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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RIO VERDE – ESTADO DE GOIÁS. AUTOS N. 1.564/2012 PROTOCOLO N. 201203736228 ACUSADOS: PAULO ROBERTO DE SOUSA, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, KARINE CARDOSO GUIMARÃES, THIAGO MESSIAS LIMA, DIEGO CAMPOS ANJOS e MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA VÍTIMAS: SAÚDE PÚBLICA e SISTEMA FINANCEIRO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS , pelo promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 403, § 3º do Código Processual Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS em forma de MEMORIAIS, nos termos que seguem: I – DO RELATÓRIO Os acusados foram denunciados na data de 1º de novembro de 2012, pelos delitos previstos no artigo 33, “caput” e 35, ambos combinados com o artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, incisos I e VII da Lei n. 9.613/98, pois: no dia 14 de maio de 2012, em horário incerto, nesta cidade e comarca, PAULO ROBERTO DE SOUSA, vulgo “Paulinho” e VALTER JÚNIOR DE SOUSA, vulgo “VJ”, adquiriram 46 (quarenta e seis) porções grandes de uma substância petrificada de coloração amarelada, semelhante a crack, envoltas em fita adesiva marrom, pesando aproximadamente 43,435 Kg (quarenta e três quilogramas, quatrocentos e trinta e cinco gramas), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã); no dia 14 de maio de 2012, em horário incerto , na cidade de Ponta Porã – MS, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, vendeu 46 (quarenta e seis) porções grandes de uma substância petrificada de coloração amarelada, semelhante a crack, envoltas em fita adesiva marrom, pesando aproximadamente 43,435 Kg (quarenta e três quilogramas, quatrocentos e trinta e cinco gramas), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, com destino ao estado de Goiás (cidade de Rio Verde); no dia 10 de maio de 2012, em horário desconhecido , nesta cidade e comarca, DIEGO CAMPOS ANJO, vulgo “Bocão”, vendeu porções de crack, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã); nos dias 09, 10, 15 e 17 de maio de 2012, em horários distintos, nesta cidade e comarca, MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA, vulgo “Tony”, vendeu porções de crack, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã);

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RIO VERDE – ESTADO DE GOIÁS.

AUTOS N. 1.564/2012PROTOCOLO N. 201203736228ACUSADOS: PAULO ROBERTO DE SOUSA, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, KARINE CARDOSO GUIMARÃES, THIAGO MESSIAS LIMA, DIEGO CAMPOS ANJOS e MARCOS ANTÔNIO DE SOUSAVÍTIMAS: SAÚDE PÚBLICA e SISTEMA FINANCEIRO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 403, § 3º do Código Processual Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS em forma de MEMORIAIS, nos termos que seguem:

I – DO RELATÓRIO

Os acusados foram denunciados na data de 1º de novembro de 2012, pelos delitos previstos no artigo 33, “caput” e 35, ambos combinados com o artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, incisos I e VII da Lei n. 9.613/98, pois:

• no dia 14 de maio de 2012, em horário incerto, nesta cidade e comarca, PAULO ROBERTO DE SOUSA, vulgo “Paulinho” e VALTER JÚNIOR DE SOUSA, vulgo “VJ”, adquiriram 46 (quarenta e seis) porções grandes de uma substância petrificada de coloração amarelada, semelhante a crack, envoltas em fita adesiva marrom, pesando aproximadamente 43,435 Kg (quarenta e três quilogramas, quatrocentos e trinta e cinco gramas), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã);

• no dia 14 de maio de 2012, em horário incerto, na cidade de Ponta Porã – MS, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, vendeu 46 (quarenta e seis) porções grandes de uma substância petrificada de coloração amarelada, semelhante a crack, envoltas em fita adesiva marrom, pesando aproximadamente 43,435 Kg (quarenta e três quilogramas, quatrocentos e trinta e cinco gramas), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, com destino ao estado de Goiás (cidade de Rio Verde);

• no dia 10 de maio de 2012, em horário desconhecido, nesta cidade e comarca, DIEGO CAMPOS ANJO, vulgo “Bocão”, vendeu porções de crack, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã);

• nos dias 09, 10, 15 e 17 de maio de 2012, em horários distintos, nesta cidade e comarca, MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA, vulgo “Tony”, vendeu porções de crack, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã);

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• a partir do dia 05 de abril de 2012 (início das investigações) até o dia 18 de setembro de 2012 (data das prisões), nesta cidade e comarca, PAULO ROBERTO DE SOUSA, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, KARINE CARDOSO GUIMARÃES, THIAGO MESSIAS LIMA, DIEGO CAMPOS ANJOS e MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA associaram-se para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, “caput” e § 1°, e artigo 34 da Lei n°. 11.343/2006;

• a partir do dia 05 de abril de 2012 (início das investigações) até o dia 18 de setembro de 2012 (data das prisões), nesta cidade e comarca, PAULO ROBERTO DE SOUSA, vulgo “Paulinho”, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, vulgo “VJ”, KARINE CARDOSO GUIMARÃES e ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, vulgo “Mobil/Mobilete”, ocultaram e dissimularam a movimentação e a propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes e drogas afins, conforme autos de exibição e apreensão de fls. 167; 168/169; 170/171; 172/174 e 175/176; parecer técnico 018/040/036/2732/06SET2012/CSI anexo com dois CDs enviados pela Receita Federal do Brasil e cinco relatórios de análise de movimentação bancária (impressos e em mídia digital).

O meritíssimo juiz proferiu despacho, em 07 de novembro de 2012, determinando a notificação dos acusados para responderem à acusação, às fls. 121/122.

Regularmente notificados, os acusados apresentaram defesa preliminar em 28 de janeiro de 2013, às fls. 337/340, aos 07 de fevereiro de 2013, às fls. 341/360 e aos 21 de fevereiro de 2013, às fls. 494/495; aos 25 de fevereiro de 2013 houve o recebimento da inicial acusatória e a designação de audiência de instrução e julgamento às fls. 504/505, bem como determinou-se o desmembramento do feito em relação à acusada Liz Mabel Rios Quintana.

Na audiência, realizada aos 11 de abril de 2013, foram inquiridas três testemunhas arroladas pela acusação e quatorze testemunhas arroladas pela defesa, procedendo-se, em sequência, aos interrogatórios dos acusados, tudo às fls. 841.

Após, vieram os autos com vista para apresentação das alegações finais em forma de memoriais, aos 12 de abril de 2013.

É o breve relatório.

II – DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS

• - PRELIMINARMENTE AO MÉRITO

Finda toda a instrução processual, verificou-se a presença de todos os pressupostos processuais, quais sejam, a demanda judicial veiculada pela denúncia de fls. 02/18; a competência e a absoluta imparcialidade do ilustre magistrado; a capacidade das partes, material e processualmente; bem como a originalidade da demanda, consistente na ausência de litispendência ou de coisa julgada.

Verificou-se, outrossim, a presença das condições da ação, com a tipicidade em tese da conduta descrita na inicial acusatória; a legitimidade ativa e passiva das partes e o interesse de agir, ventilado na necessidade da propositura da ação penal em juízo face à violação de bens juridicamente tutelados pelo ordenamento pátrio.

O feito tramitou regularmente.

Todos os princípios inerentes ao devido processo legal foram observados.

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II.II - DO MÉRITO

Quanto ao mérito, o acervo probatório coligido aos autos autoriza a procedência dos pedidos deduzidos na peça inicial acusatória.

II.II.I – DOS CRIMES PREVISTOS NOS ARTIGOS 33, “CAPUT” DA LEI N. 11.343/2006

II.II.I.I – DOS ACUSADOS PAULO ROBERTO DE SOUSA E VALTER JÚNIOR DE SOUSA

A materialidade do delito previsto no artigo 33, “caput” da Lei n. 11.343/2006, equiparado a hediondo, encontra amparo no auto de exibição e apreensão de fls. 307 dos autos n. 201203564656 apensos e no laudo de exame pericial de identificação de substância entorpecente definitivo acostado às fls. 143/145.

A prova testemunhal elencada nos autos e as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente reforçam a materialidade delitiva, bem como comprovam a autoria por parte dos acusados.

A testemunha Diogo Almeida Machado, policial civil, em seu depoimento prestado na fase judicial às fls. 841, afirmou que participou das investigações que culminaram na prisão dos acusados, aduzindo que tais investigações ocorreram preponderantemente por meio de interceptações telefônicas.

Asseverou, ainda, que sem as interceptações telefônicas não seria possível chegar-se à autoria delitiva e, consequentemente, à prisão dos acusados que lideravam a organização criminosa (Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa) e de seus subordinados diretos (André Luiz Prado Leão e Karine Cardoso Guimarães), uma vez que eles utilizavam-se de ligações telefônicas e de mensagens de texto para negociarem a aquisição de substância entorpecente.

A testemunha indicou ainda que os acusados Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa possuíam conhecimento sobre as interceptações telefônicas, pois afirmavam ser necessária a substituição dos aparelhos telefônicos e dos chips que utilizavam, valendo-se inclusive de telefones públicos para realizarem as negociações relativas à aquisição de drogas.

Indagado sobre a participação de cada um dos acusados na organização criminosa, a testemunha afirmou que a acusada Liz Mabel Rios Quintana, juntamente com Cristian Gonzales, eram responsáveis pelo fornecimento das substâncias entorpecentes aos acusados Paulo Roberto e Valter Júnior.

Quanto ao acusado André Luís Prado Leão, afirmou a testemunha Diogo Almeida que a ele incumbia a expansão dos negócios da organização criminosa, existindo notícias sobre o início dos negócios ilícitos na cidade de Curitiba – PR, com a possível negociação de aproximadamente quarenta quilos de crack por semana.

Afirmou também a testemunha que à acusada Karine Cardoso Guimarães incumbia a movimentação financeira, sendo ela responsável por efetuar saques, depósitos e transferências dos valores provenientes da comercialização de drogas.

Ao acusado Thiago Messias Lima incumbia a tarefa de adquirir e cadastrar chips de telefonia celular em nome de terceiros, dada a sua facilidade de acesso ao nome e número de CPF de terceiros estranhos à organização criminosa.

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Afirmou que os acusados Diego Campos Anjos e Marcos Antônio de Sousa eram responsáveis pela comercialização, em pequenas quantidades, nesta cidade e comarca de Rio Verde – GO, de parte da droga adquirida por Paulo Roberto e Valter Júnior.

A testemunha afirmou, outrossim, que a droga apreendida no dia 16 de maio de 2012, nesta cidade e comarca, em poder Fermim Nunes Benites, já condenado, lhe foi repassada pela acusada Liz Mabel Rios Quintana, na cidade de Ponta Porã – MS, em virtude da aquisição dela pelos acusados Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa, não chegando até eles, indiretamente, pois não “tocavam” na droga, em razão da prisão de Fermim.

Ao ser preso, Fermim Nunes possuía, armazenado na agenda telefônica de seu aparelho celular, o número de telefone utilizado pelo acusado Valter Júnior de Sousa, com quem deveria manter contato assim que chegasse a esta cidade. Ademais, durante as interceptações verificou-se a existência de conversas entre Liz Mabel e os acusados Valter Júnior de Sousa e Paulo Roberto de Sousa, noticiando a prisão de Fermim Nunes e a necessidade de contratarem um advogado para patrocinar sua defesa.

A testemunha aduziu que em poder de Fermim Nunes Benites foram apreendidos aproximadamente quarenta e três quilos de pasta-base de cocaína, os quais foram adquiridos pelo valor de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) o quilograma e seriam revendidos, nesta cidade, por R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 12.000,00 (doze mil reais) o quilograma.

Asseverou a testemunha conhecer o estabelecimento comercial denominado Rodocar Veículos, sendo os proprietários de fato os acusados Valter Júnior de Sousa e Paulo Roberto de Sousa, pois eram eles os responsáveis pela aquisição de automóveis na cidade de Goiânia – GO e a sua revenda nesta cidade, assim como a acusada Karine Cardoso Guimarães seria a sócia de direito. Aduziu, ainda, que no aludido estabelecimento comercial foram apreendidos vários veículos, não se recordando a quantidade.

A testemunha narrou ainda que participou da prisão dos acusados, tendo efetuado diligências na residência do acusado Valter Júnior de Sousa, a qual era de alto padrão, guarnecida por móveis e eletrodomésticos de primeira linha, tais como televisores modelo de LCD de quarenta polegadas, geladeira de inox modelo bipartida, informando ainda que alguns móveis e eletrodomésticos ainda estavam encaixotados no momento da diligência.

Durante as diligências na residência do acusado Valter Júnior de Sousa, foram apreendidos certa quantia de dinheiro, em espécie, e valores em cheques, os quais a testemunha não se recorda. Foi localizado, ainda, um automóvel marca Toyota, modelo Corolla e uma caminhonete marca Mitsubishi, modelo L200 Triton, ambos de propriedade do acusado Valter Júnior. Ressaltou que a caminhonete encontrava-se em uma oficina.

Afirmou a testemunha Diogo Almeida que agentes da polícia civil que realizaram diligências na residência do acusado Paulo Roberto de Sousa apreenderam uma caminhonete marca Toyota, modelo Hillux e um automóvel marca VW, modelo Golf Sportline 1.6, cor branca, tendo sido este último adquirido por ele para a acusada Karine Cardoso Guimarães. Aduziu ainda ter tomado conhecimento de que na residência do acusado André Luís Prado Leão foram apreendidos dois veículos e uma motocicleta.

Asseverou que os acusados Paulo Roberto de Sousa, Valter Júnior de Sousa, Karine Cardoso Guimarães e André Luís Prado Leão possuíam padrão de vida elevado, com carros do ano, motocicletas de alto nível, assim como residiam em imóveis de alto padrão.

As testemunhas Leonardo Amado de Almeida e Marcelo de Menezes, policiais civis, em seus depoimentos prestados na fase judicial às fls. 841, não destoaram do que foi narrado por Diogo Almeida Machado, prescindindo de transcrição.

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As transcrições/degravações das interceptações telefônicas autorizadas judicialmente vão ao encontro do que narrado pelas testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Vejam-se.

No dia 14 de maio de 2012, às 15h29min, o acusado Paulo Roberto entrou em contato, via telefone celular, com a acusada Liz Mabel, a qual ofereceu a ele o quilograma de pasta-base de cocaína pela quantia de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), os quais ficaram de fechar a aquisição posteriormente, via mensagem de texto, conforme transcrição de áudio de fls. 25/27 dos autos n. 201203564656.

No mesmo dia, às 22h56min, o acusado Valter Júnior entrou em contato, via telefone celular, com a acusada Liz Mabel e, inicialmente, referiu-se à conversa que ela teve com seu irmão, quem seja, o acusado Paulo Roberto. Em seguida, concretizam a aquisição dos entorpecentes, conforme transcrição de áudio de fls. 27/28 dos autos n. 201203564656.

Ainda no mesmo dia, às 23h58min, o acusado Valter Júnior novamente ligou para a acusada Liz Mabel, oportunidade em que discutiram acerca de um novo nicho de negócios relacionados ao tráfico de drogas na cidade de Curitiba – PR, em que seriam parceiros, conforme transcrição de áudio de fls. 45/49 dos autos n. 201203564656.

No dia 16 de maio de 2012, às 19h56min, o acusado Paulo Roberto finalizou a aquisição da droga apreendida com Fermim Nunes Benites (preso em flagrante delito aos 20 de maio de 2012 e condenado nos autos de ação penal n. 201201813233, que tramitou na 1ª Vara Criminal local, estando em grau de recurso interposto pelo Ministério Público), pela quantia de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), em valores separados, conforme transcrição de áudio de fls. 42 dos autos n. 201203564656.

Os acusados Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa, ao serem interrogados, negaram a prática delitiva, cujas declarações não merecem respaldo de veracidade, uma vez que visam apenas ludibriar o bom andamento processual e a aplicação da lei penal.

Uma vez mais, as testemunhas relataram que os acusados adquiriram cerca de 43 kg (quarenta e três quilogramas) de pasta-base de cocaína, originária da cidade de Ponta Porã – MS, relatos estes corroborados pelas escutas telefônicas autorizadas judicialmente.

O crime de tráfico ilícito de drogas (artigo 33, “caput” da Lei n. 11.343/2006) prevê em sua tipificação dezoito condutas; vejam-se:

“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. - destacou-se.

Da análise do referido tipo penal, verifica-se que se trata de crime de perigo abstrato (independe da prova de possibilidade de dano, pois presumida pelo legislador), formal (não exige resultado), de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio) e tipo misto alternativo (o agente pode praticar uma ou mais condutas).

“In casu”, os acusados Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa perpetraram a conduta de “adquirir”, uma vez que adquiriram 46 (quarenta e seis) porções

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grandes de uma substância petrificada de coloração amarelada, semelhante a crack, envoltas em fita adesiva marrom, pesando aproximadamente 43,435 Kg (quarenta e três quilogramas, quatrocentos e trinta e cinco gramas), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã).

Conforme se verifica de todo explanado, está suficientemente comprovada a autoria do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. As circunstâncias e a forma com que a droga foi encontrada, somadas aos depoimentos testemunhais acima transcritos e às interceptações telefônicas, não deixam dúvidas de que eles adquiriram as porções de droga.

Assim, perfazem-se típicas e antijurídicas as condutas dos acusados, não estando amparados por qualquer causa excludente da ilicitude.

Além de que as suas culpabilidades também se fazem por presentes, pois imputáveis, dotados de potencial cognição do caráter ilícito dos fatos, bem como lhes eram exigíveis comportamentos de acordo com as normas éticas, morais e jurídicas necessárias ao convívio e à paz social, razão pela qual a reprimenda penal do estado é de rigor.

II.II.I.II – DOS ACUSADOS DIEGO CAMPOS ANJOS E MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA

A materialidade do delito previsto no artigo 33, “caput” da Lei n. 11.343/2006, equiparado a hediondo, encontra amparo nos depoimentos testemunhais e nas interceptações telefônicas autorizadas judicialmente, uma vez que não houve apreensão da droga vendida pelos acusados Diego Campos Anjo e Marcos Antônio de Sousa.

A testemunha Diogo Almeida Machado, policial civil, em seu depoimento prestado na fase judicial às fls. 841, afirmou que participou das investigações que culminaram na prisão dos acusados, aduzindo que tais investigações ocorreram preponderantemente por meio de interceptações telefônicas.

Afirmou que os acusados Diego Campos Anjos e Marcos Antônio de Sousa eram responsáveis pela comercialização, em pequenas quantidades, nesta cidade e comarca de Rio Verde – GO, de parte da droga adquirida por Paulo Roberto e Valter Júnior.

As testemunhas Leonardo Amado de Almeida e Marcelo de Menezes, policiais civis, em seus depoimentos prestados na fase judicial às fls. 841, não destoaram do que foi narrado por Diogo Almeida Machado, prescindindo de transcrição.

As transcrições/degravações das interceptações telefônicas autorizadas judicialmente vão ao encontro do que narrado pelas testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Vejam-se.

Aos 10 de maio de 2012, às 18h42min, o acusado Diego Campos, em conversa com uma pessoa conhecida como Kelly, disse que estava recebendo dinheiro, originário da venda de crack, conforme transcrição de áudio de fls. 253 dos autos n. 201203564656.

No mesmo dia, pouco depois, às 19h59min e às 20h43min, o acusado Diego Campos entregou o dinheiro decorrente da venda de drogas ao acusado André Luís, vulgo “Mobil”, conforme transcrição de áudio de fls. 254 dos autos n. 201203564656.

Já às 22h49min, o acusado Diego Campos pediu a Kelly que enviasse mensagem de texto com o seguinte conteúdo: “só meia-noite vou te mandar um quilo”, conforme transcrição de áudio de fls. 254 dos autos n. 201203564656.

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Anteriormente, aos 09 de maio de 2012, às 0h19min, o acusado Marcos Antônio, em conversa com um homem não identificado, levou duas porções de crack e as deixou em sua casa, conforme transcrição de áudio de fls. 278 dos autos n. 201203564656.

No dia seguinte, às 14h33min, o acusado Marcos Antônio, levou mais porções de crack a um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 278 dos autos n. 201203564656.

Às 15h58min do dia 10 de maio de 2012, o acusado Marcos Antônio

vendeu uns “100 contos” de crack para um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 279 dos autos n. 201203564656.

Já às 17h12min do do mesmo dia, o acusado Marcos Antônio vendeu mais duas porções de crack para um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 279 dos autos n. 201203564656.

Às 16h18min do dia 15 de maio de 2012, o acusado Marcos Antônio vendeu duas “petequinhas” de crack para um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 281 dos autos . 201203564656.

Às 21h25min do dia 15 de maio de 2012, o acusado Marcos Antônio vendeu duas porções de crack para um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 282 dos autos n. 20123564656.

No dia 17 de maio de 2012, às 19h59min, o acusado Marcos Antônio vendeu duas porções de crack a um homem não identificado, conforme transcrição de áudio de fls. 283 dos autos n. 201203564656.

Os acusados Diego Campos Anjo e Marcos Antônio de Sousa, ao serem interrogados, negaram a prática delitiva, cujas declarações não merecem respaldo de veracidade, uma vez que visam apenas ludibriar o bom andamento processual e a aplicação da lei penal.

Uma vez mais, as testemunhas relataram que os acusados diversas porções de crack, originárias da cidade de Ponta Porã – MS, relatos estes corroborados pelas escutas telefônicas autorizadas judicialmente.

O crime de tráfico ilícito de drogas (artigo 33, “caput” da Lei n. 11.343/2006) prevê em sua tipificação dezoito condutas; vejam-se:

“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. - destacou-se.

Da análise do referido tipo penal, verifica-se que se trata de crime de perigo abstrato (independe da prova de possibilidade de dano, pois presumida pelo legislador), formal (não exige resultado), de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio) e tipo misto alternativo (o agente pode praticar uma ou mais condutas).

“In casu”, os acusados Diego Campos Anjo e Marcos Antônio de Sousa

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perpetraram a conduta de “vender”, uma vez que venderam diversas porções de crack, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, originárias do estado de Mato Grosso do Sul (cidade de Ponta Porã).

Ainda que não tenha havido a apreensão das porções de crack vendidas por eles, está evidenciada a conduta criminosa deles em toda a trama, sendo imperiosas suas condenações.

Eis o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

“RECURSO ESPECIAL. PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CONFIGURAÇÃO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA TRADIÇÃO DO ENTORPECENTE. O aperfeiçoamento do crime de tráfico de entorpecentes não exige a efetiva tradição da droga, sendo igualmente inexigível a comprovação da mercancia. In casu, resta devidamente demonstrada a participação do acusado na trama delituosa, o que torna imperiosa a sua condenação. Recurso conhecido, mas desprovido”. (REsp 623.589/SC, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 07/04/2005, DJ 09/05/2005, p. 462)

“PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO. DENÚNCIA POR TENTATIVA. SENTENÇA CONDENATÓRIA POR CRIME CONSUMADO. MUTATIO LIBELI. INOCORRÊNCIA. 1 - Não há falar em nulidade da sentença por inobservância do art. 384, do CPP, se o réu, denunciado por tentativa de tráfico, é condenado pelo mesmo crime na forma consumada, limitando-se o magistrado a dar nova definição jurídica ao fato descrito na denúncia (art. 383, do CPP) do qual houve ampla defesa. 2 - O comprador do esperado carregamento de droga não se livra do crime de tráfico pela falta de tradição da "mercadoria", pois o delito já se consumara com a realização da avença, perfeita e acabada quando do consenso sobre o preço e a coisa. Precedente desta Corte. 3 - Ordem denegada”. (HC 8.681/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA TURMA, julgado em 16/04/1999, DJ 17/05/1999, p. 244)

Conforme se verifica de todo explanado, está suficientemente comprovada a autoria do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. As circunstâncias e a forma com que a droga foi vendida, somadas aos depoimentos testemunhais acima transcritos e às interceptações telefônicas, não deixam dúvidas de que eles venderam as porções de droga.

Assim, perfazem-se típicas e antijurídicas as condutas dos acusados, não estando amparados por qualquer causa excludente da ilicitude.

Além de que as suas culpabilidades também se fazem por presentes, pois imputáveis, dotados de potencial cognição do caráter ilícito dos fatos, bem como lhes eram exigíveis comportamentos de acordo com as normas éticas, morais e jurídicas necessárias ao convívio e à paz social, razão pela qual a reprimenda penal do estado é de rigor.

II.II.II – DOS CRIMES PREVISTOS NO ARTIGO 35, DA LEI N. 11.343/2006

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II.II.II.I - DOS ACUSADOS PAULO ROBERTO DE SOUSA, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, KARINE CARDOSO GUIMARÃES, THIAGO MESSIAS LIMA, DIEGO CAMPOS ANJOS e MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA

Cuida-se o delito capitulado no artigo 35 da Lei de Drogas de crime formal, que se consuma com a violação à norma penal, independentemente da produção do resultado naturalístico, que é a efetiva lesão à saúde pública.

Em que pese, nada impede que a produção do resultado naturalístico venha a ocorrer, o que se corrobora com o auto de exibição e apreensão de fls. 307 dos autos 201203564656 apensos e com o laudo de exame pericial de identificação de substância entorpecente definitivo acostado às fls. 143/145.

Eis a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. ARTS. 33 E 35 DA LEI Nº 11.343/06. PRISÃO PREVENTIVA. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. MATERIALIDADE. NÃO APREENSÃO DE DROGA COM O PACIENTE. PRESCINDIBILIDADE. GRANDE QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA COM A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PERICULOSIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. EXCESSO DE PRAZO. ENCERRAMENTO INSTRUÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÕES FINAIS. SÚMULA 52 DESTA CORTE. 1. Não obstante a materialidade do crime de tráfico pressuponha apreensão da droga, o mesmo não ocorre em relação ao delito de associação para o tráfico, que, por ser de natureza formal, sua materialidade pode advir de outros elementos de provas, como por exemplo, interceptações telefônicas. 2. No caso dos autos, com a prisão da corré, foram apreendidos vários objetos, dentre os quais telefones celulares com registros de números de pessoas envolvidas com o tráfico. A partir de tais registros, foram realizadas interceptações telefônicas, devidamente autorizadas, oportunidade em que se constatou o suposto envolvimento do paciente com organização criminosa destinada ao tráfico de entorpecentes, sendo ele eventual responsável pela manufatura e fornecimento da droga. 3. A periculosidade concreta do paciente a justificar a segregação cautelar ficou demonstrada diante da grande quantidade de droga – por volta de 345 Kg (trezentos e quarenta e cinco quilos) de maconha –, da considerável quantia em dinheiro – R$ 20.000,00 (vinte mil reais) – e das armas apreendidas em poder da quadrilha. 4. Trata-se, ainda, de extensa organização criminosa responsável pelo domínio do tráfico e disseminação de entorpecente em Salvador e outros municípios do Estado da Bahia, facção da qual alguns integrantes são, inclusive, policiais civis. 5. Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de excesso de prazo para a formação da culpa, consoante disciplina o enunciado de Súmula nº 52 desta Corte. 6. Ordem denegada”. (HC 148.480/BA, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 07/06/2010) – grifou-se

A prova testemunhal elencada nos autos e as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente reforçam a materialidade delitiva, bem como comprovam a autoria por parte dos acusados.

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A testemunha Diogo Almeida Machado, policial civil, em seu depoimento prestado na fase judicial às fls. 841, afirmou que participou das investigações que culminaram na prisão dos acusados, aduzindo que tais investigações ocorreram preponderantemente por meio de interceptações telefônicas.

Asseverou, ainda, que sem as interceptações telefônicas não seria possível chegar-se à autoria delitiva e, consequentemente, à prisão dos acusados que lideravam a organização criminosa (Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa), de seus subordinados diretos (André Luiz Prado Leão e Karine Cardoso Guimarães) e dos acusados Thiago Messias Lima, Diego Campos Anjo e Marcos Antônio de Sousa, uma vez que eles utilizavam-se de ligações telefônicas e de mensagens de texto para negociarem a aquisição de substância entorpecente.

Indagado sobre a participação de cada um dos acusados na organização criminosa, a testemunha afirmou que a acusada Liz Mabel Rios Quintana, cujos autos em relação a ela forma desmembrados, juntamente com Cristian Gonzales, eram responsáveis pelo fornecimento das substâncias entorpecentes aos acusados Paulo Roberto e Valter Júnior.

Quanto ao acusado André Luís Prado Leão, afirmou a testemunha Diogo Almeida que a ele incumbia a expansão dos negócios da organização criminosa, existindo notícias sobre o início dos negócios ilícitos na cidade de Curitiba – PR, com a possível negociação de aproximadamente quarenta quilos de crack por semana

Afirmou também a testemunha que à acusada Karine Cardoso Guimarães incumbia a movimentação financeira, sendo ela responsável por efetuar saques, depósitos e transferências dos valores provenientes da comercialização de drogas

Quanto ao acusado Thiago Messias Lima incumbia a tarefa de adquirir e cadastrar chips de telefonia celular em nome de terceiros, dada a sua facilidade de acesso ao nome e número de CPF de terceiros estranhos à organização criminosa.

Por fim, asseverou que os acusados Diego Campos Anjos e Marcos Antônio de Sousa eram responsáveis pela comercialização, em pequenas quantidades, nesta cidade e comarca de Rio Verde – GO, de parte da droga adquirida por Paulo Roberto e Valter Júnior.

As testemunhas Leonardo Amado de Almeida e Marcelo de Menezes, policiais civis, em seus depoimentos prestados na fase judicial às fls. 841, não destoaram do que foi narrado por Diogo Almeida Machado, prescindindo de transcrição.

As transcrições/degravações das interceptações telefônicas autorizadas judicialmente vão ao encontro do que narrado pelas testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Vejam-se.

No dia 09 de maio 2012, às 20h07min, já se evidenciando a teia criminosa formada pelos acusados, Cristian Gonzales e acusada Liz Mabel estavam em Rio Verde – GO, oportunidade em que ele enviou uma mensagem de texto para o acusado Thiago Messias, vulgo “Tanaka”, pedindo para que ele comprasse um aparelho de telefone celular e um chip, conforme transcrição de fls. 77 dos autos n. 201203564656.

No dia 11 de maio de 2012, às 11h20min, a acusada Liz Mabel ligou para o acusado Thiago Messias, o qual afirmou que passaria a ela, via mensagem de texto, os dados para que cadastrassem a linha telefônica adquirida em nome e CPF diverso dos deles, a fim de burlar a investigação policial, conforme transcrição de áudio de fls. 22/23 dos autos n. 201203564656.

Em seguida, o acusado Thiago Messias enviou a ela os dados (Eder Mendonça de Magalhães, CPF 986.001.501-59), na mesma data, conforme transcrição de fls.

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22/23 dos autos n. 201203564656.

Ao ser interrogado, o acusado realmente afirmou ter adquirido um chip para a acusada Liz Mabel, porém apresentou uma versão totalmente fantasiosa e falaciosa acerca dos motivos da aquisição, dizendo que a acusada e outrem não conheciam a cidade de Rio Verde – GO e necessitavam de um chip de celular, com o que não se pode compactuar, pois trata-se de versão alheia às provas dos autos.

Ademais, negou ter repassado mensagem de texto para a acusada Liz Mabel sobre um CPF e um nome de um terceiro, contrariamente às transcrições das mensagens.

No dia 14 de maio de 2012, às 15h29min, na ligação telefônica verifica-se a organização criminosa em que inseridos os acusados Paulo Roberto de Sousa, Valter Júnior de Sousa, André Luiz Prado Leão, Liz Mabel Rios Quintana, Karine Cardoso Guimarães, Thiago Messias Lima, Diego Campos Anjo e Marcos Antônio de Sousa, seja pelo grau de intimidade e confiança entre eles, seja pelos valores que são mencionados como referentes à compra e venda de entorpecentes, conforme transcrição de áudio de fls. 33/35 dos autos n. 201203564656.

No dia 15 de maio de 2012, às 21h20min e às 21h23min, a acusada Liz Mabel ligou para o acusado Valter Júnior, o qual afirmou-lhe precisar de 30 meninas que, em verdade, são 30 quilogramas de pasta-base de cocaína, evidenciando-se, uma vez mais, o “modus vivendi” dos acusados e o vínculo associativo entre eles, conforme transcrição de áudio de fls. 40 dos autos n. 201203564656.

Em seguida, poucos minutos depois, o acusado Valter Júnior afirmou que fecharia o negócio referente à compra das 30 “meninas” com o traficante conhecido como Magrim, após informar tal fato ao acusado Paulo Roberto, conforme transcrição de áudio de fls. 41/42 dos autos n. 201203564656.

Já aos 20 de maio de 2012, às 15h48min, o acusado Paulo Roberto ligou para a acusada Liz Mabel e informou-lhe acerca da prisão de Fermim Nunes Benites, conforme transcrição de áudio de fls. 45/48 dos autos n. 201203564656.

Aos 20 de maio de 2012, durante o período da manhã, associadamente, a acusada Karine Cardoso Guimarães, em mensagens de texto, afirmou à acusada Liz Mabel que Fermim Nunes Benites havia sido preso. Nessa oportunidade, recebeu um pedido da acusada Liz Mabel para que procurasse um advogado para ele, conforme transcrição de fls. 53/59 dos autos n. 201203564656.

Anteriormente, no dia 09 de abril de 2012, às 10h53min, a acusada Karine Cardoso recebeu ordens do acusado Paulo Roberto, seu marido, para que ela, conluiada à organização criminosa, passasse um pouco de dinheiro para a conta dela e de uma pessoa chamada “Rato”, conforme transcrição de áudio de fls. 82 dos autos n. 201203564656.

Aos 10 de maio de 2012, às 19h59min e às 20h43min, o acusado Diego Campos entregou o dinheiro decorrente da venda de drogas ao acusado André Luís, vulgo “Mobil”, conforme transcrição de áudio de fls. 254 dos autos n. 201203564656.

Mesmo após a prisão de Fermim Nunes Benites, aos 20 de maio de 2012, a organização criminosa continuou seu trabalho repugnante e, aos 25 de maio de 2012, às 15h55min, o acusado Diego Campos afirmou que levou a acusada Karine Cardoso ao banco, pois ela estava com muito dinheiro, decorrente do tráfico de drogas, conforme transcrição de áudio de fls. 256 dos autos n. 201203564656.

Voltando ao dia 14 de maio de 2012, às 14h47min, o acusado Paulo Roberto, em mensagens de texto para a acusada Liz Mabel, afirmou que o acusado André Luís

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iria para a cidade de Curitiba – PR, nesta data, para conhecer compradores de entorpecentes naquela localidade. Inclusive, afirmou que a droga deveria ser de boa qualidade, pois os curitibanos seriam “muito enjuado”, conforme transcrição de fls. 69 dos autos n. 201203564656.

Também anteriormente, aos 05 de abril de 2012, às 19h43min, o acusado André Luís, associado aos demais, afirmou para o acusado Marcos Antônio que não possuía drogas para vender, mas que iria para a fazenda e que o acusado Paulo Roberto teria, conforme transcrição de áudio de fls. 287 dos autos n. 201203564656.

Voltando ao dia 10 de abril de 2012, por volta das 23h, o acusado André Luís conversou via mensagem de texto com a acusada Liz Mabel e com Cristian Gonzales, tendo sido questionado por eles o motivo de o acusado Paulo Roberto, a ele associado, ter lhes repassado apenas a quantia de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), apesar de o valor ser de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme transcrição de fls. 290 dos autos n. 201203564656.

Posteriormente, aos 09 de maio de 2012, às 13h26min, o acusado André

Luís ligou para sua genitora e pediu para que um dinheiro que lhe foi entregue fosse depositado na conta do acusado Paulo Roberto, pois a ele associado para o tráfico de drogas, conforme áudio de fls. 287 dos autos n. 201203564656.

Na espécie, devidamente comprovado o vínculo associativo, de forma permanente e duradoura, e não apenas eventual, entre os acusados, seja por meio dos depoimentos testemunhais, seja por meio das interceptações telefônicas.

A reunião entre os acusados não foi apenas eventual, mas estável e duradoura, com o dolo de se associarem com estabilidade e permanência, subsumindo-se eles ao tipo penal do artigo 35 da Lei 11.343/2006.

Conforme se verifica de todo explanado, está suficientemente comprovada a autoria do crime de associação para o tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. As circunstâncias e a forma com que eles se interagiam, somadas aos depoimentos testemunhais acima transcritos e às interceptações telefônicas, não deixam dúvidas de que eles estavam associados de forma estável e duradoura, com a finalidade da prática do tráfico de drogas.

Assim, perfazem-se típicas e antijurídicas as condutas dos acusados, não estando amparados por qualquer causa excludente da ilicitude.

Além de que as suas culpabilidades também se fazem por presentes, pois imputáveis, dotados de potencial cognição do caráter ilícito dos fatos, bem como lhes eram exigíveis comportamentos de acordo com as normas éticas, morais e jurídicas necessárias ao convívio e à paz social, razão pela qual a reprimenda penal do estado é de rigor.

II.II.III – DOS CRIMES PREVISTOS NO ARTIGO 1º, INCISOS I E VII DA LEI N. 9.613/1998

II.II.III.I – DOS ACUSADOS PAULO ROBERTO DE SOUSA, VALTER JÚNIOR DE SOUSA, ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO, LIZ MABEL RIOS QUINTANA, KARINE CARDOSO GUIMARÃES

Os acusados, ao serem interrogados, também negaram a prática deste crime.

Inicialmente, o acusado Paulo Roberto de Sousa afirmou não ter dinheiro suficiente para a aquisição de todos os bens apreendidos em sua residência e no estabelecimento

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comercial de sua copropriedade.

Afirmou, outrossim, que os veículos apreendidos em seu poder eram de clientes que os teriam deixado no estabelecimento comercial Rodocar Veículos em consignação.

Afirmou também que a residência em que mora e foi preso era alugada, inclusive com contrato de locação vencido, porém não apresentou qualquer comprovação documental disso.

Em seguida, interrogado o acusado Valter Júnior de Sousa, afirmou ser vendedor de veículos há cerca de doze anos e, na Rodocar Veículos, há cinco anos.

Afirmou que cinco ou seis veículos apreendidos na Rodocar Veículos, bem como duas minimotos eram de sua propriedade. Quanto aos demais veículos, motos e jet skis apreendidos, asseverou serem de clientes, inclusive a caminhonete marca Mitsubishi, modelo L200 Triton, cor vermelha, apreendida em uma oficina.

Ainda, disse haver contratos de consignação desses veículos, não sabendo explicar acerca da diferença nas assinaturas dos consignatários, quando questionado, bem como afirmou serem “contratos de gaveta”.

O acusado André Luis Prado Leão, ao ser interrogado, aos 1min13seg, por um lapso, também deixou transparecer que também o acusado Paulo Roberto estava envolvido nos negócios da Rodocar Veículos.

Afirmou que a motocicleta apreendida em sua residência era realmente sua, mas o veículo marca Fiat, modelo Bravo, cor vermelha seria de sua mãe.

Disse trabalhar “tomando conta” dos bens de seu pai, administrando a loja de sua mãe e fazendo algumas corretagens.

Quanto à declaração de imposto de renda, disse não tê-la feito pois os bens não seriam de sua propriedade. Já quanto aos valores que transitaram em suas contas correntes, não conseguiu dar maiores explicações, dizendo em seguida serem originários de vendas de gado e arrendamento rural. Todavia, não soube afirmar quanto à existência de documentos que comprovassem as operações.

Interrogada a acusada Karine Cardoso Guimarães, afirmou que o acusado Paulo Roberto também era proprietário da Rodocar Veículos.

Disse que os valores que passaram por suas contas correntes eram decorrentes de créditos de financiamentos.

Afirmou também reconhecer as mensagens de texto do acusado Paulo Roberto para ela, não havendo que se falar em qualquer questionamento quanto à autenticidade das interceptações e transcrições.

Disse não ter qualquer envolvimento com a parte burocrática e documental da empresa Rodocar Veículos, não sabendo as razões de não terem sido apresentadas declarações de imposto de renda da aludida empresa.

Quanto a dois imóveis que ela adquiriu, disse que foram parceladamente, mas sem qualquer comprovação documental disso.

Disse já ter vendido um deles, mas sem informação à Receita Federal, pois isso seria costume de todo brasileiro.

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Quanto a outros valores em sua conta corrente, especificamente em 2010, disse que o acusado Paulo Roberto dela se utilizou para seus negócios.

Todavia, com as palavras dos acusados não se pode compactuar, pois desvirtuadas das provas produzidas cautelarmente e, assim, irrepetíveis, assim como das produzidas judicialmente.

A materialidade deste delito contra o sistema financeiro vem corroborada pelos autos de exibição e apreensão de fls. 164/166; 167; 168/169; 170/171; 172/174 e 175/176; pelas certidões de registro imobiliário de fls. 71/80; pelas fotografias às fls. 81/86, todas dos autos n. 201203736228; pelo parecer técnico 018/040/036/2732/06SET2012/CSI anexo com dois CDs enviados pela Receita Federal do Brasil e cinco relatórios de análise de movimentação bancária (impressos e em mídia digital), às fls. 21/119 dos autos de ação penal n. 201203736228, volume I, assim como pelas transcrições das interceptações telefônicas e pelas impressões do perfil do acusado Valter Júnior de Sousa obtidas do “Facebook”, anexas.

Quanto à autoria delitiva, com o lucro originário do tráfico ilícito de entorpecentes e da associação para o tráfico, os acusados Paulo Roberto de Sousa, vulgo “Paulinho”, Valter Júnior de Sousa, vulgo “VJ”, Karine Cardoso Guimarães e André Luís Prado Leão, vulgo “Mobil/Mobilete” ocultaram e dissimularam a propriedade de seus bens e valores.

Os acusados Paulo Roberto e Valter Júnior são proprietários de fato do estabelecimento comercial denominado Rodocar Veículos, cujo nome empresarial é Guimarães e Prado Ltda. ME, inscrito junto ao CNPJ/MF sob o n. 14.896.461/0001-07, situado na rua 20, n. 187, Jardim Goiás, nesta cidade e comarca.

Todavia, a fim de dissimularem a propriedade desse estabelecimento comercial, eles inseriram como sócios-proprietários os acusados Karine Cardoso Guimarães, com 90% (noventa por cento) do capital social e André Luís Prado Leão, com 10% (dez por cento) do capital social, cuja atividade econômica de direito é o comércio a varejo de automóveis, camionetas e utilitários usados.

Mediante decisão judicial datada de 12 de setembro de 2012, às fls. 388/402 dos autos de representação de prisão preventiva n. 201203564656, foram apreendidos todos os veículos que estavam no interior do aludido estabelecimento, quais sejam:

a) 14 (catorze) veículos automotores;

b) 02 (duas) motos aquáticas (jet skis);

c) 02 (duas) motocicletas e

d) 02 (duas) minimotos, todos descritos no auto de exibição e apreensão de fls. 253/254 dos autos n. 201201144323.

Entretanto, os acusados Paulo Roberto, Valter Júnior, Karine Cardoso e André Luís ocultaram a propriedade desses bens, uma vez que não apresentaram à Receita Federal do Brasil a Declaração de Informações Econômicas da Pessoa Jurídica (DIPJ), o que se evidencia das informações obtidas através da quebra de sigilo fiscal.

E assim não o fizeram pois os aludidos bens foram adquiridos com o dinheiro originário do tráfico de drogas e da organização criminosa em que inseridos, uma vez que suas movimentações bancárias são irrisórias frente ao patrimônio conhecido deles, o que se evidencia dos dados obtidos pelas quebras dos sigilos fiscal e bancário. Isso quando há alguma movimentação por eles.

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Apenas o acusado Paulo Roberto de Sousa informou à Receita Federal do Brasil sua relação de bens, quais sejam, um mísero terreno no valor de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) e um parco veículo, tipo caminhonete, marca GM, modelo S10, ano 1999, modelo 2000, no valor de R$ 17.500,00 (dezessete mil e quinhentos reais).

Informou, bem assim, que no final do ano de 2004 tal veículo foi vendido, tendo o terreno permanecido em seu poder até 31/12/2005, nada informando se foi alienado.

Ademais, é preciso que não se olvide que ele não realizou qualquer movimentação financeira entre os anos de 2007 a 2010, o que causa estranheza, pois proprietário de estabelecimento comercial e de diversos bens.

Já a acusada Karine Cardoso Guimarães, esposa de Paulo Roberto, declarou não possuir quaisquer bens à Receita Federal do Brasil.

Todavia, quando de suas prisões em flagrante, em sua luxuosa residência situada na rua Pau Brasil, quadra 58, lote 975, Residencial Veneza, Rio Verde – GO, cuja fotografia frontal encontra-se às fls. 86 dos autos n. 201203736228, foram apreendidos, dentre outros bens, todos descritos no auto de exibição e apreensão de fls. 175/176:

a) R$ 1.350,00 (um mil trezentos e cinquenta reais) em espécie;

b) 17 (dezessete) folhas de cheques de pessoas diversas, totalizando a quantia de R$ 56.635,00 (cinquenta e seis mil, seiscentos e trinta e cinco reais);

c) 01 (um) veículo, marca VW, modelo Golf Sportline 1.6, cor branca, ano 2011, modelo 2012, placas NLS 4939, em nome de Amarildo Araújo Camilo;

d) 01 (uma) caminhonete, marca Toyota, modelo Hillux, cor prata, ano 2010, modelo 2011, placas NVO 7150, em nome de Marcos Juvenil Camargos, com um grande aparato de som automotivo;

e) 01 (um) imóvel situado à rua Flamboyant, quadra 49, lote 839, Residencial Veneza, Rio Verde – GO (a acusada Karine Cardoso, com base em sua Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias (DIMOB), ano-calendário 2009, adquiriu este da RC Empreendimentos Imobiliários Ltda., CNPJ/MF n. 02.348.643/0001-56, cujo contrato foi firmado em 02/03/2009, pelo valor de R$ 39.558,96 (trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e oito reais e noventa e seis centavos). Entretanto, desembolsou no referido ano apenas a quantia de R$ 3.781,92 (três mil, setecentos e oitenta e um reais e noventa e dois centavos);

f) 01 (um) imóvel localizado à rua Rio Verde, lote 06, quadra 07, Vila Maria Rio Verde – GO;

g) 01 (um) imóvel situado à rua JK, quadra 44, lote 07, Bairro Santo Agostinho, Rio Verde – GO e

h) 01 (um) imóvel situado à rua 4, quadra 30, lote 642, Solar Campestre, Rio Verde – GO (a acusada Karine Cardoso, com base em sua Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias (DIMOB), adquiriu este da Bailão Fonseca Empreendimentos Imobiliários Ltda., CNPJ/MF n. 06.313.205/0001-03, cujo contrato foi firmado em 22/06/2010, pelo valor de R$ 33.694,00 (trinta e três mil, seiscentos e noventa e quatro reais). Entretanto, desembolsou apenas a quantia de R$ 3.225,56 (três mil, duzentos e vinte e cinco reais e cinquenta e seis centavos).

Informando à Receita Federal menos bens do que possuíam, no caso do acusado Paulo Roberto de Sousa, ou nada informando, no caso da acusada Karine Cardoso Guimarães, ambos ocultaram a propriedade desses bens, adquiridos com o lucro advindo do crime de tráfico de drogas e da organização criminosa em que inseridos.

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O denunciando Valter Júnior de Sousa nada informou à Receita Federal do Brasil no que tange aos bens de sua propriedade, assim como não realizou qualquer movimentação financeira entre os anos 2006 a 2010, o que é no mínimo estranho para uma pessoas que, supostamente, está inserido no comércio de veículos há cerca de doze anos.

Todavia, quando de sua prisão em flagrante, em sua luxuosa residência situada na imóvel situado à rua Bouganville, quadra 74, lote 1.348, Residencial Veneza, Rio Verde – GO, cuja fotografia frontal encontra-se às fls. 81 dos autos n. 201203736228, foram apreendidos, dentre outros bens, todos descritos no auto de exibição e apreensão de fls. 172/174:

a) 01 (um) veículo, marca Toyota, modelo Corola XEI 2.0, cor prata, ano 2010, modelo 2011, placas NKM 0928;

b) 01 (um) imóvel localizado na parte B dos lotes 02 e 03, quadra 10, Bairro Martins Prolongamento, Rio Verde – GO e

c) 01 (um) imóvel situado à rua 12, quadra R05, Residencial Dona Gercina (loteamento 85), Rio Verde – GO.

Nada informando à Receita Federal do Brasil, o acusado ocultou a propriedade desses bens, adquiridos com o lucro advindo do crime de tráfico de drogas.

Já o acusado André Luís Prado Leão, especialmente em 2010, apresentou altas somas transacionadas em suas contas bancárias, sem que houvesse qualquer identificação de rendas auferidas, uma vez que originária do tráfico de drogas. Não há documentos comprobatórios de suas alegações em seu interrogatório prestado judicialmente.

Ademais, o acusado André Luís nada informou à Receita Federal do Brasil no que tange aos bens de sua propriedade.

Todavia, quando de sua prisão em flagrante, em sua residência, foram apreendidos, dentre outros bens, todos descritos no auto de exibição e apreensão de fls. 170/171:

a) 01 (um) veículo, marca Fiat, modelo Bravo, cor vermelha, placas NKL 3379 e

b) 01 (uma) motocicleta, marca Honda, modelo CBR Fireblade, placa NJV 5354.

Nada informando à Receita Federal do Brasil, o acusado ocultou a propriedade desses bens, adquiridos com o lucro advindo do crime de tráfico de drogas.

A prova testemunhal elencada nos autos, as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente e os dados obtidos com as quebras dos sigilos fiscal e bacário reforçam a materialidade delitiva, assim como a autoria por parte dos acusados.

A testemunha Diogo Almeida Machado, policial civil, em seu depoimento prestado na fase judicial às fls. 841, afirmou que participou das investigações que culminaram na prisão dos acusados, aduzindo que tais investigações ocorreram preponderantemente por meio de interceptações telefônicas.

Asseverou, ainda, que sem as interceptações telefônicas não seria possível chegar-se à autoria delitiva e, consequentemente, à prisão dos acusados que lideravam a organização criminosa (Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa) e de seus subordinados diretos (André Luiz Prado Leão e Karine Cardoso Guimarães), uma vez que eles utilizavam-se de ligações telefônicas e de mensagens de texto para negociarem a aquisição de

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substância entorpecente.

Asseverou a testemunha conhecer o estabelecimento comercial denominado Rodocar Veículos, sendo os proprietários de fato os acusados Valter Júnior de Sousa e Paulo Roberto de Sousa, pois eram eles os responsáveis pela aquisição de automóveis na cidade de Goiânia – GO e a sua revenda nesta cidade, assim como a acusada Karine Cardoso Guimarães seria a sócia de direito. Aduziu, ainda, que no aludido estabelecimento comercial foram apreendidos vários veículos, não sabendo ao certo a quantidade.

A testemunha narrou ainda que participou da prisão dos acusados, tendo efetuado diligências na residência do acusado Valter Júnior de Sousa, a qual era de alto padrão, guarnecida por móveis e eletrodomésticos de primeira linha, tais como televisores modelo de LCD de quarenta polegadas, geladeira de inox modelo bipartida, informando ainda que alguns móveis e eletrodomésticos ainda estavam encaixotados no momento da diligência.

Durante as diligências na residência do acusado Valter Júnior de Sousa, foram apreendidos certa quantia de dinheiro, em espécie, e valores em cheques, os quais a testemunha não se recorda. Foi localizado, ainda, um automóvel marca Toyota, modelo Corola e uma caminhonete marca Mitsubishi, modelo L200 Triton, ambos de propriedade do acusado Valter Júnior. Ressaltou que a caminhonete encontrava-se em uma oficina.

Afirmou a testemunha Diogo Almeida que agentes da polícia civil que realizaram diligências na residência do acusado Paulo Roberto de Sousa apreenderam uma caminhonete marca Toyota, modelo Hillux e um automóvel marca VW, modelo Golf Sportline 1.6, cor branca, tendo sido este último adquirido por ele para a acusada Karine Cardoso Guimarães. Aduziu ainda ter tomado conhecimento de que na residência do acusado André Luís Prado Leão foram apreendidos dois veículos e uma motocicleta.

Asseverou que os acusados Paulo Roberto de Sousa, Valter Júnior de Sousa, Karine Cardoso Guimarães e André Luís Prado Leão possuíam padrão de vida elevado, possuindo carros do ano, motocicletas de alto nível, assim como residiam em imóveis de alto padrão.

As testemunhas Leonardo Amado de Almeida e Marcelo de Menezes, policiais civis, em seus depoimentos prestados na fase judicial às fls. 841, não destoaram do que foi narrado por Diogo Almeida Machado, prescindindo de transcrição.

Ainda no tocante à propriedade dos bens, as impressões extraídas do perfil do “Facebook” do acusado Valter Júnior de Sousa não deixam dúvidas que as caminhonetes marca Toyota, modelo Hillux, cor prata e marca Mitsubishi, modelo L200, cor vermelha, os carros marca VW, modelo Golf, cor branca; marca Toyota, modelo Corola, cor prata; marca Fiat, modelo Bravo, cor vermelha, assim como os dois jet skis e as motocicletas de luxo eram de propriedades dos “lavadores de dinheiro”.

Não seria crível acreditar-se que iriam todos para um lago, divertirem-se, com veículos de clientes, como demonstrado nas fotos.

Verifica-se também a ostentação que faziam, inclusive colocando notas de dólares no banheiro, especificamente no porta papel higiênico.

As transcrições/degravações das interceptações telefônicas autorizadas judicialmente vão ao encontro do que narrado pelas testemunhas arroladas pelo Ministério Público, especialmente quanto ao veículo marca VW, modelo Golf Sportline 1.6, cor branca, que a testemunha Amarildo Araújo Camilo sustentou ser de sua propriedade.

Aos 12 de abril de 2012, às 22h50min, o acusado Paulo Roberto trava uma conversa com uma pessoa chamada Michel, conforme transcrição de áudio de fls. 69/70

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dos autos n. 201203564656:

“Aí eu tô olhando aqui. Eu tô de frente aqui eu tô olhando e viajando. Porque olha aqui para você ver aqui. Não é contando papo não, mas olha aqui pra você ver aqui, ó. Tô com uma moto BMW aqui, uma 1000, parada qui, ó. Tô com um fusca, um New Beetle que eu comprei hoje, tô com uma Hillux que eu tô andando. Comprei um Golf novo pra Karine. (…) Comprei um carro novo pra ela também. Comprei um carro pra Karine, um Golf novo, moço, 50 e tantos mil né? Gastei um dinheiro na minha casa aqui, de móveis. Depois que eu saí gastei mais ainda e foi inventando trem, inventando, inventando... Como diz o outro, eu tô gastando. Aí o que que eu falei pra ela: Karine, vamos por o pé no chão”.

Em razão disso foi requerido pelo Ministério Público em audiência a instauração de inquérito policial pelo delito de falso testemunho em desfavor da testemunha Amarildo Araújo Camilo.

Verifica-se que o acusado Paulo Roberto, realmente, possui um padrão de vida por demais elevado, com carros e motos importados. Ademais, vislumbra-se também o luxo de sua residência, como bem observado pelas três testemunhas de acusação.

Quanto à motocicleta apreendida, no dia 14 de maio de 2012, às 23h58min, o acusado Valter Júnior, em conversa com a acusada Liz Mabel, afirmou-lhe a propriedade dela, ano 2010, modelo 2011, marca Honda, modelo R6, com cerca de 900 km rodados, conforme transcrição de áudio de fls. 36 dos autos n. 201203564656.

Na mesma conversa, afirmou ser a motocicleta apreendida marca Honda, modelo R1, 1.000cc, de propriedade do acusado André Luis Prado Leão.

Ademais, verificou-se que as assinaturas dos consignatários (nos contratos de consignação apresentados em pedidos apartados) não conferem com as dos sócios de direito André Luís Prado Leão e Karine Cardoso Guimarães, nem com as assinaturas dos sócios de fato Paulo Roberto de Sousa e Valter Júnior de Sousa.

Outrossim, o próprio acusado Valter Júnior de Sousa, em seu interrogatório judicial disse que, se contratos de consignação são firmados, tratam-se de “contratos de gaveta”.

Ou seja, ao que se verifica, quando os acusados tem esse cuidado, deixam para utilizarem-se dos contratos apenas quando necessário, como na espécie, com o que não se pode concordar, pois uma forma de se dar licitude ao dinheiro ilicitamente conquistado.

E assim se afirma pois, uma vez mais, buscam os acusados de lavagem de dinheiro não deixar qualquer rastro, seja em contas bancárias, seja perante a Receita Federal, com a intenção de transparecer que levam uma vida humilde. Todavia, as provas colhidas mostraram o contrário.

O poderio financeiro da organização criminosa é extremamente alto.

As testemunhas arroladas pela acusação aduziram que em poder de Fermim Nunes Benites foram apreendidos aproximadamente quarenta e três quilos de pasta-base de cocaína, os quais foram adquiridos pelo valor de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) o quilograma e seriam revendidos, nesta cidade, por R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 12.000,00

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(doze mil reais) o quilograma.

Com simples operações aritméticas, verificam-se que os acusados pagaram pelo entorpecente a quantia de aproximadamente R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), que seria vendido por aproximadamente R$ 470.000,00 (quatrocentos e setenta mil reais).

Nota-se que estes valores são compatíveis com o padrão de vida que levavam.

É preciso que não se olvide, bem assim, que essa foi uma das apreensões realizadas. Muito mais entorpecente foi adquirido às escuras, longe dos olhos dos órgãos de repressão.

Conforme se verifica de todo explanado, está suficientemente comprovada a autoria do crime de lavagem de dinheiro.

Os crimes antecedentes, de acordo com os incisos I e VII do artigo 1º da Lei n. 9.613/98 foram devidamente demonstrados.

Eis a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. LAVAGEM DE DINHEIRO. INCISO VII DO ART. 1.º DA LEI N.º 9.613/98. APLICABILIDADE. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. CONVENÇÃO DE PALERMO APROVADA PELO DECRETO LEGISLATIVO N.º 231, DE 29 DE MAIO DE 2003 E PROMULGADA PELO DECRETO N.º 5.015, DE 12 DE MARÇO DE 2004. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES PARA A PERSECUÇÃO PENAL. 1. Hipótese em que a denúncia descreve a existência de organização criminosa que se valia da estrutura de entidade religiosa e empresas vinculadas, para arrecadar vultosos valores, ludibriando fiéis mediante variadas fraudes – mormente estelionatos –, desviando os numerários oferecidos para determinadas finalidades ligadas à Igreja em proveito próprio e de terceiros, além de pretensamente lucrar na condução das diversas empresas citadas, algumas por meio de “testas-de-ferro”, desvirtuando suas atividades eminentemente assistenciais, aplicando seguidos golpes. 2. Capitulação da conduta no inciso VII do art. 1.º da Lei n.º 9.613/98, que não requer nenhum crime antecedente específico para efeito da configuração do crime de lavagem de dinheiro, bastando que seja praticado por organização criminosa, sendo esta disciplinada no art. 1.º da Lei n.º 9.034/95, com a redação dada pela Lei n.º 10.217/2001, c.c. o Decreto Legislativo n.° 231, de 29 de maio de 2003, que ratificou a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, promulgada pelo Decreto n.º 5.015, de 12 de março de 2004. Precedente. 3. O recebimento da denúncia, que se traduz em mera admissibilidade da acusação diante da existência de sérios indícios de autoria e materialidade, mostra-se adequado, inexistindo a alegada inépcia, porquanto preenchidos todos seus pressupostos legais. 4. Nesta fase inaugural da persecução criminal, não é exigível, tampouco viável dentro do nosso sistema processual penal, a demonstração cabal de provas contundentes pela

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acusação. Esse grau de certeza é reservado para a prolação do juízo de mérito. Este sim deve estar calcado em bases sólidas, para eventual condenação. 5. Mostra-se, portanto, prematuro e temerário o acolhimento do pedido da defesa de trancamento da ação penal, de maneira sumária, retirando do Estado, de antemão, o direito e, sobretudo, o dever de investigar e processar, quando há elementos mínimos necessários para a persecução criminal. 6. Ordem denegada”.(HC 77.771/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 30/05/2008, DJe 22/09/2008)

As circunstâncias e a forma com que eles se agiam, somadas a todas as provas colhidas, não deixam dúvidas de que eles ocultaram e dissimularam a movimentação e a propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes e drogas afins, em razão da organização criminosa em que inserios.

Assim, perfazem-se típicas e antijurídicas as condutas dos acusados, não estando amparados por qualquer causa excludente da ilicitude.

Além de que as suas culpabilidades também se fazem por presentes, pois imputáveis, dotados de potencial cognição do caráter ilícito dos fatos, bem como lhes eram exigíveis comportamentos de acordo com as normas éticas, morais e jurídicas necessárias ao convívio e à paz social, razão pela qual a reprimenda penal do estado é de rigor.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer sejam julgados PROCEDENTES os pedidos formulados na pretensão inicial acusatória, CONDENANDO-SE os acusados:

• PAULO ROBERTO DE SOUSA: artigo 33, “caput” (adquirir) e artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, incisos I e VII da Lei n. 9.613/98, todos na forma do artigo 69 do Código Penal.

• VALTER JÚNIOR DE SOUSA: artigo 33, “caput” (adquirir) e artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, inciso I e VII da Lei n. 9.613/98, todos na forma do artigo 69 do Código Penal.

• ANDRÉ LUÍS PRADO LEÃO: artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, ambos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, incisos I e VII da Lei n. 9.613/98, todos na forma do artigo 69 do Código Penal.

• KARINE CARDOSO GUIMARÃES: artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, ambos da Lei n. 11.343/2006 e artigo 1º, inciso I e VII da Lei n. 9.613/98, todos na forma do artigo 69 do Código Penal.

• THIAGO MESSIAS LIMA: artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006, na forma do artigo 69 do Código Penal.

• DIEGO CAMPOS ANJOS: artigo 33, “caput” (vender) e artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006, na forma do artigo 69 do Código Penal.

• MARCOS ANTÔNIO DE SOUSA: artigo 33, “caput” (vender), por quatro vezes, em continuidade delitiva, e artigo 35, c.c artigo 40, inciso V, todos da Lei n. 11.343/2006, na forma do artigo 69 do Código Penal.

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Requer a imposição do regime inicial fechado, nos termos do artigo 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90.

Requer não sejam convertidas suas penas privativas de liberdade em restritivas de direito, face ao não preenchimento dos requisitos objetivo e subjetivo imprescindíveis para tanto.

Requer não seja aplicada a causa de diminuição prevista no artigo 33, § 4º da Lei de Drogas, uma vez que inseridos em organização criminosa.

Requer, outrossim, seja decretada a suspensão dos direitos políticos dos acusados, face ao disposto no inciso III do artigo 15 da Constituição Federal e, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, seja encaminhada cópia ao Tribunal Regional Eleitoral local.

Requer, finalmente, seja decretado o perdimento dos bens móveis e imóveis apreendidos, conforme dispõe o artigo 63 da Lei n. 11.343/2006, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Quanto ao numerário em dinheiro apreendido, requer seja decretado o seu perdimento em favor do Conselho de Segurança local, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

A título cautelar, requer o Ministério Público, uma vez mais, seja realizada a alienação de todos os veículos apreendidos, assim como dos imóveis, para se evitar o perecimento deles, uma vez que os defensores dos acusados, intimados pessoalmente na audiência de 22 de março de 2013, às 9h30min, quedaram-se inertes.

Rio Verde – GO, 17 de abril de 2013.

MARCELO HENRIQUE RIGUETI RAFFAPROMOTOR DE JUSTIÇA

EM SUBSTITUIÇÃO AUTOMÁTICA