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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO FOP MESTRADO EM HEBIATRIA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA DE CUIDADORES DE ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO NO MUNICÍPIO DO RECIFE- PE CAMARAGIBE-PE 2013

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA DE … · vida global no domínio ambiental (40,95), seguidos pelos domínios psicológico ... Estatísticas da QV segundo o tipo do

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  • UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

    FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO FOP

    MESTRADO EM HEBIATRIA

    AVALIAO DA QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA DE

    CUIDADORES DE ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO

    ESPECTRO DO AUTISMO NO MUNICPIO DO RECIFE- PE

    CAMARAGIBE-PE

    2013

  • IVSON GOUVEIA CURSINO

    AVALIAO DA QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA DE

    CUIDADORES DE ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO

    ESPECTRO DO AUTISMO NO MUNICPIO DO RECIFE- PE

    CAMARAGIBE-PE

    2013

    Dissertao apresentada a Faculdade de

    Odontologia da Universidade de Pernambuco

    FOP/UPE, como requisito para obteno do ttulo

    de Mestre em Hebiatria.

    rea de concentrao: Determinantes na Sade

    do Adolescente.

    Orientadora: Dra. Sandra Conceio Maria Vieira

  • DEDICATRIA

    Aos cuidadores, pais e responsveis de adolescentes

    deficientes que, vivenciando um mundo muito especial

    e diferenciado, fizeram-me ver o mundo de outra forma.

  • AGRADECIMENTO ESPECIAL

    Se fosses aerodinmica serias como o empuxo e a sustentao;

    Se fosses hidrodinmica serias como a hidrulica e a hidreltrica;

    Se fosses geodinmica serias como o campo magntico e o magma;

    Se fosses universal serias como as galxias e os buracos negros;

    Se fosses mltipla como um enxame de abelhas e um formigueiro;

    Se fosses microscpica serias como um DNA e uma clula humana;

    Se fosses inexplicvel serias como a energia e a f em Deus.

    No s tudo que relatei antes, mas, tens em ti, tudo desses conceitos !

    Obrigado pela enorme motivao para realizar este mestrado !

    minha amada esposa Rogria Sandra Tenrio Ferro Cursino !

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus por ser Dele, unicamente, a inspirao e iluminao para a construo em

    conjunto dessa pesquisa, bem como por tudo que at hoje me tem emprestado nessa vida

    terrena.

    Ao meu pai, in memoriam, e minha me pela educao que recebi e que, ao ser dada

    de forma quase instintiva, serviu de base para formao da minha vida, apoiando-me nos

    meus estudos e, consequentemente, na minha profisso.

    Aos meus filhos Rafael, Gabriel e Daniel por estarem fazendo parte da experincia de

    vida mais prazerosa que j tive; seja do ponto de vista de ser humano que anseia por uma

    gerao para perpetuar a sua memria em forma de capital intelectual, de homem que se

    orgulha de ser chamado de pai de vocs, de esposo que se sente completado, de famlia que

    serve de exemplo e, por fim, de cidado que ajuda a evoluir a sociedade e que evolui a si

    prprio.

    A minha orientadora, Sandra Vieira, inicialmente pela possibilidade de construo do

    conhecimento a partir das discusses, troca de ideias e convivncia, sem que existissem

    situaes de recalque ou orgulho das partes envolvidas naqueles poucos momentos de

    divergncias. E, finalmente, por ter-me despertado o interesse de estudar o mundo da

    deficincia na infncia e adolescncia. A professora Viviane Colares pela serenidade,

    percepo e pela capacidade de se superar diante das dificuldades, tanto do seu dia-a-dia

    profissional como pela que passou em sua vida pessoal e familiar.

    Aos professores e funcionrios da UPE, que participaram da formao do nosso

    mestrado com suas experincias. Aos meus Colegas de turma, pelos momentos de enfticos

    debates surgidos.

    Aos queridos gestores e demais profissionais das escolas onde a pesquisa foi realizada

    pela disponibilidade e ateno.

    A todos os cuidadores, pais, mes, avs e outros responsveis dos adolescentes com

    Transtorno do Espectro do Autismo pela simplicidade e prazer em participar da pesquisa,

    assim como pela lio de vida que aprendi de como ser pai/me e de como ser responsvel.

    Enfim, agradecer a todos pelo incentivo, direto ou indireto, que foram essenciais minha

    formao.

  • Por muitos anos, querido leitor, que ainda tenhas de viver, h de chegar um dia, e nesse dia uma hora, que te ser a ltima. Tanto para

    mim, que escrevo, como para ti, que ls este livro, est decretado o

    dia, o instante, em que nem eu poderei mais escrever nem tu ler.

    Quem o homem que viver e no ver a morte? (Sl 89,49). Est

    proferida a sentena. Nunca existiu homem to nscio que se julgasse

    isento da morte. O que sucedeu a teus antepassados, tambm suceder

    a ti. At os prncipes e monarcas deixaro este mundo. No subsistir

    deles mais que um mausolu de mrmore com inscrio pomposa que

    somente serve para nos patentear que dos grandes deste mundo s

    resta um pouco de p resguardado por aquelas lajes.

    mister, portanto, que no procuremos essa fortuna perecedora,

    mas a que no tem fim, j que nossas almas so imortais. De que te

    serviria ser feliz neste mundo, ainda que a verdadeira felicidade

    no se pode encontrar numa alma que vive afastada de Deus se

    depois tens de ser desgraado eternamente?

    (Santo Afonso de Ligrio Preparao para a Morte Consideraes

    sobre as Verdades Eternas)

  • RESUMO

    Esta dissertao teve como objetivo avaliar a percepo da qualidade de vida e sobrecarga de

    cuidadores de adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo. Esta pesquisa resultou

    em um estudo original sobre o tema, foi desenvolvido com 57cuidadores de adolescentes com

    Transtorno do Espectro do Autismo em instituies pblicas e privadas em Recife-PE. Para a

    avaliao da qualidade de vida foi utilizado o instrumento The World Health Organization

    Quality of Life, verso abreviada, e a Zarit Burden Interview Scale para avaliao da

    sobrecarga. Os dados foram tratados por meio de estatstica descritiva e com aplicao dos

    testes t-Student, Mann-Whitney, F (ANOVA), Kruskal-Wallis, Shapiro-Wilk e F de Levene.

    Foram analisados os dados no programa estatstico Statistical Package for Social Science

    (SPSS), verso 17.0, com nvel de significncia p

  • ABSTRACT

    This work aimed to evaluate the quality of life and the overburden of caregivers of

    adolescents with Autism Spectrum Disorder, in state public and private educational

    institutions in Recife-PE. A favorable opinion has been given by the Research Ethics

    Committee of the University of Pernambuco, under registration 150/11 and Presentation

    Certificate to Ethical Consideration under registration 0137.0.097.000-11. Held initially an

    article on the approach to pediatric dentistry patient with Autism Spectrum Disorder , which

    was conducted a literature review. Then , it was conducted an exploratory study with 44

    caregivers of intellectually disabled adolescents , the Association of Parents and Friends of

    Exceptional-Recife, with the participation of a scholarship student from Scientific Initiation

    Program for Academic Strengthening, linked to the University of Pernambuco. Then has been

    done a literature review on the topic of quality of life evaluation in caregivers of adolescents

    with Autism Spectrum Disorder in the last five years. Finally, we concluded the research

    itself, with an original study on the topic overburden and the quality of life of caregivers of

    adolescents with ASD, developed with 57 caregivers of adolescents with Autism Spectrum

    Disorder in public and private institutions in Recife - PE. For the assessment of quality of life

    was used The World Health Organization Quality of Life, abbreviated version and Zarit

    Burden Interview to evaluate the overburden. The data were treated by descriptive statistics

    and by application of qui-square test or Fisher exact test. Data were analyzed using the

    statistical program Statistical Package for Social Science, version 17.0, with a significance

    level of p < 0.05. Results: The sample, mostly mothers (89.5 %), with schooling up to 8 years

    (54.4 %), with the primary occupation as housewives (71.9 %), with a monthly income of up

    to 2 minimum wages (70.2 %), living with up to 3 people (63.2 %). Had a lower overall

    quality of life perception in the environmental field (40.95), followed by the psychological

    (47.22), physical (51.44) and social (53.95). We evaluated the quality of life in public schools

    in the state and obtained the highest scores for the social domain (56.25) and the lowest for

    the environmental (39,42). In the public institutions, the perception of quality of life in the

    psychological domain (44.63) was lower with the mother in the function of caregiver (p =

    0.049), with a statistically significant association. We analyzed the private institutions and the

    average of the physical domain (49.45) was the higher and the environmental and social areas

    (identical in 46.15) the lowest. The caregivers of public schools in the state showed higher

    scores of global overburden (45.18). On the same network, when correlated quality of life

    with burden, there was a lower perception for the environmental sphere (27.08) when the

    burden is intense, with a statistically significant result (p = 0.038). Conclusion: The results

    demonstrated we can conclude the necessity of the presence of the father with the family, the

    caregivers professionalization, the qualification of the multidisciplinary team that works with

    Autism Spectrum Disorder and the need for state subsidy to improve the quality of life

    perception and overburden.

    Keywords: quality of life; adolescents; autism spectrum disorder.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Mapa de Pernambuco............................................................................................. 45

    Figura 2.

    Localizao geogrfica das Gerncias Regionais de Educao (GRE) do Estado

    de Pernambuco..........................................................................................................

    45

    Figura 3. Relao nominal das GRE do Estado de Pernambuco........................................... 46

  • LISTA DE TABELAS

    Artigo 1

    Tabela 1.

    Distribuio dos artigos segundo o pas e ano de estudo.............................

    38

    Tabela 2.

    Distribuio dos artigos segundo autor, ano de publicao, pas, objetivo,

    amostra e instrumento utilizado...................................................................

    39

    Procedimentos Metodolgicos

    Tabela 1.

    Distribuio das Escolas Privadas e Pblicas Estaduais com matrculas na

    Educao Especial em Recife Pernambuco...............................................

    46

    Artigo 2

    Tabela 1.

    Avaliao do perfil scio demogrfico e SBC dos cuidadores de

    adolescentes com deficincia........................................................................

    60

    Tabela 2.

    Estatsticas da QV global pelos seus respectivos domnios..........................

    61

    Tabela 3.

    Estatsticas da QV segundo o tipo do cuidador de adolescentes com

    deficincia mental.........................................................................................

    61

    Tabela 4.

    Estatstica QV segundo a ocupao do cuidador de adolescente com

    deficincia.....................................................................................................

    61

    Tabela 5.

    Estatsticas da QV segundo os anos de estudos do cuidador do

    adolescente com deficincia.........................................................................

    62

    Tabela 6.

    Estatsticas da relao entre a QV e a SBC do cuidador..............................

    62

    Artigo 3.

    Tabela 1.

    Avaliao do perfil sociodemogrfico do cuidador do adolescente com

    TEA, segundo o tipo de escola.....................................................................

    76

    Tabela 2.

    Estatsticas dos domnios da QV e SBC do cuidador do adolescente com

    TEA, segundo o tipo de escola.....................................................................

    77

    Tabela 3.

    Estatsticas dos domnios da QV segundo a SBC do cuidador do

    adolescente com TEA, na escola pblica estadual.......................................

    77

    Tabela 4.

    Estatsticas dos domnios da QV segundo o tipo do cuidador do

    adolescente com TEA, na escola pblica estadual.......................................

    78

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1. Fluxograma do desenho do estudo..................................................................... 44

    Quadro 2.

    Domnios e facetas do WHOQOL-Bref ..........................................................

    49

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    SIGLAS / DESIGNAO

    APAE Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais

    CAAE Certificado de Apresentao para apreciao tica

    CEP Comit de tica em Pesquisa

    DI Deficincia Intelectual

    ECA Estatuto da Criana e do Adolescente

    FACEPE Fundao de Amparo Cincia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

    FOP Faculdade de Odontologia de Pernambuco

    GRE Gerncia Regional de Educao

    IBGE Instituto Brasileiro Geogrfico Estatstico

    LILACS - Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade

    MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

    MS Ministrio da Sade

    MEC Ministrio da Educao

    OMS Organizao Mundial de Sade

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PFA Programa de Fortalecimento Acadmico da Universidade de Pernambuco

    PUBMED Publicaes Mdicas

    QV Qualidade de Vida

    SBC Sobrecarga

    SD Sndrome de Down

    SEDUC Secretaria de Educao

    ScIELO Scientific Electronic Library Online

    SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    TEA Transtorno do Espectro do Autismo

    http://www.cepunifesp.com.br/
  • UPE Universidade de Pernambuco

    ZBI Zarit Burden Interview

    WHOQOL - The World Health Organization Quality of Life

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.................................................................................................... 16

    2

    OBJETIVOS.........................................................................................................

    19

    2.1 Geral................................................................................................................. 20

    2.2 Especficos........................................................................................................ 20

    3 ESTRUTURA DA DISSERTAO................................................................... 21

    4 REVISO DA LITERATURA............................................................................ 23

    Artigo 1.

    Qualidade de vida em cuidadores de adolescentes com TEA: uma reviso da

    literatura.................................................................................................................

    24

    5

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS.......................................................

    43

    6.1 Desenho do estudo............................................................................................ 44

    6.2 Local do estudo................................................................................................. 45

    6.3 Populao do estudo......................................................................................... 47

    6.3.1 Critrios de incluso e excluso.................................................................... 47

    6.4 Amostra............................................................................................................ 47

    6.5 Instrumento do estudo...................................................................................... 48

    6.6 Coleta de dados................................................................................................. 50

    6.7 Estudo exploratrio........................................................................................... 51

    6.8 Anlise de dados............................................................................................... 51

    6.9 Consideraes tico e legais............................................................................. 51

    6

    RESULTADOS.....................................................................................................

    53

    Avaliao da Qualidade de Vida e Sobrecarga de Cuidadores de Adolescentes

    com Deficincia Intelectual na APAE- Recife-PE: estudo preliminar..................

    54

    Avaliao da Qualidade de Vida e Sobrecarga de Cuidadores de Adolescentes

    com Transtorno do Espectro do Autismo em Recife-PE........................................

    67

    7

    CONSIDERAES FINAIS...............................................................................

    84

    REFERNCIAS....................................................................................................

    86

    APNDICE...........................................................................................................

    94

    ANEXOS................................................................................................................

    98

  • 16

    1. INTRODUO

  • 17

    A adolescncia uma etapa da vida fundamental no processo de crescimento e

    desenvolvimento humano, a qual marcada no s pela modificao para a formao do

    corpo adulto, mas tambm pela estruturao da personalidade do indivduo. Ela pode ser

    considerada como um fenmeno de passagem, a qual engloba aspectos biolgicos,

    psicolgicos, sociais e culturais, que no podem ser dissociados (COIMBRA; BOCCO;

    NASCIMENTO, 2005).Para a Organizao Mundial de Sade (OMS) este perodo

    compreendido dos 10 aos 19 anos (OMS, 2007).

    Para um adolescente com deficincia esta fase tem nuances prprias, de modo que, alm

    dos conflitos caractersticos do momento, ele tem que formar sua identidade como pessoa que

    possui uma deficincia, e muitas vezes esta autonomia de vida adulta no lhe conferida

    (BASTOS; DESLANDES, 2005; ZUGLIANI; MOTTI; CASTANHO, 2007).

    No decreto brasileiro de n 6.949, de 25 de agosto de 2009, o qual promulga a

    Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo

    Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de maro de 2007, define deficincia como toda

    perda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica que

    gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado normal para

    o ser humano. Define tambm como deficincia mental o funcionamento intelectual

    significativamente inferior mdia, com manifestao antes dos dezoito anos e limitaes

    associadas a duas ou mais reas de habilidades adaptativas tais como: comunicao, cuidado

    pessoal, habilidades sociais, utilizao dos recursos da comunidade, sade e segurana, e, por

    fim, habilidades acadmicas.

    Dentro das discusses pedaggicas, onde se mira a cognio, aparecem os processos

    psicolgica envolvidos na formao dos conceitos, so eles: a ateno, a percepo, a

    memria, a generalizao, e, por fim o pensamento e a linguagem (PIMENTEL, 2012).

    Especificamente no campo da deficincia mental o desenvolvimento cognitivo encontra-se

    comprometido em diversos estgios de gravidade. A abstrao, que consiste na capacidade de

    separar qualidades, quantidades, propriedades que existem nas coisas percebidas e organiz-

    las em ideias gerais que no possuem objetos determinados (CHAUI, 2010), ser

    inevitavelmente atingida nesses adolescentes com deficincia mental.

    Dentre a vasta gama de deficincia mental em adolescentes destaca-se a luta de

    movimentos sociais, entre ao quais entidades de pais de pessoas com transtornos do espectro

    do autismo (TEA), que passo a passo, vm conquistando direitos e, no campo da sade,

    ajudando a construir equidade e integralidade nos cuidados das pessoas com TEA (BRASIL,

    2013).

  • 18

    Com o aumento da expectativa de vida, o nmero de pessoas com deficincia est

    crescendo. A OMS (2004) estima que cerca de 10% da populao de qualquer pas possui

    algum tipo de deficincia. Estima-se que no Brasil existam 46 milhes de pessoas com pelo

    menos uma deficincia (IBGE, 2010). Junto com a noo de expectativa de vida outros

    conceitos como qualidade de vida (QV) e sobrecarga (SBC) aparecem.

    A QV foi definida pelo grupo de QV da OMS (1996) como "a percepo do indivduo

    de sua posio na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

    relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes".

    O termo SBC vem de uma traduo do termo ingls burden. A sua definio refere-se

    ao conjunto das consequncias que ocorrem na sequncia de um contato prximo com um

    doente (SEQUEIRA, 2010).

    Diante da premissa cientfica da busca de elementos que melhorem as condies da vida

    humana e procurando amenizar a carga da responsabilidade imbuda na funo de cuidador de

    adolescente com deficincia mental que, neste trabalho, especificamente, lida com os

    adolescentes com TEA em Recife-Pernambuco, esta pesquisa aplicou instrumentos referentes

    aos conceitos de QV e SBC, para com esses cuidadores, visando s possveis inferncias a

    respeito do universo daqueles que no se enquadram por completo num parmetro de

    normalidade.

  • 19

    2. OBJETIVOS

  • 20

    2.1. Objetivo Geral

    Avaliar a qualidade de vida e a sobrecarga de cuidadores de adolescentes com

    transtorno do espectro do autismo, matriculados nas instituies de ensino pblico estadual e

    privado de Recife - Pernambuco.

    2.2. Objetivos Especficos

    2.2.1. Descrever os aspectos sociodemogrficos da amostra;

    2.2.2. Conhecer a avaliao da qualidade de vida dos cuidadores de adolescentes com

    transtorno do espectro do autismo;

    2.2.3. Identificar em que domnios do instrumento de qualidade de vida os cuidadores dos

    adolescentes com transtorno do espectro do autismo relataram resultados maiores e

    menores;

    2.2.4. Comparar os domnios de qualidade de vida levando em conta as caractersticas

    sociodemogrficas dos cuidadores de adolescentes com transtorno do espectro do

    autismo;

    1.2.5. Identificar a sobrecarga dos cuidadores de adolescentes com transtorno do espectro do

    autismo; e,

    1.2.6. Verificar se h correlao entre a sobrecarga e a qualidade de vida dos cuidadores dos

    adolescentes com transtorno do espectro do autismo.

  • 21

    3. ESTRUTURAO DA DISSERTAO

  • 22

    Essa dissertao foi estruturada no formato de trs artigos. O primeiro artigo:

    Qualidade de vida de cuidadores de adolescentes com TEA: uma reviso da literatura;

    executou-se sumarizando os principais resultados das pesquisas que investigaram qualidade

    de vida cuidadores de adolescentes com TEA nos ltimos 5 anos. O segundo artigo:

    Avaliao da qualidade de vida e sobrecarga de cuidadores de adolescentes com deficincia

    intelectual no Recife-PE: um estudo preliminar. No terceiro artigo: Avaliao da qualidade

    de vida e sobrecarga de cuidadores de adolescentes com transtornos do espectro do autismo

    em Recife-PE, finalmente, concluiu-se com a pesquisa propriamente dita, onde foi realizada

    uma investigao original que analisou a QV e SBC dos cuidadores de adolescentes com

    TEA, nas escolas pblicas estaduais e privadas, contemplando assim os objetivos descritos na

    sesso anterior.

  • 23

    4. REVISO DE LITERATURA

  • 24

    Qualidade de vida de cuidadores de adolescentes com TEA: uma reviso da

    literatura

    Quality of life in caregivers of TEA adolescents: a literature review

    Autores: Ivson Gouveia Cursino1; Sandra Conceio Maria Vieira

    2.

    1. Mdico. Mestrando em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco. Camaragibe, PE, Brasil.

    2. Doutora em Odontopediatria. Professora adjunta da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco. Camaragibe, PE, Brasil.

  • 25

    Resumo:

    OBJETIVO: Explorar as publicaes cientficas relacionadas qualidade de vida em

    cuidadores de adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo, no perodo corresponde

    aos ltimos 05 anos. MTODOS: Pesquisa de reviso em artigos indexados em bancos de

    dados eletrnicos da Lilacs, SciELo e Medline / PubMed entre os anos 2009 a 2013 e que

    continham resumos. Foram utilizados como descritores em sade: adolescente, autismo,

    qualidade de vida e cuidadores. RESULTADOS: Foram selecionados 18 artigos que

    possuam os critrios de incluso. Alguns artigos discutiam a qualidade de vida dos

    cuidadores de adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo associando-a: a)

    atividades que necessitam de abordagem integrada e sistmica, b) o domnio do meio

    ambiente como pior desempenho e o melhor no domnio fsico, c) melhoria da escolaridade e

    renda familiar associada melhor percepo desta qualidade de vida, bem como sobrecarga.

    Outros discutiram parmetros como: a) dificuldades psicossociais no adolescente com

    autismo, b) a falta de conhecimento profissional de quem trabalha com pacientes com

    Transtorno do Espectro do Autismo, c) sinalizaes de depresso em mes de pacientes com

    Transtorno do Espectro do Autismo, d) desenvolvimento de habilidades sociais e programas

    para treinamento profissional desses adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo, e)

    apoio comunitrio como melhora do enfretamento dos problemas, f) maior rede social

    favorecendo um melhor bem-estar materno, e, g) maior estresse entre as mes responsveis

    por adolescente com Transtorno do Espectro do Autismo. CONCLUSO: Nestes diversos

    artigos percebeu-se a presena de mltiplos e complexos fatores que esto envolvidos na

    questo central que um adolescente com Transtorno do Espectro do Autismo. A necessidade

    de entendimento da patologia Transtorno do Espectro do Autismo, devido a toda sua

    complexidade, mostra-se presente. Tambm a compreenso da adolescncia de um ser com

    Transtorno do Espectro do Autismo desponta como objeto de estudo. E, por fim, a confeco

    de programas de promoo da sade de cuidadores com a finalidade educativa de diminuir as

    dificuldades do enfretamento das dificuldades desses adolescentes.

    Palavras Chave: adolescente, TEA, Qualidade de vida e cuidadores

  • 26

    ABSTRACT

    OBJECTIVE: Explore the scientific publications related to quality of life of caregivers of

    adolescents with Autism Spectrum Disorder, in the period corresponding to the last 05 years.

    METHODS: A research review of articles indexed in electronic databases of Lilacs , SciELo

    and Medline / PubMed between the years 2009 and 2013 and containing summaries. Were

    used as descriptors in health care: adolescent, autism, quality of life and caregivers.

    RESULTS: Were selected 18 articles that had the inclusion criteria. Some articles discussed

    the quality of life of caregivers of adolescents with Autism Spectrum Disorder associating it

    to: a) the activities that require integrated and systemic approach, b) the domain of the

    environment was the best and worst performance was in the physical domain, c) improving

    education and family income with a better perception of quality of life and overburden. Other

    articles discussed the parameters as: a) psychosocial problems in adolescents with autism, b)

    the lack of professional knowledge of those working with Autism Spectrum Disorder

    patients, c) signs of depression in mothers of Autism Spectrum Disorder patients, d)

    development of social skills and programs to professional training of these adolescents with

    Autism Spectrum Disorder, e) Community support such as improved coping problems , f)

    largest social network promoting better maternal well-being , and g) increased stress among

    mothers responsible for adolescents with Autism Spectrum Disorder. CONCLUSION : In

    these several articles there was the presence of multiple and complex factors that are involved

    the central question, the teenager with Autism Spectrum Disorder. The need for understanding

    the pathology Autism Spectrum Disorder due to its complexity , is shown. Also the

    understanding of adolescence with Autism Spectrum Disorder stands out as an object of

    study. And finally, the developing of programs promoting the health of caregivers with

    educational purpose of reducing the difficulties of coping difficulties these teens.

    Keywords: Adolescent , Autism , Quality of life, Caregivers

  • 27

    INTRODUO

    Desde a inteno da concepo do futuro ser humano (por exemplo: a gravidez desejada

    e a no desejada) j se estima quais caminhos podero surgir para esse filho gerado. Durante e

    transpassando a gestao a responsabilidade dos pais permanece como questo sine qua non

    para o equilbrio e desenvolvimento da infncia dessa nova gerao. Progredindo para a fase

    da adolescncia esta responsabilidade no diminui, mas amplia-se e reveste-se de

    caractersticas prprias dessa fase da vida humana. Tanto importante falar em

    responsabilidade que judicialmente falando, os direitos que permeiam as relaes familiares

    constantemente sofrem abusos ou omisses, fazendo com que o Direito das Obrigaes dentro

    do mbito do Direito da Famlia crie uma responsabilizao civil para os pais que tomarem

    conduta omissiva quando aos seus deveres.

    A adolescncia uma etapa da vida fundamental no processo de crescimento e

    desenvolvimento humano, a qual marcada no s pela modificao para a formao do

    corpo adulto, mas tambm pela estruturao da personalidade do indivduo. Ela pode ser

    considerada como um fenmeno de passagem, a qual engloba aspectos biolgicos,

    psicolgicos, sociais e culturais, que no podem ser dissociados. Para a Organizao Mundial

    de Sade (OMS) este perodo compreendido dos 10 aos 19 anos1.

    Para um adolescente com deficincia esta fase tem nuances prprias, de modo que, alm

    dos conflitos caractersticos do momento, ele tem que formar sua identidade como pessoa que

    possui uma deficincia, e muitas vezes esta autonomia de vida adulta no lhe conferida2,3

    .

    No decreto brasileiro de n 6.949, de 25 de agosto de 2009, o qual promulga a

    Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo

    Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de maro de 2007, define deficincia como toda

    perda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica que

    gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado normal para

    o ser humano. Define tambm como deficincia mental o funcionamento intelectual

    significativamente inferior mdia, com manifestao antes dos dezoito anos e limitaes

    associadas a duas ou mais reas de habilidades adaptativas tais como: comunicao, cuidado

    pessoal, habilidades sociais, utilizao dos recursos da comunidade, sade e segurana, e, por

    fim, habilidades acadmicas4.

    Dentro das discusses pedaggicas, onde se mira a cognio, aparecem os processos

    psicolgica envolvidos na formao dos conceitos, so eles: a ateno, a percepo, a

    memria, a generalizao, e, por fim o pensamento e a linguagem5.

  • 28

    Especificamente no campo da deficincia mental o desenvolvimento cognitivo

    encontra-se comprometido em diversos estgios de gravidade. A abstrao, que consiste na

    capacidade de separar qualidades, quantidades, propriedades que existem nas coisas

    percebidas e organiz-las em idias gerais que no possuem objetos determinados6, ser

    inevitavelmente atingida nesses adolescentes com deficincia mental.

    Dentre a vasta gama de deficincia mental em adolescentes destaca-se a luta de

    movimentos sociais, entre ao quais entidades de pais de pessoas com TEA, que passo a passo,

    vm conquistando direitos e, no campo da sade, ajudando a construir equidade e

    integralidade nos cuidados das pessoas com TEA7.

    Com o aumento da expectativa de vida, o nmero de pessoas com deficincia est

    crescendo. A OMS estima que cerca de 10% da populao de qualquer pas possui algum tipo

    de deficincia8. Estima-se que no Brasil existam 46 milhes de pessoas com pelo menos uma

    deficincia9. Junto com a noo de expectativa de vida outros conceitos como QV e SBC

    aparecem.

    A QV foi definida pelo grupo de QV da OMS10

    (1996) como "a percepo do indivduo

    de sua posio na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

    relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes".

    O termo SBC vem de uma traduo do termo ingls burden. A sua definio refere-se

    ao conjunto das consequncias que ocorrem na sequncia de um contato prximo com um

    doente11

    .

    Diante da premissa cientfica da busca de elementos que melhorem as condies da vida

    humana e procurando amenizar a carga da responsabilidade imbuda na funo cuidador de

    adolescente com deficincia mental que, neste trabalho, especificamente, lida com os

    adolescentes com TEA em Recife - Pernambuco, esta pesquisa aplicou instrumentos

    referentes aos conceitos de QV e SBC, para com esses pais e cuidadores, visando s possveis

    inferncias a respeito do universo daqueles que no se enquadram por completo num

    parmetro de normalidade.

  • 29

    MTODOS

    Trata-se de uma reviso de artigos publicados e indexados em bancos de dados

    eletrnicos sobre a QV de cuidadores de adolescentes com TEA da Literatura Latino-

    Americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific Eletronic Library Online

    (SCIELO) e Literatura Internacional em Cincias da Sade (MEDLINE/ PUBMED) entre os

    anos de 2009 a 2013. Foram utilizados os seguintes descritores em sade: autismo, QV,

    adolescente e cuidadores. Cabe a explicao que a utilizao do descritor autismo deve-se

    necessidade de facilitar a busca de artigos j que o termo TEA uma condio adotada e

    padronizada recentemente.

    Foram encontrados 89 estudos, contendo os descritores de interesse. Inicialmente foi

    feita uma leitura dos artigos e selecionados 18artigos que atendiam os critrios de incluso:

    artigos com resumo e que tratavam de cuidadores de adolescentes com TEA. Foram excludos

    os estudos repetidos nas bases de dados, bem como aqueles cujo foco no se limitava a

    investigar a QV destes cuidadores e/ou no relacionassem assuntos inerentes adolescncia e

    ao TEA.

    A anlise dos artigos foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, foram

    identificados os dados de localizao do artigo, ano e peridico de publicao, autoria,

    objetivo, metodologia, resultados principais, utilizando uma planilha elaborada

    especificamente para este estudo com base nas questes da pesquisa. Na segunda etapa

    ocorreu a anlise dos artigos, cujos resultados foram sintetizados e discutidos.

    RESULTADOS

    A amostra do estudo consistiu em 18 (dezoito) artigos, 5(cinco) no idioma ingls e 3

    (trs) em portugus, 1 (um) em francs e 1 (um) em alemo . Os estudos foram desenvolvidos

    em diversos pases como Estados Unidos, Brasil, Canad, Qatar, Austrlia, Turquia, Nigria,

    Sucia, Frana e Alemanha (Tabela 1).

    Em relao ao nmero de artigos encontrados percebe-se que existem poucos estudos

    tratando especificamente sobre a QV de cuidadores de adolescentes com TEA. Foram

    utilizadas como ferramenta de pesquisa, em 5(cinco) artigos, o instrumento The World Health

    Organization for Quality of Life verso abreviada (WHOQOL-Bref), em 1 (um) artigo o

    Manchaster curto, em mais 1 (um) artigo o VSP-A e em 1 (um) ltimo, o modelo comboio.

    Caracterizando-se, desta forma, como pesquisas quantitativas.

  • 30

    Em 1 (um) artigo foi realizado um estudo com grupo controle com no-autistas. Em

    mais 1(um) foi aplicado questionrio para investigao de conhecimento de profissionais de

    sade sobre o tema TEA. Em um outro artigo pesquisou-se a postura de irmo saudvel de

    TEA perante s adversidades inerentes doena do irmo com TEA. Num outro foi avaliado

    a aplicao de capacitao profissional de pacientes com TEA. Totalizaram-se 4 (quatro)

    artigos.

    Nos ltimos 6 (seis) artigos foram avaliados, respectivamente: a) a necessidade de

    abordagem sistmica e integrada para com adolescentes com TEA, b) validao de

    propriedades psicomtricas em cuidadores, c) dificuldades psicossociais nesses adolescentes,

    d) o uso de habilidades sociais, e) o apoio comunitrio para auxiliar o enfretamento da famlia

    diante da patologia, e, por fim, f) avaliao do estresse de mes de pacientes com TEA. A

    metodologia desses ltimos.

    Estes ltimos 10 (dez) artigos abordaram a temtica utilizando uma metodologia

    qualitativa com questionrios semi-estruturados adaptados pelos autores.

    Por terem sido encontrados apenas 5 (cinco) artigos que contemplaram todos os

    descritores desta reviso, que so eles: adolescente, autismo, QV e cuidadores; aproveitou-se,

    no mximo, a utilizao dos outros artigos encontrados levando em conta a presena de 1(um)

    ou mais descritor e a relevncia do tema pesquisado nesses outros artigos (Tabela 2).

    DISCUSSO

    Gardiner e Larocci12

    utilizaram-se do princpio da psicopatologia do desenvolvimento,

    onde processos de adaptao adequada ou inadequada podem favorecer famlias que

    convivem com deficincias de desenvolvimento, com especial ateno s famlias com

    autistas. Demonstrou-se como uma abordagem integrada, sistmica e temporal ajudar a gerar

    perguntas mais refinadas sobre QV entre as famlias que cuidam de indivduos com

    deficincia de desenvolvimento.

    Segundo a pesquisa transversal de Rahul Khanna et. al.13

    com 304 cuidadores de

    crianas foi buscado o objetivo de validar as propriedades psicomtricas do Questionrio

    Strain Cuidador que serve para avaliar a carga experimentada por pais de crianas e

    adolescentes com distrbios emocionais e comportamentais graves, especificamente com

    TEA.

    J Clary et. al.14

    utilizou uma amostra de 132 crianas e adolescentes com epilepsia

    onde procuraram pesquisar para prever em que habilidades adaptativas a QV relacionou-se.

  • 31

    Foram tambm avaliadas as caractersticas demogrficas e especficas da amostra. O

    resultado mostrou uma avaliao neuropsicolgica evidenciando altas taxas de dificuldades

    psicossociais e as preocupaes em relao QV. A avaliao precoce da patologia e o

    tratamento de problemas psicossociais podem ser benficos para crianas e adolescentes com

    epilepsia.

    Kheir et. al.15

    perceberam que cuidadores de crianas e adolescentes com TEA que

    participavam da ateno primria de sade no Qatar, quando comparadas com um grupo

    controle sem TEA, preocuparam-se mais, e de forma pessimista, sobre o futuro desses

    pacientes com TEA em relao uma vida social normal.

    Igwe et. al.16

    aplicou no Ebonyi Estado, que um estado sul-oriental do pas da Nigria,

    um questionrio que avalia o conhecimento sobre TEA entre os trabalhadores de sade

    (KCAHW questionrio), especificamente enfermeiros peditricos e psiquitricos. Os

    resultados mostraram pontuaes com dficits de conhecimento sobre TEA entre os grupos de

    estudo.

    O objetivo do estudo de Fvero-Nunes e dos Santos17

    foi avaliar a prevalncia de

    disforia/sintomas depressivos em mes de crianas com TEA e identificar as correlaes entre

    QV e perfil sociodemogrfico. Um estudo exploratrio, descritivo e transversal foi realizado,

    envolvendo 20 mes, atravs da aplicao de um questionrio de perfil sociodemogrfico, a

    verso brasileira do Inventrio de Depresso de Beck (BDI) e a QV do WHOQOL-

    Bref. Critrios de disforia/depresso foram encontrados em 15% das mes. QV foi avaliada

    como positiva em 70%, no entanto, apenas 40% estavam satisfeitos com a sua sade. O

    domnio fsico (mdia = 69,4) foi percebido como o melhor, e domnio meio ambiente como o

    pior (mdia = 60,8). QV teve uma associao positiva com a renda familiar e nvel de

    educao, e uma associao negativa com a depresso.

    Pimenta et. al.18

    estudou e avaliou a QV e SBC de cuidadores informais de pessoas com

    deficincia intelectual da grande Florianpolis. Utilizou-se do WHOQOL-Bref para avaliao

    da QV e para a SBC o ZBI. Os cuidadores apresentaram pior escore de QV no domnio meio

    ambiente, seguido dos domnios psicolgico e fsico. Os resultados apontaram a dependncia

    e a responsabilidade pelo cuidado com maiores valores de SBC. Concluram que os dados

    mostram que quanto maior a SBC relatada, pior a QV avaliada, apontando uma relao direta

    da SBC na QV dos cuidadores. Os cuidadores atriburam falta de dinheiro, o excesso de

    responsabilidade e a dependncia como sendo os principais fatores do desgaste.

    No estudo de Braccialli et. al.19

    objetivou-se analisar e comparar a QV em sade de

    cuidadores de pessoas com necessidades especiais em atendimento em uma instituio de

  • 32

    reabilitao. Participaram 90 cuidadores principais de pessoas com necessidades especiais.

    Foram utilizados dois instrumentos: 1) um questionrio com perguntas estruturadas que

    versou sobre o perfil do cuidador e da pessoa com necessidades especiais em atendimento na

    instituio; 2) um questionrio de medida de qualidade de vida, o WHOQOL-Bref,

    desenvolvido pela OMS. Os resultados demonstraram que houve significncia, apenas, entre a

    QV do cuidador no domnio fsico e a idade da pessoa com necessidade especial, indicando

    que quanto mais velha a pessoa com necessidades especiais, mais difcil e penoso o ato de

    cuidar.

    No estudo de Green20

    ela procurou fazer uma reviso da literatura para resumir os

    estudos sobre o impacto psicossocial do crescimento com um irmo com autismo e identificar

    lacunas na literatura relacionada. Bases de dados eletrnicas foram revistos, a fim de avaliar

    criticamente os 14 artigos relevantes ao tema. O TEA pareceu contribuir como estressor

    ambiental de uma maneira exclusiva durante o desenvolvimento. Quando vivenciado no

    contexto de fatores de risco demogrficos adicionais, estes estressores podem resultar em

    dificuldades de adaptao s exigncias da criana com necessidades especiais. Apesar de

    alguma vulnerabilidade a alteraes comportamentais e emocionais em crianas em situao

    de risco, os irmos tm o potencial no s para ajustarem-se, mas para prosperar em face da

    adversidade da deficincia.

    Em seu estudo Tekinarslan21

    teve como objetivo comparar a QV e depresso em mes

    turcas de crianas com sndrome de Down, paralisia cerebral, e TEA. Duzentas e cinquenta e

    duas mes turcas participaram do estudo. Os instrumentos utilizados foram para QV o

    WHOQOL-Bref e o BDI para depresso. Como resultado percebeu-se que com o aumento da

    escolaridade e da renda a QV das mes aumentou enquanto que a depresso diminui. Alm

    disso, a depresso e a QV diminua em mulheres mais velhas. Alm disso, os resultados

    indicaram correlaes negativas significativas entre a depresso da me e escores de QV em

    todos os domnios do WHOQOL-Breef.

    Taylor22

    procurou realizar uma reviso sistemtica levantando evidncias sobre

    intervenes para formao profissional de pessoas com TEA entre as idades de 13 e 30 anos.

    Poucos estudos foram realizados para avaliar intervenes profissionais para adolescentes e

    jovens adultos com TEA. Como tal, h muito pouca evidncia disponvel para avaliar o

    emprego de abordagens profissional especfica com indivduos de transio para a vida adulta.

    Estudos individuais sugerem que programas de formao profissional podem aumentar o

    sucesso do emprego das intervenes; no entanto, a capacidade de compreender o benefcio

  • 33

    global de emprego desses pacientes apoiado em programas limitada dada a pesquisa

    existente.

    Reichowet. al.23

    procuraram determinar a eficcia da aplicao de grupos de habilidades

    sociais para melhorar a competncia social, a comunicao social e QV de pessoas com TEA,

    entre 6 e 21 anos de idade. Grupos de habilidades sociais uma interveno comum para

    indivduos com TEA. Apesar de uma prtica frequentemente recomendada, poucos estudos

    que abordam a eficcia dos grupos de habilidades sociais tm mostrado resultados. Ensaios

    controlados e randomizados foram feitos comparando um grupo que se utilizava do trabalho

    em habilidades sociais e outro grupo de controle que no recebiam essas intervenes. Foi

    percebido que existe alguma evidncia de que os grupos de habilidades sociais podem

    melhorar a competncia social para algumas crianas e adolescentes com Sndrome de

    Asperger. Mais pesquisas so necessrias para tirar concluses mais robustas, especialmente

    no que diz respeito melhoria da QV.

    Wentz et. al.24

    estudou 10 indivduos, entre 15 e 26 anos, com o objetivo de desenvolver

    um suporte baseado via internet (tipo chat) com um modelo de treinamento para jovens com

    TEA durante 08 semanas. Foram aplicados os questionrios de relato de senso de coerncia, a

    Escala de Auto-estima Rosenberg, o Manchester Curto de Avaliao da QV, o Montgomery

    sberg Depression Rating Scale, e o Hospital Anxiety and Depression Scale foram

    distribudos antes e aps a interveno. Como concluso foi relatado que o modelo pode ser

    um complemento importante para outras intervenes com jovens com TEA.

    O objetivo do estudo de Hall25

    foi observar como se comportavam famlias de pacientes

    com TEA desde o nascimento at os 21 anos. Realizou-se um estudo descritivo, correlativo e

    transversal com 38 pais de crianas com TEA. Foi usado o McCubbin e Patterson (1983),

    instrumentos que verificaram o modelo de comportamento da famlia e as associaes entre as

    crianas com TEA, o apoio da comunidade para a famlia e o enfrentamento da famlia.

    Resultados deste estudo indicam uma associao entre o aumento do apoio comunitrio e

    aumento de estratgias de enfrentamento da famlia.

    O estudo de Cottenceau et. al.26

    teve como o objetivo esclarecer as consequncias do

    cotidiano do adolescente com TEA sem retardo mental e consider-los em comparao com o

    impacto de uma doena somtica crnica (diabetes) um questionrio para avaliar QV. Vinte e

    seis adolescentes com TEA, 44 adolescentes diabticos e 250 controles completaram um

    questionrio auto-administrado e validado em QV, chamado VSP-A. Os melhores resultados

    foram obtidos para auto-imagem e as relaes com os pais e professores. Parmetros sociais

    afetaram a QV de indivduos com TEA, como ter amigos, praticar regularmente um esporte e

  • 34

    ter o apoio de um cuidador na escola. Para indivduos com TEA sem retardo mental o

    comprometimento da QV foi significativo na adolescncia e idade adulta jovem. Nesses

    adolescentes foi percebido uma insatisfao com seus relacionamentos.

    Smith et. al.27

    investigou em seu estudo o impacto do apoio social sobre o bem-estar

    psicolgico de mes de adolescentes e adultos com TEA (n = 269). Quantidade de suporte

    (nmero de membros de redes sociais), bem como valncia de apoio (apoio positivo e apoio

    negativo), foram avaliadas utilizando uma verso modificada do "modelo de comboio"

    desenvolvido por Antonucci e Akiyama28

    (1987). Ter uma rede social maior foi associado

    com melhorias no bem-estar da me. Nveis elevados de apoio negativo durante o perodo de

    estudo foram associados com aumento dos sintomas depressivos e afeto negativo. O apoio

    social suscitou mudanas no bem-estar e no impacto dos problemas de comportamento da

    criana.

    Em Johnson et. al.29

    o objetivo do estudo foi explorar a relao entre estresse de ambos

    os pais, o apoio da famlia, o funcionamento sade e a QV. Concluram as pesquisas, baseadas

    na web, 64 mes e 64 pais de crianas com TEA. As mulheres mostraram um estresse maior e

    reduziram sua a sade fsica. Estes resultados sugerem poder haver diferenas nas percepes

    e expectativas de mes e pais sobre o funcionamento da famlia e essa diferena precisa ser

    explorada e aplicada quando se trabalha com famlias de crianas com TEA.

    O estudo de Kamp-Becker et. al.30

    teve como objetivo estudar a QV em pacientes com

    TEA com um quociente de inteligncia maior que 70. Aplicou-se a verso alem do

    questionrio WHOQOL-Bref numa amostra de 26 adolescentes. Verificou-se uma percepo

    menor da QV em pacientes com TEA quando comparados com indivduos saudveis e maior

    percepo quando a comparao foi com indivduos com transtorno do espectro da

    esquizofrenia. Alm disso, uma maior percepo de QV foi associada com melhores

    habilidades na vida diria.

    CONCLUSO

    Nestes diversos artigos percebeu-se a presena de mltiplos e complexos fatores que

    esto envolvidos na questo central que ser um adolescente com TEA. Ficou a sensao da

    necessidade de se obter um melhor entendimento dos fatores inerentes ao conhecimento da

    patologia em questo, principalmente por falta de dados esclarecedores sobre sua etiologia,

    diante da sua complexidade de sintomas e perante as dvidas teraputicas.

  • 35

    Futuros estudos apontam para o desenvolvimento dos parmetros da uma adolescncia

    em um ser com deficincia mental e que esses possam orientar os profissionais de sade de

    como poder auxiliar os cuidadores em seu enfretamento familiar e, consequente, melhoria da

    sade destas famlias.

    Acompanhamento por perodos maiores e descoberta de novos instrumentos com

    maiores e melhores possibilidades de inferncias parecem tambm apontar como sendo o

    caminho para o avano nas pesquisas. A escassez de estudos mostra-se como forte estmulo

    para avanar pesquisando.

    Cumprida a rdua misso de debater e aprender sobre esses diversos itens discutidos nos

    pargrafos anteriores precisar-se-ia trabalhar para conseguir uma confeco de programas de

    promoo da sade para cuidadores com a finalidade educativa de diminuir as dificuldades do

    enfretamento desses em relao patologia de seus filhos.

    REFERNCIAS

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  • 36

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  • 37

    21. Tekinarslan IC. A comparison study of depression and quality of life in Turkish mothers of children with Down syndrome, cerebral palsy, and autism spectrum disorder. Psychol

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  • 38

    Tabela 1. Distribuio dos artigos segundo o pas e ano de publicao do estudo

    Variveis

    n

    Pas do estudo

    Estados Unidos 07

    Brasil 03

    Canad 01

    Qatar 01

    Austrlia 01

    Turquia 01

    Nigria 01

    Sucia 01

    Frana 01

    Alemanha 01

    Ano de Publicao

    2013 02

    2012 10

    2011 02

    2010 04

  • 39

    Tabela 2. Distribuio dos artigos segundo autor, ano de publicao, pas, objetivo, amostra e

    instrumento utilizado

    AUTOR ANO PAS DE ESTUDO

    OBJETIVO AMOSTRA INSTRUMENTO

    Gardiner; Iarocci,

    2012 Canad Fornecer uma viso

    geral da qualidade de

    vida das famlias que

    vivem com deficincia de

    desenvolvimento

    com e sem autismo

    No descrita FQOL

    Khanna et al., 2012 EUA Testar as

    propriedades

    psicomtricas entre

    cuidadores de

    crianas com autismo

    304 cuidadores CGSQ

    Clary; Vander Wal;

    Titus,

    2010 EUA Prever a qualidade de vida relacionada

    sade de criana e

    adolescentes com

    epilepsia

    132 crianas e

    adolescentes QVRS BASC 2 QOLCE

    Kheir et al.,

    2012 Qatar Avaliar dados durante uma visita

    familiar a uma

    unidade de sade

    primria como rotina

    de check-up

    No descrita Dados pr-selecionados

    prprios

    Igwe et al., 2011 Ngria Avaliar o

    conhecimento sobre

    autismo infantil

    entre enfermeiros

    peditricos e

    psiquitricos.

    80 enfermeiros KCAHW

    Fvero; dos Santos,

    2010

    Brasil O objetivo deste estudo foi avaliar a

    prevalncia de

    disforia / sintomas

    depressivos em mes

    de crianas autistas e

    identificar as

    correlaes entre

    qualidade de vida e

    perfil

    sociodemogrfico

    20 mes Questionrio de perfil

    sociodemogrfi

    co, a verso

    brasileira do

    Inventrio de

    Depresso de

    Beck (BDI) e a qualidade

    WHOQOL-

    Bref.

    Pimenta;

    2010

    Brasil

    Avaliou a qualidade

    66 pessoas

    Material e

  • 40

    Rodrigues;

    Greguol, de vida e sobrecarga

    de cuidadores

    informais de pessoas

    com deficincia

    intelectual da grande

    Florianpolis.

    Mtodos:

    utilizou-se o

    WHOQOL-Bref

    para avaliao da

    qualidade de vida

    e para a

    sobrecarga o

    Burden

    Interview Braccialli et al., 2012 Brasil Analisar e comparar

    a qualidade de vida

    em sade de

    cuidadores de

    pessoas com

    necessidades

    especiais em

    atendimento em uma

    instituio de

    reabilitao.

    90 cuidadores Um questionrio para verificar o

    perfil do cuidador

    e da pessoa com

    necessidades

    especiais e o

    questionrio de

    medida de

    qualidade de vida

    WHOQOL-Bref. Green, 2013 Austrlia Estudos sobre o

    impacto psicossocial

    de crescer com um

    irmo com autismo e

    identificar as lacunas

    na literatura

    relacionada

    14 artigos

    relevantes para

    o tpico

    Reviso da

    literatura Bases de

    dados eletrnicas

    foram revistos

    Tekinarslan,

    2013 Turquia Comparar a qualidade de vida e

    os nveis de

    depresso em mes

    turcas de crianas

    com sndrome de

    Down, paralisia

    cerebral, e Autism

    Spectrum Disorder

    (ASD).

    252 mes (WHOQOL-BREF-TR),

    instrumento de

    avaliao foi

    utilizado para

    determinar as

    mes qualidade

    de vida e do

    Inventrio de

    Depresso de

    Beck (BDI) para

    caracterizar a

    depresso.

    Taylor et al., 2012 USA Evidncias sobre intervenes

    vocacionais para os

    indivduos com ASD

    entre as idades de 13

    e 30 anos.

    No descrita Os Medline, PsycINFO, ERIC

    e bancos de dados

    (1980-dezembro

    2011)

    Reichow; Steiner;

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Tekinarslan%20IC%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=23654042http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Reichow%20B%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22786515http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Steiner%20AM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22786515
  • 41

    Volkmar, 2012 USA Determinar a eficcia de grupos de

    habilidades sociais

    para melhorar a

    competncia social, a

    comunicao social e

    a qualidade de vida

    para as pessoas com

    Sndrome de

    Asperger, que so de

    6 a 21 anos de idade

    5 ensaios

    clnicos

    randomizados

    Bancos de dados

    Wentz; Nydn;

    Krevers 2012 Sucia Desenvolver um

    suporte baseado em

    internet e modelo de

    treinamento para

    jovens com autismo

    spectrum (ASD) e/ou

    de ateno transtorno

    (TDAH), e para

    validar o modelo.

    10 indivduos,

    15-26 anos

    de idade, com

    ASD e/ou

    ADHD.

    Questionrios de

    auto-relato [senso

    de coerncia

    (SOC), a Escala

    de Auto-estima

    Rosenberg, o

    Manchester Curto

    Avaliao da

    Qualidade de

    Vida, Montgomey

    sberg

    Depression

    Rating Scale, e o

    Hospital Anxiety

    and Depression

    Scale] foram

    distribudos antes

    e aps a

    interveno Hall,

    2012 USA A pesquisa indica que o apoio social

    para as famlias de

    crianas

    com autismo melhora

    famlia

    enfrentamento e

    adaptao.

    38 pais de

    crianas

    com autismo.

    Usando o

    McCubbin e

    Patterson (1983) o

    modelo de

    comportamento

    da famlia, as

    associaes entre

    os

    comportamentos

    de crianas

    com autismo, o

    apoio da

    comunidade para

    a famlia, e a

    famlia de

    enfrentamento

    foram analisadas.

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Volkmar%20F%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22786515http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Wentz%20E%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22736195http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Nyd%C3%A9n%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22736195http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Nyd%C3%A9n%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22736195http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Krevers%20B%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22736195http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Hall%20HR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22545692
  • 42

    Cottenceau et al., 2012 Frana Esclarecer as conseqncias

    do transtorno autista,

    sem retardo mental

    no cotidiano dos tais

    adolescentes, e

    consider-los em

    comparao com o

    impacto de uma

    doena somtica

    crnica (diabetes) e

    com o perodo da

    adolescncia em si,

    26

    adolescentes

    com AS e

    HFA, 44

    adolescentes

    diabticos e

    250 controles

    completaram

    um

    questionrio

    auto-

    administrado e

    validado em

    qualidade de

    vida, a VSP-A

    VSP-A um

    questionrio

    Smith;

    Greenberg;

    Seltzer,

    2012 USA Investigou o impacto do apoio social sobre

    o bem-estar

    psicolgico de mes

    de adolescentes e

    adultos com ASD

    (n = 269). verso modificada do "modelo de

    comboio",

    desenvolvido pela

    Antonucci e

    Akiyama (1987) Johnson et al.

    2011 USA O objetivo do estudo

    foi explorar a relao

    entre estresse dos

    pais, o apoio da

    famlia e do

    funcionamento

    (sade fsica e

    mental.

    64 mes 64 pais

    HRQL de ambos

    os pais.

    Kamp-Becker et

    al., 2010 Alemanha Estudar QVRS em

    pacientes com

    autismo com um QI

    > 70,

    26 adolescentes

    do sexo

    masculino e

    jovens adultos

    com diagnstico

    de Asperger

    Sndrome de

    alto

    funcionamento

    autismo atpico

    e autismo foram

    avaliadas.

    Verso alem da

    QVRS

    WHOQOL-BREF

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Cottenceau%20H%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22382494http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Smith%20LE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22160348http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Smith%20LE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22160348http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Greenberg%20JS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22160348http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Greenberg%20JS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22160348http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Seltzer%20MM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22160348http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Johnson%20N%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21928891http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Kamp-Becker%20I%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20930927http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Kamp-Becker%20I%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20930927
  • 43

    5. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

  • 44

    6.1. Desenho do Estudo

    Este foi um estudo descritivo e exploratrio, onde se procurou observar, registrar,

    analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenmenos (variveis), sem que o pesquisador

    interfira neles ou os manipule. De corte transversal, uma vez que objetivou retratar os

    elementos de um determinado momento, sem estabelecer relaes de causa e efeito entre eles

    (LAKATOS; MARCONI, 2001).

    Este estudo seguiu o desenvolvimento lgico apresentado no fluxograma do Quadro 1.

    Quadro 1. Fluxograma do desenho do estudo

    AVALIAR A QV E A SBC

    AMOSTRA DE CUIDADORES DE ADOLESCENTES COM

    TEA

    entre 10 a 19 anos de idade

    ESCOLAS PRIVADAS

    ESCOLAS PBLICAS ESTADUAIS

    AUTORIZAO DA SEDUC-PE

    FORMULRIO

    SOCIODEMOGRFICO

    WHOQOL-Bref

    APLICAO DOS INSTRUMENTOS AOS CUIDADORES

    ANLISE ESTATSTICA

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Publicao

    PUBLICAO

    TABULAO DOS DADOS

    ZBI Scale

  • 45

    6.2. Local do Estudo

    O estudo foi desenvolvido nas Escolas Pblicas Estaduais e Privadas localizadas em

    Recife, capital do estado de Pernambuco (Figura 1).

    Figura 1. Mapa de Pernambuco

    A cidade do Recife, situada na Regio Nordeste do Brasil, possui uma rea de

    218,498 km2 e 1.537.704 habitantes, destes 431.359 habitantes possuem alguma deficincia;

    representando assim uma prevalncia de 28,05% de deficientes na populao deste municpio

    (IBGE, 2010).

    O Estado de Pernambuco encontra-se dividido em 17 (dezessete) Gerncias Regionais

    de Educao (GRE) e a cidade do Recife, devido ao elevado numero de escolas, est

    subdividida em duas gerncias distintas, a GRE Recife Norte e a GRE Recife Sul (Figura 2 e

    3).

    Figura 2. Localizao geogrfica das GRE de Pernambuco.

  • 46

    Figura 3. Relao nominal das GRE de Pernambuco.

    O estudo foi desenvolvido nas escolas pblicas estaduais e privadas, nas GRE Norte e

    Sul do Recife.

    Em Pernambuco, a Resoluo do Conselho Estadual de Educao de Pernambuco

    n 01/2000, de 16 de fevereiro de 2000, resolveu que os educandos com necessidades

    educativas especiais sero atendidos nas escolas do sistema geral do ensino e devero ser

    assegurados, no mbito da escola, a servios de apoio, tendo em vista o atendimento s suas

    especificidades. Baseado neste contexto que faro parte desta pesquisa os cuidadores de

    alunos adolescentes com TEA matriculados em escolas, sejam em salas especiais e regulares.

    No Estado de Pernambuco, de acordo com o Censo Escolar da Secretaria de Educao

    do Estado de Pernambuco 2010 (SEDUC PE), o mais atualizado, existe um total de 1.112

    escolas estaduais, sendo 190 na educao especial, e 2.306 escolas privadas, com 20escolas na

    educao especial.

    Em Recife, tambm pela SEDUCPE, existem 41 (22% de todo estado) escolas

    pblicas estaduais e 11 (55% de todo estado) escolas privadas, em atividade, com educao

    especial. Das 41 escolas pblicas estaduais encontrou-se alunos compatveis com a amostra

    em 11 escolas e, das 11 escolas privadas, em 4 escolas (Tabela 1).

    Tabela 1. Distribuio das Escolas Privadas e Pblicas Estaduais com matrculas na

    Educao Especial em Recife Pernambuco

    Escolas GRE Norte e GRE Sul

    Privadas

    (n)

    Pblicas Estaduais

    (n)

    Total

    (n)

    Escolas em Recife PE 11 41 52

    Escolas com a Adolescente com TEA em

    Recife-PE

    04

    11

    15

    Fonte: SEDUC PE, 2012

  • 47

    6.3 Populao do Estudo

    A populao do estudo foi composta pelos cuidadores dos adolescentes, conforme a

    classificao da OMS, com TEA, matriculados e frequentando regularmente as instituies de

    Ensino Pblico Estadual e Privada da cidade do RecifePernambuco, que adotam o ensino

    especial, no ano de 2013.

    6.3.1 Critrios de Incluso e Excluso

    Os critrios para incluso dos adolescentes foram:

    Estar na faixa etria de acordo com a OMS;

    Ser diagnosticado com TEA de acordo com critrios mdicos; e,

    Estar matriculado nas instituies de ensino pblica estadual e privada, no municpio

    do RecifePernambuco.

    Para os cuidadores dos adolescentes com TEA os seguintes critrios para incluso

    foram adotados:

    Ser pai ou me do adolescente com TEA;

    Ser responsveis legais identificados do adolescente com TEA;

    Ter idade maior ou igual a 18 anos; e,

    Concordar em participar da pesquisa.

    6.4 Amostra

    O nmero de alunos adolescentes com TEA na faixa etria da pesquisa sofreu

    constantes alteraes no ano estudado. Estas alteraes foram decorrentes das atualizaes

    das matrculas, pois, para a SEDUC, essas poderiam ocorrer em qualquer momento do ano

    letivo. A desistncia e o abandono dos alunos tambm interferiram neste nmero.

    Vale salientar que o estudante s compe a estatstica da SEDUC como sendo um

    aluno com necessidade especial aps ter sido emitido parecer por equipe especializada. E,

    especificamente, para o TEA existe a dificuldade de confirmao diagnstica fazendo com

    existissem alunos com quadro clnico altamente sugestivo de TEA, mas sem confirmao

    diagnstica, que terminaram no participando deste estudo.

    Diante do exposto, optou-se por realizar esta pesquisa com carter censitrio. O nmero

    da amostra foi de 69 cuidadores dos adolescentes com TEA. Nesta amostra aconteceram

  • 48

    perdas (17,39%), reduzindo-a ao nmero de 57 participantes, sendo 44 frequentadores de

    escolas pblicas estaduais e 13 de privadas. As perdas foram resultantes de intercorrncias de

    doena dos cuidadores ou dos adolescentes com TEA.

    6.5. Instrumentos do Estudo

    6.5.1. Dados sociodemogrficos

    O instrumento aplicado foi o Formulrio de Arago et al., 2011 (Anexo A) que contem

    questes sobre aspectos sociodemogrficos relacionados aos cuidadores, aos adolescentes

    com TEA e famlia com o objetivo de caracterizao da amostra.

    6.5.2. Instrumento para a Avaliao da QV da OMS World Health Quality of Life verso

    abreviada WHOQOL-Bref (Anexo B).

    Para avaliao da QV dos cuidadores de adolescentes com TEA foi usada a verso em

    portugus, do Brasil, do WHOQOL-Bref, que uma verso abreviada do WHOQOL - 100.

    Esse instrumento desenvolvido pela OMS possui uma verso validada com adaptao

    para nosso idioma e cultura; realizado com uma amostra de 300 indivduos. Esta verso foi

    desenvolvida no Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul, no Brasil (FLECK et al., 2000). Apresenta caractersticas psicomtricas

    com boa consistncia interna, validade discriminante, validade convergente, validade de

    critrio, bem como, fidedignidade de teste-reteste.

    A verso em portugus composta por 24 questes abrangendo os domnios: fsico,

    psicolgico, relaes sociais e meio ambiente; alm de duas questes gerais (Quadro 2).Estes

    domnios so considerados independentemente entre si e o resultado assinalado no

    questionrio usando-se uma escala tipo Likert com valores de 1 a 5 pontos para cada resposta.

    Nas questes 3, 4 e 26 esses valores sero invertidos, interpretando-se da seguinte forma: ser

    igual a 5, 2ser igual a 4, 3ser igual a 3, 4ser igual a 2 e 5ser igual a 1.

    Tanto os domnios como a QV geral so medidas em direo positiva, ou seja, os

    escores mais altos significam maior percepo da QV.

  • 49

    Domnio Fsico Domnio Psicolgico Relaes Sociais Meio Ambiente

    1. Dor e desconforto 4. Sentimentos positivos 13. Relaes pessoais 16. Segurana fsica e proteo

    2. Energia e fadiga 5. Pensar, aprender, memria e concentrao

    14. Suporte (Apoio) social 17. Ambiente no lar

    3. Sono e repouso 6. Auto-estima 15. Atividade sexual 18. Recursos financeiros

    9. Mobilidade 7. Imagem corporal e aparncia

    19. Cuidados de sade e sociais:

    disponibilidade e

    qualidade

    10. Atividades da

    vida cotidiana 8. Sentimentos negativos 20. Oportunidades de

    adquirir novas

    informaes e

    habilidades

    11. Dependncia de

    medicao ou de

    tratamentos

    24. Espiritualidade/ Religio/ Crenas

    pessoais

    21. Participao em, e oportunidades de

    recreao/lazer

    12. Capacidade de

    trabalho 22. Ambiente

    fsico:(poluio/ru

    do/trnsito/clima)

    23. Transporte

    Quadro 2. Domnios e facetas do WHOQOL- Bref

    6.5.3. Instrumento para avaliao da SBC ZARIT BURDEN INTERVIEW- ZBI (Anexo C)

    Foi utilizado para avaliar a SBC dos cuidadores de adolescentes com TEA a verso

    brasileira da escala ZBI. A escala foi traduzida para o portugus por Marcia Scazufca, que

    estudou a consistncia interna e a validade deste instrumento em cuidadores de indivduos

    com doenas mentais (Scazufca, 2002). Instrumento padronizado, vlido e confivel para ser

    utilizado como uma medida da SBC dos cuidadores. A ZBI uma escala de 22 itens, usada

    para investigar aspectos que correspondem a: sade, vida social e pessoal, situao financeira,

    bem-estar emocional e relacionamentos interpessoais de cuidadores (SCAZUFCA, 2002). As

    respostas de cada item podem variar cinco pontos, das seguinte formas: nunca = (1);

    raramente = (2); algumas vezes = (3); Frequentemente = (4) e Sempre = (5) (GARRIDO,

    MENEZES, 2004). Na verso utilizada (1 a 5), obtm-se um escore global que varia entre 22

    e 110, em que um maior escore corresponde a uma maior SBC, de acordo com os seguintes

    pontos de corte:

  • 50

    Inferior a 46 = Sem SBC;

    Entre 46 a 56 = SBC moderada;

    Superior a 56 = SBC intensa.

    6.6 Coleta de Dados

    O contato inicial realizou-se com a SEDUC, pela sua gerncia de seu Departamento de

    Educao Especial, no momento em que foi apresentada a carta de anuncia e esclarecidos os

    objetivos da pesquisa.

    Foi solicitada uma relao das escolas onde estivessem alunos adolescentes com TEA

    matriculados. Para obteno destes dados foi orientado entrar em contato diretamente com as

    GRE Recife Norte e Sul. Foi ento fornecida uma relao atualizada das matrculas de alunos

    adolescentes com TEA no municpio. A partir deste momento foram feitos contatos

    telefnicos com cada escola e confirmadas ou no a situao de matrcula e a presena desses

    adolescentes naquela respectiva escola.

    Existiram diferenas quantitativas entre os dados fornecidos pela SEDUC e aqueles

    encontrados nas escolas. Por esta razo, optou-se por fazer um novo levantamento, atravs de

    ligaes telefnicas, a todas as 41 escolas relacionadas, com a finalidade de atualizao das

    matrculas dos alunos adolescentes com TEA.

    Nas escolas onde foi encontrada a populao alvo da pesquisa foram agendadas as

    visitas com a direo das mesmas. No dia do agendamento, os pais e/ou responsveis foram

    acolhidos e convidados a participarem da pesquisa atravs da explicao da mesma. Foi

    realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Apndice A),

    solicitando a assinatura deste consentimento. Diante da adeso da pesquisa passou-se para a

    coleta de dados propriamente dita.

    A coleta de dados foi realizada individualmente em local disponibilizado pela direo

    da escola, ocorrendo de forma organizada de acordo com a necessidade dos cuidadores em

    decorrncia das necessidades exigidas destes dentro do ambiente escolar.

    A entrevista foi do tipo estruturada com uma sequncia lgica e aplicada aos cuidadores

    dos adolescentes com TEA. O primeiro instrumento ser referente sua situao

    sociodemogrfica, seguindo daquele relativo QV e concluindo com o de SBC.

  • 51

    6.7 Estudo Exploratrio

    Inicialmente foi realizado um estudo exploratrio para testar toda a operacionalizao

    da pesquisa e treinamento do pesquisador, com uma amostra de cuidadores dos adolescentes

    com deficincias. O local escolhido foi a Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais

    (APAE), localizado na cidade do Recife. Nessa associao encontra-se uma pesquisa em

    andamento, cujo projeto principal QV em Adolescentes com Deficincia. Este estudo com

    adolescentes com TEA est vinculado a esta pesquisa maior.

    O estudo exploratrio tem papel fundamental na construo de uma estratgia prpria

    para tornar possvel a coleta de dados, fazendo adaptaes necessrias para a melhor

    viabilidade da pesquisa, considerando as peculiaridades da populao estudada.

    6.8. Anlise dos dados

    Os resultados foram expressos atravs de percentuais e das medidas estatsticas: mdia,

    mediana, desvio padro. Para a comparao entre as categorias das variveis independentes

    em relao s mdias dos domnios da QV foram utilizados os testes estatsticos: t-Student

    com varincias iguais ou desiguais ou Mann-Whitney para a comparao de duas categorias e

    F (ANOVA) ou Kruskal-Wallis no caso da comparao de mais de duas categorias. Ressalta-

    se que a escolha dos testes Mann-Whitney e Kruskal-Wallis foi devido ausncia de

    normalidade dos dados em cada categoria ou ao nmero reduzido de pesquisados. A

    verificao da hiptese de normalidade foi realizada atravs do teste de Shapiro-Wilk e a

    hiptese de igualdade de varincias foi realizada atravs do teste F de Levene.

    A margem de erro utilizada nas decises dos testes estatsticos foi de 5%. O programa

    utilizado para digitao dos dados e obteno dos clculos estatsticos foi o SPSS (Statistical

    Package for the Social Sciences) na verso 17.

    6.9. Consideraes tico-Legais

    Em obedincia a Resoluo n. 196/96 do Conselho Nacional de Sade do Ministrio da

    Sade, que disciplina as pesquisas envolvendo seres humanos, esta pesquisa est vinculada a

    uma pesquisa principal QV em adolescentes com deficincia, participante do programa de

    mestrado em Hebiatria da Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP/UPE), com

    parecer favorvel do Comit de tica em Pesquisa da Universidade de Pernambuco

  • 52

    (CEP/UPE) sob registro 150/11 e Certificado de Apresentao para Apreciao tica (CAAE)

    sob o registro 0137.0.097.000-11. SEDUC tambm autorizou esta pesquisa.

    Todos participantes assinaram o TCLE ficando uma cpia com o entrevistado e outra

    com o pesquisador.

    De acordo com o Artigo 7 da Resoluo 01/88, de 13 de junho de 1988, sobre as

    Normas de Pesquisa em Sade, esta pesquisa se enquadra na classificao de Pesquisa Com

    Risco Mnimo, a qual engloba estudos prospectivos que empreguem o registro de dados

    atravs de procedimentos comuns em exames fsicos ou psicolgicos do diagnstico ou

    tratamento rotineiros. Considera-se nesta pesquisa o risco mnimo de alguns participantes se

    sentirem constrangidos ao responderem algumas questes sobre sua intimidade; no entanto, os

    mesmos sero assegurados sobre a confidencialidade dos dados e das informaes coletadas, e

    garantidos de que os resultados sero obtidos apenas para alcanar os objetivos da pesquisa,

    incluindo a sua publicao na literatura cientfica especializada.

    A beneficncia da pesquisa se baseia na possibilidade de traar estratgias voltadas para

    as melhorias das condies de vida dos cuidadores de adolescentes com TEA, bem como para

    esses prprios adolescentes, em Recife Pernambuco.

  • 53

    6. RESULTADOS

  • 54