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AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ETANOL EM TEMPERATURAS
ELEVADAS POR UMA LINHAGEM DE S. CEREVISIAE
CRISLA SERRA SOUZA
São Paulo
2009
Tese (Doutorado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/Instituto Butantan/IPT, para obtenção do Título de Doutora em Biotecnologia.
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ETANOL EM TEMPERATURAS ELEVADAS POR
UMA LINHAGEM DE S. CEREVISIAE
CRISLA SERRA SOUZA
Tese (Doutorado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/Instituto Butantan/IPT, para obtenção do Título de Doutor em Biotecnologia.
Área de concentração: Biotecnologia
Orientadora: Profª. Drª. Cecília Laluce
São Paulo
2009
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Resumo
RESUMO
SOUZA, C. S. Avaliação da produção de etanol em temperaturas elevadas por uma linhagem de S. cerevisiae. 2009. 155 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia) – Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/Instituto Butantan/IPT, São Paulo, 2009.
A metodologia de superfície de resposta foi utilizada como uma ferramenta para
otimizar as condições de produção máxima de etanol com maior retenção de
viabilidade da linhagem de S. cerevisiae 63M em processo descontínuo. As
condições de concentração de sacarose, inóculo e temperatura foram avaliadas em
Erlenmeyers utilizando um planejamento fatorial completo 23 seguido de um
planejamento de superfície de resposta 23 e as melhores condições obtidas foram:
200 g.L-1 de sacarose, 40 g.L-1 de inóculo a 30 °C resultando em uma produção de
etanol de 82,7 g.L-1 com viabilidade de 90% após 4 horas de fermentação.
Processos descontínuo, descontínuo alimentado com vazão constante e
alimentado por pulsos foram avaliados para a linhagem 63M em mini-reatores
contendo meio sintético e o processo que apresentou maior viabilidade (99%), alta
produtividade (18,6 g.L-1.h-1) e alto rendimento (99,2%) foi o descontínuo
alimentado por cinco pulsos de volumes decrescentes de sacarose a 30 °C. A
redução da concentração de sacarose na alimentação foi uma estratégia que
permitiu aumentar a temperatura da fermentação até 37 °C sem perdas em
viabilidades. Uma linhagem utilizada nas destilarias brasileiras foi comparada com
a linhagem 63M em temperaturas elevadas e observou-se que a 63M produziu uma
maior concentração final de etanol em menor tempo e conseqüentemente maior
produtividade e rendimento. A redução do inóculo para 20 g.L-1 permitiu alongar o
tempo de fermentação a 37 °C, de 3 horas para 6 horas, mas sem ganhos em
viabilidade. Oito ciclos sucessivos de fermentação com reutilização de células da
linhagem 63M foram realizados em meio sintético em processo descontínuo
alimentado por pulsos de sacarose (150 g.L-1) e inóculo de 20 g.L-1 a 37 °C e uma
perda gradual de viabilidade foi observada (até 30% no 8° ciclo), mas o etanol final
permaneceu constante (ao redor de 70 g.L-1) em todos os ciclos.
Palavras-chave: S. cerevisiae. Produção de etanol. Metodologia de superfície de
resposta. Temperaturas elevadas. Ciclos sucessivos de fermentação.
Avaliação da produção de etano... Crisla S. Souza
Abstract
ABSTRACT
SOUZA, C. S. Evaluation of ethanol production at high temperatures by a strain of S. cerevisiae. 2009. 155 f. Doctor thesis (Biotechnology) - Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/Instituto Butantan/IPT, São Paulo, 2009.
Surface response methodology was used as a tool to optimize the conditions of
maximum ethanol production with high viability retention of strain 63M of S.
cerevisiae in batch culture. Sucrose concentration, inoculum and temperature
conditions were evaluated in Erlenmeyers flasks using a 23 complete factorial
planning followed by a 23 response surface planning and the best obtained
conditions were: 200 g.L-1 sucrose, 40 g.L-1 inoculum at 30 °C, resulting in 82.7 g.L-1
ethanol production with 90% viability after 4 hours of fermentation. Simple batch,
fed-batch of constant flow and pulse fed-batch cultures were compared using strain
63M in mini-reactors containing synthetic medium and the process showed the
highest viability (99%), productivity (18,6 g.L-1.h-1) and high yield (99.2%) was pulse
fed-batch using five decreasing pulses of sucrose at 30 °C. The reduction of the
sucrose concentration in the feeding was a strategy that allowed increasing the
temperature of the fermentation up to 37 °C without losses in viabilities. An
industrial strain BG1 used in Brazilian distilleries was compared with strain 63M in
fermentations at high temperatures and it was observed that strain 63M produced a
higher final ethanol concentration in shorter time with higher productivity and yield.
Decreasing the inoculum to 20 g.L-1 (dry mass) allowed increasing the fermentation
time at 37 °C, from 3 hours to 6 hours, but without increase in viability. Eight
successive cycles of fermentation with reuse of cells of strain 63M were carried out
in synthetic medium in fed-batch process using sucrose pulses (150 g.L-1) and an
inoculum of 20 g.L-1 at 37 °C. A gradual and decreasing viability was observed (up
to 30% in the 8° cycle), but the final ethanol was kept constant (70 g.L-1) though the
eight fermentation cycles.
Key words: S. cerevisiae. Ethanol production. High temperatures. Response
surface methodology. Successive cycles of fermentation.
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Introdução e Revisão de Literatura
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA
1.1 ASPECTOS GERAIS
A produção de etanol é muito importante para a economia nacional. Assim,
faz-se necessário conhecer as leveduras, as diversas formas de estresse (alcoólico,
térmico, osmótico) que as células são submetidas, as formas de respostas das
leveduras aos estresses (proteínas de choques térmicos), os tipos de processos de
fermentação que podem ser utilizados, incluindo vantagens e desvantagens, e por
fim a importância do uso do planejamento estatístico na otimização do processo
escolhido.
1.1.1 Etanol: Importância e papel na economia brasileira
O etanol é utilizado como combustível nos motores de ciclo Otto,
especificamente no setor de transporte rodoviário. Conhecido desde a antigüidade,
tanto como parte da cerveja dos egípcios como no vinho dos povos da Mesopotânia
e da Grécia, o álcool ocupou lugar de destaque nas mais variadas culturas. Tanto
como produto resultante da fermentação do arroz, na China, quanto do milho, no
Império Inca no Peru, o conhecimento envolvido na fabricação do etanol era
guardado a sete chaves, dada a importância das bebidas, e seu uso no preparo de
remédios, especialmente na conservação de plantas medicinais. O etanol é
produzido a partir de cana-de-açúcar, cereais, tubérculos como beterraba e
mandioca, entre outros derivados agrícolas (UNICA, 2007).
O Brasil foi o primeiro país a produzir a bioenergia em larga escala, com a
implementação do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) pelo decreto nº
76.596/73 do Governo Federal datado de 1973. Este programa trouxe diversos
benefícios, como o desenvolvimento rural e a criação de um combustível que
colabora com a redução da poluição ambiental (PARRO, 1996). O Brasil lançou em
2003, o automóvel flex-fuel que é movido tanto pelo etanol quanto pela gasolina. Em
2004, esse tipo de automóvel representou 21,6% do total de carros vendidos,
enquanto que em 2005 a cifra de 61,7% de carros vendidos e atingiu em 2007 o
correspondente a 90% das vendas de automóveis (JORNAL DA CANA, 2007)
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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A produção de álcool etílico no Brasil chegou a 17,5 bilhões de litros na safra
2006/2007, das quais três bilhões de litros foram exportados, sendo o restante
consumido pelo mercado interno (JORNAL DA CANA, 2007). Devido ao alto custo
da gasolina, o etanol está ganhando abertura para tornar-se uma importante matriz
energética mundial e renovável.
1.1.2 Leveduras utilizadas nas destilarias brasileiras
A maioria das unidades produtoras de etanol, tradicionalmente iniciava a safra
usando toneladas de levedura oriunda da indústria de panificação até meados dos
anos 90. Essa estratégia permite uma partida rápida e mais segura minimizando
possíveis problemas relativos a acidentes fermentativos. A partir dos anos 90,
constatou-se que as leveduras utilizadas como inóculo são completamente
substituídas por leveduras nativas ainda no início da safra (ANDRIETTA et al.,
2006). Constatou-se ainda que a única levedura que tem a capacidade de
permanecer no processo é aquela isolada da mesma unidade em safras anteriores
(BASSO et al., 1993).
A partir dessa constatação, as usinas começaram a propagar a sua própria
levedura para o início da safra. As unidades se equiparam de modo a serem aptas a
realizarem a propagação de sua própria levedura nativa para o início da
fermentação. Parte dessas unidades realiza uma análise de cariotipagem para
constatar a permanência dessa linhagem nas dornas de fermentação durante a
safra. Os resultados confirmam o esperado, isto é, quando as leveduras utilizadas
como inóculo são as isoladas da própria unidade, essas dominam o processo até o
final do período da safra (ANDRIETTA et al., 2006). Nos meados dos anos 50, o
professor Jayme Rocha de Almeida (1905-1964), do Instituto Zimotécnico da
Universidade de São Paulo (ESALQ) isolou uma levedura eficiente IZ-1940
(AMORIM, 2005), que foi distribuída para as usinas no início das safras. A
dificuldade na obtenção de grandes volumes desse fermento desestimulou as usinas
fazerem uso desse fermento, passando a utilizar fermento de panificação para a
partida da planta.
Atualmente existe o fornecimento por unidades produtoras de biomassa, de
grandes volumes de leveduras previamente isoladas de unidades brasileiras durante
o período da safra. Essas leveduras foram isoladas do próprio processo, sendo
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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assim consideradas nativas. Essas são utilizadas como inóculo tanto para as
unidades das quais foram isoladas como para outras unidades. Algumas linhagens
de S. cerevisiae isoladas de processos de fermentação alcoólica são largamente
utilizadas como inóculo para início das safras brasileiras. Essas foram nomeadas
com as iniciais das unidades de origem, dessa forma têm-se disponíveis as
seguintes linhagens: BG-1 (Usina Barra Grande), CR-1 (Usina Cresciumal), AS-1
(Usina Santa Adélia), CAT-1 (Usina Catanduva), PE-2 (Usina da Pedra), CL (Usina
Clealco), entre outras. Embora a utilização de uma levedura qualquer selecionada
seja uma alternativa viável para o início da safra, o uso de leveduras provenientes
do próprio processo é a expectativa para o futuro das usinas brasileiras. A
estabilidade microbiológica em relação às leveduras do processo de produção de
álcool está relacionada à utilização de inóculo de uma levedura isolada do próprio
processo (STROPPA, 2002).
1.1.3 Leveduras termotolerantes
S. cerevisiae é uma levedura mesofílica (20-40 °C) utilizada em muitos
processos industriais, tais como produção de bebidas alcoólicas, biomassa
(panificação, alimento) e vários produtos do metabolismo (DEMAIN et al., 1998). A
produção de etanol combustível a partir do melaço de cana-de-açúcar por linhagens
termotolerantes (de ambientes terrestres) de leveduras, merece atenção especial
por estas cepas de leveduras serem capazes de crescerem e fermentarem durante
os meses de verão em países não-tropicais, bem como em países tropicais,
reduzindo, assim, os custos com a refrigeração dos fermentadores. Por outro lado,
uma concentração mais alta de etanol produzido a temperaturas elevadas poderia
minimizar os gastos com a destilação (UENO et al., 2003). O número de tentativas
para obter leveduras capazes de crescerem e fermentarem a 40 °C ou acima desta
temperatura é pequeno (UENO et al., 2001). Um programa de “screening” e
isolamento de leveduras foi financiado pela Fundação do Banco do Brasil no período
de 1985 a 1993. Leveduras amilolíticas e termotolerantes foram isoladas e
transferidas para Fleishman & Royal para a produção de leveduras de panificação
em 1985. Dentro deste mesmo programa foram realizados estudos de estabilidade
genética e obtenção de híbridos melhorados de leveduras (PERES et al., 2001).
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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Alguns pesquisadores descreveram a obtenção de leveduras termotolerantes por
fusão de protoplastos (SEKI et al., 1983; KIDA et al.,1992) e cruzamentos entre
leveduras haplóides (KAWAMURA, 1999). Com relação à origem das amostras para
seleção de leveduras termotolerantes, duas situações parecem ser comuns.
Primeiro, a seleção tem sido realizada dos tanques de fermentação de cervejarias
ou leveduras de destilarias (HACKING et al., 1984; D’AMORE et al., 1989). Em
segundo lugar, os isolados têm sido obtidos de ambientes naturais, especialmente
das regiões quentes. Linhagens termotolerantes de Kluyveromyces marxianus
capazes de crescerem a 52 °C e de fermentarem a 50 °C foram isoladas de
amostras de solo ao redor de destilarias da Índia (BANAT et al., 1992) e suas
características foram estudadas (FLEMING et al., 1993; BARRON et al., 1994;
BRADY et al., 1994; HACK e MARCHANT 1998). Uma destas leveduras foi também
testada em fermentadores para produção de etanol usando melaço de cana-de-
açúcar (SINGH et al., 1998) com bons resultados.
1.2 PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE ETANOL
O etanol pode ser produzido por quatro principais tipos de operações
industriais: processo descontínuo, descontínuo alimentado, semicontínuo e contínuo
(KEIM, 1983).
1.2.1 Processo descontínuo
Na fermentação em processo descontínuo (ou batelada), o substrato e as
células da levedura são adicionados juntos ao bioreator (KEIM, 1983), sendo
efetuado um inóculo por tanque (SCHMIDELL e FACCIOTTI, 2001). O único material
adicionado e removido durante a fermentação em batelada é a troca de gases e as
soluções para controle de pH e anti-espumantes. Terminada a fermentação,
descarrega-se a dorna e o meio fermentado segue para os tratamentos finais. Então,
deve-se lavar a dorna, esterilizá-la e recarregá-la com mosto e inóculo. Uma das
vantagens da operação em batelada (processo descontínuo) é a maior flexibilidade
que pode ser alcançada usando um bioreator para várias especificações de produtos
(ÇAYLAK e SUKAN, 1996). Este processo é mais utilizado na indústria de alimentos.
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Introdução e Revisão de Literatura
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Alguns dos alimentos e bebidas produzidos por esse processo fermentativo são:
iogurte, chucrute, picles, cerveja, vinho, entre outros. Por outro lado, a principal
desvantagem da fermentação descontínua é o tempo gasto entre as bateladas,
compreendendo a carga e descarga do fermentador, a limpeza, esterilização e a
reinício do processo (REVIEW, 2007). Outra desvantagem é que a fermentação em
processo descontínuo pode levar a baixos rendimentos e/ou produtividades, quando
o substrato adicionado de uma vez só no início da fermentação exerce efeitos de
inibição, repressão ou desvia o metabolismo celular para formação de produtos que
não interessam (CARVALHO e SATO, 2001b). Segundo uma referência que trata de
um cultivo descontínuo (GRUBB e MAWSON, 1993), os cultivos em bateladas
apresentaram algumas limitações mesmo para diversas leveduras termotolerantes.
Um rendimento de etanol alto requer alta concentração inicial de açúcar e isto gera
uma alta pressão osmótica do meio sobre as células. A adição gradual de açúcar no
meio conforme sugerido por Melle-Boinot (SCHIMIDELL e FACCIOTTI, 2001),
minimiza os efeitos da pressão osmótica e dos níveis altos de etanol produzido. Por
outro lado, a combinação da alta concentração de açúcar com a elevação da
temperatura pode inibir o crescimento (GRUBB e MAWSON, 1993). O efeito da
pressão osmótica alta pode ser observado em destilarias brasileiras quando a
concentração de açúcar do mosto é maior ou igual a 250 g.L-1. Dependendo do nível
de etanol nas dornas de fermentação, pode ocorrer diminuição da tolerância à
temperatura (D’AMORE et al., 1990; LYND et al., 1991). Por outro lado, leveduras
termotolerantes pertencendo principalmente aos gêneros de Saccharomyces e
Kluyveromyces têm sido crescidas em condições de bateladas simples produzindo
concentrações de etanol variando entre 4-8% (m/v) (HUGHES et al., 1984;
HACKING et al., 1984; ANDERSON et al.; 1986; SZCZODRAK e TARGONSKI,
1988; D’AMORE et al., 1989; BALLESTEROS et al., 1991; BANAT et al., 1992;
FLEMING et al., 1993; BARRON et al., 1994; BRADY et al., 1994; BANAT e
MARCHANT, 1995; BANAT et al., 1996).
Em escala industrial, o processo descontínuo foi adaptado tendo em vista
otimizar a produção, de modo a atender o objetivo de diferentes indústrias
(BORZANI, 1975). No caso das destilarias de álcool, o processo com recirculação de
microrganismo foi utilizado e como o próprio nome indica, usa como inóculo o
microrganismo da batelada anterior. Para isto, o meio fermentado é centrifugado,
separando assim as células e reutilizando-as. No entanto, como há a tendência de
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Introdução e Revisão de Literatura
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aumentar o número de contaminantes a cada nova batelada, as usinas normalmente
empregam uma metodologia para eliminá-los. Consiste num tratamento do leite de
levedura (suspensão de leveduras altamente concentrada, obtida a partir da
centrifugação do meio fermentado) com água e ácido sulfúrico. Deixado nessas
condições, sob agitação por 2 a 3 horas, proporciona a eliminação de
contaminantes, bem como de células que já se apresentam em fase de degeneração
(CARVALHO e SATO, 2001b).
1.2.2 Processo semicontínuo
Em processos semicontínuos, uma porção da cultura é coletada em intervalos
de tempos e o meio fresco é adicionado ao sistema. Nos processos semicontínuos
há variação no volume da cultura. Este método tem algumas vantagens sobre as
operações contínuas e de bateladas. Não há necessidade de ter um frasco separado
para o inóculo, exceto no início. O tempo também não é desperdiçado para limpeza
e re-esterilização. Outra vantagem desta operação é que não é requerido muito
controle. No entanto, há um alto risco de contaminação e mutação devido aos
longos períodos de cultivos e as operações manuais. Além disso, são necessários
reatores de volumes maiores e os custos de investimento são levemente mais
elevados (ÇAYLAK e SUKAN, 1996).
1.2.3 Processo descontínuo alimentado
O processo descontínuo alimentado (ou batelada alimentada) é definido como
uma técnica onde um ou mais nutrientes são adicionados ao fermentador durante o
cultivo e os produtos permanecem no fermentador até o final da fermentação. Em
alguns casos, todos os nutrientes são gradualmente adicionados à dorna
(CARVALHO e SATO, 2001a). Outros autores (BROWN, 1990; WHITAKER, 1980)
estendem esse conceito para o acréscimo de aditivos. A vazão de alimentação pode
ser constante ou variar com o tempo (KELLER e DUNN, 1978) e a adição de mosto
pode ser de forma contínua ou intermitente. Mudança de volume pode ou não
ocorrer, dependendo da concentração de substrato e da taxa de evaporação do
sistema (CARVALHO e SATO, 2001a). Devido à flexibilidade de utilização de
diferentes vazões de enchimento de dornas com o meio nutriente, é possível
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Introdução e Revisão de Literatura
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controlar a concentração de substrato no fermentador, de modo que, por exemplo, o
metabolismo seja deslocado para uma determinada via metabólica, levando ao
acúmulo de um produto específico (CARVALHO e SATO, 2001a).
A principal vantagem do sistema descontínuo alimentado é que a inibição e
repressão de catabólitos são impedidas por alimentação intermitente do substrato.
Se o substrato tem um efeito inibitório, a adição intermitente melhora a produtividade
da fermentação pela manutenção de uma concentração baixa de substrato. É
essencial manter o volume da cultura constante na operação contínua, enquanto
que no processo descontínuo alimentado há variação no volume do meio. Para
solucionar estes problemas surgidos com o uso de leveduras termotolerantes em
processo descontínuo, a técnica de cultura em processo descontínuo alimentado
geralmente tem sido utilizada. Neste sistema, parte do problema de alta
concentração inicial de açúcar pode ser solucionada através da adição gradual do
substrato por certo período a partir do início da cultura. Esta forma de alimentação,
entretanto, não parece reduzir os efeitos inibitórios do acúmulo de etanol na cultura
(BANAT et al., 1998).
Com outra visão, pode-se definir o processo descontínuo alimentado como
um processo no qual as células separadas por centrifugação são retornadas ao
volume de reação, a fim de se iniciar um novo período de alimentação, o que evita o
preparo de um novo inóculo. No processo descontínuo alimentado repetido, certa
fração do líquido fermentado é retirada, iniciando-se então um novo período de
alimentação.
Em grande escala, há a possibilidade de combinações de processos, a fim de
se conseguir o máximo de desempenho de um dado sistema, como por exemplo, o
caso da fermentação alcoólica executada segundo o processo de Melle-Boinot.
Neste processo, ao término de uma fermentação, o vinho é separado por
centrifugação, retornando-se as células ao reator após tratamento adequado para
diminuir os contaminantes das leveduras. A seguir, inicia-se a alimentação com o
mosto a ser fermentado (na verdade, a introdução do inóculo e a alimentação de
mosto ocorrem simultaneamente desde o início do processo), e assim, o processo é
operado na forma de um reator descontínuo alimentado na maior parte do tempo.
Quando as dornas encontram-se preenchidas, aguarda-se tempo suficiente para o
consumo total dos açúcares fermentescíveis (SCHMIDELL e FACCIOTTI, 2001).
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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1.2.4 Processo contínuo
No processo contínuo, o material nutriente (o qual contém a fonte de carbono
e outros nutrientes) é bombeado continuamente dentro de um frasco agitado, onde
os microrganismos estão ativos e ao mesmo tempo, o produto é retirado do sistema.
Neste tipo de processo, é essencial manter um volume de cultura constante. O
produto, o qual é retirado do topo de um bioreator, contém etanol, células e açúcar
residual (ÇAYLAK e SUKAN, 1996). A manutenção de volume constante de líquido
no reator é de primordial importância, a fim de que o sistema atinja a condição de
estado estacionário, condição na qual as variáveis de estado (concentração de
células, de substrato limitante e de produto) permanecem constantes ao longo do
tempo de operação do sistema (FACCIOTTI, 2001).
As principais vantagens do processo contínuo de fermentação (FACCIOTTI,
2001), em relação ao descontínuo tradicional, são decorrentes da operação em
estado estacionário, dentre eles estão: a) aumento de produtividade do processo,
em virtude de uma redução do “tempo morto” ou não-produtivo; b) obtenção de
caldo fermentado uniforme, o que facilita o projeto das operações de recuperação do
produto de interesse; c) manutenção das células em um mesmo estado fisiológico, o
que torna o processo contínuo uma excelente ferramenta para estudos de
mecanismo de regulação metabólica (MARTINI et al., 1989; SCHMIDELL e
FACCIOTTI, 1994) ou, ainda, para estudos de otimização da composição de meio
de cultura (GOLDBERG e ER-EL, 1981; KUHN et al., 1979; MATELES e BATAT,
1974; YEE e BLANCH, 1993); d) possibilidade de associação com outras operações
contínuas de linha de produção; e) maior facilidade no emprego de sistemas de
controle mais sofisticado; f) menor necessidade de mão-de-obra.
O processo contínuo possui algumas desvantagens ou problemas práticos
(FACCIOTTI, 2001), que podem limitar o emprego deste tipo de sistema em escala
industrial, para alguns processos fermentativos. Assim, podem-se destacar: a) maior
investimento inicial da planta; b) possibilidade de ocorrência de mutações genéticas
espontâneas, resultando na seleção de mutantes menos produtivos; c) maior
possibilidade de ocorrência de contaminações por se tratar de um sistema aberto, no
entanto, necessita de manutenção de condições de assepsia nos sistemas de
alimentação e retirada de meio; d) dificuldades de manutenção de homogeneidade
no reator, quando se trabalha com baixas vazões, ou quando o caldo adquire
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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comportamento pseudoplástico, como é o caso do cultivo de fungos filamentosos; e)
dificuldades de operação em estado estacionário em determinadas situações
(formação de espuma, crescimento de microrganismo nas paredes do reator, ou
ainda, nos sistemas de entrada e saída de líquidos).
Apesar dos problemas acima mencionados, a utilização do processo contínuo
de fermentação encontra grande aplicação prática, como por exemplo, a
fermentação alcoólica, onde se utiliza normalmente, em escala industrial, o processo
contínuo com reciclo de células ou, ainda, o processo contínuo em múltiplos
estágios (FINGUERUT, 1993), permitindo, desta forma, a obtenção de elevados
rendimentos e produtividades do processo.
1.3 FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
A levedura realiza a fermentação do açúcar com o objetivo de conseguir
energia química necessária à sua sobrevivência, sendo o etanol somente um
subproduto desse processo. Portanto, é desejável produzir tanto álcool, quanto
conhecer as condições ideais para as leveduras produzirem etanol com maior
eficiência. O etanol só é formado pelas leveduras a partir de monossacarídeos,
sendo necessário decompor a sacarose, C12H22O11, em D-glicose e D-frutose. Na
fermentação alcoólica, estes microrganismos fornecem a enzima invertase, que
hidrolisa a sacarose. A reação da inversão é demonstrada abaixo:
C12H22011 + H2O invertase C6H1206 + C6H1206
D-glicose D-frutose
Dois ciclos distintos que definem o processo de transformação de açúcares
solúveis em moléculas menores pela ação da levedura. O primeiro é a glicólise
(ocorre na mitocôndria) que possui a função de “quebrar” a molécula de glicose até
ácido pirúvico, através de uma série de reações catalisadas por enzimas
específicas, que se situam na parede celular e no interior da célula. Na ausência de
oxigênio há uma tendência à atuação das enzimas piruvato descarbosilase e álcool-
desidrogenase, produzindo etanol e água a partir de ácido pirúvico (ocorre no
citoplasma). A equação de Gay-Lussac faz um balanço desta etapa. Porém, na
presença de oxigênio há um deslocamento de parte do ácido pirúvico para o Ciclo
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
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de Krebs, onde este será oxidado enzimaticamente a dióxido de carbono e água. Os
balanços globais dos dois ciclos estão nas seguintes equações:
Equação de Gay-Lussac
C6H12O6 + 2Pi + 2ADP 2C2H50H + 2 CO2 + 2ATP + 2H2O + 57kcal
Ciclo de Krebs
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + 38ATP + 688kcal
O rendimento teórico (YP/S) para a produção de etanol é de 0,511 g/g. Na
prática, este valor não é observado devido a utilização de parte da glicose para a
produção de glicerol e alcoóis superiores, substâncias necessárias para síntese de
material celular e manutenção da levedura.
Assim, frente a um número elevado de reações catalisadas enzimaticamente
no metabolismo celular, fatores como pH, temperatura, pressão, concentração de
reagentes, micronutrientes, etc. afetam os parâmetros cinéticos que definem as
taxas de reprodução celular, consumo de substrato e produção de etanol.
1.4 FATORES QUE AFETAM A FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
As células de leveduras são submetidas a vários tipos de estresses à medida
que as condições do meio mudam, tanto em ambientes naturais como durante os
processos industriais. Tanto os danos provocados pelo estresse quanto a resposta
da levedura, dependem do tipo e grau do estresse, e da posição da levedura em seu
ciclo de divisão celular no momento em que ocorre o estímulo (FOLCH-MALLOL et
al., 2004). Em geral, as condições adversas, que estes microrganismos enfrentam,
afetam principalmente as estruturas celulares (ex. as membranas) e as diferentes
macromoléculas, especialmente os lipídios, proteínas e ácidos nucléicos, as quais
sofrem modificações estruturais que danificam suas funções (FOLCH-MALLOL et al.,
2004). Para se defender destas situações desfavoráveis, a levedura responde
rapidamente sintetizando moléculas que permitem aumentar o grau de reparo dos
danos causados pelo estresse. Entre as moléculas bem caracterizadas estão as
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
28
“proteínas de estresses”. Estas respostas a nível transcricional são importantes para
a sobrevivência celular e possui várias vias de transdução de sinais (RUIS e
SCHÜLLER, 1995).
Durante os ciclos sucessivos de fermentação em processos descontínuos
alimentados, as células da levedura Saccharomyces cerevisiae são expostas aos
estresses oxidativos, hiperosmóticos, iônicos, elevações de temperaturas e
limitações por nutrição (QUEROL et al., 2003). O estresse nutricional ocorre nas
células em fase estacionária o qual resulta em interrupção do crescimento. Os
fatores que mais afetam a produção de etanol e que estão descritos abaixo são:
temperatura, concentração de etanol e substrato, pH, oxigênio, viabilidade e
contaminação bacteriana que dependendo da concentração podem causar estresse
ácido às células e consumir nutrientes podendo levar a sérios prejuízos.
1.4.1 Temperatura
A temperatura afeta diretamente a ecologia microbiana e as reações
bioquímicas da levedura (TORIJA et al., 2003). A temperatura exerce um efeito em
todos os aspectos do crescimento, metabolismo, viabilidade e fermentação das
leveduras. A escolha da temperatura de operação na fermentação alcoólica é
influenciada tanto por fatores fisiológicos quanto físicos, tais como a perda do etanol
por evaporação e a grande formação de espumas a temperaturas elevadas.
Diminuições em produção de etanol em fermentações de bateladas repetidas
foram observadas quando a temperatura foi gradualmente aumentada de 30 °C a 35
°C (MORIMURA et al., 1997). No entanto, em um sistema contínuo de produção de
etanol a partir de xarope de cana-de-açúcar (sistema de cinco reatores em série,
operando com temperaturas decrescentes), a biomassa e a viabilidade foram mais
altas no último reator em série quando a temperatura deste foi de 35 °C (LALUCE et
al., 2002).
A produção industrial de etanol em destilarias ocorre na faixa de 25-35 °C. A
temperatura ótima varia entre as leveduras, sendo que as leveduras termofílicas
apresentam temperaturas ótimas de crescimento acima de 40 °C (WALKER, 1998).
Segundo Oliveira (1988), S. cerevisiae em temperaturas elevadas, afeta o
metabolismo da levedura levando a uma diminuição da tolerância ao etanol e
formação de metabólitos secundários como o glicerol. O efeito inibitório do etanol
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
29
está intimamente relacionado à temperatura da fermentação. Segundo Sá-Correia e
Van Uden (1983), a faixa de melhor resistência ao etanol para cepas usuais de
Saccharomyces cerevisiae é de 13 a 27 °C a 11% (v/v) de etanol no mosto. A
tolerância ao etanol diminui para temperaturas mais baixas que 13 °C ou maiores
que 27 °C, de forma que a inibição do crescimento do microrganismo ocorre tanto
em processos à baixa temperatura (cervejas, champanhes), como em processos à
alta temperatura (álcool combustível, vinhos tintos).
Além disto, bactérias láticas podem tolerar temperaturas mais elevadas (ex.:
temperaturas ótimas na faixa de 55 °C a 58 °C (EPSTEIN e GROSSOWICZ, 1969)
que aquelas toleradas pelas células de leveduras (BALAKUMAR et al., 2001).
Assim, a competição das células de bactérias e de leveduras pela fonte de carbono
aumenta quando a temperatura se eleva.
A produção de etanol através de fermentação não é uma alternativa muito
viável economicamente em climas quentes devido à alta energia exigida para manter
a temperatura da fermentação entre 25 e 35 °C (BANAT et al., 1992). O controle da
temperatura é essencial para maximizar a produção de etanol e prever inativação
irreversível das células de leveduras. Este problema poderia ser amenizado pelo uso
de leveduras termotolerantes (MORIMURA et al., 1997). Fermentações a 34-40 °C
ou acima possuem a vantagem de facilitar a recuperação do etanol com significante
economia relativa dos custos do controle de refrigeração em destilarias de produção
de etanol combustível, especialmente em países tropicais (LALUCE et al., 1991).
A termotolerância pode ser definida como a capacidade transitória das células
sobreviverem quando expostas a temperaturas elevadas (LASZLO, 1988). As
leveduras que apresentam termotolerância intrínseca suportam choques térmicos a
50 °C, enquanto que as leveduras que apresentam termotolerância induzida
resistem a choques térmicos somente quando adaptadas a elevações suaves de
temperaturas (p. ex., 30 minutos de exposição a 37 °C). Outros fatores são capazes
de afetarem a termotolerância das leveduras e estes são: agentes químicos, pressão
osmótica, valores baixos de pH externo, fase de crescimento, aquisição de
resistência na fase estacionária e estado nutricional (PIPER, 1993).
As respostas ao estresse térmico em leveduras estão bem estudadas. Um
aumento de 10 a 15 °C acima da temperatura ótima de crescimento induz a síntese
de um grupo de proteínas chamado HSP (Heat Shock Proteins). A maioria das
proteínas deste grupo são as proteases e chaperoninas que estão envolvidas em
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
30
impedir a desnaturação ou induzir a renaturação de proteínas, a degradação de
proteínas com defeito no seu empacotamento e desintegração de agregados
protéicos formados por desnaturação. Algumas destas proteínas se encontram
também presentes em temperaturas ótimas e estudos genéticos indicam que são
proteínas indispensáveis para manutenção da estrutura correta da folha pregueada
de outras proteínas, unir e separar unidades protéicas em estruturas oligoméricas e
degradar proteínas desnaturadas ou com defeitos na estrutura secundária
(LINDQUIST, 1992).
Em S. cerevisiae, atenção grande tem sido dada à família das proteínas de
choque térmico ou Hsp (SANCHEZ e LINDQUIST, 1990), entre as quais está a
proteína Hsp 104 que desempenha um papel chave sobre a tolerância ao calor e a
outros agentes estressantes (SANCHEZ et al., 1992). As proteínas Hsp 104, Hsp 70
e Hsp 40 formam o complexo chaperonina, o qual reverte a conformação de
proteínas alteradas pelo calor (GLOVER e LINDQUIST, 1998), restaurando as
atividades essenciais de proteínas na célula viva. Um aumento na síntese das
proteínas de choque térmico pode também ser induzido por condições hipertônicas e
etanol elevado entre muitos outros agentes de estresse (SANCHEZ et al., 1992). A
ubiquitina (proteína de baixo peso molecular envolvida com a degradação de
proteínas celulares), a gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase da via glicolítica, a
catalase são outras proteínas envolvidas com a resposta ao estresse térmico
(WALKER, 1998).
O conteúdo celular de trealose eleva-se durante o crescimento exponencial
em resposta a mudanças de temperaturas atingindo um valor máximo em fase
estacionária, o qual leva a aquisição da tolerância ou resistência ao calor, ao
estresse osmótico e etanólico (ELEUTHERIO et al., 1995). Por outro lado, a
gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase da via glicolítica passa a ser acumulada na
superfície das células sob estresse térmico (DELGADO et al., 2003).
1.4.2 Etanol
Do ponto de vista fisiológico, o etanol inibe o crescimento e a viabilidade das
leveduras por atuar negativamente sobre os diferentes sistemas de transportes
(incluindo permeases de aminoácidos), sobre a sinalização celular da glicose e a
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31
atividade de enzimas chaves da via glicolítica (ALEXANDRE e CHARPENTIER,
1998; BISSON, 1999).
O etanol parece alterar o grau de polaridade da membrana celular
citoplasmática, causando interrupção do crescimento em concentrações elevadas
(LYND et al., 1991) e, ainda, aumentando a fluidez da membrana (LLOYD et al.,
1993). Estas alterações em fluidez resultam em mudanças na permeabilidade das
espécies iônicas, principalmente, na permeabilidade de prótons (CARTWRIGHT et
al., 1986). Concentrações elevadas de ácidos graxos insaturados na membrana,
vitaminas e proteínas parecem aumentar a tolerância ao etanol. Outros fatores
fisiológicos, tais como, composição do meio, acúmulo intracelular de etanol,
temperatura e pressão osmótica podem contribuir para a elevação da tolerância ao
etanol (D’AMORE e STEWART, 1987). A ação da trealose consiste em estabilizar a
membrana e proteger as células das leveduras frente aos efeitos do etanol. Assim, a
concentração intracelular deste dissacarídeo tem desempenhado um importante
papel sobre capacidade da célula em tolerar elevadas concentrações de etanol
(MAJARA et al., 1996).
Holzberg et al. (1967) demonstraram que o crescimento celular não é inibido
em concentrações de etanol inferiores a 26 g.L-1, mas é inibido totalmente quando a
concentração de etanol atinge 68,5 g.L-1 no meio da fermentação. Luong (1984)
observou que o etanol apresentava efeito significativo sobre a velocidade de
crescimento celular a concentrações acima de 15 g.L-1 e que a concentração de
etanol máxima a partir da qual as células não mais cresciam era aproximadamente
100 g.L-1. Esse mesmo autor também verificou que a capacidade de produção de
etanol de Saccharomyces cerevisiae era completamente inibida a uma concentração
de etanol de 105 g.L-1. Daugulis e Swaine (1987) encontraram valores máximos de
etanol onde as células não cresciam mais de 87,5 a 140 g.L-1, para sistemas
utilizando diversas linhagens de leveduras. A análise desses valores deve ser
cuidadosa, entretanto, uma vez que eles dependem do tipo de microrganismo, do
seu estado fisiológico, do meio de cultura e da temperatura.
Leveduras isoladas de destilarias mostraram inibição de suas atividades
fermentativas em batelada simples a 30 °C quando a concentração de etanol no
meio foi superior a 8%. Acima de 8% de etanol a fermentação ocorre de forma
gradativamente reduzida. Por outro lado, grandes perdas em biomassa foram
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
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observadas em concentração de etanol no meio da ordem de 4% (PERES e
LALUCE, 1998).
1.4.3 Substrato (açúcar)
As linhagens de leveduras normalmente utilizadas nos processos industriais
apresentam uma osmotolerância limitada. Por esta razão, fermentações alcoólicas
são conduzidas em concentrações de açúcar usualmente ≤ 20% (m/v).
Concentrações elevadas de açúcar resultam em perdas da atividade de transporte
de açúcar, produzindo menos etanol (SALMON e MURICO, 1994). O estresse
induzido pelo aumento da osmolaridade externa leva a redução em crescimento e
perda da viabilidade das células das leveduras, devido às perturbações no gradiente
osmótico através da membrana plasmática. Isto leva, por sua vez, a perdas em
volume das células que se contraem (MAGER e VARELA, 1993) por causa de
diferenças em pressão osmótica entre o exterior e o interior das células.
Quando as células de Saccharomyces cerevisiae se encontram em uma
condição de alta osmolaridade externa, sofre uma mudança imediata em seu volume
celular devido à perda de água do citosol. Esta desidratação é um processo rápido
(aproximadamente 1 minuto) sendo parcialmente compensada por um influxo de
água no vacúolo para o citoplasma quando íons tóxicos se acumulam em organelas
(SERRANO, 1996). Para sobreviverem e continuarem a crescer, as células
desidratadas podem recuperar a turgência sempre e quando a intensidade do
estresse for fisiologicamente tolerável. A proliferação celular se renova após um
período de adaptação no qual varia dependendo de um número de fatores, como por
exemplo, o tipo e a intensidade do estresse, a genética da linhagem e sua fase de
crescimento (BLOMBERG, 2000). Nesta fase de adaptação, as células de levedura
experimentam uma série de mudanças como a reestruturação do citoesqueleto de
actina, interrupção transitória do ciclo celular e reprogramação do metabolismo (TAO
et al., 1999). Ao mesmo tempo, mecanismos envolvidos com a resistência dos
estresses são induzidos, como o aumento na concentração intracelular de glicerol e
a exclusão de íons tóxicos. Além disto, se induz a expressão de uma série de genes
cujos produtos participam de diferentes processos como o potencial redox, a
produção de proteínas protetoras e o reajuste dos níveis de carboidratos, lipídios e
aminoácidos (REP et al., 2000).
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
33
As células adaptam-se a concentrações elevadas de NaCl e outros solutos
através do acúmulo de glicerol interno, por aumento da osmolaridade (BLOMBERG
e ADLER, 1989). O acúmulo de glicerol resulta em aumentos da atividade de
glicerol-3-fosfato desidrogenase (GPD1) codificada pelo gene GPD1 (LARSSON et
al., 1993). Além disso, o acúmulo de glicerol estimulado pelo estresse osmótico
requer a expressão de outros dois genes, tais como os genes HOH1 (codifica para
proteína mitogênica e pertencente à família das MAP quinases) e PBS2 (codifica
para uma proteína componente da família das MAP quinases) (BREWSTER et al.,
1993).
A tolerância das linhagens de leveduras ao estresse osmótico e temperaturas
elevadas pode aumentar através do aumento da concentração de peptona e extrato
de levedura no meio (STEWART et al., 1988). Thomas e colaboradores (THOMAS et
al., 1994) estudaram os efeitos de substâncias osmoprotetoras sobre a fermentação
de uma linhagem de cervejaria, S. cerevisiae, numa concentração muito elevada de
glicose (35%, m/v) e mostraram que quando o meio é suplementado por glicina
betaína, glicina e prolina, ocorre um aumento na quantidade de açúcar fermentado.
1.4.4 pH
O pH é um fator significativo para as fermentações industriais devido à sua
importância tanto no controle da contaminação bacteriana quanto ao seu efeito
sobre o crescimento da levedura, taxa de fermentação e formação de subprodutos
(AMORIM et al., 1996).
Os valores de pH dos mostos industriais geralmente encontram-se na faixa de
4,5 a 5,5 com uma boa capacidade tampão (THOMAS et al., 2002), mas as
leveduras mantêm uma homeostase de forma quase independente dos valores de
pH do meio, por isso toleram o tratamento ácido. O tratamento ácido também
provoca lixiviação de nutrientes tais como N, P e K da levedura que acaba por elevar
o pH. Embora o tratamento ácido se mostre estressante à levedura, ainda assim,
apresenta efeito benéfico de controlar a contaminação bacteriana, pois ocorre a
redução significativa no número de bactérias (AMORIM et al., 1996).
O pH ótimo para a produção de etanol por leveduras de S. cerevisiae situa-se,
geralmente, na faixa de 4 a 5. Aumentando-se o pH até 7, observa-se uma
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
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diminuição do rendimento em etanol, com aumento da produção de ácido da
produção de ácido acético (MAIA, 1989).
O pH interno da célula se mantém na faixa de 5,8 a 6,9, seja qual for o valor
do pH extracelular na faixa de 2 a 7. Entretanto, baixos valores de pH tornam o meio
mais agressivo, uma vez que exigem das leveduras um maior dispêndio de energia
na manutenção do pH interno, além de afetar as proteínas de transporte da
membrana citoplasmática que ficam expostas ao meio externo. O pH do meio
externo também afeta a velocidade de crescimento das leveduras, a qual atinge um
máximo quando o pH está compreendido entre 5 e 6. Na fermentação alcoólica, o
estabelecimento e controle do pH do meio em valores inferiores a 5 é também
considerado importante como meio para prevenir a contaminação por bactérias
láticas e acéticas (MAIA, 1989).
1.4.5 Oxigênio
A fermentação alcoólica é inibida na presença de grandes concentrações de
oxigênio, fenômeno este denominado “Efeito Pasteur”. Este efeito está intimamente
associado ao estado fisiológico da célula, sendo que se manifesta principalmente
nas leveduras que não estão na fase de crescimento (fase estacionária) nas quais
ocorre nítida diminuição do consumo específico de glicose. Por outro lado, em
células na fase de crescimento (fase exponencial), não se observa diferença
significativa quanto à velocidade de consumo da glicose entre uma célula aeróbia e
outra anaeróbia.
O uso de condições microaeróbicas (0,5% de saturação) permite aumentar a
utilização do substrato, aumentando a tolerância da levedura ao etanol, sem haver
um decréscimo significativo no rendimento em etanol por unidade de substrato
consumido. Tal fato está relacionado à síntese de ácidos insaturados constituintes
da membrana celular, que depende da disponibilidade de oxigênio. Além de
indispensáveis à viabilidade celular, os ácidos graxos insaturados e esteróis
aumentam a permeabilidade da membrana ao etanol (MAIA, 1989).
Apesar do oxigênio molecular ter tornado essencial à vida durante a evolução
continua a oferecer perigo para manutenção da viabilidade celular. O ânion
superóxido (O2-), o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH•) são as
mais importantes espécies de oxigênio reativo (ROS) produzidos pelas células.
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
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35
Estes compostos altamente oxidativos são continuamente formados durante o
metabolismo celular normal através das reações catalisadas por metais em
processos tais como respiração, β-oxidação de ácidos graxos, bem como, durante
as elevações em temperatura, etanol e concentrações de agentes químicos
estressantes (FRIDOVICH, 1981). Os radicais ROS causam danos oxidativos aos
ácidos nucléicos, lipídios, proteínas, carboidratos e outros componentes celulares
(VALENTINE et al., 1998). Além disso, alguns dos produtos resultantes de danos
oxidativos sobre lipídios e açúcares reagem rapidamente com proteínas e ácidos
nucléicos. Isto resulta em perdas na viabilidade celular e mutagênese. Células
requerem sistemas antioxidantes, que elimina o oxigênio ativo, para manter um
estado intracelular reduzido. O principal antioxidante é a glutationa cujo papel
consiste em proteger as células de leveduras contra agentes oxidantes, radicais
livres e agentes alquilantes. Os níveis de atividade de GPX2 (glutationa peroxidase)
aumentam com o estresse oxidativo celular (INOUE et al., 1999). Tais antioxidantes
representam o maior sistema de defesa oxidante não enzimático das leveduras.
Leveduras também possuem mecanismos enzimáticos para neutralizar os efeitos
dos radicais de oxigênio ativo. A defesa biológica primária contra os danos
oxidativos envolve os sistemas de proteção das proteínas, os quais removem os
radicais ROS ou seqüestram os íons metálicos. As defesas secundárias consistem
em enzimas que removem e/ou reparam os componentes dos produtos gerados pela
oxidação (MORADAS-FERREIRA et al., 1996). A enzima antioxidante denominada
superóxido dismutase encontra-se envolvida com conversão do ânion superóxido
em O2 e H2O2. A água oxigenada é degradada pela catalase ou peroxidase
(JAMIESON, 1998). A levedura S. cerevisiae possui duas isoformas
correspondentes a superóxido dismutase (codificada pelo gene SOD), uma
citoplasmática e dependente de Cu/Zn e outra mitocondrial dependente de Mn
(codificada pelos genes SOD1 e SOD2), as quais têm desempenhado um importante
papel na proteção de leveduras contra a toxidade do oxigênio (GRALLA e
VALENTINE, 1991). Além da elevação da sensibilidade a peróxidos e incapacidade
de crescimento das leveduras em certas fontes de carbono, outros diversos defeitos
metabólicos (p. ex. auxotrofias relativa à lisina e metionina) têm sido também,
associados com a deficiência na expressão do gene SOD (CHANG e KOSMAN,
1990).
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36
Embora pareça contraditório, sabe-se hoje que a completa falta de oxigênio
não é benéfica ao processo de produção de etanol (ALFENORE et al., 2004). Níveis
mais altos de rendimentos alcoólicos e menos glicerol formado foram obtidos em
culturas nas quais havia certa quantidade de oxigênio disponível.
1.4.6 Viabilidade
A viabilidade celular é sem dúvida um aspecto importante no controle da
fermentação alcoólica. Quanto maior esse número melhor será o desempenho do
processo. Como o ambiente das dornas de fermentação não é propriamente ideal
para manutenção da viabilidade celular, um controle minucioso deve ser feito pelas
unidades produtoras de etanol. Milanese-Rubilar e Maugeri (1990) verificaram que a
viabilidade celular dependia da concentração celular e do tempo de residência.
Aumentos da temperatura de fermentação produzem uma forte diminuição da
viabilidade celular, devido ao aumento das taxas de produção e acúmulo de etanol
no meio e nas células. A linhagem 19G, isolada de reatores durante a operação de
uma indústria brasileira, mostrou rendimentos máximos de etanol dentro de uma
faixa de 40 °C a 43 °C quando fermentou xarope de cana-de-açúcar 15% (açúcar
redutor total). No entanto, decréscimos em viabilidades foram observados para esta
linhagem acima de 37 °C (LALUCE et al., 1991).
Cysewski e Wilke (1977) observaram que a viabilidade celular diminui
continuamente em anaerobiose, mas permaneceu acima de 95% em aerobiose num
sistema de fermentação a vácuo. As leveduras utilizam o oxigênio para produzir
ácidos graxos polisaturados e seus precursores, compostos necessários para a
biosíntese de lipídeos constituintes da membrana plasmática e mitocondrial. A
adição ao meio de cultura de ácidos graxos insaturados ou esteróis melhora a
tolerância das leveduras ao etanol, assim, aumenta a viabilidade celular.
A fonte de nitrogênio, ácido oléico e ergosterol desempenham um importante
papel na produção de altas concentrações de etanol em altas velocidades com
manutenção de viabilidade. Diversos autores têm observado que o extrato de
levedura (CASEY et al., 1983; THOMAS e INGLEDEW, 1992; THOMAS et al., 1993;
JONES e INGLEDEW, 1994; BAFRNCOVÁ et al., 1999), amônia (LEAO e VAN
UDEN, 1983; JONES e INGLEDEW, 1994; NIESSEN et al., 2000), magnésio
(DOMBEK e INGRAM, 1986; CIESAROVA et al., 1996; BIRCH e WALKER, 2000) ou
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
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cálcio (NABAIS et al., 1988) exercem um efeito protetor sobre o crescimento,
fermentação, ou viabilidade, com estímulo sobre a velocidade de produção de
etanol. Uma suplementação com extrato de levedura melhorou a viabilidade e a
formação de biomassa em fermentações com alta densidade de células (CASEY et
al., 1983).
1.4.7 Contaminação bacteriana
As leveduras da fermentação alcoólica competem pelo substrato com
bactérias que normalmente habitam as dornas. Um processo de fermentação
considerado sadio trabalha com níveis de bactérias nunca menores que 105
células/mL (ANDRIETTA et al., 2006).
A procedência dessas é a mesma das leveduras nativas, isto é, a matéria
prima. As fontes de contaminação incluem: a cana-de-açúcar, as práticas agrícolas,
industrialização, extração, equipamentos (STUPIELLO, 1993). Entretanto a presença
de bactérias no processo, diferindo das leveduras nativas, nunca é benéfica para a
fermentação.
Embora o caldo ou o melaço diluído sejam um excelente meio de cultivo para
a grande maioria dos microrganismos, quando esse substrato passa a fazer parte do
processo de fermentação suas características são completamente modificadas. Os
microrganismos habitantes do mesmo, que se beneficiavam de todas as
propriedades não restritivas desse substrato, encontram na dorna de fermentação
um ambiente hostil. Nesse novo ambiente, os microrganismos contaminantes além
de competir com a levedura de processo têm que apresentar características que
lhes permitam crescer em condições de altos teores alcoólicos e alta acidez. São
alguns representantes dos gêneros Lactobacillus e Bacillus que reúnem as
características que os colocam como os principais contaminantes do ambiente
fermentativo. Gallo (1989) trabalhou em um extenso levantamento da microbiota
predominante de amostras de todo o ambiente fermentativo. Os resultados obtidos
revelaram que 98,52% das bactérias isoladas eram pertencentes ao grupo das
Gram+. O gênero Lactobacillus foi o mais freqüente (59,75%) e o gênero Bacillus
representaram 26,58% do total dos microrganismos isolados. Outros trabalhos
(RODINI, 1985; ROSALES, 1989; SEKI et al., 1989; OLIVA-NETO, 1990) de
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Introdução e Revisão de Literatura
38
levantamento da microbiota de processos fermentativos confirmam os resultados
obtidos por Gallo (1989).
Talvez o maior problema relativo aos altos níveis de contaminação nas dornas
sejam os problemas operacionais que o produto do metabolismo de certas bactérias
cause ao processo. A floculação do fermento é o mais sério deles. A falta de
homogeneidade do vinho fermentado faz com que a centrífuga não opere de forma
eficiente provocando sérios danos ao processo (ANDRIETTA et al., 2006).
1.5 FERMENTAÇÕES COM ALTA DENSIDADE DE CÉLULAS
O uso de altas densidades de células reduz o período de fermentação. As
destilarias brasileiras operam com altas concentrações de açúcar (10-20% de açúcar
redutor total, m/v) e altas densidades de células (10-12% de massa de células
úmidas, v/v). Altas densidades de células minimizam os efeitos do substrato e a
inibição pelo produto (RIESENBERG e GUTHKE, 1999), tornando possível realizar
fermentações em curtos períodos de tempo. Se a formação de biomassa for
significativa, ocorrerá a diminuição na produção de etanol. Em destilarias brasileiras,
o excesso de biomassa obtido no final de cada ciclo de fermentação é descartado
antes de iniciar um novo ciclo e usado na preparação de ração para animais
(LALUCE, 1991).
1.6 OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS
O planejamento estatístico de experimentos é uma ferramenta útil para
otimizar os processos onde muitas variáveis são envolvidas, possibilitando uma
melhor manipulação dos parâmetros, e uma análise mais representativa dos
resultados (CAZETTA et al., 2005). Os experimentos convencionais, nos quais
apenas uma variável passa por alterações com o tempo, não permitem avaliação
dos efeitos combinados de todos os fatores envolvidos no processo. Além disso, o
estudo de cada variável, de forma independente, consome muito tempo
experimental. Estas restrições podem ser superadas pelo uso de um planejamento
experimental estatístico combinado com a metodologia de superfície de resposta
(DE FAVERI et al., 2004). A metodologia de superfície de resposta (MSR) é uma
coleção de técnicas para delinear experimentos, construções de modelos, avaliando
Avaliação da produção de etanol... Crisla S. Souza
Introdução e Revisão de Literatura
39
os efeitos dos fatores ou parâmetros e encontrando condições ótimas de fatores
para as respostas desejáveis (WANG e LU, 2005). A MSR tem sido extensivamente
aplicada em muitas áreas da biotecnologia para otimização da produção de sorbitol
(CAZETTA et al., 2005), xilitol (DE FAVERI et al., 2004), ácido lático
(KOTZAMANIDIS et al., 2002), ácido cítrico (LI et al., 2002) e etanol (SREEKUMAR
et al., 1999).
1.6.1 Planejamento fatorial
O planejamento fatorial é muito empregado para avaliar a significância de
variáveis, bem como indicar condições ótimas para obtenção dos melhores
resultados.
Em um planejamento fatorial, inicialmente é preciso decidir os níveis
específicos dos valores dos fatores que serão usados nos experimentos. Neste tipo
de planejamento é necessário elaborar vários experimentos para todas as
combinações de níveis possíveis (FERREIRA et al., 2005). De acordo com SILVA
(1998), o principal objetivo do planejamento fatorial é relacionar empiricamente as
variáveis dependentes com as variáveis independentes, além disto, descobrir
estatisticamente o efeito de cada variável sobre a resposta desejável.
Uma das vantagens do planejamento fatorial consiste no agrupamento das
variáveis, o qual reduz o número de variáveis a ser estudado, ou reduz o número de
seus níveis e conseqüentemente ajuda a analisar as correlações entre eles. Assim,
torna-se possível reduzir consideravelmente o número de ensaios experimentais a
ser realizado (FERREIRA et al., 2005).
1.6.2 Metodologia de superfície de resposta (MSR)
Uma MSR pode ser definida como um método estatístico que utiliza dados
quantitativos de um delineamento experimental adequado para determinar e
simultaneamente solucionar equações multivariadas. Essas equações podem ser
representadas graficamente como superfícies de resposta, que podem ser usadas
de três formas: a) descrever como as variáveis em teste afetam as respostas; b)
para determinar as interrelações entre as variáveis em teste; e c) para descrever
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Introdução e Revisão de Literatura
40
efeitos combinados de todas as variáveis em teste sobre a resposta
(MONTGOMERY, 2001).
Seguem, abaixo, algumas definições de alguns termos considerados
relevantes:
a) Fatores ou variáveis independentes são características que podem ser
variadas no sistema; por exemplo, concentração de reagentes, força iônica,
pH, temperatura, etc;
b) Níveis se referem ao grau ou a faixa de variação que um fator no
processo sofrerá; exemplo, pH 2-10, tampão acetato 0,0 a 2 mol.L-1;
c) Respostas ou variável dependente consiste na variável que nos
interessa e seus efeitos sobre diferentes fatores; por exemplo, produção de
etanol, viabilidade.
Basicamente a MSR é um procedimento de quatro etapas:
a) identificar os fatores: o primeiro passo é identificar até 5 fatores que
sejam críticos ao estudo, ou seja os fatores responsáveis pela maior
variação no processo. Esta etapa presume que o pesquisador conheça
quais são os fatores que influenciam o processo. Se os fatores não forem
conhecidos, experimentos preliminares devem ser realizados para
identificar os principais fatores;
b) definir os níveis: o segundo passo consiste em definir a faixa em que os
fatores estão sendo estudados. Se a faixa for muito ampla corre-se o risco
de não encontrarmos o ponto ótimo. Neste caso, um segundo
planejamento com uma faixa mais restrita deve ser realizado;
c) escolher o delineamento experimental apropriado: os delineamentos
estabelecem uma ordem de como os experimentos devem ser realizados.
Ao cobrir toda faixa escolhida para o experimento, enfatizam-se os pontos
mais próximos ao ponto médio (ponto central), ao mesmo tempo em que
um número reduzido de experimentos é realizado para validação;
d) análise dos dados: a quarta etapa consiste em analisar os dados usando
um programa computacional adequado. As conclusões desses
experimentos devem ser confirmadas por experimentos posteriores nas
condições consideradas ótimas. Como em qualquer outro estudo
científico, os resultados não podem ser extrapolados para além dos
limites estabelecidos.
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Introdução e Revisão de Literatura
41
Fatores que devem ser considerados quando usamos a MSR
O uso efetivo da MSR deve levar em consideração cinco tipos de
presuposições:
a) os fatores que são críticos ao processo são conhecidos;
b) a região em que os fatores influem o processo é conhecida;
c) os fatores variam continuamente ao longo da faixa experimental
escolhida;
d) existe uma função matemática que relaciona os fatores à resposta
medida;
e) a resposta que é definida por essa função é uma superfície lisa.
A MSR apresenta as seguintes limitações:
a) grandes variações dos fatores podem resultar em conclusões falsas;
b) os fatores críticos não foram especificados corretamente;
c) a região de ótimo pode não ser determinada devido ao uso de uma faixa
muito estreita ou muito ampla de níveis de variação;
d) como em qualquer experimento, resultados distorcidos podem ser
obtidos caso bons procedimentos estatísticos não forem usados, tais
como aleatorização;
e) superestimar a computação: o pesquisador deve usar de bom senso e
seu conhecimento sobre o processo para chegar a conclusões
apropriadas dos seus dados.
42
Conclusões
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Conclusões
43
5 CONCLUSÕES
Otimização de condições em processo descontínuo
A otimização das condições visando obter maior produção de etanol e maior
viabilidade em processo descontínuo foi obtida, com sucesso, através da
metodologia de superfície de resposta (MSR), sendo que os resultados previstos
pelo modelo foram confirmados experimentalmente. As melhores condições obtidas
através da MSR foram: 200 g.L-1 de sacarose, 40 g.L-1 de inóculo a 30 °C,
resultando em 82,7 g.L-1 de etanol e 90% de viabilidade após 4 horas de
fermentação em meio sintético em processo descontínuo.
Comparação entre os tipos de alimentação
Utilizando-se concentrações de inóculo, sacarose e temperatura resultante do
tratamento estatístico, comparou-se o processo descontínuo com o descontínuo
alimentado com vazão constante e por pulsos. A alimentação por 5 pulsos de
volumes decrescentes de sacarose, permitiu obter maior viabilidade, produtividade e
rendimento.
Efeito da temperatura, concentração de sacarose no processo alimentado por pulsos Quando se elevou a temperatura, observou-se que só foi possível produzir
etanol com valores elevados de viabilidade em temperaturas elevadas quando a
sacarose adicionada foi reduzida para 150 g.L-1 a 37 °C e 100 g.L-1 a 40 °C.
Comparação das linhagens 63M e BG1
A linhagem 63M foi comparada em temperaturas elevadas com a BG1,
linhagem utilizada nas destilarias brasileiras, e observou-se que a linhagem 63M foi
melhor por produzir maiores quantidades de etanol, maiores produtividades e
rendimentos, independente da quantidade de sacarose.
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Conclusões
44
Efeito do tamanho do inóculo a 37 °C
Um estudo de variação de inóculo a 37 °C foi realizado e obtive-se que a
redução do inóculo para 20 g.L-1 permitiu alongar o tempo de fermentação de 3
horas para 6 horas, sem ganhos em viabilidade.
Reativação da levedura entre os ciclos de fermentação
O melhor tratamento de reativação foi quando se utilizou água destilada
enriquecida com 50 g.L-1 de sacarose e 10 g.L-1 de extrato de levedura.
Ciclos sucessivos de fermentação a 37 °C
Oito ciclos sucessivos de fermentação com reutilização de células da
linhagem 63M foram realizados em meio sintético em processo descontínuo
alimentado por pulsos de sacarose (150 g.L-1) e inóculo de 20 g.L-1 a 37 °C e uma
perda gradual de viabilidade foi observada (até 30% no 8° ciclo), mas uma
regeneração da proteína total foi observada a partir do 5° ciclo e o etanol final
permaneceu constante em todos os ciclos ao redor de 70 g.L-1.
45
Referências
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