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AUTOR TRABALHO · Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia

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AUTOR TRABALHO

ADALTO MOREIRA BRAZ CARTOGRAFIA DE PAISAGENS E O ZONEAMENTO DOPOTENCIAL TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE MINEIROS/GO1

ASSUNÇÃO ANDRADE DEBARCELOS

CONCENTRAÇÃO DE COLIFORMES NAS ÁGUAS DA BACIA DOCÓRREGO SUCURI1

DAIANE FERREIRA BATISTA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE BACIAS HIDROGÁFICAS

DANILO SOUZA MELO

(RE)CRIAÇÃO CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS RURAISPARQUE DAS EMAS/GO E DO BOLSÃO/MS: CONTRIBUIÇOES ELIMITES DA POLÍTICA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTOTERRITORIAL

JORDANA REZENDE SOUZALIMA

SIMULAÇÃO DO USO DA AGRICULTURA SINTRÓPICA NARECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E PRODUÇÃO DEALIMENTO EM PROJETOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS NOMUNICÍPIO DE JATAÍ (GO)1

JOSIE MELISSA ACELOAGRICOLA

GÊNERO E LUTA NO CERRADO GOIANO: OS SABERES DASMULHERES CERRADEIRAS E SUAS RESISTÊNCIAS DIANTE DAEXPANSÃO CAPITALISTA

MAINARA DA COSTABENINCA

ANÁLISE DO PROGRAMA “PRODUTOR DE ÁGUA” NO MUNICÍPIODE RIO VERDE-GO

REILA CAMPOS GUIMARÃESDE ARAÚJO

PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES ATENDIDOS NO SERVIÇO DEATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA: REGIÃO SUDOESTE I DEGOIÁS, ANO 2015

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CARTOGRAFIA DE PAISAGENS E O ZONEAMENTO DO POTENCIAL TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE MINEIROS/GO1

BRAZ, Adalto Moreira2; OLIVEIRA, Ivanilton José de3; CAVALCANTI, Lucas Costa de Souza4

Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias

Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia capaz

de depreender sobre as interações dos processos sociais e ambientais (atropo-

ambientais) a partir de uma abordagem sistêmica e, portanto, integrada dos elementos

que constituem as paisagens. O conceito de paisagem adotado neste trabalho foi

proposto por Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2010, p. 18), que definem a paisagem

como um “conjunto inter-relacionado de formações naturais e antroponaturais”,

podendo ser considerada em três situações que se complementam, sendo “um

sistema que contém e reproduz recursos”, “um meio de vida e da atividade humana”

e “um laboratório natural e fonte de percepções estéticas”. Na proposta de Sochava

(1978) o autor se aproxima do campo da cartografia das paisagens ao evidenciar a

importância de se sistematizar o parcelamento do meio natural, sendo este ato

requisito indispensável à solução de muitos problemas geográficos, tais como a

elaboração de cartas de paisagens (landschaft). Nas considerações de Cavalcanti e

Corrêa (2016), a adoção da abordagem sistêmica aplicada ao conceito de paisagem

permitiu a Sochava resolver alguns entraves da geografia física. Foi a partir da fusão

da teoria geral dos sistemas com a geografia, que Sochava ampliou o campo da

análise espacial das paisagens e a sua compreensão temporal. A paisagem é um bem

que pode ser aproveitado como qualquer outro recurso, no entanto é preciso estar

ciente de que qualquer decisão tomada sobre um território que tenha uma ocorrência

1 Resumo revisado pelo orientador e coorientador do bolsista. O orientador é coordenador do Projeto de Pesquisa – código PI0861-2016: Cartografia das Paisagens Turísticas das Savanas Brasileiras e Moçambicanas. (Coordenador: Ivanilton José de Oliveira). 2 Bolsista CAPES. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí – e-mail: [email protected] 3 Orientador. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal de Goiás/Instituto de Estudos Socioambientais – e-mail: [email protected] 4 Coorientador. Universidade Federal de Pernambuco/Departamento de Ciências Geográficas – e-mail: [email protected]

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) . -

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espacial irá fazer parte e transformar a paisagem. Uma oportunidade de estudo da

paisagem à vista destas transformações, se dá através da cartografia da paisagem,

que pode fornecer bases para elaboração de um plano de conservação para as

paisagens estudadas. Isto proporcionará uma maneira de evitar e prever a magnitude

das transformações do ambiente natural, com base num sistema espacialmente

desenvolvido, capaz de mapear as paisagens e propor medidas de conservação da

natureza (COMUNIDAD DE MADRID, 2003; KUZMENKO, 2010). O município de

Mineiros/GO apresenta uma dinâmica de uso e cobertura da terra diversificada e se

manifesta em diferentes unidades de paisagens. O município integra a região definida

como agroecológica pelo plano estadual do turismo do Estado de Goiás e recebe a

classificação como município diamante (GOIÁS, 2008; 2010). Mineiros apresenta um

potencial turístico que é explorado principalmente em relação ao Parque Nacional das

Emas. Com uma baixa densidade populacional, acredita-se que a área de estudo

apresente importantes elementos naturais com potencial turístico subaproveitado e

que, por meio do zoneamento, possam vir a compor um roteiro em turismo de

natureza.

Objetivos: O objetivo principal é o desenvolvimento de uma proposta metodológica

de zoneamento turístico das paisagens do Cerrado, tendo o município de Mineiros

como área de estudo.

Procedimentos Técnicos: A técnica a ser utilizada será a cartografia da paisagem,

fundamentada no instrumento do zoneamento da paisagem, tendo como ferramenta

o Sistema de Informações Geográficas (SIG), para processamento de um banco de

dados contendo as informações para o estudo das paisagens e seu zoneamento

turístico. A priori são reconhecidos diferentes procedimentos para se cartografar as

paisagens. Nesta proposta apropria-se de um conjunto de três procedimentos gerais

propostos por Lysanova, Semenov e Sorokovoi (2011) para a cartografia das

paisagens, sendo: 1) Compilação de informações topográficas e setoriais do espaço

proposto como objeto de pesquisa; 2) Generalização dos dados e mapas em média

escala; e 3) Investigações de campo (rota, estação e transectos da paisagem).

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A seguir são colocadas quatro etapas que representam os procedimentos para a

elaboração da tese e do zoneamento turístico da paisagem, sendo: 1) Trabalhos

introdutórios e delineamento da pesquisa; 2) Aplicação das geotecnologias e estrutura

do banco de dados; 3) Mapeamento das paisagens; e 4) Zoneamento turístico das

paisagens.

Resultados Esperados: O mapeamento e a caracterização das paisagens serão

elaborados na escala municipal e o zoneamento turístico das paisagens será

construído a partir de uma concepção teórica e metodológica da geografia e

cartografia de síntese desenvolvida na Geografia Russo-Soviética. Analisando a atual

situação das paisagens no município de Mineiros e sua possível relação com as

potencialidades turísticas, a proposta poderá contribuir com uma base completa de

mapeamentos do município. Trata-se da cartografia inédita das unidades de

paisagens e o zoneamento turístico da paisagem para fins de planejamento destas

atividades no município. Portanto, será possível avançar quanto ao mapeamento das

paisagens e técnicas de cartografia para estes fins numa região do Cerrado brasileiro,

que ainda apresenta poucos estudos advindos dessa concepção teórica. O

zoneamento turístico das paisagens irá qualificar a discussão sobre atividades

turísticas no Cerrado e embasar o planejamento do turismo, do ambiente e do

território.

Conclusões: A proposta envolve a realização de um zoneamento turístico das

paisagens para o município de Mineiros/GO, como um instrumento que deverá auxiliar

nas decisões quanto aos diferentes conjuntos naturais (unidades de paisagens)

considerando suas potencialidades ao desenvolvimento de atividades turísticas. O

zoneamento deverá ser capaz de identificar áreas (zonas) que tenham pertinências

ou restrições ao turismo e, desta forma, permitir seu planejamento no município.

Agradecimentos: O autor agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos em nível de

doutorado.

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Referências:

CAVALCANTI, L. C. S.; CORRÊA, A. C. B. Geossistemas e Geografia no Brasil. Revista Brasileira de Geografia (IBGE), Rio de Janeiro, v. 61, n. 2, p. 3-33, jul./dez., 2016.

COMUNIDAD DE MADRID. Cartografía del Paisaje. Madrid: Consejería de Medio Ambiente y Ordenación del Territorio, 2003. 17 p.

GOIÁS. Plano Estadual do Turismo (2008-2011). Goiânia: GOIÁS TURISMO – Agência Estadual de Turismo, 2008

______. Classificação dos Municípios Prioritários para o Desenvolvimento do Turismo em Goiás. Goiânia: GOIÁS TURISMO – Agência Estadual de Turismo, 2010.

KUZMENKO, E. I. Structural-dynamical mapping of landscapes as exemplified by the Kazymskoye plateau (Western Siberia). Geography and Natural Resources, vol. 31, p. 74–78, 2010.

LYSANOVA, G. I.; SEMENOV, Yu. M.; SOROKOVO, I, A. A. Geosystems of the Upper Yenisei Basin. Geography and Natural Resources, vol. 32, N. 4, p. 357-362, 2011.

SOCHAVA, V. B. Por uma teoria de classificação dos geossistemas de vida terrestre. Biogeografia. São Paulo, n. 14, 1978.

RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. 3ª ed. Fortaleza: Edições UFC, 2010. 222 p.

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CONCENTRAÇÃO DE COLIFORMES NAS ÁGUAS DA BACIA DO CÓRREGO

SUCURI1

BARCELOS, Assunção Andrade de2; RAMALHO, Fernanda Luísa3; CABRAL, João

Batista Pereira4; SANTOS, Ana Karoline Ferreira dos5; BIRRO, Sheyla Olivia Groff6.

ROCHA, Isabel Rodrigues7

Palavras-chave: Qualidade da água, Resolução Conama nº357/2005.

Introdução: Na maior parte das vezes, a preocupação com a qualidade das águas é

voltada principalmente para aquela destinada ao consumo humano. Porém, quase

1 Resumo revisado pelo orientador João Batista Pereira Cabral.

2 Discente Doutorando do Programa de Pós-graduação em geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].

3 Mestre em Geografia e Voluntária do Laboratório de Geociências Aplicadas da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].

4 Professor doutor, do curso de geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].

5 Discente Mestranda e bolsista CAPES no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].

6 Discente Mestranda e bolsista CAPES no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].

7 Doutoranda em Geografia PPGEO/IESA - Universidade Federal de Goiás - UFG, e-mail: [email protected].

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 7 - 11

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não há a preocupação com a qualidade hídrica destinada a dessedentação animal,

podendo acarretar a má qualidade de vida dos mesmos e provocar doenças.

Os métodos de saneamento são mecanismos para proporcionar uma

melhoria da saúde ambiental, segundo a Política Federal de Saneamento Básico,

estabelecida pela Lei Nº 11.445/07, o saneamento básico é um conjunto de serviços,

bases de instalações operacionais de abastecimento de água potável; esgotamento

sanitário, manejo de resíduos sólidos, drenagens de águas pluviais urbanas

(BRASIL, 2007). Dentre as diretrizes presentes no art. 48, da Lei supracitada,

destaca-se o inciso VII, que garante meios adequados para o atender a população

rural, até mesmo a emprego de soluções ajustadas com características econômicas

peculiares e sociais (BRASIL, 2007). Segundo Von Sperling (1996), os coliformes

termotolerantes, são os principais indicadores de contaminação fecal, é um dos

parâmetros que proporcionam maior significância na estimativa da qualidade

sanitária do ambiente aquático, sendo, portanto, um bom indicador de contaminação

por efluentes.

Em razão de provocar riscos graves à saúde humana, se faz indispensável o

tratamento da água para o consumo humano, de modo a torná-la potável. Assim,

está contido em lei que um dos principais objetivos do tratamento é de ordem

sanitária, visando a remoção e inativação dos organismos patogênicos e

substâncias químicas que representam riscos à saúde, além do tratamento da

estética organoléptica, isto é, de remoção de turbidez, cor, gosto e odor. (BRASIL,

2006).

Determinar a concentração dos coliformes termotolerantes é de grande

importância, possibilitando a indicação de possibilidade da existência de micro-

organismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação

hídrica, tais como cólera, febre tifoide dentre outras (OKURA; SIQUEIRA, 2005).

Objetivos: Diante da carência de estudos relacionados a qualidade da água dos rios

e córregos presentes em meio rural, objetivou-se avaliar o nível de coliformes

termotolerantes nos dois principais cursos d’água da bacia do córrego Sucuri, por

ser um afluente do reservatório da Usina Hidrelétrica de Barra dos Coqueiros.

Material e métodos: O córrego Sucuri está localizado no município de Caçu, no

Sudoeste do estado de Goiás, com área aproximada de 74km² (mapa 1). O clima da

área de estudo segundo a classificação de Koopen é do tipo Aw, isto é, duas

estações bem definidas, uma seca de abril a setembro e ou úmida de outubro a

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março, com precipitação média anual que varia de 1400 a 1600 mm, os meses de

dezembro a março são os meses que apresentam maior concentração de

precipitação, de maio a agosto apresenta o período mais seco, com baixo índice de

precipitação. A temperatura média anual varia entre 22 e 23ºC. (SCOPEL, 2001;

NOVELIS, 2005; LIMA e MARIANO, 2014). Mapa 1 – localização da bacia do córrego Sucuri no Sudoeste de Goiás.

Fonte: SIEG (2016). Organizador: Santos (2016).

Para avaliar a concentração de coliformes termotolerantes nos principais

corpos d’água da bacia do córrego Sucuri, foram selecionados 5 pontos, de modo a

abranger a influência dos diversos tipos de uso e ocupação das terras da bacia do

córrego. As campanhas de coletas seguiram um intervalo de três meses iniciando no

mês de junho de 2015 e termino em março de 2016.

As amostras foram coletadas em recipientes de vidro de 100 ml estéreos,

acondicionado em caixa de térmica com gelo e ao abrigo da luz até a finalização do

transporte ao Laboratório de Geociências Aplicadas, na Universidade Federal de

Goiás- Regional Jataí. Os procedimentos de coleta e preservação das amostras

foram realizados de acordo com o Guia Nacional de Coleta e Preservação de

Amostras (CETESB; ANA 2011).

Para definir a concentração de colônias usou-se a técnica da membrana

filtrante. Os materiais utilizados foram luvas estéreas, autoclave, copo, bomba de

sucção à vácuo, bico de bunsen, gás, membrana de 47 mm de diâmetro e 45 µm de

porosidade, placa de Petri com meio de cultura, pinça e estufa microbiológica. Para

procedimento as amostras da água foram filtradas, e os filtros foram colocados no

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meio de cultura e levada para estufa deixando para incubar por 24 horas a 36ºC,

com o termino da incubação usou-se o contador de colônias de bactérias.

Resultados e Discussão: Os coliformes totais avaliados na bacia do córrego

Sucuri, apresentam tendência de sazonalidade (Gráfico 1), isto é, variam de acordo

com as estações do ano, a coleta do mês de março de 2016, período considerado

chuvoso para região, apresentou mais coliformes em relação ao mês de junho de

2015, período seco. Essa maior concentração de coliformes no período úmido pode

estar associado com o escoamento superficial, que promove o transporte de mais

sedimentos para os cursos d’água.

Gráfico 1 – sazonalidade dos coliformes totais do corpo hídrico da bacia do Sucuri-GO.

Fonte: produção do autor 2017.

Para os valores encontrados de coliformes nas águas da bacia do córrego Sucuri,

segundo a Resolução CONAMA 357/2005, as águas podem ser consideradas de

classe 2. Notou-se que os resultados do ponto 1, foram os que mais contribuíram

para esse enquadramento, o mesmo está relacionado com o uso do solo, por sua

área ser ocupada por assentamentos rurais, contribuindo para o maior uso do

córrego, com as características de proximidade entre os assentamentos, onde a

água é destinada ao uso para residências e a dessedentação animal, consistindo

também quanto ao ponto de coleta ser presente em área onde se apresentam várias

rodas d’água.

Conclusão:

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Segundo a Resolução vigente as águas foram classificadas como de classe 2,

podendo ser destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento

convencional, além de poder ser usufruídas para atividades aquáticas, como de

recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, aquicultura e atividade de

pesca.

Referências

ANA - Agencia Nacional das Águas. Indicadores da qualidade da água. Disponível em: <http://pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA/IndiceQA.aspx>. Acesso em: Jan. 2016 BRASIL. Lei 11.445 de 5 de Janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Presidência da República Casa Civil. BRASIL. Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, DF, 1997. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo, ANA- Agencia Nacional das Águas, 2011. Guia nacional de coleta e preservação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidas. CETESB, São Paulo, ANA, Brasília. 326pp ITURRINO, R.P.S.; MASSOLI, V.M.C.B.; DELPHINO, T.P.C.; DAMASCENO, P.R. Clostridium perfringens em rações e águas fornecidos a frangos de corte em granjas avícolas do interior paulista – Brasil. Revista Ciência Rural, v.40 n.1, p. 197-199, 2010. MAGALHÃES, Y. A., et al. Qualidade microbiológica e físico-química da água dos açudes urbanos utilizados na dessedentação animal em Sobral, Ceará. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 12, n. 2, p. 141-148, 2014. Disponível em: < file:///C:/Users/Açãogeo/Desktop/1417-5105-1-PB%20(3).pdf>. Acesso em: 20 ago. 2017. OKURA, M. H.; SIQUEIRA, K. B. Enumeração de coliformes totais e coliformes termotolerantes em água de abastecimento e de minas. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 19, n. 135, p. 86-91, set. 2005. VON SPERLING, M. Introdução a Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 2ª Ed. - Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996, 243 p.

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QUALIDADE DAS ÁGUAS DE BACIAS HIDROGÁFICAS

BATISTA, Daiane Ferreira¹; CABRAL, João Batista Pereira²; ROCHA, Thiago³; NASCIMENTO, Elvis Souza4, BARBOSA, Gustavo Rodrigues5

Palavras-chave: bacia hidrográfica, parâmetro, preservação ambiental.

Introdução

O Brasil é considerado uma grande potência em recursos hídricos, por possuir rios

caudalosos e grandes bolsões subterrâneos de água doce. Por estas características, os estudos

ambientais de punho cientifico e acadêmicos vem a cada dia se aprimorando e ganhando mais

atenção. Tundisi (2005) explica que a água é um dos elementos essenciais para a sobrevivênc ia

e desenvolvimento da vida no planeta, com isso é de fundamental importância que sua

qualidade seja analisada.

Cabral et al. (2013) diz que os avanços no ramo agrícola, provocam alterações no

ecossistema aquático e terrestre, por meio da grande expansão de lavouras e áreas destinada a

pecuária (muitas vezes sem fiscalização), que necessariamente corrobora a retirada da

vegetação nativa, oferecendo significativas quantidades de resíduos a natureza que alteram o

habitat natural de espécies.

Estas são algumas informações que demostram a necessidade da preservação

ambiental, visto que a água é o recurso natural mais importante para sobrevivência das espécies,

e, hoje, apresenta-se ameaçado (REBOUÇAS et al. 2002; ANA, 2005).

_________________________________________

Resumo revisado por: Prof. João Batista Pereira Cabral (42234 - Analise integrada em bacias hidrográficas: estudos comparativos os distintos usos de ocupação do solo). 1Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Doutoranda: [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Docente:

[email protected] 3Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Mestrando:

[email protected] 4Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Mestre: [email protected] 5Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Doutorando: [email protected]

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 12 - 1

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Para isto, o presente trabalho traz conceitos sobre parâmetros que auxiliam na

averiguação da qualidade das águas em bacias hidrográficas, e a importância de análise dos

mesmos.

Objetivo

Este trabalho teve como objetivo geral apresentar conceitos de 4 parâmetros que

auxiliam na detecção de contaminação das águas em rios de águas doces de bacias

hidrográficas.

Metodologia

Diante do proposto, foi realizado revisões bibliográficas utilizando artigos científicos,

dissertações, livros e teses que descrevem a importância da averiguação destes parâmetros para

conservação de recursos hídricos.

Resultado e discussão

Oxigênio dissolvido (OD)

A regularidade de oxigênio dissolvido em corpos hídricos é fundamental para o

desenvolvimento de organismos aeróbicos, sendo este o parâmetro mais importante para a

dinâmica aquática. Von Sperling (1996) e Esteves (1998) confirmam que ao ocorrer ausência

deste elemento nas águas, afeta o odor e pontual a presença de poluição.

Por ser um elemento indispensável para as funções vitais do metabolismo dos micro -

organismos aeróbicos, as águas naturais necessitam apresentar quantidades controladas do

mesmo (KLEEREKOPER, 1990). Um dos fatores que podem alterar a quantidade de oxigênio

dissolvido nas águas é a temperatura e pressão atmosférica, ambos resultam em redução da

dissolubilidade deste elemento.

Corpos hídricos que recebem elevadas quantidade de matéria orgânica estão sujeitos

ao processo de eutrofização, alterando a qualidade das águas e prejudicando o consumo humano

(MERCANTE et al., 2014). Segundo a CETESB (2014) os peixes, não sobrevivem em

ambientes aquáticos com taxa de oxigênio dissolvido inferior a 4,0 mg/L.

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Souza, Bacicurinski e Silva (2010) analisaram a qualidade da água do rio Paraíba do

Sul, no município de Taubaté-SP. Os resultados para OD variaram entre 6,67 mg/L e 7,32 mg/L,

valores considerados bons pela Resolução CONAMA 357/2005.

Potenciais hidrogeniônicos (pH)

O pH é considerado um dos parâmetros mais importantes para a avaliação da qualidade

das águas em bacias hidrográficas. Esteves (1998) diz que a interpretação deste parâmetro é

uma das mais complexas, pois vários fatores levam à sua alteração. Os valores de pH variam

de 0 a 14; em condições ácidas, o valor da solução é <7, para ser considerada neutra deve ser

=7 e as soluções chamam-se alcalinas quando ultrapassam 7 (KLEEREKOPER, 1990).

Esteves (1998) ainda diz que, altos valores de pH podem ser encontrados em regiões

que possuem balanço hídrico negativo, como é na região nordeste e no pantanal sul-mato-

grossense do Brasil; já em algumas regiões continentais, a média permanece entre 6 e 8. Outro

fator importante que pode levar a alteração deste parâmetro é a própria geologia da região,

devido a deterioração de rochas, ou mesmo a oxidação da matéria orgânica.

A CETESB (2013) explica que o controle do pH em água que são fontes abastecedoras

em redes públicas devem ocorrer periodicamente, pois a partir do momento em que constam

alterações, as estruturas de instalações hidráulicas são sujeitas a corrosão.

Fósforo total

O fósforo é um elemento que pode ser originado pelo transporte laminar de áreas mais

elevadas (que o possuam) até os mananciais, e como isto libera fosfato para a coluna d’água

pelo consumo da biota e precipitação antigênica por meio de desorção, dissolução, reações

orgânicas e absorção de partículas (LEBO, 1991).

Esteves (1998) diz que por este parâmetro ser um contribuinte direto no metabolismo

dos seres vivos, e por sua elevada quantificação proporcionar aceleramento no processo de

eutrofização dos rios, sua avaliação se torna essencial para quantificar a qualidade das águas

em bacias hidrográficas.

Os esgotos domésticos, detergentes superfosfatados, os efluentes industriais, materiais

agrícolas como fertilizantes, laticínios, frigoríficos e abatedouros, juntamente com os poluentes

agropecuários pela drenagem pluvial, são as principais fontes artificiais de fósforo. Em termos

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naturais tem-se a própria composição rochosa e a decomposição de organismo de origem

alóctone (CETESB, 2004)

Um exemplo da constatação deste elemento pode ser demostrado no trabalho realizado

por Coletti et al. (2010) no Rio das Pedras (SP), onde foram encontraram valores como 0,41

mg/L que afirma a baixa qualidade das águas. Os autores destacam que o resultado esteve

relacionado às atividades agrícolas da região, sendo elas a responsável pela alteração da

qualidade hídrica.

Conclusão

A água é indispensável para a sobrevivência das espécies no planeta, seu monitoramento

é fundamental em todas as instancias. Os trabalhos relacionados a qualidade das águas em

bacias hidrográficas são referências a órgão gestores para a avaliação e controle da qualidade

hídrica de regiões inteiras, como também auxiliar a recuperação de áreas degradadas.

Deste modo, é possível concluir que a avaliação da qualidade das águas deve ser

realizada de maneira meticulosa, levando em consideração vários fatores, como: - o uso e

ocupação das terras da bacia hidrográfica analisada, - a escolha adequada para os parâmetros a

serem analisados, - o conhecimento específico e científico de cada parâmetro escolhido, entre

outros.

O conhecimento dos parâmetros descritos neste trabalho, é de grande relevância, ao

considerar analisar a qualidade das águas, pois, o oxigênio dissolvido, potencial hidrogeniônico

e fósforo, são destaques em processos de eutrofização das águas doces de bacias hidrográficas,

e devem ser analisados minuciosamente.

Referências

CABRAL, J. B. P. [et al.]. Diagnóstico Hidrossedimentológico do Reservatório da UHE Caçu - GO. Revista Geofocus (Madrid), v. 13, 2013.

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30 cm, 2004.

15

Page 16: AUTOR TRABALHO · Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia

COLETTI, C. [et al.]. Water quality index using multivariate factorial analysis. Rev. bras. eng.

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Page 17: AUTOR TRABALHO · Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia

(RE)CRIAÇÃO CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS RURAIS PARQUE DAS

EMAS/GO E DO BOLSÃO/MS: contribuições e limites da política de estado de

desenvolvimento territorial1

MELO, Danilo Souza2. NARDOQUE, Sedeval3.

Palavras-chave: Campesinato, Cerrado, Políticas Públicas, Questão Agrária.

Justificativa/Base teórica: Partimos do pressuposto teórico de desenvolvimento

desigual do capitalismo no espaço (SMITH, 1988) e da existência de uma questão

agrária, motivada pelo desenvolvimento do capital no campo brasileiro, e que,

segundo Oliveira (1991; 2004; 2010), ocorre de maneira desigual, combinada e

contraditória, ou seja, o capital ao reproduzir suas relações capitalistas, promove, ao

mesmo tempo, relações não tipicamente capitalistas, o campesinato.

O campesinato, assim, é parte das contradições do desenvolvimento desigual

do capitalismo no campo. No entanto, o campesinato é mais que uma contradição, é

uma classe social que luta diariamente para conquistar e se manter na terra

(ALMEIDA, 2006).

O campesinato estrutura-se na tríade terra, trabalho e família, assim “[...] não

se pensa a terra sem pensar a família e o trabalho, assim como não se pensa o

trabalho sem pensar a terra e a família” (WOORTMANN, 1990, p. 23), logo esta tríade

é fundamental para analisar reprodução desse modo de vida (SHANIN, 1980). Essa

classe social (re)inventa formas de resistência para reprodução e manutenção da

tríade. Assim, para os camponeses [...] sua reprodução e sua luta diária são feitas tendo como base a manutenção de valores considerados tradicionais: família, terra e trabalho. Esse parece ser o limite, mas também o seu possível, uma vez que tem sido capaz, nessa luta, de (re)inventar novas formas de enfrentamento, um novo jeito de lutar, o que tem garantido sua reprodução para muito além das determinações do capital (ALMEIDA, 2006, p. 108).

1 Resumo revisado pelo orientador associado ao Projeto de Pesquisa e coordenador do Projeto de Pesquisa. Projeto PI01518-2016 coordenado pelo professor Dr. Evandro C. Clemente. 2 Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG). Aluno em nível de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geografia Campus Avançado de Jataí/GO (CAJ). Email: [email protected]. 3 Professor Doutor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas/MS. Email: [email protected].

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 17 - 21

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O campesinato, para muitos estudiosos marxistas, como Kautsky e Lênin,

estaria fadado ao desaparecimento diante do desenvolvimento do capitalismo

(PAULINO, ALMEIDA, 2010). Apesar das análises contrárias, esta classe continua

existindo, resultado do próprio capitalismo.

Assim, o debate acerca do campesinato e sua recriação no contexto do

desenvolvimento do capital no campo são fundamentais para compreendermos a

realidade do campo brasileiro. A (re)criação do campesinato ocorre no contexto de

controle do território pelo capital via agricultura capitalista/agronegócio subsidiado

pelo Estado. Nesse sentido, há a necessidade de compreender o papel do Estado e

das políticas públicas destinadas ao campesinato e agricultura

capitalista/agronegócio.

A partir de 2003 o estado brasileiro passa a adotar a perspectiva territorial para

as políticas públicas, criando assim o Programa dos Territórios Rurais. Os recursos

destinados aos territórios rurais têm por objetivo o desenvolvimento rural sustentável

como “[...] uma estratégia de concertação social sobre formas de produção,

distribuição e utilização dos ativos de uma região numa direção que permita a geração

de riquezas com inclusão social. ” (BRASIL, 2005, p.18).

As críticas a respeito da política de desenvolvimento territorial indagam a

proposta de desenvolvimento e combate à pobreza por meio de integração ao capital,

ou seja, o campesinato (relação não capitalista) para se desenvolver deve se integrar

ao mercado capitalista. Assim, o desenvolvimento territorial pode promover a

manutenção da subalternidade camponesa ao invés de sua emancipação.

[...] o desenvolvimento local e a operacionalização da pequena agricultura como um “agronegócio familiar” visam fazer dos camponeses – e sua tradicional insurgência a esquemas opressores – sujeitos submissos, inofensivos e dóceis agentes da ordem mercadológica, construída a partir da dimensão local. (FABRINI, 2011, p.99).

Desta maneira esta pesquisa se assenta no referencial teórico sobre a questão

agrária, (re)criação camponesa e sobre as políticas públicas de desenvolvimento

territorial.

Localizados no Cerrado do Centro-Oeste brasileiro, em meio ao contexto da

questão agrária, os territórios rurais Parque das Emas/GO e do Bolsão/MS, são

resultantes da política pública brasileira de desenvolvimento territorial

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No contexto de dominação do território por meio da agricultura capitalista e das

grandes empresas, há a presença da agricultura camponesa que se reproduz por

meio de diferentes estratégias. No Território Rural do Bolsão há 8 assentamentos de

reforma agrária, com 730 famílias segundo os dados da Secretaria de

Desenvolvimento Territorial (SDT). Ainda segundo a SDT, há no Território Rural

Parque das Emas 16 assentamentos da Reforma Agrária, com 680 famílias.

Nestes territórios, o campesinato enfrenta problemas na política de Reforma

Agrária, principalmente ligados à falta de infraestrutura e assistência técnica. Diante

do abandono do Estado, indagamos a efetividade das políticas públicas destinadas a

agricultura camponesa.

Objetivo: Analisar as estratégias de (re)criação camponesa nos Território Rurais do

Bolsão (MS) e Parque das Emas (GO) e a relação com a efetividade da política do

Estado brasileiro de desenvolvimento territorial com ênfase no Programa dos

Territórios Rurais.

Metodologia: A pesquisa se inicia com a revisão bibliográfica a respeito da questão

agrária brasileira, incluindo nesta, a luta pela terra, recriação do campesinato,

movimentos sociais e políticas territoriais. Buscaremos, em diferentes trabalhos,

compreender o processo de apropriação capitalista da terra nos territórios rurais

estudados. Este procedimento metodológico será recorrido diversas vezes durante a

pesquisa, pois permitirá a análise sobre o atual contexto da questão agrária no Brasil

e nos territórios estudados, sobretudo a propriedade, a posse e o uso da terra.

Em sequência, realizaremos análise de dados por meio fontes como o Instituto

Brasileiro de Geografia, Estatística (IBGE) entre outros. O objetivo desta análise é

compreender a dinâmica da agricultura (produção e estrutura fundiária) na última

década censitária e a participação das políticas públicas nesse processo. Esse

procedimento permitirá a produção de quadros, tabelas e mapas. Estas informações

balizarão os trabalhos de campo.

O trabalho de campo acontecerá nos municípios, distritos, comunidades rurais

e assentamentos dos territórios rurais Parque das Emas (GO) e do Bolsão (MS). Outro

local de trabalho de campo será nas plenárias dos territórios rurais, onde são

discutidas pelos colegiados territoriais editais e projetos.

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Em campo, realizaremos entrevistas com camponeses, integrantes dos

movimentos sociais, representantes do poder público, membros do NEDET e dos

colegiados territoriais. No trabalho de campo será possível compreender as

estratégias de recriação camponesa, bem como, a participação das políticas públicas

nesse processo. Pretendemos ainda estudar as diferentes formas de acesso à terra

pelo campesinato e se estas influenciam nas estratégias de recriação do seu modo

de vida.

O conjunto de dados e informações obtidos, por meio destes procedimentos

metodológicos explicitados, permitirão a análise dialética das estratégias da

(re)criação camponesa nos Territórios Rurais do Bolsão (MS) e Parque das Emas

(GO). Adotamos o método dialético nesta pesquisa por compreendermos que este

nos permite analisar as contradições da realidade atual em especial, as causadas pelo

desenvolvimento do capitalismo do campo brasileiro.

Nesse sentido, utilizaremos a teoria do desenvolvimento desigual, contraditório

e combinado do capitalismo no campo produzida por Oliveira (1991) como teoria

central da pesquisa. Os conceitos chave elegidos para esta pesquisa são: Território,

Espaço e Campesinato.

Resultados/discussão: Esperamos que, por meio desta pesquisa, seja possível

conhecer, mapear e compreender as diferentes estratégias de (re)criação do

campesinato nos Territórios Rurais do Bolsão (MS) e Parque das Emas (GO). Outro

resultado está ligado à importância ou não das políticas públicas, em especial as

ligadas ao desenvolvimento territorial rural, para o campesinato em sua (re)criação no

Cerrado brasileiro. Esperamos, desta maneira, contribuir para a discussão de novas

políticas públicas para o campesinato e de novas abordagens para o desenvolvimento

do campo brasileiro.

Os resultados desta pesquisa serão divulgados por meio de artigos científicos,

capítulos de livros e mapas que serão publicados em anais de eventos e revistas

científicas. O conjunto dos resultados serão publicados na tese.

Conclusões: Destarte, esta pesquisa se torna relevante pela necessidade de estudos

que contribuam na construção de políticas públicas para a recriação do campesinato

e, consequentemente, na produção de alimentos de qualidade e combate às

desigualdades sociais no campo brasileiro.

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Referências:

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distinção: a luta pela terra e o habitus de classe. São Paulo: UNESP, 2006.

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Apoio ao Desenvolvimento de Territórios Rurais. Brasília: SDT-MDA. 2005.

FABRINI, João. TERRITÓRIO, CLASSE E MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO.

Revista da ANPEGE. v. 7, n. 7, p. 97-112, jan./jul. 2011.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A agricultura camponesa no Brasil. São Paulo:

Contexto, 1991.

______. Barbárie e modernidade: as transformações no campo e o

agronegócio no Brasil.Revista Terra Livre, São Paulo: AGB, ano 19, v. 2, n. 21, p.

113-156, jul./dez., 2003.

_______.Geografia agrária: perspectivas no início do século XXI. In: OLIVEIRA,

Ariovaldo U. de; MARQUES, Marta Inês Medeiros (Org.). O campo no século XXI:

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_______. A mundialização da agricultura brasileira. Actas: XII Colóquios de

Geocrítica. Disponível em:<http://www.ub.edu/geocrit/coloquio2012/actas/14-A-

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PAULINO, Eliane Tomiasi; ALMEIDA, Rosemeire Aparecida. Terra e território: a

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SMITH, Neil. Desenvolvimento desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1988.

SHANIN, Teodor. A definição de camponês: conceituação e desconceituação-o

velho e o novo em uma discussão marxista. Estudos Cebrap, Petrópolis, n. 26,

p.43-79, 1980.

WOORTMANN, Klass. Com parente não se neguceia. – O campesinato como

ordem Moral. In: Anuário Antropológico. Ed. UNB- tempo brasileiro, 1990. 71 p.

21

Page 22: AUTOR TRABALHO · Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia

SIMULAÇÃO DO USO DA AGRICULTURA SINTRÓPICA NA RECUPERAÇÃO DE

ÁREAS DEGRADADAS E PRODUÇÃO DE ALIMENTO EM PROJETOS DE

ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICÍPIO DE JATAÍ (GO)1

LIMA, Jordana Rezende Souza2; ASSUNÇÃO, Hildeu Ferreira da3.

Palavras-chave: Agricultura sintrópica, áreas degradadas, assentamentos rurais.

Justificativa/base teórica: Para o desenvolvimento econômico e expansão das

fronteiras agrícolas em áreas de Cerrado, as ações antrópicas tem interferido nessa

dinâmica ambiental, e consequentemente todas as suas ações impactam o ambiente

seja de forma negativa ou positiva. Portanto frente aos impactos ambientais que

geram a degradação ambiental torna-se necessário promover a recuperação da área

afetada. Entretanto, o que se vê, são áreas degradadas largadas ao abandono, como

por exemplo, grandes extensões de terras pertencentes a latifúndios que devido ao

manejo inadequado tornam-se improdutivas, áreas essas que tem sido destinadas a

reforma agrária. Os projetos de assentamentos rurais implantados em áreas com

sinais aparentes de degradação ambiental, os quais dificultam a produção dos

assentados, que carecem de conhecimento e suporte técnico, bem como recursos

financeiros para promover a recuperação dessas áreas afim de que as tornem

produtivas.

1

Resumo revisado pelo orientador e coordenador do Projeto de Pesquisa - código PI01181-2014: (Coordenador: Hildeu Ferreira da Assunção).2

Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia, nível de Doutorado, vinculado aUnidade Acadêmica Especial de Estudos Geográficos (UAEEGeo), da Universidade Federal de Goiás(UFG) / Regional Jataí. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

Professor Doutor da UAEEGeo/UFG. Email: [email protected]

22

Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 22 - 2

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De maneira geral os sujeitos que integram um assentamento de reforma agrária

possuem uma ligação forte com a terra, herdada das gerações anteriores, e

considera-se que os mesmos detêm um conhecimento peculiar sobre o ambiente

onde estão inseridos. Almeida (2005) afirma que os povos cerradeiros detêm um rico

conhecimento sobre as plantas, animais, tipos de solo, clima, os quais quando

associados às mudanças de estação, fases lunares, ciclos hidrológicos e outros

fatores, permite utilizar os espaços ecológicos de maneira complementar, bem como

gerar estratégias de uso múltiplo e integrado dos recursos bióticos. As populações

tradicionais juntamente com aqueles que entendem a natureza a partir de uma

perspectiva holística, ou seja, enxergam a natureza em sua totalidade, não separam o homem do ambiente, mas compreende que se deve manter um incessante diálogo

que vai assegurar a vida plena e a sua permanência na terra. Considerando a estreita

ligação dos assentados com a terra e do conhecimento que eles detêm, bem como da

necessidade de conservação do Cerrado para a qualidade de vida da mesma, se faz

necessário propor a adaptação da produção dentro das unidades produtivas nos

assentamentos, para tecnologias com bases agroecológicas que propiciem o cultivo

de alimento, madeira, trato animal, forragem, entre outros gêneros. Diante desse

contexto percebe-se que a agricultura sintrópica tem alcançado sucesso nos aspectos

ambientais e socioeconômicos, pois é um modo de produção regenerador que visa o

equilíbrio do ambiente, no qual os cultivos são múltiplos e de forma sucessional,

formando uma verdadeira floresta de alimentos. Ernst Gotsch, agricultor e

pesquisador suíço que migrou para o Brasil no começo da década de 80, se

estabeleceu em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia e, desde então, vem

desenvolvendo técnicas de recuperação de solos por meio de métodos de plantio que

mimetizam a regeneração natural de florestas (AGENDA GOTSCH, 2017). Como

hipótese da pesquisa, presume-se que a melhoria e/ou adaptações das práticas

cotidianas dos assentados na lida com a terra trará diversidade de produção, e

consequentemente das fontes de renda, bem como a conservação do solo e da água.

Objetivo: Identificar e mapear o potencial produtivo da agricultura sintrópica em

Goiás, bem como simular o seu uso na recuperação de prováveis áreas degradadas

em projetos de assentamento rurais no município de Jataí (GO) com base no

diagnóstico socioambiental.

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Materiais e métodos: A presente pesquisa será realizada em dois momentos: o

primeiro identificando e mapeando os agricultores sintrópicos em Goiás; e segundo,

nos projetos de assentamentos rurais de reforma agrária no município de Jataí (GO).

Os procedimentos metodológicos serão realizados em três etapas. A primeira etapa

consistirá em identificar e mapear os agricultores sintrópicos, ou seja, que adotam

práticas agroecológicas em suas propriedades e que estejam localizadas na área de

abrangência do Cerrado. Será realizado um Diagnóstico Rural Rápido (DRR), onde

os mesmos possam ser entrevistados, e sua produção possa ser registrada por meio

de fotografias. Para tal levantamento será utilizado o banco de dados do Núcleo de

Estudos da Agricultura Familiar (NEAF) da Universidade Federal de Goiás/ Regional

Jataí (UFG). A segunda etapa, consiste na realização do diagnóstico ambiental das

unidades produtivas dos assentamentos selecionados para o estudo com o objetivo

de averiguar o uso da terra, a aptidão agrícola e o potencial de perda de solo das

unidades produtivas utilizando a Equação Universal de Perda de Solo (EUSP) ou

Revised Universal Soil Loss Equation (RUSLE) (WISHMEIER; SMITH, 1978). Em

seguida pretende-se comparar o uso da terra atual com o potencial de uso,

identificando as áreas mais suscetíveis a erosão. Também será realizado com os

assentados um Diagnóstico Rural Rápido (DRR), utilizando como técnicas a

observação participante e entrevistas estruturadas com os moradores da comunidade

assentada. As entrevistas serão precedidas pela identificação do pesquisador e uma

breve explanação sobre a pesquisa e respectivos objetivos. Nessa etapa pretende-se

coletar dados socioeconômicos e ambientas, bem como o levantamento de

informações precisas para a análise da realidade dos sujeitos. Busca-se viabilizar uma

abordagem fiel sobre as práticas de apropriação, produção e comercialização dos

produtos agrícolas; das condições socioculturais e práticas conservacionistas no

espaço rural estudado. Ainda com o intuito de desenvolver esse diagnóstico local,

serão realizadas turnês-guiadas pelos sujeitos, com a finalidade de identificar e

caracterizar as áreas degradadas e identificar os aspectos físicos, bióticos e abióticos

do local. Durante as turnês também serão realizadas observações diretas, que

segundo Albuquerque et al. (2008) consiste da observação e registro livre dos

fenômenos observados em campo.

Resultados Parciais: Foram identificados até o momento, dez agricultores

sintrópicos em Goiás, estando eles nos municípios de Chapadão do Céu, Mineiros,

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Serranópolis, Rio Verde, Niquelândia, Hidrolândia, Porangatu e São Luís do Norte. Os

agricultores de Chapadão do Céu e Mineiros já foram visitados, realizou-se o DRR, e

procedeu-se com o registro fotográfico de suas respectivas áreas de produção,

totalizam três agricultores nesses municípios. A produção é realizada por meio de

sistemas agroflorestais. O diagnóstico ambiental dos assentamentos no município de

Jataí já está sendo realizado, sendo que dos sete assentamentos, o PA Santa Rita já

está finalizado. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(INCRA, 2016), a área total do PA Santa Rita é de 961,2 ha, sendo que 195 ha constitui

a Reserva Legal comunitária, possui capacidade para vinte e três famílias, a

implantação do assentamento ocorreu em 18 de julho de 1998. A área desse

assentamento segundo projeto RADAM Brasil (1983) é composto por dois tipos de

solos, sendo o Neossolos Quartzarênicos e Latossolos Vermelhos Escuros

Distróficos. Apresenta áreas que possuem vulnerabilidades à dinâmica erosiva

associadas ao baixo e médio curso dos córregos três córregos: Guerobinha,

Barreirinho e Vertente, ocorrendo distinções entre eles conforme a diferenciação da

declividade. De maneira geral prevalece a baixa e média suscetibilidade erosiva.

Entretanto a concentração dessa suscetibilidade ocorre em áreas de solos arenosos

e a ausência da vegetação ou um manejo inadequado da agricultura, podem

desencadear diversos fenômenos erosivos. A erosão ocorre de forma diferenciada em

cada tipo de solo, mesmo que as condições de declividade, chuva, cobertura vegetal

e práticas de manejo sejam semelhantes, portanto essa diferença, é denominada

erodibilidade (fator K), conhecida também como suscetibilidade à erosão (BERTONI;

LOMBARDI NETO, 1990). Considerando os parâmetros de Giboshi (2005), o grau de

limitação devido a erodibilidade é classificado como muito forte para 70%, e ligeiro

para 30% da área total. Quanto ao uso e cobertura da terra, nota-se intensa e

predominante atividade pecuária nesse assentamento, áreas remanescentes de

Cerrado que abrange a reserva legal e áreas de APPs. Os lotes 14 e 15 apresentam

a maior parte dos focos potenciais de erosão do solo. Entretanto, de maneira geral,

em toda a área do assentamento encontra-se múltiplos focos de perda de solo acima

de 200 ton/ha/ano. Comparando uso e cobertura do solo com o potencial de erosão,

percebe-se que os focos sobrepõem as áreas de solo descoberto, e estão localizados

nas áreas de maior suscetibilidade a fenômenos erosivos conforme o fator topográfico.

Referências:

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GÊNERO E LUTA NO CERRADO GOIANO: OS SABERES DAS

MULHERES CERRADEIRAS E SUAS RESISTÊNCIAS DIANTE DA EXPANSÃO

CAPITALISTA¹1

AGRICOLA, Josie Melissa Acelo². CLEMENTE, Evandro César³.

Palavras – Chave: Práticas culturais, Sentimentos de pertencimento eempoderamento, Território Cerradeiro.

Introdução: O Cerrado constitui-se numa fração do território que abriga povos que

utilizam dos elementos que ele fornece para a produção de alimentos, artesanatos,

remédios, práticas de rezas e curas, criação de animais e festas religiosas. Os

denominados povos Cerradeiros seguem (re)criando/(re)inventando estratégias,

práticas e costumes que se estruturam e se fundamentam nas tradições culturais

construídas e realizadas na interação com os elementos do Cerrado e que, apesar da

expansão da agricultura capitalista, ainda são mantidas e utilizadas nas rotinas diárias

dessas famílias. Refletir sobre os saberes e fazeres das mulheres do Cerrado, seus

cuidados com a terra, a busca por sua soberania e empoderamento, a manutenção

dos conhecimentos e práticas culturais, mesmo diante do sistema capitalista, fortalece

sua relação com o bioma, divulga a importância desses conhecimentos e promove

condições de alcance do empoderamento dessas mulheres, historicamente

marginalizadas e reprimidas pela comunidade e pela família tradicionalmente

patriarcal. Essas práticas integram o quadro geral de saberes e fazeres socialmente

desenvolvidos, sendo as mulheres de fundamental importância para a manutenção

dessas tradições e transmissão destes, uma vez que esses saberes são

tradicionalmente reproduzidos e praticados no interior e nos arredores das

residências, na esfera familiar.

Objetivos: Esta pesquisa possui como objetivo geral identificar e analisar as variadas

práticas desempenhadas pelas mulheres que vivem no Cerrado da Microrregião

Geográfica do Sudoeste de Goiás que ainda resistem nas mais distintas esferas, como

1 ¹ O resumo foi revisado pelo orientador e coordenador Prof. Evandro César Clemente. Projeto cadastrado sob o código PI 01699-2016. ² Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail [email protected]. ³ Docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail [email protected].

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 27 - 1

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na cultural, material, bastante relevantes para a reprodução sociocultural da vida e da

família sob a perspectiva cultural, simbólica e identitária.

Material e Métodos: Estão sendo investigadas mulheres residentes nos meios rural

e urbano. A primeira fase deste trabalho de pesquisa, que deve perdurar até que todo

o trabalho esteja findado, é um levantamento teórico com a finalidade de organizar,

revisar, e conhecer os estudos que abordam gênero, saberes e fazeres cotidianos,

território, Cerrado e trabalho, visando o suporte necessário para a coleta e análise dos

dados a serem obtidos com a pesquisa de campo e, posteriormente a análise de

dados. A segunda etapa é a coleta de dados de fonte primária junto às mulheres. São

investigadas mulheres que vivem e convivem com o bioma Cerrado, acompanhando

seus cotidianos e observando suas práticas e conhecimentos em suas rotinas.

Pretendemos acompanhar 20 mulheres residentes nos meios rural e urbano do

município de Jataí-GO. Esse acompanhamento já se iniciou, e 06 mulheres já

participaram da pesquisa, sendo que temos 04 mulheres agendadas. A seleção das

mulheres a serem investigadas está partindo de conhecimentos prévios e indicações

por parte de grupos locais de sujeitas que desempenham práticas tradicionais. Cada

mulher foi visitada em sua residência. Passamos o dia com elas e acompanhamos

suas rotinas. As atividades observadas foram registradas conforme ocorrendo.

Utilizamos gravadores, fotografias e anotações em diário de campo. Foram realizadas

entrevistas que seguiram um roteiro pré-elaborado. Além disso, registradas as

narrativas de vida como possibilidades de conhecer os saberes e fazeres vividos por

essas mulheres. Durante o período de estadia com a pesquisada, foi pedido que ela

fizesse um mapa mental indicando como ela se vê na sua rotina diária, como ela

demonstra o local onde ela vive e trabalha, com a intenção de perceber como se

consolida o sentimento de pertencimento e empoderamento de cada mulher. Após as

visitas, foram realizadas as transcrições das entrevistas e narrativas e a tabulação dos

dados, para posteriormente procedermos com sua organização, análise e

apresentação.

Resultados e Discussão: Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP),

demos início à Pesquisa de campo. Partimos de conhecimento prévio das mulheres

investigadas, além de indicações de pessoas próximas. Já temos 06 participantes

efetivas e contato feito para que outras 04 sejam entrevistadas nos próximos dias.

Temos indicação de um casal de mulheres assentadas que trabalham, entre outros

saberes, com hidroponia; famílias de um quilombola em Mineiros já se dispuseram a

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participar de nossa pesquisa; além de estarmos tentando contato com mulheres que

realizam a multimistura da Pastoral da Criança. Os dados já coletados estão sendo

organizado para depois realizarmos uma análise sistematizada destes. A tabela 01

nos conta um pouco do que foi encontrado até o momento.

Tabela 1 – Saberes das Mulheres Pesquisadas. Nº Nome Saberes

01 Livertina Chás, remédios, plantio de ervas, criação de animais domésticos para alimentação, benzição.

02 Zenaide Raizeira, criação de animais, produção de alimentos advindos de frutos do cerrado, plantio de alimentos e hortas.

03 Devoir Plantio e manuseio do fumo, tecelã, plantio de ervas e confecção de remédios.

04 Sônia Plantio e manuseio do fumo, tecelã, plantio de ervas e confecção de remédios.

05 Juliana Benzedeira, parteira, plantio de ervas para remédios.

06 Maria Eloá Autodidata, poetisa e artesã.

07 Sebastiana (agendada)

Benzedeira, plantio de ervas e alimentos, extração e cultivo de orquídeas.

08 Clarinda (agendada)

Tecelã, fiandeira.

09 Dirce (agendada)

Produz alimentos derivados do Pequi.

10 ? (agendada) Extrativistas de Pequi.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Elaboração: A autora

O mosaico de fotografias apresenta alguns registros realizados até o momento.

Identifica variados saberes em mulheres de diferentes condições sociais, mas que

ainda mantem suas atividades aprendidas no passado com elementos do Cerrado e

que ainda resistem em suas rotinas.

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Figura 01 – Mosaico de fotografias

Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Elaboração: A autora Conclusões: As práticas acompanhadas conferem às mulheres investigadas uma

identidade camponesa tradicional, marcada pela luta contra a expropriação sofrida

com o avanço da agricultura capitalista, privação econômica e vulnerabilidade, pela

inventividade na busca de alternativas para essa condição e resistência ao modo

econômico hegemônico vigente. A importância dessa pesquisa está em buscar dentre

essas práticas, saberes e fazeres, quais são mantidos e desenvolvidos, sua relação

com o empoderamento das mulheres Cerradeiras e as formas com que esses

conhecimentos foram aprendidos e transmitidos. Além disso, a investigação e reflexão

sobre as razões pelas quais esses conhecimentos resistem à força do sistema

capitalista. Existe a necessidade de construir e fortalecer pesquisas geográficas que

permitam a reflexão sobre as relações sociais de gênero nas atividades cotidianas

das mulheres e a importância dos saberes e fazeres da mulher na luta pela conquista

do seu empoderamento, à medida que esta se constitui no ser que cuida e dá à luz,

alimenta e acalenta, ao mesmo tempo em que se dedica ao trabalho com a terra. Em

muitas situações, mesmo estando fora da terra, ela busca manter os laços com suas

práticas tradicionais e, consequentemente, com o Cerrado. Algumas famílias vivem

ainda entre chapadões e vales, outras estão na cidade entre cimento e carros. Em

alguns a tradição se foi, junto com a alegria de viver entre cheiros e sombras. Em

outros a tradição persiste, talvez não com tantas alegrias, mas com boas lembranças.

Muitas vezes é nítido durante as entrevistas que as mulheres estão a assistir a um

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filme antigo, o filme de suas vidas. Seus olhos fixam-se em um ponto e o que se

percebe é que somente seu corpo está ali. Sua mente viaja para um passado que foi

feliz e com uma delas mesmo disse: “farturento” indicando que depois dali muita falta

passou.

Referências:

LIMA, Sélvia Carneiro de; CHAVEIRO, Eguimar Chaveiro. O Cerrado Goiano sob Múltiplas Dimensões: um território perpassado por conflitos. Espaço em Revista. UFG. vol. 12 nº 2 jul/dez. 2010 páginas: 66 – 83. MAZZETTO SILVA. Carlos Eduardo. Lugar-habitat e Lugar-mercadoria: territorialidades em tensão no domínio do Cerrado. In: ZHOURI, Andréa, LASCHEFSKI, Klemens e PEREIRA, Doralice (orgs.). A Insustentável Leveza da Política Ambiental: desenvolvimento e conflitos socioambientais. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2005, p. 217 a 244. MAZZETTO SILVA, Carlos Eduardo. Os Cerrados e a sustentabilidade: Territorialidades em Tensão. 2006. Tese. (Doutorado em Geografia) Programa de Pós-Graduação em Ordenamento Territorial e Ambiental. Universidade Federal Fluminense – RJ, 2006. MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. A urdidura do capital e do trabalho no capital do Sudoeste goiano. 2004. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós- Graduação em Geografia - UNESP - Presidente Prudente - SP, 2004. OLIVEIRA, Adriano Rodrigues de; CLEMENTE, Evandro César. Desenvolvimento Territorial em Questão: Análise das políticas públicas voltadas ao campo brasileiro. Revista da Anpege, v. 8, n. 10, p. 17-32, ago./dez. 2012. PELÁ, Márcia; MENDONÇA, Marcelo Mendonça. Cerado Goiano: encruzilhada de tempos e territórios em disputa. In: PELÁ, Márcia; CASTILHO, Dênis. (orgs.). Cerrados: perspectivas e olhares. Goiânia, Editora Vieira, 2010. PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. (2002). Da Geografia ás Geo-grafias: um Mundo em busca de novas territorialidades. In: CECEÑA, Ana Esther e SADER, Emir (coords.). La Guerra Infinita: hegemonia y terror mundial. Buenos Aires: CLACSO. SALES, Celecina de Maria Veras. Mulheres rurais: tecendo novas relações e reconhecendo direitos. Estudos Feministas. Florianópolis, p. 437-443, ago. 2007. (2002). Território e Dinheiro. In: Território Territórios. Niterói: Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO-UFF/AGB, p. 9 a 15. SANTOS, Rodrigo dos; MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. Antes de tudo um forte: a existência e (re)existência dos povos Cerradeiros frente as tramas do capital. Niteroi-RJ. 2009. Disponível em: <http://www.uff.br/vsinga/trabalhos/Trabalhos%20Completos/Rodrigo%20dos%20Santos.pdf> Acesso em 28 de maio de 2017.

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ANÁLISE DO PROGRAMA “PRODUTOR DE ÁGUA” NO MUNICÍPIO DE RIO

VERDE-GO1

2BENINCA, Mainara da Costa; 3CLEMENTE, Evandro César

Palavras-chave: Produtor de Água, Desenvolvimento, Sustentabilidade.

Justificativa/Base: Expressivos são os debates acerca do uso e ocupação de terras

no Brasil, principalmente nas últimas décadas, com a forte expansão da produção

monocultora em moldes capitalistas, que tem levado a uma série de impactos

ambientais, ocasionando considerável degradação ambiental, bem como também

deletérios efeitos sociais. Advindo deste processo, outra preocupação tem sido em

relação à manutenção da qualidade dos recursos hídricos, que vem sendo

comprometida diante de nefastas ações antrópicas que tendem a degradá-las, tendo

em vista que o manejo agrícola inadequado reduz a infiltração de água no solo,

provoca assoreamentos dos cursos d`água, erosões, compactação, dentre outros,

associados à retirada parcial ou completa de mata ciliar. Na Microrregião Geográfica

do Sudoeste de Goiás, inserida no cenário nacional/mundial a partir da expansão da

agricultura capitalista para o cultivo de monoculturas para exportação por meio de

processos altamente uniformizados e com a utilização de intensa tecnologia, tem

ocorrido desdobramentos e efeitos perversos deste padrão produtivo nas esferas

ambiental e social. No caso do estado de Goiás, com a construção de Brasília,

inaugurada no ano de 1960, consolidou-se a sua interligação, por meio de rodovias

ao restante do Brasil, facilitando o escoamento da produção e o deslocamento de

pessoas, o que marcou uma nova configuração territorial, com a transformação das

antigas áreas de pastagens e de agricultura para o autoconsumo, atividades

predominantes na região até a década de 1970, em extensas áreas de lavouras

uniformes (monoculturas), com um dinamismo econômico até então desconhecido

pela população local, fortalecendo e consolidando a agricultura capitalista (BENINCÁ,

1O Resumo foi revisado pelo orientador e coordenador Professor Evandro César Clemente do Projetocadastrado sob o código: PI01518-20162 Bolsista Capes – Doutorado. Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia daUniversidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail de contato: [email protected] Docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás– Regional Jataí. E-mail de contato: [email protected]

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 32 - 36

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2014). De acordo com Ribeiro (2005), o desmatamento progressivo, o manejo

inadequado de solos frágeis, a contaminação de solos e águas, bem como outros

aspectos foram trazidos à tona, tornando necessário rever a noção que prevê a

intensificação constante da pressão antrópica, por meio da implantação de

monocultoras agrícolas no Sudoeste de Goiás. Partindo dessa problemática, estão

sendo buscados caminhos visando atingir a sustentabilidade ambiental, como a

proposta da Agência Nacional de Água (ANA), que procura estimular a adequada

gestão e o uso racional e sustentável dos recursos hídricos por meio do programa

“Produtor de Água”, de modo a reduzir erosões e assoreamentos dos mananciais nas

áreas rurais. De acordo com ANA (2012), o programa de adesão voluntária prevê o

apoio técnico e financeiro para a execução de ações de conservação da água e do

solo, como por exemplo, a construção de terraços e bacias de infiltração, a

readequação de estradas vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o

reflorestamento de áreas de proteção permanente e constituição e manutenção das

Áreas de Reserva Legal, o saneamento ambiental, etc. Prevê também o pagamento

de incentivos (ou uma espécie de compensação financeira) aos produtores rurais que,

comprovadamente, contribuem para a proteção e recuperação de mananciais,

gerando benefícios para a bacia e a população. Esse projeto tem como público alvo

proprietários rurais que pretendem atender às normas e à legislação ambiental, tendo

como principal preocupação adequar o manejo do solo e da água. Existem vários

projetos destes ativos e espalhados pelo Brasil, sendo um deles no Município de Rio

Verde (GO), mais especificamente na Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Abóboras.

Objetivos: o principal objetivo da Tese, a qual se apresenta neste resumo é analisar

o programa “Produtor de Água” no município de Rio Verde-Goiás, de forma a averiguar

em que medida este tem contribuído para garantir condições de reprodução social e

manutenção dos agricultores familiares no campo e na promoção do desenvolvimento

rural sustentável para o município.

Material e Métodos: Este trabalho faz parte da pesquisa de Doutorado do Programa

de Pós-Graduação em Geografia da Regional Jataí e está em fase de elaboração. A

área de estudo da pesquisa compreende a Bacia do Ribeirão das Abóboras, local de

atuação do programa, que se localiza no Município de Rio Verde-GO e situa-se na

porção oeste do referido município, conforme o Mapa 01.

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Mapa 01 – Microbacia do Ribeirão das Abóboras no Município de Rio Verde-GO.

Fonte: SIEG, 2010; IBGE, 2012.

O Município de Rio Verde é um importante produtor de arroz, soja, milho,

algodão, sorgo e conta ainda com um importante plantel bovino, avícola e suíno. Nos

últimos anos, tem se consolidado como um dos principais polos agroindustriais de

Goiás, pela forte inter-relação entre os segmentos produtivos da agropecuária e da

agroindústria, com emprego de novas tecnologias, que, de certo modo, têm tornado

esta relação bastante competitiva (ALMEIDA, 2014).

Desse modo, como estratégia metodológica, foi realizado em um primeiro

momento, o levantamento teórico com base na compreensão de conceitos em torno

da questão agrária, do desenvolvimento rural sustentável e das questões ambientais.

Essa pesquisa será baseada em teorias de diferentes autores, como: Clemente

(2011), Dupas (2008), Ehlers (1999), Graziano (1999), Hespanhol (1997), Schneider

(2004), dentre outros.

Em um segundo momento, a aquisição de dados secundários, junto à Agência

Nacional de Águas (ANA), ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e à Prefeitura Municipal

de Rio Verde (Secretarias de Meio Ambiente e Agricultura). Estes dados tornaram

possível caracterizar a estrutura fundiária do município, a população e o programa

Produtor de Água.

Posteriormente, realizou-se um levantamento a campo para a obtenção de

dados de fonte primária, com entrevistas semiestruturadas junto aos representantes

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do poder público, instituições particulares, empresas rurais e responsáveis pelo

programa. Para levantamento do perfil socioeconômico dos produtores participantes

do programa, foram aplicados formulários com vinte e um produtores da Microbacia

do Ribeirão das Abóboras, tendo em vista que os mesmos proporcionam um contato

direto entre o pesquisador e o informante, de modo a compreender os reflexos do

mesmo para o fortalecimento do campo e para o desenvolvimento rural sustentável

do município.

Resultados e Discussão: Com base nas informações levantadas sobre o programa,

pode-se dizer que o mesmo se apresenta como positivo nos aspectos ambientais,

tendo em vista a recuperação de nascentes, o controle dos assoreamentos, o

aumento de disponibilidade de água e contenções de erosões. Nos aspectos

econômicos, identifica-se um aspecto positivo, o pagamento por serviços ambientais

enquanto instrumento para a promoção do desenvolvimento sustentável e da justiça

socioambiental.

Porém, a promoção do desenvolvimento rural sustentável se contradiz com à

realidade do município, tendo em vista que o programa da ANA está consolidado em

uma área de monoculturas, onde o agronegócio está efetivado, sendo um grande

desafio assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental, fortalecer o

agricultor e a agroecologia, dar suporte para a melhoria de vida da população e

promover desse modo um uso consciente dos recursos ambientais.

Conclusões: Apesar de o programa trazer diretrizes avançadas, por tentar alcançar

o desenvolvimento rural sustentável por meio de medidas na esfera ambiental e na

socioeconômica, o programa tem uma atuação em escala muito pontual e restrita do

ponto de vista espacial. De modo que , está “cercado” pela produção agrícola nos

moldes capitalistas, ou seja, a promoção da agricultura capitalista tem se dado e se

fortalecido nas variadas escalas geográficas e, por suas características, tende a gerar

degradação ambiental, o que pode, inclusive, afetar as medidas que o programa vem

implementando para atenuar a degradação ambiental e assegurar garantia da

qualidade da água, já que a proximidade geográfica e as inter-relações entre os

elementos da bacia hidrográfica tendem a estabelecer relações entre si. A dinâmica

econômica estabelecida pela agricultura capitalista tende a não respeitar o equilíbrio

e a integração entre os elementos naturais da bacia hidrográfica.

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Referências;

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Programa Produtor de Água. Disponível em: <www.ana.gov.br> Acesso em: 25 set. 2015. ALMEIDA, F. B. Efetividade social do programa bolsa família na segurança alimentar das famílias rurais no município de Rio Verde (GO). 2014. 134 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócio) – Programa de Pós-Graduação em Agronegócio, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. BENINCÁ, M. C. A percepção de natureza e as práticas produtivas dos camponeses dos Assentamentos Santa Rita e Três Pontes (GO). 2014. 134 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Goiás, Jataí, 2014. CLEMENTE, E. C. O Programa de microbacias no contexto do desenvolvimento rural da região de Jales-SP. 2011. 339 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP, Presidente Prudente, 2011. DUPAS, G. Meio ambiente e crescimento econômico: tensões estruturais. São Paulo: Editora UNESP, 2008. 298 p. EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2. ed. Guaíba, RS: Agropecuária, 1999. 157 p. HESPANHOL, A. N. Agricultura, desenvolvimento e sustentabilidade. In: MARAFON, M.J.; RUA, J.; RIBEIRO, M.A. (Orgs.) Abordagens teórico-metodológicas em geografia agrária. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007. p.179-198. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Agropecuário. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2016. MATOS, P. F. de; PESSÔA, V. L. S. Observação e entrevista: construção de dados para a pesquisa qualitativa em geografia agrária. In: RAMIRES, J. C. de L.; PESSÔA, V. L. S. (Orgs.) Geografia e pesquisa qualitativa: nas trilhas da investigação. Uberlândia: Assis Editora, 2009. p. 279-291. RIBEIRO, D. D. Agricultura “caificada” no Sudoeste de Goiás: do bônus econômico ao ônus socioambiental. 2005. 317 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005. SCHNEIDER, S. et al. (orgs). Políticas Públicas e Participação Social no Brasil Rural. Porto Alegre: UGRGS Editora, 2004.

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PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES ATENDIDOS NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO

MÓVEL DE URGÊNCIA: REGIÃO SUDOESTE I DE GOIÁS, ANO 20151

ARAÚJO2, Reila Campos Guimarães de; COSTA3, Nilce Maria da Silva Campos

GALES4, João Paulo Nunes; SILVA5, Gleydson Alves; NETO, Omar Pereira de

Almeida6.

Palavras – chave: Ambulância; Primeiros Socorros; Serviço de Saúde

Justificativa/Base teórica: No Brasil, com o crescente desenvolvimento

tecnológico, o campo da saúde também sofreu mudanças, sendo uma delas em

relação ao serviço de urgência e emergência por meio do atendimento pré-hospitalar

móvel. Esse serviço está implantado no território brasileiro desde a década de 1990

e atende a população em casos de emergência. A Portaria nº 1863/GM de 29 de

setembro de 2003 juntamente com a Política Nacional de Atendimento às Urgências

(BRASIL, 2003) define que o serviço de socorro deve ser acessado por chamadas

telefônicas com número discado 192. O SAMU é dividido em duas equipes: Unidade

de Suporte Básico (USB) e Unidade de Suporte Avançado (USA) (BRASIL, 2002).

Indicadores mostram que os principais agravos à saúde no país são por acidentes

(causas externas), entre eles, os traumas e as doenças crônicas. De acordo com

pesquisa de indicadores brasileiros, as doenças crônicas são responsáveis por 70%

1 Resumo revisado pela Professora Orientadora do Programa de Doutorado em Ciências da Saúde daUFG – unidade Goiânia

2 Enfermeira. Doutoranda em Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação, Universidade Federalde Goiás (UFG), Professora Mestra, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás (UFG) –Regional Jataí. Rio Verde (GO), Brasil. E-mail: [email protected]

3 Professora Doutora da Faculdade de Nutrição /UFG. E-mail: [email protected]

4 Enfermeiro. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) – COLABORADOR - SecretariaMunicipal de Saúde de Santa Helena de Goiás, Brasil. E-mail: [email protected]

5 Profissional de Educação Física. Especialização em Saúde Pública, Programa de Pós Graduaçãoda Escola Estadual de Saúde Pública Cândido Santiago (GO). Assistente Técnico em Saúde,Secretaria da Saúde do Estado de Goiás- Regional Sudoeste I. COLABORADOR. Rio Verde (GO),Brasil. E-mail: [email protected]

6 Enfermeiro. Doutorando em Atenção à Saúde Enfermagem pela Universidade Federal do TriânguloMineiro - UFTM. Professor Mestre, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás (UFG) –Regional Jataí. Jataí (GO), Brasil. E-mail:[email protected]

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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 37 - 42

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das mortes na população brasileira. Existe diferença por sexo, a morte por causa

externa é menos frequente entre as mulheres e existem diferenças regionais. As

doenças crônicas representam impacto importante nos indicadores e, como causa

de morte, reforça a necessidade de manter o foco em seus fatores de risco (BRASIL,

2014). Esses dados reforçam a necessidade de reduzir a violência, reponsável

pelos principais motivos de mortalidade e incapacidade, causando impacto nos

países desenvolvidos, ocasionando consequências sociais, econômicas e

individualizadas para a saúde pública (CARVALHO; SARAIVA, 2015). O Caderno de

Indicadores 2016 aponta que a relevância do Indicador para proporção de acesso

hospitalar, deve “medir a suficiência e eficiência da Atenção prestada à vítima antes

e após chegada ao hospital” (BRASIL, 2017). O SAMU atende no seu âmbito

ocorrências clínicas, traumáticas, obstétricas, psiquiátricas e atendimentos de

usuários já em óbitos. A maior parte dos chamados, entretanto, são para ocorrências

traumáticas (JULIEN; ARAUJO, 2017). As principais ocorrências traumáticas

ocorrem por meio de acidentes automobilísticos ou colisões, quando as pessoas não

fazem o uso correto dos equipamentos de segurança e/ou dirigem sob efeito de

álcool ou drogas. Esse cenário é mais comum entre a população jovem (NETA et al.,

2012). As vítimas do sexo feminino, na maioria das vezes, acionam ocorrências com

características clínicas, como por exemplo: aborto, cefaleia, vertigens e doenças

crônicas. Pode-se destacar a prevalência na população acima de 59 anos de idade

no sexo feminino para os chamados de trauma, ocasionados por quedas, dentre

inúmeros fatores característicos dessa faixa etária, que contribuem para a

ocorrência demecanismos de trauma (CAVALCANTE et al., 2015). As causas

externas e as doenças e agravos não transmissíveis (DANT) são responsáveis pela

elevação nos indicadores de saúde brasileira, haja vista a relação entre os

determinantes e condicionantes que impactam diretamente na qualidade de vida dos

indivíduos afetados.

Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer o perfil clínico dos pacientes

atendidos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência na unidade USA e na

unidade USB, por meio do banco de dados das principais ocorrências acionadas.

Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, quantitativo, realizado

na Base do SAMU localizado na região Sudoeste I em Rio Verde - GO, no período

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de outubro de 2016 a junho de 2017. Foram inclusos no estudo os dados extraídos

das fichas digitadas no Programa SR SAMU, no ano de 2015, referente aos

atendimentos do município de Santa Helena de Goiás (GO) pertencente à Base de

Rio Verde (GO), tendo sido excluídas as fichas incompletas digitalizadas no sistema.

Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Rio

Verde, sob o parecer número 1.955.333/2017.

Resultados/discussão: No período compreendido entre março e maio de 2017

foram analisadas 1743 fichas de ocorrências acionadas. Abaixo, segue a

caracterização das ocorrências atendidas:

OCORRÊNCIAS NA USA EM 2015

SEXO MASCULINO: 257 ocorrências SEXO FEMININO: 186 ocorrências

CLINICO MASCULINO: 169 FEMININO: 166

TRAUMA MASCULINO: 88 FEMININO: 20

OCORRÊNCIAS NA USB EM 2015

SEXO MASCULINO: 666 ocorrências SEXO FEMININO: 634 ocorrências

CLINICO MASCULINO: 479 FEMININO: 511

TRAUMA MASCULINO: 187 FEMININO: 123

Os resultados obtidos pela pesquisa apontaram um total de 443 ocorrências no ano

de 2015 na USA, sendo divididos em clínicas ou traumáticas. Para os chamados do

tipo clínico, quase não há diferença entre os sexos, mas para as ocorrências

relacionadas à traumas, a diferença apresenta-se significativa com 88 chamados

masculinos e 20 femininos. Desse total, para a variável gênero, o sexo masculino

representou 257 chamados, enquanto que o sexo feminino representou 186

ocorrências. Os achados deste estudo vão de encontro aos estudos realizados

sobre Serviço de Atendimento Móvel de Urgência no Brasil (GONSAGA et al., 2013).

A maior taxa de mortalidade brasileira é no sexo masculino, até mesmo a taxa de

esperança de vida se demonstra nesse gênero. Além disso, vale ressaltar que essa

taxa elevada de acidentes ocorre devido a utilização de transportes como meio de

trabalho. Em estatística simples, observa-se que 19,86% dos homens envolvem-se

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em acidentes. Para a unidade USB, foram registradas 1300 ocorrências, sendo que

51% dos chamados foram para o sexo masculino e 48% para o sexo feminino. Ao

comparar as duas unidades de suporte USA e USB, verifica-se que os chamados

clínicos predominam para o sexo feminino . Foram 677 ocorrências clínicas, sendo

166 na USA e 511 na USB. É importante ressaltar que este resultado é sensível aos

chamados clínicos para o sexo masculino que recebeu 648 atendimentos, sendo

169 deles na unidade USA e 479 na unidade USB. Em relação às ocorrências por

trauma o que se pode observar foi que o sexo masculino predominou sobre o

feminino. Ao todo foram 418 ocorrências por trauma, sendo 108 na USA e 310 na

unidade de suporte básico. O sexo masculino representou 65,78% das ocorrências

traumáticas. Ao comparar essas ocorrências pelo tipo de suporte, se básico ou

avançado, 88 dos chamados foram atendidos pela USA e 187 dos chamados

atendidos pela USB. A pesquisa aponta predominância do índice de ocorrências na

modalidade clínica, ou seja, para os chamados traumáticos houve menor número de

ocorrências, com prevalência para o sexo feminino na região estudada. A maior

parte das ocorrências é por doenças não transmissíveis, levando em consideração a

elevação dos chamados clínicos.

Conclusões: O SAMU desenvolve ações de saúde que visam minimizar a taxa de

morbimortalidade na população e, em Santa Helena de Goiás, o perfil geral das

vítimas atendidas corresponde a mais chamados para ocorrências clínicas. Este fato

nos leva à percepção de que, para reduzir a taxa de morbimortalidade e melhorar os

indicadores de saúde, seria necessário o fortalecimento da atenção básica como

porta prioritária de atendimento à população, minimizando as ocorrências por

chamados clínicos advindas por complicações de doenças e agravos não

transmissíveis (DANT). Quanto ao perfil de trauma, os acidentes de trânsito e a

violência elevam e afetam principalmente a população masculina jovem e

economicamente ativa. Acredita-se que há necessidade de maior investimento,

infraestrutura e execução de políticas públicas efetivas voltadas para a promoção e

prevenção em saúde além de redução dos números de acidentes de trânsito, da

violência e, consequentemente, da morbimortalidade.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1863, de 29 desetembro de 2003. Institui a Política Nacional de Atenção às Urgências, a ser

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