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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO SHEILA CHRISTINA RIBEIRO FERNANDES AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE MODELO PARA PARQUES DE 3ª GERAÇÃO RIO DE JANEIRO 2014

AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

SHEILA CHRISTINA RIBEIRO FERNANDES

AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE

MODELO PARA PARQUES DE 3ª GERAÇÃO

RIO DE JANEIRO 2014

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Sheila Christina Ribeiro Fernandes

AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: uma proposta de modelo para parques de 3ª geração

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Cesar Gonçalves Neto

Rio de Janeiro

2014

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Sheila Christina Ribeiro Fernandes

AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: uma proposta de modelo para parques de 3ª geração

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração

Aprovada por:

_________________________________________ Cesar Gonçalves Neto, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ

_________________________________________ Denise Fleck de Lima, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ

________________________________________ José Geraldo Pereira Barbosa, D. Sc. – MADE/UNESA

Rio de Janeiro Agosto de 2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pela força durante esta

caminhada.

Em seguida, à minha família que compreendeu os momentos de ausência por

um bom motivo. Agradeço ainda à minha mãe, que sempre nos incentivou a lutar por

nossos sonhos e a quem dedico este trabalho.

Também ao Professor Cesar, pelos conselhos e palavras durante a orientação.

Sem me esquecer, claro, dos demais mestres com quem pude aprender muito além

de novos conhecimentos, mas a disciplina, a competência e a valorização da

excelência.

Deixo os meus agradecimentos à instituição na qual trabalho como servidora,

por possibilitar a realização do mestrado. Entendo a qualificação como uma das

formas de valorização do servidor público e, por isso, deve ser incentivada como

política institucional.

Agradeço aos meus amigos Marina, Patrícia e Hugo por sempre abrirem as

portas de suas casas, quando precisei ficar no Rio.

Ao Leonardo do Parque Tecnológico da UFRJ agradeço pela atenção e

colaboração indispensáveis à conclusão dessa dissertação.

Agradeço também aos colegas de mestrado que me auxiliaram nos momentos

de realização de trabalhos e estudos para as provas, em especial al Átila, que sempre

teve uma mão amiga para me ajudar. Grande Átila!

Aos funcionários da Secretaria Acadêmica: Cida, Leonardo, Mariana e

Monique, sempre atenciosos em nos atender. Além do pessoal da biblioteca, em

especial à Vera, pela disponibilidade e atenção.

Finalmente, agradeço àquelas instituições que disponibilizam ambientes de

estudo e bibliotecas com acesso aberto ao público. Esses lugares foram fundamentais

quando precisei de consulta a livros e mesmo, um local com infraestrutura adequada

e aconchegante para estudar. Aliás, nossos governantes e empresários deveriam

valorizar espaços como esses em benefício da sociedade.

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“Não temas, porque eu sou contigo; não te

assombres, porque eu sou teu Deus; eu te

fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a

destra da minha justiça.”

(Isaías 41:10)

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RESUMO

FERNANDES, S. C. R. Avaliação de parques tecnológicos: uma proposta de

modelo para parques de 3ª geração. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado

em Administração) – Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração,

COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.

Frente a diversos propósitos institucionais e interesses de variados stakeholders,

torna-se fundamental a existência de um instrumento de avaliação da efetividade dos

parques tecnológicos capaz de atender a esses requisitos. Por essa razão, esta

pesquisa busca junto aos atores inseridos no ecossistema empreendedor, com

vínculos com os parques, levantar as suas colaborações na tarefa de elaboração de

um modelo de avaliação de parques no estágio de maturidade de suas operações.

Para tanto, tomou-se como base os parques brasileiros em funcionamento há pelo

menos oito anos. Em complementação, são também consideradas as recomendações

de especialistas na área de parques tecnológicos, de forma a se obter uma percepção

equilibrada em relação aos apontamentos propostos. Por meio da aplicação de um

questionário foram obtidos os dados requeridos, por sua vez analisados nos testes de

qui-quadrado e exato de Fisher, a fim de averiguar o nível de concordância entre os

participantes da pesquisa. Além disso, a técnica de análise fatorial permitiu a redução

de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou

a proposta do modelo de avaliação. Em destaque, o modelo contempla duas etapas,

a estruturação da avaliação em si e, em seguida, a as dimensões de avaliação.

Portanto, ao final são apresentadas recomendações para o desenvolvimento de

avaliações de parques tecnológicos, com base na literatura e sob a ótica dos

stakeholders e especialistas envolvidos.

Palavras-chave: parques tecnológicos, avaliação de parques tecnológicos,

ecossistema empreendedor.

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ABSTRACT

Considering various institutional purposes and interests of varied stakeholders, it is

essential to have an effective tool for assessing the performance of science parks.

Therefore, the present work aims to provide a model to evaluate parks in the mature

stage with the collaboration of agents from the entrepreneurial ecosystem, based on

Brazilian parks in operation for at least eight years. In addition, experts at technology

parks also participated in order to achieve a balanced perception of propositions. A

survey was conducted and participants questioned about how to evaluate a science

park and indicate expected results. Then, by applying the chi-square and Fisher exact

tests, the objective was to measure the level of agreement among participants. The

technique of factor analysis identified common attributes for arrange the model. The

model includes two steps, the structuring and dimensions of evaluation. Finally, the

research recommends how to develop an evaluation of science parks according to

stakeholders and experts involved.

Keywords: science parks, science parks evaluation, entrepreneurial ecosystem.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Tipo de instituição de vinculação da incubadora, conforme seus objetivos

.................................................................................................................................. 29

Figura 2: Roadmap da iniciativa ............................................................................... 34

Figura 3: Processo geral para apoio a projetos ........................................................ 45

Figura 4: Ciclo de financiamento .............................................................................. 48

Figura 5: Parques em números ................................................................................ 59

Figura 6: Número de iniciativas de parques por região ............................................ 60

Figura 7: Co-evolução e multilinearidade das relações da indústria e universidade 66

Figura 8: Ecossistema .............................................................................................. 68

Figura 9: Parques tecnológicos pioneiros e as universidades apoiadoras ............... 70

Figura 10: O papel das firmas, dos recursos e dos sistemas nacionais ................... 72

Figura 11: Definições de parques tecnológicos ........................................................ 78

Figura 12: Modelo conceitual planejado de Science Park ........................................ 79

Figura 13: Conceito de parque tecnológico .............................................................. 84

Figura 14: Modelo de Parque Tecnológico Dinâmico proposto por Bolton ............... 85

Figura 15: Parques tecnológicos e a criação de um ambiente empreendedor ......... 87

Figura 16: Parque tecnológico no contexto do empreendedorismo inovador ........... 88

Figura 17: Aspectos de organização de um parque tecnológico .............................. 92

Figura 18: Determinantes de desempenho na avaliação de parques tecnológicos.. 98

Figura 19: Etapas de desenho da avaliação ............................................................ 99

Figura 20: Etapas na criação de indicadores de parques tecnológicos .................... 99

Figura 21: Ciclo de vida de avaliação ..................................................................... 100

Figura 22: Um modelo simples e variáveis de interesse ........................................ 102

Figura 23: Relação de interdependência ................................................................ 120

Figura 24: Aspectos considerados na avaliação de parques tecnológicos ............ 164

Figura 25: Dimensões de avaliação de parques tecnológicos................................ 165

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Recursos executados pelas fundações de amparo (em milhões R$) ...... 46

Gráfico 2: Número de propostas submetidas (demanda) ......................................... 47

Gráfico 3: Principais áreas de atuação dos parques no Brasil ................................. 60

Gráfico 4: Fontes de financiamento por fase de desenvolvimento do parque (em

milhões R$) ............................................................................................................... 61

Gráfico 5: Fontes de recursos para os parques (em milhões R$) ............................ 62

Gráfico 6: Número de parques tecnológicos no mundo ........................................... 75

Gráfico 7: Gerações de parques tecnológicos ......................................................... 83

Gráfico 8: Categoria dos respondentes .................................................................. 125

Gráfico 9: Perfil das empresas respondentes ........................................................ 126

Gráfico 10: Perfil dos representantes dos parques ................................................ 127

Gráfico 11: Cargos dos respondentes .................................................................... 127

Gráfico 12: Vínculo dos respondentes aos parques tecnológicos .......................... 128

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Modalidades de apoio e instrumentos operacionais ................................ 44

Quadro 2: A evolução da estrutura e da missão dos parques tecnológicos (situação

europeia) ................................................................................................................... 76

Quadro 3: Modelos de avaliação de parques tecnológicos .................................... 104

Quadro 4: Relação de parques pesquisados ......................................................... 108

Quadro 5: Orientações para identificação de cargas fatoriais significantes com base

no tamanho da amostra .......................................................................................... 123

Quadro 6: Modelos de avaliação de parques tecnológicos .................................... 161

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Top 10 de organizações brasileiras por invenções (básicas) 2003-2012 . 30

Tabela 2: Número de mestres e doutores formados por ano ................................... 31

Tabela 3: Aceleradoras em atuação no Brasil .......................................................... 54

Tabela 4: Resumo dos atores do ecossistema empreendedor brasileiro ................. 62

Tabela 5: Parques tecnológicos - principais stakeholders e seu foco de interesse .. 91

Tabela 6: Resultados gerados pelos parques tecnológicos segundo os stakeholders

.................................................................................................................................. 96

Tabela 7: A relevância do processo de avaliação de parques tecnológicos ........... 113

Tabela 8: O processo de avaliação de parques tecnológicos ................................. 113

Tabela 9: Os parceiros dos parques tecnológicos .................................................. 114

Tabela 10: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos ............. 114

Tabela 11: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso ................ 116

Tabela 12: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos ........... 116

Tabela 13: Categorias pesquisadas ....................................................................... 118

Tabela 14: Lista de variáveis utilizadas na análise fatorial ..................................... 121

Tabela 15: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

................................................................................................................................ 130

Tabela 16: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

................................................................................................................................ 131

Tabela 17: Teste Exato de Fisher para a variável V12 ........................................... 132

Tabela 18: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos ........... 133

Tabela 19: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos por

categoria do respondente ........................................................................................ 134

Tabela 20: Teste Exato de Fisher para a variável V40 ........................................... 134

Tabela 21: O processo de avaliação dos parques tecnológicos ............................. 135

Tabela 22: O processo de avaliação dos parques tecnológicos por categoria do

respondente ............................................................................................................ 136

Tabela 23: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos ............. 137

Tabela 24: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos por

categoria do respondente ........................................................................................ 141

Tabela 25: Teste Exato de Fisher para a variável V33 ........................................... 142

Tabela 26: A relevância da avaliação de parques tecnológicos ............................. 143

Tabela 27: A relevância da avaliação de parques tecnológicos por respondente .. 144

Tabela 28: Teste qui-quadrado para a variável V2 ................................................. 145

Tabela 29: Teste qui-quadrado para a variável V3 ................................................. 145

Tabela 30: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso ................ 145

Tabela 31: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso por

respondente ............................................................................................................ 147

Tabela 32: Nível de significância para a variável V8 .............................................. 147

Tabela 33: Teste de KMO e Bartlett ....................................................................... 148

Tabela 34: Comunalidades ..................................................................................... 149

Tabela 35: Fatores encontrados para a categoria empresas ................................. 150

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Tabela 36: Teste de KMO e Bartlett ....................................................................... 152

Tabela 37: Comunalidades ..................................................................................... 152

Tabela 38: Fatores encontrados para a categoria demais stakeholders ................ 154

Tabela 39: Teste de KMO e Bartlett ....................................................................... 156

Tabela 40: Comunalidades ..................................................................................... 156

Tabela 41: Fatores encontrados para todas as categorias ..................................... 158

Tabela 42: Comparação dos fatores gerados por categoria dos respondentes ..... 160

Tabela 44: A importância da avaliação de parques tecnológicos ........................... 193

Tabela 45: O processo de avaliação dos parques tecnológicos ............................. 193

Tabela 46: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

................................................................................................................................ 193

Tabela 47: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos ............. 194

Tabela 48: Nível de importância de cada dimensão do modelo de avaliação de

parques tecnológicos .............................................................................................. 194

Tabela 49: Resultados gerados e fatores para o sucesso dos parques tecnológicos

................................................................................................................................ 194

Tabela 50: A importância da avaliação de parques tecnológicos por categoria do

respondente ............................................................................................................ 196

Tabela 51: O processo de avaliação dos parques tecnológicos por categoria do

respondente ............................................................................................................ 196

Tabela 52: Os parceiros dos parques tecnológicos por categoria do respondente 197

Tabela 53: Os parceiros dos parques tecnológicos por categoria do respondente

(frequência) ............................................................................................................. 198

Tabela 54: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos por

categoria do respondente ........................................................................................ 198

Tabela 55: Resultados gerados pelos parques tecnológicos por categoria do

respondente ............................................................................................................ 200

Tabela 56: Fatores para o sucesso dos parques tecnológicos por categoria do

respondente ............................................................................................................ 200

Tabela 57: Nível de significância ............................................................................ 201

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LISTA DE SIGLAS

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABIPTI – Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação

ANPEI – Associação Nacional das Empresas Inovadoras

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores

APEX – Agência Nacional de Promoção de Exportações

BANDES – Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento e Social

BSC – Balanced Scorecard

C&T – Ciência e Tecnologia

CEBRAE – Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa

CENPES – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de

Mello

CDT – Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico

CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CNI – Confederação Nacional das Indústrias

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNRS – Centre National de la Recherche Scientifique

CONFAP – Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa

COPPEAD – Instituto COPPEAD de Administração

CPqD – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

CT&I – Ciência, Tecnologia e Inovação

CTI – Centro Tecnológico de Informática

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ENCTI – Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FIPEME – Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa

FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

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FUNTEC – Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico

GOPP – Goal Oriented Project Planning

IASP – International Association of Science Parks and Areas of Innovation

IEL – Instituto Euvaldo Lodi

INdT – Instituto Nokia de Tecnologia

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial

KMO – Teste de Kaiser-Meyer-Olkin

KPI – Key Performance Indicators

LNLS – Laboratório Regional de Luz Síncroton

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MIT – Massachussetts Institute of Technology

MPTD – Modelo de Parque Tecnológico Dinâmico

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OS – Organização Social

OSCIP – Organização de Interesse Público

PD&I – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PNI – Programa Nacional de Apoio às Incubadoras e aos Parques Tecnológicos

PUC-CAMPINAS – Pontifícia Universidade Católica de Campinas

RHAE – Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas

SPA – São Paulo Anjos

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIBRATEC – Sistema Brasileiro de Tecnologia

SIFAPs – Sistema de Indicadores das FAPs

SNE – Sistema Nacional de Empreendedorismo

SNI – Sistema Nacional de Inovação

SOFTEX – Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro

TELEBRÁS – Companhia Brasileira de Telecomunicações

VIF – Fator de Inflação da Variância (sigla em inglês)

UKSPA – Associação Nacional de Parques Tecnológicos do Reino Unido

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

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SUMÁRIO

1 Introdução .................................................................................................................................... 19

1.1 Considerações preliminares ............................................................................................. 19

1.2 Objetivo ................................................................................................................................ 20

1.3 Relevância ........................................................................................................................... 21

1.4 Delimitação do estudo ....................................................................................................... 22

1.5 Organização do estudo...................................................................................................... 23

2 Revisão teórica ........................................................................................................................... 24

2.1 Sistema Nacional de Inovação .............................................................................................. 24

2.2 Sistema Nacional de Empreendedorismo ............................................................................ 25

2.3 O ecossistema empreendedor ............................................................................................... 26

2.4 Quadro de atores do ecossistema empreendedor ............................................................. 29

2.4.1 A universidade .................................................................................................................. 29

2.4.2 Governo ............................................................................................................................. 31

2.4.2.1 Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ................................................. 32

2.4.2.2 Agência Rio Negócios ........................................................................................... 35

2.4.3 Serviços profissionais ...................................................................................................... 36

2.4.3.1 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas ..................... 36

2.4.3.2 Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro ....... 37

2.4.3.3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária .............................................. 37

2.4.3.4 Confederação Nacional das Indústrias ............................................................. 38

2.4.3.5 Centro de Gestão e Estudos Estratégicos ....................................................... 39

2.4.3.6 Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ........................................ 40

2.4.3.7 Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores ............................................................................................................................. 40

2.4.3.8 Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e

Inovação ................................................................................................................................. 41

2.4.4 Recursos de financiamento ............................................................................................ 42

2.4.4.1 Financiadora de Estudos e Projetos .................................................................. 42

2.4.4.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ......................... 45

2.4.4.3 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa ................................................. 46

2.4.4.4 O investimento privado ......................................................................................... 47

2.4.4.4.1 O investidor anjo .............................................................................................. 48

2.4.4.4.2 O venture capital e private equity ............................................................... 50

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2.4.5 Banco de talentos ............................................................................................................. 51

2.4.5.1 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ........... 51

2.4.6 Grandes corporações ...................................................................................................... 52

2.4.7 Infraestrutura física ........................................................................................................... 53

2.4.8 Cultura ................................................................................................................................ 53

2.4.8.1 Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas

Inovadoras ............................................................................................................................. 53

2.4.8.2 Aceleradoras de empresas ................................................................................... 54

2.4.8.4 Incubadoras de empresas .................................................................................... 55

2.4.8.3 Parques tecnológicos ............................................................................................ 56

2.4.8.3.1 Histórico dos parques tecnológicos no Brasil ........................................ 57

2.4.8.3.2 Parques tecnológicos no cenário atual ..................................................... 58

3 Parques tecnológicos ..................................................................................................................... 64

3.1 Introdução ................................................................................................................................. 64

3.2 Tríplice hélice ........................................................................................................................... 64

3.3 Antecedentes dos parques tecnológicos ............................................................................. 69

3.3.1 Vale do Silício.................................................................................................................... 70

3.3.2 Rota 128 ............................................................................................................................. 71

3.3.3 Research Triangle Park ................................................................................................... 71

3.3.4 A experiência francesa .................................................................................................... 74

3.3.5 A experiência japonesa ................................................................................................... 74

3.4 A evolução dos parques tecnológicos .................................................................................. 75

3.5 Parque tecnológico como conceito ....................................................................................... 76

3.6 Tipologias de parques tecnológicos ...................................................................................... 81

3.7 Modelos de parques tecnológicos ......................................................................................... 83

3.8 Quem são os stakeholders? .................................................................................................. 88

3.9 Os parceiros dos parques tecnológicos ............................................................................... 90

4 Modelos de avaliação de parques tecnológicos ........................................................................ 92

4.1 Introdução ................................................................................................................................. 92

4.2 Motivações para a avaliação de parques tecnológicos ..................................................... 93

4.3 Modelos de avaliação de parques tecnológicos ................................................................. 94

4.3.1 Sistemas de mensuração organizacional ..................................................................... 97

4.3.2 Abordagens na avaliação de parques tecnológicos.................................................... 97

5 Metodologia ............................................................................................................................... 107

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5.1 Tipo de pesquisa .................................................................................................................... 107

5.2 População ............................................................................................................................... 107

5.2.1 Representantes dos parques tecnológicos ................................................................ 109

5.2.2 Governo ........................................................................................................................... 110

5.2.3 Empresas residentes e incubadas ............................................................................... 110

5.2.4 Universidade.................................................................................................................... 111

5.2.5 Especialistas.................................................................................................................... 112

5.3 Coleta de dados ..................................................................................................................... 112

5.4 Análises propostas ................................................................................................................ 118

5.4.1 Análise descritiva ............................................................................................................ 118

5.4.2 Teste qui-quadrado e Teste Exato de Fisher ............................................................. 118

5.4.3 Análise fatorial ................................................................................................................. 119

5.5 Limitações ............................................................................................................................... 124

6 Resultados da pesquisa quantitativa ..................................................................................... 125

6.1 Perfil da amostra ............................................................................................................... 125

6.2 Estatística descritiva e dos testes não-paramétricos ....................................................... 129

6.2.1 Resultados gerais ........................................................................................................... 129

6.2.1.1 O público-alvo das informações sobre avaliação de parques

tecnológicos ........................................................................................................................ 129

6.2.1.2 Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos ............ 132

6.2.1.3 O processo de avaliação dos parques tecnológicos .................................. 135

6.2.1.4 A dimensões do modelo de avaliação dos parques tecnológicos .......... 136

6.2.1.5 Relevância da avaliação de parques tecnológicos ...................................... 143

6.2.1.6 Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso .................. 145

6.3 Análise fatorial ........................................................................................................................ 147

6.3.1 Análise fatorial – Empresas .......................................................................................... 148

6.3.2 Análise fatorial – Demais stakeholders ....................................................................... 152

6.3.3 Análise fatorial – Todas as categorias de respondentes ......................................... 156

7 Proposta de modelo de avaliação de parques tecnológicos ............................................. 161

7.1 Estruturação do modelo ........................................................................................................ 161

8 Conclusões ................................................................................................................................ 167

8.1 Limitações da pesquisa ........................................................................................................ 169

8.2 Sugestões para pesquisas futuras ...................................................................................... 170

9 Referências ............................................................................................................................... 171

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Apêndice 1 – Questionário .............................................................................................................. 182

Apêndice 2 – Solicitação de contatos dos representantes dos parques ................................. 190

Apêndice 3 – Solicitação de contatos de empresas instaladas nos parques ......................... 191

Apêndice 4 – Solicitação de preenchimento do formulário ........................................................ 192

Apêndice 5 – Resultados da pesquisa descritiva e testes não-paramétricos ......................... 193

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19

1 Introdução

1.1 Considerações preliminares

Na sociedade do conhecimento, a inovação tecnológica é considerada uma

alavanca de desenvolvimento sustentável das economias nacionais e elemento de

vantagem competitiva (OCDE, 2004). Dominar uma determinada tecnologia pode

favorecer uma firma em diversos aspectos, como por exemplo, elevar a eficiência

operacional e, com isso, obter resultados superiores aos dos concorrentes em termos

de qualidade e rapidez, com a oferta de maior valor aos clientes ou valor similar a um

custo menor, ou ambos os casos (PORTER, 1996).

Dentre os doze pilares para a competitividade relacionados pelo Fórum

Econômico Mundial (2013), a inovação aparece como um dos fatores capazes de

gerar ganhos de produtividade em razão de avanços tecnológicos. Principalmente

para as economias intensivas em conhecimento e ofertantes de maior pacote de valor.

Além da tecnologia e do conhecimento, a atividade empreendedora, de acordo

com Schumpeter (1986 apud CARAYANNIS; ZEDTWITZ, 2005), também pode

influenciar o crescimento econômico e a prosperidade. Nesse contexto, o papel do

empreendedor é o de promover o desenvolvimento econômico e causar mudanças

nos mercados, ainda segundo os autores.

Nesta discussão, cabe abordar então, quais seriam os mecanismos para

fomentar a competitividade e a produtividade nacional no longo prazo. Afinal, no atual

cenário econômico, em sobreposição à fase industrial, a tecnologia e o conhecimento,

impulsionados pela criação de novos empreendimentos são tidos como elementos

catalisadores de geração de riqueza (ROMER, 1990).

Consequentemente, surge o questionamento de como a formulação de

políticas públicas poderia estimular o empreendedorismo, o desenvolvimento, a

transferência e o uso do capital intelectual como ativo altamente rentável. Como

organizar o fluxo de conhecimento além dos formatos tradicionais adotados por

universidades e centros de pesquisa na criação e na acumulação do conhecimento?

(TEECE, 1998; JAROHNOVICH; AVONTIS, 2013).

Nesse sentido, os parques tecnológicos representam um espaço alternativo de

promoção e transferência do conhecimento, com base no relacionamento com a

universidade e centros de pesquisa, com o propósito de alavancar novos negócios

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intensivos em tecnologia. Trata-se de um verdadeiro complexo produtivo industrial e

de oferta de serviços de base científico-tecnológica (ANPROTEC, 2013).

De forma a dimensionar o papel dos parques como mecanismo de promoção

ao desenvolvimento tecnológico, note-se que há no mundo 400 parques,

aproximadamente (UNESCO, 2013). A maior parte deles concentrada nos Estados

Unidos. No Brasil, estão instalados 94 parques tecnológicos, das iniciativas

identificadas, 28 estão em operação, 28 em fase de implantação e 24 no estágio de

projeto (CDT, 2013). Esse número considerável é reflexo da recente política nacional

de investimentos em parques tecnológicos (ANPROTEC, 2008).

Diante dessa realidade, torna-se importante reconhecer a expectativa dos

agentes institucionais envolvidos com os parques tecnológicos. Isso porque um

parque mantém laços com diversas organizações com finalidades específicas. Além

disso, grupos empresariais e o poder público investem recursos consideráveis na

construção de parques e na concessão de financiamento de empresas ali instaladas.

Esses fatores tornam o planejamento e o gerenciamento de um parque uma atividade

complexa.

Por isso, a necessidade de mecanismos para aferir a efetividade institucional

de um parque tecnológico, com o fim de avaliar sua inserção na sociedade e no

mercado. Afinal as expectativas em torno do desempenho dos parques levam em

consideração a atuação deles como promotores da inovação e do empreendedorismo.

1.2 Objetivo

Dada a tarefa de estimular a criação de novos negócios e a inovação, e por

haver uma diversidade de parceiros institucionais, um questionamento razoável seria

levantar quais as expectativas dos stakeholders na elaboração de um modelo de

avaliação de parques tecnológicos de terceira geração.

A princípio, um dos objetivos específicos é identificar as percepções dos

parceiros de parques tecnológicos no processo de avaliação dessas entidades.

Somado a isso, busca-se ainda confrontar as perspectivas de especialistas na

temática de parques tecnológicos com a visão dos parceiros tradicionais dos parques,

a fim de verificar o nível de concordância entre eles.

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Ao final, como objetivo geral, pretende-se propor, com base na literatura e no

confronto de expectativas dos atores consultados, recomendações para o processo

de avaliação de parques tecnológicos em operação no Brasil.

Para tanto, a obtenção de dados será efetivada por meio da aplicação de

questionários junto a agentes com relacionamento com parques tecnológicos e

especialistas no tema inovação e parques tecnológicos.

Antes, porém, faz-se necessário abordar como se insere o parque tecnológico

como instituição no Sistema Nacional de Empreendedorismo (SNE), um habitat de

inovação com vistas ao desenvolvimento de novos empreendimentos. Para tanto,

pretende-se mapear as diferentes entidades integrantes do SNE, bem como os

objetivos institucionais e suas contribuições ao sistema. Afinal, esses atores mantêm

vínculo formal ou de cunho estratégico com os parques tecnológicos.

E ainda, realizar revisão de literatura ao abordar o parque tecnológico como

fenômeno social, desde o surgimento das primeiras iniciativas, reconhecidamente no

Vale do Silício e na Rota 128. Bem como os tipos, os objetivos e os modelos de

interação do parque com demais instituições do sistema, além de formas de avaliação

dos parques tecnológicos como instrumento de empreendedorismo e inovação, de

forma a subsidiar a coleta de dados.

1.3 Relevância

Segundo Monck e Peters (2009), três argumentos já justificariam o porquê

investir esforços na avaliação de parques tecnológicos - transparência, opções de

avaliação e informações sobre desempenho. Em relação à transparência, os recursos

utilizados na implementação e manutenção de parques proveem de financiamento

público e de grupos empresariais. Portanto, requer-se a existência de mecanismos

para verificar se os aportes foram realmente convertidos nos resultados econômicos,

científicos, tecnológicos e sociais esperados.

Outro aspecto a ser considerado é como instrumento de monitoramento. O

parque tecnológico, como projeto de progresso, deve comprovar sua efetividade na

prática. Além disso, as informações sobre desempenho são imprescindíveis para os

gestores de parques, à espera por confirmar quais e como podem ser traduzidos

objetivamente os efeitos produzidos por essas instituições.

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Neste contexto, avaliar o desempenho de um parque tecnológico torna-se

relevante também para a comunidade na qual ele está inserido. No entanto, embora

existam bons argumentos para a avaliação de parques tecnológicos, não há

frequência e homogeneidade nos modelos de avaliação propostos. Isso decorre de

diferentes objetivos e metas estabelecidas para os parques (DABROWSKA, 2011).

Portanto, esta pesquisa busca contribuir com recomendações para um modelo

de avaliação de parques de terceira geração, isto é, em fase de maturidade do ciclo

de vida, a partir da ótica de agentes sistêmicos e de especialistas no assunto, no

contexto brasileiro.

A escolha pela elaboração de modelo voltado, em especial, a parques de

terceira geração justifica-se porque para cada fase do ciclo de vida de um parque são

produzidos resultados específicos. Para tanto, torna-se necessária também a

construção de um modelo para parques nesta categoria, aqui considerados como

parques em operação há pelo menos oito anos (ALLEN, 2007 apud DABROWSKA,

2011).

A propósito, em 2013, havia 939 empresas em operação nos parques no Brasil,

responsáveis pela criação de aproximadamente 32 mil postos de trabalho no País.

Esses números ilustram a potencialidade dos parques tecnológicos como plataforma

de desenvolvimento nacional (CDT, 2013).

1.4 Delimitação do estudo

Será considerado o Sistema Nacional de Empreendedorismo como base

teórica, a fim de caracterizar as instituições e as interações mantidas entre elas. Ao

se identificar o papel dos parques, pretende-se enfocar as entidades nele abrangidas,

assim como as organizações com as quais mantêm relacionamento.

Para delimitar o estudo, a população considerada abrange apenas os parques

brasileiros de terceira geração, portanto, descartados aqueles ainda em estágio de

planejamento e início de operações.

Quanto aos respondentes dos questionários, foram definidos a) os conselhos

de administração dos parques, ou grupos decisórios de hierarquia equivalente; b)

representantes de empresas sediadas nos parques; c) os representantes da

universidade; d) governo e; e) especialistas em âmbito nacional no tema de parques

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tecnológicos, ligados a universidades e instituições de fomento, pesquisa e apoio ao

empreendedor.

1.5 Organização do estudo

Este estudo está estruturado em oito capítulos. O capítulo 2 realiza uma revisão

de literatura sobre o conceito de inovação e empreendedorismo e, apresenta como se

inserem no Sistema Nacional de Empreendedorismo as organizações parceiras dos

parques tecnológicos.

O capítulo 3 trata do assunto parques tecnológicos e aborda os antecedentes

históricos, as primeiras iniciativas, as tipologias e a interação com a universidade e o

mercado, sob a ótica do conceito da tríplice hélice.

O capítulo 4 discorre sobre modelos de avaliação de parques tecnológicos, de

acordo com diversas concepções, de forma a colaborar com a pesquisa de campo e

a proposição de um modelo.

O capítulo 5 versa sobre os mecanismos adotados para a coleta de dados e os

métodos de tratamento propostos.

O capítulo 6 dedica-se à análise e crítica dos resultados.

O capítulo 7 dedica-se a detalhar o modelo de avaliação proposto, com

recomendações acerca da modelagem do processo de avaliação e das dimensões de

enfoque.

Finalmente, o capítulo 8 apresenta as considerações finais sobre o estudo,

aponta as limitações encontradas ao longo da pesquisa, assim como discute as

possíveis propostas de pesquisa futuras.

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2 Revisão teórica

2.1 Sistema Nacional de Inovação

Para Lundvall (2010) um sistema tem como característica congregar pessoas

em torno de um elemento comum. No caso do Sistema Nacional de Inovação (SNI), o

aprendizado e o conhecimento, reproduzidos e propagados continuamente são os

fatores centrais. O SNI pode ser compreendido, então, como um conjunto de

instituições com o propósito de influenciar a atividade inovadora de empresas voltadas

à concepção de novos produtos e processos, sejam para a própria organização ou

inéditos em escala nacional ou global (NELSON, 1993).

O SNI enfatiza a acumulação de tecnologia por meio de uma combinação dos

seguintes componentes: tecnologia importada, atividades locais e políticas

intervencionistas, com a finalidade de promover indústrias nascentes.

Consequentemente, o desenvolvimento de novas áreas de conhecimento depende de

processos sistemáticos de inovação e aprendizagem (FREEMAN, 1995).

Para Metcalfe e Ramlogan (2008), a inovação pode ser traduzida como um

processo contínuo de aprendizado criação e implementação de novos formatos,

modelos de produção e abordagem comercial de produtos e serviços, não

necessariamente novos para o mercado e os concorrentes, mas para as empresas

desenvolvedoras.

A inovação pode ocorrer, inclusive, em termos organizacionais, com a

incorporação de conceitos inovadores à estrutura hierárquica já existente, ou mesmo

a partir da criação de novas firmas, por meio do empreendedorismo (HUNG;

WHITTINGTON, 2011).

Entretanto, uma incapacidade do sistema de inovação é aproveitar, de forma

dinâmica, o surgimento de novas oportunidades de negócios. Essa inabilidade é

resultado de um conjunto de fatores. Entre eles, a falta de capacidade do SNI em

livrar-se de externalidades já estabelecidas, uma barreira que o impede de interagir

com novos arranjos produtivos e acompanhar o ritmo de inovações e de evolução

industrial. Nesse sentido, uma das maneiras de interromper a circularidade do SNI é

inserir nele o componente do empreendedorismo, a fim de criar modelos mais

eficientes e permitir, desse modo, superar as restrições do sistema. Ademais, outra

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limitação do SNI é a pouca ênfase na ação do empreendedor como agente agregador

na economia (GUSTAFSSON; AUTIO, 2011).

Por isso, apesar de relevante, a literatura sobre os sistemas de inovação em

geral aborda o fenômeno do empreendedorismo de maneira superficial. Embora

discutidos amplamente em diversos trabalhos nas duas últimas décadas, esses dois

temas eram tratados em perspectivas paralelas (ÁCS et al., 2014). Inclusive, os

próprios teóricos do empreendedorismo tendiam a enfatizar a atuação do

empreendedor no nível individual, sem levar em consideração os impactos gerados

por sua atividade no cenário macro nem as restrições existentes no sistema (SHANE;

VENKATARAMAN, 2000).

Por outro lado, Schumpeter (1985) reconhece o empresário como agente

responsável pelo desenvolvimento econômico, ou seja, como o sujeito com

capacidade de empregar o conhecimento e empreender novas formas de produção

como meio de elevar os ganhos em escala individual, cujas consequências são

também observadas em um cenário mais amplo.

Interessantemente, estudos comprovam a alta correlação existente entre o

crescimento econômico e os níveis de empreendedorismo. Aliás, diversos países têm

desenvolvido políticas de fomento e sustentação à atividade empreendedora como

Dinamarca, Irlanda e Austrália. O Brasil, inclusive, é onde o empreendedorismo

apresenta um dos índices mais elevados do mundo, com uma em cada oito pessoas

adultas no país, dedicadas a algum negócio (GEM, 2000).

Por isso a importância de criação de um ambiente propício ao

empreendedorismo, com incentivos à criação e expansão de novas empresas

inovadoras e à formulação de políticas de apoio às micro e pequenas empresas

(OCDE, 2004). Torna-se, então, oportuna a definição do conceito de Sistema Nacional

de Empreendedorismo (SNE) como o meio onde ocorrem as interações entre as

diversas entidades relacionadas à promoção do empreendedorismo.

2.2 Sistema Nacional de Empreendedorismo

Primeiramente, cabe salientar a valorização do tema empreendedorismo nos

últimos anos. Aliás, nos países emergentes há um esforço de pesquisas sobre o

assunto, a fim de abordar, entre outros aspectos, a influência positiva da atividade

empreendedora nas economias nacionais (BRUTON; AHLSTROM; OBLOJ, 2008).

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O empreendedorismo é definido como um campo de estudo que visa identificar

quem são os atores envolvidos e quais os efeitos gerados pela criação de produtos e

serviços, como é descoberta, avaliada e explorada essa iniciativa (VENKATARAMAN,

1997 apud SHANE; VENKATARAMAN, 2000).

Sob uma ótica mais abrangente, Ács et al. (2014) conceituam o Sistema

Nacional de Empreendedorismo (SNE) como o ambiente onde ocorre a interação

entre indivíduos e entidades em prol de iniciativas empreendedoras e de regulação da

qualidade e dos resultados de ações dessa categoria. Outra definição dos mesmos

autores:

“O Sistema Nacional de Empreendedorismo é a interação dinâmica, institucionalmente incorporada entre as atitudes empreendedoras, capacidade e aspirações dos indivíduos, o que leva a alocação de recursos por meio da criação e operação de novos empreendimentos, p. 479”.

Portanto, o SNE tem como objetivo propiciar a manifestação das interações

entre indivíduos e instituições a fim de promover a ação empreendedora, como ainda

regular a qualidade e os resultados dessa ação (ÁCS et al., 2014).

2.3 O ecossistema empreendedor

O SNE tem como característica abrigar diferentes atores interconectados, como

universidades e instituições de P&D, recursos humanos qualificados, redes formais e

informais, entidades governamentais, investidores anjos e venture capitalists e

provedores de serviços profissionais, influenciados por uma cultura empreendedora.

Nos estudos sobre o tema empreendedorismo, pouca ênfase foi dada às ações

de múltiplos atores, públicos ou privados, do SNE. Em geral, o foco estava na

descrição e entendimento das características do empreendedor, como se as

inovações surgissem unicamente a partir de uma iniciativa isolada. Entretanto,

pesquisas sobre o empreendedor individual desconsideram os diversos atores

envolvidos na infraestrutura de apoio ao empreendedorismo (VEN, 1993).

Portanto, torna-se importante adotar uma perspectiva macro. Afinal, o processo

de inovação e de empreendedorismo consiste no incremento do número de

instituições, recursos e eventos ao envolver diversos atores, cujas fronteiras

ultrapassam o campo de atuação de organizações públicas e privadas (VEN, 1993).

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Aliás, o processo empreendedor ocorre com base nos conhecimentos, nas

competências e nos modelos embutidos na estrutura social e econômica. Mesmo em

situações de abertura de pequenas firmas, sempre há um certo número de indivíduos

envolvidos nesse tipo de empreitada (SPILLING,1996). Assim, o empreendedorismo

não se manifesta apenas sob a marca individual, mas é potencializado com a

colaboração de inúmeros agentes e pela existência de um conjunto de fatores.

Na oportunidade, Bruno e Tyebjee (1982 apud SPILLING, 1996) relacionam os

fatores primários usualmente citados na literatura como importantes no ambiente

empreendedor:

disponibilidade de capital de risco;

presença de empreendedores experientes;

mão de obra qualificada;

acesso a fornecedores;

acesso a clientes e novos mercados;

políticas governamentais favoráveis;

proximidade a universidades;

disponibilidade de local e infraestrutura;

acesso a serviços de suporte;

condições favoráveis de vida.

Porém, os fatores primários dependem, ainda, de um arranjo institucional capaz

de alocar adequadamente os recursos disponíveis e envolver estrategicamente os

agentes, além de desenvolver atributos funcionais para garantir as melhores

condições ao processo empreendedor, como por exemplo (BRUNO; TYEBJEE 1982

apud SPILLING, 1996):

atores: envolvidos no sistema interna e externamente;

competências: desenvolvimento de competências em diversas áreas;

novos papéis e modelos: mudanças em negócios existentes e aprendizado

por parte das agentes envolvidos;

networking: desenvolvimento de redes de contatos e oportunidade de

apresentação de novos produtos e serviços;

empresários da comunidade e autônomos: estímulo ao desenvolvimento do

setor privado e ao aumento do diálogo com partes envolvidas.

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Portanto, o ecossistema empreendedor é complexo e seus pilares de

funcionamento são estimulados ou inibidos por fatores ambientais. Porém, quando em

situação de equilíbrio, esse sistema é vital ao desempenho econômico e à criação de

vantagem competitiva para as firmas.

Nessa perspectiva, Neck et al. (2004) destacam o papel exercido pelas

incubadoras na relação com os empreendedores e com os interessados em iniciar um

novo negócio. No entanto, a atividade isolada da incubadora de empresas não

significa o sucesso do empreendimento. Para tanto, os autores relacionam uma série

de fatores essenciais para o adequado funcionamento da dinâmica do Sistema

Nacional de Empreendedorismo.

De início, a análise do ecossistema empreendedor pode ser considerada a

partir das redes sociais, sejam elas informais ou formais. As redes informais

congregam amigos, família, colegas e relações com pessoas de empresas de alta

tecnologia. Já as redes formais são compostas por atores e elementos discutidos

detalhadamente adiante neste capítulo, com base nos quadros conceituais

apresentados por Neck et al.(2004) e Cohen (2006):

a) universidade;

b) governo;

c) serviços profissionais;

d) recursos de financiamento;

e) banco de talentos;

f) grandes corporações;

g) infraestrutura física;

h) cultura.

A partir do trabalho de Neck et al. (2004) sobre a estruturação do ecossistema

empreendedor, Cohen (2006), por sua vez, propôs acrescentar a esse sistema os

parques tecnológicos, por também representarem ambientes favoráveis à atividade

empreendedora.

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2.4 Quadro de atores do ecossistema empreendedor

A seguir, são detalhadas as características e a forma de desempenho dos

atores das redes formais do ambiente empreendedor brasileiro, segundo a

caracterização proposta por Neck et al.(2004) e Cohen (2006).

Na oportunidade, o presente estudo permitirá, inclusive, identificar quais e

como os atores inseridos no SNE podem influenciar a atuação dos parques

tecnológicos em operação no Brasil, tema central desta dissertação.

2.4.1 A universidade

A universidade é o ponto de partida para a formação de spin-offs e start-ups,

com origens em pesquisas acadêmicas, ou então, em incubadoras de empresas

instaladas nas universidades. Aliás, as instituições acadêmicas representam a

principal entidade apoiadora na criação de incubadoras e estão envolvidas em cerca

de 80% das iniciativas, com foco, basicamente, na geração de trabalho e renda e na

dinamização da economia local (ANPROTEC, 2012), conforme demonstra a Figura 1.

Caso, por exemplo, do Vale do Silício e da Rota 128 nos Estados Unidos, que

reúnem aglomerações de empresas em torno de instituições universitárias de renome,

a Universidade de Stanford e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a serem

tratadas adiante no capítulo dedicado aos parques tecnológicos.

Figura 1: Tipo de instituição de vinculação da incubadora, conforme seus objetivos

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Fonte: ANPROTEC (2012).

A relevância da universidade no ecossistema empreendedor é expressa

também em termos de inovações tecnológicas. No período de 2003 a 2012, das dez

maiores requerentes de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial

(INPI), cinco eram universidades públicas (THOMSON REUTERS, 2013).

Tabela 1: Top 10 de organizações brasileiras por invenções (básicas) 2003-2012

Contagem de documentos

Detentor/requerente

450 Petrobrás Petróleo Brasileiro AS

395 UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

284 USP – Universidade de São Paulo

163 UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

157 Semeato Ind. e Comércio AS

140 FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo

105 UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

87 CNEN – Comissão Nacional de Energia de Energia Nuclear

83 Whirlpool AS

81 UFPR – Universidade Federal do Paraná

Fonte: Thomson Reuters (2013).

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A universidade é caracterizada ainda pela oferta de serviços como consultoria especializada, bibliotecas, bancos de dados e

a infraestrutura de laboratórios (MIAN, 1997). Por fim, o principal destaque da universidade é na formação de recursos humanos

qualificados, em cursos de graduação e pós-graduação. Aliás, de 1996 a 2009, o número de mestres e doutores formados no período

triplicou no país, segundo dados da Tabela 2. Com a oferta de mão de obra qualificada a universidade cumpre seu papel finalístico

na sociedade (CGEE, 2010, 2012).

Tabela 2: Número de mestres e doutores formados por ano

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Mestres 10.389 11.703 12.540 15.044 17.886 18,977 22.765 25.405 26.866 30.778 32.410 33.071 36.189 38.800

Doutores 2.830 3.472 3.797 4.713 5.197 5.753 6.567 7.690 8.080 8,982 9.364 9.913 10.705 -

Fonte: CGEE (2010, 2012).

A influência da universidade no movimento dos parques tecnológicos no Brasil pode ser constatada, por exemplo, pelo número

de projetos com participações dela. Segundo dados do ANPROTEC, dos 78 parques tecnológicos catalogados em 2008 pela

entidade, em 77 deles a universidade era mencionada como uma das instituições parceiras. Por outro lado, há uma predominância

da universidade pública nesse tipo de iniciativa, embora 88% das 2.365 Instituições de Ensino Superior (IES) registradas no país em

2011 sejam de entidades privadas (INEP, 2014).

2.4.2 Governo

O governo, por sua vez, pode atuar de diversas maneiras no ecossistema empreendedor. A principal delas é com o

planejamento e a implementação de políticas de fomento ao empreendedorismo e à inovação. No caso brasileiro, representado

institucionalmente por meio da atuação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

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2.4.2.1 Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Como catalisador da atividade empreendedora, o governo coordena esforços

para promover a geração e a consolidação do empreendedorismo inovador. Por essa

razão, no plano governamental, uma das instituições integrantes do ecossistema

empreendedor nacional é o MCTI, cuja representação nos Estados dá-se pela atuação

das Secretarias de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O Ministério é o responsável pela política nacional de pesquisa científica,

tecnológica e inovação. Para tal, estão vinculadas ao MCTI duas agências de fomento,

a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), (MCTI, 2013).

Atualmente, um dos programas em destaque do MCTI com foco no

empreendedorismo é o Programa Pró-Inova, cujo objetivo é o apoio financeiro às

atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e à inserção de

pesquisadores nas empresas. Um dos eixos desse programa é a estruturação de

Redes Temáticas de Centros de Inovação, integrantes do Sistema Brasileiro de

Tecnologia(SIBRATEC).

Dados de 2009 apontam 13 dessas redes já estruturadas, 1 em articulação e

mais 19 em implantação. As redes são responsáveis por fortalecer localmente as

iniciativas de inovação e envolvem laboratórios de pesquisa, entidades de ensino e

pesquisa e centros de inovação, em 32 áreas técnicas, como por exemplo, manufatura

de bens de capital, bioetanol, veículos elétricos, sangue e hemoderivados e

monitoramento ambiental (MCTI, 2013).

O MCTI também coordena o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras e

aos Parques Tecnológicos (PNI). O objetivo geral é criar mecanismos de estímulo e

apoio logístico e tecnológico, a fim de desenvolver o empreendedorismo inovador,

intensivo em conhecimento e fomentar novos negócios e a inovação tecnológica

(MCTI, 2013). Dentre os alvos do programa estão:

capacitação de empresários empreendedores;

criação de uma cultura empreendedora;

geração de empregos;

apoio à introdução no mercado de novos produtos, processos e serviços

inovadores;

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promoção do conhecimento e incorporação de tecnologias nas micro,

pequenas e médias empresas;

redução da taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas;

consolidação das micro e pequenas empresas;

promoção da interação das micro e pequenas empresas com instituições

de pesquisas e atividades tecnológicas.

O MCTI apoia ainda a atuação das aceleradoras de empresas, por meio do

Programa Start-Up Brasil, criado para auxiliar as empresas nascentes de base

tecnológica. A aceleradora é uma espécie de incubadora com fins lucrativos que

oferece em programas de curta duração acesso a capital, serviços, networking e

desenvolvimento de competências dos empreendedores, com o objetivo de promover

um rápido desenvolvimento de produtos e serviços direcionados para o mercado

(GRIMALDI; GRANDI, 2005; MCTI, 2013).

O Start-Up Brasil integra o TI Maior, Programa Estratégico de Software e

Serviços de TI, como uma das ações da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e

Inovação (ENCTI). No plano, o setor de tecnologia de informação foi eleito um dos

programas prioritários para impulsionar a economia brasileira (MCTI, 2013).

O programa Start-Up Brasil tem por objetivo agregar o conjunto de atores e

instituições, e seus respectivos programas e ações, em favor do empreendedorismo

de base tecnológica. Desta maneira, os esforços são canalizados e o fluxo de projetos

orientados desde a fase de concepção até sua inserção no mercado.

Nesse cenário, a aceleradora atua como um agente orientado ao mercado com

a capacidade de investimento financeiro e de direcionar e potencializar o

desenvolvimento das start-ups (MCTI, 2013). Abaixo está a representação do passo-

a-passo do programa (Figura 2).

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34

Figura 2: Roadmap da iniciativa

Fonte: MCTI (2013).

O programa funciona por edições, com duração de um ano. Em cada edição

são lançadas chamadas públicas para habilitar as aceleradoras e para a seleção de

projetos de empresas start-ups, aqui resumido em três fases, a seleção de

aceleradoras, a seleção de start-ups e o processo de aceleração. Para maiores

detalhes, as informações estão disponíveis na homepage do programa, no endereço

www.startupbrasil.org.br.

Portanto, o processo completo de inovação (P&D + gestão + mercado +

funding) acontece em um prazo de 12 meses. Nesse período, cada start-up tem

acesso a até R$ 200 mil em recursos oferecidos pelo programa, com bolsas de

pesquisa e de desenvolvimento para seus profissionais. Paralelamente, as start-ups,

recebem investimentos financeiros das aceleradoras em troca de um percentual de

participação acionária. Além das aceleradoras, as empresas também são

acompanhadas por gestores do programa (MCTI, 2013).

O MCTI atua, ainda, na regulamentação de normas de estímulo à inovação

junto aos estados brasileiros. Em 2004, foi publicada a Lei Federal nº 10.973,

conhecida como a Lei da Inovação, estabelecida em três vertentes, a saber: a)

constituição de ambiente propício à integração de iniciativas de universidades, centros

de pesquisa e empresas; b) estímulo à participação de instituições de pesquisa no

processo de inovação e; c) incentivo à inovação no ambiente empresarial. Até 2012,

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16 estados já haviam regulamentado dispositivos legais em complementação à

nacional de Lei da Inovação (SENADO, 2012).

O MCTI coordena também o Programa de Formação de Recursos Humanos

em Áreas Estratégicas (RHAE), executado por meio do CNPq, a ser comentado

adiante.

O ministério tem ainda como foco de ação o fomento à indústria brasileira de

venture capital, por meio do Programa Inovar, executado pela FINEP, gerenciadora

de fundos de private equity e seed capital, com o objetivo de apoiar incubadoras e

empresas de base tecnológica, programa a ser detalhado na seção sobre recursos de

financiamento.

Por último, estimula o uso do poder de compra governamental para fomentar

nas licitações públicas a competitividade e o desenvolvimento da indústria nacional

em segmentos estratégicos, como fármacos.

2.4.2.2 Agência Rio Negócios

O governo pode ser caracterizado no ecossistema empreendedor também pela

atuação dos atores locais, em geral, as representações municipais – prefeituras como

articuladoras de recursos, informações e empreendedores. Para citar exemplo, o

município do Rio de Janeiro, em parceria com a Associação Comercial do Rio de

Janeiro, criou a Agência Rio Negócios, com a finalidade é atrair e facilitar novos

investimentos. As atividades da Agência estão estruturadas nos seguintes eixos (

AGÊNCIA RIO NEGÓCIOS, 2014):

a) Promoção comercial:

criação de portal na internet como ferramenta de captação e informação

para investidores;

identificação de oportunidades de investimentos;

b) Facilitação:

acompanhamento das etapas de implementação de negócios;

auxílio no relacionamento com autoridades e administração pública;

identificação de assessorias técnicas às empresas;

c) Inteligência de negócios:

consolidação de informações relevantes nos setores estratégicos;

desenvolvimento de diagnósticos setoriais customizados;

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d) Ambiente de negócios:

estímulo ao engajamento de empresas locais para apoiar atividades de

atração de negócios.

A Agência Rio Negócios é uma organização enxuta formada por profissionais

com visão de mercado. Fundada em 2010, foi inspirada em agências internacionais

de apoio aos negócios, como a Think London, da Inglaterra, e a Invest Bogotá, da

Colômbia. Como resultados alcançados, a Rio Negócios obteve investimentos em

torno de R$ 750 milhões para a cidade, já em seu primeiro ano de operação

(AGÊNCIA RIO NEGÓCIOS, 2014).

2.4.3 Serviços profissionais

Este grupo é composto por empresas de assessoria jurídica e tributária,

consultoria e por demais organizações prestadoras de serviços profissionais a novos

empreendimentos, incubadas e start-ups.

2.4.3.1 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Neste quesito está, por exemplo, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE), uma instituição sem fins lucrativos, criada em 1964

e originalmente ligada ao então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

(BNDE), atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),

como Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa (FIPEME).

Em 1972, foi fundado, por iniciava do Ministério do Planejamento, o Centro

Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE), para atuar como

canal de comunicação entre os empresários do setor e o poder governamental.

Crises ao longo da década de 80 enfraqueceram a atuação institucional do

então CEBRAE. Após a desvinculação do setor público, em 1990, o SEBRAE

fortaleceu-se e expandiu suas operações para diversos estados. Atualmente, os

serviços prestados pelo SEBRAE incluem a capacitação para a atividade

empreendedora, consultoria e desenvolvimento de pequenos negócios (SEBRAE,

2014).

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37

2.4.3.2 Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro

Outra instituição participante do ecossistema empreendedor brasileiro é a

Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), que

atua desde 1996 no fomento e promoção à indústria nacional de tecnologia da

informação. Como natureza jurídica, a SOFTEX é uma Organização de Interesse

Público (OSCIP), designada para coordenar o Programa de Promoção da Excelência

do Software Brasileiro – Programa SOFTEX, ligado ao MCTI.

A SOFTEX apoia as empresas de software com serviços de capacitação, apoio

operacional e de financiamento. Além disso, a instituição atua como âncora na

articulação de empresas do setor com o segmento privado, o poder governamental e

as instituições de ensino (SOFTEX, 2014). Organizações como a SOFTEX são

bastante representativas para os parques tecnológicos, ao se levar em conta, por

exemplo, o registro de 36 parques ligados ao segmento de tecnologia da informação

no Brasil.

2.4.3.3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Enquanto isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),

criada em 1973, é uma organização pública, vinculada ao Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, fornecedora de serviços de apoio a negócios nascentes,

com foco nos segmentos agropecuário, agroindustrial e florestal, com o objetivo de

viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade.

Para tanto, a Embrapa oferece serviços como análises e levantamentos, consultorias,

disponibilização de informações na internet e treinamentos e capacitações no

segmento de atuação (CGEE; 2010; EMBRAPA, 2014).

Como resultados, tecnologias geradas pela Embrapa tornaram o cerrado

brasileiro responsável por 48,5% da produção nacional, em 2008. A oferta de carne

de frango aumentou 21 vezes, a de carne bovina e suína foi multiplicada por cinco, no

período de 1975 a 2008. A instituição destaca-se ainda pelo número de parceiras de

cooperação internacional, mantidas com 46 países, com foco basicamente na

transferência de tecnologia (CGEE, 2010). Essas soluções e tecnologias estão à

disposição do empreendedor brasileiro, das áreas de biotecnologia, meio ambiente e

sustentabilidade.

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2.4.3.4 Confederação Nacional das Indústrias

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) é a representante do segmento

industrial no ecossistema empreendedor. A entidade reúne as 27 Federações da

Indústria dos estados e do Distrito Federal e tem como associados cerca de 1.300

sindicatos patronais. Foi criada em 1938, como objetivo atuar como interlocutora no

debate em temas relacionados ao desempenho da indústria e da economia brasileira.

A instituição atua também no estímulo à pesquisa, à inovação e à evolução

tecnológico da indústria, para tanto, coordena estudos e projetos de promoção

industrial e atração de novos investimentos (CNI, 2014).

Como organização associada ao CNI, pode-se citar no plano estadual, a

Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). A instituição

desenvolve e coordena estudos, pesquisas e projetos para orientar as ações de

promoção industrial e atração de novos investimentos para o estado. Dentre as

pesquisas desenvolvidas pela entidade está o Mapeamento da Indústria Criativa no

Brasil, com informações sobre a quantidade de postos de trabalho, remuneração e o

grau de escolaridade média do segmento. Além disso, desenvolve estudos sobre os

segmentos da nanotecnologia e da competitividade da indústria e ainda, sobre o

impacto do acesso à internet para as indústrias brasileiras.

A FIRJAN, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) oferece ainda capacitação

empresarial, com programas de treinamento, palestras e consultorias para a

qualificação de empresários, executivos e área técnica; além de apoiar a pesquisa e

a inovação tecnológica. A entidade funciona também como elo ao integrar indústrias,

universidades e instituições de pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2014).

Em Sergipe, a Federação das Indústrias do estado de projeto liderado pela CNI

e com o apoio da Agência Nacional de Promoção de Exportações (APEX), por

exemplo, assessora micro e pequenas empresas interessadas em lançar produtos e

serviços no mercado internacional (FIES, 2014). Já no Estado de São Paulo, o Centro

de Indústrias do Estado promove eventos, capacitações, certificações técnicas de

produtos, como também presta orientações em relação a financiamentos (CIESP,

2014).

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2.4.3.5 Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) tem natureza jurídica de

Organização Social (OS) e é ligado ao MCTI. Criado em 2001, a entidade realiza

estudos, avaliações e levantamento de informações em Ciência, Tecnologia e

Inovação – CT&I e suas relações com as áreas produtoras de bens e serviços (CGEE,

2014).

Basicamente, a organização trabalha com estudos prospectivos de cenários

futuros para subsidiar a tomada de decisões estratégicas para o país. Além disso,

realiza avaliações dos impactos econômicos e sociais decorrentes das políticas de

CT&I. Dentre os estudos elaborados pelo CGEE em 2012, pode-se mencionar (CGEE,

2014):

1. Fármacos: investimentos estratégicos em CT&I e balança comercial;

2. Plano estratégico de software e fomento ao software livre;

3. Agendas de CT&I em cadeias produtivas selecionadas;

4. Roadmap tecnológico para a produção e uso limpo do carvão mineral

brasileiro;

5. Dinâmica de inovação nas empresas industriais brasileiras;

6. Saúde e inovação: territorialização do complexo econômico-industrial da

saúde;

7. Revisão da legislação brasileira sobre propriedade intelectual;

8. Desafios e estratégias para a inclusão digital: subsídios para o Programa

Nacional de Banda Larga;

9. Eficiência energética: desenvolvimento de agendas tecnológicas em temas

selecionados;

10. Economia verde: propostas para uma agenda brasileira;

11. Temas centrais para a participação brasileira na Rio + 20 (Desertificação –

Biodiversidade – Clima);

12. Redes de inovação: estratégias de agregação de valor a produtos da

biodiversidade;

13. Estudos de usos e aplicações de Terras Raras;

14. Mapeamento de competências em tecnologias assistivas;

15. Subsídios em CT&I para uma política de segurança no trânsito;

16. Centro de altos estudos Brasil século XXI.

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Portanto, o centro empreende pesquisas em áreas com potencial inovador e

oferece subsídios à tomada de decisão de gestores públicos e privados.

2.4.3.6 Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) foi criada no ano de

2004 e integra a estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior. Sua missão é promover a execução da política industrial, com vistas a

atender as políticas de ciência, tecnologia e inovação e de comércio exterior (ABDI,

2014).

A agência governamental atua como apoio técnico e de gerenciamento da nova

política industrial. Para tanto, presta serviços ao ecossistema empreendedor ao

realizar estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos para diferentes segmentos

da indústria nacional. Além disso, tem como papel elaborar agendas com ações

setoriais e novas discussões para o avanço do ambiente institucional, regulatório e de

inovação no país (ABDI, 2014).

Dentre os recentes estudos publicados pela instituição, pode-se citar “Incentivo

à abertura de capital em Bolsa de Valores” e “GPS da indústria – Medidas Legais”, um

boletim editado pela ABDI com os resultados do monitoramento de medidas legais

capazes de gerar impactos na indústria, serviços e agronegócio.

A ABDI também destaca-se por ações de estímulo à inovação no Brasil, entre

elas, o projeto Private Equity e Venture, cujo objetivo é apoiar ações para facilitar o

acesso de pequenas e médias empresas a instrumentos não convencionais de

financiamento de longo prazo.

Além disso, a entidade coordena o Portal da Inovação, uma plataforma na

internet para estimular a inovação e a competitividade da industrial nacional. E mais,

em parceria com o CGEE, mantém o Projeto Talentos para a Inovação a fim de

fomentar o debate sobre as ações e os meios com a finalidade de aumentar a

demanda por inovação pela indústria (ABDI, 2014).

2.4.3.7 Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores

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41

A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores (ANPROTEC) atua no cenário brasileiro desde 1987 com o objetivo de

representar os interesses de organizações com foco na inovação e no

empreendedorismo, como por exemplo, incubadoras de empresas, parques

tecnológicos, polos de inovação e tecnópoles. A instituição busca promover o

progresso do país, de forma sustentada, por meio do fortalecimento de empresas

baseadas no conhecimento (ANPROTEC, 2014).

A organização mantém, atualmente, 280 associados e é responsável pela

realização de estudos temáticos da área, em especial, sobre empreendimentos de

caráter inovador, como a pesquisa sobre “Parques tecnológicos no Brasil: Estudo,

Análise e Proposições”, de 2007 e “Estudo, Análise e Proposições sobre as

Incubadoras de Empresas no Brasil”, de 2012, utilizados inclusive como fontes para

esta dissertação.

Além disso, a fim de estimular o debate em torno do tema empreendedorismo

inovador, anualmente a ANPROTEC realiza o Seminário ANPROTEC. Aliás, a 23ª

edição do evento ocorreu em 2013, em Recife – PE, em concomitância com a 30ª

Conferência Mundial de Parques Tecnológicos, promovida pela International

Association of Science Parks and Areas of Innovation (IASP). Na oportunidade, o tema

central do seminário foi “Parques tecnológicos configurando novas cidades”, um tópico

atual debatido por gestores e especialistas em empreendimentos inovadores

(ANPROTEC, 2014).

Por fim, a ANPROTEC, em parceria com o SEBRAE, instituiu o Prêmio

Nacional de Empreendedorismo Inovador, que oferece prêmios em dinheiro e viagens

para estudos e negócios. A premiação reconhece projetos, incubadoras, parques,

empresas incubadas e graduadas de destaque no ano. O prêmio leva à discussão da

sociedade o tema empreendedorismo inovador, ao reconhecer a trajetória de sucesso

de organizações e de personalidades da área (ANPROTEC, 2014).

2.4.3.8 Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e

Inovação

A Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação

(ABIPTI) foi criada em 1980 para representar e promover as instituições de pesquisa,

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desenvolvimento e inovação tecnológica no estabelecimento e execução de políticas

do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ABIPTI, 2014).

Politicamente, a ABIPTI atua como a secretaria executiva da Frente

Parlamentar da Pesquisa e Inovação, cujo objetivo é representar junto ao Congresso

as demandas das instituições de CT&I e remover barreiras contrárias ao avanço da

CT&I no Brasil.

Atualmente, a entidade tem cerca de 200 associados de diversos segmentos

de PD&I. Dentre os serviços disponibilizados pela ABIPTI está o Programa de

Excelência na Gestão, executado em parceria com a Fundação Nacional da

Qualidade (FNQ). O projeto visa melhorar o desempenho de instituições de pesquisa

tecnológica e torná-las mais competitivas.

A organização mantém ainda uma plataforma de comunicação na internet

chamada de Agência Gestão CT&I.O portal objetiva dar vazão ao fluxo de informações

da área, de modo a permitir o intercâmbio entre o governo federal e os Sistemas

Estaduais de C&T.

Por fim, a ABIPTI promove cursos de capacitação na área de gestão de CT&I

e realiza, a cada dois anos, o Congresso ABIPTI, um evento de disseminação do

conhecimento e debates sobre experiências relativas a temas importantes para os

atores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, como também para

os integrantes do Sistema Nacional de Empreendedorismo. A propósito, a edição de

2012 do Congresso ABIPTI discutiu “Tecnologia para um Brasil inovador e

competitivo” como tema central.

2.4.4 Recursos de financiamento

As fontes de financiamento são essenciais para a existência da atividade

empreendedora. Afinal, o desenvolvimento de qualquer tecnologia demanda recursos.

Entretanto, é comum os empreendedores encontrarem dificuldades na obtenção de

financiamento.

2.4.4.1 Financiadora de Estudos e Projetos

A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Inovação e Pesquisa é uma

empresa pública vinculada ao MCTI. Fundada em 1967 com a finalidade de gerenciar

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o Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas, a empresa ampliou

o papel até então exercido pelo BNDES, ao assumir o Fundo de Desenvolvimento

Técnico-Científico (FUNTEC), voltado ao financiamento e desenvolvimento de

programas de pós-graduação nas universidades do país.

Em 1969, o governo criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (FNDCT), para financiar o sistema nacional de Ciência e Tecnologia

(C&T). Dois anos depois, a FINEP foi designada como a Secretaria Executiva do

fundo. A partir da década de 70, a instituição intensificou o trabalho de financiamento

à implantação de novos grupos de pesquisa, expansão da infraestrutura de C&T, na

consolidação da pesquisa e da pós-graduação no Brasil. Desde então, a organização

executa ações em prol da articulação entre a universidade, instituições de pesquisa e

consultorias especializadas (FINEP, 2014).

Na prática, a FINEP está autorizada a conceder financiamento a pessoas

jurídicas; celebrar contratos e convênios com entidades nacionais ou estrangeiras;

conceder subvenções; realizar operações financeiras autorizadas pelo Conselho

Monetário Nacional; captar recursos no exterior e; realizar operações financeiras em

qualquer modalidade.

Os projetos e atividades financiados pela FINEP, por sua vez, abrangem todas

as fases da inovação, desde a pesquisa básica até a popularização da ciência, com

os riscos inerentes de cada etapa. No Quadro 1 estão relacionadas as modalidades e

os instrumentos operacionais utilizados pela entidade (FINEP, 2012).

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Quadro 1: Modalidades de apoio e instrumentos operacionais

Modalidades de apoio Instrumentos operacionais

Financiamento reembolsável Crédito

Financiamento não-reembolsável Subvenção econômica a empresas

Financiamento a ICTs

Investimento Investimento em fundos

Fonte: FINEP (2012).

Os programas da FINEP abrangem, basicamente, três linhas de ação (FINEP,

2014):

apoio à inovação em empresas;

apoio às instituições científicas e tecnológicas;

apoio à cooperação entre empresas e instituições científicas e

tecnológicas;

Na linha de apoio à inovação em empresas, a FINEP mantém três eixos. No

primeiro deles, o de financiamento a empresas, destaque para o FINEP Inova Brasil,

uma linha de crédito especial voltada para a realização de projetos de pesquisa,

desenvolvimento e inovação em empresas nacionais.

O segundo eixo abrange os programas de venture capital. O principal deles

é o Inovar, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujo

objetivo é fortalecer a indústria de capital empreendedor no Brasil e desenvolver

firmas inovadoras no país. Este programa mantém iniciativas em prol da consolidação

do capital semente, formação de redes de investidores-anjos, apresentação de

projetos inovadores a investidores e atração de investidores institucionais para a

indústria brasileira.

O terceiro eixo, apoio financeiro não-reembolsável e outras formas de

atuação tem como foco a injeção de recursos não-reembolsáveis diretamente em

firmas inovadoras com o objetivo de estimular as atividades de pesquisa,

desenvolvimento e inovação.

Na linha de apoio às instituições científicas e tecnológicas, a FINEP concede

recursos não-reembolsáveis a projetos de CT&I a instituições de ciência e tecnologia.

Em geral, os recursos são utilizados para a modernização da infraestrutura de

pesquisa dessas instituições.

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Finalmente, na linha apoio à cooperação empresas e instituições de ciência e

tecnologia, a FINEP coordena ações de apoio entre a setor produtivo e as instituições

de ciência e tecnologia, organizadas sob o formato das Redes SIBRATEC de

instituições de ciência, tecnologia e ensino nos estados brasileiros. As redes

disponibilizam às empresas serviços tecnológicos e especializados, mencionadas na

seção dedicada ao MCTI.

Como iniciativa adicional, a FINEP coordena o Programa Parques

Tecnológicos, voltado à criação de parques como instrumento para o desenvolvimento

de competências tecnológicas em vocações regionais. Os recursos destinados são

não-reembolsáveis, disponibilizados por meio de chamadas públicas a projetos

inovadores (FINEP, 2014).

Basicamente, para a análise dos projetos de inovação submetidos, a FINEP

adota a sistemática relacionada na Figura 3.

Figura 3: Processo geral para apoio a projetos

Fonte: FINEP (2012).

Como resultados alcançados, no ano de 2012, as operações de crédito da

FINEP totalizaram R$ 1.76 bilhões em recursos desembolsados.

2.4.4.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma

empresa pública responsável por financiamentos de longo prazo para diversos

segmentos da economia nacional. Fundado em 1952, o banco apoia negócios da

agricultura, indústria, serviços e comércio, com condições especiais para as micro e

pequenas empresas (BNDES, 2014).

Com o objetivo de elevar a competitividade e produtividade da economia

brasileira, o BNDES apoia a inovação nas empresas. Atualmente, o banco

disponibiliza dez programas, dentre eles o BNDES MPME Inovadora, voltado para

Anal isar projetos

Contratar projetos

Liberar recursos Acompanhar

projetos

Encerrar projetos

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micro, pequenas e médias empresas interessadas em financiar produtos e serviços

inovadores no mercado.

O plano Inova Empresa, em parceria do MCTI e FINEP, o BNDES disponibiliza

seis linhas de financiamento: PAISS, Inova Petro, Inova Energia, Inova Saúde, Inova

Aerodefesa e Inova Agro, com a disponibilidade de recursos na ordem de R$ 12.8

bilhões de reais.

Como resultados, em 2012, o BNDES havia desembolsado cerca de R$ 156

bilhões de reais. No mesmo ano, os recursos destinados exclusivamente para as

micro e pequenas empresas foram na ordem de R$ 50 bilhões de reais, com 261 mil

clientes beneficiados.

2.4.4.3 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa

As agências de fomento à pesquisa, de natureza privada ou pública, são

instituições de financiamento voltadas ao estímulo e à promoção do desenvolvimento

da ciência, da tecnologia e da inovação, conforme estabelece a Lei Federal nº 10.973,

de 2004. A referida norma dispõe sobre os incentivos à inovação e à pesquisa

científica e tecnológica no ambiente produtivo brasileiro (CONFAP, 2014).

Segundo o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à

Pesquisa (CONFAP), atualmente, há no Brasil 26 agências de fomento, que de 2006

a 2012 aumentaram em 222% o volume de recursos investidos em projetos de

pesquisa. No ano de 2012, por exemplo, foram destinados R$ 1.8 bilhões de reais à

pesquisa e à inovação, por meio de 185 editais, segundo o Gráfico 1. Esses resultados

demonstram o relevante papel das Fundações de Amparo à Pesquisa como

financiadoras de iniciativas de inovação no Brasil.

Gráfico 1: Recursos executados pelas fundações de amparo (em milhões R$)

Fonte: CONFAP (2014).

820,81.017,57

1.229,93 1.306,36

1.568,42

1.796,76 1.823,45

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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O número de projetos submetidos aos editais de fomento é mais um quesito

considerável. Apesar de queda em relação ao ano anterior, em 2012, conforme

demonstrado no Gráfico 2, houve a apresentação de 58 mil propostas para a captação

de recursos.

Gráfico 2: Número de propostas submetidas (demanda)

Fonte: CONFAP (2014).

Em 2012, os recursos disponibilizados pelas FAPs atenderam, principalmente,

a estudantes bolsistas de cursos de graduação e pós-graduação, com 48.890

estudantes beneficiados no ano. Enquanto o número de empresas atendidas foi de

740. As FAPs colaboraram também com a produção de 137 softwares e 277 registros

de propriedade intelectual.

2.4.4.4 O investimento privado

Para as empresas em fase inicial, importante é o chamado dinheiro inteligente,

pois além de recursos também atrai aconselhamento e acompanhamento do negócio.

Segundo Costa (2005), o capital pode apresentar-se de três formas: recursos para

projetos de P&D, sob a forma não reembolsável; capital de risco e; o financiamento

normal.

Para a Endeavor (2010 apud MORAES; LOBOSCO; LIMA 2013), haveria um

tipo de investimento mais adequado a cada estágio de desenvolvimento da empresa.

Na fase de infância, os recursos são obtidos com investidores anjos1, venture capital

1 Investidor anjo: expressão originária dos Estados Unidos utilizada para designar investidores que apoiam negócios de risco ainda na fase nascente, porém com alta capacidade de inovação e crescimento. Além do lucro, o investidor anjo colabora com o desenvolvimento da firma apoiada ao prestar assistência profissional para torná-las sustentáveis (MORAES; LOBOSCO; LIMA 2013).

31,83 34,44

45,7454,03 55,9

59,6 58,92

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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e bolsas de pesquisa. Na adolescência e na maturidade, as principais fontes de

recursos são os investidores de venture capital e private equity.

Enquanto isso, a FINEP também indica o venture capital como o tipo de

investimento mais adequado às start-ups, por não demandar desembolso substancial,

pois em geral, os fundos operadores desse tipo de financiamento prestam às start-

ups serviços adicionais como monitoramento e suporte ativo. A propósito, a Figura 4

representa o ciclo de financiamento de acordo com os estágios de vida de novas

empresas.

Figura 4: Ciclo de financiamento

Fonte: MORAES; LOBOSCO; LIMA (2013).

2.4.4.4.1 O investidor anjo

O capital de risco sob a forma individual tem a atuação do investidor anjo e

ocorre nas etapas iniciais do negócio. A forma convencional, entretanto, é por meio

de fundos de investimento de capital de risco com diversos investidores, que

selecionam de 5 a 20 empresas por fundo, de maneira a reduzir os riscos individuais

(MORAES; LOBOSCO; LIMA, 2013).

Nascimento Infância Adolescência Maturidade

Ciclo de vida

Tempo de vida

Características

da empresa

Investidor típico

Search funds

Investidor anjo

Venture capi tal

Private equi ty

PI investor

1 a 2 meses 12 meses a 3

anos

Ideias

Plano de negócio

Capital semente

Empreendedores

Atrair novos

talentos

Break-even

Primeiros clientes

Produtos

1 a 2 anos 5 anos ou mais

Crescimento de

receitas

Novos produtos

Capital suficiente para crescimento

orgânico

Repeat clients

Reconhecimento

de marca

Novas oportunidades de

reestruturação

industrial

Novos mercados

Novas linhas de

produtos

Ideias

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49

Como histórico de retorno dessa modalidade, a cada dez empresas investidas,

duas obtêm rápido crescimento e lucro extraordinário. Duas a três empresas vão à

falência, enquanto as restantes apresentam resultados regulares. Na verdade, as

duas empresas com resultados acima da média geram lucros surpreendentes e

compensam eventuais perdas do investidor.

Os investidores anjos, portanto, buscam projetos com alto potencial de

crescimento e lucratividade, com demandas por assistência profissional e qualificada,

em geral, não considerados pelas organizações e agências de financiamento

tradicionais.

Para ilustrar esse tipo de investidor no contexto brasileiro, pode-se citar o

exemplo da São Paulo Anjos, uma organização sem fins lucrativos com a missão de

facilitar o acesso de investidores anjos a projetos com alto potencial de crescimento e

com valorização diferenciada. Aproximar os empreendedores a capital financeiro e

intelectual, necessário nos primeiros estágios de ciclo de vida do negócio, é também

um dos alvos da entidade.

Formada por 44 investidores, a SPA financia, basicamente, negócios

localizados no estado de São Paulo. Dentre os benefícios oferecidos pela SPA estão:

acesso a networking;

acesso ao capital intelectual e financeiro, em diversas atividades e

trabalhos internos;

possibilidade de análise do business plan por um time de investidores

experientes, os próprios membros, por meio de mentoring e coaching;

oportunidades de investimento a partir de apresentações periódicas em

fóruns, restritos a associados da SPA e convidados;

conferências e eventos relacionados a empreendedorismo e investimento

anjo.

O processo de seleção de projetos da SPA tem quatro fases. Na primeira, é

realizada uma seleção de projetos submetidos pelo site da instituição. A proposta é,

então, analisada. Caso aprovada, a start up é acompanhada por um tutor, em uma

espécie de coaching e mentoring, para auxiliá-la na preparação da apresentação e

sabatina aos potenciais investidores. Em geral, os tutores são profissionais com

experiência em atuar como facilitadores entre os empreendedores e os associados,

parceiros e entidades externas (MORAES; LOBOSCO; LIMA, 2013).

Page 51: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

50

2.4.4.4.2 O venture capital e private equity

O venture capital é um tipo de investimento no qual há expectativas de rápido

crescimento e alta rentabilidade (FINEP apud MORAES; LOBOSCO; LIMA, 2013).

Esse tipo de investimento é realizado a partir da aquisição de ações ou participações

de direitos na empresa. Diferente das modalidades convencionais, esse tipo de

operação permite o compartilhamento da gestão e o empreendedor.

Nessa linha, Santos apresenta quatro classificações para venture capital:

Seed capital é o financiamento de uma ideia ou projeto para

estabelecimento de novos negócios. Nesse tipo de investimento, o

empreendedor é capaz de tornar viável o projeto, seja por meio do

desenvolvimento de protótipo, pesquisa ou refinamento da pesquisa.

Financiamento de start-up tem como objetivo estabelecer a empresa, em

geral, nessa fase já detentora de um protótipo e ciente das necessidades de

mercado no qual pretende atuar. Esta fase pode incluir ainda seed capital.

Financiamento de desenvolvimento é um tipo de venture capital voltado

para empresas aptas a avançar a fase de criação. Nesta etapa, é comum a

empresa já produzir, porém não consegue obter lucro para reinvesti-lo no

crescimento e autofinanciamento do negócio.

Financiamento mezanino ocorre em um estágio no qual a empresa mantém

credibilidade no mercado e pretende alcançar novos patamares de

crescimento, e para isso, é preciso o aporte de novos recursos.

Private equity, por sua vez, pode ser definido como fundos de baixa liquidez

(equity investments), aplicados em empresas não listadas em mercados públicos de

valores. São constituídos, basicamente, por ativos de baixa liquidez e elevado risco

associado (ABDI, 2009).

O private equity, tido mais como um ativo financeiro, é voltado a empresas

estabelecidas em estágio de desenvolvimento mais avançado, porém não cotadas em

bolsas de valores, enquanto o venture capital assemelha-se a uma aposta com

participação acionária voltada para empresas nas fases iniciais de desenvolvimento

ou lançamento (OLIVEIRA; BRAGA, 2005; ABDI, 2011).

Alguns dos tipos de fundos de private equity em operação são listados a seguir

(ABDI, 2011):

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51

Later stage: fundos para empresas com altas taxas de crescimento, fluxo

de caixa elevado e com pretensões de expansão ou aquisição de outras

empresas do setor;

Distressed: fundos voltados para empresas em situação financeira crítica,

inclusive em concordata;

Greenfield: voltado para investimentos do setor imobiliário, florestal,

energético e de infraestrutura.

2.4.5 Banco de talentos

A disponibilidade de talentos, mão de obra qualificada, é fundamental para a

atividade empreendedora, tanto no andamento como na evolução dos negócios.

Assim, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é

uma das instituições inseridas no SNE com papel de estimular a qualificação de

estudantes e profissionais.

2.4.5.1 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Responsável por destinar, em 2012, R$ 1.8 bilhão de reais em auxílios e bolsas

no Brasil e no Exterior e conceder recursos à pesquisa, o CNPq é uma instituição

vinculada ao MCTI e tem como competências institucionais promover e fomentar a

formação de recursos humanos qualificados para a pesquisa científica e tecnológica,

assim como a inovação tecnológica e a difusão do conhecimento (CNPQ, 2014).

Em 2013, foram cedidos R$ 193 milhões de reais em bolsas na categoria

estimulo à inovação para a competitividade e outros R$ 493 milhões em recursos de

apoio a projetos de pesquisa.

No segmento empresarial, uma das iniciativas de destaque no CNPq é o

Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE).

Criado há 27 anos, em parceria com o MCTI, com o objetivo formar e capacitar o

pessoal dedicado a projetos de pesquisa aplicada ou desenvolvimento tecnológico em

empresas. Grandes, médias, pequenas e micro empresas privadas também podem

se candidatar ao seu programa de bolsas de fixação de pesquisadores em empresas.

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52

2.4.6 Grandes corporações

As grandes corporações contribuem com a atividade empreendedora

basicamente de três formas. A primeira delas é com apoio ao desenvolvimento de

competências nos recursos humanos. Outra é com o emprego de profissionais

egressos de incubadoras ou criadores de algum empreendimento individual. E, por

fim, com a formação de spin-offs por ex-funcionários.

No contexto dos parques tecnológicos brasileiros, a Microsoft mantém, por

exemplo, um Centro de Inovação no Parque Tecnológico TECNOPUC, no Rio Grande

do Sul, voltado à qualificação de estudantes, ao uso e ao desenvolvimento de novas

tecnologias. O Instituto Nokia de Tecnologia (INdT), da gigante finlandesa de

comunicação móvel, por sua vez, é parceiro do Porto Digital, em Recife, no

desenvolvimento de recursos humanos e de novas tecnologias. Esses são exemplos

de empresas responsáveis pela formação e emprego de estudantes e pesquisadores

na área de tecnologia (ANPROTEC, 2012; TECNOPUC, 2014).

A Cetil Sistemas de Informática S/A, criada em 1969 por empresários do setor

têxtil de Santa Catarina, como Sulfabril e Hering, atuava como prestadora de serviços

de processamento de dados. Na década de 90, a empresa passou a atuar na criação

de soluções para a gestão pública. A Cetil deu origem a um aglomerado de empresas

de softwares a partir de sucessivos spin-offs, o primeiro deles surgido com a WK

Sistemas, em 1984 (COZZI et al., 2008). Esse caso representa a contribuição ao

ecossistema empreendedor quando a Cetil, não necessariamente uma grande

corporação, absorveu ex-empregados de spin-offs.

Para ilustrar outro caso de spin-offs corporativo no sistema empreendedor

brasileiro, há o exemplo da Senior Sistemas, fundada em 1988, em Blumenau, Santa

Catarina, surgida também a partir da Cetil Sistemas. Atualmente, a Senior atua como

desenvolvedora de softwares para gestão empresarial. No primeiro semestre de 2013,

a empresa gerou receita de R$ 252 milhões e mantinha carteira com

aproximadamente 10 mil clientes (COZZI et al., 2008; SENIOR, 2014).

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53

2.4.7 Infraestrutura física

A infraestrutura física é considerada um dos itens fundamentais para a

atividade empreendedora. Leva em consideração custos de locação, localização,

compartilhamento de escritórios, qualidade e alternativas de transportes, entre outros.

Esse fator influencia inclusive o crescimento futuro dos negócios (MIAN, 1996).

A incubadora de empresas é considerada um espaço propício para o

desenvolvimento do empreendedorismo, discutida no capítulo seguinte (AERTS;

MATTYSSENS; VANDENBEMPT, 2007). Além disso, os próprios parques

tecnológicos e as aceleradoras de empresas, a serem comentados no próximo

capítulo, também oferecem infraestrutura adequada para a realização de atividades

empreendedoras e voltadas à inovação tecnológica.

2.4.8 Cultura

A cultura tem impacto profundo na evolução do ecossistema empreendedor, ao

se apresentar sob a forma de organizações voltadas, essencialmente, à promoção da

inovação e da criação de novos negócios (NECK et al., 2004).

2.4.8.1 Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas

Inovadoras

Com a missão de estimular a inovação nas empresas e elevar a

competitividade e produtividades das empresas nacionais, a Associação Nacional das

Empresas Inovadoras (ANPEI), foi fundada em 1984 (ANPEI, 2014).

A instituição é composta por empresas que investem em pesquisa,

desenvolvimento e inovação, com um total de 250 associados em 2012. Assim, a

ANPEI desempenhou papel relevante nos debates para a criação da Lei da Inovação,

na concessão de recursos à inovação e em defesa do sistema de propriedade

intelectual, por exemplo.

Além do esforço no campo político, a instituição é responsável pela difusão da

cultura da inovação, que tem na Conferência ANPEI de Inovação Tecnológica como

uma de suas principais ações. A cada ano o evento conta com representantes do

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governo, especialistas internacionais em inovação, instituições de pesquisa, ensino e

empresas, reunidos para discutir termas relacionados à inovação tecnológica.

2.4.8.2 Aceleradoras de empresas

Segundo o MCTI(2013), as aceleradoras são entidades normalmente privadas

com autonomia para a realização de investimentos. Em seu entorno agregam

empreendedores, investidores, pesquisadores, empresários, mentores de negócio e

fundos de investimento (seed money, angel, venture capitalists).

Os programas de aceleração são de curta duração, em torno de 4 a 12 meses,

e têm por objetivo o desenvolvimento de start-ups, a partir da oferta de infraestrutura

física, mentorias, assessoria jurídica e contábil e acesso a mercado.

Nas aceleradoras, uma das principais facilidades é a disponibilização de

mentoria, quando profissionais experientes, os mentores, são designados para

acompanhar o desenvolvimento das start-ups e introduzi-las em uma ampla rede de

relacionamentos, formada por empresários e executivos interessados em apoiar

novos investimentos, ou mesmo, aconselhar os empreendedores sobre as estratégias

adotadas em seus negócios (21212 DIGITAL ACCELERATOR, 2013).

Um dos diferenciais das aceleradoras em relação às incubadoras de empresas,

é a possibilidade de aporte de recursos diretamente nas empresas aceleradas,

quando se vislumbra oportunidades de retorno financeiro.

Apesar de recente, o número de aceleradoras no país está em expansão.

Segundo dados do StartupBase, em 2013 havia no Brasil 29 aceleradoras, listadas na

Tabela 3 (STARTUPBASE, 2013). Como é possível notar, há uma concentração de

aceleradoras voltadas para o segmento da tecnologia de informação:

Tabela 3: Aceleradoras em atuação no Brasil

Aceleradora Áreas de atuação Estado

Criabiz Saúde, educação, ambiental e techmobile São Paulo

Apstartups Empreendedorismo tecnológico Paraíba

AngelCah.co Sociedade colaborativa empreendedora São Paulo

Outsource Brazil Soluções educacionais e soluções corporativas (enterprise software e mobile)

Rio de Janeiro

Pipa Accelerator Negócios com impacto social e ambiental Rio de Janeiro

Intentio Social commerce e marketing São Paulo

CESAR LABS Tecnologia da informação e comunicação Pernambuco

Viking Aceleradora TIC, software e digital São Paulo

Novos Negócios TIC, web e serviços tradicionais.

Santa Catarina

Instituto Quintessa Negócios sociais São Paulo

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55

Fumsoft Tecnologia da informação (TI) Minas Gerais

Ideias Inovadoras Start-ups digitais de internet Rio Grande do Sul

Tree-labs Web e móbile São Paulo

Supernova Aceleradora Digital

E-commerce, mídias sociais, tecnologia, b2b, b2c, mobile, web

Rio Grande do Sul

Wayra Start-ups digitais e inovação. São Paulo

StartupMS Empreendedores digitais Mato Grosso do Sul

Aceleradora de Impacto Saúde, educação, serviços financeiros, habitação e tecnologia

São Paulo

Ninho Desenvolvimento Empresarial

Start-ups, micro e pequenas empresas e Inovação.

Goiás

Startup-RN TIC Rio Grande do Norte

Startup Farm Start-ups digitais Minas Gerais

Projecta E-commerce, TIC e móbile São Pauo

Pense Startup Negócios na internet São Paulo

Papaya Ventures TIC, web, user experience Rio de Janeiro

Experimental Adventure Economia criativa Rio de Janeiro

Amazon Startups TIC Amazonas

21212 TI, internet, e-commerce, entretainement, e-payment e social

Rio de Janeiro

NIDUS Aceleradora de Negócios

Tecnologia da informação e comunicação Rio de Janeiro

J&P Emerging Enterprises Tecnologia e serviços São Paulo

Aceleradora Tecnologia, e-commerce, mobile e web Minas Gerais

Fonte: elaboração própria.

2.4.8.4 Incubadoras de empresas

As incubadoras de empresas desempenham o papel de guias na etapa de

crescimento de novas empresas e são fontes de fomento para o empreendedorismo

e a inovação (AERTS; MATTYSSENS; VANDENBEMPT, 2007). As incubadoras são

vistas ainda como instrumentos de promoção do desenvolvimento local e canais de

transferência dos resultados de pesquisas originadas nas universidades (AABOEN,

2009).

Segundo a definição de Smilor (1987), o sistema de incubação pode ser

representado por três grupos de atores. As próprias incubadoras, em primeiro lugar,

as instituições afiliadas, como entidades privadas, universidades, governo ou

organizações sem fins lucrativos. E por empreendedores participantes de programas

de incubação.

Integra ainda o sistema, o conjunto de recursos disponibilizados pelas

incubadoras, em geral, serviços administrativos, infraestrutura e consultoria em

negócios. Portanto, de acordo com a entidade apoiadora, cada incubadora terá

objetivos específicos de acordo com sua missão institucional.

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No Brasil, as primeiras incubadoras foram criadas por iniciativa do CNPq, em

cinco regiões do país. Na década de 90, houve a intensificação do número de

incubadoras. Segundo a ANPROTEC, em 2012, havia 384 incubadoras em operação

no país, responsáveis por abrigar 2.640 empresas em processo de incubação. Por

outro lado, 2.509 empresas já estavam na condição de graduadas. Juntas, essas

empresas apresentavam faturamento superior a R$ 4.5 bilhões de reais e

empregavam mais de 45 mil empregos profissionais.

De acordo com Bolton (1997apud GARGIONE; PLONSKI, 2005), a incubadora

de empresas é o elemento central do modelo de Parque Tecnológico Dinâmico, a ser

detalhado no capítulo seguinte. No caso brasileiro, a formação de parques

tecnológicos é inerente à formação de incubadoras, surgida na maioria das vezes

como uma iniciativa preliminar (ANPROTEC, 2013).

2.4.8.3 Parques tecnológicos

A partir do trabalho de Neck et al. (2004) sobre a estruturação do ecossistema

empreendedor, Cohen (2006) propôs acrescentar ao ecossistema os parques

tecnológicos, por representarem ambientes favoráveis à atividade empreendedora.

Nos países desenvolvidos, a fundação de um parque não teve apenas como

expectativa a geração de inovação e difusão tecnológica. Como instrumento de

política urbana, a instalação de parques em antigas áreas industriais buscava, dentre

outros objetivos, a revitalização de regiões abandonadas nas cidades.

Enquanto isso, em economias emergentes os parques tecnológicos

constituem, basicamente, os indutores das políticas locais de desenvolvimento, a

partir do estímulo à formação de empresas de alta tecnologia (BIGLIARDI et al., 2006).

No Brasil, a introdução do conceito de parques tecnológicos ocorreu

tardiamente, na década de 80, porém ganhou projeção rápida nos anos seguintes,

com o auxílio de recursos públicos. Ademais, devido ao caráter recente, não existe

até o momento um modelo consolidado de parque tecnológico no cenário nacional de

modo a orientar novos empreendimentos no segmento.

A universidade esteve presente desde o início na formação de parques

pioneiros no Brasil, como o Parque Tecnológico de Campinas e o Parque Tecnológico

de São Carlos, ambos fundados na década de 80.

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57

2.4.8.3.1 Histórico dos parques tecnológicos no Brasil

A fim de estimular a cultura da inovação pouco presente no Brasil, o CNPq

criou, em 1984, um programa de apoio à instalação de parques tecnológicos. Com o

tempo, os principais resultados levaram ao surgimento não de parques, mas de

incubadoras de empresas e, atualmente, há quase 400 delas espalhadas pelo país.

Com isso, somente nos anos 2000 houve a retomada do projeto dos parques

tecnológicos (ANPROTEC, 2008).

O objetivo do programa federal era recriar no Brasil o sucesso alcançado com

os parques tecnológicos nos Estados Unidos e na Europa, de forma a impulsionar a

aproximação entre as universidades e empresas e fomentar o empreendedorismo.

No início, seis cidades foram contempladas – Petrópolis (RJ), São Carlos (SP),

Campina Grande (PB), Manaus (AM), Joinville (SC), Santa Maria (RS) e Florianópolis

(SC). Os locais escolhidos foram em razão de haver familiaridade com novas

tecnologias e universidades como âncoras. Os resultados não surgiram no curto

prazo, porém contribuíram significativamente para a disseminação do conceito de

incubadoras de empresas (ANPROTEC, 2013).

Como exemplos de parques pioneiros ainda em operação no Brasil, pode-se

citar o Parque Tecnológico de Campinas e o Parque Tecnológico de São Carlos, vistos

a seguir.

a) O Parque Tecnológico de Campinas

O Parque Tecnológico de Campinas, situado no Estado de São Paulo. Criado

em 1985, está localizado em uma região com alta concentração de recursos humanos

qualificados, oriundos dos programas de pós-graduação da Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP) e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-

CAMPINAS). A formação do parque contou com forte influência da UNICAMP, onde

há laboratórios de pesquisa de excelência. Além do Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento (CpQD), da antiga Companhia Brasileira de Telecomunicações

(TELEBRÁS), do Centro Tecnológico de Informática (CTI) e do Laboratório Regional

de Luz Síncroton (LNLS), importantes na consolidação do projeto do Parque

Tecnológico de Campinas (SANTOS; PAREJO, 2005).

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b) O Parque Tecnológico de São Carlos

Localizado em São Carlos, a 230 km da capital do Estado de São Paulo, o

Parque Tecnológico de São Carlos nasceu sob forte influência acadêmica, pois na

cidade encontram-se instaladas a Universidade Federal de São Carlos e a

Universidade de São Paulo, campus São Carlos. O surgimento do parque tecnológico,

em 1984, advém da concentração de mestres e doutores e da estrutura científica e

tecnológica, com laboratórios e centros de pesquisa especializados (SANTOS;

PAREJO, 2005).

2.4.8.3.2 Parques tecnológicos no cenário atual

Atualmente no Brasil, há 94 iniciativas de parques tecnológicos. Dos 80

parques participantes de forma voluntária de pesquisa empreendida pelo Centro de

Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT), 28 parques estavam em estágio de

operação, 28 em processo de implantação e 24 deles em fase de projeto, conforme a

Figura 5. Muitas dessas iniciativas são recentes, criadas há menos de dez anos

(GARGIONE; PLONSKI, 2005; CDT, 2013).

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Figura 5: Parques em números

Fonte: CDT (2013).

As principais áreas de atuação são os setores de tecnologia da informação,

energia, biotecnologia, saúde e petróleo e gás natural, consideradas como

estratégicas para o país, dados do Gráfico 3.

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Gráfico 3: Principais áreas de atuação dos parques no Brasil

Fonte: CDT (2013)

Os 28 parques em operação no país abrigam 939 empresas, responsáveis por

empregar mais de 32 mil profissionais, com destaque para os 4 mil mestres e

doutores, onde encontram nos parques ambiente propício de absorção de recursos

humanos altamente qualificados (CDT, 2013).

Por outro lado, a Figura 6 aponta forte concentração geográfica nas iniciativas

brasileiras de parques tecnológicos, com destaque para as regiões Sul e Sudeste,

com cerca de 84% dos parques instalados nessas localidades.

Figura 6: Número de iniciativas de parques por região

Fonte: CDT (2013).

36

27

26

20

19

15

11

9

7

6

6

5

4

4

4

40

Tecnologia da informação

Setor de Energia

Setor de Biotecnologia

Setor de Saúde

Setor de Petróleo e Gás Natural

Setor de Telecomunicações

Agronegócio

Recursos Hídricos

Meio Ambiente

Setor Aeronáutico

Transporte Terrestre e Hidroviário

Transporte Aquaviário e Construção Naval

Setor Mineral

Setor Espacial

Economia Criativa

Total

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61

Sobre as fontes de financiamento de parques tecnológicos, durante a fase de

projeto e implantação, os recursos são oriundos de fontes federais e

estaduais/municipais, respectivamente. Isso demonstra o envolvimento de poderes de

diferentes esferas no projeto parque tecnológico na etapa de maior risco financeiro,

segundo o Gráfico 4.

Gráfico 4: Fontes de financiamento por fase de desenvolvimento do parque (em milhões R$)

Fonte: CDT, 2013.

Por outro lado, na fase de operação os recursos advêm da iniciativa privada.

Essa informação é importante, pois demonstra como o segmento privado aposta

nesse tipo de iniciativa, ou seja, quando comprovada sua viabilidade técnica e

comercial. No geral, há um esforço conjunto de diversos setores para garantir a

implantação e continuidade dos parques tecnológicos (CDT, 2013).

Além disso, o montante de recursos aportados nos parques é considerável,

ultrapassa R$ 5.8 bilhões, conforme dados do Gráfico 5, com destaque para os

recursos de fontes estaduais e municipais, adotados na viabilização de

empreendimentos locais.

18,2

11,5

3,82

133

1.802,90

15,7

1.096,50

612,6

2.094,00

Federais

Estaduais e municipais

Privados

Operação Implantação Projeto

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Gráfico 5: Fontes de recursos para os parques (em milhões R$)

Fonte: CDT, 2013.

Finalmente, o SNE brasileiro é composto por uma variedade de instituições,

representadas sob a forma de redes formais, segundo a categorização proposta por

Neck et al. (2004). Para resumir as informações nas seções acima apresentadas, a

Tabela 4 relaciona as classificações do ecossistema empreendedor e as respectivas

organizações integrantes e suas funções no contexto brasileiro de Sistema Nacional

de Empreendedorismo.

Tabela 4: Resumo dos atores do ecossistema empreendedor brasileiro

Segmentos Funções no ecossistema empreendedor Instituições

Universidade Formação de recursos humanos Consultoria especializada Infraestrutura de laboratórios

Instituições de Ensino Superior

Governo

Políticas de formação de recursos humanos Políticas de financiamento Políticas de apoio às incubadoras e parques tecnológicos Regulamentação do sistema inovador Articulação de atores do sistema

Agência Rio Negócios MCTI Secretarias Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação

Serviços profissionais

Consultoria Capacitação e treinamentos Articulação de atores do sistema Análises técnicas Elaboração de estudos Promoção de eventos técnicos Oferta de conteúdo especializado

ABDI ABIPTI ANPROTEC CGEE CNI EMBRAPA FIRJAN IEL SEBRAE SOFTEX

Financiamento Concessão de financiamentos reembolsáveis e não-reembolsáveis

BNDES FAPs FINEP Fundos de venture capital e private equity Investidores anjos individuais ou associados

Banco de talentos Execução de políticas de qualificação de recursos humanos

CNPq

1.248

2.427

2.144

Federais

Estaduais e municipais

Privados

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63

Grandes corporações

Desenvolvimento de competências nos recursos humanos Emprego de profissionais egressos de incubadoras ou empreendedores Formação de spin-offs por ex-funcionários

Grandes corporações em áreas como TI e telecomunicações

Infraestrutura física

Espaço físico Localização privilegiada próxima a universidade e instituições de pesquisa Aglomeração de empresas inovadoras

Aceleradoras de empresas Incubadoras de empresas Parques tecnológicos

Cultura

Desenvolvimento de empresas Investimento em empresas inovadoras nascentes Consultoria Serviços administrativos Infraestrutura física

ANPEI Aceleradoras de empresas Incubadoras de empresas Parques tecnológicos

Fonte: elaboração própria.

O capítulo a seguir detalha o conceito de parque tecnológico, as experiências

pioneiras, as tipologias e a relação dos parques tecnológicos com os parceiros

institucionais

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64

3 Parques tecnológicos

3.1 Introdução

Como a inovação e a difusão tecnológica tornaram-se elementos cruciais na

era do conhecimento, os agentes públicos têm atuado na promoção de condições

propícias à criação e à transferência do conhecimento, assim como no

desenvolvimento tecnológico, com a finalidade de potencializar as vocações regionais

(ZEN, 2005; ANPROTEC, 2008).

Dessa forma, a discussão sobre o tema evolui para a necessidade de criação

de espaços físicos com infraestrutura e cultura para a inovação, para facilitar as

interações entre universidade, centros de pesquisa e empresas, uma espécie de

habitat de inovação. Esses habitats, por conseguinte, podem ser incubadoras

tecnológicas, tecnópoles, condomínios empresariais ou parques tecnológicos, por

exemplo (ZEN, 2005).

Sobre os parques tecnológicos, em especial, no projeto original eram

concebidos como espaços para abrigar laboratórios de pesquisa de corporações de

grande porte, com infraestrutura técnica, logística, administrativa e financeira, a fim de

estimular a inserção de empresas nascentes no mercado, favorecidas pela localização

privilegiada próxima a universidades (JOSEPH, 1994; MIAN, 1996; CESARONI;

GAMBARDELLA, 1998; FORMICA, 1992, 1994 apud BIBLIARDI et al., 2006;

LINDELOF; LOFSTEN, 2002; HANSSON, 2007). Aliás, ressalte-se a forte interação

com o universo acadêmico como característica comum de parques tecnológicos de

diversos países (GUY, 1996).

3.2 Tríplice hélice

Desta forma, a discussão sobre parques tecnológicos aborda,

indiscutivelmente, o papel da universidade, haja vista as primeiras experiências de

parques ocorrerem com o apoio de instituições acadêmicas, como nos casos do Vale

do Silício e da Rota 128, a serem discutidos adiante neste capítulo. Com isso, a

universidade incorporou à sua missão tradicional do ensino, a tarefa de estimular a

criação de empresas, em geral de base tecnológica (ETZKOWITZ, 2003).

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65

Com esse viés, cabe ressaltar o conceito da tríplice hélice, no qual a interação

e a transformação no relacionamento entre universidade, indústria e governo são

cruciais na criação de mecanismos de inovação no contexto de sociedade baseada

no conhecimento. Portanto, o parque tecnológico, sob a ótica do conceito de tríplice

hélice, é entendido como uma iniciativa de universidade empreendedora. A

incubadora de empresas, igualmente, é uma espécie de ambiente híbrido, resultante

da interação entre a universidade, o governo e a indústria.

Há, basicamente, cinco meios nos quais a universidade por contribuir com a

formação e a sustentabilidade de empresas inovadoras de base tecnológicas

(WILLIAMS, 1985 apud LINDELOF; LOFSTEN, 2005):

com a formação de estudantes qualificados e com o desenvolvimento de

competências relevantes na gestão das firmas;

com a promoção de pesquisas que podem levar à criação de oportunidades

para pequenas firmas;

com a oferta de pessoal para prestação de serviço de consultoria e serviços

especializados;

ao permitir à comunidade acadêmica participar da criação de empresas, e;

ao criar firmas e desenvolver atividades relacionadas à alta tecnologia.

Sobre o assunto, a Figura 7 apresenta uma escala crescente de forças na

relação entre a universidade e o mercado. Inicia com a geração de fluxos de

conhecimento e mão de obra qualificada e finaliza com as iniciativas formais de

promoção do desenvolvimento de novos negócios, como a criação de escritórios de

transferência de tecnologia e incubadoras de empresas.

Page 67: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

66

Figura 7: Co-evolução e multilinearidade das relações da indústria e universidade

Fonte ETZKOWITZ (2003).

Em termos práticos, a transferência de conhecimento e tecnologia para as

firmas ocorre de duas formas. Nos países da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), os governos elaboraram legislações a fim de

estimular a criação de joint ventures entre a universidade e as firmas, como por

exemplo, com o European Union Framework Programmes.

Enquanto nos Estados Unidos, com a edição da Lei Bayh-Dole, em 1980, houve

um favorecimento da universidade em questões relativas à propriedade intelectual.

Esse movimento resultou em múltiplas formas de relação entre a universidade e a

indústria, como licenciamento, co-autoria de artigos entre acadêmicos e

pesquisadores de firmas, pesquisas patrocinadas (SIEGEL; WESTHEAD; WRIGHT,

2003).

Assim, a fim de embasar a tese da tríplice hélice, Etzkowitz (2003) apresenta

dez proposições acerca das interações entre os atores envolvidos nesse modelo:

1. As redes de contato entre as instituições componentes da tríplice hélice são

fontes ricas de inovação;

EmpreendedorFluxo de conhecimentoPublicaçãoGraduados(indivíduos)

•Grupo de pesquisa

ConsultoriaPesquisaContrato

•Escritório de l igação

Propriedade intelectualPatenteLicença

•Escritório de transferência de tecnologia

TecnologiaEmpreendedorFormação de firmasFirmas graduadas

•Incubadora

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67

2. Os fatores intangíveis como inovações organizacionais, novos arranjos

sociais e canais de interação são tão importantes quanto à infraestrutura física.

Ganham importância, então, mecanismos organizacionais inovadores como as

incubadoras e os parques tecnológicos, pois representam fontes de geração de

riqueza, formação coletiva e troca de experiências em nível internacional;

3. Coexistência dos modelos linear e reverso de transferência do

conhecimento. No modelo linear ocorre a geração de conhecimento na

academia e a transferência por meio de licenciamento como propriedade

intelectual e pela formação de firmas em incubadoras. Enquanto, a

transferência reversa ocorre quando problemas da esfera industrial e social

tornam-se o ponto de partida para o desenvolvimento de novas pesquisas e

estudos;

4. A capitalização do conhecimento observada a partir de número cada vez

maior de fontes de capital de risco financiador de projetos e ideias inovadoras;

5. A acumulação de diferentes tipos de capital, como o financeiro, o social, o

cultural e o intelectual;

6. Intensificação do networking entre as universidades, as multinacionais e as

organizações internacionais, motivada pela globalização;

7. Possibilidade das nações alcançarem o progresso rápido ao apoiar

estratégias de conhecimento baseadas na política econômica local;

8. Reorganização institucional de setores industriais e de nações, motivada

pela inovação tecnológica;

9. A universidade como fonte regional de desenvolvimento econômico e,

consequentemente, as instituições acadêmicas foram re-orientadas ou

fundadas com base nesse propósito;

10. A quebra de antigos paradigmas tecnológicos é um dos processos

marcantes em regiões onde é possível constatar o fenômeno da tríplice hélice.

Com isso, a Figura 8 apresenta o conceito da tríplice hélice no contexto da

política de inovação. O governo é responsável por garantir o arranjo institucional

tributário e legal para o funcionamento do sistema. Enquanto isso, a universidade

pontua sua participação com a oferta de mão de obra e fluxos de conhecimento. Por

outro lado, o segmento industrial insere-se nesse ecossistema por meio da atuação

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68

de centros de pesquisa e desenvolvimento, de grandes corporações, de empresas

nascentes de base tecnológica e diversos tipos de associações.

Enquanto isso, destacam-se os pontos híbridos de interação entre as partes,

como a formação de conhecimento tácito, de clusters, da oferta de serviços

especializados e de consultoria. Portanto, essas interações ocorrem em ambientes

específicos de fomento, como os parques tecnológicos, também apoiados por

provedores de recursos como os fundos de venture capital.

Figura 8: Ecossistema

Fonte: AVOTINS (2013).

Política industrial Política de educação,

pesquisa, tecnologia

Universidade Ciência

Educação

Ambiente Empreendedor

Indústria

Sistema de

inovação

Atitudes sociais

Densidade e diversidade de talentos

Conhecimento

tácito

Pesquisadores

individuais

Escritório de transferência de

tecnologia

Academias

industriais

Clusters

Competências

centrais

Consultorias

Contratos

de pesquisa

colaborativa

Parque tecnológico

Pré BI

Aceleradora

BI

Firmas grandes e maduras

Laboratórios de

P&D

NTBF

Associações

VCF

Governo Sistema político e tributária

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69

Assim, a tríplice hélice é um arranjo dinâmico, baseado em uma parceria

público/privada e de um extremo ao outro conecta o sistema de patentes aos

resultados dos grupos de pesquisa na universidade. Por outro lado, integra-se à rede

de escritórios de transferência de tecnologia, incubadoras, parques tecnológicos e

firmas de venture capital, apoiadas por recursos de pesquisa e desenvolvimento

(P&D) disponibilizados pelo governo.

Nesse contexto, o parque tecnológico apresenta-se como palco para as

interações mantidas no âmbito da tríplice hélice. Sobre os parques, em especial, as

seções seguintes detalharão esse conceito.

3.3 Antecedentes dos parques tecnológicos

O ponto de partida foi nos Estados Unidos, com o Stanford Research Park, da

Universidade de Stanford. Fundado na década de 50, é considerado o primeiro parque

tecnológico do mundo. Hoje, a região onde está localizado é conhecida mundialmente

como o Vale do Silício.

Já nos anos 60, surgiu na França o Sophia Antipolis, o primeiro parque europeu,

como uma tentativa de simular o sucesso alcançado com o Stanford Research Park e

a Rota 128 (AMIRAHMADI, SAFF; 1993).

No Japão, o Tsukuba Science City, nos anos 60 representou a primeira

iniciativa de criação de parque tecnológico em continente asiático (PHAN; SIEGEL;

WRIGHT, 2005). Na experiência japonesa, o conceito de parque foi expandido e

incorporou-se também a cidade, a tecnópole, assim como na França (SANTOS;

PAREJO, 2005).

O Vale do Silício, a Rota 128 e o Research Triangle Park, nos Estados Unidos

são casos emblemáticos de ambientes de inovação, clusters industriais, onde o

relacionamento com a universidade alcançou êxito na promoção do desenvolvimento

de negócios baseados em tecnologia (BERCOVITZ; FELDMANN, 2006). Nesses

parques pioneiros, considerados como de 1ª geração, é marcante a combinação entre

cultura empreendedora e a relação das empresas com o meio acadêmico de classe

mundial (ANPROTEC, 2008). Como pode ser visualizado na Figura 9:

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70

Figura 9: Parques tecnológicos pioneiros e as universidades apoiadoras

Fonte: SANTOS (2005) e ANPROTEC (2008).

3.3.1 Vale do Silício

A criação do Stanford Research Park, em 1953, teve como finalidade gerar

recursos para a Universidade de Stanford e ampliar a reputação internacional da

instituição. Atualmente, a região do Vale do Silício abriga milhares de empresas de

tecnologia, com forte atuação nos segmentos de semicondutores, tecnologia da

informação e biotecnologia. Por isso, o Vale do Silício é reconhecido como a

comunidade mais dinâmica e inovadora do mundo, com influência direta no

surgimento de empresas como Cisco System, Hewlett-Packard, Google, Yahoo e

Java, dentre outras gigantes da área da tecnologia da informação (SANTOS, 2005;

ANPROTEC, 2008).

Sobre o assunto, Larson e Rogers mencionam seis fatores considerados como

essenciais ao crescimento do Vale do Silício (1988 apud AMIRAHMADI; SAFF, 1993):

a disponibilidade de mão de obra qualificada;

a disponibilidade de infraestrutura pré-existente;

a disponibilidade de capital de risco;

a mobilidade profissional;

as redes de contatos e;

os spin-offs de empresas já existentes.

•Universidade de Stanford

•Universidade da Califórnia em Berkeley

Vale do Silício

•Massachusetts Institute of Technology

•Harvard University

•State University of Massachusetts

•Boston University

Rota 128

•Universidade de Duke

•Universidade da Carolina do Norte

•Universidade do Estado da Carolina do Norte

Research Triangle

Park

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71

Portanto, o parque tecnológico de Stanford pode ser considerado como

exemplo de facilitador ao articular recursos e diversos elementos, ao proporcionar o

ambiente fértil ao nascimento e ao fortalecimento de negócios inovadores.

3.3.2 Rota 128

A Rota 128, cujo nome teve origem na rodovia localizada na região

metropolitana de Boston, nos Estados Unidos, é formada por uma aglomeração de

empreendimentos sob a influência do Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Destaca-se por ser um dos parques tecnológicos pioneiros, cuja atuação repercutiu,

desde sua criação nos anos 50, no fomento ao desenvolvimento de empresas de base

tecnológica na localidade, com forte iniciativa de transferência tecnológica e criação

de spin-offs e start-ups (SANTOS, 2005; BERCOVITZ; FELDMANN, 2006).

Como resultado, já na década de 90, aproximadamente 72% das empresas

fundadas na Rota 128 eram originárias de iniciativas de pesquisas desenvolvidas nos

laboratórios do MIT (ARAÚJO et al., 2005).

3.3.3 Research Triangle Park

Também fundado na década de 50, o Research Triangle Park, localizado no

estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, desempenhou papel decisivo na

criação de novas empresas. Em 2008, o parque abrigava cerca de 130 firmas,

responsáveis por gerar mais de 40 mil empregos na região (ANPROTEC, 2008).

Uma diferença marcante entre os três parques pioneiros é quanto à origem. Ou

seja, a Rota 128 surgiu como um fenômeno espontâneo, influenciado pelas condições

econômicas locais, pela cultura de inovação e pelos centros acadêmicos de renome

mundial. Enquanto isso, o Stanford Research Park e o Research Triangle Park foram

planejados, já com a missão de promover o desenvolvimento e o fortalecimento da

economia regional (AMIRAHMAD; SAFF, 1993).

A localização próxima a aglomerações urbanas é outro elemento relevante na

formação dos parques tecnológicos. Enquanto a Rota 128 e o Stanford Research

Park, instalados em metrópoles, conseguiram facilmente atrair empresas de alta

tecnologia com o baixo investimento governamental, no Research Triangle Park a

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72

necessidade de prover uma infraestrutura física adequada exigiu aporte considerável

de recursos públicos.

Em linhas gerais, as aglomerações urbanas são mais eficientes para abrigar

projetos de parques tecnológicos do que áreas remotas. Ademais, a atuação dos

parques tecnológicos não é isolada no fomento ao desenvolvimento de novas

empresas e promoção à inovação tecnológica. Ela soma-se aos demais agentes

integrantes do Sistema Nacional de Inovação e Empreendedorismo, igualmente

direcionados a prover um pacote de serviços e recursos às empresas nascentes de

base tecnológica.

Por sua vez, as incubadoras de empresas também são incumbidas de ofertar

infraestrutura, serviços especializados e acesso à rede de contatos junto a consultores

e investidores, a fim de colaborar com o fortalecimento do empreendedorismo e o

crescimento econômico (YANG; MOTOHASHI; CHEN, 2009; LOFSTEN; LINDELOF,

2001; COHEN, 2006), conforme ilustra a Figura 10.

Figura 10: O papel das firmas, dos recursos e dos sistemas nacionais

Fonte: LOFSTEN; LINDELOF (2001).

Desempenho e valor adicionado Crescimento e NTBFs

sobreviventes (crescimento e lucratividade)

Crescimento e sustentabilidade Impactos na comunidade

relacionada

Empreendedores/NTBFs

Da comunidade acadêmica

Fora da universidade

Gestão e serviços

Serviços oferecidos Financiamento Estrutura Recursos e suporte às

NTBFs Criação de um

ambiente empreendedor

Processo de incubação

Valor adicionado na criação e crescimento

de NBFs

Comunidade e outros stakeholders

Setor público Setor privado

Sistema Nacional de Inovação e Difusão

Universidades Parques tecnológicos Organizações

governamentais

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73

A propósito, as empresas nascentes de base tecnológica são pequenas firmas

intensivas em pesquisa e desenvolvimento, cujo relacionamento com centros de

pesquisa e universidades mostra-se bastante promissor (FUKUGAWA, 2006). Na

oportunidade, Santos (2005) apresenta as principais características de empresas de

alta tecnologia:

corpo técnico altamente qualificado, composto por pesquisadores ou

profissionais especializados;

empresas cuja tecnologia incorporada nos produtos detém peso relevante

no valor final;

firmas com investimentos consideráveis em P&D, com o objetivo de buscar

a inovação e a constante inovação tecnológica de seus produtos.

Spin-offs e start-ups são empresas oriundas de pesquisas e projetos

desenvolvidos por professores e estudantes na própria universidade, quando então

visualizam uma oportunidade comercial nas suas empreitadas (VEDOVELLO, 1995,

1997 apud BIGLIARDI et al., 2006).

De forma geral, Amirahmadi e Saff (1993) apontam onze fatores relevantes

para o surgimento e o fortalecimento da operação dos primeiros parques tecnológicos.

Embora na prática é pouco provável a ocorrência simultânea de todas essas

condições:

políticas governamentais de apoio à formação de parques tecnológicos;

localização em áreas urbanas ou próximas a elas;

localização próxima a áreas residenciais;

cultura para a inovação;

proximidade a pelo menos uma grande universidade;

existência de redes de infraestrutura, comunicação e transporte de

qualidade;

oferta de mão de obra qualificada;

presença de pelo menos uma grande empresa localizada no parque

tecnológico;

disponibilidade de capital de risco;

existência de spin-offs,e;

mobilidade de empregos.

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74

3.3.4 A experiência francesa

Concebido sobretudo pelas autoridades locais, o parque Sophia Antipolis,

instalado na cidade de Nice, foi fundado em 1969, com a finalidade de atrair empresas

e induzir o desenvolvimento da região, intensa em atividade turística devido à

localização na Côte-d’Azur.

Conhecidos no país como polos tecnológicos, tecnoparques ou tecnópoles, de

início, os parques franceses não surgiram como projeto das universidades, como no

próprio caso do Sophia Antipolis. A aproximação com o meio acadêmico ocorreu

posteriormente. Pois, a ideia inicial era conceber um espaço com infraestrutura

adequada para atrair empresas, embora nessa fase o parque ainda não contasse com

incubadoras e serviços de apoio às empresas residentes. O projeto contemplava,

então, a criação de uma cidade do conhecimento e da tecnologia, por isso o termo

tecnópole (SANTOS, 2005; ANPROTEC, 2008; SOPHIA ANTIPOLIS, 2013).

Atualmente, o Sophia Antipolis mantém forte relacionamento com a

Universidade de Nice e com o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS)

e seus diversos laboratórios, por onde passam milhares de estudantes. Atualmente, o

parque abriga 1.414 empresas responsáveis por empregar mais de 30 mil

profissionais (SOPHIA ANTIPOLIS, 2013).

3.3.5 A experiência japonesa

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão buscou meios de reconstruir

o país e tornar competitiva sua indústria. Com isso, o poder governamental, em

conjunto com universidades e centros de pesquisa, estimulou diversas iniciativas de

promoção à inovação, como os parques tecnológicos, também conhecidos por lá

como Cidades da Ciência (ANPROTEC, 2008).

Assim, como forma de revitalizar e tornar a indústria japonesa destaque em

nível mundial, apoiou-se fortemente setores intensivos em conhecimento, quando

então o país alcançou a fronteira tecnológica em áreas como semicondutores,

tecnologia da informação e microeletrônica. Como resultado, entre 1981 e 1993, foram

criadas mais de 6 mil novas empresas, com destaque para o segmento de alta

tecnologia, responsável por empregar mais de 1,3 milhões de profissionais. Essa

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75

política resultou, então, em claros efeitos sobre a competitividade da economia

japonesa (ANPROTEC, 2008).

O Tsukuba Science City, criado em 1963, como um projeto de promover a

interiorização do desenvolvimento, teve início com a ligação ferroviária de Tsukuba

com a capital Tóquio. Com isso, a cidade conseguiu atrair universidades e centros de

pesquisa de ponta e fortalecer a atuação do parque. Como resultado, atualmente, 30%

dos institutos do país está concentrado na região do Tsukuba Science City, com

atuação nas áreas de construção, engenharia e biologia (TSUKUBA, 2013).

3.4 A evolução dos parques tecnológicos

Superada a recessão econômica da década anterior, os anos 90 representaram

um período de impulso ao projeto do parque tecnológico, considerado como âncora

da política de inovação e empreendedorismo, diante do papel governamental

assumido na economia do conhecimento. Prova disso, é a evolução no número de

parques existentes no mundo. Segundo o Gráfico 6, em pouco mais de quinze anos,

triplicou a quantidade de iniciativas do tipo e, de acordo com estimativas da UNESCO

(2013), atualmente são contabilizadas mais de 4002 iniciativas do tipo no mundo.

Gráfico 6: Número de parques tecnológicos no mundo

Fonte: IASP (2009 apud Gargione 2011).

2 Esse valor leva em consideração números da Associação Internacional dos Parques Tecnológicos (IASP), que contabiliza apenas os parques associados à entidade, 388 atualmente. Na prática, acredita-se ser superior o número de parques tecnológicos em operação no mundo.

122 129150 159

172187 192

208

240268 274

303320

348361

387

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

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76

Portanto, o projeto parque tecnológico evolui com o tempo, assim como os

stakeholders envolvidos no processo (BIGLIARDI et al. 2006), conforme disposto no

Quadro 2. No início, nos anos 60 e 70, basicamente os parques estavam atrelados a

iniciativas acadêmicas, estabelecidos inclusive em terrenos pertencentes às

universidades.

No período seguinte, entre a década de 70 e 80, a ocupação de regiões

abandonadas nas cidades passou a ser o foco dos parques tecnológicos como

instrumentos de política de reurbanização. Nessa fase, o relacionamento com o poder

governamental tornou-se mais intenso.

Nos anos 90, os parques passaram a atuar em segmentos específicos e a se

relacionar com proximidade ainda maior com as entidades governamentais.

Quadro 2: A evolução da estrutura e da missão dos parques tecnológicos (situação europeia)

Período Estrutura e localização Missão Atores

Anos 60-70 Estabelecimento próximo a

campus universitários

Inovação industrial por meio da

interação entre os acadêmicos

e os parceiros industriais

Departamento de

universidades e laboratórios

de P&D. Somente

pesquisadores.

Anos 70-80

Estabelecimento dentro de

indústrias abandonadas e

incubadoras

Re-industrialização de áreas

abandonadas

Organizações de governo

locais e universidades

Depois dos

anos 90

Estabelecimento próximo a

universidades, áreas

abandonas ou qualquer local

Desenvolvimento de inovação

dentro de fábricas dentro de

áreas particulares

Universidades e governo

local, governo central

Fonte: BIGLIARDI et al. (2006).

3.5 Parque tecnológico como conceito

Conceitualmente não há um termo único para designar os parques

tecnológicos. O parque é também conhecido como parque científico, centro de

inovação e parque empresarial (LINDELOF; LOFSTEN, 2002). Segundo MacDonald

(1987 apud LINDELOF; LOFSTEN, 2002), as nomenclaturas empregadas para definir

parques tecnológicos têm em comum a concepção de uma entidade localizada nas

proximidades de ambientes de aprendizagem e capaz de proporcionar condições

favoráveis à inovação e ao empreendedorismo.

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Por exemplo, o conceito de centro empresarial de inovação, surgido na Europa

da década de 80, tem características similares às dos parques tecnológicos. Os BICs,

sigla em inglês, como são denominados esses centros, têm como objetivo comum

auxiliar empresas com a oferta de serviços técnicos, apoiar na concepção e na

orientação ao negócio, inserir as empresas nascentes à rede de contatos e aproximá-

las de profissionais de universidades e institutos de pesquisas.

A diferença básica entre os parques tecnológicos e os centros empresariais de

inovação consiste na ênfase dada à criação de empresas e no incentivo a negócios

baseados em alta tecnologia, particularidades dos parques tecnológicos (COLOMBO;

DELMASTRO, 2002).

Outro conceito de parque tecnológico surgiu na Escandinávia. Parques

localizados nessa região também tinham em suas instalações físicas laboratórios de

pesquisa de multinacionais com interações com a universidade e os centros de

pesquisa. O diferencial estava no fato dos parques também abrigarem incubadoras

de empresas, com a oferta de serviços como financiamento, terceirização, logística e

marketing. Devido a essas características, a própria definição de parque tecnológico

sob a ótica da Comunidade Europeia assemelha-se bastante ao conceito de

incubadora, como um espaço onde há a oferta de recursos e a concentração de

empresas no estágio inicial de vida (apud HANSSON, 2007; BIGLIARDI et al., 2006).

Nos anos 80, nova concepção elevou os parques tecnológicos ao papel de

instrumentos de desenvolvimento regional, levando-se em conta, a cultura, as

potencialidades e as vocações locais (BIGLIARDI et al., 2006). Portanto, em diferentes

países é possível notar como o conceito de projeto parque tecnológico evoluiu com o

tempo, ao incorporar novas perspectivas.

Assim, a pluralidade de definições para o termo parque tecnológico deve-se,

portanto, ao seu caráter multidimensional, por incorporar elevado grau de diversidade

e heterogeneidade de modelos. Afinal, os parques agregam motivações, expectativas,

interesses diversos e diferentes stakeholders em um mesmo empreendimento

(VEDOVELLO, 2006). Desta forma, para exemplificar a variedade de terminologias do

conceito de parque tecnológico, a Figura 11 apresenta dezesseis denominações

específicas:

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78

Figura 11: Definições de parques tecnológicos

Fonte: VEDOVELLO (2006).

Neste trabalho optou-se pela denominação parque tecnológico por ser o termo

mais reconhecido no contexto brasileiro.

A International Association of Science Parks (IASP), por sua vez, qualifica o

parque tecnológico como uma organização gerida por profissionais com a missão de

promover a riqueza com base na cultura da inovação e competição entre entidades

empresariais e instituições baseadas no conhecimento (2004 apud HANSSON, 2007).

Para tanto, o parque tecnológico estimula e gerencia o fluxo de conhecimento

e tecnologia junto a parceiros como empresas, instituições de pesquisa e

universidades, com a finalidade de facilitar a criação e o crescimento de empresas

baseadas na inovação, seja por meio de processo de incubação ou formação de spin-

offs. Para isso, disponibiliza às empresas residentes um pacote de serviços associado

à infraestrutura física de alta qualidade.

Em linhas gerais, o IASP reconhece como proposta de valor dos parques

tecnológicos as seguintes atividades:

estimular e gerenciar o fluxo de conhecimento entre a universidade e as

firmas;

facilitar a comunicação entre as firmas, os empreendedores e os técnicos;

promover o ambiente adequado para proporcionar o aumento da cultura da

inovação, criatividade e qualidade;

Technology Park (EUA)

Research Park (EUA)

Research and Technology Park (EUA)

Science Park (EUA +

UE)

Technopole (França)

Business Park

Science and Technology

ParkTechnopark

Industr ia l Park

Science Ci tyInnovat ion

CenterR&D Park

Technopol isTechnology

IncubatorCyber Park

Hi -Tech Park

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focar em empresas e nos profissionais conhecidos como “trabalhadores do

conhecimento”;

facilitar a criação de novos negócios via a incubação de empresas e

mecanismos de fomento aos spin-offs;

acelerar o crescimento de pequenas e médias empresas;

atuar em uma rede global que congrega milhares de empresas inovadoras

e centros de pesquisa, de forma a facilitar a inserção internacional das

empresas residentes.

Em linhas gerais, o parque tecnológico pode ser representado conforme a

Figura 12, a seguir.

Figura 12: Modelo conceitual planejado de Science Park

Fonte: SANTOS (2005).

No Brasil, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) (2013) define parque tecnológico como:

“... um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica. Planejados, têm caráter formal,

EMPRESA OU ÓRGÃO DE GERENCIAMENTO DO SCIENCE PARK

Instituições de pesquisa e desenvolvimento Pesquisadores Laboratórios Projetos tecnológicos

Mercado Nacional Internacional

Incubadoras

Instalações físicas provisórias Uso da infraestrutura de

pesquisa da universidade Serviços comuns

Local para instalação definitiva da empresa

no período pós-incubadora

Mecanismos de venture capital

Capital de risco

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concentrado e cooperativo, agregando empresas cuja produção se baseia em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Assim, os parques atuam como promotores da cultura da inovação, da competitividade e da capacitação empresarial, fundamentados na transferência de conhecimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza de uma determinada região”.

Em síntese, diversos autores definem como a missão comum dos parques

tecnológicos (BIGLIARDI et al., 2006):

proporcionar meios para a interação entre a indústria e a universidade

(LEUNG; WU, 1995; WESTHEAD, 1997; WESTHEAD; BATSTONE, 1999;

WESTHEAD, 1994 apud BIGLIARDI et al., 2006);

promover o surgimento de spin-offs acadêmicos, mediante a atuação de

incubadoras (VEDOVELLO, 1995, 1997 apud BIGLIARDI et al., 2006);

implementar programas de reindustrialização a partir de programas de

modernização de tecnologia;

promover a criação de start-ups por meio da atuação de incubadoras;

fortalecer o papel de firmas locais através de programas de transferência

de tecnologia;

disponibilizar programas de capacitação para desenvolvimento e gestão de

tecnologias emergentes;

qualificar profissionais na área de gestão de ciência e tecnologia;

ofertar serviços às firmas instaladas e nas proximidades de parques

tecnológicos.

Santos (2005) acrescenta ainda importante função à tarefa dos parques

tecnológicos, além de promover a transferência tecnológica, a missão de estimular o

desenvolvimento de habilidades gerenciais nos empreendedores ali estabelecidos.

Em resumo, os parques tecnológicos são instituições com três aspectos

comuns. Estão localizados próximos a instituições de pesquisa; são orientados para

negócios baseados no conhecimento ou na alta tecnologia e, dispõem de uma gestão

profissional e altamente qualificada dedicada a auxiliar as empresas nascentes no

desenvolvimento de seus negócios, em uma espécie de processo de incubação

(HANSSON, 2007).

No contexto político, os parques tecnológicos podem também ser

compreendidos como uma resposta da própria sociedade ao exigir da universidade

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81

resultados concretos em termos de geração de crescimento econômico local e

impactos sociais. Dessa forma, a oferta de tecnologias inovadoras e know-how,

combinados com o empreendedorismo deu notoriedade aos parques tecnológicos

(LINDELOF; LOFSTEN, 2002; HANSSON, 2007).

3.6 Tipologias de parques tecnológicos

Assim, como existe uma variedade de tipos de parques tecnológicos, foram

criadas categorias para melhor compreender sua função na sociedade e os resultados

por eles gerados. Nesse sentido, a Associação Nacional de Parques Tecnológicos do

Reino Unido (UKSPA) classifica os parques tecnológicos em gerenciados e não-

gerenciados. No primeiro caso, há um gestor presente full time (WESTHEAD;

STOREY, 1994 apud DETTWILER; LINDELOF; LOFSTEN, 2006).

Um parque tecnológico pode ser classificado ainda de acordo com o estágio de

ciclo de vida. Isto é, no estágio inicial de desenvolvimento e maturação o parque é

denominado de primeira geração. Quando em fase estável o parque está na segunda

geração. Enquanto os parques na maturidade são considerados como de terceira

geração, quando então os gestores e os stakeholders reconhecem o importante papel

desempenho pelo parque no contexto econômico regional (ALLEN, 1997 apud

DABROWSKA, 2011)

Para Bolton (1997 apud GARGIONE; PLONSKI, 2005) os parques tecnológicos

podem também ser classificados em duas categorias: estáticos e dinâmicos. O

primeiro tipo refere-se a espaço com infraestrutura necessária e adequada para

abrigar empresas de base tecnológica. Enquanto os parques dinâmicos têm como

objetivo oferecer ambiente apto a receber empresas de tecnologia organizadas sob a

forma de clusters. Além disso, os parques dinâmicos buscam estabelecer ligações

com universidades e centros de pesquisa a fim de facilitar a transmissão de

conhecimento e de tecnologia (apud GARGIONE; PLONSKI, 2005).

Outra forma de classificação de parques tecnológicos é de acordo com a época

de criação. Basicamente, o movimento dos parques tecnológicos conta com três

momentos distintos na história, três gerações com características comuns em termos

dos fatores condicionantes quanto à formação dos parques e de influência nos

resultados por eles gerados (ANPROTEC, 2008).

Page 83: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

82

Parques de primeira geração: os chamados parques pioneiros, de primeira

geração, surgiram espontaneamente, como resultado do ambiente propício à

inovação e de cultura empreendedora, aliado à oferta de recursos humanos,

financeiros e infraestrutura. São os casos de parque reconhecidos mundialmente pela

excelência científica e capacidade inovadora de suas empresas, colaboradores na

estratégia de desenvolvimento de países e regiões, como o Stanford Research Park,

localizado na região atualmente conhecida como Vale do Silício.

Parques de segunda geração: movimento de criação de parques

tecnológicos, com forte presença na América do Norte e Europa, entre os anos 70 e

90, originado a partir da experiência dos parques pioneiros. Os de segunda geração

foram criados de forma planejada, estruturada, a fim de promover o relacionamento

entre a universidade e o segmento empresarial. O objetivo incluía a valorização de

áreas físicas ligadas às universidades com a finalidade de atrair empresas e, com

isso, formar um polo de desenvolvimento na região onde estavam localizados. Em

geral, os resultados apresentados por esses parques foram abaixo das expectativas.

Isso porque os impactos foram restritos, e não contou com a pujança dos efeitos em

escala nacional e mundial alcançados pelos parques pioneiros.

Parques de terceira geração: os parques de terceira geração são

característica comum de políticas públicas de países emergentes na busca por

desenvolvimento científico e tecnológico. Com isso, dependem fortemente de

recursos públicos. Surgidos após os anos 90, tem como estratégia a inserção global

e a integração com demais políticas de promoção do desenvolvimento regional.

Na oportunidade, o Gráfico 7 apresenta uma linha do tempo das três gerações

de parques, em correspondência com a taxa de crescimento de empreendimentos do

tipo e os impactos em termos de performance e relevância estratégica.

Page 84: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

83

Gráfico 7: Gerações de parques tecnológicos

Fonte: FINEP (2008).

3.7 Modelos de parques tecnológicos

Battelle (2007) apresenta um modelo na Figura 13 de concepção de parque

tecnológico que contempla resultados como a geração de empregos e renda. Antes,

porém, o framework relaciona dois importantes personagens na temática dos parques

tecnológicos, a universidade e as empresas privadas.

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84

Figura 13: Conceito de parque tecnológico

Fonte: BATTELLE (2007).

Enquanto o Modelo de Parque Tecnológico Dinâmico (MPTD), Figura 14,

elaborado por Bolton prevê um sistema formado por três círculos concêntricos, cada

um relativo a um grupo específico de atividades desempenhadas em cada esfera.

Destarte, o primeiro grupo, no centro do modelo, concentra incubadoras e centros de

inovação. O círculo seguinte abrange empresas maduras, micro e pequenas firmas

baseadas no conhecimento. Por fim, o último círculo considera as atividades de

pesquisa e desenvolvimento executadas no âmbito de laboratórios de pesquisa, spin-

offs e alianças estratégicas (apud GARGIONE; PLONSKI, 2005).

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85

Figura 14: Modelo de Parque Tecnológico Dinâmico proposto por Bolton

Fonte: BOLTON (1997apud GARGIONE; PLONSKI, 2005).

Como é possível notar, no modelo proposto por Bolton, o parque tecnológico

interage com uma diversidade de atores e, consequentemente, gera expectativas

específicas segundo o padrão de relacionamento mantido com cada ente.

Portanto, a missão dos parques tecnológicos é complexa, pois interagem com

instituições variadas, demandantes de resultados diferenciados. Assim, para melhor

compreender esse universo e saber com quem se relacionam, Vedovello (2006)

considera como stakeholders dos parques tecnológicos as universidades e centros de

pesquisa, os empresários e os acadêmicos, os investidores, as agências de fomento,

as associações empreendedoras coletivas e privadas, os clubes de empreendedores,

os mentores, as cooperativas, os consórcios etc.

Em pesquisa sobre os relacionamentos existentes entre agentes presentes no

ambiente de parques tecnológicos, Vedovello (1997) identificou a proximidade física

entre firmas e universidades como fator positivo no estabelecimento de interações

informais e intercâmbio de recursos humanos. Entretanto, do ponto de vista de

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86

ligações formais, relacionadas ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, não

houve mudança significativa resultante da ação dos parques tecnológicos.

Por isso, não há um consenso sobre a efetividade dos parques tecnológicos.

Massey et al. questionam a capacidade dos parques em funcionar como mecanismos

de transferência de conhecimento entre as universidades e os centros de pesquisa e

as empresas (1992 apud BAKOUROS; MARDAS; VARSAKELIS, 2002). Os autores

ainda desafiam a missão dos parques ao compará-los com uma espécie de

condomínios empresariais.

Entretanto, as experiências exitosas de Stanford e MIT motivaram a estratégia

de instalação de parques tecnológicos próximos a universidades e centros de

pesquisa, como um dos mecanismos utilizados por muitos países para o

desenvolvimento de empresas de alta tecnologia (YANG; MOTOHASHI; CHEN,

2009).

Assim, os parques tecnológicos não podem ser considerados como elementos

primários do sistema nacional de inovação e de empreendedorismo. Afinal, o fluxo de

conhecimento não depende apenas deles, mas de um sistema educacional

consistente (SALVADOR, 2010). Como também, a inovação tecnológica e a promoção

de novos negócios não dependem apenas da universidade, mas de um conjunto de

políticas integradas e integradoras, com a participação efetiva de diversos atores,

cada um em seu campo de atuação.

Por isso, Vedovello (2006) menciona como fatores críticos de sucesso de um

parque tecnológico um conjunto de quesitos como a infraestrutura disponível, a

proximidade a universidades e centros de pesquisa, a aglomeração de empresas

inovadoras, o fomento ao empreendedorismo, a facilitação ao acesso a recursos

financeiros e a excelente oportunidade para investidores de risco (venture capital).

Logo, Lindelof e Lofsten (2006) propõem uma representação do ecossistema

empreendedor vis a vis o campo de atuação dos parques tecnológicos. Assim, é

possível notar como os parques são responsáveis por alinhar um conjunto de ações,

desempenhadas por diferentes instituições, cujos resultados são a criação e o

fortalecimento de novos negócios.

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87

Figura 15: Parques tecnológicos e a criação de um ambiente empreendedor

Fonte: LINDELOF e LOFSTEN (2006).

Enquanto isso, a ANPROTEC (2008) também propõe um framework para

ilustrar como ocorre a inserção do parque tecnológico no ambiente empreendedor

(Figura 16). A visão sistêmica relaciona as instituições participantes do modelo e a

dinâmica de relação entre elas. Definitivamente, o parque tecnológico tornou-se um

instrumento de fomento ao empreendedorismo tecnológico e ao desenvolvimento

econômico local.

Criação de novas firmas- Universidades- Firmas

Transferência de recursos para a criação de novas firmas

Spin-of fs

Incubadora- Parques tecnológicos- Firmas (cluster)- Universidades- Financiamento- Suporte gerencial

Criação e suporte para o desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica

Criação de um ambiente empreendedor

Locação possível

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88

Figura 16: Parque tecnológico no contexto do empreendedorismo inovador

Fonte: ANPROTEC (2008).

Neste momento, cabe ilustrar a variedade de instituições e as interações

mantidas com os parques, como forma de identificar quais as possíveis expectativas

dos parceiros em relação aos parques tecnológicos.

3.8 Quem são os stakeholders?

Um dos desafios de uma organização é lidar com os mais diferentes

stakeholders, cujas demandas podem, às vezes, estar até em extremos opostos,

inclusive em termos de posicionamento estratégico (FREEMAN 1984 apud JONES,

1995). Por isso, uma das competências requeridas de uma organização, portanto, é a

capacidade de equilibrar demandas de stakeholders com interesses concorrentes

(JONES, 1995).

Além disso, Chakravarthy (1986 apud ROBERTS, 1992) destaca a co-operação

entre os múltiplos stakeholders como uma das competências necessário a uma firma.

Tanto que o autor propõe como indicador de mensuração do sucesso de uma

organização o índice de satisfação do stakeholder.

Caracter i zação da Estra tég ia de Inserção e Pos ic ionamento

Estratégia de Benchmark ing Estratégia de posicionamento financiamento e no “ambiente” negócios

Inserção Inserção Inserção Local/regional nacional internacional

Caracterização do entorno

Ambiente inst i tuc ional

Caracterização do parque

Suporte tecnológico, mercado, recursos

In f raestrutu ra bás ica

Base de

C&T&I&E Dinâmica

empresarial

In f raestrutu ra loca l / reg ional

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89

Mas quem são os stakeholders? Citado pela primeira vez em um relatório do

Instituto de Pesquisa de Stanford, em 1963, o termo representou uma variação da

palavra stockholder. O conceito foi definido inicialmente como grupos sem os quais a

firma perderia sua razão de existir (DONALDSON; PRESTON, 1995). Já Freeman

(1984 apud JONES, 1995) apresenta uma definição de stakeholder já consagrada, ou

seja, trata-se de indivíduo ou grupo que afeta ou é afetado pelo alcance dos objetivos

da organização.

Enquanto isso, Friedman e Miles (2002) apresentam um framework de tipos de

stakeholders em termos de necessidade, compatibilidade e espécies de contratos

firmados. Os contratos podem ser interpretados como um resultado do relacionamento

entre a firma e o stakeholder:

contratos reconhecidamente explícitos (escritos ou verbais, pode ser via

uma terceira parte);

contratos reconhecidamente implícitos (reconhecidos pelas partes

envolvidas ou significantes como governo);

contratos não-reconhecidamente implícitos (não é reconhecidos pelas

partes envolvidas, porém reconhecidos por parte dos stakeholders);

sem contratos.

Portanto, é possível visualizar que certos grupos de stakeholders enfrentam

problemas de legitimidade junto às organizações, inclusive com repercussão negativa

no relacionamento deles com a empresa. Carroll e Buchholtz (2011), por sua vez,

apresentam uma categorização de stakeholders em dois grupos sociais – os primários

e os secundários. Os stakeholders primários incluem:

acionistas e investidores;

empregados e gestores;

consumidores;

comunidades locais;

fornecedores e outros parceiros de negócios.

os stakeholders secundários incluem:

governo e entidades reguladoras;

instituições civis;

grupos sociais de pressão;

observadores acadêmicos e mídia;

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90

organizações comerciais;

competidores.

Enquanto isso, os stakeholders secundários exercem participação indireta nos

resultados de uma organização.

Logo, uma necessidade premente é compreender as interações das

organizações frente a diversos grupos afetados por suas ações, refletidas por meio

de políticas e decisões corporativas (JONES, 1995).

3.9 Os parceiros dos parques tecnológicos

Em relação aos parques tecnológicos, especificamente os agentes

(stakeholders) envolvidos são universidades e centros de pesquisa, governos,

empresas e provedores de fundos (MARINAZZO,1996). Nessa esfera, Quintas (1996)

aborda, por exemplo, as inter-relações existentes sob a ótica das empresas residentes

em parques tecnológicos e as demais instituições. Os tipos de relações seriam:

empresas residentes e universidade;

empresas residentes e empresas residentes;

empresas residentes e demais firmas.

As interações entre as empresas residentes nos parques tecnológicos e a

universidade envolvem:

o estabelecimento de spin-offs, como forma de comercializar os resultados

acadêmicos;

pesquisa universitária patrocinada por empresa;

fluxo formal e informal de informação;

universidade como cliente das empresas residentes;

empresas residentes como fonte de renda para a universidade;

fluxo de pessoas, basicamente, estudantes e pesquisadores;

uso de recursos, equipamentos e acesso a especialistas; e,

treinamentos.

Em relação às interações com as demais empresas residentes são observados

os seguintes links:

interações comerciais com fornecedores;

compartilhamento de recursos;

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compartilhamento de projetos, desenvolvimento e produto, marketing, etc;

intercâmbio de conhecimento e contatos, etc;

surgimento de spin-offs de empresas sediadas nos parques.

Em relação às interações entre as firmas residentes e demais firmas são

observáveis as seguintes relações:

fornecimento de bens, serviços, recursos humanos, informação e

conhecimento, entre outros recursos;

subcontratação de pesquisa, desenvolvimento, produção marketing e

distribuição.

Para exemplificar como enfoques diferenciados influenciam a atuação de

parques tecnológicos, Vedovello, Júdice e Maculan (2006) apresentam na Tabela 5

os principais stakeholders dos parques e o foco de interesse de cada agente. Em

alguns casos as expectativas são arrojadas, e às vezes, até opostas.

Tabela 5: Parques tecnológicos - principais stakeholders e seu foco de interesse

Stakeholders Foco principal de interesse

Universidades e institutos de

pesquisa

Comercializar resultados de pesquisa acadêmica ampliando as fontes de recursos financeiros. Ampliar missão institucional Ampliar mercado de trabalho para pesquisadores e estudantes.

Empresários e acadêmicos-

empresários

Utilizar resultados das atividades acadêmicas e de pesquisa de forma a potencializar as próprias atividades de P&D empresarial Potencializar retornos financeiros Acessar recursos humanos qualificados

Agentes financeiros e

venture capitalists

Investir em novas empresas de base tecnológica com alto e rápido potencial de crescimento econômico e retornos financeiros

Governo e agências de

desenvolvimento

Apoiar atividades inovadoras nas empresas Revitalizar regiões economicamente deprimidas Gerar empregos

Fonte: VEDOVELLO; JÚDICE; MACULAN (2006).

Por ora, indaga-se como medir resultados projetados pelos parques

tecnológicos? Como aferir isso na prática? Em termos práticos, como identificar um

parque tecnológico de sucesso?

Para tanto, o capítulo seguinte tem como objetivo apresentar metodologias de

avaliação de parques tecnológicos.

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92

4 Modelos de avaliação de parques tecnológicos

4.1 Introdução

Não há uma definição clara de como identificar um parque tecnológico bem-

sucedido. Isso porque os parques mantêm metas e objetivos variados. Porém, em

comum, os parques produzem resultados diretos como o aumento do número de

patentes, transações de transferência de tecnologia e oportunidades de emprego

(DABROWSKA, 2011).

Entretanto, para alcançar os resultados pretendidos, os gestores devem lidar

com uma diversidade de fatores que tornam complexa a tarefa de gerenciamento de

parques tecnológicos. Nesse contexto, a avaliação deve considerar aspectos da

organização interna e externa dos parques, conforme representado pela Figura 17:

Figura 17: Aspectos de organização de um parque tecnológico

Fonte: MARINAZZO (1996).

A proposição de modelos de avaliação de efetividade de parques tecnológicos

surgiu na esteira da expansão do conceito e da criação de novos parques. Trata-se

de uma necessidade real e pode ser entendida como resultado do amadurecimento

do uso da ferramenta parque tecnológico como fator de promoção de políticas de

fomento ao empreendedorismo tecnológico. A avaliação funciona como um

Organização externa

Stakeholders

Policy-makers

Tomadores de decisão

Parceiros

Clientes

Fornecedores

Competidores

Organização interna

Gestão

Responsabilidades

Delegações

Coordenação

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sinalizador para os stakeholders e uma espécie de indicador para os gestores sobre

as oportunidades de melhoria.

Assim, a literatura sobre o tema pode ser compreendida em duas fases. No

primeiro momento, entre os anos 60 e meados dos 90, os parques pioneiros surgiram

em caráter espontâneo, como uma espécie de experimentação (VEDOVELLO;

JÚDICE; MACULAN, 2006).

Aliás, o primeiro estudo de avaliação de parques tecnológicos iniciou-se com

Monck, em 1988, ao comparar o desempenho de empresas localizadas com as não

localizadas em parques tecnológicos do Reino Unido. Os resultados preliminares

eram favoráveis às empresas instaladas em parques, cujo desempenho era superior

ao de empresas localizadas externamente (DABROWSKA, 2011). Fora isso,

ponderou-se como modestos os resultados dos parques nas primeiras iniciativas de

avaliação (VEDOVELLO; JÚDICE; MACULAN, 2006).

No segundo momento, a partir da década de 90, o assunto começou a ser

pesquisado com maior ênfase (RAGUZ; LETINIC; BUDIMIR, 2012), apesar do

surgimento dos primeiros parques tecnológicos ter ocorrido há algumas décadas. Os

estudos iniciais abordavam aspectos e experiências dos parques pioneiros, em

especial do Vale do Silício e da Rota 128. Já nos anos 2000, o foco passou a ser o

desempenho dos parques, sob uma ótima mais pragmática.

Interessante comentar a existência de trabalhos anteriores que evidenciam a

maior capacidade de inovação de empresas localizadas em parques tecnológicos,

como também aqueles que demonstram como a atividade inovadora não depende da

localização próxima a universidades e instituições de pesquisa (RAGUZ; LETINIC;

BUDIMIR, 2012).

Na prática, o aumento de iniciativas na criação de parques inseriu o tema

avaliação cada vez mais nas agendas de acadêmicos e agentes governamentais

(BIGLIARDI et al., 2006), inclusive no Brasil.

4.2 Motivações para a avaliação de parques tecnológicos

A avaliação de parques tecnológicos ganhou importância não só por causa da

necessidade de transparência e de justificar à sociedade os recursos públicos

empregados, mas também pela cobrança de resultados efetivos em termos de

desenvolvimento local, inovação e ganhos financeiros para as empresas (BIGLIARDI

et al., 2006; MONCK; PETERS, 2009).

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94

A avaliação visa ainda atrair recursos de várias categorias, como novos

investimentos, profissionais qualificados e serviços especializados e criar assim, uma

esfera dinâmica em torno dos parques (BIGLIARDI et al., 2006).

Entretanto, há dificuldades em se avaliar o valor adicionado pelos parques nas

comunidades onde estão inseridos. Isso porque há em torno deles um conjunto

diversificado de entidades e essa condição influencia os resultados diretos de

empresas incubadas (LINDELOF; LOFSTEN, 2002). Parte dessa complexidade

decorre da definição genérica da missão institucional dessas organizações

(AMIRAHMADI; STAFF, 1993).

Por outro lado, segundo Vedovello, Júdice e Maculan (2006) não caberia

questionar quais seriam os principais stakeholders e seus os objetivos, pois ao longo

do ciclo de vida dos parques, em geral, os agentes permanecem os mesmos.

4.3 Modelos de avaliação de parques tecnológicos

Assim, há diversos estudos sobre a medição de performance de parques

tecnológicos, principalmente, trabalhos de comparação entre o desempenho de

empresas de base tecnológica instaladas e não instaladas em parques.

Para ilustrar o assunto, cabe mencionar estudos empreendidos por Bower

(1993) e Westhead (1994). O primeiro constatou a superioridade de desempenho e a

alta taxa de sobrevivência de empresas localizadas em parques tecnológicos, se

comparadas com aquelas não instaladas. Por outro lado, o segundo autor realizou

pesquisa sobre as taxas de mortalidade de empresas localizadas e não-localizadas

em parques, os resultados encontrados em ambos os casos foram semelhantes (apud

LINDELOF; LOFSTEN, 2002)

Além da performance positiva em termos de vendas, taxa de crescimento e

rentabilidade de firmas instaladas nos parques tecnológicos, os autores constataram

nas empresas suecas o alto índice de pessoas empregadas com pós-graduação,

maior capacidade de gerar empregos, atrair maior número de empreendedores e

maior taxa de patenteamento, quando comparadas com empresas não localizadas em

parques tecnológicos.

Siegel et al. (2003), em pesquisa com firmas inglesas instaladas e não-

instaladas em parques levantaram que o primeiro grupo apresentava maior

produtividade na execução de atividades de P&D. Enquanto Squicciarini (2007), em

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95

trabalho sobre o desempenho de firmas residentes e externas aos parques identificou

a superioridade do primeiro grupo na taxa de patenteamento. Yang, Motohashi e Chen

(2009) apontaram ainda os investimentos mais eficientes em inovação de firmas

instaladas em parques de Taiwan.

Porém, há poucos estudos e modelos de avaliação com proposta de

mensuração de desempenho de parques tecnológicos em uma perspectiva global,

além dos resultados das empresas ali instaladas propriamente dito (DABROWSKA,

2011).

Conforme já discutido, há uma diversidade de acepções para o termo parque

tecnológico. Reflexo também da variedade de modelos institucionais desse tipo de

empreendimento, haja vista as características regionais e locais específicas. Isso é

razão suficiente para tornar complexa a tarefa de criação de modelos de avaliação de

parques tecnológicos. Conta ainda o contexto onde o parque opera e quais são seus

verdadeiros stakeholders, além do ciclo de vida.

Esses fatores são relevantes na definição da exata missão do parque e,

consequentemente, qual a estratégia deve ser por ele adotada (BIGLIARDI et al.,

2006). Há ainda um senso comum de que o tipo de atuação de um parque tecnológico

é influenciado fortemente por seus stakeholders. Entretanto, há dois problemas nessa

interpretação. Primeiro, alguns stakeholders não sabem com precisão quais são

exatamente os resultados a se esperar de um parque tecnológico. Em segundo lugar,

determinadas restrições encontradas no ambiente podem comprometer os objetivos

dos stakeholders (LAAMANEN; AUTIO, 1996).

Portanto, há uma variedade de drivers de avaliação que interferem na

especificação do desenho de um modelo de avaliação, por exemplo, os interesses

dos parceiros, o ciclo de vida e o contexto no qual o parque está inserido. Staton

(1996) alerta sobre a importância da articulação de todos drivers de forma a atender

os interesses das partes envolvidas.

Por exemplo, estudo realizado por Dabrowska (2011) identificou quais as

expectativas de grupos como a universidade, os agentes municipais/regionais

envolvidos no progresso local, os empreendedores em relação aos parques

tecnológicos. A Tabela 6 resume os diversos pontos de vista.

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Tabela 6: Resultados gerados pelos parques tecnológicos segundo os stakeholders

Resultados gerados pelos parques tecnológicos

Universidade

Catalisador de cultura da inovação

Articulador entre inovação e mercado

Transforma a universidade em agente central do processo de inovação na era da economia do conhecimento

Fomento à geração de emprego aos recém-graduados

Formação de mão de obra qualificada e execução de pesquisas relevantes

Permite a geração de caixa à universidade

Evidencia o papel regional das universidades

Empresas residentes

Ambiente adequado para o surgimento e consolidação de novos empreendimentos. Além de possibilitar que as empresas possam focar na área fim dos negócios

Passar credibilidade a empresas instaladas nos parques tecnológicos

Acesso fácil a conhecimento e mão de obra qualificada

Acesso a redes de contato com outras empresas, clientes e firmas multinacionais

Espaço apropriado para o compartilhamento de ideias, conhecimento e recursos humanos

Governo e agentes de

desenvolvimento local

Geração de empregos qualificados

Ao transformar estudantes em empreendedores o parque tecnológico consegue reter talentos

Proporciona a sustentabilidade da economia

Funciona como mecanismo de atração para a cidade ou região

Produz impactos positivos na imagem da cidade, assim como proporciona mudança de cultura local

Investidores

O parque tecnológico representa um local seguro para investimentos

Gera retornos de longo prazo

Com a estrutura de laboratórios, o parque tecnológico atrai investimento para expansão da estrutura física

Fonte: DABROWSKA (2011).

Portanto, cada stakeholder mantém um interesse especial no projeto parque

tecnológico. Para os políticos, o parque simboliza um ganho em termos de

modernidade e dinamismo tecnológico para a cidade, além de representar um meio

de gerar empregos e fomentar a atuação das pequenas e médias empresas locais.

Enquanto a universidade se projeta por meio do parque, como vitrine para demonstrar

sua competência tecnológica para a indústria (BRUHAT, 1996).

Para as empresas, os parques possibilitam a de troca de conhecimento e o

acesso a serviços e profissionais especializados. Enquanto isso, os investidores

vislumbram oportunidades diversificação de investimentos. Para estudantes e

profissionais altamente qualificados, os parques representam uma oportunidade de

inserção no mercado de trabalho.

Nesse contexto de diversidade, as avaliações tradicionais não são aplicáveis a

parques tecnológicos cujos inúmeros objetivos são, às vezes, até conflituosos entre

si, seja pela diversidade de stakeholders envolvidos, ou pelas restrições ambientais

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97

ou porque os objetivos dos parques são mal definidos, ou então, pela dificuldade de

obtenção de dados (LAAMANEN; AUTIO, 1996; HOGAN, 1996). Além disso, outro

aspecto a se observar é a falta de padronização dos modelos de avaliação, isso se

deve por causa da ausência de métricas comuns e da irregularidade da coleta de

dados. (DABROWSKA, 2011).

4.3.1 Sistemas de mensuração organizacional

A adoção de sistemas de mensuração organizacional iniciou-se com a DuPont

e a General Motors, no início do século XX. Por volta dos anos 80, observou-se que a

ênfase apenas em informações financeiras não era o suficiente (NEELY; BOURNE,

2000). Já nos anos 90, a criação do Balanced Scorecard mudou o foco dos gestores,

que passaram então, a se preocupar com sistemas de mensuração integrados, a fim

de contemplar diversos aspectos da gestão da organização, de forma equilibrada,

tanto com medidas financeiras como operacionais (KAPLAN; NORTON, 1992)

Assim, os sistemas de medição oferecem de forma precisa a oportunidade de

alinhar metas e alcançar resultados, pois permite estabelecer claramente a

comunicação junto aos diversos públicos e a implementação de estratégias da

organização. Na oportunidade, Kennerley e Neely (2002) enumeram alguns fatores

fundamentais em modelos de avaliação de desempenho institucional de forma geral,

tais como:

o modelo de avaliação deve permitir uma fotografia equilibrada do negócio,

dispor de indicadores financeiros e não-financeiros, internos e externos,

medidas de eficiência e eficácia;

os indicadores devem apresentar uma panorama sucinto do desempenho

da organização e ter caráter multidimensional, ao contemplar diversos aspectos

da organização;

indicadores de fácil e rápida assimilação, e;

o modelo deve integrar as funções da organização com a sua hierarquia e

alinhar metas e ações.

4.3.2 Abordagens na avaliação de parques tecnológicos

Em relação à tarefa de avaliação de parques tecnológicos propriamente dita,

Guy (1996) considera dois modelos de desempenho. O primeiro, baseado em

abordagem ex-ante, de suporte ao planejamento estratégico. Enquanto a segunda

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98

orientação, a ex-post, contempla indicadores de controle, monitoramento e

adequação. Em complemento a essa visão, há ainda a orientação de se contemplar

nos modelos de avaliação as expectativas de diversos stakeholders, a fim de tornar

efetivos os mecanismos de mensuração de desempenho.

Para Bigliardi et al. (2006), de acordo com a Figura 18, o desenho de sistema

de avaliação de desempenho de parques tecnológicos deve considerar as seguintes

perspectivas:

a missão institucional e a estratégia do parque tecnológico;

o estágio de ciclo de vida do parque tecnológico;

o levantamento de expectativas de stakeholders e os possíveis conflitos de

interesse;

a identificação do contexto no qual o parque tecnológico opera;

o levantamento da cultura técnica e profissional local;

a identificação de “áreas de resultados esperados”, em termos financeiros,

de serviços, ciclo de vida, número e tipos de firmas criadas, número e tipos de

competências desenvolvidas etc.

Figura 18: Determinantes de desempenho na avaliação de parques tecnológicos

Fonte: BIGLIARDI et al. (2006).

Por sua vez, ao desenhar um sistema de avaliação Guy (1996) propõe uma

sistemática voltada ao entendimento do contexto, ao desenvolvimento de uma

estratégia de avaliação, à especificação tática e aos fatores operacionais, segundo a

representação da Figura 20. O autor destaca, por exemplo, a importância de

compreender o contexto da avaliação, isto é, os condicionantes e as verdadeiras

motivações de realização de uma avaliação, para enfim alcançá-las.

- Contexto- Ciclo de v ida- Compromisso com os stakeholders- Estrutura legal

M issão e estratégiaDesempenho do parque

tecnológico

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99

Fase de desenho

Figura 19: Etapas de desenho da avaliação

Fonte: GUY (1996).

Enquanto isso, Staton (1996) formula um método chamado Goal Oriented Project

Planning (GOPP). A técnica consiste em nove etapas:

1. analisar as partes envolvidas na avaliação de parques tecnológicos;

2. identificar os problemas das partes envolvidas no parque;

3. elaborar a árvore de problemas;

4. elaborar a árvore de objetivos;

5. agrupar e definir os objetivos;

6. preparar o framework lógico;

7. considerar as condições de abrangência;

8. determinar as atividades e inputs;

9. definir os indicadores.

Pela complexidade dos parques tecnológicos, Andreevna (2013) propõe uma

análise sob a perspectiva macro e micro. Para tanto, adota o Balanced Scorecard

(BSC) como guia de avaliação, pois essa sistemática está baseada em fatores

integrados capazes de auxiliar o processo decisório. Afinal, o BSC vai além dos

resultados econômicos gerados por uma organização, pois também contempla a

perspectiva de processos internos, do cliente e de capital intelectual.

Assim, ao elaborar indicadores para parques tecnológicos, Andreevna

recomenda os seguintes passos, ilustrados na Figura 20:

Figura 20: Etapas na criação de indicadores de parques tecnológicos

Entendimento do contexo

Desenvolvimento da estratégiade avaliação

Especificação de táticas de avaliação

Estabelecimento de uma agenda

operacional

Condução da avaliação

Acompanhamento

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100

Fonte: ANDREEVNA (2013).

Na oportunidade, Dabrowska (2011) também aposta no uso do BSC como

método de avaliação de parques tecnológicos, pois esses mantêm objetivos diversos,

por isso é importante a avaliação por modelos multidimensionais. Dessa forma, a

matriz proposta apresenta indicadores financeiros e não-financeiros, de curto e longo

prazos, com os seguintes eixos: resultados comerciais, a visão do stakeholders, a

imagem e a reputação dos parques e, por fim, os processos internos.

A autora também ressalta a pertinência de considerar o estágio de ciclo de vida

no qual se encontra o parque tecnológico para, a partir daí, elaborar um modelo

adequado de avaliação. Para tanto, cita Allen (2007) ao descrever três fases de vida

para os parques, chamadas de gerações.

A primeira geração é composta por parques ainda em fase de concepção de

projeto e de desenvolvimento. A segunda geração é formada por parques em

operação, enquanto terceira por parques no estágio de maturidade. Nessa fase, os

stakeholders do parque reconhecem sua importância para o desenvolvimento local e,

consequentemente, alimentam expectativas e resultados desse tipo de

empreendimento.

Marinazzo (1996) também considera como importante o estágio de maturidade,

pois isso influencia os demais aspectos do processo de avaliação, como a obtenção

de informações, as análises e as diretrizes e recomendações, como demonstra a

Figura 21.

Figura 21: Ciclo de vida de avaliação

Formular a missão

Comparar a missão estra tégica e objet i vos do parquecom os eixos do BSC

Elaborar os indicadores com base nos objet i vos e oseixos do BSC

Elaborar um sis tema de inic iat ivas a ser adotado porautor idades regionais e gestores

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Fonte: MARINAZZO (1996).

Enquanto Monck (2010 apud DABROWSKA, 2011) considera três categorias

de indicadores para medir o desempenho de parques tecnológicos, quais sejam:

Key Performance Indicators (KPI);

resultados intermediários;

indicadores de gestão de curto prazo.

Em relação à estratégia da avaliação, Guy (1996) propõe identificar quais os

fatores genéricos de avaliação. Esse tipo de levantamento permite a aplicação de

abordagem mais adequada. Fatores genéricos comuns à avaliação de parques estão

ligados à eficiência, à eficácia e à efetividade. Também podem ser considerados

aspectos de qualidade, impacto e adequação, por exemplo. Os fatores genéricos

podem ser delimitados com base em três abordagens: natureza, tempo de aplicação

e ambição.

Em relação à natureza, o modelo de avaliação pode adotar uma abordagem

formativa ou somativa. A avaliação somativa tem como finalidade medir aspectos do

sistema de avaliação, como eficácia e eficiência. Enquanto a ótica formativa modela

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aspectos como eficiência e economia podem para melhorar o desempenho do

sistema.

O tempo de aplicação da avaliação é outro item a ser considerado. A avaliação

do tipo ex-ante é desenhada, em geral, para permitir a tomada de decisões e a adoção

de estratégias. Enquanto a avaliação ex-post é focada nos resultados e

consequências de determinadas iniciativas, além disso, verifica o progresso dos

resultados no alcance de metas. Em geral, o modelo de avaliação ex-post é mais

comum entre os pesquisadores (STERNBERG, 1996). E existe ainda a avaliação em

tempo real, voltada ao monitoramento do processo e assim, permite correções

enquanto as ações são executadas.

Em relação à ambição, pode-se empenhar um foco estratégico ou tático na

avaliação. Quer dizer, a abordagem tática volta-se para a mensuração de itens de

desempenho, ou seja, de eficiência e melhoria de processos. Já o foco estratégico

engloba o questionamento sobre a adequação ou não da estratégia adotada pelo

parque e é crucial para a formulação de estratégias futuras.

O modelo de avaliação de parques tecnológicos pode ser concebido, ainda, em

termos de abordagem orientada para impactos, resultados ou processos. Ou seja

(GUY, 1996):

orientada para impactos: há a expectativa de modelar a avaliação para

influenciar o futuro de determinadas ações e eventos;

orientada para resultados: a entrega de um produto do sistema é

entendida como ação crítica;

orientada para processos: os impactos sobre o objeto avaliado não é o

fator mais importante nesse tipo de avaliação. Aqui, conta o envolvimento de

partes-chaves no processo de avaliação como um todo.

O autor esquematiza pontos importantes no sistema de avaliação proposto,

conforme demonstrado na Figura 22:

Figura 22: Um modelo simples e variáveis de interesse

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103

Fonte: GUY (1996).

recursos: variáveis de entrada que caracterizam muitos inputs do sistema;

input: variáveis de entrada do ambiente no sistema;

estrutura: variáveis responsáveis por caracterizar o próprio sistema;

processo: variáveis relativas ao funcionamento e operação do sistema;

output: variáveis que identificam a variedade de saídas do sistema;

impacto: variáveis características do efeito de saídas do sistema sob

aspecto mais amplo no ambiente.

Após essas considerações, é possível levantar um grande número de

indicadores. Porém, a escolha deve propiciar a diferenciação de uma avaliação de

outra. Nesta etapa, a participação dos stakeholders é crucial para se alcançar

consenso (GUY, 1996).

Em estudo empreendido por Bigliardi et al. (2006) em parques tecnológicos da

Itália, observou-se como cada entidade adotava um conjunto específico de

indicadores, moldados pela missão, estratégia e estágio do ciclo de vida. Por outro

lado, aspectos como a missão e a estratégia dos parques eram definidas de acordo

com o contexto local e as expectativas dos stakeholders.

Por fim, para Hogan (1996), mesmo com a variabilidade de atores e de

conceitos envolvidos no projeto de parques, uma forma de criar indicadores comuns

é considerar fatores presentes em qualquer iniciativa de parques tecnológicos, como

por exemplo, os atributos de input, estruturas, processos, outputs e impactos.

Portanto, mesmo com a variedade de indicadores, a avaliação de parques tende a

fazer uso de mecanismos e a dar enfoque a aspectos comuns.

Assim, para melhor compreensão dos modelos de avaliação apresentados, o

Quadro 3 apresenta os principais aspectos de cada proposta, com ênfase na

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abordagem, método de avaliação, eixo de avaliação e demais aspectos relevantes

discutidos pelos respectivos autores.

Quadro 3: Modelos de avaliação de parques tecnológicos

Autores Modelos de avaliação de parques tecnológicos

Andreevna (2013)

Abordagem de avaliação: Balanced Scorecard

Eixos de avaliação:

processos; perspectiva do cliente; perspectiva do capital intelectual; perspectiva financeira. Método de avaliação:

formular a missão; comparar a missão estratégica e objetivos do parque com os eixos do BSC; elaborar os indicadores com base nos objetivos e os eixos do BSC; elaborar um sistema de iniciativas a ser adotado por autoridades regionais e gestores.

Bigliardi et al. (2006)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post Método de avaliação:

considerar a missão institucional e a estratégia do parque tecnológico; considerar o estágio de ciclo de vida do parque tecnológico; levantar as expectativas de stakeholders e os possíveis conflitos de interesse; identificar o contexto no qual o parque tecnológico opera; levantar a cultura técnica e profissional local; identificar “áreas de resultados esperados”, em termos financeiros, de serviços, ciclo de

vida, número e tipos de firmas criadas, número e tipos de competências desenvolvidas etc.

Dabrowska (2011)

Abordagem de avaliação: Balanced Scorecard

Eixos de avaliação:

resultados comerciais; a visão do stakeholders; a imagem e a reputação dos parques; processos internos. Aspectos relevantes do processo de avaliação: Identificação do ciclo de vida

Guy (1996)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post Método de avaliação:

entender o contexto; desenvolver a estratégia de avaliação; especificar táticas de avaliação; estabelecer uma agenda operacional; conduzir a avaliação; acompanhar. Eixos de avaliação:

input; estrutura; processos; output;

impactos. Aspectos relevantes do processo de avaliação:

Fatores genéricos de avaliação: natureza; tempo de aplicação;

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Autores Modelos de avaliação de parques tecnológicos

ambição.

Hogan (1996)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post

Eixos de avaliação

input; estrutura; processos; output;

impactos.

Marinazzo (1966)

Eixos de avaliação

aspectos internos à organização; aspectos externos à organização; Método de avaliação

estabelecer diretrizes; realizar a coleta de dados; analisar os dados. Aspectos relevantes do processo de avaliação:

Definição do ciclo de vida: ideia; preparação; planejamento; implementação; operação guia; evolução.

Monck (2010 apud Dabrowska, 2011)

Aspectos relevantes do processo de avaliação: Key Performance Indicators (KPI); resultados intermediários; indicadores de gestão de curto prazo.

Staton (1996)

Método de avaliação: Goal Oriented Project Planning:

analisar as partes envolvidas na avaliação de parques tecnológicos; identificar os problemas das partes envolvidas no parque; elaborar a árvore de problemas; elaborar a árvore de objetivos; agrupar e definir os objetivos; preparar o framework lógico;

considerar as condições de abrangência; determinar as atividades e inputs; definir os indicadores.

Fonte: elaboração própria.

Para a realização deste estudo, será adotada a abordagem ex-ante e ex-post,

pois permite uma análise comparativa dos recursos aplicados antes e dos resultados

gerados depois da operação dos parques tecnológicos, ou seja, permite uma análise

longitudinal (STENBERG, 1996). Em relação ao ciclo de vida, conforme já

mencionado neste trabalho, a ênfase será dada a parques na fase de maturidade.

Quanto ao método de avaliação, será proposto com base na revisão de literatura. Já

as dimensões de avaliação serão propostas com base nas informações obtidas

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106

mediante a aplicação de pesquisa junto a especialistas e stakeholders dos parques

tecnológicos.

Finalmente, este capítulo buscou demonstrar as diferentes considerações dos

principais autores da área de avaliação de parques, ao mencionar os tipos de

avaliação existentes, as técnicas normalmente empregadas e os quesitos verificados

na tarefa de avaliação de parques tecnológicos. O capítulo seguinte aborda o desenho

adotado para a pesquisa de campo, o público-alvo, as análises e os métodos

considerados.

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107

5 Metodologia

5.1 Tipo de pesquisa

Esta dissertação tem como um dos objetivos investigar quais as expectativas

potenciais contribuições dos principais parceiros dos parques tecnológicos no

processo de avaliação desses empreendimentos. Nessa perspectiva, o estudo é

classificado como descritivo, ao tentar caracterizar a visão de diferentes atores

institucionais inseridos no universo dos parques tecnológicos (VERGARA, 2013).

Além, disso, a pesquisa tem o caráter ao exploratório ao abordar as

expectativas de diversos stakeholders em relação ao tema avaliação de parques

tecnológicos, de modo colaborativo.

De início, foi promovida uma pesquisa bibliográfica, necessária à elaboração

da revisão de literatura, com consulta a materiais como dissertações, teses, artigos

científicos, relatórios e legislações relativos aos temas inovação, empreendedorismo,

parques tecnológicos e avaliação de parques tecnológicos, em resumo.

Enquanto isso, para a obtenção dos dados sobre as expectativas dos

stakeholders, foi realizado um levantamento de campo (survey) (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2013). Tais dados serão utilizados para avaliar suas prováveis

colaborações no desenvolvimento de uma proposta de modelo de avaliação de

parques tecnológicos de terceira geração.

5.2 População

O público-alvo é constituído de instituições vinculadas ao conceito da tríplice

hélice, composto por representantes do governo, universidade e empresas residentes

ou incubadas nos parques. Assim, o primeiro passo foi identificar os parques dentro

do foco da pesquisa.

Para tanto, tomou-se como base os parques listados no relatório Portfólio de

Parques Tecnológicos no Brasil, publicado em dezembro de 2008, pela ANPROTEC.

Esse estudo apresenta os resultados de um levantamento realizado com os 25

parques tecnológicos em operação até então. O relatório da ANPROTEC foi usado

como referencial pois relacionava os parques em funcionamento há pelo menos oito

anos, ou seja, o público-alvo deste trabalho sobre parques na fase de maturidade. O

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108

Quadro 4 relaciona os parques mencionados no estudo. Como observado, há forte

concentração de parques nas regiões Sul e Sudeste do país.

Quadro 4: Relação de parques pesquisados

Nome do parque

Local ização Data de in íc io

Parque Tecnológico do NUTEC – PARTEC Fortaleza –CE 01/10/1998

Parque Tecnológico do Bodocongó – PaqTcPB Campina Grande –PB 03/1993

Porto Digital Recife –PE 20/04/2001

Parque Tecnológico de Eletro-Eletrônica de Pernambuco Parqtel

Recife –PE -

Tecnoparque Curitiba –PR 17/04/2008

Parque Tecnológico de Itaipu – PTI Foz do Iguaçu –PR 09/12/2003

Parque Tecnológico de Pato Branco Pato Branco –PR 01/03/1998

Parque Tecnológico da Região Serrana (Movimento Petrópolis Tecnópolis)

Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis –RJ

22/10/1999

Polo Bio-Rio Rio de Janeiro– RJ 06/12/1995

Parque Tecnológico do Rio/UFRJ Rio de Janeiro– RJ 30/04/2003

Parque Tecnológico do Vale dos Sinos – Valetec Campo Bom –RS 02/01/2005

Polo Tecnológico do Noroeste Gaúcho Ijuí –RS 22/08/2005

Parque Científico e Tecnológico da PUC/RS – TECNOPUC Porto Alegre –RS 25/08/2003

Parque Tecnológico de Blumenau – ParqueBLU Blumenau –SC 02/01/2005

Parque Tecnológico Alfa – PARCTEC ALFA Florianópolis –SC 18/08/1995

Sapiens Parque S/A Florianópolis –SC 04/2006

Sergipe Parque Tecnológico – SergipeTec Aracajú – SE 12/12/2003

Parque Tecnológico da Ciatec Campinas Campinas – SP 10/03/1985

Parque Tecnológico de São Carlos Science Park São Carlos – SP 17/12/1984

Parque Tecnológico UNIVAP São José dos Campos – SP 01/04/2005

Parque Tecnológico de São José dos Campos São José dos Campos – SP 04/12/2006

Parque Tecnológico de Uberaba – PTU Uberaba – MG 05/09/1996

Parque Tecnológico Agroindustrial do Oeste – PTAO Cascavel – PR 10/12/1996

Parque Tecnológico do Polo e Informática em São Leopoldo São Leopoldo – RS 1996

Techno Park Campinas Campinas – SP -

Fonte: ANPROTEC (2008), adaptado pela autora.

Quando consultados, o Parque Tecnológico do Nutec e o Polo Tecnológico do

Noroeste Gaúcho informaram atuar, na verdade, como incubadoras de empresas,

assim, foram descartados da pesquisa. Enquanto isso, o Tecnoparque de Curitiba

passa, atualmente, por um processo de reestruturação, de acordo com informações

de um representante. Além disso, segundo a gestora do Parque Tecnológico de

Uberaba, o empreendimento está em fase de estruturação, por isso, não conta com

empresas instaladas. Descartados esses parques, ao final restaram 21 como foco do

estudo.

Em seguida, foi realizado um levantamento de informações contidas nas

homepages institucionais dos parques, a fim de levantar as empresas residentes e as

instituições parceiras. Após isso, constatou-se a frequência regular de organização

dos stakeholders dos parques sob a forma de conselhos de administração e instâncias

similares de governança, com membros representantes de bancos de

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109

desenvolvimento locais, entidades governamentais, empresariais, centros de

pesquisa e universidades.

A partir desse mapeamento, foi possível também identificar os profissionais

designados para representar formalmente as organizações parceiras junto aos

parques tecnológicos, etapa necessária para subsidiar a aplicação do questionário

aos respondentes.

Portanto, os stakeholders foram classificados em quatro categorias:

representantes dos parques tecnológicos (membros dos conselhos de

administração ou composições de hierarquia e funções similares);

governo;

empresas residentes e incubadas;

universidade.

5.2.1 Representantes dos parques tecnológicos

Em geral, as instituições parceiras mantêm representantes formalmente

designados para atuar nos conselhos de administração ou núcleos de gestão de

hierarquia e com funções equivalentes na estrutura administrativa dos parques.

Assim, pesquisar os conselhos de administração é uma alternativa válida para

identificar quais os principais stakeholders de um parque tecnológico

Normalmente, a composição dos conselhos de administração é estabelecida

em estatutos e os representantes podem ser professores ou reitores ligados a

universidades, funcionários de bancos de desenvolvimento, servidores de prefeituras

municipais e órgãos governamentais, entre outros, indicados para tratar assuntos de

interesse junto aos parques. Em alguns dos parques pesquisados, os representantes

não estavam vinculados a nenhuma entidade específica, são as pessoas notórias,

profissionais de destaque reconhecidos pelas comunidades onde atuam.

Dos 21 parques selecionados para a pesquisa, 14 tinham em sua estrutura

organizacional um conselho de administração ou instâncias com funções similares de

governança. Enquanto isso, em outros cinco existia uma rede de parceiros

institucionais patrocinadores do parque como um projeto - sponsors. Esse

levantamento já confirmou, então, a afirmação de Neck et al.(2004) e Cohen (2006)

sobre os relacionamentos em rede, formais e informais, mantidos pelos parques

tecnológicos.

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110

Por fim, na categoria representantes dos parques tecnológicos foram

identificados 185 representantes.

5.2.2 Governo

Como o setor público é um dos pilares do conceito da tríplice hélice, o segmento

governamental também integrou o público-alvo da pesquisa. Assim, como os parques

tecnológicos mantêm forte presença regional, considerou-se o âmbito estadual para a

coleta de dados, mais especificamente, as secretarias estaduais de Ciência,

Tecnologia e Inovação, responsáveis pela elaboração e execução de políticas locais

nesse segmento. Das 27 unidades da federação, somente nos estados do Amapá e

de Roraima não foi possível identificar estruturas governamentais no nível de

secretarias de Estado responsáveis pela condução de políticas voltadas à inovação.

Para a aplicação da pesquisa considerou-se um representante de cada secretaria

estadual.

5.2.3 Empresas residentes e incubadas

O segmento empresarial também compôs o público da pesquisa. Para tanto,

foram consideradas as empresas residentes, instaladas fisicamente ou associadas a

parques tecnológicos. Em comum, essas empresas compartilham o caráter inovador

na oferta de seus produtos e serviços e atuam em segmentos diversificados como

tecnologia da informação, energia, automação, química, meio ambiente, petróleo e

gás, biotecnologia, agroindústria e indústria criativa.

Os parques abrigam ainda empresas de grande porte, consideradas como

âncoras nos segmentos onde atuam e com isso atraem serviços especializados,

profissionais altamente capacitados e uma rede consolidada de parceiros comerciais.

Os parques também abrigam micro e pequenas empresas, maior contingente

de empreendimentos nos parques tecnológicos brasileiros. Intensivas em

conhecimento e tecnologia, algumas dessas empresas são start-ups ou oriundas de

projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito das universidades, ou seja, são spin-

offs com estudantes e professores à frente dos negócios.

No modelo de Parque Tecnológico Dinâmico proposto por Bolton (1997apud

GARGIONE; PLONSKI, 2005), a incubadora de empresas insere-se ainda como mais

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111

uma estrutura integrante dos parques. Por isso, também foram contempladas na

pesquisa as empresas vinculadas às incubadoras instaladas e associadas a parques

tecnológicos. Afinal, essas empresas usufruem dos benefícios inerentes ao habitat de

inovação dos parques tecnológicos.

Foram mapeadas 711 empresas no total. Como o Parque Tecnológico de Pato

Branco, o Parque Tecnológico de Blumenau, o Parque Tecnológico Alfa e o Sapiens

Parque não disponibilizaram as informações solicitadas, não tiveram suas empresas

relacionadas na pesquisa.

Como representantes das empresas foram solicitados os contatos de diretores,

gerentes, analistas ou fundadores, para os casos de negócios recém-lançados. Na

fase de envio dos questionários, oito empresas manifestaram não fazer parte do

objetivo da pesquisa, por isso foram descartadas. Assim, a pesquisa se concentrou

em 703 empresas.

5.2.4 Universidade

A universidade também foi contemplada como público-alvo, por ser uma

parceira tradicional e por se inserir em um número considerável de iniciativas de

parques tecnológicos no Brasil. Assim, foram selecionados profissionais ligados ao

meio acadêmico, preferencialmente, professores ou pesquisadores de instituições de

ensino superior.

Para a definição dos respondentes desta categoria, tomou-se como referência

os grupos de pesquisa do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Para refinar a

busca, foram considerados, em particular, os líderes de grupos de pesquisa

especializados nos temas Empreendedorismo e Inovação, vinculados à área do

conhecimento da Administração. Essa opção foi escolhida por trazer um número

considerável de participantes, pois quando realizada a pesquisa no Diretório por

grupos de pesquisa especializados no tema parques tecnológicos, o quantitativo

registrado não alcançou sequer uma dezena, por isso, foi adotada a alternativa de se

considerar os grupos vinculadas às temáticas de Empreendedorismo e Inovação, por

afinidade ao assunto e por representar maior quantitativo, no caso, 106 grupos.

Para fins de aplicação do questionário, foram considerados apenas os líderes

dos grupos de pesquisa, assim definidas no próprio registro do grupo no Diretório do

CNPq. Ao todo, os representantes da universidade somavam 161 profissionais.

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112

5.2.5 Especialistas

Como os parques agregam diversos atores, com expectativas diversificadas,

foi introduzido no estudo um grupo de “controle” chamado de especialistas. São

profissionais ligados à área de empreendedorismo e inovação. Em geral, professores,

gestores de incubadoras e consultores especializados nessa temática. O objetivo,

com isso, foi obter uma visão equilibrada sobre os resultados gerados por um parque

tecnológico, de forma a agregar positivamente no desenvolvimento de um modelo de

avaliação desse tipo de empreendimento.

A identificação desse grupo teve como base os 26 membros participantes do

Comitê Avaliador de Trabalhos do 23º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos

e Incubadoras de Empresas, promovido pela ANPROTEC em 2013, em Pernambuco.

5.3 Coleta de dados

No desenvolvimento do questionário foram identificados tópicos da literatura,

assim como aspectos ainda não mencionados. Basicamente, o questionário

contemplou seis seções, a saber, a Seção 1 – Informações preliminares teve como

objetivo identificar características gerais dos respondentes por campo de atuação e

vinculação aos parques pesquisados.

A Seção 2 – A importância da avaliação de parques tecnológicos

considerou a relevância do processo de avaliação de parques tecnológicos.

Enquanto a Seção 3 – O processo de avaliação de parques tecnológicos

abordou mecanismos, fatores que podem influenciam no desenho do modelo de

avaliação.

A Seção 4 – Os parceiros dos parques tecnológicos teve como intuito

levantar a percepção dos respondentes em relação ao público-alvo das informações

geradas em avaliações de parques tecnológicos.

Na Seção 5 – As dimensões do modelo de avaliação de parques

tecnológicos constam aspectos relacionados à articulação com as instituições

parceiras, à capacidade de atração e o uso de recursos, aos resultados gerados em

termos financeiro, social e de desenvolvimento local. Em síntese, essa seção busca

mensurar a importância dada aos quesitos de atuação e de resultados gerados pelos

parques tecnológicos.

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113

Por fim, a Seção 6 – Resultados gerados pelos parques tecnológicos,

dividida em duas subseções, resultados gerados por um parque tecnológico de

sucesso e fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos

procurou levantar as expectativas dos respondentes em relação a esses aspectos.

As Tabelas 7 a 11 apresentam a correspondência das variáveis constantes no

questionário com os conceitos encontrados na literatura pesquisada A Tabela 7,

especificamente, lista as variáveis relacionadas à relevância do processo de

avaliação de parques tecnológicos.

Tabela 7: A relevância do processo de avaliação de parques tecnológicos

Var iável Autor Ano Apontamento

V1 Atrair recursos financeiros

BIGLIARDI et al. 2006 Capacidade de atrair recursos

V2 Atrair profissionais qualificados

BIGLIARDI et al. 2006 Capacidade de atrair recursos

V3 Atrair provedores de serviços especializados

BIGLIARDI et al. 2006 Capacidade de atrair recursos

V4 Divulgar o desenvolvimento de uma região

BIGLIARDI et al. 2013 Cobrança de resultados pela sociedade

V5 Estimular o surgimento de novos negócios

Não é comentado na literatura

V6 Justificar os recursos investidos no parque

BIGLIARDI et al. MONCK e PETERS

2006 2009

Realizar avaliação dos parques como forma de justificar os recursos empregados

V7 Promover o parque tecnológico

LAAMANEN e AUTIO 1996 Marketing do parque

Fonte: elaboração própria.

Em relação à variável V5 estimular o surgimento de novos negócios, não se

observou durante a revisão de literatura a menção sobre a avaliação dos parques

favorecer à criação de novos empreendimentos. Então, buscou-se verificar esse

aspecto por meio da pesquisa, afinal o parque tecnológico é um local apto à incubação

e ao crescimento de novas empresas e, com isso, atrai empreendedores.

A Tabela 8 relaciona os quesitos envolvidos com o processo de avaliação, ou

seja, com os métodos adotados na condução de uma avaliação de parques

tecnológicos.

Tabela 8: O processo de avaliação de parques tecnológicos

Var iável Autor Ano Apontamento

V8

A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

LAAMANEN e AUTIO DABROWSKA

1996

2011

Falta de padronização de modelos de avaliação

Page 115: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

114

V9

Envolver os principais parceiros do parque

BIGLIARDI et al. GUY

2006

1966

O modelo de avaliação deve atender às expectativas dos stakeholders

V10

Utilizar modelos de avaliação de parques considerados como referência

Não é comentado na literatura

V11 Refletir a missão institucional do parque tecnológico

AMIRAHMADI e STAFF ANDREEVNA BIGLIARDI et al.

1993

2013

2006

Definição da missão institucional do parque tecnológico

Fonte: elaboração própria.

Como a variável V10 utilizar modelos de avaliação de parques considerados

como referência não consta na revisão de literatura, ao introduzi-la buscou-se verificar

em qual medida os respondentes julgam importante adotar modelos já utilizados por

outros parques, de forma a amenizar o problema apresentando por Dabrowska (2001),

sobre a ausência de padronização dos modelos de avaliação.

A Tabela 9 traz as variáveis voltadas a identificar o público-alvo das

informações oriundas de avaliações de parques tecnológicos.

Tabela 9: Os parceiros dos parques tecnológicos

Var iável Autor Ano Apontamento

V12 Empresas instaladas

nos parques

DABROWSKA 2011

As empresas instaladas nos parques devem ser o público-alvo das informações contidas nos modelos de

avaliação dos parques tecnológicos?

V13 Governo e agentes de desenvolvimento local

O governo e os agentes de desenvolvimento local devem ser o público-alvo das informações contidas nos modelos

de avaliação dos parques tecnológicos?

V14 Investidores Os investidores devem ser o público-alvo das

informações contidas nos modelos de avaliação dos parques tecnológicos?

V15 Universidade A universidade deve ser o público-alvo das informações

contidas nos modelos de avaliação dos parques tecnológicos?

V16.1* Público-alvo – 1º lugar Qual o público-alvo mais importante das informações

contidas nos modelos de avaliação dos parques tecnológicos?

V16.2 Público-alvo – 2º lugar Qual é o segundo público-alvo mais importante das informações contidas nos modelos de avaliação dos

parques tecnológicos?

V16.3 Público-alvo – 3º lugar Qual é o terceiro público-alvo mais importante das

informações contidas nos modelos de avaliação dos parques tecnológicos?

(*) Nas variáveis 16.1, 16.2 e 16.3, o questionário busca identificar dentre as variáveis V12 a V15 quais as três mais importantes, por meio de ordenação dessas últimas variáveis. Fonte: elaboração própria.

Enquanto isso, a Tabela 10 apresenta as dimensões, os enfoques passíveis de

consideração no esforço de avaliação de parques tecnológicos.

Tabela 10: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos

Page 116: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

115

Var iável Autor Ano Apontamento

V17 Incentivos concedidos pelo governo

VEDOVELLO, JÚDICE e MACULAN

2006 Incentivos de órgãos governamentais

V18 Infraestrutura física dos parques

BIGLIARDI et al. 2006 Infraestrutura disponibilizadas às empresas

V19

Oferta de serviços técnicos e administrativos disponibilizados às empresas

BIGLIARDI et al. 2006 Serviços ofertados pelo parque

V20 Recursos humanos presentes nos parques

DABROWSKA 2011 Qualificação da mão de obra

V21 Capacidade de inserção nacional dos parques

BIGLIARDI et al. 2006 Inter-relações no nível nacional

V22 Articulação entre as empresas

HOGAN

QUINTAS

1996

1996

Inter-relações entre as empresas entre si e a universidade

V23 Articulação das empresas com a universidade

HOGAN

QUINTAS

1996

1996

Inter-relações entre as empresas e a universidade

V24 Capacidade de inserção nacional e internacional dos parques

BIGLIARDI et al. 2006 Inter-relações no nível internacional

V25 Capacidade de atração de investidores

DABROWSKA 2011 Recebimento de recursos

V26 Mecanismos de comunicação adotados pelos parques

Não comentado na literatura

V27 Transparência no uso dos recursos

MONCK; PETERS 2009 Transparência junto aos investidores

V28 Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado

BIGLIARDI et al.

DABROWSKA

SQUICCIARINI

YANG; MOTOHASHI; CHEN

2006

2011

2007

2009

Desenvolvimento de novos produtos e serviços

V29 Ganho financeiro das empresas instaladas nos parques

DABROWSKA

HOGAN

LINDELOF e LOFSTEN

2011

1996

2002

Lucratividade das empresas residentes

V30

Oportunidades de empregos gerados aos estudantes e pesquisadores

HOGAN

VEDOVELLO, JÚDICE e MACULAN

1996

2006 Geração de empregos

V31 Promoção do desenvolvimento sustentável

DABROWSKA 2011 Sustentabilidade e meio ambiente

V32 Revitalização da economia local

HOGAN

VEDOVELLO, JÚDICE e MACULAN

1996

2006 Influência na economia regional

V33

Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas

BRUHAT

ETZKOWITZ

VEDOVELLO, JÚDICE e MACULAN

1996

2003

2006

Comercialização do conhecimento gerado na universidade

Fonte: elaboração própria.

A variável V26 mecanismos de comunicação adotados pelos parques foi

adicionada à pesquisa com o objetivo de identificar a importância dada aos meios

utilizados pelos parques para interagir junto aos parceiros e às empresas residentes,

afinal, uma das competências esperadas deles é a capacidade de articulação e atuar

como canal de transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas.

Page 117: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

116

Finalmente, a Tabela 11 e 12 identificam variáveis, também consideradas como

dimensões de avaliação, porém descritas sob nova abordagem, como os resultados

gerados e como os fatores necessários para o sucesso de um parque. Portanto, são

variáveis complementares àquelas relacionadas na tabela anterior, mas com a mesma

finalidade de se identificar tópicos relevantes de avaliação.

Tabela 11: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso

Var iável Autores Ano Apontamento

V35 Revitalização da economia local

VEDOVELLO, JÚDICE e MACULAN

2006 Influência na economia regional

V36 Produtividade técnica e científica

BIGLIARDI et al. 2006 Produtividade acadêmica

V37 Produtividade técnica e científica

BIGLIARDI et al. 2006 Registro de patentes

V38 Aspectos financeiros e econômicos

BIGLIARDI et al. 2006 Aspectos financeiros e econômicos

V39 Imagem e reputação DABROWSKA 2011 Imagem e reputação

Fonte: elaboração própria.

Tabela 12: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos

V40 Capacidade de colaboração

LEUNG; WU, 1995; WESTHEAD, 1997;

WESTHEAD; BATSTONE, 1999; WESTHEAD, 1994 apud

BIGLIARDI et al.

2006 Capacidade de colaboração

V41 Inserção regional e internacional

BIGLIARDI et al. 2006 Capacidade de inserção

V42 Infraestrutura BIGLIARDI et al. 2006 Infraestrutura física

V43 Processos internos DABROWSKA 2011 Eficácia e eficiência das atividades desempenhadas

V44 Recursos humanos BIGLIARDI et al. 2006 Recursos humanos

V45

Oferta de serviços técnicos e administrativos disponibilizados às empresas

BIGLIARDI et al. 2006 Serviços disponibilizados

Fonte: elaboração própria.

Para a identificação das respostas, o questionário adotou, basicamente, duas

técnicas. A primeira foi a Escala Likert de seis graus, com o valor 1 entendido para os

tópicos menos importantes e 6 para os tópicos considerados como mais

importantes na visão dos respondentes.

Em complementação à Escala Likert, também foi solicitado aos respondentes

ordenar algumas das variáveis apresentadas no questionário, a fim de identificar com

maior precisão o grau de importância delas. Para tanto, foi solicitada a ordenação da

variável mais importante para a menos importante.

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117

Assim, como o questionário contemplou um número elevado de variáveis, essa

etapa de ordenação considerou apenas as três mais importantes em cada seção.

A Escala Likert tem como vantagem obter a informação sobre a opinião dos

respondentes em relação a determinado tema, se são favoráveis ou não. Como

desvantagem, não consegue identificar exatamente em qual medida um respondente

é a favor, ou não, a determinado assunto, por considerar valores discretos. Na prática,

consegue-se obter uma aproximação da realidade, mas não uma medição exata

(KOTHARI, 2004).

Além disso, não há como assegurar se a divisão em seis pontos, de fato, está

corretamente regulada para aferir os dados pretendidos. E ainda, o respondente pode

preencher a pesquisa com uma resposta ideal, por temer revelar sua verdadeira

percepção sobre o assunto pesquisado. Apesar dessas restrições, a Escala Likert é

frequentemente utilizada, pois permite correlacionar scores em uma distribuição

definida.

Assim, o questionário desenvolvido, conforme o Apêndice 1, foi disponibilizado

na plataforma do Qualtrics, acessível pelo link

https://qtrial.qualtrics.com/SE/?SID=SV_2izQRQCDQ6uVzAp.

Para validar o questionário, foi aplicado um pré-teste junto a representantes do

público-alvo identificado. Ao todo, foram nove contribuições, com quatro respondentes

oriundos da universidade, dois representantes do governo, um do Banco de

Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (BANDES), um representante do

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello

(CENPES), da Petrobrás, instituição de pesquisa com vínculo com o Parque

Tecnológico do Rio e um mestrando do Instituto COPPEAD de Administração da

UFRJ.

Com isso, foram realizados ajustes a partir das contribuições dos respondentes,

de forma a facilitar o entendimento do questionário e, assim, aumentar as chances de

êxito na aplicação do instrumento.

A etapa seguinte contou com a identificação dos respondentes a partir de

consulta por telefone e via e-mail, conforme as solicitações de contato transcritas nos

Apêndices 2 e 3. Por último, a solicitação de preenchimento do formulário consta

disponível no Apêndice 4. Após a obtenção dos contatos necessários, o questionário

foi aplicado junto aos cinco grupos de respondentes, a saber, representantes de

Page 119: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

118

parques tecnológicos, de universidades, do setor público, de empresas e os

especialistas, com três tentativas de contato cada, por um período de oito semanas.

Após a fase de aplicação do questionário, os dados foram analisados a fim de

verificar a integridade e a necessidade de ajustes nas inconsistências verificadas. No

total obteve-se retorno de 16%, segundo os dados da Tabela 13.

Tabela 13: Categorias pesquisadas

População Am ostra Percentual por

categor ia

Especia l i stas 26 20 77%

Universidade 161 33 20%

Representantes 185 37 20%

Empresas 703 70 10%

Governo 25 3 12%

Total 1 .100 173 16%

Fonte: elaboração própria.

5.4 Análises propostas

5.4.1 Análise descritiva

Inicialmente, procedeu-se à análise descritiva dos dados de modo a

caracterizar o grupo dos respondentes, com a apresentação da média e frequência,

por meio de tabelas e gráficos. Os dados mencionados nesta seção estão

disponibilizados por meio de tabelas completas que se encontram no Apêndice 5. Para

o tratamento e cálculo do conjunto de dados foi utilizado o software Excel 2013.

5.4.2 Teste qui-quadrado e Teste Exato de Fisher

De acordo com Siegel e Castellan Jr (2006), quando os dados discretos são

oriundos de duas amostras independentes, o teste qui-quadrado pode ser usado para

determinar a significância de diferenças entre os dois grupos. Assim, este teste não-

paramétrico será empregado com o objetivo de verificar se existe diferença entre as

visões dos diferentes stakeholders no que diz respeito à importância dos diferentes

quesitos de avaliação.

O teste qui-quadrado para a independência é baseado na frequência observada

e na frequência esperada de duas variáveis (DOANE; SEWARD, 2008), ao comparar

as proporções em cada categoria. Se há diferenças na proporção, isso pode ser

Page 120: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

119

devido ao acaso ou à aleatoriedade (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2006). Assim, por

conta da natureza exploratória da pesquisa, será adotada a significância de 0,05.

Inicialmente, o método demanda a elaboração de uma tabela de contingência

onde são apresentadas as frequências. Neste estudo serão utilizadas tabelas do tipo

2x2, pois os dados observados foram agregados em dois grupos, a categoria

especialista e stakeholders, favoráveis ou não favoráveis aos quesitos

consultados. Os especialistas são identificados como grupo de controle, por não

manterem, necessariamente, relação formal com os parques tecnológicos

pesquisados.

Além disso, uma das motivações por agregar as frequências de respostas da

escala Likert em favoráveis e não-favoráveis foi atender a uma das recomendações

do teste qui-quadrado, de manter no máximo 20% das células com frequências

inferiores a 5. Mesmo com os agrupamentos realizados, foram observados alguns

casos que não atendiam a essa condição. Logo, foi aplicado o Teste Exato de Fisher

para pequenas quantidades.

O teste de Fisher é ideal para analisar amostras do tipo matriz 2x2 com dados

discretos, quando duas amostras independentes são pequenas. O objetivo do teste é

indicar se os grupos mutuamente excludentes diferem de modo significativo na

proporção atribuída a cada um deles, ao nível de significância escolhido pelo

pesquisador, nesse caso com α = 5% (SIEGEL; CASTELLAN JR, 2006). Assim, para

as matrizes com valores individuais menores que 5 será aplicado este teste em

especial.

5.4.3 Análise fatorial

De início, a técnica de análise fatorial foi adotada por ser indicada quando se

pretende verificar as relações de interdependência e a estrutura de associações de

variáveis numéricas, conforme estruturação da Figura 23 (MIGUEL, 2012).

A análise fatorial é uma técnica estatística multivariada, empregada com o

objetivo de identificar em uma matriz de dados dimensões latentes, com

características comuns designadas sob a forma de fatores, com novos agrupamentos

das variáveis originais. A análise fatorial permite condensar um grande número de

variáveis em um conjunto menor de componentes (HAIR et al., 2005).

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120

Consequentemente, é uma forma objetiva de agregar medidas não explícitas ao

pesquisador (PEREIRA, 2004).

Figura 23: Relação de interdependência

Fonte: MIGUEL (2012).

Um fator é uma variável não observável responsável por influenciar mais de um

atributo e contribui para as correlações das medidas observadas, originadas de uma

causa, um constructo comum (BROWN, 2012).

A análise fatorial é, portanto, uma técnica de interdependência na qual todas

as variáveis são consideradas, assim como a relação linear entre elas (HAIR et al.,

2005). Nesta pesquisa, a análise fatorial é adotada com a finalidade de redução de

dados, de modo a se obter dimensões latentes do conjunto das variáveis em estudo,

para a identificação de padrões existentes e, a partir disso, contribuir com atributos de

um modelo de avaliação de parques tecnológicos pela colaboração dos stakeholders.

De início, cabe ao pesquisador definir se a análise é do tipo análise fatorial R

ou análise fatorial Q. A análise fatorial R é utilizada quando o objetivo é identificar

dimensões latentes e utiliza como entrada uma matriz de dados computada de

correlações entre as variáveis. Portanto, esta pesquisa utiliza a análise fatorial R

(HAIR et al., 2005). Para a análise fatorial, foram utilizadas as variáveis relacionadas

na Tabela 14.

Tipo variável?

Variáveis Casos

observações

Análise fatorial Análise de

agrupamento Análise de

correspondência

Categórica

Numérica

Do que?

Tipo de relação?

Interdependência Identificar estruturas de

associações

Dependência Prever v. resposta por

v. preditora

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121

Tabela 14: Lista de variáveis utilizadas na análise fatorial

Aspectos Var iáveis

Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos

V17 – Incentivos concedidos pelo governo

V18 – Infraestrutura física do parque

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas

V20 – Recursos humanos

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque

V22 – Articulação entre as empresas

V23 – Articulação das empresas com a universidade

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque

V25 – Capacidade de atração de investidores

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque

V27 – Transparência no uso dos recursos

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque

V30 – Oportunidades de emprego

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável

V32 – Revitalização da economia local

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas

Fonte: elaboração própria.

Outro ponto a se definir na análise fatorial é sobre o tamanho da amostra. O

quantitativo mínimo deve ser superior a 50, com recomendação de amostra superior

a 100 ou mais observações (HAIR et al., 2005). Como regra, o ideal é ter cinco vezes

mais observações do que o número de variáveis. Neste estudo, a análise fatorial será

aplicada a 17 variáveis, para uma amostra superior a 100 observações.

Para se avaliar a aplicabilidade da análise fatorial para os dados em questão,

um dos métodos é o Teste de Bartlett de esfericidade, que mede a correlação entre

as variáveis. Valores de significância inferiores a 0,05 podem, caso seja adotado 5%

como nível de significância, rejeitar a hipótese nula de que a matriz de dados é uma

matriz identidade, isto é, não há correlação entre as variáveis (PEREIRA, 2004).

Um segundo indicador de relação entre as variáveis é o Teste de Kaiser-

Meyer-Olkin (KMO), que mede o coeficiente de correlação parcial entre os itens, após

a remoção dos efeitos da linearidade. A medida do KMO varia de 0 a 1, de acordo

com os seguintes critérios (PETT; LACKEY; SULLIVAN, 2003):

acima de 0.90 – resultado excelente para a análise fatorial dos dados;

acima de 0,80 – resultado meritório para a análise fatorial dos dados;

acima de 0,70 – resultado mediano para a análise fatorial dos dados;

abaixo de 0,60 – resultado inaceitável para a análise fatorial dos dados.

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122

Para a extração dos fatores há, basicamente, dois modelos, a Análise de

fatores comuns e a Análise de componentes principais. A análise de componentes

é indicada quando um dos objetivos é encontrar o número mínimo de fatores

necessários para explicar a parte máxima da variância. Agora, quando o objetivo é

identificar as dimensões ou constructos latentes e quando se tem pouco conhecimento

sobre a quantia de variância específica e do erro, o modelo de fatores comuns é o

modelo mais adequado (HAIR et al., 2005).

Em comparação, a análise de fatores comuns tem como desvantagem a

indeterminação fatorial, ou seja, diversos escores fatoriais diferentes podem ser

calculados a partir dos resultados do modelo fatorial. Não há uma solução única, como

ocorre na análise de componentes. Além disso, as comunalidades nem sempre são

estimáveis ou podem ser inválidas e exige a eliminação da variável da análise. Na

análise fatorial, as comunalidades são estimativas da variância compartilhada, ou

comum, entre as variáveis (HAIR et al., 2005). Neste estudo optou-se pela técnica de

análise de componentes, pois considera a variância total.

As comunalidades representam a quantia de variância explicada pela solução

fatorial para cada variável. Dessa forma, variáveis com comunalidades abaixo de 0,50

não apresentam explicação aceitável.

Com a primeira extração obtém-se uma matriz de dados com fatores não-

rotacionados. Nesse momento, existem duas opções de avaliação dos resultados, o

Método da raiz latente e o Critério de percentagem da variância. No método da

raiz latente o número de fatores é determinado com base no critério da raiz latente.

Ou seja, qualquer fator individual deve explicar a variância de pelo menos uma

variável. Logo, apenas os fatores com raízes latentes ou autovalores superiores a 1

são considerados significantes, os fatores com raízes latentes abaixo de 1 são

insignificantes e, por isso, descartados (HAIR et al., 2005). No método da

percentagem da variância, valores superiores a 60% são considerados como

aceitáveis. Neste estudo, serão adotados ambos os modelos como orientação na

interpretação dos dados.

Com a extração, a matriz fatorial inicial obtida é do tipo não-rotacionada. Quer

dizer, explica a combinação particular de variáveis originais e a variância nos dados

como um todo. Assim, o primeiro fator representa a melhor relação de linearidade

entre os dados. Se o segundo fator for ortogonal ao primeiro, exibirá a segunda melhor

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123

combinação linear das variáveis. Essa lógica é seguida até a extração do último fator,

quando é dissipada toda a variância nos dados (HAIR et al., 2005).

A carga fatorial representa a correlação de cada variável com o fator. Logo,

cargas maiores são as mais representativas de cada fator (HAIR et al., 2005). O passo

seguinte é realizar a rotação dos fatores, pois simplifica a interpretação dos dados e

reduz possíveis ambiguidades frequentes em soluções não-rotacionadas iniciais.

Uma ferramenta importante na interpretação de fatores é a rotação fatorial. O

termo considera que os eixos de referência dos fatores são rotacionados em torno da

origem até se alcançar outra posição. O efeito final de rotacionar a matriz fatorial é

redistribuir a variância dos primeiros fatores para os últimos com o objetivo de atingir

um padrão fatorial mais simples e teoricamente mais significativo (HAIR et al., 2005).

Basicamente, há dois tipos de soluções de rotação: oblíqua e ortogonal. Em

geral, a rotação ortogonal é mais frequentemente utilizada quando se usa uma matriz

de dados não-correlacionados. Esse método maximiza a soma de variância de cargas

exigidas da matriz fatorial.

Segundo Hair et al. (2005), se o objetivo da pesquisa é reduzir o número de

variáveis originais, independente de quão significativos os fatores resultantes possam

ser, a solução apropriada seria uma ortogonal. Assim, foi adotada esse modelo e, mais

especificamente a abordagem rotacional Varimax, que apresenta uma tendência para

algumas cargas altas, com correlações variável-fator próximas de (+1) ou (-1), o que

identifica claramente uma associação positiva ou negativa entre a variável e o fator;

ou próximas de (0), o que aponta para uma clara falta de associação.

Para a interpretação da matriz rotacionada, será empregada a avaliação da

significância estatística. Assim, para um nível de poder de 0,80, significância de 0,05

e o erro padrão, o Quadro 5 apresenta a correspondência entre a carga fatorial e o

tamanho da amostra.

Quadro 5: Orientações para identificação de cargas fatoriais significantes com base no tamanho da amostra

Carga fatorial Tamanho necessário da amostra para significância

0,30 350

0,35 250

0,40 200

0,45 150

0,50 120

0,55 100

0,60 85

0,65 70

0,70 60

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124

0,75 50

Fonte: HAIR et al. (2005).

Finalmente, para verificar a confiabilidade dos resultados, será aplicado o Alfa

de Cronbach ao conjunto de variáveis obtida em cada fator. Segundo Hair et al.

(2005), os valores mais adequados para essa medida são superiores a 0,70.

Entretanto, para pesquisas exploratórias, como esta, o poder do teste pode ser

reduzido para o nível de 0,60.

Para realização dos testes de qui-quadrado, exato de Fisher, bem como da

análise fatorial foi utilizado o software SPSS nas versões 21 e 22 e o Excel 2013.

5.5 Limitações

Como limitação do método, pode-se citar a dificuldade na fase de coleta de

dados, principalmente na identificação dos respondentes ligados às empresas, seja

pela incorreção dos endereços de e-mail e de números de telefone, disponibilizados

pelos próprios parques tecnológicos. Por isso, foi realizada nova checagem dos dados

de contato das empresas.

Enquanto isso, algumas empresas, parques tecnológicos e órgãos

governamentais não colaboraram com a pesquisa, ao não repassar as informações

solicitadas ou mesmo ao manifestarem desinteresse em participar da pesquisa

quando contactados por telefone.

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125

6 Resultados da pesquisa quantitativa

Ao todo foram recebidas 177 respostas. Após a conferência dos dados, 14

delas consideradas como inconsistentes, por não atender determinados requisitos.

Por exemplo, sete empresas se definiram como residentes ou incubadas em parques

tecnológicos, no entanto não relacionaram a qual parque tecnológico estavam

vinculadas. Além disso, cinco respostas foram desclassificadas porque os

respondentes não tinham o perfil da pesquisa (secretárias e assistentes

administrativos, ao invés de analistas, gerentes, diretores, ou então, fundadores das

empresas, conforme critério estabelecido na pesquisa).

Um respondente vinculou sua atuação a um parque tecnológico, porém não

especificou um segmento válido, nesse caso, ligado a alguma empresa, entidade

governamental, universidade ou mesmo, representante do próprio parque. Por fim,

outro respondente vinculou-se a um parque tecnológico não identificado. Assim,

restaram ao final dessas exclusões 163 respostas válidas.

6.1 Perfil da amostra

A amostra obtida pode ser caracterizada em quatro aspectos, a saber, a)

categoria na qual se insere o respondente, conforme os critérios determinados na

pesquisa; b) vinculação a algum parque tecnológico; c) segmento de atuação e; d)

cargo do respondente, conforme gráficos demonstrados a seguir. A propósito, o

Gráfico 8 apresentada a quais categorias os participantes estão ligados:

Gráfico 8: Categoria dos respondentes

Fonte: elaboração própria

43%

12%

2%

23%

20%

Empresa

Especialistas

Governo

Representante

Universidade

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126

A maior parte das respostas é oriunda de empresas, com 43% do total, até por

ser a população com maior quantitativo. Em segundo lugar, os representantes dos

parques tecnológicos, basicamente gestores e integrantes dos conselhos de

administração e grupos administrativos equivalentes. No entanto, nota-se a baixa

participação de representantes do governo, embora seja extremamente relevante a

atuação pública no conceito da tríplice hélice.

Para uma caracterização mais acurada dos respondentes, consta abaixo a

identificação do tipo de empresa participante da pesquisa, se incubada ou residente

no parque tecnológico, conforme segue no Gráfico 9.

Gráfico 9: Perfil das empresas respondentes

Fonte: elaboração própria.

É possível constatar a maior participação de empresas residentes nos

parques tecnológicos, com a fatia de 72%. A menor incidência de empresas

incubadas, provavelmente, deve-se ao fato de alguns parques tecnológicos não

mantêm uma incubadora de empresas instalada nas dependências físicas do parque.

Ainda assim, vale destacar a importância de também considerar a percepção

das empresas incubadas no estudo. Afinal, segundo o Modelo de Parque Tecnológico

Dinâmico de Bolton (1997apud GARGIONE; PLONSKI, 2005), a empresa incubada

se beneficia das vantagens inerentes à proximidade de um parque tecnológico.

Na mesma lógica, o Gráfico 10 apresenta o perfil da categoria de

representantes dos parques tecnológicos. Como visto, a maior parte, ou seja 38%, é

oriunda das universidades. Essa constatação corrobora as próprias origens dos

parques tecnológicos, que ainda hoje mantêm fortes laços com o meio acadêmico.

Em segundo lugar, as instituições de pesquisa também aparecem como

parceiros frequentes na gestão dos parques tecnológicos, com 16% dos

72%

28%

Empresa residente no parquetecnológico

Empresa incubada no parquetecnológico

Page 128: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

127

respondentes. Entretanto, mais uma vez, a participação dos representantes de

instituições governamentais foi bastante reduzida, com apenas 3% dos

respondentes.

Gráfico 10: Perfil dos representantes dos parques

Fonte: elaboração própria.

Por fim, os respondentes foram caracterizados ainda pelo cargo ocupado.

Conforme o Gráfico 11, diretores, professores e gerentes representam 56% dos

participantes, o que demonstra a maior representação institucional de empresas e

universidades na pesquisa.

Gráfico 11: Cargos dos respondentes

Fonte: elaboração própria.

38%

16%

14%

11%

8%

5%

5%

3%

Universidade

Instituição de pesquisa

Gestão do parque tecnológico

Outro

Incubadora de empresa instalada no parque tecnológico

Associação de empresas do parque tecnológico

Entidade privada de fomento ao empreendedorismo

Entidade governamental

Diretor(a)

Professor(a)

Gerente

Analista

Outro

Gestor(a)

Pesquisador(a)

Presidente

Assessor(a)

Secretário(a)

29%

14%

13%

10%

10%

7%

6%

6%

4%

1%

Page 129: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

128

Finalmente, a amostra obtida é também caracterizada pela vinculação a algum

dos parques tecnológicos selecionados para o estudo, Na oportunidade, o Gráfico 12

ilustra a origem dos respondentes. Assim, 27,2% não está vinculada formalmente a

nenhum parque tecnológico específico. Esse grupo corresponde a três das categorias

consideradas na coleta de dados, que a princípio, não manteriam ligações formais

com parques tecnológicos, apesar de terem conhecimento na área, como os

especialistas, os representantes da universidade, e os profissionais ligados ao

governo.

Empatados em segundo lugar, o Parque Tecnológico do Rio e o Porto Digital

juntos somam 26% dos respondentes, praticamente um terço. Essa parcela pode ser

explicada, por um lado, pelo quantitativo de empresas sediadas no Porto Digital,

atualmente com 203 empresas. Enquanto isso, os gestores do Parque Tecnológico

do Rio colaboraram desde o início desta dissertação, com a proposição do tema, com

a disponibilização de informações sobre o parque e o estímulo à participação dos

colaboradores no preenchimento do questionário, por isso o contingente considerável.

Gráfico 12: Vínculo dos respondentes aos parques tecnológicos

Fonte: elaboração própria.

27,2%

13,0%

13,0%

11,7%

6,2%

5,6%

4,3%

3,7%

3,1%

2,5%

1,9%

1,9%

1,2%

1,2%

1,2%

0,6%

0,6%

0,6%

0,6%

0,6%

Nenhum

Parque Tecnológico do Rio

Porto Digital

Parque Tecnológico do Vale dos Sinos

TECNOPUC

Parque Tecnológico Univap

BIO-RIO

Parque Tecnológico de São José dos Campos

Parque Tecnológico da Região Serrana

Parque Tecnológico de São Carlos

Parque Tecnológico de Itaipu

Parque Tecnológico de Eletro-Eletrônico de Pernambuco

SergipeTec

Parque Tecnológico de Informática de São Leopoldo

Parque Tecnológico da Paraíba

Tech Park Campinas

Tecnoparque

Parque Tecnológico Agroindustrial do Oeste

Parque Tecnológico do CIATEC

Parque Tecnológico de Uberaba

Page 130: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

129

Por outro lado, cinco parques apresentaram frequência inferior a 1%. Parte

dessa baixa incidência justifica-se porque o Parque Tecnológico de Uberaba e o

Tecnoparque de Curitiba estão em fase de implantação e reformulação,

respectivamente, quando na oportunidade apenas um gestor de cada parque

preencheu o questionário. Os demais parques não demonstraram interesse por parte

de seus gestores e empresas em responder a pesquisa.

6.2 Estatística descritiva e dos testes não-paramétricos

6.2.1 Resultados gerais

Nesta seção são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa. As

análises realizadas servirão ainda de base para os testes estatísticos tratados nas

seções seguintes. Na oportunidade, as variáveis adotadas na pesquisa estão em

correspondência com os conceitos descritos na literatura. As tabelas a seguir incluem

todos as categorias de respondentes consideradas neste trabalho, a saber, os

especialistas, os representantes dos parques, da universidade, das empresas e do

governo. Ao total, obteve-se 163 respostas e os resultados são apresentados por nível

de importância. As tabelas com os dados completos estão disponíveis no Apêndice 5.

6.2.1.1 O público-alvo das informações sobre avaliação de parques

tecnológicos

O tópico referente ao público-alvo de avaliações de parques tecnológicos

apresentou a maior média dentre as seis seções do questionário. Os públicos foram

selecionados conforme a proposição de Dabrowska (2011), que menciona quatro

stakeholders tradicionais dos parques tecnológicos: as empresas instaladas no

parque, o governo e agentes de desenvolvimento local, os investidores e a

universidade, respectivamente as variáveis V12, V13, V14 e V15 relacionadas na

Tabela 14. Assim, ao destacar o público-alvo das avaliações, é importante reconhecer

em qual medida os respondentes visualizam o perfil de avaliação do parque

tecnológico.

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130

Tabela 15: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

Variáveis Média

V12 – Empresas instaladas nos parques 5,44

V13 – Governo e agentes de desenvolvimento local 5,32

V14 – Investidores 5,32

V15 – Universidades 5,18

Fonte: elaboração própria.

Assim, quando questionados sobre qual deve ser o principal público-alvo de

informações de avaliações de parques tecnológicos, a maioria entendeu como as

empresas instaladas nos parques V12, com média de 5,44. Importante comentar

neste momento o que cada público espera de um parque, a fim de subsidiar a proposta

do modelo de avaliação.

Sobre as empresas, elas mantêm expectativas em relação aos serviços, ao

espaço físico disponibilizado para os negócios, às redes de contatos com

multinacionais e clientes, além do parque representar um ambiente propício ao

intercâmbio de conhecimento. As empresas nascentes enxergam também no parque

uma espécie de marca que pode favorece-las no mercado, por dar maior credibilidade

(DABROWSKA, 2011).

Por sua vez, o governo e os agentes de desenvolvimento local V13 alcançou

média de 5,32. Esse público considera o parque tecnológico como uma oportunidade

de geração de empregos, desenvolvimento de empreendedores, alavanca para o

dinamismo da economia local e catalisador de mudanças de imagem e cultura de uma

determinada região.

Igualmente com média de 5,32, a V14 representa os investidores que

visualizam o parque como uma oportunidade de retorno financeiro e de longo-prazo

para os seus investimentos.

Já a universidade V15 considera o parque tecnológico como uma ponte para a

inovação, ao conectá-la ao mercado. Ademais, o parque simboliza uma oportunidade

para jovens recém-graduados se inserirem no mercado de trabalho. Finalmente, a

universidade considera o parque tecnológico como uma garantia real de retorno

financeiro para subsidiar suas atividades, principalmente de pesquisa. Essa variável

obteve a menor média desta seção, 5,18.

Para aprofundar a análise sobre o público-alvo de avaliações de parques

tecnológicos, a Tabela 15 apresenta uma comparação entre a percepção dos

Page 132: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

131

especialistas e dos stakeholders, aqui consideradas as demais categorias

participantes deste estudo, ou seja, as empresas, os representantes dos parques, da

universidade e do governo.

Tabela 16: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V12 – Empresas instaladas nos parques 5,15 5,48

V13 – Governo e agentes de desenvolvimento local

5,00 5,36

V14 – Investidores 4,75 5,40

V15 – Universidades 4,95 5,21 Fonte: elaboração própria.

Os especialistas tendem a pontuar cada variável com valores menores, são

mais criteriosos, portanto, quando comparados com a categoria dos stakeholders.

Os especialistas e stakeholders reconhecem as empresas instaladas nos parques

como o principal público-alvo das informações contidas nas avaliações de parques

tecnológicos.

Essa confirmação relaciona-se com a razão da própria existência dos parques

tecnológicos, qual seja, agregar empresas (ANPROTEC, 2013), por isso, é importante

que o modelo de avaliação acompanhe os anseios deste público.

A principal diferença surgiu no quesito referente aos investidores e às

universidades, pois os stakeholders tendem a valorizar o papel dos investidores

quando comparados com os especialistas. Essa diferença provavelmente deve-se

ao fato de que os stakeholders, dentre eles as empresas, reconhecem as

dificuldades práticas em se obter acesso a canais de investimento no Brasil, apesar

da existência de fontes já comentadas neste estudo, como a FINEP, o BNDES, as

Fundações de Amparo, os investidores-anjos, os fundos de private equity e venture

capital.

É possível afirmar que os respondentes compreendem os parques como

intermediários dos interesses de vários agentes institucionais e nessa perspectiva,

devem proporcionar ganhos para os stakeholders a eles vinculados. Além disso, ao

se abordar os quatro agentes e suas expectativas, é possível também concluir que o

modelo de avaliação ideal deve contemplar aspectos variados de forma a atender os

stakeholders envolvidos.

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132

Para o teste qui-quadrado e o exato de Fisher, adotou-se também o

agrupamento de especialistas e stakeholders. Desta forma, os itens da escala Likert

foram classificados em dois grupos, favoráveis (para os valores 4, 5 e 6) e não-

favoráveis (para os valores 1, 2 e 3), com nível de significância de 5%. Ao final, foram

obtidas matrizes do tipo 2x2, a fim de permitir as simulações compatíveis com os

critérios estabelecidos em cada teste.

Em relação a considerar as empresas instaladas nos parques V12 como

público-alvo das avaliações dos parques tecnológicos, especialistas e stakeholders

não a tratam na mesma proporção, como apontado no teste de Fisher na Tabela 17.

Pois os especialistas são menos favoráveis a essa alternativa do que os atores. Por

isso, é apontada a divergência nesse item. Quanto às demais variáveis, os testes não

apontaram diferenças estatisticamente significativas. A propósito as tabelas com os

resultados completos estão disponíveis no Apêndice 5.

Tabela 17: Teste Exato de Fisher para a variável V12

Variável: V12 – Empresas instaladas nos parques

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 4 5

Favoráveis 16 138

Nível de significância α = 5% 0,014 Fonte: elaboração própria.

6.2.1.2 Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos

Os fatores importantes para o sucesso de um parque obtiveram a segunda

maior média dentre os tópicos abordados. Essa seção busca identificar quais os

elementos essenciais necessários ao bom desempenho de um parque tecnológico.

Assim, conforme a Tabela 18, a capacidade de colaboração V40 apresenta a maior

média 5,33, inclusive, se comparada com as demais variáveis deste estudo. Essa

constatação confirma a visão de diversos autores (LEUNG; WU, 1995; WESTHEAD,

1997; WESTHEAD; BATSTONE, 1999; WESTHEAD, 1994 apud BIGLIARDI et al.,

2006) acerca de uma das competências esperadas de um parque tecnológico, qual

seja, ser um ambiente de interação, propício ao compartilhamento de ideias e

conhecimento de forma produtiva, já que agrega e interage com diversas organização.

Page 134: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

133

Tabela 18: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos

Variáveis Média

V40 – Capacidade de colaboração 5,33

V41 – Capacidade de inserção 5,05

V42 – Infraestrutura física 5,00

V43 – Processos internos 4,51

V44 – Recursos humanos 5,25

V45 – Serviços disponibilizados 5,08 Fonte: elaboração própria.

Já a variável V44 recursos humanos é a segunda mais valorizada pelos

respondentes, com média de 5,25. O valor alcançado reflete o apontamento feito por

BIGLIARDI et al. (2006) de que a avaliação sobre os recursos humanos não deve ser

considerada isoladamente, mas em termos de competências agregadas pelos

profissionais, de forma a manter o nível de produtividade técnica e científica do parque

tecnológico. Ao que parece, os respondentes conseguem visualizar essa conexão.

Enquanto isso, os serviços disponibilizados V45, com média de 5,08, aparece

como o terceiro item em relevância. Isso confirma um dos fatores de atração dos

parques tecnológicos, a oferta de serviços voltados ao desenvolvimento de empresas

nascentes, start-ups e spin-offs. Os serviços oferecidos envolvem treinamentos,

acesso a financiamentos, serviços técnicos e de consultoria, portanto, adicionam valor

ao prover essas facilidades às empresas residentes.

O quesito V41 capacidade de inserção apresentou a quarta maior média, com

5,05. Refere-se à competência do parque em manter relacionamentos colaborativos

de cunho técnico ou científico com entidades de outras regiões, ou mesmo países

(BIGLIARDI et al., 2006).

A variável V42 infraestrutura física alcançou a penúltima colocação. Isso

demonstra que, além de elementos tangíveis como a condições físicas

disponibilizadas às empresas, como escritórios, boa localização e serviços de

telefonia e rede de internet, os respondentes tendem a valorizar fatores intangíveis

(BIGLIARDI et al., 2006).

Por fim, os processos internos V43 obtiveram a menor média dentre as

variáveis desta seção 4,51. Esse item diz respeito à eficiência e eficácia alcançadas

pelos parques tecnológicos ao desempenhar suas atividades, como nível de serviço,

confiabilidade de sistemas e satisfação dos funcionários (DABROWSKA, 2011).

Page 135: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

134

Assim, deduz-se que os processos internos são necessários, porém não são

essenciais para o sucesso de um parque tecnológico.

A Tabela 19 confronta as visões dos especialistas com a dos stakeholders, a

divergência surge em relação ao fator mais importantes para o sucesso de um parque,

pois, de acordo com os especialistas os recursos humanos V44 representam o

principal elemento, com média de 5,15. Enquanto os stakeholders valorizam a V40

capacidade de colaboração com média de 5,38. Essa constatação demonstra, em

certo ponto, que os stakeholders esperam resultados imediatos dos parques

tecnológicos, quer dizer, o parque deve “agir”, tomar ações para proporcionar o

ambiente adequado para a interação entre as empresas residentes. Afinal, esse é um

dos motivos pelos quais muitas dessas firmas se instalaram em parques tecnológicos.

Tabela 19: Fatores importantes para o sucesso dos parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V40 – Capacidade de colaboração 5,00 5,38

V41 – Capacidade de inserção 4,95 5,06

V42 – Infraestrutura física 4,80 5,03

V43 – Processos internos 4,45 4,52

V44 – Recursos humanos 5,15 5,27

V45 – Serviços disponibilizados 4,85 5,11 Fonte: elaboração própria.

A V40 capacidade de colaboração foi a única a apontar divergência de

perspectivas, com valor abaixo do nível de significância de 5%, conforme a Tabela 20

(0,012). Os stakeholders tendem a ser favoráveis à essa variável em maior proporção

do que os especialistas. Em relação às demais variáveis desta seção, os testes não

apontaram diferença estatisticamente significativa.

Tabela 20: Teste Exato de Fisher para a variável V40

Variável: V40 – Capacidade de colaboração

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 3 4

Favoráveis 17 139

Nível de significância α = 5% 0,012 Fonte: elaboração própria.

Page 136: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

135

6.2.1.3 O processo de avaliação dos parques tecnológicos

A terceira seção mais votada corresponde ao A terceira seção mais votada corresponde ao processo de avaliação dos

parques, isto é, quais aspectos devem ser observados quando da realização de

avaliações de parques tecnológicos. Para tanto, foram testadas quatro variáveis,

constantes na Tabela 21.

Segundo os respondentes, o principal aspecto desse quesito é que os modelos

de avaliação devem estar voltados à padronização de indicadores para comparação

de desempenho com outros parques V8, com média 5,02. Essa verificação confirma

as observações de Laamanen e Autio (1996) e Dabrowska (2011), que constataram a

dificuldade de se avaliar os parques em parte é devida à diversidade de papéis

assumidos, às vezes até conflituosos entre si. Por isso, os autores sugerem a adoção

uma abordagem que possa mesclar requisitos comuns à operação de qualquer parque

tecnológico com aqueles específicos, de acordo com o tipo de atuação.

Tabela 21: O processo de avaliação dos parques tecnológicos

Variáveis Média

V8 – A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

5,02

V9 – Envolver os principais parceiros do parque 4,98

V10 – Modelos de avaliação de parques considerados como de referência

4,88

V11 – Refletir a missão institucional do parque tecnológico 4,81 Fonte: elaboração própria.

Para os respondentes, o segundo item a ser observado é o envolver os

principais parceiros do parque V9, com média de 4,98. Isso confirma a proposição de

Bigliardi et al. (2006) e Guy (1996), sobre o parque trabalhar para equilibrar os

interesses dos diversos stakeholders, sem privilegiar apenas uma determinada classe.

A seguir, a variável mais pontuada é a V10 modelos de avaliação de parques

considerados como de referência, isso demonstra uma preocupação dos

respondentes em comparar o desempenho de um parque com os demais. Não basta

saber se o parque gera bons resultados, importante também é identificar em qual

patamar estão esses resultados. Esse tópico específico não constava na literatura

pesquisada e, por isso, foi inserido na pesquisa em razão da ausência de uma

metodologia única, reconhecida pela comunidade dos parques tecnológicos como

padrão para a avaliação dessas entidades.

Page 137: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

136

Por fim, a variável V11 refletir a missão institucional do parque tecnológico não

é considerada pelos respondentes na mesma importância do que os demais itens;

apesar desse ser um dos principais pontos de partida para desenhar um modelo de

avaliação de parque tecnológico, conforme as considerações de Amirahmadi e Staff

(1993), Andreevna (2013) e Bigliardi et al. (2006) sobre o assunto.

Quando visualizadas as respostas isoladas por respondente, na Tabela 22, os

especialistas valorizam a V9 envolver os principais parceiros do parque no processo

de avaliação dos parques, em segundo lugar, dão importância igual à V8

padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com

outros parques e à V11 refletir a missão institucional do parque tecnológico, por último

a V10 modelos de avaliação de parques considerados como de referência. Pelo visto,

a visão dos especialistas é consistente com alguns dos parâmetros estabelecidos

pela literatura.

Tabela 22: O processo de avaliação dos parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V8 – A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

4,85 5,04

V9 – Envolver os principais parceiros do parque 4,90 4,99

V10 – Modelos de avaliação de parques considerados como de referência

4,65 4,92

V11 – Refletir a missão institucional do parque tecnológico

4,85 4,80

Fonte: elaboração própria.

Quando aplicados os testes de qui-quadrado e exato de Fisher para as

variáveis V8 a V11, para as categorias especialistas e stakeholders não foi revelada

diferença significativa entre eles, o que confirma a concordância em relação aos

aspectos referentes ao processo de avaliação dos parques tecnológicos.

6.2.1.4 A dimensões do modelo de avaliação dos parques tecnológicos

A quarta seção mais pontuada refere-se às dimensões do modelo de avaliação

de parques tecnológicos, ou seja, aspectos relacionados à atuação dos parques. Na

Tabela 23, as variáveis podem ser classificadas, de forma geral, em três categorias:

Page 138: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

137

as de entrada (input) da V17 a V20, variáveis de processo de V21 a V26 e variáveis

de resultado (output) V27 a V33.

Tabela 23: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos

Variáveis Média

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 4,75

V18 – Infraestrutura física do parque 5,07

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas 4,71

V20 – Recursos humanos 4,72

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque 4,69

V22 – Articulação entre as empresas 4,87

V23 – Articulação das empresas com a universidade 5,17

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque 4,60

V25 – Capacidade de atração de investidores 5,19

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 4,50

V27 – Transparência no uso dos recursos 5,05

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado 5,21

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 4,58

V30 – Oportunidades de emprego 4,61

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável 4,76

V32 – Revitalização da economia local 4,91

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas

5,22

Fonte: elaboração própria.

No geral, a principal dimensão citada foi a V33 transferência de conhecimento

entre a universidade e as empresas, com média de 5,22. Essa constatação confirma

a posição de Bruhat (1996) quanto ao fato do parque tecnológico simbolizar a

oportunidade da universidade comercializar o conhecimento gerado no meio

acadêmico. Até porque firmas se instalam em parques tecnológicos para se beneficiar

do acesso mais próximo ao conhecimento e em busca de profissionais especializados

e qualificados.

Em segundo lugar, a capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao

mercado V28 também obteve média elevada de 5,21. Basicamente, os respondentes

têm como expectativa a geração de resultados pelos parques, mais especificamente,

pelas empresas ali instaladas, em termos de inovação de produtos e serviços. Essa

constatação confirma as proposições de Bigliardi et al. (2006), Dabrowska (2011),

Squicciarini (2007), Yang, Motohashi e Chen (2009).

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138

Como destaque, a capacidade de atração de investidores V25 também foi eleita

uma das principais dimensões a serem consideradas em um modelo de avaliação de

parques tecnológicos. Afinal, negócios em estágio inicial de operação têm maiores

riscos associados e, atrair investidores interessados demanda um esforço adicional

do empreendedor, mesmo quando apoiado pelos parques (DABROWSKA, 2011).

A seguir, outra variável bem pontuada foi a V23 articulação das empresas com

a universidade, com média obtida de 5,17. Esse quesito refere-se ao fluxo de

conhecimentos, informações, pessoas e demais recursos trocados entre a

universidade e as empresas por intermédio da atuação do parque tecnológico junto a

esses agentes (HOGAN, 1996; QUINTAS, 1996).

Em relação à V18 infraestrutura física, Bigliardi et al. (2006) propõem avaliar os

requisitos tangíveis que agregam valor às operações das empresas residentes nos

parques tecnológicos, como escritórios, localização, equipamentos disponibilizados e

acesso a redes de tecnologia.

A transparência no uso dos recursos V27 diz respeito aos valores investidos

nos parques tecnológicos, até porque boa parte dos recursos têm origem pública, que

esperam a aplicação eficaz e eficiente dos repasses realizados, frente às diversas

demandas sociais por novos investimentos (MONCK. PETERS, 2009). Nesse quesito,

a pesquisa obteve média de 5,05.

A seguir, a revitalização da economia local V32 aparece com pontuação acima

da média nesta seção. Esse resultado é um dos esperados de um parque tecnológico.

Pois, a atuação de um parque gera impactos no desenvolvimento econômico de uma

dada região ao promover ganhos de produtividade e maior competitividade do cluster

de empresa ali presentes. A relevância desse item resume-se também pela

intervenção política do poder público ao direcionar investimentos para parques

tecnológicos, e com isso, estimular a sustentabilidade de localidades do país

(HOGAN, 1996; VEDOVELLO; JÚDICE; MACULAN, 2006).

De acordo com os respondentes, a V22 articulação entre as empresas é

também uma característica valorizada, com média de 4,87. A capacidade de interação

entre as empresas é um dos atributos inerentes a um parque, pois sua atuação deve

estar voltada para estimular a troca de informações, serviços, pessoas e

conhecimentos entre firmas e, com isso, propiciar um ambiente fértil à inovação e aos

novos negócios (HOGAN, 1996; QUINTAS, 1996).

Page 140: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

139

A partir de agora, serão descritas as demais variáveis que obtiveram menores

médias menores desta seção. Nesse sentido, em relação à promoção do

desenvolvimento sustentável V31, a média obtida foi de 4,76. Esse item está

relacionado ao papel social desempenho pelo parque tecnológico ao também

colaborar com o desenvolvimento da economia sustentável de uma região

(DABROWSKA, 2011). Muito discutido na atualidade, o tema já se incorporou à pauta

dos empresários, por isso, não poderia ser preterido ao se estudar os parques

tecnológicos, conhecidos por ser um ambiente de inovação e de oferta de valor.

Já a variável V17 incentivos concedidos pelo governo alcançou média de 4,75

e refere-se ao leque de iniciativas empenhadas pelo governo com o objetivo de

fomentar atividades em prol do empreendedorismo e da inovação, como a dos

parques tecnológicos. Na prática, o setor público coordena diversos programas,

conforme discutido na seção deste trabalho dedicada ao levantamento das instituições

integrantes do SNE brasileiro (VEDOVELLO; JUDICE. MACULAN, 2006).

Em seguida, os respondentes classificam a variável recursos humanos V20

com média de 4,72. Esse resultado diverge daquele apontado na seção referente aos

fatores necessários ao sucesso de um parque tecnológico, quando então o fator

recursos humanos alcançou a segunda maior pontuação. Mesmo assim, esse item é

tradicional em modelos de avaliação de parques tecnológicos e visa, sobretudo,

mensurar a qualificação e as competências da mão de obra local (DABROWSKA,

2011).

A variável V19 oferta de serviços disponibilizados às empresas contabiliza

média de 4,71, embora na seção dedicada aos fatores necessários ao sucesso de um

parque tecnológico tenha alcançado média superior. Os serviços integram uma

parcela importante da missão dos parques, pois ao oferecer serviços administrativos,

técnicos e de consultoria, apoiam o crescimento de novas empresas e permitem os

empreendedores focar a atenção nos negócios (BIGLIARDI et al., 2006).

A capacidade de inserção nacional do parque V21 diz respeito a uma das

estratégias de atuação de um parque tecnológico, ao enfatizar o relacionamento com

demais instituições em escala nacional. Ao articular interesses técnicos e empresarias

junto a outros parceiros, o parque pode obter resultados positivos para o próprio

parque, seus stakeholders e empresas nele instaladas, por meio de redes de

relacionamento (BIGLIARDI et al., 2006).

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140

Gerar oportunidades de empregos V30 não é uma das dimensões mais

valorizadas pelos respondentes. Com média de 4,61 esse quesito está mais

relacionado ao interesse do governo e dos agentes locais de desenvolvimento, que

por acaso, tiveram pequena participação nesta pesquisa. Ainda assim, mesmo com a

diversidade de nomenclaturas e formatos de operação de um parque tecnológico, a

geração de empregos, pelo menos, é citada é um dos alvos comuns desse tipo de

empreendimento (HOGAN, 1996; VEDOVELLO; JUDICE. MACULAN, 2006).

A seguir, a capacidade de inserção internacional do parque V24 tem a mesma

finalidade da variável V21 capacidade de inserção nacional do parque com média de

4,60, exceto pelo nível de abrangência da atuação. Como visto, a atuação nacional é

mais valorizada do que a internacional. Isso provavelmente deve-se ao fato de alguns

parques pesquisados terem forte influência no âmbito regional, porém são ainda

pouco reconhecidos no contexto nacional (BIGLIARDI et al., 2006).

Outro ponto a se observar é que, ao não privilegiar a esfera internacional, os

respondentes podem entender como mais complexa, ou mesmo desnecessária a

estratégia de inserção do parque e, consequentemente, das empresas residentes no

exterior. Assim, esse tema precisaria ser melhor estudado, a fim de levantar quais os

elementos que realmente embasam esse entendimento.

O ganho financeiro de empresas instaladas nos parques V29 é também uma

das dimensões tradicionais de modelos de avaliação de parques tecnológicos.

Entretanto, nesta pesquisa obteve baixa pontuação com média de 4,58. Essa

dimensão tende a ser valorizada por alguns autores que propõem modelos baseados

no Balanced Scorecard, que por sua vez tem como um dos eixos de avaliação o

aspecto comercial de uma organização (DABROWSKA, 2011; ANDREEVNA, 2013).

Entretanto, em estudo realizado por Lofsten e Lindelof (2002), se comprovou não

haver relação direta de lucratividade das firmas com a localização em parques

tecnológicos.

Por outro lado, o parque tecnológico congrega, além de empresas âncoras,

negócios em fase de incubação e, provavelmente por essa razão, o fator financeiro

não seja preponderante nas considerações dos respondentes.

Finalmente, a variável com menor pontuação é a V26 mecanismos de

comunicação adotados pelos parques com média de 4,5. Como não havia menção

desse tópico na literatura, ele foi inserido a fim de investigar qual a importância da

comunicação no contexto dos parques tecnológicos, pois essas organizações devem

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141

dominar a competência de articulação com diversos agentes e de inserção em outras

esferas de atuação. A pesquisa confirmou, então, que os respondentes não vinculam

os mecanismos de comunicação necessariamente ao desempenho dos parques.

Outro ponto a se observar nesta seção é a valoração dada aos conjuntos de

variáveis, pois, conforme mencionado no início as variáveis V17 a V20 correspondem

às dimensões de entrada (input) em um modelo de avaliação, enquanto a V21 a V26

a variáveis de processo e, por fim, a V27 a V33 a resultados (output). Assim, as

variáveis de input obtiveram média de 4,81, as variáveis de processo 4,84 e as

variáveis de output obtiveram média de 4,91. Portanto, pode-se concluir que os

respondentes tendem a valorizar um modelo de avaliação com dimensões

relacionadas aos resultados gerados pelos parques tecnológicos.

A Tabela 24 traz as mesmas dimensões, desta vez apresentadas por categoria

do respondente. Mais uma vez, os especialistas pontuam as dimensões de forma

mais conservadora do que os stakeholders. Em relação às três dimensões mais

importantes, descordam apenas quanto à capacidade de inserção nacional V21

apoiada pelos especialistas. Já os stakeholders tendem a valorizar a V25

capacidade de atração de investidores, provavelmente porque isso causa impacto

imediato na condução dos negócios.

Tabela 24: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 4,35 4,81

V18 – Infraestrutura física do parque 4,75 5,11

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas

4,35 4,76

V20 – Recursos humanos 4,40 4,76

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque

4,55 4,71

V22 – Articulação entre as empresas 4,60 4,90

V23 – Articulação das empresas com a universidade

5,00 5,19

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque

4,60 4,60

V25 – Capacidade de atração de investidores 4,55 5,28

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque

4,45 4,50

V27 – Transparência no uso dos recursos 4,65 5,10

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado

5,05 5,24

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142

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque

4,10 4,64

V30 – Oportunidades de emprego 4,45 4,63

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável

4,60 4,78

V32 – Revitalização da economia local 4,80 4,92

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas

5,00 5,25

Fonte: elaboração própria.

Se confrontadas agora as três dimensões menos importantes, descordam em

dois itens, pois os especialistas consideram V17 os incentivos concedidos pelo

governo e a V19 oferta de serviços disponibilizados pelos parques provavelmente

porque compreendem que não basta haver esses elementos para que o parque venha

a gerar resultados positivos. Já os stakeholders pouco pontuaram a V24 capacidade

de inserção internacional do parque e V30 oportunidades de emprego, talvez por não

haver influência direta desses fatores nos resultados dos negócios das empresas.

Estatisticamente, constatou-se não haver diferença ao nível e significância com

α = 5% entre as variáveis desta seção de dimensões do modelo de avaliação dos

parques tecnológicos, exceto pela variável V33 transferência de conhecimento entre

a universidade e as empresas com o valor de 0,022. Conforme a Tabela 25 os

especialistas são mais conservadores em relação a esse quesito, se comparados

com os stakeholders, que certamente esperam esse ganho da transferência do

conhecimento com o meio acadêmico e, exatamente por isso as empresas e os

representantes tendem a apoiar o parque tecnológico como um projeto de inovação e

desenvolvimento de novos negócios baseados em tecnologia.

Tabela 25: Teste Exato de Fisher para a variável V33

Variável: V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as

empresas

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 4 6

Favoráveis 16 137

Nível de significância α = 5% 0,022 Fonte: elaboração própria.

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143

6.2.1.5 Relevância da avaliação de parques tecnológicos

A seção sobre a relevância da avaliação de parques tecnológicos traz algumas

das justificativas apresentadas na literatura em favor da realização de avaliações de

parques, conforme a Tabela 26.

Assim, a variável com maior pontuação foi a V5 estimular o surgimento de

novos negócios no parque, com média de 5,14. É interessante apontar que os

participantes da pesquisa foram questionados não sobre os objetivos de um parque

tecnológico, mas sobre a importância de se avaliar o desempenho dos parques. Dessa

forma, os respondentes compreendem a promoção do parque como uma

oportunidade de fomento e estímulo a novos negócios. Esse tópico, em especial, não

constava na literatura apresentada neste trabalho.

Tabela 26: A relevância da avaliação de parques tecnológicos

Variáveis

Média

V1 – Atrair recursos financeiros para o parque 4,94

V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque 4,94

V3 – Atrair provedores de serviços especializados para o parque 4,60

V4 – Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região 4,88

V5 – Estimular o surgimento de novos negócios no parque 5,14

V6 – Justificar os recursos investidos no parque 4,67

V7 – Promover o parque tecnológico 4,76 Fonte: elaboração própria.

Em segundo lugar, duas variáveis alcançaram média de 4,94 atrair recursos

financeiros V1 e atrair profissionais qualificados V2, ambas propostas por Bigliardi et

al. (2006). Ao demonstrar o êxito alcançado, um parque pode chamar a atenção de

investidores e fundos privados interessados em aportar recursos nas firmas

residentes. Além disso, a divulgação dessas informações estimula estudantes e

profissionais a procurar por ambientes favoráveis à inovação como opção de trabalho.

A seguir, a V4 divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região obteve

média de 4,88. Em países emergentes, o parque tecnológico é visto como um projeto

de desenvolvimento regional, voltado ao apoio de firmas de base tecnológica

(BIGLIARDI et al., 2006). Assim, a avaliação torna-se um instrumento oportuno para

se verificar em qual medida o parque tecnológico tem alcançado os objetivos

propostos.

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144

Promover o parque tecnológico V7, com média de 4,76 é considerada uma

forma de marketing, de interação com o ambiente (LAAMANEN; AUTIO, 1996). Isso

colabora ainda com a promoção das empresas e demais organizações residentes no

parque tecnológico.

Realizar a avaliação com a finalidade de justificar os recursos investidos

no parque V6, com média de 4,67, baseia-se no fato de que tanto os recursos públicos

como recursos privados são necessários para concretizar e, manter os parques

tecnológicos, conforme discutido no capítulo referente ao SNE. Essa, portanto, é uma

forma de accountability, de mostrar aos investidores o uso eficiente dos recursos

injetados (MONCK; PETERS, 2009).

Finalmente, a V3 atrair provedores de serviços especializados para o parque

obteve a menor média desta seção 4,6. Os parques abrigam, além das empresas

residentes, laboratórios, centros de pesquisa, incubadoras e demais organizações de

apoio assim, a realização de avaliações pode estimular a vinda de profissionais

especializados (BIGLIARDI et al., 2006).

A Tabela 27 apresenta a comparação da percepção dos especialistas e dos

stakeholders em relação à importância da avaliação de parques tecnológicos. Para

as duas categorias a avaliação tem como enfoque principalmente estimular o

surgimento de novos negócios e, para isso, a avaliação serviria como um mecanismo

útil para essa finalidade.

Tabela 27: A relevância da avaliação de parques tecnológicos por respondente

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V1 – Atrair recursos financeiros para o parque 4,35 5,03

V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque

4,35 5,02

V3 – Atrair provedores de serviços especializados para o parque

3,95 4,69

V4 – Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região

4,75 4,90

V5 – Estimular o surgimento de novos negócios no parque

4,90 5,17

V6 – Justificar os recursos investidos no parque

4,55 4,69

V7 – Promover o parque tecnológico 4,85 4,75 Fonte: elaboração própria.

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145

As Tabela 28 e 29 apresentam os resultados do teste qui-quadrado aplicados

às variáveis V2 atrair profissionais qualificados para o parque e V3 atrair provedores

de serviços especializados para o parque. Em ambos os casos, os especialistas

tendem a ser mais desfavoráveis a essas proposições quando comparados com os

stakeholders. Mais uma vez, os especialistas têm uma perspectiva ponderada

quanto às alternativas apresentadas.

Tabela 28: Teste qui-quadrado para a variável V2

Variável: V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 5 12

Favoráveis 15 131

Nível de significância α = 5% 0,023

Fonte: elaboração própria.

Tabela 29: Teste qui-quadrado para a variável V3

Variável: V3 – Atrair provedores de serviços especializados para o parque

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 8 24

Favoráveis 12 119

Nível de significância α = 5% 0,014

Fonte: elaboração própria.

6.2.1.6 Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso

Por último, a seção resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso

obteve a menor média global de todo o questionário. As variáveis pesquisadas são

normalmente inseridas como output nos modelos de avaliação mencionados no

presente trabalho. As cinco variáveis são apresentadas na Tabela 30, abaixo.

Tabela 30: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso

Variáveis Média

V35 – Desenvolvimento local 5,48

V36 – Produção acadêmica 3,99

V37 – Registro de patentes 4,63

V38 – Resultados financeiros e econômicos

5,27

V39 – Imagem e reputação 4,63 Fonte: elaboração própria.

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146

O desenvolvimento local V35 é consenso entre os respondentes como o

principal resultado gerado pelos parques, com média de 5,48. Segundo Vedovello,

Júdice e Maculan (2006), os parques tecnológicos têm como objetivos institucionais

promover novos negócios com base na tecnologia e, fomentar o fluxo de

conhecimento entre a universidade e empresas e, a partir disso, produzir produtos e

serviços inovadores ao mercado. Portanto, esse conjunto de fatores resultam após,

determinado período, no desenvolvimento de uma região.

Já o segundo principal resultado são os resultados financeiros e econômicos

V39, com média de 5,27, que podem ser medidos em termos de lucratividades,

vendas, retorno sobre o capital e sobre o patrimônio, dentre outros. Essa variável não

obteve alta pontuação quando considera com demais dimensões de avaliação.

Em terceiro lugar está o registro de patentes V37, com média de 4,63. Esse é

um resultado relacionado à capacidade de inovação do parque tecnológico e é

comumente inserido em modelos de avaliação. Para as universidades, a produção de

patentes pode ser também um dos objetivos almejados ao manter interações com os

parques tecnológicos (BIGLIARDI et al., 2006).

Em seguida, também com média de 4,63 a V39 imagem e reputação refere-se

à marca que o parque tecnológico mantém na comunidade onde está inserido, pois

isso representa, na prática, maior capacidade de atração de empresas e de

profissionais qualificados. Para uma empresa nascente, estar instalada em um parque

com boa reputação concede a elas maior credibilidade no mercado (DABROWSKA,

2011). Sobre o assunto, Salvador (2010) realizou pesquisa sobre a influência da

reputação do parque tecnológico sobre o sucesso de spin-offs.

Enquanto isso, a produção acadêmica V36 não é considerada um dos

resultados principais gerados por um parque tecnológico. Inclusive, essa variável

alcançou a menor média de toda a pesquisa, 3,99. Portanto, os respondentes

compreendem o parque tecnológico com um espaço de estímulo à transferência do

conhecimento entre a universidade e empresas, porém a produção acadêmica não é

entendida como um resultado direto de um parque, necessariamente. Isso confirma a

proposição de Vedovello (1997) ao salientar a inexistência de mudanças significativas

no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas em decorrência da atuação dos

parques tecnológicos.

Agora, quando comparadas as respostas dos especialistas versus os

stakeholders sobre os resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso,

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147

conforme a Tabela 31, ambas as categorias concordam em relação à maioria das

variáveis. A diferença surge quanto à V37 produção de patentes mais valorizada pelos

stakeholders do que os especialistas.

Tabela 31: Resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso por respondente

Variáveis Especialistas Stakeholders

Média

V35 – Desenvolvimento local 5,25 5,51

V36 – Produção acadêmica 3,95 3,99

V37 – Registro de patentes 4,20 4,69

V38 – Resultados financeiros e econômicos 4,80 5,34

V39 – Imagem e reputação 4,40 4,66 Fonte: elaboração própria.

A Tabela 32 revela maior tendência dos stakeholders a apoiar a V38

resultados financeiros e econômicos como os resultados gerados por um parque

tecnológico de sucesso. Talvez, os especialistas são mais conservadores em relação

a esse quesito porque não necessariamente todas as novas empresas residentes, ou

então, nas incubadoras presentes nos parques obterão em êxito comercial. Algumas

até, encerram as suas atividades na fase de incubação e com isso, trazem prejuízos

menores caso estivessem em posições mais avançadas do ciclo de vida. Nessa

situação, o parque tecnológico e/ou a incubadora funcionam como uma solução para

amenizar resultados negativos de mercado (HACKETT; DILTS, 2004).

Tabela 32: Nível de significância para a variável V8

Variável: V38 – Resultados financeiros e econômicos

Especialistas Stakeholders

Quantitativo

Não favoráveis 4 5

Favoráveis 16 138

Nível de significância α = 5% 0,014 Fonte: elaboração própria.

6.3 Análise fatorial

Análise fatorial será aplicada às variáveis da seção dimensões de avaliação de

parques tecnológicos, V17 a V33, com o objetivo de reduzir os dados e, com isso,

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148

colaborar com a sugestão de um modelo de avaliação de parques tecnológicos, a

partir das contribuições de stakeholders e especialistas no tema.

Além disso, com o objetivo de capturar a percepção de mais de uma categoria

de respondente, a análise fatorial é aplicada às empresas e aos demais

stakeholders, considerados os representantes dos parques, da universidade e do

governo. E por fim, uma terceira análise é realizada, desta vez com a inclusão de

todas as categorias mencionadas, mais os especialistas, a fim de se obter a redução

de dados a partir das expectativas globais.

Essa divisão foi adotada, pois para a aplicação da técnica é necessário haver

um tamanho mínimo de amostra, assim, como houve 70 empresas e 73 demais

stakeholders como respondentes, os números foram considerados válidos para a

aplicação da análise fatorial.

6.3.1 Análise fatorial – Empresas Inicialmente, o Teste KMO para as variáveis V17 a V33 para a categoria

empresas apresentou valor de 0,662, resultado abaixo do mediano para análise

fatorial. Enquanto isso, a significância do Teste de esfericidade de Bartlett apresentou

significância de 0,000, valor inferior a 0,05, o que permite rejeitar a hipótese nula de

que a matriz de dados é uma matriz identidade (Tabela 33). Portanto, conclui-se pela

existência de correlação entre as variáveis.

Tabela 33: Teste de KMO e Bartlett

Teste de KMO e Bartlett

Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de

amostragem.

0,662

Teste de esfericidade de

Bartlett

Qui-quadrado aprox. 389,579

Df 105

Sig. 0,000

Fonte: elaboração própria.

Em seguida, foram analisadas as comunalidades, que representam a variância

explicada pela solução fatorial para cada variável. Valores inferiores a 0,50 não

apresentam explicação satisfatória, por isso, a variável V25 foi desconsiderada. Com

isso, o teste foi novamente aplicado desde o início (Tabela 34).

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149

Tabela 34: Comunalidades

Comunalidades

Inicial Extração

V17 1,000 0,577

V18 1,000 0,748

V19 1,000 0,739

V20 1,000 0,715

V21 1,000 0,651

V22 1,000 0,641

V23 1,000 0,815

V24 1,000 0,790

V26 1,000 0,709

V27 1,000 0,704

V28 1,000 0,514

V29 1,000 0,612

V30 1,000 0,834

V31 1,000 0,729

V32 1,000 0,663

Fonte: elaboração própria.

O próximo passo é a extração dos fatores, com base no método da raiz latente

e do critério de percentagem da variância. No primeiro método, foram obtidas cinco

raízes latentes com valor superior a 1. Enquanto isso, o método da percentagem da

variância revelou que 69,598% da variância é explicada pelos cinco fatores extraídos.

Esse valor atende a porcentagem mínima de 60%, considerada como aceitável em

investigações no campo das ciências sociais, onde os dados tendem a ser menos

precisos (HAIR et al.,2005).

Finalmente, a matriz rotacionada pelo método Varimax apresenta os seguintes

valores, constantes na Tabela 35. Cada fator, representado nas colunas, agrupa um

determinado número de variáveis conforme o poder de explicação. De acordo com o

tamanho da amostra, para 70 observações, são consideradas válidas cargas fatoriais

superiores a 0,65, por isso as variáveis V17, V19, V28 e V32 foram excluídas. Em

relação à V26, o valor e variância de 0,646 foi convertido para duas casas decimais

e, por isso, foi mantido. Os valores realçados representam os resultados máximos em

cada fator. Ao total, as variáveis foram aglutinadas em cinco fatores.

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150 Tabela 35: Fatores encontrados para a categoria empresas

Variáveis

Fatores

Desenvolvimento

e local

Atuação junto

ao mercado

Itens

primários Transparência

Capacidade de

articulação

V30 - Oportunidades de empregos 0,895 0,005 0,183 -0,014 -0,007

V20 - Recursos humanos 0,818 0,049 0,084 -0,042 0,186

V31 - Promoção do desenvolvimento

sustentável 0,674 0,051 0,041 0,518 0,050

V24 - Capacidade de inserção

internacional do parque 0,178 0,853 0,019 0,028 0,169

V21 – Capacidade de inserção nacional

do parque 0,104 0,763 0,092 0,136 0,180

V29 - Ganho financeiro das empresas

instaladas no parque -0,079 0,701 0,309 0,086 -0,106

V18 - Infraestrutura física do parque 0,067 -0,004 0,860 0,039 0,042

V26 - Mecanismos de comunicação

adotados pelo parque 0,158 0,250 0,646 0,309 0,329

V27 – Transparência no uso dos recursos 0,081 0,069 0,112 0,806 0,177

V22 - Articulação das empresas com a

universidade -0,091 0,211 0,189 0,192 0,718

V23 - Articulação entre as empresas 0,249 0,039 0,014 0,040 0,866

Alfa de Cronbach 0,795 0,761 0,650 - 0,599

Fonte: elaboração própria.

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151

Para aferir o nível de confiabilidade dos resultados é aplicada a medida de alfa

de Cronbach, que confirmou a consistência da escala, pois os valores obtidos estão

acima do limite de corte 0,60. A propósito, alfa de Cronbach relativo ao quarto fator foi

arredondado para 0,60 e por isso, atente ao patamar mínimo deste teste, dado ser

esta uma pesquisa do tipo exploratória.

O primeiro fator explica a maior parte da variância. Como é possível notar, a

análise fatorial agrupou como primeiro fator variáveis relacionadas ao

desenvolvimento humano e local, pois esse aspecto mobiliza as considerações das

empresas quando se trata de avaliações de parques tecnológicos, conforme

proposições de Hogan (1996), Vedovello, Júdice e Maculan (2006) e Dabrowska

(2011).

Enquanto isso, o segundo fator agrupa variáveis relacionadas à atuação junto

ao mercado, ou seja, à capacidade do parque em se inserir em novos mercados e

gerar resultados comerciais a partir da oferta de produtos e serviços inovadores,

apontados por Hogan (1966), Lindelof e Lofsten (2002) e Bigliardi et al. (2006).

O terceiro fator relaciona variáveis envolvidas com os itens primários de

avaliação, seja em termos serviços disponibilizados para o funcionamento das

empresas residentes, infraestrutura de rede, escritórios, laboratórios, ou então,

recursos financeiros, imprescindíveis nas fases de implantação, expansão e

manutenção dos parques, relacionados por Bigliardi et al. (2006).

Em seguida, a análise apresentou como quarto fator a transparência no uso

dos recursos, afinal, o parque e as empresas nele residentes dependem para sua

manutenção de fontes financeiras do setor público e privado, por isso, Monck e Peters

(2009) enfatizam esse aspecto em um modelo de avaliação de parques tecnológicos.

Finalmente, o quinto fator responde pela capacidade de articulação, ou seja,

como o parque relaciona-se com o meio acadêmico e, com isso, gera ganhos para a

própria universidade e para as empresas. Pois, segundo Hogan (1996) e Quintas

(1996) espera-se que o parque seja um ambiente de interação entre as empresas,

com a finalidade de troca de informações, recursos, conhecimentos. Portanto,

segundo as empresas essa dimensão deve também constar em um modelo de

avaliação de parques tecnológicos.

Portanto, pode-se afirmar que as empresas, basicamente, mantêm

expectativas fortemente atreladas aos resultados gerados pelos parques, em termos

de desenvolvimento local e humano, além claro, de resultados comerciais e de

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152

capacidade de inovação. Desta forma, um modelo de avaliação de parques

tecnológicos, segundo a ótica das empresas, poderia conter as cinco dimensões

acima encontradas, com ênfase na mensuração de resultados em relação aos dois

fatores com maiores cargas, quais sejam, desenvolvimento humano e local e

atuação junto ao mercado.

6.3.2 Análise fatorial – Demais stakeholders

De início, o Teste KMO apresentou valor de 0,834 e confirma assim,

como são meritórios os dados para o emprego da análise fatorial, conforme a Tabela

36. O Teste de esfericidade de Bartlett indicou nível de significância abaixo de 0,05 e,

portanto, confirma a correlação entre as variáveis exploradas.

Tabela 36: Teste de KMO e Bartlett

Teste de KMO e Bartlett

Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de

amostragem.

0,834

Teste de esfericidade

de Bartlett

Qui-quadrado aprox. 666,157

Df 120

Sig. 0,000

Fonte: elaboração própria.

O Teste de comunalidade, na Tabela 37, explica a relação da variância com a

solução fatorial. Dessa forma, valores abaixo de 0,50 apresentam baixa correlação.

Na primeira tentativa, a variável V27 não atendeu ao patamar mínimo, por isso, foi

descartada e o teste foi novamente realizado, desta vez, sem essa variável.

Tabela 37: Comunalidades

Comunalidades

Inicial Extração

V17 1,000 0,628

V18 1,000 0,809

V19 1,000 0,720

V20 1,000 0,748

V21 1,000 0,864

V22 1,000 0,636

Page 154: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

153

V23 1,000 0,778

V24 1,000 0,874

V25 1,000 0,573

V26 1,000 0,561

V28 1,000 0,755

V29 1,000 0,542

V30 1,000 0,712

V31 1,000 0,684

V32 1,000 0,617

V33 1,000 0,584

Fonte: elaboração própria.

Com a extração dos dados, o método da raiz latente aponta quatro fatores

responsáveis pela variância. Enquanto isso, o método de percentual da variância

demonstra como os quatro fatores respondem por 69,283% da variância, um valor

aceitável, pois está acima dos 60% de medida de corte.

Aplicada a rotação Varimax na matriz de dados, foram consideradas as cargas

fatoriais superiores a 0,65, para o dado tamanho de amostra, ou seja, 73. Assim, ao

não atender essas exigências, as variáveis V17, V26, V29, V30, V32 e V33 foram

descartadas. A propósito, as maiores cargas fatoriais de cada fator estão marcadas

em cinza na Tabela 38.

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154 Tabela 38: Fatores encontrados para a categoria demais stakeholders

Variáveis

Fatores

Itens primários e

desenvolvimento local

Capacidade de articulação

junto aos stakeholders

Atuação junto ao

mercado e às

empresas

Capacidade de

inserção

V18 – Infraestrutura física do parque 0,844 0,294 0,090 0,051

V20 – Recursos humanos 0,806 0,239 0,205 0,011

V31 – Promoção do desenvolvimento

sustentável 0,708 0,368 0,202 0,079

V23 – Articulação das empresas com

a universidade 0,247 0,794 0,294 -0,028

V22 - Articulação entre as empresas 0,311 0,692 0,226 0,100

V25 - Capacidade de atração de

investidores 0,072 0,660 0,054 0,360

V19 – Oferta de serviços

disponibilizados às empresas 0,181 0,095 0,815 0,116

V28 – Capacidade de oferecer novos

produtos e serviços ao mercado 0,130 0,301 0,795 0,126

V24 – Capacidade de inserção

internacional do parque 0,059 0,254 0,136 0,887

V21 – Capacidade de inserção

nacional do parque 0,198 0,203 0,092 0,880

Alfa de Cronbach 0,858 0,744 0,728 0,913

Fonte: elaboração própria.

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155

O teste de alfa de Cronbach comprovou que os resultados são consistentes,

quando as variáveis carregadas em cada fator apresentaram valor superior ao

patamar de 0,70.

O primeiro deles refere-se à combinação de dois fatores discutidos quando

analisada a categoria das empresas, que são os itens primários e o

desenvolvimento humano e local. Isso demonstra, portanto, a preocupação dessa

categoria com os requisitos necessários ao pleno funcionamento dos parques, como

infraestrutura física de suporte aos negócios. E somado a isso, o governo,

representantes dos parques e universidades reforçam a preocupação com a geração

de resultados, por meio da promoção do desenvolvimento sustentável e da geração

de empregos.

Aliás, cabe ressaltar que Vedovello (2006) menciona a infraestrutura disponível,

a proximidade a universidades e centros de pesquisa, a aglomeração de empresas

inovadoras como fatores críticos de sucesso, dentre outros.

O segundo fator tem a ver com a capacidade de articulação junto aos

stakeholders. Isso porque espera-se de um parque a competência de lidar com

diversas partes interessadas, interna e externamente, e articular-se junto a elas para

obter recursos necessários à operação do parque, conforme propõem Hogan (1996),

Quintas (1996) e Dabrowska (2011).

Em seguida, o terceiro fator é o de articulação junto ao mercado e às

empresas. Esse item demonstra em qual medida as empresas residentes conseguem

ser altamente inovadoras e, além disso, ao passo que também são consumidoras de

serviços disponibilizados pelos parques.

Por fim, o quarto fato diz respeito à capacidade de inserção, ou seja, de obter

destaque na escala nacional e internacional, não apenas pelo desenvolvimento do

parque isoladamente, mas, principalmente das empresas nele localizadas

(BIGLIARDI et al., 2006). Os demais stakeholders tendem a desvincular a atuação

junto ao mercado da capacidade de inserção, diferentemente das empresas,

provavelmente porque mantêm um foco na atuação local do parque.

Logo, os demais stakeholders, basicamente, governo, representantes dos

parques e universidades privilegiam aspectos funcionais, necessários à operação do

parque, mas também os impactos econômicos e sociais produzidos pela atuação de

um empreendimento do gênero. Além disso, essas categorias compreendem a

existência de uma diversidade de agentes que interagem com os parques e, por isso,

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156

enfatizam a capacidade de articulação junto aos stakeholders como um domínio

necessário.

6.3.3 Análise fatorial – Todas as categorias de respondentes

Nesta seção, a análise fatorial é aplicada a todos os respondentes, desta forma,

será possível reduzir as dimensões de avaliação de parques tecnológicos a partir das

perspectivas das partes interessadas, inclusive com a visão dos especialistas.

No Teste KMO, alcançou-se o valor de 0,854 e confirma assim, que os dados

são meritórios para a aplicação da técnica de análise fatorial, conforme registrado na

Tabela 39. O Teste de esfericidade de Bartlett indicou nível de significância abaixo de

0,05 e, portanto, confirma a presença de correlações não-nulas.

Tabela 39: Teste de KMO e Bartlett

Teste de KMO e Bartlett

Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de

amostragem.

0,854

Teste de esfericidade

de Bartlett

Qui-quadrado aprox. 1196,16

8

Df 120

Sig. 0,000

Fonte: elaboração própria.

A Tabela 40 apresenta o teste de comunalidade, que explica a relação da

variância com a solução fatorial. Assim, os valores abaixo de 0,50 apresentam baixa

correlação e devem ser descartados. Na primeira tentativa, a variável V25 não

atendeu ao parâmetro mínimo, por isso, foi desconsiderada e o teste foi novamente

aplicado.

Tabela 40: Comunalidades

Comunalidades

Inicial Extração

V17 1,000 0,529

V18 1,000 0,614

V19 1,000 0,539

V20 1,000 0,682

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157

V21 1,000 0,864

V22 1,000 0,543

V23 1,000 0,674

V24 1,000 0,880

V26 1,000 0,593

V27 1,000 0,549

V28 1,000 0,601

V29 1,000 0,657

V30 1,000 0,693

V31 1,000 0,636

V32 1,000 0,568

V33 1,000 0,672

Fonte: elaboração própria.

Com a extração dos dados, o método da raiz latente aponta quatro fatores

responsáveis pela variância; Enquanto isso, o método de percentual da variância

demonstra que os quatro fatores respondem por 64,331% da variância total. Portanto,

esse atende ao parâmetro mínimo de 60% necessário para a aplicação da técnica de

análise fatorial.

Com a aplicação da rotação Varimax, para o dado tamanho de amostra 163,

são consideradas as cargas fatoriais superiores a 0,45. A propósito, as maiores cargas

fatoriais de cada fator estão realçadas na Tabela 41.

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158 Tabela 41: Fatores encontrados para todas as categorias

Variáveis

Fatores

Itens primários e

desenvolvimento

humano e local

Capacidade de

articulação junto aos

stakeholders e de

inovação

Perspectiva

financeira

Capacidade

de inserção

V30 – Oportunidades de empregos 0,800 0,135 0,125 0,137

V20 – Recursos humanos 0,791 0,187 0,087 0,119

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável 0,662 0,403 0,180 0,046

V18 – Infraestrutura física do parque 0,637 0,106 0,442 0,021

V32 – Revitalização da economia local 0,592 0,361 0,150 0,254

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 0,519 0,198 0,496 0,193

V23 – Articulação das empresas com a universidade 0,255 0,769 0,067 0,117

V33 – Transferência de conhecimento entre as empresas e a

universidade 0,414 0,675 -0,109 0,181

V27 – Transparência no uso de recursos 0,321 0,628 0,216 0,070

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao

mercado 0,005 0,623 0,427 0,178

V22 – Articulação entre as empresas 0,018 0,535 0,490 0,127

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 0,122 0,088 0,771 0,200

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas 0,336 0,301 0,580 0,007

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 0,410 -0,016 0,505 0,326

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque 0,134 0,190 0,158 0,895

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque 0,181 0,176 0,193 0,874

Alfa de Cronbach 0,688 0,788 0,626 0,877

Fonte: elaboração própria.

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159

O teste de alfa de Cronbach confirmou a consistência dos resultados, quando

então as variáveis relacionadas aos fatores obtiveram valores acima de 0,60

considerado como aceitável para pesquisa do tipo exploratória.

Mais uma vez os itens primários e o desenvolvimento humano e local

aparecem como o fator principal. Assim, os respondentes destacam a importância dos

parques oferecerem as condições necessárias às operações das empresas,

laboratórios e demais organizações ali localizadas, e ainda, enfatizam os resultados

gerados pelos parques, a partir de maior dinamismo da economia local, geração de

empregos e promoção do desenvolvimento com base também em requisitos de

sustentabilidade.

O segundo fator representa a capacidade de articulação junto aos

stakeholders e de inovação. Isso significa que, quando ponderadas as perspectivas

de todos os stakeholders e a dos especialistas, os parques devem dominar as

competências necessárias para se articular perante às organizações parceiras,

principalmente, as universidades e empresas e atuar para a efetiva transferência de

conhecimento, dos dois sentidos, e com isso, promover inovações, de acordo com as

afirmações de Hogan (1996) e Vedovello, Júdice e Maculan (2006) sobre o assunto.

Em seguida, o terceiro fator que mobiliza a atenção de todos é a perspectiva

financeira, afinal, os parques e as empresas residentes captam recursos no mercado

necessários à manutenção e implementação de novos projetos, seja junto ao governo

ou a fontes privadas.

Por último, o quarto fator reflete a preocupação em relação à capacidade de

inserção do parque, de se destacar no âmbito nacional e internacional, seja por conta

da capacidade de inovação e êxito de suas empresas, seja pela forma empreendedora

como os gestores dos parques lidar com a interação da universidade com as

empresas ou então, pelos resultados diretos e indiretos gerados na comunidade onde

está inserido (BIGLIARDI et al., 2006).

Obviamente, a capacidade de inserção demanda esforços para o parque

tecnológico mas na mesma medida, traz resultados em termos de atração de

investidores, novas empresas e demais organizações interessadas em colaborar com

o projeto.

Por fim, a Tabela 42 apresenta os fatores obtidos de acordo com a categoria

do respondente inserida na análise fatorial, com o objetivo de sintetizar o conjunto de

informações levantado. Em destaque, é possível notar que em relação ao primeiro

Page 161: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

160

fator todas as categorias concordam com um aspecto importante, o desenvolvimento

local.

Tabela 42: Comparação dos fatores gerados por categoria dos respondentes

Fonte: elaboração própria.

Em seguida, a atuação junto ao mercado é tema comum entre os profissionais

de diversos segmentos pesquisados. Isso demonstra a preocupação pela capacidade

do parque e de suas empresas ganhar mercado e obter sustentabilidade financeira,

até para se justificar os recursos aportados pelo governo e investidores particulares

(MONCK, PETERS, 2009).

Outro fator também comum é em relação aos itens primários, ou seja, o

parque deve oferecer às condições físicas e de serviços necessários para que as

empresas e demais organizações residentes possam desempenhar suas funções.

Esses itens referem-se a recursos humanos, espaço físico e de serviços, entre outras

facilidades (BIGLIARDI et al., 2006).

Finalmente, a capacidade de inserção surge como fator comum, pois releva

a preocupação dos respondentes em relação ao nível de participação do parque em

outras esferas, além da local, pois, entre outros benefícios, isso pode conferir maior

visibilidade e garantir a atração de recursos para o seu funcionamento, como

confirma Bigliardi et al. (2006) sobre o assunto.

Empresas Representantes dos

parques, universidades e governos

Empresas, representantes dos

parques, universidades, governos e

especialistas

Desenvolvimento humano e local

Itens primários e desenvolvimento local

Itens primários e desenvolvimento humano e local

Atuação junto ao mercado Capacidade de articulação junto aos stakeholders

Capacidade de articulação junto aos stakeholders e de inovação

Itens primários Atuação junto ao mercado e às empresas

Perspectiva financeira

Transparência Capacidade de inserção Capacidade de inserção

Capacidade de articulação

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161

7 Proposta de modelo de avaliação de parques tecnológicos

Este capítulo tem como objetivo apresentar, a partir das colaborações dos

stakeholders e especialistas, uma proposta de modelo conceitual a ser considerado

em avaliações de parques tecnológicos de terceira geração.

As proposições realizadas também são oriundas de contribuições da literatura

sobre o tema, pois a partir de consulta aos principais autores, foi possível traçar as

diretrizes da pesquisa, bem como direcionar o conteúdo pertinente a ser aplicado no

questionário junto ao público-alvo.

A etapa inicial do processo de avaliação de parques tecnológicos contempla a

estratégia da avaliação, resumida em quatro fases, relacionadas a seguir.

7.1 Estruturação do modelo

Com base na revisão de literatura acerca dos modelos de avaliação de parques

tecnológicos já descritos (Quadro 6), é possível encontrar elementos comuns e, a

partir disso, sugerir os primeiros passos para a realização de uma avaliação.

Quadro 6: Modelos de avaliação de parques tecnológicos

Autores Modelos de avaliação de parques tecnológicos

Andreevna (2013)

Abordagem de avaliação: Balanced Scorecard Eixos de avaliação:

processos; perspectiva do cliente; perspectiva do capital intelectual; perspectiva financeira. Método de avaliação:

formular a missão; comparar a missão estratégica e objetivos do parque com os eixos do BSC; elaborar os indicadores com base nos objetivos e os eixos do BSC; elaborar um sistema de iniciativas a ser adotado por autoridades regionais e gestores.

Bigliardi et al. (2006)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post Método de avaliação:

considerar a missão institucional e a estratégia do parque tecnológico; considerar o estágio de ciclo de vida do parque tecnológico; levantar as expectativas de stakeholders e os possíveis conflitos de interesse;

identificar o contexto no qual o parque tecnológico opera; levantar a cultura técnica e profissional local; identificar “áreas de resultados esperados”, em termos financeiros, de serviços, ciclo de

vida, número e tipos de firmas criadas, número e tipos de competências desenvolvidas etc.

Dabrowska (2011) Abordagem de avaliação: Balanced Scorecard

Eixos de avaliação:

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162

resultados comerciais; a visão do stakeholders; a imagem e a reputação dos parques; processos internos. Aspectos relevantes do processo de avaliação: Identificação do ciclo de vida

Guy (1996)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post Método de avaliação:

entender o contexto; desenvolver a estratégia de avaliação; especificar táticas de avaliação; estabelecer uma agenda operacional; conduzir a avaliação; acompanhar. Eixos de avaliação: input;

estrutura; processos; output; impactos. Aspectos relevantes do processo de avaliação:

Fatores genéricos de avaliação: natureza; tempo de aplicação; ambição.

Hogan (1996)

Abordagem de avaliação: ex-ante, intermediária e ex-post

Eixos de avaliação input;

estrutura; processos; output; impactos.

Marinazzo (1966)

Eixos de avaliação

aspectos internos à organização; aspectos externos à organização; Método de avaliação

estabelecer diretrizes; realizar a coleta de dados; analisar os dados. Aspectos relevantes do processo de avaliação:

Definição do ciclo de vida: ideia; preparação; planejamento; implementação; operação guia; evolução.

Monck (2010 apud Dabrowska, 2011)

Aspectos relevantes do processo de avaliação: Key Performance Indicators (KPI);

resultados intermediários; indicadores de gestão de curto prazo.

Staton (1996) Método de avaliação: Goal Oriented Project Planning:

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163

analisar as partes envolvidas na avaliação de parques tecnológicos; identificar os problemas das partes envolvidas no parque; elaborar a árvore de problemas; elaborar a árvore de objetivos; agrupar e definir os objetivos; preparar o framework lógico; considerar as condições de abrangência; determinar as atividades e inputs; definir os indicadores.

Fonte: elaboração própria.

Entendimento do contexto: esse é um aspecto comum dos modelos de

avaliação apresentados. Segundo Guy (1996) e Bigliardi et al. (2006), o entendimento

do contexto é fundamental para identificar os fatores que afetam ou poderão afetar as

atividades dos parques. Afinal, a partir da compreensão das perspectivas ambientais,

os gestores e stakeholders dos parques tecnológicos conseguem estabelecer a

missão institucional, as estratégias e os objetivos que irão direcionar as ações do

parque e, consequentemente estabelecer os resultados esperados.

Envolvimento dos parceiros: é também uma decisão comum nos métodos

de avaliação em Staton, Bigliardi et al. (2006), Dabrowska (2011). Refere-se a quais

e como deverão ser envolvidos os parceiros na tarefa de avaliação. Afinal, como

verificado na coleta de dados, embora os stakeholders mantenham expectativas

semelhantes em relação à maioria dos tópicos relativos ao desempenho de um parque

tecnológico, para determinado itens, comprovadamente há diferenças de

entendimento. Guy ainda reforça ser crucial a participação dos stakeholders para se

alcançar consenso (1996).

Inclusive, a coleta de dados revelou que o público-alvo das informações sobre

avaliação de parques tecnológicos é um quesito que mobiliza as atenções dos

respondentes e, a colaboração de todas as partes interessadas nesse processo tende

a tornar bem-sucedido o trabalho de avaliação. Portanto, a escolha de quais e como

se dará o envolvimento dos parceiros deve nortear a condução dos trabalhos de

avaliação dos parques, em um primeiro momento.

Definição do método: o terceiro momento no processo de avaliação dos

parques tecnológicos considera a definição do método. Afinal, após identificar quais e

como serão envolvidos os stakeholders e quais os fatores ambientes determinantes

nas operações do parque tecnológico, o passo seguinte deve considerar a definição

do método de avaliação. Ou seja, a periodicidade, a forma de coleta e apresentação

dos resultados, a abordagem ex-ante, intermediária ou ex-post. Ou se fará uso do

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164

BSC, ou ainda, de KPIs para demonstrar os resultados alcançados pelos parques

avaliados.

Enfim, a definição do método integra o processo de avaliação e, por sua vez, é

considerado relevante pelos stakeholders e especialistas no assunto de avaliação de

parques tecnológicos. Aliás, essa seção obteve a terceira maior pontuação na

pesquisa. Inclusive, os respondentes enfatizam a criação de modelos capazes de

permitir a comparação com o desempenho de outros parques.

Identificação dos eixos de avaliação: esse item refere-se às perspectivas de

avaliação a serem consideradas no modelo. Sobre o assunto, Dabrowska (2011) e

Andreevna (2013) ao propor a metodologia do BSC recomendam eixos de avaliação

que, de forma genérica, abordam as perspectivas financeira, do cliente, de processos

e do capital intelectual.

Enquanto isso, Guy (1996) e Hogan (1996) propõem uma avaliação baseada

nos cinco eixos tradicionais de avaliação input, estrutura, processos, output e

impactos. Marinazzo (1996), por sua vez propõe a análise de aspectos internos e

externos à organização.

Assim, uma das decisões importantes a serem tomadas pelos gestores e

stakeholders no desenho do modelo de avaliação é identificar quais serão os focos de

mensuração, que por sua vez, devem estar alinhados com as expectativas dos

parceiros e com a missão do parque tecnológico.

Por fim, o modelo de avaliação de parques tecnológicos contempla os atributos

representados na Figura 24. Basicamente, os quatro tópicos elencados resumem as

decisões a serem tomadas para a condução de avaliações de parques tecnológicos.

Figura 24: Aspectos considerados na avaliação de parques tecnológicos

Fonte: elaboração própria

7.2 Dimensões de avaliação Concluída a fase de definição dos requisitos de avaliação, a próxima etapa

refere-se à mensuração de dimensões de atuação. De acordo com as percepções de

todas as categoriais de respondentes, abaixo são propostas seis dimensões de

avaliação, conforme representação da Figura 25.

Entendimento do contexto

Envolvimento dos parceiros

Definição de método

Identificação dos eixos de avaliação

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165

Figura 25: Dimensões de avaliação de parques tecnológicos

Fonte: elaboração própria.

Itens primários: inicialmente, fatores como infraestrutura, a imagem projetada

pelo parque no mercado e na sociedade, os recursos e os serviços à disposição dos

empreendedores integram o modelo de avaliação proposto. Afinal, a avaliação de um

parque passa, necessariamente, pela identificação dos recursos ofertados e pela

capacidade de atração de novas empresas, interessadas em se abrigar em um espaço

com condições favoráveis aos negócios ali instalados.

Desenvolvimento humano e local: em seguida, o modelo de avaliação de

parques de terceira geração enfoca quesitos como a capacidade dos parques em

contribuir com a economia ou a mudança social de uma determinada região. Seja por

meio do desenvolvimento humano, ou então, com o emprego de estratégias de

desenvolvimento sustentável, por exemplo. Assim, a aptidão de um parque em

transformar o ambiente e as pessoas com que interage é um dos atributos a se

considerar.

Articulação junto aos stakeholders: o modelo propõe ainda a identificação

da capacidade do parque em interagir com outros parques, e mesmo, colaborar com

Dimensões de avaliação de

parques tecnológicos

Itens primários

Desen. humano e

local

Articulação junto aos

stakeholders

Capacidade de inovação

Resultados financeiros

Capacidade de inserção

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166

demais instituições de interesse e se inserir em novos espaços. Afinal, os resultados

alcançados por um parque tecnológico dependem bastante de como seus gestores

aproveitam as redes de colaboração para atrair novos recursos ou facilitar ações

necessárias ao progresso dos parques.

Capacidade de inovação: esse quesito é fundamental, segundo os

stakeholders, pois essa competência se traduz em uma das razões de existência dos

parques tecnológicos. Sobretudo, em relação à capacidade de atuar como canal no

direcionamento do fluxo de conhecimento produzido nas universidades para as

empresas, em termos de geração de novos produtos e serviços ao mercado.

Resultados financeiros: o modelo abrange também os resultados financeiros

e econômicos gerados pelos parques e, consequentemente, pelas empresas nele

instaladas. Esse quesito é fundamental, pois demonstra o índice de rentabilidade das

empresas e, permite com isso atrair capital ou inserir as empresas nascentes em

novos mercados.

Capacidade de inserção: avalia a competência do parque tecnológico em

atuar no âmbito nacional ou internacional, isto é, refere-se à capacidade de se projetar

além do reduto local. Esse atributo de avaliação é essencial para medir a posição de

destaque nos espaços considerados, seja por meio de resultados alcançados, se

comparados com os demais parques, ou então, pela influência do parque em

determinados mercados e, consequentemente, sua projeção junto a empresas e

investidores.

Finalmente, o modelo proposto não contemplou a recomendação de

indicadores, pois essa definição deve atender às necessidades individuais de cada

parque. Entretanto, ao se sugerir os quatro passos para estruturação do modelo e,

adiante, as seis dimensões de avaliação, buscou-se direcionar aspectos importantes,

sob a ótica dos stakeholders e especialistas, a serem analisados pelos gestores ao

longo do processo de avaliação.

Assim, este capítulo abordou o modelo de avaliação de parques tecnológicos,

desde as decisões sobre o formato da avaliação e as seis áreas estratégicas de foco

de avaliação.

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167

8 Conclusões

Esta dissertação teve como motivação identificar as colaborações de

stakeholders e especialistas na tarefa de apresentar um modelo de avaliação de

parques tecnológicos de terceira geração, inseridos no contexto brasileiro.

Para tanto, contou-se inicialmente com a identificação e a delimitação do

universo no qual se insere os parques tecnológicos, caracterizado neste estudo como

o Sistema Nacional de Empreendedorismo (SNE). Em seguida, o esforço

compreendeu a denominação dos principais atores do SNE, a missão institucional e

os resultados produzidos por cada organização no sistema. Esse mapeamento

colaborou com o objetivo de qualificar os stakeholders e demonstrar quais as

possíveis expectativas desses entes em relação aos resultados gerados pelos

parques tecnológicos.

Assim, a identificação do SNE agrupou diversas organizações segundo a oferta

de valor de cada uma delas no sistema, de acordo com a proposição de Neck et al.

(2004). Portanto, foram adotadas as seguintes categorias: universidade, governo,

serviços profissionais, recursos de financiamento, banco de talentos, grandes

corporações, infraestrutura e, finalmente, cultura na qual o parque tecnológico insere-

se como habitat de inovação e empreendedorismo.

Em seguida, a partir do conceito da tríplice hélice, buscou-se levantar os

antecedentes dos primeiros parques tecnológicos, a motivação para o surgimento e a

forma de constituição dos parques pioneiros. A propósito, o Stanford Research Park,

apoiado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, foi criado na década de

50. Atualmente, a região onde está localizado é conhecida como o Vale do Silício, o

mais inovador e produtivo polo de tecnologia do mundo, reconhecido também por

abrigar grandes empresas como a Google, Hewlett-Packard e Cisco, dentre diversas

outras.

Por apresentar formatos diferenciados, o parque tecnológico apresenta-se sob

diversas denominações, de acordo com a região onde está inserido. Assim, apesar

de diferentes tipologias e classificações para os parques tecnológicos, uma demanda

comum em relação a esse tipo de empreendimento é quanto à necessidade de aferir,

averiguar, constatar os resultados por ele alcançados.

A literatura sobre avaliação de parques tecnológicos, por sua vez, aborda

aspectos essenciais na modelagem da avaliação em si, e até sugere dimensões e

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indicadores a serem considerados. Entretanto, fato é a inexistência de consenso sobre

qual a metodologia mais indicada em cada caso, principalmente para parques em

diferentes ciclos de vida. Por isso, a motivação de se realizar pesquisa voltada à

proposição de um modelo de avaliação de uma entidade no estágio de maturidade

com diversos stakeholders.

Assim, a pesquisa de campo contou com a aplicação de questionário

direcionado para os parques tecnológicos em atuação no Brasil há pelo menos oito

anos. No total, 23 parques se inserem nessa categoria. A seguir, a tarefa de pesquisa

contemplou a delimitação dos respondentes, identificados, por sua vez, como o núcleo

comum na gestão dos parques tecnológicos, ou seja, os conselhos de administração

ou grupos de hierarquia ou funções similares. Além disso, com base no conceito da

tríplice hélice, o governo, o mercado, representado pelas empresas instaladas nos

parques e, por fim, a universidade, também foram alvo da pesquisa.

Desta forma, a partir da aplicação do teste qui-quadrado e do teste exato de

Fisher para tratamento dos dados, foi possível constatar se, de fato, os stakeholders

e especialistas mantinham percepções opostas em relação aos diversos temas

atinentes à avaliação de parques tecnológicos, hipótese não confirmada. Vale

ressaltar que, em geral, os especialistas apresentavam posições conservadoras, de

certa forma, até não favoráveis às proposições apresentadas na pesquisa. Entretanto,

mesmo diante dessas verificações, os testes estatísticos aplicados permitiram

identificar a inexistência de diferença estatística significante entre os dois grupos em

análise, para a maioria das variáveis.

Enquanto isso, a proposta do modelo de avaliação de parques tecnológicos em

si foi obtida a partir de revisão de literatura e por meio da aplicação da técnica

multivariada de dados, a análise fatorial, que permitiu identificar em torno de quais

fatores, elementos comuns, os respondentes se posicionavam.

Após o tratamento dos dados, é proposto então um modelo de avaliação

dividido em duas fases, a primeira dedicada à estruturação do modelo e a segunda,

ao estabelecimento de dimensões de avaliação.

Em relação à estruturação do modelo, são considerados quatro etapas - o

entendimento do contexto, o envolvimento de parceiros, a definição de método e a

identificação dos eixos de avaliação.

Em seguida, a análise fatorial deu subsídios para a proposição de dimensões

de avaliação em torno de seis enfoques, a saber, itens primários, desenvolvimento

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humano e local, articulação junto aos stakeholders, capacidade de inovação,

resultados financeiros e capacidade de inserção.

Por sua vez, o modelo proposto não abordou a apresentação de indicadores

para as dimensões sugeridas, pois o objetivo principal foi identificar quais os aspectos

a se enfatizar na tarefa de avaliação de parques tecnológicos de terceira geração, e

não relacionar indicadores para quantificar as dimensões sugeridas. Essa definição,

por si, deve ser realizada conforme o entendimento individual de cada parque sob

avaliação.

Portanto, é possível concluir como positiva a colaboração dos stakeholders e

especialistas quando indagados sobre considerações em relação a um modelo de

avaliação de parques tecnológicos de terceira geração. Pois, obteve-se dados

consistentes e após a aplicação das técnicas estatísticas, conseguiu-se identificar os

elementos relevantes e os menos importantes na ótica dos respondentes.

8.1 Limitações da pesquisa

De início, a variedade e o quantitativo considerável de participantes elegíveis a

participar da pesquisa, número que alcançou a marca de 1.100 pessoas, tornou

trabalhoso o processo de levantamento dos dados, bem como a aplicação da

pesquisa em si.

Ademais, a resistência na cessão dos dados dificultou a primeira etapa da

pesquisa, em relação ao mapeamento dos contatos dos respondentes. Inclusive, o

baixo índice de participação das instituições governamentais justifica-se por esse fato.

Portanto, como forma de superar essa barreira, ao longo da execução da

pesquisa houve o registro sistemático dos dados e foram adotados canais alternativos

para a obtenção das informações necessárias à aplicação do questionário, como

contato telefônico e consulta às homepages institucionais dos parques tecnológicos,

além de repetidos envios de convite por e-mail.

Além disso, em virtude de não haver tempo hábil, não foram incluídas na

pesquisa novas categorias de stakeholders, além daquelas selecionadas. Assim, uma

lacuna observada é ausência dos investidores, atores por vezes, formalmente

relacionados com os parques ou as empresas neles instaladas.

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8.2 Sugestões para pesquisas futuras

Para trabalhos futuros, recomenda-se a aplicação do modelo de avaliação

proposto, a fim de se averiguar os obstáculos encontrados, de modo a proporcionar

melhorias para o aperfeiçoamento do modelo.

Em seguida, a inclusão de novas categorias de stakeholders no caso de

aplicação de uma pesquisa com foco similar. Isso permitiria agregar novas conclusões

sobre a percepção de outros atores em relação aos resultados dos parques

tecnológicos, como as empresas prestadoras de serviços especializados e os

investidores.

Por fim, pesquisa futura poderia enfatizar modelos de avaliação de potencial de

parques nos estágios de projeto e implantação, com o objetivo de fomentar a captação

de recursos, atrair novas empresas e profissionais interessados. A proposta teria

como objetivo esquematizar os principais atributos de um determinado parque, frente

às demandas de possíveis stakeholders, de forma a agregar novos relacionamentos

e acelerar o processo de consolidação do parque.

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182

Apêndice 1 – Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

O Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro -

UFRJ, está promovendo uma pesquisa com o objetivo propor um modelo de

avaliação de parques tecnológicos. Para tanto, pretende-se conhecer quais são as

expectativas de representantes de empresas e instituições parceiras em relação à

atuação dos parques.

A pesquisa pode ser respondida em no máximo 7 minutos. Caso precise interromper

o preenchimento, basta clicar no link recebido por e-mail para acessar o questionário

novamente. Os resultados serão divulgados de forma agregada, sem a possibilidade

de identificação individual dos respondentes.

O questionário apresenta as instruções para o preenchimento. Em caso de dúvidas,

entre em contato com a pesquisadora Sheila Fernandes no e-mail

[email protected], ou se preferir, pelo telefone (21) 9957-63708.

Desde já agradeço a colaboração.

Atenciosamente.

Sheila Fernandes

Pesquisadora do Instituto COPPEAD de Administração / UFRJ

[email protected]

(21) 9957-63708

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Seção 1 – Informações preliminares

1.1 A empresa ou instituição onde o respondente atua está vinculada a qual

parque tecnológico?

( ) BIO-RIO

( ) Parque Tecnológico Agroindustrial do Oeste

( ) Parque Tecnológico Alfa

( ) Parque Tecnológico da Paraíba

( ) Parque Tecnológico da Região Serrana

( ) Parque Tecnológico de Blumenau

( ) Parque Tecnológico de Eletro-Eletrônico de Pernambuco

( ) Parque Tecnológico de Informática de São Leopoldo

( ) Parque Tecnológico de Itaipu

( ) Parque Tecnológico de Pato Branco

( ) Parque Tecnológico de São Carlos

( ) Parque Tecnológico de São José dos Campos

( ) Parque Tecnológico de Uberaba

( ) Parque Tecnológico do CIATEC

( ) Parque Tecnológico do Rio

( ) Parque Tecnológico do Vale dos Sinos

( ) Parque Tecnológico UNIVAP

( ) Porto Digital

( ) Sapiens Parque

( ) SergipeTec

( ) Tech Park Campinas

( ) Tecnoparque

( ) TECNOPUC

( ) Nenhum

1.2 Segmento de atuação da instituição na qual o respondente atua:

( ) Agência governamental de fomento

( ) Associação de empresas do parque tecnológico

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184

( ) Banco governamental de fomento

( ) Empresa incubada no parque tecnológico

( ) Empresa residente no parque tecnológico

( ) Entidade governamental

( ) Entidade privada de fomento ao empreendedorismo

( ) Entidade privada de fomento à atividade industrial

( ) Incubadora de empresa instalada no parque tecnológico

( ) Gestão do parque tecnológico

( ) Universidade

( ) Outro. Especifique:

1.3 Cargo:

( ) Analista

( ) Assessor(a)

( ) Diretor(a)

( ) Gerente

( ) Gestor(a)

( ) Pesquisador(a)

( ) Prefeito(a)

( ) Presidente

( ) Professor(a)

( ) Secretário(a)

( ) Outro. Especifique:

1.4 Participou do Comitê Avaliador de trabalhos do XXIII Seminário Nacional de

Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas da ANPROTEC, em 2013?

( ) Não

( ) Sim

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185

Seção 2 – A importância da avaliação de parques tecnológicos

Para as próximas perguntas, considere 1 como o fator menos importante e 6 o

fator mais importante.

2.1 A importância de se avaliar um parque tecnológico pode ser justificada pela

possibilidade de:

Atrair recursos financeiros para o parque 1 2 3 4 5 6

Atrair profissionais qualificados para o parque 1 2 3 4 5 6

Atrair provedores de serviços especializados para o parque 1 2 3 4 5 6

Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região 1 2 3 4 5 6

Estimular o surgimento de novos negócios no parque 1 2 3 4 5 6

Justificar os recursos investidos no parque 1 2 3 4 5 6

Promover o parque tecnológico 1 2 3 4 5 6

Seção 3 - O processo de avaliação de parques tecnológicos

3.1 Na criação de uma modelo de avaliação de um parque tecnológico deve-se

buscar:

A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com

outros parques 1 2 3 4 5 6

Envolver os principais parceiros do parque 1 2 3 4 5 6

Modelos de avaliação de parques considerados como de referência 1 2 3 4 5 6

Refletir a missão institucional do parque tecnológico 1 2 3 4 5 6

Seção 4 – Os parceiros dos parques tecnológicos

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4.1 Qual deve ser o público-alvo das informações contidas em um modelo de

avaliação parque tecnológico?

Empresas instaladas nos parques 1 2 3 4 5 6

Governo e agentes de desenvolvimento local 1 2 3 4 5 6

Investidores 1 2 3 4 5 6

Universidade 1 2 3 4 5 6

ATENÇÃO: Para a próxima pergunta, considere 1 como o fator menos

importante e 3 o fator mais importante.

4.2 Ordene qual seve ser o público-alvo das informações contidas em um

modelo de avaliação de parques tecnológicos:

Empresas instaladas nos parques ( )

Governo e agentes de desenvolvimento local ( )

Investidores ( )

Universidade ( )

Seção 5 – Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos

Para a próxima pergunta, considere 1 como o fator menos importante e 6 o fator

mais importante.

5.1 Indique abaixo a importância que cada uma das variáveis listadas deve ter

em um modelo de avaliação de um parque tecnológico:

Articulação entre as empresas 1 2 3 4 5 6

Articulação das empresas com a universidade 1 2 3 4 5 6

Capacidade de atração de investidores 1 2 3 4 5 6

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Capacidade de inserção nacional do parque 1 2 3 4 5 6

Capacidade de inserção internacional do parque 1 2 3 4 5 6

Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado 1 2 3 4 5 6

Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 1 2 3 4 5 6

Incentivos concedidos pelo governo 1 2 3 4 5 6

Infraestrutura física do parque 1 2 3 4 5 6

Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 1 2 3 4 5 6

Oferta de serviços disponibilizados pelo parque 1 2 3 4 5 6

Oportunidades de emprego 1 2 3 4 5 6

Promoção do desenvolvimento sustentável 1 2 3 4 5 6

Recursos humanos 1 2 3 4 5 6

Revitalização da economia local 1 2 3 4 5 6

Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas 1 2 3 4 5 6

Transparência no uso dos recursos 1 2 3 4 5 6

ATENÇÃO: Para a próxima pergunta, considere 1 como o fator menos

importante e 3 o fator mais importante.

5.2 Quais as três principais dimensões um modelo de avaliação de parque tecnológico

deve considerar?

Articulação entre as empresas ( )

Articulação das empresas com a universidade ( )

Capacidade de atração de investidores ( )

Capacidade de inserção nacional do parque ( )

Capacidade de inserção internacional do parque ( )

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Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado ( )

Ganho financeiro das empresas instaladas no parque ( )

Incentivos concedidos pelo governo ( )

Infraestrutura física do parque ( )

Mecanismos de comunicação adotados pelo parque ( )

Oferta de serviços disponibilizados às empresas ( )

Oportunidades de emprego ( )

Promoção do desenvolvimento sustentável ( )

Recursos humanos ( )

Revitalização da economia local ( )

Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas ( )

Transparência no uso dos recursos ( )

Seção 6 – Resultados gerados pelos parques tecnológicos

Para a próxima pergunta, considere 1 como o fator menos importante e 6 o mais

importante.

6.1 Quais são os resultados gerados por um parque tecnológico de sucesso?

Desenvolvimento local 1 2 3 4 5 6

Imagem e reputação 1 2 3 4 5 6

Produção acadêmica 1 2 3 4 5 6

Registro de patentes 1 2 3 4 5 6

Resultados financeiros e econômicos 1 2 3 4 5 6

6.2 Quais são os fatores importantes para o sucesso de um parque?

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Capacidade de colaboração 1 2 3 4 5 6

Capacidade de inserção 1 2 3 4 5 6

Infraestrutura física 1 2 3 4 5 6

Processos internos 1 2 3 4 5 6

Recursos humanos qualificados 1 2 3 4 5 6

Serviços disponibilizados 1 2 3 4 5 6

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Apêndice 2 – Solicitação de contatos dos representantes dos parques

Prezado (a),

Sou mestranda e pesquisadora do Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e estou realizando um levantamento

sobre quais seriam as contribuições de representantes de instituições parceiras dos

parques tecnológicos na tarefa de elaboração de um modelo de avaliação de parques

tecnológicos.

Dessa forma, solicito os contatos dos representantes do Conselho de Administração

do Parque (nome do parque) e dos diretores ou gerentes de empresas nele instaladas,

a fim de apresentar os objetivos desta pesquisa. Para tanto, solicito, por gentileza, o

nome, e-mail e um telefone de contato desses representantes.

Certa de sua colaboração, agradeço a atenção.

Atenciosamente.

Sheila Christina Ribeiro Fernandes

Pesquisadora COPPEAD/UFRJ

(21) 99576-3708

[email protected]

[email protected]

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191

Apêndice 3 – Solicitação de contatos de empresas instaladas nos parques

Prezado (a),

Sou mestranda e pesquisadora do Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e estou realizando um levantamento

sobre quais as expectativas das empresas em relação aos parques tecnológicos.

Assim, com a finalidade de desenvolver um modelo de avaliação de parques

tecnológicos a partir das colaborações das empresas sediadas nos parques solicito

os contatos de diretores, gerentes ou fundadores da empresa, a fim de encaminhar-

lhes o questionário online para preenchimento. Para tanto, solicito, por gentileza, o

nome, e-mail e um telefone de contato dos indicados.

Certa de sua colaboração, agradeço a atenção.

Atenciosamente.

Sheila Christina Ribeiro Fernandes

Pesquisadora COPPEAD/UFRJ

(21) 99576-3708

[email protected]

[email protected]

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192

Apêndice 4 – Solicitação de preenchimento do formulário

Prezado (a),

O Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro -

UFRJ, está promovendo uma pesquisa com o objetivo propor um modelo de

avaliação de parques tecnológicos. Para tanto, pretende-se conhecer quais são as

expectativas de representantes de empresas e instituições parceiras em relação à

atuação dos parques.

A pesquisa pode ser preenchida no máximo em 7 minutos. Para acessá-la basta clicar

no linkhttps://qtrial.qualtrics.com/SE/?SID=SV_2izQRQCDQ6uVzAp. O

questionário apresenta as instruções para o preenchimento. Em caso de dúvidas,

entre em contato com a pesquisadora Sheila Fernandes no email

[email protected], ou se preferir, pelo telefone (21) 9957-63708.

Os resultados da pesquisa serão disponibilizados aos profissionais e empresas que

manifestarem o interesse.

Desde já agradeço a colaboração.

Atenciosamente.

Sheila Fernandes

Pesquisadora do Instituto COPPEAD de Administração / UFRJ

[email protected]

(21) 9957-63708

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193

Apêndice 5 – Resultados da pesquisa descritiva e testes não-paramétricos

Tabela 43: A importância da avaliação de parques tecnológicos

Variáveis

Frequência 1 2 3 4 5 6 Nº Média

Desvio-Padrão

V1 – Atrair recursos financeiros para o parque

1,2% 2,5% 5,5% 20,9% 31,3% 38,7% 163 4,94 1,11

V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque

1,2% 2,5% 6,7% 22,7% 24,5% 42,3% 163 4,94 1,16

V3 – Atrair provedores de serviços especializados para o parque

1,8% 5,5% 12,3% 23,9% 24,5% 31,9% 163 4,60 1,30

V4 – Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região

0,6% 1,8% 9,8% 23,3% 25,8% 38,7% 163 4,88 1,13

V5 – Estimular o surgimento de novos negócios no parque

1,2% 1,2% 3,1% 15,3% 35,0% 44,2% 163 5,14 1,01

V6 – Justificar os recursos investidos no parque

1,2% 4,3% 15,3% 17,8% 28,2% 33,1% 163 4,67 1,27

V7 – Promover o parque tecnológico 1,2% 4,3% 9,2% 22,7% 27,6% 35,0% 163 4,76 1,22

Fonte: elaboração própria.

Tabela 44: O processo de avaliação dos parques tecnológicos

Variáveis Frequência

1 2 3 4 5 6 Nº Média

Desvio-padrão

V8 – A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

1,8% 1,2% 8,0% 16,6% 27,0% 45,4% 163 5,02 1,16

V9 – Envolver os principais parceiros do parque

1,2% 0,6% 8,6% 17,2% 33,1% 39,3% 163 4,98 1,08

V10 – Modelos de avaliação de parques considerados como de referência

1,8% 0,6% 5,5% 23,3% 36,8% 31,9% 163 4,88 1,06

V11 – Refletir a missão institucional do parque tecnológico

2,5% 1,2% 10,4% 20,2% 30,1% 35,6% 163 4,81 1,20

Fonte: elaboração própria.

Tabela 45: O público-alvo das informações de avaliação dos parques tecnológicos

Variáveis Frequência

1 2 3 4 5 6 Nº Média

Desvio-padrão

V12 – Empresas instaladas nos parques

1,2% 1,2% 3,1% 7,4% 21,5% 65,6% 163 5,44 0,99

V13 – Governo e agentes de desenvolvimento local

0,6% 1,2% 3,7% 11,0% 27,0% 56,4% 163 5,32 0,97

V14 – Investidores 0,6% 0,0% 4,3% 10,4% 31,3% 53,4% 163 5,32 0,90

V15 – Universidades 0,6% 0,0% 6,1% 12,9% 35,0% 45,4% 163 5,18 0,95

Empresas Gov. e agentes de

desenvolvimento local Investidores Universidades Nº

V16.1 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 1º lugar

52,8% 23,3% 19,6% 4,3% 163

V16.2 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 2º lugar

15,3% 36,8% 28,2% 19,6% 163

V16.3 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 3º lugar

20,2% 20,9% 25,2% 33,7% 163

Fonte: elaboração própria.

Page 195: AVALIAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS: UMA PROPOSTA DE … · de dados e, com isso, identificar os atributos agregadores de variáveis, que embasou a proposta do modelo de avaliação

194 Tabela 46: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos

Variáveis Frequência

1 2 3 4 5 6 Nº Média

Desvio-padrão

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 1,2% 3,1% 12,9% 18,4% 30,7% 33,7% 163 4,75 1,21

V18 – Infraestrutura física do parque 0,6% 2,5% 4,9% 16,6% 32,5% 42,9% 163 5,07 1,05

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas 0,6% 2,5% 8,6% 27,6% 35,0% 25,8% 163 4,71 1,06

V20 – Recursos humanos 1,2% 4,9% 6,7% 22,7% 36,8% 27,6% 163 4,72 1,16

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque 1,8% 2,5% 11,0% 20,9% 37,4% 26,4% 163 4,69 1,16

V22 – Articulação entre as empresas 2,5% 1,8% 4,3% 22,7% 35,6% 33,1% 163 4,87 1,13

V23 – Articulação das empresas com a universidade 1,2% 0,6% 4,9% 12,9% 34,4% 46,0% 163 5,17 1,01

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque 1,8% 3,1% 12,3% 26,4% 28,8% 27,6% 163 4,60 1,20

V25 – Capacidade de atração de investidores 0,6% 0,6% 6,1% 14,1% 28,8% 49,7% 163 5,19 1,00

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 1,8% 6,7% 10,4% 23,9% 35,0% 22,1% 163 4,50 1,24

V27 – Transparência no uso dos recursos 1,2% 2,5% 8,0% 14,7% 25,8% 47,9% 163 5,05 1,17

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado 1,2% 1,8% 2,5$ 16,0% 25,8% 52,8% 163 5,21 1,05

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 1,8% 4,9% 12,3% 20,9% 35,0% 25,2% 163 4,58 1,23

V30 – Oportunidades de emprego 0,6% 3,7% 13,5% 22,1% 36,8% 23,3% 163 4,61 1,13

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável 0,6% 3,7% 9,2% 22,7% 33,1% 30,7% 163 4,76 1,13

V32 – Revitalização da economia local 1,2% 3,7% 7,4% 18,4% 29,4% 39,9% 163 4,91 1,19

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas 0,6% 1,8% 3,7% 14,7% 27,0% 52,1% 163 5,22 1,02

Fonte: elaboração própria.

Tabela 47: Nível de importância de cada dimensão do modelo de avaliação de parques tecnológicos

V ar iá ve i s V 1 7 V 1 8 V 1 9 V 2 0 V 2 1 V 2 2 V 2 3 V 2 4 V 2 5 V 2 6 V 2 7 V 2 8 V 2 9 V 3 0 V 3 1 V 3 2 V 3 3

V34.1 Dimensão de avaliação – 1º lugar 4,3% 5,5% 0,6% 3,1% 2,5% 12,9% 10,4% 3,7% 16,0% 0,00% 1,8% 16,6% 4,9% 1,2% 2,5% 4,3% 9,8%

V34.2 Dimensão de avaliação – 2º lugar 4,9% 6,7% 3,7% 3,1% 1,8% 6,7% 12,3% 2,5% 18,4% 0,6% 1,2% 7,4% 4,9% 3,1% 4,9% 9,2% 8,6%

V34.3 Dimensão de avaliação – 3º lugar 3,7% 11,0% 3,1% 4,3% 7,4% 7,4% 8,0% 5,5% 6,7% 1,2% 4,3% 8,6% 3,7% 2,5% 6,7% 3,7% 12,3%

Fonte: elaboração própria.

Tabela 48: Resultados gerados e fatores para o sucesso dos parques tecnológicos

Aspectos Variáveis Frequência

1 2 3 4 5 6 Nº Média

Desvio-padrão

Resultados gerados pelos parques tecnológicos

V35 – Desenvolvimento local 0,6% 0,0% 3,1% 11,0% 17,8% 67,5% 163 5,48 0,88

V36 – Produção acadêmica 4,3% 8,6% 22,1% 25,2% 28,8% 11,0% 163 3,99 1,30

V37 – Registro de patentes 1,8% 3,1% 14,7% 20,2% 31,3% 28,8% 163 4,63 1,23

V38 – Resultados financeiros e econômicos 0,6% 0,0% 4,9% 12,9% 29,4% 52,1% 163 5,27 0,94

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195

V39 – Imagem e reputação 1,8% 5,5% 8,6% 22,1% 35,6% 26,4% 163 4,63 1,22

Fatores importantes para o sucesso de um parque tecnológico

V40 – Capacidade de colaboração 0,6% 1,2% 2,5% 6,7% 38,0% 50,9% 163 5,33 0,88

V41 – Capacidade de inserção 1,2% 1,8% 3,1% 19,6% 33,1% 41,1% 163 5,05 1,05

V42 – Infraestrutura física 0,6% 1,2% 6,1% 17,8% 38,0% 36,2% 163 5,00 1,00

V43 – Processos internos 1,8% 2,5% 11,7% 27,0% 41,1% 16,0% 163 4,51 1,09

V44 – Recursos humanos 0,6% 0,0% 5,5% 12,9% 29,4% 51,5% 163 5,25 0,95

V45 – Serviços disponibilizados 1,2% 0,6% 4,3% 16,0% 38,7% 39,3% 163 5,08 0,99

Fonte: elaboração própria.

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196

Tabela 49: A importância da avaliação de parques tecnológicos por categoria do respondente

Var iáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V1 – Atrair recursos financeiros para o parque

4,32 1,42 5,14 0,92 5,00 1,15 4,67 0,58 5,00 1,09 4,94 1,11

V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque

4,32 1,63 5,08 0,98 5,06 1,25 5,00 0,00 4,97 1,05 4,94 1,16

V3 – Atrair provedores de servidores especializados para o parque

3,89 1,56 4,73 1,26 4,45 1,30 4,67 0,58 4,77 1,23 4,60 1,30

V4 – Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região

4,68 1,34 4,95 1,10 5,18 1,13 5,00 1,73 4,73 1,05 4,88 1,13

V5 – Estimular o surgimento de novos negócios no parque

4,84 1,17 5,24 1,04 5,09 1,07 5,33 0,58 5,17 0,93 5,14 1,01

V6 – Justificar os recursos investidos no parque

4,53 1,35 4,73 1,43 4,97 1,10 5,33 0,58 4,50 1,25 4,67 1,27

V7 – Promover o parque tecnológico

4,79 1,51 5,14 0,95 4,48 1,33 5,00 1,00 4,66 1,19 4,76 1,22

Fonte: elaboração própria.

Tabela 50: O processo de avaliação dos parques tecnológicos por categoria do respondente

Var iáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V8 – A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

4,79 1,44 5,11 1,17 5,21 1,05 5,67 0,58 4,90 1,14 5,02 1,16

V9 – Envolver os principais parceiros do parque

4,84 1,26 5,05 0,97 4,88 1,11 6,00 0,00 4,97 1,09 4,98 1,08

V10 – Modelos de avaliação de parques considerados como de referência

4,58 1,43 4,92 1,16 4,91 0,98 5,33 0,58 4,90 0,93 4,88 1,06

V11 – Refletir a missão institucional do parque tecnológico

4,84 1,26 4,81 1,41 4,94 1,14 4,67 1,53 4,74 1,13 4,81 1,20

Fonte: elaboração própria.

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197

Tabela 51: Os parceiros dos parques tecnológicos por categoria do respondente

Var iáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V12 – Empresas instaladas nos parques

5,11 1,52 5,59 0,64 5,30 1,02 6,00 0,00 5,47 0,96 5,44 0,99

V13 – Governo e agentes de desenvolvimento local

5,00 1,33 5,46 0,87 5,58 0,61 6,00 0,00 5,19 1,03 5,32 0,97

V14 – Investidores 4,74 1,28 5,38 0,86 5,45 0,83 5,67 0,58 5,37 0,80 5,32 0,90

V15 – Universidades 4,95 1,22 5,35 0,79 5,27 0,88 5,67 0,58 5,09 0,99 5,18 0,95

Fonte: elaboração própria.

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198 Tabela 52: Os parceiros dos parques tecnológicos por categoria do respondente (frequência)

Variáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Frequência % Frequência % Frequência % Frequência Frequência % Frequência %

V16.1 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 1º lugar

Empresas 52,6 Empresas 54,0 Empresas 42,4 ** Empresas 58,6 Empresas 52,8

V16.2 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 2º lugar

Governo 31,6

Universidades 32,4% Governo 45,4 ** Governo 37,1 Governo

36,8

Investidores 31,6

V16.3 – Público-alvo das avaliações de parques tecnológicos – 3º lugar

Universidades 42,1 Investidores 37,8% Universidades 39,4 ** Universidades 35,7 Universidades 33,7

Fonte: elaboração própria. (*) Empatados com duas incidências cada: 1, 2, 5, 11, 13 e 15. (**) Na opção em 1º lugar: 2/3/4. Na opção de 2º lugar: 1/2/4. Na opção de 3º lugar: 1/2/3. (***) Na opção em 1º lugar: 2/6/13. Na opção em 2º lugar: 2/3/11. Na opção em 3º lugar: 2/5/16.

Tabela 53: Dimensões do modelo de avaliação de parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 4,26 1,33 4,70 1,24 4,52 1,30 5,00 1,00 5,00 1,08 4,75 1,21

V18 – Infraestrutura física do parque 4,74 1,24 5,19 1,08 4,91 1,07 5,33 0,58 5,16 1,00 5,07 1,05

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas 4,37 1,30 4,62 1,01 4,97 0,95 5,00 1,00 4,73 1,06 4,71 1,06

V20 – Recursos humanos 4,42 1,30 4,68 1,25 4,70 1,19 5,00 1,00 4,83 1,08 4,72 1,16

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque 4,53 1,35 4,65 1,09 4,73 1,21 5,33 0,58 4,70 1,16 4,69 1,16

V22 – Articulação entre as empresas 4,58 1,46 4,81 1,20 4,88 0,99 5,33 0,58 4,94 1,09 4,87 1,13

V23 – Articulação das empresas com a universidade 4,95 1,31 5,27 1,19 5,39 0,70 6,00 0,00 5,01 0,92 5,17 1,01

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque 4,63 1,34 4,46 1,17 4,82 1,31 5,33 0,58 4,54 1,16 4,60 1,20

V25 – Capacidade de atração de investidores 4,53 1,17 5,24 1,04 5,36 0,93 5,33 0,58 5,26 0,94 5,19 1,00

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 4,42 1,46 4,35 1,25 4,52 1,33 4,33 1,53 4,59 1,15 4,50 1,24

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199

V27 – Transparência no uso dos recursos 4,58 1,39 4,89 1,35 5,15 1,12 5,33 0,58 5,19 1,03 5,05 1,17

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado 5,00 1,33 4,97 1,19 5,61 0,61 5,67 0,58 5,19 1,04 5,21 1,05

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 4,05 1,39 4,14 1,36 4,73 1,21 4,00 1,00 4,90 1,04 4,58 1,23

V30 – Oportunidades de emprego 4,47 1,31 4,54 1,24 4,67 1,14 5,00 1,00 4,64 1,05 4,61 1,13

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável 4,53 1,43 4,73 1,22 5,06 1,14 5,33 0,58 4,66 0,99 4,76 1,13

V32 – Revitalização da economia local 4,84 1,34 5,05 1,15 5,03 1,13 5,33 1,15 4,79 1,20 4,91 1,19

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas 4,95 1,51 5,54 0,87 5,27 0,84 6,00 0,00 5,06 0,99 5,22 1,02

Fonte: elaboração própria.

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200

Tabela 54: Resultados gerados pelos parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V35 – Desenvolvimento local

5,21 1,27 5,65 0,63 5,76 0,56 5,33 1,15 5,33 0,96 5,48 0,88

V36 – Produção acadêmica

3,89 1,29 3,97 1,26 3,85 1,42 3,33 1,53 4,10 1,29 3,99 1,30

V37 – Registro de patentes

4,11 1,49 4,62 1,21 5,12 0,89 5,00 0,00 4,50 1,27 4,63 1,23

V38 – Resultados financeiros e econômicos

4,89 1,45 5,27 0,93 5,45 0,67 5,33 0,58 5,31 0,84 5,27 0,94

V39 – Imagem e reputação

4,42 1,30 4,68 1,00 4,33 1,47 4,67 1,53 4,81 1,17 4,63 1,22

Fonte: elaboração própria.

Tabela 55: Fatores para o sucesso dos parques tecnológicos por categoria do respondente

Variáveis Especialista Representante Universidade Governo Empresa Geral

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP

V40 – Capacidade de colaboração

5,00 1,37 5,38 0,83 5,48 0,71 5,33 1,15 5,33 0,81 5,33 0,88

V41 – Capacidade de inserção

4,89 1,29 5,05 0,94 5,06 1,03 4,33 2,08 5,10 1,01 5,05 1,05

V42 – Infraestrutura física

4,79 1,23 5,19 0,74 4,67 1,11 5,33 0,58 5,10 0,99 5,00 1,00

V43 – Processos internos

4,47 1,43 4,65 0,98 4,61 0,93 4,67 1,53 4,40 1,11 4,51 1,09

V44 – Recursos humanos

5,16 1,21 5,43 0,77 5,30 0,88 6,00 0,00 5,13 1,01 5,25 0,95

V45 – Serviços disponibilizados

4,89 1,20 5,03 1,04 5,18 0,85 4,33 2,89 5,16 0,85 5,08 0,99

Fonte: elaboração própria.

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Tabela 56: Nível de significância

Variáveis Nível de

significância α = 5%

V1 – Atrair recursos financeiros para o parque 0,4

V2 – Atrair profissionais qualificados para o parque 0,023

V3 – Atrair provedores de serviços especializados para o parque 0,014

V4 – Divulgar os impactos no desenvolvimento de uma região 1

V5 – Estimular o surgimento de novos negócios no parque 1

V6 – Justificar os recursos investidos no parque 0,769

V7 – Promover o parque tecnológico 1

V8 – A padronização dos indicadores a fim de permitir a comparação de desempenho com outros parques

0,466

V9 – Envolver os principais parceiros do parque 1

V10 – Modelos de avaliação de parques considerados como de referência 0,663

V11 – Refletir a missão institucional do parque tecnológico 0,742

V12 – Empresas instaladas nos parques 0,014

V13 – Governo e agentes de desenvolvimento local 0,304

V14 – Investidores 0,06

V15 – Universidades 1

V17 – Incentivos concedidos pelo governo 0,105

V18 – Infraestrutura física do parque 0,663

V19 – Oferta de serviços disponibilizados às empresas 0,257

V20 – Recursos humanos 0,084

V21 – Capacidade de inserção nacional do parque 0,515

V22 – Articulação entre as empresas 0,683

V23 – Articulação das empresas com a universidade 0,627

V24 – Capacidade de inserção internacional do parque 0,532

V25 – Capacidade de atração de investidores 0,644

V26 – Mecanismos de comunicação adotados pelo parque 0,467

V27 – Transparência no uso dos recursos 0,257

V28 – Capacidade de oferecer novos produtos e serviços ao mercado 0,304

V29 – Ganho financeiro das empresas instaladas no parque 0,182

V30 – Oportunidades de emprego 1

V31 – Promoção do desenvolvimento sustentável 0,108

V32 – Revitalização da economia local 0,716

V33 – Transferência de conhecimento entre a universidade e as empresas 0,022

V35 – Desenvolvimento local 0,55

V36 – Produção acadêmica 0,998

V37 – Registro de patentes 0,065

V38 – Resultados financeiros e econômicos 0,014

V39 – Imagem e reputação 0,238

V40 – Capacidade de colaboração 0,040

V41 – Capacidade de inserção 0,353

V42 – Infraestrutura física 0,663

V43 – Processos internos 1

V44 – Recursos humanos 1

V45 – Serviços disponibilizados 1

Fonte: elaboração própria.