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AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL Gilberto Carlos Pereira da Silva Orientadora: Evandra Hein Mendes RESUMO Este estudo apresenta uma oportunidade de refletir sobre a prática de avaliação nas aulas de Educação Física. Analisa as propostas e a evolução da avaliação nas diferentes concepções educacionais ao longo do desenvolvimento educacional brasileiro que concebeu uma nova proposta a partir da aprovação da LDB 9394/96, imprimindo à educação a obrigatoriedade de torná-la um processo de formação cidadã de forma ampla e indistinta. Neste contexto, o método de avaliação que melhor representa essa proposta educacional para a Educação Física é a avaliação atitudinal, para a qual este estudo apresenta um relato de experiência com resultados positivos em relação à formação atitudinal dos educandos nas aulas de Educação Física de um colégio da rede pública da cidade de Toledo. Palavras-chave: Educação Física; avaliação atitudinal; cidadania. ABSTRACT EVALUATION OF PHYSICAL EDUCATION IN ELEMENTARY This study presents an opportunity to reflect about evaluation practices in physical education classes. Analyzes proposals and the development of assessment in different educational concepts along the brazilian educational development that has designed a new proposal from that LDB 9394/96, requiring education to become a process of civic education. In this context, the assessment method that best represents the educational proposal for Physical Education is the attitudinal evaluation, for which this study presents an experience report with positive results in relation to attitudinal training of students in physical education classes in a public school from Toledo city. Keywords: Physical Education; attitudinal assessment; citizenship.

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AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Gilberto Carlos Pereira da Silva

Orientadora: Evandra Hein Mendes

RESUMO Este estudo apresenta uma oportunidade de refletir sobre a prática de avaliação nas aulas de Educação Física. Analisa as propostas e a evolução da avaliação nas diferentes concepções educacionais ao longo do desenvolvimento educacional brasileiro que concebeu uma nova proposta a partir da aprovação da LDB 9394/96, imprimindo à educação a obrigatoriedade de torná-la um processo de formação cidadã de forma ampla e indistinta. Neste contexto, o método de avaliação que melhor representa essa proposta educacional para a Educação Física é a avaliação atitudinal, para a qual este estudo apresenta um relato de experiência com resultados positivos em relação à formação atitudinal dos educandos nas aulas de Educação Física de um colégio da rede pública da cidade de Toledo. Palavras-chave: Educação Física; avaliação atitudinal; cidadania. ABSTRACT

EVALUATION OF PHYSICAL EDUCATION IN ELEMENTARY This study presents an opportunity to reflect about evaluation practices in physical education classes. Analyzes proposals and the development of assessment in different educational concepts along the brazilian educational development that has designed a new proposal from that LDB 9394/96, requiring education to become a process of civic education. In this context, the assessment method that best represents the educational proposal for Physical Education is the attitudinal evaluation, for which this study presents an experience report with positive results in relation to attitudinal training of students in physical education classes in a public school from Toledo city. Keywords: Physical Education; attitudinal assessment; citizenship.

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1. INTRODUÇÃO

A avaliação se constitui como um tema relevante para a Educação Física

Escolar, na medida em que os educadores apresentam dificuldade na sua elaboração e

aplicação, o que torna necessário o desenvolvimento de estudos que possibilitem

caracterizar as concepções de avaliação, analisar a evolução na prática pedagógica e

idealizar uma proposta sobre os indicadores de avaliação no cotidiano escolar. Assim, é

imprescindível refletir sobre a prática da avaliação no contexto contemporâneo,

promovendo a comparação com a realidade para que os resultados possam subsidiar

novos estudos que contribuam com a formação docente na área.

O processo avaliativo escolar está voltado para aprimorar as ações educativas

voltadas ao ensino e aprendizagem dos alunos, sendo assim, é necessário que esse

seja idealizado sob outros aspectos, que não objetive a seleção e aferição, tão

enfatizados na história da Educação Física.

Durante muito tempo a avaliação foi realizada de forma reducionista, autoritária,

classificatória e quantitativa, conduzindo para uma compreensão do processo avaliativo

como um produto final da aprendizagem escolar, isso implica em se pensar mudanças

nas práticas de avaliação conduzindo para uma reflexão que conduza à compreensão

do ato de avaliar como um das relações educativas que privilegiam a observação

pessoal do aluno na sua integralidade de forma a contextualizar os conhecimentos

adquiridos (MENDES e NASCIMENTO, 2008).

Segundo Darido (1999) a avaliação em Educação Física a partir da década de 70

enfatizava a medição, o desempenho da capacidade física, as habilidades motoras e as

medidas antropométricas, que conforme o desempenho de cada educando servia para

classificar os alunos de acordo com normas, tabelas e padrões preestabelecidos,

classificando-os em fraco, regular, bom e excelente. Essa prática era

descontextualizada do programa estabelecido para a formação dos alunos durante o

ano letivo caracterizando cientificismo, numa projeção objetiva e qualitativa.

A partir de 1990 foram conduzidas algumas pesquisas com o objetivo de obter

informações sobre a prática da avaliação dos professores de Educação Física. O

estudo realizado por Silva (1998) faz referências às citações de Veiga (1997) que

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declara que não compete à escola definir um modelo pronto e acabado, mas estimular

inovações e coordenar ações pedagógicas planejadas e organizadas pela mesma, que

estas necessitam receber assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as

instâncias superiores do sistema de ensino, pois a escola deve ser dotada de princípios

educacionais marcados pela igualdade, qualidade técnica e política, gestão

democrática, liberdade e valorização do magistério, de modo a formar o alicerce na

construção de uma educação de qualidade e voltada para cidadania plena.

O mesmo Silva (1998, p.12) declara que:

A avaliação da aprendizagem na Educação Física é muito mais do que simplesmente aplicar testes motores com objetivos de seleção e classificação. Observa-se claramente a reprodução do paradigma da aptidão física, sendo enfatizado tanto nas aulas como nas práticas avaliativas. Neste sentido, ocorre a legitimação da discriminação entre aqueles que são mais aptos, daqueles que não são, o que contribui para o fracasso na disciplina e também na escola.

No entender de Darido (1999) a avaliação deve ser muito mais do que uma

tabela de pontos, pois deve visar a promoção humana de acordo com as características

individuais de cada aluno. Quando o professor verifica se os seus alunos estão se

comportando com autonomia, responsabilidade e alegria, ele está avaliando o processo

educacional, pois está assumindo uma perspectiva mais humanista voltada para os

aspectos internos dos indivíduos, principalmente os psicológicos.

Seus resultados devem se aproximar dos modelos qualitativos que privilegiem os

processos de conhecimento construídos pelos próprios alunos em função da sua

capacidade de aprendizagem. A avaliação contínua acontece metodicamente através

da interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo educando, devido ao

trabalho pedagógico realizado por ele e pelo educador. Ao avaliar a aprendizagem

deve-se relacionar com as oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação

das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos

desafios que estão em condições de enfrentar (BRASIL, 1997).

Para Colombo e Welter (2004, p 38), “[...] a avaliação da aprendizagem deverá

ser feita, principalmente, com base em aspectos qualitativos (desempenho em sala de

aula). Os aspectos quantitativos (notas de provas e exames) assumem um valor

secundário”. Desta forma, para melhorar a aprendizagem do aluno, é importante para o

professor tomar conhecimento dos tipos de modalidades de avaliação e dos

instrumentos avaliativos variados, como forma de diagnosticar o rendimento escolar no

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processo de ensino-aprendizagem do educando, pois, quanto maior for a amostragem

das atividades pedagógicas propostas, mais perfeita será a aprendizagem como um

todo, tornada, dessa forma, efetiva e significativa.

Portanto, a avaliação contínua da aprendizagem dos alunos, só terá sentido se

houver um acompanhamento de cada etapa das atividades proposta pelo professor no

processo de ensino-aprendizagem, que poderá ser realizada por meios de diversos

instrumentos avaliativos de forma que, gradativamente, os alunos adquiram, ampliem,

aprofundem-se nesses novos conhecimentos.

Os professores podem utilizar vários instrumentos avaliativos desde que esses

contribuam e oportunizem ao aluno reflexões sobre o seu desenvolvimento;

despertando neles o senso crítico e o interesse na produção e na aquisição de novos

conhecimentos para a sua formação.

A avaliação no contexto da Educação Física encontra como dificuldade a criação

de um sistema de avaliação apropriado para avaliação numa perspectiva crítica, que

significa considerar que a organização do conhecimento é dinâmica, instável e

complexa.

Por tudo isso, percebe-se a necessidade de elaboração de propostas de ensino

e avaliação comprometidas com a transmissão de valores e com conhecimentos ligados

à formação de cidadãos críticos, solidários e participativos tanto na organização escolar

quanto na formação de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária.

Nesse sentido, as aulas de Educação Física assumem uma concepção

pedagógica voltada para o contexto histórico-social em desenvolver valores no

indivíduo voltados para a inserção social e a vida em sociedade. No entanto, esse tipo

de formação exige do educador uma formação crítica sobre a educação, a sociedade e

a realidade, visto que não existem verdades absolutas nem valores eternos.

2. EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

A Educação Física, que antes era vista como um meio de educar para a

disciplina e a obediência em preparação para a vida militar passou a ser vista de uma

forma diferente visando a democratização e a humanização baseando-se na relação

professor e aluno, onde os objetivos principais sejam ligar a aprendizagem escolar com

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a vida do aluno, que seja socializar o aluno e não apenas preocupar-se com o

rendimento motor, por isso deve considerar as necessidades e interesses, os medos e

as aflições dos educandos. Recomenda-se que a mesma mantenha o caráter de

brincadeira no movimento e na forma natural dos alunos envolvendo-os na discussão

social relacionando movimento, percepção e realização, onde os mesmos participem do

planejamento e da construção da aula (SOUZA NETO et al., 2006).

A síntese do trabalho da Educação Física na escola deve ser o desenvolvimento

de idéias sobre educação que percebe o aluno como pessoa capaz de realizar

definições próprias nas situações de ensino e de criar outras definições de movimento

na aula, onde as próprias percepções das situações de vida orientam a

problematização básica na reflexão e ação solucionando os problemas de ensino. É

necessário desenvolver uma mudança das relações de interação nos diferentes níveis

de relação entre professor e alunos, e dos alunos com os mesmos alunos, desta forma

há que se conceber uma nova concepção de educação e de ensino que são

legitimadas na realização de diferentes experiências, interesses e necessidades da

aprendizagem aberta (PCNs, 1997).

Tolkmitt (1990, p. 175), durante os estudos que compuseram o Currículo Básico

para a Educação no Estado do Paraná, afirmou:

A educação Física tem seguido por muito tempo paralela à educação e não como parte dela, servindo a outros objetivos e não aos relacionados dentro de uma visão histórico-social. [...] É necessário procurar entender a dialética de desenvolvimento e aperfeiçoamento do corpo na história e na sociedade brasileira, para que a Educação Física saia de sua condição passiva de coadjuvante do processo educacional, para ser parte integrante deste, buscando colocá-la em seu verdadeiro espaço: o de área do conhecimento.

Assim, a aprendizagem aberta enquanto oportunidade educacional pode ser

legitimada de três formas: uma legitimação didático-pedagógica, uma legitimação

humana e uma legitimação político-social. A legitimação didático-pedagógica parte de

uma compreensão de educação que a define como preparação do indivíduo para o

desenvolvimento da capacidade de ação através da ação pedagógica que realizam no

aluno a aquisição de amplos conhecimentos, de escalas de valores, modelos de ação

que permitam desenvolver a capacidade de atuar. Neste contexto, a relação entre

esporte e educação permite uma concepção de esporte que apresenta perspectivas

histórico-social com estruturas rígidas e predeterminadas, no entanto se apresenta

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paralelamente como um espaço aberto de ação e de movimento que permite ao aluno

realizar suas idéias e alterar de forma crítica o esporte já existente. Desta forma, o

esporte na escola não pode ser limitado à prática da educação física escolar.

A Educação Física dentro da tendência histórico-crítica apresenta uma ação

pedagógica voltada para a realização dos movimentos buscando compreender e

explicar o movimento humano de acordo com a ciência da motricidade e não mais

voltada apenas para a formação física visando os meios de produção como acontecia

até a década de 80. A nova concepção de educação física visa formar o homem

possuidor de conhecimentos e de capacidade crítica e reflexiva, capaz de realizar

ações de forma livre, porém interagindo com o meio em que se situa (TOLKMITT,

1990).

A concepção de aula de Educação Física oferece como alternativa a realização

de aulas centradas no professor, onde ele se configura como centro da aprendizagem

durante a aula; as aulas centradas no aluno exigem que o professor ofereça através da

decisão e do planejamento, um espaço de ação e de decisão para que o aluno possa

apresentar suas imagens, idéias e interesses relacionados aos jogos, ao esporte e ao

movimento; as aulas centradas no produto são direcionadas para o desenvolvimento

tático, as técnicas e o nível de capacidade específico-esportiva; quando a aula é

centrada no processo seu andamento e as ações são o centro do interesse didático; as

aulas centradas nas metas definidas possuem objetivos bem definidos formulados

como atitudes motoras que os alunos devem realizar; quando a aula é centrada nos

problemas é orientada a partir da busca de solução para um problema determinado; a

aula que tem como centro a intenção racionalista é determinada pelo planejamento, a

organização e a orientação rigorosa das ações; e, por fim, ao centrar-se na

comunicação a aula é determinada pela ação comunicativa de interesse didático

visando a interação entre professor e alunos sobre o sentido do esporte (SOUZA NETO

et al., 2006).

Essas orientações encaminham para uma concepção de aula de Educação

Física que considera os desejos e interesses dos alunos e abre uma perspectiva para

agir com seu mundo, tornando as aulas mais humanas e pessoais. A concepção de

legitimação humana reside na busca da preocupação existencial e na crescente noção

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de individualismo entre as pessoas, pois a educação deve preparar as pessoas para

melhorar a convivência, desta forma o esporte pode contribuir para o crescimento e a

socialização das pessoas de modo a desenvolver a racionalidade, a particularidade, o

princípio humano e a ação humana na educação e na aula.

Atualmente, a racionalidade é uma marca que indica o modo de pensar do

homem contemporâneo, característica herdada dos pensadores iluministas, porém é

bom lembrar que a racionalidade é neutra, podendo ser usada tanto para o bem quando

para o mal, por isso não é uma categoria ética. A particularidade está relacionada à

divisão das disciplinas escolares que não se integram e ocasionam uma dicotomia dos

conteúdos como um pensamento particular que separa a vida humana da

aprendizagem, ocasionando uma cegueira total em relação aos problemas específicos

da escola (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990).

A questão do princípio humano está relacionada à transposição didática que visa

à formação de uma ação humana sensata em condições de alterar os interesses

particulares em benefício do interesse social e comum, pois a ação humana na escola

deve estar pautada no plano conjunto realizado por professores e alunos, assumindo

responsabilidades comuns, realizando processos de aprendizagem com abertura para

as experiências, através de conteúdos que se relacionem com a vida cotidiana fora da

escola, pois a base de uma educação voltada para a verdadeira formação humana está

comprometida com a relação que se deve imprimir entre a educação e a vida,

especialmente se esta educação for dedicada a preparar os esportistas e desenvolver

os aspectos físicos e psicomotores dos educandos (SOUZA NETO et al., 2006).

A legitimação político-social é representada pelo desenvolvimento de relações

humanas no âmbito social, construindo princípios de cidadania, competitividade

saudável, responsabilidade social e convivência de acordo com os princípios da vida

em comunidade, sabendo usar a habilidade de integrar pensamento, emoção e ação na

formação das relações sociais. Promovendo a aprendizagem social que se apresenta

no desenvolvimento da confiança e da colaboração que fomente a aprendizagem social

e a inteligência social representada pela capacidade de pensar e planejar a execução

da aprendizagem na sociedade (ASSMANN e JUNG, 2000).

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Desta forma, a prática educativa tem como ponto de partida o educando,

procurando desenvolver a metodologia didático-científica centrada na aprendizagem, no

saber fazer, na convivência e na racionalidade de cada ser.

A Educação Física articulada pelos jogos construídos no social com esquemas

corporais próprios para fins de convivência harmoniosa amplia o conhecimento do

corpo e a possibilidade de compreensão das regras sociais, despertando o

aprofundamento e inter-relação dos conhecimentos anteriores com a análise dos

saberes, das necessidades dos alunos e do entorno social (SOUZA NETO et al., 2006).

A concepção de que uma aula de Educação Física possa ser um fato histórico-

social passa primeiramente pela concepção de que a aula pode ser aberta ou fechada.

Assim, uma aula fechada é aquela que é orientada, centrada no professor, no produto e

nas metas definidas, além de possuir uma intenção racionalista. Os conteúdos são

determinados sistematicamente e se orientam em comportamentos estáveis e com

qualificações previamente definidas, dessa forma o ensino é entendido apenas como

instrução ou ensino formal; e, as aulas abertas são igualmente orientadas, porém

centrada no aluno, no processo, na problematização e na comunicação, onde os alunos

são vistos como pessoas que apresentam opiniões e realizam experiências resultantes

de histórias individuais da vida cotidiana (GHIRALDELLI JUNIOR, 1990).

As aulas abertas interpretam as categorias didáticas como experiências abertas

que podem motivar a aprendizagem para a convivência social; a condição para que isso

aconteça é o relacionamento entre objetos e pessoas, prevendo que os alunos possam

tomar parte na formação dos temas da aula. Os temas das aulas são situações

formadas de maneira que os alunos encontrem perspectivas de ação, participando

também da solução dos problemas de movimento. Analisando-se aulas abertas

percebe-se que promovem a reflexão das situações que se pretende equilibrar a partir

da análise e do planejamento das ações que culminam com a aprendizagem. Esse tipo

de aula deve ser planejado a partir de problemas que devem ser descritos, promovida a

reflexão em comparação com a realidade, avalia-se a ação que pode ser realizada para

promover a solução do mesmo. As aulas abertas de educação física partem da

necessidade de desenvolver movimentos a partir de problemas e na busca de solução,

por isso a participação parte do conhecimento da ação de movimento, esse

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conhecimentos promovem a ação ocasionada pela implementação dos próprios alunos

na situação do movimento e desenvolvam as situações já existentes na aula (SOUZA

NETO et al., 2006).

3. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação é um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e

analisar as modificações do comportamento e atendimento do aluno, do educador, do

sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico

(mental) ou prático (SANT’ANNA, 1997).

A avaliação enquanto processo de verificação, identificação e análise do

comportamento e atendimento do aluno, do educador e do sistema de ensino é um

instrumento capaz de confirmar a construção do conhecimento, porém para que se

possam obter resultados confiáveis há necessidade de se utilizar diversas formas de

avaliar (SANT’ANNA, 1995).

Diante das diferentes abordagens sobre o ato de avaliar cumpre classificar a

avaliação em três tipos:

Avaliação Formativa: Esse tipo de avaliação é muito utilizado pelos educadores

e visa identificar se as estratégias e os recursos usados para ensinar obtêm resultados

positivos. Essa prática pode ser entendida como uma avaliação contínua e que tem

como objetivo melhorar a aprendizagem, contribuindo para que o aluno seja

acompanhado e orientado durante todo o processo de ensino. Portanto, a avaliação

formativa ajuda o aluno na aprendizagem e no desenvolvimento, participando da

regulação das aprendizagens e do desenrolar do projeto educativo da unidade

educacional (PERRENOUD, 1999).

Avaliação Diagnóstica: Segundo Sant’Anna (1995, p.34), a avaliação

diagnóstica é usada como instrumento de identificação e avaliação do conhecimento

que o aluno já possui, pois os saberes do cotidiano do aluno podem e devem ser

transformados em pré-requisitos para novas experiências, assim ao realizar a diagnose

procura-se averiguar as causa de muitas dificuldades que o aluno apresenta durante a

realização da prática educativa e a construção de novos conhecimentos.

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Avaliação Classificatória ou Somativa: Essa avaliação é realizada ao final de

cada período de aprendizagem e tem como objetivo medir o conhecimento adquirido

pelo aluno, no entanto a principal função desse tipo de avaliação é a classificação dos

alunos no final de uma unidade de aprendizagem com a finalidade de promovê-lo de

acordo com os níveis de aproveitamento que o mesmo demonstra. O aluno deve ser

informado sobre o tipo de avaliação que será desenvolvida ao longo do curso, período

ou série, bem como que recursos serão utilizados para a realização da avaliação

(HOFFMANN, 2001).

Analisando os fundamentos teóricos metodológicos didático-pedagógicos

referentes à avaliação escolar, é possível identificar as formas diferenciadas de

instrumentos sobre a avaliação formativa no processo de ensino-aprendizagem.

Perrenoud (1999, p. 103) define a avaliação formativa da seguinte forma: “toda

avaliação que ajuda o aluno a aprender e se desenvolver, ou melhor, que participa da

regulação das aprendizagens e do desenvolvimento de um projeto educativo”.

A avaliação não pode ser confundida apenas com o ato de se atribuir uma nota

ou um conceito, segundo Luckesi (1996, p. 92),

...o termo avaliar tem sua origem no latim, provido da composição ‘a-valere’, que quer dizer ‘dar valor a’. Porém o conceito de avaliação é formulado a partir das determinações de conduta de atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa ato ou curso de ação; que por si, implica em um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliativa.

Ainda segundo Luckesi (1996, p. 33), “[...] a avaliação é um julgamento de valor

sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão”.

Esse tipo de prática avaliativa acaba levando a resultados meramente classificatórios

do educando, como se a aprendizagem se restringisse apenas em aprovação ou

reprovação. Nessa perspectiva, a avaliação é utilizada como aferição, como julgamento

do aluno, atribuindo-se valores que, supostamente, mede seu aprendizado, no intuito

de promover ou reprová-lo.

A avaliação não é feita apenas em um determinado momento no processo de

ensino-aprendizagem, segundo Freire (1997) a avaliação não acontece apenas no

momento em que se apresenta como sendo o final de uma prática educativa, ela está

presente na necessidade que tem os sujeitos de observar se os seus objetivos foram

alcançados. Assim, avaliar implica em reprogramar, retificar; portanto a avaliação –

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teste, provas, atividades individuais ou grupais, – possibilitará ao professor ajustar o

processo em relação às falhas detectadas para garantir a aprendizagem.

Vasconcellos (1994, p. 43), entende que:

... a avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisões sobre o que fazer pra superar os obstáculos.

O processo de avaliação deve estar inserido no dia-a-dia do professor, para que

o mesmo possa atingir seu objetivo em relação ao aluno. É imprescindível ao professor

partilhar da análise e da reflexão das produções do aluno para reconhecer seus

sucessos e fracassos e para desenvolver nele a consciência dos progressos

conseguidos em relação às situações anteriores.

Sobre a avaliação e seu processo em relação ao aluno, Barreto (1998, p. 61)

afirma:

... as pessoas são sujeitos e não objetos neste processo. Elas realizarão este esforço de aprendizagem para construir o seu saber, estimuladas por outros, mas de acordo com o que já sabem, porque o conhecimento é social, [...] o conhecimento nasce da ação. É agindo que homens e mulheres se confrontam com a necessidade de aprender e constroem conhecimento.

A avaliação, dentro dessa perspectiva passa a ser concebida como um

instrumento eficaz, com o qual o professor atua num processo contínuo, com funções

de diagnóstico e de acompanhamento. Costa (2003, p. 73-74) entende que a avaliação

se desenvolve de forma a complementar a construção do conhecimento e afirma:

O aprender a aprender afasta-se de táticas clássicas de armazenar conhecimento copiado, como ‘decorar’, escutar infinitas aulas, fazer prova, reproduzir imitativamente o saber etc., para privilegiar atitudes de questionamento construtivo, teórico e prático, onde o conhecimento atualizado é modo de ver a realidade e sobretudo base para intervir nela.

Nessa perspectiva, identifica-se a necessidade do professor utilizar diversos

instrumentos ao avaliar, já que conforme Vasconcellos (1994) “[...] a principal finalidade

da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a construção do conhecimento, a

aprendizagem por parte dos alunos”.

Assim a avaliação busca identificar a medida de interferência necessária na

produção de cada aluno, considerando o que já sabe e o que necessita seguir

aprendendo.

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Para tanto, percebe-se fundamental o acompanhamento diário dos alunos e o

registro frequente do resultado das suas produções, que são representadas por

atividades diversificadas para as quais os alunos se encontram motivados a participar e

as quais o professor tem maior capacidade de acompanhar sua evolução, pois a

avaliação deve estar centrada no desenvolvimento das competências construtivas e

participativas do aluno (DEMO, 1991).

Libâneo (2002) coloca que:

... as práticas de avaliação precisam ser encaradas com mais seriedade. Para isso, é preciso que os educadores, além de tomarem a avaliação como importante meio de diagnóstico do seu trabalho, saibam mais sobre a elaboração de instrumentos mais diretos de aferição da qualidade da oferta dos serviços de ensino junto com a qualidade do aluno que se quer formar. (p. 31)

Analisando epistemologicamente a avaliação considera-se que esta não existe

por si, mas para a atividade a qual serve, e ganha as conotações filosóficas, políticas e

técnicas da atividade que subsidia. Assim sendo, a avaliação, definitivamente tem como

objetivo principal servir para auxiliar e orientar os professores na tomada de decisões

que contribuam para o aprimoramento de respostas adequadas às necessidades dos

alunos (LUCKESI, 1996).

Libâneo (1994, p. 197), afirma que: “A função de diagnosticar permite identificar

progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua vez,

determinam modificações do processo de ensino para melhorar as exigências dos

objetivos (...) ocorre no início, durante e no final do desenvolvimento das aulas ou

unidades didáticas”.

A função diagnóstica da avaliação é fundamental para a realização do

planejamento e da atividade de analisar o planejamento para adequação às

necessidades do educando.

A avaliação por objetivos e, em especial, das concepções de avaliação

diagnóstica, formativa e somativa, segundo Albuquerque (2004, p. 40), pode ser

constatada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/71 e nos

programas e projetos de avaliação das escolas desenvolvidos nos anos 70 e 80. A

avaliação da aprendizagem na década de 90 também anunciou avanços, se

considerarmos as bases positivistas e tecnoburocrática da Lei de Diretrizes e Bases da

Educacional: 5692/71. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a nova LDB

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9394/96, frutos de muitas lutas e discussões pela democratização no Brasil, traz

modificações em relação à legislação anterior, anunciando novas proposições com

relação à formulação e gestão de políticas públicas de avaliação e alguns avanços na

questão da avaliação da aprendizagem, com enfoque maior na questão de qualidade

da aprendizagem do aluno.

A LDB n. 9394/96 inova em relação à lei anterior, contribuindo para a construção

de uma avaliação emancipadora e formativa da escola e isso é bem visível nos Art. 12,

13 e 24, especialmente.

A Lei de Diretrizes e bases determina que a avaliação deva ser contínua e

cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre

os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas

finais (MENEZES e SANTOS, 2002).

Para alguns professores a avaliação formativa é vista como uma oposição a

avaliação tradicional, que é também conhecida como somativa ou classificatória, e que

geralmente se caracteriza por ser muito utilizada no final de um programa, tendo como

único objetivo definir uma nota ou estabelecer um conceito, ou seja, dizer se os

estudantes aprenderam ou não e ordená-los.

Perrenoud (1999) entende a avaliação diagnóstica, como uma prática contínua

que pretende melhorar as aprendizagens em curso, contribuindo para o

acompanhamento e orientação dos alunos durante todo o processo de formação. A

avaliação é formativa quando ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver e participar

da regulação das aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto

educativo.

No entender de Luckesi (1996, p. 16) a avaliação “seja pontual ou continua, a

avaliação só faz sentido quando provoca o desenvolvimento do educando”. Portanto

qualquer que seja o instrumento avaliativo adotado, nenhum é melhor que o outro, o

professor deve ter claro se ele é conveniente ou relevante para compreender o

processo de aprendizagem da turma e mostra caminhos para uma intervenção visando

sua melhoria no processo de ensino-aprendizagem no desenvolvimento do educando.

A principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a construção

do conhecimento por parte dos alunos.

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O Conselho de Classe, que é visto hoje como instrumento democrático na

instituição escolar, garante o aperfeiçoamento do processo da avaliação, tanto em seus

resultados sociais como pedagógicos. Enquanto instrumento de avaliação, o Conselho

de Classe requer que os alunos estejam sendo constantemente observados pelos

professores e demais especialistas que compõem os profissionais da instituição de

ensino. Para isso, a avaliação deve ser cotidiana, pois todo o dia, toda a semana, até o

final do semestre ou ano, cada aluno deve estar sendo percebido pelos professores que

trabalham com ele. Ao observar, diagnosticar e registrar, saberes estão sendo extraídos

de cada aluno de forma a enquadrá-lo dentro de uma determinada categoria de

desenvolvimento que define alvos a serem alcançados por todos (VASCONCELLOS,

1994).

O Conselho de Classe é a atividade que reúne um grupo de professores da

mesma série, visando em conjunto chegar a um conhecimento mais sistemático da

turma, bem como acompanhar e avaliar o aluno individualmente, através de reuniões

periódicas. Portanto, o Conselho de Classe é um importante instrumento avaliativo, pois

reúne diferentes pareceres profissionais sobre cada aluno, que servirão de subsídios

para os diagnósticos e as recomendações deles decorrentes. A avaliação no Conselho

de Classe é uma ação pedagógica inserida no processo de vida escolar, executada

com um fim próprio, sendo um espaço de reflexão pedagógica em que tanto o professor

quanto o aluno se situam conscientemente no processo pedagógico. O Conselho tem

função mediadora e, no final do ano letivo, assume caráter deliberativo em relação ao

processo final de avaliação (SANT’ANNA, 1995).

No entanto, uma prática muito comum nas escolas é manter o professor de

Educação Física longe dos conselhos de classe, mantendo os alunos ocupados com

jogos, recreação e brincadeiras enquanto os outros professores realizam o “Conselho

de Classe”, numa atitude totalmente alienante da disciplina de Educação Física.

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3. OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS DA AVALIAÇÃO NA

EDUCAÇÃO FÍSICA

A educação nacional possui princípios que visam a construção de uma

sociedade melhor, mais humana, solidária e justa. Dessa forma, a Educação Física em

conformidade com os padrões éticos e humanísticos deve estimular a atuação crítica,

reflexiva e criativa, possibilitando aos educandos os conhecimentos sobre o Ser

Humano e suas capacidades, necessidades, possibilidades e habilidades, de modo que

adquira competências cognitivas capazes de relacionar os conhecimentos teóricos aos

conhecimentos práticos. Os conceitos essenciais da Educação Física possibilitam aos

educadores desta área do conhecimento ter a compreensão da sua abrangência e sua

importância no cenário educacional. Os conceitos científicos elencados e trabalhados

interdisciplinarmente no contexto sócio-histórico devem garantir ao aluno a apropriação

destes conhecimentos, desenvolvendo suas habilidades, podendo transformá-las em

conhecimento, possibilitando a sua interação no mundo (PCNs, 1997).

O grau de complexidade e aprofundamento dos conceitos no processo ensino-

aprendizagem deve respeitar o conhecimento real do aluno e desenvolver suas

possibilidades, numa mediação significativa, realizando um trabalho de qualidade na

área de Educação Física, compreendendo que corporeidade e movimento estão

presentes em todos os momentos da vida, e que também são trabalhados por meio dos

conceitos de jogo, ginástica, dança e esporte.

A Educação Física articulada pelos jogos construídos no social com esquemas

corporais próprios para fins de convivência harmoniosa amplia o conhecimento do

corpo e a possibilidade de compreensão das regras sociais, despertando o

aprofundamento e inter-relação dos conhecimentos anteriores com a análise dos

saberes, das necessidades dos alunos e do entorno social.

Silva (1998) destaca que se torna necessário realizar o projeto político

pedagógico da escola de forma a organizar o fazer pedagógico em cada instituição

considerando a realidade da mesma, analisando os aspectos sociais, humanos,

educacionais, institucionais, da escola e do aluno de acordo com a concepção de

mundo, de homem, de educação e de escola. Assim, a avaliação será contextualizada

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em seus aspectos técnicos e políticos e depende do projeto político da escola que, é

norteado pelo projeto de sociedade que se deseja reproduzir ou transformar.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96) acena com

indicativos de mudanças, pois de acordo com o artigo 24 a avaliação escolar necessita

ser contínua e cumulativa, fazendo prevalecer os aspectos qualitativos sobre os

quantitativos e os resultados que são acumulados durante o período de aprendizagem

devem igualmente prevalecer sobre eventuais provas finais.

Segundo Mendes e Nascimento (2008, p. 103) “as experiências vivenciadas

através das práticas avaliativas e as discussões relacionadas ao tema desenvolvido nas

disciplinas que compõem a estrutura curricular influenciam na construção da prática

pedagógica”.

Segundo Silva (1998) a dinamicidade e a complexidade da estrutura escolar na

sociedade capitalista requerem um olhar mais detalhado para as contradições que

ocorrem no interior da escola. A diversidade de entendimentos do que seja a prática

avaliativa exige discussões e reflexões profundas, pois há que promover um intenso

debate sobre essa prática para buscar a compreensão das melhores maneiras de

executar a avaliação escolar.

Para compreender a avaliação como processo integral é necessário analisar as

diferentes dimensões de como, por que e quando avaliar que contribuem para que o

educador assuma a avaliação como uma parte do processo de ensino-aprendizagem e

que atribui diferentes características às diferentes modalidades de avaliação

representadas principalmente pela avaliação diagnóstica, formativa e somativa. Para

isso exige-se que o educador domine conhecimentos específicos relacionados ao ato

de avaliar, como resultado da promoção de análises e reflexões sobre o processo de

avaliação em relação ao ensino-aprendizagem.

Atualmente o ensino de Educação Física procura integrar o aluno na cultura

corporal do movimento, com finalidade de lazer, autoconhecimento, expressão de

sentimentos, afetos e emoções, e manutenção da saúde. Para colaborar com a

formação de cidadãos autônomos, cooperativos, conhecedores dos valores e princípios

democráticos, busca garantir a todos a possibilidade de usufruir de jogos, esportes,

danças, lutas e ginástica em benefícios do exercício da cidadania.

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Os atuais planejamentos de Educação Física apresentam a disciplina como uma

área de conhecimento da cultura corporal de movimentos e a Educação Física escolar

como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimentos,

tendo como objetivo, formar os cidadãos que vão produzi-la, reproduzi-la e transformá-

la, instrumentalizando-a.

Os eixos que norteiam a proposta da Educação Física são: corporeidade, cultura

escolar, manifestações corporais, práticas corporais, em benefício do exercício crítico

da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

A Educação Física tem como objetivo levar o aluno a participar de atividades

corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros,

reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e

dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais;

repudiar qualquer espécie de violência, mostrando atitudes de respeito mútuo,

dignidade e solidariedade nas práticas de cultura corporal de movimento; reconhecer-se

como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis de higiene,

alimentação e atividades corporais relacionando-os com os efeitos sobre a própria

saúde e da melhoria da saúde coletiva; conhecer a diversidade de padrões de saúde,

beleza e desempenho, presentes no cotidiano, compreendendo sua inserção dentro da

cultura em que são produzidos, despertando para o senso crítico dos padrões

divulgados pela mídia e evitando o consumismo e o preconceito; conhecer, organizar e

interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados para

promover atividades corporais e de lazer, reconhecendo-as como uma necessidade do

ser humano e um direito do cidadão, em busca de uma melhor qualidade de vida; a

Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que

desenvolvam suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, usando seu

aprimoramento com seres humanos.

Os conteúdos apresentam o corpo como construção histórico-social em suas

dimensões biológicas, histórica, cultural e social: possibilidades de manifestações

corporais; possibilidades expressivas/comunicativas do corpo; saúde/doença:

elementos básicos; corpo e sua manifestação sexual: a sexualidade como possibilidade

de prazer e sofrimento; o corpo como sujeito e vítima da violência: consumo de drogas,

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preconceitos e tabus corporais; o corpo dos trabalhadores: sacrifício e violência; o

corpo diferente: gênero, etnia, classe social, pobreza, religião, etc.; limpo/

sujo/feio/bonito/forte/fraco/magro/gordo/saudável/doente/livre/aprisionado/excluído; os

corpos femininos, infantis, masculinos, de velhos: suas manifestações; o corpo e seus

adereços: moda, roupa e outros signos corporais.

O conhecimento do Corpo: autoconhecimento corporal; somatização das

emoções: dor, ódio, prazer, medo, etc; interação corporal: reconhecimento dos limites e

possibilidades da corporalidade do outro; mímica, imitação e expressão corporal com e

sem materiais; organização de campeonatos, gincanas, mostra cultural, e atividades

recreativas.

As estratégias consistem em aulas teóricas e práticas, trabalhos individuais ou

em grupos, na utilização de recursos audiovisuais.

Em relação ao processo de avaliação deve levar em consideração, a faixa etária

dos alunos e o grau de autonomia e discernimento que possuem. A avaliação deve ser

de utilidade, tanto para o aluno como para o professor para que ambos possam

dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do processo de ensino e

aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo.

Nesse contexto a avaliação contínua e de cunho atitudinal efetiva-se através de

análises críticas considerando os níveis de respeito, participação, cooperação e

assiduidade.

Não existe fórmula pronta para que o professor realize uma boa avaliação; é

graças a sua criatividade que o docente irá fazer o seu próprio caminho, que poderá (ou

não) alcançar êxito. Os instrumentos de avaliação propostos por ele, professor, sejam

quais forem, contanto que sejam diversificados, participativos, democráticos, relevantes,

significativos e rigorosamente construídos para ajudar ao aluno a aprender, necessitam

realmente avaliar o aproveitamento do educando.

4. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa realizada para a construção desse artigo caracteriza-se por aspectos

qualitativos, pois constrói sua base teórica a partir de estudos relevantes já divulgados,

seguido da aplicação de um questionário elaborado a partir de uma escala de Lickert e

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aplicado em quatro turmas de Ensino Fundamental de 7ª e 8ª séries de um colégio da

rede pública da cidade de Toledo, visando realizar uma avaliação atitudinal a título de

exemplo da possibilidade de sua execução com alunos desse nível de conhecimento.

Os resultados da pesquisa foram analisados, tabulados e transformados em

estatística, de forma a elucidar a proposta de realização e a sua contribuição no

entendimento da avaliação contínua enquanto a busca de avaliação atitudinal com

alunos do Ensino Fundamental.

O instrumento de coleta de dados constituiu-se de uma Ficha para avaliação da

dimensão atitudinal (respeito, participação, cooperação, assiduidade) proposta por

Mendes (2008).

- Participa ativamente nas aulas de E. F. ?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Mostra-se interessado em aprender os diversos conteúdos da E. F.?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Demonstra atitudes de respeito para com o professor?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Coopera com os colegas durante a realização das atividades?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Cumpre os horários de chegada e saída das aulas?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Apresenta-se para a aula trajado adequadamente para a prática?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

- Durante as atividades, de que forma resolve os atritos ou perdas?

( ) com violência física [00] ( ) com violência moral/reclamações [0,3] ( ) com diálogo

[1,0]

- Possui atitudes discriminatórias em relação aos menos habilidosos, ou obesos ou de

etnias e gêneros diferentes?

( ) sempre [0,0] ( ) na maioria das vezes [0,4] ( ) as vezes [0,8] ( ) nunca [1,0]

- Colabora no cuidado e preservação do material de E. F?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

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- Coopera com o professor durante a realização e na organização das atividades?

( ) sempre [1,0] ( ) na maioria das vezes [0,8] ( ) as vezes [0,4] ( ) nunca [00]

Os dados foram coletados em duas etapas, primeiramente os alunos foram

orientados para preencher a ficha para avaliar a dimensão atitudinal como: respeito,

participação, cooperação e assiduidade, segundo a proposta de Mendes (2008), porém

o questionário apresentado aos alunos não possuía valores junto às respostas. Os

alunos responderam às questões e, em seguida os resultados foram transcritos e

comparados com os valores da ficha de avaliação atitudinal.

As atitudes colocadas para que os alunos se auto-avaliassem foram:

1. Participação ativa na aula;

2. Interesse em aprender os conteúdos;

3. Atitudes de respeito para com o professor;

4. Cooperação com os colegas na realização das atividades;

5. Cumprimento de horários de chegada e de saída;

6. Usa traje adequado durante as aulas;

7. Solução de conflitos ou perdas durante as atividades;

8. Atitudes discriminatórias em relação aos menos habilidosos, obesos, etnia e

gêneros diferentes;

9. Cuidado e preservação do material de Educação Física;

10. Cooperação com o professor na realização e organização das atividades.

As opções de respostas constantes no questionário identificavam-se sem valores

numéricos, porém podem ser percebidas gradualmente valorativas pela utilização das

palavras: sempre, na maioria das vezes, às vezes e nunca. No entanto, na planilha do

professor, onde são computadas as respostas dos alunos, essas respostas podem ser

valoradas nos seguintes valores numéricos: sempre (1,0); na maioria das vezes (0,8);

às vezes (0,4); e, nunca (00), como exceção na valoração da questão 8 que trata das

atitudes discriminatórias possui os seguintes valores: nunca (1,0); às vezes (0,8); na

maioria das vezes (0,4); e sempre (00).

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Como o questionário conta com 10 (dez) questões, o valor máximo a ser

alcançado na avaliação é 10,0 por aluno, assim, a soma de pontos de cada aluno

resulta na sua média e a soma de pontos de todos os alunos resulta na média da

turma, permitindo uma avaliação ampla de cada turma a ser descrita nos gráficos a

seguir.

Os dados estatísticos que se apresentam traduzem o resultado da média

aritmética da avaliação realizada pelos alunos de cada turma. Além disso, a avaliação

foi realizada em dois momentos em cada turma considerando a realização de

atividades voltadas para a formação de atitudes positivas em relação à construção do

saber.

A avaliação foi realizada antes do desenvolvimento das atividades, sendo

representada no gráfico 1 os resultados de cada turma. Nas sétimas séries “C e D”,

responderam os questionários 27 alunos em cada turma, nas 8ª séries “C e D”, o

questionário foi respondido por 17 e 15 alunos respectivamente.

Após a tabulação dos dados coletados através dos questionários a média

aritmética de cada turma resultou no seguinte gráfico:

Gráfico 1: Pré-avaliação atitudinal

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em agosto de 2009

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A escola é uma instituição viva que tem como característica a variação no

número de alunos, provocando uma transitoriedade nos dados estatísticos, no entanto,

apesar da mudança nos números, há uma possibilidade também na mudança de

valores atitudinais, quase sempre apresentando resultados diferentes após a realização

de um trabalho de conscientização ou de interação dos alunos com a formação de

atitude que lhes é proposta.

Palafox (1992) apresenta a avaliação como um espaço de argumentação, como

um processo ético de racionalização que não é atribuição exclusiva do professor. Ao

incentivar a autoavaliação a ser praticada pelo aluno, promove-se a formação de uma

autoimagem positiva e desenvolve-se a habilidade de realização da autocrítica,

aspectos que são condições necessárias para a formação de autonomia crítica no

educando.

As aulas desenvolvidas durante as quatro semanas que transcorreram entre uma

avaliação permitiram a experimentação da auto-reflexão, a partir de metodologias

indutivas que favorecessem a prática da reflexão e a tomada de decisão constante na

turma, definindo escolhas dentro dos contextos de cada um e do coletivo.

Da mesma forma, foram criadas situações motivadoras para introduzir os temas

de cada aula de acordo com os objetivos propostos, isto propiciou para aguçar a

curiosidade dos alunos mediante a explicação clara e objetiva ou mediante a

apresentação de arranjos ou materiais de trabalho. Esse tipo de trabalho implica em

conhecer o potencial de aprendizagem dos alunos, que foi realizado na pré-avaliação,

provando que quanto mais o professor conhece a turma e suas perspectivas de

aprendizagem, melhor desenvolve seu plano de ensino de forma a propiciar um nível

adequado de atividades de acordo com o perfil de cada turma.

Ao estimular a reflexão, o professor formula perguntas ou discute as formas de

organização para que os alunos façam escolhas e passem a propor roteiros de trabalho

entre eles ou em conjunto com o professor, assim, essa intermediação passa ser a

parte principal da aula por ser o momento em que o professor e os alunos executam as

atividades para interiorizar conhecimentos da cultura corporal contidos nos objetivos

planejados. Desta forma, além da observação e registro do desempenho do aluno, a

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reflexão coletiva e a auto-avaliação devem ser instrumentos prazerosos, que podem ser

utilizados pelos alunos e pelo professor como indicador avaliativo (PALAFOX, 1992).

No caso desta pesquisa após quatro semanas de trabalho foram novamente

realizada as autoavaliações, quando participaram 27 alunos da 7ª C, 29 alunos da 7ª D,

20 alunos na 8ª C e 22 alunos na 8ª D, verificando-se os seguintes resultados:

Gráfico 2: Pós-avaliação atitudinal

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em setembro de 2009

Os resultados do pós-teste demonstraram que a percepção do comportamento

da dimensão atitudinal individual aumentou, quando comparados aos resultados do pré-

teste.

Percebe-se dessa maneira, a importância de utilizar instrumentos de avaliação

mesmo que a intenção seja analisar a dimensão atitudinal, ou mais comumente

chamada de participação do aluno, que em muitos casos é cercada de subjetividade

por parte do professor, já que não possui dados concretos para discuti-las com pais,

equipe pedagógica e o próprio educando.

Verificou-se que a utilização da ficha de avaliação atitudinal, contribuiu tanto para

informar os alunos sobre as atitudes consideradas positivas e negativas em relação às

aulas de Educação Física, quanto para estimular reflexões acerca da sua atuação

enquanto ser social e coletivo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi realizado tendo como tema a avaliação na Educação Física.

Inicialmente, analisaram-se os princípios que devem ser desenvolvidos para realizar a

avaliação educacional de um modo geral, na forma como deve ser concebida a

avaliação formativa, que se encaixa no princípio formador da educação contemporânea.

Atualmente, a educação da forma como está prevista na LDB n.9394/96, exige

que a avaliação seja contínua e que propicie a formação do educando dentro dos

princípios formadores de cidadania, de forma que sendo contínua também contribua

para a formação de valores e de atitudes positivas dos educandos em relação à

sociedade na qual estão inseridos.

Diante disso, foi realizada uma pesquisa com alunos de 7ª e 8ª séries de uma

escola da rede pública da cidade de Toledo, no Oeste do Estado do Paraná, visando

investigar a aplicabilidade da avaliação atitudinal nas aulas de Educação Física no

Ensino Fundamental.

A pesquisa foi realizada em dois momentos, compostos de uma pré-avaliação

que permitiu a elaboração de um plano de aplicabilidade na formação de valores e

atitudes em relação à reflexão sobre os conteúdos aprendidos nas aulas de Educação

Física, seguido do trabalho de quatro semanas de formação onde foram realizados

debates e atividades que exigiam autoavaliação dos alunos, por fim, foi realizada uma

pós-avaliação demonstrando uma sensível melhora na avaliação atitudinal dos alunos

envolvidos.

O desenvolvimento deste estudo apresenta perspectivas de mudanças

atitudinais também dos educadores em relação à avaliação, que deixa de ser um

instrumento coercitivo para ser uma oportunidade de refletir sobre ações e atitudes

tanto da parte dos educandos quanto dos educadores.

Dessa maneira, este trabalho pretende contribuir para que educadores de

Educação Física obtenham subsídios para a realização das avaliações de forma a

promover o aluno a atitudes mais críticas e consistentes, como determina a atual

legislação educacional do Estado do Paraná e do Brasil.

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