Upload
builien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade de São PauloFACULDADE DE ARQUITETURA
E URBANISMO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL
EM PROJETOS
– PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS –
CLAUDIO DE CAMPOS
Arquiteto
SÃO PAULO
Estado de São Paulo - Brasil
Fevereiro de 2007
Universidade de São PauloFACULDADE DE ARQUITETURA
E URBANISMO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL
EM PROJETOS
– PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS –
CLAUDIO DE CAMPOS
Arquiteto
Orientadora: Prof. Dra. CLAUDIA
TEREZINHA DE ANDRADE OLIVEIRA
Dissertação apresentada ao Programade Mestrado em Arquitetura eUrbanismo da Faculdade de Arquiteturae Urbanismo da Universidade de SãoPaulo, para obtenção do título demestre.
SÃO PAULO
Estado de São Paulo - Brasil
Fevereiro de 2007
À minha filha, Júlia, quem espero possa usufruir
ao direito das futuras gerações a um mundo digno.
Agradecimentos
A meus pais, Idenir Bayer de Campos e Januário de Campos, que incondicionalmente
sempre me apoiaram e incentivaram na realização de meus objetivos acadêmicos e
profissionais.
À orientadora e amiga Claudia Terezinha de Andrade Oliveira, que me honrou com sua
orientação durante este trabalho, sempre de forma ética e objetiva, me incentivando e
fornecendo oportunidades valiosas de crescimento pessoal.
Ao professor Sylvio Barros Sawaya, por sua disponibilidade e atenção dedicados,
permitindo que conhecesse um pouco de seu modo de projetar e de seu trabalho, o que
resultou em informações de grande valia a este trabalho.
Ao arquiteto Sérgio Assunção e a toda a equipe da COESF e da
Construtora Santa Bárbara, pelo tempo e paciência dedicados e a
pela disponibilidade em colaborar com minha pesquisa.
Aos professores Marcelo de Andrade Romero e Carlos Roberto Zibel Costa,
pelas sugestões apontadas no exame de qualificação que
muito contribuíram ao resultado deste trabalho.
À amiga Regina Perez, por sua disponibilidade em expor seu modo de projetar,
além de seu apoio e incentivo.
Aos professores da FAU e da POLI, pelo compartilhamento de suas experiências e
conhecimento e pela dedicação e amor no exercício da docência.
Aos colegas de turma, que me enriqueceram com sua convivência,
amizade e companheirismo.
E, por fim, a todos que não foram citados aqui, mas que de uma forma ou de outra,
contribuíram para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DAS FIGURAS .....................................................................................................................I
LISTA DAS TABELAS................................................................................................................... III
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................................................................IV
RESUMO ................................................................................................................................... VII
ABSTRACT ............................................................................................................................... VIII
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1
Contextualização do tema.........................................................................................................1
Justificativa................................................................................................................................6
Objeto........................................................................................................................................8
Objetivo .....................................................................................................................................8
Método ......................................................................................................................................9
Conteúdo dos Capítulos............................................................................................................9
1 A CRISE AMBIENTAL E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO...................................................... 11
1.1 Contexto.................................................................................................................... 11
1.2 Contribuição da Industria da Construção à Problemática Ambiental ....................... 14
1.3 Ações Mundiais para Proteção Ambiental ................................................................ 19
1.3.1 A Inserção Brasil no Contexto Histórico........................................................... 23
1.3.2 Ações Específicas para a Indústria da Construção ......................................... 26
2 ASPECTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS.............................................................................. 27
2.1 Desempenho Construtivo ......................................................................................... 27
2.2 Desempenho Ambiental............................................................................................ 32
2.2.1 Normas Série ISO14000 .................................................................................. 32
2.2.1.1 ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Especificação e diretrizes para uso ...32
2.2.1.2 ISO 14004 - Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre princípios,
sistemas e técnicas de apoio .......................................................................................................34
2.2.1.3 ISO14031 - Gerenciamento Ambiental – Avaliação de Desempenho Ambiental -
Diretrizes 35
2.3 Avaliação do Ciclo de Vida ....................................................................................... 39
2.3.1 Princípios da Avaliação do Ciclo de Vida......................................................... 41
2.3.2 Fases de uma ACV .......................................................................................... 43
2.3.3 Aplicação da ACV na produção do meio ambiente construído........................ 50
2.4 Impactos ambientais provocados pelas Atividades Humanas ................................. 52
2.4.1 Esgotamento de Recursos ............................................................................... 52
2.4.2 Aquecimento Global ......................................................................................... 53
2.4.3 Redução da Camada de Ozônio...................................................................... 54
2.4.4 Poluição............................................................................................................ 55
2.4.5 Acidificação ...................................................................................................... 57
2.4.6 Eutrofia ............................................................................................................. 57
2.4.7 Poluição tóxica ................................................................................................. 58
2.4.8 Resíduos sólidos .............................................................................................. 59
2.4.9 Outros Impactos ............................................................................................... 60
2.4.10 Causas e efeitos dos impactos ambientais...................................................... 60
2.5 Desempenho ambiental construtivo.......................................................................... 64
3 O PROJETO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO ........................ 66
3.1 As Patologias Ambientais Construtivas .................................................................... 67
3.1.1 Patologias Construtivas e Patologias Ambientais Construtivas....................... 67
3.1.2 Mensuração da Responsabilidade do Projeto ................................................. 70
3.2 O Projetista Frente aos Aspectos Ambientais .......................................................... 74
3.2.1 Projeto e Meio Ambiente: Aspectos Éticos e Jurídicos.................................... 74
3.2.2 Postura do Projetista frente à Questão do Desempenho Ambiental ............... 80
3.2.3 Consideração de aspectos ambientais em projetos ........................................ 82
3.2.4 Inserção dos aspectos ambientais no modo de trabalho do projetista............ 89
4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL............................................ 92
4.1 Ferramentas ACV Detalhadas .................................................................................. 94
4.1.1 Focadas em materiais construtivos.................................................................. 94
4.1.2 Focadas em subsistemas construtivos ............................................................ 96
4.2 Ferramentas ACV para Projetos............................................................................... 97
4.3 Ferramentas CAD – ACV........................................................................................ 100
4.4 Guias de Produtos Verdes...................................................................................... 104
4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios...................................................................... 106
4.6 Energia Incorporada – Entrada e Saída ................................................................. 109
4.7 Considerações ........................................................................................................ 111
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 112
5.1 Desafios a enfrentar para o desenvolvimento de metodologias nacionais ............ 115
5.2 Sugestões para continuidade desta pesquisa ........................................................ 118
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 119
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO
AMBIENTAL EM PROJETOS...................................................................................................... 126
ANEXO 2 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO DO EDIFÍCIO I1 DA ESCOLA DE
ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES - USP LESTE.................................................................... 130
i
LISTA DAS FIGURAS
Figura 1.1 - Variações Históricas e Projetadas das Temperaturas na
Superfície da Terra. .............................................................................. 12
Figura 1.2 - Reinterpretações da Agenda 21 relacionadas ao setor da
construção. ........................................................................................... 26
Figura 2.3 – Demanda / Suprimento ............................................................ 29
Figura 2.4 – Tradução de soluções.............................................................. 29
Figura 2.5 – Modelo de sistema de gestão ambiental.................................. 33
Figura 2.6 – Avaliação de Desempenho Ambiental ..................................... 36
Figura 2.7 – Interrelacionamento do gerenciamento da organização e
operações com condicionantes ambientais ......................................... 37
Figura 2.8 - Fases de uma ACV................................................................... 44
Figura 2.9 - Representação do ciclo de vida de um produto como uma árvore
de processos ........................................................................................ 46
Figura 2.10 - Normalização do ciclo de vida de sacos de papel e de PEBD
(dados fictícios), permitindo comparar contribuições aos aspectos
ambientais ............................................................................................ 48
Figura 2.11 - Indicador de ciclos de vida para sacos de papel e PEBD,
tornando-se evidente a preferência por sacos de papel. ...................... 49
Figura 2.12 - Ciclo de vida de uma edificação genérica .............................. 51
Figura 3.13 - Possibilidade de influência do projeto..................................... 71
Figura 3.14 - Novo enfoque do Macro Setor da Construção Civil dentro do
contexto global...................................................................................... 83
Figura 3.15 - O ciclo de vida do sistema-produto......................................... 84
Figura 3.16 – Projeto Baseado em Desempenho promove projeto integral. 87
Figura 3.17 - Conceito de planejamento integrado em PVU (planejamento da
vida útil) – ISO15686-6. Projeto pode ser iniciado em qualquer ponto do
ciclo de vida. ......................................................................................... 87
Figura 4.18 - Tela do aplicativo KCL-ECO 3.01, 1999. ................................ 94
Figura 4.19 - Telas do aplicativo Athena EIA 3.0 ......................................... 96
Figura 4.20 - Tela do aplicativo EcoQuantum Domestic (IVAM). ................. 97
ii
Figura 4.21 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM)................. 98
Figura 4.22 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM)................. 98
Figura 4.23 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................100
Figura 4.24 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................101
Figura 4.25 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................103
Figura 4.26 - Tela do aplicativo-web EcoSpecifier. .....................................104
Figura 4.27 - Tela do esquema LEED.........................................................106
Figura 4.28 - Telas do esquema GBTools. .................................................107
Figura 4.29 - Telas do aplicativo-web EIO-LCA / Carnegie Melon..............109
iii
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1.1 - Estimativas de geração de resíduos da construção civil em
diferenctes países................................................................................. 16
Tabela 2.2 - Requisitos de desempenho para 1 único Requisito do Usuário28
Tabela 2.3 – Operações da organização ..................................................... 38
Tabela 2.4 - Trecho de planilha de impactos ambientais resultante da
produção de 1kg de polietileno e 1kg de vidro...................................... 46
Tabela 2.5 - Exemplo de caracterização: trecho da planilha de impactos para
a produção de 1kg de polietileno .......................................................... 47
Tabela 2.6 - Processos de constr. civil e respectivos tempos de vida útil.... 51
Tabela 2.7 – Coleta de lixo segundo origem no Município de São Paulo .... 60
Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. ................................ 61
Tabela 3.9 - Requisito do Usuário - Adequação Ambiental ......................... 69
Tabela 3.10 - Avaliação do desempenho técnico-construtivo. Edifícios da
CUASO. ................................................................................................ 70
Tabela 3.11 - Origens das patologias em edificações ................................. 72
Tabela 3.12 - Quantitativos das Patologias Ambientais Construtivas
Conforme Origem ................................................................................. 74
Tabela 3.13 - Os Princípios de Hannover - Willian McDonough Architects -
1992...................................................................................................... 77
Tabela 4.14 - Ferramentas ACV detalhadas................................................ 95
Tabela 4.15 - Ferramentas de projeto basadas em ACV............................. 99
Tabela 4.16 - Ferramentas CAD - ACV .....................................................102
Tabela 4.17 - Guias e checklists de produtos .............................................105
Tabela 4.18 - Esquemas de avaliação de edifícios....................................108
Tabela 4.19 - Ferramentas de energia incorporada....................................110
iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A21 Agenda 21
A21CS Agenda 21 para Construção Sustentável
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
ADA Avaliação de Desempenho Ambiental
ANA Agencia Nacional de Águas,
CAD Computer Aided Design
CBD Construção Baseada em Desempenho
CENPES Centro de pesquisas Petrobrás
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CFC Clorofluorcarbono
CIB International Council for Research and Innovation in
Building and Construction.
CNUMAD Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente,
COV Compostos Orgânicos Voláteis
CUASO Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira
DCV Design do Ciclo de Vida
DDT Dicloro Difenil Tricloroetano
EACH Escola de Artes, Ciências e Humanidades
ECI Environmental Condition Indicator (Indicador de Condição
Ambiental)
ECO92 Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
EIA/RIMA Estudos de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto
Ambiental
EIV Estudos de Impacto de Vizinhança
EPE Environmental Performance Evaluation (Avaliação de
v
Desempenho Ambiental)
EPI Environmental Performance Indicator (Indicador de
desempenho ambiental)
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais,
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEC Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
ISO International Standardization Organization
LCA Life Cycle Assessment
LCD Life Cicle Design
MA Millenium Ecosystem Assessment
MCT MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA,
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME Ministério de Minas e Energia
MPI Management Performance Indicator (Indicador de
Desempenho Gerencial)
ONU Organização das Nações Unidas
OPI Operacional Performance Indicator (Indicador de
Desempenho Operacional)
PAC Patologia Ambiental Construtiva
PAN Peroxiacilinitratos
PBD Projeto Baseado em Desempenho
PC Patologia Construtiva
PCB Policlorobifeniles
PCT Policlorotrifeniles
PCV Planejamento do Ciclo de Vida
PDCA Plan-Do-Check-Act
PeBBU Performance Based Building
PIB Produto Interno Bruto
PNRH Plano Nacional de Recursos Hidricos
PNUMA Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente.
PVU Planejamento da Vida Útil
vi
RCD Resíduos de Construção e Demolição
RMIT Royal Melbourne Institute of Technology
SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente,
SETAC Society for Environmental Toxicology and Chemistry
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNIC Sindicato Nacional da Indústria do Cimento,
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura
UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate
Change
VOC Volatile Organic Compounds
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
WCED World Commission for Environment and Development
vii
RESUMO
CAMPOS, C. – Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos –
Procedimentos e Ferramentas. São Paulo. 2007. 170p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São
Paulo.
O objetivo desta dissertação é analisar qualitativamente o ferramental
disponível para suporte à melhoria de desempenho ambiental no
desenvolvimento de projetos, quanto à viabilidade de aplicação à prática
projetual corrente no Brasil. A crescente conscientização de que o consumo
sustentável dos recursos naturais é freqüentemente ignorado ou mal
interpretado nas práticas projetuais, tem levado os projetistas a assumir suas
reais responsabilidades e melhorar o diálogo e a interrelação com outros
agentes do macro setor da construção civil. Neste contexto o trabalho
procura discutir conceitos básicos sobre o paradigma do projeto orientado ao
desempenho, o processo de projeto integrado, bem como assuntos
relacionados à indústria da construção. São revistos temas teóricos afetos
ao desempenho construtivo, avaliação do ciclo de vida, e ainda aos impactos
ambientais decorrentes das atividades antrópicas. São discutidas as
responsabilidades e postura do projetista quanto à questão. Por fim, passa-
se a uma avaliação qualitativa quanto ao emprego em projetos das diversas
classes de ferramentas de avaliação de desempenho ambiental. Essa
análise abrangente oferece referências de caráter conceitual e prático para o
desenvolvimento e a consolidação de ferramentas para avaliação ambiental,
orientadas à produção do ambiente construído no Brasil.
Palavras-chave: Desempenho; Ambiental; Ferramentas; Avaliação; Projeto.
viii
ABSTRACT
The aim of this master thesis is analyze the design tools addressed to
improvement of projects considering environmental aspects and their
application in current practice design in Brasil. Growing awareness that
sustainable consumption of natural resources is often ignored and seldom
corrected incorporated into design practices have led the design
professionals to take responsibilities and improve their ability to enhance
dialogue and contacts with other stakeholders in construction sector. In this
context this work seeks to discuss basic concepts on performance-based
design paradigm, integrated design process, as well as specific aspects
related to construction industry. Theoretical issues connected to construction
and building performance, life cycle assessment and environmental impacts
resulting from human activities are reviewed. The actual responsibilities of
designers and professionals are also discussed. The qualitative evaluation of
existing performance assessment tools is made. This comprehensive
analysis can provide conceptual and practical references for development
and consolidation of specific environmental assessment methods and tools
for building and construction in Brasil.
Keywords: Performance, Environmental, Tools, Assessment, Design
1
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O processo de produção do projeto, principalmente nas fases de concepção
e de planejamento, mas também nas fases de detalhamento, seja para uma
obra nova, uma reforma ou mesmo a criação de um novo componente
construtivo, influencia diretamente os níveis de desempenho do espaço ou
ambiente construído1 como um todo. Se o projetista tem em mente que todo
o projeto deve satisfazer às necessidades básicas inerentes ao mesmo
como funcionalidade, conforto, segurança, estética, aspectos sociais e
culturais e outros, o resultado esperado, ou seja, o desempenho esperado
para o seu produto certamente será alcançado.
No entanto, se a busca da adequação ambiental na construção civil é o foco,
não há solução centrada em uma única linha de atuação. Isso exige um
trabalho complementar e seqüencial de diversos projetistas, bem como de
diversos agentes de todos os segmentos do Macro Setor da Construção
Civil. O arquiteto, sendo basicamente o responsável pelos primeiros traços
do projeto, tem uma tarefa importante nesse processo, pois das suas
propostas decorrerão todas as demais decisões do projeto, da produção dos
edifícios e do ambiente construído como um todo.
Uma nova abordagem da atividade projetual surgiu a partir da busca de
soluções ambientalmente adequadas para a construção de edificações. A
elaboração de projetos com esta orientação tinha como metas iniciais a
redução do uso de recursos naturais e energéticos; a redução da emissão
de poluentes no ar, água e solo; a minimização das perdas e resíduos e a
1 Espaço ou ambiente construído é aqui compreendido como o espaço ou ambiente natural
que sofreu influência das atividades antrópicas para ser convertido em edifícios,
equipamentos comunitários ou em infra-estrutura urbana.
2
possibilidade de reutilização desses resíduos da própria construção civil ou
de outros segmentos industriais.
Com o tempo, esse conceito incorporou as novas diretivas para o
desempenho energético das edificações. Segundo esses novos requisitos de
desempenho, foram propostos níveis significativos de redução no consumo
de energia para o condicionamento interno das edificações. Para tanto, cada
detalhe do projeto precisa ser estudado com o propósito de reduzir o
consumo energético para a garantia de padrões mínimos de conforto termo-
acústico e de iluminação artificial.
Mais recentemente, a evolução deste conceito de projeto direcionado à
adequação ambiental incorporou também a necessidade de se projetarem
não apenas os edifícios, mas também componentes e elementos
construtivos mais duráveis e com baixo impacto ambiental, ou seja, com
ciclo de vida mais longo, e com a possibilidade de serem reutilizados ou
reciclados ao final de sua vida útil.
Entendendo que a associação dessas ações só podem ocorrer por meio de
reflexões, discussões e tomada de decisões, a via mais capacitada a
alinhavar todas as decisões é o projeto, que aqui deve ser entendido como
um processo capaz de permitir a tomada de decisões que vão determinar o
desempenho do ambiente construído ao longo de toda da sua vida útil.
Um dos problemas na atual forma de projetar, decorre da dissociação entre
a atividade projetual e a construção em si. Em grande parte das atuais
práticas projetuais não se costuma levar em consideração os materiais e os
métodos empregados na montagem de componentes pré-fabricados ou
certas especificidades do ambiente de trabalho e dos subsistemas da
edificação. O resultado é a adoção de uma série de soluções e
improvisações em fases adiantadas do projeto ou, em última instância, no
próprio canteiro de obras. Na maioria dos casos, esses ajustes são onerosos
e inadequados, e resultam em baixo desempenho do componente e da
edificação como um todo.
3
O processo de projeto integrado pode ser considerado um instrumento
importante que permite a tomada de decisões na fase de projeto com o
propósito de se reduzirem as adaptações e as improvisações no canteiro de
obras resultantes de decisões inadequadas de projeto.
Como discutido anteriormente, a prática projetual deve ser baseada no
desempenho esperado para o ambiente construído. A preocupação com o
desempenho deve ser incluída no projeto desde as etapas iniciais do
empreendimento, ou seja, a concepção, o planejamento e o anteprojeto.
As novas técnicas de projeto orientado à análise de desempenho requerem
uma abordagem sistêmica e integrada de todo o processo. O enfoque do
projeto orientado à adequação ambiental incorpora no processo produtivo
das edificações uma série de recomendações (UNIVERSITY OF BRITISH
COLUMBIA, 2002), a saber:
• desenvolvimento de novas práticas construtivas para a otimização do
desempenho energético das edificações, se comparadas às práticas
correntes. Cabe destacar que nesse contexto, o desempenho energético
das edificações, em análise geral, diz respeito ao consumo de energia do
edifício como um todo, desde sua construção, operação, manutenção,
demolição ou eventual desmontagem, e está relacionado à análise do
ciclo de vida da edificação;
• otimização no uso da terra, principalmente em grandes centros urbanos
onde a necessidade de preservação de áreas verdes torna-se cada vez
mais importante em razão do equilíbrio do micro-clima e da conservação
de áreas para drenagem e infiltração de águas pluviais;
• redução do consumo de matérias-primas e recursos naturais,
principalmente os não renováveis;
• significativa redução das emissões atmosféricas e da geração de
resíduos líquidos e sólidos;
• melhores condições de conforto ambiental e salubridade das edificações
no que diz respeito ao conforto térmico, acústico, à iluminação e à
qualidade do ar;
• maior funcionalidade, adaptabilidade e melhores condições de
manutenção das edificações.
4
O processo de projeto integrado também pode ser visto pela ótica da gestão
da qualidade. Face ao aumento da competitividade atual do mercado, a
demanda por sistemas de gestão da qualidade interna é crescente nas
empresas de projeto e construção. MELHADO (2001) destaca que, se a
integração entre as soluções estéticas e formais e as soluções tecnológicas
ainda não se dá de forma satisfatória, a gestão da qualidade deveria ser
vista como “uma portadora de métodos de integração entre os agentes do
empreendimento, e capaz, portanto, de contribuir para um melhor
compromisso entre as soluções arquitetônicas e seus atributos tecnológicos
e construtivos”.
A gestão da qualidade é uma ferramenta importante na otimização do uso de
recursos e na viabilização do processo de projeto integrado, além de
colaborar para a garantia do desempenho técnico, social e ambiental das
edificações.
Segundo a política de desenvolvimento sustentável praticada pela
UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA (2002), o processo de projeto
integrado é definido como um processo em que se pode incluir uma ampla
gama de profissionais de várias áreas na equipe de projeto nas seguintes
especialidades: arquitetura, engenharia, ciência dos materiais, cálculo,
físico-química, análise laboratorial, desenho industrial entre outros. Além
disso, a equipe de projeto deve estabelecer relacionamento com a equipe de
construção desde o início do processo, para definir as diretrizes de
desempenho e mantê-las como referência durante todo o desenvolvimento
do processo produtivo da obra. Nesse contexto, as novas tecnologias e
procedimentos sugeridos para a nova forma de projetar são:
• incorporação de grande volume de materiais reciclados ou com grande
teor de resíduos industriais;
• racionalização das técnicas construtivas para redução do desperdício;
• soluções de projeto que minimizem o consumo energético no edifício
sem prejuízo do conforto ambiental;
• seleção de materiais e técnicas com base na baixa emissividade de
poluentes e na baixa energia incorporada;
5
• uso de materiais e componentes produzidos localmente com o intuito de
reduzir gastos energéticos e reduzir a emissão de poluentes
ambientais como gases de efeito estufa, particulados, entre outros;
• reciclagem de recursos naturais na construção, no uso e na manutenção
do edifício;
• projeto que permita a desmontagem dos componentes para futuro
reaproveitamento ou reciclagem;
O efetivo exercício do processo de projeto integrado não dependerá apenas
da conscientização dos profissionais, das metodologias e das inovações
tecnológicas; dependerá predominantemente, da retroalimentação do
sistema de compilação de soluções satisfatórias e de relação custo/benefício
compatível com as demandas sociais, técnicas e ambientais das
edificações.
Mais do que preservar o meio ambiente, esse processo de projeto integrado
tem a função básica de contribuir para o equilíbrio entre o consumo de
recursos naturais e energéticos e a demanda por novas edificações, infra-
estrutura e equipamentos urbanos, quer seja para atender ao crescimento
vegetativo ou às necessidades específicas de uma dada população, como
também para atender à demanda social de universalização do direito de
moradia e de acesso ao saneamento básico e à saúde.
Uma vez estabelecida a importância do papel do projetista no processo de
produção do ambiente construído e reconhecidas as novas necessidades e
os novos paradigmas do processo construtivo contemporâneo, este trabalho
foi desenvolvido no contexto da cultura de projeto integrado, voltada à
análise de desempenho global do ambiente construído, incluindo aí o
desempenho ambiental.
É portanto neste contexto que o trabalho ora apresentado insere-se, ou seja,
no contexto em que a busca por construções sustentáveis está diretamente
relacionada a uma nova abordagem da prática projetual.
6
JUSTIFICATIVA
Para compreensão da evolução do problema ambiental pode-se apresentar
o exemplo, segundo John (2003), da geração de resíduos durante a
produção de materiais e edificações e a conversão também em resíduos de
todo o material usado na edificação ao final da sua vida útil (ao final da vida
útil eles também se convertem em resíduos). Assim, a massa de resíduos
gerados é superior à massa de bens de consumo em longo prazo para
qualquer economia. Há inúmeros outros exemplos, relacionados aos
diversos tipos de impactos ambientais gerados na produção do meio
ambiente construído e, sendo este uma das e base para a maior parte das
atividades humanas, está também entre as que geram maior impacto
ambiental. Fica patente, portanto, que não há desenvolvimento sustentável2
sem construção sustentável.
Para que haja desenvolvimento de construções compatíveis com o conceito
de desenvolvimento sustentável, é necessária a busca de resultados
objetivos. Muitos esforços podem ser dispendidos com poucos resultados
efetivos caso não se considerem os impactos ambientais como um item de
desempenho, que como tal deve ser, na medida do possível, mensurável.
A busca de desempenho construtivo na produção de edifícios não é recente,
tendo sido inclusive objeto de normalização, como pela norma ISO6241/82,
porém apenas recentemente a questão do desempenho ambiental tem sido
considerada neste segmento. No Brasil, a necessidade de incorporação de
critérios ambientais na avaliação de desempenho vem sido gradualmente
aceita no segmento da construção civil, o que pode ser demonstrado pelo
projeto de norma Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco
pavimentos (ABNT, 2004), em desenvolvimento, que possui um capítulo
referente a adequação ambiental. Este projeto de norma apenas recomenda
a adoção de critérios de adequação ambiental, pois considera que as
2 O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi definido pela WCED - World Commission
for Environment and Development.
7
técnicas de avaliação do impacto ambiental resultante das atividades da
cadeia produtiva da construção ainda são objeto de pesquisa e no atual
estágio de conhecimento não é possível estabelecer critérios e métodos de
avaliação relacionados à expressão desse impacto.
A contribuição do projeto para o desempenho construtivo dos edifício pode
ser obtida por meio de pesquisas para a identificação sistemática das
causas de patologias construtivas, identificadas pelo não atendimento de
requisitos de desempenho. Estudos com este propósito (Simões, 1999;
Abrantes, 1995 apud Bagatelli, 2002) indicam que a maioria das patologias
construtivas são originadas na fase de projeto. Considerando-se que o
projeto tenha semelhante contribuição para o desempenho em aspectos
ambientais, faz-se necessário buscar meios de garantir decisões, e por
conseguinte projetos, que resultem em soluções de melhor desempenho
ambiental das construções.
A seleção do sítio para implantação dos empreendimentos e a maneira de
ocupação do mesmo, a forma adequada ao edifício para que se obtenham
melhores condições em iluminação e temperatura, melhor relação de área
ocupada por volume de materiais empregados, utilização de materiais
reciclados em novas obras e/ou uso de materiais que possam ser
reaproveitados ao final da vida útil do edifício, projeto de edifícios flexíveis
para aumento da vida útil do mesmo, uso de materiais e equipamentos com
melhor desempenho, entre outras, são ações que cabem ao projetista e que
oferecem contribuição decisiva para a produção do edifício com melhor
desempenho ambiental, interferindo na construção, no uso, na demolição,
enfim, em toda a vida útil do ambiente construído.
As décadas de 1990 e 2000 têm abrigado importantes ações de promoção
do desenvolvimento sustentável, como o Protocolo de Kyoto e a Agenda 21,
além de certificação ambiental crescente por normas como a série
ISO14000. Com participação significativa na produção de impactos
ambientais, a indústria da construção deve se adequar às crescentes
exigências ambientais, e como grande influenciador destes aspectos, o
projeto deve tomar decisões responsáveis.
8
A prática do desenvolvimento de projeto visando resultados com melhor
desempenho ambiental, no entanto, quando existente, é bastante subjetiva.
No Brasil, praticamente, não há metodologias específicas e o projetista,
quando imbuído da intenção de desenvolver projetos com melhor
desempenho ambiental, fica limitado por falta de instrumental e informações,
o que restringe ou até impossibilita a prática do projeto orientado à melhoria
do desempenho ambiental, refletindo em todo o ciclo de vida do ambiente
construído.
O desenvolvimento deste trabalho justifica-se pela necessidade de diretrizes
para a pesquisa e desenvolvimento de ferramentas que auxiliem a
incorporação de aspectos de desempenho ambiental no desenvolvimento de
projetos, visto não haver no Brasil ferramentas validade, consolidada e
adequada como suporte à pratica projetual nacional e às especificidades
locais.
OBJETO
O objeto deste trabalho de pesquisa é o ferramental disponível ou aplicável
como suporte ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos empenhados
em obter melhor desempenho ambiental. São identificados instrumentos
aplicáveis ao desenvolvimento do projeto diretamente ou como auxiliares
para tomada de decisões.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é desenvolver uma análise qualitativa do
ferramental disponível para suporte à melhoria de desempenho ambiental no
desenvolvimento de projetos, quanto à viabilidade de aplicação à prática
projetual corrente no Brasil.
9
MÉTODO
Dada a natureza descritiva desta dissertação, para o alcance do objetivo
proposto o trabalho foi desenvolvido com base no método científico de
pesquisa composto das seguintes etapas:
- Formulação do problema: tendo como referência a experiência pessoal
deste autor como projetista e gerenciador de obras civis, procedeu-se por
meio de revisão bibliográfica a identificação de fatos, circunstâncias e
fenômenos acerca do problemas decorrentes dos impactos da
construção no meio ambiente; esta etapa permitiu a formulação do
objetivo desta pesquisa;
- Construção do marco teórico: a ampliação e o aprofundamento da
revisão bibliográfica, orientada aos temas específicos da pesquisa,
possibilitou a definição de bases conceituais do desempenho técnico-
construtivo com foco no tema desta dissertação, bem como a discussão
dos reflexos da atividade projetual no desempenho ambiental das
construções; a sistematização de fatos e experiências práticas anteriores
deste autor completou a proposição do marco teórico;
- Análises e correlações: com base no levantamento e estudo das
ferramentas disponíveis para o projeto em nível nacional e internacional,
foi feita uma análise crítica da aplicação e adequação desse ferramental
à prática projetual nacional; o marco teórico serviu como plataforma;
- Síntese: as correlações entre os problemas levantados na revisão
bibliográfica inicial e o resultado da análise crítica permitiram a
proposição de algumas diretrizes factíveis para o desenvolvimento de
ferramentas nacionais de análise do desempenho ambiental de projetos;
CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS
O primeiro capítulo apresenta o contexto da crise ambiental global, originada
pelas atividades humanas, e as principais ações de organizações e países
10
objetivando mitigar os efeitos daquelas atividades. São apresentados ainda
a participação do Brasil e a contribuição e a importância da indústria da
construção a este cenário.
No segundo capítulo é apresentado um resumo de aspectos conceituais e
teóricos de embasamento, abordando-se o desempenho técnico-construtivo,
o desempenho ambiental e as Normas da Série ISO14000, Avaliação do
Ciclo de Vida e ainda os impactos ambientais provocados pelas atividades
humanas. A partir de tais conceitos é apresentada uma proposta de
definição para o desempenho ambiental construtivo.
No terceiro capítulo são relacionados os conceitos dos capítulos anteriores à
atividade projetual, apresentando-se a contribuição e responsabilidade do
projeto ao desempenho ambiental da indústria da construção, a postura do
projetista com relação melhoria do desempenho ambiental, aspectos éticos
e jurídicos ambientais da atividade, implicações e meios de viabilização da
aplicação de aspectos ambientais em projetos.
O quarto capítulo trata da análise qualitativa das metodologias disponíveis
para suporte à decisão em projetos em aspectos ambientais quanto à
viabilidade de aplicação ao contexto brasileiro.
O quinto e último capítulo tece considerações finais quanto às diretrizes para
o desenvolvimento de ferramentas nacionais de análise do desempenho
ambiental de projetos.
11
1 A CRISE AMBIENTAL E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
1.1 CONTEXTO
A importância de uma relação responsável da humanidade com o meio
ambiente é, atualmente, uma questão universalmente aceita. No entanto,
estamos a uma longa distância de ter uma relação equilibrada com o meio
em que vivemos e do qual necessitamos para nossa sobrevivência. Segundo
a World Business Council for Sustainable Development – WBCSD (apud
MANZINI; VEZZOLI, 2005), poderíamos considerar ambientalmente
sustentáveis aqueles sistemas produtivos e de consumo cujo emprego de
recursos fosse pelo menos 90% inferior ao aplicado atualmente nas
sociedades industrialmente mais avançadas.
A não alteração dos modelos de produção e consumo projeta para as
próximas décadas o esgotamento ou rarefação dos recursos naturais, o que
elevará seus custos e poderá gerar disputas e conflitos para controle dos
recursos remanescentes.
A ONU – Organização das Nações Unidas, em seu Millenium Ecosystem
Assessment - MA (Avaliação Ecossistêmica do Milênio), concluído em 2005,
aponta que “a humanidade tem alterado os ecossistemas mais rapidamente
e extensivamente nos últimos 50 anos do que em qualquer período
comparável da história da humanidade. Temos provocado demandas
crescentes por comida, água, materiais e energia. Enquanto mudanças nos
ecossistemas têm melhorado o bem-estar de bilhões de pessoas, eles têm
causado uma substancial e irreversível perda na diversidade da vida na
terra, e tem excedido a capacidade dos ecossistemas de continuar provendo
serviços essenciais”. “Mais áreas de terra foram convertidas em lavouras
desde 1945 do que nos séculos XVIII e XIX somados, e aproximadamente
24% da superfície terrestre foi transformada em sistemas de cultivo. Desde
aproximadamente 1980, perdeu-se o equivalente a 35% dos manguezais,
12
20% dos recifes de coral do mundo foi destruído e outros 20% estão em
estado de alta degradação ou destruídos.” “Os seres humanos usam
atualmente de 40 a 50% da água doce corrente(...). Entre 1960 e 2000, a
capacidade de armazenamento em reservatórios quadruplicou. Como
resultado, estima-se que a quantidade de água armazenada em grandes
represas seja de três a seis vezes a quantidade que flui naturalmente nos
rios naturais (excluindo-se lagos naturais).”
O uso do carvão, petróleo e gás natural como fontes de energia tem liberado
grandes quantidades de carbono anteriormente confinado a camadas de
rocha subterrâneas, elevando assim os níveis do dióxido de carbono (CO2)3
no ar em aproximadamente um terço. Como conseqüencia, ocorre o
aprisionamento de calor do sol na atmosfera, conhecido como efeito estufa.
Figura 1.1 - Variações Históricas e Projetadas das Temperaturas na Superfície da Terra. (MA, 2006)
A Figura 1.1 representa a evolução das temperaturas médias globais para os
3 Dióxido de carbono, anidrido carbônico e também conhecido como gás carbônico quando
sob pressão e temperatura ambiente; é o gás de efeito estufa resultante das atividades
antrópicas mais abundante na Terra; a seguir identificado por sua fórmula química CO2.
13
últimos 1000 anos resultante desse efeito estufa.
Uma relação equilibrada entre as atividades antrópicas e o meio ambiente
tem sido, mais do que simplesmente preservação da natureza (caráter
preservacionista dos movimentos ambientalistas), também e principalmente
um requisito para a sobrevivência da espécie humana. Necessitamos da
utilização dos recursos obtidos da natureza para nossa sobrevivência, mas
esta utilização deve levar em conta o caráter finito destes recursos.
As limitações do meio ambiente foram retratadas na década de 1970 com o
documento Limits to Growth (MEADOWS, 1972), que causou grande
polemica à época da Conferência de Estocolmo4 por sugerir limitações ao
crescimento econômico, sobretudo aos países em desenvolvimento.
Para essa relação entre a uso de recursos naturais e sua preservação foi
introduzido, há praticamente 20 anos pela WCED5, o conceito de
desenvolvimento sustentável sob o aspecto ambiental. A expressão
sustentabilidade ambiental refere-se às condições sistêmicas segundo as
quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem
interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do
planeta do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu
capital natural6, que será transmitido às futuras gerações (MANZINI;
VEZZOLI, 2005).
Neste contexto, a natureza é representada em termos de “capital natural”,
adquirindo valor econômico e caráter de commodities. Esta condição ganha
importância inversamente proporcional à disponibilidade de recursos ainda
existentes. A noção prevalecente de que os recursos naturais fossem
infinitos no início da era industrial fazia com que os custos dos recursos
4 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada na cidade de
Estocolmo, em 1972.5 World Commission for Environment and Development, que elaborou o documento Our
Common Future, também conhecido como o Relatório Bruntland, estabelecendo o conceito
de Desenvolvimento Sustentável.6 Capital Natural é o conjunto de recursos não renováveis e das capacidades sistêmicas do
ambiente de reproduzir os recursos renováveis (MANZINI; VEZZOLI, 2005).
14
naturais fossem baixos, e, conforme a disponibilidade destes recursos
diminui tendendo ao esgotamento, o capital natural tende a ser
economicamente sobrevalorizado.
O desenvolvimento, que representa a melhoria do bem-estar humano, passa
então a incorporar os requisitos de sustentabilidade ambiental.
O crescimento das preocupações e ações em âmbito mundial, para
promoção de atividades humanas comprometidas com uma relação
equilibrada com o meio ambiente está relacionada, sob um ponto de vista
mais imediatista, com a tendência ao esgotamento dos recursos naturais e
de seu conseqüente aumento de custos e, em uma esfera mais abrangente,
aos riscos para a sobrevivência da espécie humana.
1.2 CONTRIBUIÇÃO DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO À PROBLEMÁTICA
AMBIENTAL
Diversos segmentos das atividades antrópicas produzem impactos
ambientais, estando a produção do meio ambiente artificial, ou meio
ambiente construído, dentre as que mais contribuem para tal. John (2000)
ressalta que praticamente nenhuma atividade humana prescinde de um
ambiente construído adequado, estando a construção civil presente em
todas as regiões do planeta ocupadas pelo homem. Desta forma, o impacto
ambiental da construção civil é proporcional a sua tarefa social.
Em termos quantitativos sobre a contribuição nos impactos ambientais da
indústria da construção, os números variam de país a país, mas, situando
rapidamente o problema conforme a Agenda 21 para a Construção
Sustentável - A21CS (INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND
INNOVATION IN BUILDING AND CONSTRUCTION – CIB, 2000), as
construções na União Européia são responsáveis por mais de 40% do
consumo total de energia, por cerca de 30% das emissões de dióxido de
carbono (CO2) e estima-se que o setor da construção gere
aproximadamente 40% dos resíduos produzidos pelas atividades humanas.
15
Com relação ao consumo de recursos naturais, Anink (1996) indica que em
meados da década de 1990, 50% deles eram relacionados às edificações
nos países baixos.
No Brasil, onde a indústria da construção representa 14,5% do PIB –
Produto Interno Bruto, os resíduos de construção e demolição representam
mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos e a operação de
edifícios consome cerca de 18% do consumo total de energia do Brasil, mas
cerca de 50% da energia elétrica e esta participação está crescendo (JOHN,
2000).
É apresentada abaixo a contribuição da indústria da construção para os
principais grupos de impactos ambientais:
a) Consumo de Recursos Naturais
Pelo porte do setor econômico da industria da construção, este é o maior
consumidor de recursos naturais. O Consumo de recursos naturais em
determinada região depende de fatores como taxa de resíduos gerados, vida
útil ou taxa de reposição das estruturas construídas, necessidades de
manutenção, perdas incorporadas nos edifícios, tecnologias empregadas,
entre outros.
Embora difíceis de se estabelecer, há algumas estimativas referentes ao
montante de recursos naturais consumidos pelo setor. O setor consome
entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos no planeta. Nos caso dos
EUA, o consumo anual de mais de 2 bilhões de toneladas representa cerca
de 75% dos materiais consumidos nesta economia (JOHN, 2000).
Dentre os recursos naturais, possivelmente o de maior importância é a água.
Dos principais usos da água apontados pelo World Water Council (apud
SAUTCHUK, 2004) para os propósitos humanos, a extração para uso pela
municipalidade é de 10% do total, sendo o restante empregado para
agricultura, com 70%, e indústria, com 30%.
b) Geração de Resíduos
O ciclo de vida do meio ambiente construído gera resíduos desde a
16
produção de materiais e componentes, a construção e as atividades em
canteiro de obras, manutenção, uso e, finalmente, na demolição. As
atividades de manutenção são motivadas tanto para a correção de falhas de
execução quanto à necessidade de reposição de componentes ao fim de
sua vida útil.
A quantidade de resíduos gerados é influenciada por diversos fatores, como
as tecnologias construtivas empregadas, taxas de desperdício, manutenção,
intensidade da atividade produtiva em construção, entre outros, variando
estes fatores em cada país, conforme representado na Tabela 1.1.
Os resíduos de construção e demolição - RCD - são um dos responsáveis
pelo esgotamento de áreas de aterros em cidades de médio e grande porte,
uma vez que eles correspondem a mais de 50% dos resíduos sólidos
urbanos. No Brasil, estima-se que é gerado anualmente algo em torno de
68,5 milhões de toneladas de RCD. Além disso, eles são responsáveis por
altos custos sócio-econômicos e ambientais nestas cidades em função das
deposições irregulares. Por exemplo, na cidade de São Paulo, estes gastos
são na ordem de 45 milhões de reais / ano para coleta-transporte-deposição
destes resíduos (ANGULO et al, 2003).
Tabela 1.1 - Estimativas de geração de resíduos da construção civil em diferenctes países. (JOHN, 2000)
c) Consumo Energético
O meio ambiente construído é responsável por um consumo energético
significativo em todas as suas fases, desde a produção dos materiais,
Mton/ano Kg/habSuécia 1,2 - 6 136 - 680 Tolstoy, Börklund & Carlson
(1998); EU(1999)P.P, 1996
Holanda 12,8 - 20,2 820 - 1300 Lauritzen (1998); Brossink, Brouwers & Van (1996); EU(1999)
EUA 136 - 171 463 - 584 EPA (1998); Peng, Grosskopf, Kibert (1994)
-1996
Reino Unido 50 - 70 880 - 1120 Detr (1998); Lauritzen (1998) 1995, 1996Bélgica 7,5 - 34,7 735 - 3359 Lauritzen (1998); EU(1999) P; 1990-1992Dinamarca 2,3 - 10,7 440 - 2010Itália 35 - 40 600 - 690Alemanha 79 - 300 963 - 3658 P.1994-1996Japão 99 785 Kasai (1998) 1995Portugal 3,2 325 EU(1999) Exclui solosBrasil na 230 - 660 Pinto (1999) Algumas cidades apenas
Quantidade AnualPaís Fonte Observações
17
construção, manutenção e principalmente o uso. John (2000) afirma que na
Inglaterra, o consumo de energia associado à produção e transporte de
materiais de construção é de cerca de 10% do consumo total de energia.
O consumo de energia durante a fase de uso das edificações é ainda mais
significativo. A demanda de energia em edifícios dos setores residencial e
comercial na União Européia (UE), corresponde a 40,7% do total, enquanto
28,3% são referentes ao setor industrial e 31% ao transporte. Na Inglaterra,
especificamente, a parcela dos edifícios em operação tem consumo total de
energia significativamente maior que na UE, chegando a 72% no primeiro
caso (GONÇALVES, 2003). No Brasil, segundo dados de pesquisas
governamentais (BRASIL. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 2006),
estima-se que no ano de 2005 o setor residencial tenha sido responsável
pelo consumo de 31,3% da eletricidade produzida no país; se considerados
ainda o uso e operação de edifícios dos setores comercial e público, esse
consumo passa para 63,8%.
d) Poluição
As atividades relacionadas à construção, em todas as fases do seu ciclo de
vida, lançam poluentes no ar, terra e água, além de emitirem ruídos. Durante
o processo produtivo de cimento Portland e cal, por exemplo, é gerada uma
grande quantidade de CO2 de forma direta pela dissociação térmica dos
carbonatos e de forma indireta pela queima de combustíveis fósseis. Dados
do primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas (BRASIL.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2006), indicam que em 1994 a
produção de cal e de cimento Portland no Brasil gerou cerca de 13.489 Gg
(~13,5x106 t) de CO2 resultantes do processo da dissociação térmica da
matéria-prima; isto representou naquela época um percentual de 5,3 do total
de emissões antropogênicas de CO2 no país7 de acordo com dados oficiais
7 As emissões antropogências de CO2 aqui consideradas (emissão total de 254x106 t de
CO2 em 1994) são resultantes da produção de energia (queima de combustíveis fósseis e
emissões fugitivas) e de processos industriais (processos químicos da produção de
18
(BRASIL. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2004). Por meio da
manipulação de dados sobre a produção de cimento Portland8 no Brasil
(SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO, 2006), estima-se
que em 2005 as emissões atmosféricas de CO2 decorrentes da produção de
cimento Portland totalizaram aproximadamente 15,9x106 de toneladas9.
Segundo a National Audubon Society (1994), a emissão de CO2 nos EUA é
de mais de 5 bilhões de toneladas / ano, dos quais estima-se que o
ambiente construído contribua com mais de 50%. Vale lembrar também a
liberação de clorofluorcarbonos (CFCs), produto resultante de atividades
relacionadas ao ambiente construído no condicionamento de ar e produção
e instalação de isolamento com espuma, estimando-se que aquele produto
seja responsável em 25% pela depleção da camada de ozônio.
e) Poluição do Ar Interior
O ar do interior de uma edificação freqüentemente é mais poluído que o do
exterior imediato a esta mesma edificação, sendo esta questão fruto do meio
ambiente construído.
Os poluentes do ar do interior dos edifícios são: compostos orgânicos
voláteis (VOCs – do inglês, Volatile Organic Compounds), microorganismos
patogênicos, poeiras, radônio, particulas e fibras. Estes produtos são
liberados pelos materiais, pelo solo ou pelas atividades relacionadas ao uso
e operação de equipamentos, e de produtos de limpeza (JOHN, 2000).
cimento Portland, cal, aço bruto, ferro ligas, alumínio primário, amônia, barrilha, entre
outros)8 O cálculo das emissões atmosféricas é feito com base no Fator de Emissão – FE, proposto
pelo Intergovernamental Panel on Climate Change – IPCC, que relaciona a massa de CO2
liberado por unidade de massa de clínquer produzido; FE = 0,507 (BRASIL. MCT, 2006).9 O cimento Portland é freqüentemente citado por ser um dos principais insumos da
construção civil e por estar presente em praticamente todas as etapas da produção de
edifícios, se consideradas os métodos construtivos correntes no Brasil, notadamente
aqueles empregados na auto-construção e em pequenas reformas.
19
1.3 AÇÕES MUNDIAIS PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL
A civilização vive atualmente uma fase inicial de amadurecimento do
conhecimento sobre suas relações com o meio ambiente, no entanto a
humanidade já preocupava-se com a questão, de maneira ainda incipiente,
deste a antiguidade. Civilizações antigas, como a egípcia, chinesa e hindu
tinham preceitos ecológicos contidos nos religiosos (VENDRAMINI, 2005).
Aristóteles (387 a 322 a.C.) já apontava um colapso da civilização como
conseqüência da ética antropocêntrica (CIANCIARDI, 2004).
No século XVIII, o economista Thomas Malthus apontou uma situação de
insustentabilidade na proporção dos crescimentos populacional e dos meios
de subsistência em seus ensaios sobre o princípio da população.
O final do século XX foi marcado pelo crescimento da conscientização
mundial sobre a limitações de nosso habitat quanto a recursos naturais.
Marcos das décadas de 1960 e 1970, como o livro Silent Spring (CARSON,
1962), a pesquisa Limites do Crescimento(MEADOWS, 1972), desenvolvida
para o Clube de Roma, e a Carta de Estocolmo (ONU, 1972), despertaram a
sociedade para as diversas facetas dos impactos ambientais negativos. O
livro de Carson foi uma das razões para o início dos movimentos
ambientalistas na década de 1960, apresentando um alerta à sociedade
sobre o uso indiscriminado de produtos químicos sintéticos, desenvolvidos
sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial, com especial destaque ao
DDT (dicloro difenil tricloroetano) que passou a ser utilizado como inseticida
com seus conseqüentes impactos ambientais nocivos sobre águas, terra,
flora, fauna e a vida humana. A questão ambiental começa a ter crescimento
em importância, ultrapassando fronteiras e sendo encarada como uma
questão de segurança global.
O texto Limites do Crescimento, publicado em 1972 pelo Clube de Roma,
apontava cinco fatores restritivos ao crescimento, sendo eles a população
crescente, a produção agrícola, a escassez de recursos naturais, a produção
industrial e a poluição. Concluiu-se sobre a necessidade de mudança de
20
conduta, senão o planeta entraria em colapso por esgotamento de alimentos
e de matéria-prima (VENDRAMINI, 2005).
Naquele mesmo ano, iniciativas internacionais pautadas por problemas
ambientais, como convenções e relatórios, promoveram a “Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano”, em Estocolmo, em que foi
produzida a “Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente Humano”, mais
conhecida como a Carta de Estocolmo. Neste momento começam a ser
relacionados o desenvolvimento econômico, a proteção ao meio ambiente e
aspectos sociais, e estabelecidos princípios sobre direitos e deveres
referentes ao meio ambiente. Em Estocolmo determinou-se a criação do
PNUMA – Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Na década de 1980 o conceito de desenvolvimento sustentável foi
apresentado como um amadurecimento das relações entre as atividades
humanas e a preservação do meio ambiente. “Sustentável”, do latim
sustinere, significa permanecer em existência. O termo “desenvolvimento
sustentável” entrou em uso inicialmente no início da década de 1980 com a
publicação World Conservation Strategy by the International Union for the
Conservation of Nature (Estratégia de Conservação Mundial pela União
Internacional para a Conservação da Natureza) e ganhou uso corrente com
a publicação de Our Common Future (Nosso Futuro Comum) – Bruntland
Report, de 1987, pela Comissão Mundial em Ambiente e Desenvolvimento,
criada em 1983 pela ONU e liderada pela primeira ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland. Este documento estabeleceu a definição mais aceita e
difundida para Desenvolvimento Sustentável, para o qual é o
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias
necessidades”.
Em 1992 o Brasil sediou, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a
chamada Cúpula da Terra, também chamada RIO 92 ou ECO 92. Nesta
conferência foi gerada a Agenda 21, firmada por 178 países, que propõe
objetivos a serem alcançados, durante o século XXI, visando o
21
desenvolvimento sustentável, buscando equilíbrio entre as dimensões
ambientais, sociais e econômicas, a chamada triple botton line.
Também em 1992, as Nações Unidas adotaram um Tratado Internacional, a
United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC),
criando normas gerais para estabilização das concentrações de gases de
efeito estufa na atmosfera. A regulamentação da UNFCCC ocorreu na
Conferencia das Partes, em reunião realizada em 1997 na cidade de Kyoto,
Japão, que aprovou o que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto
(FRANGETTO, 2002).
No âmbito do Protocolo de Kyoto foram propostos mecanismos de mercado
para que os países desenvolvidos também pudessem atingir os objetivos de
redução de gases de efeito estufa; um que merece ser destacado e que é de
interesse ao Brasil é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, que é
o único que admite a participação voluntária de países em desenvolvimento.
O MDL permite a certificação de projetos de redução de emissões nos
países em desenvolvimento e a posterior venda das reduções certificadas de
emissão, para serem utilizadas pelos países desenvolvidos como modo
suplementar para cumprirem suas metas. Esse mecanismo deve implicar
reduções de emissões adicionais àquelas que ocorreriam na ausência do
projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a
mitigação da mudança do clima. As emissões consideradas são aquelas
originárias das seguintes fontes de acordo com as categorias/setores abaixo
relacionados:
• EnergiaQueima de combustível
Setor energéticoIndústrias de transformação e de construçãoTransporteOutros setoresOutros
Emissões fugitivas de combustíveisCombustíveis sólidosPetróleo e gás naturalOutros
• Processos industriaisProdutos mineraisIndústria químicaProdução de metais
22
Outras produçõesProdução de halocarbonos e hexafluoreto de enxofreConsumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofreOutros
• Uso de solventes e outros produtos• Agricultura
Fermentação entéricaTratamento de dejetosCultivo de arrozSolos agrícolasQueimadas prescritas de savanaQueima de resíduos agrícolasOutros
• ResíduosDisposição de resíduos sólidosTratamento de esgotoIncineração de resíduosOutros
Esse mecanismo tem permitido ao longo dos últimos quatro anos a
validação e o registro de centenas de projetos originários de diversas partes
do mundo, gerando uma expectativa concreta de redução de 871x106
toneladas de CO2e10 para o primeiro período de obtenção dos créditos de
carbono. O Brasil, depois da China e Índia, contribuirá com a terceira maior
projeção de redução de emissões, cerca de 130 x106 de toneladas
equivalentes de CO2e.
Em 2002, foi realizada a Conferencia Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável, em Joanesburgo, África do Sul, a chamada RIO+10, em que
foram avaliados os resultados efetivos dos compromissos firmados durante a
RIO 92.
Publicada em 2005, a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (ONU, 2005) teve
por objetivo avaliar as conseqüências que as mudanças nos ecossistemas
trazem para o bem-estar humano e as bases científicas das ações
necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses
ecossistemas e sua contribuição ao bem-estar humano; este documento
constitui-se na primeira avaliação da situação ambiental global.
10 De acorco com o Protocolo de Kyoto, as emissões equivalente de gás carbônico (CO2e)
incluem outros gases de efeito estufa além do CO2, a saber: metano (CH4), óxido nitroso
(NO2),Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs) e Hexafluoreto de enxofre (SF6).
23
1.3.1 A Inserção Brasil no Contexto Histórico
Poucas ações referentes ao meio ambiente ocorreram no Brasil, conforme
aponta Cianciardi (2004), até a década de 1960, como as primeiras normas
conservacionistas editadas em 1817 por Dom João para proteção das matas
ciliares ao longo dos rios da cidade do Rio de Janeiro, motivadas por
problemas no abastecimento de água potável; a promulgação em 1934, por
incentivo de Alberto Loefgren, cientista sueco atuante no Brasil, do Código
Florestal Brasileiro (Decreto Federal nº23.793/34); e, no mesmo ano, a
promulgação do Código de Águas (Decreto Federal nº24.643/34).
A partir da década de 1960, inicia-se a participação brasileira em
convenções e reuniões internacionais de preservação e conservacão do
meio ambiente, como a Conferência Internacional sobre a Utilização
Racional e a Conservação dos Recursos da Biosfera, promovida pela
UNESCO – United Nations Education Science and Culture Organization.
A preparação da Convenção de Estocolmo, em 1972, foi vista como uma
tentativa dos países desenvolvidos de frear o desenvolvimento dos países
subdesenvolvidos (VENDRAMINI, 2005). O Brasil, que neste momento vivia
o chamado “milagre econômico”, se posicionou como um dos líderes do
bloco contrário a uma firme proteção nacional e internacional do meio
ambiente, uma vez que, segundo Cianciardi (2004), o relatório do Clube de
Roma, foco principal da Convenção de Estolmo, propunha uma estagnação
do desenvolvimento econômico aos países do terceiro mundo com a
chamada política de “crescimento zero”.
Tendo adotado uma posição reacionária na Conferência de Estocolmo, o
Brasil passou a sofrer pressões para que mudasse sua posição relativa à
tutela do meio ambiente, o que provocou a criação da SEMA – Secretaria
Especial do Meio Ambiente, em 1973 (VENDRAMINI, 2005).
Em 1981, o Governo Federal, por intermédio da SEMA e a partir da lei
nº6938/81, instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (lei nº6938/81) e a
criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), composto por
conjunto de orgãos e instituições nos níveis federal, estadual e municipal,
24
ações que marcaram este ano como de especial importância para a
proteção do meio ambiente brasileiro. No nível federal, foi criado o CONAMA
– Conselho Nacional do Meio Ambiente, como orgão superior, consultivo e
deliberativo. Posteriormente, já em 1989, veio a ser criado o IBAMA –
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, de caráter
executivo.
A crescente importância da questão ambiental fez com que o tema fosse
incluído na elaboração da Constituição Federal do Brasil de 05 de outubro
de 1988, hoje considerada uma das mais avançadas neste aspecto.
Em 1992, o Brasil sediou na cidade do Rio de Janeiro a já citada
Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – (CNUMAD),
sendo um dos países signatários da Agenda 21. Também em 1992 foi criado
no Brasil o Ministério do Meio Ambiente – MMA, buscando estruturar a
política ambiental no país.
Em 1997, o país firma compromissos no estabelecimento de mecanismos de
controle da emissão dos chamados gases de efeito estufa, assinando o
Protocolo de Kyoto.
Na realização da Conferencia Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável
em Joanesburgo, a RIO+10, o Brasil se destacou por suas realizações
internas de controle ambiental nas áreas jurídico-institucionais, programas e
projetos. Alguns dos exemplos mais relevantes são a Lei de Crimes
Ambientais (lei federal nº9605/98), a constituição do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (lei federal nº 9985/00), o Programa Nacional de
Florestas, a Lei das Águas (lei federal nº9433/97), e a criação da ANA –
Agencia Nacional de Águas, renovando o modelo gestor de recursos hidricos
no país (PEDRO, 2002 apud CIANCIARDI, 2004). Não se pode deixar de
mencionar, ainda, os esforços para criação da Agenda 21 Brasileira.
Em 1999, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
criou a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC,
com a finalidade de articular as ações de governo nessa área.
No Brasil, a CIMGC é a Agência Nacional Autorizada – AND que tem a
competência de analisar e aprovar projetos de MDL antes da enviá-los à
25
Secretaria Executiva do MDL, organismo internacional que regulamenta
normas e procedimentos, aprova projetos e valida os créditos de carbono.
Nos últimos dois anos foram aprovados 111 projetos de MDL na AND
brasileira, e mais 32 projetos estão em trâmite (BRASIL. MINISTÉRIO DA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2007).
As operações financeiras com os créditos de carbono já foram
regulamentadas pelo Banco Central por meio da Circular n°3291 de 08 de
setembro de 2005, e podem ser cursadas diretamente junto aos bancos
autorizados a operar no mercado de câmbio. Essa providência propiciará
maior agilidade e segurança para o fluxo de recursos decorrentes de
negociações dessa natureza11.
Já como cumprimento dos compromissos assumidos durante a Rio+10, o
Brasil apresentou em 2006 seu Plano Nacional de Recursos Hidricos -
PNRH, cujo objetivo é assegurar as disponibilidades hídricas em quantidade
e qualidade para o seu uso racional e sustentável (AMBIENTE BRASIL,
30/01/06).
Apesar de todos os esforços, o Brasil foi classificado em 34º lugar no Índice
de Desempenho Ambiental 2006, feito por pesquisadores da Universidade
de Yale e Columbia, nos Estados Unidos, e apresentado no Fórum
Econômico Mundial, em Davos (AMBIENTE BRASIL, 20/01/06).
11 Para aprofundamento do tema consultar publicações do Ministério da Ciência e
Tecnologia relativas ao Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL e sobre o Protocolo
de Kioto, disponibilizadas on line, no endereço eletrônico: http://www.mct.gov.br/index.php/
content/view/3881.html.
26
1.3.2 Ações Específicas para a Indústria da Construção
As ações globais e genéricas vem se refletindo nos diversos setores da
sociedade a partir da década de 1990, mais especificamente a partir da
RIO92 e inicialmente baseadas na Agenda 21.
No setor da construção civil, as interpretações da Agenda 21 mais
importantes são (1) a Agenda Habitat II, assinada na Conferência das
Nações Unidas realizada em Istambul, em 1996; (2) a CIB Agenda 21 on
Sustainable Construction, que contempla, entre outros, medidas de redução
de impactos através de alterações na forma como os edifícios são
projetados, construídos e gerenciados ao longo do tempo; e (3) a CIB/UNEP
Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries.
Figura 1.2 - Reinterpretações da Agenda 21 relacionadas ao setor da construção. (SILVA, 2003)
27
2 ASPECTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS
Antes que se inicie uma abordagem dos aspectos ambientais das
construções e seu relacionamento com as atividades de projeto, faz-se
necessário que se apresentem alguns conceitos. Neste capítulo são tratados
os conceitos de desempenho construtivo, desempenho ambiental, avaliação
do ciclo de vida, impactos ambientais das atividades humanas e, baseado
nestes, proposta de conceituação para desempenho ambiental construtivo.
Estes conceitos serão relacionados no capítulo 3 às atividades construtivas
e à importância do projeto neste contexto.
2.1 DESEMPENHO CONSTRUTIVO
Segundo Spekkink (2005), a definição mais simples para o conceito de
desempenho é apresentada pelo Relatório CIB#64 (GIBSON, 1982),
“Trabalhando com o enfoque de Desempenho em construção” , que define:
“O enfoque em desempenho é a prática de pensar e trabalhar mais termos
de fins do que em termos de meios. Isso, no que diz respeito em para que
uma construção ou parte dela é requisitada a fazer, e não prescrevendo
como ela deve ser construída”.
Construção Baseada em Desempenho, prossegue Spekkink, é focada no
desempenho requerido para as necessidades do usuário, que significa estar
ajustado à finalidade do produto construído, sendo oposto ao enfoque
prescritivo, mais tradicional, descrevendo tipo e qualidade dos materiais,
método de construção, etc. Este último, embora mais simples de ser
aplicado, apresenta riscos de “engessar” mudanças e inovações, que
poderiam vir a ter resultados até mais satisfatórios. É mais apropriado o uso
misto dos dois modelos, aplicando-se o mais adequado a cada situação.
Definições e estabelecimento de princípios para avaliação do desempenho
das construções ou, mais especificamente dos edifícios, foram apresentados
28
pela ISO - International Organization for Standardization através da norma
ISO6241 – Padrões de Desempenho em Edifícios, em 1982, objetivando
definir o comportamento requerido de edifícios como um todo, partes de
edifícios e materiais construtivos, em termos dos requisitos funcionais de
seus usuários. Para atendimento à finalidade da norma, são apresentadas,
dentre outras, as definições abaixo:
- Usuário: pessoa, animal ou objeto para o qual a construção foi projetada.
- Agente: Algo que age sobre a construção ou parte dela.
- Requisito do usuário: relação de necessidades a serem preenchidas
(pela construção).
- Desempenho: O comportamento (de um produto) relacionado ao uso.
Spekkink (2005) aponta que tratando-se os requisitos do usuário em termos
técnicos qualificáveis e mensuráveis pode-se falar sobre “requisitos de
desempenho”, remetendo à definição abaixo:
Requisitos de desempenho em construções são expressos em termos de
soluções independentes e de propriedades mensuráveis do edifício, espaços
ou subsistemas, que são requeridos para facilitar o uso pretendido.
Um requisito do usuário pode implicar diversos requisitos de desempenho. A
Tabela 2.2 representa um exemplo de tradução de um requisito do usuário
em seus correspondentes requisitos de desempenho.
Requisitos do Usuário Requisitos de Desempenho
Fazer reuniões com no máximo 25
pessoas, com arranjos variáveis.
- espaço necessário: 3m² por pessoa
- Proporção comprimento : largura ≤
1,5:1
- Ventilação: mín. 30m³
ar/pessoa/hora
- Temperatura: entre 19 a 21ºC
- Ruído de fundo: máx. 35 dB(A)
- Tempo reverberação: 0,8 – 1,0 seg.
- iluminância no plano de trabalho
(altura da mesa): mín. 500 lux
Tabela 2.2 - Requisitos de desempenho para um único Requisito do Usuário (SPEKKINK, 2005)
29
Esta tabela demostra a diferença entre requisitos do usuário e requisitos de
desempenho. A primeira é a linguagem que o usuário entende, enquanto
que a segunda é a linguagem que somente o especialista entende. A
tradução de uma para a outra linguagem é tarefa para o especialista, ou
seja, arquitetos e/ou engenheiros consultores.
A tabela demonstra que os requisitos de desempenho descrevem o nível de
qualidade em diferentes aspectos para o edifício em uso, sem sugerir
nenhuma solução, permitindo ao projetista criar e inovar nas soluções. Para
assegurar-se de que as soluções atendam os requisitos de desempenho,
elas podem ser avaliadas através de Indicadores de Desempenho (IDs) ou
Especificações de Desempenho, podendo estas serem extraídas de
propostas de projetos por medições, cálculos e simulações.
Figura 2.3 – Demanda / Suprimento (SPEKKINK, 2005)
Figura 2.4 – Tradução de soluções (SPEKKINK, 2005)
30
A distinção entre Indicadores de Desempenho e Especificações de
Desempenho está em que o primeiro representa a demanda, a qualidade
requerida, e o segundo representa o suprimento desta demanda, o
desempenho de soluções de projeto específicas. (SPEKKINK, 2005).
A norma ISO6241 define que normas de desempenho devem incluir
relatórios sobre:
a) Requisitos de desempenho (expressos como limites de valores ou
graduação) para edifícios ou suas partes sob condições específicas e
referente a:
1) Requisitos dos usuários
2) Agentes relevantes para o desempenho do edifício, como clima,
condições do terreno ou características de ocupação.
b) Métodos de avaliação de cada característica de desempenho, incluindo
desempenho ao longo do tempo, também referindo-se aos requisitos e
agentes.
O método de avaliação ou verificação de cada requisito de desempenho
pode ser por meio de:
a) Teste: através de medições diretas ou outros meios de determinação sob
reais condições de uso ou condições apropriadamente correlacionadas
ao uso.
b) Cálculo: indica o alcance de satisfação de requisitos funcionais por meio
de modelos teóricos.
c) Julgamento: permite avaliação dos requisitos funcionais através da
avaliação baseada na experiência em casos e condições similares.
Os requisitos dos usuários apresentados originalmente pela norma ISO6241
são Estabilidade, Segurança ao fogo, Segurança em uso, Estanqueidade,
Higrotermia, Pureza do ar, Conforto acústico, Conforto visual, Conforto tátil,
Conforto antropodinâmico, Higiene, Conveniência de espaços para usos
específicos, Durabilidade e Economia.
Não foram previstos na lista acima requisitos especificamente ambientais,
embora alguns destes requisitos impliquem em avaliação de desempenho
31
ambiental, como os requisitos pureza do ar e conforto acústico. No entanto,
a melhoria de alguns destes aspectos de desempenho é condição para
obtenção de melhoria de desempenho ambiental.
Os agentes relevantes para o desempenho do edifício são classificados em
mecânicos, eletromagnéticos, térmicos, químicos e biológicos. As origens
dos agentes podem ser externas ao edifício ou internas ao mesmo, neste
caso podendo ser referentes à ocupação do edifício ou conseqüentes do
projeto.
No Brasil, a norma em desenvolvimento Desempenho de Edifícios
Habitacionais até Cinco Pavimentos (ABNT, 2006), lista os requisitos do
usuário apresentados a seguir: Desempenho estrutural, Segurança contra
incêndio, Segurança no uso e operação, Estanqueidade, Desempenho
térmico, Desempenho acústico, Desempenho lumínico, Saúde, higiene e
qualidade do ar, Funcionalidade e acessibilidade, Conforto tátil-visual e
antropodinâmico, Durabilidade e manutenibilidade e Adequação ambiental.
Este projeto de norma inclui, além dos requisitos da norma ISO6241 em
parte reorganizados, também aspectos como saúde, acessibilidade e
adequação ambiental, aspectos esses alinhados com as agendas
contemporâneas. A característica de adequação ambiental já é considerada
aqui como item de desempenho construtivo, embora ainda de maneira muito
insipiente em seu atual estágio de desenvolvimento, apenas nos aspectos
de uso racional de água e contaminação do solo e lençol freático. Assim
como na norma ISO6241, aqui também alguns dos requisitos de
desempenho construtivo interferem nos resultados de desempenho
ambiental, e a melhoria destes aspectos de desempenho é condição para
obtenção de melhoria também em desempenho ambiental.
32
2.2 DESEMPENHO AMBIENTAL
Avaliar o desempenho ambiental de um processo implica na adoção de
metodologias e procedimentos que permitam a mensuração dos resultados
em termos ambientais.
A questão do desempenho ambiental é objeto de normalização, através das
normas da série ISO14000 que, com diferenças quanto às suas finalidades
específicas, foram desenvolvidas para serem aplicadas por organizações na
tarefa não apenas de avaliar o desempenho ambiental, mas principalmente
de estabelecer procedimentos para gestão ambiental, certificação,
implementação, controle e outros aspectos relacionados.
São apresentadas a seguir linhas gerais das principais normas desta série.
2.2.1 Normas Série ISO14000
2.2.1.1 ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Especificação e
diretrizes para uso
Norma que especifica Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), para aplicação
por organizações de diversos portes em diferentes condições geográficas,
culturais e sociais. Tem por finalidade equilibrar a proteção ambiental e a
prevenção de poluição com as necessidades sócioeconômicas. Contém
apenas requisitos que podem ser auditados para fins de certificação e/ou
autodeclaração, não especificando requisitos absolutos para o desempenho
ambiental além do comprometimento, expresso na política, de atender à
legislação e regulamentos aplicáveis com melhoria continua (Figura 2.5)
A aplicação desta norma não garante, por si só, resultados ambientais
ótimos, devendo o sistema de gestão ambiental recomendar o uso da melhor
tecnologia disponível, desde que a relação custo/benefício seja favorável.
33
Figura 2.5 – Modelo de sistema de gestão ambiental (ISO14001)
Dentre as definições apresentadas pela norma, destacam-se:
- meio ambiente: circunvizinhança em que uma organização opera,
incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e
suas inter-relações.
- impacto ambiental :qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou
benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou
serviços de uma organização.
- desempenho ambiental: resultados mensuráveis do sistema de gestão
ambiental, relativos ao controle de uma organização sobre seus aspectos
ambientais, com base na sua política, seus objetivos e metas ambientais.
A norma estabelece requisitos de um sistema de gestão ambiental, sendo
eles política ambiental, planejamento, implementação e operação,
verificação e ação corretiva e análise crítica pela administração.
A Norma contém requisitos de sistemas de gestão baseados no processo
dinâmico e cíclico de “planejar, implementar, verificar e analisar
criticamente”. É recomendado que o sistema permita a uma organização
estabelecer uma política ambiental, identificar os aspectos ambientais
decorrentes de atividades, identificar os requisitos legais e regulamentares
34
aplicáveis, estabelecer prioridades, objetivos e metas ambientais,
estabelecer uma estrutura e programas de implementação, facilitar as
atividades correlatas ao SGA e favorecer a adaptação às circunstâncias.
2.2.1.2 ISO 14004 - Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre
princípios, sistemas e técnicas de apoio
A norma ISO 14004 tem como objetivo geral fornecer assistência a
organizações na implementação e aprimoramento de um SGA. Ela orienta
as organizações como efetivamente iniciar, aprimorar e manter um sistema
de gestão ambiental, constituindo-se como ferramenta gerencial interna.
Diferentemente da norma ISO 14001, esta norma não se destina a fins de
certificação/registro e auto-declaração, mas orientar os responsáveis quanto
à valorização do SGA, comunicação interna e externa, requisitos legais
aplicáveis e os aspectos ambientais associados às atividades,
comprometimento, definição de responsabilidades, planejamento ambiental
ao longo do ciclo de vida do produto ou do processo, estabelecimento de
níveis de desempenho, provimento de recursos, avaliação e aprimoramento
do desempenho ambiental, auditoria e analise critica do SGA visando
melhoria do sistema, e estimulo à prestadores de serviços e fornecedores a
estabelecer um SGA.
A Norma provê orientação para o desenvolvimento e a implementação de
princípios e sistemas de gestão ambiental e sua coordenação com outros
sistemas de gestão.
Os princípios para esta norma são os mesmos que para a ISO14001, em um
processo seqüencial e retroalimentado, que são:
1) Comprometimento e Política – de incumbência da alta administração,
inclui avaliação ambiental inicial (aspectos legais, desempenho, gestão
ambiental, vantagens competitivas) e política ambiental (princípios de
ação considerando valores da organização, requisitos das partes,
prevenção, coordenação com outras políticas, condições geográficas, leis
35
e outros critérios ambientais pertinentes).
2) Planejamento – abordando (a) identificação e avaliação de aspectos
ambientais ao longo do tempo, quanto à exposição legal, regulamentar e
comercial da organização, incluindo impactos sobre a saúde e segurança
e a avaliação de risco ambiental; (b) requisitos legais e outros, podendo
ser específicos à atividade, específicos aos produtos ou serviços,
específicos ao ramo de atividade, leis ambientais gerais e ainda
autorizações, licenças e permissões; (c) critérios Internos de
desempenho, quando normas externas não atenderem às necessidades
ou não existirem; (d) objetivos e metas ambientais, recomendando-se
que se considere o estabelecimento de indicadores de desempenho
ambiental mensuráveis; (e) programa de gestão ambiental, abrangendo
cronogramas, recursos e responsabilidades;
3) Implementação – incluindo (a) capacitação, assegurando recursos
humanos, físicos e financeiros, integração entre sistemas de gestão,
atribuição de responsabilidades, conscientização, motivação e
treinamento; (b) ações de apoio, como comunicação, relato,
documentação, controle operacional e atendimento a emergências; (c)
medição e avaliação, com ações de medição e monitoramento, correção
e prevenção, registros e gestão da informação e auditorias.
4) Análise Crítica e Melhoria Contínua.
2.2.1.3 ISO14031 - Gerenciamento Ambiental – Avaliação de Desempenho
Ambiental - Diretrizes
Esta norma fornece diretrizes para projeto e uso de Avaliação de
Desempenho Ambiental em uma organização. Embora também seja de
finalidade gerencial, esta norma tem um caráter mais operacional que as
normas ISO14001 e ISO14004, oferecendo maior aproximação à obtenção
de resultados objetivos.
A ISO14031 também apresenta definições, como as transcritas a seguir, em
36
parte divergindo em relação à norma ISO14001.
- Desempenho Ambiental: resultados do gerenciamento de uma
organização em aspectos ambientais.
- Avaliação de Desempenho Ambiental: processo para facilitar decisões
gerenciais em relação a desempenho ambiental pela seleção de
indicadores, coleta e análise de dados, avaliando informações frente
critérios de desempenho ambiental, relatando e comunicando, e
periodicamente revisando e aprimorando o processo.
Para esta norma, a Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA ou EPE –
Environmental Performance Evaluation) é um processo de gerenciamento
interno comparando a situação atual de uma organização com um critério de
desempenho ambiental, seguindo o modelo de gerenciamento PDCA (Plan-
Do-Check-Act) (Figura 2.6).
Figura 2.6 – Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO14031)
Os indicadores de avaliação de desempenho ambiental (EPEs) são listados
a seguir:
- Indicadores de desempenho ambiental (EPI – Environmental
Performance Indicator), podendo ser Indicadores de Desempenho
PLANEJARPlanejando Avaliação de Desempenho Ambiental
Selecionando indicadores de Avaliação de Desempenho Ambiental
Coletando Dados
Usando dados e informaçõesFAZER
Analisando e convertendo dados
Avaliando informação
Relatando e comunicando
Revendo e aprimorando a Avaliação deDesempenho Ambiental
VERIFICAR E AGIR
37
Gerencial (MPI – Management Performance Indicator) e Indicadores de
Desempenho Operacional (OPI – Operacional Performance Indicator);
- Indicadores de Condição Ambiental (ECI – Environmental Condition
Indicator) – informações sobre as condições do ambiente.
Figura 2.7 – Interrelacionamento do gerenciamento da organização e operações com
condicionantes ambientais (ISO14031)
A seleção de indicadores deve buscar apresentar dados quantitativos e
qualitativos mais compreensíveis e úteis, ajudando a converter dados mais
relevantes em informação concisa sobre os esforços gerenciais a influenciar
os desempenhos operacional e organizacional, ou as condições ambientais.
Os indicadores são apresentados abaixo conforme suas classes:
MPIs - políticas, pessoas, planejamento de atividades, práticas e
procedimentos em todos os níveis da organização.
OPIs - fornecem informações sobre o desempenho ambiental das
operações, relacionados a:
- inputs (entradas): materiais (processado, reciclado, reusado ou materias
primas; recursos naturais), energia e serviços;
- o fornecimento de inputs para as operações da organização;
- projeto, instalação, operação e manutenção das facilidades físicas e
equipamentos da organização;
A CONDIÇÃO
AMBIENTAL (ECIs)
A ORGANIZAÇÃO (EPIs)
GERENCIAMENTO DAORGANIZAÇÃO (MPIs)
OPERAÇÕES DAORGANIZAÇÃO (OPIs)
FACILIDADESFÍSICAS E
EQUIPAMENTOS
CONDIÇÃOAMBIENTALE OUTRASFONTES
PARTESINTERES-SADAS
INPUTS
SUPRIMENTO
OUTPUTS
ENTREGA
fluxo de decisão
fluxo de informação
fluxos de entrada/saída operacional
38
- outputs (saídas): produtos (produtos principais, sub-produtos, reciclados
e reutilizados), serviços, lixos (sólidos, líquidos, perigosos, não perigosos,
reciclaveis, reusáveis), e emissões (emissões ao ar, efluentes para a
água e solo, ruído, vibração, calor, radiação, luz) resultantes das
operações da organização;
- a destinação dos outputs resultantes das operações.
ECIs - informações sobre as condições ambientais locais, regionais,
nacionais e globais. Fornecem informações úteis na ausência de medições
quanto aos impactos ambientais.
Tabela 2.3 – Operações da organização (ISO14031)
Além das normas acima, das quais foi apresentado um breve resumo
conceitual, destacam-se ainda as normas da série ISO14040, abordando a
avaliação do ciclo de vida, assunto tratado na próxima seção deste texto.
Embora as normas da série se destinem especificamente à aplicação
organizacional, seus conceitos são referenciais ao se tratar de desempenho
ambiental.
INPUTS OUTPUTS
MateriaisFacilidades Físicas e
Equipamentos ProdutosProcessados, reciclados,
reusados e novos materiais Projeto
Recursos naturais InstalaçãoOperação Produtos
Energia Manutenção Sub-produtosQuantidade e tipos de
energia utilizadosUso do solo Materiais reciclados e
reusados
Serviços de Suporte Operacional Serviços
Limpeza e zeladoriaManutenção, transporte
e entrega LixosInformação e comunicações Sólidos/líquidos
Segurança perigosos ou nãoAlimentação e cozinha Reciclaveis/reusaveis
Destinação de lixoOutros serviços Emissões
Emissões ao arEfluentes água/solo
Ruído, calor, vibração, luz, radiação
Suprimento Entrega
39
2.3 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
A Avaliação do Ciclo de Vida12 (ACV) é tratada nas normas da série
ISO14040. Segundo a norma ISO14040 (ABNT, 2001), em decorrência da
crescente conscientização sobre a importância da proteção ambiental e dos
possíveis impactos associados a produtos manufaturados e consumidos tem
aumentado o interesse no desenvolvimento de métodos para melhor
compreender e diminuir estes impactos, sendo a ACV uma das técnicas em
desenvolvimento com este propósito.
Segundo Manzini;Vezzoli (2005), a ACV, como um dos métodos
quantitativos de análise e avaliação do impacto ambiental, é uma operação
complexa devido a três razões fundamentais, primeiramente pelo impacto
ambiental não ser determinado por um produto apenas, mas por um
conjunto de processos que o acompanha durante todo o seu ciclo de vida,
cuja avaliação é sujeita a muitas incertezas; em segundo lugar, uma vez
definido o ciclo de vida inteiro de um produto, ocorrem dúvidas sobre os
reais impactos decorrentes devido a uma limitação dos dados disponíveis
para análise; e, por fim, o conhecimento sobre o meio ambiente ainda é
limitado, sendo as relações de causa e efeito de difícil identificação. A
metodologia da ACV, em síntese, é sujeita a críticas por sua complexidade e
conseqüente alto custo, muitas vezes inviabilizando sua aplicação, e
também por simplificar demais a situação real, não sendo segura do ponto
de vista científico e ambiental. Apesar de todas estas questões, a ACV é,
com certeza, a metodologia que melhor enfrenta os problemas a que se
destina.
Para demonstrar a que tipo de problemas a ACV pode ser aplicada, vamos
descrever alguns exemplos. Soares (2006) cita o caso da Califórnia, nos
Estados Unidos, que foi o primeiro estado americano a receber veículos
elétricos como meio de redução da poluição causada por motores
12 Life Cycle Analysis, Life Cycle Assessment (LCA), Product Line Analysis, Ecological
Balance, segundo a terminologia inglesa (Soares, 2006).
40
tradicionais a combustão. Porém, considerando que, atualmente, a energia
elétrica consumida por aquele estado provém essencialmente de
combustíveis fósseis, o aumento da demanda de eletricidade poderia tornar
o balanço de poluição negativo, comparado com a situação inicial. Outro
exemplo seria um questionamento se o uso de embalagens descartáveis
apresenta, de fato, conseqüências mais negativas ao meio ambiente do que
embalagens retornáveis, considerando-se para estas todas as atividades
conexas ao processo, como a coleta, o transporte, a lavagem e a
desinfecção, o tratamento dos efluentes gerados, etc.
A produção do meio ambiente construído também apresenta
questionamentos semelhantes, que devem ser feitos desde o
desenvolvimento do projeto, sobre as diversas soluções possíveis para
atendimento a um determinado requisito funcional, qual a que traria menores
conseqüencias negativas ao meio ambiente. Concreto armado ou Aço: qual
delas seria a solução estrutural de menor impacto ambiental negativo que
poderia ser adotada durante o projeto de um edifício? Como avaliar os
impactos ambientais da construção de um edifício utilizando-se blocos de
concreto como elementos de vedação em comparação à construção do
mesmo edifício, caso fossem utilizados blocos cerâmicos?
Como técnica de suporte à obtenção de respostas a questionamentos como
os expostos acima, a ACV se apresenta, segundo Soares, como ferramenta
de excelência para análise e escolha de alternativas, sob uma perspectiva
puramente ambiental. O seu princípio consiste em analisar as repercussões
ambientais de um produto ou atividade, a partir de um inventário de entradas
e saídas (matérias-primas e energia, produto, subprodutos e resíduos) do
sistema considerado. As fronteiras de análise devem considerar as etapas
de extração de matérias-primas, transporte, fabricação, uso e descarte (o
ciclo de vida). Esse procedimento permite uma avaliação científica da
situação, além de facilitar a localização de eventuais mudanças associadas
às diferentes etapas do ciclo que resultem em melhorias no seu perfil
ambiental.
41
2.3.1 Princípios da Avaliação do Ciclo de Vida
A Avaliação do Ciclo de Vida foi originalmente definida pela SETAC13 como
sendo um “processo para avaliar as implicações ambientais de um produto,
processo ou atividade, através da identificação e quantificação dos usos de
energia e matéria e das emissões ambientais; avaliar o impacto ambiental
desses usos de energia e matéria e das emissões; e identificar e avaliar
oportunidades de realizar melhorias ambientais. A avaliação inclui todo o
ciclo de vida do produto, processo ou atividade, abrangendo a extração e o
processamento de matérias-primas; manufatura, transporte e distribuição;
uso, reuso e manutenção; reciclagem e disposição final”. ACV é, portanto,
um procedimento de analisar formalmente a complexa interação de um
sistema – que pode ser um material, um componente ou um conjunto de
componentes – com o ambiente, ao longo de todo o seu ciclo de vida,
caracterizando o que tornou-se conhecido como enfoque do “berço ao
túmulo” (cradle-to-grave). A ACV, segundo Manzini;Vezzoli (2005), leva em
consideração os impactos ambientais nos âmbitos da saúde ecológica, da
saúde humana e do esgotamento de recursos naturais, não fazendo
considerações de caráter econômico e social.
A definição para a Avaliação do Ciclo de Vida é apresentada pela Norma
NBRISO14040, de maneira mais objetiva, juntamente com outras definições,
dentre as quais destacam-se:
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): Compilação e avaliação das entradas,
das saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema de produto
ao longo do seu ciclo de vida.
Ciclo de vida: Estágios sucessivos e encadeados de um sistema de
produto, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de recursos
naturais à disposição final.
Avaliação do impacto do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida
13 SETAC – Society for Environmental Toxicology and Chemistry. Historicamente, o primeiro
organismo em nível internacional a atuar no desenvolvimento da ACV.
42
dirigida à compreensão e à avaliação da magnitude e significância dos
impactos ambientais potenciais de um sistema de produto.
Interpretação do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida na qual
as constatações da análise de inventário ou da avaliação de impacto, ou de
ambas, são combinadas consistentemente com o objetivo e o escopo
definidos para obter conclusões e recomendações.
Análise do inventário do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida
envolvendo a compilação e a quantificação de entradas e saídas, para um
determinado sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida.
Silva (2003) apresenta, com base na SETAC, os principais objetivos de uma
ACV como sendo:
a) retratar, da forma mais completa possível, as interações entre o processo
considerado e o ambiente;
b) contribuir para o entendimento da natureza global e independente das
conseqüencias das atividades humanas sobre o ambiente e;
c) produzir informações objetivas que permitam identificar oportunidades
para melhorias ambientais.
Genericamente, as ACVs podem ser aplicadas para:
- Avaliação da adequação ambiental (uso eficiente de recursos e redução
de emissões) de uma determinada tecnologia, processo ou produto;
- Identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais dos
produtos em vários pontos de seu ciclo de vida;
- Comparação de alternativas tecnológicas de processos ou produtos
diferentes, porém destinados à mesma função;
- na tomada de decisões na indústria, organizações governamentais ou
não-governamentais (por exemplo, planejamento estratégico, definição
de prioridades, projeto ou reprojeto de produtos ou processos);
- na seleção de indicadores pertinentes de desempenho ambiental,
incluindo técnicas de medição; e
- Geração de informações para os consumidores e o meio técnico, que
43
poderão servir para rotulagem ambiental ou declaração ambiental de
produto, e justificar o mantenimento ou não de determinado produto no
mercado.
Especificamente na construção civil, o conceito de avaliação do ciclo de vida
tem sido aplicado, direta ou indiretamente, em:
- avaliação de materiais de construção, para fins de melhoria de processo
e produto ou informação a projetistas (inserção de dados ambientais
sistematizados em catálogos);
- rotulagem ambiental de produtos, uma iniciativa incipiente, porém
recebendo investimentos crescentes;
- ferramentas computacionais de suporte à decisão e auxílio ao projeto,
especializadas no uso de ACV para medir ou comparar o desempenho
ambiental de materiais e componentes de construção civil;
- instrumentos de informação aos projetistas; e
- esquemas de avaliação/certificação ambiental de edifícios.
2.3.2 Fases de uma ACV
A avaliação do ciclo de vida, conforme a norma NBRISO14040, deve incluir
a definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de
impactos e interpretação de resultados, conforme ilustrado na Figura 2.8 e
descrições a seguir.
44
Figura 2.8 - Fases de uma ACV (NBRISO14040)
a - Objetivo do estudo da ACV
O objetivo de um estudo da ACV deve declarar inequivocamente a aplicação
pretendida, as razões para conduzir o estudo e o público-alvo, isto é, para
quem se pretende comunicar os resultados do estudo.
b - Escopo do estudo
Na definição do escopo de um estudo da ACV devem ser considerados e
claramente descritos os seguintes itens:
- as funções do sistema de produto ou, no caso de estudos comparativos,
dos sistemas;
- a unidade funcional;
- o sistema de produto a ser estudado;
- as fronteiras do sistema de produto;
- procedimentos de alocação;
- tipos de impacto e metodologia de avaliação de impacto e interpretação
45
subseqüente a ser usada;
- requisitos dos dados;
- suposições;
- limitações;
- requisitos da qualidade dos dados iniciais;
- tipo de análise crítica, se aplicável; e
- tipo e formato do relatório requerido para o estudo.
Convém que o escopo seja suficientemente bem definido para assegurar
que a extensão, a profundidade e o grau de detalhe do estudo sejam
compatíveis e suficientes para atender o objetivo estabelecido.
Manzini;Vezzoli (2005) destaca, dentre os itens a serem considerados na
definição do escopo, como um dos passos mais importantes da ACV, a
Definição da Unidade Funcional, presumindo-se que as medidas e as
avaliações sejam feitas baseadas nas serventias do sistema em análise, ou
seja, o objeto de estudo em destaque não é tanto o produto físico, mas
também a sua função, que representa o serviço e os resultados que vai
fornecer. Definida a unidade funcional do produto ou sistema, esta será a
entidade usada para medir e comparar.
c - Análise do inventário do ciclo de vida
Análise do inventário envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo
para quantificar as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto.
Estas entradas e saídas podem incluir o uso de recursos e liberações no ar,
na água e no solo associados com o sistema.
Segundo Manzini;Vezzoli, após a definição do sistema de produto e seus
limites e, descritos os processos (flow-chart: Figura 2.9), passa-se para a
fase de tratamento dos dados, caracterizada, entre outras, pelas atividades
de recolha de dados, definição de procedimentos de cálculo, construção de
tabelas de levantamento ou de inventário (Tabela 2.4), e, análise dos dados.
46
Figura 2.9 - Representação do ciclo de vida de um produto como uma árvore de processos (SILVA, 2003)
Emissões Polietileno Vidro Unidade
CO2 1,792 0,4904 kg
NOx 1,091x10-3 1,586 x10-3 kg
SO2 987,0x10-6 2,652 x10-3 kg
CO 670,0x10-6 57,00x10-6 kg
... ... ... ...
... ... ... ...
Tabela 2.4 - Trecho de planilha de impactos ambientais resultante da produção de 1kg de polietileno e 1kg de
vidro. (SILVA, 2003)
Podem ser feitas interpretações destes dados, dependendo dos objetivos e
do escopo da ACV. Estes dados também constituem a entrada para a
avaliação do impacto do ciclo de vida.
O processo de condução de uma análise do inventário é interativo. Na
medida em que os dados são coletados e é conhecido mais sobre o sistema,
podem ser identificados novos requisitos ou limitações para os dados que
requeiram uma mudança nos procedimentos de coleta de dados, de forma
que os objetivos do estudo ainda sejam alcançados. Às vezes, podem ser
identificadas questões que requeiram revisões de objetivo ou do escopo do
estudo.
47
d - Avaliação do impacto do ciclo de vida
A fase de avaliação do impacto da ACV é dirigida, conforme a
NBRISO14040, à avaliação da significância de impactos ambientais
potenciais, usando os resultados da análise de inventário do ciclo de vida.
Em geral, este processo envolve a associação de dados de inventário com
impactos ambientais específicos e a tentativa de compreender estes
impactos. O nível de detalhe, a escolha dos impactos avaliados e as
metodologias usadas dependem do objetivo e do escopo do estudo.
A fase de avaliação de impacto é caracterizada por quatro subfases
sucessivas:
- Classificação: correlação de dados de inventário por categorias de
impacto. Todos os inputs e outputs das tabelas de levantamento são
classificadas em grupos relativos aos efeitos que provocam na saúde
humana, no ambiente e no esgotamento de recursos naturais, grupos
esses cujas classes mais conhecidas são detalhadas, no ítem 2.4, mais
adiante neste texto;
- Caracterização: modelagem dos dados de inventário dentro das
categorias de impacto. Leva a uma agregação de impactos no interior de
cada classe de efeito ambiental, considerando-se as diferentes
intensidades de efeitos provocados pelas diversas substâncias,
aplicando-se fatores de equivalância que indica a contribuição relativa na
soma dos resultados. pontos-efeito = fatores de equivalência x
quantidade.
Emissões Quantidade(kg) Aquecimento
Global
Dano à
Camada de
Ozônio
Toxicidade ao
Homem
Acidificação
CO2 1,792 x1,0 - - -
NOx 1,091x10-3 - - x0,78 x0,7
SO2 987,0x10-6 - - x1,2 x1,0
CO 670,0x10-6 - - x0,012 -
Pontuação de Efeitos 1,792 0 0,00204 0,0017
Tabela 2.5 - Exemplo de caracterização: trecho da planilha de impactos para a produção de 1kg de polietileno
(SILVA, 2003)
48
- Normalização: possível agregação dos resultados em casos muito
específicos e somente quando significativos. Segundo Manzini;Vezzoli
(2005), todos os pontos-efeito ambientais são proporcionais a um
determinado perfil considerado normal, procedendo-se a normalização
através da divisão da pontuação de cada efeito pelo efeito normal
relativo.
Pontos efeito normalizado = pontos efeito / pontos-efeito “normal”.
Após a normalização, é possível observar a contribuição relativa dos
sistemas aos níveis existentes de determinados efeitos (Figura 2.10).Este
procedimento fornece uma noção do panorama geral do impacto
causado pelo sistema, já que, até a etapa de caracterização, só é
possível comparar os efeitos individualmente.
Figura 2.10 - Normalização do ciclo de vida de sacos de papel e de PEBD (dados fictícios), permitindo comparar
contribuições aos aspectos ambientais (SILVA,2003)
- Avaliação: são avaliados os contributos das diferentes categorias de
impacto, de modo que possam ser comparados (somados) entre si
(MANZINI; VEZZOLI, 2005). Avaliação efeito = fator de peso x pontos-
efeito normalizado.
Apesar da normalização facilitar a visualização de resultados, ainda não
permite que se faça um julgamento final, pois, até então, os diferentes
efeitos ambientais são considerados como de igual importância. Cabe à
avaliação (também chamada valoração) atribuir pesos à pontuação
49
normalizada, de modo a representar a importância relativa de cada efeito.
Esta valoração tem caráter notadamente subjetivo, e representa valores
sociais, culturais, éticos e políticos. Após esta ponderação, o tamanho
das colunas passará, de fato, a representar a gravidade de cada efeito,
permitindo que elas sejam somadas para se chegar a um resultado final
(indicador), conforme a Figura 2.11 (SILVA, 2003).
Figura 2.11 - Indicador de ciclos de vida para sacos de papel e PEBD, tornando-se evidente a preferência por
sacos de papel (SILVA, 2003).
e - Interpretação do ciclo de vida
Interpretação é a fase da ACV, segundo a NBRISO14040, na qual as
constatações da análise do inventário e da avaliação de impacto ou, no caso
de estudos de inventário do ciclo de vida, somente os resultados da análise
de inventário, são combinados, de forma consistente, com o objetivo e o
escopo definidos, visando alcançar conclusões e recomendações.
A norma NBRISO14040, além das quatro fases básicas de uma ACV,
acrescenta ainda a fase de análise crítica, destacando-a da interpretação do
ciclo de vida. Segundo a norma, o processo de análise crítica deve
assegurar que:
- os métodos usados para conduzir a ACV são consistentes com a Norma;
- os métodos usados para conduzir a ACV são científica e tecnicamente
50
válidos;
- os dados usados são apropriados e razoáveis em relação ao objetivo do
estudo;
- as interpretações refletem as limitações identificadas e o objetivo do
estudo;
- o relatório do estudo é transparente e consistente.
O escopo e o tipo da análise crítica desejados devem ser definidos na fase
de escopo de um estudo da ACV.
2.3.3 Aplicação da ACV na produção do meio ambiente construído
A aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida se apresenta com instrumento de
grande valia para o setor da construção civil, segundo Soares (2006), visto
os expressivos impactos ambientais produzidos nas diversas fases do
processo construtivo – desde a fase de extração e fabricação de matérias-
primas até a renovação ou demolição da estrutura – avaliados por meio das
repercussões de emissões atmosféricas, consumo de recursos naturais,
demandas energéticas e geração de resíduos sólidos e líquidos.
Apesar de ser um procedimento complexo e, freqüentemente longo, a
Avaliação do Ciclo de Vida, segundo Silva (2003), adiciona uma dimensão
científica à discussão ambiental e tem recebido investimento crescente em
pesquisa na construção civil. A ACV procura retratar objetivamente um
determinado produto em termos de fluxos entrada (consumo de recursos) e
saída (emissões e resíduos) de um sistema, minimizando a influência de
decisões subjetivas dos analistas. É possível a obtenção de uma visão
holística sobre o processo de produção e utilização, uma vez que todas as
fases geram impactos sobre o ambiente.
Entretanto, é necessário ressaltar que o desenvolvimento de estudos de
ACV em edificações requer algumas alterações devido, entre outros
51
aspectos, às diferenças apresentadas com relação ao ciclo de vida de
produtos industriais que envolvem, normalmente, um curto espaço de tempo.
Obras civis, ao contrário de produtos com vida útil de semanas ou meses,
são, em geral, caracterizadas por uma vida útil que se estende por alguns
anos, décadas ou mesmo séculos (Tabela 2.6). Há que se considerar,
todavia, que a vida útil não compreende todo o ciclo de vida destas obras,
cuja extensão temporal e abrangência são ainda maiores.
Tabela 2.6 - Processos de construção civil e respectivos tempos de vida útil (SOARES, 2006)
A avaliação do desempenho ambiental de um edifício implica em tratar e
analisar informações quanto ao fluxo de recursos e emissões definidos pela
implantação e orientação, processo construtivo, materiais empregados,
flexibilidade de projeto, planejamento da operação e gerenciamento de
resíduos de construção e demolição (Figura 2.12)
Figura 2.12 - Ciclo de vida de uma edificação genérica (SILVA, 2003)
Para utilização da ACV na produção do meio ambiente construído, faz-se
necessário, no entanto, que sejam superadas dificuldades e limitações,
particularmente em nosso país. Silva (2003) considera esta utilização, no
presente momento, complexa, impraticável e insuficiente. Complexa, pois os
edifícios são compostos por inúmeros produtos, com suas árvores de
vida útil média Processos de construção específicos
1 a 3 anos Projeto e construção do edifício/obra3 a 5 anos Tempo de manutenção e uso10 a 15 anos Tempo médio de uso e renovação parcial30 a 50 anos Tempo longo de uso e renovação total80 a 120 anos Tempo de vida útil de sistemas estruturais de edificaçõesSuperior a 150 anos Tempo de vida útil de monumentos
52
processos próprias. Impraticável, por ainda não haver dados confiáveis de
ACV de materiais de construção nacionais. Insuficiente, considerando-se
que há aspectos de desempenho ambiental que não podem ser avaliados
através de fluxos de matéria, como aspectos sociais e econômicos.
Podemos considerar, no entanto, que o uso da ACV não exclui a
possibilidade de utilização concomitante de outros métodos de avaliação e,
se hoje ainda não há dados locais confiáveis sobre ACV, é necessário que
se dê os primeiros passos, para que futuramente estes estejam disponíveis.
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELAS ATIVIDADES HUMANAS
Segundo Manzini;Vezzoli (2005), cada ação humana implica em absorção /
aquisição de recursos do ambiente, extraindo-lhe substâncias, e liberação de
emissões ao mesmo, ou seja, liberação de substâncias no meio. Cada forma
de impacto tem em sua origem uma troca de substâncias entre o meio
ambiente e o sistema produtivo.
Em termos de extensão geográfica, os impactos podem ter seus efeitos nos
níveis local, quando os efeitos ocorrem no mesmo lugar da causa; regional,
com efeitos ocorrendo em uma determinada área geográfica vizinha à área
da atividade e; global, impactando no planeta, como por exemplo quanto às
mudanças climáticas da terra.
O reflexo em termos dos principais impactos ambientais de todas as
atividades durante o ciclo de vida do produto construído são apresentadas
nas descrições logo adiante.
2.4.1 Esgotamento de Recursos
Os recursos sujeitos a esgotamento representam os inputs do sistema de
53
produção e consumo. Dentre os recursos empregados neste sistema estão o
consumo de água, fontes de energia não renováveis, como os combustíveis
fósseis e matérias-primas.
Manzini;Vezzoli (2005) aponta esta questão como um problema para a
sustentação econômica do nosso modelo de produção e consumo, assim
como um problema vital quanto à sustentabilidade ambiental, podendo
prejudicar a sobrevivência e o bem-estar das gerações futuras.
Isto significa que o esgotamento de recursos, caso não evitado, irá provocar
graves problemas sociais. Tomando como exemplo de recurso a água,
embora tenhamos um grande volume de água disponível em nosso planeta,
o percentual de água doce potável é muito pequeno. O redução da
disponibilidade de água potável fará com este recurso tenha seu custo
multiplicado, tornando-se pouco acessível e resultando em agravamento dos
problemas sanitários e de saúde pública. A previsão de esgotamento dos
combustíveis fósseis já provoca aumento crescente deste recurso,
provocando reações na sociedade no sentido de buscar recursos
alternativos, inclusive recursos renováveis.
É importante, portanto, desenvolver e utilizar recursos renováveis.
Manzini;Vezzoli (2005) coloca a necessidade de tratar a questão quanto ao
grau de renovação dos recursos, ligando a este conceito as possibilidades
humanas de consumo. A renovação deve ser entendida em relação à
quantidade de recursos consumida, à velocidade de reconstituição e às
novas exigências humanas.
2.4.2 Aquecimento Global
A temperatura em nosso meio ambiente é equilibrada com a captura de
radiações solares e liberação de radiações infravermelhas. O aquecimento
decorrente da presença de gases na atmosfera, como o gás carbônico, gás
metano, clorofluorcarnonetos, entre outros, é chamado de efeito estufa e, em
condições normais e equilibradas, propicia uma temperatura fundamental à
54
vida na terra. Se não fosse pelo efeito estufa, a vida como a conhecemos
nunca teria surgido na terra; teria sido demasiadamente frio. Algumas
estimativas colocam a temperatura média da Terra na faixa de –32ºC a –
23ºC se esses gases não existissem (Demillo, 1998 apud Frangetto, 2002).
O problema ocorre quando há um aumento de tais gases na atmosfera,
provocando uma maior retenção de radiações infravermelhas e
desequilibrando termicamente o planeta, chamado aquecimento global. A
presença de gases na atmosfera vem aumentando de modo preocupante em
decorrência das ações humanas, principalmente após a Revolução
Industrial, com o uso de combustíveis fósseis nos meios de produção,
elevando, segundo Frangetto (2002), em quase 50% os níveis de
concentração de dióxido de carbono (CO2) – principal gás do efeito estufa –
na atmosfera.
Manzini;Vezzoli (2005) aponta como conseqüencias do desequilíbrio do
efeito estufa, com o aquecimento global, o derretimento dos gelos polares,
aumento do nível das águas e emersão das áreas baixas, desertificação e
migração de agentes patológicos das zonas tropicais.
Das ações humanas que provocam aumento dos gases de efeito estufa na
atmosfera, as principais são a combustão de petróleo, carvão e gás natural
(combustíveis fósseis). Conside-se então que o tráfego, o condicionamento
térmico (refrigeração e aquecimento) dos edifícios e o consumo de energia
elétrica dos mesmos em locais alimentados por termoelétricas, também
contribuem para o efeito estufa (MANZINI; VEZZOLI, 2005). Há que se
considerar a contribuição em todo o ciclo de vida das construções.
2.4.3 Redução da Camada de Ozônio
Antes de se falar sobre a necessidade de proteção, deve-se falar antes da
função e importância da camada de ozônio. Localizada em uma das
camadas mais altas da atmosfera, a camada de ozônio é responsável pela
absorção das radiações ultravioletas, nocivas à flora e fauna, sendo que o
55
maior problema ao ser humano é o aumento dos tumores de pele
(MANZINI;VEZZOLI, 2005).
A emissão de diversos gases na atmosfera em decorrência das atividades
humanas tem provocado uma redução na espessura da camada de ozônio.
Os principais gases responsáveis por esta redução são os CFC –
Clorofluorcarbonos, os HCFC e o tetraclorometano, que reagem
quimicamente com o ozônio, provocando sua transformação em oxigênio
molecular, agindo durante um período de 20 anos.
Dentre as atividades humanas responsáveis pela emissão de gases
prejudiciais à camada de ozônio, as principais são o uso de solventes à base
de cloro, vernizes diluídos à base de solventes, sistemas de refrigeração e
de ar condicionado, o uso de sprays e ainda a transformação de polímeros
em espuma através dos CFC.
2.4.4 Poluição
A poluição, segundo Dashefsky (2003), refere-se a uma mudança negativa
na qualidade de alguma parte da biosfera, sendo comumente classificada
em poluição do ar, poluição da água e poluição do solo.
a) Poluição do ar
Dashevsky aponta a existência de cinco poluentes primários do ar, que
são monóxido de carbono, hidrocarbonos, compostos nitrogenados,
material particulado e dióxido de enxofre, sendo a queima de
combustíveis fósseis a principal causa deste tipo de poluição. Os
chamados poluentes secundários são formados quando os poluentes
primários reagem entre si na presença de luz solar.
Manzini;Vezzoli classifica a poluição do ar em fotoquímica ou poluição
de verão e a poluição de inverno.
- poluição de verão
A poluição fotoquímica é decorrente das reações provocadas pela luz
solar que, ao encontrar hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio na
56
atmosfera, provenientes da evaporação da gasolina e queima
incompleta de combustíveis, reage provocando maior concentração de
monóxido de carbono, peroxiacilinitratos (PAN) e outros compostos
orgânicos, como os aldeídos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
compostos cujo aumento de concentração causa problemas respiratórios
e irritação nos olhos, deteriora alguns materiais e danifica plantações.
Dentre as atividades humanas causadoras deste tipo de poluição, estão
a utilização de maquinarias, o aquecimento das habitações, atividades
industriais e centrais elétricas.
- Poluição de Inverno
A poluição de inverno é decorrente das concentrações de SO2 e material
particulado, provocando problemas respiratórios e até mesmo mortes.
Dentre as principais atividades responsáveis pelas emissões de SO2
estão as atividades em industrias, refinarias e centrais elétricas, e na
incineração sem sistemas adequados de filtragem das fumaças e gases
tóxicos (MANZINI; VEZZOLI, 2005).
b) Poluição da água
A poluição da água ocorre, segundo Dashevsky (2003), quando a
qualidade natural da água é degradada, resultando em danos ao
ecossistema aquático e/ou tornando os recursos hídricos inadequados
ao consumo humano.
A poluição da água é causada por produtos químicos e outras
substancias adicionadas à água; resíduos orgânicos, entre os quais os
resíduos provenientes dos esgotos; resíduos radioativos; poluição
térmica da água, decorrentes de processos industriais de resfriamento; e
ainda, os sedimentos provenientes de processos erosivos.
c) Poluição do Solo
A poluição do solo é decorrente da adição ao mesmo de materiais que
podem modificar suas características naturais e utilizações. Entre os
principais poluentes do solo estão as águas contaminadas, efluentes
sólidos e líquidos provenientes de indústrias químicas e de esgoto
domiciliar; resíduos provenientes de atividades agrícolas (agrotóxicos); e
57
o lixo, de origem domiciliar, hospitalar, industrial e nuclear.
2.4.5 Acidificação
Quando os poluentes secundários, como os ácidos sulfúrico e nítrico, que
são decorrentes da reação de substâncias entre si através da presença de
luz solar, caem sobre a terra com a chuva (a chamada chuva ácida),
provocam um aumento de acidez no terreno, nas águas e superfícies
urbanas.
O processo descrito, chamado de acidificação, pode impedir, conforme
Manzini;Vezzoli (2005), o crescimento de árvores, provocar corrosão de
monumentos e edifícios, contaminar os lençóis d’água (morte da flora
aquática) e, por fim, causar sérios riscos para a saúde, como problemas
respiratórios.
Dentre as causas da acidificação estão algumas atividades agrícolas; a
utilização de máquinas; as atividades de industrias, refinarias e centrais
elétricas; aquecimento das habitações; uso de produtos à base de
amoníaco; e, uso de tintas e adesivos à base de solventes.
2.4.6 Eutrofia
A eutroficação ou eutrofização é um processo de enriquecimento de
nutrientes de um meio, que pode ser o terreno, mas os ambientes mais
sensíveis a este processo, baseado em Manzini;Vezzoli (2005), são os lagos
e as bacias artificiais, onde a lentidão de troca das águas facilita a
acumulação de poluentes.
Para Dashefsky (2003), o drástico enriquecimento de nutrientes produz
explosão populacional de alguns organismos, como as algas, que quando
mortas alimentam bactérias que por sua vez também tem crescimento
populacional exagerado, reduzindo os níveis de oxigênio no meio e
58
provocando a morte do ecossistema e poluição deste meio, comprometendo
o fornecimento hídrico.
Dentre as atividades que contribuem para a eutroficação estão os esgotos e
descargas industriais e ainda as emissões atmosféricas decorrentes do
tráfego urbano.
2.4.7 Poluição tóxica
Como poluição tóxica, Dashevsky (2003) define qualquer substância
introduzida no meio ambiente que causa danos ao funcionamento normal de
um organismo, podendo ser encontradas no ar, na água e no solo. Este
impacto ambiental recebe titulação variada, sendo tratado como toxicidade
ecológica pelo aplicativo BEES 3.0 ou por Manzini;Vezzoli (2005),
simplesmente como toxinas no ar, água e solo.
Manzini;Vezzoli informa que, para as muitas substâncias que podem ser
danosas ao homem e ao ecossistema, os efeitos podem ser diretamente
letais ou manifestarem-se após determinado período, podendo ser
persistentes (não se degradam com o tempo) e cujo efeito prossegue após
sua acumulação e absorção. Estas podem, em uma primeira fase,
acumularem-se na água e na terra. Destacam-se entre as toxinas
persistentes os metais pesados, os pesticidas clorados, os Policlorobifeniles
(PCB) e Policlorotrifeniles (PCT), e ainda petróleo e óleos já consumidos.
Como fatores contribuintes estão a dispersão de substâncias tóxicas das
lixeiras não impermeabilizadas adequadamente, descargas de águas
industriais e urbanas que contenham metais tóxicos nos corpos hídricos,
petróleo e seus derivados, óleos já consumidos, substâncias radioativas e
químicas.
As toxinas liberadas no ambiente podem se disseminar através da cadeia
alimentar, atingindo desta forma flora, fauna e por fim o homem,
acumulando-se nos seus tecidos. A disseminação pode se dar através do
consumo de alimentos poluídos, inalação e ingestão de águas contaminadas
59
e produtos que as utilizem.
2.4.8 Resíduos sólidos
Resíduos sólidos são aqueles “nos estados sólido e semi-sólido, que
resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição de ruas. Inclui ainda
determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos de água, ou que
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível” (IBGE, 2004). De maneira simplificada,
resíduos sólidos significam lixo.
O problema do gerenciamento dos resíduos sólidos vem se tornando motivo
de preocupação crescente de muitos países devido às questões dramáticas,
conforme Manzini;Vezzoli (2005), de redução da disponibilidade de espaços
para eliminação de lixo, contaminação do solo e lençol freático, geração de
odores, riscos de explosões nas descargas e ainda o transporte dos
resíduos.
O volume gerado de resíduos sólidos domiciliares ou resíduos sólidos
municipais, segundo John (2000), na Europa varia de 296 a 631 kg/hab.ano
e sendo estimado no Brasil, pela CETESB14, em cidades com mais de 500
mil habitantes, em 255 kg/hab.ano, que também estima um volume total
gerado no Brasil de 23 milhões de toneladas anuais de resíduos não inertes
e perigosos. John aponta, no entanto, que o resíduo sólido municipal é a
menor parte do volume total de resíduos gerado, que estima ser de 56
ton/hab.ano, cerca de 5 vezes o consumo total de materiais estimado.
A Tabela 2.7 demonstra levantamento da Prefeitura do Município de São
Paulo, através de seu Departamento de Limpeza Urbana, do volume de lixo
14 CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Vinculada à Secretaria
Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
60
coletado, separando-o conforme sua origem.
Tabela 2.7 – Coleta de lixo segundo origem no Município de São Paulo
Segundo Manzini;Vezzoli (2005), o problema dos resíduos sólidos está
relacionado tanto às estratégias de quem produz quanto ao comportamento
dos consumidores.
2.4.9 Outros Impactos
As atividades humanas de produção e consumo apresentam ainda outros
impactos ambientais, como alteração do habitat, prejuízos à saúde humana
e poluição sonora, de grande relevância, porém de avaliação ainda mais
difícil que as demais.
2.4.10 Causas e efeitos dos impactos ambientais
A Tabela 2.8relaciona atividades humanas às suas causas e efeitos quanto
aos impactos ambientais.
Ano
Primário Domiciliar, Varrição e Feiras
Industrial(*) Saúde Entulho Diversos
1980 1.849.185 987.367 38.309 - 30.2571991 2.493.528 398.745 48.650 - 1.043.8282000 3.461.906 193.940 33.978 1.678.595 373.4882001 3.663.366 167.220 33.335 1.416.350 394.1822002 3.548.934 112.620 33.472 1.488.073 434.8572003 3.161.814 90.174 32.489 2.194.983 416.1362004 3.210.000 73.949 31.723 1.598.741 422.384
2005 3.232.000 - 31.393 1.754.269 371.408
(*) Resíduos Sólidos Domiciliares, Comerciais e Instucionais de particulares considerados grandes geradores
(em toneladas)Coleta de Lixo segundo Origem no Município de São Paulo
Origem do Lixo
Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Serviços - Departamento de Limpeza Urbana
61
Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 1/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)
Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeito
combustão de combustível fóssil:
centrais eletricas (>CO2)
dióxido de carbono (CO2)
consumo de energia em casa e
no escritório
viajar de carro (>CO2)
clorofluorcarbono (CFC)
degelo das calotas polares
Aquecimento Global
aquecimento habitação (>CO2)
metano (CH4)
elevação do nível das águas e
alagamento de áreas baixas
comprar produtos de madeira
tropical
desflorestamento por incêndio
(>CO2)
óxidos de azoto (NOX (N2O))
desertificação
agricultura ozônio (O3)migração de
agentes patogenicos
comer carne animais (>CH4)vapor de água
(H2O)
ferilizantes (>N2O)
uso de sprays que contenham CFC
clorofluorcarbono (CFC)
uso de produtos em espuma com
CFC
uso de solventes clorados para
lavagem a seco
Redução da Camada de Ozônio
uso de vernizes à base de solventes
HCFCdanos à flora e à
fauna
transformação de polímeros em
espuma com CFC
aumentos dos tumores de pele
refrigeração e condicionamento
de ar (>CFC)tetraclorometano
enfraquecimento do sistema
imunológicoinseticidas aerosóisaviões
supersônicostricloroetano
uso de máquinas emissões de gás (>NOx, CxHy)
Poluição de Verão
indústrias, refinarias e
centrais elétricas (> NOx)
óxidos de azoto (NOx (N2O))
aquecimento das habitações
(>NOx)
hidrocarbonetos no ar (CxHy)
uso de fertilizantes na
agricultura (>N2O)luz do sol
Bloqueiam as radiações
infravermelhas e aumentam a temperatura
global da terra
Impactos Ambientais - Causas e Efeitos
Na estratosfera provoca a
transformação do ozônio em oxigênio
molecular, determinando a
rarefação da faixa de ozônio que
absorve as radiações
ultravioletas
compra de alimentos
importados (transportados em
células
alguns compostos orgânicos causam
lacrimação e problemas de respiração ao
homem.
alguns compostos podem ser muito tóxicos para as
plantas
a interferência dos hidrocarbonetos no ciclo fotolítico
do dióxido de azoto provoca
uma alta concentração de
ozônio (O3), monóxido de
carbono (CO), peroxiacilinitrato (PAN) e outros
compostos orgânicos na atmosfera.
consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e
combustíveis
62
Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 2/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)
Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeitouso de máquinas emissões de gás (>NOx, CxHy)
Poluição de inverno
indústrias e refinarias (>SO2)
Pequenas partículas
dispersas (SPM)centrais eletricas
(>SO2)dióxido de enxofre
(SO2)incineração sem
filtragem dos fumos tóxicos
(>SO2)
estrume de gado (>NH3)
obstáculos ao crescimento das
florestas
alimentar-se de carne e laticínios
uso de máquinas emissões de gás
(>NOx, CxHy, COV)
óxidos de enxofre (SO2,SOx)
obstáculo ao crescimento das
árvores nas zonas urbanas
Acidificação
indústrias, refinarias e
centrais elétricas (> NOx)
óxidos de azoto (NOX (N2O))
corrosão de monumentos e
edifícios
aquecimento das habitações (>Nox,
COV)amoníaco (NH3)
contaminação dos lençóis freáticos
consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e
combustíveis
uso de produto de limpeza que
contenha amoníaco (>NH3)
COVmorte da flora
aquática
uso de tintas à base de solventes
(>COV)
riscos para a saúde (problemas
respiratórios)
uso de fertilizantes para jardim (fosfatos e
nitratos)
fosfatos (PO4)
Acúmulo de alimentos, nitratos
e fosfatos, nas águas e no
terreno além da capacidade de
auto depuração.
Eutrofia
agricultura: fertilizantes (fosfatos) e fertilizantes
azotatos
nitratos (NO3)mortandade da
fauna aquática por falta de oxigênio
consumo de produtos
alimentares de cultivo intenso
água de descarga e esgotos (nitratos
e fosfatos)NOx
Assimilação das algas que
crescem em demasia.
uso de detergentes com
fosfatosNH3
contaminação dos lençóis freáticos e
lagos que não podem ser usados para alimentação
descargas industriais
(nitratos, fosfatos)N2O
A decomposição das algas
consome o oxigênio da água
uso de máquina causa emissões de gás (>NOx)
N2 (gás)
obstáculo à possibilidade de tomar banho em lagos e mares.
Na atmosfera o NO2 transforma-se
em ácido nítrico (NHO3), o SO2 em
ácido sulfúrico (H2SO4), estes se
juntam à água pluvial, tornando-a
ácida determinando um
acúmulo de acidez no terreno, nas águas e nas superfícies dos
estabelecimentos urbanos.
outras concentrações e
pequenas partículas
dispersas (SPM) e
problemas de respiração até a
morte.
consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e
combustíveis
63
Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 3/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)
Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeito
Toxinas na água e no solo
descarga de resíduos
industriais e urbanos nos
corpos hídricos contendo metais
tóxicos, petróleo e seus derivados, óleos e demais
substâncias químicas
metais pesados: mercúrio,
chumbo, arsênico, cádmio, cromo, níquel, selênio,
zinco
Acúmulo de produtos químicos
tóxicos e persistentes (não degradáveis) no solo, na água e,
sonseqüentemente nos tecidos
animais e vegetais; esta interação pode
aumentar a intoxicação.
os metais pesados retornam ao
homem através da cadeia alimentar
exalação de substâncias tóxicas de
depósito de lixo não
impermeabilizado
pesticidas de cloruros (DDT)
poluição dos lençóis d'água inutilizando a
água para consumo, irrigação e recreação.
uso de substâncias
aditivadas com policlorobifenil
(PCB)
substâncias químicas
policlorobifenil (PCB), PCT,
petróleo e óleos queimados
o policlorobifenil (PCB) danifica
tecidos hepáticos e cerebrais
uso de máquinas: combustão de gasolina com chumbo ou
combustão de gasolina com
benzeno
inseticidas aerosóis orgânicos
de sintese (pesticidas)
acúmulo de produtos químicos industriais tóxicos
no ar; essa interação pode
provocar intoxicação
a dioxina (TCDD) provoca cloracne
e tumores nos tecidos
Toxinas no ar
compra de bens destinados à incineração
fumar cigarros (>pireno e
benzopireno)
hidrocarbonetos aromáticos
cancerígenos (pireno,
benzopireno e benzeno)
a inalação do pireno e do
benzopireno é altamente
cancerígena
incineração sem filtragem das
fumaças e gases tóxicos (>SO2,
dioxina)
substâncias como: amianto, berílio,
chumbo, mercúrio, cromo, clorato de vinil,
dioxinas.
a inalação do chumbo provoca saturnismo: dano
crônico ao sistema nervoso
escolha de produtos:
aumento do fluxo de lixo sólido
urbano
aumento do volume de lixo
a presença do lixo causa:
-com embalagem múltipla
-descartáveis embalagens
- redução da disponibilidade de
espaços para a eliminação de
outros
Lixouso de produtos: produtos
- contaminação do solo e de lençóis
freáticos
descartados antes da hora
aumento do fluxo de lixo industrial
lixo orgânicoesgotamento de recursos naturais
- odores e riscos de explosões na
lixeirafalta de uso secundário
cinzas
falta de venda ou doação
subprodutos e descargas industriais
eliminação por velhice
descarga não legal
acumulação de lixo tóxico
eliminação de produtos de forma não diferenciada
aquisição de bens descartáveis,
como brinquedos e aparelhos
domesticos, que contenham
bateria, isolantes, transformadores, condensadores, recipientes em policlorobifenil
(PCB), termômetros ou nanômetros (Hg)
o transporte do lixo implica em
consumo de combustíveis,
ruídos e poluição
64
2.5 DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO
Conforme Spekkink (2005) e a norma ISO6241(1982), o desempenho de
uma construção está relacionado ao comportamento desta como um todo ou
parcialmente quanto aos fins a que é requisitada fazer. Os requisitos são a
relação de necessidades do usuário a serem preenchidas por esta
construção.
Porém, os requisitos dos usuários, que há pouco mais de duas décadas não
incluíam aspectos relacionados ao meio ambiente, hoje já os agregam, ainda
que de maneira insipiente. A presença dos requisitos ambientais no rol dos
requisitos dos usuários é ainda tímida devido às dificuldades de se tratá-los
de maneira objetiva.
Mas, do que consistiriam estes requisitos ambientais dos usuários?
Primeiramente, há que se definir quem são os usuários e o que é requisitado
por eles. Considerando-se a definição de desenvolvimento sustentável, do
ponto de vista ambiental e conforme a Agenda 21, é o “desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Há que se
considerar ainda o direito ambiental, em seu princípio da ubigüidade (ver
item 3.2.1), que aponta o caráter global do meio ambiente, uma vez que a
poluição e a degradação do meio ambiente não encontram fronteiras e não
esbarram em limites territoriais.
O usuário, por esta considerações, não é somente aquele que usufrui
diretamente o meio ambiente construído, mas todo aquele que, mesmo
indiretamente, é afetado pelo desenvolvimento. Não há limitações temporais
nem espaciais, podendo-se considerar como usuário, para o qual devem ser
preenchidos requisitos, mesmo aquele que se encontra em um outro país e
pertencente às gerações futuras. Considerando-se ainda princípios de ética
ambiental (ver ítem 3.2.1), conforme Almeida (2006), há que se considerar
não apenas os seres humanos, mas também os seres não humanos, o que
65
já está previsto na norma ISO6241, que define usuário como pessoa, animal
ou objeto para o qual a construção foi projetada.
Os requisitos ambientais de tais usuários refere-se à sua sobrevivência e
preservação, e o mantenimento de condições de vida com qualidade, em
caráter global, para as gerações atuais e futuras.
Com a incorporação destes novos requisitos dos usuários, as construções
passam a ser avaliadas quanto ao seu desempenho ambiental, no entanto,
tem que se resolver o problema da objetividade.
Para a avaliação objetiva do desempenho ambiental aplicada à produção do
meio ambiente construído faz-se necessário, a exemplo da avaliação do
desempenho construtivo, que o problema seja tratado em termos de
atendimento de requisitos do usuário. Pode-se dizer que trata-se da
avaliação do desempenho ambiental construtivo, mas o que isto significa?
Desempenho ambiental é definido pela norma NBRISO14001, como
“resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental, relativos ao
controle de uma organização sobre seus aspectos ambientais, com base na
sua política, seus objetivos e metas ambientais”. A avaliação do
desempenho ambiental é feita, portanto, através de resultados mensuráveis
quanto a aspectos ambientais.
Relacionando-se as definições de desempenho construtivo, desempenho
ambiental e os requisitos ambientais dos usuários, podemos dizer que
desempenho ambiental construtivo está relacionado ao comportamento de
uma construção ou parte dela, quanto aos requisitos ambientais dos
usuários, avaliada através de resultados mensuráveis de seus aspectos
ambientais ao longo de seu ciclo de vida.
Os impactos ambientais decorrentes das atividades humanas,
particularmente os relacionados a todo o ciclo de vida da produção do meio
ambiente construído, alguns dos principais descritos no item 2.4, podem ser
avaliados através de um enfoque mensurável, como por exemplo através da
metodologia da avaliação do ciclo de vida.
66
3 O Projeto e os Impactos Ambientais da Industria da
Construção
Os limites ambientais são testemunhos de que já não é mais possível
conceber qualquer atividade de projeto15 sem confrontá-la com o conjunto
das relações que, durante o seu ciclo de vida, o produto vai ter no meio
ambiente (MANZINI; VEZZOLI, 2005).
Segundo Bagatelli (2002), o desenvolvimento de um produto envolve várias
atividades interdependentes, compreendendo o processo ou ciclo de
produção, que no caso da indústria da construção, subdivide-se em geral em
projeto, construção/produção, uso/operação, manutenção e demolição.
Todas estas subdivisões influenciam no desempenho do produto construído,
mas é no processo de projeto que são definidas as características deste
produto de modo a atender as necessidades dos usuários, revelando-se
como uma das fases que mais influenciam o desempenho de uma
edificação. Tanto é assim que, a partir de pesquisas realizadas em vários
países da Europa, conclui-se que cerca de 35 a 50% das falhas ocorridas
nas edificações podem ser seguramente atribuídas à fase de projeto.
O aspectos ambientais devem ser levados em consideração desde a
primeira fase do desenvolvimento de um produto, como aponta
Manzini;Vezzoli (2005), sendo muito mais eficaz agir preventivamente, já no
projeto, do que buscar soluções, de recuperação ou paliativas, para os
danos já causados (soluções end-of-pipe).
A necessidade de consideração dos aspectos ambientais no
desenvolvimento dos produtos, que na indústria da construção são os que
compõem o meio ambiente construído, faz com que estes aspectos sejam
considerados como requisitos dos usuários, da geração atual como também
das próximas gerações, sob a ótica do desenvolvimento sustentável, sendo
que o modo como estes requisitos são atendidos vai determinar o
15 O texto original utiliza a palavra design.
67
desempenho ambiental do produto construído.
Para uma avaliação do desempenho ambiental do produto construído, é
necessária a busca de resultados objetivos. Muitos esforços podem ser
dispendidos com poucos resultados efetivos se este aspecto não for
considerado como um item de desempenho construtivo, que como tal deve
ser, na medida do possível, mensurável.
O projeto neste contexto é compreendido como um processo que não trata
apenas de desenhos, cálculos, simulações e análise de soluções técnicas,
mas também um processo que deve viabilizar a construção e manutenção
dos edifícios nos seus diversos requisitos de desempenho.
3.1 AS PATOLOGIAS AMBIENTAIS CONSTRUTIVAS
Pesquisas de avaliação do desempenho construtivo tem sido conduzidas
através do estudo das chamadas patologias construtivas. Todavia, há uma
tendência corrente de incorporação de aspectos ambientais aos requisitos
de desempenho construtivo, cujo não atendimento possibilitaria a
identificação de patologias construtivas relacionadas a estes aspectos.
3.1.1 Patologias Construtivas e Patologias Ambientais Construtivas
Simões(1999) apresenta o estudo das patologias construtivas como sendo o
campo da engenharia das construções que se ocupa do estudo das origens,
formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das
falhas e dos sistemas de degradação dos materiais, técnicas e tecnologia da
construção.
Como já exposto anteriormente, o desempenho de uma construção está
relacionado ao comportamento desta ou parte dela quanto aos fins a que é
requisitada fazer, fins estes representados pela relação de necessidades do
68
usuário a serem preenchidas por esta construção. As chamadas patologias
construtivas se caracterizam pelo não atendimento aos requisitos de
desempenho construtivos, o que reflete por sua vez no não atendimento das
necessidades dos usuários.
Os requisitos dos usuários apresentados pela norma ISO6241, como já
exposto anteriormente, são Estabilidade, Segurança ao fogo, Segurança em
uso, Estanqueidade, Higrotermia, Pureza do ar, Conforto acústico, Conforto
visual, Conforto tátil, Conforto antropodinâmico, Higiene, Conveniência de
espaços para usos específicos, Durabilidade e Economia.
Com a incorporação dos aspectos ambientais como um novo requisito do
usuário, o qual pode ser nomeado como Adequação Ambiental, são
originados novos requisitos de desempenho, cujo não atendimento resulta
então no que podem-se chamar de patologias ambientais construtivas.
Devem então ser avaliadas as origens, formas de manifestação,
conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de
degradação dos materiais, técnicas e tecnologia da construção no que se
relaciona aos aspectos ambientais.
Da mesma forma que as patologias construtivas são assim consideradas
pelo não atendimento aos requisitos de desempenho construtivo, as
patologias ambientais construtivas, para serem caracterizadas, devem deixar
de atender os requisitos de desempenho ambiental construtivo.
A Tabela 3.9 apresenta uma lista de requisitos de desempenho ambiental
que devem ser atendidos para que o requisito do usuário de adequação
ambiental seja satisfeito. Os requisitos de desempenho ambiental
construtivo elencados tratam dos aspectos de consumo de recursos,
produção de poluentes e resíduos e alteração do meio ambiente.
69
Tabela 3.9 - Requisito do Usuário - Adequação Ambiental
15.9 G eraç ão de ru ído de interferênc ia no am biente interno ao edifíc io
G eraç ão de ru ído de interferênc ia ao am biente ex terno e/ou viz inhanç a
Ut iliz aç ão de s is tem a de is olam ento / c ond ic ionam ento de ru ídos ex is tentes
G eraç ão de vibraç ões de im pac to ao am biente interno
G eraç ão de vibraç ões de im pac to ao am biente ex terno
Ut iliz aç ão de s is tem a de is olam ento / c ond ic ionam ento de vibraç ões ex is tentes
Intens idade de ruídos gerados c om parat ivam ente à m édia loc al para a c ategoria de edific aç ão
15.10 P rox im idade do edifíc io para o us uário
P res enç a de t ranporte c olet ivo no entorno
P rox im idade aos pontos de fornec im ento de m aterias prim as
P rox im idade dos loc ais de des t inaç ão de res íduos
15.11 O rientaç ão adequada
Ut iliz aç ão de s is tem as e m ateria is c ons trut ivos c om boa inérc ia térm ic a
Ut iliz aç ão de s is tem as pas s ivos de c ondic ionam ento térm ic o
Ut iliz aç ão de s is tem as pas s ivos de c ondic ionam ento de ilum inaç ão
Us o de m ateria is loc a is
Ru íd o e V ib ra çõ e s
Uso T ra n sp o rte
Asp e cto s b io clim a tico s
F unç ões
15.1 Cons um o energét ic o por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc al por c ategoria de edific aç ão.
E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores para ilum inaç ão art ific ia l
E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores para c ondic ionam ento
Us o de equipam entos bas eados em c om bus t íveis e fic ientes (us o de c om bus tível e em is s ões )
E x is tênc ia de s is tem a de m onitoram ento do us o de energia
Treinam ento e c ons c ient iz aç ão de us uários para us o rac ional de energ ia
Defin iç ão de m etas de c ons um o de energ ia
Ut iliz aç ão de energia renováve l (in tegral, parc ia l, não ut iliz a)
E nergia inc orporada por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão
E x is tênc ia s is tem a interno de geraç ão de energ ia
Tipo de fonte energét ic a produz ida (renovável / não renováve l)
15.2 Cons um o de água por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão
E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores de água
Reut iliz aç ão de águas s ervidas ou t ra tadas
Contro le da qualidade da água ut iliz ada para c ons um o
Treinam ento de us uários para us o rac iona l de água
P roc edim entos internos para us o rac ional de água
S is tem a in terno de t ra tam ento de efluentes
S eparaç ão de águas c inz as e es goto
Reut iliz aç ão de águas s ervidas
V olum e de e fluentes lanç ados por unidade de área c om parat iv. à m édia loc al por c ategoria de ed ific aç ão
G rau de tratam ento para os efluentes lanç ados na rede púb lic a
15.3 Com paraç ão de as pec tos am bienta is dos princ ipais m ateria is adotados c om a lternat ivas d is poníve is
V olum e de m ateria is ut iliz ados por un idade de área c om parat iv. à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão
E m prego de m ateria is de reus o
E m prego de m ateria is produz idos a través de rec ic lagem
Us o de m ateria is c om m enor im pac to am bienta l
Reut iliz aç ão/R ec ic lagem de M ateria is
15.4 V olum e de res íduos s ólidos produz idos por unid. de área c om parat iv. à m édia loc a l por c ategoria de edif.
E x is tênc ia de P rogram a de G erenc iam ento de Res íduos S ólidos
S eparaç ão de res íduos produz idos c onform e c ategoria
Treinam ento de pes s oal para ident ific aç ão e s eparaç ão de res íduos
M inim iz aç ão na geraç ão de res íduos
Reut iliz aç ão de res íduos
Des t inaç ão adequada aos res íduos após a s aída da obra
15.5 P roduç ão de poluentes
E m prego de s is tem a de filt ragem e tratam ento antes do lanç am ento na a tm os fera
C las s ific aç ão de poluentes em it idos
15.6 V ent ilaç ão adequada
S is tem a de filt ragem
Lim pez a do s is tem a de c ondic ionam ento
Contro le de odores
Contro le m ic robio lóg ic o
15.7 P res ervaç ão vegetaç ão natura l
M anutenç ão do perfil natura l do terreno
O c orrênc ia de Im pac tos na fauna loc a l
Im pac tos no entorno do s ít io
G rau de im perm eabiliz aç ão do s o lo
S is tem a de c aptaç ão e c ontenç ão de águas pluvia is
15.8 V olum e de e fluentes lanç ados por unidade de área c om parat iv. à m édia loc al por c ategoria de ed ific aç ão
S is tem a in terno de t ra tam ento de efluentes
G rau de tratam ento de e fluentes antes de lanç am ento no s is tem a públic o
G e ra çã o d e Re síd u o s S ó lid o s
Em issã o d e P o lu e n te s (a r)
Re síd u o s L íq u id o s (Eflu e n te s)
R eq u is ito d o U su á rio - Ad eq u aç ão Am b ien ta l
Co n su m o En e rg é tico
Requis itos de Des em penho A m biental Cons tru t ivo
T ra ta m e n to e re u so d e á g u a s se rvid a s
Co n su m o d e M a té ria s-P rim a s
Q u a lid a d e d o Ar In te rio r
A lte ra çã o d o H a b ita t
G e ra çã o d e En e rg ia
Co n su m o d e á g u a
70
3.1.2 Mensuração da Responsabilidade do Projeto
A pesquisa desenvolvida por Simões (1999) quanto às origens e reflexos
das patologias no desempenho técnico-construtivo das edificações identifica
estas patologias e classifica-as quanto aos sistemas onde se manifestam,
quanto aos requisitos do usuário que não foram atendidos e quanto à origem
ou causa das patologias.
Os sistemas (ou orgãos, conforme Simões), são classificados em terrapleno,
fundações, estrutura, cobertura, vêdos, pavimentos, vãos, paramentos,
equipamentos eletro-mecânicos, equipamentos hidro-sanitários. Os
requisitos do usuário são os definidos na ISO6241, já apresentados
anteriormente, e as origens ou causas das patologias podem ser o projeto, a
execução da obra, os materiais e a manutenção.
Simões quantificou as patologias construtivas em seis edifícios da Cidade
Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO), campus da Universidade
de São Paulo na capital paulista, sendo avaliados o Edifício Vilanova Artigas
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo); o Edifício de História e Geografia
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; o Edifícios I, II e III
do Instituto de Ciências Biomédicas; e o Edifício do Instituto de Química.
Os resultados quantitativos das patologias construtivas (Pc) levantados nos
seis edifícios conforme suas origens ou causas (projeto, execução da obra,
materiais e manutenção) é apresentado sinteticamente na Tabela 3.10.
Tabela 3.10 - Avaliação do desempenho técnico-construtivo. Edifícios da CUASO (SIMÕES, 1999).
EdifícioTotais
das Pcs T % T % T % T % T % T % T % CIOrigem das Pc 53 69 82 74 68 77 423
53 36,8 65 37,6 80 33,0 70 33,5 66 39,8 77 42,1 411 37,2 123 16,0 23 13,3 37 15,2 32 15,3 20 12,1 20 10,9 155 13,8 432 22,2 33 19,1 57 23,4 45 21,5 43 25,9 41 22,4 251 22,4 336 25,0 52 30,0 69 28,4 62 29,7 37 22,2 45 24,6 301 26,6 2
144 173 243 209 166 183 1.118
Quantitativos das patologias construtivas (Pc) destes edifícios conforme suas origens
Biom.II Biom.III I.Quim. Total F.V.Artigas Hist.Geogr Biom.I
Execução da obraMaterialManutençãoTotais
Projeto
71
O resultado obtido quanto às patologias construtivas dos edifícios objetos
daquela pesquisa, foram quantificadas num total de 1.118, tendo suas
origens vinculadas às deficiências e inadequações de:
Projeto – com 411, correspondendo a 37,2% (1)
Manutenção – com 301, correspondendo a 26,6% (2)
Material – com 251, correspondendo a 22,4% (3)
Execução da obra – com 155, correspondendo a 13,8% (4)
Concluiu-se, nesta pesquisa, que decorrem da etapa de projeto a maioria
das patologias construtivas, originando um percentual de 37,2% das
ocorrências. É importante ressaltar que a etapa de projetos, neste estudo,
engloba outras atividades, como pesquisa e gerenciamento, entre outras,
não se limitando ao projeto propriamente dito. Todavia é evidenciada a
responsabilidade dos projetistas na questão do desempenho técnico-
construtivo.
Para Bagatelli (2002), o processo de projeto exerce grande influência sobre
o desempenho de um empreendimento, pois é durante as etapas de projeto
que as características do produto são definidas, sendo considerados
aspectos relacionados à sua qualidade, custos e velocidade de construção.
À medida que o sistema empreendimento avança no tempo, as
possibilidades de interferência vão diminuindo a taxas cada vez maiores.
Figura 3.13 - Possibilidade de influência do projeto (BAGATELLI, 2002)
72
Bagatelli apresenta dados de estudos desenvolvidos por vários
pesquisadores que também mostram resultados compatíveis com o de
Simões, nos quais são indicados que a maioria das patologias apresentadas
ao longo da vida útil de um empreendimento são originadas na fase de
projeto, conforme observa-se na Tabela 3.11.
Tabela 3.11 - Origens das patologias em edificações (BAGATELLI,2002)
As significância dos percentuais de patologias construtivas originadas na
fase de projeto, pelos resultados apresentados pelos diversos
pesquisadores, provoca o questionamento sobre qual seria a contribuição
desta fase às patologias ambientais construtivas.
Para a obtenção de respostas a este questionamento, seria de grande valia
que se pudesse dispor de uma metodologia similar à empregada para a
obtenção dos resultados sobre patologias construtivas. Frente a esta
necessidade, foi empreendido um estudo de caso avaliando a adaptabilidade
da metodologia empregada por Simões na avaliação dos edifícios da
CUASO a um levantamento das patologias ambientais construtivas.
Tal estudo consistiu primeiramente na adaptação da metodologia de
referência, através da substituição dos requisitos dos usuários prescritos
pela norma ISO6241, empregados na metodologia original, pelo requisito do
usuário Adequação Ambiental e seus respectivos requisitos de desempenho
ambiental, já apresentados na Tabela 3.9. Inicialmente pretendia-se acrescer
às origens das patologias utilizadas na pesquisa de Simões, que são projeto,
execução da obra, materiais e manutenção, as origens gerenciamento e uso.
Ficariam portanto seis possíveis origens de patologias ambientais
construtivas, ou seja, projeto, gerenciamento, execução da obra, materiais,
uso e manutenção.
Projeto 41,60% Projeto 46,00% Projeto 60,00%Execução 24,40% Execução 22,00% Execução 26,40%Materiais 17,40% Materiais 15,00% Equipamentos 2,10%Utilização 10,00% Diversos 11,50%Diversos 6,60%
Lichtenstein (1985) Thomaz (1989) Abrantes (1995)
73
Após a adaptação da metodologia de referência, pretendia-se inicialmente
prosseguir no estudo através da aplicação da metodologia em um edifício
executado cuja conclusão das obras datassem de aproximadamente 3 anos,
tendo seu projeto sido elaborado com aplicação de conceitos de adequação
ambiental.
Foi então selecionado um edifício de escritórios de alto padrão com as
características necessárias, porém não nos foi possível conduzir a pesquisa
sobre tal edifício devido a receios dos proprietários e gerenciadores de que
da pesquisa resultassem possíveis impactos comerciais negativos. Em uma
nova seleção, o exercício, que consta do Anexo 2 deste trabalho, foi
aplicado ao edifício I1 da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (USP
Leste) da Universidade de São Paulo. Tal edifício, todavia, quando da
aplicação do estudo, estava em fase de inauguração, não sendo possível
avaliar patologias originadas pelo uso ou pela manutenção.
A condução do estudo de caso apresentou algumas dificuldades,
particularmente quanto à vinculação das patologias aos sistemas (ou
órgãos) construtivos.
Diferentemente da metodologia empregada para avaliação de patologias
construtivas (Pc), nem sempre as Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
são identificáveis apenas por meio da análise do edifício, mas também,
avaliando-se processos e projetos. As Pac identificadas no estudo, referem-
se em sua maioria a processos e não ao produto.
Apesar das dificuldades e embora o intuito deste estudo tenha sido avaliar a
possibilidade de adaptação da metodologia de referência, foi possível obter
resultados indicando que as origens das patologias ambientais construtivas
decorrem predominantemente do gerenciamento e do projeto, conforme a
Tabela 3.12.
Os resultados obtidos indicam que 38,4% das patologias ambientais
construtivas identificadas são originadas pelo gerenciamento e 28,7% delas
originadas pelo projeto. Embora o estudo apresentado não possua valor
estatístico, pode, apoiado pelas pesquisas de desempenho técnico-
74
construtivo, sugerir que a contribuição do projeto e o gerenciamento como
origem das patologias ambientais construtivas pode ser significativo.
Tabela 3.12 - Quantitativos das Patologias Ambientais Construtivas Conforme Origem
3.2 O PROJETISTA FRENTE AOS ASPECTOS AMBIENTAIS
3.2.1 Projeto e Meio Ambiente: Aspectos Éticos e Jurídicos
A emersão dos problemas sócio-ambientais desde a segunda metade do
século XX produziu, como já visto, inúmeras iniciativas internacionais e
nacionais em busca do chamado desenvolvimento sustentável. Estas
iniciativas, por sua vez, cumprem seu papel quando são refletidas nos
diversos segmentos produtivos e culturais da sociedade.
O segmento responsável pela produção do meio ambiente construído
encontra embasamento teórico em estudos filosóficos, éticos, políticos e
jurídicos, retroalimentando-os.
Almeida (2006) resume alguns conceitos filosóficos sobre ética ambiental,
que estuda a questão sob uma ótica não humanocêntrica, considerando com
significância moral não só os seres humanos e os seres conscientes não-
humanos (animais), mas também os não-conscientes (plantas e
ecossistemas), devendo-se preservar o valor inerente da natureza.
Tabela 6.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
Nº Orgão
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat % % Class
1 Terrapleno 2 1 12,5 4 50,0 3 37,5 8 100 3,7 52 Fundação 1 4 33,3 4 33,3 4 33,3 12 100 5,6 33 Estrutura 1 5 25,0 5 25,0 5 25,0 5 25,0 20 100 9,3 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 3 33,3 3 33,3 3 33,3 9 100 4,2 47 Vãos 3 4 50,0 4 50,0 8 100 3,7 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 3 50,0 3 50,0 6 100 2,8 6
10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 2 50,0 2 50,0 4 100 1,9 7Global Empreendimento global 11 40 26,8 30 20,1 59 39,6 20 13,4 149 100 69,0 1
Totais 21 62 28,7 39 18,1 83 38,4 32 14,8 216 100 100,0Classificação
Obra Gerenciam. Material Totais
2 3 1 4
Nº Total
Patolog
Projeto
Quantitativos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto, execução das obras, gerenciamento e materiais sobre os 10 órgãos do edifício
75
Os movimentos teóricos da arquitetura, refletindo este contexto, apresentam
o ressurgimento de interesse pelas questões éticas da arquitetura, sendo
uma das características do período pós-moderno (NESBITT, 2006). Dentre
os temas da arquitetura pós-moderna estão o da responsabilidade social,
contrapondo o compromisso cívico à uma prática autônoma e o paradigma
teórico da fenomenologia, contemplando a relação homem-arquitetura-
natureza, em que se apoia a sustentabilidade. A relação estabelecida
durante o Iluminismo da luta do homem contra a natureza ameaçadora
perde importância com a evolução tecnológica pós Revolução Industrial e
com uma decorrente crise ambiental global. Nesbitt (2006) afirma que o
código de ética da AIA - American Institute of Architects, reflete os papéis
sociais da arquitetura, incluindo o cuidados com os impactos social e
ambiental, respeito e conservação da herança cultural e ambiental e
empenho em melhoria do meio ambiente.
Nos diversos ensaios teóricos sobre arquitetura organizados por Nesbitt
(2006) sob os aspectos ético e político, Philip Bess, defende uma postura
arquitetônica de virtude moral aristotélica como condição necessária à
realização das potencialidades do indivíduo e da comunidade, em
contraposição à postura individualista nietzchiana. Diane Ghirardo aponta a
arquitetura como um serviço que deve estar comprometido com a esfera
sócio-política e Karsten Harris culpa a arquitetura pela degradação da vida
contemporânea, sendo a modernidade responsável pelas idéias infelizes de
que o ambiente físico é uma matéria que pode ser manipulada
indiscriminadamente e que a arquitetura faz parte de uma cultura tecnológica
que exige “máquinas de viver” em vez de “habitats”. Com um discurso
relacionando explicitamente a profissão de arquiteto a padrões éticos e
ecológicos e surgindo, segundo Nesbitt, como o mais importante intérprete
contemporâneo de uma abordagem sustentável do projeto, William
McDonough critica a arquitetura moderna, considerando antiético que os
arquitetos continuem a trabalhar como de costume, uma vez que através de
uma pesquisa mostrou que todo o sistema contemporâneo de construções é
composto por materiais tóxicos. O novo papel dos arquitetos é o de assumir
76
a liderança do desenvolvimento de novas definições e medidas de
prosperidade, produtividade e qualidade de vida.
Segundo McDonough, o conceito de projeto é a primeira manifestação da
intenção humana e cita como exemplo dois barcos. O primeiro um veleiro,
reciclável, movido por energia eólica e operado por artesãos ao ar livre. O
segundo, um barco a vapor, que derrama óleo na água, lança fumaça para o
ar e é operado por pessoas trabalhando em seus porões. Os dois barcos
são frutos de projetos e como tanto, manifestações das intenções do
homem. Quem projetou o barco assume uma posição de liderança, pois as
operações realizadas dentro do mesmo são uma conseqüencia do projeto,
que é fruto da intenção humana.
McDonough apresenta três características oferecidas pela configuração da
Natureza que definem os sistemas vivos. A primeira é que tudo já nos foi
dado tudo com que temos que de trabalhar, e todos os materiais que a
natureza nos dá retornam constantemente a ela, sem desperdícios e
permanentemente reciclado. A segunda característica é que a energia é o
fator que permite à natureza fazer uma permanente reciclagem de si mesma
e a terceira característica que sustenta esse sistema eficiente e complexo de
metabolismo e criação é a biodiversidade. McDonough questiona, enquanto
arquiteto, como aplicar ao trabalho essas três características dos sistemas
vivos.
Em sua atividade profissional, McDonough deparou-se com a necessidade
de descobrir materiais que não fossem prejudiciais à saúde e acabou
concluindo que estes materiais não estavam disponíveis no mercado e que
todo o sistema de construção de edifícios é essencialmente tóxico. Deparou-
se também com a necessidade de plantio de árvores não apenas para
reposição ao meio ambiente da madeira utilizada em suas obras, mas
também para compensação dos efeitos das mesmas na mudança climática.
Incluiu em seus projetos conceitos de prorrogação da vida útil e flexibilização
do uso de edifícios, redução da energia incorporada na construção de
edifícios, emprego de sistemas de condicionamento de ar que não utilizem
clorofluorcarbonetos (CFC) e sistemas de condicionamento natural. Esta
77
prática profissional foi aumentando a consciência das implicações éticas do
projeto não só no que diz respeito aos edifícios, mas a todos os aspectos da
atividade humana, refletindo mudanças na concepção histórica de quem e
do que possui direitos.
Os Princípios de Hannover
1. Insistir no direito da humanidade e da natureza de coexistir em condições sustentáveis,
diversas, saudáveis e de ajuda mútua.
2. Reconhecer a interdependência entre os projetos humanos e o mundo natural e sua
dependência deste, com as mais amplas e diversas implicações em todas as escalas. Estender
a reflexão sobre os projetos humanos ao reconhecimento dos seus efeitos mais distantes.
3. Respeitar as relações entre o espírito e a matéria. Levar em consideração todos os
aspectos dos assentamentos humanos, inclusive estruturas comunitárias, a moradia, a indústria
e o comércio do ponto de vista da relação atual e futura entre a consciência espiritual e a
consciência material.
4. Aceitar a responsabilidade pelas conseqüencias das decisões do projeto para o bem-estar
das pessoas, a viabilidade dos sistemas naturais e seu direito à coexistência.
5. Criar objetos seguros com valor no longo prazo. Não sobrecarregar as futuras gerações de
preocupações quanto à manutenção ou à vigilância sobre produtos, processos ou padrões
potencialmente perigosos criados por uma atitude desleixada.
6. Eliminar o conceito de desperdício. Avaliar e otimizar o ciclo completo dos produtos e dos
processos para imitar os sistemas naturais, nos quais não há desperdício.
7. Ater-se aos fluxos naturais de energia. Os projetos humanos devem tirar suas forças
criativas, como o mundo vivo, do influxo perpétuo da energia solar. Absorver essa energia de
maneira segura, eficiente e utilizá-la de modo responsável.
8. Compreender as limitações do projeto. Nenhuma criação humana dura para sempre e o
projeto não resolve todos os problemas. Os que criam e planejam devem agir com humildade
perante a natureza, devem tratá-la como modelo e guia, e não como obstáculo a ser controlado
ou do qual é preciso esquivar-se.
9. Buscar o aperfeiçoamento constante a partir do compartilhamento de conhecimento.
Encorajar a comunicação franca e aberta entre colegas, patrões, fabricantes e usuários para
unir requisitos de sustentabilidade no longo prazo com responsabilidade ética e restabelecer a
relação integral entre processos naturais e atividade humana.
Os Princípios de Hannover devem ser entendidos como um documento vivo comprometido com
a transformação e o desenvolvimento do entendimento de nossa interdependência com a
natureza, de forma que eles possam adaptar-se à medida que nosso conhecimento do mundo
evolui.
Tabela 3.13 - Os Princípios de Hannover - Willian McDonough Architects -1992 (NESBITT, 2006)
78
Os Princípios de Hannover, apresentados na Tabela 3.13, são uma tentativa
do grupo Willian McDonough Arquitetos de estabelecer diretrizes éticas
gerais para a elaboração de projetos sustentáveis, encomendados pela
cidade de Hannover, na Alemanha, para a Feira Mundial do Milênio, cujo
tema foi “Humanidade, Natureza e Tecnologia”, e apresentados pela
primeira vez na ECO92, no Rio de Janeiro.
Citando exemplos de projetos, McDonough narra ter recebido a incumbência
de projetar o escritório de um grupo de ambientalistas, cujo diretor afirmou
que se qualquer pessoa do escritório ficasse doente por causa da qualidade
do ar de seu interior, processaria o arquiteto. Este episódio expôs a
responsabilidade, não apenas ética, mas também legal do projetista nas
implicações ambientais decorrentes do projeto.
A atividade projetual está, hoje, submetida às responsabilidades do direito
ambiental, que parte de convenções e tratados internacionais, vindo por fim
refletir na legislação geral e ambiental. No Brasil, princípios de direito
ambiental estão presentes não apenas na Constituição Federal, mas
também em legislação específica.
Abelha Rodrigues (2006) apresenta os princípios do direito ambiental
embasado na Constituição Federal do Brasil e na ciência ambiental. Ele
aponta como sendo quatro os princípios básicos do direito ambiental de
maior relevância na Constituição:
1) Princípio da Ubigüidade
Trata-se, conforme os princípios do direito ambiental na Constituição
Federal de 1988, do caráter global do direito ambiental, não se podendo
pensar no meio ambiente de modo restrito visto que a poluição e a
degradação do meio ambiente não encontram fronteiras e não esbarram
em limites territoriais. Em matéria ambiental, ao mesmo tempo que se
deve pensar em sentido global, deve-se agir em âmbito local, para que
se consiga uma atuação sobre a causa da degradação ambiental e não
simplesmente sobre o seu efeito.
2) Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Tendo o conceito de desenvolvimento sustentável sido desenvolvido
79
embrionariamente na Conferência de Estocolmo da ONU, em 1972, e
posteriormente no Relatório Bruntland e Agenda 21, sua definição mais
aceita é a de ser “o desenvolvimento que satisfaça as necessidades do
presente sem comprometer as habilidades das gerações futuras para
satisfazer suas próprias necessidades.” (WCED, 1987). Desta forma,
segundo Brasil (2006), a satisfação das necessidades atuais não poderá
ser degradante às gerações futuras, mesmo que seja compatível com os
interesses e necessidades da geração contemporânea, não tendo esta o
direito de privar as gerações futuras de um bem indispensável à vida
humana e, principalmente, impor ao mundo um fim que poderia ser
prevenido.
3) Princípio do Poluidor Pagador
Segundo Abelha Rodrigues, este princípio trata da internalização, pelos
agentes econômicos, dos custos sociais da poluição ou externalidades,
ou seja, na composição dos custos devem estar previstos todos os
aspectos do produto que devem ser internalizados em seu preço.
Quando não ocorre a internalização deste custos sociais da produção e
consumo, os mesmos são recebidos pela coletividade, enquanto que o
lucro é recebido somente pelo produtor. É a socialização de um prejuízo
ambiental (como por exemplo os custos públicos da despoluição de um
rio), para a privatização de um lucro (neste mesmo exemplo, pelo
lançamento de dejetos industriais nos cursos d’água sem o devido
tratamento pelo poluidor).
Não se deve confundir este principio como licença para poluir, pois o
ônus para o poluidor tem caráter punitivo, para que crie a consciência de
que o meio ambiente deve ser preservado, inclusive no processo de
produção e desenvolvimento (NUNES, 2006).
Abelha Rodrigues indica, do ponto de vista jurídico, três regras básicas
do princípio do poluidor pagador, que são a precaução, a prevenção e a
responsabilização. Indica ainda dois subprincípios, que são o princípio do
usuário pagador, em que um bem de uso comum do povo, como por
exemplo a água, é submetido a um uso incomum, neste caso para
80
obtenção de lucros, devendo o usuário obter licença e pagar pelo uso; e
a função sócio-ambiental da propriedade privada, ou seja, a função
ambiental que a propriedade deve ter para a sociedade, em preservar a
flora, fauna, belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das águas.
4) Princípio da participação
A Constituição Federal declarou ser dever de toda a coletividade e do
Poder Público atuar na defesa e proteção do meio ambiente. O princípio
da participação implica em um dever da coletividade quanto ao direito ao
meio ambiente e o fato de sua administração ficar sob custódia do Poder
Público não exclui o dever desta coletividade atuar na conservação e
preservação do direito do qual é titular. São subprincípios deste os
princípios da informação e da educação.
Os princípios do direito ambiental são aplicáveis às atividades do projetista,
devendo este estar consciente de suas responsabilidades não apenas éticas
quanto legais. O projetista, se estiver devidamente ciente desta
responsabilidade, buscará os meios possíveis no atual estágio de
conhecimento para aplicação em sua prática profissional, mantendo-se
atento para a evolução deste conhecimento.
3.2.2 Postura do Projetista frente à Questão do Desempenho Ambiental
É crucial a responsabilidade do projetista quanto ao desempenho ambiental
das construções, exigindo-lhe comprometimento com este aspecto tanto
pelo lado técnico, ético e até mesmo legal. Mas, como tem reagido o
segmento de projetos dentro da cadeia produtiva da construção?
A questão ambiental não tem passado despercebida pelos projetistas, sendo
que alguns deles, que estão comprometidos de alguma maneira com esta
questão, tem incorporado aspectos de adequação ambiental em seus
projetos. No exterior, alguns arquitetos se destacam pela aplicação destes
81
aspectos em seus projetos, como o arquiteto Ken Yeang, na Malásia, que
segundo Gonçalves(2003) é um dos nomes mais ativos na arquitetura de
edifícios altos naquele país, adotando a concepção chamada por ele de
edifício alto bioclimático.
No Brasil também há arquitetos preocupados com os aspectos ambientais
de seus projetos. Como exemplo de projeto recente, o projeto de Siegbert
Zanettini e José Wagner Garcia para o Centro de pesquisas Petrobrás -
CENPES, localizado na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, , desenvolvido
juntamente com trinta empresas e um grupo formado por 248 profissionais,
entre arquitetos, consultores, engenheiros e pesquisadores, que trabalharam
para equalizar todos os itens de ecoeficiência, estudando a forma
arquitetônica, os materiais a serem utilizados, o tratamento das superfícies
envidraçadas e das proteções solares externas, a orientação solar
adequada, o aproveitamento da luz e da ventilação naturais, sistemas para
uso racional da água, materiais de baixo impacto ambiental e o emprego de
tecnologias limpas (GELINSKI, 2006). Como outro exemplo de projeto
incorporando aspectos ambientais em sua concepção, apresentado por
Figuerola (2006), porém em um contexto completamente diverso, é a Vila
dos Estudantes do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC),
em Pirenópolis, GO, em que o arquiteto Tiago Ruprecht empregou um
conjunto de sistemas construtivos que utilizam recursos naturais da região,
como o chamado superadobe, que utiliza sacos de polipropileno para
moldagem de paredes e cúpulas.
Em ambos os exemplos citados os projetistas empregam soluções que
incorporam aspectos de adequação ambiental e certamente tem méritos
pela responsabilidade ambiental adotada no desenvolvimento de seus
projetos, mas será que ambos os projetos apresentam de fato bom
desempenho ambiental?
Para obter informações, entre outras coisas, quanto ao desempenho
ambiental em um projeto que já houvesse sido desenvolvido com
preocupações quanto à adequação ambiental, procedeu-se a aplicação do
estudo já citado anteriormente de adaptação de metodologia de referência
82
para avaliação de desempenho pela identificação de patologias construtivas,
para fins avaliação de desempenho ambiental.
O estudo, que foi aplicado ao edifício da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades da Universidade de São Paulo no campus leste na Capital
Paulista (USP Leste), é apresentado no Anexo 2. Pretendia-se, inicialmente,
aplicar o estudo a outro edifício que também preenchia alguns requisitos,
como o tempo de utilização e o emprego de conceitos de desempenho
ambiental em projeto, porém, apesar atender estes requisitos, não foi
autorizada a pesquisa pelos responsáveis por recearem que o resultado da
mesma pudesse prejudicar a comercialização do edifício.
A questão ambiental já faz parte das preocupações de alguns projetistas,
refletindo em seus projetos, como o edifício acima citado no qual não foi
autorizada sua avaliação, no entanto este assunto ainda é considerado um
“tabu”, possivelmente motivo de insegurança por parte dos projetistas, que
talvez receiem expor seu modo de trabalho e serem prejudicados
comercialmente e até juridicamente, por não disporem de meios objetivos
que os permitam assegurar resultados neste requisito.
Seja como for, seria de especial valia que os profissionais de projeto
dispusessem de metodologias, instrumentos de suporte à decisão e
informações adequadas para aplicação dos conceitos de adequação
ambiental em seus projetos de forma objetiva e consequentemente com
menores incertezas.
3.2.3 Consideração de aspectos ambientais em projetos
As chamadas agendas ambientais internacionais geralmente representam
um compromisso entre países signatários e representam a intenção inicial
dos mesmos. Estas agendas, de caráter genérico, são incorporadas nas
agendas nacionais e legislação, além das agendas setoriais. A Agenda 21 é
o exemplo mais difundido de agenda ambiental internacional, a qual originou
uma agenda setorial específica ao segmento da construção civil, a Agenda
83
21 para a Construção Sustentável (A21CS), que é uma sistematização dos
estudos do CIB – International Council for Research and Innovation in
Building and Construction.
A A21CS transpõe as diretrizes apontadas na Agenda 21 Global para o
macro setor da construção civil (Figura 3.14), em seus diversos segmentos,
inclusive no projeto. Aos projetistas, recomenda adotar um enfoque de
projeto mais integrado, levando em conta os fundamentos do projeto de
construção sustentável, além de ter o know how necessário para interpretar
a linguagem ambientalista.
Figura 3.14 - Novo enfoque do Macro Setor da Construção Civil dentro do
contexto global (VANEGAS et al, 1996 apud A21CS, 2000)
Segundo a A21CS, os projetistas deveriam considerar qualidades
ambientais dos materiais de construção como ponto de partida de seu
projeto, projetar partindo da ótica de objetivos ambientalistas para o produto
final, atuar com equipes multidisciplinares, e usar métodos e ferramentas
que lhes possibilitaria controlar não apenas o custo, mas muitas outras
variáveis tais como média de vida e prazos para manutenção, fatores
poluentes e de saúde, aquecimento e humidade, tecnologia. Além disso,
deveriam preocupar-se com o projeto funcional (vida útil e flexibilidade
prolongada durante o uso), durabilidade dos componentes, reaproveitamento
e na possibilidade de deconstrução dos componentes.
tempo
qualidade ambiental
recursos
recursos tempo
tempo
custo
restriçõeseconômicas
emissões
emissões
custo
custo
qualidade
aspectossociais eculturais
biodiversidade
biodiversidade
qualidade
qualidade
Processo ConstrutivoTradicional
ContextoGlobal
NovoParadigma
84
Estes conceitos estão presentes no que Manzini;Vezzoli(2005) chama de
Life Cicle Design ou projeto do ciclo de vida inteiro de um produto, em que
se deve projetar não apenas o produto, mas o sistema-produto, entendido
como o conjunto dos acontecimentos que determinam o produto e o
acompanham durante o seu ciclo de vida.
Figura 3.15 - O ciclo de vida do sistema-produto (MANZINI; VEZZOLI, 2005)
O objetivo ambiental básico do projeto do ciclo de vida é reduzir ao mínimo
possível seja o input de materiais e de energia, seja o impacto de todas as
emissões e dos descartes finais, isto é, o output do sistema-produto inteiro.
As estratégias para este resultado passam pela minimização de uso de
recursos, escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental,
extensão da vida dos produtos e dos materiais e facilidade de
desmontagem. Obviamente um bom projeto deve considerar não apenas os
requisitos ambientais, mas também os requisitos típicos de prestação de
serviço, tecnológicos, econômicos, legais, culturais e estéticos.
No sentido de atingir os objetivos acima, um dos conceitos citados por
Manzini;Vezzoli é o da desmaterialização dos produtos, que significa atingir
um determinado resultado em termos funcionais usando o mínimo de
85
recursos ambientais. O valor de referência é o serviço prestado e não o
produto.
Este conceito se relaciona ao de Construção Baseada em Desempenho
(Performance Based Building), ou seja, pensar e trabalhar mais em termos
de fins do que em termos de meios, tratando a questão em termos dos
requisitos a serem atendidos.
Este conceito se aplica ao Projeto Baseado em Desempenho (PBD),
segundo Spekkink (2005) com as definições a seguir:
- “O Projeto Baseado em Desempenho é um projeto da edificação que é
baseado em uma conjunto de requisitos de desempenho dedicados
relacionados ao uso pretendido do edifício, e que pode ser avaliado com
base em especificações de desempenho”; e ainda: “O processo de
Projeto Baseado em Desempenho é aquele em que requisitos de
desempenho são traduzidos e integrados no projeto do edifício”.
Em se tratando de requisitos de desempenho ambiental construtivo, é
proposta na Tabela 3.9(Requisito do Usuário - Adequação Ambiental) uma
listagem dos mesmos, que devem então ser considerados. A avaliação de
desempenho para estes itens deve ser feita a partir de valores de referência
dos impactos produzidos em condições normais médias. Portanto, tratar os
requisitos de adequação ambiental como os demais requisitos de
desempenho, implica que seu desempenho seja avaliado de forma objetiva,
quantificando o atendimento requisitado, ou seja, quantificar resultados.
Especificamente quanto ao requisito de adequação ambiental, os resultados
a quantificar são os impactos ambientais, sendo já listados os mais
significativos no item 2.4 deste texto. A avaliação do atendimento aos
requisitos ambientais construtivos é feita pela quantificação de seus
impactos, ou seja, inventariando os impactos ambientais, sendo então
avaliados em relação a valores de referência.
Adotar estes requisitos ambientais construtivos, em outras palavras,
significa adicionar a dimensão da adequação ambiental ao Projeto Baseado
em Desempenho. Mais do que isso, deve considerar ainda neste
86
desempenho o comportamento aos fins a que se destina o produto, ao longo
de todo o ciclo de vida.
Neste sentido, segundo Trinius (2005), edifícios e bens construídos devem
ser objeto de planejamento de atividades que refletem seu desempenho
durante sua vida de operação, ou seja, requer Planejamento da Vida Útil
(PVU). O PVU compreende um modelo de determinação da expectativa de
uma razoável vida útil do edifício e suas partes, e estabelece uma rotina de
avaliação de alternativas de projeto. Uma opção de projeto é considerada
razoável quanto alcança ou excede requisitos de desempenho durante o
tempo de vida previsto em projeto. Uma questão chave a debater aqui é a
duração da fase de uso do edifício e a vida útil de seus componentes.
No entanto, tratar do desempenho ambiental construtivo tem um enfoque
ainda mais extenso, pois sua avaliação não se encerra com o fim da vida útil
do edifício ou seus componentes, mas prossegue após o encerramento da
mesma. Pode-se dizer, então, que neste caso trata-se de Planejamento do
Ciclo de Vida (PCV), em sintonia com o enfoque de Design do Ciclo de Vida
adotado por Manzini;Vezzoli. As considerações de Trinius quanto a PVU são
enriquecedoras ao enfoque do desempenho ambiental construtivo, mas
devem ser traduzidas neste caso como PCV.
Spekkink aponta a necessidade do inter-relacionamento entre os diversos
especialistas atuantes no processo de projeto, numa abordagem de
planejamento integrado, onde não interessam tanto o desempenho individual
das especialidades, mas o desempenho do resultado final do conjunto
(Figura 3.16)
87
Figura 3.16 – Projeto Baseado em Desempenho promove o projeto integral (SPEKKINK, 2005)
Já para Trinius, devem ser considerados requisitos de desempenho e
propriedades de desempenho em diversos níveis de sistema (alto nível,
correspondendo ao edifício, e baixo nível, aos componentes e materiais). A
aplicação do conceito de planejamento integrado em PVU (Figura 3.17)
requer rotinas para o estabelecimento de requisitos de desempenho,
incluindo o possível desenvolvimento de requisitos ao longo do tempo.
Devem ser inter-relacionados requisitos de alto e de baixo nível.
Adicionalmente, o conceito esbarra na disponibilidade de informação de
referência de vida útil de produtos construtivos. A fim de que os produtores
possam fornecer tais informações em termos de declaração de vida útil de
seus produtos, há que se considerar algumas questões.
Figura 3.17 - Conceito de planejamento integrado em PVU (planejamento da vida útil) – ISO15686-6. Projeto pode
ser iniciado em qualquer ponto do ciclo de vida (TRINIUS, 2005).
88
A discussão entre aspectos de desempenho e aspectos de sustentabilidade
reflete a característica relativamente vaga do termo “construção sustentável”.
Este termo não se relaciona ao estabelecimento de benchmarks para
construção sustentável, mas em considerar aspectos de sustentabilidade
durante o projeto e operação dos edifícios.
Na consideração de aspectos de sustentabilidade precisa se relacionar a
vida útil e requisitos de desempenho, assim como a própria funcionalidade e
duração de serviço são pedras fundamentais no desempenho de um edifício.
Ao comparar diferentes opções de projeto, aspectos de desempenho são
fatores fundamentais. Isto também significa que a quantificação de custos e
de impactos ambientais sem uma referencia comum é pouco significativa.
Desempenho ambiental não pode ser descrito sem um bem definido ponto
de referencia em desempenho (técnico e/ou econômico) do edifício.
As considerações de Trinius quanto ao conceito de sustentabilidade estão
corretas, porém este conceito é mais abrangente do que simplesmente tratar
de desempenho ambiental. Para o conceito de sustentabilidade, o aspecto
ambiental é apenas uma de suas três bases, sendo as demais os aspectos
econômico e o social. A avaliação da sustentabilidade se configura através
de um processo híbrido, utilizando subsídios mensuráveis juntamente com
os subjetivos. Mas a avaliação do desempenho ambiental construtivo é tratar
apenas de um segmento de um problema maior, a sustentabilidade,
devendo oferecer respostas objetivas para subsidiar a avaliação deste
segundo aspecto que não é, no entanto, o foco deste trabalho.
Pode-se dizer, prosseguindo segundo Trinius, que construção baseada em
desempenho e construção sustentável são complementares. Uma afirmação
igualmente forte é que construção sustentável precisará que o setor da
industria da construção siga uma estratégia baseada em desempenho.
89
3.2.4 Inserção dos aspectos ambientais no modo de trabalho do projetista
O desenvolvimento de projetos no contexto atual, ou seja, mercado
altamente competitivo, prazos limitadíssimos, preocupação com custos finais
imediatos e não com custo benefício ou ao menos custos a longo prazo
(fazer para vender), maximização de lucros (ou minimização de prejuízos),
entre outros fatores característicos do modo de vida contemporâneo,
determinam ou formatam um modo de trabalho que deve ser seguido para
que o projetista consiga se manter no mercado.
O chamado desenvolvimento sustentável tem como base três pontos, sendo
o ambiental, o econômico e o social. No contexto brasileiro, com impostos
altos, pessoal com qualificação insuficiente, economia instável e dependente
de capital externo, entre outros aspectos, fazem com que o mercado de
projetos seja altamente pressionado por seus clientes (nacionais,
internacionais ou multinacionais) com relação a custos, o que tem como
conseqüencia a desvalorização dos profissionais especializados (baixa
remuneração, trabalho informal, ausência de benefícios, falta de
estabilidade, descumprimento de direitos trabalhistas), redução de prazos
para desenvolvimento de projetos e redução de lucros, apenas
exemplificando, conseqüencias estas que acabam refletindo na qualidade
final do produto derivado do projeto e recursos limitados para reinvestimento
no processo de desenvolvimento, como por exemplo na capacitação de
pessoal, aquisição de aplicativos, modificação de processos de trabalho e
certificações.
Além destas limitações, que não dizem respeito diretamente às questões
ambientais, temos as limitações específicas para incorporação de conceitos
de projeto baseado em desempenho e adequação ambiental, que são a
ausência ou escassez de informações ambientais objetivas para o
segmento, ausência ou escassez de metodologias ou falta de objetividade
nas existentes, implicações comerciais, entre outros.
A incorporação dos aspectos ambientais ao segmento de projetos no Brasil
deve considerar este contexto, e portanto deve atender a algumas
90
condições:
- Não onerar o desenvolvimento de projetos;
- Traduzir os aspectos ambientais à linguagem do segmento;
- Facilidade no aprendizado deste novo aspecto a considerar no projeto;
- Adequação ao modo de trabalho atual do projetista;
- Integração/adaptação às atuais ferramentas de trabalho do projetista;
- Minimizar o aumento de prazo para o desenvolvimento de projetos;
- Fornecimento de informações ambientais seguras, objetivas e
padronizadas;
No entanto, pode-se considerar que mesmo que sejam preenchidas estas
condições para facilitar a adaptação do processo de trabalho em projetos, há
que se considerar a possibilidade de haver uma certa inércia e resistência
dos profissionais a mudanças. Estas podem ser vencidas, por exemplo,
através de exigências de mercado, desenvolvimento e aplicação de normas,
formulação de leis específicas e exigências em contratações do setor
público.
Esta situação é exposta por Spekkink (2005), para o qual profissionais de
projeto geralmente não estão muito atentos ao projeto baseado em
desempenho. A este respeito uma distinção pode ser feita entre duas
diferentes abordagens:
1. Projetistas atendem estes aspectos quando há programas de
necessidades dos clientes que sejam baseados em desempenho e a
legislação construtiva.
2. Projetistas definem seu trabalho com um design funcional mais uma
série de critérios de desempenho, preferível à forma de projetar
tradicional, em termos de desenhos técnicos e especificações. A idéia
geral é que o contratante estabeleça a demanda por aspectos de
desempenho, o que em geral funciona melhor com projetos para o setor
público que ao privado.
No entanto, antes da incorporação dos aspectos ambientais serem
considerados obrigatórios ao desenvolvimento de projetos, é necessário que
se disponham de metodologias que atendam as condições de aceitação
91
acima listadas, além de diversas outras de caráter técnico.
Tratar da incorporação de um novo conjunto de variáveis extremamente
complexo ao processo projetual, e em linguagem completamente distinta ao
segmento não é tarefa fácil. Há, portanto, uma série de exigências a serem
cumpridas para que tais metodologias sejam apropriadas para enfrentar a
tarefa.
Do ponto de vista instrumental, o segmento já dispõe de algumas
metodologias cujo uso já está sedimentado na prática profissional, algumas
em fase insipiente de desenvolvimento, e há outras ainda por desenvolver.
Os Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) e Estudos de
Impacto de Vizinhança (EIV) já estão sedimentados na prática profissional,
porém não se destinam à avaliação de desempenho e geralmente tratam o
problema quanto aos impactos de abrangência regional.
O instrumental necessário deveria tratar os aspectos de adequação
ambiental de maneira objetiva (mensurável), preferencialmente baseada em
resultados de acordo com os conceitos de Construção Baseada em
Desempenho, que permita compatibilização com Sistemas de Gestão
Ambiental e que a avaliação seja feita considerando o ciclo de vida do
produto-processo.
92
4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
AMBIENTAL
Iniciativas ao redor do mundo originaram diversas ferramentas para
avaliação de desempenho ambiental, que variam em suas áreas de
aplicação, relevância geográfica e qualidade de dados.
Um estudo coordenado pelo Royal Melbourne Institute of Technology
(ENVIRONMENT AUSTRALIA, 2001), analisou as ferramentas de avaliação
de desempenho ambiental no setor de edifícios e construções, e
desenvolveu estratégias para o uso destas ferramentas, visando melhorar o
setor no aspecto ambiental. O projeto teve 3 estágios, iniciando-se por uma
investigação internacional das ferramentas, dados existentes e sua
disponibilidade; teste das mesmas e montagem de uma matriz; e por fim, a
elaboração de uma estratégia para promoção dos resultados.
Este estudo classificou as ferramentas de avaliação de desempenho
ambiental em seis categorias:
1. Ferramentas ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) detalhadas. Podem ser
focadas em: (a)materiais e (b) sub-sistemas e processos.
2. Ferramentas de projeto, que usam ACV como base, simplificados para
atuar como indicador de pontos ou uma agregação de impactos nos
componentes construtivos ou processos.
3. Ferramentas CAD16/ACV – ferramentas que lêem informações de
arquivos CAD e calculam a agregação de impactos ambientais do
projeto.
4. Guias e checklists de produtos “verdes” – guias qualitativos para
produtos.
5. Esquemas de avaliação de edifícios – Estas ferramentas avaliam se o
16 CAD - Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por Computador
93
edifício tem bom desempenho. Aplicam-se para avaliação pós-
ocupação e também em avaliação de projetos.
6. Ferramentas de energia incorporada – Usam análise de entrada/saída
para determinar energia incorporada e parâmetros ambientais dos
materiais. Podem ser usadas para seleção dos materiais, priorizando
aspectos mais importantes do edifício.
Com base na classificação acima, apresenta-se a seguir uma breve
descrição das categorias, uma análise da aplicabilidade de cada uma no
desenvolvimento de projetos e um quadro resumo de cada categoria,
contendo listagem das principais ferramentas com informações sobre as
fases do ciclo de vida avaliadas (produção, uso e descarte), as categorias de
impactos ambientais (emissão de gases de efeito estufa - GEE ou do inglês:
greenhouse, eficiência energética, poluição do ar, depleção da camada de
ozônio, toxicidade, poluição da água, consumo de água, produção de
resíduos sólidos, qualidade do ar interno), características do banco de dados
da ferramenta, análise de custos e comentários.
94
4.1 FERRAMENTAS ACV DETALHADAS
4.1.1 Focadas em materiais construtivos
De modo genérico, as ferramentas desta categoria comparam e analisam
ciclos de vida completos de produtos e processos, do berço ao túmulo. São
compostas por aplicativos e por bancos de dados, podendo estes ser
direcionados a atividades específicas.
A organização dos aplicativos normalmente é baseada em módulos,
primeiramente um organograma ou um fluxograma, com blocos indicando
processos, os quais devem ser alimentados com informações de entradas
(matérias primas, recursos, energia, etc.) e saídas (produtos finais,
emissões, resíduos, etc.) inter-relacionadas com os demais através de
fluxos, além de impactos dos meios de transporte. Além deste, normalmente
existem módulos de relatórios e/ou inventário, com informações detalhadas
dos resultados obtidos através dos cálculos efetuados (Figura 4.18).
Figura 4.18 - Tela do aplicativo KCL-ECO 3.01, 1999.
São analisados cada componente de um processo ou produto, com seus
respectivos sub-componentes e os impactos de cada um deles. Alguns
95
aplicativos possuem diversos métodos de avaliação de impactos.
Os resultados são apresentados por módulos gráficos que podem expressar
os seguintes processos: caracterização, normalização, ponderação,
atribuição de peso e pontuação única. É uma característica desejável, mas
nem sempre presente, a habilidade de efetuar comparações de impacto
entre processos alternativos. Podem estar presentes recursos de avaliação
de incertezas.
Tabela 4.14 - Ferramentas ACV detalhadas (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
Esta categoria de ferramentas, embora trate as informações de forma
objetiva e considere o ciclo de vida do processo-produto, é pouco viável de
ser aplicada ao desenvolvimento de projetos, por se mostrar de difícil
utilização e por exigir conhecimento prévio de características da produção ou
obra, que ainda estão em definição na fase de projetos. No entanto seria de
extrema valia se empregado pela indústria de materiais construtivos no
�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Ferramentas de ACV Detalhadas
Mat
eria
is
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
Boustead (Ing) S S S S S S S S S S N S S
Ferramenta para para construção do Inventário de Ciclo de Vida de processos. Possui extenso banco de dados de ICV, aberto e editável.
GaBi (Alem) S S S S S S S S S S N SFerramanta ACV Alemã baseada em processos de engenharia.
KCL-ECO (Fin) S S S S S S S S S S N S S
Desenvolvida inicialmente para a indústria de papel. Efetua ACV baseado no fluxo de massa das entradas e saídas de um produto.
LCAiT (SE) S S S S S S S S S S N SDesenvolvido a partir de 92, como ferramenta para auxiliar o projeto de produtos.
PEMS (Ing) S S S S S S S S S S N S
Ferramanta independente capaz de fornecer tanto ICV quanto ACV. Pode ser usado para estudos ACV completos ou segmentados, podendo ser utilizado por profissionais iniciantes ou experientes.
SimaPRO (PB) S S S S S S S S S S S N S S Possíve
Modelagem direcionada mais ao produto que ao edifício e utulizada em setores como a industria de concreto na Europa.
TEAM (Fra) S S S S S S S S S S N S S
Ferramenta para análise do ciclo de vida ambiental e de custos para produtos e tecnologias. Possui BD com mais de 600 módulos com cobertura mundial.
Legenda: S=Sim N=Não
Cus
tos
de C
iclo
de
Vid
a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados
96
intuito de fornecer aos usuários e profissionais dados ambientais de
produtos, podendo auxiliar na formação de um banco de dados de ACV dos
materiais de construção no Brasil, sem o qual nenhuma ferramenta baseada
em ACV possa ser utilizada.
4.1.2 Focadas em subsistemas construtivos
Esta categoria de ferramentas normalmente é estruturada em subsistemas
construtivos, como por exemplo fundações, superestrutura ou vedações,
para entrada de dados e escolha de materiais, ou seja, em linguagem
própria do segmento, baseadas em banco de dados, simplificando a
montagem dos processos. As avaliações são baseadas em ACV para as
alternativas de projetos e escolha de materiais. Os bancos de dados contém
diversas alternativas de escolha para cada elemento a ser determinado,
incluindo uma pré-seleção de materiais. Permite comparar graficamente os
diversos impactos entre alternativas de projeto distintas.
Figura 4.19 - Telas do aplicativo Athena EIA 3.0
97
O objetivo destas ferramentas é facilitar o uso e aplicação por arquitetos,
designers e demais profissionais envolvidos no desenvolvimento de projetos
e especificações (ENVIRONMENT AUSTRALIA, 2001).
As análises efetuadas por esta categoria de ferramentas podem ser menos
precisas que as ferramentas ACV focadas em materiais, porém podem ser
mais facilmente empregadas e com isso obter maior aceitação do usuário.
Pode ser utilizada durante a fase de conceituação do projeto, porém, por sua
forma de utilização, é melhor aplicável após a elaboração do projeto. A
forma de organização através de sub-sistemas é uma característica
interessante, pois facilita a compreensão e manuseio pelo projetista.
4.2 FERRAMENTAS ACV PARA PROJETOS
As ferramentas de ACV para projetos trabalham através da inserção, pelo
usuário, de dados quantitativos de todos os elementos do projeto/obra, e
através de um banco de dados ambientais de materiais, calculam-se os
impactos cumulativos de todo o projeto, permitindo-se avaliar quais
elementos contribuem mais para o impacto do conjunto. O projetista,
baseado nestas informações, pode simular o uso de outras alternativas e
adotar a que apresente melhor resultado. A estrutura é similar a aplicativos
destinados a orçamentos, mais familiares aos profissionais, porém ao invés
de custos, quantificam-se impactos ambientais.
Figura 4.20 - Tela do aplicativo EcoQuantum Domestic (IVAM).
98
Os módulos gráficos podem apresentar comparações dos impactos dos
diversos sub-sistemas do projeto, permitindo avaliar quais são mais
significativos no contexto, e individualmente comparar e selecionar
alternativas de materiais onde a substituição represente uma efetiva redução
de impactos cumulativos no projeto.
Figura 4.21 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM).
Figura 4.22 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM).
A forma de interação com o usuário e apresentação de resultados permite
99
utilização do aplicativo na fase do projeto, ou seja, durante a elaboração do
mesmo, sem a necessidade de avaliá-lo posteriormente pela análise dos
materiais ou componentes individualmente, cujos resultados teriam de ser
reinseridos no processo por meio de revisões de projeto.
Tabela 4.15 - Ferramentas de projeto basadas em ACV (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Ferramentas de Projeto baseadas em ACVM
ater
iais
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
BRI-LCA (Jap) S S S S S N N N N N N N S ? NBaseado em energia e CO2, permite comparação de opções
Athena (Can) S S S S S S N S S N S N S NAthena SM Inst. incorporou a Forintek C corp. levando adiante trabalho iniciado em 91.
BEE (Fin) S N S S N S S S S ? S N S ? N
Usado para acumulação de energia incorporada e emissões na produção de materiais de construção, consumo de energia e emissões e volume de entulho para edifícios
BES S N S S S S N S S N S N S ? N
Classifica praticas de 1 a 5, em 16 questões em 3 categorias: depleção de recursos, poluição e energia incorporada.
Eco Methods (Fra) S S N S S S N S N ? S S S N
Série de arquivos excel para análise de cada passo do processo de edificação, baseado na necessidade de solução dos impactos dos materiais. Tem 3 sub-ferramentas: Ecopt (pré-projeto), Ecopro (projeto) e Ecoreal (especificação e construção)
ECOit (NL) E E E E E E E E E N E N S limit N NFerramenta simples e rápida em classificação, com "eco-points" por quilo de material e processos.
Eco Quantum (NL) S S S S S S S S S ? S N S N
Programa abrangente e objetivo em todos os níveis do projeto. Planejado para analisar um edifício em 1 hora.
Eco Scan (NL) E E E E E E E E E N E N S S N
É uma ferramenta de modelagem rápida e simples, baseada em eco-indicadores e traça perfis ambientais baseado em eco-pontos por kg de materiais e processamento.
Envest (UK) S S S E E E E E E N E N S N
Foi desenvolvido para simplificar o processo de projetar edifícios ambientalmente amigáveis. São inseridos dados de projeto (altura, numero de pavimentos, área de janelas, etc) e escolhas de elementos.
LCAit S S S E E E E E E N E N S N N
Software baseado em gráficos simples que permite ao usuário ajustar graficamente o ciclo de vida de um produto e o balanceamento de entradas/saídas de materiais. O programa permite ao usuário criar fluxos de processos e transportes em blocos. É fácil arra
LISA (Aus) S S S S S S N N N S N N S N N
LISA (LCA in Sustainable Architecture) é uma ferramenta ACV simplificada de suporte a decisão para construção. Foi desenvolvida em resposta às solicitações de arquitetos e profissionais da indústria por uma ferramenta ACV simples de assistencia ao design
Optimize (Can) S S S S S S S S S ? S S S ? S
Estima custos diretos e indiretos, peso, energia incorporada e emissões para edifícios constridos e para seu ciclo de vida.
SIA D0123 (Ch) S N N S S S S S S S S N S ? N
Catálogo de avaliação referente a elementos e materiais de construção.
Legenda: S=sim , N=não , E= Ecopoints
Cus
tos
de C
iclo
de
Vid
a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados
100
4.3 FERRAMENTAS CAD – ACV
Esta categoria de ferramentas relaciona ACV com aplicativos CAD
(Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por Computador), fornecendo
informações sobre impacto ambiental e energia incorporada.
Através de interfaces gráficas e modelagem tridimensional do projeto, a
ferramenta fornece suporte às decisões de projeto, inclusive na fase
conceitual e intuitiva, através de respostas sobre comportamento dos
componentes e materiais especificados e de soluções de projeto, permitindo
análises interativas das soluções propostas e seus respectivos impactos.
O modo de trabalho com o aplicativo inicia-se com a elaboração de um
modelo CAD tridimensional do projeto, atribuindo-se aos componentes
especificações de materiais baseado em banco de dados com informações
sobre ciclo de vida. O aplicativo, automaticamente efetua o levantamento
quantitativo de materiais e serviços, recurso normalmente utilizado para
orçamentos, e deste ponto em diante opera de maneira similar às
ferramentas de projeto baseadas em ACV, calculando o impacto cumulativo
de todo o projeto, permitindo-se avaliar quais componentes contribuem mais
para o impacto do conjunto. Aqui também, o projetista, pode simular o uso
de outras alternativas, porém a interface gráfica permite selecionar
visualmente cada componente do modelo tridimensional e atribuir ao mesmo
novas especificações, comparando e adotando a que apresente melhor
resultado.
Figura 4.23 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid
101
A extração de uma lista de quantidades de materiais do modelo 3D permite a
inserção destes dados em um módulo de análise ACV, que pode fornecer
resultados de desempenho ambiental apresentada em termos de estágios
do ciclo de vida ou avaliações comparativas das decisões, determinando-se
uma das soluções de projeto como base de comparação. Para as avaliações
são considerados diversos eco-indicadores, como emissões de gás, energia
incorporada, depleção de ozônio, acidificação, nutrificação, fumaça,
carcinogênicos, metais pesados, lixo sólido, consumo de água e consumo de
combustíveis, assim como nas demais ferramentas ACV.
Figura 4.24 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid.
102
Tabela 4.16 - Ferramentas CAD - ACV (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
F e rr a m e n ta s C A D A C V
Mat
eria
is
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
B EES ( U S A ) S S S S S S S S S ? S N S S
O p r o p ó sit o do B E E S é de se n v o lv e r e i im p le m e n t a r um a m e t o do lo g ia s is t e m á t ic a
p a r a se le ç ã o de p r o du t o s p a r a c o n st r uç ã o c o m p e r f o r m a n c e s e c o n ô m ic a e a m bie n t a l
ba la n c e a da s . É ba se a da e m p a dr õ e s c o n se n sua is e p r o je t a do p a r a se r p r á t ic o ,
f le x ív e l e t r a n sp a r e n t
B u i l d i n g D e s i g n A d vi s o r ( U S A ) S S S S S S S S S ? S S S N
D e se n v o lv ido p e la E r n e s t O r la n do L a w r e n c e B e r k e le y N a t io n a l L a bo r a t o y .
C S IR O B e m . En e r g y 3 D C A D ( A u s ) E I N N N S N N N N N N N ? ? N
F e r r a m e n t a que c a lc u la a e n e r g ia in c o r p o r a da p a r a c o m p o n e n t e de e d if íc io s ba se a do e m um
de se n h o C A D c o m e sp e c if ic a ç õ e s de m a t e r ia is .
Ec o p r o ( A l e m ) S N N S S S S S S ? S N S ? N
F e r r a m e n t a de c á lc u lo p a r a o t im iz a r o v o lum e de m a t e r ia is , o s f lux o s de e n e r g ia e o s
c us t o s dur a n t e um p r o c e sso de p la n e ja m e n t o a n t e c ip a do . O e d if íc io é de sc r it o p o r
e le m e n t o s , e e s t e s sã o de sc r i t o s p o r m a t e r ia is .
Ec o t e c t ( A u s ) S S S S S N N N N ? N S S N
É um so f t w a r e c o m bin a n do um a p r o je t o c o m
in t e r f c e 3 D c o m um a gr a n de qua n t ida de de f un ç õ e s de a n á lise de p e r f o r m a n c e . F o i c r ia do p a r a uso dur a n t e a f a se c o n c e it ua l do p r o je t o
e f o c a im p a c t o s a m bie n t a is r e la c io n a do s à f o r m a ge r a l do e d if íc io e do s m a t e r ia is
En e r g y 1 0 ( U S A ) E E N S S N N N N ? N N S S N
E f e t ua c á lc u lo s c o m o s v a lo r e s de iso la m e n t o do e d if íc io , p e r f o r m a n c e de a que c im e n t o e
r e f r ige r a ç ã o , i lum in a ç ã o e o u t r o s uso s de e n e r g ia , a p r e se n t a n do a lt e r n a t iv a de e d if íc io
de ba ix a e n e r g ia .
EN ER - R A TE ( A u s ) E E N S S N N N N ? N N S S
É um a f e r r a m e n t a c o m p le t a e in de p e n de n t e
o r ig in a lm e n t e de se n v o lv ida p a r a sim ula r p e r f o r m a n c e s t e r m ic a s e de e n e r g ia .
EP C M B S S S S S S S S S ? S N S ? N
F o r n e c e in f o r m a ç õ e s A C V p a r a m a t e r ia is de c o n st r uç ã o , c o m p o n e n t e s e e d if íc io s c o m p le t o s . P o de se r usa do p a r a c o m p a r a r
p e r f o r m a n c e a m bie n t a l de d if e r e n t e s e sp e c if ic a ç õ e s de m a t e r ia is .P o ssu i m o dulo s de
p la n e ja m e n t o C A D , a v a lia ç ã o C A D , d ir e t r iz e s , in f o r m a ç õ e
Eq u e r ( Fr a ) S S S S S S S S S ? ? ? N S N D e se n v o lv ido p e la E c o le de M in e s de P a r is .
G r e e n B u i l d i n g A d vi s o r ( U S A ) S S S N S N N N N ? N S S* N
U t iliz a in t e l igê n c ia a r t if ic ia l p a r a
sup le m e n t a r p r o c e sso s de t o m a da de de c isã o e m p r o je t o s de f a c il ida de s , c o n st r uç õ e s e
o p e r a ç õ e s c o m da do s a m bie n t a is .Q ua lit a t iv o , é usa do n o a c o n se lh a m e n t o de o p ç õ e s
" v e r de s" e m e d if íc io s e m de se n h o s C A D e f un ç õ e s. A jud
L C A i d ( A u s ) S S S S S S S S S S S ? S N
E sse n c ia lm e n t e o p r o gr a m a t o m a in f o r m a ç õ e s A C V , a t é a go r a r e s t r i t a a
e sp e c ia l is t a s , e a t o r n a m a is a c e ss ív e is a o u t r o s a ge n t e s ( a r qu it e t o s , e n ge n h e ir o s , e t c )
p a r a f a z e r a v a lia ç ã o a m bie n t a l . O s da do s p a r a e f e t ua r a A C V sã o o b t ido s a t r a v é s de e n t r a da do s m e
L e g o e ( A l e m ) S S S S S S S S S ? S S S ? S
I n d ic a t iv o de qua lida de a m bie n t a l de e dif íc io s p a r a p r o je t is t a s , c o n e c t a n do a v a lia ç ã o do
c ic lo de v ida c o m c ust o s de c ic lo de v ida . A v a lia a p e r f o r m a n c e ge r a l do e d if íc io .
O g i p ( C h ) S S S N S N N N N S N N S ? S
So f t w a r e ba se a do n o B E K ( c a t a lo go de e le m e n t o s de c o n st r uç ã o de C R B ) que
p e r m it e a o usuá r io c o m p a r a r p r o je t o s de e d if íc io s c o n side r a n do c ust o s , c us t o s
e x t e r n o s, U B P e e n e r g ia , a v a l ia n do a p e r f o r m a n c e ge r a l do e d if íc io . U t il iz a
m e t o do lo g ia s de E sc a sse z E c o
Cus
tos
de C
iclo
de
Vid
a C o m e n t á r io sFe r r a m e n t a s A br a n ge n c ia A C V C a t e go r ia s de I m p a c t o B . D a do s
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
P a p p o s e ( F r a ) S S S* S/E I S/E I S/E I S/E I S/E I S/E I ? S/E I S/E I S ? N
N e c e s s i t a d a d o s d o t e r r e n o , u s a e d i f í c i o s
p a d r ã o , e n t r a d a d e g e o m e t r i a , m a t e r i a i s p r i n c ip a i s e p l a n e ja m e n t o d e o c u p a ç ã o . F o c a
p r i n c ip a lm e n t e a d e p le ç ã o d e r e c u r s o s , f lu x o d e m a t e r ia l e e n e r g ia , c a r g a s a m b ie n t a i s e
e f e i t o s a o s e r h u m a n o .
S B I ( D i n ) S S S S S S S S S N S N S ? N
F e r r a m e n t a d e c á l c u lo c o m b a s e A C V , P o d e a p r e s e n t a r l i s t a s d e r e s u l t a d o s e n t r a d a / s a íd a ,
t a b e la s o u e f e i t o s a m b ie n t a i s p o t e n c i a i s n o r m a l i z a d o s e c o m a t r i b u t o s d e p e s o .
T E A M ( F r a ) S S S S S S S S S ? S N S N
F e r r a m e n t a p a r a A C V a m b ie n t a l e d e c u s t o d e p r o d u t o s e t e c n o lo g ia s . C o n s t r o i q u a lq e r
s i s t e m a f a c i lm e n t e c o n s id e r a n d o s u a
c o m p le x id a d e . B e n e f ic i a - s e d e u m b a n c o d e d a d o s a b r a n g e n t e c o m m a i s d e 6 0 0 m ó d u lo s
d e c o b e r t u r a m u n d ia l .
L e g e n d a : S = S im N = N ã o E I= E n e rg ia In c o rp . S / E
103
Com os resultados de uma solução de projeto, é possível identificar os
elementos de grande impacto no ciclo de vida do edifício e buscar
alternativas mais eficientes.
Outros recursos podem estar incorporados na ferramenta, como avaliação
de desempenho térmico passivo e ativo, custo do ciclo de vida e
luminotécnica.
Figura 4.25 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid.
Esta categoria de ferramentas aplica-se melhor a projetos de novas
construções ou que justifiquem uma modelagem tridimensional completa do
projeto. Em estudos parciais ou de pequeno porte, o tempo relativamente
longo consumido para a elaboração de um modelo tridimensional pode
inviabilizar o uso desta categoria de ferramentas. Outra questão é o fato de
serem necessários aplicativos CAD orientados a objetos, característica esta
não comum a todos os produtos disponíveis no mercado. No entanto,
quando o porte ou características do projeto justificam a modelagem
tridimensional, o uso desta categoria de ferramentas torna-se bastante
atraente, sendo a avaliação de alternativas mais intuitiva e ágil.
104
4.4 GUIAS DE PRODUTOS VERDES
Esta categoria de ferramentas é baseada, predominantemente, em avaliação
ambiental qualitativa dos materiais e processos através de guias de produtos
e orientações de procedimentos.
A análise é efetuada pelo usuário, consultando e comparando informações
de impacto ambiental de materiais contidas na ferramenta. O aplicativo
EcoSpecifier, por exemplo, permite pesquisar uma base de dados acessível
pela Internet, inserindo-se categoria de uso e tipos de impacto a comparar,
obtendo-se como resultado uma tabela comparativa de produtos que
atendam os critérios de consulta.
Figura 4.26 - Tela do aplicativo-web EcoSpecifier.
Os Guias de Produtos Verdes são úteis para especificação de materiais,
105
porém oferecendo funcionalidade limitada ao projetista, pois ao aplicá-los,
não pode comparar as reais diferenças de impacto ambiental para soluções
de projeto distintas nem estimar o impacto ambiental cumulativo do
empreendimento. Por exemplo, na escolha de materiais para a cobertura de
um edifício, comparam-se o uso de telhas cerâmicas vs telhas de alumínio
apenas pelas características dos materiais, podendo ser favorecido o uso da
cerâmica por possuir menor energia incorporada, desconsiderando-se suas
conseqüentes diferenças em volume de material necessário e impacto no
dimensionamento estrutural.
Tabela 4.17 - Guias e checklists de produtos (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Guias e Checklists de Produtos
Mat
eria
is
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
BEPAC (UK) N N N S S S S ? ? ? ? N S N Checklist
ECDG (Jap) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a N N NGráficos, roteiros não oficiais e checklists fazem parte do instrumento.
ECO Specifier (Aus) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a S N N
Guia de produtos "verdes". Um grupo de pessoas define critérios de classificação de grupos de produtos que são mais ambientalmente responsáveis que outros da categoria.
EPM Checklist (NL) S S S S S S S S S ? ? N S N
O Método de Preferencia Ambiental (EPM) é baseado na experiência do autor como consultor com diversos experimentos em construção sustentável, movidos pela demanda de informação acessível e atualizada de impacto ambiental de componentes e materiais de construção.
Green Housing A-Z (Jap) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a N N N Modelo ACV baseado em tabela de entradas e saídas.
Legenda: S=Sim N=Não n/a=não aplicável ?=não informado
Cus
tos
de C
iclo
de
Vid
a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados
106
4.5 ESQUEMAS DE AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Os esquemas de avaliação de edifícios baseiam-se na avaliação do
desempenho ambiental de processos através de checklists abrangendo
todas as etapas de execução. Os aspectos a serem avaliados são
normalmente divididos em grupos (p.ex. terreno, uso eficiente de água,
materiais e recursos, qualidade do ar interior, etc.), sendo atribuídos créditos
ou pontuação para os aspectos, podendo ser aplicados critérios de
ponderação. Conforme apontado por Silva (2003), os esquemas de
avaliação ambiental disponíveis podem ser separados em duas categorias,
embora não formalizadas, podendo ser orientados para o mercado (Figura
4.27), com estrutura mais simples e vinculados a algum tipo de certificação
de desempenho, ou orientados para a pesquisa (Figura 4.28), com ênfase
no desenvolvimento metodológico e científico, que possa orientar o
desenvolvimento de novos sistemas.
Figura 4.27 - Tela do esquema LEED.
107
Figura 4.28 - Telas do esquema GBTools.
O desenvolvimento tem levado estas metodologias, que a princípio
avaliavam basicamente o edifício como produto final e apenas sob aspectos
ambientais (agenda verde), a avaliar etapas anteriores, como planejamento,
concepção e realização, e a incorporar novas características de conforto e
saúde, incorporados no esquema Démarche HQE desenvolvido na França
pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment - CSTB, e aspectos sócio-
econômicos (agenda marrom), incorporado pelo esquema Avaliação de
Sustentabilidade (Unicamp/Sinduscon), em fase de consolidação no Brasil
(SILVA, 2004).
O desenvolvimento de projetos em conformidade com os esquemas de
avaliação ambiental é útil para assegurar a incorporação e melhoria dos
aspectos de sustentabilidade, porém não permite comparar de maneira
quantitativa as diferentes alternativas de projeto quanto a impactos
ambientais, sendo aplicável como ferramenta complementar nesta fase.
108
Tabela 4.18 - Esquemas de avaliação de edifícios (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Esquemas de Avaliação de Edifícios
Mat
eria
is
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
Beaver (Esp) N E N N S N N N N N N N N N N
Ferramenta de modelagem baseada em windows desenvolvida na America provendo uma lista de operação para uso de edifícios e componentes individuais de sistema de ar condicionado. É aplicado durante a fase final de projeto, assumindo que o edifício tenha HVA
BREEAM (UK) N N N S S S S S N ? ? S ? N N
Checklist - ferramenta abrangente para analisar e melhorar a performance de edifícios desde o projeto até o gerenciamento. Concebido como uma ferramenta para encorajar um mercado para edifícios mais amigáveis ambientalmente, sendo agora largamente aceito
BREGains (UK) N E N N S N N N N N N N N N N
Software que contabiliza ganhos metalismo, pequenas energias, iluminação e fornecimento de calor.
BUNYIP (Aus) N E N N S N N N N N N N N N N
Há duas versões de Bunyip, uma direcionada a arquitetos interessados em avaliar opções de design de edifícios e outra direcionada a engenheiros de AC, com modelamento detalhado de sistemas de Ar Condicionado com capacidade de estimativas de carga de pico.
DOE (USA) N E N N S N N N N N N N N N N
O programa contém um módulo para automaticamente gerar um referencia ou um edifício protótipo e um módulo que permite ao usuário personalizar parametros.
E2000 (CH) S S S N S N N N N S S N S N N
Sistema pontual, focado em predizer consumo energético, principais materiais de construção, sistemas de controle de edifícios, mobilidade, finanças. As entradas de dados são: parametros de planejamento energético, materiais, sistema de controle de edifíci
Energy Certification for Buildings (Fin) N S N S S N N N N N N N S N N
Modelos de energia certificados e níveis de consumo referencia associados para residencias unifamiliares, blocos ou flats e edifícios de escritórios.Consumos de energia.
Granfund Energy Tools N S N N N N N N N N N S S N S
Assoação de resultados para R&D para todo ciclo de vida do edifício, baseado em cooperação continua com usuários, bancos de dados e gerenciamento de dados, e compatibilidade com outros sistemas de informação.
GBTool (internacional) S S S S ? ? ? ? ? ? ? ? ? N N
O sistema é uma estrutura de dados, não um modelo de simulação. Espera-se que o usuário utilize outras ferramentas para simular performance energética, estimar energia incorporada e emissões, prever conforto termico e qualidade do ar, etc.
LEED (USA) S S S S ? ? S ? ? ? ? S ? N N
É um processo de classificação e premiação com créditos para cada critério satisfeito. Diferentes níveis de certificação são premiados de acordo com os créditos ganhos.
NatHERS (Aus) N E N N S N N N N N N N N N N
Software desenvolvido para prover rápida avaliação de projetos em um formato fácil de utilizar. É uma ferramenta de classificação referencial. Pode ser utilizado durante conceituação e desenvolvimento de projeto.
Ökoprofile (Nor) S S N S S S N N N S S S S N N
Método usado para avaliar edifícios de escritório e residencias existentes. Os resultados podem ser usados em conexão com vendas ou locações dos edifícios. Com alguns ajustes, pode ser utilizado como ferramenta para gerenciamento e orientação e ainda com
SEDA (Aus) N E N S S N N N N N N N N N N
Este esquema fornece uma série de benchmarks de performance e uma classificação promocionalmente orientada em uma estrutura em que os projetistas e administradores de edifícios possam avaliar a performance de edifícios.
Legenda: S=Sim N=Não E=Energia
Cus
tos
de C
iclo
de
Vid
a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados
109
4.6 ENERGIA INCORPORADA – ENTRADA E SAÍDA
Esta categoria de ferramentas objetiva fornecer valores estimados para
quantidade de energia incorporada empregada em um determinado
empreendimento, ou seja, a quantidade de energia consumida por todas as
atividades associadas ao processo produtivo de um empreendimento ou
produto, direta ou indiretamente.
A avaliação pode ser feita através de ACV de um processo com dados de
entrada/saída de energia em suas diversas fases. A ferramenta EIO-LCA /
Carnegie Melon (Figura 4.29), por exemplo, estima a energia incorporada
através de um banco de dados vinculado às relações econômicas,
retornando informações baseadas no setor de atividade e na verba a ser
empregada no processo.
Figura 4.29 - Telas do aplicativo-web EIO-LCA / Carnegie Melon.
110
Conforme apontado por John;Agopyan (2005), o conceito não faz distinção
de fontes energéticas, havendo a mesma classificação para um processo
que utiliza energia de fontes renováveis ou combustíveis fósseis. Não são
consideradas também diferenças no consumo de energia entre diferentes
plantas industriais, com tecnologias distintas.
Tabela 4.19 - Ferramentas de energia incorporada (BUILDING LCA PROJECT, 2001)
A aplicabilidade na fase de projetos é limitada e sujeita a incorreções,
principalmente caso não se leve em consideração diferenças no consumo de
materiais para diferentes soluções de projeto e mostra-se pouco compatível
com no processo de desenvolvimento desta fase.
�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Ferramentas de Energia Incorporada
Mat
eria
is
Uso
Des
cart
e
Gás
Ef.
Est
ufa
Con
s. E
nerg
ia
Pol
uiçã
o do
Ar
Dep
.Cam
.Ozo
nio
Tox
icid
ade
Pol
uiçã
o Á
gua
Con
s. Á
gua
Res
. Sól
idos
Qua
l. A
r In
tern
o
Pre
sent
e
Edi
táve
l
Carnegie Melon web based I/O Model (USA) S E S S S S S S S S S S S N S
Ferramenta web para estimativa de impactos ambientais baseado em informações econômicas e setoriais.
NIRM (Jap) S E S S S S S S S S S S S N S
Legenda: S=Sim N=Não E=EnergiaC
usto
s de
Cic
lo d
eV
ida ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados
111
4.7 CONSIDERAÇÕES
Como um primeira abordagem sobre aplicação a projetos, as categorias de
ferramentas de avaliação de desempenho ambiental tem finalidades
diferentes, ainda que tenham o objetivo comum de melhoria dos aspectos de
desempenho ambiental. Baseiam-se, em sua maioria, em bancos de dados
e agenda específicos a cada realidade geográfica, econômica, política, entre
outras especificidades.
Todas as classes de ferramentas podem ser úteis para a realidade brasileira
em determinadas circunstâncias e fases do processo da construção. O uso
de ferramentas ACV detalhadas, talvez com adaptações parciais, seria útil
na etapa preliminar como auxiliar para a formação de um banco de dados de
ciclo de vida de produtos. Ferramentas de Projeto baseadas em ACV de fácil
utilização viabilizariam sua aplicação no desenvolvimento de projetos,
decisivos para as etapas posteriores do processo construtivo por concentrar
as decisões de maior potencial gerador de impactos ambientais. Esquemas
de avaliação e certificação, afinados com a agenda brasileira e considerando
aspectos sócio-econômicos, poderiam ser progressivamente desenvolvidos
e implantados, como instrumentos de melhoria de desempenho ambiental e
também como mecanismo de exposição do fornecedor ao mercado.
No entanto, quando se busca dentre as classes de ferramenta quais delas
permitem que o requisito de adequação ambiental seja tratado em termos de
desempenho, são as ferramentas baseadas em ACV que melhor atendem a
esta necessidade. Considerando-se ainda o atendimento de questões
práticas de viabilidade de emprego das classes de ferramentas ao processo
projetual, como a avaliação dinâmica de alternativas de projeto e a facilidade
de absorção da metodologia ao modo de trabalho do projetista, as
alternativas resultantes são as ferramentas de projeto baseadas em ACV e
as ferramentas CAD/ACV.
112
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preocupação mundial com a crise ambiental tem motivado ações
proporcionalmente pequenas às dimensões do problema a resolver, porém
crescentes desde que a humanidade começou a vislumbrar conseqüencias
temerárias para um futuro próximo. Os impactos ambientais de alcance
global já apresentam sinais da ameaça que representam, e em
contraposição a eles, alguns desafios são propostos à toda a sociedade,
como a eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito
estufa (UNEP/SBCI, 2006).
O ponto de partida para as ações tomadas como reação à crise ambiental
geralmente tem partido de compromissos globais firmados pela maior parte
das nações que, como no caso da Agenda 21, postula que se aja localmente
pensando globalmente, refletindo em ações nacionais e setoriais.
Este reflexo setorial tem ocorrido no macro setor da construção civil, não
podendo ser diferente, visto a significativa responsabilidade do mesmo à
degradação ambiental, resultando em uma diversidade de instrumentos de
ação que vão desde agendas setoriais, passando por normas e
certificações, até aplicativos. Entidades setoriais, empresas e profissionais
deste macro setor tem concentrado esforços para desenvolver boas práticas
de adequação ambiental, mas talvez não se esteja priorizando o foco do
problema. Conforme Manzini;Vezzoli (2005), os esforços são gastos em
soluções end-of-pipe, ou seja, tratam-se mais os efeitos que as causas.
Outro ponto a considerar é o modo como os aspectos ambientais são
normalmente tratados. É comum o emprego de soluções isoladas
supostamente melhores quanto a aspectos ambientais no processo
construtivo, rotulando-se isto como construção sustentável. Ora, se
considerarmos que o patrimônio ambiental possa ser analisado de forma
similar ao financeiro, em um fluxo de caixa onde o capital quantificado seja o
natural, só será ambientalmente sustentável aquele processo em que as
receitas e as despesas se equilibrem. Para que se considere desta forma,
113
deve ser possível que os resultados ambientais sejam mensurados e que se
tratem estes resultados em termos de desempenho. A disseminação desta
prática poderá então permitir que se comece, só então, a se tratar da
questão da sustentabilidade ambiental.
Temos então que buscar as causas principais dos impactos ambientais no
processo construtivo e tratá-las em termos de resultados mensuráveis e
desempenho. Conforme o apresentado no ítem 3.1.2, há uma forte e
decisiva influência do projeto e do gerenciamento quanto ao posterior
desempenho do ambiente construído e o emprego de técnicas orientadas a
desempenho nestas atividades são essenciais.
Apontar a responsabilidade do projeto, por outro lado, não isenta os demais
agentes da cadeia produtiva da construção. Os projetistas certamente tem
grande responsabilidade pois partem de suas pranchetas as soluções e suas
conseqüencias, porém o projetista hoje, ao menos no Brasil, freqüentemente
se sujeita às exigências de seus contratantes que, tendo o poder econômico,
determinam o modo de trabalho daquele. Contratante aqui pode ser tanto o
usuário final, como também o incorporador, o gerenciador, o construtor e por
vezes até o corretor e o profissional de marketing. Além do mais, estas
relações econômicas também resultam financeiramente prejudiciais ao
projetista, dificultando investimentos e qualificação justamente ao agente de
maior responsabilidade decisória no processo.
A despeito desta situação, crescem as responsabilidades que recaem sobre
o projetista nos âmbitos ético, legal, técnico e comercial. O projetista vê
crescendo paulatinamente sua responsabilidade em aspectos ambientais
frente à sociedade e sua categoria profissional, podendo ser
responsabilizado juridicamente pelos resultados de seu trabalho. Crescem
as exigências quanto à consideração destes novos critérios em seu trabalho
e quanto à necessidade de certificação, passando estes aspectos a serem
considerados diferencial competitivo no mercado.
Neste contexto, o projetista, como agente dentro do macro setor da
construção, começa a tomar ciência da importância de mudar seu modo de
atuação, porém não na velocidade e urgência que o problema exige. Uma
114
ainda pequena parcela dos profissionais que se dispõe a incorporar
aspectos de adequação ambiental em seu trabalho, acaba se deparando,
muitas vezes, com uma profusão de informações, por vezes sem
fundamentos, e acaba adotando ingenuamente soluções que, embora bem
intencionadas, correm o risco de resultar em impactos ainda maiores ao
meio. Nesta situação, o profissional ou tem a falsa sensação de que está
cumprindo com seu papel ou, quando se aprofunda no problema, toma
ciência de que faltam-lhe os meios de que necessita para atuar.
Alguns países desenvolvidos já possuem ferramentas destinadas ao
incremento do desempenho ambiental no setor da construção, algumas
delas específicas para suporte à decisão e ao projeto. Para que tenhamos
ferramentas compatíveis à realidade brasileira, todavia, a simples
importação de ferramentas não se mostra viável, corroborando o que foi
apresentado por Silva (2001), visto que as mesmas foram desenvolvidas
para o contexto específico de seus países de origem. No entanto, seria de
grande valia a existência de ferramentas com este propósito específicas ao
contexto nacional. Por outro lado, a classe de ferramentas que melhor
atende a necessidade de tratar a adequação ambiental no setor de
construção em termos de desempenho são as baseadas em ACV e, para
aplicação a projetos, mais especificamente, as Ferramentas de Projeto
baseadas em ACV e suas derivadas são as que melhor poderiam se
adequar ao processo projetual, por permitirem a comparação de soluções
diferentes de maneira dinâmica e com maior precisão, mesmo durante a
elaboração do projeto. Frente a esta necessidade, faz-se necessário o
desenvolvimento de ferramentas com estas características específicas à
realidade nacional exigindo também, para tanto, a formação de um banco de
dados de ciclo de vida de produtos e processos nacional.
Sugere-se o desenvolvimento no Brasil de uma ferramenta com recursos de
importação de dados de aplicativos CAD disponíveis no mercado, mas que
permita ao usuário a inserção de informações sem depender deste recurso.
O agrupamento ou organização por subsistemas construtivos, como as
ferramentas ACV detalhadas com este foco, seria característica também
115
bastante conveniente.
5.1 DESAFIOS A ENFRENTAR PARA O DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIAS
NACIONAIS
Como forma de avaliar a dificuldade de desenvolvimento, adaptação e
aplicabilidade de metodologias de avaliação de desempenho ambiental,
procedeu-se um estudo de caso que consistiu primeiramente da adaptação
de uma metodologia de avaliação de desempenho construtivo (anexo 1) e
posteriormente experimentação de aplicação desta metodologia adaptada ao
edifício I1 da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de
São Paulo. Paralelamente, procedeu-se um experimento de aplicação ao
mesmo edifício do esquema de avaliação de edifícios denominado Avaliação
de Sustentabilidade (SILVA, 2004).
As dificuldades ocorreram, primeiramente, na adaptação de uma
metodologia para outra finalidade, em que a metodologia de origem se
destinava a avaliar patologias construtivas, mostrando suas restrições
quando da adaptação pela forma de identificação das patologias ambientais
construtivas, que não se dão apenas por meio da análise do edifício, mas
também, avaliando-se processos e projetos. Como resultado, foi identificado
um grande numero de PAC que não se relacionavam a subsistemas
construtivos específicos, mas ao empreendimento como um todo. Outra
dificuldade ocorrida refere-se à obtenção de dados específicos, na aplicação
de ambas as metodologias. Embora o processo de produção do edifício
tenha sido devidamente gerenciado desde a fase de projeto até a conclusão
das obras, muitas informações não puderam ser obtidas por ainda não
serem os dados de aspectos ambientais objeto de coleta e registro
sistemático, como ocorreria se fosse empregado um sistema de gestão
ambiental. Este estudo de caso forneceu uma idéia dos desafios a enfrentar
para o desenvolvimento e implementação de metodologias de adequação
116
ambiental ao contexto do setor. Mas isto diz respeito a apenas parte das
dificuldades, no que diz respeito aos costumes sedimentados no setor e na
inércia para mudança de paradigmas.
O caminho a trilhar decerto não é um caminho fácil. Vencer a resistência
para a mudança do status quo nos diversos agentes dentro do setor é o
primeiro desafio. O segundo desafio se torna maior somando-se ao primeiro,
que é a formação de um banco de dados de ACV nacional. Para que isto se
concretize é necessário convencer os produtores a expor, de certa forma,
algumas de suas fraquezas, tornando público quais produtos são melhores
que outros quanto a seus impactos. Não apenas por isso se mede o
tamanho do desafio, mas a tarefa em si é gigantesca, com custo financeiro
proporcional. Mas não será eternamente possível fugir do desafio, pois mais
cedo ou mais tarde estes desafios, se não enfrentados, se tornarão sanções
econômicas internacionais. Mas valor econômico das emissões não é
apenas uma questão para o futuro, já sendo negociadas hoje através dos
créditos de carbono. Um terceiro desafio é o desenvolvimento de
ferramentas adequadas, que preencham os requisitos práticos dos
projetistas, como por exemplo não onerando o processo de projeto, de fácil e
ágil utilização, de integração fácil ao modo de trabalho corrente no setor.
Podem ainda ser identificados outros desafios ou dificuldades, mas talvez
seja mais apontar o caminho a percorrer.
O desenvolvimento de ferramentas para a realidade brasileira deveria
basear-se, inicialmente, na formação de metodologias e normalização de
procedimentos para ACV de materiais de construção e posteriormente, com
base nestas metodologias, iniciar-se-ia a formação de um essencial banco
de dados ACV nacional. Deve existir uma padronização na forma e no tipo
de informação que cada produto ou classe de produtos deve ter para que
seja viável a aplicação nas etapas posteriores nas avaliações de
desempenho ambiental para a indústria da construção. O uso de
ferramentas ACV detalhadas, talvez simplesmente o uso de uma ferramenta
importada com adaptações parciais, seria útil na etapa preliminar como
auxiliar para a formação de um banco de dados; além disso, a
117
implementação de Declarações Ambientais de Produto, como prevêem as
normas da série NBRISO 14020 (ABNT, 2002), teria papel chave para este
processo.
Como exemplo de padronização de informações, a Associação Brasileira
dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) desenvolveu um modelo para
especificação de materiais e produtos através de Fichas Técnicas de
Produtos e Serviços, com adesão voluntária de fornecedores. Iniciativa
similar poderia ser tomada para implementação de fichas de desempenho
ambiental de produtos.
A partir de uma base de dados nacional, uma Ferramenta de Projeto ACV de
fácil utilização poderá ser desenvolvida, o que viabilizaria sua aplicação no
desenvolvimento de projetos, que é decisiva para as etapas posteriores do
processo de produção do ambiente construído e de seu ciclo de vida,
concentrando as decisões de maior potencial gerador de impactos
ambientais.
Juntamente, esquemas de avaliação e certificação, afinados com a agenda
brasileira e considerando aspectos sócio-econômicos, devem continuar a ser
progressivamente desenvolvidos e implantados, como instrumentos de
melhoria de desempenho ambiental, mas também como mecanismo de
exposição do fornecedor ao mercado, o qual poderá exercer pressão
progressiva ao desenvolvimento da construção ambientalmente responsável.
A exemplo do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade - Habitat
(PBPQ-H)17, que passou por fases de sensibilização da sociedade,
programas setoriais de qualidade e gradualmente tende a se tornar uma
exigência em licitações, um programa com os mesmos conceitos poderia ser
implementado para incremento do desempenho ambiental, atuando o Estado
como agente indutor.
17 PORTARIA Nº 134, DE 18/12/1998, que institui o Programa Brasileiro da Qualidade e
Produtividade na Construção Habitacional - PBQP-H.
118
5.2 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DESTA PESQUISA
O desenvolvimento do setor quanto à desempenho ambiental ainda dá seus
primeiros passos, e portanto o tema oferece um longo caminho a percorrer.
Dentre os caminhos possíveis para continuidade desta pesquisa, sugerem-
se:
a) O mapeamento das condições, dificuldades, práticas correntes,
limitações, anseios e expectativas dos projetistas, e como passo inicial,
foi proposta uma pesquisa junto aos associados de entidade
representativa dos escritórios de projeto, cuja base do formulário consta
do anexo 1 deste trabalho. Os resultados desta pesquisa ajudarão a
detectar os maiores problemas e a direcionar melhor o desenvolvimento
de uma ferramenta prática de projeto para avaliação do desempenho
ambiental.
b) formação de metodologias e normalização de procedimentos para ACV
de materiais de construção, passando pela estabelecimento de critérios
para as declarações ambientais de produtos, e por fim o
desenvolvimento e organização de um banco de dados nacional de
dados de ACV dos materiais de construção.
c) desenvolvimento de ferramenta de projeto de avaliação de desempenho
ambiental, ou ainda uma família de ferramentas com seu núcleo
baseado em ACV, permitindo a que cada uma das componentes da
família atenda uma determinada fase do ciclo de vida do ambiente
construído, como uma ferramenta ACV focada em materiais para a
indústria de materiais, uma ferramenta de projetos baseada em ACV, e
ainda a integração desta última com aplicativos gráficos.
119
REFERÊNCIAS
ABELHA RODRIGUES, M. – Princípios do Direito Ambiental Brasileiro –Palestra proferida no Seminário “Estatuto da Cidade 5 anos” – Tribunalde Contas do Município de São Paulo - 2006
ALMEIDA, J. A.M. - A Ética Ambiental de Tom Regan: Crítica, Conceitos,Argumentos E Propostas – Revista Ethic@, Florianópolis, UniversidadeFederal de Santa Catarina, v.5, n. 3, p. 147-151, Jul2006.
AMBIENTE BRASIL. Jornal informativo diário.<http://www.ambientebrasil.com.br>.
ANINK, D.; BOONSTRA, C.; MAK, J. Handbook of Sustainable Building –An Environmental Preference Method for Selection of Materials for Use inConstruction and Refurbishment. Trad. Adriana Morris. Londres:James&James Ltd., 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco pavimentos.Projeto de Norma. 2004/2006.
__________.NBRISO14001:1996. Sistemas de gestão ambiental -Especificação e diretrizes para uso.
__________.NBRISO14004:1996. Sistemas de gestão ambiental -Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.
__________.NBRISO14015:2003. Gestão ambiental - Avaliação ambientalde locais e organizações (AALO).
__________.NBRISO14020:2002. Rótulos e declarações ambientais -Princípios gerais.
__________.NBRISO14040:2001, Gestão ambiental - Avaliação do ciclode vida - Princípios e estrutura.
ATHENA ENVIRONMENTAL IMPACT ESTIMATOR V.3.0.0 demo. Software.Athena Institute International. Pennsylvania, USA. 2003. Disponível em<www.athenasmi.ca>.
BAGATELLI, R.; SILVA, M.G. (Orient.); ZANDONADE, E. (Co-Orient).Edifícios de Alto Desempenho: Conceito e Proposição deRecomendações de Projeto. Vitória, 2002. 198p. Dissertação deMestrado. Universidade Federal do Espírito Santo.
BERGE, B. – The Ecology of Building Materials. Oxford: ArchitecturalPress. Great Britain, 2000, 2001.
BRASIL, R. F. - Direito Ambiental: Dos princípios à sua aplicabilidade –DireitoNet – Disponível em <http://www.direitonet.com.br/artigos/x/17/01/1701/> – Acesso em: 27 dez. 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA – MCT. Primeiro
120
Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de EfeitoEstufa. Relatórios de Referência. Emissões de Gases de Efeito Estufanos Processos Industriais e por Uso de Solventes. Ministério da Ciênciae Tecnologia. Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa eDesenvolvimento Coordenação Geral de Mudanças Globais de Clima.2006, 95p. Disponível no site:<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/3881.html>; Acessado em29 de novembro de 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Comunicação Inicialdo Brasil à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudançado Clima. 2004. Disponível em<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/11352.html>; acessadoem 29 de novembro de 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Status atual dasatividades de projeto no âmbito do Mecanismo de DesenvolvimentoLimpo (MDL) no Brasil e no mundo. Comissão Interministerial deMudança Global do Clima – CIMGC. 2007. 12 p. Versão de 11 de janeirode 2007. Informação disponível on line no endereço eletrônico:<http://www.mct.gov.br/upd_blob/11898.pdf>; acesso em 15 de janeirode 2007.
BRASIL. MINITÉRIO DAS MINAS E ENERGIA - MME. Balanço EnergéticoNacional 2006: Ano base 2005. Resultados Preliminares. Empresa dePesquisa Energética – Rio de Janeiro: EPE, maio de 2006. 28 p.Disponível no site:<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432&pageId=7523>. Acessado em 29 de novembro de 2006.
CARDOSO, F. F.; DEGANI, C. M. Avaliação Ambiental De Edifícios. AExperiência Francesa e a Realidade Brasileira. In: I Conferência Latino-Americana De Construção Sustentável / X Encontro Nacional DeTecnologia Do Ambiente Construído. 2003. São Paulo. Anais.
CARSON, R. L.. Silent Spring. Houghton Mifflin Company Boston – TheRiverside Press Cambridge. United States. 1962.
CIANCIARDI, G.. A Casa Ecológica: Premissas para a sustentabilidade naarquitetura residencial unifamiliar paulistana. Dissertação, UniversidadePresbiteriana Mackenzie. São Paulo. 2004. 169p.
CONFEDERATION OF INTERNATIONAL CONTRACTORS'ASSOCIATIONS – CICA. Industry as a partner for sustainabledevelopment: Construction. CICA/United Nations EnvironmentProgramme – UNEP. ISBN: 92-807-2181-X, 2000, 34 p.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução Nº307 de 05/07/2002 - Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestãodos resíduos da construção civil.
___________. Resolução Nº 001 de 23/01/1986 - Dispõe sobre os critérios
121
e diretrizes básicas para o processo de Estudos de Impactos Ambientais-EIA e Relatório de Impactos Ambientais-RIMA.
DASHEFSKY, H. S. Dicionário de Ciência Ambiental. 3ªed. – Trad. Torres,E.E.. São Paulo: Gaia, 2003. 313p.
ECOSPECIFIER. Software. < http://www.ecospecifier.org/>
ECOTECT V.5.20c Evaluation Version. Software. Disponível em<http://www.squ1.com>.
EIO-LCA. Software. Carnegie Melon. < http://www.eiolca.net/index.html>
ENVIRONMENT AUSTRALIA – DEPARTMENT OF THE ENVINRONMENTAND HERITAGE. Greening the Building Life Cycle - LIFE CYCLEASSESSMENT TOOLS IN BUILDING AND CONSTRUCTION -Building LCA Tools description. Australia: Environment Australia /Centre for Design at RMIT Royal Melbourne Institute of Technology. 51p.December 2000. At.<http://buildlca.rmit.edu.au/downloads/Toolsdescription.pdf> Acesso em01 de abril de 2005.
__________ . Building LCA Project. Centre for Design at RMIT RoyalMelbourne Institute of Technology. 2001. Disponível em:<http://buildlca.rmit.edu.au/>.
__________ . Background Report LCA Tools, Data and Application inthe Building and Construction Industry. Australia: EnvironmentAustralia / Centre for Design at RMIT Royal Melbourne Institute ofTechnology. 2001. At.<http://buildlca.rmit.edu.au/downloads/BackgroundReportfinal.pdf>Acesso em 01 de abril de 2005.
FERNANDES, M. Agenda Habitat para Municípios. Rio de Janeiro:Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, Programa dasNações Unidas para os Assentamentos Humanos – UN-HABITAT, 2003.224p.
FIGUEROLA, V. – Simples e Eficiente – Revista AU – Arquitetura eUrbanismo – Ed. 142 – disponível em <http://www.revistaau.com.br/edicoes/142/imprime21831.asp>. Acesso em 21/09/2006.
FRANGETTO, F. W., GAZANI, F. R. Viabilização Jurídica do Mecanismode Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil – O Protocolo de Kyoto ea Cooperação Internacional. São Paulo: Peirópolis; Brasília: InstitutoInternacional de Educação do Brasil, 2002.
GBTOOL v. GBT2kV1.07. Software. Green Building Challenge. Disponívelem < http://greenbuilding.ca/gbc2k/gbtool/gbtool-main.htm>
GELINSKI, G., PAIVA, C. - ArcoWeb – Siegbert Zanettini e José WagnerGarcia - Centro de pesquisas Petrobrás – CENPES. disponível em<http://arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia76.asp>.
GIBSON, E. J. (Coordinator). Working with the performance approach in
122
building. INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH ANDINNOVATION IN BUILDING AND CONSTRUCTION – CIB, Rotterdam,Netherlands, 1982. (CIB State of Art Report n°64, Working ComissionW60).
GOMES, C. B. (Organizador). USP Leste: A Expansão da Universidadedo Oeste para o Leste. São Paulo: Edusp. São Paulo, 2005.
GONÇALVES, J. C. S. A Sustentabilidade do Edifício Alto, Uma novageração de edifícios altos e sua inserção urbana. São Paulo, 2003.488 p. Tese de Doutorado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo daUniversidade de São Paulo.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Vocabulário Básicode Recursos Naturais e Meio Ambiente - 2a edição – Rio de Janeiro –2004.
INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION INBUILDING AND CONSTRUCTION – CIB - Agenda 21 para aConstrução Sustentável – Weinstock, G.; Weinstock, D.M. - trad.Gonçalves, I; Whitacker, T. do Relatório CIB, publ. 237. EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2000.
__________. Deconstruction and Materials Reuse. CIB Publication 287.Proceedings of the 11th Rinker International Conference. Florida: AbdolR. Chini, University of Florida. 2003.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – ISO.ISO/DIS 6241:1982, Performance standards in building – Principlesfor their preparation and factors to be considered.
__________. ISO 14041:1998, Environmental Management, Life CycleAssesment – Goal and Scope Definition and Inventory Analisys.
__________. ISO 14042:1998, Environmental Management, Life CycleAssesment – Life Cycle Impact Assesment.
__________. ISO 14031:1999, Environmental Management,Environmental Performence Evaluation – Guidelines.
IVAM Research and Consultancy on Sustainability. University of Amsterdam.UvA Holding BV. EcoQuantum Domestic Software Presentation.Disponível em: <http://www.ivam.uva.nl/uk/index.htm>.
JOHN, V. M. - Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuiçãopara metodologia de pesquisa e desenvolvimento. Tese (Livre Docência)– Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento deEngenharia de Construção Civil. São Paulo, 2000. 113p.
JOHN, V.M.; AGOPYAN, V. – Sustainability Criteria for the Selection OfMaterials And Components – A Developing World View. 7 p. 2005, SãoPaulo.
JOHN, V.M.; SILVA, V.G.; AGOPYAN, V. Agenda 21: Uma Proposta deDiscussão Para o Construbusiness Brasileiro . In: II Encontro
123
Nacional Sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis. Rio Grande doSul, 2001.
JOHN, W. M., ÂNGULO, Sergio; AGOGYPAN, V.- Sobre a Necessidade deMetodologia de Pesquisa e Desenvolvimento para Reciclagem -Fórum das Universidades Públicas Paulistas – Ciência e Tecnologia emResíduos. Lindóia, São Paulo, 2003. 8p.
KAUE, L.K.N.; BONESIO, M.C.M; VILLELA, M.C.O. Diretrizes paraApresentação de Dissertações e Teses. Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo, Serviço de Bibliotecas. São Paulo. 1991.
KCL-ECO 3.01 demo. Software. The Finnish Pulp and Paper ResearchInstitute (KCL), Finland, 1999. disponível em <www.kcl.fi/eco>.
KRONKA MÜLFARTH, R. C.; DEL CARLO, U. (Orient.). Arquitetura deBaixo Impacto Humano e Ambiental. São Paulo, 2002. Tese deDoutoramento. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade deSão Paulo.
LCAID. Software. <http://www.projectweb.gov.com.au/dataweb/lcaid/>
MANZINI, E.; VEZZOLI, C – O Desenvolvimento de ProdutosSustentáveis: Os Requisitos Ambientais dos Produtos Industriais. 1ª ed.Trad. Astrid de Carvalho. São Paulo: Edusp. São Paulo, 2005. 367p.
MEADOWS, D.H et al. The Limits to Growth - A Report to The Club ofRome. 1972.
MELHADO, S. B. Gestão, cooperação e integração para um novomodelo voltado à qualidade do processo de projeto na construçãode edifícios. Tese (Livre-Docência) – Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de ConstruçãoCivil. EPUSP: São Paulo, 2001, 235p.
NATIONAL AUDUBON SOCIETY, CROXTON COLLABORATIVEARCHITECTS. Audubon House: building the environmentallyresponsible, energy-effifient offices. John Wiley & Sons, Inc. New York.United States of America, 1994. 208p.
NATIONAL RENEWABLE ENERGY LABORATORY – NREL. Design forsustainability. HAYTER, S.J.; TORCELLINI, P.A.; JUDKOFF, R.Golden: NREL. NREL/CP-550-27797 June, 2000, 26 p.
NESBITT, K. (Org.). Uma Nova Agenda Para a Arquitetura. AntologiaTeórica 1965-1995. Trad. Vera Pereira. São Paulo: ed. Cosac Naify,2006.
NUNES, R. Princípios do Direito Ambiental. Boletim Jurídico,Uberaba/MG, a. 4, nº 170. Disponível em:<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1147> Acesso em: 27 dez. 2006.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Declaração Sobre O MeioAmbiente. Estocolmo, 1972.
124
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Declaração Sobre O MeioAmbiente. Estocolmo, 1972.
__________. Millenium Ecosystem Assessment. Vivendo Além dosNossos Meios. O Capital Natural e o Bem-Estar Humano. 2005. 29p.Disponível em <www.milleniumassessment.org>.
__________. Agenda 21 Global . 1992. 370p.
PORTARIA Nº 134, DE 18/12/1998, que institui o Programa Brasileiro daQualidade e Produtividade na Construção Habitacional - PBQP-H.
PRINCÍPIOS do Direito ambiental na constituicao Federal de 1988 –DireitoNet – disponível em <http://www.direitonet.com.br/textos/x/11/11/111/DN_Principios_do_Direito_ambiental_na_constituicao_Federal_de_1988.doc>. Acesso em: 27 dez. 2006.
REIS, V.R.; ASSUNÇÃO, J.V. Agenda 21: Global, Nacional e Local. In:Encontro Técnico da Associação dos Engenheiros da Sabesp. SãoPaulo. 2001. 34p.
SÃO PAULO - SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE. COORDENADORIA DEPLANEJAMENTO AMBIENTAL. Estudo de Impacto Ambiental - EIA ;Relatório de Impacto Ambiental - RIMA: Manual de Orientação. SãoPaulo: Secretaria do Meio Ambiente, 1989. 28 p.
SAUTCHUK, C. A. Formulação de Diretrizes para Implantação deProgramas de Conservação de Água em Edificações. Dissertação.Escola Politécnica. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004.
SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª ed. São Paulo:Cortez, 2002.
SILVA, J. A. Aspectos Jurídicos do Patrimônio Ambiental. São Paulo,FAUUSP, 1981. 40p.
SILVA, M.G. ; SILVA, V.G. ; AGOPYAN, V. . Avaliação do desempenhoambiental de edifícios: estágio atual e perspectivas paradesenvolvimento no Brasil. Revista de Engenharia, Ciência eTecnologia, Vitória - ES, v. 4, n. 3, p. 3-8, 2001.
SILVA, V.G. Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritóriosbrasileiros: diretrizes e base metodológica. São Paulo, 2003. 210 p.Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia de Construção Civil,Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
__________. Avaliação de Sustentabilidade. Software. Universidade deCampinas - Unicamp e Sindicato da Indústria da Construção -Sinduscon. 2004.
SIMÕES, J. R. L. - Avaliação Do Desempenho Técnico-Construtivo -Edifício: História e Geografia F.F.L.C.H. . Universidade de São Paulo -USP – Cidade Universitária Armando de Sales Oliveira. Tese. São Paulo.1999.
125
SIMÕES, J. R. L.. Patologias – Origens e Reflexos no DesempenhoTécnico-Construtivo de Edifícios. Tese de Livre Docência. Faculdadede Arquitetura e Urbanismo - Universidade de São Paulo. São Paulo –2004.
SOARES, S. R.; SOUZA, D. M.; PEREIRA, S. W. . A avaliação do ciclo devida no contexto da construção civil. In: Coletânea Habitare, vol.7,Construção e Meio Ambiente. Capítulo 4. p.96 a 127. 2006. Disponívelem <http://habitare.infohab.org.br/publicacoes_coletanea7.aspx>.
SPEKKINK, D. Performance Based Design: Bringing Vitruvius up to Date.PeBBu Domain 3. CIB. At.: <www.pebbu.nl> . Netherlands. 2005.
TRINIUS, W. ; SJOSTROM, C. - Service life planning and performancerequirements. BUILDING RESEARCH & INFORMATION (MARCH–APRIL 2005) 33(2), 173–181. disponível na internet em<http://www.tandf.co.uk/journals>. Acesso em 05/2005.
U.S. DEPARTMENT OF ENERGY. International PerformanceMeasurement & Verification Protocol. Concepts and Options forDetermining Energy and Water Savings. Vol. 1. 2002.
U.S. GREEN BUILDIND COUNCIL. Leadership in Energy andEnvirmental Design (LEED) Rating System – v.2. 2001.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME – UNEP. SustainableBuilding and Construction Initiative. 2006. Disponível em<http://www.unep.fr/pc/pc/SBCI/SBCI_2006_InformationNote.pdf>
UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA – UBC. Governing Overview:General Issues & Positions: Sustainability. Informações obtidas online em 15/set/02 no endereço eletrônico <http://www.ubc.ca/guidelines/governing/issues_positions/sustain.html, 2002>.
US DEPARTMENT OF ENERGY (DOE) AND PUBLIC TECHNOLOGY.Sustainable Building Technical Manual: Green Building Design forPractices, Construction and Operations. Washington, DC:, 1996.
VENDRAMINI, P. R. R. J.. Meio Urbano e Sustentabilidade. São Paulo,2005. 158p. Dissertação, Universidade Presbiteriana Mackenzie.
WIKIPEDIA. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Malthus>. Acessado em 13/10/06.
126
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO EMPREGO
DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL EM
PROJETOS
Questionário:
Emprego de critérios de desempenho ambiental em projetos
1. Perfil do Escritório / Profissional
Nome da empresa: _______________________________________________________
Data de fundação da empresa: ______________________________________________
Nº de funcionários: _________
Data: ___/___/______
2. Perfil dos projetos que a empresa executa
Quais tipos de projeto desenvolve?
Residencial unifamiliar
Residencial multifamiliar
Conjunto residencial
Comercial
Industrial
Institucional
Serviços
Público
outro(s). Qual(is): __________
Qual o porte predominante das obras/projetos?
até 1000 m² de 1000 a 5000 m² de 5000 a 10000 m² , mais de 10000 m²
Em que nível? local , regional , nacional , internacional
Qual o volume aproximado de projetos desenvolvido por ano (em m²)? ________________
3. Emprego de critérios de desempenho ambiental na atividade profissional
Participou ou conhece alguma experiência significativa referente a emprego de critérios de
desempenho ambiental em projetos? Por favor explique.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
127
Critérios de impacto ambiental influenciam o seu processo projetual?
Não , Pouco , Muito
Em caso positivo, assinale em que aspectos:
projetos adequados ao contexto ambiental do local,
minimização de alterações ao meio ambiente,
soluções para tratamento de esgoto e resíduos,
soluções para consumo racional de água e/ou reuso de água servidas ou pluviais,
soluções para consumo racional de energia,
especificação de produtos e materiais que causem menor impacto ambiental,
prefere materiais cujo fabricante forneça informações de impacto ambiental do produto ,
especifica materiais que possam ser reutilizados ou reciclados após a demolição da obra,
especifica reutilização/reaproveitamento de materiais em novas obras,
especifica produtos que utilizem em sua composição matérias primas recicladas,
especifica preferencialmente produtos obtidos nas proximidades da obra,
minimização na geração de entulho / resíduos sólidos,
qualidade do ar interior,
Outro(s). Quais? __________________________________________
Elabora projetos para que os edifícios tenham uma vida útil determinada, quantificada em número
mínimo de anos?
sim , não , somente em alguns projetos , preve-se boa durabilidade sem determinação do
número de anos
Considera critérios de análise do ciclo de vida (impactos ambientais desde a produção e construção
até a demolição e descarte) dos materiais e do edifício para elaboração de projetos e especificações?
sim, não, eventualmente. Comente: __________________________
4. Relações com a sociedade e o mercado
Na sua opinião, considerando as fases de vida do edifício abaixo, classifique-as de 1 a 3 quanto ao
grau de contribuição que sofrem pelas decisões de projeto em impactos ambientais:
na construção
na utilização
na demolição
porque? ________________________________________________
Quais as limitações / impedimentos para a adoção de critérios de desempenho ambiental nos projetos
de arquitetura?
custos das soluções
rejeição do mercado
falta de conhecimento por parte do projetista
falta de uma metodologia de fácil aplicação
128
falta de mão de obra especializada
falta de materiais adequados ou com informações específicas)
outros. quais? ______________________________
Qual tipo de projeto e/ou cliente que permite / solicita projeto ambientalmente sustentável?
_________________________________________________________________________
Como a prática de projeto sustentável impactaria o mercado de projetos e o modo de trabalho do
projetista?
aumento de custos ,
aumento de responsabilidade (obrigações legais) ,
maior especialização de pessoal ,
maiores restrições em concorrências ,
reserva de mercado ,
outro(s) qual(is)?____________________________________________
Considera a elaboração de projetos/especificações com critérios de desempenho ambiental um
requisito exigido pelo mercado:
Nacional?
Internacional?
Quanto às Normas Técnicas sobre sistemas de gestão de qualidade, desempenho ambiental e
segurança e saúde ocupacional, tais como as séries ISO. Seu escritório:
Que mecanismos considera eficazes para disseminar a prática do projeto ambientalmente
sustentável?
leis ,
normas ,
exigências de mercado ,
vantagens econômicas ,
outros quais? _________________________________________________________
5. Recursos e ferramentas de suporte ao projeto sustentável
Se os fabricantes apresentarem informações padronizadas de características ambientais dos
produtos, levaria em conta este critério em suas especificações/projetos?
sim não somente se solicitado
Conhece AplicaTem
certificação
Exigência de
clientes
Qualidade (ex.ISO9000)
Ambiental (ex. série ISO14000)
Segurança (ex. série OSHAS18000)No
rma
s re
lativ
as
a:
129
Dos tipos de ferramentas descritas abaixo, quais seriam mais facilmente incorporadas ao processo
projetual? Atribua classificação de preferência com números de 1 (melhor) a 6 (pior).
Software que comparare o desempenho ambiental de um edifício com diferentes alternativas
(concepções) construtivas (exemplo: estrutura em concreto x aço), considerando todo o ciclo de vida
do edifício.
Software que permita comparar alternativas de materiais para componentes construtivos (exemplo:
cobertura utilizando telhas cerâmicas x fibrocimento), considerando todo o ciclo de vida do
componente construtivo.
Software que lê informações de arquivos CAD (onde se especificam os materiais) e quantifica
cumulativamente os impactos ambientais de todo o edifício em projeto.
Guias e manuais de produtos, com descrições e comparações de diferentes alternativas de
materiais, orientando a decisão do projetista.
Listas de verificação tipo questionário para avaliar o desempenho ambiental do edifício.
Software que compara alternativas de materiais baseado em estimativa de consumo cumulativo de
energia para produção e uso dos materiais em todo o ciclo de vida.
130
ANEXO 2 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL
CONSTRUTIVO DO EDIFÍCIO I1 DA ESCOLA DE ARTES,
CIÊNCIAS E HUMANIDADES - USP LESTE
131
Avaliação do Desempenho Ambiental Construtivo do EdifícioI1 da Escola de Artes, Ciências e Humanidades - USP Leste
O presente estudo avalia a aplicabilidade da metodologia para avaliação do
desempenho técnico – construtivo em função das patologias construtivas
(Pc) existentes nos órgãos do edifício, desenvolvida pelo Prof. Dr. João
Roberto Leme Simões como parte de sua tese de livre docência, na
avaliação do desempenho ambiental construtivo.
O metodologia de referencia utiliza os requisitos do usuário da norma
internacional ISO6241 – Performance Standards in Building, referentes ao
desempenho das construções. Neste trabalho foi elaborada uma tabela
listando requisitos do usuário quanto a adequação ambiental e avaliado um
edifício quanto às patologias ambientais construtivas (Pac) para aplicação
com a metodologia de referência.
O estudo é subdividido nos tópicos a seguir:
1. Ficha Técnica
2. Aspectos Históricos
3. Partido Arquitetônico
4. Características Técnicas
5. Avaliação do desempenho ambiental em função das patologias
ambientais construtivas (Pac) existentes no edifício
6. Tabulação, análise e hierarquização dos dados obtidos na avaliação
das patologias ambientais construtivas
Considerações
132
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO
Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades -
USPLeste - Edifício I1
1. Ficha técnica:
Projetos:
Arquitetura Concepção – Prof. Dr. Sylvio Barros Sawaya Ano: 2003
Arquitetura Desenvolvimento –Coordenadoria do Espaço Físico da
USP (COESF) e Globo Engenharia e Arquitetura - Ano:2004
Estrutura – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004
Hidro-Sanitário – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004
Eletro-mecânica – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004
Execução das obras:
Fundações – Santa Bárbara Engenh. e Empreendimentos Ano:2005
Estrutura – Santa Bárbara Engenharia e Empreendimentos Ano:2005
Acabamentos – Santa Bárbara Engenharia e Empreendim. Ano:2005
Instalações – Santa Bárbara Engenh. e Empreendimentos Ano:2005
Fiscalização e responsabilidade pela obra – Coordenadoria do
Espaço Físico da USP (COESF) Ano: 2004 / 2005
Localização – Av. Arlindo Bettio, 1000 - Ermelino Matarazzo – S.
Paulo –SP
Área construída – 17.829,35 m2 (edifício I1)
Destino da obra – ao ensino, pesquisa e serviços extensivos àcomunidade vinculadas à EACH – Escola de Artes, Ciências eHumanidades da USP. O Bloco estudado abriga salas de aulas e dedocentes, auditórios e laboratórios.
Inauguração (ano) – 2005
Dados populacionais do edifício:
O edifício ainda não estava ocupado ocupado quando avaliado, porém
estimou-se sua população em 2500 pessoas.
Para o campus, de maneira geral, a população em 2005 foi de 1020 alunos,
66 docentes e 104 funcionários. A previsão para o triênio 2005-2008 é de
133
uma população de 5000 alunos, 264 docentes e 150 funcionários técnico-
administrativos.
2. Aspectos Históricos:
A necessidade de criação de um campus da Universidade de São Paulo na
zona leste, foi levantada inicialmente no final da década de 1970 até meados
da década de 80, pelo chamado Movimento de Educação da Zona Leste de
São Paulo, que já reinvindicava uma faculdade pública na Zona Leste
(Gomes et al., 2005). Em 1987, a questão começou a ser debatida pelo
Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP),
sendo imaginado um novo modelo de universidade que rompesse “com o
elitismo da instituição universitária tradicional”. Houve muita contradição
entre o projeto do governo paulista, as idéias das universidades e as
reinvindicações do Movimento de Educação da Zona Leste, e esse
desencontro de idéias e projetos motivou a imprensa a questionar os méritos
da iniciativa, que perdeu vigor naquele momento.
O CRUESP só voltou ao tema em 2001, caminhando para a assinatura da
Portaria nº618, de 29/05/2002, que instituiu um grupo de trabalho para
avaliar as possibilidades de implantação de um campus da USP na Zona
Leste, num contexto que pretendia atingir vários objetivos: expandir vagas
no ensino superior público, atender melhor comunidades de baixa renda e
levar desenvolvimento social, econômico e cultural a áreas carentes.
O grupo de trabalho foi composto por comissões acadêmicas e de infra-
estrutura, esta última focando a definição da área e concepção básica do
projeto arquitetônico. Após estudos, duas áreas foram classificadas como
prováveis para a implantação: a primeira, localizada na Área de Proteção
Ambiental – APA do Parque do Carmo, descartada devido a restrições para
licenciamento ambiental; a segunda área, com localização vinculada ao
Parque Ecológico do Tietê, entre Ermelino Matarazzo e São Miguel Paulista,
com localização privilegiada sob o aspecto geopolítico e vantagens em
diversos aspectos, tornando-se a opção selecionada.
134
A área do Parque Ecológico do Tietê apresentava boas condições no
tocante à questão da acessibilidade e transporte público, tendo ligação direta
com a marginal Tietê, necessitando apenas obras viárias usuais para
interligação ao sistema viário existente, transporte coletivo por ônibus e duas
estações de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM.
A área atendia favoravelmente os requisitos acessibilidade, disponibilidade
de infra-estrutura urbana, condições geomorfológicas e ambientais,
excelente localização geográfica e inserção urbana, com apenas alguns
problemas quanto a telecomunicações.
Após as conclusões dos estudos, o governador do estado assinou o Decreto
nº47.710, de 18/03/03, autorizando uso de área para implantação de
campus da USP, composta por
duas glebas (glebas 1 e 2), com
áreas de 258.000 m² e 982.578
m², localizadas na margem
esquerda do rio Tietê (Fig.1).
A gleba 2 foi inicialmente
escolhida para abrigar a USP
Leste, para a qual foi
desenvolvido o primeiro projeto arquitetônico, que previa a construção de
uma sequência de módulos de disposição linear, visando facilitar futuras
expansões (Fig.2). Esta gleba demonstrou, no entanto, limitações que
representariam dificuldades para obtenção de licença ambiental, aumento do
custo e tempo de execução das obras. A escolha recaiu então na gleba 1,
Fig.1
Fig.2
135
menor, porém com características mais favoráveis, como maior distância do
rio, posição mais elevada em relação à cota do corpo d’água por tratar-se
de área aterrada em cerca de quatro metros de altura, terreno firme e seco,
topografia mais regular, falta de cobertura vegetal arbórea e melhores
condições de integração viária.
A mudança de gleba implicou em reformulação completa no projeto
arquitetônico. Contudo, devido às comemorações dos 70 anos da USP e a
comprometimentos com o governo do estado, os prazos para inauguração e
funcionamento do ciclo básico dos novos cursos criados para o novo
campus já estavam definidos para o início de 2005, levou a que se adota-se
uma estratégia de simplificação do projeto para cumprimento dos prazos.
Nesse mesmo período, a USP estava com projetos desenvolvidos para o
Campus 2 de São Carlos, decidindo-se pela reutilização dos projetos do
Centro de Apoio Técnico e de Módulos Didáticos deste também para a USP
Fig.3
136
Leste, permitindo licitação imediata das obras, e que, concluídos, marcaram
a inauguração da USP Leste, em 27 de fevereiro deste ano.
Já havia sido feita licitação para seleção da empresa que desenvolveria o
projeto executivo, sendo vencedora deste processo a Globo Arquitetura e
Engenharia, sediada em Salvador/BA. Em fevereiro de 2004, o Prof. Dr.
Sylvio Barros Sawaya e um grupo dos responsáveis diretos pela realização
das construções se deslocou para Salvador e, em um esforço concentrado,
em dez dias de trabalho, definiu a implantação na gleba 1 (Fig.3).
Em uma segunda etapa, foram licitadas as construções dos blocos I1,
biblioteca e auditório, cuja entrega foi definida para dezembro de 2005,
ficando os blocos restantes para uma etapa posterior.
Cogitam-se alternativas para a futura ocupação para a gleba 2, dentre eles
um centro de pesquisas para questões ambientais urbanas.
3. Partido Arquitetônico:
A gleba onde está em implantação o campus da USP Leste possui forma
praticamente triangular, definida pela rodovia Ayrton Senna, pela ferrovia e
por uma planta industrial adjacente. A face voltada para a indústria receberia
dois blocos iguais e simétricos. As faces voltadas para a rodovia e a ferrovia
serão ocupadas por dois edifícios com
destinação acadêmica, nomeados I1
(concluído) e I2, com cerca de 140m de
comprimento.
No vértice formado por esses dois
edifícios, perpendicular à sua bissetriz,
encontra-se um conjunto retangular
formado por dois edifícios térreos
abrigando, respectivamente, a biblioteca e os auditórios, intermediados por
uma grande rampa circular.
O conceito o edifício I1 (Fig.4) define uma rua interna dividida em duas
passagens voltadas a um vazio central vertical, ventilado e iluminado
Fig.4
137
naturalmente, o que é garantido pela permeabilidade entre os três
pavimentos (Fig.4 e Fig.5).
Adjacentes aos dois lados, situam-se as atividades docentes do primeiro ao
terceiro pavimento e, no térreo, as atividades de convivência e serviços de
apoio.
4. Características técnicas:
O edifício foi projetado visando a utilização de processos construtivos
industrializados e racionalizados. Para obtenção de maior precisão
dimensional, foi adotada estrutura metálica de aço carbono. O lajes mistas
tipo steel deck, vedos externos em painéis pré-moldados arquitetônicos,
possibilitando que sua construção se desse em menor tempo
comparativamente à construção convencional. Abaixo são apresentadas as
principais características técnicas dos 10 (dez) órgãos do edifício:
4.1. – Terrapleno
O campus foi implantado em uma gleba anteriormente utilizada como bota-
fora para as obras de construção da rodovia Ayrton Senna, estando por esse
motivo já aterrada em cota que chega a 4 metros acima do perfil natural. No
trabalho de terrapleno foram feitos acerto de grade, remoção da camada
vegetal e troca de solo de aterro onde este mostrava-se inadequado.
As sondagens efetuadas apontam solo original de aluvião encimado aterro
por argiloso, na profundidade citada acima.
Fig.5
Fig.6
138
4.2. Fundações
Adotaram-se fundações profundas em estacas tipo pré-moldadas de
concreto, com capacidade de suportar cargas variando desde 15tf até 70tf,
sob blocos de fundação. O sistema de vigas do piso térreo é em concreto
armado, moldadas in loco.
4.3. Estrutura
Os elementos que compõe a estrutura são fabricados em perfis soldados
e/ou conformados a frio em aço patinável (Fig.6). Os elementos principais do
sistema estrutural (por ex.: vigas, pilares e vigas de travamento) são em
perfis compostos por chapas soldadas, ou laminados.
A concepção estrutural foi de pórticos trabalhando transversalmente a obra e
ligações rotuladas, utilizando elementos de contraventamento longitudinal
para estabilização do conjunto, e contraventamentos transversais para
melhorar o funcionamento da laje como diafragma horizontal. A cobertura
forma pórticos transversais com os pilares.
Para as lajes foi utilizado o sistema steel deck, com pintura eletrostática na
cor branca, com espessura final de 150 mm.
4.4. Cobertura
A concepção da cobertura (Fig.6 e
Fig.7) baseia-se em pórticos
metálicos transversais ao edifício
encimados por telhas termo-
acústicas (compostas por dois
perfis de aço galvanizado
trapezoidal separados por
isolamento térmico em lã de rocha), chapas de policarbonato alveolar
garantindo iluminação natural na circulação interior do edifício, e venezianas
industriais, para atendimento ao esquema de ventilação natural.
Fig.7
139
4.5. Vedos
Os vedos externos utilizam painéis pré-moldados de concreto
complementando-se com uso de placas cimentícias (Fig.8). Os painéis
utilizados foram produzidos industrialmente, sendo apenas montados na
obra. Os vãos são vedados com uso de caixilharia tipo pele de vidro.
A estrutura metálica é protegida por placas
de gesso acartonado para áreas úmidas,
com sobreposição por placas de alumínio
composto.
Internamente, os vedos utilizados são
constituidos por divisórias de gesso
acartonado tipo drywall para áreas comuns,
alvenaria de blocos cerâmicos para áreas molhadas e divisórias navais para
áreas de grande alteração de layout.
4.6. Vãos
No sistema de vãos, compõem
as caixilharias externas
esquadrias tipo Pele de Vidro,
com perfis de alumínio
extrudados que recebendo vidro
laminado de 6mm e pintura
eletrostática a pó, utilizando
perfis e acessórios de alumínio
anodizado; venezianas de
alumínio com pintura eletrostática a pó e gradis em aço carbono com pintura
automotiva, utilizando tubos retangulares e barras chatas.
Internamente, o acesso às salas se dá por portas de madeira com visores
em vidro (Fig.10), estabelecendo-se renovação natural de ar através de
venezianas de alumínio.
Fig.8
Fig.9 Fig.10
140
4.7. Paramentos
Os vedos em painéis pré-moldados em concreto utilizados nas fachadas são
empregados sem paramentos, ficando exposta sua coloração natural (Fig.8).
Nas quatro fachadas externas e algumas circulações internas, são utilizados
revestimentos cerâmicos, com rejuntamento espessura 2 mm em cor
aproximada à da cerâmica, havendo juntas de dilatação longitudinais e
transversais. As áreas molhadas também possuem revestimentos
cerâmicos. Também são utilizados revestimento acrílico texturizado sobre
placas cimentícias.
Os pilares apresentam revestimento duplo, primeiramente com gesso
acartonado para áreas úmidas, sobreposto por painéis de alumínio
composto.
Nos vedos internos são utilizados paramentos em cerâmica, laminado
melamínico em alguns trechos e pintura em tinta acrílica em áreas gerais e
tinta látex em áreas
secundárias.
Superfícies metálicas
recebem pintura em
esmalte sintético na
cor branca ou, em
elementos estruturais
específicos, tinta
intumescente / anti-
flama, como proteção passiva contra fogo. Os brises metálicos e gradis em
aço carbono recebem pintura automotiva.
4.8. Pavimentos
É utilizado cimentado liso nas Escadas, Salas técnicas, Depósitos (sob
escadas), Lanchonetes, Serviços, Bancos e Casa de Máquinas. No praça do
piso térreo são utilizadas placas de concreto pré-moldado 60x60cm, sendo
empregadas na composição dos pisos de todos os pavimentos, como
sinalização, placas de concreto pré-moldado 30x30cm com desenhos em
Fig.11 Fig.12
141
alto relevo tipo tátil alerta e tátil direcional com mistura de cimento branco
pigmentado (Fig.13).
Na sala de assistência social, recepção e circulações do pavimento térreo,
restaurante e nas circulações e convívios dos 1º, 2º e 3º pavimentos, são
empregados pisos cerâmicos tipo porcelanato 30x30cm e rejuntamento de
1,5mm à base de cimento e aditivos. Nos sanitários masculino e feminino,
depósito de material de limpeza, utensílios do ambulatório, higienização de
Louças e de Utensílios, Boiler, Copa do Restaurante e áreas dos
Laboratórios, utiliza-se piso cerâmico industrial 30x30cm.
No ambulatório, salas de aula, salas técnicas, manutenção, depósito, salas
de equipamentos é empregado piso vinílico em manta (Fig.12), e pisos de
borracha em placa tipo Tátil são utilizados nas escadas metálicas (Fig.14).
Grades de piso em aço carbono galvanizada a fogo (Fig.15) são
empregadas nos Halls de Escadas e Elevadores de todos os pavimentos e
nas Circulações em frente ao vazio do 1º Pavimento, pertitindo a circulação
de ar entre pisos.
4.9. Instalações eletro-mecânicas
As tubulações secas, parte aparente e parte embutida, são constituídas por
eletrodutos de aço e de PVC (policloreto de vinila) rígido roscáveis. São
empregadas ainda eletrocalhas aparentes em alumínio pintado.
A cabeamento utilizado é de cobre, revestida com isolação sólida de cloreto
de polivinila com cobertura. A iluminação é feita com luminárias
fluorescentes com refletor para duas lampadas fluorescentes convencionais,
de embutir ou sobrepor conforme o tipo de forro, e luminárias fluorescentes
compactas. Nas circulações sob forro, luminárias fluorescentes compactas.
No teto do 3º pavimento e sobre hall de entrada, luminária tipo projetor em
Fig.13 Fig.14 Fig.15
142
Fig.16
chapa de aço tratado com refletor acrílico transparente para lâmpada vapor
metálico.
O sistema de condicionamento artificial de ar está restrito aos laboratórios,
salas de professores, salas técnicas e de informática, sendo utilizado o
sistema do tipo split, ficando as evaporadoras distribuidas nos pavimentos e
as condensadoras instaladas na cobertura do edifício, havendo renovação
de ar através de exaustores.
4.10. Instalações hidro-sanitárias
O projeto de abastecimento de água fria para o edifício é constituído de dois
sistemas independentes e de forma ascendente: Um destinado ao uso com
água potável SABESP e o outro destinado as torneiras de jardins e bacias
sanitárias, com a água de captação de águas pluviais (água de reuso).
A coleta dos efluentes é feita por ramal de descarga individual, que se
interliga com o ramal das bacias sanitárias desaguando então nos tubos
verticais denominados TQ’S (Tubos de Queda). A reunião de todas as
tubulações no piso do pavimento térreo, desagua em caixas de inspeção
tendo como destino final a estação de tratamento de esgoto.
O projeto de escoamento das águas pluviais
prevê a coleta das águas de cobertura através
das calhas projetadas que descem até o piso do
térreo onde são reunidas através de caixas de
passagem formando então, a rede externa de
águas pluviais cujo destino final será ao reservatório subterrâneo de água de
reuso, atualmente em construção (Fig.16).
As tubulações de água fria; esgoto, gordura e ventilação; e águas pluviais e
drenos utilizam tubos e conexões em PVC. As louças e metais sanitários
empregados se utilizam de dispositivos racionalizadores do uso de água. As
bacias sanitárias convencional e com caixa acoplada consomem 6 Lpf, e os
metais sanitários são do tipo fechamento automático por pressão. A
instalação é dotada de registros reguladores de vazão e arejadores com
vazão constante 6L/min.
143
5. Avaliação do desempenho ambiental em função das patologias
ambientais construtivas (Pac) existentes no edifício.
A necessidade de incorporação de critérios ambientais na avaliação de
desempenho vem sido gradualmente aceita no segmento da construção civil,
exemplificado pelo projeto de norma Desempenho de Edifícios Habitacionais
de até Cinco Pavimentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas, em
desenvolvimento, que possui um capítulo referente a adequação ambiental.
Este projeto de norma apenas recomenda a adoção de critérios de
adequação ambiental, pois considera que as técnicas de avaliação do
impacto ambiental resultante das atividades da cadeia produtiva da
construção ainda são objeto de pesquisa e no atual estágio de conhecimento
não é possível estabelecer critérios e métodos de avaliação relacionados à
expressão desse impacto.
A norma ISO 6241 apresenta uma tabela com os Requisitos do Usuário,
juntamente com suas funções. A norma apresenta um total de 14 requisitos,
que são estabilidade, segurança contra fogo, segurança em uso,
estanqueidade, higrotermia, pureza do ar, conforto acústico, conforto visual,
conforto tátil, conforto antropodinâmico, higiene, conveniência de espaços
para usos específicos, durabilidade e economia. Esta norma foi publicada há
mais de vinte anos e quando for revisada, provavelmente deverá incorporar
um novo requisito de usuário referente a adequação ambiental.
Este estudo avalia a possibilidade de adaptação do método de avaliação do
desempenho técnico-construtivo (SIMÕES, 1999) incorporando critérios de
desempenho ambiental construtivo.
5.1 Definição das funções ou sub-itens do requisito Adequação Ambiental
Para aplicação da metodologia de desempenho foram propostos sub-itens
para o requisito Adequação Ambiental, sob os aspectos de consumo de
recursos, produção de poluentes e resíduos e alteração do meio.
144
A tabela a seguir apresenta os sub-itens de adequação ambiental:
15.9 Ruído e Vibrações Geração de ruído de interferência no ambiente interno ao edifíc io
Geração de ruído de interferência ao ambiente externo e/ou viz inhança
Utilização de s istema de isolamento / condicionamento de ruídos existentes
Geração de vibrações de impacto ao ambiente interno
Geração de vibrações de impacto ao ambiente externo
Utilização de s istema de isolamento / condicionamento de vibrações existentes
Intensidade de ruídos gerados comparativamente à média local para a categoria de edificação
15.10 Uso Transporte Proximidade do edifíc io para o usuário
Presença de tranporte coletivo no entorno
Proximidade aos pontos de fornecimento de materias primas
Proximidade dos locais de destinação de resíduos
15.11 Aspectos bioclim aticos Orientação adequada
Utilização de s istemas e materiais construtivos com boa inércia térmica
Utilização de s istemas passivos de condicionamento térmico
Utilização de s istemas passivos de condicionamento de iluminação
Uso de materiais locais
Sub Ítens de Adequação Ambiental Funções
15.1 Consumo energético por unidade de área comparativamente à média local para a categoria de edificação.
Existência de dispositivos racionalizadores para iluminação artific ial
Existência de dispositivos racionalizadores para condicionamento
Uso de equipamentos baseados em combustíveis efic ientes (uso de combustível e emissões)
Existência de sistema de monitoramento do uso de energia
Treinamento e conscientização de usuários para uso racional de energia
Definição de metas de consumo de energia
Utilização de energia renovável (integral, parcial, não utiliza)
Energia incorporada por unidade de área comparativamente à média local para a categoria de edificaçãoGeração de Energia Existência sis tema interno de geração de energia
Tipo de fonte energética produzida (renovável / não renovável)
15.2 Consum o de água Consumo de água por unidade de área comparativamente à média local para a categoria da edificação
Existência de dispositivos racionalizadores de água
Reutilização de águas servidas ou tratadas
Controle da qualidade da água utilizada para consumo
Treinamento de usuários para uso racional de água
Procedimentos internos para uso racional de água
Sistema interno de tratamento de efluentes
Separação águas c inzas e esgoto
Reutilização de águas servidasç p p p gedificação
Grau de tratamento para os efluentes lançados na rede pública (nenhum, parcial, total)
15.3 Comparação de aspectos ambientais dos principais materiais adotados com alternativas disponíveisp p p gedificação
Emprego de materiais de reuso
Emprego de materiais produzidos através de recic lagem
Uso de materiais com menor impacto ambiental
Reutilização/Reciclagem de Materiais
15.4 Geração de Resíduos p p p p
categoria da edificação
Existência de Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Separação de resíduos produzidos conforme categoria
Treinamento de pessoal para identificação e separação de resíduos
Minimização na geração de resíduos
Reutilização de resíduos
Destinação adequada aos resíduos após a saída da obra
15.5 Emissão de Poluentes Produção de poluentes
Emprego de sistema de filtragem e tratamento antes do lançamento na atmosfera
Tipo de poluentes emitidos
15.6 Qualidade do Ar Inte rior Ventilação adequada
Sistema de filtragem
Limpeza do s istema condic ionamento
Controle de odores
Controle microbiológico
15.7 Alteração do Habita t Preservação vegetação natural
Manutenção do perfil natural do terreno
Ocorrência de Impactos na fauna local
Impactos no entorno do sítio
Grau de impermeabilização do solo
Sistema de captação e contenção de águas pluviais
15.8ç p p p g
edificação
Sistema interno de tratamento de efluentes
Grau de tratamento de efluentes antes de lançamento no s istema público
Resíduos Líquidos (Efluentes)
Requisito do Usuário - Adequação Ambiental
Consum o Energético
Trat. e reuso de água servidas
Consum o de Matérias-Primas
145
5.2. Identificação das Patologias Ambientais Construtivas
Esta avaliação se fundamenta nas observações diretas, in loco, em visita
realizada no edifício; através de entrevistas com os principais agentes para a
produção; e através de leitura de projetos e especificações.
Diferentemente da metodologia empregada para avaliação de patologias
construtivas (Pc), nem sempre as Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
são identificáveis avaliando-se a construção, mas também, avaliando-se
processos e projetos. As Pac identificadas, neste estudo, referem-se em sua
maioria a processos e não ao produto, nem sempre se identificando
diretamente com os 10 (dez) orgãos do edifício.
Colaboraram participando deste estudo os seguintes envolvidos na produção
do edifício:
Prof. Dr. Sylvio Barros Sawaya – FAU USP.
Arq. Sérgio Assunção – COESF.
Eng. Joaquim Oviedo – Coordenador de Obras da COESF.
Engª. Leandra Antunes – Fiscal de Obras da COESF.
Eng. Paulo César de Oliveira – Eng. de Contratos – Construtora Santa
Bárbara.
As patologias ambientais construtivas detectadas em número de 21 (vinte e
uma) influíram e influem no desempenho ambiental do planejamento, do
projeto, da obra, dos materiais e das técnicas construtivas utilizadas neste
edifício, que serão analisadas de acordo com a metodologia. Assim sendo,
as patologias ambientais construtivas serão avaliadas segundo os 3 (três)
itens (a, b e c) que se seguem:
- abordagem das patologias ambientais construtivas (Pac), enfatizando
suas origens e reflexos destas nos itens de adequação ambiental
(requisitos dos usuários);
- elaboração de Tabela (de cada órgão e do empreendimento global),
contendo aspectos quantitativos da origem das patologias vinculadas às
deficiências e inadequações do (a): projeto, execução das obras,
gerenciamento, materiais utilizados, com os respectivos reflexos nos
itens do adequação ambiental.
146
- os resultados obtidos desta avaliação serão hierarquizados face às
origens das patologias construtivas e os reflexos no desempenho
ambiental aos requisitos dos usuários.
A seguir a pormenorização destes 3 (três) itens junto a cada órgão deste
edifício ou ao empreendimento como um todo.
5.2.1 Terrapleno
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 - Detectados, durante sondagens e obra, resíduos orgânicos sob aterro
existente. A gleba onde foi implantado o edifício já encontrava-se
previamente aterrada, pois foi utilizada como bota-fora para obras de
construção da rodovia contígua, não havendo procedimentos para
separação de resíduos. Sua origem vincula-se a:
Execução deficiente – não prevista a separação de resíduos e
conseqüencias ambientais resultantes do aterro, durante o uso anterior /
bota-fora.
A deficiência da execução reflete no seguinte sub-ítem de desempenho:
(15.7) Alteração do Habitat
Pac2 – Não especificado destino para material vegetal/orgânico, resultante
de serviços de terraplanagem durante a implantação da obra. A origem
desta patologia de processo vincula-se a:
Gerenciamento deficiente – aspectos ambientais insuficientes em
procedimentos e exigências para contratações.
Execução deficiente – incorporação restrita de aspectos ambientais em
procedimentos
Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:
(15.4) Resíduos sólidos, (15.7) Alteração do habitat e (15.10) uso de
tranporte.
147
b) Tabela 5.1. – Terrapleno – Patologias ambientais construtivas, origens e
reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
As 2 (duas) patologias ambientais construtivas (Pac) do terrapleno deste
edifício, tiveram origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 01 (uma)
patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-construtivo desse
terrapleno em 12,5% (3º lugar).
- A execução da obra - com suas deficiências, participa de 2 (duas)
patologias (p1 e p2), refletindo nos itens de desempenho técnico-
construtivo em 50% (1º lugar).
- O gerenciamento – também com suas deficiências, participa de 01 (uma)
patologia (p2), refletindo nos itens de desempenho em 37,5% (2º lugar).
Com base nos dados da tabela T.5.1., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
foram:
50 % - Alteração do habitat (15.7)
25 % - Resíduos sólidos (15.4)
25 % - Uso de transporte (15.10)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de: execução da obra
(50%) e gerenciamento (37,5%) foram os maiores responsáveis pela origem
dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho do
terrapleno.
Tabela 5.1 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Terrapleno Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Uso
de M
até
rias-
Pri
ma
s
Resí
duos
Sólid
os
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P2 1 1 12,5 3Execução da Obra P1, P2 1 2 1 4 50 1Gerenciamento P2 1 1 1 3 37,5 2MaterialTotais 2 4 2 8(%) porcentagem 25 50 25Classificação 2 1 2
Requisito Usuário
Patolo-gias
148
Os itens do desempenho citados, que sofreram maior número de reflexos
dessas patologias, representam 87,5% do total.
5.2.2 Fundações
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 – Não utilização de agregados reciclados em concreto para blocos de
fundação. Sua origem vincula-se a:
Projeto deficiente – aspecto não especificado em projeto.
Gerenciamento deficiente – aspecto não previsto em contrato.
Material deficiente – concreto usinado não atende este requisito.
A deficiência da execução reflete no seguinte sub-ítem de desempenho:
15.1, 15.3, 15.4, 15.10
b) Tabela 5.2. – Fundações – Patologias ambientais construtivas, origens e
reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
A patologia ambiental construtiva (Pac) da fundação deste edifício, teve
origem e reflexo no seu desempenho, conforme segue:
- O projeto – com suas deficiências e inadequações – 1 (uma) patologia.
- O gerenciamento – também com suas deficiências – 1 (uma) patologia.
- Os materiais – também com suas deficiências – 1 (uma) patologia.
Com base nos dados da tabela T.5.2., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
Tabela 5.2 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Fundações Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Co
nsu
mo
En
erg
étic
o /
G
era
ção
de
En
erg
iaC
on
sum
o d
e á
gu
a /
T
rat.
e r
eu
so d
e á
gu
a
serv
ida
sC
on
sum
o d
e M
até
ria
s-P
rim
as
Ge
raçã
o d
e R
esí
du
os
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qu
alid
ad
e d
o A
r In
teri
or
Alte
raçã
o d
o H
ab
itat
Re
síd
uo
s L
íqu
ido
s (E
flue
nte
s)
Ru
ído
e V
ibra
çõe
s
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1 1 1 1 1 4 33,33Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 1 4 33,33Material P1 1 1 1 1 4 33,33Totais 3 3 3 3 12(%) porcentagem 25 25 25 25Classificação
Requisito Usuário
Patolo-gias
149
foram:
25 % - Consumo energético (15.1)
25 % - Consumo de matérias-primas (15.3)
25 % - Resíduos sólidos (15.4)
25 % - Uso de transporte (15.10)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (33.3%),
gerenciamento (33.3%) e materiais (33.3%) foram igualmente responsáveis
pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho
das fundações.
5.2.3 Estrutura
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 – Utilização de materiais com origem em Brasília, distante do local da
obra, problema ocorrendo também na produção do produto, que utiliza
matérias-primas obtidas em Minas Gerais, a longa distancia da indústria.
Tem sua origem vinculada a :
Projeto deficiente – não considerou este aspecto como critério para
especificação.
Execução deficiente - não considerou este aspecto como critério para
compra.
Gerenciamento deficiente – não determinadas restrições ou condições
para este aspecto.
Material deficiente – não considerou este aspecto como critério para
seleção das matérias-primas
As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.1)
Consumo energético, (15.3) Consumo de matérias primas, (15.5) Emissão
de poluentes, (15.9) ruídos e vibrações, (15.10) Uso de transporte.
b) Tabela 5.3. – Estrutura – Patologias ambientais construtivas, origens e
reflexos nos itens do desempenho ambiental
150
c) Resultados obtidos
A patologia ambiental construtiva (Pac) da estrutura deste edifício, teve
origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- Projeto, execução da obra, gerenciamento e materiais – com suas
deficiências e inadequações, participam de 01 (uma) patologia (p1),
refletindo no desempenho técnico-construtivo da estrutura em 25% cada,
portanto de maneira eqüanime.
Com base nos dados da tabela T.5.3., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
foram:
20 % - Consumo energético (15.1)
20 % - Matérias primas (15.3)
20 % - Emissão de poluentes (15.5)
20 % - Ruídos e Vibrações (15.9)
20 % - Uso de transporte (15.10)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (25%),
gerenciamento (25%), execução (25%) e materiais (25%) foram igualmente
responsáveis pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no
desempenho da estrutura.
Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas
patologias.
Tabela 5.3 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Estrutura Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Consu
mo d
e M
até
rias-
Pri
ma
s
Gera
ção d
e R
esí
duos
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1 1 1 1 1 1 5 25 1Execução da Obra P1 1 1 1 1 1 5 25 1Gerenciamento P1 1 1 1 1 1 5 25 1Material P1 1 1 1 1 1 5 25 1Totais 1/4 4 4 4 4 4 20(%) porcentagem 20 20 20 20 20Classificação 1 1 1 1 1
Requisito Usuário
Patolo-gias
151
5.2.4 Cobertura
Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.
5.2.5 Vedos
Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.
5.2.6 Pavimentos
Pac1 – Utilização de materiais emitentes de Compostos Organicos Voláteis
(VOCs) espontaneamente e/ou quando submetidos a situação de
incêndio. Tem sua origem vinculada a :
Projeto deficiente – não considerou este aspecto como critério para
especificação.
Gerenciamento deficiente – não determinadas restrições ou condições
para este aspecto.
Material deficiente – não considerou este aspecto como critério para
seleção das matérias-primas
As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.3)
Matérias primas, (15.5) Emissão de poluentes, (15.6) qualidade do ar
interior.
b) Tabela 5.6. – Pavimentos – Patologias ambientais construtivas, origens e
reflexos nos itens do desempenho ambiental.
c) Resultados obtidos
A patologia ambiental construtiva (Pac) da estrutura deste edifício, teve
Tabela 5.6 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Pavimentos Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Consu
mo d
e M
até
rias-
Pri
ma
s
Gera
ção d
e R
esí
duos
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1 1 1 1 3 33,33 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 3 33,33 1Material P1 1 1 1 3 33,33 1Totais 1/3 3 3 3 9(%) porcentagem 33,33 33,33 33,33Classificação 1 1 1
Requisito Usuário
Patolo-gias
152
origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 01 (uma)
patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-construtivo desse
terrapleno em 33,3%.
- O gerenciamento – com suas deficiências, participa de 1 (uma) patologia
(p1), refletindo nos itens de desempenho técnico-construtivo em 33,3%.
- Os materiais – com suas deficiências, participa de 1 (uma) patologia (p1),
refletindo nos itens de desempenho técnico-construtivo em 33,3%.
Com base nos dados da tabela T.5.6., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
foram:
33,3 % - Matérias Primas (15.3)
33,3 % - Emissão de poluentes (15.5)
33,3 % - Qualidade do ar interior (15.6)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (33,3%),
gerenciamento (33,3%) e materiais (33,3%) foram igualmente responsáveis
pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho
da estrutura.
Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas
patologias.
5.2.7 Vãos
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 - Utilização de venezianas não permite controle de qualidade do ar e
filtragem. Sua origem vincula-se a:
Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto
qualidade do ar na especificação e soluções de projeto
Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto
qualidade do ar em procedimentos e exigências contratuais.
A deficiência reflete no seguinte sub-ítem de desempenho: (15.6)
Qualidade do ar interior
153
Pac2 – Utilização de materiais com baixa inércia térmica.
A origem desta patologia de processo vincula-se a:
Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto
desempenho termico nas especificações.
Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto
desempenho termico em procedimentos e exigências contratuais.
Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:
(15.1) Consumo energético e (15.11) Aspectos bioclimáticos.
Pac3 – Sistema de esquadrias da fachada, que utiliza veneziana em
combinação com janelas tipo maxim-ar com vidro simples, não prevê
isolamento acústico, particularmente a face Nordeste, voltada para a
rodovia. A origem desta patologia de processo vincula-se a:
Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto
desempenho acústico nas especificações.
Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto
desempenho acústico em procedimentos e exigências contratuais.
Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:
(15.9) Ruídos e vibrações.
b) Tabela 5.7. – Vãos – Patologias ambientais construtivas, origens e
reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
As 3 (três) patologias ambientais construtivas (Pac) dos vãos deste edifício,
Tabela 5.7 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Vãos Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Consu
mo d
e M
até
rias-
Pri
ma
s
Gera
ção d
e R
esí
duos
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1,P2,P3 1 1 1 1 4 50Execução da ObraGerenciamento P1,P2,P3 1 1 1 1 4 50MaterialTotais 3/9 2 2 2 2 8(%) porcentagem 25 25 25 25Classificação
Requisito Usuário
Patolo-gias
154
tiveram origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 03 (três)
patologias (p1, p2 e p3), refletindo no desempenho técnico-construtivo
desse terrapleno em 50%.
- O gerenciamento – com suas deficiências e inadequações, participa de
03 (três) patologias (p1, p2 e p3), refletindo no desempenho técnico-
construtivo desse terrapleno em 50%.
Com base nos dados da tabela T.5.7., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
foram:
25 % - Consumo energético (15.1)
25 % - Qualidade do ar interior (15.6)
25 % - Ruídos e vibrações (15.9)
25 % - Aspectos bioclimáticos (15.1)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e
gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas
patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.
Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas
patologias.
5.2.8 Paramentos
Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.
5.2.9 Equimentos Eletro-Mecânicos
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 – Ausência de sistema de geração de energia para consumo nem total
nem parcial à demanda interna, excetuando-se sistema de geração de
energia para falhas no fornecimento da concessionária, utilizando
combustíveis fósseis para funcionamento. Tem sua origem vinculada a :
Projeto deficiente – não previu sistema de auto-suficiência energética
parcial nem total.
Gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto.
155
As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.1)
Consumo energético, (15.3) Consumo de matérias primas, (15.5) Emissão
de poluentes.
b) Tabela 5.9. – Equipamentos Eletro-mecânicos – Patologias ambientais
construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
A patologia ambiental construtiva (Pac) dos equipamentos eletro-mecânicos
deste edifício, teve origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- Projeto e gerenciamento – com suas deficiências e inadequações,
participam de 01 (uma) patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-
construtivo da estrutura em 50% cada, portanto de maneira eqüanime.
Com base nos dados da tabela T.5.10., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias dos
equipamentos eletro-mecânicos foram:
33,3 % - Consumo energético (15.1)
33,3 % - Matérias primas (15.3)
33,3 % - Emissão de poluentes (15.5)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e
gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas
patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.
Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas
patologias.
Tabela 5.9 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Equipamentos Eletro-Mecân. Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Consu
mo d
e M
até
rias-
Pri
ma
s
Gera
ção d
e R
esí
duos
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1 1 1 1 3 50 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 3 50 1MaterialTotais 1/2 2 2 2 6(%) porcentagem 33,33 33,33 33,33Classificação 1 1 1
Requisito Usuário
Patolo-gias
156
5.2.10 Equimentos Hidro-Sanitários
a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)
Pac1 – Não prevista separação de águas cinzas (provenientes ralos de piso,
pias e chuveiros) e esgoto (provenientes de vasos sanitários, mictórios e
outros) , sendo misturados antes de lançados nos tubos de queda (TQs).
Consequentemente não é possível o reúso de águas cinzas. Tem sua
origem vinculada a :
Projeto deficiente – não previu separação de efluentes visando
reaproveitameto.
Gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este
aspecto.
A deficiência refletem no seguinte item de desempenho: (15.2) Consumo
de água e (15.8) Resíduos líquidos (Efluentes).
b) Tabela 5.10. – Equipamentos Hidro-Sanitários – Patologias ambientais
construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
A patologia ambiental construtiva (Pac) dos equipamentos hidro-sanitários
deste edifício, teve origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:
- Projeto e gerenciamento – com suas deficiências e inadequações,
participam de 01 (uma) patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-
construtivo da estrutura em 50% cada, portanto de maneira eqüanime.
Com base nos dados da tabela T.5.10., os itens de desempenho que
Tabela 5.10 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Equipamentos Hidro-Sanit. Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Consu
mo d
e M
até
rias-
Pri
ma
s
Gera
ção d
e R
esí
duos
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
Projeto P1 1 1 2 50 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 2 50 1MaterialTotais 1/2 2 2 4(%) porcentagem 50 50Classificação 1 1
Requisito Usuário
Patolo-gias
157
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias dos
equipamentos eletro-mecânicos foram:
50 % - Consumo de água (15.2)
50 % - Resíduos Líquidos (15.3)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e
gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas
patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.
Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas
patologias.
3.5.3. Identificação de Patologias Ambientais Construtivas e de
Procedimentos no empreendimento
Foram identificadas diversas patologias não vinculadas a orgãos do edifício
individualmente, mas ao processo de produção do empreendimento de
maneira global, que são descritas a seguir:
a) Patologias Ambientais Construtivas e de Procedimentos (Pac)
Pac1 - Ausência de Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Sua origem
vincula-se a:
projeto deficiente – não emprega SGA
execução deficiente - não emprega SGA
gerenciamento deficiente - não emprega SGA
materiais deficientes – não fornecimento de informações necessárias ao
comprador.
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,
15.5, 15.6, 15.7, 15.8, 15.9, 15.10, 15.11
Pac2 – Insuficiência de profissionais habilitados para questões de
sustentabilidade de projeto e construção.
projeto deficiente – profissionais empregam apenas parte dos critérios
ambientais
execução deficiente – profissionais consideram normalmente apenas
gestão da qualidade.
158
gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,
15.5, 15.6, 15.7, 15.8, 15.9, 15.10, 15.11
Pac3 – Avaliação ambiental não interferiu em todas as etapas de produção
do edifício.
projeto deficiente – não efetuou avaliação ambiental em todos os aspectos
de projeto
execução deficiente - não efetuou avaliação ambiental de todos os
procedimentos
gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,
15.5, 15.6, 15.8, 15.9, 15.10
Pac4 – Ausência de monitoramento de poluição
execução deficiente – não efetuou monitoramento
gerenciamento deficiente – não efetuou monitoramento e não estabeleceu
exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.2, 15.4, 15.5, 15.6,
15.8, 15.9, 15.10,
Pac5 – Ausência ou inoperância de Programa de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos (PGRS).
execução deficiente – exigência legal não integralmente cumprida
gerenciamento deficiente – fiscalização insuficiente
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.3, 15.4, 15.10
Pac6 – Não utilização de critérios de desempenho ambiental para seleção
de materiais.
projeto deficiente – priorizados outros aspectos em detrimento ao
desempenho ambiental
gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto
materiais deficientes – fornecimento insuficiente de informações
necessárias ao comprador e/ou produto com desempenho ambiental
inadequado
As deficiências em referência refletem nos itens15.1, 15.2, 15.3, 15.4, 15.5,
159
15.6, 15.10
Pac7 – Ausência de acompanhamento ambiental do ciclo de vida de
produtos, processos e serviços.
projeto deficiente – não deu preferência a produtos com informações
adequadas
gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto
materiais deficientes – fornecimento insuficiente de informações
necessárias ao comprador e/ou produto com desempenho ambiental
inadequado
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,
15.5, 15.10
Pac8 – Emprego de materiais de reuso, reciclados ou recicláveis apenas em
casos isolados.
projeto deficiente – critério não utilizado sistematicamente
gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,
15.5, 15.10
Pac9 – Ausencia de sistema de monitoramento e racionalização do consumo
de energia durante a obra.
execução deficiente – monitoramento de consumo de energia sem metas
de racionalização
gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1
Pac10 – Existência de gerenciamento do uso de água durante a obra
apenas sob aspecto custo, sem estabelecimento de metas de redução do
consumo de água e treinamento de pessoal para esta finalidade.
execução deficiente - monitoramento de consumo de água sem metas de
racionalização
gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto
As deficiências em referência refletem nos itens: 15.2
Pac11 – Descontinuidade do sistema de coleta seletiva de resíduos durante
a obra.
160
execução deficiente - exigência legal, como parte do PGRS, não
integralmente cumprida
gerenciamento deficiente - fiscalização insuficiente
As deficiências em referência refletem no item: 15.4
b) Tabela 5.11. – Empreendimento Global – Patologias ambientais
construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental
c) Resultados obtidos
As 11 (onze) patologias ambientais construtivas e de procedimentos (Pac)
do empreendimento, tiveram origem e reflexos no seu desempenho,
conforme segue:
- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 6 (seis)
patologias (p1, p2, p3, p6, p7 e p8), refletindo no desempenho técnico-
construtivo desse terrapleno em 26,8% (2º lugar).
- A execução da obra - com suas deficiências, participa de 8 (oito)
patologias (p1, p2, p3, p4, p5, p9, p10 e p11), refletindo nos itens de
desempenho técnico-construtivo em 20,1% (3º lugar).
- O gerenciamento – também com suas deficiências, participa de 11 (onze)
patologias (p1 a p11), refletindo nos itens de desempenho em 39,6% (1º
lugar).
- Os materiais – participam com suas deficiencias de 3 (tres) patologias
Tabela 5.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Empreendimento Global Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Origem das Patologias Consu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Uso
de M
até
rias-
Pri
ma
s
Gere
nci
am
ento
de
Resí
duos
Sólid
os
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
ProjetoP1, P2, P3, P6, P7, P8 4 4 6 2 3 5 2 3 2 6 3 40 26,8 2
Execução da Obra
P1, P2, P3, P4, P5, P9, P10, P11 4 4 2 6 4 2 3 2 3 30 20,1 3
Gerenciamento
P1, P2, P3, P4, P5, P6, P8, P9, P10, P11 6 6 6 8 7 5 5 4 3 6 3 59 39,6 1
Material P1, P6, P7 3 3 3 2 3 1 1 1 3 20 13,4 4Totais 11/27 17 17 17 18 17 11 10 11 7 18 6 149(%) porcentagem 11,4 11,4 11,4 12,1 11,4 7,4 6,7 7,4 4,7 12,1 4,0Classificação 2 2 2 1 2 3 4 3 5 1 6
Requisito Usuário
Patolo-gias
161
(p1, p6 e p7), refletindo nos itens de desempenho em 13,4% (4º lugar).
Com base nos dados da tabela T.5.11., os itens de desempenho que
sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno
foram:
12,1 % - gerenciamento de resíduos sólidos (15.4)
12,1 % - uso de transporte (15.10)
11,4 % - consumo energético (15.1)
11,4 % - Consumo de água (15.2)
11,4 % - Uso de matérias primas (15.3)
11,4 % - Emissão de poluentes (15.5)
Face ao exposto, as deficiências e inadequações de: projeto (26,8%) e
gerenciamento (39,6%) foram os maiores responsáveis pela origem dessas
patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho ambiental global do
empreendimento.
Os itens do desempenho citados, que sofreram maior número de reflexos
dessas patologias, representam 57,7% do total.
162
6. Tabulação, análise e hierarquização dos dados obtidos na avaliação
das patologias ambientais construtivas.
4.6.1. Aspectos quantitativos
Os dados obtidos estão inseridos nas tabelas T.5.1. a T.5.10 e T.5.A, que
por sua vez, permitiram a hierarquização dos resultados vinculados às
origens das patologias, pelas deficiências e inadequações do: projeto,
execução da obra, gerenciamento e materiais sobre os 10 (dez) órgãos do
edifício em questão e do empreendimento global e seus reflexos nos itens
do desempenho ambiental – requisitos dos usuários – cujos pormenores se
seguem:
Os quantitativos contidos na tabela T.5.11 (página seguinte) revela que:
O número total das patologias ambientais construtivas é de 21.
Obs.: estas patologias podem simultaneamente se originar por deficiência do
projeto, execução da obra, gerenciamento e materiais, em cada órgão desse
edifício. Assim sendo, sua totalização de ocorrências é de 216 (T.5.11.).
Esta tabela também contém os quantitativos das origens das patologias
conforme segue:
O projeto responde por 62 patologias / 28,7% do total (2o lugar).
A execução da obra responde por 39 patologias / 18,1% do total (3o lugar).
O gerenciamento responde por 83 patologias / 38,4% do total (1o lugar).
Os materiais respondem por 32 patologias / 14,8% do total (4o lugar).
Tabela – T.5.11. - Edifício - USP Leste - Escola de Artes, Ciências e
Humanidades - Edifício I1 – USP/SP. Quantitativos das patologias
ambientais construtivas originadas pelo projeto, execução das obras,
gerenciamento e materiais sobre 10 órgãos do edifício e empreendimento
global.
163
Obs.: os quantitativos desta tabela T.5.11 foram extraídos das tabelas T.5.1
a T.5.10. e T.5.A.
Com base na Tabela T.6.11., é apresentada abaixo tabela com os órgãos
deste edifício que contêm maior número incidente de patologias ambientais
construtivas (Pac), expressas em porcentagem, ressaltando-se o fato que
patologias que incidem no empreendimento de maneira global, classificada
em 1º lugar, não estão vinculadas a algum órgão específicamente.
class. órgão n.o
Pac(%) class. órgão n.o
Pac(%)
(1o) Empreendimento 149 69,0 (5o) Vãos 8 3,7
(2o) Estrutura 20 9,3 (6o) Equip.Eletro-Mecan.
6 2,8
(3o) Fundação 12 5,6 (7o) Equ. Hidro-Sanitárias
4 1,9
(4o) Pavimentos 9 4,2
6.2 Hierarquização dos reflexos das patologias construtivas originadas
pelos Projetos sobre os órgãos deste edifício relacionadas com os itens do
desempenho ambiental.
Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram
reflexos das patologias construtivas originadas pelo projeto, encontram-se
Tabela 6.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
Nº Orgão
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat % % Class
1 Terrapleno 2 1 12,5 4 50,0 3 37,5 8 100 3,7 52 Fundação 1 4 33,3 4 33,3 4 33,3 12 100 5,6 33 Estrutura 1 5 25,0 5 25,0 5 25,0 5 25,0 20 100 9,3 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 3 33,3 3 33,3 3 33,3 9 100 4,2 47 Vãos 3 4 50,0 4 50,0 8 100 3,7 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 3 50,0 3 50,0 6 100 2,8 6
10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 2 50,0 2 50,0 4 100 1,9 7Global Empreendimento global 11 40 26,8 30 20,1 59 39,6 20 13,4 149 100 69,0 1
Totais 21 62 28,7 39 18,1 83 38,4 32 14,8 216 100 100,0Classificação
Obra Gerenciam. Material Totais
2 3 1 4
Nº Total
Patolog
Projeto
Quantitativos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto, execução das obras, gerenciamento e materiais sobre os 10 órgãos do edifício
164
na T.6.12., que vem a seguir:
Obs.: para elaboração da tabela T.6.12 e as demais até T.6.15., são
utilizados os dados contidos nas tabelas T.5.1. a T.5.10., as quais contêm os
quantitativos das patologias ambientais construtivas, suas origens e reflexos
nos itens do desempenho ambiental, envolvendo cada órgão desse edifício e
este de maneira global.
Com base nas tabelas T.6.11 e T.6.12, conclui-se que:
projeto: com suas deficiências, responde por 28,7% (2.o lugar) das
patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;
participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em
62 vezes;
suas patologias construtivas refletem no desempenho técnico dos órgãos
deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:
global (64,5%) pavimentos(6,5%)
estrutura (8,1%) fundação(6,5%)
somatória dos órgãos mais críticos (85,6%)
Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais
reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre
os órgãos deste edifício são:
(15.3) uso de matérias primas (16,1%) (15.6) qualidade ar interior (11,3%)
Tabela 6.12 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Nº Orgão C
on
sum
o E
ne
rgé
tico
/
Ge
raçã
o d
e E
ne
rgia
Co
nsu
mo
de
ág
ua
/
Tra
t. e
re
uso
de
ág
ua
se
rvid
as
Uso
de
Ma
téri
as-
Prim
as
Ge
ren
cia
me
nto
de
R
esí
du
os
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qu
alid
ad
e d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
ab
itat
Re
síd
uo
s L
íqu
ido
s (E
flue
nte
s)
Ru
ído
e V
ibra
çõe
s
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
1 Terrapleno 1 1 1,6 62 Fundação 1 1 1 1 4 6,5 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 8,1 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 4,8 47 Vãos 1 1 1 1 4 6,5 38 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 1 1 3 4,8 4
10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 1 2 3,2 5Global Empreendimento global 4 4 6 2 3 5 2 3 2 6 3 40 64,5 1
Totais 8 5 10 3 6 7 3 4 4 8 4 62(%) porcentagem 12,9 8,1 16,1 4,8 9,7 11,3 4,8 6,5 6,5 12,9 6,5Classificação 2 5 1 7 4 3 7 6 6 2 6
Requisito Usuário
Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto sobre os itens de desempenho ambiental
Orgãos
165
(15.1) consumo energético (12,9%) (15.5) emissão de poluentes (9,7%)
(15.10) uso de transporte (12,9%) (15.2) consumo de água (8,1%)
somatória dos itens mais críticos (71%)
Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois
representam respectivamente 85,6% e 71% dos seus totais.
6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pela execução
da obra sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do
desempenho ambiental.
Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram
reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pela execução
da obra encontram-se na tabela T.6.13. que vem a seguir.
Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.13. conclui-se que:
Execução da obra: com suas deficiências, responde por 18,1% (3.o lugar)
das patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;
participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em
39 vezes;
suas patologias construtivas refletem no desempenho técnico dos órgãos
Tabela 6.13 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Nº Orgão C
on
sum
o E
ne
rgé
tico
/
Ge
raçã
o d
e E
ne
rgia
Co
nsu
mo
de
ág
ua
/
Tra
t. e
re
uso
de
ág
ua
se
rvid
as
Uso
de
Ma
téri
as-
Prim
as
Ge
ren
cia
me
nto
de
R
esí
du
os
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qu
alid
ad
e d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
ab
itat
Re
síd
uo
s L
íqu
ido
s (E
flue
nte
s)
Ru
ído
e V
ibra
çõe
s
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
1 Terrapleno 1 2 1 4 10,3 32 Fundação3 Estrutura 1 1 1 1 1 5 12,8 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos7 Vãos8 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos
10 Equipamentos Hidro-SanitáriosGlobal Empreendimento global 4 4 2 6 4 2 3 2 3 30 76,9 1
Totais 5 4 3 7 5 4 3 3 5 39(%) porcentagem 12,8 10,3 7,7 17,9 12,8 10,3 7,7 7,7 12,8Classificação 2 3 4 1 2 3 4 4 2
Requisito Usuário
Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pela execução da obra sobre os itens de desempenho ambiental
Orgãos
166
deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:
global (76,9%) estrutura (12,5%) terrapleno(10,3%)
somatória dos órgãos mais críticos (76,9%)
Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais
reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre
os órgãos deste edifício são:
(15.4) Resíduos sólidos (17,9%) (15.10) uso de transporte (12,8%)
(15.1) consumo energético (12,8%) (15.2) consumo de água (10,3%)
(15.5) emissão de poluentes (12,8%) (15.11) alteração do habitat (10,3%)
somatória dos itens mais críticos (76.9%)
Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois
representam respectivamente 100% e 76,9% dos seus totais.
6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pelo
gerenciamento sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do
desempenho ambiental.
Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram
reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pelo
Tabela 6.14 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Nº Orgão C
on
sum
o E
ne
rgé
tico
/
Ge
raçã
o d
e E
ne
rgia
Co
nsu
mo
de
ág
ua
/
Tra
t. e
re
uso
de
ág
ua
se
rvid
as
Uso
de
Ma
téria
s-P
rim
as
Ge
ren
cia
me
nto
de
R
esí
du
os
Só
lido
s
Em
issã
o d
e P
olu
en
tes
(ar)
Qu
alid
ad
e d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
ab
itat
Re
síd
uo
s L
íqu
ido
s (E
flue
nte
s)
Ru
ído
e V
ibra
çõe
s
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
To
tais
% Cla
ssifi
caçã
o
1 Terrapleno 1 1 1 3 3,6 42 Fundação 1 1 1 1 4 4,8 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 6,0 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 3,6 47 Vãos 1 1 1 1 4 4,8 38 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 1 1 3 3,6 4
10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 1 2 2,4 5Global Empreendimento global 6 6 6 8 7 5 5 4 3 6 3 59 71,1 1
Totais 10 7 10 10 10 7 6 5 5 9 4 83(%) porcentagem 12,0 8,4 12,0 12,0 12,0 8,4 7,2 6,0 6,0 10,8 4,8Classificação 1 3 1 1 1 3 4 5 5 2 6
Requisito Usuário
Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo gerenciamento sobre os itens de desempenho ambiental
Orgãos
167
gerenciamento encontram-se na tabela T.6.14.
Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.14. conclui-se que:
Gerenciamento: com suas deficiências, responde por 38,4% (1.o lugar) das
patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;
participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em
83 vezes;
suas patologias construtivas refletem no desempenho ambiental dos órgãos
deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:
global (71,1%) estrutura (6,0%) vãos(4,8%) fundação (4,8%)
somatória dos órgãos mais críticos (86,7%)
Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais
reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre
os órgãos deste edifício são:
(15.4) Resíduos sólidos (12,0%) (15.3) uso de matérias primas (12,0%)
(15.1) consumo energético (12,0%) (15.10) uso de transporte (10,8%)
(15.5) emissão de poluentes (12,0%)
somatória dos itens mais críticos (58,8%)
Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois
representam respectivamente 86,7% e 58,8% dos seus totais.
6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pelos materiais
sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do desempenho
ambiental.
Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram
reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pelos materiais
encontram-se na tabela T.6.15.
168
Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.15. conclui-se que:
Materiais: com suas deficiências, respondem por 14,8% (4.o lugar) das
patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;
participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em
32 vezes;
Suas patologias construtivas refletem no desempenho ambiental dos órgãos
deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:
global (62,5%) estrutura (15,6%)
somatória dos órgãos mais críticos (78,1%)
Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais
reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre
os órgãos deste edifício são:
(15.3) uso de matérias primas (18,8%) (15.10) uso de transporte (15,6%)
(15.1) consumo energético (15,6%) (15.2) consumo de água (9,4%)
(15.5) emissão de poluentes (15,6%)
somatória dos itens mais críticos (75%)
Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois
representam respectivamente 78,1% e 75% dos seus totais.
Tabela 6.15 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11
Nº Orgão C
onsu
mo E
nerg
étic
o /
Gera
ção d
e E
nerg
iaC
onsu
mo d
e á
gua /
Tra
t. e r
euso
de á
gua
serv
idas
Uso
de M
até
rias-
Prim
as
Gere
nci
am
ento
de
Resí
duos
Sólid
os
Em
issã
o d
e P
olu
ente
s (a
r)
Qualid
ade d
o A
r In
terio
r
Alte
raçã
o d
o H
abita
t
Resí
duos
Líq
uid
os
(Eflu
ente
s)
Ruíd
o e
Vib
raçõ
es
Uso
Tra
nsp
ort
e
Asp
ect
os
bio
clim
atic
os
Tota
is
% Cla
ssifi
caçã
o
1 Terrapleno2 Fundação 1 1 1 1 4 12,5 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 15,6 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 9,4 47 Vãos8 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos
10 Equipamentos Hidro-SanitáriosGlobal Empreendimento global 3 3 3 2 3 1 1 1 3 20 62,5 1
Totais 5 3 6 3 5 2 1 1 1 5 32(%) porcentagem 15,6 9,4 18,8 9,4 15,6 6,3 3,1 3,1 3,1 15,6Classificação 2 3 1 3 2 4 5 5 5 2
Requisito Usuário
Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelos materiais sobre os itens de desempenho ambiental
Orgãos
169
6.6. – Porcentagem das médias finais – Hierarquização e participação das
(Pac) com suas origens sobre o edifício e seus órgãos e reflexos nos itens
do desempenho ambiental.
Com base nos dados da Tabela T.6.16., hierarquiza-se abaixo, a
participação das patologias ambientais construtivas originadas pelo projeto,
execução da obra, gerenciamento e materiais e os reflexos das mesmas
sobre os itens do desempenho ambiental – requisitos dos usuários sobre o
edifício e seus os 10 órgãos, conforme segue:
*(1º) global (68,8%) (5º) terrapleno (3,9%)
*(2º) estrutura (10,6%) (6º) vãos (2,8%)
*(3º) fundação(5,9%) (7º) Equipamentos Eletro-mecânicos (2,1%)
(4º) pavimentos(4,5%) (8º) Equipamentos Hidro-sanitários (1,4%)
*somatória dos órgãos mais críticos (85,3%)
Os órgãos assinalados com (*) representam 85,3% do total, portanto a
maioria, caracterizando-se como aqueles que sofreram maior número de
reflexos nos itens do desempenho pela ação das patologias construtivas
deste edifício.
Tabela 6.16 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1
Nº Orgão % hie
Nº Pat %
Nº Pat %
Nº Pat % % M. Class
1 Terrapleno 1,6 6 10,3 3,0 3,6 4,0 15,5 3,9 52 Fundação 6,5 3 4,8 3,0 12,5 3,0 23,8 5,9 33 Estrutura 8,1 2 12,8 2,0 6,0 2,0 15,6 2,0 42,5 10,6 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 4,8 4 3,6 4,0 9,4 4,0 17,8 4,5 47 Vãos 6,5 3 4,8 3,0 11,3 2,8 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 4,8 4 3,6 4,0 8,5 2,1 6
10 Equipamentos Hidro-Sanitários 3,2 5 2,4 5,0 5,6 1,4 7Global Empreendimento global 64,5 1 76,9 1,0 71,1 1,0 62,5 1,0 275 68,8 1
Referencias 100,0
Porcentagem das Médias Finais – Hierarquização e participação das Pac com suas origens sobre o edifício e seus órgãos e reflexos nos itens do desempenho
T.6.13 T.6.14 T.6.15
Obra Gerenciam. Material Totais
T.6.12
Projeto
170
CONSIDERAÇÕES
A metodologia para avaliação do desempenho técnico – construtivo em
função das patologias construtivas (Pc) existentes nos órgãos do edifício
identifica patologias físicas no edifício, relacionando-as com suas origens e
reflexos.
A adaptação da metodologia de referência à avaliação de desempenho
ambiental construtivo apresenta diferenças quanto à forma de identificação
das patologias ambientais, pois estas não são sempre e vinculadas aos
orgãos do edifício, podendo ser identificáveis no edifício de maneira global ,
no projeto ou ainda nos processos construtivos.
Os resultados apresentados refletem esta diferença, levantando patologias
globais, além das vinculadas aos orgãos do edifício.