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Universidade de São Paulo FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL EM PROJETOS – PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS – CLAUDIO DE CAMPOS Arquiteto SÃO PAULO Estado de São Paulo - Brasil Fevereiro de 2007

Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

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Universidade de São PauloFACULDADE DE ARQUITETURA

E URBANISMO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

EM PROJETOS

– PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS –

CLAUDIO DE CAMPOS

Arquiteto

SÃO PAULO

Estado de São Paulo - Brasil

Fevereiro de 2007

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Universidade de São PauloFACULDADE DE ARQUITETURA

E URBANISMO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

EM PROJETOS

– PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS –

CLAUDIO DE CAMPOS

Arquiteto

Orientadora: Prof. Dra. CLAUDIA

TEREZINHA DE ANDRADE OLIVEIRA

Dissertação apresentada ao Programade Mestrado em Arquitetura eUrbanismo da Faculdade de Arquiteturae Urbanismo da Universidade de SãoPaulo, para obtenção do título demestre.

SÃO PAULO

Estado de São Paulo - Brasil

Fevereiro de 2007

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À minha filha, Júlia, quem espero possa usufruir

ao direito das futuras gerações a um mundo digno.

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Agradecimentos

A meus pais, Idenir Bayer de Campos e Januário de Campos, que incondicionalmente

sempre me apoiaram e incentivaram na realização de meus objetivos acadêmicos e

profissionais.

À orientadora e amiga Claudia Terezinha de Andrade Oliveira, que me honrou com sua

orientação durante este trabalho, sempre de forma ética e objetiva, me incentivando e

fornecendo oportunidades valiosas de crescimento pessoal.

Ao professor Sylvio Barros Sawaya, por sua disponibilidade e atenção dedicados,

permitindo que conhecesse um pouco de seu modo de projetar e de seu trabalho, o que

resultou em informações de grande valia a este trabalho.

Ao arquiteto Sérgio Assunção e a toda a equipe da COESF e da

Construtora Santa Bárbara, pelo tempo e paciência dedicados e a

pela disponibilidade em colaborar com minha pesquisa.

Aos professores Marcelo de Andrade Romero e Carlos Roberto Zibel Costa,

pelas sugestões apontadas no exame de qualificação que

muito contribuíram ao resultado deste trabalho.

À amiga Regina Perez, por sua disponibilidade em expor seu modo de projetar,

além de seu apoio e incentivo.

Aos professores da FAU e da POLI, pelo compartilhamento de suas experiências e

conhecimento e pela dedicação e amor no exercício da docência.

Aos colegas de turma, que me enriqueceram com sua convivência,

amizade e companheirismo.

E, por fim, a todos que não foram citados aqui, mas que de uma forma ou de outra,

contribuíram para a realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DAS FIGURAS .....................................................................................................................I

LISTA DAS TABELAS................................................................................................................... III

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................................................................IV

RESUMO ................................................................................................................................... VII

ABSTRACT ............................................................................................................................... VIII

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1

Contextualização do tema.........................................................................................................1

Justificativa................................................................................................................................6

Objeto........................................................................................................................................8

Objetivo .....................................................................................................................................8

Método ......................................................................................................................................9

Conteúdo dos Capítulos............................................................................................................9

1 A CRISE AMBIENTAL E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO...................................................... 11

1.1 Contexto.................................................................................................................... 11

1.2 Contribuição da Industria da Construção à Problemática Ambiental ....................... 14

1.3 Ações Mundiais para Proteção Ambiental ................................................................ 19

1.3.1 A Inserção Brasil no Contexto Histórico........................................................... 23

1.3.2 Ações Específicas para a Indústria da Construção ......................................... 26

2 ASPECTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS.............................................................................. 27

2.1 Desempenho Construtivo ......................................................................................... 27

2.2 Desempenho Ambiental............................................................................................ 32

2.2.1 Normas Série ISO14000 .................................................................................. 32

2.2.1.1 ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Especificação e diretrizes para uso ...32

2.2.1.2 ISO 14004 - Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre princípios,

sistemas e técnicas de apoio .......................................................................................................34

2.2.1.3 ISO14031 - Gerenciamento Ambiental – Avaliação de Desempenho Ambiental -

Diretrizes 35

2.3 Avaliação do Ciclo de Vida ....................................................................................... 39

2.3.1 Princípios da Avaliação do Ciclo de Vida......................................................... 41

2.3.2 Fases de uma ACV .......................................................................................... 43

2.3.3 Aplicação da ACV na produção do meio ambiente construído........................ 50

2.4 Impactos ambientais provocados pelas Atividades Humanas ................................. 52

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2.4.1 Esgotamento de Recursos ............................................................................... 52

2.4.2 Aquecimento Global ......................................................................................... 53

2.4.3 Redução da Camada de Ozônio...................................................................... 54

2.4.4 Poluição............................................................................................................ 55

2.4.5 Acidificação ...................................................................................................... 57

2.4.6 Eutrofia ............................................................................................................. 57

2.4.7 Poluição tóxica ................................................................................................. 58

2.4.8 Resíduos sólidos .............................................................................................. 59

2.4.9 Outros Impactos ............................................................................................... 60

2.4.10 Causas e efeitos dos impactos ambientais...................................................... 60

2.5 Desempenho ambiental construtivo.......................................................................... 64

3 O PROJETO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO ........................ 66

3.1 As Patologias Ambientais Construtivas .................................................................... 67

3.1.1 Patologias Construtivas e Patologias Ambientais Construtivas....................... 67

3.1.2 Mensuração da Responsabilidade do Projeto ................................................. 70

3.2 O Projetista Frente aos Aspectos Ambientais .......................................................... 74

3.2.1 Projeto e Meio Ambiente: Aspectos Éticos e Jurídicos.................................... 74

3.2.2 Postura do Projetista frente à Questão do Desempenho Ambiental ............... 80

3.2.3 Consideração de aspectos ambientais em projetos ........................................ 82

3.2.4 Inserção dos aspectos ambientais no modo de trabalho do projetista............ 89

4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL............................................ 92

4.1 Ferramentas ACV Detalhadas .................................................................................. 94

4.1.1 Focadas em materiais construtivos.................................................................. 94

4.1.2 Focadas em subsistemas construtivos ............................................................ 96

4.2 Ferramentas ACV para Projetos............................................................................... 97

4.3 Ferramentas CAD – ACV........................................................................................ 100

4.4 Guias de Produtos Verdes...................................................................................... 104

4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios...................................................................... 106

4.6 Energia Incorporada – Entrada e Saída ................................................................. 109

4.7 Considerações ........................................................................................................ 111

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 112

5.1 Desafios a enfrentar para o desenvolvimento de metodologias nacionais ............ 115

5.2 Sugestões para continuidade desta pesquisa ........................................................ 118

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 119

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO

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AMBIENTAL EM PROJETOS...................................................................................................... 126

ANEXO 2 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO DO EDIFÍCIO I1 DA ESCOLA DE

ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES - USP LESTE.................................................................... 130

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i

LISTA DAS FIGURAS

Figura 1.1 - Variações Históricas e Projetadas das Temperaturas na

Superfície da Terra. .............................................................................. 12

Figura 1.2 - Reinterpretações da Agenda 21 relacionadas ao setor da

construção. ........................................................................................... 26

Figura 2.3 – Demanda / Suprimento ............................................................ 29

Figura 2.4 – Tradução de soluções.............................................................. 29

Figura 2.5 – Modelo de sistema de gestão ambiental.................................. 33

Figura 2.6 – Avaliação de Desempenho Ambiental ..................................... 36

Figura 2.7 – Interrelacionamento do gerenciamento da organização e

operações com condicionantes ambientais ......................................... 37

Figura 2.8 - Fases de uma ACV................................................................... 44

Figura 2.9 - Representação do ciclo de vida de um produto como uma árvore

de processos ........................................................................................ 46

Figura 2.10 - Normalização do ciclo de vida de sacos de papel e de PEBD

(dados fictícios), permitindo comparar contribuições aos aspectos

ambientais ............................................................................................ 48

Figura 2.11 - Indicador de ciclos de vida para sacos de papel e PEBD,

tornando-se evidente a preferência por sacos de papel. ...................... 49

Figura 2.12 - Ciclo de vida de uma edificação genérica .............................. 51

Figura 3.13 - Possibilidade de influência do projeto..................................... 71

Figura 3.14 - Novo enfoque do Macro Setor da Construção Civil dentro do

contexto global...................................................................................... 83

Figura 3.15 - O ciclo de vida do sistema-produto......................................... 84

Figura 3.16 – Projeto Baseado em Desempenho promove projeto integral. 87

Figura 3.17 - Conceito de planejamento integrado em PVU (planejamento da

vida útil) – ISO15686-6. Projeto pode ser iniciado em qualquer ponto do

ciclo de vida. ......................................................................................... 87

Figura 4.18 - Tela do aplicativo KCL-ECO 3.01, 1999. ................................ 94

Figura 4.19 - Telas do aplicativo Athena EIA 3.0 ......................................... 96

Figura 4.20 - Tela do aplicativo EcoQuantum Domestic (IVAM). ................. 97

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ii

Figura 4.21 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM)................. 98

Figura 4.22 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM)................. 98

Figura 4.23 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................100

Figura 4.24 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................101

Figura 4.25 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid...................................103

Figura 4.26 - Tela do aplicativo-web EcoSpecifier. .....................................104

Figura 4.27 - Tela do esquema LEED.........................................................106

Figura 4.28 - Telas do esquema GBTools. .................................................107

Figura 4.29 - Telas do aplicativo-web EIO-LCA / Carnegie Melon..............109

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iii

LISTA DAS TABELAS

Tabela 1.1 - Estimativas de geração de resíduos da construção civil em

diferenctes países................................................................................. 16

Tabela 2.2 - Requisitos de desempenho para 1 único Requisito do Usuário28

Tabela 2.3 – Operações da organização ..................................................... 38

Tabela 2.4 - Trecho de planilha de impactos ambientais resultante da

produção de 1kg de polietileno e 1kg de vidro...................................... 46

Tabela 2.5 - Exemplo de caracterização: trecho da planilha de impactos para

a produção de 1kg de polietileno .......................................................... 47

Tabela 2.6 - Processos de constr. civil e respectivos tempos de vida útil.... 51

Tabela 2.7 – Coleta de lixo segundo origem no Município de São Paulo .... 60

Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. ................................ 61

Tabela 3.9 - Requisito do Usuário - Adequação Ambiental ......................... 69

Tabela 3.10 - Avaliação do desempenho técnico-construtivo. Edifícios da

CUASO. ................................................................................................ 70

Tabela 3.11 - Origens das patologias em edificações ................................. 72

Tabela 3.12 - Quantitativos das Patologias Ambientais Construtivas

Conforme Origem ................................................................................. 74

Tabela 3.13 - Os Princípios de Hannover - Willian McDonough Architects -

1992...................................................................................................... 77

Tabela 4.14 - Ferramentas ACV detalhadas................................................ 95

Tabela 4.15 - Ferramentas de projeto basadas em ACV............................. 99

Tabela 4.16 - Ferramentas CAD - ACV .....................................................102

Tabela 4.17 - Guias e checklists de produtos .............................................105

Tabela 4.18 - Esquemas de avaliação de edifícios....................................108

Tabela 4.19 - Ferramentas de energia incorporada....................................110

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iv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A21 Agenda 21

A21CS Agenda 21 para Construção Sustentável

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV Avaliação do Ciclo de Vida

ADA Avaliação de Desempenho Ambiental

ANA Agencia Nacional de Águas,

CAD Computer Aided Design

CBD Construção Baseada em Desempenho

CENPES Centro de pesquisas Petrobrás

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CFC Clorofluorcarbono

CIB International Council for Research and Innovation in

Building and Construction.

CNUMAD Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente,

COV Compostos Orgânicos Voláteis

CUASO Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira

DCV Design do Ciclo de Vida

DDT Dicloro Difenil Tricloroetano

EACH Escola de Artes, Ciências e Humanidades

ECI Environmental Condition Indicator (Indicador de Condição

Ambiental)

ECO92 Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento

EIA/RIMA Estudos de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto

Ambiental

EIV Estudos de Impacto de Vizinhança

EPE Environmental Performance Evaluation (Avaliação de

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v

Desempenho Ambiental)

EPI Environmental Performance Indicator (Indicador de

desempenho ambiental)

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais,

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEC Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado

ISO International Standardization Organization

LCA Life Cycle Assessment

LCD Life Cicle Design

MA Millenium Ecosystem Assessment

MCT MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA,

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério de Minas e Energia

MPI Management Performance Indicator (Indicador de

Desempenho Gerencial)

ONU Organização das Nações Unidas

OPI Operacional Performance Indicator (Indicador de

Desempenho Operacional)

PAC Patologia Ambiental Construtiva

PAN Peroxiacilinitratos

PBD Projeto Baseado em Desempenho

PC Patologia Construtiva

PCB Policlorobifeniles

PCT Policlorotrifeniles

PCV Planejamento do Ciclo de Vida

PDCA Plan-Do-Check-Act

PeBBU Performance Based Building

PIB Produto Interno Bruto

PNRH Plano Nacional de Recursos Hidricos

PNUMA Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente.

PVU Planejamento da Vida Útil

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vi

RCD Resíduos de Construção e Demolição

RMIT Royal Melbourne Institute of Technology

SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente,

SETAC Society for Environmental Toxicology and Chemistry

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNIC Sindicato Nacional da Indústria do Cimento,

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura

UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate

Change

VOC Volatile Organic Compounds

WBCSD World Business Council for Sustainable Development

WCED World Commission for Environment and Development

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vii

RESUMO

CAMPOS, C. – Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos –

Procedimentos e Ferramentas. São Paulo. 2007. 170p. Dissertação

(Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São

Paulo.

O objetivo desta dissertação é analisar qualitativamente o ferramental

disponível para suporte à melhoria de desempenho ambiental no

desenvolvimento de projetos, quanto à viabilidade de aplicação à prática

projetual corrente no Brasil. A crescente conscientização de que o consumo

sustentável dos recursos naturais é freqüentemente ignorado ou mal

interpretado nas práticas projetuais, tem levado os projetistas a assumir suas

reais responsabilidades e melhorar o diálogo e a interrelação com outros

agentes do macro setor da construção civil. Neste contexto o trabalho

procura discutir conceitos básicos sobre o paradigma do projeto orientado ao

desempenho, o processo de projeto integrado, bem como assuntos

relacionados à indústria da construção. São revistos temas teóricos afetos

ao desempenho construtivo, avaliação do ciclo de vida, e ainda aos impactos

ambientais decorrentes das atividades antrópicas. São discutidas as

responsabilidades e postura do projetista quanto à questão. Por fim, passa-

se a uma avaliação qualitativa quanto ao emprego em projetos das diversas

classes de ferramentas de avaliação de desempenho ambiental. Essa

análise abrangente oferece referências de caráter conceitual e prático para o

desenvolvimento e a consolidação de ferramentas para avaliação ambiental,

orientadas à produção do ambiente construído no Brasil.

Palavras-chave: Desempenho; Ambiental; Ferramentas; Avaliação; Projeto.

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viii

ABSTRACT

The aim of this master thesis is analyze the design tools addressed to

improvement of projects considering environmental aspects and their

application in current practice design in Brasil. Growing awareness that

sustainable consumption of natural resources is often ignored and seldom

corrected incorporated into design practices have led the design

professionals to take responsibilities and improve their ability to enhance

dialogue and contacts with other stakeholders in construction sector. In this

context this work seeks to discuss basic concepts on performance-based

design paradigm, integrated design process, as well as specific aspects

related to construction industry. Theoretical issues connected to construction

and building performance, life cycle assessment and environmental impacts

resulting from human activities are reviewed. The actual responsibilities of

designers and professionals are also discussed. The qualitative evaluation of

existing performance assessment tools is made. This comprehensive

analysis can provide conceptual and practical references for development

and consolidation of specific environmental assessment methods and tools

for building and construction in Brasil.

Keywords: Performance, Environmental, Tools, Assessment, Design

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1

INTRODUÇÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

O processo de produção do projeto, principalmente nas fases de concepção

e de planejamento, mas também nas fases de detalhamento, seja para uma

obra nova, uma reforma ou mesmo a criação de um novo componente

construtivo, influencia diretamente os níveis de desempenho do espaço ou

ambiente construído1 como um todo. Se o projetista tem em mente que todo

o projeto deve satisfazer às necessidades básicas inerentes ao mesmo

como funcionalidade, conforto, segurança, estética, aspectos sociais e

culturais e outros, o resultado esperado, ou seja, o desempenho esperado

para o seu produto certamente será alcançado.

No entanto, se a busca da adequação ambiental na construção civil é o foco,

não há solução centrada em uma única linha de atuação. Isso exige um

trabalho complementar e seqüencial de diversos projetistas, bem como de

diversos agentes de todos os segmentos do Macro Setor da Construção

Civil. O arquiteto, sendo basicamente o responsável pelos primeiros traços

do projeto, tem uma tarefa importante nesse processo, pois das suas

propostas decorrerão todas as demais decisões do projeto, da produção dos

edifícios e do ambiente construído como um todo.

Uma nova abordagem da atividade projetual surgiu a partir da busca de

soluções ambientalmente adequadas para a construção de edificações. A

elaboração de projetos com esta orientação tinha como metas iniciais a

redução do uso de recursos naturais e energéticos; a redução da emissão

de poluentes no ar, água e solo; a minimização das perdas e resíduos e a

1 Espaço ou ambiente construído é aqui compreendido como o espaço ou ambiente natural

que sofreu influência das atividades antrópicas para ser convertido em edifícios,

equipamentos comunitários ou em infra-estrutura urbana.

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2

possibilidade de reutilização desses resíduos da própria construção civil ou

de outros segmentos industriais.

Com o tempo, esse conceito incorporou as novas diretivas para o

desempenho energético das edificações. Segundo esses novos requisitos de

desempenho, foram propostos níveis significativos de redução no consumo

de energia para o condicionamento interno das edificações. Para tanto, cada

detalhe do projeto precisa ser estudado com o propósito de reduzir o

consumo energético para a garantia de padrões mínimos de conforto termo-

acústico e de iluminação artificial.

Mais recentemente, a evolução deste conceito de projeto direcionado à

adequação ambiental incorporou também a necessidade de se projetarem

não apenas os edifícios, mas também componentes e elementos

construtivos mais duráveis e com baixo impacto ambiental, ou seja, com

ciclo de vida mais longo, e com a possibilidade de serem reutilizados ou

reciclados ao final de sua vida útil.

Entendendo que a associação dessas ações só podem ocorrer por meio de

reflexões, discussões e tomada de decisões, a via mais capacitada a

alinhavar todas as decisões é o projeto, que aqui deve ser entendido como

um processo capaz de permitir a tomada de decisões que vão determinar o

desempenho do ambiente construído ao longo de toda da sua vida útil.

Um dos problemas na atual forma de projetar, decorre da dissociação entre

a atividade projetual e a construção em si. Em grande parte das atuais

práticas projetuais não se costuma levar em consideração os materiais e os

métodos empregados na montagem de componentes pré-fabricados ou

certas especificidades do ambiente de trabalho e dos subsistemas da

edificação. O resultado é a adoção de uma série de soluções e

improvisações em fases adiantadas do projeto ou, em última instância, no

próprio canteiro de obras. Na maioria dos casos, esses ajustes são onerosos

e inadequados, e resultam em baixo desempenho do componente e da

edificação como um todo.

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3

O processo de projeto integrado pode ser considerado um instrumento

importante que permite a tomada de decisões na fase de projeto com o

propósito de se reduzirem as adaptações e as improvisações no canteiro de

obras resultantes de decisões inadequadas de projeto.

Como discutido anteriormente, a prática projetual deve ser baseada no

desempenho esperado para o ambiente construído. A preocupação com o

desempenho deve ser incluída no projeto desde as etapas iniciais do

empreendimento, ou seja, a concepção, o planejamento e o anteprojeto.

As novas técnicas de projeto orientado à análise de desempenho requerem

uma abordagem sistêmica e integrada de todo o processo. O enfoque do

projeto orientado à adequação ambiental incorpora no processo produtivo

das edificações uma série de recomendações (UNIVERSITY OF BRITISH

COLUMBIA, 2002), a saber:

• desenvolvimento de novas práticas construtivas para a otimização do

desempenho energético das edificações, se comparadas às práticas

correntes. Cabe destacar que nesse contexto, o desempenho energético

das edificações, em análise geral, diz respeito ao consumo de energia do

edifício como um todo, desde sua construção, operação, manutenção,

demolição ou eventual desmontagem, e está relacionado à análise do

ciclo de vida da edificação;

• otimização no uso da terra, principalmente em grandes centros urbanos

onde a necessidade de preservação de áreas verdes torna-se cada vez

mais importante em razão do equilíbrio do micro-clima e da conservação

de áreas para drenagem e infiltração de águas pluviais;

• redução do consumo de matérias-primas e recursos naturais,

principalmente os não renováveis;

• significativa redução das emissões atmosféricas e da geração de

resíduos líquidos e sólidos;

• melhores condições de conforto ambiental e salubridade das edificações

no que diz respeito ao conforto térmico, acústico, à iluminação e à

qualidade do ar;

• maior funcionalidade, adaptabilidade e melhores condições de

manutenção das edificações.

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4

O processo de projeto integrado também pode ser visto pela ótica da gestão

da qualidade. Face ao aumento da competitividade atual do mercado, a

demanda por sistemas de gestão da qualidade interna é crescente nas

empresas de projeto e construção. MELHADO (2001) destaca que, se a

integração entre as soluções estéticas e formais e as soluções tecnológicas

ainda não se dá de forma satisfatória, a gestão da qualidade deveria ser

vista como “uma portadora de métodos de integração entre os agentes do

empreendimento, e capaz, portanto, de contribuir para um melhor

compromisso entre as soluções arquitetônicas e seus atributos tecnológicos

e construtivos”.

A gestão da qualidade é uma ferramenta importante na otimização do uso de

recursos e na viabilização do processo de projeto integrado, além de

colaborar para a garantia do desempenho técnico, social e ambiental das

edificações.

Segundo a política de desenvolvimento sustentável praticada pela

UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA (2002), o processo de projeto

integrado é definido como um processo em que se pode incluir uma ampla

gama de profissionais de várias áreas na equipe de projeto nas seguintes

especialidades: arquitetura, engenharia, ciência dos materiais, cálculo,

físico-química, análise laboratorial, desenho industrial entre outros. Além

disso, a equipe de projeto deve estabelecer relacionamento com a equipe de

construção desde o início do processo, para definir as diretrizes de

desempenho e mantê-las como referência durante todo o desenvolvimento

do processo produtivo da obra. Nesse contexto, as novas tecnologias e

procedimentos sugeridos para a nova forma de projetar são:

• incorporação de grande volume de materiais reciclados ou com grande

teor de resíduos industriais;

• racionalização das técnicas construtivas para redução do desperdício;

• soluções de projeto que minimizem o consumo energético no edifício

sem prejuízo do conforto ambiental;

• seleção de materiais e técnicas com base na baixa emissividade de

poluentes e na baixa energia incorporada;

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5

• uso de materiais e componentes produzidos localmente com o intuito de

reduzir gastos energéticos e reduzir a emissão de poluentes

ambientais como gases de efeito estufa, particulados, entre outros;

• reciclagem de recursos naturais na construção, no uso e na manutenção

do edifício;

• projeto que permita a desmontagem dos componentes para futuro

reaproveitamento ou reciclagem;

O efetivo exercício do processo de projeto integrado não dependerá apenas

da conscientização dos profissionais, das metodologias e das inovações

tecnológicas; dependerá predominantemente, da retroalimentação do

sistema de compilação de soluções satisfatórias e de relação custo/benefício

compatível com as demandas sociais, técnicas e ambientais das

edificações.

Mais do que preservar o meio ambiente, esse processo de projeto integrado

tem a função básica de contribuir para o equilíbrio entre o consumo de

recursos naturais e energéticos e a demanda por novas edificações, infra-

estrutura e equipamentos urbanos, quer seja para atender ao crescimento

vegetativo ou às necessidades específicas de uma dada população, como

também para atender à demanda social de universalização do direito de

moradia e de acesso ao saneamento básico e à saúde.

Uma vez estabelecida a importância do papel do projetista no processo de

produção do ambiente construído e reconhecidas as novas necessidades e

os novos paradigmas do processo construtivo contemporâneo, este trabalho

foi desenvolvido no contexto da cultura de projeto integrado, voltada à

análise de desempenho global do ambiente construído, incluindo aí o

desempenho ambiental.

É portanto neste contexto que o trabalho ora apresentado insere-se, ou seja,

no contexto em que a busca por construções sustentáveis está diretamente

relacionada a uma nova abordagem da prática projetual.

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6

JUSTIFICATIVA

Para compreensão da evolução do problema ambiental pode-se apresentar

o exemplo, segundo John (2003), da geração de resíduos durante a

produção de materiais e edificações e a conversão também em resíduos de

todo o material usado na edificação ao final da sua vida útil (ao final da vida

útil eles também se convertem em resíduos). Assim, a massa de resíduos

gerados é superior à massa de bens de consumo em longo prazo para

qualquer economia. Há inúmeros outros exemplos, relacionados aos

diversos tipos de impactos ambientais gerados na produção do meio

ambiente construído e, sendo este uma das e base para a maior parte das

atividades humanas, está também entre as que geram maior impacto

ambiental. Fica patente, portanto, que não há desenvolvimento sustentável2

sem construção sustentável.

Para que haja desenvolvimento de construções compatíveis com o conceito

de desenvolvimento sustentável, é necessária a busca de resultados

objetivos. Muitos esforços podem ser dispendidos com poucos resultados

efetivos caso não se considerem os impactos ambientais como um item de

desempenho, que como tal deve ser, na medida do possível, mensurável.

A busca de desempenho construtivo na produção de edifícios não é recente,

tendo sido inclusive objeto de normalização, como pela norma ISO6241/82,

porém apenas recentemente a questão do desempenho ambiental tem sido

considerada neste segmento. No Brasil, a necessidade de incorporação de

critérios ambientais na avaliação de desempenho vem sido gradualmente

aceita no segmento da construção civil, o que pode ser demonstrado pelo

projeto de norma Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco

pavimentos (ABNT, 2004), em desenvolvimento, que possui um capítulo

referente a adequação ambiental. Este projeto de norma apenas recomenda

a adoção de critérios de adequação ambiental, pois considera que as

2 O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi definido pela WCED - World Commission

for Environment and Development.

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7

técnicas de avaliação do impacto ambiental resultante das atividades da

cadeia produtiva da construção ainda são objeto de pesquisa e no atual

estágio de conhecimento não é possível estabelecer critérios e métodos de

avaliação relacionados à expressão desse impacto.

A contribuição do projeto para o desempenho construtivo dos edifício pode

ser obtida por meio de pesquisas para a identificação sistemática das

causas de patologias construtivas, identificadas pelo não atendimento de

requisitos de desempenho. Estudos com este propósito (Simões, 1999;

Abrantes, 1995 apud Bagatelli, 2002) indicam que a maioria das patologias

construtivas são originadas na fase de projeto. Considerando-se que o

projeto tenha semelhante contribuição para o desempenho em aspectos

ambientais, faz-se necessário buscar meios de garantir decisões, e por

conseguinte projetos, que resultem em soluções de melhor desempenho

ambiental das construções.

A seleção do sítio para implantação dos empreendimentos e a maneira de

ocupação do mesmo, a forma adequada ao edifício para que se obtenham

melhores condições em iluminação e temperatura, melhor relação de área

ocupada por volume de materiais empregados, utilização de materiais

reciclados em novas obras e/ou uso de materiais que possam ser

reaproveitados ao final da vida útil do edifício, projeto de edifícios flexíveis

para aumento da vida útil do mesmo, uso de materiais e equipamentos com

melhor desempenho, entre outras, são ações que cabem ao projetista e que

oferecem contribuição decisiva para a produção do edifício com melhor

desempenho ambiental, interferindo na construção, no uso, na demolição,

enfim, em toda a vida útil do ambiente construído.

As décadas de 1990 e 2000 têm abrigado importantes ações de promoção

do desenvolvimento sustentável, como o Protocolo de Kyoto e a Agenda 21,

além de certificação ambiental crescente por normas como a série

ISO14000. Com participação significativa na produção de impactos

ambientais, a indústria da construção deve se adequar às crescentes

exigências ambientais, e como grande influenciador destes aspectos, o

projeto deve tomar decisões responsáveis.

Page 23: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

8

A prática do desenvolvimento de projeto visando resultados com melhor

desempenho ambiental, no entanto, quando existente, é bastante subjetiva.

No Brasil, praticamente, não há metodologias específicas e o projetista,

quando imbuído da intenção de desenvolver projetos com melhor

desempenho ambiental, fica limitado por falta de instrumental e informações,

o que restringe ou até impossibilita a prática do projeto orientado à melhoria

do desempenho ambiental, refletindo em todo o ciclo de vida do ambiente

construído.

O desenvolvimento deste trabalho justifica-se pela necessidade de diretrizes

para a pesquisa e desenvolvimento de ferramentas que auxiliem a

incorporação de aspectos de desempenho ambiental no desenvolvimento de

projetos, visto não haver no Brasil ferramentas validade, consolidada e

adequada como suporte à pratica projetual nacional e às especificidades

locais.

OBJETO

O objeto deste trabalho de pesquisa é o ferramental disponível ou aplicável

como suporte ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos empenhados

em obter melhor desempenho ambiental. São identificados instrumentos

aplicáveis ao desenvolvimento do projeto diretamente ou como auxiliares

para tomada de decisões.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma análise qualitativa do

ferramental disponível para suporte à melhoria de desempenho ambiental no

desenvolvimento de projetos, quanto à viabilidade de aplicação à prática

projetual corrente no Brasil.

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9

MÉTODO

Dada a natureza descritiva desta dissertação, para o alcance do objetivo

proposto o trabalho foi desenvolvido com base no método científico de

pesquisa composto das seguintes etapas:

- Formulação do problema: tendo como referência a experiência pessoal

deste autor como projetista e gerenciador de obras civis, procedeu-se por

meio de revisão bibliográfica a identificação de fatos, circunstâncias e

fenômenos acerca do problemas decorrentes dos impactos da

construção no meio ambiente; esta etapa permitiu a formulação do

objetivo desta pesquisa;

- Construção do marco teórico: a ampliação e o aprofundamento da

revisão bibliográfica, orientada aos temas específicos da pesquisa,

possibilitou a definição de bases conceituais do desempenho técnico-

construtivo com foco no tema desta dissertação, bem como a discussão

dos reflexos da atividade projetual no desempenho ambiental das

construções; a sistematização de fatos e experiências práticas anteriores

deste autor completou a proposição do marco teórico;

- Análises e correlações: com base no levantamento e estudo das

ferramentas disponíveis para o projeto em nível nacional e internacional,

foi feita uma análise crítica da aplicação e adequação desse ferramental

à prática projetual nacional; o marco teórico serviu como plataforma;

- Síntese: as correlações entre os problemas levantados na revisão

bibliográfica inicial e o resultado da análise crítica permitiram a

proposição de algumas diretrizes factíveis para o desenvolvimento de

ferramentas nacionais de análise do desempenho ambiental de projetos;

CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS

O primeiro capítulo apresenta o contexto da crise ambiental global, originada

pelas atividades humanas, e as principais ações de organizações e países

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objetivando mitigar os efeitos daquelas atividades. São apresentados ainda

a participação do Brasil e a contribuição e a importância da indústria da

construção a este cenário.

No segundo capítulo é apresentado um resumo de aspectos conceituais e

teóricos de embasamento, abordando-se o desempenho técnico-construtivo,

o desempenho ambiental e as Normas da Série ISO14000, Avaliação do

Ciclo de Vida e ainda os impactos ambientais provocados pelas atividades

humanas. A partir de tais conceitos é apresentada uma proposta de

definição para o desempenho ambiental construtivo.

No terceiro capítulo são relacionados os conceitos dos capítulos anteriores à

atividade projetual, apresentando-se a contribuição e responsabilidade do

projeto ao desempenho ambiental da indústria da construção, a postura do

projetista com relação melhoria do desempenho ambiental, aspectos éticos

e jurídicos ambientais da atividade, implicações e meios de viabilização da

aplicação de aspectos ambientais em projetos.

O quarto capítulo trata da análise qualitativa das metodologias disponíveis

para suporte à decisão em projetos em aspectos ambientais quanto à

viabilidade de aplicação ao contexto brasileiro.

O quinto e último capítulo tece considerações finais quanto às diretrizes para

o desenvolvimento de ferramentas nacionais de análise do desempenho

ambiental de projetos.

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11

1 A CRISE AMBIENTAL E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

1.1 CONTEXTO

A importância de uma relação responsável da humanidade com o meio

ambiente é, atualmente, uma questão universalmente aceita. No entanto,

estamos a uma longa distância de ter uma relação equilibrada com o meio

em que vivemos e do qual necessitamos para nossa sobrevivência. Segundo

a World Business Council for Sustainable Development – WBCSD (apud

MANZINI; VEZZOLI, 2005), poderíamos considerar ambientalmente

sustentáveis aqueles sistemas produtivos e de consumo cujo emprego de

recursos fosse pelo menos 90% inferior ao aplicado atualmente nas

sociedades industrialmente mais avançadas.

A não alteração dos modelos de produção e consumo projeta para as

próximas décadas o esgotamento ou rarefação dos recursos naturais, o que

elevará seus custos e poderá gerar disputas e conflitos para controle dos

recursos remanescentes.

A ONU – Organização das Nações Unidas, em seu Millenium Ecosystem

Assessment - MA (Avaliação Ecossistêmica do Milênio), concluído em 2005,

aponta que “a humanidade tem alterado os ecossistemas mais rapidamente

e extensivamente nos últimos 50 anos do que em qualquer período

comparável da história da humanidade. Temos provocado demandas

crescentes por comida, água, materiais e energia. Enquanto mudanças nos

ecossistemas têm melhorado o bem-estar de bilhões de pessoas, eles têm

causado uma substancial e irreversível perda na diversidade da vida na

terra, e tem excedido a capacidade dos ecossistemas de continuar provendo

serviços essenciais”. “Mais áreas de terra foram convertidas em lavouras

desde 1945 do que nos séculos XVIII e XIX somados, e aproximadamente

24% da superfície terrestre foi transformada em sistemas de cultivo. Desde

aproximadamente 1980, perdeu-se o equivalente a 35% dos manguezais,

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12

20% dos recifes de coral do mundo foi destruído e outros 20% estão em

estado de alta degradação ou destruídos.” “Os seres humanos usam

atualmente de 40 a 50% da água doce corrente(...). Entre 1960 e 2000, a

capacidade de armazenamento em reservatórios quadruplicou. Como

resultado, estima-se que a quantidade de água armazenada em grandes

represas seja de três a seis vezes a quantidade que flui naturalmente nos

rios naturais (excluindo-se lagos naturais).”

O uso do carvão, petróleo e gás natural como fontes de energia tem liberado

grandes quantidades de carbono anteriormente confinado a camadas de

rocha subterrâneas, elevando assim os níveis do dióxido de carbono (CO2)3

no ar em aproximadamente um terço. Como conseqüencia, ocorre o

aprisionamento de calor do sol na atmosfera, conhecido como efeito estufa.

Figura 1.1 - Variações Históricas e Projetadas das Temperaturas na Superfície da Terra. (MA, 2006)

A Figura 1.1 representa a evolução das temperaturas médias globais para os

3 Dióxido de carbono, anidrido carbônico e também conhecido como gás carbônico quando

sob pressão e temperatura ambiente; é o gás de efeito estufa resultante das atividades

antrópicas mais abundante na Terra; a seguir identificado por sua fórmula química CO2.

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últimos 1000 anos resultante desse efeito estufa.

Uma relação equilibrada entre as atividades antrópicas e o meio ambiente

tem sido, mais do que simplesmente preservação da natureza (caráter

preservacionista dos movimentos ambientalistas), também e principalmente

um requisito para a sobrevivência da espécie humana. Necessitamos da

utilização dos recursos obtidos da natureza para nossa sobrevivência, mas

esta utilização deve levar em conta o caráter finito destes recursos.

As limitações do meio ambiente foram retratadas na década de 1970 com o

documento Limits to Growth (MEADOWS, 1972), que causou grande

polemica à época da Conferência de Estocolmo4 por sugerir limitações ao

crescimento econômico, sobretudo aos países em desenvolvimento.

Para essa relação entre a uso de recursos naturais e sua preservação foi

introduzido, há praticamente 20 anos pela WCED5, o conceito de

desenvolvimento sustentável sob o aspecto ambiental. A expressão

sustentabilidade ambiental refere-se às condições sistêmicas segundo as

quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem

interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do

planeta do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu

capital natural6, que será transmitido às futuras gerações (MANZINI;

VEZZOLI, 2005).

Neste contexto, a natureza é representada em termos de “capital natural”,

adquirindo valor econômico e caráter de commodities. Esta condição ganha

importância inversamente proporcional à disponibilidade de recursos ainda

existentes. A noção prevalecente de que os recursos naturais fossem

infinitos no início da era industrial fazia com que os custos dos recursos

4 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada na cidade de

Estocolmo, em 1972.5 World Commission for Environment and Development, que elaborou o documento Our

Common Future, também conhecido como o Relatório Bruntland, estabelecendo o conceito

de Desenvolvimento Sustentável.6 Capital Natural é o conjunto de recursos não renováveis e das capacidades sistêmicas do

ambiente de reproduzir os recursos renováveis (MANZINI; VEZZOLI, 2005).

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naturais fossem baixos, e, conforme a disponibilidade destes recursos

diminui tendendo ao esgotamento, o capital natural tende a ser

economicamente sobrevalorizado.

O desenvolvimento, que representa a melhoria do bem-estar humano, passa

então a incorporar os requisitos de sustentabilidade ambiental.

O crescimento das preocupações e ações em âmbito mundial, para

promoção de atividades humanas comprometidas com uma relação

equilibrada com o meio ambiente está relacionada, sob um ponto de vista

mais imediatista, com a tendência ao esgotamento dos recursos naturais e

de seu conseqüente aumento de custos e, em uma esfera mais abrangente,

aos riscos para a sobrevivência da espécie humana.

1.2 CONTRIBUIÇÃO DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO À PROBLEMÁTICA

AMBIENTAL

Diversos segmentos das atividades antrópicas produzem impactos

ambientais, estando a produção do meio ambiente artificial, ou meio

ambiente construído, dentre as que mais contribuem para tal. John (2000)

ressalta que praticamente nenhuma atividade humana prescinde de um

ambiente construído adequado, estando a construção civil presente em

todas as regiões do planeta ocupadas pelo homem. Desta forma, o impacto

ambiental da construção civil é proporcional a sua tarefa social.

Em termos quantitativos sobre a contribuição nos impactos ambientais da

indústria da construção, os números variam de país a país, mas, situando

rapidamente o problema conforme a Agenda 21 para a Construção

Sustentável - A21CS (INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND

INNOVATION IN BUILDING AND CONSTRUCTION – CIB, 2000), as

construções na União Européia são responsáveis por mais de 40% do

consumo total de energia, por cerca de 30% das emissões de dióxido de

carbono (CO2) e estima-se que o setor da construção gere

aproximadamente 40% dos resíduos produzidos pelas atividades humanas.

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15

Com relação ao consumo de recursos naturais, Anink (1996) indica que em

meados da década de 1990, 50% deles eram relacionados às edificações

nos países baixos.

No Brasil, onde a indústria da construção representa 14,5% do PIB –

Produto Interno Bruto, os resíduos de construção e demolição representam

mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos e a operação de

edifícios consome cerca de 18% do consumo total de energia do Brasil, mas

cerca de 50% da energia elétrica e esta participação está crescendo (JOHN,

2000).

É apresentada abaixo a contribuição da indústria da construção para os

principais grupos de impactos ambientais:

a) Consumo de Recursos Naturais

Pelo porte do setor econômico da industria da construção, este é o maior

consumidor de recursos naturais. O Consumo de recursos naturais em

determinada região depende de fatores como taxa de resíduos gerados, vida

útil ou taxa de reposição das estruturas construídas, necessidades de

manutenção, perdas incorporadas nos edifícios, tecnologias empregadas,

entre outros.

Embora difíceis de se estabelecer, há algumas estimativas referentes ao

montante de recursos naturais consumidos pelo setor. O setor consome

entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos no planeta. Nos caso dos

EUA, o consumo anual de mais de 2 bilhões de toneladas representa cerca

de 75% dos materiais consumidos nesta economia (JOHN, 2000).

Dentre os recursos naturais, possivelmente o de maior importância é a água.

Dos principais usos da água apontados pelo World Water Council (apud

SAUTCHUK, 2004) para os propósitos humanos, a extração para uso pela

municipalidade é de 10% do total, sendo o restante empregado para

agricultura, com 70%, e indústria, com 30%.

b) Geração de Resíduos

O ciclo de vida do meio ambiente construído gera resíduos desde a

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produção de materiais e componentes, a construção e as atividades em

canteiro de obras, manutenção, uso e, finalmente, na demolição. As

atividades de manutenção são motivadas tanto para a correção de falhas de

execução quanto à necessidade de reposição de componentes ao fim de

sua vida útil.

A quantidade de resíduos gerados é influenciada por diversos fatores, como

as tecnologias construtivas empregadas, taxas de desperdício, manutenção,

intensidade da atividade produtiva em construção, entre outros, variando

estes fatores em cada país, conforme representado na Tabela 1.1.

Os resíduos de construção e demolição - RCD - são um dos responsáveis

pelo esgotamento de áreas de aterros em cidades de médio e grande porte,

uma vez que eles correspondem a mais de 50% dos resíduos sólidos

urbanos. No Brasil, estima-se que é gerado anualmente algo em torno de

68,5 milhões de toneladas de RCD. Além disso, eles são responsáveis por

altos custos sócio-econômicos e ambientais nestas cidades em função das

deposições irregulares. Por exemplo, na cidade de São Paulo, estes gastos

são na ordem de 45 milhões de reais / ano para coleta-transporte-deposição

destes resíduos (ANGULO et al, 2003).

Tabela 1.1 - Estimativas de geração de resíduos da construção civil em diferenctes países. (JOHN, 2000)

c) Consumo Energético

O meio ambiente construído é responsável por um consumo energético

significativo em todas as suas fases, desde a produção dos materiais,

Mton/ano Kg/habSuécia 1,2 - 6 136 - 680 Tolstoy, Börklund & Carlson

(1998); EU(1999)P.P, 1996

Holanda 12,8 - 20,2 820 - 1300 Lauritzen (1998); Brossink, Brouwers & Van (1996); EU(1999)

EUA 136 - 171 463 - 584 EPA (1998); Peng, Grosskopf, Kibert (1994)

-1996

Reino Unido 50 - 70 880 - 1120 Detr (1998); Lauritzen (1998) 1995, 1996Bélgica 7,5 - 34,7 735 - 3359 Lauritzen (1998); EU(1999) P; 1990-1992Dinamarca 2,3 - 10,7 440 - 2010Itália 35 - 40 600 - 690Alemanha 79 - 300 963 - 3658 P.1994-1996Japão 99 785 Kasai (1998) 1995Portugal 3,2 325 EU(1999) Exclui solosBrasil na 230 - 660 Pinto (1999) Algumas cidades apenas

Quantidade AnualPaís Fonte Observações

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construção, manutenção e principalmente o uso. John (2000) afirma que na

Inglaterra, o consumo de energia associado à produção e transporte de

materiais de construção é de cerca de 10% do consumo total de energia.

O consumo de energia durante a fase de uso das edificações é ainda mais

significativo. A demanda de energia em edifícios dos setores residencial e

comercial na União Européia (UE), corresponde a 40,7% do total, enquanto

28,3% são referentes ao setor industrial e 31% ao transporte. Na Inglaterra,

especificamente, a parcela dos edifícios em operação tem consumo total de

energia significativamente maior que na UE, chegando a 72% no primeiro

caso (GONÇALVES, 2003). No Brasil, segundo dados de pesquisas

governamentais (BRASIL. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 2006),

estima-se que no ano de 2005 o setor residencial tenha sido responsável

pelo consumo de 31,3% da eletricidade produzida no país; se considerados

ainda o uso e operação de edifícios dos setores comercial e público, esse

consumo passa para 63,8%.

d) Poluição

As atividades relacionadas à construção, em todas as fases do seu ciclo de

vida, lançam poluentes no ar, terra e água, além de emitirem ruídos. Durante

o processo produtivo de cimento Portland e cal, por exemplo, é gerada uma

grande quantidade de CO2 de forma direta pela dissociação térmica dos

carbonatos e de forma indireta pela queima de combustíveis fósseis. Dados

do primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas (BRASIL.

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2006), indicam que em 1994 a

produção de cal e de cimento Portland no Brasil gerou cerca de 13.489 Gg

(~13,5x106 t) de CO2 resultantes do processo da dissociação térmica da

matéria-prima; isto representou naquela época um percentual de 5,3 do total

de emissões antropogênicas de CO2 no país7 de acordo com dados oficiais

7 As emissões antropogências de CO2 aqui consideradas (emissão total de 254x106 t de

CO2 em 1994) são resultantes da produção de energia (queima de combustíveis fósseis e

emissões fugitivas) e de processos industriais (processos químicos da produção de

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(BRASIL. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2004). Por meio da

manipulação de dados sobre a produção de cimento Portland8 no Brasil

(SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO, 2006), estima-se

que em 2005 as emissões atmosféricas de CO2 decorrentes da produção de

cimento Portland totalizaram aproximadamente 15,9x106 de toneladas9.

Segundo a National Audubon Society (1994), a emissão de CO2 nos EUA é

de mais de 5 bilhões de toneladas / ano, dos quais estima-se que o

ambiente construído contribua com mais de 50%. Vale lembrar também a

liberação de clorofluorcarbonos (CFCs), produto resultante de atividades

relacionadas ao ambiente construído no condicionamento de ar e produção

e instalação de isolamento com espuma, estimando-se que aquele produto

seja responsável em 25% pela depleção da camada de ozônio.

e) Poluição do Ar Interior

O ar do interior de uma edificação freqüentemente é mais poluído que o do

exterior imediato a esta mesma edificação, sendo esta questão fruto do meio

ambiente construído.

Os poluentes do ar do interior dos edifícios são: compostos orgânicos

voláteis (VOCs – do inglês, Volatile Organic Compounds), microorganismos

patogênicos, poeiras, radônio, particulas e fibras. Estes produtos são

liberados pelos materiais, pelo solo ou pelas atividades relacionadas ao uso

e operação de equipamentos, e de produtos de limpeza (JOHN, 2000).

cimento Portland, cal, aço bruto, ferro ligas, alumínio primário, amônia, barrilha, entre

outros)8 O cálculo das emissões atmosféricas é feito com base no Fator de Emissão – FE, proposto

pelo Intergovernamental Panel on Climate Change – IPCC, que relaciona a massa de CO2

liberado por unidade de massa de clínquer produzido; FE = 0,507 (BRASIL. MCT, 2006).9 O cimento Portland é freqüentemente citado por ser um dos principais insumos da

construção civil e por estar presente em praticamente todas as etapas da produção de

edifícios, se consideradas os métodos construtivos correntes no Brasil, notadamente

aqueles empregados na auto-construção e em pequenas reformas.

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1.3 AÇÕES MUNDIAIS PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL

A civilização vive atualmente uma fase inicial de amadurecimento do

conhecimento sobre suas relações com o meio ambiente, no entanto a

humanidade já preocupava-se com a questão, de maneira ainda incipiente,

deste a antiguidade. Civilizações antigas, como a egípcia, chinesa e hindu

tinham preceitos ecológicos contidos nos religiosos (VENDRAMINI, 2005).

Aristóteles (387 a 322 a.C.) já apontava um colapso da civilização como

conseqüência da ética antropocêntrica (CIANCIARDI, 2004).

No século XVIII, o economista Thomas Malthus apontou uma situação de

insustentabilidade na proporção dos crescimentos populacional e dos meios

de subsistência em seus ensaios sobre o princípio da população.

O final do século XX foi marcado pelo crescimento da conscientização

mundial sobre a limitações de nosso habitat quanto a recursos naturais.

Marcos das décadas de 1960 e 1970, como o livro Silent Spring (CARSON,

1962), a pesquisa Limites do Crescimento(MEADOWS, 1972), desenvolvida

para o Clube de Roma, e a Carta de Estocolmo (ONU, 1972), despertaram a

sociedade para as diversas facetas dos impactos ambientais negativos. O

livro de Carson foi uma das razões para o início dos movimentos

ambientalistas na década de 1960, apresentando um alerta à sociedade

sobre o uso indiscriminado de produtos químicos sintéticos, desenvolvidos

sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial, com especial destaque ao

DDT (dicloro difenil tricloroetano) que passou a ser utilizado como inseticida

com seus conseqüentes impactos ambientais nocivos sobre águas, terra,

flora, fauna e a vida humana. A questão ambiental começa a ter crescimento

em importância, ultrapassando fronteiras e sendo encarada como uma

questão de segurança global.

O texto Limites do Crescimento, publicado em 1972 pelo Clube de Roma,

apontava cinco fatores restritivos ao crescimento, sendo eles a população

crescente, a produção agrícola, a escassez de recursos naturais, a produção

industrial e a poluição. Concluiu-se sobre a necessidade de mudança de

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conduta, senão o planeta entraria em colapso por esgotamento de alimentos

e de matéria-prima (VENDRAMINI, 2005).

Naquele mesmo ano, iniciativas internacionais pautadas por problemas

ambientais, como convenções e relatórios, promoveram a “Conferência das

Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano”, em Estocolmo, em que foi

produzida a “Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente Humano”, mais

conhecida como a Carta de Estocolmo. Neste momento começam a ser

relacionados o desenvolvimento econômico, a proteção ao meio ambiente e

aspectos sociais, e estabelecidos princípios sobre direitos e deveres

referentes ao meio ambiente. Em Estocolmo determinou-se a criação do

PNUMA – Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Na década de 1980 o conceito de desenvolvimento sustentável foi

apresentado como um amadurecimento das relações entre as atividades

humanas e a preservação do meio ambiente. “Sustentável”, do latim

sustinere, significa permanecer em existência. O termo “desenvolvimento

sustentável” entrou em uso inicialmente no início da década de 1980 com a

publicação World Conservation Strategy by the International Union for the

Conservation of Nature (Estratégia de Conservação Mundial pela União

Internacional para a Conservação da Natureza) e ganhou uso corrente com

a publicação de Our Common Future (Nosso Futuro Comum) – Bruntland

Report, de 1987, pela Comissão Mundial em Ambiente e Desenvolvimento,

criada em 1983 pela ONU e liderada pela primeira ministra da Noruega, Gro

Harlem Brundtland. Este documento estabeleceu a definição mais aceita e

difundida para Desenvolvimento Sustentável, para o qual é o

“desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias

necessidades”.

Em 1992 o Brasil sediou, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a

chamada Cúpula da Terra, também chamada RIO 92 ou ECO 92. Nesta

conferência foi gerada a Agenda 21, firmada por 178 países, que propõe

objetivos a serem alcançados, durante o século XXI, visando o

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21

desenvolvimento sustentável, buscando equilíbrio entre as dimensões

ambientais, sociais e econômicas, a chamada triple botton line.

Também em 1992, as Nações Unidas adotaram um Tratado Internacional, a

United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC),

criando normas gerais para estabilização das concentrações de gases de

efeito estufa na atmosfera. A regulamentação da UNFCCC ocorreu na

Conferencia das Partes, em reunião realizada em 1997 na cidade de Kyoto,

Japão, que aprovou o que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto

(FRANGETTO, 2002).

No âmbito do Protocolo de Kyoto foram propostos mecanismos de mercado

para que os países desenvolvidos também pudessem atingir os objetivos de

redução de gases de efeito estufa; um que merece ser destacado e que é de

interesse ao Brasil é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, que é

o único que admite a participação voluntária de países em desenvolvimento.

O MDL permite a certificação de projetos de redução de emissões nos

países em desenvolvimento e a posterior venda das reduções certificadas de

emissão, para serem utilizadas pelos países desenvolvidos como modo

suplementar para cumprirem suas metas. Esse mecanismo deve implicar

reduções de emissões adicionais àquelas que ocorreriam na ausência do

projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a

mitigação da mudança do clima. As emissões consideradas são aquelas

originárias das seguintes fontes de acordo com as categorias/setores abaixo

relacionados:

• EnergiaQueima de combustível

Setor energéticoIndústrias de transformação e de construçãoTransporteOutros setoresOutros

Emissões fugitivas de combustíveisCombustíveis sólidosPetróleo e gás naturalOutros

• Processos industriaisProdutos mineraisIndústria químicaProdução de metais

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Outras produçõesProdução de halocarbonos e hexafluoreto de enxofreConsumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofreOutros

• Uso de solventes e outros produtos• Agricultura

Fermentação entéricaTratamento de dejetosCultivo de arrozSolos agrícolasQueimadas prescritas de savanaQueima de resíduos agrícolasOutros

• ResíduosDisposição de resíduos sólidosTratamento de esgotoIncineração de resíduosOutros

Esse mecanismo tem permitido ao longo dos últimos quatro anos a

validação e o registro de centenas de projetos originários de diversas partes

do mundo, gerando uma expectativa concreta de redução de 871x106

toneladas de CO2e10 para o primeiro período de obtenção dos créditos de

carbono. O Brasil, depois da China e Índia, contribuirá com a terceira maior

projeção de redução de emissões, cerca de 130 x106 de toneladas

equivalentes de CO2e.

Em 2002, foi realizada a Conferencia Mundial sobre o Desenvolvimento

Sustentável, em Joanesburgo, África do Sul, a chamada RIO+10, em que

foram avaliados os resultados efetivos dos compromissos firmados durante a

RIO 92.

Publicada em 2005, a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (ONU, 2005) teve

por objetivo avaliar as conseqüências que as mudanças nos ecossistemas

trazem para o bem-estar humano e as bases científicas das ações

necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses

ecossistemas e sua contribuição ao bem-estar humano; este documento

constitui-se na primeira avaliação da situação ambiental global.

10 De acorco com o Protocolo de Kyoto, as emissões equivalente de gás carbônico (CO2e)

incluem outros gases de efeito estufa além do CO2, a saber: metano (CH4), óxido nitroso

(NO2),Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs) e Hexafluoreto de enxofre (SF6).

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1.3.1 A Inserção Brasil no Contexto Histórico

Poucas ações referentes ao meio ambiente ocorreram no Brasil, conforme

aponta Cianciardi (2004), até a década de 1960, como as primeiras normas

conservacionistas editadas em 1817 por Dom João para proteção das matas

ciliares ao longo dos rios da cidade do Rio de Janeiro, motivadas por

problemas no abastecimento de água potável; a promulgação em 1934, por

incentivo de Alberto Loefgren, cientista sueco atuante no Brasil, do Código

Florestal Brasileiro (Decreto Federal nº23.793/34); e, no mesmo ano, a

promulgação do Código de Águas (Decreto Federal nº24.643/34).

A partir da década de 1960, inicia-se a participação brasileira em

convenções e reuniões internacionais de preservação e conservacão do

meio ambiente, como a Conferência Internacional sobre a Utilização

Racional e a Conservação dos Recursos da Biosfera, promovida pela

UNESCO – United Nations Education Science and Culture Organization.

A preparação da Convenção de Estocolmo, em 1972, foi vista como uma

tentativa dos países desenvolvidos de frear o desenvolvimento dos países

subdesenvolvidos (VENDRAMINI, 2005). O Brasil, que neste momento vivia

o chamado “milagre econômico”, se posicionou como um dos líderes do

bloco contrário a uma firme proteção nacional e internacional do meio

ambiente, uma vez que, segundo Cianciardi (2004), o relatório do Clube de

Roma, foco principal da Convenção de Estolmo, propunha uma estagnação

do desenvolvimento econômico aos países do terceiro mundo com a

chamada política de “crescimento zero”.

Tendo adotado uma posição reacionária na Conferência de Estocolmo, o

Brasil passou a sofrer pressões para que mudasse sua posição relativa à

tutela do meio ambiente, o que provocou a criação da SEMA – Secretaria

Especial do Meio Ambiente, em 1973 (VENDRAMINI, 2005).

Em 1981, o Governo Federal, por intermédio da SEMA e a partir da lei

nº6938/81, instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (lei nº6938/81) e a

criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), composto por

conjunto de orgãos e instituições nos níveis federal, estadual e municipal,

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ações que marcaram este ano como de especial importância para a

proteção do meio ambiente brasileiro. No nível federal, foi criado o CONAMA

– Conselho Nacional do Meio Ambiente, como orgão superior, consultivo e

deliberativo. Posteriormente, já em 1989, veio a ser criado o IBAMA –

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, de caráter

executivo.

A crescente importância da questão ambiental fez com que o tema fosse

incluído na elaboração da Constituição Federal do Brasil de 05 de outubro

de 1988, hoje considerada uma das mais avançadas neste aspecto.

Em 1992, o Brasil sediou na cidade do Rio de Janeiro a já citada

Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – (CNUMAD),

sendo um dos países signatários da Agenda 21. Também em 1992 foi criado

no Brasil o Ministério do Meio Ambiente – MMA, buscando estruturar a

política ambiental no país.

Em 1997, o país firma compromissos no estabelecimento de mecanismos de

controle da emissão dos chamados gases de efeito estufa, assinando o

Protocolo de Kyoto.

Na realização da Conferencia Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável

em Joanesburgo, a RIO+10, o Brasil se destacou por suas realizações

internas de controle ambiental nas áreas jurídico-institucionais, programas e

projetos. Alguns dos exemplos mais relevantes são a Lei de Crimes

Ambientais (lei federal nº9605/98), a constituição do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (lei federal nº 9985/00), o Programa Nacional de

Florestas, a Lei das Águas (lei federal nº9433/97), e a criação da ANA –

Agencia Nacional de Águas, renovando o modelo gestor de recursos hidricos

no país (PEDRO, 2002 apud CIANCIARDI, 2004). Não se pode deixar de

mencionar, ainda, os esforços para criação da Agenda 21 Brasileira.

Em 1999, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,

criou a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC,

com a finalidade de articular as ações de governo nessa área.

No Brasil, a CIMGC é a Agência Nacional Autorizada – AND que tem a

competência de analisar e aprovar projetos de MDL antes da enviá-los à

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Secretaria Executiva do MDL, organismo internacional que regulamenta

normas e procedimentos, aprova projetos e valida os créditos de carbono.

Nos últimos dois anos foram aprovados 111 projetos de MDL na AND

brasileira, e mais 32 projetos estão em trâmite (BRASIL. MINISTÉRIO DA

CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2007).

As operações financeiras com os créditos de carbono já foram

regulamentadas pelo Banco Central por meio da Circular n°3291 de 08 de

setembro de 2005, e podem ser cursadas diretamente junto aos bancos

autorizados a operar no mercado de câmbio. Essa providência propiciará

maior agilidade e segurança para o fluxo de recursos decorrentes de

negociações dessa natureza11.

Já como cumprimento dos compromissos assumidos durante a Rio+10, o

Brasil apresentou em 2006 seu Plano Nacional de Recursos Hidricos -

PNRH, cujo objetivo é assegurar as disponibilidades hídricas em quantidade

e qualidade para o seu uso racional e sustentável (AMBIENTE BRASIL,

30/01/06).

Apesar de todos os esforços, o Brasil foi classificado em 34º lugar no Índice

de Desempenho Ambiental 2006, feito por pesquisadores da Universidade

de Yale e Columbia, nos Estados Unidos, e apresentado no Fórum

Econômico Mundial, em Davos (AMBIENTE BRASIL, 20/01/06).

11 Para aprofundamento do tema consultar publicações do Ministério da Ciência e

Tecnologia relativas ao Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL e sobre o Protocolo

de Kioto, disponibilizadas on line, no endereço eletrônico: http://www.mct.gov.br/index.php/

content/view/3881.html.

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26

1.3.2 Ações Específicas para a Indústria da Construção

As ações globais e genéricas vem se refletindo nos diversos setores da

sociedade a partir da década de 1990, mais especificamente a partir da

RIO92 e inicialmente baseadas na Agenda 21.

No setor da construção civil, as interpretações da Agenda 21 mais

importantes são (1) a Agenda Habitat II, assinada na Conferência das

Nações Unidas realizada em Istambul, em 1996; (2) a CIB Agenda 21 on

Sustainable Construction, que contempla, entre outros, medidas de redução

de impactos através de alterações na forma como os edifícios são

projetados, construídos e gerenciados ao longo do tempo; e (3) a CIB/UNEP

Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries.

Figura 1.2 - Reinterpretações da Agenda 21 relacionadas ao setor da construção. (SILVA, 2003)

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2 ASPECTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS

Antes que se inicie uma abordagem dos aspectos ambientais das

construções e seu relacionamento com as atividades de projeto, faz-se

necessário que se apresentem alguns conceitos. Neste capítulo são tratados

os conceitos de desempenho construtivo, desempenho ambiental, avaliação

do ciclo de vida, impactos ambientais das atividades humanas e, baseado

nestes, proposta de conceituação para desempenho ambiental construtivo.

Estes conceitos serão relacionados no capítulo 3 às atividades construtivas

e à importância do projeto neste contexto.

2.1 DESEMPENHO CONSTRUTIVO

Segundo Spekkink (2005), a definição mais simples para o conceito de

desempenho é apresentada pelo Relatório CIB#64 (GIBSON, 1982),

“Trabalhando com o enfoque de Desempenho em construção” , que define:

“O enfoque em desempenho é a prática de pensar e trabalhar mais termos

de fins do que em termos de meios. Isso, no que diz respeito em para que

uma construção ou parte dela é requisitada a fazer, e não prescrevendo

como ela deve ser construída”.

Construção Baseada em Desempenho, prossegue Spekkink, é focada no

desempenho requerido para as necessidades do usuário, que significa estar

ajustado à finalidade do produto construído, sendo oposto ao enfoque

prescritivo, mais tradicional, descrevendo tipo e qualidade dos materiais,

método de construção, etc. Este último, embora mais simples de ser

aplicado, apresenta riscos de “engessar” mudanças e inovações, que

poderiam vir a ter resultados até mais satisfatórios. É mais apropriado o uso

misto dos dois modelos, aplicando-se o mais adequado a cada situação.

Definições e estabelecimento de princípios para avaliação do desempenho

das construções ou, mais especificamente dos edifícios, foram apresentados

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pela ISO - International Organization for Standardization através da norma

ISO6241 – Padrões de Desempenho em Edifícios, em 1982, objetivando

definir o comportamento requerido de edifícios como um todo, partes de

edifícios e materiais construtivos, em termos dos requisitos funcionais de

seus usuários. Para atendimento à finalidade da norma, são apresentadas,

dentre outras, as definições abaixo:

- Usuário: pessoa, animal ou objeto para o qual a construção foi projetada.

- Agente: Algo que age sobre a construção ou parte dela.

- Requisito do usuário: relação de necessidades a serem preenchidas

(pela construção).

- Desempenho: O comportamento (de um produto) relacionado ao uso.

Spekkink (2005) aponta que tratando-se os requisitos do usuário em termos

técnicos qualificáveis e mensuráveis pode-se falar sobre “requisitos de

desempenho”, remetendo à definição abaixo:

Requisitos de desempenho em construções são expressos em termos de

soluções independentes e de propriedades mensuráveis do edifício, espaços

ou subsistemas, que são requeridos para facilitar o uso pretendido.

Um requisito do usuário pode implicar diversos requisitos de desempenho. A

Tabela 2.2 representa um exemplo de tradução de um requisito do usuário

em seus correspondentes requisitos de desempenho.

Requisitos do Usuário Requisitos de Desempenho

Fazer reuniões com no máximo 25

pessoas, com arranjos variáveis.

- espaço necessário: 3m² por pessoa

- Proporção comprimento : largura ≤

1,5:1

- Ventilação: mín. 30m³

ar/pessoa/hora

- Temperatura: entre 19 a 21ºC

- Ruído de fundo: máx. 35 dB(A)

- Tempo reverberação: 0,8 – 1,0 seg.

- iluminância no plano de trabalho

(altura da mesa): mín. 500 lux

Tabela 2.2 - Requisitos de desempenho para um único Requisito do Usuário (SPEKKINK, 2005)

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29

Esta tabela demostra a diferença entre requisitos do usuário e requisitos de

desempenho. A primeira é a linguagem que o usuário entende, enquanto

que a segunda é a linguagem que somente o especialista entende. A

tradução de uma para a outra linguagem é tarefa para o especialista, ou

seja, arquitetos e/ou engenheiros consultores.

A tabela demonstra que os requisitos de desempenho descrevem o nível de

qualidade em diferentes aspectos para o edifício em uso, sem sugerir

nenhuma solução, permitindo ao projetista criar e inovar nas soluções. Para

assegurar-se de que as soluções atendam os requisitos de desempenho,

elas podem ser avaliadas através de Indicadores de Desempenho (IDs) ou

Especificações de Desempenho, podendo estas serem extraídas de

propostas de projetos por medições, cálculos e simulações.

Figura 2.3 – Demanda / Suprimento (SPEKKINK, 2005)

Figura 2.4 – Tradução de soluções (SPEKKINK, 2005)

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30

A distinção entre Indicadores de Desempenho e Especificações de

Desempenho está em que o primeiro representa a demanda, a qualidade

requerida, e o segundo representa o suprimento desta demanda, o

desempenho de soluções de projeto específicas. (SPEKKINK, 2005).

A norma ISO6241 define que normas de desempenho devem incluir

relatórios sobre:

a) Requisitos de desempenho (expressos como limites de valores ou

graduação) para edifícios ou suas partes sob condições específicas e

referente a:

1) Requisitos dos usuários

2) Agentes relevantes para o desempenho do edifício, como clima,

condições do terreno ou características de ocupação.

b) Métodos de avaliação de cada característica de desempenho, incluindo

desempenho ao longo do tempo, também referindo-se aos requisitos e

agentes.

O método de avaliação ou verificação de cada requisito de desempenho

pode ser por meio de:

a) Teste: através de medições diretas ou outros meios de determinação sob

reais condições de uso ou condições apropriadamente correlacionadas

ao uso.

b) Cálculo: indica o alcance de satisfação de requisitos funcionais por meio

de modelos teóricos.

c) Julgamento: permite avaliação dos requisitos funcionais através da

avaliação baseada na experiência em casos e condições similares.

Os requisitos dos usuários apresentados originalmente pela norma ISO6241

são Estabilidade, Segurança ao fogo, Segurança em uso, Estanqueidade,

Higrotermia, Pureza do ar, Conforto acústico, Conforto visual, Conforto tátil,

Conforto antropodinâmico, Higiene, Conveniência de espaços para usos

específicos, Durabilidade e Economia.

Não foram previstos na lista acima requisitos especificamente ambientais,

embora alguns destes requisitos impliquem em avaliação de desempenho

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ambiental, como os requisitos pureza do ar e conforto acústico. No entanto,

a melhoria de alguns destes aspectos de desempenho é condição para

obtenção de melhoria de desempenho ambiental.

Os agentes relevantes para o desempenho do edifício são classificados em

mecânicos, eletromagnéticos, térmicos, químicos e biológicos. As origens

dos agentes podem ser externas ao edifício ou internas ao mesmo, neste

caso podendo ser referentes à ocupação do edifício ou conseqüentes do

projeto.

No Brasil, a norma em desenvolvimento Desempenho de Edifícios

Habitacionais até Cinco Pavimentos (ABNT, 2006), lista os requisitos do

usuário apresentados a seguir: Desempenho estrutural, Segurança contra

incêndio, Segurança no uso e operação, Estanqueidade, Desempenho

térmico, Desempenho acústico, Desempenho lumínico, Saúde, higiene e

qualidade do ar, Funcionalidade e acessibilidade, Conforto tátil-visual e

antropodinâmico, Durabilidade e manutenibilidade e Adequação ambiental.

Este projeto de norma inclui, além dos requisitos da norma ISO6241 em

parte reorganizados, também aspectos como saúde, acessibilidade e

adequação ambiental, aspectos esses alinhados com as agendas

contemporâneas. A característica de adequação ambiental já é considerada

aqui como item de desempenho construtivo, embora ainda de maneira muito

insipiente em seu atual estágio de desenvolvimento, apenas nos aspectos

de uso racional de água e contaminação do solo e lençol freático. Assim

como na norma ISO6241, aqui também alguns dos requisitos de

desempenho construtivo interferem nos resultados de desempenho

ambiental, e a melhoria destes aspectos de desempenho é condição para

obtenção de melhoria também em desempenho ambiental.

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32

2.2 DESEMPENHO AMBIENTAL

Avaliar o desempenho ambiental de um processo implica na adoção de

metodologias e procedimentos que permitam a mensuração dos resultados

em termos ambientais.

A questão do desempenho ambiental é objeto de normalização, através das

normas da série ISO14000 que, com diferenças quanto às suas finalidades

específicas, foram desenvolvidas para serem aplicadas por organizações na

tarefa não apenas de avaliar o desempenho ambiental, mas principalmente

de estabelecer procedimentos para gestão ambiental, certificação,

implementação, controle e outros aspectos relacionados.

São apresentadas a seguir linhas gerais das principais normas desta série.

2.2.1 Normas Série ISO14000

2.2.1.1 ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Especificação e

diretrizes para uso

Norma que especifica Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), para aplicação

por organizações de diversos portes em diferentes condições geográficas,

culturais e sociais. Tem por finalidade equilibrar a proteção ambiental e a

prevenção de poluição com as necessidades sócioeconômicas. Contém

apenas requisitos que podem ser auditados para fins de certificação e/ou

autodeclaração, não especificando requisitos absolutos para o desempenho

ambiental além do comprometimento, expresso na política, de atender à

legislação e regulamentos aplicáveis com melhoria continua (Figura 2.5)

A aplicação desta norma não garante, por si só, resultados ambientais

ótimos, devendo o sistema de gestão ambiental recomendar o uso da melhor

tecnologia disponível, desde que a relação custo/benefício seja favorável.

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Figura 2.5 – Modelo de sistema de gestão ambiental (ISO14001)

Dentre as definições apresentadas pela norma, destacam-se:

- meio ambiente: circunvizinhança em que uma organização opera,

incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e

suas inter-relações.

- impacto ambiental :qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou

benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou

serviços de uma organização.

- desempenho ambiental: resultados mensuráveis do sistema de gestão

ambiental, relativos ao controle de uma organização sobre seus aspectos

ambientais, com base na sua política, seus objetivos e metas ambientais.

A norma estabelece requisitos de um sistema de gestão ambiental, sendo

eles política ambiental, planejamento, implementação e operação,

verificação e ação corretiva e análise crítica pela administração.

A Norma contém requisitos de sistemas de gestão baseados no processo

dinâmico e cíclico de “planejar, implementar, verificar e analisar

criticamente”. É recomendado que o sistema permita a uma organização

estabelecer uma política ambiental, identificar os aspectos ambientais

decorrentes de atividades, identificar os requisitos legais e regulamentares

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aplicáveis, estabelecer prioridades, objetivos e metas ambientais,

estabelecer uma estrutura e programas de implementação, facilitar as

atividades correlatas ao SGA e favorecer a adaptação às circunstâncias.

2.2.1.2 ISO 14004 - Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre

princípios, sistemas e técnicas de apoio

A norma ISO 14004 tem como objetivo geral fornecer assistência a

organizações na implementação e aprimoramento de um SGA. Ela orienta

as organizações como efetivamente iniciar, aprimorar e manter um sistema

de gestão ambiental, constituindo-se como ferramenta gerencial interna.

Diferentemente da norma ISO 14001, esta norma não se destina a fins de

certificação/registro e auto-declaração, mas orientar os responsáveis quanto

à valorização do SGA, comunicação interna e externa, requisitos legais

aplicáveis e os aspectos ambientais associados às atividades,

comprometimento, definição de responsabilidades, planejamento ambiental

ao longo do ciclo de vida do produto ou do processo, estabelecimento de

níveis de desempenho, provimento de recursos, avaliação e aprimoramento

do desempenho ambiental, auditoria e analise critica do SGA visando

melhoria do sistema, e estimulo à prestadores de serviços e fornecedores a

estabelecer um SGA.

A Norma provê orientação para o desenvolvimento e a implementação de

princípios e sistemas de gestão ambiental e sua coordenação com outros

sistemas de gestão.

Os princípios para esta norma são os mesmos que para a ISO14001, em um

processo seqüencial e retroalimentado, que são:

1) Comprometimento e Política – de incumbência da alta administração,

inclui avaliação ambiental inicial (aspectos legais, desempenho, gestão

ambiental, vantagens competitivas) e política ambiental (princípios de

ação considerando valores da organização, requisitos das partes,

prevenção, coordenação com outras políticas, condições geográficas, leis

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e outros critérios ambientais pertinentes).

2) Planejamento – abordando (a) identificação e avaliação de aspectos

ambientais ao longo do tempo, quanto à exposição legal, regulamentar e

comercial da organização, incluindo impactos sobre a saúde e segurança

e a avaliação de risco ambiental; (b) requisitos legais e outros, podendo

ser específicos à atividade, específicos aos produtos ou serviços,

específicos ao ramo de atividade, leis ambientais gerais e ainda

autorizações, licenças e permissões; (c) critérios Internos de

desempenho, quando normas externas não atenderem às necessidades

ou não existirem; (d) objetivos e metas ambientais, recomendando-se

que se considere o estabelecimento de indicadores de desempenho

ambiental mensuráveis; (e) programa de gestão ambiental, abrangendo

cronogramas, recursos e responsabilidades;

3) Implementação – incluindo (a) capacitação, assegurando recursos

humanos, físicos e financeiros, integração entre sistemas de gestão,

atribuição de responsabilidades, conscientização, motivação e

treinamento; (b) ações de apoio, como comunicação, relato,

documentação, controle operacional e atendimento a emergências; (c)

medição e avaliação, com ações de medição e monitoramento, correção

e prevenção, registros e gestão da informação e auditorias.

4) Análise Crítica e Melhoria Contínua.

2.2.1.3 ISO14031 - Gerenciamento Ambiental – Avaliação de Desempenho

Ambiental - Diretrizes

Esta norma fornece diretrizes para projeto e uso de Avaliação de

Desempenho Ambiental em uma organização. Embora também seja de

finalidade gerencial, esta norma tem um caráter mais operacional que as

normas ISO14001 e ISO14004, oferecendo maior aproximação à obtenção

de resultados objetivos.

A ISO14031 também apresenta definições, como as transcritas a seguir, em

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parte divergindo em relação à norma ISO14001.

- Desempenho Ambiental: resultados do gerenciamento de uma

organização em aspectos ambientais.

- Avaliação de Desempenho Ambiental: processo para facilitar decisões

gerenciais em relação a desempenho ambiental pela seleção de

indicadores, coleta e análise de dados, avaliando informações frente

critérios de desempenho ambiental, relatando e comunicando, e

periodicamente revisando e aprimorando o processo.

Para esta norma, a Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA ou EPE –

Environmental Performance Evaluation) é um processo de gerenciamento

interno comparando a situação atual de uma organização com um critério de

desempenho ambiental, seguindo o modelo de gerenciamento PDCA (Plan-

Do-Check-Act) (Figura 2.6).

Figura 2.6 – Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO14031)

Os indicadores de avaliação de desempenho ambiental (EPEs) são listados

a seguir:

- Indicadores de desempenho ambiental (EPI – Environmental

Performance Indicator), podendo ser Indicadores de Desempenho

PLANEJARPlanejando Avaliação de Desempenho Ambiental

Selecionando indicadores de Avaliação de Desempenho Ambiental

Coletando Dados

Usando dados e informaçõesFAZER

Analisando e convertendo dados

Avaliando informação

Relatando e comunicando

Revendo e aprimorando a Avaliação deDesempenho Ambiental

VERIFICAR E AGIR

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37

Gerencial (MPI – Management Performance Indicator) e Indicadores de

Desempenho Operacional (OPI – Operacional Performance Indicator);

- Indicadores de Condição Ambiental (ECI – Environmental Condition

Indicator) – informações sobre as condições do ambiente.

Figura 2.7 – Interrelacionamento do gerenciamento da organização e operações com

condicionantes ambientais (ISO14031)

A seleção de indicadores deve buscar apresentar dados quantitativos e

qualitativos mais compreensíveis e úteis, ajudando a converter dados mais

relevantes em informação concisa sobre os esforços gerenciais a influenciar

os desempenhos operacional e organizacional, ou as condições ambientais.

Os indicadores são apresentados abaixo conforme suas classes:

MPIs - políticas, pessoas, planejamento de atividades, práticas e

procedimentos em todos os níveis da organização.

OPIs - fornecem informações sobre o desempenho ambiental das

operações, relacionados a:

- inputs (entradas): materiais (processado, reciclado, reusado ou materias

primas; recursos naturais), energia e serviços;

- o fornecimento de inputs para as operações da organização;

- projeto, instalação, operação e manutenção das facilidades físicas e

equipamentos da organização;

A CONDIÇÃO

AMBIENTAL (ECIs)

A ORGANIZAÇÃO (EPIs)

GERENCIAMENTO DAORGANIZAÇÃO (MPIs)

OPERAÇÕES DAORGANIZAÇÃO (OPIs)

FACILIDADESFÍSICAS E

EQUIPAMENTOS

CONDIÇÃOAMBIENTALE OUTRASFONTES

PARTESINTERES-SADAS

INPUTS

SUPRIMENTO

OUTPUTS

ENTREGA

fluxo de decisão

fluxo de informação

fluxos de entrada/saída operacional

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- outputs (saídas): produtos (produtos principais, sub-produtos, reciclados

e reutilizados), serviços, lixos (sólidos, líquidos, perigosos, não perigosos,

reciclaveis, reusáveis), e emissões (emissões ao ar, efluentes para a

água e solo, ruído, vibração, calor, radiação, luz) resultantes das

operações da organização;

- a destinação dos outputs resultantes das operações.

ECIs - informações sobre as condições ambientais locais, regionais,

nacionais e globais. Fornecem informações úteis na ausência de medições

quanto aos impactos ambientais.

Tabela 2.3 – Operações da organização (ISO14031)

Além das normas acima, das quais foi apresentado um breve resumo

conceitual, destacam-se ainda as normas da série ISO14040, abordando a

avaliação do ciclo de vida, assunto tratado na próxima seção deste texto.

Embora as normas da série se destinem especificamente à aplicação

organizacional, seus conceitos são referenciais ao se tratar de desempenho

ambiental.

INPUTS OUTPUTS

MateriaisFacilidades Físicas e

Equipamentos ProdutosProcessados, reciclados,

reusados e novos materiais Projeto

Recursos naturais InstalaçãoOperação Produtos

Energia Manutenção Sub-produtosQuantidade e tipos de

energia utilizadosUso do solo Materiais reciclados e

reusados

Serviços de Suporte Operacional Serviços

Limpeza e zeladoriaManutenção, transporte

e entrega LixosInformação e comunicações Sólidos/líquidos

Segurança perigosos ou nãoAlimentação e cozinha Reciclaveis/reusaveis

Destinação de lixoOutros serviços Emissões

Emissões ao arEfluentes água/solo

Ruído, calor, vibração, luz, radiação

Suprimento Entrega

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39

2.3 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA

A Avaliação do Ciclo de Vida12 (ACV) é tratada nas normas da série

ISO14040. Segundo a norma ISO14040 (ABNT, 2001), em decorrência da

crescente conscientização sobre a importância da proteção ambiental e dos

possíveis impactos associados a produtos manufaturados e consumidos tem

aumentado o interesse no desenvolvimento de métodos para melhor

compreender e diminuir estes impactos, sendo a ACV uma das técnicas em

desenvolvimento com este propósito.

Segundo Manzini;Vezzoli (2005), a ACV, como um dos métodos

quantitativos de análise e avaliação do impacto ambiental, é uma operação

complexa devido a três razões fundamentais, primeiramente pelo impacto

ambiental não ser determinado por um produto apenas, mas por um

conjunto de processos que o acompanha durante todo o seu ciclo de vida,

cuja avaliação é sujeita a muitas incertezas; em segundo lugar, uma vez

definido o ciclo de vida inteiro de um produto, ocorrem dúvidas sobre os

reais impactos decorrentes devido a uma limitação dos dados disponíveis

para análise; e, por fim, o conhecimento sobre o meio ambiente ainda é

limitado, sendo as relações de causa e efeito de difícil identificação. A

metodologia da ACV, em síntese, é sujeita a críticas por sua complexidade e

conseqüente alto custo, muitas vezes inviabilizando sua aplicação, e

também por simplificar demais a situação real, não sendo segura do ponto

de vista científico e ambiental. Apesar de todas estas questões, a ACV é,

com certeza, a metodologia que melhor enfrenta os problemas a que se

destina.

Para demonstrar a que tipo de problemas a ACV pode ser aplicada, vamos

descrever alguns exemplos. Soares (2006) cita o caso da Califórnia, nos

Estados Unidos, que foi o primeiro estado americano a receber veículos

elétricos como meio de redução da poluição causada por motores

12 Life Cycle Analysis, Life Cycle Assessment (LCA), Product Line Analysis, Ecological

Balance, segundo a terminologia inglesa (Soares, 2006).

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tradicionais a combustão. Porém, considerando que, atualmente, a energia

elétrica consumida por aquele estado provém essencialmente de

combustíveis fósseis, o aumento da demanda de eletricidade poderia tornar

o balanço de poluição negativo, comparado com a situação inicial. Outro

exemplo seria um questionamento se o uso de embalagens descartáveis

apresenta, de fato, conseqüências mais negativas ao meio ambiente do que

embalagens retornáveis, considerando-se para estas todas as atividades

conexas ao processo, como a coleta, o transporte, a lavagem e a

desinfecção, o tratamento dos efluentes gerados, etc.

A produção do meio ambiente construído também apresenta

questionamentos semelhantes, que devem ser feitos desde o

desenvolvimento do projeto, sobre as diversas soluções possíveis para

atendimento a um determinado requisito funcional, qual a que traria menores

conseqüencias negativas ao meio ambiente. Concreto armado ou Aço: qual

delas seria a solução estrutural de menor impacto ambiental negativo que

poderia ser adotada durante o projeto de um edifício? Como avaliar os

impactos ambientais da construção de um edifício utilizando-se blocos de

concreto como elementos de vedação em comparação à construção do

mesmo edifício, caso fossem utilizados blocos cerâmicos?

Como técnica de suporte à obtenção de respostas a questionamentos como

os expostos acima, a ACV se apresenta, segundo Soares, como ferramenta

de excelência para análise e escolha de alternativas, sob uma perspectiva

puramente ambiental. O seu princípio consiste em analisar as repercussões

ambientais de um produto ou atividade, a partir de um inventário de entradas

e saídas (matérias-primas e energia, produto, subprodutos e resíduos) do

sistema considerado. As fronteiras de análise devem considerar as etapas

de extração de matérias-primas, transporte, fabricação, uso e descarte (o

ciclo de vida). Esse procedimento permite uma avaliação científica da

situação, além de facilitar a localização de eventuais mudanças associadas

às diferentes etapas do ciclo que resultem em melhorias no seu perfil

ambiental.

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41

2.3.1 Princípios da Avaliação do Ciclo de Vida

A Avaliação do Ciclo de Vida foi originalmente definida pela SETAC13 como

sendo um “processo para avaliar as implicações ambientais de um produto,

processo ou atividade, através da identificação e quantificação dos usos de

energia e matéria e das emissões ambientais; avaliar o impacto ambiental

desses usos de energia e matéria e das emissões; e identificar e avaliar

oportunidades de realizar melhorias ambientais. A avaliação inclui todo o

ciclo de vida do produto, processo ou atividade, abrangendo a extração e o

processamento de matérias-primas; manufatura, transporte e distribuição;

uso, reuso e manutenção; reciclagem e disposição final”. ACV é, portanto,

um procedimento de analisar formalmente a complexa interação de um

sistema – que pode ser um material, um componente ou um conjunto de

componentes – com o ambiente, ao longo de todo o seu ciclo de vida,

caracterizando o que tornou-se conhecido como enfoque do “berço ao

túmulo” (cradle-to-grave). A ACV, segundo Manzini;Vezzoli (2005), leva em

consideração os impactos ambientais nos âmbitos da saúde ecológica, da

saúde humana e do esgotamento de recursos naturais, não fazendo

considerações de caráter econômico e social.

A definição para a Avaliação do Ciclo de Vida é apresentada pela Norma

NBRISO14040, de maneira mais objetiva, juntamente com outras definições,

dentre as quais destacam-se:

Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): Compilação e avaliação das entradas,

das saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema de produto

ao longo do seu ciclo de vida.

Ciclo de vida: Estágios sucessivos e encadeados de um sistema de

produto, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de recursos

naturais à disposição final.

Avaliação do impacto do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida

13 SETAC – Society for Environmental Toxicology and Chemistry. Historicamente, o primeiro

organismo em nível internacional a atuar no desenvolvimento da ACV.

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dirigida à compreensão e à avaliação da magnitude e significância dos

impactos ambientais potenciais de um sistema de produto.

Interpretação do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida na qual

as constatações da análise de inventário ou da avaliação de impacto, ou de

ambas, são combinadas consistentemente com o objetivo e o escopo

definidos para obter conclusões e recomendações.

Análise do inventário do ciclo de vida: Fase da avaliação do ciclo de vida

envolvendo a compilação e a quantificação de entradas e saídas, para um

determinado sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida.

Silva (2003) apresenta, com base na SETAC, os principais objetivos de uma

ACV como sendo:

a) retratar, da forma mais completa possível, as interações entre o processo

considerado e o ambiente;

b) contribuir para o entendimento da natureza global e independente das

conseqüencias das atividades humanas sobre o ambiente e;

c) produzir informações objetivas que permitam identificar oportunidades

para melhorias ambientais.

Genericamente, as ACVs podem ser aplicadas para:

- Avaliação da adequação ambiental (uso eficiente de recursos e redução

de emissões) de uma determinada tecnologia, processo ou produto;

- Identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais dos

produtos em vários pontos de seu ciclo de vida;

- Comparação de alternativas tecnológicas de processos ou produtos

diferentes, porém destinados à mesma função;

- na tomada de decisões na indústria, organizações governamentais ou

não-governamentais (por exemplo, planejamento estratégico, definição

de prioridades, projeto ou reprojeto de produtos ou processos);

- na seleção de indicadores pertinentes de desempenho ambiental,

incluindo técnicas de medição; e

- Geração de informações para os consumidores e o meio técnico, que

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43

poderão servir para rotulagem ambiental ou declaração ambiental de

produto, e justificar o mantenimento ou não de determinado produto no

mercado.

Especificamente na construção civil, o conceito de avaliação do ciclo de vida

tem sido aplicado, direta ou indiretamente, em:

- avaliação de materiais de construção, para fins de melhoria de processo

e produto ou informação a projetistas (inserção de dados ambientais

sistematizados em catálogos);

- rotulagem ambiental de produtos, uma iniciativa incipiente, porém

recebendo investimentos crescentes;

- ferramentas computacionais de suporte à decisão e auxílio ao projeto,

especializadas no uso de ACV para medir ou comparar o desempenho

ambiental de materiais e componentes de construção civil;

- instrumentos de informação aos projetistas; e

- esquemas de avaliação/certificação ambiental de edifícios.

2.3.2 Fases de uma ACV

A avaliação do ciclo de vida, conforme a norma NBRISO14040, deve incluir

a definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de

impactos e interpretação de resultados, conforme ilustrado na Figura 2.8 e

descrições a seguir.

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44

Figura 2.8 - Fases de uma ACV (NBRISO14040)

a - Objetivo do estudo da ACV

O objetivo de um estudo da ACV deve declarar inequivocamente a aplicação

pretendida, as razões para conduzir o estudo e o público-alvo, isto é, para

quem se pretende comunicar os resultados do estudo.

b - Escopo do estudo

Na definição do escopo de um estudo da ACV devem ser considerados e

claramente descritos os seguintes itens:

- as funções do sistema de produto ou, no caso de estudos comparativos,

dos sistemas;

- a unidade funcional;

- o sistema de produto a ser estudado;

- as fronteiras do sistema de produto;

- procedimentos de alocação;

- tipos de impacto e metodologia de avaliação de impacto e interpretação

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subseqüente a ser usada;

- requisitos dos dados;

- suposições;

- limitações;

- requisitos da qualidade dos dados iniciais;

- tipo de análise crítica, se aplicável; e

- tipo e formato do relatório requerido para o estudo.

Convém que o escopo seja suficientemente bem definido para assegurar

que a extensão, a profundidade e o grau de detalhe do estudo sejam

compatíveis e suficientes para atender o objetivo estabelecido.

Manzini;Vezzoli (2005) destaca, dentre os itens a serem considerados na

definição do escopo, como um dos passos mais importantes da ACV, a

Definição da Unidade Funcional, presumindo-se que as medidas e as

avaliações sejam feitas baseadas nas serventias do sistema em análise, ou

seja, o objeto de estudo em destaque não é tanto o produto físico, mas

também a sua função, que representa o serviço e os resultados que vai

fornecer. Definida a unidade funcional do produto ou sistema, esta será a

entidade usada para medir e comparar.

c - Análise do inventário do ciclo de vida

Análise do inventário envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo

para quantificar as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto.

Estas entradas e saídas podem incluir o uso de recursos e liberações no ar,

na água e no solo associados com o sistema.

Segundo Manzini;Vezzoli, após a definição do sistema de produto e seus

limites e, descritos os processos (flow-chart: Figura 2.9), passa-se para a

fase de tratamento dos dados, caracterizada, entre outras, pelas atividades

de recolha de dados, definição de procedimentos de cálculo, construção de

tabelas de levantamento ou de inventário (Tabela 2.4), e, análise dos dados.

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Figura 2.9 - Representação do ciclo de vida de um produto como uma árvore de processos (SILVA, 2003)

Emissões Polietileno Vidro Unidade

CO2 1,792 0,4904 kg

NOx 1,091x10-3 1,586 x10-3 kg

SO2 987,0x10-6 2,652 x10-3 kg

CO 670,0x10-6 57,00x10-6 kg

... ... ... ...

... ... ... ...

Tabela 2.4 - Trecho de planilha de impactos ambientais resultante da produção de 1kg de polietileno e 1kg de

vidro. (SILVA, 2003)

Podem ser feitas interpretações destes dados, dependendo dos objetivos e

do escopo da ACV. Estes dados também constituem a entrada para a

avaliação do impacto do ciclo de vida.

O processo de condução de uma análise do inventário é interativo. Na

medida em que os dados são coletados e é conhecido mais sobre o sistema,

podem ser identificados novos requisitos ou limitações para os dados que

requeiram uma mudança nos procedimentos de coleta de dados, de forma

que os objetivos do estudo ainda sejam alcançados. Às vezes, podem ser

identificadas questões que requeiram revisões de objetivo ou do escopo do

estudo.

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d - Avaliação do impacto do ciclo de vida

A fase de avaliação do impacto da ACV é dirigida, conforme a

NBRISO14040, à avaliação da significância de impactos ambientais

potenciais, usando os resultados da análise de inventário do ciclo de vida.

Em geral, este processo envolve a associação de dados de inventário com

impactos ambientais específicos e a tentativa de compreender estes

impactos. O nível de detalhe, a escolha dos impactos avaliados e as

metodologias usadas dependem do objetivo e do escopo do estudo.

A fase de avaliação de impacto é caracterizada por quatro subfases

sucessivas:

- Classificação: correlação de dados de inventário por categorias de

impacto. Todos os inputs e outputs das tabelas de levantamento são

classificadas em grupos relativos aos efeitos que provocam na saúde

humana, no ambiente e no esgotamento de recursos naturais, grupos

esses cujas classes mais conhecidas são detalhadas, no ítem 2.4, mais

adiante neste texto;

- Caracterização: modelagem dos dados de inventário dentro das

categorias de impacto. Leva a uma agregação de impactos no interior de

cada classe de efeito ambiental, considerando-se as diferentes

intensidades de efeitos provocados pelas diversas substâncias,

aplicando-se fatores de equivalância que indica a contribuição relativa na

soma dos resultados. pontos-efeito = fatores de equivalência x

quantidade.

Emissões Quantidade(kg) Aquecimento

Global

Dano à

Camada de

Ozônio

Toxicidade ao

Homem

Acidificação

CO2 1,792 x1,0 - - -

NOx 1,091x10-3 - - x0,78 x0,7

SO2 987,0x10-6 - - x1,2 x1,0

CO 670,0x10-6 - - x0,012 -

Pontuação de Efeitos 1,792 0 0,00204 0,0017

Tabela 2.5 - Exemplo de caracterização: trecho da planilha de impactos para a produção de 1kg de polietileno

(SILVA, 2003)

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- Normalização: possível agregação dos resultados em casos muito

específicos e somente quando significativos. Segundo Manzini;Vezzoli

(2005), todos os pontos-efeito ambientais são proporcionais a um

determinado perfil considerado normal, procedendo-se a normalização

através da divisão da pontuação de cada efeito pelo efeito normal

relativo.

Pontos efeito normalizado = pontos efeito / pontos-efeito “normal”.

Após a normalização, é possível observar a contribuição relativa dos

sistemas aos níveis existentes de determinados efeitos (Figura 2.10).Este

procedimento fornece uma noção do panorama geral do impacto

causado pelo sistema, já que, até a etapa de caracterização, só é

possível comparar os efeitos individualmente.

Figura 2.10 - Normalização do ciclo de vida de sacos de papel e de PEBD (dados fictícios), permitindo comparar

contribuições aos aspectos ambientais (SILVA,2003)

- Avaliação: são avaliados os contributos das diferentes categorias de

impacto, de modo que possam ser comparados (somados) entre si

(MANZINI; VEZZOLI, 2005). Avaliação efeito = fator de peso x pontos-

efeito normalizado.

Apesar da normalização facilitar a visualização de resultados, ainda não

permite que se faça um julgamento final, pois, até então, os diferentes

efeitos ambientais são considerados como de igual importância. Cabe à

avaliação (também chamada valoração) atribuir pesos à pontuação

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normalizada, de modo a representar a importância relativa de cada efeito.

Esta valoração tem caráter notadamente subjetivo, e representa valores

sociais, culturais, éticos e políticos. Após esta ponderação, o tamanho

das colunas passará, de fato, a representar a gravidade de cada efeito,

permitindo que elas sejam somadas para se chegar a um resultado final

(indicador), conforme a Figura 2.11 (SILVA, 2003).

Figura 2.11 - Indicador de ciclos de vida para sacos de papel e PEBD, tornando-se evidente a preferência por

sacos de papel (SILVA, 2003).

e - Interpretação do ciclo de vida

Interpretação é a fase da ACV, segundo a NBRISO14040, na qual as

constatações da análise do inventário e da avaliação de impacto ou, no caso

de estudos de inventário do ciclo de vida, somente os resultados da análise

de inventário, são combinados, de forma consistente, com o objetivo e o

escopo definidos, visando alcançar conclusões e recomendações.

A norma NBRISO14040, além das quatro fases básicas de uma ACV,

acrescenta ainda a fase de análise crítica, destacando-a da interpretação do

ciclo de vida. Segundo a norma, o processo de análise crítica deve

assegurar que:

- os métodos usados para conduzir a ACV são consistentes com a Norma;

- os métodos usados para conduzir a ACV são científica e tecnicamente

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válidos;

- os dados usados são apropriados e razoáveis em relação ao objetivo do

estudo;

- as interpretações refletem as limitações identificadas e o objetivo do

estudo;

- o relatório do estudo é transparente e consistente.

O escopo e o tipo da análise crítica desejados devem ser definidos na fase

de escopo de um estudo da ACV.

2.3.3 Aplicação da ACV na produção do meio ambiente construído

A aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida se apresenta com instrumento de

grande valia para o setor da construção civil, segundo Soares (2006), visto

os expressivos impactos ambientais produzidos nas diversas fases do

processo construtivo – desde a fase de extração e fabricação de matérias-

primas até a renovação ou demolição da estrutura – avaliados por meio das

repercussões de emissões atmosféricas, consumo de recursos naturais,

demandas energéticas e geração de resíduos sólidos e líquidos.

Apesar de ser um procedimento complexo e, freqüentemente longo, a

Avaliação do Ciclo de Vida, segundo Silva (2003), adiciona uma dimensão

científica à discussão ambiental e tem recebido investimento crescente em

pesquisa na construção civil. A ACV procura retratar objetivamente um

determinado produto em termos de fluxos entrada (consumo de recursos) e

saída (emissões e resíduos) de um sistema, minimizando a influência de

decisões subjetivas dos analistas. É possível a obtenção de uma visão

holística sobre o processo de produção e utilização, uma vez que todas as

fases geram impactos sobre o ambiente.

Entretanto, é necessário ressaltar que o desenvolvimento de estudos de

ACV em edificações requer algumas alterações devido, entre outros

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aspectos, às diferenças apresentadas com relação ao ciclo de vida de

produtos industriais que envolvem, normalmente, um curto espaço de tempo.

Obras civis, ao contrário de produtos com vida útil de semanas ou meses,

são, em geral, caracterizadas por uma vida útil que se estende por alguns

anos, décadas ou mesmo séculos (Tabela 2.6). Há que se considerar,

todavia, que a vida útil não compreende todo o ciclo de vida destas obras,

cuja extensão temporal e abrangência são ainda maiores.

Tabela 2.6 - Processos de construção civil e respectivos tempos de vida útil (SOARES, 2006)

A avaliação do desempenho ambiental de um edifício implica em tratar e

analisar informações quanto ao fluxo de recursos e emissões definidos pela

implantação e orientação, processo construtivo, materiais empregados,

flexibilidade de projeto, planejamento da operação e gerenciamento de

resíduos de construção e demolição (Figura 2.12)

Figura 2.12 - Ciclo de vida de uma edificação genérica (SILVA, 2003)

Para utilização da ACV na produção do meio ambiente construído, faz-se

necessário, no entanto, que sejam superadas dificuldades e limitações,

particularmente em nosso país. Silva (2003) considera esta utilização, no

presente momento, complexa, impraticável e insuficiente. Complexa, pois os

edifícios são compostos por inúmeros produtos, com suas árvores de

vida útil média Processos de construção específicos

1 a 3 anos Projeto e construção do edifício/obra3 a 5 anos Tempo de manutenção e uso10 a 15 anos Tempo médio de uso e renovação parcial30 a 50 anos Tempo longo de uso e renovação total80 a 120 anos Tempo de vida útil de sistemas estruturais de edificaçõesSuperior a 150 anos Tempo de vida útil de monumentos

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processos próprias. Impraticável, por ainda não haver dados confiáveis de

ACV de materiais de construção nacionais. Insuficiente, considerando-se

que há aspectos de desempenho ambiental que não podem ser avaliados

através de fluxos de matéria, como aspectos sociais e econômicos.

Podemos considerar, no entanto, que o uso da ACV não exclui a

possibilidade de utilização concomitante de outros métodos de avaliação e,

se hoje ainda não há dados locais confiáveis sobre ACV, é necessário que

se dê os primeiros passos, para que futuramente estes estejam disponíveis.

2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELAS ATIVIDADES HUMANAS

Segundo Manzini;Vezzoli (2005), cada ação humana implica em absorção /

aquisição de recursos do ambiente, extraindo-lhe substâncias, e liberação de

emissões ao mesmo, ou seja, liberação de substâncias no meio. Cada forma

de impacto tem em sua origem uma troca de substâncias entre o meio

ambiente e o sistema produtivo.

Em termos de extensão geográfica, os impactos podem ter seus efeitos nos

níveis local, quando os efeitos ocorrem no mesmo lugar da causa; regional,

com efeitos ocorrendo em uma determinada área geográfica vizinha à área

da atividade e; global, impactando no planeta, como por exemplo quanto às

mudanças climáticas da terra.

O reflexo em termos dos principais impactos ambientais de todas as

atividades durante o ciclo de vida do produto construído são apresentadas

nas descrições logo adiante.

2.4.1 Esgotamento de Recursos

Os recursos sujeitos a esgotamento representam os inputs do sistema de

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produção e consumo. Dentre os recursos empregados neste sistema estão o

consumo de água, fontes de energia não renováveis, como os combustíveis

fósseis e matérias-primas.

Manzini;Vezzoli (2005) aponta esta questão como um problema para a

sustentação econômica do nosso modelo de produção e consumo, assim

como um problema vital quanto à sustentabilidade ambiental, podendo

prejudicar a sobrevivência e o bem-estar das gerações futuras.

Isto significa que o esgotamento de recursos, caso não evitado, irá provocar

graves problemas sociais. Tomando como exemplo de recurso a água,

embora tenhamos um grande volume de água disponível em nosso planeta,

o percentual de água doce potável é muito pequeno. O redução da

disponibilidade de água potável fará com este recurso tenha seu custo

multiplicado, tornando-se pouco acessível e resultando em agravamento dos

problemas sanitários e de saúde pública. A previsão de esgotamento dos

combustíveis fósseis já provoca aumento crescente deste recurso,

provocando reações na sociedade no sentido de buscar recursos

alternativos, inclusive recursos renováveis.

É importante, portanto, desenvolver e utilizar recursos renováveis.

Manzini;Vezzoli (2005) coloca a necessidade de tratar a questão quanto ao

grau de renovação dos recursos, ligando a este conceito as possibilidades

humanas de consumo. A renovação deve ser entendida em relação à

quantidade de recursos consumida, à velocidade de reconstituição e às

novas exigências humanas.

2.4.2 Aquecimento Global

A temperatura em nosso meio ambiente é equilibrada com a captura de

radiações solares e liberação de radiações infravermelhas. O aquecimento

decorrente da presença de gases na atmosfera, como o gás carbônico, gás

metano, clorofluorcarnonetos, entre outros, é chamado de efeito estufa e, em

condições normais e equilibradas, propicia uma temperatura fundamental à

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vida na terra. Se não fosse pelo efeito estufa, a vida como a conhecemos

nunca teria surgido na terra; teria sido demasiadamente frio. Algumas

estimativas colocam a temperatura média da Terra na faixa de –32ºC a –

23ºC se esses gases não existissem (Demillo, 1998 apud Frangetto, 2002).

O problema ocorre quando há um aumento de tais gases na atmosfera,

provocando uma maior retenção de radiações infravermelhas e

desequilibrando termicamente o planeta, chamado aquecimento global. A

presença de gases na atmosfera vem aumentando de modo preocupante em

decorrência das ações humanas, principalmente após a Revolução

Industrial, com o uso de combustíveis fósseis nos meios de produção,

elevando, segundo Frangetto (2002), em quase 50% os níveis de

concentração de dióxido de carbono (CO2) – principal gás do efeito estufa –

na atmosfera.

Manzini;Vezzoli (2005) aponta como conseqüencias do desequilíbrio do

efeito estufa, com o aquecimento global, o derretimento dos gelos polares,

aumento do nível das águas e emersão das áreas baixas, desertificação e

migração de agentes patológicos das zonas tropicais.

Das ações humanas que provocam aumento dos gases de efeito estufa na

atmosfera, as principais são a combustão de petróleo, carvão e gás natural

(combustíveis fósseis). Conside-se então que o tráfego, o condicionamento

térmico (refrigeração e aquecimento) dos edifícios e o consumo de energia

elétrica dos mesmos em locais alimentados por termoelétricas, também

contribuem para o efeito estufa (MANZINI; VEZZOLI, 2005). Há que se

considerar a contribuição em todo o ciclo de vida das construções.

2.4.3 Redução da Camada de Ozônio

Antes de se falar sobre a necessidade de proteção, deve-se falar antes da

função e importância da camada de ozônio. Localizada em uma das

camadas mais altas da atmosfera, a camada de ozônio é responsável pela

absorção das radiações ultravioletas, nocivas à flora e fauna, sendo que o

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55

maior problema ao ser humano é o aumento dos tumores de pele

(MANZINI;VEZZOLI, 2005).

A emissão de diversos gases na atmosfera em decorrência das atividades

humanas tem provocado uma redução na espessura da camada de ozônio.

Os principais gases responsáveis por esta redução são os CFC –

Clorofluorcarbonos, os HCFC e o tetraclorometano, que reagem

quimicamente com o ozônio, provocando sua transformação em oxigênio

molecular, agindo durante um período de 20 anos.

Dentre as atividades humanas responsáveis pela emissão de gases

prejudiciais à camada de ozônio, as principais são o uso de solventes à base

de cloro, vernizes diluídos à base de solventes, sistemas de refrigeração e

de ar condicionado, o uso de sprays e ainda a transformação de polímeros

em espuma através dos CFC.

2.4.4 Poluição

A poluição, segundo Dashefsky (2003), refere-se a uma mudança negativa

na qualidade de alguma parte da biosfera, sendo comumente classificada

em poluição do ar, poluição da água e poluição do solo.

a) Poluição do ar

Dashevsky aponta a existência de cinco poluentes primários do ar, que

são monóxido de carbono, hidrocarbonos, compostos nitrogenados,

material particulado e dióxido de enxofre, sendo a queima de

combustíveis fósseis a principal causa deste tipo de poluição. Os

chamados poluentes secundários são formados quando os poluentes

primários reagem entre si na presença de luz solar.

Manzini;Vezzoli classifica a poluição do ar em fotoquímica ou poluição

de verão e a poluição de inverno.

- poluição de verão

A poluição fotoquímica é decorrente das reações provocadas pela luz

solar que, ao encontrar hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio na

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atmosfera, provenientes da evaporação da gasolina e queima

incompleta de combustíveis, reage provocando maior concentração de

monóxido de carbono, peroxiacilinitratos (PAN) e outros compostos

orgânicos, como os aldeídos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,

compostos cujo aumento de concentração causa problemas respiratórios

e irritação nos olhos, deteriora alguns materiais e danifica plantações.

Dentre as atividades humanas causadoras deste tipo de poluição, estão

a utilização de maquinarias, o aquecimento das habitações, atividades

industriais e centrais elétricas.

- Poluição de Inverno

A poluição de inverno é decorrente das concentrações de SO2 e material

particulado, provocando problemas respiratórios e até mesmo mortes.

Dentre as principais atividades responsáveis pelas emissões de SO2

estão as atividades em industrias, refinarias e centrais elétricas, e na

incineração sem sistemas adequados de filtragem das fumaças e gases

tóxicos (MANZINI; VEZZOLI, 2005).

b) Poluição da água

A poluição da água ocorre, segundo Dashevsky (2003), quando a

qualidade natural da água é degradada, resultando em danos ao

ecossistema aquático e/ou tornando os recursos hídricos inadequados

ao consumo humano.

A poluição da água é causada por produtos químicos e outras

substancias adicionadas à água; resíduos orgânicos, entre os quais os

resíduos provenientes dos esgotos; resíduos radioativos; poluição

térmica da água, decorrentes de processos industriais de resfriamento; e

ainda, os sedimentos provenientes de processos erosivos.

c) Poluição do Solo

A poluição do solo é decorrente da adição ao mesmo de materiais que

podem modificar suas características naturais e utilizações. Entre os

principais poluentes do solo estão as águas contaminadas, efluentes

sólidos e líquidos provenientes de indústrias químicas e de esgoto

domiciliar; resíduos provenientes de atividades agrícolas (agrotóxicos); e

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57

o lixo, de origem domiciliar, hospitalar, industrial e nuclear.

2.4.5 Acidificação

Quando os poluentes secundários, como os ácidos sulfúrico e nítrico, que

são decorrentes da reação de substâncias entre si através da presença de

luz solar, caem sobre a terra com a chuva (a chamada chuva ácida),

provocam um aumento de acidez no terreno, nas águas e superfícies

urbanas.

O processo descrito, chamado de acidificação, pode impedir, conforme

Manzini;Vezzoli (2005), o crescimento de árvores, provocar corrosão de

monumentos e edifícios, contaminar os lençóis d’água (morte da flora

aquática) e, por fim, causar sérios riscos para a saúde, como problemas

respiratórios.

Dentre as causas da acidificação estão algumas atividades agrícolas; a

utilização de máquinas; as atividades de industrias, refinarias e centrais

elétricas; aquecimento das habitações; uso de produtos à base de

amoníaco; e, uso de tintas e adesivos à base de solventes.

2.4.6 Eutrofia

A eutroficação ou eutrofização é um processo de enriquecimento de

nutrientes de um meio, que pode ser o terreno, mas os ambientes mais

sensíveis a este processo, baseado em Manzini;Vezzoli (2005), são os lagos

e as bacias artificiais, onde a lentidão de troca das águas facilita a

acumulação de poluentes.

Para Dashefsky (2003), o drástico enriquecimento de nutrientes produz

explosão populacional de alguns organismos, como as algas, que quando

mortas alimentam bactérias que por sua vez também tem crescimento

populacional exagerado, reduzindo os níveis de oxigênio no meio e

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provocando a morte do ecossistema e poluição deste meio, comprometendo

o fornecimento hídrico.

Dentre as atividades que contribuem para a eutroficação estão os esgotos e

descargas industriais e ainda as emissões atmosféricas decorrentes do

tráfego urbano.

2.4.7 Poluição tóxica

Como poluição tóxica, Dashevsky (2003) define qualquer substância

introduzida no meio ambiente que causa danos ao funcionamento normal de

um organismo, podendo ser encontradas no ar, na água e no solo. Este

impacto ambiental recebe titulação variada, sendo tratado como toxicidade

ecológica pelo aplicativo BEES 3.0 ou por Manzini;Vezzoli (2005),

simplesmente como toxinas no ar, água e solo.

Manzini;Vezzoli informa que, para as muitas substâncias que podem ser

danosas ao homem e ao ecossistema, os efeitos podem ser diretamente

letais ou manifestarem-se após determinado período, podendo ser

persistentes (não se degradam com o tempo) e cujo efeito prossegue após

sua acumulação e absorção. Estas podem, em uma primeira fase,

acumularem-se na água e na terra. Destacam-se entre as toxinas

persistentes os metais pesados, os pesticidas clorados, os Policlorobifeniles

(PCB) e Policlorotrifeniles (PCT), e ainda petróleo e óleos já consumidos.

Como fatores contribuintes estão a dispersão de substâncias tóxicas das

lixeiras não impermeabilizadas adequadamente, descargas de águas

industriais e urbanas que contenham metais tóxicos nos corpos hídricos,

petróleo e seus derivados, óleos já consumidos, substâncias radioativas e

químicas.

As toxinas liberadas no ambiente podem se disseminar através da cadeia

alimentar, atingindo desta forma flora, fauna e por fim o homem,

acumulando-se nos seus tecidos. A disseminação pode se dar através do

consumo de alimentos poluídos, inalação e ingestão de águas contaminadas

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59

e produtos que as utilizem.

2.4.8 Resíduos sólidos

Resíduos sólidos são aqueles “nos estados sólido e semi-sólido, que

resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição de ruas. Inclui ainda

determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos de água, ou que

exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à

melhor tecnologia disponível” (IBGE, 2004). De maneira simplificada,

resíduos sólidos significam lixo.

O problema do gerenciamento dos resíduos sólidos vem se tornando motivo

de preocupação crescente de muitos países devido às questões dramáticas,

conforme Manzini;Vezzoli (2005), de redução da disponibilidade de espaços

para eliminação de lixo, contaminação do solo e lençol freático, geração de

odores, riscos de explosões nas descargas e ainda o transporte dos

resíduos.

O volume gerado de resíduos sólidos domiciliares ou resíduos sólidos

municipais, segundo John (2000), na Europa varia de 296 a 631 kg/hab.ano

e sendo estimado no Brasil, pela CETESB14, em cidades com mais de 500

mil habitantes, em 255 kg/hab.ano, que também estima um volume total

gerado no Brasil de 23 milhões de toneladas anuais de resíduos não inertes

e perigosos. John aponta, no entanto, que o resíduo sólido municipal é a

menor parte do volume total de resíduos gerado, que estima ser de 56

ton/hab.ano, cerca de 5 vezes o consumo total de materiais estimado.

A Tabela 2.7 demonstra levantamento da Prefeitura do Município de São

Paulo, através de seu Departamento de Limpeza Urbana, do volume de lixo

14 CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Vinculada à Secretaria

Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

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60

coletado, separando-o conforme sua origem.

Tabela 2.7 – Coleta de lixo segundo origem no Município de São Paulo

Segundo Manzini;Vezzoli (2005), o problema dos resíduos sólidos está

relacionado tanto às estratégias de quem produz quanto ao comportamento

dos consumidores.

2.4.9 Outros Impactos

As atividades humanas de produção e consumo apresentam ainda outros

impactos ambientais, como alteração do habitat, prejuízos à saúde humana

e poluição sonora, de grande relevância, porém de avaliação ainda mais

difícil que as demais.

2.4.10 Causas e efeitos dos impactos ambientais

A Tabela 2.8relaciona atividades humanas às suas causas e efeitos quanto

aos impactos ambientais.

Ano

Primário Domiciliar, Varrição e Feiras

Industrial(*) Saúde Entulho Diversos

1980 1.849.185 987.367 38.309 - 30.2571991 2.493.528 398.745 48.650 - 1.043.8282000 3.461.906 193.940 33.978 1.678.595 373.4882001 3.663.366 167.220 33.335 1.416.350 394.1822002 3.548.934 112.620 33.472 1.488.073 434.8572003 3.161.814 90.174 32.489 2.194.983 416.1362004 3.210.000 73.949 31.723 1.598.741 422.384

2005 3.232.000 - 31.393 1.754.269 371.408

(*) Resíduos Sólidos Domiciliares, Comerciais e Instucionais de particulares considerados grandes geradores

(em toneladas)Coleta de Lixo segundo Origem no Município de São Paulo

Origem do Lixo

Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Serviços - Departamento de Limpeza Urbana

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Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 1/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)

Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeito

combustão de combustível fóssil:

centrais eletricas (>CO2)

dióxido de carbono (CO2)

consumo de energia em casa e

no escritório

viajar de carro (>CO2)

clorofluorcarbono (CFC)

degelo das calotas polares

Aquecimento Global

aquecimento habitação (>CO2)

metano (CH4)

elevação do nível das águas e

alagamento de áreas baixas

comprar produtos de madeira

tropical

desflorestamento por incêndio

(>CO2)

óxidos de azoto (NOX (N2O))

desertificação

agricultura ozônio (O3)migração de

agentes patogenicos

comer carne animais (>CH4)vapor de água

(H2O)

ferilizantes (>N2O)

uso de sprays que contenham CFC

clorofluorcarbono (CFC)

uso de produtos em espuma com

CFC

uso de solventes clorados para

lavagem a seco

Redução da Camada de Ozônio

uso de vernizes à base de solventes

HCFCdanos à flora e à

fauna

transformação de polímeros em

espuma com CFC

aumentos dos tumores de pele

refrigeração e condicionamento

de ar (>CFC)tetraclorometano

enfraquecimento do sistema

imunológicoinseticidas aerosóisaviões

supersônicostricloroetano

uso de máquinas emissões de gás (>NOx, CxHy)

Poluição de Verão

indústrias, refinarias e

centrais elétricas (> NOx)

óxidos de azoto (NOx (N2O))

aquecimento das habitações

(>NOx)

hidrocarbonetos no ar (CxHy)

uso de fertilizantes na

agricultura (>N2O)luz do sol

Bloqueiam as radiações

infravermelhas e aumentam a temperatura

global da terra

Impactos Ambientais - Causas e Efeitos

Na estratosfera provoca a

transformação do ozônio em oxigênio

molecular, determinando a

rarefação da faixa de ozônio que

absorve as radiações

ultravioletas

compra de alimentos

importados (transportados em

células

alguns compostos orgânicos causam

lacrimação e problemas de respiração ao

homem.

alguns compostos podem ser muito tóxicos para as

plantas

a interferência dos hidrocarbonetos no ciclo fotolítico

do dióxido de azoto provoca

uma alta concentração de

ozônio (O3), monóxido de

carbono (CO), peroxiacilinitrato (PAN) e outros

compostos orgânicos na atmosfera.

consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e

combustíveis

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Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 2/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)

Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeitouso de máquinas emissões de gás (>NOx, CxHy)

Poluição de inverno

indústrias e refinarias (>SO2)

Pequenas partículas

dispersas (SPM)centrais eletricas

(>SO2)dióxido de enxofre

(SO2)incineração sem

filtragem dos fumos tóxicos

(>SO2)

estrume de gado (>NH3)

obstáculos ao crescimento das

florestas

alimentar-se de carne e laticínios

uso de máquinas emissões de gás

(>NOx, CxHy, COV)

óxidos de enxofre (SO2,SOx)

obstáculo ao crescimento das

árvores nas zonas urbanas

Acidificação

indústrias, refinarias e

centrais elétricas (> NOx)

óxidos de azoto (NOX (N2O))

corrosão de monumentos e

edifícios

aquecimento das habitações (>Nox,

COV)amoníaco (NH3)

contaminação dos lençóis freáticos

consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e

combustíveis

uso de produto de limpeza que

contenha amoníaco (>NH3)

COVmorte da flora

aquática

uso de tintas à base de solventes

(>COV)

riscos para a saúde (problemas

respiratórios)

uso de fertilizantes para jardim (fosfatos e

nitratos)

fosfatos (PO4)

Acúmulo de alimentos, nitratos

e fosfatos, nas águas e no

terreno além da capacidade de

auto depuração.

Eutrofia

agricultura: fertilizantes (fosfatos) e fertilizantes

azotatos

nitratos (NO3)mortandade da

fauna aquática por falta de oxigênio

consumo de produtos

alimentares de cultivo intenso

água de descarga e esgotos (nitratos

e fosfatos)NOx

Assimilação das algas que

crescem em demasia.

uso de detergentes com

fosfatosNH3

contaminação dos lençóis freáticos e

lagos que não podem ser usados para alimentação

descargas industriais

(nitratos, fosfatos)N2O

A decomposição das algas

consome o oxigênio da água

uso de máquina causa emissões de gás (>NOx)

N2 (gás)

obstáculo à possibilidade de tomar banho em lagos e mares.

Na atmosfera o NO2 transforma-se

em ácido nítrico (NHO3), o SO2 em

ácido sulfúrico (H2SO4), estes se

juntam à água pluvial, tornando-a

ácida determinando um

acúmulo de acidez no terreno, nas águas e nas superfícies dos

estabelecimentos urbanos.

outras concentrações e

pequenas partículas

dispersas (SPM) e

problemas de respiração até a

morte.

consumo em casa e no escritório de gás, eletricidade e

combustíveis

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Tabela 2.8 - Impactos Ambientais - Causas e Efeitos. Parte 3/3 (MANZINI; VEZZOLI, 2005)

Aspecto Ambiental Causa indireta Causa direta Agentes Impacto Efeito

Toxinas na água e no solo

descarga de resíduos

industriais e urbanos nos

corpos hídricos contendo metais

tóxicos, petróleo e seus derivados, óleos e demais

substâncias químicas

metais pesados: mercúrio,

chumbo, arsênico, cádmio, cromo, níquel, selênio,

zinco

Acúmulo de produtos químicos

tóxicos e persistentes (não degradáveis) no solo, na água e,

sonseqüentemente nos tecidos

animais e vegetais; esta interação pode

aumentar a intoxicação.

os metais pesados retornam ao

homem através da cadeia alimentar

exalação de substâncias tóxicas de

depósito de lixo não

impermeabilizado

pesticidas de cloruros (DDT)

poluição dos lençóis d'água inutilizando a

água para consumo, irrigação e recreação.

uso de substâncias

aditivadas com policlorobifenil

(PCB)

substâncias químicas

policlorobifenil (PCB), PCT,

petróleo e óleos queimados

o policlorobifenil (PCB) danifica

tecidos hepáticos e cerebrais

uso de máquinas: combustão de gasolina com chumbo ou

combustão de gasolina com

benzeno

inseticidas aerosóis orgânicos

de sintese (pesticidas)

acúmulo de produtos químicos industriais tóxicos

no ar; essa interação pode

provocar intoxicação

a dioxina (TCDD) provoca cloracne

e tumores nos tecidos

Toxinas no ar

compra de bens destinados à incineração

fumar cigarros (>pireno e

benzopireno)

hidrocarbonetos aromáticos

cancerígenos (pireno,

benzopireno e benzeno)

a inalação do pireno e do

benzopireno é altamente

cancerígena

incineração sem filtragem das

fumaças e gases tóxicos (>SO2,

dioxina)

substâncias como: amianto, berílio,

chumbo, mercúrio, cromo, clorato de vinil,

dioxinas.

a inalação do chumbo provoca saturnismo: dano

crônico ao sistema nervoso

escolha de produtos:

aumento do fluxo de lixo sólido

urbano

aumento do volume de lixo

a presença do lixo causa:

-com embalagem múltipla

-descartáveis embalagens

- redução da disponibilidade de

espaços para a eliminação de

outros

Lixouso de produtos: produtos

- contaminação do solo e de lençóis

freáticos

descartados antes da hora

aumento do fluxo de lixo industrial

lixo orgânicoesgotamento de recursos naturais

- odores e riscos de explosões na

lixeirafalta de uso secundário

cinzas

falta de venda ou doação

subprodutos e descargas industriais

eliminação por velhice

descarga não legal

acumulação de lixo tóxico

eliminação de produtos de forma não diferenciada

aquisição de bens descartáveis,

como brinquedos e aparelhos

domesticos, que contenham

bateria, isolantes, transformadores, condensadores, recipientes em policlorobifenil

(PCB), termômetros ou nanômetros (Hg)

o transporte do lixo implica em

consumo de combustíveis,

ruídos e poluição

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64

2.5 DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO

Conforme Spekkink (2005) e a norma ISO6241(1982), o desempenho de

uma construção está relacionado ao comportamento desta como um todo ou

parcialmente quanto aos fins a que é requisitada fazer. Os requisitos são a

relação de necessidades do usuário a serem preenchidas por esta

construção.

Porém, os requisitos dos usuários, que há pouco mais de duas décadas não

incluíam aspectos relacionados ao meio ambiente, hoje já os agregam, ainda

que de maneira insipiente. A presença dos requisitos ambientais no rol dos

requisitos dos usuários é ainda tímida devido às dificuldades de se tratá-los

de maneira objetiva.

Mas, do que consistiriam estes requisitos ambientais dos usuários?

Primeiramente, há que se definir quem são os usuários e o que é requisitado

por eles. Considerando-se a definição de desenvolvimento sustentável, do

ponto de vista ambiental e conforme a Agenda 21, é o “desenvolvimento que

satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Há que se

considerar ainda o direito ambiental, em seu princípio da ubigüidade (ver

item 3.2.1), que aponta o caráter global do meio ambiente, uma vez que a

poluição e a degradação do meio ambiente não encontram fronteiras e não

esbarram em limites territoriais.

O usuário, por esta considerações, não é somente aquele que usufrui

diretamente o meio ambiente construído, mas todo aquele que, mesmo

indiretamente, é afetado pelo desenvolvimento. Não há limitações temporais

nem espaciais, podendo-se considerar como usuário, para o qual devem ser

preenchidos requisitos, mesmo aquele que se encontra em um outro país e

pertencente às gerações futuras. Considerando-se ainda princípios de ética

ambiental (ver ítem 3.2.1), conforme Almeida (2006), há que se considerar

não apenas os seres humanos, mas também os seres não humanos, o que

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65

já está previsto na norma ISO6241, que define usuário como pessoa, animal

ou objeto para o qual a construção foi projetada.

Os requisitos ambientais de tais usuários refere-se à sua sobrevivência e

preservação, e o mantenimento de condições de vida com qualidade, em

caráter global, para as gerações atuais e futuras.

Com a incorporação destes novos requisitos dos usuários, as construções

passam a ser avaliadas quanto ao seu desempenho ambiental, no entanto,

tem que se resolver o problema da objetividade.

Para a avaliação objetiva do desempenho ambiental aplicada à produção do

meio ambiente construído faz-se necessário, a exemplo da avaliação do

desempenho construtivo, que o problema seja tratado em termos de

atendimento de requisitos do usuário. Pode-se dizer que trata-se da

avaliação do desempenho ambiental construtivo, mas o que isto significa?

Desempenho ambiental é definido pela norma NBRISO14001, como

“resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental, relativos ao

controle de uma organização sobre seus aspectos ambientais, com base na

sua política, seus objetivos e metas ambientais”. A avaliação do

desempenho ambiental é feita, portanto, através de resultados mensuráveis

quanto a aspectos ambientais.

Relacionando-se as definições de desempenho construtivo, desempenho

ambiental e os requisitos ambientais dos usuários, podemos dizer que

desempenho ambiental construtivo está relacionado ao comportamento de

uma construção ou parte dela, quanto aos requisitos ambientais dos

usuários, avaliada através de resultados mensuráveis de seus aspectos

ambientais ao longo de seu ciclo de vida.

Os impactos ambientais decorrentes das atividades humanas,

particularmente os relacionados a todo o ciclo de vida da produção do meio

ambiente construído, alguns dos principais descritos no item 2.4, podem ser

avaliados através de um enfoque mensurável, como por exemplo através da

metodologia da avaliação do ciclo de vida.

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66

3 O Projeto e os Impactos Ambientais da Industria da

Construção

Os limites ambientais são testemunhos de que já não é mais possível

conceber qualquer atividade de projeto15 sem confrontá-la com o conjunto

das relações que, durante o seu ciclo de vida, o produto vai ter no meio

ambiente (MANZINI; VEZZOLI, 2005).

Segundo Bagatelli (2002), o desenvolvimento de um produto envolve várias

atividades interdependentes, compreendendo o processo ou ciclo de

produção, que no caso da indústria da construção, subdivide-se em geral em

projeto, construção/produção, uso/operação, manutenção e demolição.

Todas estas subdivisões influenciam no desempenho do produto construído,

mas é no processo de projeto que são definidas as características deste

produto de modo a atender as necessidades dos usuários, revelando-se

como uma das fases que mais influenciam o desempenho de uma

edificação. Tanto é assim que, a partir de pesquisas realizadas em vários

países da Europa, conclui-se que cerca de 35 a 50% das falhas ocorridas

nas edificações podem ser seguramente atribuídas à fase de projeto.

O aspectos ambientais devem ser levados em consideração desde a

primeira fase do desenvolvimento de um produto, como aponta

Manzini;Vezzoli (2005), sendo muito mais eficaz agir preventivamente, já no

projeto, do que buscar soluções, de recuperação ou paliativas, para os

danos já causados (soluções end-of-pipe).

A necessidade de consideração dos aspectos ambientais no

desenvolvimento dos produtos, que na indústria da construção são os que

compõem o meio ambiente construído, faz com que estes aspectos sejam

considerados como requisitos dos usuários, da geração atual como também

das próximas gerações, sob a ótica do desenvolvimento sustentável, sendo

que o modo como estes requisitos são atendidos vai determinar o

15 O texto original utiliza a palavra design.

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67

desempenho ambiental do produto construído.

Para uma avaliação do desempenho ambiental do produto construído, é

necessária a busca de resultados objetivos. Muitos esforços podem ser

dispendidos com poucos resultados efetivos se este aspecto não for

considerado como um item de desempenho construtivo, que como tal deve

ser, na medida do possível, mensurável.

O projeto neste contexto é compreendido como um processo que não trata

apenas de desenhos, cálculos, simulações e análise de soluções técnicas,

mas também um processo que deve viabilizar a construção e manutenção

dos edifícios nos seus diversos requisitos de desempenho.

3.1 AS PATOLOGIAS AMBIENTAIS CONSTRUTIVAS

Pesquisas de avaliação do desempenho construtivo tem sido conduzidas

através do estudo das chamadas patologias construtivas. Todavia, há uma

tendência corrente de incorporação de aspectos ambientais aos requisitos

de desempenho construtivo, cujo não atendimento possibilitaria a

identificação de patologias construtivas relacionadas a estes aspectos.

3.1.1 Patologias Construtivas e Patologias Ambientais Construtivas

Simões(1999) apresenta o estudo das patologias construtivas como sendo o

campo da engenharia das construções que se ocupa do estudo das origens,

formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das

falhas e dos sistemas de degradação dos materiais, técnicas e tecnologia da

construção.

Como já exposto anteriormente, o desempenho de uma construção está

relacionado ao comportamento desta ou parte dela quanto aos fins a que é

requisitada fazer, fins estes representados pela relação de necessidades do

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usuário a serem preenchidas por esta construção. As chamadas patologias

construtivas se caracterizam pelo não atendimento aos requisitos de

desempenho construtivos, o que reflete por sua vez no não atendimento das

necessidades dos usuários.

Os requisitos dos usuários apresentados pela norma ISO6241, como já

exposto anteriormente, são Estabilidade, Segurança ao fogo, Segurança em

uso, Estanqueidade, Higrotermia, Pureza do ar, Conforto acústico, Conforto

visual, Conforto tátil, Conforto antropodinâmico, Higiene, Conveniência de

espaços para usos específicos, Durabilidade e Economia.

Com a incorporação dos aspectos ambientais como um novo requisito do

usuário, o qual pode ser nomeado como Adequação Ambiental, são

originados novos requisitos de desempenho, cujo não atendimento resulta

então no que podem-se chamar de patologias ambientais construtivas.

Devem então ser avaliadas as origens, formas de manifestação,

conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de

degradação dos materiais, técnicas e tecnologia da construção no que se

relaciona aos aspectos ambientais.

Da mesma forma que as patologias construtivas são assim consideradas

pelo não atendimento aos requisitos de desempenho construtivo, as

patologias ambientais construtivas, para serem caracterizadas, devem deixar

de atender os requisitos de desempenho ambiental construtivo.

A Tabela 3.9 apresenta uma lista de requisitos de desempenho ambiental

que devem ser atendidos para que o requisito do usuário de adequação

ambiental seja satisfeito. Os requisitos de desempenho ambiental

construtivo elencados tratam dos aspectos de consumo de recursos,

produção de poluentes e resíduos e alteração do meio ambiente.

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Tabela 3.9 - Requisito do Usuário - Adequação Ambiental

15.9 G eraç ão de ru ído de interferênc ia no am biente interno ao edifíc io

G eraç ão de ru ído de interferênc ia ao am biente ex terno e/ou viz inhanç a

Ut iliz aç ão de s is tem a de is olam ento / c ond ic ionam ento de ru ídos ex is tentes

G eraç ão de vibraç ões de im pac to ao am biente interno

G eraç ão de vibraç ões de im pac to ao am biente ex terno

Ut iliz aç ão de s is tem a de is olam ento / c ond ic ionam ento de vibraç ões ex is tentes

Intens idade de ruídos gerados c om parat ivam ente à m édia loc al para a c ategoria de edific aç ão

15.10 P rox im idade do edifíc io para o us uário

P res enç a de t ranporte c olet ivo no entorno

P rox im idade aos pontos de fornec im ento de m aterias prim as

P rox im idade dos loc ais de des t inaç ão de res íduos

15.11 O rientaç ão adequada

Ut iliz aç ão de s is tem as e m ateria is c ons trut ivos c om boa inérc ia térm ic a

Ut iliz aç ão de s is tem as pas s ivos de c ondic ionam ento térm ic o

Ut iliz aç ão de s is tem as pas s ivos de c ondic ionam ento de ilum inaç ão

Us o de m ateria is loc a is

Ru íd o e V ib ra çõ e s

Uso T ra n sp o rte

Asp e cto s b io clim a tico s

F unç ões

15.1 Cons um o energét ic o por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc al por c ategoria de edific aç ão.

E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores para ilum inaç ão art ific ia l

E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores para c ondic ionam ento

Us o de equipam entos bas eados em c om bus t íveis e fic ientes (us o de c om bus tível e em is s ões )

E x is tênc ia de s is tem a de m onitoram ento do us o de energia

Treinam ento e c ons c ient iz aç ão de us uários para us o rac ional de energ ia

Defin iç ão de m etas de c ons um o de energ ia

Ut iliz aç ão de energia renováve l (in tegral, parc ia l, não ut iliz a)

E nergia inc orporada por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão

E x is tênc ia s is tem a interno de geraç ão de energ ia

Tipo de fonte energét ic a produz ida (renovável / não renováve l)

15.2 Cons um o de água por unidade de área c om parat ivam ente à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão

E x is tênc ia de dis pos it ivos rac iona liz adores de água

Reut iliz aç ão de águas s ervidas ou t ra tadas

Contro le da qualidade da água ut iliz ada para c ons um o

Treinam ento de us uários para us o rac iona l de água

P roc edim entos internos para us o rac ional de água

S is tem a in terno de t ra tam ento de efluentes

S eparaç ão de águas c inz as e es goto

Reut iliz aç ão de águas s ervidas

V olum e de e fluentes lanç ados por unidade de área c om parat iv. à m édia loc al por c ategoria de ed ific aç ão

G rau de tratam ento para os efluentes lanç ados na rede púb lic a

15.3 Com paraç ão de as pec tos am bienta is dos princ ipais m ateria is adotados c om a lternat ivas d is poníve is

V olum e de m ateria is ut iliz ados por un idade de área c om parat iv. à m édia loc a l por c ategoria de edific aç ão

E m prego de m ateria is de reus o

E m prego de m ateria is produz idos a través de rec ic lagem

Us o de m ateria is c om m enor im pac to am bienta l

Reut iliz aç ão/R ec ic lagem de M ateria is

15.4 V olum e de res íduos s ólidos produz idos por unid. de área c om parat iv. à m édia loc a l por c ategoria de edif.

E x is tênc ia de P rogram a de G erenc iam ento de Res íduos S ólidos

S eparaç ão de res íduos produz idos c onform e c ategoria

Treinam ento de pes s oal para ident ific aç ão e s eparaç ão de res íduos

M inim iz aç ão na geraç ão de res íduos

Reut iliz aç ão de res íduos

Des t inaç ão adequada aos res íduos após a s aída da obra

15.5 P roduç ão de poluentes

E m prego de s is tem a de filt ragem e tratam ento antes do lanç am ento na a tm os fera

C las s ific aç ão de poluentes em it idos

15.6 V ent ilaç ão adequada

S is tem a de filt ragem

Lim pez a do s is tem a de c ondic ionam ento

Contro le de odores

Contro le m ic robio lóg ic o

15.7 P res ervaç ão vegetaç ão natura l

M anutenç ão do perfil natura l do terreno

O c orrênc ia de Im pac tos na fauna loc a l

Im pac tos no entorno do s ít io

G rau de im perm eabiliz aç ão do s o lo

S is tem a de c aptaç ão e c ontenç ão de águas pluvia is

15.8 V olum e de e fluentes lanç ados por unidade de área c om parat iv. à m édia loc al por c ategoria de ed ific aç ão

S is tem a in terno de t ra tam ento de efluentes

G rau de tratam ento de e fluentes antes de lanç am ento no s is tem a públic o

G e ra çã o d e Re síd u o s S ó lid o s

Em issã o d e P o lu e n te s (a r)

Re síd u o s L íq u id o s (Eflu e n te s)

R eq u is ito d o U su á rio - Ad eq u aç ão Am b ien ta l

Co n su m o En e rg é tico

Requis itos de Des em penho A m biental Cons tru t ivo

T ra ta m e n to e re u so d e á g u a s se rvid a s

Co n su m o d e M a té ria s-P rim a s

Q u a lid a d e d o Ar In te rio r

A lte ra çã o d o H a b ita t

G e ra çã o d e En e rg ia

Co n su m o d e á g u a

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3.1.2 Mensuração da Responsabilidade do Projeto

A pesquisa desenvolvida por Simões (1999) quanto às origens e reflexos

das patologias no desempenho técnico-construtivo das edificações identifica

estas patologias e classifica-as quanto aos sistemas onde se manifestam,

quanto aos requisitos do usuário que não foram atendidos e quanto à origem

ou causa das patologias.

Os sistemas (ou orgãos, conforme Simões), são classificados em terrapleno,

fundações, estrutura, cobertura, vêdos, pavimentos, vãos, paramentos,

equipamentos eletro-mecânicos, equipamentos hidro-sanitários. Os

requisitos do usuário são os definidos na ISO6241, já apresentados

anteriormente, e as origens ou causas das patologias podem ser o projeto, a

execução da obra, os materiais e a manutenção.

Simões quantificou as patologias construtivas em seis edifícios da Cidade

Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO), campus da Universidade

de São Paulo na capital paulista, sendo avaliados o Edifício Vilanova Artigas

(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo); o Edifício de História e Geografia

da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; o Edifícios I, II e III

do Instituto de Ciências Biomédicas; e o Edifício do Instituto de Química.

Os resultados quantitativos das patologias construtivas (Pc) levantados nos

seis edifícios conforme suas origens ou causas (projeto, execução da obra,

materiais e manutenção) é apresentado sinteticamente na Tabela 3.10.

Tabela 3.10 - Avaliação do desempenho técnico-construtivo. Edifícios da CUASO (SIMÕES, 1999).

EdifícioTotais

das Pcs T % T % T % T % T % T % T % CIOrigem das Pc 53 69 82 74 68 77 423

53 36,8 65 37,6 80 33,0 70 33,5 66 39,8 77 42,1 411 37,2 123 16,0 23 13,3 37 15,2 32 15,3 20 12,1 20 10,9 155 13,8 432 22,2 33 19,1 57 23,4 45 21,5 43 25,9 41 22,4 251 22,4 336 25,0 52 30,0 69 28,4 62 29,7 37 22,2 45 24,6 301 26,6 2

144 173 243 209 166 183 1.118

Quantitativos das patologias construtivas (Pc) destes edifícios conforme suas origens

Biom.II Biom.III I.Quim. Total F.V.Artigas Hist.Geogr Biom.I

Execução da obraMaterialManutençãoTotais

Projeto

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O resultado obtido quanto às patologias construtivas dos edifícios objetos

daquela pesquisa, foram quantificadas num total de 1.118, tendo suas

origens vinculadas às deficiências e inadequações de:

Projeto – com 411, correspondendo a 37,2% (1)

Manutenção – com 301, correspondendo a 26,6% (2)

Material – com 251, correspondendo a 22,4% (3)

Execução da obra – com 155, correspondendo a 13,8% (4)

Concluiu-se, nesta pesquisa, que decorrem da etapa de projeto a maioria

das patologias construtivas, originando um percentual de 37,2% das

ocorrências. É importante ressaltar que a etapa de projetos, neste estudo,

engloba outras atividades, como pesquisa e gerenciamento, entre outras,

não se limitando ao projeto propriamente dito. Todavia é evidenciada a

responsabilidade dos projetistas na questão do desempenho técnico-

construtivo.

Para Bagatelli (2002), o processo de projeto exerce grande influência sobre

o desempenho de um empreendimento, pois é durante as etapas de projeto

que as características do produto são definidas, sendo considerados

aspectos relacionados à sua qualidade, custos e velocidade de construção.

À medida que o sistema empreendimento avança no tempo, as

possibilidades de interferência vão diminuindo a taxas cada vez maiores.

Figura 3.13 - Possibilidade de influência do projeto (BAGATELLI, 2002)

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Bagatelli apresenta dados de estudos desenvolvidos por vários

pesquisadores que também mostram resultados compatíveis com o de

Simões, nos quais são indicados que a maioria das patologias apresentadas

ao longo da vida útil de um empreendimento são originadas na fase de

projeto, conforme observa-se na Tabela 3.11.

Tabela 3.11 - Origens das patologias em edificações (BAGATELLI,2002)

As significância dos percentuais de patologias construtivas originadas na

fase de projeto, pelos resultados apresentados pelos diversos

pesquisadores, provoca o questionamento sobre qual seria a contribuição

desta fase às patologias ambientais construtivas.

Para a obtenção de respostas a este questionamento, seria de grande valia

que se pudesse dispor de uma metodologia similar à empregada para a

obtenção dos resultados sobre patologias construtivas. Frente a esta

necessidade, foi empreendido um estudo de caso avaliando a adaptabilidade

da metodologia empregada por Simões na avaliação dos edifícios da

CUASO a um levantamento das patologias ambientais construtivas.

Tal estudo consistiu primeiramente na adaptação da metodologia de

referência, através da substituição dos requisitos dos usuários prescritos

pela norma ISO6241, empregados na metodologia original, pelo requisito do

usuário Adequação Ambiental e seus respectivos requisitos de desempenho

ambiental, já apresentados na Tabela 3.9. Inicialmente pretendia-se acrescer

às origens das patologias utilizadas na pesquisa de Simões, que são projeto,

execução da obra, materiais e manutenção, as origens gerenciamento e uso.

Ficariam portanto seis possíveis origens de patologias ambientais

construtivas, ou seja, projeto, gerenciamento, execução da obra, materiais,

uso e manutenção.

Projeto 41,60% Projeto 46,00% Projeto 60,00%Execução 24,40% Execução 22,00% Execução 26,40%Materiais 17,40% Materiais 15,00% Equipamentos 2,10%Utilização 10,00% Diversos 11,50%Diversos 6,60%

Lichtenstein (1985) Thomaz (1989) Abrantes (1995)

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Após a adaptação da metodologia de referência, pretendia-se inicialmente

prosseguir no estudo através da aplicação da metodologia em um edifício

executado cuja conclusão das obras datassem de aproximadamente 3 anos,

tendo seu projeto sido elaborado com aplicação de conceitos de adequação

ambiental.

Foi então selecionado um edifício de escritórios de alto padrão com as

características necessárias, porém não nos foi possível conduzir a pesquisa

sobre tal edifício devido a receios dos proprietários e gerenciadores de que

da pesquisa resultassem possíveis impactos comerciais negativos. Em uma

nova seleção, o exercício, que consta do Anexo 2 deste trabalho, foi

aplicado ao edifício I1 da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (USP

Leste) da Universidade de São Paulo. Tal edifício, todavia, quando da

aplicação do estudo, estava em fase de inauguração, não sendo possível

avaliar patologias originadas pelo uso ou pela manutenção.

A condução do estudo de caso apresentou algumas dificuldades,

particularmente quanto à vinculação das patologias aos sistemas (ou

órgãos) construtivos.

Diferentemente da metodologia empregada para avaliação de patologias

construtivas (Pc), nem sempre as Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

são identificáveis apenas por meio da análise do edifício, mas também,

avaliando-se processos e projetos. As Pac identificadas no estudo, referem-

se em sua maioria a processos e não ao produto.

Apesar das dificuldades e embora o intuito deste estudo tenha sido avaliar a

possibilidade de adaptação da metodologia de referência, foi possível obter

resultados indicando que as origens das patologias ambientais construtivas

decorrem predominantemente do gerenciamento e do projeto, conforme a

Tabela 3.12.

Os resultados obtidos indicam que 38,4% das patologias ambientais

construtivas identificadas são originadas pelo gerenciamento e 28,7% delas

originadas pelo projeto. Embora o estudo apresentado não possua valor

estatístico, pode, apoiado pelas pesquisas de desempenho técnico-

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construtivo, sugerir que a contribuição do projeto e o gerenciamento como

origem das patologias ambientais construtivas pode ser significativo.

Tabela 3.12 - Quantitativos das Patologias Ambientais Construtivas Conforme Origem

3.2 O PROJETISTA FRENTE AOS ASPECTOS AMBIENTAIS

3.2.1 Projeto e Meio Ambiente: Aspectos Éticos e Jurídicos

A emersão dos problemas sócio-ambientais desde a segunda metade do

século XX produziu, como já visto, inúmeras iniciativas internacionais e

nacionais em busca do chamado desenvolvimento sustentável. Estas

iniciativas, por sua vez, cumprem seu papel quando são refletidas nos

diversos segmentos produtivos e culturais da sociedade.

O segmento responsável pela produção do meio ambiente construído

encontra embasamento teórico em estudos filosóficos, éticos, políticos e

jurídicos, retroalimentando-os.

Almeida (2006) resume alguns conceitos filosóficos sobre ética ambiental,

que estuda a questão sob uma ótica não humanocêntrica, considerando com

significância moral não só os seres humanos e os seres conscientes não-

humanos (animais), mas também os não-conscientes (plantas e

ecossistemas), devendo-se preservar o valor inerente da natureza.

Tabela 6.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

Nº Orgão

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat % % Class

1 Terrapleno 2 1 12,5 4 50,0 3 37,5 8 100 3,7 52 Fundação 1 4 33,3 4 33,3 4 33,3 12 100 5,6 33 Estrutura 1 5 25,0 5 25,0 5 25,0 5 25,0 20 100 9,3 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 3 33,3 3 33,3 3 33,3 9 100 4,2 47 Vãos 3 4 50,0 4 50,0 8 100 3,7 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 3 50,0 3 50,0 6 100 2,8 6

10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 2 50,0 2 50,0 4 100 1,9 7Global Empreendimento global 11 40 26,8 30 20,1 59 39,6 20 13,4 149 100 69,0 1

Totais 21 62 28,7 39 18,1 83 38,4 32 14,8 216 100 100,0Classificação

Obra Gerenciam. Material Totais

2 3 1 4

Nº Total

Patolog

Projeto

Quantitativos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto, execução das obras, gerenciamento e materiais sobre os 10 órgãos do edifício

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Os movimentos teóricos da arquitetura, refletindo este contexto, apresentam

o ressurgimento de interesse pelas questões éticas da arquitetura, sendo

uma das características do período pós-moderno (NESBITT, 2006). Dentre

os temas da arquitetura pós-moderna estão o da responsabilidade social,

contrapondo o compromisso cívico à uma prática autônoma e o paradigma

teórico da fenomenologia, contemplando a relação homem-arquitetura-

natureza, em que se apoia a sustentabilidade. A relação estabelecida

durante o Iluminismo da luta do homem contra a natureza ameaçadora

perde importância com a evolução tecnológica pós Revolução Industrial e

com uma decorrente crise ambiental global. Nesbitt (2006) afirma que o

código de ética da AIA - American Institute of Architects, reflete os papéis

sociais da arquitetura, incluindo o cuidados com os impactos social e

ambiental, respeito e conservação da herança cultural e ambiental e

empenho em melhoria do meio ambiente.

Nos diversos ensaios teóricos sobre arquitetura organizados por Nesbitt

(2006) sob os aspectos ético e político, Philip Bess, defende uma postura

arquitetônica de virtude moral aristotélica como condição necessária à

realização das potencialidades do indivíduo e da comunidade, em

contraposição à postura individualista nietzchiana. Diane Ghirardo aponta a

arquitetura como um serviço que deve estar comprometido com a esfera

sócio-política e Karsten Harris culpa a arquitetura pela degradação da vida

contemporânea, sendo a modernidade responsável pelas idéias infelizes de

que o ambiente físico é uma matéria que pode ser manipulada

indiscriminadamente e que a arquitetura faz parte de uma cultura tecnológica

que exige “máquinas de viver” em vez de “habitats”. Com um discurso

relacionando explicitamente a profissão de arquiteto a padrões éticos e

ecológicos e surgindo, segundo Nesbitt, como o mais importante intérprete

contemporâneo de uma abordagem sustentável do projeto, William

McDonough critica a arquitetura moderna, considerando antiético que os

arquitetos continuem a trabalhar como de costume, uma vez que através de

uma pesquisa mostrou que todo o sistema contemporâneo de construções é

composto por materiais tóxicos. O novo papel dos arquitetos é o de assumir

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a liderança do desenvolvimento de novas definições e medidas de

prosperidade, produtividade e qualidade de vida.

Segundo McDonough, o conceito de projeto é a primeira manifestação da

intenção humana e cita como exemplo dois barcos. O primeiro um veleiro,

reciclável, movido por energia eólica e operado por artesãos ao ar livre. O

segundo, um barco a vapor, que derrama óleo na água, lança fumaça para o

ar e é operado por pessoas trabalhando em seus porões. Os dois barcos

são frutos de projetos e como tanto, manifestações das intenções do

homem. Quem projetou o barco assume uma posição de liderança, pois as

operações realizadas dentro do mesmo são uma conseqüencia do projeto,

que é fruto da intenção humana.

McDonough apresenta três características oferecidas pela configuração da

Natureza que definem os sistemas vivos. A primeira é que tudo já nos foi

dado tudo com que temos que de trabalhar, e todos os materiais que a

natureza nos dá retornam constantemente a ela, sem desperdícios e

permanentemente reciclado. A segunda característica é que a energia é o

fator que permite à natureza fazer uma permanente reciclagem de si mesma

e a terceira característica que sustenta esse sistema eficiente e complexo de

metabolismo e criação é a biodiversidade. McDonough questiona, enquanto

arquiteto, como aplicar ao trabalho essas três características dos sistemas

vivos.

Em sua atividade profissional, McDonough deparou-se com a necessidade

de descobrir materiais que não fossem prejudiciais à saúde e acabou

concluindo que estes materiais não estavam disponíveis no mercado e que

todo o sistema de construção de edifícios é essencialmente tóxico. Deparou-

se também com a necessidade de plantio de árvores não apenas para

reposição ao meio ambiente da madeira utilizada em suas obras, mas

também para compensação dos efeitos das mesmas na mudança climática.

Incluiu em seus projetos conceitos de prorrogação da vida útil e flexibilização

do uso de edifícios, redução da energia incorporada na construção de

edifícios, emprego de sistemas de condicionamento de ar que não utilizem

clorofluorcarbonetos (CFC) e sistemas de condicionamento natural. Esta

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prática profissional foi aumentando a consciência das implicações éticas do

projeto não só no que diz respeito aos edifícios, mas a todos os aspectos da

atividade humana, refletindo mudanças na concepção histórica de quem e

do que possui direitos.

Os Princípios de Hannover

1. Insistir no direito da humanidade e da natureza de coexistir em condições sustentáveis,

diversas, saudáveis e de ajuda mútua.

2. Reconhecer a interdependência entre os projetos humanos e o mundo natural e sua

dependência deste, com as mais amplas e diversas implicações em todas as escalas. Estender

a reflexão sobre os projetos humanos ao reconhecimento dos seus efeitos mais distantes.

3. Respeitar as relações entre o espírito e a matéria. Levar em consideração todos os

aspectos dos assentamentos humanos, inclusive estruturas comunitárias, a moradia, a indústria

e o comércio do ponto de vista da relação atual e futura entre a consciência espiritual e a

consciência material.

4. Aceitar a responsabilidade pelas conseqüencias das decisões do projeto para o bem-estar

das pessoas, a viabilidade dos sistemas naturais e seu direito à coexistência.

5. Criar objetos seguros com valor no longo prazo. Não sobrecarregar as futuras gerações de

preocupações quanto à manutenção ou à vigilância sobre produtos, processos ou padrões

potencialmente perigosos criados por uma atitude desleixada.

6. Eliminar o conceito de desperdício. Avaliar e otimizar o ciclo completo dos produtos e dos

processos para imitar os sistemas naturais, nos quais não há desperdício.

7. Ater-se aos fluxos naturais de energia. Os projetos humanos devem tirar suas forças

criativas, como o mundo vivo, do influxo perpétuo da energia solar. Absorver essa energia de

maneira segura, eficiente e utilizá-la de modo responsável.

8. Compreender as limitações do projeto. Nenhuma criação humana dura para sempre e o

projeto não resolve todos os problemas. Os que criam e planejam devem agir com humildade

perante a natureza, devem tratá-la como modelo e guia, e não como obstáculo a ser controlado

ou do qual é preciso esquivar-se.

9. Buscar o aperfeiçoamento constante a partir do compartilhamento de conhecimento.

Encorajar a comunicação franca e aberta entre colegas, patrões, fabricantes e usuários para

unir requisitos de sustentabilidade no longo prazo com responsabilidade ética e restabelecer a

relação integral entre processos naturais e atividade humana.

Os Princípios de Hannover devem ser entendidos como um documento vivo comprometido com

a transformação e o desenvolvimento do entendimento de nossa interdependência com a

natureza, de forma que eles possam adaptar-se à medida que nosso conhecimento do mundo

evolui.

Tabela 3.13 - Os Princípios de Hannover - Willian McDonough Architects -1992 (NESBITT, 2006)

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Os Princípios de Hannover, apresentados na Tabela 3.13, são uma tentativa

do grupo Willian McDonough Arquitetos de estabelecer diretrizes éticas

gerais para a elaboração de projetos sustentáveis, encomendados pela

cidade de Hannover, na Alemanha, para a Feira Mundial do Milênio, cujo

tema foi “Humanidade, Natureza e Tecnologia”, e apresentados pela

primeira vez na ECO92, no Rio de Janeiro.

Citando exemplos de projetos, McDonough narra ter recebido a incumbência

de projetar o escritório de um grupo de ambientalistas, cujo diretor afirmou

que se qualquer pessoa do escritório ficasse doente por causa da qualidade

do ar de seu interior, processaria o arquiteto. Este episódio expôs a

responsabilidade, não apenas ética, mas também legal do projetista nas

implicações ambientais decorrentes do projeto.

A atividade projetual está, hoje, submetida às responsabilidades do direito

ambiental, que parte de convenções e tratados internacionais, vindo por fim

refletir na legislação geral e ambiental. No Brasil, princípios de direito

ambiental estão presentes não apenas na Constituição Federal, mas

também em legislação específica.

Abelha Rodrigues (2006) apresenta os princípios do direito ambiental

embasado na Constituição Federal do Brasil e na ciência ambiental. Ele

aponta como sendo quatro os princípios básicos do direito ambiental de

maior relevância na Constituição:

1) Princípio da Ubigüidade

Trata-se, conforme os princípios do direito ambiental na Constituição

Federal de 1988, do caráter global do direito ambiental, não se podendo

pensar no meio ambiente de modo restrito visto que a poluição e a

degradação do meio ambiente não encontram fronteiras e não esbarram

em limites territoriais. Em matéria ambiental, ao mesmo tempo que se

deve pensar em sentido global, deve-se agir em âmbito local, para que

se consiga uma atuação sobre a causa da degradação ambiental e não

simplesmente sobre o seu efeito.

2) Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Tendo o conceito de desenvolvimento sustentável sido desenvolvido

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embrionariamente na Conferência de Estocolmo da ONU, em 1972, e

posteriormente no Relatório Bruntland e Agenda 21, sua definição mais

aceita é a de ser “o desenvolvimento que satisfaça as necessidades do

presente sem comprometer as habilidades das gerações futuras para

satisfazer suas próprias necessidades.” (WCED, 1987). Desta forma,

segundo Brasil (2006), a satisfação das necessidades atuais não poderá

ser degradante às gerações futuras, mesmo que seja compatível com os

interesses e necessidades da geração contemporânea, não tendo esta o

direito de privar as gerações futuras de um bem indispensável à vida

humana e, principalmente, impor ao mundo um fim que poderia ser

prevenido.

3) Princípio do Poluidor Pagador

Segundo Abelha Rodrigues, este princípio trata da internalização, pelos

agentes econômicos, dos custos sociais da poluição ou externalidades,

ou seja, na composição dos custos devem estar previstos todos os

aspectos do produto que devem ser internalizados em seu preço.

Quando não ocorre a internalização deste custos sociais da produção e

consumo, os mesmos são recebidos pela coletividade, enquanto que o

lucro é recebido somente pelo produtor. É a socialização de um prejuízo

ambiental (como por exemplo os custos públicos da despoluição de um

rio), para a privatização de um lucro (neste mesmo exemplo, pelo

lançamento de dejetos industriais nos cursos d’água sem o devido

tratamento pelo poluidor).

Não se deve confundir este principio como licença para poluir, pois o

ônus para o poluidor tem caráter punitivo, para que crie a consciência de

que o meio ambiente deve ser preservado, inclusive no processo de

produção e desenvolvimento (NUNES, 2006).

Abelha Rodrigues indica, do ponto de vista jurídico, três regras básicas

do princípio do poluidor pagador, que são a precaução, a prevenção e a

responsabilização. Indica ainda dois subprincípios, que são o princípio do

usuário pagador, em que um bem de uso comum do povo, como por

exemplo a água, é submetido a um uso incomum, neste caso para

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obtenção de lucros, devendo o usuário obter licença e pagar pelo uso; e

a função sócio-ambiental da propriedade privada, ou seja, a função

ambiental que a propriedade deve ter para a sociedade, em preservar a

flora, fauna, belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio

histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das águas.

4) Princípio da participação

A Constituição Federal declarou ser dever de toda a coletividade e do

Poder Público atuar na defesa e proteção do meio ambiente. O princípio

da participação implica em um dever da coletividade quanto ao direito ao

meio ambiente e o fato de sua administração ficar sob custódia do Poder

Público não exclui o dever desta coletividade atuar na conservação e

preservação do direito do qual é titular. São subprincípios deste os

princípios da informação e da educação.

Os princípios do direito ambiental são aplicáveis às atividades do projetista,

devendo este estar consciente de suas responsabilidades não apenas éticas

quanto legais. O projetista, se estiver devidamente ciente desta

responsabilidade, buscará os meios possíveis no atual estágio de

conhecimento para aplicação em sua prática profissional, mantendo-se

atento para a evolução deste conhecimento.

3.2.2 Postura do Projetista frente à Questão do Desempenho Ambiental

É crucial a responsabilidade do projetista quanto ao desempenho ambiental

das construções, exigindo-lhe comprometimento com este aspecto tanto

pelo lado técnico, ético e até mesmo legal. Mas, como tem reagido o

segmento de projetos dentro da cadeia produtiva da construção?

A questão ambiental não tem passado despercebida pelos projetistas, sendo

que alguns deles, que estão comprometidos de alguma maneira com esta

questão, tem incorporado aspectos de adequação ambiental em seus

projetos. No exterior, alguns arquitetos se destacam pela aplicação destes

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aspectos em seus projetos, como o arquiteto Ken Yeang, na Malásia, que

segundo Gonçalves(2003) é um dos nomes mais ativos na arquitetura de

edifícios altos naquele país, adotando a concepção chamada por ele de

edifício alto bioclimático.

No Brasil também há arquitetos preocupados com os aspectos ambientais

de seus projetos. Como exemplo de projeto recente, o projeto de Siegbert

Zanettini e José Wagner Garcia para o Centro de pesquisas Petrobrás -

CENPES, localizado na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, , desenvolvido

juntamente com trinta empresas e um grupo formado por 248 profissionais,

entre arquitetos, consultores, engenheiros e pesquisadores, que trabalharam

para equalizar todos os itens de ecoeficiência, estudando a forma

arquitetônica, os materiais a serem utilizados, o tratamento das superfícies

envidraçadas e das proteções solares externas, a orientação solar

adequada, o aproveitamento da luz e da ventilação naturais, sistemas para

uso racional da água, materiais de baixo impacto ambiental e o emprego de

tecnologias limpas (GELINSKI, 2006). Como outro exemplo de projeto

incorporando aspectos ambientais em sua concepção, apresentado por

Figuerola (2006), porém em um contexto completamente diverso, é a Vila

dos Estudantes do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC),

em Pirenópolis, GO, em que o arquiteto Tiago Ruprecht empregou um

conjunto de sistemas construtivos que utilizam recursos naturais da região,

como o chamado superadobe, que utiliza sacos de polipropileno para

moldagem de paredes e cúpulas.

Em ambos os exemplos citados os projetistas empregam soluções que

incorporam aspectos de adequação ambiental e certamente tem méritos

pela responsabilidade ambiental adotada no desenvolvimento de seus

projetos, mas será que ambos os projetos apresentam de fato bom

desempenho ambiental?

Para obter informações, entre outras coisas, quanto ao desempenho

ambiental em um projeto que já houvesse sido desenvolvido com

preocupações quanto à adequação ambiental, procedeu-se a aplicação do

estudo já citado anteriormente de adaptação de metodologia de referência

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para avaliação de desempenho pela identificação de patologias construtivas,

para fins avaliação de desempenho ambiental.

O estudo, que foi aplicado ao edifício da Escola de Artes, Ciências e

Humanidades da Universidade de São Paulo no campus leste na Capital

Paulista (USP Leste), é apresentado no Anexo 2. Pretendia-se, inicialmente,

aplicar o estudo a outro edifício que também preenchia alguns requisitos,

como o tempo de utilização e o emprego de conceitos de desempenho

ambiental em projeto, porém, apesar atender estes requisitos, não foi

autorizada a pesquisa pelos responsáveis por recearem que o resultado da

mesma pudesse prejudicar a comercialização do edifício.

A questão ambiental já faz parte das preocupações de alguns projetistas,

refletindo em seus projetos, como o edifício acima citado no qual não foi

autorizada sua avaliação, no entanto este assunto ainda é considerado um

“tabu”, possivelmente motivo de insegurança por parte dos projetistas, que

talvez receiem expor seu modo de trabalho e serem prejudicados

comercialmente e até juridicamente, por não disporem de meios objetivos

que os permitam assegurar resultados neste requisito.

Seja como for, seria de especial valia que os profissionais de projeto

dispusessem de metodologias, instrumentos de suporte à decisão e

informações adequadas para aplicação dos conceitos de adequação

ambiental em seus projetos de forma objetiva e consequentemente com

menores incertezas.

3.2.3 Consideração de aspectos ambientais em projetos

As chamadas agendas ambientais internacionais geralmente representam

um compromisso entre países signatários e representam a intenção inicial

dos mesmos. Estas agendas, de caráter genérico, são incorporadas nas

agendas nacionais e legislação, além das agendas setoriais. A Agenda 21 é

o exemplo mais difundido de agenda ambiental internacional, a qual originou

uma agenda setorial específica ao segmento da construção civil, a Agenda

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21 para a Construção Sustentável (A21CS), que é uma sistematização dos

estudos do CIB – International Council for Research and Innovation in

Building and Construction.

A A21CS transpõe as diretrizes apontadas na Agenda 21 Global para o

macro setor da construção civil (Figura 3.14), em seus diversos segmentos,

inclusive no projeto. Aos projetistas, recomenda adotar um enfoque de

projeto mais integrado, levando em conta os fundamentos do projeto de

construção sustentável, além de ter o know how necessário para interpretar

a linguagem ambientalista.

Figura 3.14 - Novo enfoque do Macro Setor da Construção Civil dentro do

contexto global (VANEGAS et al, 1996 apud A21CS, 2000)

Segundo a A21CS, os projetistas deveriam considerar qualidades

ambientais dos materiais de construção como ponto de partida de seu

projeto, projetar partindo da ótica de objetivos ambientalistas para o produto

final, atuar com equipes multidisciplinares, e usar métodos e ferramentas

que lhes possibilitaria controlar não apenas o custo, mas muitas outras

variáveis tais como média de vida e prazos para manutenção, fatores

poluentes e de saúde, aquecimento e humidade, tecnologia. Além disso,

deveriam preocupar-se com o projeto funcional (vida útil e flexibilidade

prolongada durante o uso), durabilidade dos componentes, reaproveitamento

e na possibilidade de deconstrução dos componentes.

tempo

qualidade ambiental

recursos

recursos tempo

tempo

custo

restriçõeseconômicas

emissões

emissões

custo

custo

qualidade

aspectossociais eculturais

biodiversidade

biodiversidade

qualidade

qualidade

Processo ConstrutivoTradicional

ContextoGlobal

NovoParadigma

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Estes conceitos estão presentes no que Manzini;Vezzoli(2005) chama de

Life Cicle Design ou projeto do ciclo de vida inteiro de um produto, em que

se deve projetar não apenas o produto, mas o sistema-produto, entendido

como o conjunto dos acontecimentos que determinam o produto e o

acompanham durante o seu ciclo de vida.

Figura 3.15 - O ciclo de vida do sistema-produto (MANZINI; VEZZOLI, 2005)

O objetivo ambiental básico do projeto do ciclo de vida é reduzir ao mínimo

possível seja o input de materiais e de energia, seja o impacto de todas as

emissões e dos descartes finais, isto é, o output do sistema-produto inteiro.

As estratégias para este resultado passam pela minimização de uso de

recursos, escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental,

extensão da vida dos produtos e dos materiais e facilidade de

desmontagem. Obviamente um bom projeto deve considerar não apenas os

requisitos ambientais, mas também os requisitos típicos de prestação de

serviço, tecnológicos, econômicos, legais, culturais e estéticos.

No sentido de atingir os objetivos acima, um dos conceitos citados por

Manzini;Vezzoli é o da desmaterialização dos produtos, que significa atingir

um determinado resultado em termos funcionais usando o mínimo de

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recursos ambientais. O valor de referência é o serviço prestado e não o

produto.

Este conceito se relaciona ao de Construção Baseada em Desempenho

(Performance Based Building), ou seja, pensar e trabalhar mais em termos

de fins do que em termos de meios, tratando a questão em termos dos

requisitos a serem atendidos.

Este conceito se aplica ao Projeto Baseado em Desempenho (PBD),

segundo Spekkink (2005) com as definições a seguir:

- “O Projeto Baseado em Desempenho é um projeto da edificação que é

baseado em uma conjunto de requisitos de desempenho dedicados

relacionados ao uso pretendido do edifício, e que pode ser avaliado com

base em especificações de desempenho”; e ainda: “O processo de

Projeto Baseado em Desempenho é aquele em que requisitos de

desempenho são traduzidos e integrados no projeto do edifício”.

Em se tratando de requisitos de desempenho ambiental construtivo, é

proposta na Tabela 3.9(Requisito do Usuário - Adequação Ambiental) uma

listagem dos mesmos, que devem então ser considerados. A avaliação de

desempenho para estes itens deve ser feita a partir de valores de referência

dos impactos produzidos em condições normais médias. Portanto, tratar os

requisitos de adequação ambiental como os demais requisitos de

desempenho, implica que seu desempenho seja avaliado de forma objetiva,

quantificando o atendimento requisitado, ou seja, quantificar resultados.

Especificamente quanto ao requisito de adequação ambiental, os resultados

a quantificar são os impactos ambientais, sendo já listados os mais

significativos no item 2.4 deste texto. A avaliação do atendimento aos

requisitos ambientais construtivos é feita pela quantificação de seus

impactos, ou seja, inventariando os impactos ambientais, sendo então

avaliados em relação a valores de referência.

Adotar estes requisitos ambientais construtivos, em outras palavras,

significa adicionar a dimensão da adequação ambiental ao Projeto Baseado

em Desempenho. Mais do que isso, deve considerar ainda neste

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desempenho o comportamento aos fins a que se destina o produto, ao longo

de todo o ciclo de vida.

Neste sentido, segundo Trinius (2005), edifícios e bens construídos devem

ser objeto de planejamento de atividades que refletem seu desempenho

durante sua vida de operação, ou seja, requer Planejamento da Vida Útil

(PVU). O PVU compreende um modelo de determinação da expectativa de

uma razoável vida útil do edifício e suas partes, e estabelece uma rotina de

avaliação de alternativas de projeto. Uma opção de projeto é considerada

razoável quanto alcança ou excede requisitos de desempenho durante o

tempo de vida previsto em projeto. Uma questão chave a debater aqui é a

duração da fase de uso do edifício e a vida útil de seus componentes.

No entanto, tratar do desempenho ambiental construtivo tem um enfoque

ainda mais extenso, pois sua avaliação não se encerra com o fim da vida útil

do edifício ou seus componentes, mas prossegue após o encerramento da

mesma. Pode-se dizer, então, que neste caso trata-se de Planejamento do

Ciclo de Vida (PCV), em sintonia com o enfoque de Design do Ciclo de Vida

adotado por Manzini;Vezzoli. As considerações de Trinius quanto a PVU são

enriquecedoras ao enfoque do desempenho ambiental construtivo, mas

devem ser traduzidas neste caso como PCV.

Spekkink aponta a necessidade do inter-relacionamento entre os diversos

especialistas atuantes no processo de projeto, numa abordagem de

planejamento integrado, onde não interessam tanto o desempenho individual

das especialidades, mas o desempenho do resultado final do conjunto

(Figura 3.16)

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Figura 3.16 – Projeto Baseado em Desempenho promove o projeto integral (SPEKKINK, 2005)

Já para Trinius, devem ser considerados requisitos de desempenho e

propriedades de desempenho em diversos níveis de sistema (alto nível,

correspondendo ao edifício, e baixo nível, aos componentes e materiais). A

aplicação do conceito de planejamento integrado em PVU (Figura 3.17)

requer rotinas para o estabelecimento de requisitos de desempenho,

incluindo o possível desenvolvimento de requisitos ao longo do tempo.

Devem ser inter-relacionados requisitos de alto e de baixo nível.

Adicionalmente, o conceito esbarra na disponibilidade de informação de

referência de vida útil de produtos construtivos. A fim de que os produtores

possam fornecer tais informações em termos de declaração de vida útil de

seus produtos, há que se considerar algumas questões.

Figura 3.17 - Conceito de planejamento integrado em PVU (planejamento da vida útil) – ISO15686-6. Projeto pode

ser iniciado em qualquer ponto do ciclo de vida (TRINIUS, 2005).

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A discussão entre aspectos de desempenho e aspectos de sustentabilidade

reflete a característica relativamente vaga do termo “construção sustentável”.

Este termo não se relaciona ao estabelecimento de benchmarks para

construção sustentável, mas em considerar aspectos de sustentabilidade

durante o projeto e operação dos edifícios.

Na consideração de aspectos de sustentabilidade precisa se relacionar a

vida útil e requisitos de desempenho, assim como a própria funcionalidade e

duração de serviço são pedras fundamentais no desempenho de um edifício.

Ao comparar diferentes opções de projeto, aspectos de desempenho são

fatores fundamentais. Isto também significa que a quantificação de custos e

de impactos ambientais sem uma referencia comum é pouco significativa.

Desempenho ambiental não pode ser descrito sem um bem definido ponto

de referencia em desempenho (técnico e/ou econômico) do edifício.

As considerações de Trinius quanto ao conceito de sustentabilidade estão

corretas, porém este conceito é mais abrangente do que simplesmente tratar

de desempenho ambiental. Para o conceito de sustentabilidade, o aspecto

ambiental é apenas uma de suas três bases, sendo as demais os aspectos

econômico e o social. A avaliação da sustentabilidade se configura através

de um processo híbrido, utilizando subsídios mensuráveis juntamente com

os subjetivos. Mas a avaliação do desempenho ambiental construtivo é tratar

apenas de um segmento de um problema maior, a sustentabilidade,

devendo oferecer respostas objetivas para subsidiar a avaliação deste

segundo aspecto que não é, no entanto, o foco deste trabalho.

Pode-se dizer, prosseguindo segundo Trinius, que construção baseada em

desempenho e construção sustentável são complementares. Uma afirmação

igualmente forte é que construção sustentável precisará que o setor da

industria da construção siga uma estratégia baseada em desempenho.

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3.2.4 Inserção dos aspectos ambientais no modo de trabalho do projetista

O desenvolvimento de projetos no contexto atual, ou seja, mercado

altamente competitivo, prazos limitadíssimos, preocupação com custos finais

imediatos e não com custo benefício ou ao menos custos a longo prazo

(fazer para vender), maximização de lucros (ou minimização de prejuízos),

entre outros fatores característicos do modo de vida contemporâneo,

determinam ou formatam um modo de trabalho que deve ser seguido para

que o projetista consiga se manter no mercado.

O chamado desenvolvimento sustentável tem como base três pontos, sendo

o ambiental, o econômico e o social. No contexto brasileiro, com impostos

altos, pessoal com qualificação insuficiente, economia instável e dependente

de capital externo, entre outros aspectos, fazem com que o mercado de

projetos seja altamente pressionado por seus clientes (nacionais,

internacionais ou multinacionais) com relação a custos, o que tem como

conseqüencia a desvalorização dos profissionais especializados (baixa

remuneração, trabalho informal, ausência de benefícios, falta de

estabilidade, descumprimento de direitos trabalhistas), redução de prazos

para desenvolvimento de projetos e redução de lucros, apenas

exemplificando, conseqüencias estas que acabam refletindo na qualidade

final do produto derivado do projeto e recursos limitados para reinvestimento

no processo de desenvolvimento, como por exemplo na capacitação de

pessoal, aquisição de aplicativos, modificação de processos de trabalho e

certificações.

Além destas limitações, que não dizem respeito diretamente às questões

ambientais, temos as limitações específicas para incorporação de conceitos

de projeto baseado em desempenho e adequação ambiental, que são a

ausência ou escassez de informações ambientais objetivas para o

segmento, ausência ou escassez de metodologias ou falta de objetividade

nas existentes, implicações comerciais, entre outros.

A incorporação dos aspectos ambientais ao segmento de projetos no Brasil

deve considerar este contexto, e portanto deve atender a algumas

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condições:

- Não onerar o desenvolvimento de projetos;

- Traduzir os aspectos ambientais à linguagem do segmento;

- Facilidade no aprendizado deste novo aspecto a considerar no projeto;

- Adequação ao modo de trabalho atual do projetista;

- Integração/adaptação às atuais ferramentas de trabalho do projetista;

- Minimizar o aumento de prazo para o desenvolvimento de projetos;

- Fornecimento de informações ambientais seguras, objetivas e

padronizadas;

No entanto, pode-se considerar que mesmo que sejam preenchidas estas

condições para facilitar a adaptação do processo de trabalho em projetos, há

que se considerar a possibilidade de haver uma certa inércia e resistência

dos profissionais a mudanças. Estas podem ser vencidas, por exemplo,

através de exigências de mercado, desenvolvimento e aplicação de normas,

formulação de leis específicas e exigências em contratações do setor

público.

Esta situação é exposta por Spekkink (2005), para o qual profissionais de

projeto geralmente não estão muito atentos ao projeto baseado em

desempenho. A este respeito uma distinção pode ser feita entre duas

diferentes abordagens:

1. Projetistas atendem estes aspectos quando há programas de

necessidades dos clientes que sejam baseados em desempenho e a

legislação construtiva.

2. Projetistas definem seu trabalho com um design funcional mais uma

série de critérios de desempenho, preferível à forma de projetar

tradicional, em termos de desenhos técnicos e especificações. A idéia

geral é que o contratante estabeleça a demanda por aspectos de

desempenho, o que em geral funciona melhor com projetos para o setor

público que ao privado.

No entanto, antes da incorporação dos aspectos ambientais serem

considerados obrigatórios ao desenvolvimento de projetos, é necessário que

se disponham de metodologias que atendam as condições de aceitação

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91

acima listadas, além de diversas outras de caráter técnico.

Tratar da incorporação de um novo conjunto de variáveis extremamente

complexo ao processo projetual, e em linguagem completamente distinta ao

segmento não é tarefa fácil. Há, portanto, uma série de exigências a serem

cumpridas para que tais metodologias sejam apropriadas para enfrentar a

tarefa.

Do ponto de vista instrumental, o segmento já dispõe de algumas

metodologias cujo uso já está sedimentado na prática profissional, algumas

em fase insipiente de desenvolvimento, e há outras ainda por desenvolver.

Os Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) e Estudos de

Impacto de Vizinhança (EIV) já estão sedimentados na prática profissional,

porém não se destinam à avaliação de desempenho e geralmente tratam o

problema quanto aos impactos de abrangência regional.

O instrumental necessário deveria tratar os aspectos de adequação

ambiental de maneira objetiva (mensurável), preferencialmente baseada em

resultados de acordo com os conceitos de Construção Baseada em

Desempenho, que permita compatibilização com Sistemas de Gestão

Ambiental e que a avaliação seja feita considerando o ciclo de vida do

produto-processo.

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92

4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

AMBIENTAL

Iniciativas ao redor do mundo originaram diversas ferramentas para

avaliação de desempenho ambiental, que variam em suas áreas de

aplicação, relevância geográfica e qualidade de dados.

Um estudo coordenado pelo Royal Melbourne Institute of Technology

(ENVIRONMENT AUSTRALIA, 2001), analisou as ferramentas de avaliação

de desempenho ambiental no setor de edifícios e construções, e

desenvolveu estratégias para o uso destas ferramentas, visando melhorar o

setor no aspecto ambiental. O projeto teve 3 estágios, iniciando-se por uma

investigação internacional das ferramentas, dados existentes e sua

disponibilidade; teste das mesmas e montagem de uma matriz; e por fim, a

elaboração de uma estratégia para promoção dos resultados.

Este estudo classificou as ferramentas de avaliação de desempenho

ambiental em seis categorias:

1. Ferramentas ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) detalhadas. Podem ser

focadas em: (a)materiais e (b) sub-sistemas e processos.

2. Ferramentas de projeto, que usam ACV como base, simplificados para

atuar como indicador de pontos ou uma agregação de impactos nos

componentes construtivos ou processos.

3. Ferramentas CAD16/ACV – ferramentas que lêem informações de

arquivos CAD e calculam a agregação de impactos ambientais do

projeto.

4. Guias e checklists de produtos “verdes” – guias qualitativos para

produtos.

5. Esquemas de avaliação de edifícios – Estas ferramentas avaliam se o

16 CAD - Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por Computador

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edifício tem bom desempenho. Aplicam-se para avaliação pós-

ocupação e também em avaliação de projetos.

6. Ferramentas de energia incorporada – Usam análise de entrada/saída

para determinar energia incorporada e parâmetros ambientais dos

materiais. Podem ser usadas para seleção dos materiais, priorizando

aspectos mais importantes do edifício.

Com base na classificação acima, apresenta-se a seguir uma breve

descrição das categorias, uma análise da aplicabilidade de cada uma no

desenvolvimento de projetos e um quadro resumo de cada categoria,

contendo listagem das principais ferramentas com informações sobre as

fases do ciclo de vida avaliadas (produção, uso e descarte), as categorias de

impactos ambientais (emissão de gases de efeito estufa - GEE ou do inglês:

greenhouse, eficiência energética, poluição do ar, depleção da camada de

ozônio, toxicidade, poluição da água, consumo de água, produção de

resíduos sólidos, qualidade do ar interno), características do banco de dados

da ferramenta, análise de custos e comentários.

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94

4.1 FERRAMENTAS ACV DETALHADAS

4.1.1 Focadas em materiais construtivos

De modo genérico, as ferramentas desta categoria comparam e analisam

ciclos de vida completos de produtos e processos, do berço ao túmulo. São

compostas por aplicativos e por bancos de dados, podendo estes ser

direcionados a atividades específicas.

A organização dos aplicativos normalmente é baseada em módulos,

primeiramente um organograma ou um fluxograma, com blocos indicando

processos, os quais devem ser alimentados com informações de entradas

(matérias primas, recursos, energia, etc.) e saídas (produtos finais,

emissões, resíduos, etc.) inter-relacionadas com os demais através de

fluxos, além de impactos dos meios de transporte. Além deste, normalmente

existem módulos de relatórios e/ou inventário, com informações detalhadas

dos resultados obtidos através dos cálculos efetuados (Figura 4.18).

Figura 4.18 - Tela do aplicativo KCL-ECO 3.01, 1999.

São analisados cada componente de um processo ou produto, com seus

respectivos sub-componentes e os impactos de cada um deles. Alguns

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aplicativos possuem diversos métodos de avaliação de impactos.

Os resultados são apresentados por módulos gráficos que podem expressar

os seguintes processos: caracterização, normalização, ponderação,

atribuição de peso e pontuação única. É uma característica desejável, mas

nem sempre presente, a habilidade de efetuar comparações de impacto

entre processos alternativos. Podem estar presentes recursos de avaliação

de incertezas.

Tabela 4.14 - Ferramentas ACV detalhadas (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

Esta categoria de ferramentas, embora trate as informações de forma

objetiva e considere o ciclo de vida do processo-produto, é pouco viável de

ser aplicada ao desenvolvimento de projetos, por se mostrar de difícil

utilização e por exigir conhecimento prévio de características da produção ou

obra, que ainda estão em definição na fase de projetos. No entanto seria de

extrema valia se empregado pela indústria de materiais construtivos no

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Ferramentas de ACV Detalhadas

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Boustead (Ing) S S S S S S S S S S N S S

Ferramenta para para construção do Inventário de Ciclo de Vida de processos. Possui extenso banco de dados de ICV, aberto e editável.

GaBi (Alem) S S S S S S S S S S N SFerramanta ACV Alemã baseada em processos de engenharia.

KCL-ECO (Fin) S S S S S S S S S S N S S

Desenvolvida inicialmente para a indústria de papel. Efetua ACV baseado no fluxo de massa das entradas e saídas de um produto.

LCAiT (SE) S S S S S S S S S S N SDesenvolvido a partir de 92, como ferramenta para auxiliar o projeto de produtos.

PEMS (Ing) S S S S S S S S S S N S

Ferramanta independente capaz de fornecer tanto ICV quanto ACV. Pode ser usado para estudos ACV completos ou segmentados, podendo ser utilizado por profissionais iniciantes ou experientes.

SimaPRO (PB) S S S S S S S S S S S N S S Possíve

Modelagem direcionada mais ao produto que ao edifício e utulizada em setores como a industria de concreto na Europa.

TEAM (Fra) S S S S S S S S S S N S S

Ferramenta para análise do ciclo de vida ambiental e de custos para produtos e tecnologias. Possui BD com mais de 600 módulos com cobertura mundial.

Legenda: S=Sim N=Não

Cus

tos

de C

iclo

de

Vid

a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados

Page 111: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

96

intuito de fornecer aos usuários e profissionais dados ambientais de

produtos, podendo auxiliar na formação de um banco de dados de ACV dos

materiais de construção no Brasil, sem o qual nenhuma ferramenta baseada

em ACV possa ser utilizada.

4.1.2 Focadas em subsistemas construtivos

Esta categoria de ferramentas normalmente é estruturada em subsistemas

construtivos, como por exemplo fundações, superestrutura ou vedações,

para entrada de dados e escolha de materiais, ou seja, em linguagem

própria do segmento, baseadas em banco de dados, simplificando a

montagem dos processos. As avaliações são baseadas em ACV para as

alternativas de projetos e escolha de materiais. Os bancos de dados contém

diversas alternativas de escolha para cada elemento a ser determinado,

incluindo uma pré-seleção de materiais. Permite comparar graficamente os

diversos impactos entre alternativas de projeto distintas.

Figura 4.19 - Telas do aplicativo Athena EIA 3.0

Page 112: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

97

O objetivo destas ferramentas é facilitar o uso e aplicação por arquitetos,

designers e demais profissionais envolvidos no desenvolvimento de projetos

e especificações (ENVIRONMENT AUSTRALIA, 2001).

As análises efetuadas por esta categoria de ferramentas podem ser menos

precisas que as ferramentas ACV focadas em materiais, porém podem ser

mais facilmente empregadas e com isso obter maior aceitação do usuário.

Pode ser utilizada durante a fase de conceituação do projeto, porém, por sua

forma de utilização, é melhor aplicável após a elaboração do projeto. A

forma de organização através de sub-sistemas é uma característica

interessante, pois facilita a compreensão e manuseio pelo projetista.

4.2 FERRAMENTAS ACV PARA PROJETOS

As ferramentas de ACV para projetos trabalham através da inserção, pelo

usuário, de dados quantitativos de todos os elementos do projeto/obra, e

através de um banco de dados ambientais de materiais, calculam-se os

impactos cumulativos de todo o projeto, permitindo-se avaliar quais

elementos contribuem mais para o impacto do conjunto. O projetista,

baseado nestas informações, pode simular o uso de outras alternativas e

adotar a que apresente melhor resultado. A estrutura é similar a aplicativos

destinados a orçamentos, mais familiares aos profissionais, porém ao invés

de custos, quantificam-se impactos ambientais.

Figura 4.20 - Tela do aplicativo EcoQuantum Domestic (IVAM).

Page 113: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

98

Os módulos gráficos podem apresentar comparações dos impactos dos

diversos sub-sistemas do projeto, permitindo avaliar quais são mais

significativos no contexto, e individualmente comparar e selecionar

alternativas de materiais onde a substituição represente uma efetiva redução

de impactos cumulativos no projeto.

Figura 4.21 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM).

Figura 4.22 - Tela do aplicativo Eco-Quantum Domestic (IVAM).

A forma de interação com o usuário e apresentação de resultados permite

Page 114: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

99

utilização do aplicativo na fase do projeto, ou seja, durante a elaboração do

mesmo, sem a necessidade de avaliá-lo posteriormente pela análise dos

materiais ou componentes individualmente, cujos resultados teriam de ser

reinseridos no processo por meio de revisões de projeto.

Tabela 4.15 - Ferramentas de projeto basadas em ACV (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

Ferramentas de Projeto baseadas em ACVM

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Edi

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l

BRI-LCA (Jap) S S S S S N N N N N N N S ? NBaseado em energia e CO2, permite comparação de opções

Athena (Can) S S S S S S N S S N S N S NAthena SM Inst. incorporou a Forintek C corp. levando adiante trabalho iniciado em 91.

BEE (Fin) S N S S N S S S S ? S N S ? N

Usado para acumulação de energia incorporada e emissões na produção de materiais de construção, consumo de energia e emissões e volume de entulho para edifícios

BES S N S S S S N S S N S N S ? N

Classifica praticas de 1 a 5, em 16 questões em 3 categorias: depleção de recursos, poluição e energia incorporada.

Eco Methods (Fra) S S N S S S N S N ? S S S N

Série de arquivos excel para análise de cada passo do processo de edificação, baseado na necessidade de solução dos impactos dos materiais. Tem 3 sub-ferramentas: Ecopt (pré-projeto), Ecopro (projeto) e Ecoreal (especificação e construção)

ECOit (NL) E E E E E E E E E N E N S limit N NFerramenta simples e rápida em classificação, com "eco-points" por quilo de material e processos.

Eco Quantum (NL) S S S S S S S S S ? S N S N

Programa abrangente e objetivo em todos os níveis do projeto. Planejado para analisar um edifício em 1 hora.

Eco Scan (NL) E E E E E E E E E N E N S S N

É uma ferramenta de modelagem rápida e simples, baseada em eco-indicadores e traça perfis ambientais baseado em eco-pontos por kg de materiais e processamento.

Envest (UK) S S S E E E E E E N E N S N

Foi desenvolvido para simplificar o processo de projetar edifícios ambientalmente amigáveis. São inseridos dados de projeto (altura, numero de pavimentos, área de janelas, etc) e escolhas de elementos.

LCAit S S S E E E E E E N E N S N N

Software baseado em gráficos simples que permite ao usuário ajustar graficamente o ciclo de vida de um produto e o balanceamento de entradas/saídas de materiais. O programa permite ao usuário criar fluxos de processos e transportes em blocos. É fácil arra

LISA (Aus) S S S S S S N N N S N N S N N

LISA (LCA in Sustainable Architecture) é uma ferramenta ACV simplificada de suporte a decisão para construção. Foi desenvolvida em resposta às solicitações de arquitetos e profissionais da indústria por uma ferramenta ACV simples de assistencia ao design

Optimize (Can) S S S S S S S S S ? S S S ? S

Estima custos diretos e indiretos, peso, energia incorporada e emissões para edifícios constridos e para seu ciclo de vida.

SIA D0123 (Ch) S N N S S S S S S S S N S ? N

Catálogo de avaliação referente a elementos e materiais de construção.

Legenda: S=sim , N=não , E= Ecopoints

Cus

tos

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Vid

a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados

Page 115: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

100

4.3 FERRAMENTAS CAD – ACV

Esta categoria de ferramentas relaciona ACV com aplicativos CAD

(Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por Computador), fornecendo

informações sobre impacto ambiental e energia incorporada.

Através de interfaces gráficas e modelagem tridimensional do projeto, a

ferramenta fornece suporte às decisões de projeto, inclusive na fase

conceitual e intuitiva, através de respostas sobre comportamento dos

componentes e materiais especificados e de soluções de projeto, permitindo

análises interativas das soluções propostas e seus respectivos impactos.

O modo de trabalho com o aplicativo inicia-se com a elaboração de um

modelo CAD tridimensional do projeto, atribuindo-se aos componentes

especificações de materiais baseado em banco de dados com informações

sobre ciclo de vida. O aplicativo, automaticamente efetua o levantamento

quantitativo de materiais e serviços, recurso normalmente utilizado para

orçamentos, e deste ponto em diante opera de maneira similar às

ferramentas de projeto baseadas em ACV, calculando o impacto cumulativo

de todo o projeto, permitindo-se avaliar quais componentes contribuem mais

para o impacto do conjunto. Aqui também, o projetista, pode simular o uso

de outras alternativas, porém a interface gráfica permite selecionar

visualmente cada componente do modelo tridimensional e atribuir ao mesmo

novas especificações, comparando e adotando a que apresente melhor

resultado.

Figura 4.23 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid

Page 116: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

101

A extração de uma lista de quantidades de materiais do modelo 3D permite a

inserção destes dados em um módulo de análise ACV, que pode fornecer

resultados de desempenho ambiental apresentada em termos de estágios

do ciclo de vida ou avaliações comparativas das decisões, determinando-se

uma das soluções de projeto como base de comparação. Para as avaliações

são considerados diversos eco-indicadores, como emissões de gás, energia

incorporada, depleção de ozônio, acidificação, nutrificação, fumaça,

carcinogênicos, metais pesados, lixo sólido, consumo de água e consumo de

combustíveis, assim como nas demais ferramentas ACV.

Figura 4.24 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid.

Page 117: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

102

Tabela 4.16 - Ferramentas CAD - ACV (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

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F e rr a m e n ta s C A D A C V

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B EES ( U S A ) S S S S S S S S S ? S N S S

O p r o p ó sit o do B E E S é de se n v o lv e r e i im p le m e n t a r um a m e t o do lo g ia s is t e m á t ic a

p a r a se le ç ã o de p r o du t o s p a r a c o n st r uç ã o c o m p e r f o r m a n c e s e c o n ô m ic a e a m bie n t a l

ba la n c e a da s . É ba se a da e m p a dr õ e s c o n se n sua is e p r o je t a do p a r a se r p r á t ic o ,

f le x ív e l e t r a n sp a r e n t

B u i l d i n g D e s i g n A d vi s o r ( U S A ) S S S S S S S S S ? S S S N

D e se n v o lv ido p e la E r n e s t O r la n do L a w r e n c e B e r k e le y N a t io n a l L a bo r a t o y .

C S IR O B e m . En e r g y 3 D C A D ( A u s ) E I N N N S N N N N N N N ? ? N

F e r r a m e n t a que c a lc u la a e n e r g ia in c o r p o r a da p a r a c o m p o n e n t e de e d if íc io s ba se a do e m um

de se n h o C A D c o m e sp e c if ic a ç õ e s de m a t e r ia is .

Ec o p r o ( A l e m ) S N N S S S S S S ? S N S ? N

F e r r a m e n t a de c á lc u lo p a r a o t im iz a r o v o lum e de m a t e r ia is , o s f lux o s de e n e r g ia e o s

c us t o s dur a n t e um p r o c e sso de p la n e ja m e n t o a n t e c ip a do . O e d if íc io é de sc r it o p o r

e le m e n t o s , e e s t e s sã o de sc r i t o s p o r m a t e r ia is .

Ec o t e c t ( A u s ) S S S S S N N N N ? N S S N

É um so f t w a r e c o m bin a n do um a p r o je t o c o m

in t e r f c e 3 D c o m um a gr a n de qua n t ida de de f un ç õ e s de a n á lise de p e r f o r m a n c e . F o i c r ia do p a r a uso dur a n t e a f a se c o n c e it ua l do p r o je t o

e f o c a im p a c t o s a m bie n t a is r e la c io n a do s à f o r m a ge r a l do e d if íc io e do s m a t e r ia is

En e r g y 1 0 ( U S A ) E E N S S N N N N ? N N S S N

E f e t ua c á lc u lo s c o m o s v a lo r e s de iso la m e n t o do e d if íc io , p e r f o r m a n c e de a que c im e n t o e

r e f r ige r a ç ã o , i lum in a ç ã o e o u t r o s uso s de e n e r g ia , a p r e se n t a n do a lt e r n a t iv a de e d if íc io

de ba ix a e n e r g ia .

EN ER - R A TE ( A u s ) E E N S S N N N N ? N N S S

É um a f e r r a m e n t a c o m p le t a e in de p e n de n t e

o r ig in a lm e n t e de se n v o lv ida p a r a sim ula r p e r f o r m a n c e s t e r m ic a s e de e n e r g ia .

EP C M B S S S S S S S S S ? S N S ? N

F o r n e c e in f o r m a ç õ e s A C V p a r a m a t e r ia is de c o n st r uç ã o , c o m p o n e n t e s e e d if íc io s c o m p le t o s . P o de se r usa do p a r a c o m p a r a r

p e r f o r m a n c e a m bie n t a l de d if e r e n t e s e sp e c if ic a ç õ e s de m a t e r ia is .P o ssu i m o dulo s de

p la n e ja m e n t o C A D , a v a lia ç ã o C A D , d ir e t r iz e s , in f o r m a ç õ e

Eq u e r ( Fr a ) S S S S S S S S S ? ? ? N S N D e se n v o lv ido p e la E c o le de M in e s de P a r is .

G r e e n B u i l d i n g A d vi s o r ( U S A ) S S S N S N N N N ? N S S* N

U t iliz a in t e l igê n c ia a r t if ic ia l p a r a

sup le m e n t a r p r o c e sso s de t o m a da de de c isã o e m p r o je t o s de f a c il ida de s , c o n st r uç õ e s e

o p e r a ç õ e s c o m da do s a m bie n t a is .Q ua lit a t iv o , é usa do n o a c o n se lh a m e n t o de o p ç õ e s

" v e r de s" e m e d if íc io s e m de se n h o s C A D e f un ç õ e s. A jud

L C A i d ( A u s ) S S S S S S S S S S S ? S N

E sse n c ia lm e n t e o p r o gr a m a t o m a in f o r m a ç õ e s A C V , a t é a go r a r e s t r i t a a

e sp e c ia l is t a s , e a t o r n a m a is a c e ss ív e is a o u t r o s a ge n t e s ( a r qu it e t o s , e n ge n h e ir o s , e t c )

p a r a f a z e r a v a lia ç ã o a m bie n t a l . O s da do s p a r a e f e t ua r a A C V sã o o b t ido s a t r a v é s de e n t r a da do s m e

L e g o e ( A l e m ) S S S S S S S S S ? S S S ? S

I n d ic a t iv o de qua lida de a m bie n t a l de e dif íc io s p a r a p r o je t is t a s , c o n e c t a n do a v a lia ç ã o do

c ic lo de v ida c o m c ust o s de c ic lo de v ida . A v a lia a p e r f o r m a n c e ge r a l do e d if íc io .

O g i p ( C h ) S S S N S N N N N S N N S ? S

So f t w a r e ba se a do n o B E K ( c a t a lo go de e le m e n t o s de c o n st r uç ã o de C R B ) que

p e r m it e a o usuá r io c o m p a r a r p r o je t o s de e d if íc io s c o n side r a n do c ust o s , c us t o s

e x t e r n o s, U B P e e n e r g ia , a v a l ia n do a p e r f o r m a n c e ge r a l do e d if íc io . U t il iz a

m e t o do lo g ia s de E sc a sse z E c o

Cus

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a C o m e n t á r io sFe r r a m e n t a s A br a n ge n c ia A C V C a t e go r ia s de I m p a c t o B . D a do s

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P a p p o s e ( F r a ) S S S* S/E I S/E I S/E I S/E I S/E I S/E I ? S/E I S/E I S ? N

N e c e s s i t a d a d o s d o t e r r e n o , u s a e d i f í c i o s

p a d r ã o , e n t r a d a d e g e o m e t r i a , m a t e r i a i s p r i n c ip a i s e p l a n e ja m e n t o d e o c u p a ç ã o . F o c a

p r i n c ip a lm e n t e a d e p le ç ã o d e r e c u r s o s , f lu x o d e m a t e r ia l e e n e r g ia , c a r g a s a m b ie n t a i s e

e f e i t o s a o s e r h u m a n o .

S B I ( D i n ) S S S S S S S S S N S N S ? N

F e r r a m e n t a d e c á l c u lo c o m b a s e A C V , P o d e a p r e s e n t a r l i s t a s d e r e s u l t a d o s e n t r a d a / s a íd a ,

t a b e la s o u e f e i t o s a m b ie n t a i s p o t e n c i a i s n o r m a l i z a d o s e c o m a t r i b u t o s d e p e s o .

T E A M ( F r a ) S S S S S S S S S ? S N S N

F e r r a m e n t a p a r a A C V a m b ie n t a l e d e c u s t o d e p r o d u t o s e t e c n o lo g ia s . C o n s t r o i q u a lq e r

s i s t e m a f a c i lm e n t e c o n s id e r a n d o s u a

c o m p le x id a d e . B e n e f ic i a - s e d e u m b a n c o d e d a d o s a b r a n g e n t e c o m m a i s d e 6 0 0 m ó d u lo s

d e c o b e r t u r a m u n d ia l .

L e g e n d a : S = S im N = N ã o E I= E n e rg ia In c o rp . S / E

Page 118: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

103

Com os resultados de uma solução de projeto, é possível identificar os

elementos de grande impacto no ciclo de vida do edifício e buscar

alternativas mais eficientes.

Outros recursos podem estar incorporados na ferramenta, como avaliação

de desempenho térmico passivo e ativo, custo do ciclo de vida e

luminotécnica.

Figura 4.25 - Telas dos aplicativos Ecotect e LCAid.

Esta categoria de ferramentas aplica-se melhor a projetos de novas

construções ou que justifiquem uma modelagem tridimensional completa do

projeto. Em estudos parciais ou de pequeno porte, o tempo relativamente

longo consumido para a elaboração de um modelo tridimensional pode

inviabilizar o uso desta categoria de ferramentas. Outra questão é o fato de

serem necessários aplicativos CAD orientados a objetos, característica esta

não comum a todos os produtos disponíveis no mercado. No entanto,

quando o porte ou características do projeto justificam a modelagem

tridimensional, o uso desta categoria de ferramentas torna-se bastante

atraente, sendo a avaliação de alternativas mais intuitiva e ágil.

Page 119: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

104

4.4 GUIAS DE PRODUTOS VERDES

Esta categoria de ferramentas é baseada, predominantemente, em avaliação

ambiental qualitativa dos materiais e processos através de guias de produtos

e orientações de procedimentos.

A análise é efetuada pelo usuário, consultando e comparando informações

de impacto ambiental de materiais contidas na ferramenta. O aplicativo

EcoSpecifier, por exemplo, permite pesquisar uma base de dados acessível

pela Internet, inserindo-se categoria de uso e tipos de impacto a comparar,

obtendo-se como resultado uma tabela comparativa de produtos que

atendam os critérios de consulta.

Figura 4.26 - Tela do aplicativo-web EcoSpecifier.

Os Guias de Produtos Verdes são úteis para especificação de materiais,

Page 120: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

105

porém oferecendo funcionalidade limitada ao projetista, pois ao aplicá-los,

não pode comparar as reais diferenças de impacto ambiental para soluções

de projeto distintas nem estimar o impacto ambiental cumulativo do

empreendimento. Por exemplo, na escolha de materiais para a cobertura de

um edifício, comparam-se o uso de telhas cerâmicas vs telhas de alumínio

apenas pelas características dos materiais, podendo ser favorecido o uso da

cerâmica por possuir menor energia incorporada, desconsiderando-se suas

conseqüentes diferenças em volume de material necessário e impacto no

dimensionamento estrutural.

Tabela 4.17 - Guias e checklists de produtos (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

Guias e Checklists de Produtos

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BEPAC (UK) N N N S S S S ? ? ? ? N S N Checklist

ECDG (Jap) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a N N NGráficos, roteiros não oficiais e checklists fazem parte do instrumento.

ECO Specifier (Aus) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a S N N

Guia de produtos "verdes". Um grupo de pessoas define critérios de classificação de grupos de produtos que são mais ambientalmente responsáveis que outros da categoria.

EPM Checklist (NL) S S S S S S S S S ? ? N S N

O Método de Preferencia Ambiental (EPM) é baseado na experiência do autor como consultor com diversos experimentos em construção sustentável, movidos pela demanda de informação acessível e atualizada de impacto ambiental de componentes e materiais de construção.

Green Housing A-Z (Jap) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a N N N Modelo ACV baseado em tabela de entradas e saídas.

Legenda: S=Sim N=Não n/a=não aplicável ?=não informado

Cus

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a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados

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106

4.5 ESQUEMAS DE AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS

Os esquemas de avaliação de edifícios baseiam-se na avaliação do

desempenho ambiental de processos através de checklists abrangendo

todas as etapas de execução. Os aspectos a serem avaliados são

normalmente divididos em grupos (p.ex. terreno, uso eficiente de água,

materiais e recursos, qualidade do ar interior, etc.), sendo atribuídos créditos

ou pontuação para os aspectos, podendo ser aplicados critérios de

ponderação. Conforme apontado por Silva (2003), os esquemas de

avaliação ambiental disponíveis podem ser separados em duas categorias,

embora não formalizadas, podendo ser orientados para o mercado (Figura

4.27), com estrutura mais simples e vinculados a algum tipo de certificação

de desempenho, ou orientados para a pesquisa (Figura 4.28), com ênfase

no desenvolvimento metodológico e científico, que possa orientar o

desenvolvimento de novos sistemas.

Figura 4.27 - Tela do esquema LEED.

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107

Figura 4.28 - Telas do esquema GBTools.

O desenvolvimento tem levado estas metodologias, que a princípio

avaliavam basicamente o edifício como produto final e apenas sob aspectos

ambientais (agenda verde), a avaliar etapas anteriores, como planejamento,

concepção e realização, e a incorporar novas características de conforto e

saúde, incorporados no esquema Démarche HQE desenvolvido na França

pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment - CSTB, e aspectos sócio-

econômicos (agenda marrom), incorporado pelo esquema Avaliação de

Sustentabilidade (Unicamp/Sinduscon), em fase de consolidação no Brasil

(SILVA, 2004).

O desenvolvimento de projetos em conformidade com os esquemas de

avaliação ambiental é útil para assegurar a incorporação e melhoria dos

aspectos de sustentabilidade, porém não permite comparar de maneira

quantitativa as diferentes alternativas de projeto quanto a impactos

ambientais, sendo aplicável como ferramenta complementar nesta fase.

Page 123: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

108

Tabela 4.18 - Esquemas de avaliação de edifícios (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

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Esquemas de Avaliação de Edifícios

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l

Beaver (Esp) N E N N S N N N N N N N N N N

Ferramenta de modelagem baseada em windows desenvolvida na America provendo uma lista de operação para uso de edifícios e componentes individuais de sistema de ar condicionado. É aplicado durante a fase final de projeto, assumindo que o edifício tenha HVA

BREEAM (UK) N N N S S S S S N ? ? S ? N N

Checklist - ferramenta abrangente para analisar e melhorar a performance de edifícios desde o projeto até o gerenciamento. Concebido como uma ferramenta para encorajar um mercado para edifícios mais amigáveis ambientalmente, sendo agora largamente aceito

BREGains (UK) N E N N S N N N N N N N N N N

Software que contabiliza ganhos metalismo, pequenas energias, iluminação e fornecimento de calor.

BUNYIP (Aus) N E N N S N N N N N N N N N N

Há duas versões de Bunyip, uma direcionada a arquitetos interessados em avaliar opções de design de edifícios e outra direcionada a engenheiros de AC, com modelamento detalhado de sistemas de Ar Condicionado com capacidade de estimativas de carga de pico.

DOE (USA) N E N N S N N N N N N N N N N

O programa contém um módulo para automaticamente gerar um referencia ou um edifício protótipo e um módulo que permite ao usuário personalizar parametros.

E2000 (CH) S S S N S N N N N S S N S N N

Sistema pontual, focado em predizer consumo energético, principais materiais de construção, sistemas de controle de edifícios, mobilidade, finanças. As entradas de dados são: parametros de planejamento energético, materiais, sistema de controle de edifíci

Energy Certification for Buildings (Fin) N S N S S N N N N N N N S N N

Modelos de energia certificados e níveis de consumo referencia associados para residencias unifamiliares, blocos ou flats e edifícios de escritórios.Consumos de energia.

Granfund Energy Tools N S N N N N N N N N N S S N S

Assoação de resultados para R&D para todo ciclo de vida do edifício, baseado em cooperação continua com usuários, bancos de dados e gerenciamento de dados, e compatibilidade com outros sistemas de informação.

GBTool (internacional) S S S S ? ? ? ? ? ? ? ? ? N N

O sistema é uma estrutura de dados, não um modelo de simulação. Espera-se que o usuário utilize outras ferramentas para simular performance energética, estimar energia incorporada e emissões, prever conforto termico e qualidade do ar, etc.

LEED (USA) S S S S ? ? S ? ? ? ? S ? N N

É um processo de classificação e premiação com créditos para cada critério satisfeito. Diferentes níveis de certificação são premiados de acordo com os créditos ganhos.

NatHERS (Aus) N E N N S N N N N N N N N N N

Software desenvolvido para prover rápida avaliação de projetos em um formato fácil de utilizar. É uma ferramenta de classificação referencial. Pode ser utilizado durante conceituação e desenvolvimento de projeto.

Ökoprofile (Nor) S S N S S S N N N S S S S N N

Método usado para avaliar edifícios de escritório e residencias existentes. Os resultados podem ser usados em conexão com vendas ou locações dos edifícios. Com alguns ajustes, pode ser utilizado como ferramenta para gerenciamento e orientação e ainda com

SEDA (Aus) N E N S S N N N N N N N N N N

Este esquema fornece uma série de benchmarks de performance e uma classificação promocionalmente orientada em uma estrutura em que os projetistas e administradores de edifícios possam avaliar a performance de edifícios.

Legenda: S=Sim N=Não E=Energia

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a ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados

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109

4.6 ENERGIA INCORPORADA – ENTRADA E SAÍDA

Esta categoria de ferramentas objetiva fornecer valores estimados para

quantidade de energia incorporada empregada em um determinado

empreendimento, ou seja, a quantidade de energia consumida por todas as

atividades associadas ao processo produtivo de um empreendimento ou

produto, direta ou indiretamente.

A avaliação pode ser feita através de ACV de um processo com dados de

entrada/saída de energia em suas diversas fases. A ferramenta EIO-LCA /

Carnegie Melon (Figura 4.29), por exemplo, estima a energia incorporada

através de um banco de dados vinculado às relações econômicas,

retornando informações baseadas no setor de atividade e na verba a ser

empregada no processo.

Figura 4.29 - Telas do aplicativo-web EIO-LCA / Carnegie Melon.

Page 125: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

110

Conforme apontado por John;Agopyan (2005), o conceito não faz distinção

de fontes energéticas, havendo a mesma classificação para um processo

que utiliza energia de fontes renováveis ou combustíveis fósseis. Não são

consideradas também diferenças no consumo de energia entre diferentes

plantas industriais, com tecnologias distintas.

Tabela 4.19 - Ferramentas de energia incorporada (BUILDING LCA PROJECT, 2001)

A aplicabilidade na fase de projetos é limitada e sujeita a incorreções,

principalmente caso não se leve em consideração diferenças no consumo de

materiais para diferentes soluções de projeto e mostra-se pouco compatível

com no processo de desenvolvimento desta fase.

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Ferramentas de Energia Incorporada

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Ferramenta web para estimativa de impactos ambientais baseado em informações econômicas e setoriais.

NIRM (Jap) S E S S S S S S S S S S S N S

Legenda: S=Sim N=Não E=EnergiaC

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ida ComentáriosFerramentas Abrangencia ACV Categorias de Impacto B. Dados

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111

4.7 CONSIDERAÇÕES

Como um primeira abordagem sobre aplicação a projetos, as categorias de

ferramentas de avaliação de desempenho ambiental tem finalidades

diferentes, ainda que tenham o objetivo comum de melhoria dos aspectos de

desempenho ambiental. Baseiam-se, em sua maioria, em bancos de dados

e agenda específicos a cada realidade geográfica, econômica, política, entre

outras especificidades.

Todas as classes de ferramentas podem ser úteis para a realidade brasileira

em determinadas circunstâncias e fases do processo da construção. O uso

de ferramentas ACV detalhadas, talvez com adaptações parciais, seria útil

na etapa preliminar como auxiliar para a formação de um banco de dados de

ciclo de vida de produtos. Ferramentas de Projeto baseadas em ACV de fácil

utilização viabilizariam sua aplicação no desenvolvimento de projetos,

decisivos para as etapas posteriores do processo construtivo por concentrar

as decisões de maior potencial gerador de impactos ambientais. Esquemas

de avaliação e certificação, afinados com a agenda brasileira e considerando

aspectos sócio-econômicos, poderiam ser progressivamente desenvolvidos

e implantados, como instrumentos de melhoria de desempenho ambiental e

também como mecanismo de exposição do fornecedor ao mercado.

No entanto, quando se busca dentre as classes de ferramenta quais delas

permitem que o requisito de adequação ambiental seja tratado em termos de

desempenho, são as ferramentas baseadas em ACV que melhor atendem a

esta necessidade. Considerando-se ainda o atendimento de questões

práticas de viabilidade de emprego das classes de ferramentas ao processo

projetual, como a avaliação dinâmica de alternativas de projeto e a facilidade

de absorção da metodologia ao modo de trabalho do projetista, as

alternativas resultantes são as ferramentas de projeto baseadas em ACV e

as ferramentas CAD/ACV.

Page 127: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

112

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação mundial com a crise ambiental tem motivado ações

proporcionalmente pequenas às dimensões do problema a resolver, porém

crescentes desde que a humanidade começou a vislumbrar conseqüencias

temerárias para um futuro próximo. Os impactos ambientais de alcance

global já apresentam sinais da ameaça que representam, e em

contraposição a eles, alguns desafios são propostos à toda a sociedade,

como a eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito

estufa (UNEP/SBCI, 2006).

O ponto de partida para as ações tomadas como reação à crise ambiental

geralmente tem partido de compromissos globais firmados pela maior parte

das nações que, como no caso da Agenda 21, postula que se aja localmente

pensando globalmente, refletindo em ações nacionais e setoriais.

Este reflexo setorial tem ocorrido no macro setor da construção civil, não

podendo ser diferente, visto a significativa responsabilidade do mesmo à

degradação ambiental, resultando em uma diversidade de instrumentos de

ação que vão desde agendas setoriais, passando por normas e

certificações, até aplicativos. Entidades setoriais, empresas e profissionais

deste macro setor tem concentrado esforços para desenvolver boas práticas

de adequação ambiental, mas talvez não se esteja priorizando o foco do

problema. Conforme Manzini;Vezzoli (2005), os esforços são gastos em

soluções end-of-pipe, ou seja, tratam-se mais os efeitos que as causas.

Outro ponto a considerar é o modo como os aspectos ambientais são

normalmente tratados. É comum o emprego de soluções isoladas

supostamente melhores quanto a aspectos ambientais no processo

construtivo, rotulando-se isto como construção sustentável. Ora, se

considerarmos que o patrimônio ambiental possa ser analisado de forma

similar ao financeiro, em um fluxo de caixa onde o capital quantificado seja o

natural, só será ambientalmente sustentável aquele processo em que as

receitas e as despesas se equilibrem. Para que se considere desta forma,

Page 128: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

113

deve ser possível que os resultados ambientais sejam mensurados e que se

tratem estes resultados em termos de desempenho. A disseminação desta

prática poderá então permitir que se comece, só então, a se tratar da

questão da sustentabilidade ambiental.

Temos então que buscar as causas principais dos impactos ambientais no

processo construtivo e tratá-las em termos de resultados mensuráveis e

desempenho. Conforme o apresentado no ítem 3.1.2, há uma forte e

decisiva influência do projeto e do gerenciamento quanto ao posterior

desempenho do ambiente construído e o emprego de técnicas orientadas a

desempenho nestas atividades são essenciais.

Apontar a responsabilidade do projeto, por outro lado, não isenta os demais

agentes da cadeia produtiva da construção. Os projetistas certamente tem

grande responsabilidade pois partem de suas pranchetas as soluções e suas

conseqüencias, porém o projetista hoje, ao menos no Brasil, freqüentemente

se sujeita às exigências de seus contratantes que, tendo o poder econômico,

determinam o modo de trabalho daquele. Contratante aqui pode ser tanto o

usuário final, como também o incorporador, o gerenciador, o construtor e por

vezes até o corretor e o profissional de marketing. Além do mais, estas

relações econômicas também resultam financeiramente prejudiciais ao

projetista, dificultando investimentos e qualificação justamente ao agente de

maior responsabilidade decisória no processo.

A despeito desta situação, crescem as responsabilidades que recaem sobre

o projetista nos âmbitos ético, legal, técnico e comercial. O projetista vê

crescendo paulatinamente sua responsabilidade em aspectos ambientais

frente à sociedade e sua categoria profissional, podendo ser

responsabilizado juridicamente pelos resultados de seu trabalho. Crescem

as exigências quanto à consideração destes novos critérios em seu trabalho

e quanto à necessidade de certificação, passando estes aspectos a serem

considerados diferencial competitivo no mercado.

Neste contexto, o projetista, como agente dentro do macro setor da

construção, começa a tomar ciência da importância de mudar seu modo de

atuação, porém não na velocidade e urgência que o problema exige. Uma

Page 129: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

114

ainda pequena parcela dos profissionais que se dispõe a incorporar

aspectos de adequação ambiental em seu trabalho, acaba se deparando,

muitas vezes, com uma profusão de informações, por vezes sem

fundamentos, e acaba adotando ingenuamente soluções que, embora bem

intencionadas, correm o risco de resultar em impactos ainda maiores ao

meio. Nesta situação, o profissional ou tem a falsa sensação de que está

cumprindo com seu papel ou, quando se aprofunda no problema, toma

ciência de que faltam-lhe os meios de que necessita para atuar.

Alguns países desenvolvidos já possuem ferramentas destinadas ao

incremento do desempenho ambiental no setor da construção, algumas

delas específicas para suporte à decisão e ao projeto. Para que tenhamos

ferramentas compatíveis à realidade brasileira, todavia, a simples

importação de ferramentas não se mostra viável, corroborando o que foi

apresentado por Silva (2001), visto que as mesmas foram desenvolvidas

para o contexto específico de seus países de origem. No entanto, seria de

grande valia a existência de ferramentas com este propósito específicas ao

contexto nacional. Por outro lado, a classe de ferramentas que melhor

atende a necessidade de tratar a adequação ambiental no setor de

construção em termos de desempenho são as baseadas em ACV e, para

aplicação a projetos, mais especificamente, as Ferramentas de Projeto

baseadas em ACV e suas derivadas são as que melhor poderiam se

adequar ao processo projetual, por permitirem a comparação de soluções

diferentes de maneira dinâmica e com maior precisão, mesmo durante a

elaboração do projeto. Frente a esta necessidade, faz-se necessário o

desenvolvimento de ferramentas com estas características específicas à

realidade nacional exigindo também, para tanto, a formação de um banco de

dados de ciclo de vida de produtos e processos nacional.

Sugere-se o desenvolvimento no Brasil de uma ferramenta com recursos de

importação de dados de aplicativos CAD disponíveis no mercado, mas que

permita ao usuário a inserção de informações sem depender deste recurso.

O agrupamento ou organização por subsistemas construtivos, como as

ferramentas ACV detalhadas com este foco, seria característica também

Page 130: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

115

bastante conveniente.

5.1 DESAFIOS A ENFRENTAR PARA O DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIAS

NACIONAIS

Como forma de avaliar a dificuldade de desenvolvimento, adaptação e

aplicabilidade de metodologias de avaliação de desempenho ambiental,

procedeu-se um estudo de caso que consistiu primeiramente da adaptação

de uma metodologia de avaliação de desempenho construtivo (anexo 1) e

posteriormente experimentação de aplicação desta metodologia adaptada ao

edifício I1 da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de

São Paulo. Paralelamente, procedeu-se um experimento de aplicação ao

mesmo edifício do esquema de avaliação de edifícios denominado Avaliação

de Sustentabilidade (SILVA, 2004).

As dificuldades ocorreram, primeiramente, na adaptação de uma

metodologia para outra finalidade, em que a metodologia de origem se

destinava a avaliar patologias construtivas, mostrando suas restrições

quando da adaptação pela forma de identificação das patologias ambientais

construtivas, que não se dão apenas por meio da análise do edifício, mas

também, avaliando-se processos e projetos. Como resultado, foi identificado

um grande numero de PAC que não se relacionavam a subsistemas

construtivos específicos, mas ao empreendimento como um todo. Outra

dificuldade ocorrida refere-se à obtenção de dados específicos, na aplicação

de ambas as metodologias. Embora o processo de produção do edifício

tenha sido devidamente gerenciado desde a fase de projeto até a conclusão

das obras, muitas informações não puderam ser obtidas por ainda não

serem os dados de aspectos ambientais objeto de coleta e registro

sistemático, como ocorreria se fosse empregado um sistema de gestão

ambiental. Este estudo de caso forneceu uma idéia dos desafios a enfrentar

para o desenvolvimento e implementação de metodologias de adequação

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116

ambiental ao contexto do setor. Mas isto diz respeito a apenas parte das

dificuldades, no que diz respeito aos costumes sedimentados no setor e na

inércia para mudança de paradigmas.

O caminho a trilhar decerto não é um caminho fácil. Vencer a resistência

para a mudança do status quo nos diversos agentes dentro do setor é o

primeiro desafio. O segundo desafio se torna maior somando-se ao primeiro,

que é a formação de um banco de dados de ACV nacional. Para que isto se

concretize é necessário convencer os produtores a expor, de certa forma,

algumas de suas fraquezas, tornando público quais produtos são melhores

que outros quanto a seus impactos. Não apenas por isso se mede o

tamanho do desafio, mas a tarefa em si é gigantesca, com custo financeiro

proporcional. Mas não será eternamente possível fugir do desafio, pois mais

cedo ou mais tarde estes desafios, se não enfrentados, se tornarão sanções

econômicas internacionais. Mas valor econômico das emissões não é

apenas uma questão para o futuro, já sendo negociadas hoje através dos

créditos de carbono. Um terceiro desafio é o desenvolvimento de

ferramentas adequadas, que preencham os requisitos práticos dos

projetistas, como por exemplo não onerando o processo de projeto, de fácil e

ágil utilização, de integração fácil ao modo de trabalho corrente no setor.

Podem ainda ser identificados outros desafios ou dificuldades, mas talvez

seja mais apontar o caminho a percorrer.

O desenvolvimento de ferramentas para a realidade brasileira deveria

basear-se, inicialmente, na formação de metodologias e normalização de

procedimentos para ACV de materiais de construção e posteriormente, com

base nestas metodologias, iniciar-se-ia a formação de um essencial banco

de dados ACV nacional. Deve existir uma padronização na forma e no tipo

de informação que cada produto ou classe de produtos deve ter para que

seja viável a aplicação nas etapas posteriores nas avaliações de

desempenho ambiental para a indústria da construção. O uso de

ferramentas ACV detalhadas, talvez simplesmente o uso de uma ferramenta

importada com adaptações parciais, seria útil na etapa preliminar como

auxiliar para a formação de um banco de dados; além disso, a

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117

implementação de Declarações Ambientais de Produto, como prevêem as

normas da série NBRISO 14020 (ABNT, 2002), teria papel chave para este

processo.

Como exemplo de padronização de informações, a Associação Brasileira

dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) desenvolveu um modelo para

especificação de materiais e produtos através de Fichas Técnicas de

Produtos e Serviços, com adesão voluntária de fornecedores. Iniciativa

similar poderia ser tomada para implementação de fichas de desempenho

ambiental de produtos.

A partir de uma base de dados nacional, uma Ferramenta de Projeto ACV de

fácil utilização poderá ser desenvolvida, o que viabilizaria sua aplicação no

desenvolvimento de projetos, que é decisiva para as etapas posteriores do

processo de produção do ambiente construído e de seu ciclo de vida,

concentrando as decisões de maior potencial gerador de impactos

ambientais.

Juntamente, esquemas de avaliação e certificação, afinados com a agenda

brasileira e considerando aspectos sócio-econômicos, devem continuar a ser

progressivamente desenvolvidos e implantados, como instrumentos de

melhoria de desempenho ambiental, mas também como mecanismo de

exposição do fornecedor ao mercado, o qual poderá exercer pressão

progressiva ao desenvolvimento da construção ambientalmente responsável.

A exemplo do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade - Habitat

(PBPQ-H)17, que passou por fases de sensibilização da sociedade,

programas setoriais de qualidade e gradualmente tende a se tornar uma

exigência em licitações, um programa com os mesmos conceitos poderia ser

implementado para incremento do desempenho ambiental, atuando o Estado

como agente indutor.

17 PORTARIA Nº 134, DE 18/12/1998, que institui o Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade na Construção Habitacional - PBQP-H.

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118

5.2 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DESTA PESQUISA

O desenvolvimento do setor quanto à desempenho ambiental ainda dá seus

primeiros passos, e portanto o tema oferece um longo caminho a percorrer.

Dentre os caminhos possíveis para continuidade desta pesquisa, sugerem-

se:

a) O mapeamento das condições, dificuldades, práticas correntes,

limitações, anseios e expectativas dos projetistas, e como passo inicial,

foi proposta uma pesquisa junto aos associados de entidade

representativa dos escritórios de projeto, cuja base do formulário consta

do anexo 1 deste trabalho. Os resultados desta pesquisa ajudarão a

detectar os maiores problemas e a direcionar melhor o desenvolvimento

de uma ferramenta prática de projeto para avaliação do desempenho

ambiental.

b) formação de metodologias e normalização de procedimentos para ACV

de materiais de construção, passando pela estabelecimento de critérios

para as declarações ambientais de produtos, e por fim o

desenvolvimento e organização de um banco de dados nacional de

dados de ACV dos materiais de construção.

c) desenvolvimento de ferramenta de projeto de avaliação de desempenho

ambiental, ou ainda uma família de ferramentas com seu núcleo

baseado em ACV, permitindo a que cada uma das componentes da

família atenda uma determinada fase do ciclo de vida do ambiente

construído, como uma ferramenta ACV focada em materiais para a

indústria de materiais, uma ferramenta de projetos baseada em ACV, e

ainda a integração desta última com aplicativos gráficos.

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119

REFERÊNCIAS

ABELHA RODRIGUES, M. – Princípios do Direito Ambiental Brasileiro –Palestra proferida no Seminário “Estatuto da Cidade 5 anos” – Tribunalde Contas do Município de São Paulo - 2006

ALMEIDA, J. A.M. - A Ética Ambiental de Tom Regan: Crítica, Conceitos,Argumentos E Propostas – Revista Ethic@, Florianópolis, UniversidadeFederal de Santa Catarina, v.5, n. 3, p. 147-151, Jul2006.

AMBIENTE BRASIL. Jornal informativo diário.<http://www.ambientebrasil.com.br>.

ANINK, D.; BOONSTRA, C.; MAK, J. Handbook of Sustainable Building –An Environmental Preference Method for Selection of Materials for Use inConstruction and Refurbishment. Trad. Adriana Morris. Londres:James&James Ltd., 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco pavimentos.Projeto de Norma. 2004/2006.

__________.NBRISO14001:1996. Sistemas de gestão ambiental -Especificação e diretrizes para uso.

__________.NBRISO14004:1996. Sistemas de gestão ambiental -Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.

__________.NBRISO14015:2003. Gestão ambiental - Avaliação ambientalde locais e organizações (AALO).

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126

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO EMPREGO

DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL EM

PROJETOS

Questionário:

Emprego de critérios de desempenho ambiental em projetos

1. Perfil do Escritório / Profissional

Nome da empresa: _______________________________________________________

Data de fundação da empresa: ______________________________________________

Nº de funcionários: _________

Data: ___/___/______

2. Perfil dos projetos que a empresa executa

Quais tipos de projeto desenvolve?

Residencial unifamiliar

Residencial multifamiliar

Conjunto residencial

Comercial

Industrial

Institucional

Serviços

Público

outro(s). Qual(is): __________

Qual o porte predominante das obras/projetos?

até 1000 m² de 1000 a 5000 m² de 5000 a 10000 m² , mais de 10000 m²

Em que nível? local , regional , nacional , internacional

Qual o volume aproximado de projetos desenvolvido por ano (em m²)? ________________

3. Emprego de critérios de desempenho ambiental na atividade profissional

Participou ou conhece alguma experiência significativa referente a emprego de critérios de

desempenho ambiental em projetos? Por favor explique.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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Critérios de impacto ambiental influenciam o seu processo projetual?

Não , Pouco , Muito

Em caso positivo, assinale em que aspectos:

projetos adequados ao contexto ambiental do local,

minimização de alterações ao meio ambiente,

soluções para tratamento de esgoto e resíduos,

soluções para consumo racional de água e/ou reuso de água servidas ou pluviais,

soluções para consumo racional de energia,

especificação de produtos e materiais que causem menor impacto ambiental,

prefere materiais cujo fabricante forneça informações de impacto ambiental do produto ,

especifica materiais que possam ser reutilizados ou reciclados após a demolição da obra,

especifica reutilização/reaproveitamento de materiais em novas obras,

especifica produtos que utilizem em sua composição matérias primas recicladas,

especifica preferencialmente produtos obtidos nas proximidades da obra,

minimização na geração de entulho / resíduos sólidos,

qualidade do ar interior,

Outro(s). Quais? __________________________________________

Elabora projetos para que os edifícios tenham uma vida útil determinada, quantificada em número

mínimo de anos?

sim , não , somente em alguns projetos , preve-se boa durabilidade sem determinação do

número de anos

Considera critérios de análise do ciclo de vida (impactos ambientais desde a produção e construção

até a demolição e descarte) dos materiais e do edifício para elaboração de projetos e especificações?

sim, não, eventualmente. Comente: __________________________

4. Relações com a sociedade e o mercado

Na sua opinião, considerando as fases de vida do edifício abaixo, classifique-as de 1 a 3 quanto ao

grau de contribuição que sofrem pelas decisões de projeto em impactos ambientais:

na construção

na utilização

na demolição

porque? ________________________________________________

Quais as limitações / impedimentos para a adoção de critérios de desempenho ambiental nos projetos

de arquitetura?

custos das soluções

rejeição do mercado

falta de conhecimento por parte do projetista

falta de uma metodologia de fácil aplicação

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falta de mão de obra especializada

falta de materiais adequados ou com informações específicas)

outros. quais? ______________________________

Qual tipo de projeto e/ou cliente que permite / solicita projeto ambientalmente sustentável?

_________________________________________________________________________

Como a prática de projeto sustentável impactaria o mercado de projetos e o modo de trabalho do

projetista?

aumento de custos ,

aumento de responsabilidade (obrigações legais) ,

maior especialização de pessoal ,

maiores restrições em concorrências ,

reserva de mercado ,

outro(s) qual(is)?____________________________________________

Considera a elaboração de projetos/especificações com critérios de desempenho ambiental um

requisito exigido pelo mercado:

Nacional?

Internacional?

Quanto às Normas Técnicas sobre sistemas de gestão de qualidade, desempenho ambiental e

segurança e saúde ocupacional, tais como as séries ISO. Seu escritório:

Que mecanismos considera eficazes para disseminar a prática do projeto ambientalmente

sustentável?

leis ,

normas ,

exigências de mercado ,

vantagens econômicas ,

outros quais? _________________________________________________________

5. Recursos e ferramentas de suporte ao projeto sustentável

Se os fabricantes apresentarem informações padronizadas de características ambientais dos

produtos, levaria em conta este critério em suas especificações/projetos?

sim não somente se solicitado

Conhece AplicaTem

certificação

Exigência de

clientes

Qualidade (ex.ISO9000)

Ambiental (ex. série ISO14000)

Segurança (ex. série OSHAS18000)No

rma

s re

lativ

as

a:

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Dos tipos de ferramentas descritas abaixo, quais seriam mais facilmente incorporadas ao processo

projetual? Atribua classificação de preferência com números de 1 (melhor) a 6 (pior).

Software que comparare o desempenho ambiental de um edifício com diferentes alternativas

(concepções) construtivas (exemplo: estrutura em concreto x aço), considerando todo o ciclo de vida

do edifício.

Software que permita comparar alternativas de materiais para componentes construtivos (exemplo:

cobertura utilizando telhas cerâmicas x fibrocimento), considerando todo o ciclo de vida do

componente construtivo.

Software que lê informações de arquivos CAD (onde se especificam os materiais) e quantifica

cumulativamente os impactos ambientais de todo o edifício em projeto.

Guias e manuais de produtos, com descrições e comparações de diferentes alternativas de

materiais, orientando a decisão do projetista.

Listas de verificação tipo questionário para avaliar o desempenho ambiental do edifício.

Software que compara alternativas de materiais baseado em estimativa de consumo cumulativo de

energia para produção e uso dos materiais em todo o ciclo de vida.

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ANEXO 2 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL

CONSTRUTIVO DO EDIFÍCIO I1 DA ESCOLA DE ARTES,

CIÊNCIAS E HUMANIDADES - USP LESTE

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Avaliação do Desempenho Ambiental Construtivo do EdifícioI1 da Escola de Artes, Ciências e Humanidades - USP Leste

O presente estudo avalia a aplicabilidade da metodologia para avaliação do

desempenho técnico – construtivo em função das patologias construtivas

(Pc) existentes nos órgãos do edifício, desenvolvida pelo Prof. Dr. João

Roberto Leme Simões como parte de sua tese de livre docência, na

avaliação do desempenho ambiental construtivo.

O metodologia de referencia utiliza os requisitos do usuário da norma

internacional ISO6241 – Performance Standards in Building, referentes ao

desempenho das construções. Neste trabalho foi elaborada uma tabela

listando requisitos do usuário quanto a adequação ambiental e avaliado um

edifício quanto às patologias ambientais construtivas (Pac) para aplicação

com a metodologia de referência.

O estudo é subdividido nos tópicos a seguir:

1. Ficha Técnica

2. Aspectos Históricos

3. Partido Arquitetônico

4. Características Técnicas

5. Avaliação do desempenho ambiental em função das patologias

ambientais construtivas (Pac) existentes no edifício

6. Tabulação, análise e hierarquização dos dados obtidos na avaliação

das patologias ambientais construtivas

Considerações

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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL CONSTRUTIVO

Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades -

USPLeste - Edifício I1

1. Ficha técnica:

Projetos:

Arquitetura Concepção – Prof. Dr. Sylvio Barros Sawaya Ano: 2003

Arquitetura Desenvolvimento –Coordenadoria do Espaço Físico da

USP (COESF) e Globo Engenharia e Arquitetura - Ano:2004

Estrutura – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004

Hidro-Sanitário – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004

Eletro-mecânica – Globo Engenharia e Arquitetura Ano:2004

Execução das obras:

Fundações – Santa Bárbara Engenh. e Empreendimentos Ano:2005

Estrutura – Santa Bárbara Engenharia e Empreendimentos Ano:2005

Acabamentos – Santa Bárbara Engenharia e Empreendim. Ano:2005

Instalações – Santa Bárbara Engenh. e Empreendimentos Ano:2005

Fiscalização e responsabilidade pela obra – Coordenadoria do

Espaço Físico da USP (COESF) Ano: 2004 / 2005

Localização – Av. Arlindo Bettio, 1000 - Ermelino Matarazzo – S.

Paulo –SP

Área construída – 17.829,35 m2 (edifício I1)

Destino da obra – ao ensino, pesquisa e serviços extensivos àcomunidade vinculadas à EACH – Escola de Artes, Ciências eHumanidades da USP. O Bloco estudado abriga salas de aulas e dedocentes, auditórios e laboratórios.

Inauguração (ano) – 2005

Dados populacionais do edifício:

O edifício ainda não estava ocupado ocupado quando avaliado, porém

estimou-se sua população em 2500 pessoas.

Para o campus, de maneira geral, a população em 2005 foi de 1020 alunos,

66 docentes e 104 funcionários. A previsão para o triênio 2005-2008 é de

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uma população de 5000 alunos, 264 docentes e 150 funcionários técnico-

administrativos.

2. Aspectos Históricos:

A necessidade de criação de um campus da Universidade de São Paulo na

zona leste, foi levantada inicialmente no final da década de 1970 até meados

da década de 80, pelo chamado Movimento de Educação da Zona Leste de

São Paulo, que já reinvindicava uma faculdade pública na Zona Leste

(Gomes et al., 2005). Em 1987, a questão começou a ser debatida pelo

Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP),

sendo imaginado um novo modelo de universidade que rompesse “com o

elitismo da instituição universitária tradicional”. Houve muita contradição

entre o projeto do governo paulista, as idéias das universidades e as

reinvindicações do Movimento de Educação da Zona Leste, e esse

desencontro de idéias e projetos motivou a imprensa a questionar os méritos

da iniciativa, que perdeu vigor naquele momento.

O CRUESP só voltou ao tema em 2001, caminhando para a assinatura da

Portaria nº618, de 29/05/2002, que instituiu um grupo de trabalho para

avaliar as possibilidades de implantação de um campus da USP na Zona

Leste, num contexto que pretendia atingir vários objetivos: expandir vagas

no ensino superior público, atender melhor comunidades de baixa renda e

levar desenvolvimento social, econômico e cultural a áreas carentes.

O grupo de trabalho foi composto por comissões acadêmicas e de infra-

estrutura, esta última focando a definição da área e concepção básica do

projeto arquitetônico. Após estudos, duas áreas foram classificadas como

prováveis para a implantação: a primeira, localizada na Área de Proteção

Ambiental – APA do Parque do Carmo, descartada devido a restrições para

licenciamento ambiental; a segunda área, com localização vinculada ao

Parque Ecológico do Tietê, entre Ermelino Matarazzo e São Miguel Paulista,

com localização privilegiada sob o aspecto geopolítico e vantagens em

diversos aspectos, tornando-se a opção selecionada.

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134

A área do Parque Ecológico do Tietê apresentava boas condições no

tocante à questão da acessibilidade e transporte público, tendo ligação direta

com a marginal Tietê, necessitando apenas obras viárias usuais para

interligação ao sistema viário existente, transporte coletivo por ônibus e duas

estações de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM.

A área atendia favoravelmente os requisitos acessibilidade, disponibilidade

de infra-estrutura urbana, condições geomorfológicas e ambientais,

excelente localização geográfica e inserção urbana, com apenas alguns

problemas quanto a telecomunicações.

Após as conclusões dos estudos, o governador do estado assinou o Decreto

nº47.710, de 18/03/03, autorizando uso de área para implantação de

campus da USP, composta por

duas glebas (glebas 1 e 2), com

áreas de 258.000 m² e 982.578

m², localizadas na margem

esquerda do rio Tietê (Fig.1).

A gleba 2 foi inicialmente

escolhida para abrigar a USP

Leste, para a qual foi

desenvolvido o primeiro projeto arquitetônico, que previa a construção de

uma sequência de módulos de disposição linear, visando facilitar futuras

expansões (Fig.2). Esta gleba demonstrou, no entanto, limitações que

representariam dificuldades para obtenção de licença ambiental, aumento do

custo e tempo de execução das obras. A escolha recaiu então na gleba 1,

Fig.1

Fig.2

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135

menor, porém com características mais favoráveis, como maior distância do

rio, posição mais elevada em relação à cota do corpo d’água por tratar-se

de área aterrada em cerca de quatro metros de altura, terreno firme e seco,

topografia mais regular, falta de cobertura vegetal arbórea e melhores

condições de integração viária.

A mudança de gleba implicou em reformulação completa no projeto

arquitetônico. Contudo, devido às comemorações dos 70 anos da USP e a

comprometimentos com o governo do estado, os prazos para inauguração e

funcionamento do ciclo básico dos novos cursos criados para o novo

campus já estavam definidos para o início de 2005, levou a que se adota-se

uma estratégia de simplificação do projeto para cumprimento dos prazos.

Nesse mesmo período, a USP estava com projetos desenvolvidos para o

Campus 2 de São Carlos, decidindo-se pela reutilização dos projetos do

Centro de Apoio Técnico e de Módulos Didáticos deste também para a USP

Fig.3

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136

Leste, permitindo licitação imediata das obras, e que, concluídos, marcaram

a inauguração da USP Leste, em 27 de fevereiro deste ano.

Já havia sido feita licitação para seleção da empresa que desenvolveria o

projeto executivo, sendo vencedora deste processo a Globo Arquitetura e

Engenharia, sediada em Salvador/BA. Em fevereiro de 2004, o Prof. Dr.

Sylvio Barros Sawaya e um grupo dos responsáveis diretos pela realização

das construções se deslocou para Salvador e, em um esforço concentrado,

em dez dias de trabalho, definiu a implantação na gleba 1 (Fig.3).

Em uma segunda etapa, foram licitadas as construções dos blocos I1,

biblioteca e auditório, cuja entrega foi definida para dezembro de 2005,

ficando os blocos restantes para uma etapa posterior.

Cogitam-se alternativas para a futura ocupação para a gleba 2, dentre eles

um centro de pesquisas para questões ambientais urbanas.

3. Partido Arquitetônico:

A gleba onde está em implantação o campus da USP Leste possui forma

praticamente triangular, definida pela rodovia Ayrton Senna, pela ferrovia e

por uma planta industrial adjacente. A face voltada para a indústria receberia

dois blocos iguais e simétricos. As faces voltadas para a rodovia e a ferrovia

serão ocupadas por dois edifícios com

destinação acadêmica, nomeados I1

(concluído) e I2, com cerca de 140m de

comprimento.

No vértice formado por esses dois

edifícios, perpendicular à sua bissetriz,

encontra-se um conjunto retangular

formado por dois edifícios térreos

abrigando, respectivamente, a biblioteca e os auditórios, intermediados por

uma grande rampa circular.

O conceito o edifício I1 (Fig.4) define uma rua interna dividida em duas

passagens voltadas a um vazio central vertical, ventilado e iluminado

Fig.4

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137

naturalmente, o que é garantido pela permeabilidade entre os três

pavimentos (Fig.4 e Fig.5).

Adjacentes aos dois lados, situam-se as atividades docentes do primeiro ao

terceiro pavimento e, no térreo, as atividades de convivência e serviços de

apoio.

4. Características técnicas:

O edifício foi projetado visando a utilização de processos construtivos

industrializados e racionalizados. Para obtenção de maior precisão

dimensional, foi adotada estrutura metálica de aço carbono. O lajes mistas

tipo steel deck, vedos externos em painéis pré-moldados arquitetônicos,

possibilitando que sua construção se desse em menor tempo

comparativamente à construção convencional. Abaixo são apresentadas as

principais características técnicas dos 10 (dez) órgãos do edifício:

4.1. – Terrapleno

O campus foi implantado em uma gleba anteriormente utilizada como bota-

fora para as obras de construção da rodovia Ayrton Senna, estando por esse

motivo já aterrada em cota que chega a 4 metros acima do perfil natural. No

trabalho de terrapleno foram feitos acerto de grade, remoção da camada

vegetal e troca de solo de aterro onde este mostrava-se inadequado.

As sondagens efetuadas apontam solo original de aluvião encimado aterro

por argiloso, na profundidade citada acima.

Fig.5

Fig.6

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138

4.2. Fundações

Adotaram-se fundações profundas em estacas tipo pré-moldadas de

concreto, com capacidade de suportar cargas variando desde 15tf até 70tf,

sob blocos de fundação. O sistema de vigas do piso térreo é em concreto

armado, moldadas in loco.

4.3. Estrutura

Os elementos que compõe a estrutura são fabricados em perfis soldados

e/ou conformados a frio em aço patinável (Fig.6). Os elementos principais do

sistema estrutural (por ex.: vigas, pilares e vigas de travamento) são em

perfis compostos por chapas soldadas, ou laminados.

A concepção estrutural foi de pórticos trabalhando transversalmente a obra e

ligações rotuladas, utilizando elementos de contraventamento longitudinal

para estabilização do conjunto, e contraventamentos transversais para

melhorar o funcionamento da laje como diafragma horizontal. A cobertura

forma pórticos transversais com os pilares.

Para as lajes foi utilizado o sistema steel deck, com pintura eletrostática na

cor branca, com espessura final de 150 mm.

4.4. Cobertura

A concepção da cobertura (Fig.6 e

Fig.7) baseia-se em pórticos

metálicos transversais ao edifício

encimados por telhas termo-

acústicas (compostas por dois

perfis de aço galvanizado

trapezoidal separados por

isolamento térmico em lã de rocha), chapas de policarbonato alveolar

garantindo iluminação natural na circulação interior do edifício, e venezianas

industriais, para atendimento ao esquema de ventilação natural.

Fig.7

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139

4.5. Vedos

Os vedos externos utilizam painéis pré-moldados de concreto

complementando-se com uso de placas cimentícias (Fig.8). Os painéis

utilizados foram produzidos industrialmente, sendo apenas montados na

obra. Os vãos são vedados com uso de caixilharia tipo pele de vidro.

A estrutura metálica é protegida por placas

de gesso acartonado para áreas úmidas,

com sobreposição por placas de alumínio

composto.

Internamente, os vedos utilizados são

constituidos por divisórias de gesso

acartonado tipo drywall para áreas comuns,

alvenaria de blocos cerâmicos para áreas molhadas e divisórias navais para

áreas de grande alteração de layout.

4.6. Vãos

No sistema de vãos, compõem

as caixilharias externas

esquadrias tipo Pele de Vidro,

com perfis de alumínio

extrudados que recebendo vidro

laminado de 6mm e pintura

eletrostática a pó, utilizando

perfis e acessórios de alumínio

anodizado; venezianas de

alumínio com pintura eletrostática a pó e gradis em aço carbono com pintura

automotiva, utilizando tubos retangulares e barras chatas.

Internamente, o acesso às salas se dá por portas de madeira com visores

em vidro (Fig.10), estabelecendo-se renovação natural de ar através de

venezianas de alumínio.

Fig.8

Fig.9 Fig.10

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140

4.7. Paramentos

Os vedos em painéis pré-moldados em concreto utilizados nas fachadas são

empregados sem paramentos, ficando exposta sua coloração natural (Fig.8).

Nas quatro fachadas externas e algumas circulações internas, são utilizados

revestimentos cerâmicos, com rejuntamento espessura 2 mm em cor

aproximada à da cerâmica, havendo juntas de dilatação longitudinais e

transversais. As áreas molhadas também possuem revestimentos

cerâmicos. Também são utilizados revestimento acrílico texturizado sobre

placas cimentícias.

Os pilares apresentam revestimento duplo, primeiramente com gesso

acartonado para áreas úmidas, sobreposto por painéis de alumínio

composto.

Nos vedos internos são utilizados paramentos em cerâmica, laminado

melamínico em alguns trechos e pintura em tinta acrílica em áreas gerais e

tinta látex em áreas

secundárias.

Superfícies metálicas

recebem pintura em

esmalte sintético na

cor branca ou, em

elementos estruturais

específicos, tinta

intumescente / anti-

flama, como proteção passiva contra fogo. Os brises metálicos e gradis em

aço carbono recebem pintura automotiva.

4.8. Pavimentos

É utilizado cimentado liso nas Escadas, Salas técnicas, Depósitos (sob

escadas), Lanchonetes, Serviços, Bancos e Casa de Máquinas. No praça do

piso térreo são utilizadas placas de concreto pré-moldado 60x60cm, sendo

empregadas na composição dos pisos de todos os pavimentos, como

sinalização, placas de concreto pré-moldado 30x30cm com desenhos em

Fig.11 Fig.12

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141

alto relevo tipo tátil alerta e tátil direcional com mistura de cimento branco

pigmentado (Fig.13).

Na sala de assistência social, recepção e circulações do pavimento térreo,

restaurante e nas circulações e convívios dos 1º, 2º e 3º pavimentos, são

empregados pisos cerâmicos tipo porcelanato 30x30cm e rejuntamento de

1,5mm à base de cimento e aditivos. Nos sanitários masculino e feminino,

depósito de material de limpeza, utensílios do ambulatório, higienização de

Louças e de Utensílios, Boiler, Copa do Restaurante e áreas dos

Laboratórios, utiliza-se piso cerâmico industrial 30x30cm.

No ambulatório, salas de aula, salas técnicas, manutenção, depósito, salas

de equipamentos é empregado piso vinílico em manta (Fig.12), e pisos de

borracha em placa tipo Tátil são utilizados nas escadas metálicas (Fig.14).

Grades de piso em aço carbono galvanizada a fogo (Fig.15) são

empregadas nos Halls de Escadas e Elevadores de todos os pavimentos e

nas Circulações em frente ao vazio do 1º Pavimento, pertitindo a circulação

de ar entre pisos.

4.9. Instalações eletro-mecânicas

As tubulações secas, parte aparente e parte embutida, são constituídas por

eletrodutos de aço e de PVC (policloreto de vinila) rígido roscáveis. São

empregadas ainda eletrocalhas aparentes em alumínio pintado.

A cabeamento utilizado é de cobre, revestida com isolação sólida de cloreto

de polivinila com cobertura. A iluminação é feita com luminárias

fluorescentes com refletor para duas lampadas fluorescentes convencionais,

de embutir ou sobrepor conforme o tipo de forro, e luminárias fluorescentes

compactas. Nas circulações sob forro, luminárias fluorescentes compactas.

No teto do 3º pavimento e sobre hall de entrada, luminária tipo projetor em

Fig.13 Fig.14 Fig.15

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142

Fig.16

chapa de aço tratado com refletor acrílico transparente para lâmpada vapor

metálico.

O sistema de condicionamento artificial de ar está restrito aos laboratórios,

salas de professores, salas técnicas e de informática, sendo utilizado o

sistema do tipo split, ficando as evaporadoras distribuidas nos pavimentos e

as condensadoras instaladas na cobertura do edifício, havendo renovação

de ar através de exaustores.

4.10. Instalações hidro-sanitárias

O projeto de abastecimento de água fria para o edifício é constituído de dois

sistemas independentes e de forma ascendente: Um destinado ao uso com

água potável SABESP e o outro destinado as torneiras de jardins e bacias

sanitárias, com a água de captação de águas pluviais (água de reuso).

A coleta dos efluentes é feita por ramal de descarga individual, que se

interliga com o ramal das bacias sanitárias desaguando então nos tubos

verticais denominados TQ’S (Tubos de Queda). A reunião de todas as

tubulações no piso do pavimento térreo, desagua em caixas de inspeção

tendo como destino final a estação de tratamento de esgoto.

O projeto de escoamento das águas pluviais

prevê a coleta das águas de cobertura através

das calhas projetadas que descem até o piso do

térreo onde são reunidas através de caixas de

passagem formando então, a rede externa de

águas pluviais cujo destino final será ao reservatório subterrâneo de água de

reuso, atualmente em construção (Fig.16).

As tubulações de água fria; esgoto, gordura e ventilação; e águas pluviais e

drenos utilizam tubos e conexões em PVC. As louças e metais sanitários

empregados se utilizam de dispositivos racionalizadores do uso de água. As

bacias sanitárias convencional e com caixa acoplada consomem 6 Lpf, e os

metais sanitários são do tipo fechamento automático por pressão. A

instalação é dotada de registros reguladores de vazão e arejadores com

vazão constante 6L/min.

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143

5. Avaliação do desempenho ambiental em função das patologias

ambientais construtivas (Pac) existentes no edifício.

A necessidade de incorporação de critérios ambientais na avaliação de

desempenho vem sido gradualmente aceita no segmento da construção civil,

exemplificado pelo projeto de norma Desempenho de Edifícios Habitacionais

de até Cinco Pavimentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas, em

desenvolvimento, que possui um capítulo referente a adequação ambiental.

Este projeto de norma apenas recomenda a adoção de critérios de

adequação ambiental, pois considera que as técnicas de avaliação do

impacto ambiental resultante das atividades da cadeia produtiva da

construção ainda são objeto de pesquisa e no atual estágio de conhecimento

não é possível estabelecer critérios e métodos de avaliação relacionados à

expressão desse impacto.

A norma ISO 6241 apresenta uma tabela com os Requisitos do Usuário,

juntamente com suas funções. A norma apresenta um total de 14 requisitos,

que são estabilidade, segurança contra fogo, segurança em uso,

estanqueidade, higrotermia, pureza do ar, conforto acústico, conforto visual,

conforto tátil, conforto antropodinâmico, higiene, conveniência de espaços

para usos específicos, durabilidade e economia. Esta norma foi publicada há

mais de vinte anos e quando for revisada, provavelmente deverá incorporar

um novo requisito de usuário referente a adequação ambiental.

Este estudo avalia a possibilidade de adaptação do método de avaliação do

desempenho técnico-construtivo (SIMÕES, 1999) incorporando critérios de

desempenho ambiental construtivo.

5.1 Definição das funções ou sub-itens do requisito Adequação Ambiental

Para aplicação da metodologia de desempenho foram propostos sub-itens

para o requisito Adequação Ambiental, sob os aspectos de consumo de

recursos, produção de poluentes e resíduos e alteração do meio.

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144

A tabela a seguir apresenta os sub-itens de adequação ambiental:

15.9 Ruído e Vibrações Geração de ruído de interferência no ambiente interno ao edifíc io

Geração de ruído de interferência ao ambiente externo e/ou viz inhança

Utilização de s istema de isolamento / condicionamento de ruídos existentes

Geração de vibrações de impacto ao ambiente interno

Geração de vibrações de impacto ao ambiente externo

Utilização de s istema de isolamento / condicionamento de vibrações existentes

Intensidade de ruídos gerados comparativamente à média local para a categoria de edificação

15.10 Uso Transporte Proximidade do edifíc io para o usuário

Presença de tranporte coletivo no entorno

Proximidade aos pontos de fornecimento de materias primas

Proximidade dos locais de destinação de resíduos

15.11 Aspectos bioclim aticos Orientação adequada

Utilização de s istemas e materiais construtivos com boa inércia térmica

Utilização de s istemas passivos de condicionamento térmico

Utilização de s istemas passivos de condicionamento de iluminação

Uso de materiais locais

Sub Ítens de Adequação Ambiental Funções

15.1 Consumo energético por unidade de área comparativamente à média local para a categoria de edificação.

Existência de dispositivos racionalizadores para iluminação artific ial

Existência de dispositivos racionalizadores para condicionamento

Uso de equipamentos baseados em combustíveis efic ientes (uso de combustível e emissões)

Existência de sistema de monitoramento do uso de energia

Treinamento e conscientização de usuários para uso racional de energia

Definição de metas de consumo de energia

Utilização de energia renovável (integral, parcial, não utiliza)

Energia incorporada por unidade de área comparativamente à média local para a categoria de edificaçãoGeração de Energia Existência sis tema interno de geração de energia

Tipo de fonte energética produzida (renovável / não renovável)

15.2 Consum o de água Consumo de água por unidade de área comparativamente à média local para a categoria da edificação

Existência de dispositivos racionalizadores de água

Reutilização de águas servidas ou tratadas

Controle da qualidade da água utilizada para consumo

Treinamento de usuários para uso racional de água

Procedimentos internos para uso racional de água

Sistema interno de tratamento de efluentes

Separação águas c inzas e esgoto

Reutilização de águas servidasç p p p gedificação

Grau de tratamento para os efluentes lançados na rede pública (nenhum, parcial, total)

15.3 Comparação de aspectos ambientais dos principais materiais adotados com alternativas disponíveisp p p gedificação

Emprego de materiais de reuso

Emprego de materiais produzidos através de recic lagem

Uso de materiais com menor impacto ambiental

Reutilização/Reciclagem de Materiais

15.4 Geração de Resíduos p p p p

categoria da edificação

Existência de Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Separação de resíduos produzidos conforme categoria

Treinamento de pessoal para identificação e separação de resíduos

Minimização na geração de resíduos

Reutilização de resíduos

Destinação adequada aos resíduos após a saída da obra

15.5 Emissão de Poluentes Produção de poluentes

Emprego de sistema de filtragem e tratamento antes do lançamento na atmosfera

Tipo de poluentes emitidos

15.6 Qualidade do Ar Inte rior Ventilação adequada

Sistema de filtragem

Limpeza do s istema condic ionamento

Controle de odores

Controle microbiológico

15.7 Alteração do Habita t Preservação vegetação natural

Manutenção do perfil natural do terreno

Ocorrência de Impactos na fauna local

Impactos no entorno do sítio

Grau de impermeabilização do solo

Sistema de captação e contenção de águas pluviais

15.8ç p p p g

edificação

Sistema interno de tratamento de efluentes

Grau de tratamento de efluentes antes de lançamento no s istema público

Resíduos Líquidos (Efluentes)

Requisito do Usuário - Adequação Ambiental

Consum o Energético

Trat. e reuso de água servidas

Consum o de Matérias-Primas

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145

5.2. Identificação das Patologias Ambientais Construtivas

Esta avaliação se fundamenta nas observações diretas, in loco, em visita

realizada no edifício; através de entrevistas com os principais agentes para a

produção; e através de leitura de projetos e especificações.

Diferentemente da metodologia empregada para avaliação de patologias

construtivas (Pc), nem sempre as Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

são identificáveis avaliando-se a construção, mas também, avaliando-se

processos e projetos. As Pac identificadas, neste estudo, referem-se em sua

maioria a processos e não ao produto, nem sempre se identificando

diretamente com os 10 (dez) orgãos do edifício.

Colaboraram participando deste estudo os seguintes envolvidos na produção

do edifício:

Prof. Dr. Sylvio Barros Sawaya – FAU USP.

Arq. Sérgio Assunção – COESF.

Eng. Joaquim Oviedo – Coordenador de Obras da COESF.

Engª. Leandra Antunes – Fiscal de Obras da COESF.

Eng. Paulo César de Oliveira – Eng. de Contratos – Construtora Santa

Bárbara.

As patologias ambientais construtivas detectadas em número de 21 (vinte e

uma) influíram e influem no desempenho ambiental do planejamento, do

projeto, da obra, dos materiais e das técnicas construtivas utilizadas neste

edifício, que serão analisadas de acordo com a metodologia. Assim sendo,

as patologias ambientais construtivas serão avaliadas segundo os 3 (três)

itens (a, b e c) que se seguem:

- abordagem das patologias ambientais construtivas (Pac), enfatizando

suas origens e reflexos destas nos itens de adequação ambiental

(requisitos dos usuários);

- elaboração de Tabela (de cada órgão e do empreendimento global),

contendo aspectos quantitativos da origem das patologias vinculadas às

deficiências e inadequações do (a): projeto, execução das obras,

gerenciamento, materiais utilizados, com os respectivos reflexos nos

itens do adequação ambiental.

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146

- os resultados obtidos desta avaliação serão hierarquizados face às

origens das patologias construtivas e os reflexos no desempenho

ambiental aos requisitos dos usuários.

A seguir a pormenorização destes 3 (três) itens junto a cada órgão deste

edifício ou ao empreendimento como um todo.

5.2.1 Terrapleno

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 - Detectados, durante sondagens e obra, resíduos orgânicos sob aterro

existente. A gleba onde foi implantado o edifício já encontrava-se

previamente aterrada, pois foi utilizada como bota-fora para obras de

construção da rodovia contígua, não havendo procedimentos para

separação de resíduos. Sua origem vincula-se a:

Execução deficiente – não prevista a separação de resíduos e

conseqüencias ambientais resultantes do aterro, durante o uso anterior /

bota-fora.

A deficiência da execução reflete no seguinte sub-ítem de desempenho:

(15.7) Alteração do Habitat

Pac2 – Não especificado destino para material vegetal/orgânico, resultante

de serviços de terraplanagem durante a implantação da obra. A origem

desta patologia de processo vincula-se a:

Gerenciamento deficiente – aspectos ambientais insuficientes em

procedimentos e exigências para contratações.

Execução deficiente – incorporação restrita de aspectos ambientais em

procedimentos

Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:

(15.4) Resíduos sólidos, (15.7) Alteração do habitat e (15.10) uso de

tranporte.

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b) Tabela 5.1. – Terrapleno – Patologias ambientais construtivas, origens e

reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

As 2 (duas) patologias ambientais construtivas (Pac) do terrapleno deste

edifício, tiveram origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 01 (uma)

patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-construtivo desse

terrapleno em 12,5% (3º lugar).

- A execução da obra - com suas deficiências, participa de 2 (duas)

patologias (p1 e p2), refletindo nos itens de desempenho técnico-

construtivo em 50% (1º lugar).

- O gerenciamento – também com suas deficiências, participa de 01 (uma)

patologia (p2), refletindo nos itens de desempenho em 37,5% (2º lugar).

Com base nos dados da tabela T.5.1., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

foram:

50 % - Alteração do habitat (15.7)

25 % - Resíduos sólidos (15.4)

25 % - Uso de transporte (15.10)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de: execução da obra

(50%) e gerenciamento (37,5%) foram os maiores responsáveis pela origem

dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho do

terrapleno.

Tabela 5.1 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Terrapleno Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

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Projeto P2 1 1 12,5 3Execução da Obra P1, P2 1 2 1 4 50 1Gerenciamento P2 1 1 1 3 37,5 2MaterialTotais 2 4 2 8(%) porcentagem 25 50 25Classificação 2 1 2

Requisito Usuário

Patolo-gias

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148

Os itens do desempenho citados, que sofreram maior número de reflexos

dessas patologias, representam 87,5% do total.

5.2.2 Fundações

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 – Não utilização de agregados reciclados em concreto para blocos de

fundação. Sua origem vincula-se a:

Projeto deficiente – aspecto não especificado em projeto.

Gerenciamento deficiente – aspecto não previsto em contrato.

Material deficiente – concreto usinado não atende este requisito.

A deficiência da execução reflete no seguinte sub-ítem de desempenho:

15.1, 15.3, 15.4, 15.10

b) Tabela 5.2. – Fundações – Patologias ambientais construtivas, origens e

reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

A patologia ambiental construtiva (Pac) da fundação deste edifício, teve

origem e reflexo no seu desempenho, conforme segue:

- O projeto – com suas deficiências e inadequações – 1 (uma) patologia.

- O gerenciamento – também com suas deficiências – 1 (uma) patologia.

- Os materiais – também com suas deficiências – 1 (uma) patologia.

Com base nos dados da tabela T.5.2., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

Tabela 5.2 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Fundações Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Co

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G

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Projeto P1 1 1 1 1 4 33,33Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 1 4 33,33Material P1 1 1 1 1 4 33,33Totais 3 3 3 3 12(%) porcentagem 25 25 25 25Classificação

Requisito Usuário

Patolo-gias

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149

foram:

25 % - Consumo energético (15.1)

25 % - Consumo de matérias-primas (15.3)

25 % - Resíduos sólidos (15.4)

25 % - Uso de transporte (15.10)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (33.3%),

gerenciamento (33.3%) e materiais (33.3%) foram igualmente responsáveis

pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho

das fundações.

5.2.3 Estrutura

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 – Utilização de materiais com origem em Brasília, distante do local da

obra, problema ocorrendo também na produção do produto, que utiliza

matérias-primas obtidas em Minas Gerais, a longa distancia da indústria.

Tem sua origem vinculada a :

Projeto deficiente – não considerou este aspecto como critério para

especificação.

Execução deficiente - não considerou este aspecto como critério para

compra.

Gerenciamento deficiente – não determinadas restrições ou condições

para este aspecto.

Material deficiente – não considerou este aspecto como critério para

seleção das matérias-primas

As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.1)

Consumo energético, (15.3) Consumo de matérias primas, (15.5) Emissão

de poluentes, (15.9) ruídos e vibrações, (15.10) Uso de transporte.

b) Tabela 5.3. – Estrutura – Patologias ambientais construtivas, origens e

reflexos nos itens do desempenho ambiental

Page 165: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

150

c) Resultados obtidos

A patologia ambiental construtiva (Pac) da estrutura deste edifício, teve

origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- Projeto, execução da obra, gerenciamento e materiais – com suas

deficiências e inadequações, participam de 01 (uma) patologia (p1),

refletindo no desempenho técnico-construtivo da estrutura em 25% cada,

portanto de maneira eqüanime.

Com base nos dados da tabela T.5.3., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

foram:

20 % - Consumo energético (15.1)

20 % - Matérias primas (15.3)

20 % - Emissão de poluentes (15.5)

20 % - Ruídos e Vibrações (15.9)

20 % - Uso de transporte (15.10)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (25%),

gerenciamento (25%), execução (25%) e materiais (25%) foram igualmente

responsáveis pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no

desempenho da estrutura.

Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas

patologias.

Tabela 5.3 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Estrutura Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

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Projeto P1 1 1 1 1 1 5 25 1Execução da Obra P1 1 1 1 1 1 5 25 1Gerenciamento P1 1 1 1 1 1 5 25 1Material P1 1 1 1 1 1 5 25 1Totais 1/4 4 4 4 4 4 20(%) porcentagem 20 20 20 20 20Classificação 1 1 1 1 1

Requisito Usuário

Patolo-gias

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151

5.2.4 Cobertura

Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.

5.2.5 Vedos

Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.

5.2.6 Pavimentos

Pac1 – Utilização de materiais emitentes de Compostos Organicos Voláteis

(VOCs) espontaneamente e/ou quando submetidos a situação de

incêndio. Tem sua origem vinculada a :

Projeto deficiente – não considerou este aspecto como critério para

especificação.

Gerenciamento deficiente – não determinadas restrições ou condições

para este aspecto.

Material deficiente – não considerou este aspecto como critério para

seleção das matérias-primas

As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.3)

Matérias primas, (15.5) Emissão de poluentes, (15.6) qualidade do ar

interior.

b) Tabela 5.6. – Pavimentos – Patologias ambientais construtivas, origens e

reflexos nos itens do desempenho ambiental.

c) Resultados obtidos

A patologia ambiental construtiva (Pac) da estrutura deste edifício, teve

Tabela 5.6 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Pavimentos Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

mo E

nerg

étic

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Gera

ção d

e E

nerg

iaC

onsu

mo d

e á

gua /

Tra

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Consu

mo d

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ção d

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Ruíd

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Asp

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clim

atic

os

To

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% Cla

ssifi

caçã

o

Projeto P1 1 1 1 3 33,33 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 3 33,33 1Material P1 1 1 1 3 33,33 1Totais 1/3 3 3 3 9(%) porcentagem 33,33 33,33 33,33Classificação 1 1 1

Requisito Usuário

Patolo-gias

Page 167: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

152

origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 01 (uma)

patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-construtivo desse

terrapleno em 33,3%.

- O gerenciamento – com suas deficiências, participa de 1 (uma) patologia

(p1), refletindo nos itens de desempenho técnico-construtivo em 33,3%.

- Os materiais – com suas deficiências, participa de 1 (uma) patologia (p1),

refletindo nos itens de desempenho técnico-construtivo em 33,3%.

Com base nos dados da tabela T.5.6., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

foram:

33,3 % - Matérias Primas (15.3)

33,3 % - Emissão de poluentes (15.5)

33,3 % - Qualidade do ar interior (15.6)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (33,3%),

gerenciamento (33,3%) e materiais (33,3%) foram igualmente responsáveis

pela origem dessas patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho

da estrutura.

Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas

patologias.

5.2.7 Vãos

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 - Utilização de venezianas não permite controle de qualidade do ar e

filtragem. Sua origem vincula-se a:

Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto

qualidade do ar na especificação e soluções de projeto

Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto

qualidade do ar em procedimentos e exigências contratuais.

A deficiência reflete no seguinte sub-ítem de desempenho: (15.6)

Qualidade do ar interior

Page 168: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

153

Pac2 – Utilização de materiais com baixa inércia térmica.

A origem desta patologia de processo vincula-se a:

Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto

desempenho termico nas especificações.

Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto

desempenho termico em procedimentos e exigências contratuais.

Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:

(15.1) Consumo energético e (15.11) Aspectos bioclimáticos.

Pac3 – Sistema de esquadrias da fachada, que utiliza veneziana em

combinação com janelas tipo maxim-ar com vidro simples, não prevê

isolamento acústico, particularmente a face Nordeste, voltada para a

rodovia. A origem desta patologia de processo vincula-se a:

Projeto deficiente – priorizou outros aspectos em detrimento ao aspecto

desempenho acústico nas especificações.

Gerenciamento deficiente – não considerou suficientemente o aspecto

desempenho acústico em procedimentos e exigências contratuais.

Esta deficiência reflete nos seguintes sub-itens de desempenho:

(15.9) Ruídos e vibrações.

b) Tabela 5.7. – Vãos – Patologias ambientais construtivas, origens e

reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

As 3 (três) patologias ambientais construtivas (Pac) dos vãos deste edifício,

Tabela 5.7 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Vãos Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

mo E

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o

Projeto P1,P2,P3 1 1 1 1 4 50Execução da ObraGerenciamento P1,P2,P3 1 1 1 1 4 50MaterialTotais 3/9 2 2 2 2 8(%) porcentagem 25 25 25 25Classificação

Requisito Usuário

Patolo-gias

Page 169: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

154

tiveram origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 03 (três)

patologias (p1, p2 e p3), refletindo no desempenho técnico-construtivo

desse terrapleno em 50%.

- O gerenciamento – com suas deficiências e inadequações, participa de

03 (três) patologias (p1, p2 e p3), refletindo no desempenho técnico-

construtivo desse terrapleno em 50%.

Com base nos dados da tabela T.5.7., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

foram:

25 % - Consumo energético (15.1)

25 % - Qualidade do ar interior (15.6)

25 % - Ruídos e vibrações (15.9)

25 % - Aspectos bioclimáticos (15.1)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e

gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas

patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.

Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas

patologias.

5.2.8 Paramentos

Não foram identificadas patologias específicas para este órgão.

5.2.9 Equimentos Eletro-Mecânicos

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 – Ausência de sistema de geração de energia para consumo nem total

nem parcial à demanda interna, excetuando-se sistema de geração de

energia para falhas no fornecimento da concessionária, utilizando

combustíveis fósseis para funcionamento. Tem sua origem vinculada a :

Projeto deficiente – não previu sistema de auto-suficiência energética

parcial nem total.

Gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto.

Page 170: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

155

As deficiências refletem nos seguintes items de desempenho: (15.1)

Consumo energético, (15.3) Consumo de matérias primas, (15.5) Emissão

de poluentes.

b) Tabela 5.9. – Equipamentos Eletro-mecânicos – Patologias ambientais

construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

A patologia ambiental construtiva (Pac) dos equipamentos eletro-mecânicos

deste edifício, teve origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- Projeto e gerenciamento – com suas deficiências e inadequações,

participam de 01 (uma) patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-

construtivo da estrutura em 50% cada, portanto de maneira eqüanime.

Com base nos dados da tabela T.5.10., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias dos

equipamentos eletro-mecânicos foram:

33,3 % - Consumo energético (15.1)

33,3 % - Matérias primas (15.3)

33,3 % - Emissão de poluentes (15.5)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e

gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas

patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.

Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas

patologias.

Tabela 5.9 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Equipamentos Eletro-Mecân. Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

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Projeto P1 1 1 1 3 50 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 1 3 50 1MaterialTotais 1/2 2 2 2 6(%) porcentagem 33,33 33,33 33,33Classificação 1 1 1

Requisito Usuário

Patolo-gias

Page 171: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

156

5.2.10 Equimentos Hidro-Sanitários

a) Patologias Ambientais Construtivas (Pac)

Pac1 – Não prevista separação de águas cinzas (provenientes ralos de piso,

pias e chuveiros) e esgoto (provenientes de vasos sanitários, mictórios e

outros) , sendo misturados antes de lançados nos tubos de queda (TQs).

Consequentemente não é possível o reúso de águas cinzas. Tem sua

origem vinculada a :

Projeto deficiente – não previu separação de efluentes visando

reaproveitameto.

Gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este

aspecto.

A deficiência refletem no seguinte item de desempenho: (15.2) Consumo

de água e (15.8) Resíduos líquidos (Efluentes).

b) Tabela 5.10. – Equipamentos Hidro-Sanitários – Patologias ambientais

construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

A patologia ambiental construtiva (Pac) dos equipamentos hidro-sanitários

deste edifício, teve origem e reflexos no seu desempenho, conforme segue:

- Projeto e gerenciamento – com suas deficiências e inadequações,

participam de 01 (uma) patologia (p1), refletindo no desempenho técnico-

construtivo da estrutura em 50% cada, portanto de maneira eqüanime.

Com base nos dados da tabela T.5.10., os itens de desempenho que

Tabela 5.10 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Equipamentos Hidro-Sanit. Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

mo E

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étic

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nerg

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(ar)

Qualid

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r In

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Líq

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os

(Eflu

ente

s)

Ruíd

o e

Vib

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Projeto P1 1 1 2 50 1Execução da ObraGerenciamento P1 1 1 2 50 1MaterialTotais 1/2 2 2 4(%) porcentagem 50 50Classificação 1 1

Requisito Usuário

Patolo-gias

Page 172: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

157

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias dos

equipamentos eletro-mecânicos foram:

50 % - Consumo de água (15.2)

50 % - Resíduos Líquidos (15.3)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de projeto (50%) e

gerenciamento (50%) foram igualmente responsáveis pela origem dessas

patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho da estrutura.

Os itens do desempenho citados sofreram igual número de reflexos dessas

patologias.

3.5.3. Identificação de Patologias Ambientais Construtivas e de

Procedimentos no empreendimento

Foram identificadas diversas patologias não vinculadas a orgãos do edifício

individualmente, mas ao processo de produção do empreendimento de

maneira global, que são descritas a seguir:

a) Patologias Ambientais Construtivas e de Procedimentos (Pac)

Pac1 - Ausência de Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Sua origem

vincula-se a:

projeto deficiente – não emprega SGA

execução deficiente - não emprega SGA

gerenciamento deficiente - não emprega SGA

materiais deficientes – não fornecimento de informações necessárias ao

comprador.

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,

15.5, 15.6, 15.7, 15.8, 15.9, 15.10, 15.11

Pac2 – Insuficiência de profissionais habilitados para questões de

sustentabilidade de projeto e construção.

projeto deficiente – profissionais empregam apenas parte dos critérios

ambientais

execução deficiente – profissionais consideram normalmente apenas

gestão da qualidade.

Page 173: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

158

gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,

15.5, 15.6, 15.7, 15.8, 15.9, 15.10, 15.11

Pac3 – Avaliação ambiental não interferiu em todas as etapas de produção

do edifício.

projeto deficiente – não efetuou avaliação ambiental em todos os aspectos

de projeto

execução deficiente - não efetuou avaliação ambiental de todos os

procedimentos

gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,

15.5, 15.6, 15.8, 15.9, 15.10

Pac4 – Ausência de monitoramento de poluição

execução deficiente – não efetuou monitoramento

gerenciamento deficiente – não efetuou monitoramento e não estabeleceu

exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.2, 15.4, 15.5, 15.6,

15.8, 15.9, 15.10,

Pac5 – Ausência ou inoperância de Programa de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos (PGRS).

execução deficiente – exigência legal não integralmente cumprida

gerenciamento deficiente – fiscalização insuficiente

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.3, 15.4, 15.10

Pac6 – Não utilização de critérios de desempenho ambiental para seleção

de materiais.

projeto deficiente – priorizados outros aspectos em detrimento ao

desempenho ambiental

gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto

materiais deficientes – fornecimento insuficiente de informações

necessárias ao comprador e/ou produto com desempenho ambiental

inadequado

As deficiências em referência refletem nos itens15.1, 15.2, 15.3, 15.4, 15.5,

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159

15.6, 15.10

Pac7 – Ausência de acompanhamento ambiental do ciclo de vida de

produtos, processos e serviços.

projeto deficiente – não deu preferência a produtos com informações

adequadas

gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto

materiais deficientes – fornecimento insuficiente de informações

necessárias ao comprador e/ou produto com desempenho ambiental

inadequado

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,

15.5, 15.10

Pac8 – Emprego de materiais de reuso, reciclados ou recicláveis apenas em

casos isolados.

projeto deficiente – critério não utilizado sistematicamente

gerenciamento deficiente – não estabeleceu exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1, 15.2, 15.3, 15.4,

15.5, 15.10

Pac9 – Ausencia de sistema de monitoramento e racionalização do consumo

de energia durante a obra.

execução deficiente – monitoramento de consumo de energia sem metas

de racionalização

gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.1

Pac10 – Existência de gerenciamento do uso de água durante a obra

apenas sob aspecto custo, sem estabelecimento de metas de redução do

consumo de água e treinamento de pessoal para esta finalidade.

execução deficiente - monitoramento de consumo de água sem metas de

racionalização

gerenciamento deficiente - não estabeleceu exigências para este aspecto

As deficiências em referência refletem nos itens: 15.2

Pac11 – Descontinuidade do sistema de coleta seletiva de resíduos durante

a obra.

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160

execução deficiente - exigência legal, como parte do PGRS, não

integralmente cumprida

gerenciamento deficiente - fiscalização insuficiente

As deficiências em referência refletem no item: 15.4

b) Tabela 5.11. – Empreendimento Global – Patologias ambientais

construtivas, origens e reflexos nos itens do desempenho ambiental

c) Resultados obtidos

As 11 (onze) patologias ambientais construtivas e de procedimentos (Pac)

do empreendimento, tiveram origem e reflexos no seu desempenho,

conforme segue:

- O projeto – com suas deficiências e inadequações, participa de 6 (seis)

patologias (p1, p2, p3, p6, p7 e p8), refletindo no desempenho técnico-

construtivo desse terrapleno em 26,8% (2º lugar).

- A execução da obra - com suas deficiências, participa de 8 (oito)

patologias (p1, p2, p3, p4, p5, p9, p10 e p11), refletindo nos itens de

desempenho técnico-construtivo em 20,1% (3º lugar).

- O gerenciamento – também com suas deficiências, participa de 11 (onze)

patologias (p1 a p11), refletindo nos itens de desempenho em 39,6% (1º

lugar).

- Os materiais – participam com suas deficiencias de 3 (tres) patologias

Tabela 5.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1Empreendimento Global Patologias Ambientais Construtivas - origens e reflexos nos ítens de desempenho

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Origem das Patologias Consu

mo E

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Gera

ção d

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% Cla

ssifi

caçã

o

ProjetoP1, P2, P3, P6, P7, P8 4 4 6 2 3 5 2 3 2 6 3 40 26,8 2

Execução da Obra

P1, P2, P3, P4, P5, P9, P10, P11 4 4 2 6 4 2 3 2 3 30 20,1 3

Gerenciamento

P1, P2, P3, P4, P5, P6, P8, P9, P10, P11 6 6 6 8 7 5 5 4 3 6 3 59 39,6 1

Material P1, P6, P7 3 3 3 2 3 1 1 1 3 20 13,4 4Totais 11/27 17 17 17 18 17 11 10 11 7 18 6 149(%) porcentagem 11,4 11,4 11,4 12,1 11,4 7,4 6,7 7,4 4,7 12,1 4,0Classificação 2 2 2 1 2 3 4 3 5 1 6

Requisito Usuário

Patolo-gias

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161

(p1, p6 e p7), refletindo nos itens de desempenho em 13,4% (4º lugar).

Com base nos dados da tabela T.5.11., os itens de desempenho que

sofreram maior número de reflexos face à ação das patologias do terrapleno

foram:

12,1 % - gerenciamento de resíduos sólidos (15.4)

12,1 % - uso de transporte (15.10)

11,4 % - consumo energético (15.1)

11,4 % - Consumo de água (15.2)

11,4 % - Uso de matérias primas (15.3)

11,4 % - Emissão de poluentes (15.5)

Face ao exposto, as deficiências e inadequações de: projeto (26,8%) e

gerenciamento (39,6%) foram os maiores responsáveis pela origem dessas

patologias e dos reflexos das mesmas no desempenho ambiental global do

empreendimento.

Os itens do desempenho citados, que sofreram maior número de reflexos

dessas patologias, representam 57,7% do total.

Page 177: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

162

6. Tabulação, análise e hierarquização dos dados obtidos na avaliação

das patologias ambientais construtivas.

4.6.1. Aspectos quantitativos

Os dados obtidos estão inseridos nas tabelas T.5.1. a T.5.10 e T.5.A, que

por sua vez, permitiram a hierarquização dos resultados vinculados às

origens das patologias, pelas deficiências e inadequações do: projeto,

execução da obra, gerenciamento e materiais sobre os 10 (dez) órgãos do

edifício em questão e do empreendimento global e seus reflexos nos itens

do desempenho ambiental – requisitos dos usuários – cujos pormenores se

seguem:

Os quantitativos contidos na tabela T.5.11 (página seguinte) revela que:

O número total das patologias ambientais construtivas é de 21.

Obs.: estas patologias podem simultaneamente se originar por deficiência do

projeto, execução da obra, gerenciamento e materiais, em cada órgão desse

edifício. Assim sendo, sua totalização de ocorrências é de 216 (T.5.11.).

Esta tabela também contém os quantitativos das origens das patologias

conforme segue:

O projeto responde por 62 patologias / 28,7% do total (2o lugar).

A execução da obra responde por 39 patologias / 18,1% do total (3o lugar).

O gerenciamento responde por 83 patologias / 38,4% do total (1o lugar).

Os materiais respondem por 32 patologias / 14,8% do total (4o lugar).

Tabela – T.5.11. - Edifício - USP Leste - Escola de Artes, Ciências e

Humanidades - Edifício I1 – USP/SP. Quantitativos das patologias

ambientais construtivas originadas pelo projeto, execução das obras,

gerenciamento e materiais sobre 10 órgãos do edifício e empreendimento

global.

Page 178: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

163

Obs.: os quantitativos desta tabela T.5.11 foram extraídos das tabelas T.5.1

a T.5.10. e T.5.A.

Com base na Tabela T.6.11., é apresentada abaixo tabela com os órgãos

deste edifício que contêm maior número incidente de patologias ambientais

construtivas (Pac), expressas em porcentagem, ressaltando-se o fato que

patologias que incidem no empreendimento de maneira global, classificada

em 1º lugar, não estão vinculadas a algum órgão específicamente.

class. órgão n.o

Pac(%) class. órgão n.o

Pac(%)

(1o) Empreendimento 149 69,0 (5o) Vãos 8 3,7

(2o) Estrutura 20 9,3 (6o) Equip.Eletro-Mecan.

6 2,8

(3o) Fundação 12 5,6 (7o) Equ. Hidro-Sanitárias

4 1,9

(4o) Pavimentos 9 4,2

6.2 Hierarquização dos reflexos das patologias construtivas originadas

pelos Projetos sobre os órgãos deste edifício relacionadas com os itens do

desempenho ambiental.

Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram

reflexos das patologias construtivas originadas pelo projeto, encontram-se

Tabela 6.11 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

Nº Orgão

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat % % Class

1 Terrapleno 2 1 12,5 4 50,0 3 37,5 8 100 3,7 52 Fundação 1 4 33,3 4 33,3 4 33,3 12 100 5,6 33 Estrutura 1 5 25,0 5 25,0 5 25,0 5 25,0 20 100 9,3 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 3 33,3 3 33,3 3 33,3 9 100 4,2 47 Vãos 3 4 50,0 4 50,0 8 100 3,7 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 3 50,0 3 50,0 6 100 2,8 6

10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 2 50,0 2 50,0 4 100 1,9 7Global Empreendimento global 11 40 26,8 30 20,1 59 39,6 20 13,4 149 100 69,0 1

Totais 21 62 28,7 39 18,1 83 38,4 32 14,8 216 100 100,0Classificação

Obra Gerenciam. Material Totais

2 3 1 4

Nº Total

Patolog

Projeto

Quantitativos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto, execução das obras, gerenciamento e materiais sobre os 10 órgãos do edifício

Page 179: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

164

na T.6.12., que vem a seguir:

Obs.: para elaboração da tabela T.6.12 e as demais até T.6.15., são

utilizados os dados contidos nas tabelas T.5.1. a T.5.10., as quais contêm os

quantitativos das patologias ambientais construtivas, suas origens e reflexos

nos itens do desempenho ambiental, envolvendo cada órgão desse edifício e

este de maneira global.

Com base nas tabelas T.6.11 e T.6.12, conclui-se que:

projeto: com suas deficiências, responde por 28,7% (2.o lugar) das

patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;

participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em

62 vezes;

suas patologias construtivas refletem no desempenho técnico dos órgãos

deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:

global (64,5%) pavimentos(6,5%)

estrutura (8,1%) fundação(6,5%)

somatória dos órgãos mais críticos (85,6%)

Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais

reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre

os órgãos deste edifício são:

(15.3) uso de matérias primas (16,1%) (15.6) qualidade ar interior (11,3%)

Tabela 6.12 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Nº Orgão C

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1 Terrapleno 1 1 1,6 62 Fundação 1 1 1 1 4 6,5 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 8,1 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 4,8 47 Vãos 1 1 1 1 4 6,5 38 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 1 1 3 4,8 4

10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 1 2 3,2 5Global Empreendimento global 4 4 6 2 3 5 2 3 2 6 3 40 64,5 1

Totais 8 5 10 3 6 7 3 4 4 8 4 62(%) porcentagem 12,9 8,1 16,1 4,8 9,7 11,3 4,8 6,5 6,5 12,9 6,5Classificação 2 5 1 7 4 3 7 6 6 2 6

Requisito Usuário

Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo projeto sobre os itens de desempenho ambiental

Orgãos

Page 180: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

165

(15.1) consumo energético (12,9%) (15.5) emissão de poluentes (9,7%)

(15.10) uso de transporte (12,9%) (15.2) consumo de água (8,1%)

somatória dos itens mais críticos (71%)

Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois

representam respectivamente 85,6% e 71% dos seus totais.

6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pela execução

da obra sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do

desempenho ambiental.

Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram

reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pela execução

da obra encontram-se na tabela T.6.13. que vem a seguir.

Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.13. conclui-se que:

Execução da obra: com suas deficiências, responde por 18,1% (3.o lugar)

das patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;

participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em

39 vezes;

suas patologias construtivas refletem no desempenho técnico dos órgãos

Tabela 6.13 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Nº Orgão C

on

sum

o E

ne

rgé

tico

/

Ge

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e E

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rgia

Co

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mo

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% Cla

ssifi

caçã

o

1 Terrapleno 1 2 1 4 10,3 32 Fundação3 Estrutura 1 1 1 1 1 5 12,8 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos7 Vãos8 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos

10 Equipamentos Hidro-SanitáriosGlobal Empreendimento global 4 4 2 6 4 2 3 2 3 30 76,9 1

Totais 5 4 3 7 5 4 3 3 5 39(%) porcentagem 12,8 10,3 7,7 17,9 12,8 10,3 7,7 7,7 12,8Classificação 2 3 4 1 2 3 4 4 2

Requisito Usuário

Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pela execução da obra sobre os itens de desempenho ambiental

Orgãos

Page 181: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

166

deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:

global (76,9%) estrutura (12,5%) terrapleno(10,3%)

somatória dos órgãos mais críticos (76,9%)

Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais

reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre

os órgãos deste edifício são:

(15.4) Resíduos sólidos (17,9%) (15.10) uso de transporte (12,8%)

(15.1) consumo energético (12,8%) (15.2) consumo de água (10,3%)

(15.5) emissão de poluentes (12,8%) (15.11) alteração do habitat (10,3%)

somatória dos itens mais críticos (76.9%)

Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois

representam respectivamente 100% e 76,9% dos seus totais.

6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pelo

gerenciamento sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do

desempenho ambiental.

Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram

reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pelo

Tabela 6.14 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Nº Orgão C

on

sum

o E

ne

rgé

tico

/

Ge

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o d

e E

ne

rgia

Co

nsu

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ibra

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s

Uso

Tra

nsp

ort

e

Asp

ect

os

bio

clim

atic

os

To

tais

% Cla

ssifi

caçã

o

1 Terrapleno 1 1 1 3 3,6 42 Fundação 1 1 1 1 4 4,8 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 6,0 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 3,6 47 Vãos 1 1 1 1 4 4,8 38 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 1 1 1 3 3,6 4

10 Equipamentos Hidro-Sanitários 1 1 2 2,4 5Global Empreendimento global 6 6 6 8 7 5 5 4 3 6 3 59 71,1 1

Totais 10 7 10 10 10 7 6 5 5 9 4 83(%) porcentagem 12,0 8,4 12,0 12,0 12,0 8,4 7,2 6,0 6,0 10,8 4,8Classificação 1 3 1 1 1 3 4 5 5 2 6

Requisito Usuário

Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelo gerenciamento sobre os itens de desempenho ambiental

Orgãos

Page 182: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

167

gerenciamento encontram-se na tabela T.6.14.

Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.14. conclui-se que:

Gerenciamento: com suas deficiências, responde por 38,4% (1.o lugar) das

patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;

participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em

83 vezes;

suas patologias construtivas refletem no desempenho ambiental dos órgãos

deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:

global (71,1%) estrutura (6,0%) vãos(4,8%) fundação (4,8%)

somatória dos órgãos mais críticos (86,7%)

Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais

reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre

os órgãos deste edifício são:

(15.4) Resíduos sólidos (12,0%) (15.3) uso de matérias primas (12,0%)

(15.1) consumo energético (12,0%) (15.10) uso de transporte (10,8%)

(15.5) emissão de poluentes (12,0%)

somatória dos itens mais críticos (58,8%)

Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois

representam respectivamente 86,7% e 58,8% dos seus totais.

6.3. Hierarquização dos reflexos das patologias originadas pelos materiais

sobre o edifício e seus órgãos, relacionadas com os itens do desempenho

ambiental.

Os órgãos deste edifício e os itens do desempenho que mais sofreram

reflexos das patologias ambientais construtivas originadas pelos materiais

encontram-se na tabela T.6.15.

Page 183: Avaliação de Desempenho Ambiental em Projetos ... · 4.5 Esquemas de Avaliação de Edifícios ... Tela do esquema LEED ... Trecho de planilha de impactos ambientais resultante

168

Com base nas Tabelas – T.6.11 e T.6.15. conclui-se que:

Materiais: com suas deficiências, respondem por 14,8% (4.o lugar) das

patologias ambientais construtivas sobre o edifício e seus 10 órgãos;

participa com suas patologias ambientais junto aos órgãos deste edifício em

32 vezes;

Suas patologias construtivas refletem no desempenho ambiental dos órgãos

deste edifício, destacando-se hierarquicamente os mais críticos:

global (62,5%) estrutura (15,6%)

somatória dos órgãos mais críticos (78,1%)

Os itens de desempenho ambiental – requisitos dos usuários que mais

reflexos receberam das patologias ambientais construtivas do projeto sobre

os órgãos deste edifício são:

(15.3) uso de matérias primas (18,8%) (15.10) uso de transporte (15,6%)

(15.1) consumo energético (15,6%) (15.2) consumo de água (9,4%)

(15.5) emissão de poluentes (15,6%)

somatória dos itens mais críticos (75%)

Os órgãos e os itens do desempenho citados são os mais críticos, pois

representam respectivamente 78,1% e 75% dos seus totais.

Tabela 6.15 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 15.9 15.10 15.11

Nº Orgão C

onsu

mo E

nerg

étic

o /

Gera

ção d

e E

nerg

iaC

onsu

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e á

gua /

Tra

t. e r

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de á

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serv

idas

Uso

de M

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rias-

Prim

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1 Terrapleno2 Fundação 1 1 1 1 4 12,5 33 Estrutura 1 1 1 1 1 5 15,6 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 1 1 1 3 9,4 47 Vãos8 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos

10 Equipamentos Hidro-SanitáriosGlobal Empreendimento global 3 3 3 2 3 1 1 1 3 20 62,5 1

Totais 5 3 6 3 5 2 1 1 1 5 32(%) porcentagem 15,6 9,4 18,8 9,4 15,6 6,3 3,1 3,1 3,1 15,6Classificação 2 3 1 3 2 4 5 5 5 2

Requisito Usuário

Quantitativos dos reflexos das patologias ambientais construtivas, originadas pelos materiais sobre os itens de desempenho ambiental

Orgãos

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6.6. – Porcentagem das médias finais – Hierarquização e participação das

(Pac) com suas origens sobre o edifício e seus órgãos e reflexos nos itens

do desempenho ambiental.

Com base nos dados da Tabela T.6.16., hierarquiza-se abaixo, a

participação das patologias ambientais construtivas originadas pelo projeto,

execução da obra, gerenciamento e materiais e os reflexos das mesmas

sobre os itens do desempenho ambiental – requisitos dos usuários sobre o

edifício e seus os 10 órgãos, conforme segue:

*(1º) global (68,8%) (5º) terrapleno (3,9%)

*(2º) estrutura (10,6%) (6º) vãos (2,8%)

*(3º) fundação(5,9%) (7º) Equipamentos Eletro-mecânicos (2,1%)

(4º) pavimentos(4,5%) (8º) Equipamentos Hidro-sanitários (1,4%)

*somatória dos órgãos mais críticos (85,3%)

Os órgãos assinalados com (*) representam 85,3% do total, portanto a

maioria, caracterizando-se como aqueles que sofreram maior número de

reflexos nos itens do desempenho pela ação das patologias construtivas

deste edifício.

Tabela 6.16 USP Leste - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Edifício I1

Nº Orgão % hie

Nº Pat %

Nº Pat %

Nº Pat % % M. Class

1 Terrapleno 1,6 6 10,3 3,0 3,6 4,0 15,5 3,9 52 Fundação 6,5 3 4,8 3,0 12,5 3,0 23,8 5,9 33 Estrutura 8,1 2 12,8 2,0 6,0 2,0 15,6 2,0 42,5 10,6 24 Cobertura5 Vedos6 Pavimentos 4,8 4 3,6 4,0 9,4 4,0 17,8 4,5 47 Vãos 6,5 3 4,8 3,0 11,3 2,8 58 Paramentos9 Equipamentos Eletro-mecânicos 4,8 4 3,6 4,0 8,5 2,1 6

10 Equipamentos Hidro-Sanitários 3,2 5 2,4 5,0 5,6 1,4 7Global Empreendimento global 64,5 1 76,9 1,0 71,1 1,0 62,5 1,0 275 68,8 1

Referencias 100,0

Porcentagem das Médias Finais – Hierarquização e participação das Pac com suas origens sobre o edifício e seus órgãos e reflexos nos itens do desempenho

T.6.13 T.6.14 T.6.15

Obra Gerenciam. Material Totais

T.6.12

Projeto

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CONSIDERAÇÕES

A metodologia para avaliação do desempenho técnico – construtivo em

função das patologias construtivas (Pc) existentes nos órgãos do edifício

identifica patologias físicas no edifício, relacionando-as com suas origens e

reflexos.

A adaptação da metodologia de referência à avaliação de desempenho

ambiental construtivo apresenta diferenças quanto à forma de identificação

das patologias ambientais, pois estas não são sempre e vinculadas aos

orgãos do edifício, podendo ser identificáveis no edifício de maneira global ,

no projeto ou ainda nos processos construtivos.

Os resultados apresentados refletem esta diferença, levantando patologias

globais, além das vinculadas aos orgãos do edifício.