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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO- PARANÀ MEDICINA VETERINÁRIA KRISTHIAN FELIPE SPACKI PAULA LUANE TOMIYA AVALIAÇÃO PRÁTICA DO BEM-ESTAR ANIMALCAMPO MOURÃO 2014

Avaliação de Bem Estar Animal Em Propriedade Leiteira, Elaborado Por Kristhian Felipe Spacki e Paula Tomiya

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Avaliação de Bem Estar Animal Em Propriedade Leiteira, Elaborado por Kristhian Felipe Spacki e Paula Tomiya

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  • FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURO- PARAN

    MEDICINA VETERINRIA

    KRISTHIAN FELIPE SPACKI

    PAULA LUANE TOMIYA

    AVALIAO PRTICA DO BEM-ESTAR ANIMAL

    CAMPO MOURO

    2014

  • FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURO- PARAN

    MEDICINA VETERINRIA

    KRISTHIAN FELIPE SPACKI

    PAULA LUANE TOMIYA

    AVALIAO PRTICA DO BEM-ESTAR ANIMAL

    TRABALHO INTEGRADOR

    Trabalho apresentado ao curso de Medicina

    Veterinria da Faculdade Integrado de Campo

    Mouro-PR como requisito parcial para

    avaliao no Projeto Integrador.

    PROFESSOR: DIOGO ANTIGNANI COUTINHO

    CAMPO MOURO

    2014

  • SUMRIO

    AVALIAO PRTICA DE BEM-ESTAR ANIMAL

    1.0 RESUMO...........................................................................................................................3

    2.0 INTRODUO.... ..............................................................................................................4

    3.0 REVISO.BIBLIOGRFICA...............................................................................................5

    3.1 DEFINIO DE ESTRESSE E ESTADO DE ALERTA..........................................5

    3.2 FISIOLOGIA DO ESTRESSE.................................................................................5

    3.2.1 Mecanismo de resposta do sistema nervoso autnomo..........................5

    3.2.2 Mecanismo de resposta do sistema nervoso neuroendcrino.................6

    3.2.3 Aes fisiolgicas em caso de estresse...................................................7

    3.3 EFEITOS DO ESTRESSE SOBRE O SISTEMA IMUNOLOGICO.........................8

    3.4 BEM ESTAR NA BOVINOCULTURA LEITEIRA.....................................................9

    3.4.1 Maus tratos e negligncia.........................................................................9

    3.4.2 Manejo nutricional...................................................................................10

    3.4.3 Sistema de alojamento ..........................................................................10

    4.0 MATERIAIS E MTODOS................................................................................................12

    5.0 RESULTADOS E DISCUSSO........................................................................................13

    6.0 CONCLUSO...................................................................................................................15

    REFERNCIAS......................................................................................................................16

    ANEXOS.................................................................................................................................17

  • 1.0 RESUMO

    A produo de um animal est baseada em inmeros fatores, como a alimentao, sanidade e condies ambientais, e todos estes fatores so demonstrados por meio de indicativos de estresse. Esta condio definida como a tentativa do organismo de se adaptar as condies do ambiente e do organismo, de forma que se preserve o bom funcionamento interno, englobando fisiologia e imunologia. As condies de bem-estar esto intimamente ligadas com a visualizao do estresse, pois estas devem se aproximar ao mximo das condies que o animal teria nas suas condies naturais onde estaria teoricamente livre de presso de produo e alteraes em seu modo de vida. Desta forma deve ser possvel a expresso de todos os comportamentos como o reprodutivo, de explorao do ambiente e tambm devem ser visadas todas as formas de liberdade, que so a base do bem estar. Os estudos das caractersticas demonstradas no comportamento de estresse so a forma do organismo de desenvolver um sistema correlacionado de reaes biolgicas de forma a inibir o desconforto e feitos do agente estressante. Esse ponto de liberdade de estresse vital na homeostase e consequente qualidade produtiva. Do ponto de vista da atividade de bovinocultura leiteira o que acontece a adaptao de um animal que originalmente deveria produzir quantidades suficientes apenas para seu bezerro, que disporia de espao para locomoo, oportunidade de conviver em grupo, dentre outros comportamento. No estilo produtivo alguns desses comportamentos tendem a ser restritos ou retirados e o animal sofre com a situao de estresse que afeta todos os pontos de seu organismo. Desta forma faz-se necessrio o estudo de todos os parmetros que abrangem a atividade, de forma a conciliar de forma eficiente os comportamentos naturais, as exigncias ambientais e a necessidade produtiva. Um dos sistemas que aproxima estes trs pontos o free stall, muito visado por suas caractersticas positivas de bem-estar.

    Palavras-chave: Bem-estar; Estresse; Free stall;

  • AVALIAO PRTICA DO BEM-ESTAR ANIMAL

    2.0 INTRODUO

    Todo animal domesticado pelo homem e criado por motivos econmico, como o

    caso de bovinos leiteiros, tinha inicialmente hbitos comportamentais e exigncias

    ambientais que carrega ainda depois da mudana. Ao ponto que ele capaz de exercer

    esses comportamentos e agir de forma livre se enquadra no padro de bem-estar.

    Segundo BROOM (2010) bem-estar deve ser definido como uma forma de vida que

    permita pronta relao com outros conceitos, tais como: necessidades, liberdades,

    felicidade, adaptao, controle, capacidade de previso, sentimentos, sofrimento, dor,

    ansiedade, medo, tdio, estresse e sade.

    O bem-estar pode ser simplificado na forma de cinco liberdades e a privao de

    qualquer uma destas leva a um quadro denominado estresse, prejudicial ao animal e ao

    sistema produtivo. Desta forma o estresse pode se definido como um esforo de adaptao

    do organismo para enfrentar situaes ameaadoras a sua vida e ao seu equilbrio interno

    (GOMES, 2009).

    O equilbrio entre bem-estar e produtividade deve ser visado como prioridade, pois

    como dito o estresse no s um desconforto comportamental. Ele engloba um conjunto de

    alteraes fisiolgica, imunolgicas, hormonais e de desenvolvimento que se expressam

    nas alteraes de padres produtivos como ganho de peso, perodo de lactao,

    susceptibilidade a ao de patgenos, etc.

    De acordo com BROOM (2010), neste ponto faz-se necessrio o estudo de um

    sistema que se mostra eficiente na conciliao de algumas exigncias de bem-estar e

    critrios produtivos: o sistema free stall. Este vem sendo alvo da escolha de produtores que

    atendem uma nova responsabilidade: produzir alimentos de qualidade com respeito aos

    animais explorados. O free stall permite acompanhar todos os aspectos de qualidade de

    alimentao, alojamento, relao com os demais animais e com o ambiente e fornece

    condies que so superiores a sistemas simples de produo. No free stall bem implantado

    os animais so manejados e condicionados em local apropriado, livre de incmodos e

    perigos e so ao mesmo tempo estimulados a ter uma maior produo, uma vez que esto

    livres de fatores de estresse.

    Devido importncia do estudo dos fatores de bem-estar e estresse se faz vital o

    entendimento de seus aspectos. O trabalho a seguir se aprofunda nos pontos bsicos de

    comportamento, fisiologia e imunologia como forma de dar base a elaborao de solues

    frente ao manejo de bovinos de leite no sistema free stall, tendo como base dados

    coletados.

  • 3.0 REVISO. BIBLIOGRFICA

    3.1 DEFINIO DE ESTRESSE E ESTADO DE ALERTA

    A resposta ao estresse, que permite a um organismo enfrentar situaes

    ameaadoras, consiste de uma rede complexa de sistemas biolgicos, que incluem

    componentes neurais do sistema autnomo, endcrinos e comportamentais. A ao

    coordenada desses componentes, que atuam em conjunto, providencia a sobrevivncia dos

    seres vivos devido manuteno da homeostase. Nestas situaes, ocorre uma srie de

    respostas adaptativas, fsicas e mentais, que se contrapem aos efeitos dos estmulos

    estressantes na tentativa de restabelecer o equilbrio (ABBAS, 2005).

    O sistema nervoso responde ao estresse de maneira complexa e organizada. H o

    estmulo do ambiente que o indivduo recebe atravs de seu sistema sensorial. Esses

    estmulos dirigem-se at o encfalo, onde sero traduzidos em percepes, ou seja,

    tero significados diferentes, conforme a interpretao que o organismo dar para

    eles. Caso o estmulo seja considerado um perigo, ou seja, uma ameaa, comea a

    resposta de luta ou fuga, e a persistncia desse estmulo de incomodo denominada

    estresse crnico (Moura, 2011).

    3.2 FISIOLOGIA DO ESTRESSE

    3.2.1 Mecanismo de resposta do sistema nervoso autnomo

    O sistema nervoso parassimptico mantm a homeostase, sendo o principal

    responsvel pela conservao de energia e relaxamento durante o estresse, as atividades

    parassimpticas so incitadas pela atividade simptica que mobilizam a energia durante o

    estresse (GOMES, 2014).

    Numa situao de estresse, a estimulao simptica faz com que sejam liberadas as

    catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) pela medula das glndulas adrenais na

    circulao, as quais iro estimular todas as clulas que tiverem receptores adrenrgicos,

    preparando o organismo do animal para lutar ou fugir (GOMES, 2014).

    As aes das catecolaminas envolvem a regulao do metabolismo

    intermedirio bem como as respostas que permitem que os animais se

    ajustem a situaes que envolvem estresse agudo. As aes das

    catecolaminas so mediadas atravs de receptores adrenrgicos

    localizados nos tecidos-alvo. Existem dois principais tipos de receptores e

    que controlam a liberao de catecolaminas das terminaes nervosas ps-

    sinpticas. Embora todos os receptores adrenrgicos sejam responsivos

  • tanto a noradrenalina quanto a adrenalina, as resposta as duas

    catecolaminas so diferentes. Alm disso, os tipos de receptores nos

    diferentes tecidos variam em nmero, que, juntamente com as diferentes

    respostas dos receptores adrenrgicos nos tecidos, resultam em respostas

    adrenrgicas variveis produzidas por uma catecolamina em particular

    (COLVILLE, 2010).

    Com base em GOMES (2014) pode-se dizer que, de modo geral, o sistema nervoso

    simptico afeta diversos sistemas biolgicos, incluindo o sistema cardiovascular, o sistema

    gastrintestinal e as glndulas excrinas, provocando alterao na atividade cardaca,

    presso sangunea, diminuio do peristaltismo e secrees, diminuindo a excreo de

    urina, regulao da secreo pancretica, sudorese, aumento da concentrao de glicose

    sangunea, entre outros efeitos.

    3.2.2 Mecanismo de resposta do sistema nervoso neuroendcrino

    A mecnica de resposta ao estresse se propaga em forma de cascata, onde a

    liberao de mediadores qumicos em reposta a estmulos faz a produo de componentes

    necessrios ao organismo. O estado de alerta do organismo se inicia com a chegada do

    estmulo ao crtex cerebral, h liberao do hormnio liberador de corticotrofina (CRH),

    sintetizado no hipotlamo, dando incio resposta ao estresse. O CRH liga-se aos

    receptores na adeno-hipfise, parte responsvel pela liberao dos principais hormnios e

    estimuladores, aumentando a liberao de peptdeos como o hormnio adrenocorticotrfico

    (ACTH). Atravs da circulao sangunea, o ACTH atinge o crtex da glndula adrenal,

    que est localizada acima do rim (COLVILLE, 2010).

    De acordo com CUNNINGHAM (2004), a ao do ACTH no crtex da adrenal,

    parte mais externa de origem embrionria distinta e com funo hormonal diferente,

    promove a liberao de um glicocorticide denominado cortisol, que ativa mecanismos

    catablicos, para lanar na corrente sangunea uma grande quantidade de glicose

    necessria para a resposta ao estresse. Este comportamento catablico pode ser til no

    inicio, mas a persistncia do estimulo e produo de cortisol leva a degradao de tecidos,

    baixa nas taxas de imunidade, entre outros danos no organismo, e economicamente leva o

    animal a uma baixa taxa de ganho de peso ou produo.

    Em conjunto o estmulo autnomo do sistema nervoso gera um aumento da

    produo de componentes na medula adrenal, que sero responsveis pelas respostas

    rpidas ao estresse, como o aumento da frequncia cardaca. Todo esse conjunto pode

    sanar o caso e retornar o estado do organismo a homeostase, ou em casos adversos no

  • ser suficiente e o estresse continua, levando aos efeitos colaterais dos hormnios adrenais

    (WILLIAM, 2006).

    Essas aes asseguram a manuteno do organismo durante situaes adversas,

    principalmente por disponibilizar tais substratos nutricionais. Hormnios e

    neurotransmissores atuam em conjunto para modificar as funes viscerais e fornecer ao

    organismo a reao adequada para o retorno ao equilbrio perdido (SWENSON, 2006).

    3.2.3 Aes fisiolgicas em caso de estresse

    As aes compartilhadas dos mecanismos de feedback entre os componentes de

    estmulo e de produo hormonal levaro os sistemas a mobilizar respostas fisiolgicas

    rpidas, entre o momento do estmulo e o em que cessa o incomodo como: aumento e

    extenso de batimentos cardacos, promovendo um quadro de oxignio mais rapidamente

    bombeado; respirao profunda; aumento da capacidade da viso pela dilatao das

    pupilas; contrao do bao para liberar estoque de clulas sanguneas mais rapidamente

    para transportar o oxignio; liberao de glicose a partir do fgado, que ser usada

    pelos msculos; redistribuio de sangue para msculos e sistema nervoso; aumento

    da liberao de linfcitos para reparar danos que podem ocorrer aos tecidos. Todas

    essas reaes so necessrias para que o organismo possa se adaptar a novas

    situaes, ou mudanas. Porm em casos onde o estmulo se encontra desregulado a

    produo excessiva ou produo prolongada, caso a homeostase no se reestabelea,

    pode levar a mecanismos de lise celular, degradao tecidual, ou seja, uma total

    desregulao do organismo (CUNNINGHAM, 2004).

    Conforme dito por SWENSON (2006), enquanto os glicocorticides e a insulina tem

    efeitos semelhantes sobre o metabolismo de glicognio heptico, seus efeitos sobre o uso

    perifrico de glicose so diferentes. Os glicocorticoides inibem a captao de glicose e o

    metabolismo nos tecidos perifricos, particularmente no msculo e clulas adiposas.

    Segundo COLVILLE (2010), a sntese proteica inibida pelos glicocorticides; de

    fato, o catabolismo proteico est aumentado, com a consequente liberao de aminocidos.

    Este processo garante a neoglicogenese heptica. Dois tecidos, o cardaco e o cerebral,

    esto livres do efeito dos glicocorticoides sobre o catabolismo proteico. A administrao

    crnica de glicocorticoides resulta em desgaste muscular e enfraquecimento do osso. A

    mobilizao e a incorporao dos aminocidos em glicognio resulta em um aumento da

    excreo urinria de nitrognio e em balano negativo de nitrognio, uma vez que este

    amplamente liberado aps a quebra de cadeias proteicas.

    Os estudos com animais demonstram que a exposio a fatores estressantes so

    acompanhada de aumento na liberao de corticosteroides, aparecimento de lceras

    ppticas, no estmago e duodeno, involuo de rgos imunes como o timo e o bao, e

  • hipertrofia do crtex das glndulas adrenais. Esses efeitos clnicos comuns esto

    associados aos efeitos lticos descritos nos dois pargrafos anteriores. O organismo tende a

    inibir em casos de estresse a produo de novos tecidos e garante apenas a disponibilidade

    de energia e substratos para casos de ao emergencial (GOMES, 2014).

    Sabe-se que o estresse pode se tornar patolgico como uma consequncia dos

    esforos que o indivduo realiza para a sobrevivncia. Com o esforo contnuo os efeitos

    podem levar a casos de degenerao tecidual avanada e comprometimento de sistemas

    vitais, levando a morte direta ou por fatores acarretados pelo estresse (CUNNINGHAM,

    2004).

    3.3 EFEITOS DO ESTRESSE SOBRE O SISTEMA IMUNOLOGICO

    Conforme dados clnicos e com base na obra de CUNNINGHAM (2004), nos

    diferentes estgios do quadro de estresse a produo de hormnios e outros mediadores de

    reao do organismo tem efeitos diferentes sobre o metabolismo. As catecolaminas tem

    diferentes efeitos sobre o sistema imunolgico, como ativao para possveis danos, mas a

    principal relao do sistema de estresse e as respostas imunolgicas encontra-se no

    mecanismo neuroendcrino, onde os hormnios do crtex adrenal tem efeitos adversos

    sobre o sistema imune quando o estresse se prolonga em detrimento da persistncia do

    causador.

    Quando quantidades muito grandes de cortisol so secretadas pelo organismo, o

    hormnio exerce dois efeitos anti-inflamatrios bsicos: primeiro bloqueando os estgios

    iniciais do processo inflamatrio, segundo causa rpida resoluo do processo, aumentando

    a velocidade de cicatrizao (ABBAS, 2005).

    Os glicocorticoides tm efeitos clnicos valiosos, particularmente a inibio da

    resposta inflamatria, incluindo a preveno da dilatao capilar, extravasamento de

    lquidos para os espaos intersticiais, migrao de leuccitos, deposio de fibrina e sntese

    de tecido conjuntivo. Enquanto o processo de inflamao importante para o

    encapsulamento e a destruio de agentes nocivos sistmicos, a resposta final

    frequentemente uma substituio do tecido funcional por tecido conjuntivo fibroso, que

    resulta na perda da funo (GOMES, 2014).

    Uma das principais vias atravs das quais os glicocorticoides inibem

    resposta inflamatria a inibio da formao de substancias que

    promovem a inflamao. Os glicocorticoides inibem a sntese de

    mediadores inflamatrios, como as prostaglandinas, tromboxanos, e

    leucotrienos, que surgem como resultado do metabolismo do cido

    aracdnico. Este efeito mediado atravs da estabilizao das membranas

  • lisossomais e a preveno da ativao da fosfolipase. Os glicocorticoides

    tambm usados para inibir reaes alrgicas. Estas aes ocorrem atravs

    de inibio da liberao de certas aminas biognicas, como a histamina,

    dos grnulos das clulas mastcitos (ABBAS, 2005).

    Aa aes dos hormnios adrenais nas diferentes partes do sistema imunolgico tem

    grande serventia nos primeiros estgios do mecanismo de estresse, mas caso o caso

    persista o dano ao sistema pode tornar-se irreversvel e levar ao comprometimento de todo

    o organismo. A reorganizao de prioridades por meio de mediadores qumicos torna a

    reao a possveis danos mais eficiente, mas leva a exausto do organismo e um quadro

    geral que discorda dos princpios de homeostase. (CUNNINGHAM, 2004).

    3.4 BEM ESTAR NA BOVINOCULTURA LEITEIRA

    Conforme dito por BROOM (2010), at 10 a 15 anos atrs, o bem-estar na

    bovinocultura leiteira no era percebido como sendo de baixo grau, e os sistemas de

    produo leiteira eram criticados regularmente apenas em relao criao de bezerros. No

    entanto, a indstria leiteira vem se modificando. As evidencias de baixo grau de bem-estar

    de vacas vm se acumulando e apresentando influencia sobre a opinio publica em vrios

    pases. importante para a indstria leiteira que os problemas de bem-estar sejam

    trabalhados antes que haja qualquer condenao publica generalizada de praticas de

    reproduo e manejo (BROOM, 2010).

    Em muitos aspectos do manejo de animais em produo, a melhoria de grau de

    bem-estar leva melhoria da produo. Se o grau de bem-estar de uma vaca leiteira for

    melhorado, existir com frequncia uma maior produo de leite e, se o bem-estar de

    bezerras muito jovens for melhorado, os consequentes aumentos na taxa de crescimento e

    nas chances de sobrevivncia levam a vantagens econmicas para o produtor (BRITO,

    2014).

    Os sistemas de criao de bovinos que priorizam altas taxas de produo e estresse

    na presso de rendimento levam a certos problemas de bem-estar. A seleo gentica para

    alta produo no prioriza a resistncia dos animais Quando os animais so criados visando

    uma produo perto do limite do ponto de vista de gasto energtico no haver

    necessariamente problemas de bem-estar e dificuldades de manejo, mas eles sero muito

    mais provveis e devem ser levados em considerao ao se decidir ou prestar consultoria

    acerca de qual sistema escolher (BRITO, 2014).

  • 3.4.1 Maus tratos e negligncia

    Maus-tratos correm com maior frequncia quando os animais so movimentados na

    fazenda, quando no embarcados ou desembarcados de veculos, somadas a isso todas as

    formas de manejo, como marcaes, vacinaes, etc. Negligncia inclui a falha no

    fornecimento de uma dieta adequada, no tratamento de doenas e a ausncia de

    procedimentos normais de manejo. Os bovinos so s vezes subnutridos por certo perodo,

    durante os quais h escassez de alimentos ou seu preo est alto, contanto que haver um

    crescimento compensatrio quando mais alimento for oferecido. A falta de conhecimento por

    parte do produtor pode resultar na proviso de uma dieta inadequada ou no tratamento mal

    sucedido de doenas. Isso constitui manejo inadequado, uma causa muito importante em

    problemas de bem-estar animal. Como prioridade deve-se ter o respeito pelo animal em

    todas as etapas do manejo, e de forma especial a de ordenha. Animais criados em regime

    de bem-estar apresentaro melhores resultados, maior resistncia e consequente lucro ao

    produtor. O treinamento de colaboradores e o uso de tcnicas aperfeioadas so o futuro da

    atividade, e critrios que esto sendo cada vez amis levados em considerao pelo

    consumidor (BROOM, 2010).

    3.4.2 Manejo nutricional

    Dentro dos aspectos relacionados a instalaes as liberdades base do bem-estar

    devem ser priorizadas. Uma das principais questes relacionadas ao manejo a alimentar.

    Dentro do grupo de animais existem diferenas hierrquicas, o que pode impedir animais

    fracos de se alimentar, ou mesmo em pocas de escassez a quantidade de alimento

    oferecida pode ser aqum do desejado. Aqueles animais que no conseguem encontrar um

    local para se alimentar podem no ingerir alimento suficiente, sendo provvel que haja

    efeitos adversos sobre seu bem-estar (BRITO, 2014).

    Conforme sugerido por BROOM (2010), situaes de alimentao competitiva, nas

    quais no h espaos individuais para alimentao expem os bovinos a problemas

    complementares. O animal subordinado tem de tentar obter alimentos apesar dos ataques

    ou ameaas dos outros animais. Bezerros principalmente, e tambm outros animais de

    baixa posio na hierarquia social obtm menor quantidade do alimento preferido se o

    espao de cocho for restrito.

    Para minimizar os problemas de bem-estar que esto com frequncia associados a

    baixo ganho de peso, os produtores devem oferecer espaos de cocho para todos os

    animais, preferencialmente com separadores entre os espaos individuais. Dessa forma se

    torna mais eficiente a assegurao da liberdade de fome e sede, uma vez que o acesso

    democrtico prioriza o desenvolvimento de todos os animais (BRITO, 2014).

  • 3.4.3 Sistema de alojamento

    Parte do cotidiano do animal deve ser reservada a direcionar os animais ao pasto,

    para que possam exercer um de seus principais comportamentos naturais, o de explorar o

    ambiente. Nas instalaes deve-se priorizar a segurana dos animais, de forma que a

    liberdade de doenas e agentes de incmodos seja priorizada. Dessa forma locais que

    tenham pontas, canos pontiagudos, buracos no pasto ou mesmo pedras que possam levar a

    leses devem ser corrigidos. Tambm deve ser feita a limpeza de todas as imediaes, para

    que no haja a proliferao de animais que causem problemas (BROOM, 2010).

    Conforme estudos de BRITO (2014), a incidncia de claudicao muito mais alta

    em vacas confinadas que em vacas mantidas no pasto. Vacas mantidas no pasto podem

    sofrer danos ao casco provocados por pedras caso no tenham um local adequado para

    andar, mas instalaes com baias midas ou cama de palha com manuteno inapropriada

    podem resultar em nveis muito altos de claudicao.

    Segundo BRITO (2014), uma vez que os melhores galpes com cama de palha, com

    uma rea abrasiva na qual ocorre o desgaste normal do casco, apresentam baixa incidncia

    de claudicao, tais galpes podem ser a melhor soluo para vacas confinadas. A

    incidncia de mastite afetada pela higiene durante a ordenha e por varias outras

    condies de manejo. Sistemas com instalaes projetadas de maneira inadequada podem

    resultar em uma variedade de agentes estressantes que impeam o animal de exercer sua

    pela capacidade.

    Outro problema geral para bovinos confinados em tempo integral ou

    mesmo parcial a necessidade de permanecer em pisos molhados,

    escorregadios, inclinados ou perigosos. Pisos ripados e escorregadios

    podem levar a dificuldades para se deitar e se levantar. Essas e outras

    inadequaes de piso podem resultar em ferimentos de membros,

    problemas de casco, necrose na ponta do casco e outras doenas.

    Claudicao o maior problema do bem-estar de vacas confinadas, e os

    fatores que influenciam sua ocorrncia incluem a qualidade do piso e a

    drenagem inadequada, resultando na permanncia das vacas em reas

    lodosa. Esses aspectos devem ser sanados para que a liberdade de

    incmodos e doenas possa ser assegurada (BROOM, 2010).

  • MATERIAIS E MTODOS

    A avaliao foi realizada no dia 8 de maro de 2014, comeando s 9:00 e terminado

    as 13:00. Primeiramente foi realizado o levantamento de dados por meio de questionrio

    oral com o responsvel, utilizando-se de prancheta. Aps isso foi realizada a avaliao de

    dados estruturais do barraco, qualidade de camas e cochos, ventilao, incidncia de sol.

    Na rea destinada a pastagem foi observada por meio de avaliao visual a qualidade e

    fibrosidade dos 3 h de pastagens baseadas em tifton, a incidncia e tamanho de buracos,

    pedras e reas alagadas ou midas. Tambm foi avaliada a rao fornecida e sua devida

    armazenagem.

    A avaliao dos animais da raa holandesa se procedeu com a escolha casual de

    um lote de 86 que estavam em perodo lactativo (Figura 1). Estas foram avaliadas de acordo

    com as cinco liberdades bases do bem-estar. O estado de escore e produo mdia das

    vacas tambm foram coletados como forma de basear o ponto de exigncia a que os

    animais esto submetidos. Por fim foi observado, sem a presena direta de colabores e

    outros fatores que pudessem estressar os animais, as caractersticas comportamentais dos

    animais, como movimentao pelo ambiente e relao com os demais componentes do

    rebanho. Por fim a coleta de dados com o responsvel foi suficiente para basear as

    condies dos animais durante atividades de manejo, principalmente ordenha.

    Foto 1: Animais da raa holandesa em perodo lactativo

    Fonte: Arquivo prprio.

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    A avaliao realizada na visita constatou que as acomodaes destinadas a pasto,

    sendo este de tifton eram de boa qualidade, uma vez que a gramnea estava com baixa

    fibrosidade e o pasto livre de ervas daninhas que pudessem causar problemas aos animais.

    No forma encontradas pedras ou buracos que pudesse causar ferimento e no haviam

    focos de rea mida ou com perigo aos animais.

    Os animais dispunham de cama e individual e espao para movimentao, sem

    acesso a fezes ou outros dejetos, que so constantemente coletados pelos colaboradores.

    Os bebedouros eram coletivos, mas em nmero aceitvel, evitando a competio. Os

    cochos eram separados de forma que todas as vacas pudessem se alimentar sem a

    interferncia de incmodos. No barraco havia condies de ventilao excelentes, em vista

    do p direito alto, o que evita estresse por calor e formao de gases pela excreta dos

    animais. A insolao ocorria nas lateria, mas no de forma excessiva e o posicionamento do

    barraco permitia uma homogeneidade na incidncia de sol ao longo do dia.

    A alimentao complementar era feita por silagem de azevm e concentrado

    energtico, guardada em local dentro das especificaes, impedindo a contaminao por

    fungos e vetores de patgenos.

    O escore das vacas foi avaliado como nvel adequado de distribuio de peso e

    gordura, indicando o resultado do bom manejo alimentar e sanitrio, que se confirma na

    produo mdia de 32 litros por vaca (Figura 2). Dentro da propriedade 2 vacas esto em

    tratamento de mastite e 5 sob o tratamento de problemas com cascos, o que se encontra

    dentro de um padro aceitvel se comparado a outras propriedades leiteiras.

    Figura 2: Escala de avaliao e escore corporal utilizada na visita

    Fonte: Santos (2014)

  • A propriedade conta com 4 colaboradores que esto trabalhando a vrios anos no

    local, o que colabora com a natureza dos bovinos em se acostumar com pessoas e evita

    assim estresses oriundo de novas situaes e diferenas no manejo. As atividades como

    marcao, avaliao sanitria e outras formas de manejo so de acordo com as tcnicas de

    manejo indicadas, no expondo os animais a correrias, leses e estresse desnecessrio.

    O manejo de ordenha no pode ser observado, mas por meio da entrevista com o

    responsvel viu-se que os animais tem uma rotina calma, onde so levadas sem a

    necessidade de gritos e batidas, tudo feito por bandeirolas, as quais o gado j se

    acostumou.

    A observao dos animais sem o contato com humanos revelou padres de

    sociabilizao normais entre os animais, sendo visualizada dominncia de alguns

    indivduos, mas sem tumultos e mugidos caracterstico de estresse.

    Desta forma podemos classificar as mdias de classificao da propriedade e dos

    animais de acordo com as cinco liberdades padres do estudo de bem-estar animal:

    1. Liberdade de medo e estresse: excelente, em vista da necessidade de manejo leiteiro e

    uma vez que esto em local apropriado.

    2. Liberdade de fome e sede: Excelente, uma vez que os animais recebem alimentao

    com caractersticas baseadas em suas necessidades, e gua pura sem restries.

    3. Liberdade de desconforto: Excelente, se comparada a outras propriedades que no

    trabalham com o free stall e em vista do emprego do bem-estar no local e condies de

    insolao, alojamento e ventilao adequadas e manejo cotidiano feitos com respeito e

    tica.

    4. Liberdade de dor e doenas: Razovel, em vista dos casos de enfermidades

    relacionados ao manejo leiteiro.

    5. Liberdade para expressar seu comportamento ambiental: Razovel, em vista de que

    na natureza bovinos depem de mais espao para explorar e no so explorados

    comercialmente e tem seu comportamento reprodutivo livre. Na propriedade pode-se que os

    animais tem espao para andar e pasto para exercer seu comportamento habitual, o que

    ponto positivo mas longe das condies naturais.

    Com base nestes fatores pode-se concluir que o acesso dos animais as cinco

    liberdades no completo, em vista da necessidade de explorao comercial. Mas deve-se

    ressaltar que esto muito bem se comparados a animais manejados em sistemas onde no

    levado em considerao o bem-estar animal.

    Consultar o ANEXO 1 par visualizar os grficos de coleta de dados sobre os ndices

    de bem-estar.

  • REFERNCIAS

    ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI. S.; Imunologia celular e molecular. 6. ed. Rio

    de. Janeiro: Elservier, 2005.

    BRITO A. S.; NOBRE, F. V.; FONSECA, J. R.; Bovinocultura leiteira: Informaes

    tcnicas e de gesto. Disponvel em: Acesso em 28 fev. 2014.

    BROOM, D. M; FRASER, A. F.; Comportamento e bem-estar de animais domsticos. 4.

    ed. So Paulo: Manole, 2010.

    COLVILLE, T; BASSERT, M. J: Anatomia e fisiologia clnica para medicina veterinria.

    Rio de Janeiro: Elservier, 2010.

    CUNNINGHAM, J. G: Tratado de fisiologia veterinria. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara

    Koogan, 2004.

    GOMES, C. M.; SILVA, J. A.; Fisiologia do estresse: aspectos neuroendcrinos e

    comportamentais. Disponvel em: Acesso em: 28 fev. 2014.

    MOURA, S. V.; Reatividade Animal e indicadores fisiolgicos de estresse: avaliao

    das suas relaes com a qualidade final da carne bovina em distintos perodos de

    jejum pr-abate. 2011. 55 f. Dissertao (Programa de Ps-Graduao em Zootecnia)

    Faculdade de Zootecnia, Universidade federal de Pelotas, Pelotas-PR, 2011.

    SANTOS, R.M.; VASCONCELOS, J.L.; Escore de condio corporal em vacas de leite.

    Disponvel em: Acessado em 28 de fev. 2014

    SWENSON, M. J.; REECE, W. O. Dukes: Fisiologia dos animais domsticos. 12. ed. Rio

    de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

    WILLIAM, O.R: Fisiologia dos animais domsticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

    2006.

  • ANEXOS

    Anexo 1: Tabela para avaliao e formao de grficos com base no grau de bem-estar da

    propriedade

    Com base nos gficos contidos no Anexo 1 podemos concluir que a prpriedade se

    enquadra no programa de bem-estar na maioria dos tpicos, deixando a desejar apenas em

    proporcionar aos animais a liberdade de expressar seus comportamentos naturais, a

    alterao nos dados referentes a liberdade de dor, ferimentos,injurias e doenas deve-se

    aos dois casos de mastite e 5 de problemas com casco.