a uma categoria em que a
aptidão para encontrar as semelhanças e a aptidão para encontrar as
diferenças se fundem numa espécie de terceiro tipo misto, provocando certa
ansiedade na hora de decidir pelo que é fundamental, integrante ou acessório
num texto. O inseguro, em situação dessa natureza, geralmente age assim: na
impossibilidade de discernir entre o principal e o secundário, transcreve tudo.
Adota o mecanismo da pseudoprevenção: “Antes tudo do que nada”.
Serão aqui apontadas algumas indicações e técnicas que
demandam treinamento. É preciso tentar, experimentar e ser perseverante, por
um tempo razoável, em sua prática, para julgar a eficácia do método.
3.2 – Dificuldades provenientes do próprio texto
Às vezes um texto é de difícil síntese, por causa de seu conteúdo ou
do estilo do autor.
Aqui é preciso começar a agir tentando responder à pergunta
fundamental: Por que não estou entendendo bem este texto? Falta de base?
Problema de vocabulário? Falta de relacionamento do assunto com outros?
O estudante que não resolve o problema da compreensão, antes de
tentar resumir o texto, provavelmente cometerá o mesmo tipo de erro há pouco
lembrado: transcrever tudo, porque não entendeu ou, então, pular todo o trecho
que não compreendeu.
3.3 – Como encontrar a idéia principal
No capítulo sobre leitura, ficou bem claro que toda leitura-estudo
deve ser feita com um propósito determinado. O estudante que tem o hábito de
ler sem um propósito determinado assenta-se e simplesmente lê; ao término
diz: “Pronto, já li.” Assim o faz com todas as matérias, no mesmo ritmo de
leitura, e reage da mesma maneira diante de qualquer assunto. Tal estudante
tem muito que aprender, pois este não é o modo correto de agir.
Um propósito inicial pode ser o de ter idéia do assunto. Outro pode
ser o de tirar a essência ou o mais importante do que se vai ler.
3.4.1 – Comecemos pelo parágrafo.
Um parágrafo contém, geralmente, uma só idéia principal. Esta é a
definição de parágrafo. O autores o sabem e normalmente o praticam.
A título de ilustração, suponhamos o seguinte parágrafo:
Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento há um
outro argumento, a propósito do qual, ao longo dos séculos, se acumula uma
literatura tão ampla quão pouco esclarecedora. Refiro-me ao argumento do
“livre-arbítrio”: não podemos formular leis relativas ao comportamento
humano, porque os seres humanos são livres para escolher a maneira como
irão agir. Reluto em dar atenção mínima a essa discussão fútil, mas a
omissão completa poderia ser, suponho eu, chocante; creio que o argumento
é de importância especialmente para as ciências do comportamento, que
deveriam examiná-lo do ponto de vista psicológico e sociológico para saber
porque é tão persistentemente apresentado e porque merece acolhida tão
firme.
Segundo as indicações acima e não sendo nosso propósito analisar
o autor, mas apreender o que ele diz, extrairíamos assim a idéia principal:
Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento, há o
argumento do livre arbítrio: não podemos formular leis de comportamento
humano; os homens são livres para escolher. O argumento merece exame
dos pontos de vista psicológico e sociológico.
3.1.2 –Vejamos agora quando se trata de encontrar a idéia em algo
mais que um parágrafo: num capítulo, numa seção, na obra.
A primeira coisa a se fazer neste caso é o exame inicial antes da
leitura. Isto se faz percorrendo, com o propósito de informação, toda a obra,
através de seu índice, das partes, dos capítulos, atentando para os títulos e
subtítulos e procurando captar o esboço ou plano seguido pelo autor.
Devemos pressupor, portanto, a existência de um plano e seu
desenvolvimento.
Ora, todo o desenvolvimento lógico, redigido, se faz através de
proposições. Numa proposição, há essencialmente dois elementos: o sujeito e
o predicado.
O sujeito funciona como:
o elemento “causa” do fenômeno;
a variável independente nos experimentos;
as condições determinantes do fenômeno expresso através dos fatos;
produtor, quando além dele há outras “causas”: condições necessárias
suficientes, contingentes, contribuintes, alternativas;
termo de uma correlação.
O predicado funciona como:
determinação ou atributo do sujeito;
definidor;
conseqüência, “efeito”;
produto;
variável dependente;
elemento correlato.
3.5 – Como encontrar detalhes importantes
À medida que se indicam técnicas de localização da idéia principal,
se hão de apontar, também, as de localização dos detalhes importantes. A
idéia principal e os detalhes importantes estão em estreita relação formando
juntos uma estrutura.
Um detalhe importante é a base da idéia principal.
“A idéia expressa em termos concretos.”
O autor costuma frisar, através de sua linguagem e do espaço
reservado, o que é importante para sua idéia principal.
A atitude objetiva do leitor que se propõe localizar o detalhe
importante é perguntar-se diante de um trecho: Trata-se apenas de um
exemplo? Não será parte importante da prova? É uma prova a mais?
3.6 – A técnica de sublinhar
Julga-se que o hábito de sublinhar caracteriza o “bom leitor”. Há um
engano grande aqui.
Muita gente, desde o momento em que começa a ler, começa,
também, a sublinhar o que pensa ser importante. Isso não significa saber ler,
nem estudar, nem agir bem em função do propósito de captar a idéia principal
e os detalhes importantes do texto para resumi-lo.
É um procedimento arbitrário de seleção de passagens, sem
nenhum fundamento para julgar realmente o que é mais importante.
O sublinhar tem seu valor, mas a partir de um propósito formulado,
dentro de um plano prévio, no tempo oportuno.
É preciso, em primeiro lugar, examinar o capítulo e formular
perguntas sobre ele, procurando responder a elas à medida que se lê.
Nesta fase é preferível não sublinhar. Se achou que idéias
importantes, detalhes de valor, foram localizados, coloque à margem um sinal
convencional: “x”, “*”, “(.)”, “I” etc.
Depois de terminada a leitura do texto inteiro (capítulo, seção, etc.),
volte a ler, buscando a idéia principal, os detalhes importantes, os termos
técnicos, as definições, as classificações, as provas. Isso é o que deve ser
sublinhado.
Nesta segunda leitura, não sublinhe as orações. Só os termos
essenciais. Habitue-se a sublinhar depois que releu um ou dois parágrafos,
para o devido confronto. Voltando, pense exatamente o que irá sublinhar. Use,
como guia, os sinais colocados à margem. Agora será até possível mudar de
opinião e selecionar com critério mais seguro.
Mas deve-se agir de tal forma que, relendo o que foi sublinhado, se
consiga estrutura sintética e significativa do todo lido.
3.7 – A técnica do esquema
Para a maioria das matérias que estudamos, o mais indicado é
tomar nota em forma de esquemas e resumos. Por várias razões, entre elas:
1) A técnica do esquema e do resumo nos obriga a participar mais
ativamente da aprendizagem, proporcionando-nos a captação da idéia
principal, dos detalhes importantes, das definições, classificações e termos
técnicos. Ajuda-nos, por conseguinte, assimilar a matéria.
2) Através do esquema e do resumo temos mais facilidade e eficácia
no ato de repassar, sobretudo em situações de exame e comunicação em
público.
3)– Um esquema, para que seja realmente útil, deve Ter as
seguintes características
a) Fidelidade ao texto original;
b) Estrutura lógica do assunto;
c) Adequação do assunto estudado e funcionalidade.
d) Utilidade de seu emprego: conseqüência da característica anterior: o
esquema deve ajudar e não atrapalhar;
e) Cunho pessoal: cada um faz o esquema de acordo com suas tendências,
hábitos, recursos e experiências pessoais.
3.8 – Indicações práticas para elaboração de esquemas
a) Captar a estrutura da exposição do autor, quer se trate de um livro, de uma
seção, de um capítulo.
b) Colocar os títulos mais gerais numa margem e os subtítulos e divisões nas
colunas subseqüentes e assim sucessivamente, caminhando da esquerda
para a direita.
c) Adotar o sistema de chaves, colchetes, colunas, para separar divisões
sucessivas.
d) Utilizar o sistema de numeração progressiva (1, 1.1, 1.2, 1.2.1, 2, 2.1 etc.)
ou convencionar o uso de algarismos romanos, letras maiúsculas,
minúsculas, números, etc., para indicar as divisões e subdivisões
sucessivas.
e) Usar alguns símbolos convencionais e convencionar abreviaturas para
poupar tempo e facilitar a captação rápida das idéias.
3.8.1 – Exemplificação de esquemas
Os exemplos aqui apresentados estão colocados em fichas, pois
neste manual recomenda-se muito ao estudante adotar o uso de fichas e do
fichário como recurso técnico de documentação pessoal.
ESQUEMA
SALOMON, D.V. – Como fazer uma monografia, cap.3, 1ª. parte.
Características de um esquema útil
1) Flexibilidade: o esquema é que deve adaptar-se à realidade e não esta ao
esquema
2) Fidelidade ao original: esquematizar não é deturpar, mas sintetizar
3) Estrutura lógica do assunto: organiza-se pelo esquema a relação da idéia
importante e seu desenvolvimento
4) Adequação ao assunto estudado: o mesmo que funcionalidade
5) Utilidade de emprego: o esquema tem por objetivo auxiliar a captação do
conjunto e servir para comunicar algo
6) Cunho pessoal: o esquema traduz atitudes e modo de agir de cada um –
varia de pessoa para pessoa
OBSERVAÇÃO
GOODE, W. e HATT, P – Métodos em pesquisa social. São Paulo, Herder,
1968, cap. 10.
SELLTIZ, C.; JAHODA, M; DEUTSCH, M; COOK, S. – Métodos de pesquisa
nas relações sociais. São Paulo, Herder, 1967, cap. 6.
Quadro comparativo
GOODE E HATT (cap.10) JAHODA (cap.6)
Simples
O autor aponta meios
participante
Assimétrica
não-participante
Sistemática = controlada
Tanto para a assistemática como
para a sistemática o autor se
Não-controlada Participante
Não participante
Observação
auxiliares na simples.
Sistemática e controlada
Acrescenta
“controles” do
observador e do
observado.
detém nestes tópicos:
- conteúdo da observação
- registro de observações
- aumento da precisão
(exatidão)
- relação entre o observador e
o observado
PREDICADO
COHEN, M. e NAGEL, E. – Introducción a la lógica y al método científico (2ª v.:
Lógica aplicada y método científico). Buenos Aires, Amorrortu, 1968, cap. XII,
p. 65.
Divisão dicotômica de Aristóteles
Predicado
convertível no
sujeito
não-convertível no
sujeito
definição
Não é uma definição,
é uma propriedade
É um elemento da
definição
Não é um elemento
da definição, é um
acidente
gênero
não é o gênero, é
uma diferença
EXEMPLO DE FLUXOGRAMA DE PROGRAMAÇÃO PARA COMPUTADOR
(Trecho do fluxograma intitulado “Esquema de planejamento e avaliação para
um projeto não-experimental de pesquisa sociológica”. In: SCHRADER, Achim
– Introdução à pesquisa social empírica. Tradução de Manfredo Berger. Porto
Alegre, Globo, 1974, p. 7.)
Não
Colocado
o
problema
Examine interesses de
colocar o problema
Protocolo
O problema é
formulável
provisoriamente?
Problema ainda não
pode ser investigado
Relatório
Examine conhecimento
sociológico correspondente
Fichário de
citações
fim
Bibliografia
Sim
Sim
Não
...
O fluxograma segue a técnica de planejamento de rede PERT, em que os
retângulos indicam a ação a empreender; os losangos, as decisões a tomar
(contém sempre preposições interrogativas); os elipsóides e outros símbolos,
os resultados das decisões; os círculos, a colocação do problema – início e fim
do programa.
ARCO DE DISTORÇÃO EM COMUNICAÇÕES
1- conteúdo da comunicação pensado pelo transmissor
2- conteúdo transmitido
3- conteúdo transmitido pensado
A B...
A = B = C = D = E = F
A
C
3
B
2
D
4
E
5
F
6
a
b
c
Transmissor
Receptor
1
4- conteúdo recebido
5- conteúdo recebido pensado
6- conteúdo retransmitido
Comunicação perfeita:
Arco de distorção:
As setas indica momentos em que se pode corrigir o arco de distorção.
FASES DE UMA PESQUISA PURA (não-aplicada) EM CIÊNCIAS SOCIAIS
QUADRO TEÓRICO
Observação de
uniformidade empírica
Imaginação criadora
(Intuição)
Planejamento
teórico e
administrativo
Pesquisa
exploratória
PROBLEMA
HIPÓTESE
Confirmação
ou não da
hipótese
ANÁLISE
DOS DADOS
Estastísticas
De
conteúdo
Técnicas de
observação
Mensuração
COLETA
DE
DADOS
Escolha da
amostra
Definições
Classificações
Especificação
de variáveis
3.9 – Como fazer resumo
Há ocasiões em que não basta, nem convém, o simples esquema.
Torna-se indicado o resumo. Pretendemos o apanhado do que lemos e até
uma interpretação...
1) Utilize as mesmas técnicas que foram apresentadas quando da
captação da idéia principal, dos detalhes importantes, das técnicas de sublinhar
e de fazer esquemas. Não deixe de recorrer também à “análise de texto” vista
no capítulo anterior.
2) A técnica mais importante na elaboração do resumo é apontar as
idéias mais importantes, enquanto se lê.
3) Não resuma antes que tenha tirado notas do conteúdo. Reveja
essas notas que funcionarão como guias, quando, então, passar-se-á a
escrever uma série de parágrafos, resumindo o capítulo.
4) Ao redigir o resumo, use frases curtas e diretas. Evite referências
extensas.
5) É interessante e bastante útil que o estudante se acostume a ler
os resumos de livros (readers, recensões, abstracts), que se encontram nas
revistas e publicações especializadas.
4 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste
em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes. Para tal,
analisemos uma situação histórica, que pode servir de exemplo.
Desde a Antigüidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo
iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da
semeadura , a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as
providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas
daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem
também conhecimento que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo
local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas:
duas cultivadas e uma terceira em “repouso”, alternando-as de ano para ano,
nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. Hoje,
a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de
defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos
daninhos.
Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro,
vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para
geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência
pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição
do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas,
do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, científico, é transmitido por
intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo
racional, conduzido por meio de conhecimentos científicos.
4.1 – Correlação entre conhecimento popular e científico
O que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os
“instrumentos do conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma
quantidade “X” de água e que, se não a receber de forma “natural”, deve ser
irrigada por ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por
isso, científico.
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à
verdade.
b) Um mesmo objeto ou fenômeno – uma planta, um mineral, uma
comunidade ou as relações entre chefes e subordinados – pode
ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o
homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e
outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como
manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais
ou sociais), verificamos que tanto o “bom senso” quanto a Ciência almejam ser
racionais e objetivos: “são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e
procuram adaptar-se aos fatos em vez de permitir-se especulações sem
controle (objetividade)” Por esse motivo é que o senso comum, ou o “bom
senso”, não pode não pode conseguir mais que uma objetividade limitada,
assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à
percepção e à ação.
4.2 Características do Conhecimento Popular
“Se o „bom senso‟, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade,
só consegue atingir essa condição de forma muito limitada, é o saber que preenche
nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação
de um método e sem se haver refletido sobre algo”
O conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:
Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode
comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases
como “porque o vi”, “porque o senti”, ”porque o disseram”, “porque todo
mundo o diz”;
Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da
vida diária;
Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e
conhecimentos, tanto os que se adquire por vivência própria quanto os “por
ouvir dizer”;
Assistemático, pois esta “organização” de experiências não visa a uma
sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de
validá-las;
Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses
conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
4.3 Os Quatro Tipos de Conhecimento
As características dos quatro tipos de conhecimento:
Conhecimento Popular Conhecimento Científico
Valorativo Real (factual)
Reflexivo Contingente
Assistemático Sistemático
Verificável Verificável
Falível Falível
Inexato Aproximadamente exato
Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico)
Valorativo Valorativo
Racional Inspiracional
Sistemático Sistemático
Não verificável Não verificável
Infalível Infalível
Exato Exato
4.3.1 – Conhecimento Popular
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se
fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimos e
emoções:
Como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é,
de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é
possuído de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o
objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade
com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica
de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências
próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na
procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados,
aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de
conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz
respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e
inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a
respeito do objeto.
4.3.2 CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida
consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: “as
hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento
emerge da experiência e não da experimentação”, por este motivo, o
conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses
filosóficas não podem ser confirmados ou refutados. É racional, em virtude de
consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a
característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma
representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la
na sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da
realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento
capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses,
não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).
4.3.3 Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas
que contém proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo
sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas
infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas
evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante
um conhecimento revelado.
4.3.4 Conhecimento Científico
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida
com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se
manifesta de algum modo”. É sistemático, já que se trata de um saber
ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não
conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da
verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser
comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em
conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por
este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o
desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
4.3 Conceito De Ciência
Diversos autores tentaram definir o que se entende por Ciência. Os
conceitos mais comuns, mas, a nosso ver, incompletos, são os seguintes:
“Acumulação de conhecimentos sistemáticos”
“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais
e suas aplicações práticas.
“Caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável
e, por conseguinte, falível.”
“Conhecimento certo do real pelas suas causas.”
“Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o
regem, obtido através da investigação, pelo raciocínio e pela
experimentação intensiva.”
“Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente
demonstradas e relacionadas com objeto determinado.”
“Corpo de conhecimentos consistindo em percepções, experiências, fatos
certos e seguros.”
“Estudo de problemas solúveis, mediante método científico.”
“Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo.”
4.4.1 Conceito de Ander-Egg
“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou
prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem
referência a objetos de uma mesma natureza.”
Conhecimento racional;
Certo ou provável;
Obtidos metodicamente;
Sistematizadores;
Verificáveis;
Relativos a objetos de uma mesma natureza.
4.4.2 Conceito de Trujillio
“A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais,
dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser
submetido a verificação.”
4.4.3 Natureza da Ciência
Duas dimensões devem ser explicitadas quando se trata de analisar
a natureza da ciência, mas que se apresentam inseparáveis:
a) a compreensiva (contextual ou de conteúdo);
b) a metodológica (operacional). Esta abrange aspectos lógicos e
técnicos.
A logicidade da ciência manifesta-se através de
procedimentos e operações intelectuais que:
a) possibilitam a observação racional e controlam os fatos;
b) permitem a interpretação e a explicação adequada dos
fenômenos;
c) contribuem para a verificação dos fenômenos, positivados pela
experimentação ou pela observação;
d) fundamentam os princípios da generalização ou o
estabelecimento dos princípios e das leis (Trujillo, 1974:9)
4.4.4 Componentes da Ciência
As ciências possuem:
a) Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir a característica
comum ou a leis gerais que regem determinado eventos.
b) Função. Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de
conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.
c) Objeto. Subdividido em
material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar
ou verificar, de modo geral;
formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que
possuem o mesmo objeto material.
4.5 CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DA CIÊNCIA
4.5.1 Classificação de Comte
CIÊNCIAS
MATEMÁTICAS
Teóricas: Aritmética, Geometria, Álgebra
Aplicadas: Mecânica Racional, Astronomia
FÍSICO-QUÍMICAS
Física, Química, Mineralogia, Geologia, Geografia
Física
BIOLÓGICAS
Botânica, Zoologia, Antropologia
MORAIS
Psicológicas Psicologia, Lógica, Estética, Moral
Históricas História, Geografia Humana,
Arqueologia
Sociais e Políticas Sociologia, Direito,
Economia, Política
METAFÍSICAS Cosmologia Racional, Psicologia Racional, Teologia
Racional
4.5.2 Classificação de Carnap
a) formais, que contêm apenas enunciados analíticos, isto é, cuja
verdade depende unicamente do significado de seus termos ou
de sua estrutura lógica;
b) factuais, que além dos enunciados analíticos, contêm sobretudo
os sintéticos, aqueles cuja verdade depende não só do
significado de seus termos, mas igualmente dos fatos a que se
refere.
4.5.3 Classificação de Bunge
Mário Bunge, partindo da mesma divisão em relação às ciências,
apresenta a seguinte classificação (1976:41):
1.3.5 Classificação de Wundt
Por sua vez, Wundt indica a classificação que se segue:
CIÊNCIAS
FORMAIS Matemática
REAIS
CIÊNCIAS
DA
NATUREZA
Fenomenológicos: Química, Física, Fisiologia
Genéticas: Cosmologia, Geologia,
Embriologia, Filogênese
Sistemáticas: Mineralogia, Zoologia, Botânica
CIÊNCIAS
DO
ESPÍRITO
Fenomenológica: Psicologia
Genética: História
Sistemáticas: Direito, Economia, Política
4.5.5 Classificação Adotada
CIÊNCIA
FORMAL
FACTUAL
Lógica Matemática
NATURAL
CULTURAL
Física
Química
Biologia e outras
Psicologia Social
Sociologia
Economia
Ciência Política
História Material
História das artes
Das classificações vistas, percebe-se que não há um consenso entre
os autores, nem sequer quando se trata da diferença entre ciências e ramos de
estudo: o que para alguns é ciência, para outros ainda permanece como ramo
de estudo e vice-versa.
Baseando-nos em Bunge, apresentamos a seguinte
classificação das ciências:
5 CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIAS FACTUAIS
Assim, o conhecimento científico, no âmbito das ciências factuais,
caracteriza-se por ser:
5.1 O Conhecimento Científico é Racional
a) é constituído por conceitos, juízos e raciocínios e não por
sensações, imagens, modelos de conduta etc.
CIÊNCIAS
FORMAIS
FACTUAIS
Lógica Matemática
NATURAIS
SOCIAIS
Física
Química
Biologia e outras
Antropologia Cultural
Direito
Economia
Política
Psicologia Social
Sociologia
b) permite que as idéias que o compõem possam combinar-se
segundo um conjunto de regras lógicas, com a finalidade de
produzir novas idéias (inferência dedutiva).
c) Contém idéias que se organizam em sistemas.
5.2 O Conhecimento Científico é Objetivo
O conhecimento científico é objetivo à medida que:
a) procura concordar com seu objeto, isto é, busca alcançar a
verdade factual por intermédio dos meios de observação,
investigação e experimentação existentes;
b) verifica a adequação das idéias (hipóteses) aos fatos,
recorrendo, para tal, à observação e à experimentação,
atividades que são controláveis e, até certo ponto, reproduzíveis.
5.3 O Conhecimento Científico é Factual
Considera-se conhecimento científico factual aquele que:
a) parte dos fatos e sempre volta a eles. Às vezes entendemos por
“fatos” certos elementos que discernimos na percepção sensorial.
b) capta ou recolhe os fatos, da mesma forma como se produzem
ou se apresentam na natureza ou na sociedade, segundo
quadros conceituais ou esquemas de referência.
c) parte dos fatos, pode interferir neles, mas sempre retorna a eles.
d) utiliza, como matéria-prima da ciência, os “dados empíricos”, isto
é, enunciados factuais confirmados, obtidos com ajuda de teorias
ou quadros conceituais e que realimentam a teoria.
5.4 O Conhecimento Científico é Transcedente aos Fatos
Diz-se que o conhecimento científico transcende os fatos quando:
a) descarta fatos, produz novos fatos e os explica.
b) seleciona os fatos considerados relevantes, controla-os e,
sempre que possível, os reproduz.
c) não se contenta em descrever as experiências, mas sintetiza e
compara-os com o que já se conhece sobre outros fatos.
d) leva o conhecimento além dos fatos observados, inferindo o que
pode haver por trás deles.
5.5 O Conhecimento Científico é Analítico
O conhecimento científico é considerado analítico em virtude
de:
a) ao abordar um fato, processo, situação ou fenômeno, decompor
o todo em suas partes componentes.
b) serem parciais os problemas da Ciência e, em conseqüência,
também suas soluções.
c) o procedimento científico de “análise” conduzir à síntese.
5.6 O Conhecimento Científico é Claro e Preciso
Diz-se que o conhecimento científico requer clareza e exatidão, pois:
a) ao contrário do conhecimento vulgar e popular o cientista
esforça-se, ao máximo, para ser exato e claro;
b) os problemas, na Ciência, devem ser formulados com clareza;
c) o cientista, como ponto de partida, utiliza noções simples que, ao
longo do estudo, complica, modifica e, repele;
d) para evitar ambigüidades na utilização de conceitos, a Ciência os
define, mantendo a fidelidade dos termos ao longo do trabalho
científico;
e) ao criar uma linguagem artificial, inventando sinais (palavras,
símbolos etc.), a eles atribui significados determinados por
intermédio de “regras de resignação”.
5.7 O Conhecimento Científico é Comunicável
O conhecimento científico é comunicável à medida que:
a) a sua linguagem deve poder informar a todos os seres humanos
que tenham sido instruídos para poder entendê-la;
b) deve ser formulado de tal forma que outros investigadores possa
verificar seus dados e hipóteses;
c) deve ser considerado como propriedade de toda a humanidade.
5.8 O Conhecimento Científico é Verificável
O conhecimento científico é considerado verificável em virtude
de:
a) ser aceito como válido, quando passa pela prova da experiência
(ciência factuais) ou da demonstração (ciências formais);
b) o “teste” das hipóteses factuais ser “empírico”, isto é,
observacional ou experimental;
c) uma das regras do método científico ser o preceito de que as
hipóteses científicas devem ser aprovadas ou refutadas mediante
a prova da experiência.
5.9 O Conhecimento Científico é Dependente de Investigação
Metódica
Diz-se que o conhecimento científico depende de investigação
metódica, já que o mesmo:
a) é planejado;
b) baseia-se em conhecimento anterior, particularmente em
hipóteses já confirmadas;
c) obedece a um método preestabelecido, que determina, no
processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em
etapas claramente definidas.
5.10 O Conhecimento Científico é Sistemático
O conhecimento científico é sistemático porque:
a) é constituído por um sistema de idéias, logicamente
correlacionadas;
b) o inter-relacionamento das idéias, que compõem o corpo de uma
teoria;
c) contém: “1) sistemas de referência; 2) teorias e hipóteses; 3)
fontes de informações; 4) quadros que explicam as propriedades
relacionais;
5.11 O Conhecimento Científico é Acumulativo
O conhecimento científico caracteriza-se por acumulativo à medida
que:
a) seu desenvolvimento é uma conseqüência de um contínuo
selecionar de conhecimentos significativos e operacionais;
b) novos conhecimentos podem substituir os antigos, quando estes
se revelam disfuncionais ou ultrapassados;
c) o aparecimento de novos conhecimentos, no seu processo de
adição aos já existentes, pode Ter como resultado a criação ou
apreensão de novas situações, condições ou realidades.
5.12 O Conhecimento Científico é Falível
O conhecimento científico é considerado falível, pois:
a) não é definitivo, absoluto ou final;
b) a própria racionalidade da ciência permite que, além da
acumulação gradual de resultados, o processo científico também
se efetue por “revoluções”.
5.13 O Conhecimento Científico é Geral
Considera-se o conhecimento científico como geral em decorrência
de:
a) situar os fatos singulares em modelos gerais, os enunciados
particulares em esquemas amplos. Portanto, inexiste ciência do
particular;
b) procurar, na variedade e unicidade, a uniformidade e a
generalidade;
c) a descoberta de leis ou princípios gerais permitir a elaboração de
modelos ou sistemas mais amplos.
5.14 O Conhecimento Científico é Explicativo
O conhecimento científico é explicativo, em virtude de:
a) ter como finalidade explicar os fatos em termos de leis e as leis
em termos de princípios;
b) além de inquirir como são as coisas, intenta responder ao
porquê;
c) apresentar as seguintes características, típicas de explicação:
aspecto pragmático;
aspecto semântico;
aspecto sintático;
aspecto ontológico;
aspecto epistemológico;
aspecto genético;
aspecto psicológico.
ASPECTO ONTOLÓGICO ASPECTO ENTOMOLÓGICO
(Responde à questão “Por que
q?”)
Explicans (aquilo que se procura – desconhecido)
dedução
Formulação de
hipóteses
(Responde à questão “Que razões existem para aceitar q?”)
Explicandum
(fato conhecido – q)
5.15 O Conhecimento Científico é Preditivo
Diz-se que o conhecimento científico pode fazer predições em
virtude de:
a) baseando-se na investigação dos fatos, assim como no acúmulo
das experiências, a ciência atuar no plano previsível;
b) fundamentado-se em leis já estabelecidas e em informações
fidedignas sobre o estado ou o relacionamento das coisas, seres
ou fenômenos, poder, através da indução probabilística, prever
ocorrências.
5.16 O Conhecimento Científico é Aberto
O conhecimento científico é considerado aberto, pois:
a) não conhece barreira que, a priori, limitem o conhecimento.
b) a Ciência não é um sistema dogmático e cerrado, mas
controvertido e aberto;
c) dependendo dos instrumentos de investigações disponíveis e
dos conhecimentos acumulados, até certo ponto está ligado às
circunstância de sua época.
5.17 O Conhecimento Científico é Útil
Considera-se o conhecimento científico útil em decorrência de:
a) sua objetividade, pois, na busca da verdade, cria ferramentas de
observação e experimentação que lhe conferem um
conhecimento adequado das coisas;
b) manter, a Ciência, uma conexão com a tecnologia
.
6. MÉTODOS CIENTÍFICOS
6.1 Conceito De Método
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos
científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam
esses métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a
utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não
há ciência sem o emprego de métodos científicos.
Entre os vários conceitos de métodos, podemos citar:
Método é o “caminho pelo qual se chega a determinado
resultado”;
“Método é a forma de selecionar técnicas, forma de avaliar
alternativas para ação científica...”
“Método é a forma de proceder ao longo de um caminho”;
“Método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos
necessários para atingir um fim dado ou resultado desejado”;
“Método é o conjunto coerente de procedimentos racionais ou
prático-racionais que orienta o pensamento para serem
alcançados conhecimentos válidos”;
“Método é um procedimento regular, explícito e passível de ser
repetido para conseguir-se alguma coisa”;
Método científico é “um conjunto de procedimentos, por
intermédio dos quais a) se propõe os problemas científicos e b)
colocam-se à prova as hipóteses científicas”;
“A característica distintiva do método é a de ajudar a
compreender, no sentido mais amplo, não os resultados da
investigação científica.
6.2 Desenvolvimento Histórico Do Método
A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem
desde os primórdios da humanidade, quando as duas principais questões
referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê viviam os homens, e à morte.
Os conhecimento mítico voltou-se a explicação desses fenômenos, atribuindo-
os a entidades de caráter sobrenatural. A verdade era impregnada de noções
supra-humanas e a explicação fundamentava-se em motivações humanas,
atribuídas a “forças” e potências sobrenaturais.
6.2.1 O Método de Galileu Galilei
O primeiro a tratar do assunto, no âmbito do conhecimento científico,
foi Galileu, primeiro teórico do método experimental. Discordando dos
seguidores do filósofo Aristóteles, considera que o conhecimento da essência
íntima das substâncias individuais deve ser substituído, como objetivo das
investigações, pelo conhecimento da lei que preside os fenômenos.
Os principais passos de seu método podem ser assim
expostos:
a) observação dos fenômenos;
b) análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a
finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles;
c) indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a
análise da relação desses elementos constitutivos dos
fenômenos;
d) verificação das hipóteses aventadas por intermédio de
experiências (experimento);
e) generalização do resultado das experiências para casos
similares;
f) confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir dela, leis gerais.
6.2.2 O Método de Francis Bacon
Contemporâneo de Galileu, Francis Bacon, em sua obra Novum
Organum, critica também Aristóteles, por considerar que o processo de
abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições,
denominadas premissas, delas retira uma terceira, nelas logicamente
implicada, chamada conclusão) não propiciam um conhecimento completo do
universo. Quanto ao conhecimento religioso assinala em que se deve crer, mas
não faculta a compreensão da natureza das coisas em que se crê: a razão do
conhecimento filosófico, por seu lado, não tem condições de distinguir o
verdadeiro do falso.
Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a
verdade dos fatos, deve seguir os seguintes passos:
a) experimentação;
b) formulação de hipóteses;
c) repetição;
d) testagem das hipóteses;
e) formulação de generalizações e leis.
Segundo Lahr, as regras que Bacon sugeriu para a experimentação
podem ser assim sintetizadas:
alargar a experiência;
variar a experiência;
inverter a experiência;
recorrer aos casos da experiência.
Com a finalidade de anotar corretamente as fases da
experimentação, Bacon sugere manter três tábuas:
tábua de presença – nesta, anotam-se todas as circunstâncias em
que produz o fenômeno cuja causa se procura;
tábua de ausência – em que se anotam todos os casos em que o
fenômeno não se produz. Deve-se tomar o cuidado de anotar
também tanto os antecedentes quanto os ausentes;
tábuas dos graus – na qual se anotam todos os casos em que o
fenômeno varia de intensidade, assim como todos os
antecedentes que variam com ele.
6.2.3 O Método de Descartes
Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo século, surge Descartes.
Com sua obra, Discurso sobre o método, afasta-se dos processos indutivos,
originando o método dedutivo.
Postula quatro regras:
a) a da evidência – “não acolher jamais como verdadeira uma coisa
que não se reconheça evidentemente como tal”;
b) a da análise;
c) a da síntese – “conduzir ordenadamente os pensamentos,
principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de
conhecer;
d) a da enumeração – “realizar sempre enumerações tão cuidadas
e revisões tão gerais que se possa Ter certeza de nada haver
omitido”.
6.3 Método Indutivo
6.3.1 Caracterização
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de
dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos
argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo
do que o das premissas nas quais se basearam.
“Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se
pode dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira”.
Exemplos: O corvo 1 é negro.
O corvo 2 é negro.
O corvo 3 é negro.
-------------------------
(todo) corvo é negro.
Cobre conduz energia.
Zinco conduz energia.
Cobalto conduz energia.
Ora, cobre, zinco e cobalto são metais.
-----------------------------
Logo, (todo) metal conduz energia.
6.4 Método Dedutivo
6.4.1 Argumentos Dedutivos e Indutivos
Dois exemplos servem para ilustrar a diferença entre argumentos
dedutivos e indutivos.
Dedutivo:
Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
----------------------------------------------
Logo, todos os cães têm um coração.
Indutivo:
Todos os cães que foram observados tinham um coração.
-----------------------------------------------------------------------------
Logo, todos os cães têm coração.
Segundo Salmon, as duas características básicas que distinguem os
argumentos dedutivos dos indutivos são:
DEDUTIVOS INDUTIVOS
I. Se todas as premissas são
verdadeiras, a conclusão deve
ser verdadeira.
I. Se todas as premissas são
verdadeiras, a conclusão é
provavelmente verdadeira, mas
não necessariamente
verdadeira.
II. Toda informação ou conteúdo II. A conclusão encerra
factual da conclusão já estava,
pelo menos implicitamente, nas
premissas.
informação que não estava,
nem implicitamente, nas
premissas.
Características I. No argumento dedutivo, para que a conclusão
“todos os cães têm coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam
de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os
mamíferos têm um coração.
Características II. Quando a conclusão do argumento dedutivo
afirma que todos os cães têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na
verdade, já tinha sido dita nas premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor,
não diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira se as premissas o
forem.
6.5 Método Hipotético-Dedutivo
6.5.1 Considerações Gerais
Os aspectos relevantes dos métodos indutivos e dedutivos são
divergentes: o primeiro parte da observação de alguns fenômenos de
determinada classe para “todos” daquela mesma classe, ao passo que o
segundo parte das generalizações aceitas, do todo, das leis abrangentes, para
casos concretos, partes da classe que já se encontram na generalização.
6.5.2 Etapas do Método Hipotético-Dedutivo Segundo Popper
O esquema apresentado por Popper no item anterior poderá ser
expresso da seguinte maneira:
Portanto, Popper defende estes elementos no processo
investigatório:
EXPECTATIVAS ou
CONHECIMENTO PRÉVIO
PROBLEMA
CONJECTURAS
FALSEAMENTO
1) problema, que surge, em geral, de conflitos frente a expectativas
e teorias existentes;
2) solução proposta consistindo numa conjectura (nova teoria);
dedução de conseqüências na forma de proposições passíveis
de teste;
3) testes de falseamento: tentativas de refutação, entre outros
meios, pela observação experimentação.
Se a hipótese não supera os testes, estará falseada, refutada, e
exige nova reformulação do problema e da hipótese, que, se superar os testes
rigorosos, estará corroborada, confirmada provisoriamente, não definitivamente
como querem os indutivistas.
6.6 Método Dialético
6.6.1 Histórico
Na Grécia antiga, o conceito de dialética era equivalente ao de
diálogo, passando depois a referir-se, ainda dentro do diálogo, a uma
argumentação que fazia clara distinção dos conceitos envolvidos na discussão.
Como Heráclito de Éfeso (aproximadamente 540-480 a.C.), toma
nova feição, englobando o conceito de “mudança”, a partir da constatação de
que é por meio do conflito que tudo se altera. Em um fragmento de sua obra,
que chegou até nós, ele dá um exemplo famoso dessa constante modificação
das coisas: um homem nunca pode tomar banho duas vezes no mesmo rio,
pois no termo que permeia entre uma ação e a outra tanto o rio como o homem
já se modificaram. Heráclito chegava a negar, em sua argumentação, a
existência de qualquer estabilidade nos seres.
Outro pensador da mesma época, Parmênides, diverge de Heráclito,
afirmando que a essência profunda do ser era imutável, sendo superficial à
mudança. Com essa linha de pensamento, Parmênides opõe a metafísica à
dialética, prevalecendo a primeira.
Em resumo, Hegel é dialético, mas subordina a dialética ao espírito.
Segundo Thalheimer, a dialética passa por quatro fases:
a) a dos filósofos jônicos, cujo principal representante é Heráclito,
desenvolvendo a dialética da sucessão;
b) a de Aristóteles, dialética da coexistência; esta fase está em
contradição com a primeira, da qual é a negação;
c) a de Hegel, que reuniu as duas, elevando-as a uma fase
superior, ao mesmo tempo que desenvolvia a dialética da
sucessão e a da coexistência, de forma idealista; portanto,
dialética histórica idealista;
d) a de Marx e Engels, denominada dialética materialista. Nesta, a
importância primeira é dada à matéria: o pensamento e o
universo estão em perpétua mudança, mas não são as
mudanças das idéias que determinam a das coisas. “São, pelo
contrário, estas que nos dão aquelas e as idéias modificam-se
porque as coisas se modificam”
6.6.2 As Leis da Dialética
Quanto à denominação e à ordem de apresentação, estas também
variam. Numa tentativa de unificação, diríamos que as quatro leis fundamentais
são:
a) ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;
b) mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;
c) passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
d) interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos
contrários.
6.7 MÉTODOS ESPECÍFICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
6.7.1 O Método e os Métodos
Uma citação de Schopenhauer, feita por Madaleine Grawitz, pode
servir de introdução para a questão espinhosa do que são “método” e
“métodos”. Diz o autor: “dessa forma, a tarefa não é contemplar o que ninguém
ainda contemplou, mas meditar, como ninguém ainda meditou, sobre o que
todo mundo tem diante dos olhos”.
Tomada ao pé da letra é uma colocação injusta sobre o tópico em
questão, pois a maioria dos autores faz distinção entre “método” e “métodos”;
porém, se de um lado a diferença ainda não ficou clara, de outro, continua-se
utilizando o termo “método” para tudo – método e métodos – apesar de se
situarem em níveis claramente distintos, no que se refere à sua inspiração
filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos
explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da investigação e
ao momento em que se situam.
Como uma contribuição às tentativas de fazer distinção entre os
termos, diríamos que o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla,
em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da
sociedade. Assim teríamos, em primeiro lugar, o método de abordagem, assim
discriminado:
a) método indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha
geralmente para planos cada vez mais abrangentes;
b) método dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria
das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares
(conexão descendente);
c) método hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de
uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula
hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a
predição da ocorrência;
d) método dialético – que penetra o mundo dos fenômenos através
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e
da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
6.7.2 Método Histórico
“Promovido por Boas. Partindo do princípio de que as atuais formas
de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, é
importante pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e função.
Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e
instituições do passado para verificar usa influência na sociedade de hoje.”
6.7.3 Método Comparativo
Empregado por Tylor. Considerando que o estudo das semelhanças
e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para
uma melhor compreensão do comportamento humano, este método realiza
comparação com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências.
6.7.4 Método Monográfico
“Criado por Le Play, que o empregou ao estudar famílias operárias
na Europa. Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de
todos os casos semelhantes, o método monográfico consiste no estudo de
determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou
comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve
examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram e
analisando-o em todos os seus aspectos.
6.7.5 Método Estatísticos
“Planejado por Quetelet. Os processos estatísticos permitem obter,
de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas
verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico
significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a
termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as
relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza,
ocorrência ou significado.
6.7.6 Método Tipológico
“Habilmente empregado por Max Weber. Apresenta certas
semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais
complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de
análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo
ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para análise e
compreensão de casos concretos, realmente existentes. Weber, através da
classificação e comparação de diversos tipos de cidades, determinou as
características essenciais da cidade; da mesma maneira, pesquisou as
diferentes formas de capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do
capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de organização,
apresentou o tipo ideal de organização burocrática.
6.7.7 Método Funcionalista
“Utilizado por Malinowski. É, a rigor, mais um método de
interpretação do que de investigação. Levando-se em consideração que a
sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas
e interdependentes, satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida
social, e que as partes são mais bem entendidas compreendendo as funções
que desempenham no todo, o método funcionalista estuda a sociedade do
ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema
organizado de atividades”.
7 FATOS, LEIS E TEORIA
7.1 Teoria E Fatos
O senso comum tende a considerar o fato como realidade, isto é,
verdadeiro, definitivo, inquestionável e auto-evidente. Da mesma forma,
imagina teoria como especulação, ou seja, idéias não comprovadas que, uma
vez submetidas à verificação, se se revelarem verdadeiras, passam a constituir
fatos e, até, leis.
Sob o aspecto científico, entretanto, se fato é considerado um
observação empiricamente verificada, a teoria se refere a relações entre fatos
ou, em outras palavras, à ordenação significativa desses fatos, consistindo em
conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras,
teoremas, axiomas etc.
Dessa forma, conclui-se que:
a) teoria e fato não são diametralmente opostos, mas
inextrincavelmente inter-relacionados, consistindo em
elementos de um mesmo objetivo – a procura da verdade –,
sendo indispensáveis à abordagem científica;
b) teoria não é especulação, mas um conjunto de princípios
fundamentais;
c) ambos, teoria e fato, são objetos de interesse dos cientistas;
d) o desenvolvimento da ciência pode ser considerado como uma
inter-relação constante entre teoria e fato.
7.1.1 Papel da Teoria em Relação aos Fatos
7.1.1.1 Orienta Os Objetos Da Ciência
A teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos
a serem estudados – quantidade de dados que podem ser estudados em
determinada área da realidade é infinita.
7.1.1.2 Oferece Um Sistema De Conceitos
A teoria serve como sistema de conceptualização e de classificação
dos fatos – um fato não é somente uma observação prática ao acaso, mas
também uma afirmativa empiricamente verificada sobre o fenômeno em pauta:
dessa forma, engloba tanto as observações científicas quanto um quadro de
referência teórico conhecido, no qual essas observações se enquadram. Para
Barbosa Filho, a teoria, como sistema de conceptualização e de classificação
dos fatos, tem as seguintes funções:
a) representar os fatos, emitindo sua verdadeira concepção.
b) Fornecer um universo vocabular científico, próprio de cada
ciência, facilitando a compreensão dos fenômenos e a
comunicação entre os cientistas.
c) Expressar uma relação entre fatos estudados.
d) Classificar e sistematizar os fenômenos, acontecimentos,
aspectos e objetos da realidade.
e) Resumir a explicação dos fenômenos, expressando sua
concepção e correlação.
7.1.1.3 Resume O Conhecimento
A teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o
objeto de estudo, através das generalizações empíricas e das inter-relações
entre afirmações comprovadas – sumariar sucintamente o que já se sabe sobre
o objeto de estudo é outra das tarefas ou papéis da teoria.
7.1.1.4 Prevê Fatos
A teoria serve para, baseando-se em fatos e relações conhecidos,
prever novos fatos e relações – a teoria torna-se um meio de prever fatos, pois
resume os fatos já observados e estabelece uma uniformidade geral que
ultrapassa as observações imediatas.
7.1.1.5 Indica Lacunas No Conhecimento
A teoria serve par indicar os fatos e as relações que ainda não estão
satisfatoriamente explicados e as áreas da realidade que demandam pesquisas
– é exatamente pelo fato de a teoria resumir os fatos e também prever fatos
ainda não observados que se tem a possibilidade de indicar áreas não
exploradas, da mesma forma que fatos e relações até então insatisfatoriamente
explicados.
7.1.2 Papel dos Fatos em Relação à Teoria
Desde que se conclui que o desenvolvimento da ciência pode ser
considerado como uma inter-relação constante entre teoria e fato, e desde que
verificamos as diferentes formas pelas quais a teoria desempenha um papel
ativo na explicação dos fatos, resta-nos verificar de que maneira os fatos
podem exercer função significativa na construção e desenvolvimento da teoria.
7.1.2.1 O Fato Inicia A Teoria
Um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova
teoria. Ao longo da história, podemos tomar conhecimento de indivíduos que
observaram e, a seguir, descreveram fatos, muitas vezes encontrados ao
acaso e, com isso, produziram teorias importantes.
7.1.2.2 O Fato Reformula E Rejeita Teorias
Os fatos podem provocar a rejeição ou a reformulação de teorias já
existentes. Havendo a possibilidade de, para incluir um grupo específico de
observações, serem formuladas várias teorias, concluímos que os fatos não
determinam completamente a teoria; entretanto, entre teoria e fatos, estes são
os mais resistentes, pois qualquer teoria deve ajustar-se aos fatos.
7.1.2.3 O Fato Redefine E Esclarece Teorias
Os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida,
no sentido de que se afirmam em pormenores o que a teoria afirma em termos
bem mais gerais.
7.1.2.4 O Fato Clarifica Os Conceitos Contidos Nas Teorias
Os fatos, descobertos e analisados pela pesquisa empírica, exercem
pressão para esclarecer conceitos contidos nas teorias, pois uma das
exigências fundamentais da pesquisa é a de que os conceitos (ou variáveis)
com que lida sejam definidos com suficiente clareza para permitir o seu
prosseguimento.
7.2 Teoria E Leis
Duas são as principais funções de uma lei específica:
a) Resumir grande quantidade de fatos.
b) Permitir prever novos fatos, pois, se um fato ou fenômeno “se enquadra”
em uma lei, ele se comportará conforme o estabelecido pela lei.
7.2.1 Abordagem de Graduação
Assim, a palavra “lei” comporta duas acepções: uma regularidade e
um enunciado que pretenda descrevê-la (portanto, “um enunciado de lei”). Uma
lei científica é geralmente formulada do seguinte modo: “Sempre que tiver a
propriedade A, então terá a propriedade B.” Dessa forma, a lei pode afirmar
que tudo que tiver “A” também tem “B”. Exemplo: toda barra de ouro tem um
ponto de fusão de 1.063º. Este tipo de lei descreve uma regularidade de
coexistência, isto é, um padrão de coisas. Mas a lei também pode afirmar que
sempre que uma coisa, tendo “A”, se encontra em determinada relação com
outra coisa de certa espécie, esta última tem “B”. Exemplo: sempre que uma
pedra é jogada na água, produzirá na superfície da mesma uma série de ondas
concêntricas que se expandem de igual forma do centro à periferia. Portanto,
este segundo tipo de lei descreve uma regularidade de sucessão, ou seja, um
padrão nos eventos.
7.2.2 Abordagem Qualitativa
Assim, os fundamentos da distinção entre leis experimentais e
teorias apontam as seguintes características:
a) A lei experimental possuir, invariavelmente, um conteúdo
empírico determinado que, em princípio, pode sempre ser
controlado por elementos observacionais obtidos através desses
procedimentos.
b) A possibilidade, derivada da característica anterior, de propor e
afirmar uma lei experimental, como generalização indutiva
baseada nas relações que se patenteiam nos dados observados.
c) Formular-se uma lei experimental, sem exceção, por intermédio
de um só enunciado, ao passo que a teoria se constitui, quase
sem exceção, de um sistema de vários enunciados, vinculados
entre si.
7.4 Teoria: Definições
“A teoria se refere as relações entre fatos, ou à ordenação significativa
desses fatos”
“Uma teoria é um conjunto de „constructos‟ (conceitos) inter-relacionados,
definições e proposições, que apresenta uma concepção sistemática dos
fenômenos mediante a especificação de relação entre variáveis, com o
propósito de explicá-los e predizê-los”
“A teoria é um meio para interpretar, criticar e unificar leis estabelecidas,
modificando-as para se adequarem a dados não previstos quando de sua
formulação e para orientar a tarefa de descobrir generalizações novas e
mais amplas”
“A teoria é um sistema de proposições ou hipóteses que têm sido
constatadas como válidas (ou plausíveis) e sustentáveis”
Uma teoria consiste de um jogo de hipóteses que formam um sistema
dedutivo: isto é, que está disposto de tal maneira que, de acordo com
algumas das hipóteses como premissas, todas as outras hipóteses se
sucederam logicamente. As proposições em um sistema dedutivo como
dispostas na ordem de nível superior aquelas que ocorrem apenas como
premissas no sistema; e as de nível inferior, aquelas que ocorrem apenas
como conclusões no sistema; e as que ocupam os graus intermediários, as
que ocorrem como conclusões ou deduções, segundo as hipóteses de grau
superior, e que servem de premissas para deduções de hipóteses de grau
inferior”
1) “Diz-se que uma hipótese é sustentável se está confirmada,
e se denomina proposição;
2) Diz-se que uma hipótese é válida se é deduzivel, e se
denomina um teorema;
3) Um sistema de hipóteses sustentáveis se denomina indutivo;
4) Um sistema de hipóteses válidas se denomina dedutivo;
5) Um sistema indutivo-dedutivo (hipotético-dedutivo) ou
TEORIA CIENTÍFICA é um sistema em que algumas
hipóteses válidas são sustentáveis e (quase) nenhuma é não
sustentável;
6) Uma hipótese descreve um fenômeno se o fenômeno
confirma a hipótese (uma hipótese de baixo nível „descreve‟);
7) Uma TEORIA explica um fenômeno se implica um hipótese
que descreve o fenômeno (uma hipótese de alto nível
„explica‟)” .
7.5 Desideratos Da Teoria Científica Ou Sintomas De Verdade
7.5.1 Requisitos sintáticos
7.5.1.1 Correção Sintática
“As proposições da teoria devem ser bem formadas e mutuamente
coerentes, se é que devem ser processadas com a ajuda da lógica, se é que a
teoria deve ser significativa e se é que deve referir-se a um domínio definido de
fatos.”
7.5.1.2 Sistematicidade Ou Unidade Conceitual
“A teoria deve ser um sistema conceitual unificado (isto é, seus
conceitos devem „permanecer unidos‟) se é que se pretende chamá-la de teoria
em geral; e se é que deve enfrentar como um todo teste empíricos e teóricos
(conceptuais) – isto é, se é que o teste de qualquer de suas partes deve ser
relevante para o resto da teoria.”
7.5.2 Requisitos Semânticos
7.5.2.1 Exatidão Lingüística
“A ambigüidade, imprecisão e obscuridade dos termos específicos
têm de ser mínimas, a fim de assegurar a interpretabilidade empírica e a
aplicabilidade da teoria.”
7.5.2.2 Interpretabilidade Empírica
“Deve ser possível derivar das assunções da teoria – em conjunção
com bits de informações específicas – proposições que poderiam ser
comparadas às proposições observacionais, de modo a decidir a conformidade
da teoria com o fato.”
7.5.2.3 Representatividade
“É desejável que a teoria represente, ou melhor, reconstrua eventos
reais e processos e não os descreva simplesmente e preveja seus efeitos
macroscópicos observáveis”; em outras palavras, “para que uma teoria seja
representacional, é suficiente assumir que alguns de seus predicados básicos
representam traços de entidades efetivas reais ou fundamentais – não
meramente externos”.
7.5.2.4 Simplicidade Semântica
“É desejável, até certo ponto, economizar pressuposições; neste
sentido, juízos empíricos podem ser feitos e testados sem pressupor a
totalidade da ciência.”
7.5.3 Requisitos Epistemológicos
7.5.3.1 Coerência Externa
“A teoria deve ser coerente com a massa de conhecimento
aceito, se é que deve encontrar apoio em algo mais do que apenas seus
exemplos, se é que deve ser considerada como um acréscimo ao
conhecimento e não como um corpo estranho.”
7.5.3.2 Poder Explanatório
“A teoria deve resolver os problemas propostos pela explicação dos
fatos e pelas generalizações empíricas, se existirem, de um dado domínio e
precisa fazê-lo da maneira mais exata possível.” Sinteticamente, “Poder
explanatório = Alcance X Precisão”.
7.5.3.3 Poder De Previsão
O poder de previsão pode ser analisado na soma da capacidade de
prever uma classe desconhecida de fatos, e o poder de prognosticar „efeitos
novos‟, isto é, fatos de uma espécie não esperada em teorias alternativas. O
primeiro pode ser chamado de poder de prognosticar, o segundo de poder
serendípico.” (Termo cunhado por Walpole e que tem o significado de “acidente
feliz”.) Sintetizando, “poder de previsão = velho alcance + novo alcance;
previsão = poder de prognóstico + poder serendípico”.
7.5.3.4 Profundidade
“É desejável, mas de modo algum necessário, que as teorias
expliquem coisas essenciais e cheguem fundo na estrutura de nível da
realidade. Nenhuma teoria científica é apenas um sumário de observações, se
não por outro motivo, pelo menos devido ao fato de que cada generalização
implica uma „aposta‟ sobre fatos afins não observados.”
7.5.3.5 Extensibilidade
“Possibilidade de expansão para abranger novos domínios.”
7.5.3.6 Fertilidade
“A teoria deve estar habilitada para guiar nova pesquisa e sugerir
novas idéias, experimentos e problemas no mesmo campo ou em campos
aliados. No caso de teorias adequadas, a fertilidade justapõe-se à
extensibilidade e ao poder serendípico.”
7.5.3.7 Originalidade
“É desejável que a teoria seja novas em sistemas rivais. Teorias
feitas de „porções‟ de teorias existentes ou fortemente semelhantes a sistemas
disponíveis ou carentes de novos conceitos são inevitáveis e podem ser
seguras a ponto de serem desinteressantes.”
7.5.4 Requisitos Metodológicos
7.5.4.1 Escrutabilidade
“Não só os predicados que apareçam na teoria devem ser abertos à
investigação empírica e ao método autocorretivo da ciência, mas é preciso
também que os pressupostos metodológicos da teoria sejam controláveis.”
7.5.4.2 Refutabilidade Ou Verificabilidade
“Deve ser possível imaginar casos ou circunstâncias que constituem
uma teoria devem prestar-se (no todo ou em parte) à verificação empírica. Do
contrário, não seria possível planejar testes genuínos e poder-se-ia considerar
a teoria como logicamente verdadeira, isto é, como verdadeira, haja o que
houver – portanto, como empiricamente vazia.”
7.5.4.4 Simplicidade Metodológica
“É preciso que seja tecnicamente possível submeter a teoria (partes
dela) a provas empíricas.”
8 - HIPÓTESES
8.1 Hipóteses: Definições
Diversos autores procuraram conceituar hipótese, apresentando
suas principais características. Selecionamos algumas definições para análise.
8.2.1 Definições
“Hipótese é uma proposição enunciada para responder tentativamente a um
problema”
“A hipótese de trabalho é a resposta hipotética a um problema para cuja
solução se realiza toda investigação”
Chama-se „enunciado de hipóteses‟ a fase do método de pesquisa que vem
depois da formulação do problema.
“A hipótese é uma proposição antecipadora à comprovação de uma
realidade existencial.
“A hipótese é uma tentativa de explicação mediante uma suposição ou
conjetura verossímil, destinada a ser provada pela comprovação dos fatos.”
“Hipótese é qualquer suposição provisória, com cuja ajuda nos propomos a
explicar fatos, descobrindo seu ordenamento”.
“Hipóteses são exteriorizações conjeturais sobre as relações entre dois
fenômenos”.
“Uma hipótese é um conjunto de variáveis inter-relacionais”.
“Uma hipótese é um enunciado conjetural das relações entre duas ou mais
variáveis”.
“Uma hipótese é uma proposição, condição ou princípio, que é aceito –
provisoriamente – para obter suas conseqüências lógicas e, por intermédio
de um método, comprovar seu acordo com os fatos conhecidos ou com
aqueles que podem ser determinados”
“Os vários fatos em uma teoria podem ser logicamente analisados e outras
relações podem ser deduzidas além daquelas estabelecidas na teoria.
8.2 TEMA, PROBLEMA E HIPÓTESE
Constituindo-se a hipótese uma suposta, provável e provisória
resposta a um problema, cuja adequação (comprovação = sustentabilidade ou
validez) será verificada através da pesquisa, interessa-nos o que é e como se
formula um problema.
8.2.1 Tema e Problema
O tema de uma pesquisa é o assunto que se deseja provar ou
desenvolver; “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar
com precisão, para intentar, em seguida, seu exame, avaliação crítica e
solução. Determinar com precisão significa enunciar um problema, isto é,
determinar o objetivo central da indagação.
“Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara,
compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e
que poderemos resolver, limitando seu campo e apresentando suas
características. Desta forma, o objetivo de formulação do problema da pesquisa
é torná-lo individualizado, específico, inconfundível”
Exemplos: - tema – “O perfil da mãe que deixa o filho recém-nascido
para adoção”; problema – “Quais condições exercem mais influência na
decisão das mães em dar o filho recém nascido para adoção?”; problema –
“Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar o filho
recém nascido para adoção?”; tema – “A necessidade da informação
ocupacional na escolha da profissão”; problema – “A Orientação Profissional
dada, no curso de 2º Grau, influi na segurança (certeza) em relação à escolha
do curso universitário?”; tema – “A família carente e sua influência na origem
da marginalização social”; problema – “O grau de organização interna da
família carente influi na conduta (marginalização do menor)?”.
O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma
clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma
pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos. Kerlinger
considera que o problema se constitui em uma pergunta científica quando
explicita a relação de dois ou mais fenômenos (fatos, variáveis) entre si,
“adequando-se a uma investigação matemática, controlada, empírica e crítica”.
Conclui-se disso que perguntas retóricas, especulativas e afirmativas
(valorativas) não são perguntas científicas.
Schrader enumera algumas questões que devem ser formuladas
para verificar a validade científica de um problema:
a) Pode um problema ser enunciado em forma de pergunta?
b) Corresponde a interesses pessoais, sociais e científicos, isto é,
de conteúdo e metodológicos? Estes interesses estão
harmonizados?
c) Constitui-se o problema em questão científica, ou seja relaciona
entre si pelo menos dois fenômenos (fatos, variáveis)?
d) Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?
e) Pode ser empiricamente verificado em suas conseqüências?
8.2.2 Problema e Hipótese
Uma vez formulado o problema, com a certeza de ser
cientificamente válido, propõe-se uma resposta “suposta, provável e
provisória”, isto é, uma hipótese. Ambos, problemas e hipóteses, são
enunciados de relações entre variáveis (fatos, fenômenos); a diferença reside
em que o problema constitui sentença interrogativa e a hipótese, sentença
afirmativa.
Exemplos: problema – Quais condições exercem mais influência na
decisão das mães em dar o filho recém nascido para adoção?”; hipótese – “As
condições que representam fatores formadores de atitudes exercem maior
influência na decisão das mães em dar o filho recém-nascido para adoção do
que as condições que representam fatores biológicos e sócio-econômicos”;
problema – “A constante migração de grupos familiares carentes influencia em
sua organização interna?”; hipótese – “Se elevado índice de migração de
grupos familiares carentes, então elevado grau de desorganização familiar”.
8.6 CARACTERÍSTICAS DAS HIPÓTESES
Vários autores indicaram as características ou os critérios com os
quais as hipóteses devem conformar-se para serem consideradas
cientificamente aceitáveis.
8.6.1 Características
Para Bunge, a hipóteses devem Ter:
Consistência lógica;
Compatibilidade com o corpo de conhecimentos científicos;
Capacidade de serem submetidas à verificação.
Cervo e Bervian, indicam que a hipótese;
Não deve contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada;
Deve ser simples;
Deve ser sugerida e verificável pelos fatos.
Segundo Nérici, a hipótese deve ser:
Necessária;
Possível;
Verificável.
Na concepção de Hempel, as hipóteses precisam ter:
Apoio teórico;
Verificabilidade;
Simplicidade;
Relevância explanatória.
Souza et alii consideram que as hipóteses devem apresentar:
Relevância;
Possibilidade de confirmação;
Compatibilidade com hipóteses anteriormente confirmadas;
Poder preditivo e/ou explicativo.
De acordo com Grawitz , a hipótese cientificamente válida deve:
Ser verificável;
Abranger conceitos comunicáveis;
Expressar fatos reais;
Ser específica;
Estar em conformidade com o conteúdo atual da ciência.
Tanto Trujillo quanto Goode e Hatt, postulam que as hipóteses
devem:
Ser conceptuamente claras;
Ter referências empíricas;
Ser específicas;
Estar relacionadas com as técnicas disponíveis;
Estar relacionadas com uma teoria.
São características essenciais da hipótese, para Rudio:
Plausibilidade;
Consistência interna e externa;
Especificidade;
Verificabilidade;
Clareza;
Simplicidade;
Economia nos enunciados;
Capacidade de explicar o problema.
9 PESQUISA
9.1 Conceitos E Finalidades
9.1.1 Conceitos
Segundo Asti Vera, o "significado da palavra não parece ser muito
claro ou, pelo menos, não é unívoco". Para ele o ponto de partida para
pesquisa encontra-se no "problema que se devera definir, examinar, avaliar,
analisar criticamente, para depois ser tentada uma solução".
De acordo como Webster`s Internacional Dictionary, a pesquisa é
uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e
princípios; uma diligente busca para averiguar algo. pesquisa não é apenas
procurar a verdade; é encontrar respostas para as questões propostas,
utilizando métodos científicos.
Ander-Egg vai além: para ele, pesquisa é um "procedimento
reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou
dados, relação ou leis, em qualquer campo do conhecimento". A pesquisa
portanto é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que
requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para se conhecer a
realidade ou para descobrir verdades parciais.
A pesquisa tem para Rummel, dois significados: em sentido amplo,
engloba todas as investigações especializadas e completas; em sentido
restrito, abrange os vários tipos de estudos e de investigações mais
aprofundados.
Abramo aponta a existência de dois princípios gerais, válidos na
investigação cientifica e que podem ser assim sintetizados: "objetividade e
sistematização de informações fragmentadas"
A pesquisa tem importância fundamental no campo das ciências
sociais, principalmente na obtenção de soluções para problemas coletivos.
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende seis
passos
1. Seleção do tópico ou problema para a investigação.
2. Definição e diferenciação do problema.
3. Levantamento de hipótese de trabalho.
4. Coleta, sistematização e classificação dos dados.
5. Análise e interpretação dos dados.
6. Relatório do resultado da pesquisa.
9. 2 FINALIADADES
A finalidade da pesquisa é "descobrir respostas para as questões,
mediante a aplicação de métodos científicos", afirmam Selltiz et alii. Estes
métodos, mesmo, que as vezes, não obtenham respostas fidedignas, são os
únicos que podem oferecer resultados satisfatório ou de total êxito.
Para Trujillo, a pesquisa tem como objetivo "tentar conhecer e
explicar os fenômenos no mundo existencial", ou seja, como essas fenômenos
operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efetuadas, por que
e como se realizam, e até que ponto podem sofrer influências ou ser
controladas.
São duas finalidades da pesquisa, para Bunge: "acumulação e
compreensão" dos fatos levantados. Esse levantamento de dados se faz
através da hipótese precisas, formuladas e aplicadas sob a forma de respostas
às questões (problema da pesquisa).
A pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma
interrogação. Dessa maneira, ela vai responder às necessidades de
conhecimento de certo problema ou fenômeno. Várias hipóteses são
levantadas e a pesquisa pode invalidar ou confirmar as mesmas.
São duas também de pesquisa , apontado por Trujillo:
1. Pura. Quando melhora o conhecimento, pois permite o
desenvolvimento da metodologia, na obtenção de diagnósticos e estudos cada
vez mais aprimorados problemas ou fenômenos.
Exemplo: teoria da relatividade.
2. Prática. Quando elas são aplicadas com determinado objetivo
prático. Exemplo: aplicação da energia nuclear.
Selltiz et alii expõem quatro finalidades da pesquisa:
1. Familiaridades. Em relação a certo fenômeno ou em obtenção de
novos esclarecimentos sobre ele, visando ao desenvolvimento de hipóteses ou
à formulação de um problema preciso.
2. Exatidão. Na representação das características grupais,
individuais ou de situações.
3. Freqüência. De um fenômeno ou de determinado tipo de
relações.
4. Análise. De hipóteses casuais.
9.2.1 Características, Campos E Tipos De Pesquisa
9.2.1 Características
9.2.1.1 Procedimento Sistematizado
É aquele por meio do qual novos conhecimentos são coletados, de
fontes primárias ou de primeira mão. A pesquisa não é apenas confirmação ou
reorganização de dados já conhecidos ou escritos nem a mera elaboração de
idéias; ela exige comprovação e verificação. Dá ênfase ao descobrimento de
princípios gerais, transcende as situações particulares e utiliza procedimento
de amostragem, para inferir na totalidade ou conjunto da população.
9.2.1.2 Exploração Técnica, Sistemática e Exata
O investigador, baseando-se em conhecimentos teóricos anteriores,
planeja cuidadosamente o método a ser utilizado, formula problemas e
hipóteses, registra sistematicamente os dados e os analisa com a maior
exatidão possível. Para efetuar a coleta de dados, utiliza instrumentos
adequados, emprega todos os mecânicos possíveis a fim de obter maior
exatidão na observação humana, no registro e na comprovação de dados.
9.2.1.3 Pesquisa Lógica e Objetiva
Deve utilizar todas provas possíveis para o controle dos dados
coletados e dos procedimentos emproados. O investigador não se pode deixar
envolver pelo problema; deve olha-lo objetivamente, sem emoção não deve
tentar persuadir, justificar ou buscar somente os dados que confirmem suas
hipóteses, mas comprovar, o que é mais importante do que justificar.
9.2.1.4 Organização Quantitativa dos Dado
Os dados devem ser, quanto possível, expressos com medidas
numéricas. O pesquisador deve ser paciente e não Ter pressa, pois as
descobertas significativas resultam de procedimentos cuidadosos e não
apressados.
9.2.1.5 Relato e Registro Meticulosos e Detalhados da
Pesquisa
A metodologia deve ser indicada assim como as referências
bibliográficas, a terminologia.
Cuidadosamente definida, os fatores limitativos apontados e todos
os outros resultados registrados com a maior objetividade.
9.2.2 Campo da Pesquisa Social
A pesquisa social é um processo que utiliza metodologia científica,
através da qual se pode obter novos conhecimentos no campo da realidade
social. O American Journal of Sociology publicou um esquema organizador
pela Sociedade Americana de Sociologia, indicando o campo que a pesquisa
social abrange (Ander-Egg, 1978:30) :
1. Natureza e personalidade humanas.
2. Povos e grupos culturais.
3. A família.
4. Organização social e instituição social.
5. População e grupos territoriais:
a) demografia e população;
b) ecologia.
6. A comunidade rural.
7. A conduta coletiva:
a) periódica;
b) recreação, comemorações; festivais.
8. Grupos antagônicos e associativos.
a) Sociologia da religião;
b) sociologia da educação;
c) tribunais e legislação;
d) mudança social e evolução social.
9. Problemas sociais, patologia social e adaptações sociais:
a) pobreza e dependência;
b) crime e delinqüência;
c) saúde;
d) enfermidade;
e) higiene.
10.Teoria e métodos:
a) estudos de casos individuais;
b) teoria sociológica e histórica.
9.2.3 Tipos de Pesquisa
Ander-Egg (1978:33) apresenta dois tipos:
a) Pesquisa básica, pura ou fundamental. É aquela que procura o
progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos, sem a
preocupação de utiliza-los na prática.
b) Pesquisa aplicada. Como o próprio nome indica, caracteriza-se
por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados
ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem
na realidade.
Best (1972:12-13), além dessas duas classificações - fundamental e
aplicada - acrescenta mais três:
a) Histórica. "Descreve-se o que era" - o processo enfoca quatro
aspectos: investigação, registro, análise e interpretação de fatos ocorridos no
passado, para, através de generalização, compreender o presente e predizer o
futuro.
b) Descritiva. "Delineia o que é" - aborda também quatro aspectos:
descrição, registro , análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o
seu funcionamento no presente.
c) Experimental. "Descreve o que será" - quando há controle sobre
determinados fatores; a importância encontra-se nas relações de causas e
efeitos.
Hymann (1967:107-108) indica dois tipos:
a) Descritiva. Simples descrição de um fenômeno.
b) Experimental. Levantamentos explicativos, avaliativos e
interpretativos.
Rummel (1972:3) apresenta quatro divisões:
a) Pesquisa bibliográfica.
b) Pesquisa de ciência da vida e ciência física.
c) Pesquisa social.
d) Pesquisa tecnológica ou aplicada.
Abramo, apresentado aqui de forma bem simplificada:
1. Segundo o campo de atividade humana ou os setores do
conhecimento:
a) monodisciplinares;
b) multidisciplinares;
c) interdisciplinares.
2. Segundo a utilização dos resultados:
a) pura, básica ou fundamental;
b) aplicada.
3. Segundo os processos de estudo:
a) estrutural;
b) histórico;
c) comparativo;
d) funcionalista;
e) estatístico;
f) monográfico.
4. Segundo a natureza dos dados:
a) pesquisa de dados objetivos ou de fatos;
b) pesquisa subjetiva ou de opiniões de e atitudes.
5. Segundo a procedência dos dados:
a) de dados primários;
b) de dados secundários.
6. Segundo o grau de generalização dos resultados:
a) censitária;
b) por amostragem (não probabilista ou aleatória).
7. Segundo a extensão do campo de estudo:
a) levantamentos, sondagens, surveys etc.;
b) pesquisa monográficas ou de profundidade.
8. Segundo as técnicas e os instrumentos observação:
a) observação direta;
b) observação indireta.
9. Segundo os métodos de análise:
a) construção de tipos;
b) construção de modelos;
c) tipologias e classificações.
10. Segundo o nível de interpretação:
a) pesquisa identificativa;
b) pesquisa descritiva;
c) pesquisa mensurativa;
d) pesquisa explicativa.
10 - PLANEJAMENTO DA PESQUISA
Preparação da pesquisa
1. Decisão.
2. Especificação dos objetivos.
3. Elaboração de um esquema.
4. Constituição da equipe de trabalho.
5. Levantamento de recursos e cronograma.
Fases da pesquisa
1. Escolha do tema.
2. Levantamento de dados.
3. Formulação do problema.
4. Definição dos termos.
5. Construção de hipóteses.
6. Indicação de variáveis.
7. Delimitação da pesquisa.
8. Amostragem.
9. Seleção de métodos.
10. Organização do instrumental de observação.
11. Teste dos instrumentos e procedimentos.
Execução da pesquisa
1. Coleta de dados.
2. Elaboração dos dados.
3. Análise e interpretação dos dados.
4. Representação dos dados.
5. Conclusões.
Relatório de pesquisa
10.1 Preparação da pesquisa.
10.1.1 Decisão
É a primeira etapa de uma pesquisa, o momento em que o
pesquisador toma a decisão de realizá-la, no interesse próprio, de alguém ou
de alguma entidade, como, por exemplo, o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
10.1.2 Especificação De Objetivos
Toda pesquisa deve Ter um objetivo determinado para saber o que
se vai procurar e o que se pretende alcançar. Deve partir, afirma Ander-Egg,
"de um objetivo limitado e claramente definido sejam estudos formulativos,
descritivos ou de verificação de hipóteses".
10.1.3 Elaboração De Um Esquema
Desde que se tenha tomado a decisão de realizar uma pesquisa,
deve-se pensar na elaboração de um esquema que poderá ser ou não
modificado e que facilite a sua viabilidade.
10.1.4 Constituição Da Equipe De Trabalho
Esse é outro aspecto importante no inicio da pesquisa: engloba
recrutamento e treinamento de pessoas, distribuição das tarefas ou funções,
indicações de locais de trabalho e todo o equipamento ao pesquisador.
10.1.5 Levantamento De Recursos E Cronograma
Quando a pesquisa é solicitada por alguém ou por uma entidade,
que vai patrociná-la, o pesquisador deverá fazer uma previsão de gastos a
serem feitos durante a mesma, especificando cada um deles.
10.2 Fases da Pesquisa
10.2.1 Escolha Do Tema
Tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar.
Escolher o tema significa:
a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as
possibilidades, as aptidões e as tendências de que se propõe a elaborar um
trabalho científico.
b) encontrar um objetivo que mereça ser investigado
cientificamente e tenha condições de ser formulado e delimitado em função da
pesquisa.
O assunto escolhido deve ser exeqüível e adequado em termos
tanto dos fatores externos e internos ou pessoais.
Responde à pergunta o que será explorado?
10.2.2 Levantamentos De Dados
Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos:
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos.
10.2.3 Formulação Do Problema
Problema é uma dificuldade, teórica ou prática no conhecimento de
alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução.
Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e
exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, decisão e
objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da
hipótese central.
A gravidade de um problema depende da importância dos objetivos
e da eficácia das alternativas.
"A caracterização do problema define e identifica o assunto em
estudo", ou seja, "um problema muito abrangente torna a pesquisa mais
complexa"; quando "bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir
a investigação".
O problema antes de ser considerado apropriado, deve ser
analisado sob o aspecto de sua valoração:
a) Viabilidade. Pode ser eficazmente resolvido através da pesquisa.
b) Relevância. Deve ser capaz de trazer conhecimentos novos.
c) Novidade. Estar adequado ao estádio atual de evolução cientifica.
d) Exequilibidade. Pode chegar a uma conclusão válida.
e) Oportunidade. Atender a interesses particulares e gerais.
10.2.4 Definição Dos Termos
O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros,
compreensivos e adequados.
É importante definir todos os termos que possam dar margem a
interpretação errôneas. O uso de termos apropriados, de definições carretas,
contribui para a melhor compreensão da realidade observada.
Há dois tipos de definições:
a) Simples. Quando apenas traduzem o significado do termo ou da
expressão menos conhecida.
b) Operacional. Quando , além do significado, ajuda, com
exemplos, na compreensão do conceito, tornando clara a experiência do
mundo extencional.
10.2.5 Construção De Hipóteses
Hipótese é um proposição que se faz na tentativa de verificar a
validade de resposta existente para um problema. Correta ou errada, de acordo
ou contrária ao senso- comum, a hipótese sempre conduz a uma verificação
empírica.
A função da hipótese é propor explicações para certos fatos e ao
mesmo tempo orientar a busca de outras informações.
A clareza da definição dos termos é condição de importância
fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.
Praticamente não há regras para formulação de hipóteses, mas é
necessário que haja embasamento teórico de um jeito que ela possa servir de
guia na tarefa da investigação.
Entre tanto, a utilização de uma hipótese é necessária para que se
tenha resultados úteis, ou seja, atinja níveis de interpretações mais altos.
10.2.6 Indicação De Variáveis
Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita a indicação
das variáveis. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma
operacional.
10.2.7 Delimitação Da Pesquisa
Significa estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode
ser limitada em relação:
a) ao assunto selecionado um tópico, a fim de que se torne muito
extenso ou muito complexo;
b) à extensão porque nem sempre pode abranger todo o âmbito
onde o fato se desenrola;
c) a uma série de fatores meios humanos, econômicos de
exiguidade de prazo que podem restringir o seu campo de ação.
Ander-Egg (1978:67) apresenta três níveis de limites, quanto:
a) ao objeto que consiste na escolha de maior ou menor número
de variáveis que intervêm no fenômeno a ser estudado.
b) ao campo de investigação abrange dois aspéctos: limite no
tempo, deve ser estudado em determinado momento, e limite no espaço, deve
ser analisado em determinado lugar.
c) Ao nível de investigação que engloba três estágios:
exploratórios, de investigação e de comprovação de hipóteses.
10.2.8 Amostragem
A amostra é uma parcela selecionado do universo (população); é um
subconjunto do universo.
O processo pelos quais se determinam a amostragem são descrita
em detalhes no próximo capítulo.
10.2.9 Seleção De Métodos E Técnicas
Os à serem empregados na pesquisa cientifica podem ser
selecionados desde a proposição do problema da formulação das hipóteses e
da delimitação do universo ou da amostra.
A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente
relacionado com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários
fatores relacionados com a pesquisa; recursos financeiros, a equipe humana e
outros.
10.2.10 Organização Instrumental De Pesquisa
A elaboração ou organização de instrumentos de investigação não é
fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no planejamento de
pesquisa.
Em organização de material de pesquisa dois aspecto devem ser
apontados:
a) Organização do material para investigação, anteriormente referido
b) Organização do material de investigação, que seria arquivamento
de idéias.
Lebret (1961:100) indica três tipos fichários:
a) De pessoas. Visitadas ou entrevistadas;
b) De documentação. Documentos já lidos ou a serem consultados;
c) Dos "indivíduos" pesquisados. Ou objetos de pesquisa.
10.2.11 Teste De Instrumentos E Procedimentos
Elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais
utilizado para averiguar sua validade é o teste- preliminar ou pré- teste. Seu
objetivo, portanto, é verificar até que ponto esses instrumentos têm, realmente,
condições de garantir resultados isentos de erros.
10.3 Execução da Pesquisa
10.3.1 Coleta Dos Dados
Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos
elaborados e das técnicas selecionadas.
Exige do pesquisador paciência perseverança e esforço pessoal,
além do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior.
São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados,
de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas
gerais, as técnicas de pesquisa são:
1. Coleta Documental.
2. Observação.
3. Entrevista.
4. Questionário.
5. Formulário.
6. Medidas de opiniões e de Atitudes.
7. Técnicas Mercadológicas.
8. Testes.
9. Sociometria.
10. Análise do Conteúdo.
11. História de Vida.
10.3.2 Elaboração Dos Dados
Após a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos
indicados anteriormente, eles são elaborados e classificados de forma
sistemática. Ante da análise e interpretação, os dados devem seguir os
seguintes passos: seleção, codificação, tabulação.
a) Seleção. É o exame minucioso dos dados.
b) Codificação. É a técnica operacional utilizada para categorizar os
dados que se relacionam. Mediante a codificação, os dados são transformados
em símbolos, podendo ser tabelados e contados.
c) Tabulação. É a disposição dos dados em tabelas, possibilitando
maior facilidade na verificação entre eles. É uma parte do processo estatístico
que permite sintetizar os dados de observação.
10.3.3 Análise De Interpretação Dos Dados
Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo
seguinte é a análise e interpretação dos mesmos, constituindo-se ambas no
núcleo central da pesquisa.
Em síntese a elaboração da análise é realizada em três níveis:
a) Interpretação. Verificações das relações entre as variáveis
independente e dependente, e da variável interveniente (anterior á dependente
e posterior a independente), afim de ampliar os conhecimentos sobre o
fenômeno (variável dependente).
b) Explicação. Esclarecimento sobre a origem da variável
dependente e necessidade de encontrar a variável antecedente(anterior às
variáveis independente e dependente).
c) Especificação. Explicitação sobre até o ponto que as relações
entre as variáveis independentes e dependente são validas (como, onde e
quando).
10.3.5 Conclusões
Uma fase do planejamento e organização de pesquisa, que explicita
os resultados finais, considerados relevantes.
As conclusões devem estar vinculadas as hipóteses de
investigações, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado.
Em termos formais, é uma exposição factual sobre o que foi
investigado, analisado, interpretado; é uma síntese comentada das idéias
essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com precisão e
clareza.
Ao se redigirem as conclusões, os problemas que ficaram sem
soluções serão apontados, a fim de que no futuro possam ser estudados pelo
próprio autor ou por outros.
10.4 Relatório
Exposição geral da pesquisa, desde o planejamento as conclusões,
incluindo os processos metodológicos empregados. Devem ter como base a
lógica, a imaginação e a precisão e ser expresso em linguagem simples, clara,
objetiva, concisa e coerente.
Tem a finalidade de dar informações sobre os resultados da
pesquisa, se possível com detalhes, para que eles possam alcançar a sua
relevância.
São importantes a objetividade e o estilo, mantendo-se a expressão
impessoal e evitando-se frases qualificativas e valorativas, pois a informação
deve descrever e explicar, mas não intentar convencer.
11 - AMOSTRAGEM
Quando se deseja colher informações sobre um ou mais aspectos
de um grupo grande ou numeroso. O problema da amostragem é, portanto,
escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais
representativa do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte,
pode inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total se
esta fosse verificada.
Conceituando:
a) Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.
a) Amostra: é uma porção ou parcela, conveniente selecionada do
universo (população).
O universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a
ser investigado, e a amostra, é que realmente será submetida a verificação.
11.1 Amostragem Probabilista
As técnicas de amostragem probabilista, ou aleatória, ou ao acaso.
sua característica primordial é poder ser submetida a tratamento estatístico,
que permite compensar erros amostrais outros aspectos relevantes para a
representatividade e significância da amostra.
11.1.1 Aleatória Simples
Para Yule e Kendall, "a escolha de um indivíduo, entre uma
população, é ao acaso (aleatória), quando cada membro da população tem a
mesma probabilidade de ser escolhido".
A amostra aleatória simples pode apresentar dois tipos:
a) sem reposição. o mais utilizado, em que cada elemento só pode
entrar uma vez para a amostra;
b) com reposição. quando os elementos da população podem entra
mais de uma vez para a amostra.
11.1.2 Sistemática
É uma variação da procedente. A população, deve ser ordenada, de
forma tal que cada elemento seja identificado, univocamente, pela posição.
11.1.3 Por Área
Uma das formas da variação da amostragem aleatória simples,
utilizada quando não se conhece a totalidade dos componentes da população.
Vários são os procedimentos de uma amostragem por área:
a) sorteiam-se aleatoriamente as áreas e toda a população de cada
uma delas é pesquisada;
b) dividem-se primeiro as regiões em zonas, procedendo-se ao
sorteio aleatório das que serão pesquisadas;
c) as áreas são sorteadas de forma aleatória, e , dentro delas
escolhidas aleatoriamente as pessoas ou estabelecimento a serem
pesquisados.
11.1.4 Por Conglomerados ou Grupos
O nome conglomerados ou grupos deriva do fato de os
conglomerados serem considerados grupos formados e/ou cadastrados da
população.
11.1.5 Estratificada
"Protege a representatividade da amostra, ao assegurar que os
grupos conhecidos da população sejam representados com justiça na
amostra".
11.2 Amostragem Não-Probabilista
11.2.1 Intencional
Nesta o pesquisador está interessado na opinião de determinados
elementos da população, mas não representativos da mesma.
11.2.2 Por "Juris"
Técnica utilizada principalmente quando se desejam obter
informações, durante certo espaço de tempo, sobre questões particulares.
11.2.3 Por Tipicidade
Uma das formas é a procura de um subgrupo que seja típico, em
relação a população como um todo.
11.2.4 Por Quotas
A amostragem por quotas pressupõe três etapas: 1) classificação da
população em termos de propriedades; 2) construção de uma "maqueta" da
população a ser pesquisada; 3) fixação de quotas para cada entrevistador.
11.3 Equiparação De Grupos
O problema primordial nos planos experimentais e na análise das
relações casuais entre duas variáveis, quando se exige a seleção de dois ou
mais grupos semelhantes, é como equiparar estes grupos.
12 – COMO ENCAMINHAR UMA PESQUISA
12.1 O que é Pesquisa
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que
são proposto. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação
suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação
disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser
adequadamente relacionada ao problema.
12.2 Por que se faz a pesquisa?
Há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa.
Podem, no entanto, ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem
intelectual e razões de ordem prática. As primeiras decorrem do desejo de
conhecer pela própria satisfação de conhecer. As últimas decorrem do desejo
de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz.
Tem sido comum designar as pesquisas decorrentes desses dois
grupos de questões como “puras” e “aplicadas” e discuti-las como se fossem
mutuamente exclusivas. Essa postura é inadequada, pois a ciência objetiva
tanto o conhecimento em si mesmo quanto as contribuições práticas
decorrentes deste conhecimento.
12.3 O que é necessário para se fazer uma pesquisa?
12.3.1 Qualidades pessoais do pesquisador
O êxito de uma pesquisa depende fundamentalmente de certas
qualidades intelectuais e sociais do pesquisador, dentre as quais estão:
a) conhecimento do assunto a ser pesquisado;
b) curiosidade;
c) criatividade;
d) integridade intelectual;
e) atitude autocorretiva;
f) sensibilidade social;
g) imaginação disciplinada;
h) perseverança e paciência;
i) confiança na experiência.
12.4 Por que elaborar um projeto de pesquisa?
Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as
ações desenvolvidas ao longo do seu processo sejam efetivamente planejadas.
De modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa,
que envolve a formulação do problema, a especificação de seus objetivos, a
construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos etc. Em virtude
das implicações extracientíficas da pesquisa, consideradas no item anterior, o
panejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser
despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e
financeiros necessários à sua efetivação.
O projeto deve, portanto, especificar os objetivos da pesquisa,
apresentar a justificativa de sua realização, definir a modalidade de pesquisa e
determinar os procedimentos de coleta e análise de dados. Deve, ainda,
esclarecer acerca do cronograma a ser seguido no desenvolvimento da
pesquisa e proporcionar a indicação dos recursos humanos, financeiros e
materiais necessários para assegurar o êxito da pesquisa.
12.5 Quais os Elementos de um Projeto de Pesquisa
Os elementos habitualmente requeridos num projeto são os
seguintes:
a) Formulação de um problema.
b) Construção de hipóteses ou especificação dos objetivos.
c) Identificação do tipo de pesquisa.
d) Operacionalização das variáveis.
e) Seleção da amostra.
f) Elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de
coleta de dados.
g) Determinação do plano de análise dos dados.
h) Previsão da forma de apresentação dos resultados.
i) Cronograma da execução da pesquisa.
j) Definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a
serem alocados.
13 COMO FORMULAR UM PROBLEMA DE PESQUISA?
13.1 O que é mesmo um problema?
O Novo Dicionário Aurélio indica os seguintes significados de
problema:
Questão matemática proposta para que se lhe dê a solução.
Questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer
domínio do conhecimento.
Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções.
Qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade,
por difícil de explicar ou resolver.
Conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do
indivíduo.
A segunda acepção é a que será considerada ao longo deste livro,
pois é a que mais apropriadamente caracteriza o problema científico.
Fica claro que nem todo problema é passível de tratamento
científico. Isto significa que para se realizar uma pesquisa é necessário, em
primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de
científico.
A partir destas considerações pode-se dizer que um problema é de
natureza científica quando envolvem variáveis que podem ser tidas como
testáveis: “Em que medida a escolaridade determina a preferência político
partidária?” “A desnutrição determina o rebaixamento intelectual?” “Técnicas
de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos?” Todos estes
problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação.
É perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária
de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois
determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas entre si.
13.2 Por que formular um problema?
Como já foi visto no capítulo anterior, o problema de pesquisa pode
ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras
razões de ordem prática podem conduzir à formulação de problemas. Pode-se
formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar
determinada ação. Por exemplo, um candidato a cargo eletivo pode estar
interessado em verificar como se distribuem seus potenciais eleitores com
vistas a orientar sua campanha. Da mesma forma, uma empresa pode estar
interessada em conhecer o perfil do consumidor de seus produtos para decidir
acerca da propaganda a ser feita.
Podem-se formular problemas voltados para avaliação de certas
ações ou programas.
Também é possível formular problemas referentes às conseqüencias
de várias alternativas possíveis.
Outra categoria de problemas decorrentes de interesses práticos
refere-se à predição de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação
adequada.
É possível, ainda, considerar como interesses práticos, embora mais
próximos dos interesses intelectuais aqueles referentes a muitas pesquisas
desenvolvidas no âmbito dos cursos universitários de graduação.
Também são inúmeras as razões de ordem intelectual que
conduzem à formulação de problemas de pesquisas. Pode ocorrer que um
pesquisador tenha interesse na exploração de um objeto pouco conhecido. Por
exemplo. Por exemplo, quando Freud iniciou seus estudos sobre o
inconsciente, esse constituía uma área praticamente inexplorada.
Pode ocorrer que um pesquisador deseje testar uma teoria
específica. Como fez , por exemplo, Wardle com a teoria da carência materna
de Bowlby. Este pesquisador estudou crianças que freqüentavam uma clínica
de orientação infantil e constatou que os que furtavam, ou apresentavam outros
comportamentos anti-sociais, provinham, com freqüência significativa, de lares
desfeitos, apresentavam incidência mais elevada de separação da mãe e com
maior freqüência tinham pais que provinham também de lares desfeitos.
Os interesses pela escolha de problemas de pesquisa são
determinados pelos mais diversos fatores. Os mais importantes são os valores
sociais do pesquisador e os incentivos sociais.
13.3 Como Formular um Problema?
13.3.1 Complexidade da questão
Formular um problema científico não constitui tarefa fácil. Para
alguns, isto implica mesmo o exercício de certa capacidade que não é muito
comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que
treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.
A experiência acumulada dos pesquisadores possibilita ainda o
desenvolvimento de certas regras práticas para a formulação de problemas
científicos, tais como: a) o problema deve ser formulado como pergunta; b) o
problema deve ser claro e preciso; c) o problema deve ser empírico; d) o
problema deve ser suscetível de solução; e ) o problema deve ser delimitado a
uma dimensão viável. Essas regras serão detalhadas adiante.
13.3.2 O problema deve ser formulado como pergunta
Esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema. Além
disso, facilita a sua identificação por parte de quem consulta o projeto ou o
relatório da pesquisa. Seja o exemplo de uma pesquisa sobre o divórcio. Se
alguém disser que vai pesquisar o problema do divórcio, pouco estará dizendo.
Mas se propuser: “que fatores provocam o divórcio?” ou “quais as
características da pessoa que se divorcia?”, estará efetivamente propondo
problemas de pesquisa.
13.3.3 O Problema deve ser claro e preciso
Um problema não pode ser solucionado se não for apresentado de
maneira clara e precisa. Com freqüência são apresentados problemas tão
desestruturados e formulados de maneira tão vaga que não é possível imaginar
nem mesmo como começar a resolvê-los. Por exemplo, um iniciante em
pesquisa poderia indagar: “Como funciona a mente?”, “O que acontece no
Sol?”, “O que determina a natureza humana?” etc. Estes problemas não podem
ser propostos para pesquisa, porque não está claro a que se referem.
13.4 O Problema Deve Ser Empírico
Foi visto que os problemas científicos não devem referir-se a
valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de camponeses são
melhores filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar estudos
universitários”. Estes problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos
morais e, conseqüentemente, a considerações subjetivas, invalidando os
propósitos da investigação científica, que tem a objetividade como uma das
mais importantes características.
13.5 O Problema Deve Ser Suscetível de Solução
Um problema pode ser claro, preciso e referir-se a conceitos
empíricos, porém não se tem idéia de como seria possível coletar os dados
necessários à sua resolução. Seja o exemplo: “ligando-se o nervo ótico às
áreas auditivas do cérebro, as visões serão sentidas auditivamente?” Esta
pergunta só poderá ser respondida quando a tecnologia neurofisiológica
progredir a ponto de possibilitar a obtenção de dados relevantes.
13.6 O Problema Deve Ser Delimitado a uma Dimensão Viável
Em muitas pesquisas, sobretudo nas acadêmicas, o problema tende
a ser formulado em termos muito amplos, requerendo algum tipo de
delimitação. Por exemplo, alguém poderia formular o problema: “em que
pensam os jovens?” Seria necessário delimitar a população dos jovens a serem
pesquisados mediante a especificação da faixa etária, da localidade abrangida
etc. Seria necessário, ainda, delimitar “o que pensam”, já que isto envolve
múltiplos aspectos, tais como: percepção acerca dos problemas mundiais,
atitude em relação à religião etc.
14 – COMO CONSTRUIR HIPÓTESES
14.1 O que são hipóteses?
A hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do
problema.
Como ilustração, considere-se o seguinte problema: “Quem se
interessa por parapsicologia?” A hipótese pode ser a seguinte: “Pessoas
preocupada com a vida além-túmulo tendem a manifestar interesse por
parapsicologia”. Suponha que mediante coleta e análise dos dados a hipótese
tenha sido confirmada. Neste caso, o problema foi solucionado porque a
pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que não se
consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator
determinante no interesse por parapsicologia. Neste caso, a hipótese não terá
sido confirmada e, conseqüentemente, o problema não terá sido solucionado.
14.2 Como Podem Ser Classificadas as Hipóteses?
14.2.1 Algumas hipóteses são casuísticas
Há hipóteses que se referem a algo que ocorre em determinado
caso; afirmam que um objeto, uma pessoa ou um fato específico tem
determinada característica. Por exemplo, pode-se, como fez Freud, formular a
hipótese de que Moisés era egípcio e não judeu. Ou, então, a de que o padre
Manuel de Nóbrega, e não o padre José de Anchieta, é que fundou a cidade de
São Paulo.
As hipóteses casuísticas são muito freqüentes na pesquisa histórica,
onde os fatos são tidos como únicos.
14.2.2 Algumas hipóteses referem-se à freqüência de
acontecimentos
Hipóteses deste tipo são muito freqüentes na pesquisa social. De
modo geral, antecipam que determinada característica ocorre com maior ou
menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura.
14.2.3 Algumas hipóteses estabelecem relação de associação
entre variáveis
O termo variável é dos mais empregados na linguagem utilizada
pelos pesquisadores. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos
enunciados científicos, sejam hipóteses, teorias, leis, princípios ou
generalizações.
O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir
diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as
circunstâncias. Assim, idade é uma variável porque pode abranger diferentes
valores.
Muitas das hipóteses elaboradas por pesquisadores sociais
estabelecem a existência da associação entre variáveis. Sejam, por exemplo,
as hipóteses:
a) Alunos do curso de administração são mais conservadores que
os de ciências sociais. Variáveis: curso e conservadorismo.
b) O índice de suicídios é maior entre os solteiros que os casados.
Variáveis: estado civil e índice de suicídios.
c) Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos
índices de analfabetismo. Variáveis: desenvolvimento econômico
e índice de analfabetismo.
14.2.4 Algumas hipóteses estabelecem relação de dependência
entre duas ou mais variáveis
“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos
filhos”. Classe social é a variável independente (x) e tempo de amamentação é
a variável dependente (y).
Variável independente: Variável dependente:
Classe social (x) (x) tempo de
amamentação
Seja outro exemplo: “O reforço do professor tem como efeito
melhoria na leitura do aluno.” Neste caso, tem-se:
Variável independente: Variável dependente:
Reforço do professor (x) (y) melhoria na leitura do
aluno
É usual dizer que as hipóteses deste grupo estabelecem a existência
de relações causais entre as variáveis. Como, porém, o conceito de
causalidade é bastante complexo, convém que seja analisado.
O que geralmente o pesquisador busca é o estabelecimento de
relações assimétricas entre as variáveis. As relações assimétricas indicam que
os fenômenos não são independentes entre si (relações simétricas) e não se
relacionam mutuamente (relações recíprocas), mas que um exerce influência
sobre o outro.
Rosenberg (1976, p. 27) classifica as relações assimétricas em seis
tipos, que são apresentados abaixo:
a) Associação entre um estímulo e uma resposta. Ex.:
“Adolescentes, filhos de pais viúvos ou divorciados, passam a ter
auto-estima em menor grau quando seus pais se casam
novamente.”
Estímulo: Resposta:
novo casamento (x) (y) rebaixamento da auto-
estima
b) Associação entre uma disposição e uma resposta. Estas
disposições podem ser constituídas por atitudes, hábitos, valores,
impulsos, traços de personalidade etc. Ex.: “Pessoas autoritárias
manifestam preconceito racial em grau elevado.”
Disposição: Resposta:
Autoritarismo (x) (y) preconceito racial
c) Associação entre uma propriedade e uma disposição. Essas
propriedades podem ser constituídas por sexo, idade,
naturalidade, cor de pele, religião etc. Ex.: “Católicos tendem a
ser menos favoráveis ao divórcio que os protestantes.”
Propriedade: Disposição:
Religião (x) (y) favorabilidade do divórcio
d) Associação entre pré-requisito indispensável e um efeito. Ex.: “O
capitalismo só se desenvolve quando existem trabalhadores
livres”.
Pré requisito:
existência de trabalhadores
livres (x)
Efeito:
Desenvolvimento do
capitalismo
(Y)
14.3 Como Chegar A Uma Hipótese
O processo de elaboração de hipóteses é de natureza criativa. Por
essa razão é freqüentemente associado a certa qualidade de “gênio”. De fato, a
elaboração de certas hipóteses pode exigir que gênios como Galileu ou Newton
as proclamem. Todavia, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do
pesquisador é a experiência na área. Não é possível, no entanto, determinar
regras para a elaboração de hipóteses.
A – Observação
Este é o procedimento fundamental na construção de hipóteses.
B – Resultados de outras pesquisas
As hipóteses elaboradas a partir dos resultados de outras
investigações geralmente conduzem a conhecimentos mais amplos que
aquelas decorrentes da simples observação.
C – Teorias
As hipóteses derivadas de teorias são as mais interessantes no
sentido de que proporcionam ligação clara com o conjunto mais amplo de
conhecimentos das ciências.
D – Intuição
Também há hipóteses derivadas de simples palpites ou de intuições.
A história da ciência registra vários casos de hipóteses desse tipo que
conduziram a importantes descobertas.
14.4 Características Da Hipótese Aplicável
Nem todas as hipóteses são testáveis. Com freqüência, os
pesquisadores elaboram extensa relação de hipóteses e depois de detida
análise descartam a maior parte delas. Para que uma hipótese possa ser
considerada logicamente aceitável, deve apresentar determinadas
características.
a) Deve ser conceptuamente clara.
b) Deve ser específica.
c) Deve ter referências empíricas.
d) Deve ser parcimoniosa.
e) Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis.
f) Deve estar relacionada com uma teoria.
14.5 As Hipóteses São Necessárias Em Todas As Pesquisas?
Rigorosamente, todo procedimento de coleta de dados depende da
formulação prévia de uma hipótese. Ocorre que em muitas pesquisas as
hipóteses não são explícitas.
Seja o caso de uma pesquisa em que tenha sido formulada a
seguinte questão: “Onde você compra suas roupas?” Esta implícita a hipótese
de que a pessoa compra suas roupas, não as confeccionando em sua própria
casa.
Seja o caso de outra pesquisa em que apareça a seguinte questão,
com as possíveis alternativas:
“Em que área da psicologia você pretende atuar?”
Clínica ( )
Escolar ( )
Organizacional ( )
Outra ( )
Está implícita a hipótese de que dentre todas as áreas possíveis,
clínica, escolar e organizacional correspondem a maioria das escolhas.
Assim em algumas pesquisas as hipóteses são implícitas e em
outras são formalmente expressas. Geralmente, naqueles estudos em que o
objetivo é o de descrever determinado fenômeno ou as características de um
grupo, as hipóteses não são enunciadas formalmente. Nesses casos, as
hipóteses envolvem uma única variável e o mais freqüente é indicá-la no
enunciado dos objetivos da pesquisa.
15 – COMO DELINEAR UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
15.1 Fases da Pesquisa Bibliográfica
Seu delineamento implica considerar as fases:
a) determinação dos objetivos;
b) elaboração do plano de trabalho;
c) identificação das fontes;
d) localização das fontes e obtenção do material;
e) leitura do material;
f) tomada de apontamentos;
g) confecção de fichas;
h) redação do trabalho.
15.2 Determinação dos objetivos
O desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica varia em função
de seus objetivos. Convém, portanto, que estes sejam claramente
estabelecidos a fim de que as fases posteriores da pesquisa se processem de
maneira satisfatória.
Os principais objetivos:
a) Redefinição de um problema.
b) Obtenção de informações acerca de técnicas de coleta de dados.
c) Obtenção de dados em resposta ao problema formulado.
d) Interpretação de resultados.
15.3 Elaboração do Plano de Trabalho
Após a definição dos objetivos, convém definir um plano de trabalho
para orientar os procedimentos seguintes. Este plano, muitas vezes, é
provisório e passa por reformulações sucessivas. Contudo, é de toda
conveniência que esteja razoavelmente elaborado quando se iniciar o trabalho
de confecção das fichas.
Por exemplo, uma pesquisa que tenha por objetivo verificar como se
desenvolver o ensino de Psicologia no Brasil poderá ser norteada pelo seguinte
plano:
1 Introdução
2 O ensino da Psicologia nas Escolas Normais
3 O ensino de Psicologia nos cursos de formação universitária
3.1 Cursos de Pedagogia
3.2 Cursos de Filosofia
3.3 Outros cursos
4 O ensino de Psicologia em cursos específicos
4.1 A regulamentação dos cursos de Psicologia
4.2 O desenvolvimento dos cursos de Psicologia
4.3 Situação atual do ensino de Psicologia
4.3.1 Cursos de graduação
4.3.2 Cursos de pós-graduação
5 Conclusões
15.4 Identificação das Fontes
Após a elaboração do plano de trabalho, o passo seguinte consiste
na identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à
solução do problema proposto.
Um dos procedimentos mais recomendados para esse fim é a
procura de catálogos de livros e outras publicações, que podem ser publicados
pelas editoras ou por bibliotecas.
15.5 Localização das fontes e obtenção do material
Após a identificação das obras, procede-se a sua localização. Isto
pode ser feito a partir dos fichários das bibliotecas. Quando bem organizados,
os fichários possibilitam a localização das obras pelo nome do autor, pelo título
da obra e pelo assunto.
15.6 Leitura do material
15.6.1 Diversidade de tipos de leitura
De posse do material bibliográfico tido como suficiente, passa-se à
sua leitura. Embora seja tarefa das mais corriqueiras do mundo
contemporâneo, convém que sejam feitas algumas considerações sobre este
tópico.
A leitura que se faz na pesquisa bibliográfica deve servir aos
seguintes objetivos:
a) identificar as informações e os dados constantes do material
impresso;
b) estabelecer relações entre as informações e os dados obtidos
com o problema proposto;
c) analisar a consistência das informações e dados apresentados
pelos autores.
15.6.2 Leitura exploratória
Esta é uma leitura rápida do material bibliográfico, que tem por
objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa.
15.6.3 Leitura seletiva
Após a leitura exploratória, procede-se à sua seleção, ou seja, à
determinação do material que de fato interessa à pesquisa.
15.6.4 Leitura analítica
A leitura analítica é feita a partir dos textos selecionados. Embora
possa ocorrer a necessidade de adição de novos textos e a supressão de
outros tantos, a postura do pesquisador, nesta fase, deverá ser a de analisá-
los como se fossem definitivos.
Em termos práticos, pode-se estabelecer que uma leitura analítica
adequada passa pelos seguintes momentos:
a) Leitura integral da obra ou do texto selecionado, para se ter uma
visão do todo.
b) Identificação das idéias-chaves.
c) Hierarquização das idéias.
d) Sintetização das idéias.
15.6.5 Leitura interpretativa
Esta constitui a última etapa do processo de leitura das fontes
bibliográficas. Naturalmente é a mais complexa, já que tem por objetivo
relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma
solução. Na leitura interpretativa procura-se conferir significado mais amplo aos
resultados obtidos com a leitura analítica.
15.7 TOMADA DE APONTAMENTOS
Um dos grandes problemas referentes à leitura refere-se à sua
retenção. É sabido que apenas parte do que se lê fica retido na memória. Por
essa razão convém que se tomem notas a partir do material lido.
Para que a tomada de notas seja eficiente, deve ser sempre
realizada levando em consideração o problema da pesquisa. Isto é importante
para evitar que se tomem notas em demasia. Apenas aquilo que
potencialmente representa algum tipo de solução ao problema deve ser
registrado.
Convém, à medida que se vai lendo o livro, sublinhar os pontos
principais. Quando o livro for obtido por empréstimo, o melhor é fazer
anotações numa folha à parte.
As anotações devem ser feitas preferencialmente com frases
próprias. Isto porque, à medida que alguém se torna capaz de expressar um
pensamento alheio com termos próprios, tal fato indica que realmente entendeu
o que o autor pretendia dizer.
15.8 REDAÇÃO DO TRABALHO
A última etapa de uma pesquisa bibliográfica é constituída pela
redação do relatório. Não há regras fixas que determinem como se devem se
proceder nesta etapa. Todavia, há alguns aspectos que necessitam ser
considerados na elaboração da maioria dos relatórios e que podem ser
classificados em três grupos, a saber: conteúdo, estilo e aspectos gráficos.
15.8.1 Conteúdo do relatório
De modo geral, o conteúdo de um relatório de uma pesquisa pode
ser apresentado em três partes: introdução, contexto e conclusões. Na
introdução apresenta-se o problema que deu origem à investigação, as
hipóteses de trabalho, a delimitação de seus objetivos, bem como a indicação
dos trabalhos já publicados sobre o tema. No contexto, procede-se ao
desenvolvimento, discussão ou demonstração das teses propostas. Nas
conclusões, finalmente, devem ser evidenciadas as conquistas alcançadas com
o estudo.
16 COMO DELINEAR UMA PESQUISA DOCUMENTAL
A pesquisa documental muito se assemelha à pesquisa
bibliográfica. É o caso das pesquisas elaboradas a
partir de documentos de natureza quantitativa, bem
como daquelas que se valem das técnicas de análise
de conteúdo.
Assim, podem ser definidas as seguintes fases na pesquisa
documental:
a) determinação dos objetos;
b) elaboração do plano de trabalho;
c) identificação das fontes;
d) localização das fontes e obtenção do material;
e) tratamento dos dados;
f) confecção das fichas e a redação do trabalho;
g) redação do trabalho.
O s objetivos da pesquisa documental geralmente são mais
específicos. Quase sempre visam a obtenção de dados em resposta a
determinado problema e não raro envolvem o teste de hipóteses.
17 OUTROS TIPOS DE PESQUISA
17.1 Como Delinear Uma Pesquisa Levantamento
Os levantamentos dos mais diversos tipos (sócio-econômicos,
psicossociais, etc.) desenvolvem-se ao longo de várias fases.
a) especificação dos objetivos;
b) operacionalização dos conceitos e variáveis;
c) elaboração do instrumento de coleta de dados;
d) pré-teste do instrumento;
e) seleção da amostra;
f) coleta e verificação dos dados;
g) análise e interpretação dos dados;
h) apresentação dos resultados.
Os objetivos específicos tentam descrever, nos termos mais claros
possíveis, exatamente o que será obtido num levantamento. Enquanto os
objetivos gerais referem-se a conceitos mais ou menos abstratos, os
específicos referem-se a características que podem ser observadas e
mensuradas em determinado grupo.
Assim os objetivos específicos do levantamento exemplificado
poderão se verificar como os integrantes do grupo se distribuem em relação a:
a) sexo;
b) idade;
c) estado civil;
d) número de filhos;
e) religião;
f) nível de escolaridade;
g) ocupação profissional;
h) local de residência;
i) nível de salário;
j) posse de automóvel;
k) patrimônio mobiliário.
17.2 Como Delinear Uma Pesquisa Experimental
O planejamento da pesquisa experimental implica o
desenvolvimento de uma série de passos que podem ser assim arrolados:
a) formulação do problema;
b) construção das hipóteses;
c) operacionalização das variáveis;
d) definição do plano experimental;
e) determinação dos sujeitos;
f) determinação do ambiente;
g) coleta de dados;
h) análise e interpretação dos dados;
i) apresentação das conclusões.
Como toda pesquisa, a experimental inicia-se com algum tipo de
problema ou indagação. Mais que qualquer outra, a pesquisa experimental
exige que o problema seja colocado de maneira clara, precisa e objetiva.
Na pesquisa experimental, as hipóteses referem-se, geralmente, ao
estabelecimento de relações causais entre variáveis. Sugere-se que essas
relações sejam definidas pela fórmula “se... então”. Por exemplo: “Se um
professor elogia um aluno por estar indo bem na leitura, então sua
produtividade aumenta.”
Como a pesquisa experimental se caracteriza pela clareza, precisão e
parcimônia, freqüentemente envolve uma única hipótese.
17.3 Como Delinear Uma Pesquisa Ex-Post-Facto
O planejamento da pesquisa ex-post-facto procura aproximar-se ao
máximo do planejamento da pesquisa experimental. Contudo, a manipulação
de variáveis independentes não é possível nesse tipo de pesquisa, o que faz
com que o delineamento dos dois tipos de pesquisa se diferenciem em
diversos aspectos. Com efeito, na pesquisa ex-post-facto podem ser
identificados os seguintes passos:
a) formulação do problema;
b) construção das hipóteses;
c) operacionalização das variáveis;
d) localização dos grupos para investigação;
e) coleta de dados;
f) análise e interpretação dos dados;
g) apresentação das conclusões.
A pesquisa ex-post-facto pouco difere da pesquisa experimental
quanto à formulação do problema, à construção de hipóteses e à
operacionalização das variáveis.
17.4 Como Delinear Um Estudo De Caso
17.4.1 Fases do delineamento
O estudo de caso caracteriza-se por grande flexibilidade. Isto
significa que é impossível estabelecer um roteiro rígido que determine com
precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. Todavia, na maioria dos
estudos de caso é possível distinguir quatro fases:
a) delimitação da unidade caso;
b) coleta de dados;
c) análise e interpretação de dados;
d) redação do relatório.
17.4.2 Delimitação da Unidade-caso
O primeiro procedimento consiste em delimitar a unidade que
constitui o caso em estudo. Este pode ser uma pessoa, uma família, uma
comunidade, um conjunto de relações ou processos (como conflitos no
trabalho, segregação racial numa comunidade etc.) ou mesmo uma cultura.
A delimitação da unidade caso não constitui tarefa simples. Primeiro
porque é difícil traçar os limites de um objeto. A totalidade de um objeto quer
físico, biológico ou social, é uma construção intelectual. Não existem limites
concretos na definição de qualquer processo ou objeto.
17.5 COMO DELINEAR UMA PESQUISA AÇÃO
O planejamento da pesquisa ação difere significativamente dos
outros tipos de pesquisa já considerados. Não apenas em virtude de sua
flexibilidade, mas, sobretudo, porque, além dos aspectos referentes à pesquisa
propriamente dita, envolve também a ação dos pesquisadores e dos grupos
interessados, o que ocorre nos mais diversos momentos da pesquisa. Daí por
que se torna difícil apresentar seu planejamento a partir de fases ordenadas
temporalmente.
Assim, o que se pode, à guisa de delineamento, é apresentar alguns
conjuntos de ações que, embora não ordenados no tempo, podem ser
considerados como etapas da pesquisa-ação. São eles:
a) fase exploratória;
b) formulação do problema;
c) construção de hipóteses;
d) realização do seminário;
e) seleção da amostra;
f) coleta de dados;
g) análise e a interpretação de dados;
h) elaboração do plano de ação;
i) divulgação dos resultados.
17.6 Como Delinear Uma Pesquisa Participante
Constitui tarefa difícil, se não impossível, determinar com precisão
as etapas de um pesquisa participante. Muito mais difícil que a determinação
das etapas da pesquisa-ação. Isto porque nesta última, de modo geral, existe o
empenho de um instituição governamental ou privada interessada nos
resultados da investigação e, como tal, disposta a financiá-la. Desta forma
torna-se possível definir algum tipo de planejamento. Já na pesquisa
participante (pelo menos da forma como é concebida no terceiro mundo), os
grupos interessados são constituídos por pessoas de parcos recursos
(trabalhadores rurais, favelados, índios etc.), o que dificulta a elaboração de um
plano rigoroso de pesquisa. Em virtude das dificuldades para contratação de
pesquisadores e assessores, para reprodução de material para coleta de dados
e mesmo para garantir a colaboração dos grupos presumivelmente
interessados, o planejamento da pesquisa tende, na maioria dos casos, a ser
bastante flexível. Torna-se difícil, portanto, prever com precisão os passos a
serem seguidos numa pesquisa participante. E também não há consenso por
parte dos diversos autores em torno de um paradigma de pesquisa
participante.
O que pode ser feito é a apresentação de um modelo:
a) montagem institucional e metodológica;
b) estudo preliminar e provisório da região e da população
pesquisadas;
c) análise crítica dos problemas; e
d) programa-ação e aplicação de um plano de ação
Na primeira fase, os pesquisadores, em conjunto com
representantes da população a ser pesquisada, desenvolvem as seguintes
tarefas:
a) determinação das base teóricas da pesquisa (formulação dos
objetivos, definição de conceitos, construção de hipóteses etc.);
b) definição das técnicas de coleta de dados;
c) delimitação da região a ser estudada;
d) organização do processo de pesquisa participante (identificação
dos colaboradores, distribuição das tarefas, partilha das decisões
etc.);
e) preparação dos pesquisadores;
f) elaboração do cronograma de atividades a serem realizadas.
18 – TRABALHOS CIENTÍFICOS – MONOGRAFIA
Monografia é a exposição exaustiva de um problema ou assunto
específico, investigado cientificamente. O trabalho de pesquisa pode ser
denominado monografia quando é apresentado como requisito parcial para a
obtenção do título de especialista, ou pode ser denominado trabalho de
conclusão do curso, quando é apresentado como requisito para a conclusão do
curso. A monografia pode ser defendida em público ou não. A monografia
publicamente comunicada em congressos, encontros, simpósios, academias,
sociedades científicas, segundo normas estipuladas pela coordenação dessas
reuniões e/ou entidades, é denominada memória.
18.1 Trabalho de Conclusão de Curso
Trabalhos acadêmicos são exposições por escrito sobre temas
atribuídos em disciplinas de cursos de graduação ou de pós-graduação nos
diversos níveis.
18.2 Dissertação
Dissertação é o trabalho que apresenta o resultado de um estudo
científico, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de
reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de
literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização e
domínio do tema escolhido. Também é feita sob a orientação de um
pesquisador, visando a obtenção do título de mestre. Teses e dissertações são
trabalhos de pesquisa defendidos em público.
18.3 Tese
Tese é o trabalho que apresenta o resultado de um estudo científico
ou uma pesquisa experimental de tema específico e bem delimitado. Deve ser
elaborada com base em investigação original, constituindo-se em real
contribuição para a especialidade em questão. É feita sob a orientação de um
pesquisador, visando a obtenção do título de doutor e dos títulos acadêmicos
de livre-docente e professor titular.
19 Elaboração de relatórios e trabalhos científicos
19.1 – Definição do tema
A definição do tema, nem sempre pode ser a que gostaríamos. Ás vezes as limitações está exatamente direcionada ás condições de oportunidades de onde desenvolve trabalhos profissionais (trabalhos), disponibilidade ou não de tempo, de bibliografia, etc..
No entanto alguns cuidados devem ser tomados para que se evitem optar por temas por demais complexos que acabem em dificuldades de encaminhamento da pesquisa. O que se busca é um aprendizagem do método e que para isto tenha, um problema a ser resolvido, diagnosticado ou estudado.
19.2 - Elaboração do projeto de pesquisa Para um bom resultado em qualquer atividade de nossa vida, torna-se
fundamental um processo de planejamento. E não só isso, diria com certeza, dos quatros princípios administrativos, Planejamento, Organização, Direção e Controle.
O que se busca como projeto de pesquisa é exatamente isto. Que o
acadêmico ou o pesquisador estruture um método de organização que facilite o
atingimento do objetivo proposto.
Abaixo segue um exemplo de um projeto de pesquisa que explica-se por si
próprio.
Projeto de Pesquisa
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Curso de Ciências Contábeis
Estudo de Caso
Professor – Monitor – José Carlos Madalozzo
Coodenadora – Eliane Iara Bendix
Aluno – Paulo Roberto Martins
Telêmaco Borba, 15 de junho de 1999.
O presente projeto de pesquisa tem como objetivo
básico estruturar a sequência de trabalho de estudo de
caso, atendendo requisito para obtenção do grau de
bacharel em Ciências Contábeis.
SUMÁRIO
1 – Identificação do Projeto
1.1 – Título
1.2 – Autor
1.3 – Finalidade
1.4 – Instituição
2 – Introdução
3 – Objetivos
2.1 – Formulação do Problema
2.2 – Objetivo Geral
2.3 – Objetivos Específicos
4 – Justificativa
3.1 – Estágio de desenvolvimento dos conhecimentos
3.2 – Contribuições potenciais da pesquisa em nível teórico
3.3 – Contribuições potenciais da pesquisa em termos práticos
5 – Procedimentos metodológicos
6 - Cronograma
7 – Plano de Ação
8 - Bibliografia
2 - Introdução
O Estudo de Caso buscou através de pesquisa de literatura e observação em campo
demonstrar como evoluiu a avaliação do desempenho empresarial, partindo dos
indicadores tradicionalmente utilizados, bem como quais as propostas e as inovações
que a gestão tem apresentado para a mensuração da eficácia gerencial na administração
do patrimônio.
3 - Objetivos
3.1 - Formulação do Problema
As organizações estão imersas em um ambiente de mudanças e inflexões nunca antes
vistos, dentre alguns destacamos; a exigente dinâmica de um mercado globalizado, e um
consumidor que busca qualidade a um preço cada vez mais acessível. Por sua vez, os
empresários e investidores tentam de maneira estratégica entender não só as
necessidades de seus clientes, mas colocar em prática antes da concorrência fatores que
são diferenciais e agreguem valor para o consumidor. O mercado de hoje assemelha-se a
uma corrida de regata, onde a intensa movimentação e certeza nas ações é fundamental
para se manter competitivo e na direção certa. Dentro desta nova ordem algumas
questões são levantadas, tais como:
1 – As organizações estão preparadas para mensurar os indicadores do negócio?
2 – As organizações que estão de alguma forma avaliando o desempenho do negócio, o
fazem segundo quais perspectivas?
3 – As organizações que estão medindo desempenho, o fazem para avaliar ações
estratégicas?
4 – Quais seriam as perspectivas mais enfocadas e/ou mais usuais para verificar os
resultados de um negócio?
5 – O que seria uma sequência atualizada para avaliar e medir resultados
organizacionais em função do direcionamento estratégico e continuidade de um negócio
bem sucedido.
3.2 - Objetivo Geral
Levantar através de pesquisa bibliográfica em livros, artigos, casos, debates e análises
como as modernas e bem sucedidas organizações tem estruturado sistemas de
informações gerenciais para mensurar a eficácia da gestão/estratégia aplicada na
condução do negócio.
3.3 - Objetivos específicos
A – Existe alguma relação entre o sucesso de uma organização com um processo de
verificação/acompanhamento de indicadores de resultados;
B – Os indicadores de resultados tradicionais financeiros são suficientes para direcionar
os resultados e o sucesso do negócio;
C – Em que grau de consistência a estratégia da alta administração se transforma em
ações nos vários níveis da organização;
D – Existe uma relação direta de gestão eficaz com a estratégia e acompanhamento de
indicadores de resultados.
4 – Justificativa
4.1 - Estágio de desenvolvimento dos conhecimentos
As exigências do ambiente organizacional/empresarial tem exigido novas
fórmulas e modelos para verificar e medir o desempenho organizacional, além dos
tradicionais resultados verificados pelos resultados econômicos financeiros..
Isto porque, as empresas não podem estabelecer somente estratégias de curto
prazo, pois sobrevivência a curto prazo, pois tanto a curto, médio e longo prazo
possuem caráter sistêmico/holístico. Ou seja, uma estratégia hoje poderá influenciar o
futuro da organização. Sucesso financeiro hoje não garante sucesso amanhã. Assim
verificar o desempenho somente sob a perspectiva financeira; como faz a maioria das
organizações, pode ser uma avaliação limitada.
4.2 - Contribuições potenciais em nível teórico
O Estudo de caso possibilitará levantar, para análise e debate as iniciativas
inovadoras no campo da mensuração/avaliação do desempenho da gestão nas
organizações.
4.3 – Contribuições potenciais da pesquisa em termos práticos
O Estudo e caso possibilitará acompanhar até onde possível o planejamento e
implementação de uma metodologia inovadora de avaliação do desempenho empresarial
– Balanced Scorecard ( Kaplan e Norton), na empresa Klabin Fabricadora de Papel e
Celulose.
5 – Procedimentos metodológicos
O estudo de caso será estruturado a partir de:
De leitura, avaliação, síntese e debates do material levantado em jornais, revistas e
livros;
Visitas de benchmarking em organizações;
Aplicação e verificação de caso real de implementação do conceito/sistema
Balanced Scoredcard – Kaplan e Norton.
6 – Cronograma e Plano de Ação
Fases Datas
Início Final
Planejamento 23/02 10/05
Coleta de dados 10/05 10/09
Visitas 20/06 10/08
Análise e interpetação 10/05 10/11
Redação do relatório 10/04 15/11
Ver plano de ação em anexos
7 – Anexos
7.1 – Plano de Ação
7.2 – Artigos “Dos Custos à Perfomance” – Revista HSM – Roberto Kaplan
7.3 –Caderno de Produtos Klabin Boards
8 – Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
LEVITT, Theodore. A imaginação de marketing. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.
(ARANTES, Nélio Arantes. Sistemas de Gestão Empresarial. 1ª ed. São Paulo: Atlas,
1994.
COLLINS, James C. Collins; PORRAS, Jerry I. Feitas Para Durar. 6ª ed. Rio de
Janeiro: Rocco,1998.
KAPLAN, Robert S; NORTON, David P. A Estratégia Em Ação – Balanced
Scorecard. 1ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
STEWART, Thomas. Capital Intelectual. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
FALCONI, Vicente Falconi C. Gerenciamento da Rotina – o Trabalho do Dia a Dia. 4ª
ed. Belo Horizonte: Editora Desenvolvimento Gerencial, 1994.
FALCONI, Vicente Falconi C. Controle da Qualidade Total – No Estilo Japonês. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1992.
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 5ª ed. São Paulo: Atlas,
1998.
19.3 – Relatórios O relatório final de uma monografia tem uma estruturação bastante específica, segunda as normas da ABNT e deverá ser visto em detalhes fora desta apostila.
19.4 - Apresentação
Uma das considerações importantes de uma projeto de pesquisa é apresentação, pois é neste instante que o acadêmico pode demonstrar todo o conhecimento adquirido com o trabalho e comprovar através de argumentos o grau de aderência da leitura, síntese e do aprendizado propriamente dito. Ocorre que as vezes, o trabalho é deixado para a última hora e não se dá a importância devido naquilo que é a consagração dos anos em uma faculdade. Se o acadêmico não elaborou o trabalho, possivelmente terá dificuldade em defendê-lo. Se ao contrário, desde o início levou o projeto de pesquisa dentro de uma postura de adquirir conhecimento, muito possivelmente, com preparação através de alguns recursos audio-visuais e um bom treinamento, estará apto a fazer uma ótima apresentação.
Bibliografia
Teixeira, Elson A; Machado, Andréa Monteiro de Barros. Leitura Dinâmica e
Memorização. São Paulo: Makron Books. 1993.
Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa. São
Paulo: Atlas. 1982.
Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Metodologia Científica –
Ciência do conhecimento – Método científicos – Teoria, hipóteses e variáveis.
São Paulo: Atlas. 1988.
Salomon, Délcio Vieira. Como Fazer uma Monografia. 9º ed. São Paulo:
Martins Fontes; 1999.
Gil, Antonio Carlos. Projetos de Pesquisa. 3ºed. São Paulo: Atlas; 1995.
M elhores c orrespondências p ara c omo p raticar u m e
studo e ficiente