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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA MESTRADO EM ODONTOLOGIA Avaliação da Fotobiomodulação a Laser no Reparo Tecidual em Ratos Submetidos à Dieta Hiperlipídica VIRGÍNIA DIAS UZÊDA E SILVA Salvador 2014

Avaliação da Fotobiomodulação a Laser no Reparo Tecidual ...§ão... · Figura 12 Fotomicrografia do grupo dieta padrão aos 7 dias mostrando intenso infiltrado inflamatório

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ODONTOLOGIA

Avaliação da Fotobiomodulação a Laser no Reparo

Tecidual em Ratos Submetidos à Dieta Hiperlipídica

VIRGÍNIA DIAS UZÊDA E SILVA

Salvador 2014

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VIRGÍNIA DIAS UZÊDA E SILVA

Avaliação da Fotobiomodulação a Laser no Reparo

Tecidual em Ratos Submetidos à Dieta Hiperlipídica

Dissertação apresentada ao Programa de Pós - graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Odontologia e Saúde com área de concentração em Diagnóstico Oral. Orientador(a): Profa Dra Luciana Maria Pedreira Ramalho Co-orientador(a): Profa Dra Tania Tavares Rodriguez

Salvador

2014

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária de Saúde, SIBI - UFBA.

S586 Silva, Virgínia Dias Uzêda e

Avaliação da fotobiomodulação a laser no reparo tecidual

em ratos submetidos à dieta hiperlipídica/ Virgínia Dias Uzêda e

Silva. – Salvador, 2014.

80 f.

Orientadora: Profª. Drª Luciana Maria Pedreira Ramalho

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia.

Faculdade de Odontologia, 2014.

1. Dieta Hiperlipídica. 2. Reparo Tecidual. 3. Laserterapia.

I. Ramalho, Luciana Maria Pedreira. II. Universidade Federal

da Bahia. III. Título.

CDU 613.2

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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a toda minha família e entes queridos, por todo o carinho, apoio

e atenção. Em especial, a todas as mulheres que dela fazem parte; fortes,

batalhadoras, vencedoras. Sempre foram exemplos na minha vida e me fazem ver, a

cada dia, que a força que temos é maior do que qualquer obstáculo que nos possa

ser imposto. As minhas vitórias são mais do que minhas, SÃO NOSSAS!

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"Não há nada mais gratificante do que dirigir a própria vida.

Nossas atitudes escrevem nosso destino. Nós somos responsáveis pela vida que

temos... A aprendizagem é nossa e ninguém poderá fazê-la por nós, assim como

nós não poderemos fazer pelos outros. Quanto mais depressa aprendermos isso,

menos sofreremos."

Zibia Gasparetto

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AGRADECIMENTOS

São tantos, tão importantes, tão especiais...

À Deus, em primeiro lugar, por ter me guiado pelos caminhos certos, nas horas

certas e me tornar merecedora de tantas vitórias. Com a tua ajuda mais uma vez

venci, mas não cheguei ao fim, e sim ao início de uma longa caminhada.

À minha mãe, Georgina, o meu exemplo de vida, pelo seu apoio, esforço, dedicação

e amor incondicional, SEMPRE. Obrigada por acreditar nos meus sonhos e junto

comigo torná-los realidade.

À meu pai, Walter, obrigada pelo seu amor e por sempre tentar fazer de tudo para

que eu realizasse os meus sonhos.

Aos meus queridos irmãos, Thaise e Vitor, pelos momentos de risadas, alegrias e

companheirismo durante esta vida.

Ao meu sobrinho, Guilherme, acompanhar seu crescimento tornam meus dias bem

mais divertidos.

Aos meus eternos amigos, tios, avós e primos, em especial vovó Valdelina, vovó

Antonieta, tio Waldeck, tia Rita e tia Geocélia, obrigada por vibrarem tanto com as

minhas conquistas. Vocês são o alicerce do meu eterno encanto pela vida.

À Profª. Drª Luciana Ramalho, minha orientadora, agradeço pela confiança

depositada no meu trabalho, pelas palavras de apoio, incentivo e por percorrer

comigo estes dois anos. Espero que nossos caminhos continuem seguindo juntos

pelas nossas jornadas.

À Profª. Drª Tania Rodriguez, minha orientadora, segurou em minhas mãos com

todo o carinho e paciência que uma aprendiz necessita para desenvolver novas

habilidades. Sua ajuda e contribuição na execução, principalmente experimental, do

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meu projeto foram imprescindíveis. Espero que ainda possamos compartilhar muitas

experiências.

À Profª. Drª Zeca Ramalho, que mesmo na correria de suas longas atividades,

sempre se dipôs a me ajudar e a contribuir para o melhoramento do meu trabalho.

Ao Profº. Drº. Jean Nunes, que contribuiu diretamente nas minhas atividades do

projeto, obrigada por sempre me ouvir e dar contribuições valiosas ao meu trabalho.

Às Profª. Drª. Flávia Caló e Luciana Casais, que direta e indiretamente

contribuiram e me apoiaram neste processo.

Aos meus Mestres de ontem e de hoje, espero que tudo que aprendi com vocês

perdure para todo sempre, pois foi indispensável ao meu amadurecimento

profissional. Obrigada por me ensinarem a amar a arte de ensinar.

Aos colegas do mestrado, Ana Cristina Sobreira, Anderson Maciel, Anderson

Carvalho, Daniel Rodrigues, José Augusto Tuy, Ernesto Neto, Inêssa Barbosa,

Katia Gally, Lia Porto, Livia Vitória, Patricia Keller, Mércia Sacramento, Manuela

Mello, Paula Paes, Poliana Santos, Thais Amorim, Wolf Maia, por estarem ao

meu lado nestes últimos dois anos e dividir cada momento de aprendizagem em sala

de aula. Com toda certeza nunca serão esquecidos.

Às amigas Taíse Santos e Rebeca Vasconcelos, obrigada por compartilharem

tantos momentos comigo, nas alegrias e nas dificuldades. A amizade e apoio de

vocês foram essenciais, e é por isso que na vida não apenas fazemos amigos, e sim

os reconhecemos.

À Gardênia Paraguassú, pelo grande auxílio na realização da etapa experimental

da minha pesquisa.

Às bolsistas de Iniciação científica, Isadora Rios e Ísis Franco, agradeço pela

enorme dedicação que depositaram à pesquisa e pelos momentos de companhia e

descontração, sem dúvidas vocês foram o meu braço direito. Não posso esquecer

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de Ilana Castro e Alana Oliveira, obrigada por nos auxiliarem com o cuidado e

manutenção dos animais no laboratório.

À Stª Sueli Paixão, pela paciência, apoio e colaboração em todos os momentos, ao

Srº Edilson Amancio e a Srª Miriam Moraes, pela disponibilidade e cuidado nas

confecções das minhas lâminas.

À Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo

apoio e investimento na minha qualificação profissional.

Ao Instituto de Ciências da Saúde da UFBA, por ceder o espaço para realização

do meu projeto e onde passei boa parte da minha pesquisa.

À Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, por ter se

tornado a minha casa.

Enfim, agradeço a todos, pois cada gesto, mesmo que parecendo pequeno, me

ajudou a chegar aqui com força e esperança. Aprendi que apoio é o que realmente

importa e é por isso que: Ninguém Vence Sozinho!

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS E TABELAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO 17 2. REVISÃO DE LITERATURA 19 2.1 SOBREPESO E OBESIDADE 19 2.1.1 TECIDO ADIPOSO 21 2.2 REPARO TECIDUAL 23 2.2.1 INFLAMAÇÃO 24 2.2.2 PROLIFERAÇÃO 25 2.2.3 REMODELAÇÃO 26 2.3 LASER 27 2.3.1 FOTOTERAPIA LASER 29 2.4 REPARO X OBESIDADE X FOTOTERAPIA LASER 32 3. PROPOSIÇÃO 34 3.1.OBJETIVO GERAL 34 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 34 4. MATERIAS E MÉTODOS 35 4.1 RESPALDO ÉTICO DA PESQUISA 35 4.2 AMOSTRA 35 4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS 35 4.4 MANIPULAÇÃO NUTRICIONAL 36 4.5 AVALIAÇÃO PONDERAL 38 4.6 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO 39 4.7 PROTOCOLO DE IRRADIAÇÃO 40 4.8 MORTE DOS ANIMAIS E OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS 42 4.9 PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO 43 4.10 ANÁLISE DOS DADOS 45 5. RESULTADOS 46 5.1 AVALIAÇÃO PONDERAL, PESO DE GORDURA RETROPERITONEAL E FÍGADO

46

5.2 ANÁLISE HISTOLÓGICA 48 5.2.1 ANÁLISE DESCRITIVA 48 5.1.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA 54 6. DISCUSSÃO 60 7. CONCLUSÃO 70 REFERÊNCIAS 71 ANEXO 80

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 01

Distribuição dos ratos nos grupos experimentais de acordo

com o tipo de dieta, protocolo de irradiação e tempo

experimental (UFBA, 2014).

36

Tabela 01 Composição da dieta padrão (DP) e dieta hiperlipídica (DH) 37

Quadro 02 Parâmetros utilizados no protocolo de irradiação (UFBA,

2014).

41

Quadro 03

Critérios utilizados na análise histológica (UFBA, 2014).

44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01

Dieta Hiperlipídica (DH) e Dieta Padrão (DP) (UFBA, 2013).

37

Figura 02

Ratos dos grupos Dieta Hiperlipídica e Dieta Padrão (UFBA, 2013).

38

Figura 03

Demarcação dos pontos correspondentes ao ângulo da ferida cirúrgica (UFBA, 2013).

39

Figura 04

Incisão para confecção da ferida (UFBA, 2013).

39

Figura 05

Ferida cirúrgica imediatamente após a sua confecção (UFBA, 2013).

40

Figura 06

Aparelho utilizado para realização da fototerapia laser (UFBA, 2013).

41

Figura 07

Irradiação da ferida cirúrgica com a luz Laser de emissão vermelha (UFBA, 2013).

41

Figura 08

Gordura retroperitoneal Grupo Dieta Padrão (UFBA, 2013).

42

Figura 09

Gordura retroperitoneal Grupo Dieta Hiperlipídica (UFBA, 2013).

42

Figura 10

Evolução do peso corporal em 20 semanas de consumo de dieta padrão e hipelipídica.

46

Figura 11

Peso relativo da gordura retroperitoneal após 20 semanas de dieta padrão e hiperlipídica.

47

Figura 12 Fotomicrografia do grupo dieta padrão aos 7 dias mostrando intenso infiltrado inflamatório. (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014

51

Figura 13 Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Laser aos 7 dias mostrando infiltrado inflamatório moderado. HE, aumento aproximado de 400X) (UFBA, 2014).

51

Figura 14 Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Controle aos 14 dias mostrando hiperemia moderada. (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

51

Figura 15 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 14 dias mostrando hiperemia intensa. (HE, aumento

51

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aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

Figura 16 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 7 dias mostrando proliferação fibroblástica moderada. (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014).

52

Figura 17 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando proliferação fibroblástica intensa. (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014).

52

Figura 18 Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Laser aos 7 dias mostrando deposição discreta de colágeno. (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014)

52

Figura 19 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando deposição moderada de colágeno. (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

52

Figura 20 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 14 dias mostrando reepitelização incompleta. (HE, aumento aproximado de 50X) (UFBA, 2014).

53

Figura 21 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 14 dias mostrando reepitelização completa. (HE, aumento aproximado de 50X) (UFBA, 2014).

53

Figura 22 Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando tecido de granulação com intensa quantidade de adipócitos. (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

53

Figura 23 Comparação entre os grupos Dieta Padrão Controle e Dieta Padrão Laser avaliados no período de 7 dias em relação ao infiltrado inflamatório

55

Figura 24 Comparação entre os grupos Dieta Hiperlipídica Controle e Dieta Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação ao infiltrado inflamatório

55

Figura 25 Comparação entre os grupos Dieta Padrão Laser e Dieta Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação a proliferação fibroblástica

56

Figura 26 Comparação entre os grupos Dieta Hiperlipídica Controle e Dieta Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação à Deposição de fibras colágenas

57

Figura 27 Comparação entre os grupos Dieta Padrão Laser e Dieta Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação à Deposição de fibras colágenas

57

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Figura 28 Comparação entre os grupos Dieta Padrão Controle e Dieta

Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação à Hiperemia

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ATP Adenosina-trifosfato

CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais

BA Bahia

cm Centímetro

cm2 Centímetros quadrados

CW Continuous wave

DNA Ácido desoxirribonucléico

et al. E colaboradores

FOUFBA Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia

GaAs Arseneto de gálio

GaAlAs Arseneto de gálio-alumínio

g Grama

ºC Grau Celsius

h Hora

HeNe Hélio Neônio

HE Hematoxilina-eosina

ICS Instituto de Ciências da Saúde

J Joule

J/cm2 Joules por centímetros quadrados

Kg Quilograma

Laser Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

(Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação)

LTBI Laserterapia de Baixa Intensidade

LED Light Emmitting Diode (Diodo emissor de luz)

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ml Mililitro

mm Milímetro

mW Miliwatts

min Minuto

nm Nanômetro

O2 Oxigênio

p Probabilidade de erro ou variabilidade amostral

s Segundo(s)

SAEF Spatial Average Energy Influence

(Densidade de energia média espacial)

t Tempo

TBE Tribromoetanol

UFBA Universidade Federal da Bahia

W Watts

W/cm2 Watts por centímetro quadrado

Comprimento de onda

µm Micrômetro

Φ Diâmetro do Spot

% Porcentagem

® Marca registrada

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RESUMO

O Laser tem estimulado o reparo em modelos de distúrbios sistêmicos, porém a literatura é incipiente em se tratando da obesidade, já associada a distúrbios

cicatriciais. Verificou-se a influência da fototerapia Laser (λ660nm, 40mW, 6J/cm², 0,04cm2, CW, Twin Flex Evolution, MMoptics®, São Carlos, SP) no reparo tecidual de ratos submetidos a dieta hiperlípidica. Quarenta e oito ratos Wistar albinus, desmamados foram divididos em dois grupos experimentais: Dieta Padrão (DP) e Dieta Hiperlipídica (DH), por 20 semanas. Em seguida, os ratos foram submetidos à anestesia geral para confecção de feridas cutâneas dorsais, excisionais, padronizadas em 1cm². Os grupos foram subdivididos em DPC e DHC sem tratamento adicional e DPL e DHL irradiados pelo protocolo supracitado, imediatamente após o ato cirúrgico e a cada 48 horas durante 7 ou 14 dias. Os ratos foram mortos por aprofundamento anestésico, os espécimes processados pela técnica de coloração de rotina Hematoxilina/ Eosina (H/E) e avaliados por microscópica de luz. Os ratos submetidos à dieta hiperlipídica apresentaram maior intensidade no processo inflamatório cicatricial e hiperemia prolongada. O protocolo de irradiação empregado modulou a intensidade da inflamação, reduzindo-a. Avaliando-se a reação fibrocelular, observou-se o aumento na deposição de colágeno e estímulo a proliferação fibroblástica, principalmente no grupo LHD. Esses resultados foram observados para o período de 7 dias. É lícito concluir que adoção de dieta hiperlípidica modificou o padrão do processo inflamatório em ratos e que a fotobiomodulação a laser contribuiu favoravelmente para o processo cicatricial nas fases iniciais, não havendo diferença estatística aos 14 dias.

Palavras-chave: dieta hiperlipídica, reparo tecidual, laserterapia

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ABSTRACT

The Laser irradiation has improved the cutaneous repair in different models of systemic disorders. However, up to date, the literature is lacking regarding phtobiomodulation influence in obesity, which has been reported to delayed

cicatrization. The influence of laser phototherapy (λ660nm, 40mW, 6J/cm ², 0.04 cm2, CW, Twin Flex Evolution , MMOptics ®, São Carlos , SP) was assessed in rats cutaneous repair submitted to a hyperlipidic diet. Forty-eight male Wistar Albinus, weaned, were divided into two experimental groups: standard diet (SD) and hyperlipidic diet (HD), for 20 weeks. After general anesthesia, standardized surgical wounds were created (1cm ²) in the dorsal midline region of each animal. The groups were then divided into: CSD and CHD, non-irradiated; and LSD and LHD, irradiated immediately after surgery and every 48h for 7 or 14 days. The rats were killed by overdose anesthesia, the specimens were processed for routine staining hematoxylin/eosin (H/E) and evaluated by light microscopy. The rats submitted to the hyperlipidic diet showed higher intensity of the inflammatory healing process and prolonged hyperemia. The irradiation protocol employed modulated the repair, reducing the intensity of inflammation. Regarding to fibrocellular reaction, it was observed the increased deposition of collagen and fibroblast proliferation, specially in the LHD group. These results were observed for 7 days. It is reasonable to conclude that the adoption of a hyperlipid diet altered the pattern of inflammation in rats and that the laser photobiomodulation had contributed positively to the healing process in earlier stages, with no statistical difference at 14 days.

Key words: hiperlypidic diet, repair, lasertherapy.

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1. INTRODUÇÃO

A obesidade é um problema de saúde mundial e que pode ter como origens

fatores nutricionais, genéticos, metabólicos, sociais e culturais associados

(GRUNDY, 1998). Indivíduos obesos mórbidos apresentam risco aumentado para

outras doenças sistêmicas e co-morbidades, dentre os quais, o comprometimento da

reparação tecidual, que pode resultar da hipoperfusão e isquemia que ocorrem no

tecido adiposo subcutâneo (GUO & DIPIETRO, 2010; NASCIMENTO & COSTA,

2006).

O reparo tecidual é um processo que envolve contínuas, sobrepostas, mas

bem ordenadas fases: inflamação, proliferação e remodelação (ENOCK & LEAPER

2007) e requer a interação com uma variedade de células, citocinas, fatores de

crescimento e moléculas da matriz extracelular. Para que ocorra a cicatrização

adequada da ferida, a sequência temporal destes eventos deve ser mantida;

interrupções, defeitos e prolongamento de uma destas etapas podem levar a um

atraso na cicatrização ou o não fechamento da ferida (BELDON, 2010; WITTE &

BARBUL, 1997).

O Aumento do número de indivíduos obesos, bem como o aumento do

número da parcela destes indivíduos que passam por experiências de injúrias

físicas, devido ao excesso de peso ou a procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia

bariátrica, tem motivado a busca da compreensão dos fatores que impedem a

cicatrização das feridas (WILSON & CLARK, 2003) e, por conseguinte, a busca por

novas terapias que facilitem o adequado reparo tecidual neste grupo.

Nas situações nas quais o processo de cicatrização é comprometido, seja em

virtude de condições locais ou sistêmicas, estudos têm sido realizados na busca de

desenvolver novos métodos terapêuticos que possam reduzir ou minimizar as falhas

no processo de reparo tecidual. Dentre estes métodos, a fototerapia laser tem sido

indicada como um recurso terapêutico capaz de modular e acelerar o reparo tecidual

melhorando as características do tecido neoformado, principalmente no

comprimento de onda vermelho e infravermelho próximo (PINHEIRO et al., 2009;

NICOLAU et.al, 2003).

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A fototerapia laser é considerada um recurso terapêutico devido aos efeitos

biomodulatórios promovidos aos tecidos, sendo de grande relevância na cicatrização

das feridas, pois é capaz de aumentar a síntese de colágeno pelos fibroblastos,

angiogênese, além de estimular a diferenciação miofibroblástica nas fases iniciais da

cicatrização (RIBEIRO et al., 2009). Deste modo, a sua utilização é justificável em

tecidos cuja cicatrização está sendo comprometida, como nos casos em que a

obesidade leva à isquemia do tecido e interfere no reparo da lesão.

Nestes casos, o favorecimento do reparo cicatricial seria importante na

redução da morbidade pós-cirúrgica de indivíduos obesos, com redução dos custos

globais dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares e antecipação do retorno dos

indivíduos às suas atividades sociais e laborais. Todavia, a literatura ainda carece de

estudos envolvendo a fototerapia laser na presença de desordens sistêmicas como

a obesidade. Desta forma, o presente estudo visa avaliar histologicamente os efeitos

da fototerapia laser durante a cicatrização de feridas em ratos submetidos a dieta

hiperlipídica para avaliar se haveria algum benefício de sua utilização nas alterações

cicatriciais associadas à obesidade.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. SOBREPESO E OBESIDADE

O sobrepeso e a obesidade são definidos pela Organização Mundial da

Saúde (OMS, 2013) como excesso ou acúmulo anormal de gordura que podem

representar um risco para a saúde. Estas são doenças multifatoriais que podem ter

como origens fatores nutricionais, genéticos, metabólicos, sociais e culturais

associados (GRUNDY, 1998) e que, devido ao aumento da prevalência, tem se

tornando um problema de saúde pública mundial. Embora sejam maiores nos países

desenvolvidos, os países em desenvolvimento têm apresentado um crescente

aumento nos últimos anos (MULLER-RIEMENSCHNEIDER et al., 2008).

O excesso de peso e a obesidade nos adultos são comumente avaliados pelo

Índice de Massa Corporal (IMC), que é uma medida simples de peso em relação a

altura. Um IMC igual ou superior a 25 classifica a pessoa no grupo de sobrepeso e o

IMC maior ou igual a 30 a classifica como obesa. Baseando-se neste parâmetro, a

OMS (2013) calcula que bilhões de indivíduos estão com sobrepeso e milhões já

sejam obesos.

A industrialização, a modernidade e a facilidade em se obter alimentos,

associada ao estilo de vida seguido de uma dieta mal balanceada e ao

sedentarismo, muito tem contribuído para a incidência da obesidade em adultos,

bem como em crianças e adolescentes (FABRICATORE & WADDEN, 2006;

GRUNDY, 1998).

Uma das razões para a preocupação em relação ao sobrepeso e a obesidade

está relacionada à associação com o aumento do risco para outras doenças

sistêmicas e co-morbidades. Dentre as quais podemos citar: a resistência à insulina,

diabetes tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial (DOBRIAN et al., 2000), alguns

tipos de cânceres (LARSSON & WOLK, 2008; CALLE & KAAKS 2004), bem como o

retardo do processo de cicatrização de feridas (BIONDO-SIMOES et al., 2010;

NASCIMENTO & COSTA, 2008). Este quadro representa, portanto, um sinal de

alerta para o futuro da saúde pública.

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O tecido adiposo pode estar distribuído em diferentes regiões do organismo,

anatomicamente classificados em tecido adiposo visceral (TAV) ou abdominal e

tecido adiposo subcutâneo (TAS), podendo ser distinguidos claramente pelas

técnicas de imagem, como a tomografia computadorizada (TC), a qual permite a

medição da gordura abdominal visceral e subcutânea (SMITH et al., 2001). Estudos

epidemiológicos relatam frequentemente uma associação entre a obesidade grave e

mortalidade devido ao aumento das taxas de doenças cardiovasculares e diabetes.

Nestes casos, a distribuição regional do tecido adiposo relacionada à obesidade

abdominal está fortemente relacionadas às alterações metabólicas (NASCIMENTO

et al., 2008; FAIN et al., 2004; WAJCHENBERG, 2000).

Estudos revelam que a obesidade subcutânea pode prejudicar a cicatrização

das feridas (BIONDO-SIMÕES et al., 2010; NASCIMENTO & COSTA, 2006), visto

que em obesos o tecido adiposo encontra-se em um estado de hipóxia devido à

expansão do tecido e o consequente afastamento entre os vasos e os adipócitos

(LEE, WU & FRIED, 2010). A avascularidade do tecido adiposo diminui a

capacidade de combater a infecção e impede os neutrófilos de fagocitar as bactérias

(BAKER, 2006).

Além disso, a obesidade provoca alterações fisiológicas na pele e estruturas

de suporte. As dobras na pele tornam-se focos de abrigo para os microorganismos

que se desenvolvem em áreas úmidas e causam infecção, aliada à fricção causada

pelo contato de pele/pele e pela diminuição da vascularidade do tecido adiposo,

transformam-se em fatores de alto risco para o desenvolvimento de feridas na pele,

que muitas vezes tornam-se crônicas (SCHWEINBERGER & ROUKIS, 2009;

BAKER, 2006).

Portanto, um grande desafio para a prestação de cuidados com a saúde da

população obesa é alcançar a cicatrização das feridas, sem complicações. Sendo

assim, a prestação de cuidados à saúde destes pacientes requer conhecimento e

compreensão das mudanças intrínsecas do corpo induzidas pela obesidade e como

estas podem prolongar, ou mesmo, impedir a cicatrização de feridas (WILSON &

CLARK, 2003).

Page 23: Avaliação da Fotobiomodulação a Laser no Reparo Tecidual ...§ão... · Figura 12 Fotomicrografia do grupo dieta padrão aos 7 dias mostrando intenso infiltrado inflamatório

21

2.1.1. TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo (TA) é dividido em dois tipos e apresenta funções

fisiológicas diferentes, dependendo de sua estrutura celular, localização, cor e

função. O tecido adiposo branco (TAB) é o principal local de armazenamento de

energia, seus adipócitos armazenam uma única e grande gota lipídica que preenche

a maior porção da célula e apresenta-se distribuído por todo o corpo. O tecido

adiposo marrom (TAM) possui adipócitos com várias gotículas lipídicas

citoplasmáticas de diferentes tamanhos e um grande número de mitocôndrias que

são responsáveis pela liberação de calor na regulação termogênica, contudo, em

seres humanos o TAM encontra-se abundante em recém-nascidos, mas na vida

adulta se apresenta em menor escala (MEDINA-GOMEZ, 2012; GESTA, TSENG &

KAHN, 2007).

O tecido adiposo é constituído não só pelos adipócitos, que são as únicas

células especializadas e perfeitamente adaptadas para armazenar lipídeos sem que

isso comprometa a sua integridade funcional, mas é composto também por matriz de

tecido conjuntivo, tecido nervoso, células endoteliais, células do estroma vascular e

células do sistema imunológico. Esses componentes funcionam de forma integrada

e provavelmente contribuem para a síntese e volume de componentes da matriz

extracelular (MEC) (LEE, WU & FRIED, 2010).

A crescente preocupação com a obesidade tem levado à ênfase do

conhecimento e entendimento sobre as funções do tecido adiposo branco, visto que,

ele desempenha funções essenciais à fisiologia dos mamíferos e, além de servir

como fonte de armazenamento de energia, desempenha importante ação como

órgão endócrino na produção de hormônios (KERSHAW & FLIER, 2004).

Dos hormônios produzidos pelos adipócitos, destacam-se a leptina e a

adiponectina. A leptina é um hormônio que após interagir com os sistemas

neuroendócrinos leva à inibição da ingestão de alimentos (KERSHAW & FLIER,

2004). Em modelos animais obesos, os níveis plasmáticos deste hormônio

encontram-se diminuidos, em contraste, no indivíduos obesos, os níveis encontram-

se elevados, isto indica que os mecanismos que controlam o metabolismo e o peso

corporal em humanos são mais complexos comparados aos animais experimentais.

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Já a adiponectina está associada a resistência à insulina e juntamente com as

outras proteínas secretadas pelos adipócitos são chamadas de adipocinas

(TRAYHURN & WOOD, 2004).

Manter uma quantidade adequada de tecido adiposo é essencial para a

saúde, pois níveis fora do normal levam ao desequilíbrio na produção de adipocinas

e consequências adversas à saúde. Como resultado, o baixo TA leva a anorexia e

caquexia, e muito TA leva à obesidade ou a uma distribuição anormal de tecido

adiposo (lipodistrofia) (WOOD et al., 2009).

Uma importante compreensão acerca da obesidade é que ela é caracterizada

por um estado de inflamação crônica de baixo grau, que foi sugerida quando níveis

elevados de citocinas pró-inflamatórias como a TNF-α e a interleucina 6 (IL-6)

circulatória foram observadas em obesos (DAS, 2001). Algumas destas citocinas

pró-inflamatórias também são reconhecidas como adipocinas e encontram-se

elevadas em obesos. Tendo em vista o grau de inflamação crônica amplamente

presente no tecido adiposo branco de obesos, YE et al. (2007), na tentativa de

responder a causa desta mudança, avaliaram ratos ob/ob obesos e perceberam que

na obesidade existe uma hipóxia no tecido adiposo, sugerindo ser esta, a

contribuição para o estado de inflamação crônica nos obesos.

O fluxo reduzido da vascularização no tecido adiposo branco o torna mal

vascularizado, esta redução ocorre devido à hipertrofia dos adipócitos que, em

indivíduos obesos, podem chegar a um tamanho de cerca de 150-200 mm de

diâmetro, ultrapassando assim a distância de difusão normal de O2 de 100-200 mm

(WOOD et al., 2009). Além da hipóxia que ocorre no tecido adiposo, o adipócito

também sofre diminuição da oxigenação, a consequência metabólica da redução

destes níveis dentro do adipócito pode resultar na geração de espécies reativas de

oxigênio liberando enzimas para degradar subunidades do citrocomo c oxidase,

responsável pela produção de energia (WOOD et al., 2009).

A presença do macrófago ao redor do tecido adiposo em obesos sugere que,

a obesidade, ao induzir a necrose dos adipócitos, promove a ativação deste

componente celular (CINTI et al., 2005, WEISBERG et al, 2003). Estas observações

podem definir o envolvimento potencial do adipócito necrosado, devido ao estresse

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celular, no recrutamento e ativação de macrófagos no TAB de indivíduos obesos

(CINTI et al., 2005) e, sendo este uma fonte de liberação de citocinas pró-

inflamatórias, justificaria o potencial de prolongamento da fase inflamatória do reparo

tecidual.

2.2. REPARO TECIDUAL

A função primária da pele é servir com barreira protetora contra o meio

ambiente, a perda da sua integridade pode causar deficiência ou mesmo a morte

(SINGER & CLARK, 1999). O processo de reparo tecidual é um mecanismo de

sobrevivência que se inicia imediatamente após a injúria ao tecido, pelo qual o tecido

destruído ou danificado é removido e a ruptura na integridade do tecido é

restaurada. A cicatrização pode ocorrer por dois processo: reepitelização completa

do tecido por regeneração, na qual existe o reparo das células destruídas por outras

do mesmo tipo, ou pelo retorno da estrutura anatômica e funcional pela substituição

do tecido por células de outro tipo, geralmente tecido conjuntivo, que resulta na

formação de cicatriz (BELDON, 2010).

A cicatrização de feridas é um processo complexo, mas essencial à

manutenção do organismo, com o objetivo de reparar o tecido. Ela envolve uma

série de eventos incluindo quimiotaxia, divisão celular, neovascularização, síntese

de matriz extracelular e formação e remodelação de tecido cicatricial. Estes eventos

são regulados pela integração de mediadores como plaquetas, células inflamatórias,

citocinas, fatores de crescimento e moléculas da matriz extracelular (ENOCK &

LEAPER, 2007).

Uma parte fundamental para o desenvolvimento deste processo é a

oxigenação, essencial para o metabolismo celular, especialmente para a produção

de energia por meio de ATP. Esta molécula é necessária nos casos de injúria ao

tecido, no qual o rompimento vascular e o alto consumo de oxigênio pelas células

metabolicamente ativas tornam o ambiente inicial ao redor da ferida esgotado de

oxigênio e bastante hipóxico (GUO & DIPIETRO, 2010; TANDARA & MUSTOE,

2004).

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Este processo envolve três fases contínuas, sobrepostas, porém bem

ordenadas: inflamação, proliferação e remodelação (GUO & DIPIETRO, 2010). Para

a cicatrização normal de feridas, a sequência temporal destes eventos deve ser

mantida; interrupções, defeitos e prolongamento de uma destas etapas podem levar

a um atraso na cicatrização ou o não fechamento da ferida (WITTE & BARBUL,

1997).

2.2.1 INFLAMAÇÃO

Imediatamente após a ocorrência da ferida, inicia-se o extravasamento

sanguíneo que preenche a área lesada com plasma e elementos celulares,

principalmente plaquetas, ocorrendo assim a vasoconstricção, agregação

plaquetária e deposição de fibrina para a formação do coágulo (GUO & DIPIETRO,

2010; MONACO & LAWRENCE, 2003). As plaquetas presas no coágulo liberam

citocinas pró-inflamatórias e fatores de crescimento, como o fator de crescimento

transformante (TGF-β), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), fator de

crescimento fibroblástico (FGF) e o fator de crescimento epidérmico (EGF) que

iniciarão a cascata de cicatrização da ferida pela ativação de fibroblastos, células

endoteliais e macrófagos. O coágulo também fornece uma matriz provisória rica em

glicoproteínas adesivas como a fibronectina, essencial para migração celular

(BELDON, 2010; ENOCH & LEAPER, 2007).

O coágulo, formado pelo processo de hemostasia, evita que mais fluidos e

eletrólitos sejam perdidos pela ferida e limita a contaminação pelo ambiente exterior.

O processo de cicatrização não pode prosseguir até que a hemostasia esteja

finalizada. Quando o sangramento é controlado, células inflamatórias migram para a

ferida e promovem a fase inflamatória, que é caracterizada pela infiltração

seqüencial de neutrófilos, macrófagos e linfócitos (GUO & DIPIETRO, 2010;

MONACO & LAWRENCE, 2003).

Uma das principais funções da inflamação é levar células inflamatórias para a

área lesionada; elas fagocitam bactérias, fragmentos celulares e corpos estranhos

para que o processo de reparo possa continuar (AL-WATBAN & ZHANG, 2004;

MONACO & LAWRENCE, 2003). As primeiras células a chegarem ao local são os

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neutrófilos, atraídos pelos agentes quimiotáticos liberados pelas bactérias (ou

células lesadas). No 2º a 3º dia, os neutrófilos começam a desaparecer por apoptose

ou fagocitose pelos macrófagos. O processo de limpeza da ferida é

continuadamente realizado pelos monócitos que estão presentes desde o início da

inflamação e se diferenciam em macrófagos, sendo estas as células mais

importantes na fase final do processo inflamatório (MARTIN, 1997).

Uma vez ativado, o macrófago é responsável pela liberação de fatores de

crescimento responsáveis pela proliferação (PDGF e TGF-β) que atraem os

fibroblastos e as células da musculatura lisa para dentro da ferida, como também

células endoteliais vasculares que participarão do processo de angiogênese

(BELDON, 2010; GUO & DIPIETRO, 2010). Qualquer inibição na função dos

macrófagos retarda a cicatrização das feridas, conduzindo a um pobre debridamento

da ferida, atraso na proliferação de fibroblastos, angiogênese e fibrose inadequados.

O resultado da fase inflamatória é o controle da inflamação e o estabelecimento de

um leito de ferida limpa. Esta fase dura aproximadamente 3 dias (BELDON, 2010;

ENOCH & LEAPER, 2007).

2.2.2. PROLIFERAÇÃO

A fase proliferativa geralmente segue e se sobrepõe à fase inflamatória, e é

representada pela proliferação e migração epitelial sobre a matriz provisória no

interior da ferida. Este processo é caracterizado principamente pela angiogênese,

formação do tecido de granulação, deposição de colágeno, epitelização e contração

da ferida (YONG & MCNAUGHT, 2011). Nesta fase, o ambiente celular e as células

inflamatórias, inicialmente presentes na matriz provisória, são substituídas por

fibroblastos e células endoteliais (MONACO & LAWRENCE, 2003).

Os fibroblastos proliferam e migram para a matriz extracelular provisória da

ferida oriundos dos fibroblastos presentes nos tecidos adjacentes, ou pela

transformação de células indiferenciadas ao redor da área, que influenciadas pelas

citocinas, podem se transformar em fibroblastos (WILLIAMSOM & HARDING, 2004;

MONACO & LAWRENCE, 2003). A proliferação é estimulada por uma variedade de

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citocinas, sendo as mais importantes o PDGF e TGF-β (YONG & MCNAUGHT,

2011; ENOCH & LEAPER, 2007).

Uma vez no interior da ferida, os fibroblastos proliferam e produzem proteínas

da matriz como a fibronectina e o ácido hialurônico e, mais tarde, o colágeno

e proteoglicanos. Estes componentes ajudam a construir uma nova matriz

extracelular dando suporte à migração celular, essencial para o processo de

reparação (SINGER & CLARK, 1999; THOMAS, 1995). A formação dos novos

capilares, a partir de vasos preexistentes (angiogênese), é responsável pelo

fornecimento de oxigênio, especialmente na produção de energia por meio de ATP e

nutrientes necessários ao metabolismo celular no local. Nesta fase as células

consumem 3 a 5 vezes mais oxigênio do que em fases de repouso no ciclo celular

(MONACO & LAWRENCE, 2003).

2.2.3. REMODELAÇÃO

A terceira e última fase do processo de cicatrização é a remodelação. Esta é

uma tentativa de recuperação da estrutura tecidual normal e sua principal

característica é a deposição de colágeno na ferida.

A síntese e a remodelação da matriz extracelular é iniciada simultaneamente

ao desenvolvimento de tecido de granulação e continua por longos períodos. Os

fibroblastos se transformam em miofibroblastos através da interação com a matriz

extracelular e influenciados por citocinas como o TGF-β, PDGF, FGF. Os

miofibroblastos exercem papel importante na promoção da contração da ferida

(ENOCH & LEAPER, 2007).

Com o decorrer do processo, o colágeno tipo III vai sendo degradado e

substituído pelo colágeno tipo I pela ação das metaloproteinases da matriz (MMPs);

as atividades celulares vão diminuindo com redução do fluxo sanguíneo; há

regressão no crescimento de capilares, redução da atividade de macrófagos e

fibroblastos, sendo que estes começam a desaparecer do local da ferida por

mecanismos de emigração ou apoptose. Esta finalização de atividade celular leva a

formação da cicatriz (MENDONÇA & COUTINHO-NETO, 2009).

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O processo de remodelação está associado com o aumento substancial da

resistência da ferida à ruptura. Conforme as semanas vão passando, a ferida vai se

aproximando da resistência da derme normal. Entretanto, mesmo que a

remodelação continue ao longo dos meses, a cicatriz nunca recupera totalmente a

força tensil, chegando no máximo a 80% da força da derme normal (WILLIAMSOM &

HARDING, 2004; MONACO & LAWRENCE, 2003).

Nas últimas décadas, várias pesquisas tem sido realizadas com o intuito de

identificar mecanismos capazes de interferir nesta complexa cadeia de eventos do

processo de reparo (GUPTA & ZHANG, 2005; MARTIN, 1997). Além destes fatores

intrínsecos ao organismo, algumas condições locais ou sistêmicas podem contribuir

para o prolongamento destas fases, e desta forma, agravar o reparo.

Vascularização inadequada, infecção, presença de trauma, são alguns dos

fatores que podem influenciar diretamente no reparo (ANAYA & DELLINGER, 2006;

TANDARA & MUSTOE, 2004; WILSON, 2003). Aliado a isso, condições como

diabetes não controlada, anemia, obesidade, desnutrição e idade são outras

situações que podem contibuir para o retardo no reparo tecidual (PINHEIRO et al,

2009; SCHWEINBERGER & ROUKIS, 2009; NASCIMENTO & COSTA, 2006;

BAUER et al, 2004).

2.3 LASER

O Laser é uma forma de radiação eletromagnética não ionizante e acrônimo

para: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation. Apresenta

propriedades únicas que o diferencia de outras fontes de luz, tais como

monocromaticidade, coerência e colimação, sendo a base para as aplicações com

finalidade terapêutica (CARROL & HUMPHREYS, 2006).

A monocromaticidade é uma importante propriedade do laser, pois está

relacionada à emissão de radiação em um único comprimento de onda direcionado a

um fotorreceptor específico que absorve seletivamente diferentes comprimentos de

onda. A coerência refere-se ao sincronismo entre as ondas propagadas durante a

irradiação; significa que, as ondas de luz são na mesma fase em termos de tempo e

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espaço. E a colimação é o paralelismo dos feixes de luz emitido que permite a

obtenção de alta densidade de energia em pequenos pontos (TANZI, LUPTON &

ALSTER, 2003).

Pensava-se que a coerência fosse imprescindível para a ação do laser no

tecido. Porém, Karu em 1983, após comparar o efeito entre fonte de luz coerente e

incoerente sobre o crescimento celular, observou que o efeito estimulante na síntese

do DNA ocorreu independente da coerência da luz utilizada, sugerindo que a

coerência não é importante para o efeito fotobiológico do laser. Hoje, o uso do LED

(Diodo emissor de luz), uma luz não coerente, tem sido utilizado nas pesquisas,

principalmente devido ao seu baixo custo e fácil manuseio e tem demonstrado

resultados positivos no auxilio do fechamento da ferida e na reepitelização nos

estágios iniciais do processo de reparo (PARAGUASSÚ et al., 2013).

Os primeiros efeitos biológicos da luz laser foram descobertos na década de

60 por Endre Mester. Desde então, e devido à multiplicidade de ações que o laser

tem demonstrado, tem suscitado pesquisadores de todo o mundo a investir nas

investigações dos benefícios do uso do laser como método de tratamento nas mais

variadas questões relacionadas à saúde. O laser já apresentou resultados positivos

na diminuição da resposta inflamatória (RABELLO et al., 2006), na neoformação dos

vasos (GONÇALVES, et al, 2006), estimulando a proliferação fibroblástica (MENDEZ

et al, 2004), promovendo a regeneração musculoesquelética (SHEFER et al, 2001),

nervosa (MOGES et al., 2011) e a reparação óssea (WEBER et al., 2006).

Os Lasers apresentam duas classificações, os de alta potência ou cirúrgicos e

os de baixa potência, baixa intensidade ou terapêuticos (COLUZZI, 2004). Os

primeiros são usados em tratamentos cirúrgicos, permitindo o corte, a vaporização e

a coagulação dos tecidos. Os lasers de baixa potência atuam promovendo a

analgesia, antiinflamação e a biomodulação.

Vários lasers de baixa potência tem sido estudados para avaliação da

interação com os tecidos. As pesquisas iniciais foram realizadas com os lasers de

Rubi 694 nm (MESTER et al., 1971), Hélio Neônio (HeNe) 632,8 nm (SCHINDL et

al., 1998), argônio 488 e 514 nm e criptônio 670 nm (AL-WATBAN & ZHANG, 1997).

Os estudos mais recentes têm utilizado lasers como o arseneto de gálio (GaAs) 904

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nm (PIRES-OLIVEIRA et al., 2010) e arseneto de gálio-alumínio (GaAlAs) 820 e 830

nm. Nestas décadas, a maioria dos estudos apresentaram resultados positivos,

entretanto, em outros estudos o laser atuou como inibidor ou não apresentou

nenhum benefício (BAGIS et al., 2003; HOUGHTON & BROWN 1999; USUBA, AKAI

& SHIRASAKI, 1998; GOATS et al., 1996).

A Fototerapia a laser, anteriormente aplicada somente nas áreas médicas,

vem despertando cada vez mais o interesse da Odontologia. Seu uso já vem sendo

testado para aplicação nas diversas especialidades odontológicas, com o uso na

prevenção e tratamento da mucosite (DE CASTRO et al., 2013), no reparo tecidual

pós exodontias (TAKEDA, 1988), hipersensibilidade dentinária (KIMURA et al.,

2000), prévio ao preparo cavitário (TANBOGA et al., 2011), promovendo o reparo

ósseo (NISSAN et al., 2006) e na aceleração do movimento ortodôntico (CRUZ et

al., 2004).

2.3.1. FOTOTERAPIA LASER

Na busca pela melhora no resultado das intervenções cirúrgicas que

necessitem de um reparo tecidual adequado, várias modalidades terapêuticas têm

sido pesquisadas no intuito de proporcionar uma cicatrização estética e satisfatória.

Neste contexto, a incorporação da fototerapia a laser, também conhecida como

laserterapia de baixa intensidade (LTBI) ou fotobiomodulação, como opção

terapêutica tem sido amplamente difundida em inúmeras áreas biomédicas,

principalmente com objetivo de modular a resposta inflamatória e acelerar o

processo de reparo tecidual.

A luz pode interagir com o tecido de quatro maneiras. A primeira é pela

transmissão, quando ela passa pelo tecido, mas não causa nenhum efeito nele; a

reflexão acontece quando a luz é refletida e não penetra no tecido; a dispersão é

quando a luz é espalhada dentro do tecido e a quarta maneira é a absorção,

fundamento da fotobiomodulação, que é a absorção dos fótons emitidos pela luz

laser, promovendo, desta forma, um efeito sobre o tecido. Os componentes do

tecido que absorvem os fótons dependem, preferencialmente, do comprimento de

onda e são conhecidos como cromóforos (CARROL & HUMPHREYS, 2006).

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Considerando o espectro eletromagnético, os principais comprimentos de

onda utilizados na laserterapia de baixa intensidade então nos comprimentos de

onda vermelho (de 630 a 700nm) e infravermelho próximo (de 700 a 904nm)

(VLADIMIROV, OSIPOV & KLEBANOV, 2004). Em geral, a profundidade de

penetração da luz laser aumenta com o aumento do comprimento de onda dentro do

espectro de luz visível, tecidos mais superficiais são tratados com comprimentos de

onda na gama de 600-700 nm, e tecidos mais profundos utilizam comprimentos de

onda mais longos na gama de 780-950 nm (CHUNG et al., 2012).

A principal razão para o uso das fontes de radiação nestes comprimentos de

onda é o fato da hemoglobina não absorver neste espectro de luz e, portanto, a luz

conseguir penetrar nos tecidos (VLADIMIROV, OSIPOV & KLEBANOV, 2003). O

laser de baixa intensidade atua sem aquecer, e ao invés disso, após ser absorvido,

ele induz reações fotoquímicas nas células através da biomodulação, agindo nos

processos moleculares e bioquímicos que ocorrem normalmente nos tecidos (LINS

et al., 2006).

Após a inserção do laser como uma modalidade terapêutica, surgiram os

questionamentos sobre o seu mecanismo de ação tecidual. Nos estudos iniciais, os

autores limitavam-se a descrever apenas toda a cadeia respiratória como

fotorreceptor (KARU, 1987). Mas hoje, sabe-se que a ação fotobiológica do laser

ocorre através da ativação da cadeia respiratória da mitocôndria e que o citrocomo

c oxidase, uma enzima da cadeia terminal da cadeia respiratória mitocondrial, é a

molécula responsável (KARU et al., 2005).

A excitação do fotorreceptor inicia uma cascata de atividades celulares,

resultando assim na maior produção de ATP. Pequenas mudanças no nível de ATP

podem alterar significativamente o metabolismo celular, com isso, aumentar a

quantidade dessa energia pode promover a melhora no metabolismo celular,

especialmente nas células que estejam comprometidas (WONG-RILEY et al., 2005).

De acordo com Karu 1989, o efeito da ação bioestimuladora do laser na célula

está na dependência do estado fisiológico da mesma antes da irradiação, isso pode

explicar o porquê do efeito da biestimulação nem sempre ser possível. Neste caso,

se uma célula se encontra em seu estado normal, não há estímulo para que o laser

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aja sobre ela com um efeito terapêutico. Entretanto, se uma célula está com déficit

funcional, este é o ponto gatilho e estímulo para a ação do laser na tentativa de

melhorar e normalizar a atividade celular.

Os efeitos a nível celular são bastante diversificados, pois a fotobiomodulação

atua sobre diferentes tipos celulares e obtêm várias respostas. A interpretação dos

resultados obtidos pelos pesquisadores, nos diferentes estudos, torna-se

complicada, pois a diversidade de parâmetros utilizados como densidade de energia

(dose), comprimentos de onda, potências e tempos de tratamento, algumas vezes,

dificultam as comparações. (POSTEN et al., 2005).

Avaliando esta dificuldade em se comparar alguns dos parâmetros relatados

na literatura, Jenkins & Carroll em 2011 sugeriram alguns parâmetros relacionados

ao aparelho e parâmetros de tratamento utilizados que deveriam ser citados pelos

autores ao enviar um artigo para uma revista, estas informações ajudariam a evitar

problemas causados pela informação incompleta dos dados utilizados e que tornam

muitos dos trabalhos publicados irreprodutíveis. Dentre os parâmetros mais

importantes destacados pelos autores estão: comprimento de onda, potência,

densidade de energia, parâmetros do pulso, área do feixe, tempo de irradiação,

número de pontos irradiados, números de sessões e intervalo entre elas.

Ao longo dos anos, os estudos para avaliação da eficácia da irradiação laser

vem sendo desenvolvidos em diversos modelos animais e em estudos in vitro.

Embora as pesquisas de cultura in vitro de células possam ajudar a determinar o

mecanismo de ação do LTBI, elas não podem reproduzir o complexo processo de

cicatrização de feridas que ocorrem in vivo, por isso modelos animais são os mais

utilizados nos estudos para avaliação deste evento biológico, proporcionando assim

uma simulação mais realista do efeito do laser sobre o tecido e, nestes casos, a

relativa facilidade de trabalhar com os roedores os tornam o modelo mais escolhidos

para uso nas pesquisas científicas (POSTEN et al., 2005).

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2.4. REPARO TECIDUAL x OBESIDADE x FOTOTERAPIA LASER

A síntese e a liberação de citocinas inflamatórias são necessárias durante o

reparo tecidual, contudo, quantidades excessivas são encontradas em lesões que

retardam para cicatrizar, como no caso das feridas crônicas (BARRIENTOS, 2008).

O Fator de necrose tumoral-α (TNF-α) é uma citocina pró-inflamatória responsável

por regular a ativação de MMPs na pele humana e seus efeitos são dependentes da

sua concentração; Em baixos níveis ele pode promover a cicatrização de feridas por

estimular a inflamação e aumentar a produção de fatores de crescimento pelos

macrófagos. Por outro lado, como elas são encontradas em níveis elevados em

feridas crônicas, a ativação de MMPs pelo TNF-α, sugere o mecanismo pelo qual o

prolongamento da fase inflamatória pode prejudicar a cicatrização normal (HAN et

al., 2000).

As etapas do processo de reparo tecidual podem ser influenciadas por

diversos fatores sistêmicos, e no caso da obesidade, este ciclo pode ser postergado,

principalmente, devido ao prolongamento da fase inflamatória (NASCIMENTO &

COSTA, 2006). Logo após a lesão tecidual aguda, o microambiente do ferida é

praticamente desprovido de oxigênio, como resultado não só do rompimento

vascular causado pela lesão, mas também do alto consumo de oxigênio necessário

para as atividades celulares.

Apesar do ambiente hipóxico no início do curso de ferida, células endoteliais e

fibroblastos ainda funcionam promovendo a migração, a síntese de proteínas e

proliferação. Enquanto as fases da cicatrização prosseguem, os níveis de oxigênio

normalizam gradualmente através da neoformação vascular. Assim, o estado de

oxigenação em que o tecido se encontra, desempenha um papel importante como

estímulo precoce para o reparo do tecido (TANDARA & MUSTOE, 2004).

Em situações nas quais o processo de cicatrização é comprometido, seja em

virtude de condições locais ou sistêmicas, novos métodos terapêuticos têm sido

utilizados na tentativa de reduzir ou minimizar as falhas no processo de reparo

tecidual; a utilização da oxigenação hiperbárica (WUNDERLICH, PETERS, &

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LAWRENCE, 2000), fatores de crescimento, substitutos da pele (NAKAGAWA et al.,

2005) e a terapia por pressão negativa (ARMSTRONG & LAVERY, 2005) têm sido

algumas das técnicas implementadas.

Dentre estes métodos a fototerapia Laser tem sido indicada como um recurso

terapêutico capaz de modular e acelerar o reparo tecidual, melhorando as

características do tecido neoformado, principalmente no comprimento de onda

vermelho e infravermelho próximo (RAMALHO et al. 2010; PINHEIRO et al., 2009).

Os benefícios promovidos pela técnica são devidos aos efeitos biomodulatórios nos

tecidos, pois são capazes de aumentar a síntese de colágeno pelos fibroblastos, a

angiogênese, além de estimular a diferenciação miofibroblástica nas fases iniciais da

cicatrização (GONÇALVES et al., 2010; ROCHA-JUNIOR et al., 2006; RABELO et

al., 2006; MENDEZ et al., 2004; MEDRADO et al., 2003). Portanto, a sua utilização é

justificável em tecidos cuja cicatrização está sendo comprometida, como nos casos

em que a obesidade leva à isquemia do tecido interferindo no reparo da lesão.

Deste modo, o favorecimento do reparo cicatricial seria importante na redução

da morbidade pós-cirúrgica de indivíduos obesos, com redução dos custos globais

dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares e antecipação do retorno dos

indivíduos às suas atividades sociais e laborais (WILSON & CLARK, 2003). Todavia,

a literatura ainda carece de estudos envolvendo a fototerapia Laser na presença de

desordens sistêmicas como a obesidade. No entanto, há evidências comprobatórias

da ação fotobiomodulatória destas fototerapias no reparo cicatricial de modelos

animais normais ou com outras disfunções sistêmicas, como já verificados em ratos

diabéticos, desnutridos (PINHEIRO et al., 2006; PINHEIRO et al., 2005) e

hipotireoidianos (PARAGUASSÚ et al., 2013).

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3. PROPOSIÇÃO

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar, através de análise histológica, o padrão de reparo em feridas

cutâneas excisionais dorsais de ratos submetidos a dieta hiperlipídica e os efeitos da

fototerapia Laser (λ660nm) com densidade de energia de 6J/cm².

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Avaliar o tecido adiposo retroperitonial para verificar o efeito da dieta

hiperlipídica na lipogênese.

– Verificar o efeito da adoção de dieta hiperlipídica no reparo tecidual em ratos,

através da análise histológica da reepitelização, do processo inflamatório, da

proliferação fibroblástica, da deposição colagênica e da hiperemia nos

períodos experimentais de 7 e 14 dias.

– Verificar a influência da fototerapia Laser (λ660nm), com densidade de

energia de 6J/cm², no reparo tecidual em ratos submetidos a dieta

hiperlipídica, através da análise histológica da reepitelização, do processo

inflamatório, da proliferação fibroblástica, da deposição colagênica e da

hiperemia nos períodos experimentais de 7 e 14 dias.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 - RESPALDO ÉTICO DA PESQUISA

Este experimento em animais seguiu os princípios éticos e legais de conduta

de experimentação animal da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da

Bahia (UFBA), sendo aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA),

desta Instituição protocolo nº 02/12 (ANEXO), de acordo com a LEI Nº 11.794, de 8

de outubro de 2008.

4.2 – AMOSTRA

Foram utilizados 48 ratos albinos da espécie Rattus norvegicus, classe

Mammalia, ordem Rodentia, da linhagem Wistar, desmamados e obtidos no Biotério

Suprilab (Suprimento de Laboratórios e Biotérios) em Cachoeira/Ba.

Os procedimentos e a manutenção dos ratos foram realizados no biotério de

experimentação animal do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal

da Bahia. Os ratos foram mantidos em gaiolas plásticas apropriadas, contendo no

máximo três ratos/gaiola, em local livre de ruídos, com condições normais de

umidade, temperatura média de 23oC e em ciclo de 12h de luz-escuridão. Cada

gaiola foi forrada por maravalha, sendo substituída a cada 48 horas, propiciando,

assim, condições favoráveis de higiene e preenchendo os requisitos físico-químicos

para a saúde e bem-estar dos animais.

4.3 – DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS

Após o período de desmame, os ratos foram distribuídos aleatoriamente em

dois grupos experimentais: os que foram alimentados com dieta padrão (DP) e os

que foram alimentados com dieta hiperlipídica (DH), ad libitum, durante o período de

20 semanas. Os ratos foram distribuídos aleatoriamente em quatro subgrupos,

avaliados em dois tempos biológicos pós-operatórios (7 e 14 dias) de acordo com o

tipo de dieta, protocolo de irradiação e tempo experimental (Quadro 1).

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Quadro 1: Distribuição dos ratos nos grupos experimentais de acordo com o tipo de

dieta, protocolo de irradiação e tempo experimental.

GRUPO

TEMPO

EXPERIMENTAL

(DIAS)

NÚMERO

DE

RATOS

TIPOS

DE

DIETA

DESCRIÇÃO

TRATAMENTO

DPC 7 ou 14dias 12 Dieta Padrão

Controle

Controle

(sem laser)

DPL 7 ou 14dias 12 Dieta Padrão

Laser

Laser GaAlAs λ660nm –

24 J/cm², 40mW, CW

DHC 7 ou 14dias 12 Dieta

Hiperlipídica

Controle

Controle

(sem laser)

DHL 7 ou 14dias 12 Dieta

Hiperlipídica

Laser

Laser GaAlAs λ660nm –

24 J/cm², 40mW, CW

4.4 – MANIPULAÇÃO NUTRICIONAL

O grupo controle foi alimentado com uma dieta padrão (NUVILAB - Nuvital

Nutrientes S / A, Brasil). O grupo DH foi alimentado com uma dieta de cafeteria, rica

em gordura, que foi iniciada no 22º dia depois do aleitamento. A Dieta Hiperlípidica

foi composta de alimentos que constituem as refeições básicas. Esta dieta contém

17% de proteína e um elevado teor de gordura (23%) (Tabela 1). Todos os ratos

foram alimentados durante 20 semanas.

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TABELA 1. Composição da dieta padrão (DP) e dieta hiperlipídica (DH)

Componentes (%) Dieta DP

DH

Carboidratos (%) 57 46

Proteínas (%) 22 17

Gordura (%) 4 23

Energia (Kcal/g) 3,5 4,5

A dieta padrão (Nuvilab® CR1, Brasil) foi composta de milho integral moído,

farelo de trigo, carbonato de cálcio, fosfato bicálcico, vitaminas e sais minerais. A

dieta hiperlipídica previamente padronizada por Estadella et al. (2004) e analisada

por Oliveira et al. (2011) foi composta de uma mistura da ração padrão (Nuvilab®

CR1, Brasil), chocolate ao leite, amendoim torrado e biscoito maisena (Figura 1), na

proporção de 3:2:2:1, seguindo a sequência citada, os ingredientes foram triturados,

misturados e peletizados e, após a secagem em estufa, a dieta era oferecida aos

ratos.

Figura 1 - Dieta Hiperlipídica (DH) e Dieta Padrão (DP) (UFBA, 2014).

DH DP

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38

4.5 – AVALIAÇÃO PONDERAL

Os ratos foram pesados duas vezes por semana, desde a introdução da dieta

até a finalização do experimento (Figura 2). Para isso foi utilizada uma balança

digital (Filizola,MF-3) com capacidade máxima de 3000g e precisão de 0,5g. Após a

morte dos ratos, foi feita uma incisão no abdômen, remoção de todas as vísceras,

separação da gordura retroperitoneal e pesagem para comparação da quantidade

de tecido adiposo entre os grupos.

Figura 2 - Ratos que receberam dieta hiperlipídica e dieta padrão (UFBA, 2014).

DH DP

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4.6 – PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

Após o período de 20 semanas de indução da obesidade, os ratos foram

submetidos à anestesia geral, com injeção intraperitoneal de cloridrato de quetamina

10% (Cetamin®) e cloridrato de xilazina 2% (Xilazin®) na posologia de 80mg/Kg e

14mg/Kg, respectivamente. Em seguida, com os ratos posicionados em decúbito

ventral, foi realizada a tricotomia manual da região média do dorso e antissepsia da

área cirúrgica com Digluconato de Clorexidina a 2%. Em todos os ratos foram

confeccionadas feridas cutâneas excisionais padronizadas de 1cm x 1cm com

auxílio de um bisturi modificado com lâminas de bisturi nº 15 e um gabarito

padronizado de 1cm². As feridas foram deixadas sem sutura para cicatrizar por

segunda intenção.

Após o procedimento cirúrgico, os ratos foram mantidos individualmente em

suas respectivas gaiolas plásticas, devidamente identificadas de acordo com o grupo

ao qual fazia parte, e mantidos em constante observação até a finalização do

período experimental.

Figura 3 - Demarcação dos pontos correspondentes aos ângulos da ferida cirúrgica (UFBA, 2014).

Figura 4 - Incisão para confecção da ferida cirúrgica (UFBA, 2014).

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4.7 – PROTOCOLO DE IRRADIAÇÃO

Para a irradiação dos grupos experimentais, foi utilizado o aparelho de Laser

diodo de Arseneto de Gálio e Alumínio (GaAlAs), (modelo Twin Flex Evolution,

MMoptics®, São Carlos, SP) no comprimento de onda vermelho (λ660nm), com

emissão de radiação contínua (Continuous Wave), potência de 40mW e área de

saída do feixe da ponteira de 0,04cm2. O protocolo de irradiação nos grupos

irradiados por laser DPL e DHL, por sessão, consistiu na aplicação da densidade de

energia de 24J/cm2, sendo iniciada imediatamente após a confecção da ferida

excisional, repetindo-as com intervalo de 48 horas, até a morte dos ratos (7 ou 14

dias pós-operatórios). A dose total de tratamento consistiu de 96J/cm² e 168J/cm²,

ao final dos períodos experimentais de 7 e 14 dias, respectivamente

A irradiação com o laser foi realizada de forma pontual em quatro pontos

correspondentes aos ângulos da ferida, o mais próximo de suas bordas. A ponta do

laser foi mantida em posição perpendicular ao tecido irradiado, a fim de garantir

maior absorção da energia. Em cada ponto foi depositada uma densidade de

energia de 6J/cm² com o tempo de aplicação de 2 minutos e 30 segundos,

totalizando 24J/cm² e um tempo de aplicação total de 10 minutos por sessão.

Figura 5 - Ferida cirúrgica imediatamente após a confecção (UFBA, 2014).

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Quadro 2: Parâmetros utilizados no protocolo de irradiação (UFBA, 2014).

GRUPOS

PARÂMETROS

DIETA PADRÃO

E DIETA

HIPERLIPÍDICA

CONTROLE

DIETA PADRÃO E DIETA

HIPERLIPÍDICA

LASER

7 dias 14 dias 7 dias 14 dias

Comprimento de onda (nm)

-

-

660nm

660nm

SAEF (J/cm² - sessão)

-

-

24J/cm²

24J/cm²

SAEF (J/cm² - tratamento)

-

-

96J/cm²

168J/cm²

Potência Output (mW)

-

-

40mW

40mW

Área do tecido iluminada

(cm²)

1 cm²

1 cm²

1 cm²

1 cm²

Área do Spot (cm²)

-

-

0,04cm²

0,04cm²

Irradiância (mW/cm²)

-

-

1000mW/cm²

1000mW/cm²

Tempo de irradiação

(sessão)

-

-

10 min

10 min

Tempo de irradiação

(tratamento)

-

-

40 min

70 min

Figura 6 - Aparelho utilizado para realização da fototerapia laser (UFBA, 2014).

Figura 7 - Irradiação da ferida cirúrgica com a luz Laser de emissão vermelha (UFBA, 2014).

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4.8 – MORTE DOS RATOS E OBTENÇÃO DA AMOSTRA

Ao final do período experimental para cada grupo (7 ou 14 dias), os ratos

foram submetidos a aprofundamento anestésico, através de TBE (tribromoetanol),

via jugular. A partir da cessação dos sinais vitais e opacificação da córnea, as peças

foram removidas através de uma excisão realizada ao redor da ferida com margem

de tecido de 1cm, e acondicionadas em frascos plásticos devidamente identificados

contendo formol a 10%, com volume aproximadamente igual a cinco vezes o volume

da peça, onde permaneceram por 24h para sua fixação. Em seguida foram

encaminhadas ao Laboratório de Patologia Cirúrgica Oral do Departamento de

Propedêutica e Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da Universidade

Federal da Bahia (FOUFBA), onde foram processadas. A gordura retroperitoneal foi

removida e, após pesagem, descartada.

Figura 8 - Gordura retroperitoneal de ratos do Grupo Dieta Padrão (UFBA, 2014).

Figura 9 - Gordura retroperitoneal de ratos do Grupo Dieta Hiperlipídica (UFBA, 2014).

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4.9 – PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO

Após o período de fixação, as peças foram submetidas ao processamento

pela técnica histológica de rotina e incluídas em parafina. Os cortes foram realizados

em micrótomo com espessura de 4m, sendo destinada à coloração histológica com

Hematoxilina e Eosina (HE).

A avaliação histológica foi realizada sob microscopia de luz (AxioStar®, Zeiss,

Germany) em estudo cego por um patologista experiente, de forma semi-

quantitativa, de acordo com os critérios encontrados nos Quadros 3.

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Quadro 3: Critérios utilizados na análise histológica.

Variáveis

Scores

Reepitelização

Reepitelização ausente

Reepitelização recobrindo menos da metade da ferida Reepitelização recobrindo mais da metade da ferida Reepitelização recobrindo toda a ferida, com espessura irregular Reepitelização recobrindo toda a ferida, com espessura regular

Inflamação Aguda

Discreta Presença de até 25% de neutrófilos na área

Moderada Presença de 25 a 50% de neutrófilos na área

Intensa Presença superior a 50% de neutrófilos na área

Inflamação Crônica

Discreta Presença de até 25% de células inflamatórias crônicas na área

Moderada Presença de 25 a 50% de células inflamatórias crônicas na área

Intensa Presença superior a 50% de células inflamatórias crônicas na área

Hiperemia

Discreta Quantidade de vasos sanguíneos dilatados e congestos inferior ao tecido adjacente normal

Moderada Quantidade de vasos sanguíneos dilatados e congestos similar ao tecido adjacente normal

Intensa Quantidade de vasos sanguíneos dilatados e congestos superior ao tecido adjacente normal

Fibroblastos

Discreta Presença de até 25% de fibroblastos em relação a outros tipos celulares do tecido.

Moderada Presença de 25 a 50% de fibroblastos em relação a outros tipos celulares do tecido.

Intensa Presença superior a 50% de fibroblastos em relação a outros tipos celulares do tecido.

Deposição de colágeno

Discreta Presença de até 25% de deposição de fibras colágenas na área

Moderada Presença de 25 a 50% de deposição de fibras colágenas na área

Intensa Presença superior a 50% de deposição fibras colágenas na área

Distribuição das fibras colágenas

Regular Distribuição regular das fibras colágenas quando comparadas ao tecido normal adjacente

Irregular Distribuição irregular das fibras colágenas quando comparadas ao tecido normal adjacente

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4.10 – ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel e

analisados estatisticamente com auxílio do programa SPSS versão 13.0. Foram

utilizados os seguintes testes estatísticos: para comparação do peso corporal e

gordura retroperitoneal foi utilizado o teste t de Student, considerando uma

significância de 5%. Para a comparação intra e intergrupo das variáveis histológicas

foi utilizado o teste não paramétrico Exato de Fisher, considerando uma significância

de 5%.

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5. RESULTADOS

5.1 – AVALIAÇÃO PONDERAL E PESO DA GORDURA RETROPERITONEAL

A avaliação ponderal demonstrou que não houve diferença estatisticamente

significante entre os grupos DP e DH (p>0,05). Entretanto, a dieta hiperlipídica foi

capaz de promover o acúmulo de gordura na região retroperitoneal dos ratos do

grupo DH. Este grupo apresentou um acúmulo de gordura abdominal

significantemente mais elevado quando comparado com o grupo alimentado com

dieta padrão (p=0,000). A evolução do peso corporal e do peso absoluto e relativo

da gordura retroperitonial podem ser observadas nas figuras 10, 11 e 12.

Figura 10 - Evolução do peso corporal em 20 semanas de dieta padrão ( ) e dieta

hiperlipídica ( ). Os resultados estão expressos como ± desvio padrão da média.

Comparação entre os grupos DP e DH não foram significantes (p>0,05) (Teste t de

Student).

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DP DH 0

1

2

3

4

Gordura Retroperitoneal

Peso

(g

) em

100 g

de

peso

co

rpo

ral

**

Figura 11 - Peso relativo da gordura retroperitoneal após 20 semanas de dieta padrão e

hiperlipídica. Os resultados estão expressos como ± desvio padrão da média. Comparação

entre os grupos DP e DH foi estatisticamente significante (p=0,000) (teste t de Student).

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5.2 – ANÁLISE HISTOLÓGICA

Os resultados foram obtidos por meio da microscopia de luz, para todos os

grupos experimentais, como descrito anteriormente.

5.2.1 – ANÁLISE DESCRITIVA

GRUPO DPC

Aos 7 dias, o grupo DPC mostrou a presença de ferida cutânea com

reepitelização em fase inicial ocupando uma área inferior a 1/3 em 100% dos

espécimes. Na derme observou-se quadro inflamatório intenso (Figuras 15 e 16)

caracterizado por hiperemia intensa e células predominantemente mononucleares

(100% dos espécimes). Em 20% dos espécimes observou-se população de células

polimorfonucleares em maior destaque que no restante. A reação fibrocelular foi

caracterizada por proliferação moderada de fibroblastos de núcleos ovóides em 60%

dos espécimes e deposição moderada de fibrilas colágenas em 60% dos espécimes.

Aos 14 dias, o grupo DPC mostrou processo de reepitelização avançado, com

recobrimento total da ferida em 50% dos espécimes e recobrimento moderado em

33,3%. A intensidade do processo inflamatório decresceu, sendo considerado leve

em 100% dos espécimes, com linfócitos esparsamente distribuídos e hiperemia

reduzida (Figuras 17 e 18). Observou-se maior atividade fibroblástica e

espessamento das fibras colágenas, que se apresentaram regularmente distribuídas

em 100% das amostras.

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GRUPO DPL

Aos 7 dias do experimento, foi observado repavimentação epitelial inferior a

30% da área da ferida em todos os espécimes. A intensidade do processo

inflamatório foi considerada moderada em 100% dos espécimes (Figuras 15 e 16),

entretanto, observou-se hiperemia vascular intensa em 83,3% casos e presença de

células polimorfonucleares (33,3%). O padrão do infiltrado inflamatório foi crônico em

66,6% dos casos. A reação fibrocelular variou de discreta a moderada em 50% dos

casos (Figuras 19 e 20), com deposição discreta de fibrilas colagênicas em 66,6%

(Figuras 21 e 22). Em áreas focais observou-se exsudato fibrinoso.

Aos 14 dias, o grupo DPL mostrou epitelização inferior a 1/3 da área da ferida

em 66,6% dos espécimes, enquanto que em 33,3% da amostra apresentou

epitelização recobrindo mais da metade da ferida. O infiltrado inflamatório foi leve

em 100% dos espécimes, caracterizadas por células predominantemente

linfocitárias. Em relação à proliferação fibrocelular, observou-se proliferação intensa

de fibroblastos em 33,3% da amostra e moderada em 66,6%. A deposição de fibras

colágenas foi moderada em todas as amostras e a hiperemia esteve moderada em

66,7%.

GRUPO DHC

Aos 7 dias, no grupo DHC, observou-se úlcera cutânea com repavimentação

epitelial inferior a 30% da área da ferida e hiperemia severa em 100% dos

espécimes, infiltrado inflamatório predominantemente misto (66,7%) e intenso

(77,8%), com presença de exsudato fibrinoso. Em termos de reação fibrocelular,

proliferação fibroplástica moderada em 77,8% e deposição de fibrilas colagênicas

discretas e regulares.

Aos 14 dias, observou-se no grupo DHC, repavimentação completa em

apenas 11,1% dos espécimes, enquanto que 55,6% dos espécimes mostraram

repavimentação maior que 50% da área da ferida (Figuras 23 e 24). O infiltrado

inflamatório decresceu de intensidade, sendo que 66,7% dos espécimes

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50

apresentaram inflamação discreta, predominantemente crônica 66,6%. Entretanto,

observou-se a persistência de neutrófilos polimorfonucleares em 33% da amostra, e

hiperemia moderada em 77,8% dos espécimes (Figuras 17 e 18). A proliferação

fibroblástica foi intensa (55,6%) e a deposição de fibras colágenas de padrão regular

e intensidade moderada compatível com tempo pós-operatório.

GRUPO DHL

Aos 7 dias, observou-se no grupo DHL, repavimentação epitelial em área

inferior a 1/3 da ferida em 100% das espécimes. A intensidade do processo

inflamatório foi moderada em 77,8% dos espécimes, sendo de celularidade mista em

66,6% dos espécimes. A hiperemia variou de moderada a intensa (50% - 50%) e em

relação à proliferação fibroblástica, esta foi moderada a intensa (66,6% e 33,3%

respectivamente) (Figuras 19 e 20). A deposição de colágeno foi moderada em

todos os espécimes (Figuras 21 e 22). Observou-se neste grupo uma expressiva

presença de adipócitos no tecido de granulação de 66,6% das amostras (Figura 25).

Aos 14 dias do experimento, observou-se ferida recoberta completamente por

epitélio em 1/3 dos espécimes (Figuras 23 e 24) e pela metade em outros 1/3. A

derme apresentou infiltrado inflamatório discreto em 77,8%, predominantemente

linfocitário. As fibras colágenas apresentaram deposição regular e intensa, assim

como a proliferação de fibroblastos 88,8% dos espécimes. A hiperemia vascular foi

variável entre discreta e intensa.

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51

Figura 12 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Controle aos 7 dias mostrando intenso infiltrado inflamatório (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014).

Figura 13 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Laser aos 7 dias mostrando infiltrado inflamatório moderado (HE, aumento aproximado de 400X) (UFBA, 2014).

Figura 14 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Controle aos 14 dias mostrando hiperemia moderada (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

Figura 15 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 14 dias mostrando hiperemia intensa (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

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52

Figura 16 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 7 dias mostrando proliferação fibroblástica moderada (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014).

Figura 17 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando proliferação fibroblástica intensa (HE, aumento aproximado de 200X) (UFBA, 2014).

Figura 18 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Padrão Laser aos 7 dias mostrando deposição discreta de colágeno (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

Figura 19 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando deposição moderada de colágeno (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

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5.2.2 – Análise estatística

Figura 20 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Controle aos 14 dias mostrando reepitelização incompleta (HE, aumento aproximado de 50X) (UFBA, 2014).

Figura 21 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 14 dias mostrando reepitelização completa (HE, aumento aproximado de 50X) (UFBA, 2014).

Figura 22 - Fotomicrografia do Grupo Dieta Hiperlipídica Laser aos 7 dias mostrando tecido de granulação com intensa quantidade de adipócitos (HE, aumento aproximado de 100X) (UFBA, 2014).

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5.2.1 – ANÁLISE ESTATÍSTICA

GRUPOS EXPERIMENTAIS DE 7 DIAS

Nos grupos dieta padrão, em relação à variável reepitelização, a análise

estatística não demonstrou diferença estatisticamente significante entre os grupos

DPC e DPL (p>0,05). No grupo dieta hiperlipídica, o grupo irradiado DHL também

não diferiu estatisticamente quando comparado com o grupo controle DHC. Quando

os grupos dieta padrão (DPC e DPL) foram confrontados com os respectivos grupos

dieta hiperlipídica (DHC e DHL), observou-se que também mantiveram graus

similares de reepitelização.

Quando a intensidade do infiltrado inflamatório foi avaliada, observou-se

inflamação significativamente intensa para o grupo controle DPC (p=0,002) (Figura

23) quando comparado ao grupo irradiado DPL. O grupo irradiado DHL também

diferiu estatisticamente do grupo controle DHC, apresentando menor grau de

intensidade no processo inflamatório (p=0,01) (Figura 24). Não houve diferença

estatisticamente significante quando a avaliação foi feita intergrupo.

A análise estatística em relação à variável tipo do infiltrado inflamatório agudo

e crônico não revelou diferença estatisticamente significante entre os grupos

avaliados.

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55

DPC DPL0

25

50

75

100discreta

moderada

intensa

Dieta

Infl

am

ação

(%)

DHC DHL0

25

50

75

100discreta

moderada

intensa

Dieta

Infl

am

ação

(%)

Figura 23: Comparação entre os grupos Dieta Padrão Controle e Dieta Padrão Laser

avaliados no período de 7 dias em relação ao infiltrado inflamatório.

Infiltrado inflamatório: p=0,002 (DPC x DPL) (UFBA, 2014).

Figura 24: Comparação entre os grupos Dieta Hiperlipídica Controle e Dieta

Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação ao infiltrado inflamatório.

Infiltrado inflamatório: p=0,01 (DHC x DHL) (UFBA, 2014).

**

*

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56

Na análise da proliferação fibroblástica, não houve diferença estatisticamente

significante quando os grupos dieta padrão e dieta hiperlipídica controles e

irradiados foram confrontados entre si na avaliação intragrupo. Na avaliação

intergrupo, quando os grupos dieta padrão foram comparados com o grupo dieta

hiperlipídica, a análise revelou que o grupo irradiado DHL apresentou proliferação

fibroblástica mais intensa que o grupo DPL (p=0,01) (Figura 25), nenhuma diferença

estatisticamente significante foi observada entre os grupos controles.

DPL DHL0

25

50

75

discreta

moderada

intensa

Dieta

Pro

life

ração

de

Fib

rob

lasto

s (

%)

Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quando a

variável hiperemia foi analisada.

A análise da variável deposição de fibras colágenas revelou que os grupos

dieta hiperlipídica diferiram estatisticamente, o grupo DHL apresentou maior

deposição de fibras colágenas que o grupo DHC (p<0,05) (Figura 26), os grupos

dieta padrão não apresentaram diferença estatisticamente significante. Quando a

avaliação foi realizada intergrupo, a análise revelou que o grupo DHL apresentou

diferença estatisticamente significante e maior deposição de fibras colágenas

quando comparado ao grupo DPL (p=0,001) (Figura 27), porém não foram

observadas diferenças entre os grupos controles.

Figura 25: Comparação entre os grupos Dieta Padrão Laser e Dieta Hiperlipídica Laser

avaliados no período de 7 dias em relação a proliferação fibroblástica.

Proliferação fibroblástica: p=0,01 (DHL x DPL) (UFBA, 2014).

*

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DHC DHL0

25

50

75

100discreta

moderada

intensa

Dieta

Dep

osiç

ão

Co

lág

en

o (

%)

DPL DHL0

25

50

75

100 discreta

moderada

intensa

Dieta

Dep

osiç

ão

Co

lág

en

o (

%)

Figura 26: Comparação entre os grupos Dieta Hiperlipídica Controle e Dieta

Hiperlipídica Laser avaliados no período de 7 dias em relação à Deposição de fibras

colágenas.

Deposição de fibras colágenas: p<0,05 (DHL x DHC) (UFBA, 2014).

Figura 27: Comparação entre os grupos Dieta Padrão Laser e Dieta Hiperlipídica Laser

avaliados no período de 7 dias em relação à Deposição de fibras colágenas.

Deposição de fibras colágenas: p=0,001 (DHL x DPL) (UFBA, 2014).

*

**

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58

GRUPOS EXPERIMENTAIS DE 14 DIAS

Quando a análise estatística foi aplicada aos grupos dieta padrão e dieta

hiperlipídica em 14 dias, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes quando as variáveis reepitelização, inflamação e tipo de infiltrado

inflamatório foram aplicadas nas avaliações intra e intergrupos (p>0,05). Embora,

observou-se maior intensidade no grau de reepitelização no grupo DPC em relação

ao grupo DHC, e maior intensidade no infiltrado inflamatório com persistência de

células da inflamação aguda tenham sido visualizadas no grupo DHC quando

comparado ao grupo DPC.

Em relação à proliferação fibroblástica, os melhores resultados foram

observados no grupo DHL em comparação com o grupo DPL, porém sem

significância estatística (p>0,05). As outras associações também não apresentaram

diferenças estatisticamente significantes.

Quando a hiperemia foi avaliada, houve uma diferença estatisticamente

significante entre os grupos DPC e DHC. O grupo dieta hiperlipídica apresentou

hiperemia mais intensa do que o grupo dieta padrão (p=0,001) (Figura 28). As outras

avaliações não demonstraram diferenças estatisticamente significantes quando a

variável foi hiperemia.

Avaliando o grupo dieta hiperlipídica, a deposição de colágeno foi menor no

grupo controle quando comparado ao grupo irradiado, porém não significante

estatisticamente (p>0,05). As outras associações não demonstraram diferenças

estatisticamente significantes.

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DPC DHC0

25

50

75

100

discreta

moderada

intensa

Dieta

Hip

ere

mia

(%

)

Figura 28: Comparação entre os grupos Dieta Padrão Controle e Dieta Hiperlipídica

Laser avaliados no período de 14 dias em relação à Hiperemia.

Hiperemia: p=0,001 (DPC x DHC) (UFBA, 2014).

**

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6. DISCUSSÃO

No presente estudo, avaliou-se o consumo de uma dieta com maior teor

lipídico e os efeitos desta dieta e da fototerapia a laser no reparo tecidual de feridas

subcutâneas em ratos Wistar. Nosso estudo mostrou que o acúmulo de tecido

adiposo retarda o processo de reparo por prolongar a fase inflamatória da

cicatrização.

Com a mudança nos hábitos alimentares e a crescente inserção de alimentos

com alto teor calórico, que induzem à obtenção de peso e consequente risco para a

o desenvolvimento da obesidade, tem aumentado também o número de problemas

relacionados a este estado de saúde. A obesidade é um fator negativo quando se

trata do reparo das feridas, os estudos realizados em animais têm comprovado esta

afirmativa, sendo a cicatrização deficiente quando comparados animais acima do

peso com os animais normais (SLAVKOVSKY et al., 2011; BIONDO-SIMÕES et al.,

2010).

Tendo-se em vista o uso de uma dieta hiperlipídica, esta pode promover a

obesidade em ratos. Entretanto, nas pesquisas de avaliação com modelos animais,

alguns se mostram resistentes à indução a obesidade, como observado neste

estudo. Nossos resultados corroboram com trabalhos anteriores (NASCIMENTO et

al., 2008; NASCIMENTO & COSTA, 2006; DOBRIAN et al., 2000), demonstrando

que, semelhante aos humanos, os ratos também apresentam uma distribuição

bimodal de massa corporal, e portanto, nem todos os ratos alimentados com uma

dieta rica em gordura tornam-se obesos.

A dieta hipercalórica utilizado para promover a obesidade experimental tem

sido apresentada em diversas formas de pastilhas ou como alimentos in natura, esta

segunda é mais conhecida como dieta de cafeteria, sendo uma dieta altamente

energética, saborosa e contendo diferentes formas, portanto, mais próxima do

alimento consumido em geral pelos seres humanos (ESTADELLA et al., 2011;

NASCIMENTO et al., 2008). Por isso, a dieta de cafeteria foi utilizada na nossa

pesquisa e, de fato, a ingestão de uma dieta rica em gordura promove um aumento

significativo de tecido adiposo e de ganho de peso corporall em animais que a

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consomem, mas este perfil não acontece nos casos dos animais resistentes a esta

dieta (PÉREZ-ECHARRI et al., 2008).

Tem sido demonstrado que a obesidade conduz a uma redução na

quantidade de alimento consumido (NASCIMENTO, 2008), como resposta ao alto

nível de leptina nos ratos obesos. A leptina, um hormônio sintetizado e secretado

pelo tecido adiposo é, principalmente, envolvida na regulação do apetite e

metabolismo energético, por sua vez, indicando ao cérebro que uma alimentação

adequada já foi alcançada (BUETTNER, SCHOLMERICK & BOLHEIMER, 2007;

KERSHAW & FLIER, 2004; JEQUIER, 2002; DE SCHEPPER et al., 1998). Neste

estudo, os animais alimentados com DH não ganharam sobrepeso corporal, porém

apresentaram uma massa de gordura retroperitoneal significantemente maior

comparado ao grupo dieta padrão, possivelmente devido a produção de leptina pelo

tecido adiposo que reduziu a quantidade de ração consumida pelo grupo

hiperlipídico.

Os modelos animais usualmente utilizados em pesquisas relacionadas à

obesidade e insulino resistência apresentam mutação nos receptores do hormônio

leptina e, por ingerirem maiores quantidades de alimentos, tornam-se obesos

rapidamente. Bauer et al. (2004) utilizaram ratos JCR: LA cp para avaliar a

associação da obesidade e diabetes com o retardo da cicatrização da ferida, estes

animais apresentaram uma diminuição do conteúdo de colágeno e uma diminuição

significativa na contração da ferida.

Mais recentemente, outro modelo utilizado por Slavskovky et al. (2011), com

ratos Zucker diabetic Fatty (ZDF), geneticamente modificado, foram utilizados para

avaliar o reparo tecidual das feridas, os ratos obesos e diabéticos apresentaram um

retardo no processo de cicatrização, com prolongamento no processo inflamatório e

demora na redução da ferida quando comparado com os ratos normais,

corroborando com os relatos previamente encontrados por Bauer et al. (2004).

Como sugerido por Slavskovky et al. (2011), o tecido adiposo pode influenciar

na cicatrização de feridas por diversos fatores, como a limitação da migração celular

e o aumento na produção de adipocinas. Pode prejudicar a organização de

fibroblastos e miofibroblastos e, além disso, o retardo na contração pode ser

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mediado através de alterações físicas tais como tensão na pele devido à obesidade.

Nós corroboramos com estes autores quando o processo inflamatório foi avaliado, o

prolongamento da fase inflamatória associada à dieta hiperlipídica também foi

verificada e a hiperemia persistiu após os 14 dias da realização da ferida.

A obesidade é causada por uma desregulação na massa de tecido adiposo

branco e, as alterações neste tecido são causadas por mudanças no tamanho e/ou

número de adipócitos através de uma interação complexa entre proliferação e

diferenciação de pré-adipócitos (GREGOIRE, SMAS & SUL, 1998). As recentes

pesquisas em relação à biologia do tecido adiposo têm demonstrado que o tecido

adiposo branco desempenha uma função não apenas na regulação do balanço

energético, mas também atua como um órgão secretor/endócrino que medeia vários

processos fisiológicos e patológicos (MEDINA-GOMEZ, 2012; GESTA, TSENG &

KAHN, 2007; KERSHAW & FLIER, 2004)

É consistente na literatura que os adipócitos e os fibroblastos pertencem à

mesma família, a chamada família de células do tecido conjuntivo. Neste grupo

também fazem parte os condrócitos, osteócitos e células musculares lisas, que não

estão apenas correlacionadas, mas também, geralmente são conversíveis entre si.

No entanto, embora a diferenciação destes tipos de células seja frequentemente

interconversível, a transformação de fibroblastos em adipócitos é considerado um

fenômeno de sentido único (BROWNNELL et al., 1996).

A evidência da possibilidade do inverso foi apresentado por De Andrade et al.

em 1998, que após os resultados de sua pesquisa consideraram mais consistente a

ideia de que os adipócitos se transformem em fibroblastos, não o contrário. Sua

hipótese foi baseada na sequência de tempo do estudo, no qual observou-se

inicialmente células de gordura grandes com múltiplas gotículas e, mais tarde, o

aparecimento de células progressivamente alongadas, onde as gotículas de gordura

tenderam a diminuir em tamanho e número, enquanto o retículo endoplasmático

rugoso se tornou cada vez mais proeminente, fato considerado para a interpretação

dos resultado.

O relato supracitado poderia explicar um achado incomum neste estudo e

pouco relatado na literatura (MEIRELES et al. 2008; MENDEZ et al., 2004), a

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presença de inúmeros adipócitos na porção mais superficial do tecido de granulação

após sete dias de irradiação, neste sentido os adipócitos presentes na área,

induzidos pela irradiação, seriam recrutados e transformados em fibroblastos para

desta forma reparar o tecido danificado, pois essa célula desempenha um

importante papel no processo de reparo tecidual.

Estudos in vitro tem sido realizados com o intuito de avaliar a

desdiferenciação de adipócitos maduros em células tronco. As células tronco tem

forte atividade reprodutiva, bem como osteogênica, condrogênica e forte capacidade

adipogênica (LIAO, GAO & LU, 2011). SHEN et al. (2013) avaliaram in vitro o efeito

da irradiação com laser de baixa intensidade na proliferação e transdiferenciação de

células-tronco derivadas do tecido adiposo em células neuronais. Os resultados

mostraram que, embora a laserterapia não tenha induzido a proliferação das células,

ela acelerou a diferenciação de células-tronco derivadas do tecido adiposo em

células neuronais. Eles acreditam que ajustando a dose e o tempo de aplicação do

laser, e desta forma, alcançando parâmetros ideais, melhores resultados poderão

ser obtidos e a partir de novos estudos em modelos animais poderão contribuir para

o desenvolvimento de terapia celular, o que pode beneficiar os pacientes com

Acidente Vascular Cerebral.

Os efeitos da laserterapia de baixa intensidade sobre o processo de

cicatrização de feridas é um dos aspectos mais completamente estudados deste tipo

de terapia e influencia todos as fases deste complexo processo. Vários são os

fatores considerados importantes para os resultados dos tratamentos que envolvem

a laserterapia e o uso de muitos dos protocolos utilizados geram resultados

conflitantes. Por isso, a escolha de parâmetros apropriados é essencial para que

bons resultados sejam conseguidos. Estes parâmetros devem incluir o comprimento

de onda, a densidade de potência, dose, duração, frequência de aplicações, dentre

outros (PINHEIRO, 2001).

Diante dos conhecidos benefícios da aplicação do laser nos diversos tecidos

já demonstrados na literatura, alguns autores (HAWKINS & ABRAHAMSE, 2006;

CHEN et al., 2005) relatam resultados controversos em que a laserterapia não

obteve nenhum efeito, ou mesmo inibiu o processo de reparo. Estes resultados

tendem a ocorrer devido ao uso de diversificados modelos experimentais, tipos de

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lasers, comprimento de onda, potência, fluência, tempo, frequência e número de

irradiações. Embora, alguns estudos que utilizaram parâmetros similares relataram

resultados conflitantes (WALKER et al., 2000).

Alguns estudos mostram que múltiplas exposições com doses mais elevadas

podem causar tensão adicional à célula, reduzindo a viabilidade celular e atividade

do ATP e a inibição da proliferação celular. Hawkins & Abrahamse (2006) avaliaram

a resposta celular à exposição de 3 diferentes doses (2.5, 5.0, e 16.0 J/cm²) de

irradiação. Os resultados mostraram que uma única dose de 5,0 J/cm², e duas ou

três doses de 2,5 J/cm² tiveram um efeito estimulador sobre os fibroblastos, com

aumento da migração e proliferação celular. Entretanto, múltiplas exposições a

doses mais elevadas (16 J/cm²) causaram tensão adicional às células, o que reduziu

a migração celular, a viabilidade celular, a atividade de ATP e inibiu a proliferação

celular. Desta forma, a combinação de densidade de energia e número de

exposições são necessárias para que a atividade mitocondrial seja estimulada sem

que ocorram danos adicionais às celulas e os efeitos estimulantes da fototerapia a

laser sejam alcançados.

Mendez et. al. (2004) avaliaram os efeitos de diferentes comprimentos de

onda na cicatrização de feridas de ratos utilizando 2 doses de energia. Eles

observaram que, quando comparadas as 2 doses, os experimentos com menores

doses de energia obtiveram os melhores resultados, independente do comprimento

de onda utilizado. Porém, avaliando os animais com aplicação de uma dosagem de

energia mais alta os animais controles, os irradiados tiveram melhores resultados,

eles consideraram que, mesmo uma alta dose de irradiação, que poderia ser

prejudicial ao processo de reparo, pode ser benéfica em consequência da atenuação

da luz durante a penetração e quando uma maior quantidade de energia é usada,

mais energia é deixada dentro do tecido depois da atenuação.

Quando a laserterapia é utilizada de maneira adequada como ferramenta para

promover o reparo tecidual, sua ação pode ser visualizada em todas as etapas deste

processo. A literatura indica que a fotobiomodulação a laser acelera a inflamação,

promove a proliferação de fibroblastos, facilita síntese de colágeno, estimula a

imunidade, e até mesmo acelera a cicatrização (HAWKINS, HOURELD &

ABRAHAMSE, 2005).

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65

A escolha do comprimento de onda utilizado no presente estudo baseou-se

no fato de que 660 nm possui uma absorção superficial (PINHEIRO et al., 2009),

sendo indicada para as lesões que acometem feridas excisionais mais superficiais,

já que os efeitos dos lasers nas células são dependentes do comprimento de onda e

doses utilizadas, podendo influenciar no processo de cicatrização, como já bem

relatado na literatura (KARU, 1989).

Em relação ao protocolo utilizado, nós concordamos com a maioria dos

autores que sugerem que um intervalo de 48h entre as aplicações do laser seja o

mais indicado (RAMALHO et al., 2010; AL-WATBAN et al., 2009; VIEGAS et al,

2007; NICOLAU et al., 2003), contudo, existem trabalhos que sugerem a aplicação

com intervalos de 24h e, conseguiram os mesmos efeitos satisfatórios quando

comparados com os trabalhos realizados com aplicações intercalados (USUMEZ et

al., 2013; PINHEIRO, 2009).

A primeira fase do processo de reparo tecidual é a inflamação, esta é uma

etapa que pode ser modulada pela fototerapia a laser e por isso essa técnica vem

sendo aplicada com esta finalidade. Viegas et al. (2007) compararam os efeitos da

laserterapia utilizando dois comprimentos de onda (685 nm e 830 nm) e uma droga

antiinflamatória na modulação da resposta inflamatória durante o reparo tecidual em

diferentes tempos cirúrgicos. Eles observaram que os resultados foram similares

para os dois comprimentos de onda, apesar de seus diferentes mecanismos de ação

nas células. Porém, em comparação com o grupo controle e o grupo antiinflamatório,

uma melhor qualidade histológica durante o reparo foi observada nos grupos

irradiados, o que é favorável para a recuperação do tecido, porém, não foram

observados efeitos antiinflamatórios do laser na cicatrização das feridas.

Neste estudo foi possível observar que o infiltrado inflamatório foi mais

duradouro e intenso nos grupos dieta padrão e dieta hiperlipídica controles quando

comparados aos respectivos grupos irradiados aos 7 dias, concordando com os

estudos que afirmam que durante as fases iniciais da ferida, as células inflamatórias

são importantes para o debridamento da área e liberação de citocinas e fatores de

crescimento. Porém, estes eventos também aumentam a produção de oxidantes que

podem conduzir a danos oxidativos de lípidos e / ou proteínas e, por conseguinte, a

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necrose celular, comprometendo a recuperação do tecido quando postergados

(SILVEIRA et al., 2011).

A luz laser estimula as células com déficit funcional a proliferarem no

momento que estão sendo irradiadas. Sendo assim, ao avaliarmos que um tecido é

completamente funcional e suas células estão crescendo de maneira ordenada e

normal, o potencial celular é suficientemente forte e não existe nenhum estímulo

para que a ação do laser seja iniciada, por isso o efeito sobre o tecido será fraco, ou

nenhum efeito terapêutico será observado. Contudo, se o tecido está alterado, a luz

laser agirá com maior efeito sobre ele tentando restabelecer a função celular. Isto

justificaria alguns dos resultados encontrados no nosso estudo, no qual o grupo

dieta hiperlipídica irradiado apresentou melhores resultados quando confrontados

aos grupos dieta padrão irradiado. Diante disto, há que se destacar que um dos

fatores para a fotosenssibilidade celular depende do estado em que ela se encontra

no momento da irradiação (Karu, 1989). Isso pode explicar porque os efeitos

fotobiomoduladores nem sempre podem ser detectados.

Uma variedade de estudos encontrados na literatura também tem

demonstrado o efeito da luz laser na proliferação celular durante o processo de

reparo. Kreisler et al. (2002) investigaram os efeitos da laserterapia (809 nm) na taxa

de proliferação de fibroblastos gengivais humanos in vitro. As células irradiadas

revelaram uma considerável atividade proliferativa superior às células não irradiadas

e as diferenças foram altamente significativas 24 horas após a irradiação. Vinck et

al. (2003) avaliaram a proliferação celular após laserterapia em variados

comprimentos de onda (950 nm, 660 nm e 570 nm) e observaram que todos os

grupos irradiados apresentaram melhores resultados quando comparados com o

grupo controle.

Quando a proliferação fibroblástica foi avaliada, no presente estudo, foi

verificada uma maior atividade fibroblástica no período de 7 dias no grupo DHL em

comparação ao grupo DPL. Este resultado demonstra os efeitos fotobiomoduladores

do laser na fase proliferativa do reparo, bem como a concordância com Karu (1989)

quando a mesma relata a maior interação do laser com células com déficit funcional.

Nos grupos irradiados no período de 14 dias também foi observada uma maior

intensidade proliferativa no grupo DHL quando comparada ao grupo DPL. Hawikins

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et al. (2006) concluiram que um protocolo adequado da laserterapia pode estimular

respostas celulares nos fibroblastos e promover a migração e proliferação celular

sem causar estresse ou destruição às células.

Nossos achados demonstram que não houve diferença na deposição e

distribuição das fibras colágenas entre os grupos DPC e DHC no tempo de 7 dias,

discordando do estudo de Nascimento & Costa (2006) que utilizaram uma dieta rica

em gordura para avaliar a influência na cicatrização da ferida e observaram que os

animais alimentados com esta dieta apresentaram feridas com menor deposição

colagênica quando comparadas às do grupo controle. Porém, ao avaliarmos os

grupos DHL e DHC, no mesmo tempo experimental, observamos que o laser auxiliou

a deposição de fibras colágenas no grupo DHL. Neste aspecto, concordamos com

Mendez et al. (2004) que demonstraram que a laserterapia aplicada em regiões que

necessitem de reparo tecidual promove uma maior maturação de colágeno,

essencial para o compeleto fechamento da ferida.

Ao avaliar a deposição de fibras colágenas aos 14 dias, este estudo

demonstrou que todos os grupos, irradiados ou não, apresentaram quantidades e

deposição de fibras colágenas similares e compatíveis com o tempo operatório,

independente da dieta utilizada. Medrado et al. (2003) avaliaram o papel da matriz

extracelular e dos miofibroblastos sob efeito da laserterapia no processo de

cicatrização de ferida de ratos utilizando diferentes dosagens de irradiação (4J/cm² e

8J/cm²) por 14 dias. Eles observaram que uma melhor ação do laser foi alcançada

com a menor dosagem e que, o laser induziu uma série de mudanças morfológicas,

que presumivelmente seriam favoráveis para a resolução da ferida, pois reduziu a

reação inflamatória, induziu o aumento da deposição de colágeno e proliferação de

miofibroblastos nas feridas que utilizaram esta dosagem. E, apesar de não

obervarem uma redução no tempo de cicatrização, a contração da ferida favorece

uma cicatrização mais eficaz, embora não necessariamente, de uma forma mais

rápida.

A neoformação vascular no início do processo de reparo é imprescindível

para carrear oxigênio e nutrientes essenciais para a neoformação tecidual, com

posterior regressão destes vasos na etapa de remodelação. Os vasos neoformados

são responsáveis pelo recrutamento de células inflamatórias que permitem a

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continuada liberação de citocinas pró-inflamatórias responsáveis pelo

prolongamento da inflamação. A maior intensidade e presença de vasos congestos

no grupo DHC, quando comparado ao grupo DPC aos 14 dias, caracterizou a

persistência do quadro de hiperemia neste grupo, levando ao prolongamento da fase

vascular da inflamação. Desta maneira, como já visto em estudos anteriores

(PÉREZ-ECHARRI et al., 2008; NASCIMENTO & COSTA, 2006), a adoção de dieta

hiperlípica favoreceu o acúmulo em excesso de tecido adiposo e modificou as

características do processo reparo, prolongando a sua etapa inflamatória.

A reepitelização da ferida se inicia horas após a lesão, ocorre com a migração

e proliferação de células epiteliais oriundas tanto das margens como dos apêndices

epidérmicos localizados no centro da lesão (MENDONÇA & COUTINHO-NETO,

2009). As lesões incisionais são normalmente reepitelizadas dentro de 24-48 horas

após a lesão inicial, entretanto, as feridas excisionais podem demorar muito mais

tempo para reepitelizar (MONACO & LAWRENCE, 2003). A fototerapia a laser tem

sido utilizada no tratamento de lesões, podendo acelerar a reparação tecidual nas

suas diferentes fases, sendo possível melhorar tanto a velocidade da cicatrização,

quanto a qualidade do tecido cicatricial. Estes benefícios podem ser verificados em

diferentes períodos de tempo e independentes da dose e comprimento de onda

utilizados (RABELO et al., 2006, MAIYA, KUMAR & RAO, 2005).

No presente estudo, como nos estudos supracitados, também foi possível

observar que um maior grau de reepitelização foi encontrado no grupo irradiado, aos

14 dias, porém sem diferença estatísticamente significante. Neste período, os

parâmetros aplicados do laser não foram suficientes para promover um maior grau

de reepitelização da ferida. Embora, em outros trabalhos do nosso grupo, a

fototerapia a laser tenha contribuído para promover uma maior pavimentação

epitelial no grupo irradiado estatisticamente significante quando comparado ao grupo

controle (RAMALHO et al. 2010; PINHEIRO et al. 2009).

Visto que a cicatrização de feridas é um processo complexo e que envolve

uma série articulada de eventos biológicos com o intuito de reparar o tecido, no

entanto, que qualquer interferência neste organizado processo pode levar ao

prolongamento do reparo tecidual e acarretar inúmeros prejuízos à saúde. As

pesquisas com o uso da fototerapia a laser devem ser estimuladas, para que seus

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parâmetros sejam, cada vez mais, padronizados e os seus benefícios se ampliem ao

mais variados problemas de saúde que possam interferir no meticuloso processo de

reparo tecidual.

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70

7. CONCLUSÃO

A ingestão de dieta hiperlipídica aumentou a massa de tecido adiposo

retroperitoneal resultando no prolongamento da fase inflamatória do reparo tecidual.

A fototerapia a laser, nos parâmetros empregados, foi capaz de melhorar o reparo

dentro do período de 7 dias, principalmente quando a variável intensidade de

infiltrado inflamatório foi avaliada. A fototerapia a laser aplicada sobre tecidos dos

ratos alimentados com uma dieta hiperlipídica promoveu o reestabelecimento das

atividades celulares e melhor recuperação do tecido.

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ANEXO